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RESUMO
A Gestão Democrática prevista pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB Lei nº9394/96) em seu artigo 12. inciso VI,
estabelece uma nova perspectiva de Planejamento Participativo, possibilitando
a autonomia das escolas em definir as suas regras democráticas bem como a
participação da Comunidade Escolar. Nesse intuito, consideramos como
prioritário aos Supervisores Educacionais, responsáveis por toda a dinâmica da
ação educativa, repensar o processo ensino-aprendizagem dos educandos,
envolver e comprometer pais, alunos e gestores para que todos possam
participar da tomada de decisões coletivamente e contribuir para uma melhor
qualidade do trabalho desenvolvido, o aproveitamento dos alunos, o
desempenho e a metodologia utilizada pelos professores bem como a
estrutura física e a administração geral da escola na melhoria do ensino e da
Instituição Escolar como um todo. Procuramos, com isso, construir uma nova
possibilidade de Planejamento Participativo na escola, que parte das
necessidades reias estabelecidas pela comunidade escolar. É atribuído,
portanto, outro caráter ao Projeto Político Pedagógico, isto é, o caráter de
legitimidade e da coletividade, uma vez que estarão inseridos nestas propostas
concretas de construção do espaço escolar, cuja qualidade far-se-à de acordo
com os interesses de seus participantes.
Palavras-chave: Educação, Participação, Conselho de Classe
METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido através da leitura de várias fontes de
pesquisa que auxiliaram a análise do objeto de estudo. Para fundamentação
teórica, houve a leitura de vários livros e autores conceituados que abordam o
tema do trabalho. Foram utilizadas também pesquisas de leis e artigos
relacionados a educação.
SUMÁRIO
Introdução
CAPÍTULO I – Conceito e Origem do Conselho de Classe
CAPÍTULO II – AS PRÁTICAS AVALIATIVAS
CAPÍTULO III – AVALIAÇÃO NO CONTEXTO ESCOALR: ARTICULAÇÃO
COM GESTÃO DEMOCRÁTICA
CAPÍTULO IV – AVALIAÇÃO EMANCIPAT ÓRIA E CONSELHO DE CLASSE
CAPÍTULO V – ORGANIZAÇÃO E REESTRUTURAÇÃO DO CONSELHO DE
CLASSE
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ARQUIVO EM PDF ENVIADO
Continuação CAPITULO 2
Na escola, o Conselho de Classe é o momento onde o coletivo se reúne
para tratar dos assuntos pedagógicos referentes aos alunos, os profissionais
envolvidos no processo ensino e aprendizagem não admitem ser avaliados em
seu trabalho, eles avaliam seus alunos e alguns pares, é um eixo unidirecional.
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Existe um processo não-explicito de julgamento, onde todos se sentem
ameaçados, a relação dos sujeitos com o conselho de classe transforma-os em
um jogo de poder, nesse contexto as práticas demonstram a fragilidade e uma
rede de participação interativa e solidária.(DALBEN, 1994).
Diante do que foi exposto Dalben afirma:
É que o papel do conselho de classe no cotidiano escolar tem sido mais
o de reforçar e legitimar os resultados dos alunos, já fornecidos pelos
professores e registrados em seus diários, e não de propiciar a
articulação coletiva desses profissionais num processo de analise
dialética, considerando a totalidade.(1994,p.114)
A autora deixa claro como é difícil instituir um trabalho coletivo, mas aponta
que não é impossível. Cabe a cada escola e a cada profissional “fazer o coletivo”,
faze-lo com qualidade e comprometimento. O conselho de classe como instância
coletiva presente na escola, deve propiciar esse momento de reflexão avaliativa,
onde os educadores devem se auto avaliar, refletirem suas práticas avaliativas,
para que possam coletivamente redirecionar suas práticas visando dessa forma
um ensino de qualidade, onde todos os alunos terão as mesmas oportunidades
de aprenderem, onde o professor ensina e o aluno aprende.
