Resumo Abstract - SciELO · sociocultural no desenvolvimento e aprendizagem destas habilidades....

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44 {Investigação Fundamentação: o estudo tem como objectivo verificar diferenças entre géneros na prestação qualitativa e quantitativa nas habilidades locomo- toras: correr, saltar e habilidades manipulativas: lançar, pontapear. Metodologia: O estudo inte- grou uma amostra de 141 crianças, 79 do sexo msculino e 62 do sexo feminino, de 7 e 8 anos de idade, do 1.º ciclo do ensino básico do distrito de Vila Real. O produto foi avaliado através da média das distâncias obtidas nos diferentes ensaios nas habilidades saltar, lançar e pontapear e o tempo médio obtido nos cinco ensaios da corrida. O processo foi avaliado com base na checklist de Gallahue 10 . Resultados: Quando comparamos a prestação entre rapazes e rapa- rigas registamos diferenças estatisticamente significativas, quer relativas ao processo, quer ao produto de desempenho em todas as habilidades. Nas habilidades manipulativas as diferenças foram de maior magnitude, tendo o sexo masculino apresentado padrões de execução e resultados superiores aos do sexo feminino. Conclusões: Os desempenhos significativamente superiores apresentados pelos rapazes em todas as habi- lidades, nomeadamente no lançar e pontapear evidenciam a influência dos factores de ordem sociocultural no desenvolvimento e aprendizagem destas habilidades. Palavra-chave: habilidades motoras, género, ava- liação processo e produto. Differences between gendres in motor skills: running, jumping, throwing and kicking Back Ground: the purpose of the present study was to compare the differences between boys and girls in the basic motor skills: throwing and kicking (process and product). Methodology: the sample consisted of 141 children, 79 boys and 62 girls aged between 7 and 8 who attended the second year of first phase of first cycle basic school in the district of Vila Real. The motor product was assessed by the mean distance obtained in repeated throws, jumps and kicks trials and time in running. The process was assessed with a Gallahue’s 10 checklist. Results: when we compared male and female motor performance significant effects were observed both at the level of motor process and in the product. Males showed highest product and process performance in manipulative skills like throwing and kicking. Conclusions: the higher levels of performance from males in all the skills, mannely in throwing and kicking showed the influence of sociocultural factors in motor learning skills. Keywords: motor skills, gender, process and product assessment. Resumo Abstract Data de submissão: Maio 2007 Data de Aceitação: Julho 2007 Diferenças entre géneros nas habilidades: correr, saltar, lançar e pontapear Maria Isabel Mourão Carvalhal, José Vasconcelos-Raposo Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD, Vila Real, Portugal Carvalhal, M.; Vasconcelos-Raposo, J.; Diferenças entre géneros nas habilidades: correr, saltar, lançar e pontapear. Motricidade 3(3): 44-56

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Fundamentação: o estudo tem como objectivoverificar diferenças entre géneros na prestaçãoqualitativa e quantitativa nas habilidades locomo-toras: correr, saltar e habilidades manipulativas:lançar, pontapear. Metodologia: O estudo inte-grou uma amostra de 141 crianças, 79 do sexomsculino e 62 do sexo feminino, de 7 e 8 anos deidade, do 1.º ciclo do ensino básico do distrito de Vila Real. O produto foi avaliado através damédia das distâncias obtidas nos diferentesensaios nas habilidades saltar, lançar e pontapeare o tempo médio obtido nos cinco ensaios dacorrida. O processo foi avaliado com base nachecklist de Gallahue10. Resultados: Quandocomparamos a prestação entre rapazes e rapa-rigas registamos diferenças estatisticamentesignificativas, quer relativas ao processo, quer aoproduto de desempenho em todas as habilidades.Nas habilidades manipulativas as diferenças foramde maior magnitude, tendo o sexo masculinoapresentado padrões de execução e resultadossuperiores aos do sexo feminino. Conclusões:Os desempenhos significativamente superioresapresentados pelos rapazes em todas as habi-lidades, nomeadamente no lançar e pontapearevidenciam a influência dos factores de ordemsociocultural no desenvolvimento e aprendizagemdestas habilidades.

Palavra-chave: habilidades motoras, género, ava-liação processo e produto.

Differences between gendres in motorskills: running, jumping, throwing andkicking

Back Ground: the purpose of the present studywas to compare the differences between boysand girls in the basic motor skills: throwing andkicking (process and product). Methodology: thesample consisted of 141 children, 79 boys and62 girls aged between 7 and 8 who attended thesecond year of first phase of first cycle basicschool in the district of Vila Real. The motorproduct was assessed by the mean distanceobtained in repeated throws, jumps and kickstrials and time in running. The process wasassessed with a Gallahue’s10 checklist. Results:when we compared male and female motorperformance significant effects were observedboth at the level of motor process and in theproduct. Males showed highest product andprocess performance in manipulative skills likethrowing and kicking. Conclusions: the higherlevels of performance from males in all the skills,mannely in throwing and kicking showed theinfluence of sociocultural factors in motorlearning skills.

