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Resumo “Triste fim de Policarpo Quaresma”

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Resumo

“Triste fim de Policarpo Quaresma”

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Primeira Parte

Observa-se que esta fase, de máxima defasagem entre sonho e realidade, também se veste de máxima comicidade: o sisudo Quaresma representando o Tangolomango, ou reproduzindo o livro goitacá de boas maneiras, só faltando chegar a "alta costura" de Adão; ou ainda, acreditando na oficialização do tupi-guarani...

A loucura é o resultado lógico de tamanha ruptura entre o sonho e a realidade.

Capítulo I: A lição de violão

O capítulo um narra basicamente os hábitos de dois personagens, o do protagonista Policarpo Quaresma e do seu professor de violão Ricardo Coração dos Outros. O autor aproveita para descrever ao longo do capítulo o modo como o Major Quaresma era baixo, magro e com um cavanhaque, quase sempre vestido de fraque, cartola e pince-nez. Além de seus hábitos de leitura e pontualidade altamente metódicos.

Mas o que mais chama a atenção são as características "psicológicas" deste personagem, mais precisamente seu espírito nacionalista. Policarpo sabe tudo sobre sua nação, só lê livros que sejam de autores brasileiros ou que tratem da história do Brasil, mas não se pode dizer que ele não tem fundamentos para isso, já havia lido outros autores e realmente preferia os brasileiros. Além disso, tinha profundo conhecimento geográfico, histórico, cultural do Brasil, nunca visou fortuna ou teve aspirações políticas, era o perfil perfeito do patriota.

Através disso ele conquistou o respeito de seus vizinhos e colegas de trabalho, apesar de muitos se queixarem que as poucas vezes que o personagem falava, não tinha outro assunto a não ser o país e suas qualidades. Porém toda essa admiração mudou um pouco depois que a vizinhança descobriu que ele vinha tendo aulas de violão, instrumento que era atribuído aos malandros na época.

Policarpo se esquivava dizendo que o violão era um instrumento tipicamente brasileiro e era preconceito dizer que todos que o tocavam eram malandros, além disso, seu professor Ricardo Coração dos Outros era muito conceituado e até famoso, recebia constantes convites e frequentava casas de militares de alta patente, ainda que tivesse o preconceito de alguns nobres, era muito bem visto em geral.

E foi a ele quem o Major recorreu para aprender a cantar modinha e tocar, em uma de suas visitas o professor cantou e sua voz ecoou pela janela até os ouvidos da vizinhança, ao contrário do que pensavam antes, adoraram e romperam o preconceito que havia, terminando o capítulo com um convite do general que morava na casa ao lado em ir até a casa dele para ouvir melhor a canção.

Capítulo II: Reformas radicais

Neste capítulo, Policarpo entra de férias e passa a usar todo seu tempo para estudar as coisas da pátria, continuando com suas tarefas diárias, almoçando as nove e meia da manhã e passeando pela chácara.

Agora procura conseguir organizar cerimônias e festas somente com os nossos costumes, e ele passa a ter certeza de que é só uma questão de tempo para que o Brasil se torne o primeiro país do mundo, pois o Brasil tem todos os climas, frutas, animais e minerais, fora as melhores culturas de terra, o povo mais valente, mais hospitaleiro, mais inteligente e mais doce do mundo. Ele chega a essa conclusão depois de 30 anos de meditação patriótica.

Com suas férias, pôde se dedicar mais as aulas de violão e a vizinhança vendo as visitas de Ricardo, passaram a tomar gosto pelas festanças, cantigas e hábitos nacionais. O general Albernaz (que era muito festeiro e um de seus vizinhos) quis dar uma festa com as modinhas antigas em sua casa por conta do aniversário de sua praça, e o major se alegrou muito, o apoiou e o acompanhou nos preparativos (vale lembrar que o Albernaz de general não tinha muita coisa, pois ele sempre participou das áreas administrativas e nunca de uma batalha real) e então, eles não tendo quem ensinasse as modinhas, foram até a tia Maria Rita, que já havia trabalhado para o general.

Eles pegaram o bonde para a casa da tia Maria Rita e passaram por vários locais interessantes da cidade como o Pedregulho, e neste momento o major lembra-se de um passado recente, o do império nacional.

A casa dela ficava além do ponto, para as bandas da estação da estrada de ferro Leopoldina. Passaram por lá e quando chegaram em sua casa, bateram e uma moça morena os atendeu, e então foram recebidos por tia Maria Rita que não pode os ajudar muito, porque só sabia de uma modinha que de nada adiantou.

Depois dessa decepção e alguns dias de lamentos, eles ficaram sabendo pelo Cavalcânti, noivo de uma das filhas de Albernaz, Ismênia, que nas imediações vivia um literato que conservava as modinhas antigas, e este sim, com suas particularidades lhes ensinou algumas cantigas e se disponibilizou a ensinar e ensaiar dez crianças para dançar o Tangolomango.

Chegado o dia da festa, o próprio Policarpo fez o Tangolomango, em que usava uma máscara de velho e corria atrás das dez crianças enquanto elas entoavam a cantiga, até que ele desmaiou, mas rapidamente voltou a si.

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Passou então a estudar o folclore, porém a decepção veio com algumas semanas de estudo quando descobriu que tudo aquilo usado na festa, músicas, danças, esse folclore era todo estrangeiro, e então coube a ele procurar outros costumes agora verdadeiramente nacionais, ai então passou a estudar os costumes tupinambás, assim, dez dias após se entregar completamente aos seus estudos, bateu-lhe a porta seu compadre Vicente (mesmo sendo estrangeiro Policarpo o ajudou na mocidade) e sua afilhada Olga (pela qual Policarpo possuía uma grande afeição) e ele os recebeu e desandou a chorar, berrar e a arrancar os cabelos, e todos tomaram um grande susto, até que no final das contas ele explicou que esse era um costume tupinambá, que eles recebiam seus amigos de longe, dos quais sentiam saudades, assim, chorando e berrando, e explicou que cumprimentar com um aperto de mão não era um costume nacional.