A Lei
A articulação do coletivo, num processo de analise dialética, quando se
discute a transformação das práticas avaliativas da escola, com um olhar crítico
sobre avaliação de modo a ajudar o aluno a aprender e o professor ensinar mais,
fica expresso nitidamente o conhecimento que a escola quer produzir e como
produzi-lo. “O objetivo da avaliação não é mais de obter um produto pronto e
fechado, mas o de buscar conhecer cada vez mais o aluno e a realidade que o
integra”. Dalben, 2004, p.72). Esse tipo de avaliação acaba tornando uma
situação desafiadora para o professor, pois a partir desses dados coletados sobre
aprendizagem do aluno, o professor consequentemente dará outros
encaminhamentos pedagógicos, reorganizando o ensino, o uso dos recursos
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didáticos, as possibilidades e dificuldades metodológicas e as condições de
trabalho.
É percebido que há uma necessidade de reestruturar os conselhos de
classe, de resgatar sua concepção original como espaço de dialogo, auto
avaliação, autocrítica sobre as práticas avaliativas e o fazer pedagógicos, dessa
forma, os erros de avaliação diminuindo, que tanto tem prejudicado o aluno,
inclusive aqueles menos favorecidos socioculturalmente, permitindo dessa forma
FAZER o POSSIVEL à construção do conhecimento mais próximo do REAL. O
conselho de classe visto desta forma torna-se um espaço onde os profissionais
da educação possam repensar a ação/reflexão/ação, possibilitando a produção
de propostas de intervenção inovadoras e a construção de projetos pedagógicos
coletivos das escolas, possibilitando ainda, uma reflexão coletiva do fazer
pedagógico perante a realidade social, esta postura coletiva que irá ressignificar
as práticas dos conselhos de classe.
(...) a conseqüência da prática faz os docentes
perceberem que são integrantes de um coletivo,
enxergando a impossibilidade de um trabalho solidário
quando se deseja encontrar e garantir um ensino de
qualidade, mais significativo para o aluno e
professor.(GARCIA, 1986 apud DALBEN, 1996,,
P.215
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CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR: ARTICULAÇÃO COM A GESTÃO
DEMOCRÁTICA
A escola sofre influência da sociedade a qual pertence, o processo
dialético de construção e reconstrução da cultura escolar está presente nas
instituições, onde as reformulações vão acontecendo para resinificá-las.
O processo de ressignificação da cultura escolar vai acontecendo
paulatinamente, pois os sujeitos envolvidos no processo estão em constante
reflexão crítica das práticas existentes.
As tecnologias estão muitas presentes me nossa sociedade e as
mudanças estão acontecendo em ritmo acelerado. Acompanhar todas essas
mudanças exige em esforço fenomenal. O aceleramento de informações interfere
diretamente no seno crítico, nas práticas reflexivas e avaliativas do sujeito,
deixando-o impotente diante de tantas cobranças da sociedade.
Diante deste contexto, os profissionais da educação devem estar atentos
no direcionamento do trabalho pedagógico, para que os mesmos possam atingir
seus objetivos com eficácia.
Os gestores e a equipe pedagógica devem conduzir o trabalho pedagógico
de fora que o coletivo possa refletir sobre as práticas pedagógicas de maneira
crítica, democrática e participativa, Segundo Dalben:
Na gestão democrática, todos são chamados a
pensar, a avaliar e agir coletivamente, diante das
necessidades apontadas pelas relações educativas,
percorrendo um caminho que se estrutura com base
no diagnóstico das dificuldades e necessidades e do
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conhecimento das possibilidades do contexto. Nesse
trajeto, a equipe de profissionais vai traçando os
objetivos que nortearão a construção das ações
cotidiana, encontrando sua forma original de trabalho.
Essa travessia permite a cada escola a construção
coletiva de sua identidade(DALBEN, 2004, p.56)
A autora deixa claro que a gestão democrática deve-se fazer presente no
dia a dia. A gestão democrática faz-se presente “principalmente” na pessoa do
Gestor, sendo este o “carro chefe” que orientará os colegiados na gestão
democrática, proporcionando ambiente coletivo, cordial juntos na participação
efetiva na construção do Projeto Político Pedagógico da escola. Se a instituição
não estiver aberta para um ensino democrático a participação efetiva dos
colegiados, ela permanecerá estática, reproduzindo a exclusão social, o
autoritarismo , os as “mazelas” da educação vai estar sempre presente.