Keywords: motor skills, gender, process andproduct assessment.

Resumo Abstract

Data de submissão: Maio 2007 Data de Aceitação: Julho 2007

Diferenças entre géneros nas habilidades: correr, saltar, lançare pontapearMaria Isabel Mourão Carvalhal, José Vasconcelos-Raposo

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD, Vila Real, Portugal

Carvalhal, M.; Vasconcelos-Raposo, J.; Diferençasentre géneros nas habilidades: correr, saltar,lançar e pontapear. Motricidade 3(3): 44-56

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IntroduçãoApesar de, durante a infância, não se regis-

tarem diferenças na prestação motora entre osgéneros, as diferenças vão acentuando-se, àmedida que a idade avança, tornando-se signifi-cativas durante a adolescência7,16,17,18.

As teorias biológicas justificam as diferençasentre géneros na prestação motora com base nas variáveis antropométricas, como o tamanhocorporal, morfologia e proporções corporais21,29 ena hereditariedade6.

Na opinião de Malina23, um maior tamanhocorporal e um maior comprimento de alavancaspor parte do sexo masculino vai proporcionar--lhe um melhor desempenho nas tarefas gros-seiras que exigem deslocamento do corpo noespaço e projecção de objectos, enquanto queuma maior quantidade de massa gorda, queequivale a mais peso morto para deslocar, porparte do sexo feminino, vai dificultar-lhe astarefas de deslocação do corpo no espaço.Haubenstricker e Sapp15 defendem que as ligeirasdiferenças verificadas a nível do tamanho e estru-tura corporal entre os rapazes e raparigas, nainfância, podem contribuir para as diferenças deprestação entre os dois sexos. A superioridadedos rapazes na altura e comprimento do braço,funcionam como vantagens a nível das alavancasna tarefa do lançamento, especialmente quandoestas vantagens estão associadas com uma maiorpercentagem de massa magra e maiores oportu-nidades de prática, como é o caso dos elementosmasculinos.

As teorias que explicam as diferenças combase nos factores do envolvimento centram-senas variáveis sócio-culturais como: os factoreseducativos, as expectativas culturais e as oportu-nidades de prática20,11,39. Os papéis atribuídos acada um dos sexos são diferentes, e desde que acriança nasce é estimulada a seguir um deter-minado modelo. Assim, as expectativas geradaspara cada um dos géneros são diferentes, depen-dendo do modelo a seguir, sendo também dife-

rentes as oportunidades de prática, e o encoraja-mento dado a cada um dos sexos. De acordo comesta perspectiva, as diferenças são socialmenteinduzidas, argumentando os defensores destateoria, que se fossem dadas as mesmas opor-tunidades, o mesmo encorajamento e as mesmasexpectativas, a rapazes e raparigas, as diferençasde prestação, antes da puberdade, seriam menores.

Na opinião de Thomas, Thomas e Gallagher42,as características do envolvimento (isto é, a situa-ção social, a quantidade de exercício, os colegas,os pais, os professores, as oportunidades, oencorajamento e a prática), são os factores prin-cipais na produção das diferenças entre os sexos.As variáveis biológicas (maturação e gordura)parecem mediar estas diferenças.

Habilidades Locomotoras: Corrida e Salto

Na infância as diferenças na prestação dacorrida entre géneros não se verifica28, ou sãomuito ligeiras24,25. Elas tornam-se mais evidentesa partir dos 9/10 anos2 e persistindo através daadolescência, devido à estabilização verificadaentre as raparigas no período da adolescência22.

Regista-se uma melhoria durante a infâncianos dois géneros, no entanto, a prestação dasraparigas torna-se estável na adolescência,enquanto nos rapazes a prestação apresentamelhorias desde a infância e na adolescência19.

Quando comparamos rapazes e raparigasquanto ao padrão de execução da corrida não seregistam diferenças significativas33,28, no entanto,os rapazes atingem o padrão maduro mais cedoe as raparigas levam mais tempo a fazer apassagem do estádio intermédio para o estádiomaduro37.

Na habilidade saltar, na infância, embora osrapazes apresentem níveis de prestação superioresaos das raparigas25, as diferenças são pequenas27,tornando-se significativas durante o período daadolescência16. Embora ambos os géneros apre-

46 {Investigação

sentem melhorias à medida que a idade avança,na infância, as melhorias são de maior magnitudenos rapazes do que nas raparigas24. A partir dos14 anos, as raparigas apresentam decréscimos naprestação; os rapazes, pelo contrário, melhorama sua prestação até aos 17 anos16,25.

