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  • 7/23/2019 Resposta Da Bosi

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    1 Na obra Matria e Memria, Bergson combate viso reducionista da

    memria como apenas a materialidade do crebro. Assim, o autor, em sua

    poca, se contraps a vrias teorias biolgicas da memria a!irmando "ue,

    para as imagens atuali#arem$se, elas precisavam sim do sistema corporal

    sensrio$motor como um todo %inclusive, e principalmente, o crebro& e,

    sobretudo, de um es!or'o de aten'o ou de consci(ncia, o "ual !un'o do

    esp)rito.

    A inverso bergsoniana, portanto, parte da a'o e no da a!ec'o para

    e*plicar a rela'o entre as imagens e as ideias, ou o ser e o ser percebido.

    +arte do nosso corpo e da sua potencialidade de operar mudan'as no mundo

    e*terior "ue o cerca. esde logo, Bergson insere o corpo no con-unto deimagens e*tensas, no mundo ob-etivo, di!erente da +sicologia tradicional "ue

    iniciaria diretamente pela anlise da sub-etividade.

    nserido nesse universo material, nosso corpo percebe centros de

    indetermina'o prprios da vida. As a'/es so irradiadas desses centros a

    partir do movimento ou da in!lu(ncia das imagens umas sobre as outras. A

    matria viva primitiva reali#a essa !un'o "uando se alimenta ou se repara. 0

    as !ormas de vida mais so!isticadas dividem essas !un'/es em rgos

    di!erentes, destinando a primeira para os rgos de nutri'o e a segunda para

    o sistema nervoso, cu-a !un'o espec)!ica agir.

    Bergson denomina os processos de constru'o de imagens, ou se-a, o

    pensamento, a percep'o, a memria e at mesmo as sensa'/es, como

    representa'o. +ara o autor, no se trata de uma representa'o passiva em

    rela'o matria, pois a matria, no limite, tambm imagem. A

    representa'o ativa. rata$se de um problema do esp)rito e no do crebro.

    Bergson considera o corpo vivo como a -un'o, sem dicotomia, entre

    mente e corpo, ou entre a psi"ue %a sub-etividade& e a materialidade do corpo

    %a ob-etividade&. No entanto, para a anlise das condi'/es da cria'o %"ue a

    grande "uesto do autor&, Bergson di!erencia a nature#a do esp)rito e da

    matria, da mente e do corpo, do passado e do presente para depois -unt$los

    novamente no atual, no presente, no corpo e na iman(ncia. Mas no dei*a dea!irmar2 o "ue move a e*ist(ncia sempre o passado, o virtual, o esp)rito, a

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    memria e a !or'a da consci(ncia ontolgica, a !or'a de di!erencia'o do virtual

    para o atual.

    3 corpo e*ecuta a'/es. As a'/es so atuali#a'/es na matria de toda

    a virtualidade do esp)rito. 4em o corpo, a virtualidade no se atuali#a. A a'o o cume do presente e est, atravs do corpo, impregnada de sensa'/es e

    pensamentos.

    Assim, o autor separa dois presentes2

    +resente ideal2 instante em "ue o tempo decorre, limite indivis)vel entre

    passado e !uturo, devir.

    +resente real, vivido2 a"uele a "ue me re!iro "uando !alo de min5a

    percep'o presente e "ue ocupa uma dura'o. 6sta dura'o est a"um e

    alm do ponto do presente ideal. 7Meu presente8 ao mesmo tempo uma

    percep'o do passado imediato e uma determina'o do !uturo imediato.

    9$ +artindo de uma re!le*o sociolgica e tendo como re!er(ncia as

    ideias de ur:5eim, ;alb& constri a ideia de memria como um

    !enmeno de carter social. i!erente do son5o e da !antasia, elementos

    individuais, a memria !ruto dos s)mbolos e signi!icados "ue so

    compartil5ados por um grupo, de!inindo, assim, o carter social das memrias

    individuais. 3 passado, segundo ;alb&, constru)do com base nos

    "uadros sociais, elaborados a partir das no'/es de tempo e espa'o, serve

    como ponto de re!er(ncia para a constru'o da memria. 4egundo o autor,

    Mas nossas lembran'as permanecem coletivas, e elas nos solembradas pelos outros, mesmo "ue se trate de acontecimentos nos"uais s ns estivemos envolvidos, e com ob-etos "ue s ns vimos.? por"ue, em realidade, nunca estamos ss. No necessrio "ueoutros 5omens este-am l, "ue se distingam materialmente de ns2por"ue temos sempre conosco e em ns uma "uantidade de pessoas"ue no se con!undem %;A@BA;4,1==>, p. 9C&.

