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Ademir Reis - Fernando Campanhã Bechara - Marina Bazzo de Espíndola - Neide Koehntopp Vieira - Leandro Lopes de Souza

Restauração de áreasRestauração de áreasRestauração de áreasRestauração de áreasRestauração de áreasdegradadas: a nucleaçãodegradadas: a nucleaçãodegradadas: a nucleaçãodegradadas: a nucleaçãodegradadas: a nucleaçãocomo base paracomo base paracomo base paracomo base paracomo base paraincrementar os processosincrementar os processosincrementar os processosincrementar os processosincrementar os processossucessionaissucessionaissucessionaissucessionaissucessionaisAdemir ReisAdemir ReisAdemir ReisAdemir ReisAdemir Reis - Doutor em Biologia Vegetal – UNICAMP, Biólogo, Professor TitularUFSC1

Fernando Campanhã BecharaFernando Campanhã BecharaFernando Campanhã BecharaFernando Campanhã BecharaFernando Campanhã Bechara - Mestre em Biologia Vegetal, UFSC, Eng. Florestal

Marina Bazzo de Espíndola Marina Bazzo de Espíndola Marina Bazzo de Espíndola Marina Bazzo de Espíndola Marina Bazzo de Espíndola - Bióloga, Mestranda em Biologia Vegetal, UFSC

Neide Koehntopp VieiraNeide Koehntopp VieiraNeide Koehntopp VieiraNeide Koehntopp VieiraNeide Koehntopp Vieira - Bióloga, Mestranda em Biologia Vegetal, UFSC

Leandro Lopes de SouzaLeandro Lopes de SouzaLeandro Lopes de SouzaLeandro Lopes de SouzaLeandro Lopes de Souza - Biólogo, UFSC

Resumo: Resumo: Resumo: Resumo: Resumo: A restauração de áreas degradadasrepresenta uma atividade básica para a conservaçãoin situ refazendo comunidades e formando corredoresentre fragmentos vegetacionais. A nucleação é umprincípio sucessional na colonização de áreas emformação e representa uma técnica básica para asatividades antrópicas que se proponham contribuirpara o restabelecimento de comunidades. Técnicasbásicas de nucleação são tratadas no sentido de avaliara melhor forma de aplicá-las em áreas degradadas,proporcionando uma maior diversidade para queocorra uma estabilização o mais rapidamente possível,com a mínima entrada artificial de taxas energéticas.São tratadas como técnicas de nucleação:transposição de solo, semeadura direta ehidrossemeadura, poleiros artificiais, transposição degalharia, plantio de mudas em ilhas de alta diversidadee coleta de sementes com manutenção da variabilidadegenética. A nucleação tornar-se-á uma técnica usual,quando, efetivamente, a legislação for mais explícitasobre o assunto e for ampliada a formação de recursoshumanos sobre os princípios básicos da sucessão dosecossistemas.

Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave: sucessão, conservação in situ,corredores artificiais.

IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução

A redução das áreas ocupadas por vegetação nativatem levado a alarmantes taxas de perdas debiodiversidade e ao empobrecimento dos recursosgenéticos (Myers et al., 2000). A conservação in situainda é a melhor forma de manutenção debiodiversidade, uma vez que permite a continuidadedos processos evolutivos (Kageyama, 1987).A criação e a implantação de unidades de conservaçãoé a melhor forma de efetivação da conservação insitu, porém, devido ao processo de fragmentação aque os ecossistemas estão expostos, é necessário quesejam desenvolvidas tecnologias eficientes para amanutenção da diversidade genética. A restauração

dos ecossistemas degradados pode ser uminstrumento para a formação de corredores quevenham a unir os fragmentos remanescentes,permitindo assim a continuidade do fluxo gênico,necessário para a manutenção das espécies e daviabilidade de suas populações.Os programas de restauração tradicionalmente sãoexecutados com alguns vícios que comprometem omodelo de conservação in situ: uma visão fortementedendrológica, com uso quase que exclusivo deespécies arbóreas; utilização de espécies exóticas,propiciando a contaminação biológica local epotencializando a degradação; tecnologias muitocaras, inviabilizando pequenos projetos que pudessemefetivamente restaurar a biodiversidade através deprocessos naturais de sucessão. Somam-se ainda aesses fatores a falta de ações concretas de empresasresponsáveis por grandes obras, para restaurar as áreasimpactadas pelos seus investimentos, e as deficiênciasna formação de recursos humanos para fiscalizar,orientar e executar programas de restauraçãoambiental.O presente trabalho visa divulgar técnicas alternativasde restauração a baixos custos que se fundamentamem processos sucessionais naturais, tendo como baseo princípio da nucleação.