De acordo com Seefeldt e Haubenstricker16

(1982), no desenvolvimento da forma de saltar,não se registam diferenças entre os sexos, comoacontece com outras habilidades (lançar, recebere sticar). As diferenças entre géneros a nível daforma de execução surgem depois dos 9 anos etem a ver com o facto de os rapazes conseguirem,mais cedo do que as raparigas, flectir a coxa e otronco, o que acontece logo a partir dos 9 anosaté aos 12 anos9. Estes resultados levam-nos aconcluir que os rapazes progridem mais cedopara o padrão maduro do salto, a julgar pelasdiferenças verificadas na sequência da evoluçãodeste padrão.

Habilidades Manipulativas: Lançar e Pontapear

O lançamento, comparativamente com acorrida e o salto é a habilidade onde se registamas maiores diferenças entre géneros. Antes dapuberdade, o desempenho das raparigas nadistância do lançamento atinge apenas 54% e57% do dos rapazes, enquanto nas habilidadescorrida e salto representa 96% e 90% respectiva-mente14. É nesta habilidade que se verificam asmaiores diferenças entre rapazes e raparigas,apresentando os rapazes desempenhos significa-tivamente superiores aos das raparigas desdemuito cedo na infância. Desde a infância, osrapazes lançam significativamente mais longe do que as raparigas5,44,28 e estas diferenças prolon-gam-se pela adolescência16,25,34. As diferenças sãosempre significativas, quer quando a prestaçãofoi avaliada tendo em conta a distância ou avelocidade2,13.

As habilidades manipulativas como o lança-mento e o pontapé são aquelas onde se registam

Diferenças entre géneros nas habilidades: correr, saltar, lançar e pontapearMaria Isabel Mourão Carvalhal, José Vasconcelos-Raposo

as maiores diferenças e logo desde muito cedona infância. Tal como nas outras habilidadesestudadas, parece não haver justificação a nívelbiológico, para esta diferença entre os sexos, peloque serão factores mais de ordem cultural, comoo encorajamento e a prática, os responsáveispor estes resultados46. Por outro lado, Eckert7

defende que as diferenças se devem à maiorforça e um tamanho corporal superior por partedos rapazes. Por outro lado, Thomas, Thomas e Gallagher42 e Thomas41 são de opinião que amagnitude das diferenças registada no lança-mento pode ser reflexo de uma adaptação filoge-nética da espécie humana.

O Homem na caça e na pesca utilizava mo-vimentos de lançar, o que lhe proporcionou aaquisição e melhoria de um padrão de lançar,contrariamente às mulheres que exerciam funçõesque não exigiam a projecção de objectos, como o tomar conta dos filhos e cozinhar.

Estes argumentos poderão ser postos emcausa, face às conclusões obtidas num estudorecente sobre a utilização e fabricação de instru-mentos em chimpanzés. O estudo verificou, que,ao contrário do que se pensava, as fêmeas chim-panzés e os chimpanzés imaturos apresentaramuma maior frequência de períodos de caça e deutilização de instrumentos comparativamentecom os dos machos31.

Para os investigadores Thomas e French40, asdiferenças verificadas entre rapazes e raparigasnesta habilidade devem-se, fundamentalmente,a variáveis relacionadas com o envolvimento,a diferentes formas de encorajamento, às opor-tunidades de prática, ao reforço, dentro e forada escola, visto as raparigas serem educadas deforma diferente dos rapazes e as expectativascriadas diferirem para uns e para outros.

Zaichkowsky47, Gallahue10, Malina e Bouchard22

apontam, como factores determinantes paraestas diferenças um conjunto de factores ambien-tais, como os modelos culturais que se traduzemem oportunidades de prática diferenciada,dependentes dos hábitos de prática motora,

47 {Investigação

lúdica e desportiva que determinadas culturaspromovem e motivam. Outros factores têm a vercom os processos de aprendizagem vivenciadospelas crianças através da qualidade e quantidadede experiências susceptíveis de lhes garantir osucesso na aprendizagem e gosto pela práti-ca motora. Quando se observam crianças emsituação de actividade livre regista-se uma supe-rioridade, frequência e tempo de utilização demovimentos manipulativos por parte do sexomasculino35.

