Responsável pelo Conteúdo - Blackboard Learn · Educação em Rede Nessa unidade da Disciplina...

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Responsável pelo Conteúdo:

Prof. Dra. Andréia Dalcin

Educação em Rede

Nessa unidade da Disciplina Tecnologia da Informação e da

Comunicação o foco é a Educação em Rede.

Os textos e vídeos estão direcionados para um

aprofundamento teórico que possibilite uma maior

compreensão do contexto social e educacional em que a EAD

esta inserida. O filósofo Pierre Levy e o professor Nilson

Machado contribuem muito nessa perspectiva. Também

avançaremos na compreensão do papel do conhecimento na

Sociedade da Informação.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar

as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

Para dar início a esse estudo, convido-o a assistir ao vídeo em que o professor

Ladislau Dowbor nos coloca um panorama sobre a relação educação, conhecimento,

tecnologia e inclusão no Brasil.

http://www.youtube.com/watch?v=szNSCklQnWY

Contextualização

Durante a Revolução Industrial os valores então reinantes eram os de um glorioso

mundo mecanizado, que Frederick Taylor transformou em forma de organização ideal. Tal

modo de pensar o mundo manifestou-se e propagou-se na estrutura das escolas que por meio

da organização espacial (alunos em fila) e do controle do tempo (sinal para entrar e sair, a

instrução de ouvir e responder, a apresentação de conteúdos fora de contextos, a proliferação

de disciplinas artificialmente separadas, a instrução de ouvir e responder, a memorização e

reprodução de textos inertes) consolidaram um modelo educacional com currículos rígidos

que buscavam adaptar o homem moderno as necessidades das indústrias.

Esta metáfora1 da educação como máquina que transformava o conhecimento em

produto material a ser transferido da cabeça dos professores para a dos alunos está sendo

substituída por novas metáforas, dentre as quais se destaca a metáfora da “educação em

rede”.

Pensar a educação em rede tendo presente o contexto histórico e social que se

configura na contemporaneidade exige além de uma visão complexa da sociedade em suas

diferentes dimensões, um exercício de criatividade e alteridade. Isso porque ainda buscamos

adequar o antigo modelo mecanicista a nova realidade.

Pensar uma educação em rede dinâmica e interativa é possível graças às tecnologias de

informação e comunicação que potencializam a construção de novos conhecimentos na

medida em que facilitam o acesso as informações e dados em quantidade e velocidade antes

inimaginável. Todavia, o processo de conhecer, como o entendemos hoje, não é sinônimo de

informação, passa necessariamente pela construção de significados, representações e ações

cognitivas complexas.

1 Metáfora é a figura de palavra em que um termo substitui outro em vista de uma relação de semelhança entre

os elementos que esses termos designam. Essa semelhança é resultado da imaginação, da subjetividade de quem

cria a metáfora. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo

comparativo não está expresso, mas subentendido.

Material Teórico

O fato das informações estarem disponíveis não garante o conhecimento. O processo

de conhecer aciona faculdades cognitivas como as apontadas por Levy ( 2001) a de

perceber2, de imaginar3 e de manipular4.

Tais faculdades ocasionam espécies de correntes que se relacionam constituindo

metaforicamente o que Pierre Levy e outros autores denominam de “redes de conhecimento”.

O Conhecimento como rede

A metáfora do conhecimento como rede não é novidade, entretanto, avançamos

quando se analisa a metáfora da rede sob a perspectiva das relações construídas a partir de

interações de significados.

Para compreender melhor esse processo, imaginemos uma rede como a da figura 1.

2 “ A faculdade de percepção ou do reconhecimento de formas é caracterizada por sua grande rapidez. O sistema

cognitivo se estabiliza em uma fração de segundos na interpretação de uma determinada distribuição de

excitação dos captadores sensoriais. Reconhecemos imediatamente uma situação ou um objeto, encontramos a

solução de uma situação ou um objeto, encontramos a solução de um problema simples, sem que para isto

tenhamos que recorrer a uma cadeia de deduções conscientes. Nisto, somos exatamente como os outros animais.

A percepção imediata é a habilidade cognitiva básica.” Fonte: Pierre Levy. As tecnologias da Inteligência. 11°

reimpressão, 2001, p. 157

3 “ A faculdade de imaginar, ou de fazer simulações mentais do mundo exterior, é um tipo particular de

percepção,desencadeada por estímulos internos. Ela nos permite antecipar as conseqüências de nosso atos. A

imaginação é a condição da escolha da decisão deliberada: o que aconteceria se fizéssemos isto ou aquilo?