O conselho de classe como instância colegiada, está contemplando no
Projeto Político Pedagógico com regimento próprio, mas infelizmente seus
membros desconhecem seus reais objetivos. Dalben coloca “a relação dos
sujeitos como os conselhos de classe transforma-os em jogo de
poder”.(2004,p.64). Esse desconhecimento criou um paradigma pedagógico onde
um educa o outro é educado. Essa dicotomia no processo ensino e
aprendizagem revela-se como um dos grandes entraves no processo ensino e
aprendizagem. Sendo o aluno a peça fundamental no processo avaliativo, este é
alheio ao que se passa no conselho de classe, não conhece os critérios utilizados
em sua avaliação, é um elemento passivo onde “não tem voz ativa”, o professor
mantém a mesma postura apresentada em sala de aula. Luckesi coloca:
Um educador, que se preocupe com que a sua prática
educacional esteja voltada para a transformação, não
poderá agir inconsciente e irrefletidamente. Cada
passo de sua ação deverá estar marcado por uma
decisão clara e explicita de que esta fazendo e para
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onde possivelmente está caminhando os resultados
de sua ação. (2005,p.46)
O autor aponta que a avaliação deve ser um instrumento de resgate da
função diagnóstica, identificando os caminhos percorridos e reorientando os
caminhos a serem perseguidos. É sabido que avaliação como instrumento de
classificação, não serve em nada para a transformação e emancipação, pelo
contrário, reafirma cada vez mais a conservação da sociedade, pela passividade
dos educandos. A avaliação diagnóstica não diminuirá o professor em sua função
de educar, pelo contrário, auxiliará cada aluno no seu crescimento para
autonomia, garantindo uma relação de cooperação entre professor e aluno.
Uma educação democrática prisma pela reciprocidade, não pela
submissão. A escola na pessoa do gestor deve promover esse ambiente de
cooperação, garantindo dessa forma, uma educação mais eficiente e
transformadora.
Para Luckesi, o aluno deve freqüentar a escola e lá permanecer, até que
alcance um nível de escolaridade significativo para exercer seu papel de cidadão,
nesta sociedade capitalista e excludente, que cada vez mais exige a qualificação
do sujeito. A questão da permanência e terminalidade nos estudos têm sido um
dos grandes entraves contra a democratização do ensino, os que alcançam a
terminalidade muitas das vezes não se apropriam dos conhecimentos
necessários para atuar como cidadãos críticos e reflexivos, tornando-os
analfabetos funcionais. “Um ensino e uma aprendizagem de má qualidade são
antidemocrático, uma vez que não possibilitarão aos educandos nenhum
processo de emancipação”(LUCKESI, 2005 p.65)
Vasconcellos defende:
...Assim, quem trabalha com a formação acadêmica
dos novos professores, tem também um
compromisso de mudar a prática de avaliação dos
mesmos”(Vasconcellos, 2005, p.100). Sendo assim,
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para que as práticas avaliativas sejam
transformadoras é necessário que a formação dos
docentes seja reavaliada, para que os mesmos
possam estar revendo suas práticas, em termos de
avaliação.
Para Zélia Pavão, “a avaliação Educacional não é disciplina obrigatória no
currículo mínimo de formação dos professores, portanto, as maiorias dos
educadores sabem muito pouco sobre as técnicas para a criação de métodos
para a avaliação”(1998,p.20)
A avaliação não é direcionada somente ao aluno, todo o processo
educacional deve também ser avaliado (professor, livro didático, currículo,
direção, escola, família, sociedade, etc), a avaliação deve ocorrer em todas as
instâncias, proporcionando desta forma as mudanças necessárias para que haja
uma política educacional séria e comprometida com o processo de transformação
da realidade da escola e sociedade. As insatisfações estão presentes no âmbito
escolar, tanto educadores como educando, almejam por mudanças onde todos
possam viver num ambiente de cooperação e reciprocidade.
Vasconcellos(2005,p.128)completa: “mais do que nunca, a sociedade
clama por solidariedade: nunca a distância entre homens e nações foi tão grande
com hoje. A avaliação pode dar a sua parcela de contribuição, superando no
âmbito escolar o paradigma da seleção em direção ao da qualificação e inclusão”.