As diferenças entre os géneros nesta habili-dade não são apenas restritas ao produto dedesempenho, mas também à forma comoexecutam esse movimento (processo). O padrãode lançamento dos rapazes é mais maduro do que o das raparigas, demonstrando umamaior amplitude de movimentos, um passomais comprido e um movimento de braços maisrápido29. Loveall e Nelson16 registaram diferençasno padrão de lançar em crianças do jardim--de-infância e esta superioridade registou-se emtodas as idades e aumentava à medida que aidade avançava. As acções motoras que explicamas diferenças entre o sexo masculino e o sexofeminino para esta habilidade são diferentes nosdois sexos. Para os rapazes, é fundamentalmentea acção do braço na idade pré-escolar e a acçãoda perna no 3.º grau que explicam a variaçãodo lançamento. Para as raparigas, a variação éexplicada pela rotação do tronco na idade pré--escolar e 3.º grau e a acção do braço no 8.º grau.

Por outro lado, as raparigas levam mais tempoa passar do 2.º para o 3.º e do 3.º para o 4.ºestádios de desenvolvimento37.

Relativamente à habilidade pontapé, devidoà grande variação registada na prestação, a idadenão parece ser um bom indicador do desenvol-vimento desta habilidade8. Estudos realizadoscom crianças e adultos, com programas direccio-nados para o desenvolvimento e aprendizagemdesta habilidade, os resultados apontam parauma fraca relação entre tempo de prática, forne-cimento de feedback e de demonstração36,30.

Os rapazes desde muito cedo demonstramfrequências superiores às raparigas nas ocor-rência das acções motoras pontapear e correr35.Os ganhos obtidos na prestação com o decorrerdo tempo são superiores nos rapazes, quando foiavaliada a prestação relativamente ao produto de desempenho4.

As diferenças verificadas no processo tambémsão grandes. Os rapazes atingem o padrãomaduro por volta dos 7 anos, enquanto que asraparigas, o conseguem apenas por volta dos 8,5anos. Na passagem dos estádios de desenvol-vimento, as raparigas levam muito mais tempona passagem do 2.º para o 3.º estádio, comparati-vamente com os rapazes. A passagem do 1.º parao 2.º e do 3.º para o 4.º estádio é idêntica emambos os sexos. As idades com que atingem cadaum dos estádios de desenvolvimento variam,sobretudo no 3.º e 4.º estádio.

Face ao exposto definimos os seguintesobjectivos:

1- Verificar qual o padrão de desenvolvimentonas habilidades: correr, saltar, lançar e pon-tapear;

2- Verificar se existem diferenças entre osgéneros na prestação quantitativa e quali-tativa nas habilidades: correr, saltar, lançar e pontapear;

3- Verificar qual a magnitude das diferençasnas habilidades manipulativas e locomotoras,entre o sexo feminino e masculino.

MetodologiaAmostraParticiparam no estudo 141 crianças com

idades compreendidas entre os 7 e 8 anos, quefrequentavam o Ensino Básico 1.º Ciclo, 1.º Fase,2.º ano pertencentes aos concelhos de Alijó,Régua, Chaves e Valpaços.

A amostra do nosso trabalho é constituída por141 crianças, 79 do sexo masculino e 62 do sexofeminino, com uma idade média de 91,1 meses.

48 {Investigação

Na avaliação qualitativa do desempenho dacorrida, salto, lançamento e pontapé, foram uti-lizadas duas câmaras SVHS e um monitor Sony.

Foram também utilizadas as checklist de Gal-lahue10, para cada uma das habilidades. Antes de iniciar o visionamento das habilidades emestudo, o investigador treinou a observação decada uma das habilidades e classificou-as deacordo com o instrumento seleccionado.

Para verificar o grau de fidelidade intra--observador aplicou o índice de fidelidade deBellack em dois momentos diferentes, e, após terobtido índices de fidelidade superiores a 85%,como são recomendados pelo mesmo autor,passou então a avaliar cada uma das habilidades.Tal como se pode observar no quadro nº 3, osíndices de fidelidade intra-observador variaramentre 85% para o lançamento e os 95% para opontapé, tendo a corrida e o lançamento obtidovalores de 88,2% e 85% respectivamente.

Variáveis

Foi definida como variável independente o género: masculino e feminino.

As variáveis dependentes relativas ao desem-penho quantitativo, nas habilidades motoras,fundamentais foi para a corrida em velocidade –tempo de corrida (TC), para o salto de impulsãohorizontal – distância do salto (DS), para olançamento de uma bola de ténis por cima dacabeça - distância do lançamento (DL) e para opontapé de uma bola parada – distância dopontapé (DP).

As variáveis relativas ao desempenho quali-tativo para cada uma das habilidades foram osestádios de desenvolvimento (Inicial, Elementare Maduro) para cada habilidade: correr, saltar,lançar e pontapear.

Instrumentos

De forma a atingir os objectivos deste trabalhofoi necessário utilizar alguns equipamentos.

