Fronteiras do Pensamento

Sobre o futuro da democracia Bauman analisa que esta está cada vez mais enfraquecida devido os Estados não conseguirem oferecer os serviços essenciais ao bem estar da população. O entrevistado usa o termo subcontratar quando cita o que os Estados estão fazendo na sua forma de governança atual, o que se subentende disto? A linha de pensamento de Bauman está corretíssima, pois é o que temos visto tanto em âmbito mundial e no Brasil a partir dos anos 90 com as privatizações de industriais nacionais e a terceirização de certos serviços como telecomunicações, energia e saneamento básico. No caso do Brasil, os serviços essenciais que por lei ficam em poder do Estado, se encontramem total ineficiência como é o caso da segurança pública, saúde, educação eprevidência. Bauman matiza que num futuro possa existir uma democracia global, como uma equivalente das formas de democracias até então já existentes. Elediscorre que se no passado o medo dos indivíduos contra a liberdade num estadodemocrático de direito vinha do poder repressivo do Estado, hoje o grande perigo ademocracia não está na esfera pública, mas sim na privada. Ele compara a históricaÁgora aos programas televisivos de talk e reality shows, que desperta nas massas avoracidade de interagir e definir rumos de histórias particulares em questão atravésde debates, telefonemas, votos, etc.Para Bauman esta maneira entusiasmada de participação das pessoasnos assuntos de ordem privada, íntima, acabam não sendo assuntos relevantespara a construção e transformação da estrutura social coletiva.

Houve no século 20 muitas mudanças, não apenas a passagem do totalitarismo para a democracia, mas muitas outras coisas. No final do século 20, houve a passagem do Estado social para o Estado neoliberal, em que cada indivíduo tem que encontrar soluções individuais para problemas produzidos socialmente. “Isso vai durar ou não? Vamos voltar ao hábito de pensar em termos de toda a sociedade, o nosso país, Brasil, a comunidade à qual pertencemos, o nosso bairro, a nossa cidade? Essa é uma grande pergunta. É muito difícil dizer se o neoliberalismo é apenas um fenômeno ou se é o início de uma era”, perguntou o sociólogo. A mesma pergunta Bauman formula em relação à pós-modernidade, tendo grandes dificuldades para dizer se foi o início de uma nova forma de vida, que vai durar séculos, ou se é um período de transição, de um tipo de ordem social para outro tipo de ordem social. “Quando você está num processo de transição, fica muito difícil imaginar outro tipo de solução estável, um acordo de convivência humana. Mas isso vem mais cedo ou mais tarde. E até mesmo essa pergunta não dá para responder”.

Perigos da democracia

Quais são as dimensões do divórcio entre o poder e a política.

O estado não tem poder suficiente para manter todas as promessas que os estados,50 anos, fizeram aos cidadãos.

A democracia está em decadência, duvidas a respeito da qualidade da democracia

Simplesmente porque o estado relativamente sem poder consegue oferecer cada menos aos cidadão

Subcontratar muitas funções que o estado deveria desempenhar.

Nós inventemos uma democracia global.

Não crê que a estrutura do estado nação permita que ele possa seguir defendendo sozinho a democracia.

Teremos que inventar um equivalente global das invenções dos nossos antepassados.

A democracia nacional, parlamentos, jurisdição, um código de direito unificado para todo o pais.

A democracia é uma noção que adquire com o tempo, com a história, diferentes formas, diferentes instrumentos, estratégias.

As instituições que agora chamamos de democráticas foram criadas e adaptadas às necessidades do Estado-nação.

Talk shows

Problemas privados individuais

“Agora pós- moderna – começo da rev. Pós-moderna - repentinamente, as pessoas começaram a confessar coisas que eram a personificação da privacidade.

Agora foi conquistada, não pelos regimes totalitários, mas pela privacidade, por coisas que anteriormente eram privadas.

Nós instalamos microfones nos confessionários.

A comunidade precede você.Você nasce numa comunidade.

Rede – a rede é feita e mantida viva por duas atividades. Uma é conectar e outro desconectar. Fácil de se desconectar. Romper relações é sempre traumático.

Freud – entregaram liberdade demais em prol da segurança.Toda civilização é uma troca.Hoje entregamos demais a nossa segurança em prol de mais liberdade.O “pêndulo” está começando a voltar em direção a mais segurança. O estado social vem de novo em favor do público.As pessoas sonham com ele,elas querem poderes mais fortes e mais estabilidade um pouco mais de estabilidade.Há sinais de que isso esteja acontecendo.

Você nunca encontrará uma solução perfeita do dilema entre segurança e liberdade.Sempre haverá muito de uma e muito pouco de outra.

18- A condição social no mundo pós-moderno segundo Bauman:

-Os impactos da transição da sociedade de produção do século XX para asociedade de consumo do século XXI

-alterou significativamente as formas das pessoas se comportarem, consumirem e conceberem seus projetos de vida.

- Na contemporaneidade as trajetórias e projetos de vida não segue mais um curso linear, hereditariamente pré determinado, principalmente entre os jovens, frutos de umasociedade cuja padrão de liberdade e individualismo decorre da fragmentação dasociedade.

-As gerações do inicio do século se pautavam em referenciais

-Gerações atuais não há mais grupos e padrões de referências que poderiam servir de modelos de vida para os indivíduos.

-Construção hibrida da identidade, não mais condicionada a discursos patrióticos oude identidade nacional.

-Ocorre uma mudança de paradigma, onde a construção da identidade se torna continua, multifacetada e em constante redefinição

Duas coisas são irreversíveis no mundo pós moderno

A multiplicação :que decorre da derrubada de fronteiras provocada pelo processo de globalização na qual acontecimentos ocorridos em determinado lugar do planeta desencadeiam reflexos em outros pontos do globo terrestre gerando o chamado efeito dominó.

Dilema ambiental: onde a gestão dos recursos naturais doplaneta já está no ponto de colapso.

A condição do indivíduo no mundo pós moderno:

-Impacto das redes sociais nas relações interpessoais

-Novos espaços de interação como o Facebook se tornam atraentes (facilidade de conhecer e interagir com novas pessoas )

-Definir a localidade por conveniência

- Sem necessidade de fidelidade já que os laços de afetividade e de reciproca podem ser quebrados a qualquer momento sob um clique (delete).

Ao passo que nas relações tradicionalmente construídas acontece o oposto.

-Uso das redes sociais para contribuir num processo de transformação de uma realidade coletiva concreta socialmente desfavorável

- Redes sociais como forte instrumento de mobilização social ( protestos populares eclodidos em todo país foram divulgados e articulados pelo facebook e twitter)

-Forte envolvimento dos indivíduos nas redes sociais - compulsividade emconectar e interagir no mundo virtual

- Gera no viciado em internet distúrbios – ansiedade, insônia, isolamento osocial

- Dificuldades em lidar e mediar conflitos sejam dos mais complexos aos maiscorriqueiros da vida cotidiana.

A ambivalência da vida

-Dois fatores essenciais a uma vida satisfatória e feliz,sendo a segurança e a liberdade

-Dificuldade em compatibilizar estas duas conquistas, existindo umcontraponto onde ambas precisam caminhar juntas mas para se ter um pouco amais de uma é necessário ceder no gozo da outra ( ponto de equilíbrio utópico)

-O indivíduo jamais encontrará uma solução perfeita para o dilema entre segurança eliberdade mas que sempre continuará nesta procura.