O papel da avaliação é primordial na transformação da educação e da
sociedade, cabe aos educadores, o aluno, a todos envolvidos no processo
educacional fazer a diferença, transformar a educação. Segundo Cardinet:
A avaliação é reconhecida atualmente como um dos
pontos privilegiados para estudar o processo de
ensino-aprendizagem. Abordar o problema da
avaliação supõe necessariamente questionar todos os
problemas fundamentais da pedagogia. Quanto mais
se penetra no domínio da avaliação, mas consciência
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se adquire do caráter enciclopédico de nossa
ignorância e mais se põe, cada interrogação colocada
leva a outras. Cada árvore se enlaça com outra e a
floresta aparece como imensa.(CARDINET, 1986,
apud SACRISTÁN, 1998,p.295)
A gestão de uma escola democrática, crítica, reflexiva e participativa faz-se
diante de um Projeto Político Pedagógico consistente, onde o fazer pedagógico é
construído coletivamente.
O conselho de classe, retrata as concepções de avaliação escolar,
presentes nas práticas dos educadores, assim como a cultura escolar. É o
momento em que o coletivo se encontra reunido para avaliar as práticas
avaliativas utilizadas na instituição, a fim de proporcionar uma autoavaliação e
autocrítica do processo educacional como um todo, redirecionando as práticas
pedagógicas que se fizerem necessárias. O fazer pedagógico deve ser reflexivo,
pois deste dependem o sucesso do processo de ensino e aprendizagem, uma
vez que este está intimamente ligado à concepção de avaliação. Dalben coloca,
O que busca, quando se discute a transformação da
escola, é um novo posicionamento diante do
conhecimento produzido no decorrer dos processos
de avaliação de modo a ajudar o aluno a aprender
mais. Buscando-se um novo espaço escolar, com
novas relações estabelecidas entre gestores,
professores, alunos e comunidade em geral, que
favoreçam um processo de formação coletiva,
construído com base na interação e no dialogo entre o
sujeito e o conhecimento da própria dinâmica
escola.(2008,p.70)
Infelizmente, na maioria das escolas, a prática que essa relação dialógica e
de reciprocidade, colocada pela autora, não está presente entre os docentes nos
conselhos de classe. Cabe à escola, através de ação democrática intervir nesta
realidade, promovendo esta reciprocidade.
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Dalben(2004,p.74) lembra que “a LDB 9.394 de 24 de dezembro de 1996,
em seu artigo 3º, inciso VIII, afirma que o ensino será ministrado com base no
principio da gestão democrática”. Complementando, Paro(2005,p.25), afirma que
“a democracia, enquanto valor universal e prática de colaboração recíproca entre
grupos e pessoas, na sua plenitude de sua personalidade. Não pode haver
democracia plena sem pessoas democráticas para exerce-la.”
Os autores citados colocam a ação coletiva com premissa para que a
democracia seja realmente estabelecida. A escola deve estar aberta para o
dialogo, para a reflexão e principalmente para a participação da comunidade.
Assim, o conselho de classe deve ser repensado e reestruturado,
estabelecendo uma contínua ação/reflexão/ação sobre as práticas avaliativas e
pedagógicas, fundamentada pelo dialogo, participação e cooperação entre seus
pares, alunos e comunidade escolar, tornando-o assim um espaço privilegiado na
organização do trabalho escolar e conseqüentemente promotora do sucesso
escolar.
CAPÍTULO 4
AVALIAÇÃO EMANCIPATÓRIA E CONSELHO DE CLASSE
A avaliação vem assumindo uma perspectiva cada vez mais classificatória
e hierarquizadora tornam-se necessário reavaliar o seu real “papel” numa visão
emancipatória e transformadora. Segundo Saul,
“ A avaliação emancipatória caracteriza-se como um
processo de descrição, analise de uma realidade,
visando transforma-la(...) O compromisso principal
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esta avaliação é o fazer com que as pessoas direta ou
indiretamente envolvidas em uma ação educacional
escrevam a sua “própria história” e gerem as suas
próprias alternativas de ação”.(2006,p.61)
A avaliação emancipatória está voltada para transformação, a apartir do
autoconhecimento crítico do conceito, do real, que possibilita dessa forma um
direcionamento de suas ações nos contextos em que se situa, de acordo com sua
historicidade. De acordo com Luckesi,
(...) a avaliação da aprendizagem escolar será
autoritária estando a serviço de um pedagogia
conservadora e, querendo estar atenta à
transformação, terá de ser democrática e a serviço de
um pedagogia que esteja preocupada com a
transformação da sociedade a favor do ser humano,
de todos os seres humanos, igualmente(2005,p.32)
Neste contexto o autor coloca que a avaliação deverá apresentar-se como
diagnóstico da realidade, buscando o avanço e o desenvolvimento e não a
estagnação disciplinadora. “A avaliação é um julgamento de valor sobre
manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão.”
