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RESSIGNIFICANDO A LEITURA DE FÁBULAS NO ENSINO FUNDAMEN-TAL

Autora: Cecília Ito Stasiu 1

Orientadora: Ms. Cristiane Malinoski Pianaro Angelo2

RESUMO

A leitura é a porta de entrada para o mundo letrado, considerando que por meio dela podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar nosso raciocínio e interpretação. Este trabalho caracterizou-se como uma pesquisa-ação de abordagem qualitativa, sendo que, para realização desse trabalho, foram selecionadas algumas obras (fábulas históricas) de autores de destaque como Esopo e La Fontaine para que pudessem ser utilizadas como base para o desenvolvimento deste trabalho. O material pedagógico foi todo confeccionado pela pesquisadora e serviu de apoio para trabalhar a ressignificação da leitura de fábulas no ensino fundamental, como instrumento motivador e norteador para o trabalho em sala de aula, tendo-se também a participação dos professores no Grupo de Trabalho em Rede para analisar e avaliar a proposta de intervenção. Com a seleção das fábulas foi realizada a fase de pré-leitura na qual optou-se por uma conversação, com perguntas e respostas de modo a propiciar a interação com os alunos. Posteriormente, foi feito o processo de leitura e a análise, compreensão e interpretação, comparação dos gêneros literários através dos textos dos autores selecionados, tomando como base a identificação dos espaços, personagens, conhecimentos e valores morais, no intuito de ampliar a capacidade leitora dos educandos. As atividades realizadas embasadas nas fábulas foram arquivadas na biblioteca da escola, de forma a torná-las acessíveis para dar continuidade à prática e expansão da leitura, dentro e fora da sala de aula.

Palavras-Chave: Fábulas. Ressignificação. Leitura. Intervenção.

ABSTRACT:

Reading is the gateway to the literate world, since through it we can enrich our vocabulary, gain knowledge, stimulate our thinking and interpretation. This work was characterized as an action research of qualitative approach, and to carry out this work, we selected some works (historical fables) from prominent authors such as

1 Especialista em Processo do Ensino-Aprendizagem da Língua Portuguesa, graduada em Letras Literatura , professora da rede estadual de ensino do Colégio Estadual Prefeito Antonio Witchemichen – Prudentópolis-PR. 2 Docente do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Centro Oeste/ Campus de Irati – UNICENTRO.

Aesop and La Fontaine so they could be used as the basis for the development of this work. The teaching material was all made by the researcher and served as support for the redefinition of work reading fables in elementary school, as a tool for motivating and guiding the work in the classroom, and also for teachers to participate in Working Group network to analyze and evaluate the proposed intervention. With the selection of fables was performed pre-reading in which it was decided by a conversation with questions and answers in order to provide interaction with students. It was later made the process of reading and analysis, understanding and interpretation, comparison of literary genres through the texts of selected authors, based on the identification of space, character, knowledge and moral values in order to expand the capacity of learners reader . The activities grounded in the fables were filed in the school library in order to make them available to continue the practice and expansion of reading inside and outside the classroom.

Keywords: Fables. Reframing. Reading. Intervention.

1 INTRODUÇÃO

A disciplina de Língua Portuguesa na Educação Básica deve contribuir para

ampliar e aperfeiçoar a competência discursiva dos educandos, a qual envolve a

compreensão do funcionamento e a produção dos diferentes discursos que circulam

na sociedade. Para que essa competência seja desenvolvida, os alunos devem ser

orientados nas práticas de linguagem orais e escritas, de forma intensa, criativa,

questionadora e crítica.

No entanto, constata-se no cotidiano escolar que essa tarefa não vem se

mostrando fácil, pois os alunos têm mostrado desinteresse e dificuldades nas práti-

cas de leitura e produção escrita, não atingindo o nível esperado para a fase escolar

na qual se encontram.

Assim, torna-se imprescindível a intervenção com propostas que despertem e

desenvolvam tais habilidades, com vistas à formação de um leitor e produtor de tex-

tos competente, capaz de dialogar com a escrita, com posicionamentos diante do

texto. Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná – Língua

Portuguesa: “A ação pedagógica referente à linguagem [...] precisa pautar-se na in-

terlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produ-

ção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situa-

ções (PARANÁ, 2008, p. 55).

Desse modo, o professor deve planejar sua atividade pedagógica visando a

propiciar condições para que o aluno possa ler, produzir textos e refletir sobre a lin-

guagem do seu dia a dia. Fica clara, então, a necessidade de trabalhar em sala de

aula com atividades inovadoras e que motivem os alunos para a compreensão, inter-

pretação e produção de textos.

A noção de gênero textual pode contribuir significativamente nesse papel, ao

redimensionar o trabalho com a linguagem na sala de aula, tornando-o mais praze-

roso e significativo. Segundo Leal [et al] :

Na medida em que os estudos sobre o texto ganham dimensão e esse pas-sa a ser compreendido como parte de atividades mais amplas de comunica-ção, começa-se a se pensar na questão do gênero textual, que, hoje, mere-ce lugar de destaque, sendo considerado não apenas como instrumento de comunicação, mas como objeto de ensino-aprendizagem. Já se percebe a necessidade de se trabalhar os gêneros textuais em sala de aula, rompendo com a prática de um estudo do texto que enfatiza os tipos textuais (narra-ção, descrição, dissertação, etc.) (LEAL, 2011, p.01).

Um dos principais motivos da inserção dos gêneros em sala de aula remete-

se à questão das práticas sociais, tendo em vista que estas estão direcionadas às

formas de organização de uma determinada sociedade. As práticas sociais são res-

ponsáveis pela definição das atividades humanas, papéis e lugares sociais para os

sujeitos que nela se encontram envolvidos, conforme ressalta Hila (2009).

Assim, este artigo parte do pressuposto de que as práticas sociais refletem na

mobilização de diversas atividades de linguagem, as quais englobam maneiras de

expressão, via os gêneros textuais, materializados em diferentes tipos de textos.

Isso justifica o fato de não utilizarmos somente a noção de tipologia textual nas aulas

de leitura e produção textual, sendo necessária à inserção da noção de gêneros.

Dentre os diversos gêneros que podem ser utilizados em sala de aula, as fá-

bulas podem auxiliar nessa tarefa, na medida em que esse gênero relata situações

do cotidiano, de forma agradável, curiosa e estimulante, despertando o interesse dos

alunos pela leitura. A escolha de fábulas justifica-se, então, pelo fato de elas serem

uma forma de levar instrução e conhecimento, ao mesmo tempo em que divertem e

possibilitam ao aluno ampliar a sua competência comunicativa. Além do mais, esse

gênero de texto apresenta fundo moral e valores éticos relacionados à vida em soci-

edade, que precisam ser questionados e avaliados em sala de aula.

O conhecimento aliado à diversão ocorre de maneira muito mais significativa,

tendo em vista que a aprendizagem acontece a partir da descontração, da vontade

própria, onde o aluno não se sente obrigado a fazer algo que não quer, ao contrário,

sente-se despertado pela curiosidade e pelo desejo de buscar aquilo que é prazero-

so e lhe agrega cada vez mais sabedoria, destaca Leal (2011, p. 01).

