Restaurantes
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40 Estratégia S u p e r m e r c a d o m o d e r n o • janeiro 2009
restauranteSua loja pode ter um
O brasileiro se alimenta cada vez mais fora do lar. Entre 1997 e 2007, o mercado food service cresceu 262%, movimentando R$ 50,3 bilhões. A falta de tempo para as refeições em casa fez com que 24% dos gastos com alimentação fos-sem destinados a restaurantes e lanchonetes, conforme apurado pela consultoria Toledo &
Associados. O dado é expressivo, mas o potencial para os próximos anos é ainda maior. Basta observar mercados desenvolvidos como o dos Estados Unidos, em que a participação chega a 50%.
Super e hipermercados estão atentos a essa tendência. Segundo a Asso-ciação Brasileira de Supermercados, 29% de 208 empresas analisadas atu-
avam com restaurantes em 2007. No ano anterior eram apenas 20%. Uma dessas empresas é a Covabra, com oito lojas no interior de
São Paulo, duas delas já equipadas com restauranrtes. Para Ro-naldo dos Santos, diretor financeiro, esse é um caminho natu-
Restaurantes como o da Covabra (foto) viraram febre
no auto-serviço. Avalie se o novo negócio interessa à sua
loja. A próxima edição trará exemplos bem-sucedidos em
super e hipermercados.
joão
de
Frei
tas
Por Fernando Salles | [email protected]
joão
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ral para o setor. “Há 15 ou 20 anos, nem todas as lojas tinham padaria. Hoje, boa parte já tem rotisseria. Os restaurantes são o passo seguinte na oferta de soluções em alimentação”, afirma. Para a consultora Adriana Furquim, os restaurantes agregam valor aos supermercados. Espe-cialista da NoPonto Consultoria em Negócios de Alimentação, ela acredita que os clientes gostam de fazer uma refeição de qualidade, antes ou depois das compras, a um bom preço e com estacionamento gratuito.
Melhor ainda é saber que os su-permercados entram no ramo com grandes vantagens em relação aos concorrentes, explica Heloisa He-lena Duarte, da H2 Consultoria, que desenvolve trabalhos na área de food service. “Pela quantida-de adquirida, o custo de insumos como carnes, aves e hortifrútis é mais baixo do que o de restaurantes tradicionais”, garante. Há também a vantagem de já se dominar proce-dimentos como cortes de carnes e pescados. “Para quem já tem uma
cozinha para a rotisseria, há possi-bilidade de aproveitar a estrutura e alguns profissionais”, diz Heloisa.
Se você se interessa em operar restaurante, saiba o que é preciso para ingressar nesse novo negócio.
COMO INICIAR O NEGÓCIOPesquise o mercado antes de tudo
Consultores ouvidos por SM reco-mendam a realização de pesquisa de mercado antes da implantação de restaurante. Segundo Heloisa Duarte, da H2 Consultoria, essa é uma forma de avaliar o provável fl uxo de clientes e, com isso, certi-fi car-se da viabilidade do negócio. Outros pontos importantes nessa fase do projeto são:1) defi nir o tipo de serviço oferecido (buff et, à la car-te, fast food), 2) calcular os custos,3) estimar o número de pessoas que freqüentarão o restaurante, 4) prever o ticket médio. “Esse trabalho é necessário
34%32%
21%
14% 14%11% 8%
2% 1%
Restaurante a quilo
Bares/lanchonetes
Refeitório da empresa
Restaurante à la carte
Casa de amigos/parentes
Churrascaria
Fast food
Escola/faculdade
Pizzaria
83%
15% 14% 13%
Almoço
Lanche da tarde
Jantar
Café da manhã
96% 94%
69%
42%30% 24% 22% 18%14% 12%
Arroz
Feijão
Carne
Frango/galinha
Salada
Macarrão
Verduras
Legumes
OvosPeixe
onde SÃo FeITaS aS reFeIÇÕeS
reFeIÇÕeS maIS comunS Fora do Lar
cardÁpIo maIS conSumIdo
Pela grande quantidade
adquirida, super e hipermercados
pagam preços mais baixos pelos
insumos que os restaurantes
tradicionais
FONTE: TOLEDO & ASSOCIADOS/ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE RESTAURANTES
“Uma seção com baixo faturamento pode ser reduzida para que um restaurante seja alocado naquele espaço”
HELOISA HELENA DUARTE, H2 CONSULTORIA
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reSTauranTe
para se saber o ponto de equilíbrio, ou seja, quanto é necessário vender para começar a ter lucro”, avisa.