Depois de todo reboliço, chega Ricardo Coração dos Outros que é apresentado a Olga que então fica todo satisfeito ao saber que a moça o conhece de nome, e no que eles começam a conversar sobre instrumentos, Policarpo entra em uma discussão com Ricardo para definir que não existe instrumentos melhores do que os nacionais, atitude a qual acaba surpreendendo Olga que sempre viu o padrinho ser uma pessoa muito calma.

Capítulo III: A notícia do Genelício

Este capítulo é voltado, principalmente, para a festa de noivado tão aguardada de Ismênia e Cavalcânti, já que o que impedia que o noivo pedisse Ismênia formalmente em casamento era o fato de que ele não havia ainda completado a sua faculdade, a qual era paga pelo próprio sogro.

Desde o começo até o final do dia da festa, Ismênia não demonstrou nenhum sinal de alegria por esse acontecimento, ou seja, de todas as pessoas à sua volta, ela era a menos entusiasmada, visto que por ela ter passado praticamente que a sua vida toda ouvindo sua mãe dizendo que era importante aprender isso e aquilo para quando fosse casar, o casamento acabou tornando-se para ela nada mais do que um negócio, uma idéia, e não algo que deveria acontecer quando o casal se gostasse de verdade.

No momento da festa, praticamente todas as moças presentes cercaram a noiva, fazendo-lhe perguntas, as quais Ismênia pouco respondia, e enquanto isso acontecia, o noivo estava do outro lado do salão tocando piano. Os rapazes que o rodeavam faziam-lhe perguntas sobre a faculdade, sobre quem ele conhecera, e quando ficavam sem perguntas, paravam e ficavam olhando para Cavalcânti, porém de um jeito diferente de como olhavam para ele antigamente, pois formado, ele deixara de ser mais um simples homem, para tornar-se alguém com uma essência superior.

Na sala de jantar, o general, pai da noiva, conversava com o Contra-Almirante, o Major Inocêncio, o doutor Florêncio e o capitão de bombeiros Sigismundo, os quais partilhavam histórias de suas vidas profissionais, até serem interrompidos pela esposa do general, Dona Maricota, que pediu para que o general convencesse os convidados a dançar. Feito isso, o general e seus amigos foram jogar cartas, até que Caldas, ao ver Dona Quinota, outra filha do general, passar pela mesa do jogo, aproveitou para perguntar onde estava Genelício, porém a moça não soube lhe dizer. Genelício, namorado de Dona Quinota, era um jovem que estava prestes a terminar seu curso de Direto e que tinha futuro promissor na área em que trabalhava. Na bajulação e nas manobras para obter sucesso profissionalmente, ele era ótimo, e isso lhe rendia respeito de seus colegas. Um tempo após ter feito a pergunta à Quinota, Caldas é surpreendido quando Genelício entra no cômodo, trazendo a notícia de que Quaresma havia feito um ofício em tupi e que o havia enviado ao ministro.

Capítulo IV: Desastrosas conseqüências de um requerimento

Através de um flashback, é contado nesse capítulo porque na festa de noivado de Ismênia diziam que Quaresma estava louco.

O acontecido foi que, algumas semanas antes do pedido de casamento de Ismênia, todos riam na sessão da Câmara de um requerimento de Quaresma no qual ele solicitava ao Congresso Nacional que decretasse o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro.

Este requerimento do major foi durante dias assunto de todas as palestras, publicado em todos os jornais e “não havia quem não fizesse uma pilhéria sobre ele”. Uma ilustração semanal publicou uma caricatura sua e o major foi apontado na rua, quando ele nunca havia sofrido críticas, nunca havia se atirado à publicidade, só se ocupava com os seus livros, porém os sarros e a maneira como o olhavam na rua só faziam a sua ideia se enraizar dentro dele.

Enquanto os jornais riam do requerimento, a repartição onde ele trabalhava ficou furiosa pela brusca popularidade de Quaresma, já que julgavam-no pretensioso por propor alguma coisa ao Congresso.

A notícia atingiu Coleoni, o compadre de Policarpo, que morava em um palacete de Real Grandeza, rico com os lucros de construções, viúvo, antigo quitandeiro e que vivia com a cunhada, que dirigia a casa e com a filha, que comandava as festas das quais Coleoni não gostava muito, mas fazia a vontade da menina.

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Tinha intenção de fazer a vontade Olga também quanto ao seu noivo. Sabendo que ela queria um doutor, pensava “que arranje!”. Só contrariava bastante as visitas, as colegas da filha, suas mães, suas irmãs, mas não se aborrecia muito profundamente.

Coleoni lia o jornais de manhã, quando se deparou com o requerimento do seu compadre. Não o entendeu muito bem e chamou a filha e ela explicou o desejo do padrinho e Coleoni julgou-o louco enquanto Olga achava um ato ousado, porém não considerava loucura.

Mais um acontecimento fez com que Quaresma fosse mesmo rotulado de louco: por uma distração sua, foi parar no ministério um ofício em tupi. O ministro devolveu o ofício e censurou o arsenal.

O diretor do arsenal, furioso, chamou o secretário e suspendeu-o. Quaresma “(...)saiu abatido, como um criminoso do gabinete do coronel (...); chegando à sala do trabalho nada disse e (...) atirou-se pela porta afora”.

Capítulo V: O Bibelot

Este capítulo aproveita-se de uma visita de Olga ao hospício, para descrever a casa temível onde os loucos viviam e os próprios delírios da mente insana. A aparente calma que a casa transpirava por fora era rapidamente desapontada pelos rostos dos pacientes já na sala de espera, alguns lidavam bem com a "doença", mas outros chegavam a ser violentos.

Para muito a loucura era o pior mal que o homem poderia sofrer, valia mais a pena ter uma boa morte do que ficar internado naquele manicômio, tudo aquilo transformava até os mais íntimos amigos nos piores inimigos através das fantasias e do mundo novo que o louco vivia. Impossível viver feliz ali, ainda mais para um homem tão bem conceituado e estável, com um emprego e uma vida muito digna, o sorriso e a simplicidade já não faziam mais parte de Quaresma que recebia visitas tão só e puramente do pai de Olga, da mesma e de seu amigo Ricardo.

A loucura nivelava os homens tanto quanto a morte ou o crime, não importava estar bem ou mal vestido, ser elegante ou pobre, feio ou bonito, inteligente ou desprovido da mesma, eram atingidos indiscriminadamente. Impressionante também as mais variadas reações que os pacientes tinham, diante do mesmo infortúnio.