Na avaliação das variáveis dependentes, rela-tivamente ao desempenho motor da criança,foram utilizados testes de avaliação do desem-penho motor para cada uma das provas, corridaem velocidade, salto de impulsão horizontalsem balanço com os dois pés, lançamento emdistância de uma bola de ténis por cima dacabeça e pontapé de uma bola parada.

Para verificar a fiabilidade das medidas obtidaspara cada habilidade nos diferentes ensaios, foiutilizado o teste de correlação intra-classe, deacordo com a fórmula: R = (MSS-MSE) / MSS e

Diferenças entre géneros nas habilidades: correr, saltar, lançar e pontapearMaria Isabel Mourão Carvalhal, José Vasconcelos-Raposo

como podemos observar no quadro nº 2, oíndice de correlação para cada uma das provas éalto e os valores variam entre 0,98, para o salto,e 0,99, para as outras três provas.

Sexo masculino

Sexo feminino

Total

8,99

8,42

8,99

Máximo

7,26

7,25

7,25

Mínimo

0,31

0,28

0,30

DesvioPadrão

7,87

7,88

7,87

Média

79

62

141

N

Quadro 1: Caracterização da amostra por idade (decimal) e sexo.

Corrida

Salto

Lançamento

Pontapé

0,99

0,99

0,99

0,98

RProvas Motoras

Quadro 2: Coeficiente de correlação intra-classe (R)das provas motoras.

49 {Investigação

Para comparar a prestação do sexo femininocom a do masculino, nas variáveis contínuas, foiutilizado o teste t de Student, para amostrasindependentes nas variáveis categóricas, medidasem escalas ordinais foi utilizado o teste de U deMann-Whitney.

ResultadosO sexo masculino apresentou índices de

prestação a nível quantitativos superiores aos dosexo feminino em todas as provas motoras.

Da leitura dos dados do quadro nº 4, podemosverificar que a média (2,1 e 2,3), para o sexomasculino e feminino, respectivamente, indica--nos que o sexo masculino apresenta uma supe-rioridade na prestação da corrida. Tendo em

conta os valores de t e de p (t= 5,4; p= 0,00)registados poderemos concluir que existem dife-renças significativas entre os grupos, com supe-rioridade do sexo masculino nesta habilidademotora.

Na habilidade do salto, a média obtida (0,9;e 0,8), respectivamente para o sexo masculino esexo feminino, indicam-nos diferenças entre osdois grupos. Face ao valor de t e de p (5,6; 0,00)obtido, no quadro nº 4, podemos concluir que osdois grupos são diferentes.

Através dos valores da média (12,5 e 7,6),obtidos, respectivamente, pelo sexo masculino epelo sexo feminino, podemos verificar asdiferenças de prestação na tarefa de lançamentopara os dois sexos. No quadro nº 4, podemos lero valor de t e de p (8,9; 0,00), pelo que podemosinferir que essas diferenças são estatisticamentesignificativas.

Relativamente ao pontapé, os valores da média(7,9 e 4,1), obtidos, respectivamente, pelo sexomasculino e feminino, indicam diferenças entreos dois grupos, face ao valor de t e de p (7,9;0,00) registado, podemos concluir que as diferen-ças são estatisticamente significativas, pelo quepodemos dizer que os dois grupos são diferentes.

Corrida

Salto

Lançamento

Pontapé

88,2%

85%

95%

86%

Índice de FidelidadeVariáveis

Quadro 3: Valores dos Índices de Bellack para asvariáveis motoras.

Corrida, seg.

Lançamento, m

Salto, m

Pontapé, m

Variável

Masculino Feminino

79

79

79

79

n

2,1

12,5

0,9

7,9

M

0,2

4,0

0,2

3,0

SD

2,1

12,4

1,0

7,7

Mediana

62

62

62

62

n

2,3

7,6

0,8

4,1

M

0,2

1,8

0,1

2,4

SD

5,4

8,9

5,6

7,9

t

2,3

7,5

0,8

3,5

Mediana

0,000*

0,000*

0,000*

0,000*

p

Quadro 4: Comparação da prestação (produto) em cada variável, de acordo com o sexo, n, média, desvio padrão,mediana valor de t e p.

Da análise dos quadros n.os 5, 6, 7 e 8,verificamos que o estádio de aquisição de cadauma das habilidades não é idêntico para os doisgéneros.