Pensando nessas questões expostas, desenvolvemos o trabalho de interven-

ção “Ressignificando a leitura de fábulas no Ensino Fundamental” como parte das

atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE3. Tivemos por obje-

tivo geral contribuir para a formação o desenvolvimento de leitores críticos e criati -

vos, a fim de que possam ser capazes de compreender o texto, tornando-se sujeitos

do processo de ler e não apenas decodificadores.

A intervenção foi realizada em uma turma de quinta série ou sexto ano do

ensino fundamental, somando 22 alunos, no período de outubro a novembro de

2011, no Colégio Estadual Prefeito Antonio Witchemichem - Ensino Fundamental e

Médio, localizado na zona rural do Município de Prudentópolis - PR.

Para tanto, o trabalho foi desenvolvido dentro de uma ótica interacionista, em

que a leitura é definida como um processo de interlocução entre leitor e autor, me-

diado pelo texto. Nesse processo, o aluno e o professor dialogam com o texto, refle-

tem sobre o lido e sobre o mundo, têm a oportunidade de interagir com a cultura,

com a história, o que lhes proporciona a inserção no meio cultural e histórico.

Para o trabalho de intervenção, além do levantamento bibliográfico com

intuito de buscar subsídios téorico-metodológicos, contamos com as discussões

decorrentes da nossa participação no Grupo de Trabalho em Rede - GTR com

tutoria para professores da rede estadual de ensino, como também contamos com a

unidade didática, preparada para a intervenção.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Fábulas: histórias de vida

3 Trata-se de uma política pública que estabelece diálogos entre os professores da Educação Superior e os da Educação Básica, por meio de atividades teórico-práticas orientadas, tendo como resultado a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense (Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br ).

Os gêneros discursivos têm finalidade específica nas diferentes situações de

interação social. Bakhtin (2003, p. 262) acredita que os gêneros são “tipos

relativamente estáveis de enunciados”, ou seja, para ele os gêneros são nada mais

do que textos oriundos da sociedade, os quais atuam como mediadores entre o

enunciador e o destinatário. Na mesma perspectiva, Marcushi (2002, p. 19) destaca

que “os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à

vida cultural e social”.

Muitas são as razões que justificam a inserção dos gêneros nas aulas de

leitura, dentre elas:

a) Abrem possibilidade de se integrar a prática da leitura, da escrita e da análise lingüística, comumente estanque nos currículos da escola básica;b) Permitem a concretização de um ideal de formação com vistas ao exercício pleno da cidadania (já que se utilizam de textos de efetiva circulação social e de diferentes esferas e práticas sociais);c) Possibilitam a concretização de uma perspectiva enunciativa para as aulas de língua portuguesa, o que quer dizer, uma perspectiva que leve em conta o conhecimento situado, a linguagem efetivamente em uso, o trabalho com textos e práticas didáticas plurais e multimodais;d) Conseguem dar conta tanto de noções discursivas como também mantém noções eminentemente estruturais ou linguísticas/enunciativas, todas elas necessárias para o letramento do sujeito e para a correta compreensão do próprio gênero;e) Fornecem subsídios para (re)pensarmos novas formas de organização curricular. (BARBOSA, 2000, p. 67).

Assim, a proposta de intervenção voltada para a ressignificação da leitura de

fábulas e sua inserção dentro do processo de leitura, propondo um trabalho com os

gêneros, contribui para que o aluno possa desenvolver suas capacidades

discursivas, além de permitir ao docente a determinação de critérios que propiciem a

intervenção eficaz no processo de ensino e aprendizagem da língua.

As fábulas são composições literárias que reúnem informações e vivências

em que as personagens são geralmente animais, forças da natureza ou objetos, que

possuem características humanas: falam, dançam, possuem costumes e crenças.

Fernandes (2001, p. 17) explica que:

Há muitos e muitos anos, o homem começou a contar histórias de todos os tipos... umas que explicavam as coisas da natureza, outras que falavam so-bre suas viagens, sua vida, seus desejos... Umas com fadas e seres mági-cos, outras com animais ou objetos com qualidade humanas. A fábula é um desses tipos de história de que estamos falando e são contadas há mais ou menos 2.800 anos.

Em geral, as fábulas têm no final das suas histórias um ensinamento, um va-

lor moral de caráter instrutivo e educativo, sendo, desse modo, considerado um gê-

nero muito versátil, permitindo diversas maneiras de se abordar determinado assun-

to.

Góes (apud VIEIRA, 2007, p. 56) descreve a fábula como sendo uma peque-

na narração com a finalidade de instruir e divertir, tendo em vista que se trata de um

texto independente de ser em prosa ou em verso. Ainda, na visão da autora, “fábula

é uma forma literária indireta na exposição de sua expressão, de caráter geralmente

crítico, de análise precisa e tradução sintética dos fatos que são tanto objetivos

quanto eloqüentes para o entendimento”.

As fábulas podem ser consideradas tão antigas quanto às conversas dos ho-

mens, pois a partir do momento que o homem aprendeu a falar, iniciou a contação

de histórias, fatos e acontecimentos que eram passados de boca em boca.

Fernandes (2001, p.18) destaca que:

De qualquer forma, conhecemos algumas fábulas que foram escritas no sé-culo VIII antes de Cristo, ou a.C. (800 anos antes do ano número 1!). Sabe-mos também que as fábulas muito antigas, do Oriente, foram difundidas na Grécia no século VI a. C., já 2600 anos, por um escravo chamado Esopo. Nos anos que se seguiram, elas continuaram a ser contadas e foram tam-bém escritas. Mais tarde, nos anos 1600 (século XVII, o escritos francês Jean de La Fontaine, um nome muito importante no mundo das fábulas, re-escreveu e adaptou as fábulas de Esopo, além de criar novas histórias.

Silva (1999) caracteriza a fábula como uma narrativa curta que traz como

marca importante a presença da moralidade – uma verdade, que é de conhecimento

de todos. A autora aponta a seguinte estrutura para as fábulas: 1) situação inicial:

apresentam-se os personagens, focalizando-os no momento em que ocorrem os fa-

tos; 2) ação: um dos personagens inicia a ação, lançando um questionamento a ou-

tro; 3) reação: o personagem responde ao questionamento, concordando ou não

como o solicitado; 4) representação do resultado da ação e da reação, quando o fa-

bulista enfatiza o ensinamento.

Quando pensamos no trabalho com o gênero fábulas em sala de aula, torna-

se fundamental que o professor tenha clara a sequência didática para o trabalho,

elaborando seu planejamento muito bem para cumprir seus objetivos, tendo em vista

que o público alvo são as crianças.

Diante disso, Góes (apud VIEIRA, 2007, p.59) destaca:

É aconselhável cuidadosa seleção das fábulas antes de as sujeitarmos às crianças. Devem reunir um mínimo de condições que não permitam con-fusões interpretativas [...] devem apresentar conceito claro e objetividade; sobriedade narrativa; linguagem depurada de toda terminologia vaga, abs-trata, inacessível às crianças.

A partir dessa abordagem, percebe-se que a preocupação é para que as

crianças tenham acesso ao que lhes é conveniente, de fácil compreensão, e que

realmente seja base para a concretização de resultados positivos. Não basta apenas

oferecer material e exigir que seja realizado um trabalho acerca deste. É necessário,

antes de qualquer coisa, realizar uma seleção que seja adequada para as crianças,

evitando sugerir textos que apenas um adulto seria capaz de compreender.