Aproveitando-se das observações de Olga, o autor demonstra uma melhora no seu protagonista que a anima bem como Coleoni. Durante a conversa a afilhada contou sobre seu casamento e apesar de falar que gostava de seu noivo, pode-se ver que casa muito mais por empolgação e curiosidade, status social mesmo, do que por amor propriamente.

Enquanto Policarpo estava internado, Coleoni e Ricardo cuidavam de seus negócios enquanto sua irmã Adelaide de sua casa. Além das considerações de amigos, era interessante para Ricardo que Quaresma saísse logo daquele hospício, pois precisava de seu apoio para ganhar terreno contra outro trovador tocador de violão que apontava, ficou, portanto, muito feliz de saber da melhora do Major, quando Olga e seu pai chegaram à casa que pertencia a Policarpo.

O assunto mais uma vez era o casamento de Olga, e essa esperta, logo tratou de desviar o foco perguntando do general, Adelaide logo passou a contar o sofrimento de Ismênia, filha do general, por seu noivo tê-la abandonado e já estava sem escrever ou dar notícias por dois meses. Durante a narração do sofrimento da personagem, o autor também descreve um pouco do carnaval de rua que acontecia no Rio de Janeiro. Pouco depois disso, a própria Adelaide adentrou a casa e perguntou sobre o Major e ela tardou a perguntar se havia recebido cartas, mas pelo timbre da voz na resposta perceberam que não e que aquilo realmente incomodava-lhe.

Parte II

Esta é a fase do Quaresma agrícola. E ainda cômico ver a concepção e a execução de sua estratégia agrária: os minuciosos cálculos baseados nos boletins da Associação de Agricultura Nacional; a parafernália de hidrômetros,

pluviômetros, anemômetros, barômetros e outras inutilidades domésticas, logo dribladas pela realidade; a crença inabalável nas "terras mais ubérrimas do mundo"; a tenacidade com que tenta dominar os altos segredos do

emprego da enxada, no que mais de uma vez teve de "beijar a terra, mãe dos frutos e dos homens"...E o impossível acontece. Quaresma é tão honesto, tão puro, que sua aparentemente inexpugnável fortaleza de

crenças não resiste ao assalto da realidade: as decepções se sucedem, e ele as acolhe, com um sofrido espanto; as formigas, as intempéries, os atravessadores, as perseguições de coletores e políticos em disponibilidade...É o segundo choque de Quaresma; "a luz se lhe fez no pensamento..." a rede de posturas, códigos e preceitos,

nas mãos de tais caciques, transformada em "instrumentos de suplícios para torturar os inimigos, oprimir as populações, crestar-lhes a iniciativa e a independência abatendo-as e desmoralizando-as..."

Estava a crise posta à mesa.

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Capítulo I: No “sossego”

Este capítulo mostra a continuação da vida de Policarpo depois de sair do manicômio. Foi sua afilhada Olga que o aconselhou a comprar um sítio depois de reparar na tristeza que dominada o Major depois de lidar com a loucura tão de perto, aquela que julgavam a pior das coisas que poderia acontecer com o homem.

O desafio de criar, plantar, cultivar, colher e cuidar das plantas e dos animais em contato direto com a natureza reanimou Policarpo, ele calculou todos os pesares detalhadamente e se deparou com a possibilidade de render muito com aquilo, a sua felicidade, entretanto, não era advinda do dinheiro e sim do fato de provar mais uma vez e especialmente desta vez, que as terras brasileiras eram as mais férteis do mundo, como tudo na vida dele havia de ter uma finalidade nacionalista.

Foi assim que Major se mudou para o campo, comprando o sítio chamado "Sossego", que também era o que procurava depois das recentes más experiências. Teve como empregado Anastácio, um senhor negro com experiência no campo que muito lhe ajudou nos primeiros passos narrados nesse capítulo.

Policarpo não tinha a mesma desenvoltura na capinagem que tinha estudando os livros e instrumentos de medição novos que comprou somados ao seu prévio conhecimento sobre botânica, geologia, zoologia e mineralogia que adquiriu devido as leituras que já havia feito anteriormente. O Major começou fazendo um pequeno museu sobre as plantas, rochas e animais que encontrara no sítio, dando nomes populares e quando possível científicos.

Foi o seu criado Anastácio quem lhe avisou sobre um homem que estava na porteira do sítio querendo falar com o dono da propriedade. Como era a primeira visita que recebia desde que se mudou para lá, apressou-se e recebeu o visitante. Era um tenente que tentava angariar fundos para a festa da padroeira da cidade, o homem transmitiu a mensagem, mas saiu de lá com uma má impressão de protagonista, uma vez que contou-lhe sobre a disputa política que havia entre o candidato a prefeito da cidade e o governador, julgando que Policarpo se dizia inocente e alheio a tudo isso porque pretendia se dar bem com quem quer que saísse ganhando da situação. Ao mesmo tempo, Policarpo ficou pensando como é possível tanta gente se importar com isso uma vez que tinham uma excelente terra pra plantar e cultivar.

Capítulo II: Espinhos e flores

Neste capítulo se retrata muito bem o cenário do subúrbio do Rio de Janeiro, suas ruas que se iniciam como boulevards e terminam em vielas, suas voltas inúteis que parecem fugir ao alinhamento reto com um ódio tenaz e sagrado, e descreve as características de seus jardins pobres e desleixados, de suas casas, umas burguesas e outras choupanas de pau-a-pique, de sua população com damas elegantes e outros funcionários de tamanco, mostra também a sociedade em geral com seu namoro epidêmico e seu espiritismo endêmico, essa sociedade em que muitos viviam em caixotins e que exerciam as mais tristes profissões e muitas vezes chefes de família iam a pé a cidade por falta de níquel para o trem.

Numas dessas casas do subúrbio vivia Ricardo Coração dos Outros, e ele gostava de onde morava, da janela de sua casa, vislumbrando um lugar o qual achava lindo, com suas casinhas pintadas de azul, de branco, de oca, ele pensava em sua vida, em sua infância e na rivalidade que arrumara com aquele tal preto, que muitos já consideravam melhor que ele, e pensando nisso tudo, lágrimas lhe caiam pela face, vendo que não tinha nenhum ombro a chorar lembrou-se de versinhos, observou uma preta que lavava roupa, ficando com pena de sua condição de lavadeira e de preta e assim começou a pensar nas desgraças da vida, a rapariga sem o perceber então começou a cantar e ao parar foi incentivada por Ricardo a continuar, mas mesmo assim não continuou.

