Resumo Computação I

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO Campus Diadema UC: Computação I Turma A RESUMO DE ARTIGOS Isis Marques

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Tecnologias da informação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO PAULOCampus DiademaUC: Computao I Turma A

RESUMO DE ARTIGOS

Isis Marques

DIADEMANovembro, 2014

RESUMOEste documento tem como objetivo o resumo de trs artigos: Formao de Professores e Tecnologias da Informao e da Comunicao: Professor, voc tem medo de qu? de Ivanildo Amaro de Araujo; As Tecnologias de Comunicao e Informao na Escola; Relaes Possveis... Relaes Construdas de Tania Maria Esperon Porto e A Apropriao das Tecnologias de Informao e Comunicao por Professores nas Prticas Pedaggicas de Valdinei Marcolla.Esses artigos descrevem experincias e resultados obtidos pelos autores na insero de Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC) nos processos escolares. O pblico alvo desses experimentos foram pedagogos em formao e professores da Rede Pblica de Ensino.

1. INTRODUOAo longo dos ltimos 30 anos, as mudanas em torno das inovaes tecnolgicas tm sido enormes. Palavras como Ipod, Iphone, Blue-ray, MP4, MSN, Facebook, Google, j fazem parte do cotidiano do vocabulrio tecnolgico1. O avano das tecnologias de informao e comunicao (TIC) no meio social tem afetado a todos. A escola, como instituio educativa da sociedade, tem sentido a insero das tecnologias de forma ainda mais direta2.A escola defronta-se com o desafio de trazer para seu contexto as informaes presentes nas tecnologias e as prprias ferramentas tecnolgicas, articulando-se com os conhecimentos escolares e propiciando a interlocuo entre os indivduos, desta forma disponibiliza aos sujeitos escolares um amplo leque de saberes que, se trabalhados em perspectiva comunicacional, garantem transformaes nas relaes vivenciadas no cotidiano escolar3.Apesar da populao se deparar com informaes/imagens que chegam sob diferentes apelos sensoriais visuais, auditivos e emocionais-, incorrendo em diferentes formas de aprendizagem alm da razo (intuio, emotividade, criatividade e relacionamentos), ainda muitas escolas no esto abertas para a incorporao, ou, quem sabe, para o desafio de um trabalho com essas linguagens em seus cotidianos3. Diante dessas linguagens, a grande maioria dos docentes (ou mesmo pais) se v apenas como usurio/telespectador. A preparao social e/ou pedaggica para seu uso no , na maioria das vezes, cogitada3.At bem pouco tempo atrs, discutia-se a importncia de se utilizar adequadamente diversos recursos tecnolgicos em sala de aula, como TV, Videocassete, Retroprojetores, etc1. Estes, para boa parte das escolas pblicas, continuam sendo os nicos recursos disponveis, quando existem e funcionam, por outro lado, notria a insero de outros recursos, como o computador no mbito escolar1. Apesar de muitas escolas possurem laboratrio de informtica, nem sempre esses so utilizados, j que no h tcnicos na escola para dar suporte, seja aos alunos ou aos professores, no manuseio dessas tecnologias digitais.A apropriao das TIC nas prticas pedaggicas permite que professores e alunos rompam com as barreiras espaciais e temporais da escola. As tecnologias oferecem escola uma possibilidade de desenvolver projetos de ensino que possibilitam dilogos com comunidades diversas em torno da produo do conhecimento2.Ao definir tecnologia, padronizou-se vincular o termo aos equipamentos e aparelhos e, com isso, a expresso tecnologia tomou forma no imaginrio de senso comum, vinculando-se mquina. Diante disso pode-se definir tecnologia como o produto do conjunto de conhecimentos e princpios cientficos que se aplicam ao planejamento, construo e utilizao de um equipamento em um determinado tipo de atividade2.No campo educacional, as tecnologias possibilitam mecanismos de pesquisa, explorao de documentos e interao entre pessoas. Deste modo, a ao de aprender ganha caractersticas singulares e o sujeito tem, tambm, a opo de transitar por caminhos nicos, que respondem s suas peculiaridades e necessidades2.Hoje, o desafio para a educao vai alm do desafio de ensinar com modernas ou tradicionais tecnologias; inclui a realidade que elas comunicam e representam, alm da comunicao que propiciam entre pessoas3. Com essa concepo, surge o entendimento de que a educao escolarizada um processo comunicacional democrtico, que pressupe a participao dos sujeitos a partir do seu contexto sociocultural, e transforma-se em um espao de socializao entre sujeitos e de socializao dos conhecimentos gerados pelos sujeitos; conhecimentos que, quando compartilhados com os outros, exercem seu papel mais amplo: contribuir para que o estudante construa-se e reconstrua-se, abra-se e aproprie-se de seu mundo3.Ensinar com e atravs das tecnologias um binmio imprescindvel educao escolar. No se trata de apenas incorporar o conhecimento das modernas tecnologias e suas linguagens. preciso avanar e ultrapassar as relaes com os suportes tecnolgicos, possibilitando comunicaes entre os sujeitos,. E destes com os suportes tradicionalmente aceitos pela escola (livros, peridicos), at os mais atuais e muitas vezes no explorados no mbito escolar (vdeos, games, televiso, internet, etc.)3.