(LUCKESI, 2005 p.33)
O papel da avaliação é verificar a aprendizagem a partir dos mínimos
necessários e não verificar a aprendizagem a partir dos mínimos possíveis,
realizada desta forma a avaliação oportunizará ao professo e aluno, participarem
democraticamente da vida social. Para que ocorram mudanças significativas das
práticas avaliativas são necessárias mudanças na metodologia de trabalho em
sala de aula.
Segundo Vasconcellos:
O que se espera de uma avaliação numa perspectiva
transformadora é que os seus resultados constituam
parte de um diagnóstico e que, a partir dessa analise
da realidade, sejam tomadas decisões sobre o que
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fazer para superar os problemas constatados:
perceber a necessidade do aluno e intervir na
realidade para ajudar a supera-la(2005,p.89)
O papel da avaliação nessa perspectiva é avaliar para mudar o que é
necessário mudar. Tanto o professor mudar as metodologias, sua forma de
conduzir as aulas de modo que o aluno compreenda o conteúdo, como o aluno
deve rever seu método de estudo para que possa compreender o conteúdo
ministrado. À escola cabe oferecer subsídios físicos, materiais e humanos para
que o processo ensino e aprendizagem ocorra satisfatoriamente. Desta forma o
professor tem condições de avaliar a si mesmo, o aluno, e ainda, o processo
ensino e aprendizagem. “É preciso, para realizar uma avaliação coerente com os
objetivos educacionais, levar em consideração a necessidade de uma ação
cooperativa entre os participantes do processo, uma ação coletiva consesual,
uma consciência crítica e responsável de todos.”(SANT’ANA, 1995, p.28)
A autora considera a ação coletiva, a reflexão e a criticidade, fatores
fundamentais para que a avaliação atinja seus objetivos. A seguir alguns
conceitos de avaliação citados pela autora.
“ A avaliação educativa é um complexo, que começa
com a formulação de objetivos e requer a elaboração
de meios para obter evidências de resultados, para
saber em que medida foram os objetivos alcançados
e formulação de um juízo de valor.”(SARABBI, 1971,
apud SANT’ANA, 1995,p.28)
“A avaliação é essencialmente um processo
centralizado em valores.”(PENNA FIRME, 1976,p.17
apud SANT’ANA, 1995,p.28)
“O crescimento profissional do professor depende de
sua habilidade em garantir evidências de avaliação,
informações e materiais, a fim de constantemente
melhorar seu ensino e aprendizagem do aluno. Ainda,
a que cada ciclo novo de ensino-aprendizagem
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alcance resultados tão bons ou melhores que os
anteriores.”(BLOOM, HASTING, MADAUS apud
SANTA’ANA, 1995,p.29)
“A avaliação em educação significa descrever algo
em termo de atributos selecionados e julgar o grau de
aceitabilidade do que foi descrito. O algo, que deve
ser descrito e julgado, pode ser qualquer aspecto
educacional, mas é tipicamente: (a) um programa
escolar, (b) um procedimento curricular ou (c) o
comportamento de um grupo.”(THORNDIKE e
HAGEN, 1960 paud SANT’ANA 1995, p.29)
“Avaliação significa um valor a uma dimensão
mensurável do comportamento em relação a um
padrão de natureza social ou cientifica.”(BRADFIELD
e MOREDOCK, 1963 apud SANT’ANA, 1995, p.29).