Cabe ao professor buscar alternativas para inserir o trabalho com fábulas

dentro do planejamento para a disciplina de Língua Portuguesa, visando contribuir

para o processo de ensino-aprendizagem de maneira significativa e para formação

de leitores críticos e criativos.

2.2. A leitura em sala de aula

O ato de ler a palavra escrita deve ser a continuação da leitura que

aprendemos a fazer da vida (Freire, 1995), adentrando nos textos e criando

disciplina intelectual que viabilize sabedoria ao indivíduo para que possa interagir no

mundo como sujeito criativo, consciente e que seja capaz de transformá-lo.

Cada um de nós é um ser capaz de pensar, aprender, ensinar, criar e fazer

leituras da vida e do mundo. O aluno precisa aprender a prática fundamental de ler o

mundo e a palavra escrita, interpretá-lo e desvendar seu real significado.

Ler é essencial para toda pessoa, principalmente na atual sociedade global,

onde as pessoas precisam se capacitar diariamente para a prática social autônoma,

ativa e efetiva. Ou seja, ler passa a ser concebido como ato de interpretar, atribuir

significado ao lido, não somente reproduzindo os pensamentos expressos pelo

autor.

O leitor será tão mais produtor da compreensão do texto, quando se faça realmente apreensor da compreensão do autor. Ele produz a inteligência do texto, na medida em que ela se torna conhecimento que o leitor criou e não conhecimento que lhe foi justaposto pela leitura do livro. (FREIRE, 1995, p. 44).

Por isso, neste trabalho, entende-se a leitura não apenas como

decodificação, mas sim uma atividade em que o leitor interage com o texto e o autor,

pois, de acordo com Bakhtin (2003, p. 78-79) ao ler “o indivíduo recebe da

comunidade lingüística um sistema já constituído e qualquer mudança no interior

deste sistema ultrapassa os limites de sua consciência individual”.

Soares (apud RANGEL, 2005, p. 36) afirma que “a leitura é uma interação

verbal de indivíduos e indivíduos socialmente determinados”. A partir dessa

colocação, Soares demonstra que a leitura é confrontante do leitor com o autor e é

mediado por meio da enunciação imersa nas condições vinculadas às estruturas

sociais, as quais determinam a leitura e, consequentemente, constituem seu

significado.

Ao apresentar a concepção de leitura, Gadotti ressalta:

Compreender um texto não é captar a intenção do autor, nem tampouco restaurar o sentido que o autor lhe outorgou. O sentido de um texto é a possibilidade que ele oferece ao leitor de superar-se. É o momento propriamente pedagógico de uma leitura. Não reside no mundo que ele esconde atrás das palavras e da linguagem (o mundo do conhecimento) mas no mundo que ele abre diante dele, o mundo da decisão. (apud SILVA, 1998, p. 66).

Desse modo, de acordo com Gadotti, resta-nos considerar que a leitura é

apresentada como um plano, um projeto, isto porque a partir da compreensão

acerca daquilo que foi lido, o leitor encontra-se orientado para o processo de

interpretação, a qual engloba a descontextualização e recontextualização do objeto

a fim de que possa apreendê-lo.

A leitura é objeto de inúmeros estudos, debates e questionamentos

constantes, pois se trata de um aprendizado essencial para o processo de ensino

aprendizagem escolar e também de socialização. Sem o seu domínio, nenhuma

pessoa pode exercer sua cidadania de forma autônoma, crítica e criativa.

No caso da prática da leitura, o que se tem ressaltado é que a escola precisa formar leitores críticos que consigam construir significados para além da superfície do texto, observando as funções sociais da leitura e da escrita nos mais variados contextos, a fim de levá-los a participar plena e criticamente de práticas sociais que envolvem o uso da escrita e a

oralidade. A noção, portanto, de prática social, convoca um dos primeiros argumentos em defesa do uso dos gêneros em sala de aula (HILA, 2009, p. 7).

O aluno leitor descobrirá o prazer pela leitura quando perceber que ela lhe

proporciona conhecimento e a capacidade de associar ideias, desenvolver a

inteligência, os sentimentos, o sentido da vida e o estar no mundo; ele viajará na

imaginação, fazendo experiências místicas e expandindo a sua consciência.

“O processo de leitura encontra-se dividido em quatro etapas: decodificação,

compreensão, interpretação e retenção (Cabral, 1986, p. 16)”. Portanto, sendo parte

das quatro etapas do processo de leitura, a compreensão consiste na captação de

sua temática, no reconhecimento dos tópicos principais do texto, o que exige o

conhecimento das regras textuais, sintáticas e semânticas da língua usada.

Já a interpretação ocorre a partir da compreensão, ou seja, se o sujeito não

compreende o que leu, logo não poderá interpretá-lo e, portanto, não há

possibilidade dessa ação ocorrer.

De acordo com Silva, “a interpretação difere da compreensão no sentido de

ampliação de conhecimentos, no sentido de explicitação das possibilidades de

significação de documento, projetadas pela compreensão” (apud MENEGASSI,

1995, p. 88). Enfim, a interpretação ocorre a partir do momento em que se aliam o

conteúdo do texto e o conhecimento por parte do leitor.

O trabalho com diferentes gêneros, como as fábulas, torna-se uma alternativa

bastante enriquecedora no trabalhado com a leitura, ao se propiciar em sala de aula

atividades de compreensão e interpretação, de modo a auxiliar os alunos não só a

localizarem informações, mas realizarem inferências (presentes no processo de

compreensão) e construírem opiniões acerca do lido (presentes no ato de

interpretação).

Conforme Fiorin & Savioli (apud VIEIRA, 2007, p. 58) “a fábula consiste numa

história sobre as estratégias do ser humano”. Dentro das fábulas não é a moral que

nos apresenta lições, mas a forma de agir do ser humano e suas estratégias de vida.

Assim, considerando as fábulas como histórias que envolvem o

relacionamento humano e as narrativas de fatos e feitos do ser humano é preciso

trabalhar com o aluno os potenciais educativos que essas histórias trazem e a

possibilidade de inseri-las no contexto da sala de aula para o desenvolvimento dos

leitores.

A partir dessa abordagem é que surgem as respostas sobre o motivo que

levou à escolha do gênero em questão para a intervenção, tendo em vista que o

principal objetivo consiste em contribuir para o desenvolvimento da prática da leitura

fazendo com que os leitores sejam capazes de compreender e interpretar os textos

de forma a transformar sua própria realidade.

Todavia, nessa prática da leitura o professor deve ter clara a sequência

didática para o trabalho e elaborar seu planejamento muito bem para cumprir seus

objetivos, tendo em vista que o público alvo são as crianças.

Ao tratar a leitura dentro da visão interacionista da linguagem e como uma

atividade de (co) produção de sentidos, o leitor buscará, inicialmente em seu

repertório sociocultural e em seus conhecimentos prévios, informações que

possibilitem a complementação e compreensão acerca do que está sendo lido.