2. EXPERINCIAS E RESULTADOS OBTIDOS Cada autor criou sua prpria metodologia de acordo com o pblico escolhido para o experimento. A fim de facilitar a leitura e o entendimento, a metodologia e os resultados obtidos por cada autor durante o experimento ser disposto em tpicos:2.1. Formao de Professores e Tecnologias da Informao e da Comunicao: Professor, voc tem medo de qu? O experimento iniciou-se no ano de 2009 com, aproximadamente 150 alunos e alunas do curso de Pedagogia da Faculdade de Educao da Baixada Fluminense, unidade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), localizada no municpio de Duque de Caxias.O objetivo do experimento era inserir os graduandos do curso de Pedagogia no manuseio de ferramentas e no aprofundamento das possibilidades epistemolgicas das tecnologias digitais; promover a reflexo crtica dos impactos/influncias dessas tecnologias na educao e no processo de ensino de lngua materna, ampliando os processos de compartilhamento e de produo de conhecimentos, formando assim, uma rede de aprendizagem colaborativa; Ter a experincia da avaliao formativa no processo de formao a partir da elaborao de portflios eletrnicos ancorados em blogs.Iniciou-se o experimento atravs da orientao aos alunos, para que estes construssem um blog para ancorar as produes referentes disciplina. O blog uma das ferramentas mais simples de manuseio e que permite o desenvolvimento de diversas capacidades no uso das tecnologias, tais como vdeo, udio, hiperlinks, imagens, fotos, slides, etc.Para que pudesse ter um quadro mais prximo da realidade dos alunos, foi aplicado um questionrio online, j que todos os alunos tinham um endereo eletrnico. Esse questionrio foi composto por questes fechadas e abertas, com o intuito de traar um perfil mais prximo da realidade dos alunos. Foram encaminhados 55 questionrios e foram devolvidos 49 questionrios, devidamente respondidos e preenchidos. Dos dados recebidos, obtivemos as seguintes respostas: 85% dos alunos responderam que possuem acesso internet em casa; 38% possuem conexo via discada, 51% conexo rpida, 8% indicaram que o acesso feito via rdio e 3% no responderam. 49% utilizam a internet desde 4 a 6 anos, 20% desde 7 a 10 anos, 15% desde 1 a 3 anos, 13% h menos de um ano e 3% utilizam a internet h mais de 10 anos. 49% acessam a internet diariamente, 31% de trs ou mais vezes durante a semana, 13% acessam duas vezes por semana, 3% acessam uma vez por semana e 5% raramente acessam. 75% acessam a internet, com maior frequncia, em casa; 10% acessam no trabalho; 5% na universidade; 5% na casa de amigos e parentes e 5% em cybercafs e lan houses. curioso perceber que no tpico que perguntava sobre a modalidade de conexo, foram colocadas apenas duas alternativas: conexo discada e conexo banda larga. O percentual de 8% indicou, escrevendo a expresso via rdio sem assinalar qualquer uma das alternativas dadas. Pelos dados, descobriu-se que h um nmero grande que possui acesso internet. Ento procurou-se intensificar e incentivar o uso do laboratrio de informtica da faculdade, que conta com 40 computadores conectados em rede. Em seguida, foi o momento de desvendar os segredos de como fazer um blog. As questes abertas indicaram algumas dificuldades a enfrentar: desconhecimento do que era um blog e como constru-lo; dificuldades na utilizao de ferramentas da internet, como: inserir vdeos e hiperlinks; dificuldades em fazer pesquisas selecionando as informaes; e dificuldades em editar as produes nos blogs. Alm desse levantamento, foram observadas as intervenes em sala de aula e o aparente desconforto de alunos na elaborao dos blogs. Nesse sentido, descortinar os sentidos e as funes dos usos do blog foi uma das tarefas iniciais. Foi necessrio constituir aes que se distanciassem do tecno-otimismo ingnuo (tecnointegrados) e do rechao medroso da tcnica (tecnoapocalpticos).Ao pensar na insero do manuseio dessa ferramenta nos cursos de formao, contribui-se para que o professor possa vivenciar situaes de aprendizagem que o levem a pensar de forma crtica as potencialidades e as limitaes das tecnologias da informao e da comunicao sobre os processos educacionais. Um aspecto importante que o papel do professor essencial como orientador do processo de aprendizagem, pois ele o sujeito de mediao entre o aluno e os objetos de conhecimento. Conhecer as tecnologias disponveis e suas possibilidades fornece ao docente subsdios importantes para o planejamento de suas aulas e para conseguir os objetivos de aprendizagem. preciso romper com estruturas enraizadas h muito tempo e dissolver os receios das tecnologias digitais. Nesse experimento, os medos estiveram, mas no se tornaram grandes entraves. Toda e qualquer inovao gera ansiedades, receios, resistncias, temores, inseguranas. Alguns alunos receberam a proposta com maior resistncia por alguns motivos elencados por eles, compreensveis, e percebidos em seus registros nos blogs: mudanas no currculo do curso de Pedagogia, realizao de estgio supervisionado, elaborao do trabalho de concluso de curso e o desenvolvimento das demais disciplinas.O blog foi construdo individualmente, porm poderia contar com produes coletivas e com contribuies de outros colegas, estabelecendo uma rede de colaborao nas aprendizagens. A maioria dos alunos compreendeu melhor a proposta e a importncia de utilizar as tecnologias da informao e da comunicao nos processos educacionais, assumindo, assim, o desafio de elaborar o trabalho com o blog. Os registros nos blogs eram semanais e deveriam apresentar impresses, sensaes e reflexes sobre as aulas, sobre os textos discutidos, sobre as atividades realizadas Os registros dos alunos representam o entendimento da importncia do blog no processo de construo do conhecimento: constituio da autonomia, manuseio dos recursos tecnolgicos, superao da avaliao tradicional. Em seguida, foram definidos os propsitos gerais da elaborao do portflio eletrnico. Os propsitos so os orientadores para o trabalho pedaggico. Dessa forma, as decises tomadas sistematizam as necessidades de evidenciar os conhecimentos em processo, bem como aqueles que se consolidaram e os que ainda apresentam certos conflitos.Os propsitos gerais definidos foram: manusear mltiplas ferramentas tecnolgicas, proporcionando a expresso de linguagens diferenciadas e a evidncia de aprendizagens mltiplas; proporcionar a integrao entre teoria e prtica no mbito das discusses pedaggicas e educacionais; evidenciar os processos de aprendizagem relativos s capacidades de manuseio das ferramentas tecnolgicas digitais, articulando-as expresso do pensamento reflexivo e crtico do conhecimento especfico das disciplinas; vivenciar a avaliao formativa como princpio terico/prtico para o trabalho pedaggico do professor e dos graduandos de modo a propiciar uma atuao conjunta e colaborativa para promover as aprendizagens; e sistematizar as produes para evidenciar os progressos nas aprendizagens.