O investimento inicial varia de um negócio para outro, mas He-loisa lembra que os equipamentos e mobiliário, além da decoração, são os que mais custam.
Adriana Furquim, da NoPonto, acredita que o estudo deva incluir expectativas da clientela e um le-vantamento sobre os estabeleci-mentos que servem refeição no en-torno, para conhecer os produtos e serviços oferecidos. Para Adriana, o perfil do restaurante pode variar de acordo com o público da região e as instalações, no entanto, há uma característica comum à maio-ria dos supermercados. “Em geral, um restaurante muito sofisticado não combina com esse tipo de loja, já que as pessoas costumam ir bem à vontade às compras”, afirma.
ONDE INSTALAR entrada da loja é um bom local
Outro ponto básico é verificar se há na loja um espaço adequa-do para montar um restaurante.
Adriana Furquim lembra que serão necessárias uma área para a produção e outra para o salão de refeições.
“O espaço deve ser ventilado, de preferência com luz natural, e de fácil acesso aos clientes. É prová-vel que áreas preciosas de exposi-ção tenham de ser convertidas no restaurante”, comenta.
A entrada da loja é um local indicado porque permite rápido acesso. “Essa rapidez é importante principalmente para atender quem trabalha na região e está em horá-rio de almoço”, afirma Sergio Diniz, consultor do Sebrae-SP. É possível, porém, manter o restaurante den-tro da área de vendas. “Uma seção com baixo faturamento pode ser reduzida e, em seu lugar, ser adap-tado o restaurante”, afirma Heloi-sa, da consultoria H2. A construção desse espaço, entretanto, deve con-siderar alguns aspectos. Um deles é o caixa exclusivo, independente dos checkouts do supermercado. A co-zinha pode ou não ficar no mesmo espaço. A consultora explica. “Ao optar pelo sistema de buffet livre ou a quilo, o supermercado pode utili-zar a mesma cozinha da rotisseria”, afirma. Nesse caso, diz a consultora, o transporte dos alimentos deve ser feito de acordo com as normas de segurança alimentar, em carrinhos térmicos devidamente fechados, por exemplo. No caso de opção por sistema fast food ou à la carte, a co-
Para defi nir preços, devem
ser considerados aspectos como
custos de matéria-prima, complexidade
do preparo e despesas
operacionais
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Frei
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zinha deve, necessariamente, ficar no mesmo espaço do restaurante.
Consultorias especializadas ana-lisam o número necessário de luga-res para o restaurante alcançar bons resultados. Com base em sua expe-riência, Heloisa, da H2, afirma que um restaurante com capacidade acima de 80 cadeiras tende a alcan-çar ótima lucratividade, o que não
impede de se fazer estudos para 40 lugares (20 mesas). O cálculo deve considerar o número de cadeiras “perdidas”, já que não é comum sen-tar-se à mesa com desconhecidos.
CARDÁPIO E PREÇOSVariedade é indispensável
Para Heloisa, a opção considerada mais viável em supermercados é o sistema de buffet vendido a quilo, pois, entre outros fatores, requer menos funcionários que os restau-rantes à la carte. Essa modalidade de restaurante é também a que
mais atrai quem costuma fazer re-feições fora de casa, com 34% de participação, segundo pesquisa da Toledo & Associados realizada com 2.136 consumidores.
Na hora de definir o que ser-vir, não existe regra. Mas a escolha deve envolver um estudo sobre as preferências da clientela e sobre o cardápio da concorrência.