Embasamento ecológico para aEmbasamento ecológico para aEmbasamento ecológico para aEmbasamento ecológico para aEmbasamento ecológico para arestauração através da nucleaçãorestauração através da nucleaçãorestauração através da nucleaçãorestauração através da nucleaçãorestauração através da nucleação

A nucleação é entendida como a capacidade de umaespécie em propiciar uma significativa melhoria nasqualidades ambientais, permitindo um aumento naprobabilidade de ocupação deste ambiente por outrasespécies ( ( ( ( (Yarranton & Morrison, 1974).....No processo de sucessão, as espécies componentesde uma comunidade, após a sua implantação eposterior morte, modificam-na, permitindo que outrosorganismos mais exigentes possam colonizá-la. Háregistros, no entanto, de espécies que são capazes demodificar os ambientes de forma mais acentuada.Essas espécies são tratadas de forma distinta naliteratura.Ricklefs (1996) denominou-as de espéciesfacilitadoras, considerando-se que facilitação é oprocesso pelo qual a espécie, numa fase inicial, alteraas condições de uma comunidade, de modo que asespécies subseqüentes tenham maior facilidade deestabelecimento.Hurlbert (1971) descreveu que, potencialmente, cadaindivíduo dentro de uma comunidade pode interagircom cada um dos outros que compartilham essamesma comunidade. Dentro desse contexto, o autorpropõe o conhecimento das probabilidades deencontros interespecíficos de cada espécie como umaferramenta básica para o entendimento da estabilidadede uma comunidade. Para o autor, as espécies com

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Restauração de áreas degradadas: a nucleação como base para incrementar os processos sucessionais

maiores probabilidades de encontros interespecíficossão as que mais contribuem para o aceleramento doritmo de sucessão de uma comunidade.Yarranton & Morrison (1974) constataram que aocupação de áreas, em processo primário de formaçãodo solo por espécies arbóreas pioneiras, propiciou aformação de pequenos agregados de outras espéciesao redor das espécies colonizadoras, acelerando oprocesso de sucessão primária. Esse aumento do ritmode colonização, a partir de uma espécie promotora,foi denominado pelos autores de nucleação. Scarano(2000) usou o termo “planta focal” para plantascapazes de favorecer a colonização de outras espécies,como a palmeira Allagoptera arenaria (Gomes) Kuntzee plantas do gênero Clusia L., capazes de propiciar aformação de moitas na restinga, favorecendo odesenvolvimento de cactáceas e bromeliáceas.Em ambientes secos, o fenômeno de “hydraulic lift”(remanejamento de água das camadas mais profundaspara horizontes mais superficiais do solo) representauma efetiva nucleação, capaz de propiciar o desen-volvimento de arbustos e ervas que não conseguematingir o lençol freático (Dawson, 1993; Horton & Hart,1998).Bechara et al. (1999) registraram que a associaçãoentre larvas bioluminescentes de Pyrearinustermitilluminans (Coleoptera) e térmitas, no Cerradobrasileiro, atraem vários outros artrópodes comoaranhas, centopéias, formigas, larvas de borboletas,escorpiões e outros insetos. Estes, por sua vez, atraempássaros e morcegos que, ao deixarem localmentesuas fezes, propiciam a formação de cupinzeiros, numsignificativo aumento na fitodiversidade.Possivelmente, esses cupinzeiros atuam como poleirospara pássaros onívoros que, por sua vez, dispersamsementes contidas em seu trato digestivo, formandonúcleos de vegetação ao redor dos cupinzeiros, quecontêm as larvas bioluminescentes.Miller (1978) e Winterhalder (1996) sugeriram que acapacidade de nucleação de algumas plantas pioneirasé de fundamental importância para processos derevegetação de áreas degradadas. Robinson & Handel(1993) aplicaram a teoria da nucleação em restauraçãoambiental e concluíram que os núcleos promovem oincremento do processo sucessional, introduzindonovos elementos na paisagem, principalmente, se aintrodução dessas espécies se somar à capacidade deatração de aves dispersoras de sementes.A capacidade nucleadora de indivíduos arbóreosremanescentes em áreas abandonadas após uso naagricultura ou em pastagens mostrou que taisindivíduos atraem pássaros e morcegos que procuramproteção, repouso e alimentos. Esses animaispropiciam o transporte de sementes de espécies maisavançadas na sucessão, contribuindo para o aumentodo ritmo sucessional de comunidades florestaissecundárias (Guevara et al., 1986). Selecionandoquatro árvores nessa condição, do gênero Ficus Tourn.

