Muhammad H. Rashid Eletrônica de potência circuitos dispositivos e aplicações
Resumo Cap 2 - Eletronica de Potencia - Rashid
-
Upload
thyago-ferreira -
Category
Documents
-
view
233 -
download
3
description
Transcript of Resumo Cap 2 - Eletronica de Potencia - Rashid
Resumo do livro “Eletrônica de Potência” de Muhammad Rashid
Capitulo 2 – Diodos semicondutores de potência
Introdução
O diodo atua como uma chave, podendo realizar diversas funções, como: chaves
em retificadores, comutação em reguladores chaveados, inversão de carga em
capacitores e transferência de energia entre componentes, isolação de tensão,
realimentação de energia da carga para a fonte de alimentação e recuperação de energia
armazenada.
Os diodos de potência são similares aos diodos de sinal de junção pn, porem
possuem maior capacidade de potência, tensão e corrente que os diodos de sinal, mas
sua resposta em frequência é baixa se comparada a este.
Curvas características dos diodos
Os diodos de potência é um dispositivo de junção pn. Esta junção é realizada por
fusão, difusão e crescimento epitaxial.
Quando o potencial no anodo é positivo em relação ao cátodo, diz-se que o
diodo está diretamente polarizado e conduz. Quando neste estado, a queda de tensão é
relativamente pequena e depende do processo de fabricação do mesmo. Quando o
potencial do cátodo é maior que no anodo, o diodo está reversamente polarizado. Nesta
condição, surge uma pequena corrente reversa, ou corrente de fuga, da ordem de micro
a miliampères, aumentando lentamente em amplitude com a tensão até a tensão de
avalanche, ou tensão Zener.
A curva mostrada acima pode ser expressada pela equação do diodo Schockley,
dada por:
ID=I S (eVD /nV T−1 )
em que ID = corrente através do diodo, em A;
VD = tensão do diodo, com anodo positivo em relação ao anodo, em V;
IS = corrente de fuga, tipicamente na faixa de 10-6 a 10-15 A;
n = constante empírica conhecida como coeficiente de emissão ou fator de
idealidade, varia de 1 a 2 e depende do material do diodo.
VT é uma constante chamada tensão térmica e é dada por:
V T=kTq
em que q = carga do eletron: 1,6022∙10-19 C;
T = temperatura absoluta em kelvin;
k = constante de Boltzmann: 1,3806∙10-23 J/K.
A uma temperatura de 25°C, temos que VT = 25,8 mV.
A corrente de fuga IS é constante e varia para cada diodo. Assim a curva da
figura 2 pode ser dividida em três regiões: região de polarização direta, onde VD > 0;
região de polarização reversa, onde VD < 0; região de ruptura reversa, onde VD < -VZK.
Região de polarização direta. Quando VD > 0, a corrente ID será muito pequena se VD
for menor que um valor especifico VTD (tipicamente 0,7 V). Se VT > VTD, referida como
tensão de limiar, tensão de corte ou tensão de ligamento, então o diodo conduzirá
plenamente.
Região de polarização reversa. Quando VD < 0, então a corrente ID será dada por:
ID=I S (e−|VD|/nV T−1)≈−I S
já que o termo exponencial se torna muito pequeno. Indicando que a corrente do diodo
ID no sentido reverso é igual a constante IS.
Região de ruptura reversa. Na região de ruptura reversa, a tensão é maior que 1000 V.
A amplitude da tensão reversa excede a tensão de ruptura reversa (VBR). A corrente
reversa aumenta rapidamente com uma pequena variação da tensão além de VBR. A
operação na região de ruptura não será destrutiva se a dissipação de potência estiver
dentro de um “nível seguro”, dado pelo fabricante. Mas deve-se limitar a corrente
reversa na região de ruptura para limitar a dissipação de potência a um valor
permissível.
Curvas características da recuperação reversa
A corrente na junção diretamente polarizada se deve aos portadores majoritários
e minoritários. Um diodo conduzindo que tem sua corrente reduzida a zero por qualquer
motivo, continuará conduzindo devido aos portadores minoritários que permanecem
armazenados na junção pn e no semicondutor propriamente dito. Pois estes requerem
um certo tempo para se recombinarem com cargas opostas e serem neutralizados. Este
tempo é chamado de tempo de recuperação reversa do diodo. O tempo de recuperação trr
é medido a partir do cruzamento inicial com o zero da corrente do diodo até 25% da
corrente reversa máxima, IRR. O trr consiste de duas componentes, ta e tb, onde ta
representa do cruzamento com o zero até a corrente máxima de pico IRR e acontece
devido ao armazenamento de cargas na região de depleção da junção, e tb representa da
corrente máxima até 25% de IRR e ocorre devido ao armazenamento de carga no material
semicondutor. A relação tb/ta é conhecida como fator de suavidade.
t rr=t a+t b
O pico da corrente reversa pode ser expresso por:
IRR=tadidt
O trr depende da temperatura da junção, da taxa de decaimento da corrente direta
e da corrente direta antes da comutação.
