Resumo da Operação Sinal Fechado e da Operação Pecado Capital

download Resumo da Operação Sinal Fechado e da Operação Pecado Capital

of 26

description

Resumo de material publicado no blog sobre as Operações Sinal Fechado e Pecado Capital

Transcript of Resumo da Operação Sinal Fechado e da Operação Pecado Capital

Era uma manh de segunda-feira, em setembro. Eu chegava ao trabalho ouvindo o Jornal 96 no rdio do carro. A primeira informao dava conta de viaturas da Polcia Militar, acompanhando promotores pblicos estaduais em busca, apreenso e prises. O lder da organizao criminosa desbaratada nessa operao, batizada com o ttulo de uma cano de Paulinho da Viola ("Pecado Capital"), Rychardson Macedo, era um jovem advogado, ligado politicamente ao deputado estadual Gilson Moura (PV). Gilson, aliado do governo Wilma de Faria (PSB), indicara Rychardson como presidente do Instituto de Pesos e Medidas do Rio Grande do Norte. A autarquia estadual recebe recursos do Inmetro, razo pela qual a investigao e o processo foram conduzidos, posteriormente, para a Justia Federal. Rychardson cou conhecido em Natal quando, dois anos atrs, levava sua lancha particular para a regio de arrecifes conhecida como parrachos, na praia de Pirangi, litoral sul do estado. Ali, abria paredes de som e, reza a lenda, lavava os ps com usque. Exibia sua riqueza e despertava ateno. A investigao teve incio a partir de uma auditoria do TCU que apontou indcios do desvio de R$ 4 milhes do IPEM entre janeiro de 2009 e maro de 2010. Esse valor foi fraudado atravs de dispensa irregular de licitao, sob argumento de emergncia, para a reformas da sede do rgo. Os servios, avaliados em R$ 50.746,44, foram pagos por R$ 142.835,26, um superfaturamenteo superior a 180%, apontou o relatrio da auditoria. Mas no cou nisso. A investigao conduzida pelo Ministrio Pblico estadual revelou que a organizao tambm desviou recursos utilizando funcionrios terceirizados fantasmas e o pagamento de falsas dirias de viagem. Rychardson saiu, em trs anos, de morador de uma casa de classe mdia na zona sul de Natal a scio e proprietrio de quatro empresas na cidade, incluindo um supermercado. As empresas esto sob administrao judicial. A suspeita que serviam lavagem do dinheiro desviado pela fraude. As relaes polticas dos envolvidos na Operao Pecado Capital vo alm do apadrinhamento de Rychardson por Gilson Moura. Um dos acusados, que era procurador do IPEM na gesto de Rychardson, o advogado Daniel Vale Bezerra. Daniel foi candidato a vereador em Rio do Fogo (RN) pelo PR em 2008. Alm disso, estava atuando no DETRAN em 2011 - que tinha como diretor-geral rico Ferreira, denunciado por corrupo em outra operao (a Sinal Fechado, sobre a qual falo a seguir) e lho desembargador do TJ-RN, Expedito Ferreira. J o prprio Rychardson de Macedo Bernardo tambm alvo de investigao no TRE. O Dirio da Justia do dia 24 de agosto de 2011, poucas semanas antes de a Operao ser deagrada, traz uma deciso do TRE-RN sobre representao do Ministrio Pblico Eleitoral contra Rychardson Rosrio de Macedo Bernardo por doao de recursos acima do limite legal permitido na Campanha Eleitoral de 2010. A deciso do TRE autoriza a quebra de sigilo scal do empresrio para averiguar a suposta discrepncia entre seus bens declarados e a doao eleitoral feita. A publicao no Dirio da Justia no informa quem foi o beneciado pela doao. Diz a representao do MP que para o o deslinde da questo posta faz-se necessria a informao da Receita Federal acerca do valor que o Representado auferiu no exerccio de 2010, ano-base de 2009, em razo de os dados constantes dos autos terem sido obtidos do cruzamento de dados do TSE com a Receita Federal, no estando imune a equvocos. O acesso a tais dados, ainda que sob o manto do sigilo scal, no podem ser obstados quando estiver em jogo o interesse da Justia e tambm da sociedade, como o caso dos autos, posto haver fortes indcios de infrao legislao eleitoral. A deciso do tribunal foi deferir os pedidos do Ministrio Pblico Eleitoral constantes dos tens "i", "ii" e "iii" da inicial, inclusive no tocante quebra de sigilo scal relativo ao perodo em exame. (...) Determino, ainda, requisio Receita Federal, para remessa da