ex Lin., Guevara & Laborde (1993) houve registro dadeposição de 8.268 sementes, de 107 espéciesvegetais, no período de seis meses. Essas quatrofigueiras isoladas foram visitadas por 47 espécies depássaros frugívoros e 26 não frugívoros durante operíodo. Zimmermann (2001), observando quatroindivíduos de Trema micrantha Blume (grandiúva-de-anta) em área urbana, registrou, durante 13 horas deobservação, a presença de 18 espécies de aves queconsumiram 767 frutos.A capacidade de dispersão de sementes por aves emorcegos é evidenciada no estudo de caso da Ilha deKrakatau, na Indonésia, que foi totalmente destruídaem 1883 por um vulcão. Nessa ilha, Whittaker & Jones(1994) avaliaram todas as espécies locais após umséculo de recolonização natural. Registraram apresença de 124 espécies com síndrome de dispersãoendozoocórica, associadas aos morcegos e pássarosque migravam das ilhas mais próximas. Com esseestudo, os autores constataram que o processo decolonização e sucessão da floresta de Krakatau é umaexcepcional evidência da habilidade dos pássaros emorcegos para formarem uma nova comunidadeflorestal tropical em condições de grande isolamento.Os autores concluíram, ainda, que, com base noobservado em Krakatau, uma das formas maiseficientes e rápidas de restaurar áreas degradadas seriao plantio de espécies produtoras de frutos, capazesde atrair uma grande variedade de agentes dispersores,formando, portanto, núcleos de biodiversidade dentrode áreas degradadas.Reis et al. (1999) constataram que oetnoconhecimento, principalmente de caçadores,mostra que algumas plantas, de forma especial,quando frutificadas, exercem uma grande atraçãosobre a fauna, pois atraem tanto os animais que vêmse alimentar de seus frutos como aqueles que asutilizam para predar outros animais. Essas plantas sãodenominadas de bagueiras. Os autores citadossugeriram que as plantas bagueiras, ou seja, aquelasque são capazes de atrair uma fauna diversificada,devem ser utilizadas como promotoras de encontrosinterespecíficos dentro de áreas degradadas,exercendo, no contexto aqui tratado, o papel denucleadoras.O comportamento diversificado das aves, por sermuito diferenciado, pode ser aproveitado emprocessos de restauração através de formas muitovariadas. McClanahan & Wolfe (1993) observaram quea colocação de poleiros artificiais atrai determinadasaves que os utilizam para emboscar suas presas e, aomesmo tempo, depositar sementes de outras espécies.Isso ocorre porque muitas das aves que apresentampreferência pelo forrageamento em galhos secos sãoonívoras.A nucleação pode atuar sobre toda a diversidadedentro do processo sucessional envolvendo o solo,os produtores, os consumidores e os decompositores.

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Odum (1986) afirmou que a estabilidade de uma árearelaciona-se mais intimamente com a diversidade fun-cional do que com a estrutural (de biomassa existente).Dessa afirmação, deduz-se a importância das técnicasnucleadoras, pois elas são capazes de refazer, dentrodas comunidades, distintos nichos ecológicosdiferenciados, associados aos organismos que ascompõem.

Técnicas nucleadoras para aTécnicas nucleadoras para aTécnicas nucleadoras para aTécnicas nucleadoras para aTécnicas nucleadoras para arestauraçãorestauraçãorestauraçãorestauraçãorestauração

Transposição de soloTransposição de soloTransposição de soloTransposição de soloTransposição de solo