Definidos os propsitos gerais e especficos, passou-se para a elaborao dos descritores. Os descritores servem como balizadores para avaliao do professor e, consequentemente, contribuem para que o aluno construa um processo de autoavaliao. So, portanto, os descritores: cumprimento dos propsitos gerais e especficos; cumprimento de prazos; construo processual; organizao que facilita a compreenso das produes; apresentao de anlise/reflexo das produes e de outros materiais includos; correo lingustica das produes; utilizao de mltiplas linguagens (fotos, vdeos, udio etc.); existncia de materiais complementares relacionados s temticas discutidas; apresentao de sntese conclusiva e apresentao de avaliao final do processo de construo e elaborao do portflio eletrnico.Um outro momento importante desse processo foram as socializaes. Elas tiveram o objetivo de apresentar avanos, dificuldades e caminhos para superar os obstculos de cada um dos alunos.Um aspecto interessante que emerge dessa socializao a afirmao da aluna sobre sua capacidade de tomar decises. Isso expressa sua capacidade de constituir-se como sujeito que produz o conhecimento e que se coloca de forma ativa nesse processo. Apesar dos avanos sentidos, no possvel fugirmos a alguns desafios que se colocam como necessrios de serem enfrentados: racionalizar a articulao tempo/produo/elaborao dos blogs por parte dos alunos, tendo em vista que muitos trabalham e desenvolvem outras atividades; incrementar a parceria colaborativa entre os alunos; ampliar as possibilidades de constituio da autonomia e das capacidades de tomar decises sobre o prprio processo de construo do conhecimento; e ampliar o conceito de evidncia das aprendizagens e atitude crtico-reflexiva.