“Avaliação é o processo de delinear, obter e fornecer
informações úteis para julgar decisões
alternativas.”(SILVA, 1997 apud SANTA’ANA, 1995,
p.29)
“É um processo continuo, sistemático, compreensivo,
comparativo, cumulativo, informativo e global, que
permite avaliar o conhecimento do aluno.”(MARQUES
1976 apud SANT’ANA, 1995, p.29)
“Avaliação é coleta sistemática de dados, por meio do
qual se determinam as mudanças ocorrem.”(BLOON
et al apud SANT’ANA, 1995, p.29)
Nas definições apresentadas, percebe-se que a ênfase está voltada na
avaliação do aluno, em seu desempenho. Algumas décadas se passaram e pode-
se afirmar que ainda hoje, em pleno século XXI, a avaliação continua priorizando
o desempenho do aluno. O sistema educacional, a própria escola, professores,
comunidade, precisam estar inseridos nesse contexto da avaliação, caso
contrário a qualidade de ensino continuará comprometida.
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Diante dessa realidade, questiona-se, como o conselho de classe pode ser
um instrumento de uma avaliação emancipatória e democrática?
Compreende-se que a avaliação deve fazer parte no processo de ensino e
aprendizagem, acompanhar os objetivos propostos e reorientar as práticas
pedagógicas, fazendo as intervenções que se fizeram necessárias. No entanto,
deve-se ressaltar que a avaliação fornece dados que devem ser submetidos a
uma compreensão qualitativa. Essa nova concepção de saber não se preocupa
apenas com os conteúdos transmitidos e assimilados, mas com práxis e o
desenvolvimento da consciência critica. De acordo com Dalben,
Dessa maneira, a relação professor x aluno é concebida como horizontal
desenvolvendo-se de maneira democrática, baseada na participação coletiva, no
compromisso com o processo histórico social, localizando-se, tanto o professor
como os alunos, de forma contextualizada e carregando cada um deles, sua
história e suas determinações sociais.(1994,p.140).
O professor diante desta nova perspectiva crítica deve ser um professor
reflexivo, que valoriza o aluno como ser humano criativo e não como mero
reprodutor de idéias e práticas que são exteriores, possibilitando seu agir de
forma consciente em busca de uma nova sociedade. Sua metodologia deve
problematizar a realidade, considerando o aluno o elemento central de ação
educativa, tendo como ponto de partida o conhecimento do aluno e das suas
características, compreendendo seu passado e o seu presente, a sua história e
aprendizagem , o seu nível de desenvolvimento e levando-o à superação do
senso tático por meio da busca de novos conhecimentos. Neste sentido, Dalben
destaca,
“A nova avaliação, nessa concepção, ficará centrada
na analise da capacidade de leitura da prática
vivenciada dos alunos, na tentativa de superação do
senso comum orientado para essa consciência crítica,
utilizando-se para isso, dos conteúdos acumulados
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pela humanidade e sistematizados pela escola, os
quais serão também analisados criticamente com o
objetivo de constituir instrumentos úteis para a
explicação das contradições postas por essa
prática.”(1994,p.140)
Diante desta concepção crítica, o educador precisa ficar atento com o
processo de aprendizagem e com questões do dia a dia em sala de aula, para
não cair na rotina, agindo de forma autoritária e tradicional. Os instrumentos e
critérios de avaliação devem estar em constante “avaliação”, questões como
“para que” avaliar, e “quem” avaliar devem ser refletido constantemente, com o
intuito de obter subsídios para o professor reorientar e reorganizar suas práticas
avaliativas, possibilitando dessa forma uma nova perspectiva crítica do “fazer
pedagógico”.
Para Vasconcellos(2005,p.92), “Os conselhos de classe podem ser
importantes estratégias na busca de alternativa para a superação dos problemas
pedagógicos, comunitários e administrativos da escola.”
É muito importante que o conselho de classe seja um espaço democrático
e de construção de alternativas onde estão presentes os seguintes elementos:
prática-reflexão-transformação da prática. É dever da escola democrática
proporcionar o saber, para isso ela deve ter coragem de ousar, investigar,
procurar caminhos para garantir efetivamente a aprendizagem.
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CAPÍTULO 5
ORAGANIZAÇÃO REESTRUTURAÇÃO DO CONSELHO DE CLASSE
A necessidade de uma proposta para reestruturação do conselho de
classe se faz necessária, visando dar mais sentido e coerência ao processo
avaliativo.