Dentro desse contexto, Leffa (1996, p.36) destaca:

Devido a esse processo de (co)produção, por meio do qual elementos textuais, contextuais e pragmáticos são importantes, antes de iniciar a leitura do gênero textual, o professor deverá realizar a fase de pré-leitura, que consiste em uma série de atividades incentivadas e acionadas, no intuito de acionar os esquemas mentais que a criança tem sobre o que será lido.

O trabalho de pré-leitura torna-se importante pelo fato de que otimiza e

melhora o trabalho de compreensão do texto a ser utilizado. De acordo com

Taglieber e Pereira (1997, p. 2-3), através das atividades de pré-leitura “o professor

pode tanto ativar o conhecimento prévio que o aluno já possui sobre o assunto do

texto que vai ler, como também pode fornecer-lhe conhecimento prévio, caso não

tenha o suficiente”.

Ainda a respeito da importância da realização da pré-leitura, Taglieber;

Pereira (1997, p. 3), destaca:

Tais atividades, realizadas antes da leitura propriamente dita de um texto, são importantes porque preparam os alunos para o conteúdo do texto, direcionam seus pensamentos, criam expectativas para a leitura, estimulam seu interesse, aguçam a sua curiosidade e, acima de tudo, proporcionam uma atividade intelectual desde o início do processo.

Existem cinco características que o aluno precisa ter para que seja

considerado pronto para a leitura de um texto: motivação, conhecimento de

conteúdo, conhecimento de vocabulário, estratégias de aprendizagem, atenção.

Essas características podem ser utilizadas pelo professor durante a fase de pré-

leitura.

Para tanto, algumas estratégias poderão ser utilizadas no trabalho de pré-

leitura, tais como: figuras ou slides relacionadas ao texto; perguntas e respostas;

questionamento recíproco e autoquestionamento. Solé (1998, p. 45) ressalta que “é

fundamental que ao usar quaisquer dessas estratégias o objetivo seja que os alunos

façam previsões, lancem hipóteses e tragam seu conhecimento de mundo sem

recorrer ao texto, não tendo, portanto, a função de realizar a etapa da

compreensão”.

Passada a fase da pré-leitura, é hora do aluno ir de encontro com o texto,

sendo agora, a fase da leitura propriamente dita. Nesse momento devem ser

apresentadas questões iniciais de contexto de produção como aspectos do contexto

sobre o gênero no geral e não especificamente sobre o texto a ser lido.

Durante a fase de leitura do texto, existem várias estratégias que contribuem

para que o leitor consiga compreender o texto: formulação de previsões; formulação

de perguntas; esclarecimento de dúvidas; resumo de ideias; avaliação do caminho

percorrido; relacionamento da nova informação adquirida do texto ao conhecimento

prévio armazenado (SOLÉ, 1998).

Posteriormente, são realizadas as questões de compreensão e específicas do

gênero escolhido para a aula, as quais envolvem o reconhecimento das principais

informações do texto, de seu tema, de sua organização composicional, elementos

linguísticos e discursivos importantes para a caracterização do gênero. Por fim, as

questões de interpretação, momento em que será feito o julgamento, a reflexão e a

avaliação do leitor sobre o que foi lido.

Dentro das atividades de pós-leitura, valendo-se das contribuições

de Silva (1999, 2003), o professor pode realizar atividades de transforma-

ção, nas quais o aluno realiza um trabalho de ressignificação do texto,

criando seu próprio texto. Para Silva (1993, p.53), as atividades de trans-

formação buscam “promover um tipo de leitor que não se adapte ou se

ajuste inocentemente à realidade que está aí, mas que, pelas práticas da

leitura, participe da transformação social”.

2.4 Estratégias de ação e resultados da intervenção

2.4.1 As contribuições do GTR

O Grupo de Trabalho em Rede (GTR) é ofertado pela Secretaria de Estado da

Educação (SEED) ao professores da rede estadual de ensino, sendo um curso

disponibilizado por meio do ambiente virtual de aprendizagem (e-escola), na

modalidade a distância.

Segundo a SEED (2011), o “GTR é uma atividade realizada pelos professores

do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). Nos grupos, os professores

PDE socializam seus projetos de intervenção pedagógica, distribuídos em dezessete

áreas/disciplinas da matriz curricular”.

No curso que ofertamos, foram realizados quatro fóruns, onde foram

discutidos: o projeto de intervenção (temática e objetivos), alternativas

metodológicas para o trabalho com a leitura de fábulas, a implementação

pedagógica do projeto e as vivências em sala de aula. As discussões e

contribuições dos professores que participaram do GTR foram importantes para

adequar e melhorar a intervenção proposta, antes da sua implementação.

Das contribuições dos professores quanto ao projeto, 28 inserções no

primeiro fórum foram realizadas, sendo que se mencionam abaixo, algumas

colocações dos professores acerca do projeto:

“Olá colegas! Achei bem interessante o Projeto elaborado pela professora Cecília Stasiu pois a mesma dá pistas de algumas estratégias que podem ser utilizadas no processo de ensino-aprendizagem. Compreende-se também que a importância de utilizar novos recursos metodológicos para inovar e tornar interessante o trabalho em sala de aula”.“Primeiramente achei essencial o projeto pautado nas DCEs para nos orientar no trabalho pedagógico realizado. Sabemos que elas nos orientam trabalhar diferentes finalidades de textos, possibilitando diferentes interpretações para desenvolvimento da linguagem. Tal projeto voltado ao gênero fábula propicia ao educando a prática, a discussão e a leitura, num momento em que muitos não habituem a ler, ou lêem sem entender. As Diretrizes propõem um fenômeno social, interação verbal. Objetivando resgatar a criticidade, com alunos formadores de opiniões através dos aspectos sociais e históricos em que os estão inseridos, produzindo e construindo através da fala, leitura e escrita”.

“O projeto mostra como trabalhar em sala de aula com atividades inovadoras provocando motivação para compreensão e interpretação de textos através de fábulas, relatadas no seu cotidiano, de forma agradável. Talvez seja essa uma das estratégia para despertar em nossos alunos a compreensão e o interesse para leituras e discussões, esse é o nosso desafio, não devemos desistir jamais e sempre buscar na prática o interesse e o envolvimento dos alunos para compreensão e interpretação dos textos”.

“O projeto apresentado pela professora Cecília, ressignificando a leitura de fábulas, expõe uma proposta de trabalho com um gênero que traz situações próximas do cotidiano dos alunos e também discute atitudes e comportamentos. Desta forma, a leitura torna-se significativa ao abordar aspectos da vida. Para tanto, o uso de estratégias de leitura torna-se importante para a compreensão e interpretação dos textos contribuindo, assim, para a formação crítica de leitores”.

“Olá, achei muito interessante o projeto da professora Cecília, o trabalho no sentido de despertar o gosto pela leitura nos alunos não é uma tarefa fácil, já que no atual processo de desenvolvimento da sociedade, podemos contar com uma grande gama de recursos informacionais tais como, televisão, rádio, internet, que são mais interessantes aos alunos, já que as informações chegam até eles já formadas. A leitura exige interpretação, criticidade, talvez aí esteja o problema da falta de gosto pela leitura. Por isso trabalhar com textos que sejam interessantes aos alunos fará com que os mesmos criem gosto pela leitura”.