Graças a esta faculdade, nós tiramos partido de nossa experiências anteriores. A capacidade de simular o

ambiente e suas reações tem, certamente, um papel fundamental para todos os organismos capazes de

aprendizagem. Fonte: Pierre Levy. As tecnologias da Inteligência. 11° reimpressão, 2001, p. 157

4 “ Dispomos de uma faculdade operativa ou manipulativa que seria muito mais específica da espécie humana

que as anteriores. A aptidão para a bricolagem é a marca distintiva do homo faber ( ainda que haja apenas uma

diferença de grau em relação às performances dos animais, em particular daqueles que servem-se de seus

membros anteriores para outros fins que não a locomoção). Este poder de manejar e de remanejar o ambiente

irá mostrar-se crucial para a construção da cultura, o pensamento biológico ou abstrato sendo apenas um dos

aspectos, variável e historicamente datado, dessa cultura. Na verdade, é porque possuímos grandes aptidões para

manipulação e bricolagem que podemos trafegar, reordenar e dispor parcelas do mundo que nos cerca de tal

forma que elas acabem por representar alguma coisa. Agenciamos sistemas semióticos da mesma forma como

trabalhamos o sílex, como construímos cabanas de madeira ou barcos. As cabanas servem para abrigar-nos, os

barcos para anvegar, os sitemas semióticos para representar. Fonte: Pierre Levy. As tecnologias da Inteligência.

11° reimpressão, 2001, p. 157-158

Fonte: http://www.brasilseo.com.br/images/rede-social.gif

Machado (2005) sintetiza a dinâmica dos processos cognitivos que geram o

conhecimento em rede a partir dos seguintes tópicos

Compreender é apreender o significado

Apreender é vê-lo em suas relações com os outros objetos ou acontecimentos;

Os significados constituem os feixes de relações;

As relações entretecem-se e articulam-se em teias, em redes, construídas social e

individualmente, e em permanente estado de atualização.

Em ambos os níveis – individual e social – a idéia de conhecer assemelha-se à de

enredar.

Sendo assim, a rede descrita subsiste em um espaço de representações, constitui uma

teia de significados. Os pontos (nós) são significados – de objetos, pessoas, lugares,

proposições, teses... e as ligações são relações entre nós, não subsistindo isoladamente, mas

apenas enquanto pontes entre pontos (MACHADO, 2005, p. 139).

Essa forma de pensar muda substancialmente nosso modo de perceber a educação, os

processos de ensinar e aprender. Por outro lado, a quantidade de informações disponíveis,

principalmente nos ambientes virtuais, precisam ser organizadas e mapeadas a partir de

mecanismos de acesso e organização.

Pierre Levy, enfatiza (em entrevista no programa Roda Viva em 2001) a necessidade

de buscarmos desenvolver a competência de filtrar informações e de assumirmos nossa

autonomia de decisão sobre o como e o que de fato nos interessa.

Vejamos o que Levy nos diz!

http://www.youtube.com/watch?v=Wk76VURNdgw&feature=related

Nosso grande desafio nesse processo é não somente estar constantemente aprendendo,

mas também estar ensinando, ou seja, criando e alimentando relações coletivas que viabilizem

a autonomia individual e fortifique o coletivo. Mais do que nunca precisamos aprender a

viver em comunidade.

Comunidades em Rede

O “dilúvio de informações”, caracterizado por Levy, acaba por favorecer a criação de

grupos, comunidades que se aproximam por interesses comuns gerando as “comunidades

virtuais”. Tais comunidades criam diferentes formas de relacionamento entre os indivíduos,

ampliam as relações e expandem os processos educacionais para além dos muros das escolas

e empresas.

As comunidades virtuais podem ter diferentes objetivos de modo particular nos

interessam nesse momento as “comunidades virtuais de aprendizagem“.

Para Figueiredo (2002) nos ambientes em rede, os “alunos-nós-de-rede”, membros de

comunidades virtuais de aprendizagem, sentem que a construção do seu conhecimento é uma

aventura coletiva – uma aventura onde constroem os seus saberes, mas onde contribuem,

também, para a construção dos saberes dos outros. E à medida que a aventura se renova, vão

aprendendo que cada um vale, não apenas por si, mas pela forma como se relaciona com os

outros – como com eles constrói o que nunca, ninguém, conseguiria construir sozinho. Vão

aprendendo também que fazem parte, em simultâneo, de muitas comunidades, e que o que

partilham com umas é, afinal, importante para o que partilham com as outras. Vão

aprendendo que o seu próprio valor para uma comunidade depende, não apenas de si

próprios, como seres isolados, mas também da forma como podem contribuir para ela pelo

fato de fazerem parte da comunidade.

É bom lembrar que as comunidades virtuais não precisam se opor as comunidades

físicas pois possuem dinâmicas e regras diferentes que interagem. Pesquisas que buscam

compreender esse processo e a dinâmica dessas comunidades vem se intensificado nos

últimos anos.

Em síntese podemos perceber uma mudança de cultura como consequência de

mudanças nos processos de comunicação. Vivenciamos o nascimento da cultura da

virtualidade real.