2.2. A Apropriao das Tecnologias de Informao e Comunicao por Professores nas Prticas PedaggicasO experimento foi realizado com os professores do curso tcnico integrado de Manuteno e Suporte em informtica (PROEJA) do Campus Pelotas do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul), com o objetivo de entrevistar e observar as prticas docentes, procurando destacar algumas formas de uso das TIC nas prticas escolares pelo professores.Na anlise das entrevistas, foi possvel perceber que os professores, quando questionados sobre as TIC emitem conceitos de tecnologia que se aproximam aos usos que eles fazem delas em experincias profissionais e pessoais. Em suas concepes esto presentes as relaes que estabelecem com as ferramentas tecnolgicas no seu dia a dia, seja nas suas residncias ou na escola.Para 65% dos 17 professores entrevistados, o conceito de tecnologias est vinculado imagem da ferramenta tecnolgica, que lhes auxilia nas atividades pessoais e profissionais. No entender destes professores, por meio das tecnologias que eles estabelecem a comunicao com amigos, com o grupo de professores e com os alunos. Tambm, nelas que eles buscam informaes e contedos para a formao continuada e para uso no preparo das aulas e na prtica em sala de aula. No entender desses professores, as tecnologias servem como ferramentas de trabalho, sejam elas antigas como o giz e a lousa, ou modernas como o computador, a internet, etc. Segundo eles, essas ferramentas lhes permitem ilustrar momentos histricos, simular reaes qumicas e fsicas, etc., auxiliando no desenvolvimento dos contedos e subsidiando as discusses e as anlises propostas pelos professores.Nas prticas dos professores que compreendem as TIC como ferramentas, possvel perceber um movimento de aproximao entre os contedos trabalhados e o uso que eles fazem delas. Neste caso, normalmente, a tecnologia utilizada como um instrumento ilustrativo, que tende a exemplificar os contedos at ento trabalhados teoricamente. Para eles, as TIC possibilitam aos alunos a visualizao dos conhecimentos at ento desenvolvidos de forma terica e/ou abstrata. Eles assinalam que por meio de imagens e/ou de vdeos (filmes, documentrios e animaes) os contedos tornam-se mais concretos e compreendidos pelos estudantes.Nas consideraes de 4 professores, ficou evidente que eles tm procurado utilizar as tecnologias constantemente em suas prticas de ensino. Para eles, as TIC possibilitam prticas mais atrativas, riqueza de informaes, problemas para serem discutidos e outra dinmica no desenvolvimento dos contedos. Nesses casos, percebeu-se que um dos papis das TIC o de substituio de ferramentas didticas, j que os professores levavam para a sala de aula textos retirados da internet, deixando de fazer uso dos textos obtidos nos livros didticos. Nas prticas destes professores observou-se que as aulas iniciavam com a distribuio de textos, que eram lidos de forma coletiva e esmiuados pelos docentes (pargrafo por pargrafo ou, ainda, frase por frase).Ao analisar as consideraes dos professores verifica-se que os docentes tm se apropriado das TIC como instrumento de aprendizagem, de interaes e articulaes com o conhecimento e o intuito de agregar informaes e saberes s suas prticas. Percebe-se, tambm, a entrada das TIC no dia a dia dos sujeitos como elementos proporcionadores de mltiplas trocas comunicativas entre os sujeitos escolares, ampliando a ideia dos espaos e tempos de ensinar e aprender que antes estava restrito ao permetro da sala de aula.J no depoimento de um professor, foi possvel perceber que a insero das TIC acontece quando ele leva os alunos ao laboratrio para que vivenciem, em um ambiente virtual, a dinmica e a complexidade da gesto de uma empresa.Na prtica de trs professores, os textos tericos eram apenas substitudos por outros tipos de textos (normalmente, imagticos), que deviam ser lidos e interpretados como textos didticos.As TIC alteram nossos padres de pensamento e de cognio do mundo. Alm de tudo, as tecnologias tiram a referncia espacial e sensrio-motora, tendo em vista que o texto, agora, aparece como algo no palpvel. Este novo texto surge como um grande mapa, que tem uma amplitude hipertextual, um caleidoscpio de imagens e de letras cuja ordenao no comporta mais a regularidade linear de pginas em sequnciaO que est posto para a escola e extensivamente para a cultura escolar no a simples superao de uma tecnologia, mas a necessidade da criao de uma articulao entre as tecnologias, visto que o manuscrito no substituiu a palavra falada, assim como o impresso no levou ao desaparecimento do uso da letra de mo e o computador no destruir o impresso. Os educadores tm que repensar as prticas cotidianas, levando em considerao a existncia de outras tecnologias, que alteram a forma de aprendizagem e transformam substancialmente o processo mental que preside nossa atual organizao de ensino.