No padrão de corrida, 74,5% da maioria dascrianças situa-se no estádio maduro, não seregistando qualquer frequência no padrãoinicial. Quando comparamos os dois sexos,

* p<0,05

50 {Investigação

Diferenças entre géneros nas habilidades: correr, saltar, lançar e pontapearMaria Isabel Mourão Carvalhal, José Vasconcelos-Raposo

Regista-se uma pequena percentagem de(1,3%) de rapazes no nível inicial, enquanto queas raparigas apresentam uma percentagem de(6,5%) neste mesmo nível. No nível maduro, osexo masculino apresenta uma percentagem maiselevada (29,1%), comparativamente com o sexofeminino (8,1%). Face ao valor de U e p (1850,0;0,001) registado, podemos inferir que o padrãode execução do pontapé é diferente.

No padrão de lançamento, observamos grandesdiferenças na distribuição das percentagens paracada um dos níveis de prestação nos dois grupos.

verificamos que a maioria dos rapazes e dasraparigas se encontra no padrão maduro, emboracom percentagens diferentes. O sexo masculinoapresenta uma percentagem mais elevada, com86,1%, enquanto que o sexo feminino apresentaapenas 62,9% no mesmo nível. Face ao valor deU e p (1881,5; 0,001) obtido, podemos dizer queexistem diferenças estatisticamente significativasentre os géneros no padrão de corrida.

No salto, ambos os sexos se encontrammaioritariamente no nível elementar, apresen-tando o sexo masculino uma percentagem de69,6% e o sexo feminino 85,5%.

Corrida

Variável

Masculino

Inicial

Elementar

Maduro

Total

0

11

68

79

Frequência

0

13,9

86,1

100

%

Feminino

0

11

68

79

Frequência

0

13,9

86,1

100

%

1881,5

U

0,001*

%

Quadro 5: Comparação da prestação (processo) da corrida, de acordo com o sexo, frequência, percentagem,valor de U e p.

Salto

Variável

Masculino

Inicial

Elementar

Maduro

Total

1

55

23

79

Frequência

1,3

69,6

29,1

100

%

Feminino

4

53

5

62

Frequência

6,5

85,5

8,1

100

%

1850,0

U

0,001*

%

Quadro 6: Comparação da prestação (processo) do salto, de acordo com o sexo, frequência, percentagem, valorde U e p.

Lançamento

Variável

Masculino

Inicial

Elementar

Maduro

Total

2

51

26

79

Frequência

2,5

64,6

32,9

100

%

Feminino

32

29

1

62

Frequência

51,6

46,8

1,6

100

%

895,5

U

0,000*

%

Quadro 7: Comparação da prestação (processo) do lançamento, de acordo com o sexo, frequência, percentagem,valor de U e p.

* p<0,05

* p<0,05

* p<0,05

51 {Investigação

O sexo masculino encontra-se maioritariamenteno nível elementar (64,6%), enquanto que o sexofeminino (51,6%) se encontra no nível inicial. Onível maduro regista uma percentagem de 32,9%para o sexo masculino, enquanto que o sexofeminino apresenta apenas uma percentagem de 1,6% neste mesmo nível. Face ao valor de Ue p (895,5; 0,000) registado, as diferenças sãosignificativas, pelo que podemos concluir que osdois grupos apresentam um padrão de lança-mento diferente.

No pontapé, a distribuição pelos três níveisde prestação, nos dois sexos, também não é igual.O sexo masculino encontra-se, maioritariamente,no nível maduro (84,8%), enquanto que o sexofeminino se encontra no nível elementar (75,8%).Não há rapazes no nível inicial, ao contrário dasraparigas, cujo valor percentual, nesse nível, é de3,2%. No nível maduro, as raparigas apresentamuma percentagem de 21%. Face ao valor de U e p (873,5; 0,000) registado, podemos inferir queo padrão de execução do pontapé é diferente.

DiscussãoQuando foram comparados rapazes e raparigas

nas tarefas corrida, lançamento, salto e pontapé,tarefas consideradas grosseiras registaram-sediferenças significativas entre os géneros, relati-vamente ao produto de desempenho, favoráveisao sexo masculino. Estes resultados vão aoencontro dos estudos efectuados neste âmbitocomo os de Mline et al.24, Morris, et al.25, Beneficee Malina1, na corrida; Mline et al.24, Morris et al.25

Benefice e Malina1 no salto; Mourão-Carvalhal27,Halverson13, Benefice e Malina1 no lançamentoDias e Nascimento5; Van Beurden et al.44; Mourão--Carvalhal28, no pontapé DeOreo e Keogh4.

As diferenças entre os dois sexos não seregistam apenas no produto de desempenho,mas também no processo de desempenho dastarefas, isto é, a forma como se lança é deter-minante na distância alcançada pela bola, talcomo demonstram os resultados de Wickstrom45

e Ulrich43, que verificaram uma relação positiva,mas não directa, entre a forma e o produto dedesempenho. Segundo Ulrich43, à medida que sesobe na hierarquia dos estádios de desenvolvi-mento das habilidades motoras fundamentais,são atingidas execuções mais eficientes.