O solo pode ser entendido como um complexo deseres vivos, materiais minerais e orgânicos de cujasinterações resultam suas propriedades específicas(estrutura, fertilidade, matéria orgânica, capacidadede troca iônica, etc.). Os organismos do solo não sãoapenas seus habitantes, mas também seuscomponentes. A biodiversidade e a atividade biológicaestão estreita e diretamente relacionadas a funções ecaracterísticas essenciais para a manutenção dacapacidade produtiva dos solos (Coutinho, 1999).As algas são tidas como colonizadoras primárias dosolo, pela sua capacidade de fixar carbono e nitrogênioda atmosfera através dos processos de fotossíntese efixação biológica de nitrogênio, respectivamente. Apartir daí, fungos e bactérias terão recursos para sedesenvolver e liberar nutrientes dos minerais do solo,como o fósforo, o cálcio e o ferro. O solo formado,havendo disponibilidade de água, permitirá ocrescimento de plantas que, ao serem decompostas,gerarão matéria orgânica que reterá nutrientes,liberando-os lentamente para os próximoscolonizadores (Coutinho, 1999).Durante processos degradativos, o solo sofreprofundas modificações quanto às suas composiçõesquímica, biológica e estrutural. A perda da matéria

orgânica é a principal conseqüência da degradação,retardando o processo sucessional de restauração.A transposição de pequenas porções (núcleos) de solonão-degradado representa grandes probabilidades derecolonização da área com microorganismos,sementes e propágulos de espécies vegetais pioneiras,como ilustra a FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1.O objetivo desta técnica é a restauração do solo, com-ponente de grande importância nos ecossistemas,responsável pela sustentação da vegetação, emborapouco enfocado nos projetos de restauração. Com atransposição de solo, reintroduzem-se populações dediversas espécies da micro, meso e macro fauna/florado solo (microrganismos decompositores, fungosmicorrízicos, bactérias nitrificantes, minhocas, algas,etc.), importantes na ciclagem de nutrientes,reestruturação e fertilização do solo.A transposição de solo consiste na retirada da camadasuperficial do horizonte orgânico do solo (serapilheiramais os primeiros 5 cm de solo) de uma área comsucessão mais avançada. Winterhalder (1996)demonstrou as vantagens dessa técnica para arestauração e Rodrigues & Gandolfi (2000)propuseram a retirada de uma camada mais profundade até 20 cm de solo.Discute-se, ainda, se a transposição de solo de comu-nidades avançadas com grande diversidade de micro,meso e macroorganismos é preferível à de solo comprocesso de sucessão intermediária e predominânciade biota de caráter mais pioneiro. Sugerimos, portanto,transpor solos de distintos níveis sucessionais.Quando o “novo” banco de sementes é disposto naárea degradada, grande parte das sementes de espéciespioneiras que originalmente estavam enterradas nosolo ficam na superfície e tendem a germinar, já queem geral essas sementes são fotoblásticas positivas.As sementes que, após a transposição, continuarementerradas e não germinarem comporão o novo bancode sementes na área degradada.No caso de empreendimentos que envolvem a degra-dação de grandes áreas, a transposição da camadafértil do solo merece ser planejada no sentido de havertransposição concomitante ao processo de remoçãoe degradação. Em hidrelétricas, onde a área do lagoterá o solo inundado, as áreas degradadas pelaformação de áreas de empréstimo e bota-fora podemser cobertos com o solo fértil disponível na área dofuturo lago. Essa ação é parte integrante de umprograma de resgate da biota, pois representa umaforma eficiente de garantir a sobrevivência de muitaspopulações de micro, meso e macroorganismos quevivem no solo.

Semeadura direta e hidrossemeaduraSemeadura direta e hidrossemeaduraSemeadura direta e hidrossemeaduraSemeadura direta e hidrossemeaduraSemeadura direta e hidrossemeadura

As áreas degradadas carecem de propágulos (esporos,sementes, túberas, etc.) que recolonizem a área. Umaação urgente consiste na formação de um novo banco

Figura 1: A transposição de solo permite a colonização da área degradada com uma diversidadede micro, meso e macro organismos capazes de nuclear um novo ritmo sucessional.