2.3. As Tecnologias de Comunicao e Informao na Escola; Relaes Possveis... Relaes ConstrudasO experimento foi realizado com, aproximadamente, 50 professores de 5 8 srie do ensino fundamental de uma escola pblica de Pelotas (RS), com o apoio da FAPERGS e do CNPq, no perodo de 1997 a 2002, com o objetivo de pesquisa-ao na formao docente em servio.A metodologia de trabalho adotada para a formao docente compreendeu um conjunto de mtodos de comunicao interpessoal e participativos, permitindo aos professores o entendimento e a compreenso da realidade em suas mltiplas apresentaes, e aos pesquisadores, a compreenso da realidade escolar e, em especial, dos processos de formao docente em servio. A partir dos interesses dos sujeitos escolares, foi desenvolvida a dialogicidade da pesquisadora com os docentes e discentes, destes entre si, e de todo o grupo com algumas tecnologias disponveis no espao escolar, o que lhes permitiu maior expresso e diferentes formas de comunicao.Alem dos questionrios e entrevistas, foram realizados encontros (semanais e/ou quinzenais) com os professores, no prprio local de trabalho, como uma extenso da atividade pedaggica na escola. Todos os encontros foram gravados, com o consentimento deles, embora, a princpio, demonstrassem um pouco de inibio para falar.No contexto da escola, houve dificuldade em lidar com textos tericos que comumente so lidados nos cursos de formao docente, pois os professores no demonstravam disponibilidade para realizar leituras (de fundamentao) alm daquelas que, em seu ponto de vista, seriam necessrias profisso: portugus, matemtica, etc. A princpio, encaravam a escola como lugar de trabalho, distanciado do processo de sua formao.Teve-se a preocupao de trazer diferentes linguagens que acentuassem sua participao e no caracterizassem o trabalho como uma aula (ou palestra) dada por um professor universitrio. No inicio criou-se situaes concretas para vivenciar a pedagogia da comunicao, a partir da comeou-se o trabalho com metodologias dialgico-participativas com meios de comunicao, que algumas vezes foram usadas como temas geradores de debates, outras como caminho/recurso para chegar aos objetivos propostos e, ainda, como forma de aproximao e interao entre os sujeitos escolares. Discutiu-se poesias, crnicas e textos reflexivos sobre a escola, tecnologias, professor e aluno adolescente (sexualidade, drogas). Alm desses, foram selecionados alguns recortes de jornais e de revistas, textos imagticos (filmes, segmentos de programas televisivos, programas da TV Escola). Tambm houve palestras, oficinas pedaggicas, seminrios, oficinas de msicas e vivencia em dramatizaes e psicodramas com histrias e/ou situaes socioescolares, vieram professores de outras escolas para apresentar experincias e auxiliar na reflexo sobre os componentes curriculares. Para as oficinas e seminrios, procurou trazer convidados que, alm de atenderem s solicitaes docentes e discentes, trouxessem resultados de pesquisas (para que tivessem contato com o processo, desmistificando-o), que proporcionassem atividades prticas nos diferentes componentes curriculares e que relatassem o uso de experincias (e/ou pesquisas) com tecnologias e temas culturais, conduzindo os docentes reflexo coletiva. Esta atitude foi adotada porque acredita-se que pouco adianta discutir uma metodologia ou assunto x se os professores no tiverem vivenciado experincias nesse sentido.Foram aproveitadas experincias dos docentes adquiridas em contato com as tecnologias da informao e comunicao, com os amigos e com a famlia. Eles trouxeram para a escola culturas, valores, conhecimentos e atitudes adquiridos nesses contatos.A revitalizao e superao dos saberes de senso comum permitiram-lhes uma ligao com os questionamentos de