declarao de renda do Representando, como requerida pelo Parquet; e seja ociado a Presidncia do TRE-RN solicitando cpias dos recibos eleitorais emitidos em favor do Representado e que atualmente encontram-se nos autos de prestao de contas l arquivados. O atual presidente do TRE, alis, o desembargador do TJ-RN, Saraiva Sobrinho. Uma de suas lhas, Sayonara, aparece na lista de funcionrias terceirizadas do IPEM e pesa contra ela tambm um depoimento que lhe atribua receber dois salrios: como funcionria e como estagiria. O ex-diretor do Ipem/RN, Rychardson de Macedo Bernardo, doou 61,6% de seus rendimentos ociais em 2010 para as campanhas polticas dos deputados Gilson Moura e Paulo Wagner, ambos do PV, segundo dados ociais do Tribunal Regional Eleitoral e da Declarao de Imposto de Renda do acusado presente na petio do Ministrio PblicoEstadual. Rychardson, scio de quatro empresas, segundo sua declarao do Imposto de Renda, teve em 2010 R$ 58.038,75 de rendimentos, sendo R$ 24.167 vindos do prprio Ipem e R$ 33.871,75 da Assemblia Legislativa do RN. Desse valor, ele doou R$ 30.194 para a campanha de Paulo Wagner e R$ 5,6 mil para Gilson Moura. A organizao teve ainda poder para "afastar" um delegado que pretendia investigar os supostos crimes administrativos cometidos no Ipem. Segundo o Ministrio Pblico, o delegado Matias Lauretino teria sido destitudo das funes como adjunto da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Ordem Tributria (Deicot) a pedido de Rychardson de Macedo Bernardo, ex-diretor da autarquia. Por isso, a Operao foi realizada com o apoio da PM e no da Polcia Civil. As relaes polticas so mais amplas. Outros dois deputados estaduais so referidos nas interceptaes telefnicas. Fbio Dantas (PHS) tinha uma irm na lista de funcionrios supostamente fantasmas. O deputado estadual Dibson Nasser (PSDB), lho do ex-presidente da Cmara Municipal de Natal, Dickson Nasser (sem partido), citado convencendo uma testemunha do processo a mudar o depoimento para proteger a quadrilha. Alis, mesmo o nome Dickson aparece em alguns momentos, mas sem car claro que se trate do vereador. O vereador Dickson Nasser, quando presidente da Cmara, estabeleceu contrato de terceirizao com a mesma empresa envolvida nas fraudes do IPEM, a SS Empreendimentos. Dickson acaba de ser condenado no processo da Operao Impacto, que investigou a compra de votos dos vereadores da cidade em 2007 por empresrios do ramo imobilirio durante o processo de reviso do Plano Diretor de Natal. Alm desses, os nomes de Fernando Faria e Lauro Maia, respectivamente irmo e lho da ex-governadora Wilma de Faria (PSB), so citados nas gravaes como responsveis pela manuteno de funcionrios fantasmas no Instituto de Pesos e Medidas. A denncia apresentada pelo Ministrio Pblico estadual foi aceita pela Justia. Pouco depois, a ao migrou para a Justia Federal. H poucos dias, Rychardson teve a priso relaxada. O processo corre em sigilo, mas camos sabendo que dois veculos do acusado foram apreendidos nas ltimas semanas. A apreenso havia sido determinada ainda em setembro, mas os carros no haviam sido encontrados. Ao redor de um dos carros foram erguidas paredes, sem portas ou janelas, no antigo endereo do acusado de liderar a organizao. Tudo para que no fosse encontrado. O outro veiculo foi apreendido de posse de uma das advogadas de Rychardson. Sinal Fechado Dois meses depois, a mesma equipe de promotores da defesa do patrimnio pblico deagrou uma nova operao batizada com ttulo de msica de Paulinho da Viola ("Sinal Fechado"). "Um de ns f de Paulinho", disseram-me eles certa vez. A Operao Sinal Fechado o resultado de investigao que se iniciou sobre o processo de inspeo veicular obrigatria, mas que revelou um esquema mais antigo e sosticado