    Ao conceber a memria como uma constru'o coletiva e de carter

    social, ;alb& no descarta a memria individual. +ara ele, cada

    memria individual um ponto de vista da memria coletiva e esse ponto de

    vista muda de acordo com o tempo e o espa'o. Na sua concep'o,

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    +ara "ue nossa memria se au*ilie com a dos outros, no basta "ueeles nos tragam seus depoimentos2 necessrio ainda "ue ela noten5a cessado de concordar com suas memrias e "ue 5a-a bastantepontos de contato entre uma e outras para "ue a lembran'a "ue nosrecordam possa ser reconstru)da sobre um !undamento comum%;A@BA;4,1==>, p. DE&.

    3 grande desa!io de ;alb& o de conceituar memria

    coletiva. omo - sabemos, ela a soma das memrias individuais "ue -

    so!reram in!lu(ncia da memria coletiva no seu processo de !orma'o. A

    seguir, !aremos distin'o entre memria coletiva e memria 5istrica.

    D $ Bartlett acreditava "ue a recorda'o dos su-eitos a!etada por

    trans!orma'/es inconscientes, em !un'o de interesses e sentimentos

    %individuais ou comuns&, "ue se caracteri#a por atitude. A atitude a!etiva

    estabelece ao processo de !orma'o de lembran'as sua estrutura espec)!ica.

    Muitas recorda'/es "ue ocorrem na memria dos su-eitos so

    marcadas pela in!lu(ncia da conven'/es sociais e cren'as correntes nos

    grupos aos "uais pertenciam. Bartlett a!irma "ue, na vida real, os aspectos

    observados se acentuam, uma ve# "ue importFncia dos !atores sociais

    grandemente intensi!icada.

    3 autor observa "ue um grupo social sempre organi#ado, mantendo

    -untos seus membros atravs de uma in!lu(ncia ativa %interesse, sentimento,

    ideal, instinto, moda, apetite&. 6n"uanto o conteGdo da recorda'o

    considerado, principalmente, uma "uesto de interesse, o modo de recorda'o

    visto como uma "uesto de temperamento e carter, dando um en!o"ue ao

    predominantemente interno.

    Hm conceito c5ave da obra de Bartlett "ue relaciona

    culturaI5istriaImemria o conceito de Jconvencionali#a'oJ2 corresponde ao

    processo pelo "ual e*press/es art)sticas recebidas por um grupo, vindas de

    outro so trans!ormadas pela in!lu(ncias da conven'/es e tcnicas

    estabelecidas 5 muito tempo nesse grupo. 3 estudo da convencionali#a'o

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    na sociedade implica a considera'o de "ue, dentro de "ual"uer grupo social

    encontra$se um impulso genu)no de es!or'o construtivo, alm das tend(ncias

    sociais de conserva'o.

    3 processo de trans!orma'o e cria'o de material culturaIsimblico

    pode ser estendido ao processo de recorda'o de cada su-eito. 3 material

    evocado con!orme o signi!icado "ue tem para o indiv)duo e sue grupo, podendo

    !icar intacto, ser pro!undamente alterado ou es"uecido, de acordo com a

    convencionali#a'o "ue so!reria. ;alb& no estuda a memria em

    si, mas os "uadros sociais da memria. on!orme a sua teoria, as lembran'as

    no so individuais, embora o indiv)duo se-a a primeira testemun5a "ual pode

    apelar. 6las so coletivas, so lembradas pelos outros, mesmo "ue somente auma pessoa digam respeito.

    Assim, o autor relaciona a memria participa'o em um grupo social,

    de !orma "ue, "uando nos lembramos, deslocamo$nos de um grupo a outro,

    em pensamento, da mesma !orma "ue o es"uecimento e*plicado pelo

    desapego aos grupos, distFncia ou isolamentoK a !alta de interesse por

    determinado grupo !a# com "ue dele uma pessoa se a!aste e ten5a apenas

    uma vaga lembran'a.

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