Sergio Diniz, consultor do Se-brae-SP, lembra ainda que ofere-cer carnes grelhadas pode ser uma boa opção para agradar a perfis diferentes de público. “Vale a pena oferecer pelo menos uma opção de carne vermelha, peixe e frango”, diz. Diniz recomenda ainda ficar atento às preferências específicas do público atendido. Se a clientela estiver preocupada com a saúde e boa forma, vale a pena incremen-tar com legumes, vegetais, frutas e outros alimentos saudáveis.
Adriana Furquim, da NoPonto, lembra que é importante equilibrar a oferta de alimentos preparados de várias formas, como assados, cozidos e frituras. O custo da ma-téria-prima também deve ser con-siderado, segundo ela. Não dá para servir filé mignon num restaurante econômico. Experimente miolo de alcatra e contra-filé, que têm quali-dade e são carnes mais baratas.
Para definir os preços, é preciso considerar os gastos com matéria-prima e mão-de-obra, levar em conta a complexidade do preparo e somar as despesas operacionais com luz, água, gás e manutenção. A definição do preço deve ainda, de acordo com Heloisa, conside-
sistema de buff et demanda
menor número de funcionários. outra vantagem é que a cozinha
da rotisseria pode ser
aproveitada.
Consultorias especializadas
estudam o número de
lugares necessário em cada
restaurante
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Sm
M A I S I N F O R M AÇÕ E S :
Associação Nacional de Restaurantes: www.anrbrasil.com.brCovabra: www.covabra.com.brH2 Consultoria: (11) 3871-0463 e www.h2consultoria.com.brNoPonto: (11) 3021-8485 e www.nopto.com.brSebrae-SP: 0800-5700800 e www.sebraesp.com.br
rar o poder aquisitivo do público-alvo, o grau de conforto do restau-rante e o tempo de permanência à mesa. Quanto mais tempo o cliente permanecer à mesa, mais deverá gastar.
REDUÇÃO DE CUSTOSComece com os equipamentos
Um dos maiores gastos na implan-tação de um restaurante ocorre na compra de equipamentos. Há, porém, uma forma de equacionar essa despesa. A dica da consultora Heloisa é utilizar o cook chill. O equipamento une forno combina-do, que cozinha no vapor e assa, a um sistema de resfriamento de alimentos, para conservar por até cinco dia o que não é consumido. É mais economia na ponta do lápis, pois substitui várias bocas de fogão, economiza espaço físico, elimina desperdícios de alimentos e gastos com energia. “Cozinhas com esse sistema reduzem a operação a dois ou três funcionários”, comenta.
PROFISSIONAISnutricionista é peça-chave
Adriana Furquim lembra que o tamanho da equipe dependerá do tipo de serviço – buffet a quilo, self-service, à la carte ou rodízio. O sistema de buffet (a quilo ou livre) é o que demanda menos colaboradores. “Um bom geren-te de alimentos e bebidas e uma nutricionista para as orientações técnicas são indispensáveis”, diz. Segundo a consultora, o atendi-mento é ponto crítico no negócio, por isso há necessidade de se in-vestir na capacitação da equipe.
Para Diniz, do Sebrae-SP, a presença de uma nutricionista também pode ser usada indireta-mente como uma ferramenta de marketing. “Vale a pena divulgar essa informação. Os clientes gos-tam de saber que a elaboração dos pratos é acompanhada por uma especialista”, diz. O consultor lem-bra ainda que o ticket médio pode aumentar caso o restaurante man-tenha uma profissional para ter contato com os clientes, oferecer sobremesas, por exemplo. Alguns itens da confeitaria também po-dem ser oferecidos no restaurante. “Dessa forma, o cliente conhece a produção da loja e é estimulado a levar alguns produtos para casa com mais freqüência”, diz.
oferecer um cardápio variado
é fundamental para garantir
boa freqüência de clientes. Pesquise as
preferências do seu público.
restaurantes como o da
rede Modelo propiciam lazer e bem-estar no momento das
compras
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