O conselho de classe deve ser um momento alegre e prazeroso, e ao
mesmo tempo um órgão colegiado de discussão, articulação das mudanças
pedagógicas. Em busca de alternativas para propor a reestruturação do conselho
de classe, alguns autores como: Cruz(2005), Dalben(2004), Vasconcellos(2005),
Dalben(1994), Sant’Ana(1995), foram consultados, para que desta forma, esta
proposta seja teoricamente fundamentada.
Acredita-se que para o resgate do real papel do conselho de classe, deve-
se pensar numa nova estrutura para seu funcionamento que leve em
consideração, conforme apontado por Cruz(1994;2005): a autoavaliação crítica e
reflexiva do professor quanto à sua ação pedagógica no bimestre; a discussão
sobre o perfil da turma; o levantamento de estratégias coletivas para a realização
da intervenção pedagógica; e por última a discussão sobre os casos críticos da
turma.
A autoavaliação crítica e reflexiva do professor quanto à sua ação
pedagógica no bimestre, irá auxilia-lo no redirecionamento de suas práticas
avaliativas e pedagógicas, proporcionando desta forma a aprendizagem mais
eficiente do aluno. A autoavaliação possibilita ao professor: refletir sobre o próprio
trabalho; tornar-se um avaliador de si mesmo e autônomo de suas decisões;
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quebrando com o preconceito de que só o aluno é avaliado; conscientizar que o
coletivo sobrepõe à ação individual; criar condições de aproximação com o aluno,
favorecendo relacionamento de companheirismo; olhar os erros como parte do
processo, para que haja construção conjunta do saber.
A autoavaliação permite ainda que o professor avalie se a prática proposta
anteriormente está sendo atingida; em que ações podem avançar; quais foram as
dificuldades encontradas e de que forma foram enfrentadas; se a as inovações
metodológicas, ou avaliação estão sendo satisfatórias; que aspectos precisam ser
retomados, para que aprendizagem seja assimilada.
É importante destacar que os resultados dessa autoavaliação devem ser
discutidos no coletivo, para que todos juntos possam descobrir os possíveis
caminhos de superação. Desta forma, os professores estarão desempenhando
de maneira democrática e construtiva o seu trabalho.
Na sequência da reunião do conselho de classe, deve-se discutir sobre o
perfil da turma. Neste momento, o coletivo fará um diagnóstico da turma
levantando suas necessidades, para que juntos possam propor ações concretas
de atitudes que possam produzir as modificações desejadas. Para obter
informações desejadas. Para obter informações do desempenho da turma, faz-se
necessário alguns questionamentos como: Os alunos participam da aula? Como
eles participam? Como identificar se o aluno está participando da aula?
Em relação à participação dos alunos, é importante observar se os alunos:
fazem questionamentos dos conteúdos trabalhados em sala? Realizam as
atividades propostas? São compromissados com o material? Trabalham em
grupo? Cooperam com os colegas e professo?
Um ponto fundamental que irá nortear essa nova estrutura de conselho de
classe é o que está definido no Projeto Político Pedagógico quanto ao que se
deseja avaliar, tanto em relação à escola como à turma.
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Após o diagnóstico da turma, o coletivo vai propor ações para sanar as
dificuldades levantadas, tornando a ação pedagógica conjunta e transformadora
do processo ensino aprendizagem.
O levantamento de estratégias coletivas para realização da intervenção
pedagógica, deve considerar que as práticas pedagógicas podem ter natureza de:
a)ação concreta; b)de atitude; e c)de prática
As práticas pedagógicas de ação concreta, podem ser definidas de acordo
com as necessidades apontadas pelo coletivo, como exemplo: excursão, passeio,
visita a museu. Neste caso ao realizar a atividade, é importante registrar os
problemas ocorridos; fazer um contrato de trabalho, a cada inicio de bimestre;
diversificar os instrumentos e critérios de avaliação; deixar claros os objetivos
pretendidos em cada atividade; e por último, revisar os grupos de trabalho, que
devem ser alternados, evitando que se formem “panelinhas” entre os alunos.
Já as práticas de atitude implicam na realização de uma autoavaliação com
os alunos, buscando dialogar, incentivar e motivar os alunos na realização das
atividades. É importante deixar claro que os direitos e deveres.