As contribuições dos professores na análise geral do projeto contribuíram

para refletir sobre a intervenção proposta. O posicionamento os professores sobre a

leitura e a ressignificação das fábulas na escola foi válido para verificar o alcance do

trabalho proposto para os alunos, bem como a sua relevância para a formação de

leitores críticos.

Foram realizadas 10 análises detalhadas dos itens do projeto, citando-se

abaixo algumas dessas análises e contribuições:

“Tema e Título: Ótimo tema , pois chama a atenção de alunos de 5ª série.Justificativa: Está condizente com o estudo em pauta.É uma observação, em que acredito, todos os professores percebem o mesmo desinteresse: A Leitura.E através desse estudo, talvez possamos juntos chegar a um resultado positivo.Objetivos: São claros e estão dentro das possibilidades de serem cumpridos. Estratégias: São estratégias bem simples, fáceis de serem aplicadas, onde o trabalho poderá ser desenvolvido com segurança e com um resultado satisfatório.Cronograma: O tempo para realização deste projeto é adequado à ele”.

“O tema do projeto, estratégias para compreensão e interpretação de fábulas na 5ª. série do ensino fundamental, é interessante, pois propõe uma metodologia que oferece condições para alcançar o entendimento do texto, sendo que a série está pertinente com o gênero a ser estudado. O título, ressignificando a leitura de fábulas no ensino fundamental, sugere uma nova abordagem do gênero proporcionando a leitura crítica dos textos. De acordo com o projeto, o trabalho com fábulas justifica-se por apresentar temas próximos do cotidiano e que transmitem instrução e conhecimento. Ao abordar situações que envolvem comportamentos e atitudes está questionando as ações das personagens e buscando extrapolar o texto, requerendo, assim, um posicionamento do aluno diante do lido. Os objetivos estão condizentes com a proposta, já que o mais importante é contribuir para a formação de leitores críticos. Para tanto, somam-se a utilização de estratégias de leitura para atingir tal propósito, a reflexão sobre os recursos empregados no texto, as questões morais tratadas estimulando também a leitura de textos do gênero. As estratégias de ação envolvem a utilização de material didático produzido pela professora selecionando os textos com a participação dos alunos, o que faz com que os mesmos participem do processo

sentido-se valorizados. O cronograma está bem distribuído de forma a contemplar todas as etapas de realização do trabalho”.

“Olá Cecília, analisando seu projeto "Ressignificando a leitura de fábulas", achei muito interessante, trabalhar com esse gênero é de extrema importância e muito prazeroso, além de trabalhar o lúdico e despertar o gosto pela leitura, faz com que nossos educandos reflitam sobre os valores que lhe são transmitidos.De acordo com a estratégia de ação será um trabalho valioso, sabemos que a leitura é uma forma de promover a participação do cidadão na sociedade e através dela formar pessoas críticas e conscientes. Saber ler tornou-se, condição indispensável para o acesso a qualquer área de conhecimento, uma vez que a leitura apresenta função utilitária na transformação do ser humano”.

A participação dos professores na análise das etapas do projeto ajudou a

avaliar as ações propostas e repensar e adaptar as etapas, aproveitando a troca de

experiências com os professores que fizeram suas inserções no fórum do GTR.

No fórum 2, que discutiu a produção didática-pedagógica, houve 27

participações no fórum e 8 participações com detalhamento e contribuições sobre

as sugestão didáticas, com destaque:

“Lendo a Produção Didático - Pedagógica, observei na justificativa da Professora Cecilia, que os alunos devem ser orientados nas práticas de linguagem orais e escritas, de forma intensa, criativa, questionadora e crítica. Penso dessa forma também. Mas como sabemos, isto não é fácil nos dias de hoje. Precisamos planejar nossas atividades com algumas que sejam inovadoras para chamar a atenção dos alunos de forma que sejam divertidas . O material produzido pela professora nos mostra caminhos para desenvolvermos um trabalho mais atrativo com ideias fáceis de serem aplicadas, uma sequência didática viável e vai depender da nossa criatividade e fazermos as adaptações necessárias para a turma”.

“O material didático apresentado pela professora Cecília propõe o trabalho de leitura num processo que envolve o leitor de forma gradual ao apresentar atividades para antes, durante e depois da leitura o que possibilita a exploração do gênero fábula de maneira mais produtiva. Esta sugestão de trabalho contribui para ampliar a visão do professor sobre as possibilidades de desenvolvimento da compreensão textual dos alunos”

“Após a leitura da Produção didático-pedagógica percebi que contribui para ampliação das ideias e formação dos indivíduos, visto que a leitura do projeto e suas estratégias intervirá em sala de aula como meio de desenvolvimento de competências linguísticas. E que a partir das fábulas, induziremos de forma indireta a formação do cidadão na sociedade, aos quais nos inserimos e temos que agir com atitudes condizentes com a moral e ética, que são valores necessários para o respeito, a dignidade e o dever com as demais pessoas. Os quais temos a responsabilidade de induzir os alunos a reflexão, criticidade e discernimentos das atitudes e informações”.

“Após a leitura da Produção Didático-Pedagógica "Ressignificando a leitura de fábulas no Ensino Fundamental", observei que é bastante interessante para nós professores, pois podemos fazer uma análise crítica sobre nossa própria aula, será que realmente estamos questionando nosso aluno de forma intensa? Sabemos da dificuldade que enfrentamos em questioná-los, pois no mundo informatizado que eles têm acesso intensamente, nossos questionamentos tornam-se ao ponto de vista deles desinteressante, pois os alunos querem

tudo pronto e de imediato, mas mesmo assim não podemos nos cansar e insistir sempre nos questionamentos para torná-los pessoas pensantes e criticas”.

“Olá professora, analisando seu projeto "Ressignificando a leitura de fábulas no Ensino Fundamental", achei de grande valia, trabalhar com o gênero textual fábula é prazeroso, tanto para o professor, quanto para o aluno, pois através das fábulas nossos alunos poderão refletir acerca dos valores transmitidos e aplicá-los em suas vidas. Além disso, poderá também despertar o hábito da leitura,da escrita, da produção e reprodução de textos.Nesse sentido, a leitura é o instrumento necessário para a evolução e acompanhamento da transformação do mundo e da tecnologia. Sendo assim, o incentivo pela leitura é indispensável nos dias de hoje. E com tanta diversidade de gêneros textuais, podemos enriquecer nossas aulas e deixá-las mais atrativas. Portanto, o seu trabalho é muito interessante, além das questões, também gostei muito do jogo "Recreio Fabuloso". Já trabalhei com fábulas na 5ª série e uma das atividades, além da leitura, discutir a moral, pesquisar provérbios e confeccionar cartazes, também trabalhei com produção e ilustração das fábulas produzidas pelos alunos e recontação de fábulas usando fantoches. Os alunos gostaram muito e esse trabalho foi apresentado na semana cultural da escola”.