sua poca, de seus problemas reais. O contato com o cotidiano desencadeou processos de conscientizao e aprendizagem, com a consequente aquisio de instrumentos crticos provindos da cincia.Privilegiou o uso de diferentes linguagens para a abordagem do conhecimento e para o estabelecimento de relaes entre indivduos, pois a maioria dos textos pedaggicos abole as emoes, o humor, a ironia e os sentimentos quando pretendem aproximar-se de uma fala mais cientfica, o que dificulta a interlocuo entre os sujeitos.A pesquisa na escola mostrou, para fundamentar as mudanas pretendidas, que os professores necessitavam sentir-se valorizados, exercitar sua capacidade analtica e dialogar sobre vivncias pessoais e profissionais, tendo como pano de fundo referenciais terico-prticos da pesquisadora e deles prprios.A formao do docente em formao, vai alm de relaes lgico-cognitivas proporcionadas pela relao entre sujeitos e textos lineares; vai alm do uso das tecnologias como apoio visual, ou seja, mera ilustrao do escrito/falado, porque ativam emoes e propiciam associaes mobilizadoras de comportamentos e atitudes. Nesta pesquisa-ao, o uso de dialogicidade, de diferentes ferramentas tecnolgicas e metodologias comunicacionais que trabalham com o corpo e com as emoes/sensaes dos docentes, serviram para resgatar imagens de sua infncia/adolescncia, contribuindo para que eles refletissem sobre si mesmos (comunicao intrapessoal) e percebessem sentidos e significados (vividos, planejados, superados, imaginados, vencidos, no alcanados...), racionalizando sobre seu potencial de sujeito adulto professor. Esses momentos foram importantes, pois lhes permitiram refletir sobre sua identidade, sua essncia, expressando-se de forma natural e espontnea. Foi observado, que os professores sentiram-se vontade para expressar, com linguagens corporais e pictricas, aspectos do cotidiano vivido e discutido, principalmente em relao profisso.Tradicionalmente, as escolas tm se preocupado com os contedos curriculares a serem vencidos. Esta prtica desagrada muitos professores e estudantes que entendem que o currculo deve conter temas relevantes e atraentes s experincias discentes, conectando os com a vida e a realidade social em que vivem. No entender desses professores, importante que sejam valorizados os saberes e experincias dos alunos; muitos deles, porm, admitem ter dificuldade para lidar com essas situaes devido a falhas observadas em seu processo de formao e/ou de trabalho.Professores e alunos, imersos nas culturas dos meios de comunicao, trazem para a escola temas a presentes, com pontos de identificao com seus cotidianos culturais. A convivncia com os jovens estudantes e os trabalhos realizados com os docentes e tecnologias/meios de comunicao evidenciaram a importncia educativa de um recurso que a escola tem deixado de utilizar: a prpria vida.Assim, a escola, ao utilizar temas do cotidiano discente e linguagens tecnolgicas e comunicacionais em processos de formao docente: trabalha com um material que faz parte do dia-a-dia dos sujeitos escolares e agradvel a eles; introduz a vida na escola, chegando por meio de textos imagticos s inquietudes, interesses e dvidas de professores e alunos sobre temas vitais; envolve os docentes em experimentaes pedaggicas com novas linguagens; faz aflorar percepes e situaes vividas no dia-a-dia, que interferem em sua prtica profissional; propicia aprendizagens para alm das racionalidades, envolvendo sensibilidade, intuio, emoo e desejo; possibilita interao entre os professores, destes com os estudantes, e de ambos com os conhecimentos escolares e as tecnologias, aumentando o poder de deciso e de criao dos sujeitos; colabora no s com a formao do sujeito crtico, mas conduz formao do cidado crtico.