Dado que se tinham registado diferençasentre os sexos no produto da prestação, era deesperar a existência de diferenças na forma de desempenho. As maiores diferenças, relativa-mente ao produto, verificaram-se nas habilidadesdo lançamento e do pontapé, seguidas do salto e da corrida. Numa análise do processo dedesempenho, também se registaram diferenças,em ambos os sexos, nas mesmas habilidades.A percentagem de raparigas que atinge o estádiomaduro, 0,7%, no lançamento é significativa-mente inferior à percentagem dos rapazes,18,4%. No pontapé, 47,5% dos rapazes atinge oestádio maduro, enquanto que apenas 9,2% dasraparigas atingem esse estádio. No salto, 16,3%dos rapazes 3,5% das raparigas atingem o estádiomaduro. Na corrida, 48,9% dos rapazes e 27,7%das raparigas atingem o estádio maduro.

Pontapé

Variável

Masculino

Inicial

Elementar

Maduro

Total

0

12

67

79

Frequência

0

15,2

84,8

100

%

Feminino

2

47

13

62

Frequência

3,2

75,8

21,0

100

%

873,5

U

0,000*

%

Quadro 8: Comparação da prestação (processo) do pontapé, de acordo com o sexo, frequência, percentagem,valor de U e p.

* p<0,05

52 {Investigação

Teoricamente, de acordo com o modelo deGallahue10 (1989), seria de esperar, que com estaidade, a maioria das crianças estivessem já noestádio maduro das habilidades estudadas, dadoque este estádio é atingido por volta dos 6, 7anos de idade. Os nossos resultados confirmamos de Seefeldt e Haubenstricker38. Os autoresverificaram que 40% das crianças com idadescompreendidas entre os 6 e 7 anos ainda nãotinham atingido o estádio maduro de grandeparte dos movimentos fundamentais. Malina eBouchard22 explicam estes resultados pela faltade coordenação motora, devida à imaturação do SNC, o que impede uma maior eficácia naprestação dos movimentos. Espenshade e Eckert9

registaram, também, diferenças entre os sexos nahabilidade de saltar. O sexo masculino atingiumais cedo o padrão maduro do salto. TambémSeefeldt39 registou diferenças entre os sexos nodesempenho do salto, com 60% do sexomasculino a atingirem o nível de desenvolvi-mento do padrão do salto com a idade de 9 anose meio e o sexo feminino com a idade de 10 anos.Nelson et al.29, Seefeldt e Haubenstricker37 regis-taram diferenças entre os dois sexos na formade desempenho do lançamento. No estudo deSeefeldt37 60% dos rapazes atingiram o lançamentocom a idade de 5 anos e 60% das raparigas coma idade de 8 anos.

De acordo com os dados de Seefeldt37, 60%dos rapazes atinge o padrão maduro no pontapépor volta dos 7 anos e 60% das raparigas porvolta dos 8 anos.

Tal como refere Gallahue10 o estádio elementardestas habilidades, característico dos 3 e dos 5anos, é atingido fundamentalmente pelos efeitosde maturação. Mas a maturação biológica, por sisó, não é suficiente para transformar ascapacidades em habilidades e estas, por sua vez,em técnicas específicas de cada uma das moda-lidades desportivas. O papel do envolvimentoatravés de uma prática/vivência estimulada,organizada e intencional é fundamental nodesenvolvimento de esquemas plásticos e fle-

Diferenças entre géneros nas habilidades: correr, saltar, lançar e pontapearMaria Isabel Mourão Carvalhal, José Vasconcelos-Raposo

xíveis, que se vão desenvolvendo e adaptandocom maior eficácia aos estímulos fornecidospelo meio envolvente.

É por isso que a maioria dos adultos seencontra neste estádio (elementar) em algumasdas habilidades fundamentais, como por exemplo,o lançar e o receber, visto não terem tidooportunidades de prática que permitissem a suaevolução para estádios de desenvolvimento maisavançados. Por outro lado, os mesmos autoresreferem também que o fracasso e o insucessonestas habilidades vai comprometer o sucesso ea aquisição dos movimentos especializados e,mais tarde, a participação nos desportos decompetição, uma vez que estas habilidades são ashabilidades base, praticadas na maioria dosdesportos, só que mais refinadas tecnicamente.Por esta razão, Seefeldt37, realçando a importânciada prática e da vivência deste tipo de movi-mentos nestas idades, introduziu, no seu modelode desenvolvimento, uma barreira, que deno-minou de barreira de eficiência, que precede ados movimentos especializados. Para que estabarreira seja ultrapassada, é necessário que acriança tenha oportunidades de prática e devivência de todos os movimentos fundamentais,pois encontra-se na fase óptima para aprender.Seefeldt e Haubenstricker37 consideram que estafase óptima se deve chamar de período sensível enão crítico; ao contrário do termo crítico, quesignifica está dependente, fundamentalmente,da maturação biológica, sensível implica que aaprendizagem ocorre com maior eficácia numdeterminado período no ciclo de vida, emborapossa ser atingida mais tarde.