“O material didático apresentado pela professora Cecília oferece sugestões de trabalho com o gênero fábula abordando uma metodologia que oferece condições ao aluno de entendimento do texto, contribuindo assim, para a formação de leitores críticos. Nesse trabalho, a utilização de estratégias de leitura é fundamental, pois leva à reflexão sobre os recursos empregados no texto, também a pensar sobre as questões morais abordadas e incentiva a leitura de textos do gênero. Como pontos positivos, a unidade didática organiza o trabalho do professor num processo que envolve o leitor de forma gradual apresentando atividades para antes, durante e depois da leitura, os questionamentos possibilitam a exploração do gênero fábula de maneira mais produtiva e ao abordar situações que envolvem comportamentos e atitudes das personagens está se buscando extrapolar o texto, o que vai requerer do aluno um posicionamento. A proposta de outras possibilidades como o jogo com as fábulas (Recreio Fabuloso) torna a reflexão mais interessante e envolve o aluno de forma lúdica, porém o que pode inviabilizar um bom trabalho é o número excessivo de alunos em sala de aula. Outra ideia interessante é aproveitar para trabalhar com provérbios estabelecendo uma relação com outros textos que também fazem parte do universo comum dos alunos. Esta sugestão de trabalho contribui para ampliar a visão do professor sobre as possibilidades de desenvolvimento da compreensão textual dos alunos”.

Quanto às análises acima, sobre a produção-didática, as contribuições dos

professores destacam que o fórum se tornou um espaço de construção, onde além

dos professores analisarem de forma crítica o trabalho pedagógico proposto, os

conteúdos e atividades, também contribuiu para que pudessem inserir na sua prática

propostas da produção-didática.

O fórum 3 propôs uma reflexão sobre a implementação das ações, tendo 27

participações dos professores com relatos e contribuições e 8 situações que

envolvem relatos de vivências na prática, sugestões de atividades e relatos de

experiências sobre o tema, que foram realizadas na escola.

Os destaques para as inserções no fórum 3 foram:

“Professora Cecília, os alunos precisam fazer distinção de fábulas com outros gêneros, por isso pode ser necessário ressaltar que o conflito apresentado geralmente tem ligação com algo, um problema do dia-a-dia do ser humano, e comparar com outros gêneros. Então é importante que os alunos percebam que o sapo da princesa, por exemplo, é na verdade um príncipe. Na ação nº 10 "apresentar outras versões das fábulas" penso que é importante que os alunos compreendam que cada autor está ligado a moralidade de sua época, portanto contextualizar historicamente essas fábulas de acordo com a época para que os alunos compreendam a moral da história, acredito que seria um ponto a ser trabalhado”.

“A produção do conhecimento só se efetivará houver a utilização do que se aprendeu, por isso, acho que sua colocação sobre a aplicação de atividades práticas como o trabalho em grupo e a dramatização de fábulas, fazem com que o aluno vivencie situações apresentadas nas fábulas refletindo, assim, sobre as mensagens apresentadas nesses textos e socializando seu conhecimento”.

“A sequência das ações permite ao professor organizar o seu trabalho permitindo sondar os conhecimentos prévios dos alunos e apresentar o assunto aos poucos verificando no andamento das atividades as dificuldades e os progressos dos alunos para retomar ou avançar no conteúdo dosando as informações a serem assimiladas, também permite ao aluno a compreensão do gênero de forma detalhada. Ao relacionar as fábulas com outros gêneros, trabalhando com vídeo e o jogo pode-se diversificar a metodologia de leitura tornando a aprendizagem mais prazerosa”.

“As ações colocadas na implementação pedagógica são muito válidas. Na ação 13 por exemplo, trabalhar com jogos, pode ser um meio de melhorar a capacidade de comunicação dos alunos, desenvolver a capacidade de respeitar as diferenças individuais e culturais,propiciar um clima de descontração e conhecimento e também poder refletir sobre atitudes e comportamentos”.

As citações dos professores destacam que a implementação pedagógica foi

válida e trouxe novas sugestões de trabalho, utilizando-se o jogo, vídeos. A

produção do conhecimento é uma realidade quando a aplicação de atividades traz a

reflexão para o contexto onde está inserido, identificando como trabalhar

diferenciadamente e com compromisso.

Quanto às vivências na prática, relato de experiências e sugestões de

atividades, todos foram relevantes, pois trouxeram novas experiências dentro do

contexto educacional de cada professor participante. Assim, citamos alguns relatos

de experiências:

“Escolhi a ação número um e desenvolvi meu trabalho numa turma de 6ª série. Questionei aos alunos se eles já ouviram fábulas, quase todos conheciam. Levei várias fábulas e pedi que fizessem leitura das histórias. Depois que todos ouviram várias histórias, pedi que individualmente ilustrassem a história que mais lhe chamou a atenção e que tem semelhança com as experiências já vivenciadas por eles. Na sequência fizemos um grande debate e foram relatados suas experiência fazendo comparação com a fábula que escolheram. Finalmente os alunos compreenderam que cada um tem sua história de vida e que devemos aceitar e respeitar as individualidades.”

“O trabalho que realizei este ano com uma turma da 5ª série, usei primeiramente a ação 4. Iniciei a aula com o vídeo da Formiga e a Cigarra. Após assistir o vídeo,foi feito alguns questionamentos explorando o vídeo. Em seguida realizamos uma discussão oral sobre o gênero fábula. O que é fábula?*Como surgiu a fábula? Quais fábulas vocês conhecem? Vocês conhecem nomes de outros autores de fábula?O que quer dizer a moral da fábula?Após discutirmos a moral da fábula, expliquei a caracterização desta moral dizendo que ela também era conhecida como um provérbio. E aproveitando o livro didático fizemos a leitura das fábulas: O lobo e o cão, O gato e a barata, em seguida foi trabalhado as questões oral e escrita. Também discutimos outros provérbios existentes no livro didático.Dessa forma pedi que os alunos trouxessem outras fábulas para ser lidas e discutidas.Além disso os alunos formaram duplas, produziram fábulas aproveitando os provérbios já discutidos em sala e também ilustraram-nas.Essas fábulas foram fixadas no mural da escola.Após este trabalho, dentre as fábulas lidas em sala, foi escolhida três para ser recontada usando fantoches. Achei gratificante realizar este trabalho, pois houve a participação da maioria dos alunos e eles também gostaram.O trabalho com fantoches foi apresentado na semana cultural da escola. Obs.: Para realizar este trabalho foi utilizado várias aulas”

“Proposta de trabalho com o gênero fábula em quadrinhos. Leitura oralizada do texto "Os dois Ratinhos", questionamentos sobre a atitude das personagens e o que se poderia deduzir sobre seus comportamentos. Reescrever a fábula juntamente com os alunos na lousa. Explicar que o texto se trata de uma fábula quando as personagens são animais e se comportam como pessoas e que esses textos trazem um ensinamento. Escrever a moral para o texto. Perguntar se os alunos lembram de outros textos com essas características. Trazer outras fábulas para a sala de aula que contenham diálogos. Os textos são distribuídos aos alunos que se reúnem em grupos, a leitura feita, é dramatizada procurando mostrar as expressões faciais das personagens. Em seguida, os alunos desenham a história em quadrinhos atentos para as expressões fisionômicas e a colocação das falas em balões. Os trabalhos são expostos para apreciação dos colegas”.

A oportunidade de troca de experiências contribui para enriquecer a prática

pedagógica. As análises apresentaram novas possibilidades para trabalhar o gênero

fábulas, bem como adaptações que foram feitas na unidade didática pedagógica

proposta e que foi aplicada junto aos alunos.