3. CONSIDERAES FINAISA utilizao de TIC nas escolas uma discusso que traz tona o antagonismo entre o moderno e as aulas tradicionais, pois essas aulas devem ser conduzidas de forma inovadora para que consiga ser produtiva. O uso da tecnologia de forma geral e, sobretudo na Educao pode transformar a sociedade, e para tanto se faz necessrio que o seu acesso no seja restrito, mas que todos possuam condies de us-las. Sabe-se que os desafios com relao ao uso de tecnologias da informao e comunicao no espao/tempo das salas de aula so grandes, mas deve ser, mesmo que a passos lentos, inserida nas salas de aula. Deve ser refletido sobre as potencialidades de seu uso, no processo de organizao do trabalho pedaggico, mesmo sob a tecnofobia, tecnofilia, diante do processo de mutaes constantes da sociedade contempornea1. Percebe-se que fundamental que as faculdades de educao e os cursos de formao de professores favoream a ampliao do debate sobre a configurao de uma nova escola, de uma nova sala de aula e de um novo professor1.As TIC devem ser integradas no contexto escolar no como meros suportes ou ferramentas tecnolgicas de ensino, mas como parte integrante do processo de ensinar; sendo propiciadora de dilogo e interlocuo entre os sujeitos (professor e aluno). Ela um processo e no um recurso2.No basta possuir um computador conectado internet e o professor levar o aluno para o laboratrio de informtica ou a sala de vdeo, preciso o envolvimento do professor e aluno para construrem outra forma de lidar com os conhecimentos, j que o uso das TIC na escola est diretamente ligado liberdade de alunos e professores construrem conhecimentos que so, para eles, importantes, estabelecendo uma relao direta entre os interesses e o currculo escolar2.O trabalho escolar com as tecnologias de comunicao e informao supe mudar a ordem do processo educativo, no qual, tradicionalmente, o professor decide arbitrariamente o que ensinar. A apropriao das TIC supera e rompe hbitos, rotinas, ritmos e prticas que, ao longo do tempo, foram consolidadas e tornaram-se marcos de referncia de uma cultura escolar3.Os estudantes relacionam-se com os meios tecnolgicos e de comunicao, aprendendo as mensagens/imagens que lhes sejam teis e que mais se adaptam ao seu modo de ver. O universo dos jovens multissensorial e dinmico, as imagens dos meios tecnolgicos de informao e comunicao possibilitam a gratificao sensorial, visual e auditiva, permitindo-lhe que estabeleam associaes entre fatos e vivncias, ao contrrio do que acontece com os textos escolares3.A TIC apenas uma parte de um contnuo desenvolvimento de tecnologias, a comear pelo giz e os livros, todos podendo apoiar e enriquecer a aprendizagem; ela como qualquer ferramenta deve ser usada e adaptada para servir a fins educacionais. O uso de tecnologias no processo da aprendizagem imperativo para atual sociedade pautada na velocidade da Informao, se encerrado, portanto, a era do professor como detentor do conhecimento e iniciando-se a fase do orientador de aprendizagem e socializador de saberes.

4. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

[1] ARAUJO, I. A. Formao de Professores e Tecnologias da Informao e da Comunicao: Professor, voc tem medo de qu?. UERJ; Rio de Janeiro, 2010. [2] MARCOLLA, V. A Apropriao das Tecnologias de Informao e Comunicao por Professores nas Prticas Pedaggicas. IX ANPED SUL - Seminrio de Pesquisa em Educao da Regio Sul; Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul, 2012.[3] PORTO, T. M. E. As Tecnologias de Comunicao e Informao na Escola; Relaes Possveis... Relaes Construdas. Revista Brasileira de Educao; Vol 11, n31. 2006.

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