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de sementes e a cobertura do solo para que ocorra aretomada da resiliência ambiental. Processos desemeadura são as formas mais diretas para recomporo banco e a cobertura da área.A chuva natural de sementes, provocada pela ação deagentes bióticos (fauna) e abióticos (vento e água),propicia a chegada de sementes que têm a função decolonizar áreas em processo de sucessão primária ousecundária. A sua intensidade depende da proximidadede áreas com cobertura vegetal e da ação dos vetoresde dispersão. Em áreas degradadas, a ação dos agentesbióticos fica comprometida, prevalecendo os agentesabióticos.A ação do homem em promover a formação denúcleos capazes de intensificar a chuva de sementespermite um expressivo aumento na colonização deuma área degradada.As semeaduras diretas ou hidrossemeaduras, tra-dicionalmente, utilizam coquetéis de gramíneasperenes exóticas e leguminosas que rapidamentefornecem cobertura ao solo. Por outro lado, ao seinstalarem, permanecem na área através de processosregenerativos, evitando a nucleação e, conseqüen-temente, impedindo a sucessão. Esses coquetéis sãofontes comuns de contaminação biológica emUnidades de Conservação.Estudos de auto-ecologia que sugerem espéciesnativas promotoras da retomada de resiliênciaambiental ainda são necessários. Algumascaracterísticas ecológicas, entretanto, são desejadasnas espécies que impulsionam o início do processode restauração: o crescimento rápido para a coberturado solo e interrupção do processo erosivo; odesenvolvimento de sistemas radiculares profundosque promovem a percolação de água e de nutrientese a aeração do solo, necessárias para odesenvolvimento de microorganismos; contribuiçãopara o acúmulo de matéria orgânica e nutrientes nosolo e imobilização de nutrientes na comunidade. Essascaracterísticas favorecem o melhoramento dascondições edáficas da área degradada, permitindo ainstalação de espécies mais exigentes no local. Nessesentido, cada espécie atua como elemento nucleador,propiciando o desenvolvimento não somente deespécies vegetais, como também de animais emicrorganismos ao seu redor.As gramíneas, diante de sua alta capacidade de colo-nização, de produção de matéria orgânica e demelhoria da qualidade do solo, são fundamentais nesseprimeiro momento do processo de restauração. Dentrodo princípio da nucleação, recomenda-se a utilizaçãode gramíneas anuais, capazes de produzir palhada epropiciar o processo sucessional.Existe, no entanto, dificuldade de obtenção desementes de espécies nativas, o que muitas vezesresulta, por exemplo, na utilização de espécies exóticascom alta potencialidade invasora, geralmente asBrachiaria spp. (capim-braquiária), que apresentam

alelopatia e grande capacidade regenerativa,estagnando o processo sucessional no local em quesão empregadas.Sugere-se, então, que sejam selecionadas gramíneasanuais e que apresentem baixos níveis de alelopatia,pois, após contribuírem para a cobertura,descompactação do solo e acúmulo de matériaorgânica, cedem espaço, após a sua morte, a novasespécies, dando continuidade à sucessão ecológica.Na falta de gramíneas nativas, admite-se, quando, forade Unidades de Conservação de Proteção Integral, ouso de gramíneas exóticas anuais. Para o inverno, autilização de aveia preta (Avena strigosa Schreb.) eazevém (Lolium multiflorum Lam.) podem, no sul doBrasil, produzir uma efetiva proteção do solo com suaspalhadas. Para o período de verão, o milheto(Pennisetum glaucum (L.) R. Br.), o sorgo (Sorghumbicolor (L.) Moench.) e o teosinto (Euchlaena mexicanaSchrad.) podem ser opções enquanto não houverdisponibilidade de sementes de gramíneas nativasanuais, mais adequadas para processos de restauração.Para promover a cobertura inicial do solo e a formaçãode um novo banco de sementes, é sugerida a utilizaçãode semeadura com alta diversidade. Para isto, pode-se utilizar a semeadura direta ou a hidrossemeaduraecológica. Essa é uma técnica mecanizada, na qualuma mistura de sementes, água, fertilizantes e agentescimentantes favorecem a aderência das sementes aosubstrato na área a ser restaurada.Recomenda-se, ainda, quebrar a dormência de apenasuma parte das sementes. Aquelas sem tratamento vãoformar um banco de sementes, permitindo que ocorragerminação ao longo dos anos. A formação de umnovo e efetivo banco de sementes atua, também, comoagente nucleador de um banco mais diversificado(Austrália, 2001).

Poleiros artificiaisPoleiros artificiaisPoleiros artificiaisPoleiros artificiaisPoleiros artificiais

Aves e morcegos são os animais mais efetivos nadispersão de sementes, principalmente quando se tratade transporte entre fragmentos de vegetação. Propiciarambientes para que esses animais possam pousar,constitui uma das formas mais eficientes de atrairsementes em áreas degradadas.McDonnell & Stiles (1983) instalaram poleiros artificiaisem campos abandonados e registraram que elesfuncionavam como foco de recrutamento devegetação devido ao incremento na deposição desementes por aves nesses locais.McClanahan & Wolfe (1993) verificaram que, em áreaaltamente fragmentada, os poleiros para avifauna(árvores mortas erguidas) aceleraram a sucessãoinicial, aumentando a diversidade de espécies e aquantidade de sementes em 150 vezes, principalmentede espécies pioneiras. Esses autores recomendam queos poleiros devem ser associados a outras técnicas derevegetação, como o plantio de espécies raras.