Com isso, as mágoas de Ricardo passaram , e ele pôs-se a tentar escrever uma modinha, mas não conseguiu, pois a emoção fora muito forte. Voltou a pensar nas coisas da vida, quis procurar um amigo com quem poderia dividir suas emoções, mas não tinha ninguém e então se lembrou de seu amigo Quaresma, e pensou em ir visitá-lo, mas como estava longe e não tinha dinheiro , desistiu, e é nesse momento que chega um carta do general Albernaz convidando-o para o casamento de sua filha Quinota, alegrando Ricardo.

Ricardo foi ao casamento, viu o general, a noiva, a mãe da noiva, conversou com eles, viu todos os parabéns e elogios ao noivo Genelício por ter conseguido um grande posto, o de primeiro escriturário do Tesouro e também a Albernaz por ter casado bem sua filha.

Entraram os homens numa discussão sobre profissões e depois mais uma vez o general Albernaz falou da guerra do Paraguai, enquanto isso a dança acontecia na sala de visitas. Dona Maricota foi chamar Albernaz para ajudá-la com as visitas, nisso Ricardo toma coragem de pedir a passagem para visitar o Quaresma, pedido esse que foi o principal motivo dele ter ido a festa. O general pediu para que ele passasse no dia seguinte na repartição e então conversariam e então foram para sala.

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Lá uma moça cantou e tocou piano e depois foi a vez do Ricardo, com seu violão e voz, encantou a todos. Saindo, desviando-se dos cumprimentos, algumas mulheres pediram-lhe que quando fossem ao encontro de Policarpo, pedisse a Dona Adelaide que lhes escrevessem.

Capítulo III: Golias

No sábado seguinte do casamento de Dona Quinota com Genelício, a sobrinha de Quaresma, Olga, casa-se. A cerimônia não fora nem um pouco simples, muito pelo contrário, recebeu toda a decoração que a riqueza de sua família poderia lhe proporcionar.

Do casal, o noivo é que estava mais feliz com o casamento, não por conta da pessoa com quem casara, mas do rumo que a partir dali a sua vida ia tomar, pois por já ser doutor, e consequentemente tornar-se rico com o casamento, ele enxergava em seu caminho muita glória. Ele acreditava que Olga casara com ele somente por seu título de doutor, mas enganava-se, pois na verdade, ela se encantou com a sua simulação de inteligência, de amor à ciência, enfim, uma imagem falsa que ele passara para outras pessoas de si mesmo a fim de ser melhor visto pela sociedade.

Quaresma não foi ao casamento, mas em compensação, mandou um leitão e um peru como votos de felicidade. O padrinho da noiva preferiu ficar cuidando de seu sítio, na companhia de seus ajudantes, sua irmã, e seu amigo Ricardo, que resolvera ficar lá por alguns meses, fazendo companhia para o amigo.

Em um de seus passeios pela vila que ficava a alguns quilômetros do Sossego, Ricardo acabou conhecendo o doutor Campos, um médico local, que o apresentou a alguns partidos conhecidos. Na manhã seguinte, antes de ir cavalgar com o doutor Campos, Ricardo comentou com Quaresma quem havia conhecido e perguntou se poderia trazer Campos para conhecê-lo, já que o mesmo estava interessado em conhecer om major. Na noite desse mesmo dia, ao voltar do passeio à cavalo e após jantarem, Quaresma e Ricardo saem para passar no sítio, e param para conversar embaixo de uma árvore, até que são interrompidos por Olga, que surpreende Quaresma com sua chegada no sítio.

Olga viera passar alguns dias com o marido no sítio, o qual em toda a sua estadia, teve muitas conversas com o padrinho da esposa. Em uma manhã, ao tomar café, Quaresma abre o jornal e vê seu nome citado em uma reportagem sobre política, e fica escandalizado, não entendendo o porquê ele fora citado no meio de algo que ele nunca fizera parte.

Pode-se dizer que durante a estadia no sítio de seu padrinho, Olga abriu os olhos para a situação que se encontrava aquela região, pois em um passeio com seu marido e com a família do doutor Campos, ela notou a miséria da região, a falta de cultivo, a pobreza das casas, enfim, algo que ela jamais tinha visto, já que fora educada na cidade, e até então pensava que os roceiros eram felizes e saudáveis.

De noite, quando todos estavam dormindo, um barulho persistente despertou Quaresma, que levantou de sua cama, e com uma vela, foi ao cômodo da casa de onde parecia partir o barulho. Ao abrir a porta, nada viu, porém algo sentiu, tal como uma ferroada, que quase o pôs a gritar. Quando foi ver o que lhe havia picado, ficou surpreso com a quantidade de formigas que se encontravam no cômodo, e que invadiam a despensa, carregando suas reservas de milho e feijão, já que os recipientes dos mesmos haviam sido deixados abertos. Tentou matá-las, pisando em uma, em outra, porém parecia que quanto mais matava mais formiga surgia, até que deu conta que elas subiam pelo seu corpo, e alarmado, deixou a vela cair. No escuro, debateu-se descontroladamente até encontrar a porta, de onde correu para longe do inimigo.

Capítulo IV: “Peço energia, sigo já”

Dona Adelaide é a irmã de Quaresma. “(...) tinha uns quatro anos a mais que ele. Era uma bela velha, (...) uma espessa cabeleira já inteiramente amarelada e um olhar tranqüilo, calmo e doce. Fria, sem imaginação, de inteligência lúcida e positiva, em tudo formava um grande contraste com o irmão; contudo, nunca houve entre eles uma separação profunda nem tampouco uma penetração perfeita, (...) Ela já atingira os cinqüenta, mas ambos tinham ar saudável (...) e prometiam ainda muita vida.”