A educação a distância mediada por ambiente virtuais é parte dessa nova cultura.

Assume um papel diferenciado da educação presencial, pois se torna espaço de inovações e

experimentos tanto em termos de conteúdos, como em metodologias e recursos. Acaba sendo

um palco onde as inovações têm a oportunidade de aparecer, pois as regras ainda não estão

definidas e os modelos convencionais não se adaptam tão facilmente.

Temos a oportunidade de fazer da educação à distância o instrumento fundamental de

uma educação sem distância, democrática e adaptada a cada indivíduo – uma educação em

rede que seja assegurada em toda a parte e para todos. Graças à utilização dos sistemas de

rede, de que fala Manuel Castells (1999), podemos esperar uma melhor redistribuição de

conhecimentos, envolvendo centros mais prósperos e regiões menos favorecidas ligando, com

muita clareza, a prioridade da educação e formação à política ativa de igualdade de

oportunidades e de combate ao insucesso e à exclusão.

Exemplos de uma educação em rede dessa natureza estão sendo construídos. O caso

de Portugal merece ser conhecido.

http://www.youtube.com/watch?v=YQJSizPRIAE&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=p6GRH9vOYrk&feature=related

Tais ideias e ações podem parecer um tanto utópicas, num primeiro olhar, porém são

possibilidades reais. Cabe a nós, enquanto participantes desse processo, viabilizarmos e

garantirmos que as discussões nos campos da ética, política e moral caminhem nessa direção.

Nesse sentido discussões sobre “exclusão” e “colaboração” tornam-se emergentes nos

diversos setores da sociedade e de modo especial no campo da Educação.

Com o objetivo de aprofundar algumas das ideias apontadas no texto teórico dessa

unidade proponho a leitura de dois textos:

Educação, conhecimento e a sociedade em rede de autoria de Stephen R. Stoer

e António M. Magalhães. Esse artigo foi apresentado no II Seminário Internacional da

Educação de Campinas, promovido pela Secretaria Municipal de Educação e fumec,

em julho de 2003. Embora, pareça um pouco denso num primeiro momento, vale

apena o esforço por compreendê-lo, o olhar crítico dos autores traz a tona questões

filosóficas e sociais que precisam ficar claras para que se possa compreender a EAD

como um movimento dentro de uma realidade mais ampla e complexa que coloca o

conhecimento como centro de uma nova cultura.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-

73302003000400005&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

Redes e Educação: a surpreendente riqueza de um conceito de autoria de

António Dias de Figueiredo. O artigo traz luz a temática “comunidades de

aprendizagem” como uma prática a ser desenvolvida em ambientes virtuais pensando-

se em uma educação em rede.

http://www.slideshare.net/adfigueiredoPT/redes-e-educacao-a-surpreendente-riqueza-

de-um-conceito-presentation

Material Complementar

Sugestões de Leitura

Conhecer é como encher um balde ou focalizar um holofote? É

encadear, linear e logicamente, ou tecer, enredar? A inteligência

é como uma grandeza a ser medida ou como um espectro de

competências, onde o equilíbrio e a totalidade das componentes

importam mais do que hipertrofias localizados?

Através de diversas reflexões, que podem ser lidas de modo independente, o autor

busca uma articulação entre a generalidade de tais questões e a especificidade das ações

docentes, aproximando, portanto, os terrenos da Epistemologia e da Didática. Após uma

elaboração teórica das ideias de rede e de espectro para a representação metafórica do

conhecimento e da inteligência, respectivamente, são examinadas as formas usuais de

organização do trabalho escolar, procurando-se alternativas para as ações docentes

consentâneas às imagens emergentes. Detém-se especialmente no caso da concepção de

avaliação educacional e no papel das tecnologias informáticas como recurso pedagógico.

Na mesma perspectiva de aproximação entre as concepções teóricas e as ações docentes,

outros assuntos são examinados, envolvendo ora questões mais específicas de natureza

matemática ou linguística, ora questões educacionais em sentido amplo, como as que se

referem a projetos e valores."

FIGUEIREDO, Antônio Dias de. Redes e Educação: a surpreendente riqueza de um

conceito . In Conselho Nacional de Educação (2002), Redes de Aprendizagem, Redes de

Conhecimento, Conselho Nacional de Educação, Ministério da Educação, ISBN: 972-

8360-15-0, Lisboa, Maio de 2002.

MACHADO, Nilson José. Epistemologia e Didática. As concepções de

conhecimento e inteligência e a prática docente. 6ª edição. Editora Cortez. São

Paulo, 2005.

LÉVY, Pierre. O que é o virtual? São Paulo: Editora 34, 1999.

LEVY, Pierre. As tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da

informática. Tradução; Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.

Referências

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Anotações