de corrupo. A denncia foi apresentada justia pelo MP no incio de dezembro e, at o momento, a juza responsvel no se pronunciou sobre o caso. A primeira coisa que chama a ateno na nova operao a repetio de vrios nomes entre citados e denunciados: * Os nomes dos desembargadores Saraiva Sobrinho e Expedito Ferreira. O primeiro no citado to diretamente na Operao Sinal Fechado. No entanto, ele demonstrou proximidade com o caso. Primeiro, Edson Faustino, investigado e lho do preso Joo Faustino, seu assessor jurdico. Nessa condio, deferiu uma liminar em favor da organizao criminosa do INSPARem abril passado. Depois, quando assumiu o TRE, alm de levar consigo Edson Faustino, nomeou o genro de Joo Faustino, Marcus Procpio, como coordenador de patrimnio. Marcus tambm um dos acusados na Operao Sinal Fechado. No incio de dezembro, Saraiva foi denunciado ao Conselho Nacional de Justia. Os documentos apreendidos pelo Ministrio Pblico indicaram que o desembargador recebeu vantagens indevidas para transferir as investigaes sobre a inspeo veicular para a Justia Federal. J Expedito Ferreira aparece mais diretamente sendo citado em algumas interceptaes telefnicas. Mais claramente aqui ca evidenciado que ambos, ele e o lho rico, conheceram a organizao, o esquema de fraude, mas no o denunciaram, parecendo interessados em participar. Faz sentido, uma vez que rico Ferreira era o diretor-geral do Detran. Foi denunciado por ter recebido propina dos envolvidos na organizao criminosa. * O nome de Lauro Maia. Enquanto nas gravaes da Operao Pecado Capital os acusados falavam sobre os fantasmas de Lauro e Fernando, no caso da Operao Sinal Fechado Lauro gura claramente como "testa de ferro" da me, a ex-governadora Wilma de Faria (PSB), sendo acusado de receber propina da organizao criminosa. Destaque-se que nos mais recentes escndalos de corrupo do RN o nome de Lauro sempre esteve presente. No apenas pela denncia contra o atual diretor-geral do Detran/RN, rico Ferreira, que a investigao da Promotoria de Defesa do Patrimnio Pblico entra pelas portas do governo Rosalba Ciarlini (DEM), apesar de ser essa a manifestao mais evidente. Enquanto os indcios do envolvimento dos ex-governadores Wilma de Faria e Iber Ferreira esto cada vez mais presentes nas pginas dos jornais e na blogosfera, a incurso da organizao criminosa no governo Rosalba estava restrita s notas de rodap at a denncia apresentada pelo Ministrio Pblico contra o diretor-geral do Detran, rico Ferreira. Com a presso da mdia e da opinio pblica, o governo Rosalba suspendeu a vigncia do contrato que previa a inspeo veicular obrigatria em 7 de janeiro, por 45 dias. Em 9 de fevereiro, a governadora anunciou a anulao do contrato com o INSPAR, ainda que dissesse tambm que seria analisada a melhor maneira de realizar a inspeo veicular no estado. Mesmo assim, apenas no m de maio o contrato foi efetivamente cancelado. Por qu? O que acontecia nos bastidores? Qual a soluo que Cassiano anunciou grupo que Joo Faustino concebera? Antes disso, porm, precisamos avanar at julho. Mesmo depois da suspenso e posterior cancelamento do contrato entre Detran e Inspar, a organizao criminosa continuou se movimentando. E fez presso sobre o vice-governador Robinson Faria (PSD) e sobre o primeiro-cavalheiro Carlos Augusto Rosado.