Para ela, a vida era coisa simples: ter uma casa, jantar e almoço, vestuário. Não tinha ambições, paixões, desejos; não sonhara com príncipes, belezas, triunfos, nem mesmo um marido. Se não casou foi porque não sentiu necessidade; o sexo não lhe pesava e de alma e corpo ela sempre se sentiu completa.

Quaresma, felizmente, não andava transtornado como um doido. Só examinando seus hábitos, gestos e atitudes é que percebia-se alguma conturbação. Nem mesmo sua irmã reparava, “mesmo porque, a não ser no

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jantar e nas primeiras horas do dia, eles viviam separados. Quaresma na roça, nas plantações, e ela superintendendo o serviço doméstico.”

Ricardo havia seis meses que não lhe visitava e da afilhada e do compadre as últimas cartas que recebera datavam de uma semana. Durante esse tempo, Quaresma não cessou de se interessar pelo aproveitamento de suas terras. Os seus hábitos não foram mudados e a sua atividade continuava sempre a mesma, só não utilizava mais parte os instrumentos de meteorologia.

Quaresma vinha sentindo que a campanha que lhe tinham movido não era pública, mas lavrava ocultamente. Havia no seu espírito e no seu caráter uma vontade de acabá-la de vez, mas não o acusavam, não articulavam nada contra ele diretamente. Era um combate com sombras.

De resto, a situação geral que o cercava, aquela miséria da população campestre que nunca suspeitara, aquele abandono de terras à improdutividade, encaminhavam sua alma de patriota meditativo a preocupações angustiosas. Ele via dificuldades para fazer a terra produtiva e remunerada. Mas, ele venceu os maus-tratos e o abandono de tantos anos de sua terra pelos antigos donos e os abacateiros conseguiram frutificar fracamente, mas de forma superior às necessidades de sua casa.

Vendeu-os à um tal de Senhor Azevedo no Mercado, o rei das frutas, com satisfação orgulhosa de quem acaba de ganhar uma grande batalha imortal. Depois de cálculos para avaliar o lucro percebeu que o comprador tinha-lhe pago pelo cento a quantia com que se compra uma dúzia. Assim mesmo o seu orgulho não diminuiu. Ficou mais animado ainda para o trabalho e queria agora de limpar as fruteiras. Como Anastácio e Felizardo continuavam ocupados nas grandes plantações; contratou um outro empregado para ajudá-lo, Mané Candeeiro que ele se pôs a serrar os galhos das árvores, os galhos mortos e aqueles em que a erva daninha segurava as suas raízes. Apesar do aspecto triste das árvores amputadas no fim do serviço, não tardou que os botões arrebentassem e o renascimento das árvores trouxesse o contentamento das aves e do passaredo. Porém, as formigas reapareceram e destruíram quase que todo o seu milharal.

Ele então, queimou as aberturas principais do formigueiro com formicida mortal e os inimigos pareciam derrotados. Porém, certa noite, Quaresma percebeu que as saúvas ocupavam quase todas as laranjeiras e houve um instante de desânimo na alma do major. Mas no dia seguinte, o major já havia retomado o ânimo e daí em diante, foi uma batalha sem tréguas: aplicava-se o veneno em cada abertura que aparecia do formigueiro.

O major pôde colher alguns produtos das plantações que tinha feito e o lucro, dessa vez, foi um pouco maior do que o lucro dos abacates.

Quando se convenceu de fazer uma reforma agrícola, usando máquinas para dar o rendimento de vinte homens, o seu coqueiro lhe anunciou a visita do doutor Campos, alto, gordo, olhos castanhos, uma testa média e reta e nariz malfeito; cabelos corridos e já grisalhos, era o que chamavam de caboclo, mesmo com o seu bigode crespo. O presidente da Câmara vinha da Bahia ou de Sergipe, mas já vivia em Curuzu há vinte anos, onde casara e prosperara, sendo uma das pessoas mais consideráveis da cidade.

O fato é que era tempo de eleições e o presidente foi, em nome de Neves, pedir ao major que este respondesse que não houve eleição na seção que funcionava na sua vizinhança. Quaresma se negou a fazê-lo e Campos, sem mostrar aborrecimento foi embora.

Dias depois, Policarpo foi intimado por um papel oficial assinado pelo Dr. Campos, a roçar e capinar as testados do seu sítio que confrontavam com as vias públicas, sob pena das mesmas posturas e leis.

Chegou então uma carta de sua afilhada, onde, viva e alegre, ela contava pequenas histórias de sua vida e pedia notícias do padrinho e de Adelaide. Ela falava também de “Duquesa”, uma pata grande e branca que, pela majestade no andar, merecera de Olga esse apelido nobre. Porém, a pata havia morrido dias antes, junto com duas dúzias de patos, perus e galinhas, assolados por uma peste que causava paralisia. O galinheiro ficou como uma aldeia devastada.

Esses contratempos abateram muito o cultivador entusiástico dos primeiros meses. Entretanto, não passara pela cabeça de Quaresma desistir.

Chegou então outro soldado de polícia com mais um papel oficial; desta vez, era da coletoria, assinado por Antonio Dutra, e intimava o Senhor Policarpo Quaresma a pagar uma multa por ter enviado produtos de sua lavoura sem pagamento dos respectivos impostos. “A 40 km do Rio pagavam-se impostos para se mandar ao mercado umas batatas? Como era possível fazer prosperar a agricultura, com tantas barreiras e impostos?”

Meditava sobre um governo mais forte, até a tirania, medidas agrárias, quando abriu o jornal e deu com a notícia de que os navios da esquadra haviam insurgido e intimado o presidente a sair do poder. “Seus olhos brilharam de esperança”. Sem falar nada à irmã, dirigiu-se a estação. Foi ao telégrafo e escreveu: “Marechal Floriano, Rio. Peço Energia. Sigo já – Quaresma.”

Capítulo V: O trovador

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General Albernaz e seu amigo Almirante Caldas andavam pelo quartel general, com suas devidas vestimentas, discutindo sobre o prestígio e força que o governo e seus governantes devem ter para que o país evolua.

Após cruzarem o parque imperial inteiro, chegam à plataforma da estação onde Albernaz avista uma única mulher ao meio de muitos soldados, lembrando-se assim de sua filha Ismênia, que perdia o juízo lentamente e ninguém conseguia curá-la.