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Guevara et al. (1986) descreveram que árvores rema-nescentes em pastagens funcionam como poleirosnaturais para aves e morcegos frugívoros, que osutilizam para repouso (ao cruzarem de um fragmentoflorestal para outro), proteção, alimentação (poleirosfrutíferos) ou residência. As árvores remanescentestornaram-se núcleos de regeneração de altadiversidade na sucessão secundária inicial, decorrenteda regurgitação, defecação ou derrubada de frutos esementes pelas aves e morcegos. Os autores aindaconcluíram que os poleiros constituíram um bomexemplo do processo de nucleação, descrito porYarranton & Morrison (1974).Nesse sentido,recomenda-se aimplantação de poleirosartificiais para descanso eabrigo de aves emorcegos dispersores desementes como técnica denucleação para arestauração de grandesáreas abertas. A técnicaresulta em núcleos dediversidade ao redor dospoleiros que, com otempo, irradiam-se portoda a área degradada.Por ser uma técnica de

baixo custo, pode-se, opcionalmente, maximizar suafunção, propiciando um ambiente favorável para queas sementes depositadas sob os poleiros possamgerminar e produzir plantas nucleadoras. Para isso,recomenda-se colocar sob os poleiros camada dealguma palhada capaz de manter a umidade do solo ealguma matéria orgânica que venha a nutrir asplântulas emergidas ao redor dos poleiros.Propõem-se diversos tipos de poleiros artificiais, entreeles: poleiro seco, poleiro vivo, “torre de cipó” e poleirode cabo aéreo.O poleiro seco imita galhos secos de árvores para queas aves os utilizem principalmente como locais deobservação para o forrageamento, principalmente deinsetos. Pode ser feito de varas de bambu (nas quaissão deixadas as ramificações laterais superiores)enterradas perpendicularmente ao solo (FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2).O poleiro vivo imita o aspecto de galhos de árvorescom folhagem, sendo que as aves podem usá-lo pararepouso, visualização de caça e também para ali-mentação. Pode ser feito da mesma forma que os po-leiros secos, procedendo-se, na base, ao plantio de

indivíduos de espécie lianosa de crescimento rápido,de preferência zoocórica ou que exerça outro tipo denucleação, como as lianas associadas com bactériasfixadoras de nitrogênio.A “torre de cipó” imita árvores dominadas por cipósem bordas de mata que têm o papel de abrigo paraaves e, principalmente, morcegos, além de propiciarum microclima favorável no interior de sua estruturapara implantação de espécies esciófitas (FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3).A torre de cipó é uma técnica que possui inúmerasvariações, podendo ser instalada de forma individual,em círculos ou lineares. Outra variação é a torre decipó para quebra-ventos, que é constituída por faixascompridas e estreitas, perpendiculares à direção dosventos dominantes e flanqueadas nos dois lados porpoleiros vivos mais baixos (entrelaçados), dando aforma de “V” invertido para o desvio de correntes de

Figura 4: Cabos aéreos podem aumentar as superfícies dos poleiros artificiais, promovendomaiores probabilidades de chegada de propágulos e de nucleação em áreas degradadas.

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Figura 3: As torres de cipó oferecem abrigo para aves e morcegos e, por sua vez estes animaistransportam sementes dos fragmentos vegetacionais vizinhos, formando núcleos de diversidadeque num processo sucessional, atraem outras espécies animais e vegetais.

Figura 2: Os poleiros secos imitamramos secos onde algumas aves preferempousar para descansar e forragear suaspresas. A estadia destas aves nos poleirospermite que novas sementes possamcolonizar as áreas degradadas, formandonúcleos de diversidade advinda dosfragmentos vizinhos.