Com o objetivo de melhorar a proposta de intervenção para formação e o

desenvolvimento de leitores críticos e criativos e que sejam capazes de

compreender e interpretar textos, as contribuições do GTR foram importantes para

que o projeto “Ressignificando a leitura de fábulas no Ensino Fundamental” pudesse

desenvolver junto a alunos de uma 5ª série (ou 6º ano) estratégias de leituras

necessárias para o desenvolvimento do leitor.

2.4.2 Ações de intervenção e resultados

A intervenção realizada foi caracterizada como uma pesquisa-ação de

abordagem qualitativa, que segundo Horn:

[...] envolve sempre um plano de ação, plano esse que se baseia em objetivos, em um processo de acompanhamento e controle da ação planejada no relato concomitante desse processo. Muitas vezes esse tipo de pesquisa recebe o nome de intervenção (2005, p. 88).

Para realização desse trabalho, foram selecionadas algumas obras de

autores de destaque como Esopo e La Fontaine. As obras são constituídas de

fábulas históricas que fazem parte do cotidiano de muitas gerações, e que na sala

de aula possibilitaram reflexões e discussões, trazendo à tona diversos temas e que

contribuem para desenvolver o gosto pela leitura.

O material pedagógico foi todo confeccionado por mim (pesquisadora) e

serviu de apoio para trabalhar a ressignificação da leitura de fábulas, como

instrumento motivador e norteador para o trabalho em sala de aula4. O material

elaborado prioriza os temas das fábulas e foi todo desenvolvido e adaptado para o

nível dos alunos para atender os objetivos propostos para esse projeto.

Na prática, por meio da pesquisa-ação, foram trabalhadas diferentes

estratégias para compreensão e interpretação de fábulas, de forma a promover o

aprofundamento das competências leitoras dos alunos. Além disso, o trabalho visou

a despertar a curiosidade acerca do gênero fábulas, propondo atividades que

proporcionassem a ampliação do gênero a ser trabalhado, buscando também definir

as características que o diferenciam de outros gêneros.

A intervenção foi realizada no Colégio Estadual Prefeito Antonio

Witchemichem - Ensino Fundamental e Médio, localizado na zona rural do Município

de Prudentópolis - PR, direcionada para uma turma de quinta série (ou sexto ano),

somando 22 alunos, no período de outubro a novembro de 2008.

Tivemos ajudas do GTR - Grupo de Trabalho em Rede, conforme descrito

anteriormente, com a participação de professores de Língua Portuguesa da Rede

Estadual de Ensino que, através dos fóruns, discutiram as fases dessa intervenção,

trazendo contribuições ao processo.

4 O material pedagógico também é uma das atividades do PDE e consta a sequência de trabalho para o gênero fábulas.

A escolha de fábulas justifica-se pelo fato de elas serem uma forma de levar

instrução e conhecimento, ao mesmo tempo em que divertem o aluno e possibilitam

a reflexão sobre a linguagem em diversas situações. Ainda, é importante ressaltar

que esse gênero apresenta fundo moral e valores éticos relacionados à vida em

sociedade, e que precisam ser questionados e avaliados em sala de aula. As

atividades desenvolvidas durante a implementação levaram a diversos resultados

que serão apresentados na sequência.

Após a seleção das fábulas, com participação dos alunos, foi realiza-

da a fase de pré-leitura, utilizando uma conversação e perguntas e respos-

tas que motivassem a participação os alunos. Nessa fase de pré-leitura, o

educador elaborou as perguntas e as disponibilizou aos alunos, a fim de

que fosse acionado o conhecimento prévio dos mesmos.

Para iniciar o trabalho foi desenvolvido um diálogo, em que os alunos

apresentaram e ouviram relatos sobre as fábulas já conhecidas e tiveram a

oportunidade para compartilhar experiências em relação às fábulas.

Posteriormente, foram disponibilizadas aos alunos imagens impressas de

animais com características diversas, representando poder e animais indefesos.

Propô-se aos alunos estabelecer um diálogo sobre a relação existente entre eles.

Também foi trabalhado um cartum5 de no intuito de desenvolver habilidades de

compreensão e interpretação nos alunos.

Foi utilizado o vídeo da fábula “A tartaruga e a lebre” (DVD Fábulas da

Disney) como motivação para o conteúdo trabalhado. Explorou-se, nesse vídeo a

história da fábula, personagens e a mensagem repassada aos alunos sobre a

fábula.

Feito isso, deu-se o processo de leitura, com o material pedagógico

produzido, através da qual os educandos entraram em contato com o

texto para posterior trabalho de análise, compreensão e interpretação.

Pôde-se disponibilizar aos alunos imagens (digitais e impressas) de lobo,

leão, que são animais poderosos, e também de cordeiro, rato, passarinho,

animais mais indefesos, estabelecendo um diálogo sobre a relação

existente entre eles e o que eles podem representar. Outra estratégia foi a

utilização do DVD Fábulas Disney que reúne algumas fábulas tradicionais,

5 É uma narrativa humorística, expressa através da caricatura e normalmente destinada à publicação em jornais ou revistas. O cartum é uma anedota gráfica (Fonte: artefix.com.br/oqueecartum.htm)

propondo-se um trabalho de analisar e conhecimento sobre novos

assuntos.

Durante a fase da leitura, foi entregue aos alunos a primeira parte da

fábula “O lobo e o cordeiro” (In: ESOPO. fábulas completas. Tradução dire-

ta do grego, introdução e notas de Neide Smolka. São Paulo: Moderna,

1994) e solicitado a eles que respondessem às seguintes questões: - Qual

foi a razão da discussão entre o lobo e o cordeiro?- Qual foi a atitude do

lobo?.

Após a leitura, foram apresentadas questões referentes ao contexto de

produção do gênero “fábula”, à conceituação do gênero, ao reconhecimento das

informações do texto, ao tema, à organização composicional e aos elementos

linguísticos e discursivos. Foram propostas, também, questões de interpretação por

meio das quais, levou-se o aluno a fazer o julgamento, a reflexão e a avaliação das

fábulas que foram lidas.

As seguintes questões foram utilizadas:

• Que argumentos foram utilizados pelo lobo para explicar o castigo que

impôs ao cordeiro? (pergunta de compreensão)

• Como o cordeiro reagiu diante dos argumentos apresentados pelo

lobo? (pergunta de compreensão)

• O que o lobo e o cordeiro significam na história? (pergunta de compreensão)

• Os ditos ou provérbios populares são frases curtas, que contém ensinamen-

tos morais. Esses aparecem nas fábulas como moral da história.