Com a chegada do trem a estação vem com ele uma quantidade imensa de soldados e alguns civis, os soldados vinham alegres, mas civis calados, pois qualquer mínima crítica ao governo poderia custar-lhe a vida, todos poderiam ser perseguidos e prender, desde o senador a um pobre qualquer e aquele que fosse preso seria esquecido por um bom tempo na prisão. Toda essa violência e tirania eram justificadas pelo governo com o seu Positivismo, aplicado em manutenção da ordem.

Com a partida do trem Caldas segue para o Arsenal enquanto Albernaz e Bustamante, que acabara de chegar, vão para o quartel.

Ao chegarem ao quartel Albernaz e Bustamante conversam com o tenente Fontes, Albernaz por ser noivo de sua filha Lalá e Bustamante por que tinha lições de armada com ele.

Fontes era não era mau, porém era positivista imaginando assim que o país só estaria bom da forma em que o governo imaginasse.

Albernaz, Caldas e Bustamante confiavam e acreditavam no governo de Floriano Peixoto, contudo a Causa não ia muito bem e apesar do governo gastar muito dinheiro, ele não deixava de contratar pessoas para trabalharem no mesmo.

O doutor Armando Borges, marido de Olga, via na revolta a realização de alguns sonhos seus. Apesar de ser rico, pela fortuna da mulher, ele tinha ambição do dinheiro, tanto que quase perdeu sua esposa ao dar um golpe em uma órfã rica.

Armando logo que vê que Quaresma está indo ajudar Floriano e comenta com sua filha a vinda do padrinho dela, gerando assim uma grande discussão sobre o patriotismo de Policarpo Quaresma.

Enquanto isso Ricardo Coração dos Outros ficava a maioria do seu tempo sozinho em sua casa revisando suas canções, ficava isolado do mundo, sem noticias de ninguém para não perder a concentração no seu trabalho.

Parte III

E o humor cede ao patético. Na verdade, é bem o antigo Quaresma que, ao primeiro contacto, ainda não extrai a raiz quadrada de Floriano e da fauna que o cerca, que ainda pretende comandar um destacamento inspirando-se nos

livros; que ainda larga um canhão apontado para o alvo e corre a casa conferir os cálculos... mas triunfam a sua candura, a sua honestidade e pureza; elas e que não o deixam compactuar com o crime, com a opressão, com o absurdo. Elas - ainda uma vez a estrada real para a verdade. E são elas, ainda que banham as páginas finais do

romance – de um grande romance –com estas águas de humanidade e de sofrimento que não mais nos fazem rir, e que talvez nos puxem as lágrimas...

E a crise final, e a redenção de Quaresma: "A pátria que quisera ter era um mito; era um fantasma criado por ele no silêncio do seu gabinete". "A que existia de fato, era a do tenente Antonino, a do Dr. Campos, a do homem do

Itamarati".

Capítulo I: Patriotas

O capítulo narra a visita que Policarpo Quaresma faz ao palácio de Floriano Peixoto. Curiosamente o palácio demonstra certo ar de familiaridade, de calma e relaxamento, depois de muito esperar e se deparar com algumas figuras, o Major finalmente consegue avistar Floriano, mas antes que pudesse finalmente conversar com ele e entregar-lhe o documento que havia redigido, uma legião de militares surgem para cumprimentá-lo e passam-lhe a frente.

Quando finalmente Policarpo consegue avistar o rosto do Marechal percebeu que era bem diferente do que imaginava ser o de um homem com tantos poderes, mas como era de sua prática, não lhe julgou, afinal isso não queria dizer nada, porém o passado queria, e dizia que a preguiça do então presidente era tanta que muitas vezes os documentos que precisavam de sua assinatura ou seu conhecimento se acumulavam, ao contrário dos hábitos de grandes soberanos.

O perfil traçado de Floriano Peixoto faz oposição a tudo que o autor julga bom em um homem poderoso, chega a descrevê-lo como "homem-talvez" pelo fato de nunca tomar uma decisão enérgica e estar sempre com aquela “calma” que não é peculiar dos grandes governantes. Ele chega ainda a apontar outro motivo como sendo

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um homem familiar, com instinto patriarcal, mas tanto por um quanto por outro, não deixa de criticar o jeito daquele homem.

Todo esse julgamento fica alheio ao Major Quaresma, o qual tem até certa admiração pelo Marechal e crença nas suas promessas de um Brasil melhor e diferente. Mas Floriano não demonstrava todo esse afeto como o outro, ainda mais quando percebeu a intenção de Policarpo, entregar-lhe um manuscrito sobre as reformas que a agricultura nacional precisava. Foi com este desprezo que o presidente rasgou uma das primeiras páginas do documento para escrever um bilhete, depois pediu desculpas pela desatenção, mas o fato era que já estava rasgado.

Saindo do palácio, Policarpo pega um bonde até a casa do pai de Olga e no caminho encontra dois amigos militares, um deles chega a convidá-lo para fazer parte de seu batalhão e enquanto o Major reencontrava o cenário dos bairros da cidade do Rio de Janeiro, acabou contanto que justamente seu título de Major era apenas como era conhecido e não oficial.

Capítulo II: Você, Quaresma, é um visionário

É caracterizado o amanhecer do dia no quartel onde Policarpo era major, desde os primeiros raios de sol até a completa claridade. Toda a neblina e treva que aquele lugar trazia, o mar sujo, o lodo nas pedras, a estrutura do pavilhão do imperador onde eles residiam. O fato é que ele quase nunca saia de sua sala, lá almoçava, jantava e até muitas vezes dormia, passou ele muitos anos estudando e agora se dedicava a artilharia e seus afins. Mesmo Quaresma não sendo muito respeitado por seu subalterno, tinha a admiração de muitos, como Ricardo Coração dos Outros, que agora era cabo e que foi pedir-lhe para que o deixasse tocar algumas modinhas longe do quartel. Vários casos se passaram naquele quartel, como tiros de canhões para todos os efeitos.

Quando o Tenente Fontes veio vistoriar tudo como de costume, ouviu a cantoria de Ricardo e outros soldados, e acabou os repreendendo e os proibiu o ato, assim como foi severo com o próprio Policarpo que já até havia se esquecido da permissão concedida ao cabo.