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ar para cima.As torres de cipó merecem mais estudos devido aoseu potencial diversificado no controle de microclimae no abrigo para morcegos.Finalmente, o poleiro de cabo aéreo imita a fiação dospostes da rede elétrica, forma de poleiro já integrada àpaisagem para muitos pássaros. Essa técnica pode serutilizada de forma a ampliar a função dos poleirossecos, através da sua união com cordas ou qualqueroutro material disponível (FIGURA 4FIGURA 4FIGURA 4FIGURA 4FIGURA 4).Transposição de galhariaTransposição de galhariaTransposição de galhariaTransposição de galhariaTransposição de galharia

Em áreas destinadas à mineração ou ao represamentode hidrelétricas, onde grandes áreas de solo sãoremovidas (áreas de empréstimo e bota-fora), a

principal causa da degradação ambiental está na totalausência de nutrientes no solo. Qualquer fonte dematéria orgânica disponível na região deve serutilizada, principalmente aquelas com nutrientesimobilizados.Exemplos comuns nessas áreas são os resíduos daexploração florestal. Evitando a queima, este materialpode ser enleirado, formando núcleos debiodiversidade básicos para o processo sucessionalsecundário da área degradada.As leiras de galharia no campo constituem, além deincorporação de matéria orgânica no solo e potencialde rebrotação e germinação, abrigos e microclimaadequados para diversos animais, como roedores,cobras e avifauna, pois são locais para ninhos ealimentação. As leiras normalmente são ambientespropícios para o desenvolvimento de larvas decoleópteros decompositores da madeira, cupins eoutros insetos (FIGURA 5FIGURA 5FIGURA 5FIGURA 5FIGURA 5).Essa técnica foi utilizada com sucesso na restauraçãode áreas de empréstimo nas Hidrelétricas de Itá eQuebra-Queixo/SC, onde foi observado que a galhariarecolhida da área do lago, além de seu efeitonucleador, contribuiu para um efetivo resgate da florae da fauna. Aderidos à galharia, foram transportadastambém sementes, raízes, alguns caules comcapacidade de rebrota, pequenos roedores, répteis eanfíbios. Estas leiras colonizaram e irradiaramdiversidade nas áreas de empréstimo (Reis, 2001).

Plantios de mudas em ilhas de altaPlantios de mudas em ilhas de altaPlantios de mudas em ilhas de altaPlantios de mudas em ilhas de altaPlantios de mudas em ilhas de altadiversidadediversidadediversidadediversidadediversidade

A implantação de mudas produzidas em viveirosflorestais é uma forma de gerar núcleos capazes deatrair maior diversidade biológica para as áreasdegradadas. O plantio de toda uma área degradada

Figura 6: Centros de alta diversidade de espécies e de formas de vida com floração/frutificaçãodurante todo o ano formam ambientes nucleadores de diversidade dentro de áreas degradadas.

Figura 5: Restos de vegetação quando enleirados podem oferecer excelentes abrigos para uma fauna diversificada e um ambientepropício para a germinação e desenvolvimento de sementes de espécies mais adaptadas aos ambientes sombreados e úmidos.

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com mudas geralmente é oneroso e tende a fixar acomposição no processo sucessional por um longoperíodo, promovendo apenas o crescimento dosindivíduos das espécies plantadas.A produção de ilhas como defendido por Reis et al.(1999) e Kageyama & Gandara (2000) sugere aformação de pequenos núcleos onde são colocadasplantas de distintas formas de vida (ervas, arbustos,lianas e árvores), geralmente com precocidade paraflorir e frutificar de forma a atrair predadores,

polinizadores, dispersores e decompositores para osnúcleos formados. Isso gera, rapidamente, condiçõesde adaptação e reprodução de outros organismos,como as plantas nucleadoras registradas nos trabalhosque embasaram a teoria desta proposta de restauração.A efetividade do conjunto de núcleos criados atravésdas ilhas de alta diversidade concretiza-se em suamáxima atividade quando o planejamento dessesnúcleos previr uma contínua produção de alimentodurante todo o ano da forma mais diversificadapossível. O planejamento inclui as variaçõesfenológicas e as formas de vida como previstas naFIGURA 6FIGURA 6FIGURA 6FIGURA 6FIGURA 6.

Coleta de sementes com manutençãoColeta de sementes com manutençãoColeta de sementes com manutençãoColeta de sementes com manutençãoColeta de sementes com manutençãoda variabilidade genéticada variabilidade genéticada variabilidade genéticada variabilidade genéticada variabilidade genética

Processos naturais de dispersão de sementes tendema propiciar a manutenção da diversidade genética daspopulações colonizadoras, tornando a disseminaçãoum processo aleatório e dificilmente privilegiandosementes de um ou poucos indivíduos no processode colonização de uma área. A diversidade genéticafavorece a adaptação às mais variadas situaçõesambientais.O processo de coleta de sementes, no entanto, nemsempre consegue manter a diversidade genética depopulações, uma vez que, geralmente, poucos

Tabela 1: Relacionamento entre as técnicas nucleadoras de restauração e seus efeitos funcionais através de processos sucessionais secundários.

