Responsabilidade Ambiental

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Responsabilidade Ambiental As transformações do meio ambiente natural fazem parte da história da humanidade. O que as cidades enfrentam hoje são os efeitos negativos dessas transformações ocorridas nos últimos duzentos anos de urbanização e de crescimento populacional provocando o desequilíbrio e degradação do meio ambiente físico e social. Um dos efeitos negativos são as alterações climáticas regionais em decorrência das transformações urbanas. O estudo do clima não é novidade, desde o século XVIII, já revelavam alterações de temperatura, umidade, nebulosidade e do fluxo dos ventos ocorrida nas áreas urbanas em relação ao ambiente rural; O fenômeno da ilha de calor é definido por essa alteração da cidade para o campo e dos diferentes bairros. Com certeza, o processo de urbanização resultando no maior índice de área construída e impermeável por habitante é o maior causador da alteração do clima no município, assim como o total descuido com os espaços verdes e arborização, a utilização indiscriminada dos recursos naturais, da emissão de gases em decorrência da industrialização e do consumo de combustíveis fósseis. Agora se pensarmos de forma global, hoje, em decorrência do rápido desenvolvimento e crescimento econômico dos países, principalmente os emergentes, sem uma política de sustentabilidade, as conseqüências são ainda bem maiores, alterando todo o sistema climático do Planeta, ou melhor, diria que é um processo acelerador dessa alteração. Lembrando que, o conceito sobre desenvolvimento sustentável abrange não somente a questão de proteção ambiental, mas a combinação entre desenvolvimento econômico e justiça social. Considerando a escala local, como na cidade de Ribeirão Preto, o rápido processo de urbanização ocasiona irreversíveis mudanças do padrão de ocupação, que são causadores da alteração da umidade e qualidade do ar. Hoje,

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Responsabilidade Ambiental

As transformações do meio ambiente natural fazem parte da história da humanidade. O que as cidades enfrentam hoje são os efeitos negativos dessas transformações ocorridas nos últimos duzentos anos de urbanização e de crescimento populacional provocando o desequilíbrio e degradação do meio ambiente físico e social.

Um dos efeitos negativos são as alterações climáticas regionais em decorrência das transformações urbanas. O estudo do clima não é novidade, desde o século XVIII, já revelavam alterações de temperatura, umidade, nebulosidade e do fluxo dos ventos ocorrida nas áreas urbanas em relação ao ambiente rural; O fenômeno da ilha de calor é definido por essa alteração da cidade para o campo e dos diferentes bairros.

Com certeza, o processo de urbanização resultando no maior índice de área construída e impermeável por habitante é o maior causador da alteração do clima no município, assim como o total descuido com os espaços verdes e arborização, a utilização indiscriminada dos recursos naturais, da emissão de gases em decorrência da industrialização e do consumo de combustíveis fósseis.

Agora se pensarmos de forma global, hoje, em decorrência do rápido desenvolvimento e crescimento econômico dos países, principalmente os emergentes, sem uma política de sustentabilidade, as conseqüências são ainda bem maiores, alterando todo o sistema climático do Planeta, ou melhor, diria que é um processo acelerador dessa alteração. Lembrando que, o conceito sobre desenvolvimento sustentável abrange não somente a questão de proteção ambiental, mas a combinação entre desenvolvimento econômico e justiça social.

Considerando a escala local, como na cidade de Ribeirão Preto, o rápido processo de urbanização ocasiona irreversíveis mudanças do padrão de ocupação, que são causadores da alteração da umidade e qualidade do ar. Hoje, no município temos um índice crítico de área verde pública por habitante de apenas 4,4 metros quadrados, não considerando canteiros e rotatórias do sistema viário, muito embora esses dados não mostrem bem a realidade por setores e bairros. Segundo dados da Secretaria do Meio Ambiente do município ainda faltam cerca de seis milhões de metros quadrados de espaços verdes públicos a serem implantados, ou seja, área aproximada de 600 campos de futebol.

A ausência de vegetação também é resultado da mudança de uso da terra rural assim como das práticas agrícolas, como no caso das queimadas de cana que absurdamente ainda ocorre no município. Com o avanço da cana, cerca de 10 mil hectares serão queimados na

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região neste ano (dados Unesp/Jaboticabal). Tais queimadas causam grandes emissões de monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2), afetando diretamente a saúde da população local, contribuindo de forma significativa para o efeito estufa.

Estudos de um plano de macro-zoneamento das diferentes realidades sócio-ambiental são essenciais para planejar e gerir o município, pois fica muito difícil tratar de política ambiental sem a gestão dos recursos naturais e muito menos sem estudos adequados para isso. O Código Florestal Brasileiro (Lei 4.771/65) estipula que as propriedades rurais devam ter pelo menos 20% de área destinada à reserva legal, além, é claro, das áreas de preservação permanente, principalmente aquelas às margens dos cursos d’água.

Já o déficit de verde na área urbana exige um estudo de arborização, priorizando os bairros onde ocorre com maior intensidade o fenômeno da ilha de calor em Ribeirão Preto. Toda essa vegetação a ser implantada é importante para a regulação da umidade e temperatura, assim como para a preservação da água, solo e da conservação da biodiversidade. Medidas mitigadoras e ações efetivas são necessárias para promover a qualidade ambiental e saúde para a população de Ribeirão Preto.

Se propostas e ações concretas não forem implantadas rapidamente, o município de Ribeirão Preto poderá ter problemas mais sérios do que os já temos, principalmente na área da saúde pública e saneamento. Esse é o grande desafio dos nossos políticos de hoje para um mundo bem melhor.

Mônica Kofler FreitasArquiteta urbanista