Foram chamados para fora com um toque e se depararam com um tiroteio dos inimigos, tiroteios os quais eram a diversão da cidade.

Depois desse episódio, Policarpo voltou a seu quarto para seus estudos, e todos os seus dias eram assim, pois a guerra estava tomando um caráter banal. A cidade cheia de festas e noites alegres e joviais não detinha a atenção de Quaresma, ele era reservado, e então um dia quando saiu a um passeio até o campo de São Cristóvão, reviu sua antiga casa e visitou o general Abernaz. Lá jantou com o general e vários outros amigos de quartel. Durante o jantar entraram numa discussão sobre a pátria e mais uma vez Policarpo defendeu sua pátria com toda a força que tinha com seu patriotismo até que todos se calaram com suas observações, depois voltaram a conversar sobre a revolta.

Preocupou-se com Ismênia e soube que estava cada dia mais fraca. Foi embora no final da noite e já em seu quartel deitou-se um pouco. Ricardo foi lhe chamar avisando-o da visita de Floriano Peixoto ao lugar e então Quaresma foi ao seu encontro e conversaram sobre o quartel, os ataques recentes a base, a quantidade de homens no pelotão e por fim ao estarem conversando Policarpo pergunto-lhe se já havia lido o seu memorial, aquelas suas idéias para fazer do Brasil a maior nação já vista e então com o sim de Floriano, colocou-se a falar e por fim a fisionomia de Floriano muda e ao ir embora diz: - Você, Quaresma, é um visionário...

Capítulo III: ... e tornaram logo silenciosos...

Dona Maricota, o general e Quaresma não sabiam mais o que fazer para tentar ajudar e reanimar Ismênia, que até então vinha passando a sua vida dentro do quarto, entristecendo , enfraquecendo e adoecendo, tudo isso decorrente do abandono de seu noivo, Cavalcânti, que depois de concluída a faculdade, fugiu e nunca mais foi visto.

Seus pais já haviam chamado diversos médicos para ir vê-la, porém de nada adiantou, pois cada um passou um tipo de remédio e nenhum a ajudara a melhorar. Alguns médicos chegaram a aconselhar o general a interna-la em uma clínica, porém a mãe, não permitiu, preferia que a filha ficasse em casa e que ela mesma cuidaria dela.

Feiticeiros foram contratados, cerimônias foram feitas, mas nada fez a moça melhorar de sua situação, até que Quaresma pediu permissão do pai de Ismênia para ele poder trazer Armando, o marido de Olga, sua sobrinha, para poder vê-la, e o general autorizou. Feito isso, Quaresma foi ao encontro de Armando, que ao saber de quem se tratava a moça adoecida, se mostrou indiferente ao caso.

Após o encontro com o médico, Quaresma, foi ao quartel do seu batalhão, para ver se conseguia arranjar uma pequena licença para ir visitar a sua irmã, Adelaide, a qual ele deixara em seu sítio, e de quem recebia notícias, através de cartas, três vezes por semana. Por melhores que fossem as notícias vindas do sítio, o major queria poder ver pessoalmente sua irmã e Anastácio, pessoas com quem ele se encontrava diariamente há anos e que lhe faziam falta, porém acabou não conseguindo a licença, pois quando chegou ao quartel, recebeu a notícia de que fora

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mandado a uma missão e de que teria que mudar os seus estudos, ou seja, ele passaria da artilharia para atuar na infantaria.

O marido de Olga não fez questão alguma de ir ver a Ismênia, e a situação da moça continuou a piorar, ficando mais magra, mais fraca, a ponto de não conseguir mais se sentar na cama. Depois de alguns dias, sendo que Armando já havia ido algumas vezes diagnosticá-la, o médico voltou à sua casa e notou uma melhora considerável, já que ela passou a se sentar na cama e conversar bastante.

Dona Maricota tomava conta da filha dia e noite, até que um dia ela teve um compromisso e precisou se ausentar por algumas horas, deixando as suas outras filhas tomando conta de Ismênia, e assim elas fizeram, passaram a tarde juntas, e em todas as vezes que as irmãs foram vê-la no quarto, ela estava dormindo. Quando Ismênia acordou, ela viu seu vestido de noiva no guarda-roupa e quis vesti-lo, e no que ela o vestia, recordações de seu casamento falho voltaram, fazendo-a se entristecer novamente. Quando acabou de se vestir, ao olhar-se no espelho, mal se reconheceu, espantou-se ao ver em que estado estava. Colocou a coroa, o véu, até que sentiu fraqueza, deu um ai e caiu de costas na cama. Quando suas irmãs foram vê-la mais uma vez, encontraram-na já sem vida.

Capítulo IV: O Boqueirão

Por mais que Anastácio se esforçasse, o sítio de Quaresma voltava ao estado de abandono em que ele o encontrara. As formigas voltaram também e muito mais forte, já que o antigo escravo era “incapaz de achar meios eficazes de (...) afugentá-las”. Mesmo assim, Anastácio mantinha sua mania, seu vício e cultivava em uma horta, protegida das saúvas e de animais da vizinhança.

A revolta fez com que todos os partidos da região de Curuzu dedicassem-se ao governo, unindo-os, reconciliando-os de alguma forma que trazia mais paz.

As eleições chegaram e Dona Adelaide se divertia com o desfile de manequins esquisitos, de museu, que passava à sua porta. Além disso, fazia-lhe companhia a mulher de Felizardo, Sinhá Chica.

Felizardo aparecia pouco em casa de Quaresma e vivia num constante pavor, chegando até a dormir vestido. Ele e a mulher tinham dois filhos, que achavam um castigo o trabalho todo dia e viviam nos bailes da vizinhança. Só iam à casa de Quaresma procurar pelos pais, que viviam lá, quando não tinham o que comer.

Dona Adelaide sentida falta do irmão, ela comprava as coisas na venda e não se incomodava com as coisas do sítio. Ela ansiava pela volta do irmão, que pedia perdão a ela, por não saber exatamente a quem pedir, por ter matado. Descreveu a guerra dizendo que ela tirava “do fundo das pessoas a ferocidade adormecida que se depositou em nós nos milenários combates com as feras, quando ainda disputávamos terra”; a ferocidade que traz uma sede de matar, matar e somente matar.