Figura 7: Coletores de sementes dentro de comunidades de variados níveis de sucessãodisponibilizam sementes de muitas espécies, de diversas formas de vida e de grande variabilidadegenética durante todos os meses do ano.

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Restauração de áreas degradadas: a nucleação como base para incrementar os processos sucessionais

indivíduos são representados nos lotes de sementescoletados, fazendo com que os viveiros florestaisproduzam grande quantidade de mudas meio-irmãs,ou seja, provenientes de um mesmo indivíduo.Vencovski (1987) discutiu a representatividadegenética intrapopulacional e sugeriu que os lotes desementes utilizados em viveiros fossem provenientesde, no mínimo, 12 a 13 indivíduos, no sentido deatender às variações ambientais do novo sítio e evitarque os novos cruzamentos, localizados na áreaimplantada, fossem endogâmicos.É desejável que o material genético a ser colocado nasáreas degradadas, dentro da visão nucleadora, tenhaa maior heterozigosidade possível, pois a sucessão daárea dependerá do material genético produzidolocalmente nas gerações seguintes.Um programa de coleta durante todo o ano e o ma-peamento do maior número possível de matrizes decada uma das espécies selecionadas aumentará aprobabilidade efetiva das espécies e da sua funçãonucleadora.Uma das formas de garantir o abastecimento desementes durante todo o ano e de forma diversificadaé a colocação de coletores de sementes permanentesdentro de comunidades vegetais estabilizadas, comosugeriram Reis et al. (1999). Esses coletores,distribuídos em comunidades vizinhas das áreasdegradadas, em distintos níveis de sucessão primáriae secundária, captam parte da chuva de sementesnesses ambientes, propiciando uma diversidade deformas de vida, de espécies e de variabilidade genéticadentro de cada uma das espécies (FIGURA 7FIGURA 7FIGURA 7FIGURA 7FIGURA 7). Omaterial captado nos coletores pode ir para canteirosde semeadura indireta (sementeiras) ou ser semeadodiretamente no campo, onde formará pequenosnúcleos com folhas e sementes dentro das áreasdegradadas.

Considerações finaisConsiderações finaisConsiderações finaisConsiderações finaisConsiderações finais

A atividade de restauração, tendo como princípiobásico a nucleação, tende a facilitar o processosucessional natural, tornando-se mais efetiva quantomais numerosos e diversificados forem esses núcleos.A TABELA 1 TABELA 1 TABELA 1 TABELA 1 TABELA 1 caracteriza os principais efeitos funcionaisde cada uma das técnicas nucleadoras, denotando asprincipais atividades de cada uma delas. Cada umatem as suas particularidades e, em conjunto, abrangemfatores básicos para a promoção da sucessão: aumentode energia e biodiversidade sobre o ambientedegradado.A utilização de ações nucleadoras, capazes de propor-cionar uma maior resiliência na sucessão secundáriade áreas degradadas, representa um compromisso emreproduzir processos sucessionais primários e secun-dários naturais. Refazer ecossistemas de forma artificialrepresenta um desafio no sentido de iniciar umprocesso de sucessão o mais semelhante possível com

os processos naturais, formando comunidadesdiversificadas biologicamente que tendam a umaestabilização o mais rapidamente possível com amínima entrada artificial de taxas energéticas.A escolha das técnicas para distintos ambientes, sejameles unidades de conservação ou corredores entre elas,implica em primar sempre pela não introdução deplantas exóticas que possam contaminá-las.A escolha de técnicas nucleadoras para umadeterminada área deve buscar o maior númeropossível delas, pois nas ações nucleadoras secomplementarão no sentido de rapidamente formaruma comunidade mais estabilizada. Quanto maior onúmero de ações nucleadoras, maiores serão aschances de aumento do ritmo sucessional.A proposta de restauração através do princípio danucleação tornar-se-á uma realidade quando houver,efetivamente, maiores esclarecimentos na legislaçãoe no esforço em formar recursos humanos voltados areproduzir a natureza em seus princípios sucessionais.

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