• Na fábula “O lobo e o cordeiro” a moral está incluída no texto. Então, qual po-

deria ser essa moral? (pergunta de compreensão; estrutura composicional)

• Você concorda com essa moral? Justifique. (pergunta de interpretação)

• As fábulas apresentam a seguinte estrutura: situação inicial, ação, reação e

situação final. Identifique-as na fábula “O lobo e o cordeiro”. (questão sobre

estrutura composicional)

• Pesquise outras versões da fábula “O lobo e o cordeiro” e compare com a

versão de Esopo. O que elas têm de semelhante? O que elas têm de dife-

rente? (pergunta de compreensão) o A partir da história que você leu, aponte

três adjetivos para o lobo e para o cordeiro. (pergunta sobre estilo)

• Que tipo de linguagem o texto apresenta: uma linguagem padrão, formal ou

coloquial, informal? Comprove sua resposta com elementos do texto. (ques-

tão sobre estilo) o Qual a função da palavra por isso no texto? (pergunta so-

bre estilo)

• Converse com os colegas sobre as palavras do texto que você não conhece o

significado. Juntos tentem descobrir o significado pelo contexto. (pergunta so-

bre estilo)

• No trecho “resolveu utilizar-se de um pretexto para devorá-lo” , a quem se re-

fere a expressão lo? Por que ela foi usada? (pergunta sobre estilo)

• Você conhece outras histórias que têm o lobo ou o cordeiro como persona-

gens? O que eles representam nessas histórias? (pergunta de interpretação)

• Em nossa sociedade, é possível encontrarmos pessoas que se comportam

como lobos? Justifique. (pergunta de interpretação)

• Diante das situações da vida, devemos nos comportar como lobos ou cordei-

ros? Por quê? (pergunta de interpretação)

Essas atividades constituíram-se num importante aprendizado para os alunos

e uma oportunidade de ressignificação do gênero fábulas dentro da proposta de

ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa. As atividades foram estratégias

utilizadas para promoção de um leitor que participe da transformação social e o

aprendizado levou os alunos à discussão de valores, respeito e reflexão sobre as

relações sociais em que vivem, relacionando com a fábula.

Apresentamos, também, a seguinte atividade: Na história que você leu, o lobo

aparece como o vencedor. E se o cordeiro fosse o vencedor? Como seria a história?

Reescreva a fábula, imaginando uma situação e uma moral em que o cordeiro ga-

nha do lobo. O trabalho produzido pelos alunos, reescrevendo a fábula foi organiza-

do numa coletânea da turma e arquivado na biblioteca da escola.

Outra estratégia de ação que foi sugerida no processo de ressignificação da

leitura de fábulas foi a inserção do lúdico como estratégia de aprendizado. Santos

(2000, p. 110) destaca que “o desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a

aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa

saúde mental, prepara o estado interior fértil, facilita os processos de socialização,

comunicação, expressão e construção do conhecimento”.

Realizamos, assim, o jogo “Recreio Fabuloso” - jogo que pode mistu-

rar diversas fábulas, aquelas que o professor disponibilizou aos alunos.

Trata-se de um jogo de tabuleiro (pode ser pintado no chão ou cartolina)

em que os participantes jogam um dado e percorrem as casas, sendo que

algumas devem estar marcadas com trechos das fábulas lidas e ter tarefas

a serem cumpridas.

A leitura de fábulas deu margens para o trabalho com outro gênero discursivo:

os provérbios. Os provérbios são ditos populares (frases e expressões) que reúnem

e transmitem conhecimentos comuns sobre a vida e que contém ensinamentos mo-

rais, filosóficos ou religiosos. Por essa razão, alguns fabulistas passaram a usá-los

no final do texto como moral da história.

Parafita (2007) reconhece que:

Os provérbios são usados de uma forma natural pelo povo, num quadro deconvenções e convivialidades éticas e estéticas de grande funcionalidade eprofundamente identitárias, sobretudo nos trabalhos rurais, no convívio do-méstico, nos momentos afetivos e educativos, na festa, na religiosidade, nos queixumes e no sofrimento. Exprimem, por isso, persuasão, admoestação, caracterização, explanação, justificação, inquietação, devoção, resignação, sempre no quadro de uma autoridade coerente e inquestionável, assente em valores éticos que provêm da tradição.

A maioria dos provérbios foi criada na Antiguidade, mas sua temática está re-

lacionada a aspectos universais da vida, por isso são utilizados até os dias atuais.

Os provérbios têm sua importância, pois possuem um sentido lógico e são repletos

de ensinamentos. Sugerimos que o professor solicite aos alunos a pesquisa de pro-

vérbios presentes em fábulas, com os quais formarão uma coletânea a ser devida-

mente ilustrada.

Assim sendo, na sequência foi trabalhada com os alunos a letra da música

“Bom Conselho”, de Chico Buarque, a qual apresentou uma releitura dos provérbios

populares. Essa letra da música auxiliou na discussão e no questionamento acerca

dos valores éticos relacionados à vida em sociedade.

As ações implementadas durante a pesquisa, a participação dos professores

nos fóruns e as contribuições com vivências na prática, relatos de experiências e

sugestões de atividades foram muito importantes durante o processo de construção

e implementação da pesquisa. A oportunidade da troca de experiências e a abertura

para o diálogo são processos que asseguram qualidade ao processo em construção

e contribuíram para os resultados significativos da intervenção apresentada.

2.6 Considerações finais

A pesquisa desenvolvida, desde seu planejamento, da elaboração da unidade

didática, o GTR e a implementação das ações serviu de apoio para trabalhar a leitu-

ra de fábulas no ensino fundamental, como instrumento motivador e norteador para

o trabalho em sala de aula.

Cabe ao professor adaptá-la ao nível de seus alunos, de modo a atender os

objetivos propostos, buscando contextualizar na realidade da sua escola e da sala

de aula onde irá trabalhar. Saliente-se que todo o trabalho visava despertar a curio-

sidade acerca do gênero fábulas e propiciar um maior conhecimento sobre o gênero,

por meio de atividades que buscam definir as características que o diferenciam de

outros gêneros.

A seleção de algumas obras de destaque como Esopo e La Fontaine, autores

de fábulas históricas que fazem parte do cotidiano de muitas gerações, permitiu tra-

zer para a sala de aula textos de qualidade, possibilitadores de reflexões e discus-

sões, trazendo à tona diversos temas que contribuem para desenvolver o gosto pela

leitura.

O despertar dos alunos para a leitura e a oportunidade de conhecerem e

interpretarem o gênero fábulas, desenvolveu a criticidade, a curiosidade e a

motivação para ler diferentes gêneros textuais.

Assim, o trabalho com fábulas torna-se uma alternativa bastante

enriquecedora, pois independentemente do gênero a ser trabalhado, todos são tidos

como objetos de ensino para as aulas de Língua Materna, gerando resultados

positivos para a aquisição de conhecimento, neste caso, associado ao prazer e

diversão. É a partir dessa abordagem que surgem as respostas pelo motivo que nos

levou à escolha do gênero em questão, tendo em vista que nosso principal objetivo

consistiu em contribuir para a prática da leitura, fazendo com que esses leitores

sejam capazes de refletir sobre os textos lidos.

Saliente-se que a participação dos professores no GTR apresentou-se como

uma possibilidade de troca de experiências e avaliação das diferentes visões e

concepções sobre a proposta que foi implementada na escola. As discussões, as

análise dos professores sobre o projeto, objetivos e temática contribuiu para que

pudesse rever o enfoque da intervenção e contextualizá-la dentro do espaço escolar.

Enfim, acreditamos que a intervenção através do trabalho com o gênero fábu-

la contribuiu para que o aluno pudesse desenvolver suas capacidades discursivas,

além de permitir ao docente a determinação de critérios que propiciaram a interven-

ção eficaz no processo de ensino e aprendizagem da língua.

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