E finalmente, a pratica pedagógica de natureza, envolve realizar ao final de
cada m^}es uma autovaliação com a turma, para verificar se os objetivos do
processo ensino e aprendizagem foram atingidos e reorientar a prática dos alunos
e professor. A equipe pedagógica fará assessoramento às turmas, uma vez por
mês. Esse procedimento deve ser continuo, pois a cada conselho o professor tem
como dar continuidade no processo de avaliação.
O último momento da reunião do conselho de classe deve ser destinado à
discussão dos casos críticos da turma. O aluno é avaliado como um todo, diante
das dificuldades que o conselho levantou na avaliação diagnóstica. Encaminha-se
o aluno para a equipe pedagógica, para que possa ter acompanhamento por
profissionais especializados.
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Os professores diante desta proposta de conselho de classe trabalham
com relatórios de avaliação ou pareceres descritivos, não se fala em notas ou
conceitos dos alunos. O aluno é analisado como um todo, em seus vários
aspectos, não é simplesmente reduzido ao um número.
Outra proposta, defendida por alguns autores, pode ser agregada à
estrutura de conselho de classe exposta acima. Trata-se do conselho
participativo, que propõe a participação do aluno nas reuniões de conselho de
classe. A forma que muitas escolas tem utilizado, é a participação do aluno
representante de turma com mais um colega da sala. Estes levam suas
reivindicações para o conselho de classe, assessorados pela equipe pedagógica.
O aluno tem pouca representatividade neste tipo de conselho, uma vez que
o coletivo dos professores, tem uma representatividade muito mais significativa.
O conselho participativo é realizado em período de aula, no inicio ou final
do horário, para facilitar a organização e a participação de todos(alunos e
professores). Entretanto deve ser observado que embora o conselho participativo
revele um avanço em termos de gestão democrática, um problema que ainda
persiste, é a falta de alguns professores, pois muitos trabalham em mais de uma
escola. Outro fator é que muitos alunos ainda não valorizam esse espaço que
lhes é oportunizado a participar.
Como sugestão de encaminhamento, nos primeiros conselhos os alunos
devem registrar suas observações por escrito, sem se identificarem, colocando-as
numa caixa. A não identificação é justificada pelo fato de eliminar qualquer tipo de
conflito por parte dos professores. Cada aluno retira um papel da caixa e vai
lendo o que foi escrito. Quando o professor e aluno tiverem familiarizado com
esse tipo de conselho, as observações passam a serem feitas verbalmente.
O aluno sempre inicia a fala, para evitar qualquer tipo de inibição, pois o
professor geralmente tem mais argumento do que o aluno. Quando o aluno
termina as suas colocações é dada a palavra aos professores.
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Neste momento, o professor deve esclarecer os pontos que foram
levantados pelos alunos. Às vezes esse dialogo torna-se bastante conflituoso.
Quando o professor é consciente e aberto acaba tendo retorno positivo.
Se alguma questão levantada, referi a professores que ausentes,a equipe
pedagógica fica responsável em repassa-la ao professor junto com a turma em
sala de aula.
Geralmente, são realizados três conselhos no ano, este é desvicunlado de
notas e conceitos, o que interessa e o processo ensino aprendizagem. Segundo
Cruz, “o conselho participativo ou outro nome que se dê a esta prática, é uma
experiência sujeita a critica e aperfeiçoamento, mas que se tem mostrado positiva
como instrumento de realização dos referencias pedagógicos que
defendemos.”(2005,p.57)
CONCLUSÃO
Democracia parece ser uma palavra bastante utilizada no contexto
educacional atual. Será que na prática escolar, a democracia, a igualdade, a
liberdade e as oportunidades estão sendo garantidas para todos?
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No decorrer desta monografia, discutiu-se as práticas avaliativas, o sujeito
reflexivo e crítico, o papel do conselho de classe na avaliação, assim como a
necessidade de sua reestruturação, visando a construção de uma nova
sociedade e de uma nova cultura escolar.
Enquanto sujeito crítico, o professor deve pensar, escutar antes de decidir,
avaliar e deixar-se avaliar, ser consequente e capaz de ultrapassar dicotomias
paralisantes e finalmente tomar uma decisão respaldada na crença de que todos
os atores da escola se encontram num processo de desenvolvimento e
aprendizagem.
Desta forma, o conselho de classe entendido como um momento de
reflexão das práticas avaliativas pode ser o começo possível do real para se
chegar ao ideal de uma escola democrática.
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