Carlos Augusto Rosado disse a Gilmar da Montana que, sobre reabrir o negcio da inspeo, "esse ano no d mais, e que por ele no sabe quando". Gilmar disse a Mou tambm neste telefonema, de 12 de julho, que havia um acerto com rico Ferreira mas que o diretor-geral do Detran "agora diz que no pode". Em outra ligao, em agosto, Alcides diz a George Olmpio que o problema para as negociaes com o governo Rosalba no avanarem que Carlos Augusto Rosado tem "dio" de George. As conversas entre Alcides Barbosa e Pablo, em maio, revelam mais detalhes da negociao travada com o governo Rosalba. Alcides fala da possibilidade de chegar ao vice-governador Robinson Faria, inclusive se utilizando de sua proximidade com o prefeito Gilberto Kassab, principal articulador do partido do vice-governador Robinson, o PSD. O mais grave entre as coisas que so ditas nesse dilogo a constatao de que Robinson a ltima resistncia a um acordo pela retomada da inspeo veicular no governo Rosalba. Os dois tm a inteno de envolver o vice-governador oferecendo construir as bases em terrenos de sua propriedade. Se parecer que Robinson tem uma resistncia tica ao envolvimento com a questo, Pablo trata de esclarecer. Diz a transcrio que Pablo "j tinha iniciado essa conversa, e que o mesmo est esperando retorno dele, mas parou um pouco por no precisar mais, mas agora s retomar". No dia seguinte, os dois se falam novamente sobre essa articulao com Robinson Faria. Fica claro que Robinson tem resistncia contra um dos participantes do esquema fraudulento, mas no ca claro contra quem. Pablo diz que com Alcides no tem problema. E Pablo, demonstrando que o vice-governador j conhecia as propostas que o grupo poderia apresentar, diz que pode apresentar Alcides dizendo que "o parceiro da inspeo de So Paulo, o cara que trouxe a Direcional pra c tambm e interessante voc receber esse cara". Pablo pergunta a Alcides se interessante apresent-lo como ligado a Kassab, que responde no ser necessrio, "mas pode dizer que um cara que j trabalhou com o KASSAB quando o mesmo foi secretrio do PITTA, e pede que no deixe isso vazar para ningum". Em uma gravao, um dos denunciados diz que uma diculdade de negociao com o governo a presso de Marcos Rola, da construtora EIT. nesse ponto que cabe trazer para a histria o outro ponto de negociao com o governo do Estado. o senador Jos Agripino (DEM), de quem Joo Faustino suplente. A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) anunciou o cancelamento do contrato entre Detran e Inspar na tarde do dia 9 de fevereiro, mas os integrantes da quadrilha j sabiam, desde o nal da manh, que "a ordem para mandar cancelar". Eduardo Patrcio diz a George, ento, que a soluo possvel "seguir com Jos [Agripino]". Alm disso, George est embarcando para Braslia para uma reunio com o senador. Cerca de duas horas depois de George dizer a Gilmar que estava indo a Braslia, Joo Faustino diz a George que falou com Jos Agripino "e este iria ligar para Governadora e para Paulo de Tarso". A reunio entre George e Jos Agripino, com o advogado Jos Delgado seria s 18h no gabinete do senador em Braslia. Jos Agripino, o senador "probo", intercedeu em favor do consrcio Inspar. Chegou a ser noticiado que o consrcio havia contribudo com R$ 700 mil na sua campanha. Os promotores do Patrimnio Pblico descobriram que a organizao criminosa repassou R$ 140 mil para o denunciado Eduardo Patrcio, que na transcrio acima arma que agora restava seguir com Jos Agripino. A a Delphi Engenharia, empresa de Eduardo, repassou, em trs parcelas, R$ 150 mil para a campanha de Wilma de Faria.O Ministrio Pblico acredita que essa tenha sido uma triangulao para que o consrcio doasse campanha de Wilma.

Com base nessa informao, possvel supor outros desdobramentos. Se Iber recebeu R$ 1 milho do esquema fraudulento, como revelam as escutas, o dinheiro deve ter seguido para a campanha. Pode ter entrado para caixa dois, mas provavelmente a entrada nas contas de campanha deve ter sido legalizada. Nas prestaes de contas do PSB e de Iber h apenas uma doao cujo valor R$ 1 milho:

Ser que houve triangulao semelhante nas doaes? Entre os dias 13 e 22 de setembro h uma movimentao intensa nas contas do DEM e do senador, envolvendo um valor muito prximo aos R$ 700 mil e uma construtora:

Observao: Acima, onde se l "setembro de 2009", leia-se "setembro de 2010" Em gravao do dia 05 de outubro de conversa entre Alcides e Marco Aurlio, este diz que o governo do estado quer negociar mas tem Marcos Rola, da EIT, por trs, atrapalhando. Alm disso, basta lembrar, tambm, que Jos Agripino tem uma relao antiga com a empresa de quem foi engenheiro, antes de se tornar prefeito binico de Natal no m dos anos 1970. Tive a oportunidade de entrevistar o secretrio de comunicao do governo do Estado, Alexandre Mulatinho, sobre o assunto. No texto da denncia dos 34 acusados, apresentada pela Promotoria de Defesa do Patrimnio Pblico de Natal na sexta-feira e tornada pblica esta semana, aparece a degravao de uma conversa entre o denunciado Alcides Barbosa e sua provvel gerente. Nela Alcides diz que "que o negcio relativo a esse contrato 'lquido e certo', mas que, por razes polticas, numa demonstrao de 'cimes' do esposo da Governadora, aps um de seus scios ter subido no palanque do Governador que havia perdido a eleio, 'travou' o andamento do contrato, mas que este voltar a funcionar em fevereiro". A conversa foi gravada em 14 de novembro de 2011 e d a entender que a negociao com o atual governo evoluiu, ao ponto que a inspeo veicular, por meio do Consrcio INSPAR, iria ser retomada em fevereiro. O governo tem algo a dizer sobre isso? Resposta: J nos primeiros dias de sua gesto, a governadora Rosalba Ciarlini suspendeu a cobrana da inspeo veicular, instaurou processo administrativo para apurar as irregularidades, conforme prev a Lei Complementar Estadual n. 303/05 (Lei

de Processo Administrativo do Rio Grande do Norte), com observncia ao contraditrio e ampla defesa, que, ao ser concludo, constatou irregularidades na licitao e no contrato de concesso, bem assim nos decretos dos ex-governantes Wilma e Iber. Estes fatos foram determinantes para a invalidao do Edital de Concorrncia n. 001/2010-DETRAN e do Contrato de Concesso n. 001/2010-DETRAN, por parte do DETRAN/RN no ms de maio de 2011. A Governadora Rosalba Ciarlini, em 07 de junho de 2011, expediu o Decreto n. 22.265, de 7 de junho de 2011, invalidou o Decreto Estadual n. 21.542, de 24 de fevereiro de 2010, e o Decreto Estadual n. 22.091, de 17 de dezembro de 2010, que tratavam do Plano de Controle da Poluio de Veculos em Uso (PCPV). Alm disso, quando vemos o histrico da relao do governo atual com a inspeo veicular percebemos que, aps a suspenso do contrato entre o Consrcio e o Detran, o governo do estado anunciou em 09 de fevereiro o cancelamento do contrato com o INSPAR. No entanto, segundo relatos da prpria imprensa, o contrato foi cancelado somente no m de maio. Por que esse hiato de quase quatro meses entre o anncio e a execuo do cancelamento? Tem a ver com o que relatam os autos da Operao Sinal Fechado de que a organizao criminosa mantinha negociao com membros do governo (secretrio da Casa Civil, vicegovernador e at o primeiro-cava lheiro, Carlos Augusto Rosado) para que o negcio fosse mantido? Resposta: No. Como dito,no dia 7 de janeiro de 2011, a governadora Rosalba Carilini expediu o decreto n 22.144, suspendendo por 45 dias a execuo do contrato de concesso que existia entre o Detran e o conscio Inspar. O que motivou a Governadora a suspender o contrato foi o fato de que o Plano de Controle da Poluio de Veculos (PCPV) elaborado apontava falhas materiais e procedimentais especialmente quanto frota-alvo a ser inspecionada. Ademais, o decreto previa a instalao de um equipamento eletrnico no carro scalizado, que custaria R$ 45, mais os R$ 68 da inspeo veicular anual. A implantao desse equipamento eletrnico, que ia onerar o usurio, no estava previsto na lei. Isso foi lanado no contrato de concesso. Todos esses detalhes chamaram a ateno da Procuradoria-Geral do Estado. Assim, o processo de exame dos fatos e o controle de legalidade pressupe a abertura de contraditrio e ampla defesa, com a necessidade de se abrir prazo para o particular se manifestar e possibilitar a instruo do feito. A Lei Complementar Estadual n. 303/05 (Lei de Processo Administrativo do Rio Grande do Norte) estipula prazos e rito a ser seguido para se decretar a invalidao de um contrato administrativo. Registro que a PGE emitiu dois pareceres sobre o assunto. O primeiro analisou os elementos do processo de licitao e apontou irregularidades, ocasio em que se convocou o consrcio Inspar para se manifestar no prazo legal (direito de defesa). O segundo examinou os argumentos (e documentos) do Consrcio Inspar e apontou a existncia de vcios de validade insanveis. Os Pareceres foram acatados pela Governadora do Estado e ensejaram a invalidao do Edital de Concorrncia n. 001/2010-DETRAN, do Contrato de Concesso n. 001/2010DETRAN, do Decreto Estadual n. 21.542/2010 e do Decreto Estadual n. 22.091/2010 (que tratavam do Plano de Controle da Poluio de Veculos em Uso- PCPV). A conversa gravada em 14 de novembro de 2011 em que o lobista Alcides Barbosa esclarece gerente de sua conta bancria os motivos de o negcio de inspeo veicular no RN terem tido problemas ("por razes polticas, numa demonstrao de 'cimes' do esposo da Governadora, aps um de seus scios ter subido no palanque do Governador que havia perdido a eleio, 'travou' o andamento do