A carga de recuperação reversa QRR é a quantidade de portadores de carga que
fluem no sentido reverso devido a mudança da condição de direta para bloqueio reverso.
A carga armazenada, que é a área abrangida pelo caminho da corrente de
recuperação, é aproximadamente:
QRR=12IRR ta+
12IRR t b=
12IRR trr
ou
IRR=2QRRt rr
Se tb for desprezível, quando comparado a ta, o que normalmente é o caso, então
trr ≈ ta, logo:
t rr≈ √ 2QRR
di /dt
e
IRR=√2QRRdidt
Nota-se então que o tempo de recuperação reversa trr e a corrente de recuperação
IRR dependem de QRR e do di/dt reverso. A carga armazenada é dependente da corrente
direta do diodo IF.
Se um diodo estiver na condição de polarização reversa e chaveia para a
condição de polarização direta, é necessário um certo tempo para que isso ocorra e este
intervalo é conhecido como tempo de recuperação direta ou tempo de religamento. Se a
taxa de crescimento da corrente direta for grande e estiver concentrada em uma pequena
área, o diodo pode falhar. Assim o tempo de recuperação direta limita a taxa de
crescimento da corrente direta e a velocidade do chaveamento.
Tipos de diodo de potencia
Dependendo das características de recuperação e de fabricação, os diodos são
classificados em três categorias: diodos padrão ou genéricos, diodos de recuperação
rápida e diodos Schottky.
Diodos genéricos. Possuem tempo de recuperação reversa alto, cerca de 25µs, e são
utilizados em aplicações de baixa velocidade onde o tempo de recuperação reversa não
é crítico. Cobrem uma área de menos de 1 A até milhares de amperes, com faixa de
tensão de 50 V até aproximadamente 5 kV.
Diodos de recuperação rápida. Possuem tempo de recuperação baixo, cerca de 5 µs, e
são comumente utilizados em conversores CC-CC e CC-CA, onde a velocidade de
recuperação é de suma importância. Cobrem uma área de menos de 1 A até centenas de
amperes, com faixa de tensão de 50 V até aproximadamente 3 kV.
Diodos Schottky. O problema do armazenamento de carga na junção é reduzido com
diodo Schottky. Isso é obtido fazendo uma “barreira de potencial” com um contato entre
metal e semicondutor. Uma camada de metal é depositada sobre uma fina camada
epitaxial de silício tipo n. A barreira de potencial atua como uma junção pn, assim a
ação retificadora depende apenas dos portadores majoritários, não havendo portadores
minoritários para se recombinarem. A recuperação deve-se apenas à capacitância
própria da junção semicondutora.
Sua carga recuperada é muito menor que a de um diodo de junção pn
equivalente, pois acontece devido a capacitância da junção e é independente do di/dt
reverso. Sua queda de tensão no sentido direto é relativamente baixa.
Sua corrente de fuga é maior que a de diodos de junção pn. Um diodo Schottky
com tensão de condução relativamente baixa possui corrente de fuga relativamente alta
e vice-versa. Assim a máxima tensão disponível é limitada a 100 V. Suas especificações
de corrente variam de 1 a 300 A. São utilizados em fontes de alimentação CC de altas
correntes e baixas tensões.
Efeitos do tempo de recuperação direto e reverso
Observando a figura 4, se a chave CH for ligada em t = 0, e permanecer ligada
por tempo suficiente, uma corrente I0 = VS/R fluirá pela carga e o diodo de comutação
Dm será polarizado reversamente. Desligando a chave em t = t1, Dm conduzirá e uma
corrente circulará por ele. Fechando novamente CH em t = t2, Dm se comportará como
um curto-circuito e a taxa de crescimento da corrente direta da chave e do diodo D1 e a
taxa de decaimento da corrente direta em Dm seriam muito elevadas, o pico da corrente
reversa IRR do diodo Dm poderia ser muito elevado e vir a danificar ambos diodos. Tal
problema é resolvido colocando um indutor de limitação de di/dt, LS, mostrado na figura
5. Os diodos requerem um certo tempo antes que toda a área se torne condutiva, e di/dt
deve ser mantido baixo para se alcançar o tempo limite de ligamento, ou tempo de
recuperação direta trf.