Quaresma diz nesta carta também que foi ferido, mais que o seu sofrimento era extremamente moral. Disse ele que a vida é “absurda e ilógica” e que ele já tinha medo de viver, só queria viver na quietude. Já é possível perceber nesse trecho um arrependimento em Quaresma “Ninguém compreende o que quero, ninguém deseja penetrar e sentir; passo por doido, tolo, maníaco e a vida vai fazendo inexoravelmente com a brutalidade(...)”.

Policarpo voltou para o Rio de Janeiro e ficou sem uma visita, sem ver uma face amiga por bastante tempo. A revolta da baía chegava ao fim. Toda gente queria esse alivio, mas o almirante e Albernaz observaram esse fim com tristeza, pois o primeiro não conseguiria comandar uma esquadra e o general sentia perder sua comissão, cujos rendimentos melhoravam a situação da família.

Albernaz vai à missa de um senador republicano muito prestigiado, considerado o patriarca da república, a fim de uma afirmação política. Durante toda a missa, conversou com Caldas sobre a guerra e o governo e quando saem da celebração, discutem o mesmo assunto com Genelício, deixando bem claro que, para ele e muitos outros políticos, a cerimônia não foi para rezar pela alma do falecido e sim para fazer uma imagem política.

A revolta acabou depois de alguns dias e “o marechal ganhou feições sobre-humanas com a vitória”. Policarpo aceitou com repugnância o papel de carcereiro na Ilha das Enxadas onde estavam marinheiros prisioneiros.

Os seus tormentos mais cresceram com o exercício de tal função, pois cada vez mais Policarpo percebia que a iniciativa de participar da guerra por acreditar que esta promoveria melhorias no seu país só existia dentro dele. Nada superior animava aquelas pessoas, e isso valia para os dois lados que guerrearam: tanto em meio aos revoltosos quanto aos que apoiavam o Floriano, estavam pessoas inteiramente estranhas à questão em debate, muitas delas até arrancada à força de seus lares.

Quaresma vivia olhando o mar e lamentando por estar sozinho, por não ter um companheiro com que conversar. Tinha insônias e não conseguia nem mesmo ler.

Um dia, veio um oficial do Itamarati aos prisioneiros e escolheu uma dúzia de homens, a esmo, ao acaso para levá-los em uma lancha para além das águas da ilha. Quaresma, quando atinou uma explicação àquela cena, a lancha

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já ia em direção as trevas do fundo da baía, para o Boqueirão. Começou a pensar em como havia se misturado em tão tenebrosos acontecimentos, assistindo ao sinistro alicerçar do regime.

Capítulo V: A afilhada

O capítulo inicia-se com Policarpo preso em uma masmorra, na Ilha das Cobras, tentando entender porque estava ali, o que tinha feito para chegar aquele ponto, ele, “o Quaresma plácido, o Quaresma de tão profundos pensamentos patrióticos, merecia aquele triste fim?”.

Ele não sabia ao certo porque estava naquele lugar, engaiolado, trancafiado, isolado como uma fera, como um criminoso, mas atribuía a prisão à carta que escrevera ao presidente, protestando contra a cena que presenciara. Não conseguira aceitar aquela leva de desgraçados escolhidos ao acaso para uma carniçaria distante e falara todos os seus sentimentos, princípios morais; escrevera a carta indignado, sem nada omitir do seu pensamento. E agora, num tempo de carnificina, ele sabia que iria morrer.

Quaresma reflete sobre sua vida e chega a triste conclusão que gastara toda a sua vida em um estudo inútil de sua Pátria e ela o premiava, o recompensava, o condecorava matando-o. A pátria que quisera ter era um mito; a que existia era do Dr. Campos, a do homem do Itamarati. Ele não conseguia entender como que ele, tão sereno, tão lúcido, empregara sua vida, gastara seu tempo e não vira a realidade. E assim é que ia para a cova, sem deixar traço, um filho, um amor, um beijo mais quente e ainda sem o acompanhamento de um parente, de um amigo, de um camarada; nada deixava que afirmasse a sua passagem.

Enquanto Policarpo pensava que nunca mais veria sua irmã, Anastácio, sua afilhada e Ricardo Coração dos Outros, este último soubera da prisão do major e procuravam soltá-lo. Mesmo com todos contra Quaresma, julgando que seu protesto era um desejo de diminuir o valor da vitória alcançada, Ricardo não se intimidou e procurou todas as influências que conhecia para pedir que ajudassem o amigo. Falou com Genelício, Albernaz, Coronel Bustamante, mas nenhum deles queria arriscar sua imagem e se negaram a ajudar.

Coração dos Outros se lembrou então de Olga, a afilhada do major. Foi ao encontro da moça, contou-lhe o motivo da visita e ela tentou pensar, desesperada, em um jeito de ajudar o padrinho. Não encontrava. Ricardo citou o marido da moça, mas ela pensou um pouco, examinou o caráter do esposo e logo viu seu egoísmo, sua ambição e sua ferocidade interesseira e descartou essa alternativa.

O rapaz sugeriu então sugeriu que a moça tentasse ir até lá. Ele pensou com admiração em Olga enquanto ficou sozinho para que ela se vestisse para sair. A moça, por simples amizade, se dava a tão arriscado sacrifício.

Quando ela abotoava as luvas para saírem, o marido entrou. O casal discutiu um pouco a respeito da decisão da moça em defender o padrinho, mas Olga enfrentou-o e saiu, deixando o marido assombrado e silencioso.

Olga entrou no palácio da Rua Larga e Ricardo foi esperá-la no Campo de Sant’Ana. Ela tentou falar com o marechal, mas foi inútil. A muito custo, falou com um secretário, que não permitiu que a moça falasse com Floriano e ainda rotulou Quaresma como um traidor, um bandido.

Olga não insistiu e retirou-se orgulhosamente, chegando à conclusão de que talvez fosse mais coerente deixar o padrinho morrer só e heroicamente do que humilhá-lo com um pedido de clemência que diminuiria sua grandeza moral diante de seus verdugos. Olhando a cidade e pensando nas profundas modificações que tudo sofrera ao longo de quatro séculos, consola-se pensando que o futuro trará mudanças. E nutrindo esta frágil esperança segue ao encontro de Ricardo Coração dos Outros.