contrato") e que o negcio, liquido e certo, voltaria a funcionar em fevereiro do prximo ano. O governo no falar sobre isso? A atitude do governo de suspender e posteriomente cancelar a Inspeo Veicular demonstrou a conduta do atual governo sobre o tema. O governo tambm no explicou o que eu perguntei na segunda questo: se o anncio do cancelamento do contrato com o Consrcio Inspar foi feito em 09 de fevereiro, por que em maio o contrato no havia ainda sido cancelado? Em decorrncia do processo administrativo instaurado e necessidade de se instituir o contraditrio e ampla defesa, cumprindo-se os prazos estabelecidos em lei. Alm disso, eu questionei se esse hiato foi provocado pelas negociaes com o governo atual, agradas nas interceptaes telefnicas. O governo limitou-se a falar da suspenso determinada em janeiro pela governadora. Antes que os 45 de suspenso fossem concludos, o governo anunciou o cancelamento do contrato que levou cerca de trs meses e meio para ser efetivado. Continuo curioso com o porqu. No houve hiato, a inviabilizao do contrato ocorreu em conformidade com a legislao e seguiu-se rigorasamente a observncia dos prazos legais. Alm do governo do Estado, o ministro da Previdncia Social, senador licenciado Garibaldi Filho (PMDB), tem porque se precaver. Quando instado a se pronunciar, disse imprensa ontem que a denncia do Ministrio Pblico estadual contra os 34 acusados da Operao Sinal Fechado grave. Disse o ministro que no cabe aos polticos tecer comentrios para denegrir a imagem de ningum, evidentemente se referindo aos exgovernadores Wilma de Faria e Iber Ferreira, seus adversrios polticos. Mas Garibaldi enxerga mais longe. Anal seu nome apareceu nas interceptaes telemticas que subsidiaram a petio inicial do MP. O decreto que subsidiou todo o processo que levou necessidade da inspeo veicular e a consecuo do esquema fraudulento de 2002, quando o ministro era governador. Em um e-mail, George Olmpio diz isso ao lobista Alcides Nogueira. No e-mail, George destaca que a Lei que tramitaria na Assembleia, aprovando o esquema da inspeo, era fundamental porque autorizaria o regime de concesso. O prprio MP destaca que o regime de concesso para a inspeo no obrigatrio, mas, inclusive atendendo a orientao de Harald Zwatkoff, da Controlar de So Paulo, a organizao se mobiliza para efetivar a concesso - assim, o recurso entraria diretamente para os envolvidos, sem sequer passar nos cofres pblicos. Um outro momento em que Garibaldi aparece com clareza nas investigaes diz respeito ao momento em que o ministro era presidente do Senado Federal. Ainda na primeira fase da fraude, aquela que envolvia o registro dos nanciamentos de veculos nos cartrios, atravs da articulao de Joo Faustino e de seu genro Marcus Procpio, Garibaldi recebe um grupo, liderado por George Olmpio, que tenta intervir na Medida Provisria em discusso no Congresso. Querem, inclusive, que seja designado como relator o exsenador tucano Tasso Jereissati (CE). Em 8 de novembro de 2008, Marcus Procpio faz um relato a Joo Faustino, que era suplente de Garibaldi e, quela altura, atuava como subchefe da Casa Civil do governo tucano de Jos Serra em So Paulo. Em seguida, orienta em outro e-mail como George Olmpio deve se comportar na audincia.