De todas as tarefas observadas, aquela ondese registou uma maior magnitude de diferençasentre os sexos, foi, sem dúvida, o lançamento,seguida do pontapé, do salto e, por último, dacorrida. As tarefas onde se registaram maioresdiferenças entre os sexos foram as provas queexigiam a manipulação de objectos (bolas) comas mãos, como é o caso do lançamento, ou como pé, como é exemplo o pontapé. Estes tipos de habilidades são exigentes quanto ao tipo deespaços necessários para a sua prática. Isto é,

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necessitam de espaços amplos, no exterior parauma melhor experimentação e vivência de acçõesmotoras com bola, desde o lançar, receber,pontapear, ou a combinação de várias acções,como correr, lançar, entre outras. A superiori-dade do sexo masculino em todas as provas podeser explicada com base na forma como os doissexos passam o seu tempo livre. Se tivermos emconsideração os estudos sobre a actividade lúdicaefectuados na infância, verificamos que o com-portamento dos dois sexos é diferente, revelandoo sexo masculino maior dinamismo, competiti-vidade e agressividade nas suas brincadeiras,enquanto que o sexo feminino prefere actividadesmais sedentárias e com pouca utilização de bolas.De facto, esta forma de brincar do sexo mas-culino exige espaços mais amplos capazes depermitirem o desenvolvimento de brincadeirasmais dinâmicas, como é o caso das actividades de manipulação de bola, ao contrário do sexofeminino, para quem basta um espaço fechado e pequeno para as suas actividades menos dinâ-micas, mas mais interactivas verbalmente.

Uma vez que se regista uma inferioridadenestas habilidades, quer a nível do processo, querdo produto, por parte do sexo feminino, a suaparticipação nos desportos especializados estácomprometida, pelo insucesso e também pelaspressões sociais, nomeadamente as familiares,que vai ter que vencer. Podemos dizer que seentra num ciclo vicioso. A inferioridade registadanestas habilidades por parte do sexo feminino,devido à falta de oportunidades de prática, deencorajamento, e à forma como o seu quarto éequipado, aos brinquedos, (bonecas) para osquartos das raparigas propiciando jogos maisestáticos e comportamentos mais verbais do quemotores, enquanto que os dos rapazes têmbrinquedos mais complexos (bolas e carros),com componentes móveis, promovendo umaactividade motora mais dinâmica, e em espaçosmais amplos.

Também o papel esperado para o sexo femi-nino e o tipo de brincadeiras que experimenta,contribuirá para que se pense que o sexo feminino

apresente desempenhos inferiores aos do sexomasculino, por razões de natureza genética. Estanoção errada, põe de lado todos os processos deenculturação32 diferenciados que o sexo femininosofre ao longo da infância na aprendizagem doseu género sexual, e que têm uma continuidadepela vida fora. Esta inferioridade na prestaçãomotora das habilidades fundamentais, nestasidades, vai comprometer seriamente a sua par-ticipação nas actividades desportivas durante aúltima infância e adolescência, bem como nodesenvolvimento de hábitos de actividade física ao longo da vida, acarretando implicações a nívelda saúde, nomeadamente nas doenças hipoci-néticas, tão características do sexo feminino.

Todos estes aspectos vão levar a que os pais,educadores e a sociedade em geral confirmem aideia de que o sexo feminino é, realmente, inferiorao sexo masculino no desempenho motor, deuma forma global.

Thomas e Thomas40 são de opinião que asdiferenças entre os sexos, a nível da actividademotora, durante a infância são induzidas peloenvolvimento; depois da puberdade, são fruto de uma interacção entre envolvimento e biologia.

A explicação do desenvolvimento humano, e,do motor em particular, não se pode centrar emmodelos ou teorias que procuram interpretarcomportamentos numa única dimensão. O SerHumano não é uma soma de diferentes partes,independentes umas das outras, mas funcionacomo um todo, um conjunto, onde todas ascomponentes se interpenetram e que, comoafirmam Shweder38 e Raposo32 age intencional-mente num determinado contexto que é, por suavez, igualmente intencional.

CorrespondênciaUniversidade Trás-os-Montes e Alto DouroAvenida Dr. Manuel CardonaCIFOP - Departamento Desporto5000 Vila RealE-mail: [email protected]

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