A quadrilha tambm tinha relaes com vrios tucanos, no somente no Rio Grande do Norte, mas tambm no estado do Cear (Tasso Jereisatti), Alagoas (governado pelo tucano Teotonio Vilela Filho) e Minas Gerais. Do Rio Grande do Norte, o tucano Joo Faustino, suplente do senador Jos Agripino (DEM) chegou a ser preso. No aditamento denncia inicial da Operao Sinal Fechado, publicizado em dezembro pelo Ministrio Pblico, h referncias a supostas prticas criminosas envolvendo Joo Faustino e um de seus advogados, Alexandre de Moraes. Alexandre foi o advogado que interps, e teve sucesso, no habeas corpus que libertou Faustino junto ao STJ. Dessa vez, Alexandre de Moraes aparece numa negociao suspeita, segundo o Ministrio Pblico. O dinheiro vivo circulou nas contas de Joo Faustino e de Alexandre de Moraes, na forma de depsitos de envelopes em caixas eletrnicos. Dinheiro vivo indcio de transao irregular. "O depsito de razovel valor em espcie, ainda mais de forma fracionada em diversos depsitos no mesmo dia, com diferena de minutos entre estes, revelaevidentes indcios de que estes recursos tinham origem ilcita", arma o Ministrio Pblico. Como foi feito o pagamento a Faustino e Alexandre de Moraes? Em 05 de outubro de 2010, uma tera-feira dois dias depois da eleio que derrotou Iber, Joo Faustino depositou R$ 20 mil em valores fracionados de R$ 2.500,00 na conta da sociedade "Alexandre de Moraes Sociedade de Advogados". Para que essa transferncia? Ser que pagaria parte dos servios de lobistas como Alcides Barbosa? Se simplesmente estavam pagando servios do escritrio, por que o depsito em dinheiro vivo? Curiosamente, trs dias depois, em 08 de outubro, foram depositados R$ 31 mil reais em envelopes fracionados de R$ 3 mil (a maioria) na conta de Joo Faustino. Isso combina com a informao que est nos autos de que Joo recebia R$ 10 mil do grupo em troca de seus servios. Aparentemente Faustino recebeu o valor em dinheiro vivo e, ento, providenciou o depsito em sua conta. Circularam, em poucos dias, R$ 51 mil em dinheiro vivo pelas mos de Joo Faustino.

No perodo, Joo estava no exerccio do mandato de senador devido licena que Garibaldi Filho (PMDB) havia tirado a m de se dedicar campanha eleitoral. Joo foi senador entre 15 de julho e 11 de novembro do ano passado. Em sua despedida, Joo armou que tem tentado, "ao longo da minha carreira, seguir caminhos aplainados pela tica, pelo respeito aos adversrios, pela harmonia nas relaes polticas. Entendo que a tica constitui valor central das dinmicas sociais, prossionais e polticas, valor que se torna cada vez mais presente nos fruns democrticos". Sabendo o que sabemos hoje, sua fala se reveste de comicidade. Qual a possvel origem do dinheiro? H uma movimentao interessante a ser observada nas contas de campanha do PSDB, partido de Joo Faustino. Em 30 de setembro de 2010, a empresa paranaense CR Almeida depositou R$ 100 mil nas arcas do PSDB potiguar: No aditamento denncia inicial da Operao Sinal Fechado, publicizado ontem pelo Ministrio Pblico, h referncias a supostas prticas criminosas envolvendo Joo Faustino e um de seus advogados, Alexandre de Moraes. Alexandre foi o advogado que interps, e teve sucesso, no habeas corpus que libertou Faustino junto ao STJ. Dessa vez, Alexandre de Moraes aparece numa negociao suspeita, segundo o Ministrio Pblico. O dinheiro vivo circulou nas contas de Joo Faustino e de Alexandre de Moraes, na forma de depsitos de envelopes em caixas eletrnicos. Dinheiro vivo indcio de transao irregular. "O depsito de razovel valor em espcie, ainda mais de forma fracionada em diversos depsitos no mesmo dia, com diferena de minutos entre estes, revelaevidentes indcios de que estes recursos tinham origem ilcita", arma o Ministrio Pblico. Como foi feito o pagamento a Faustino e Alexandre de Moraes? Em 05 de outubro de 2010, uma tera-feira dois dias depois da eleio que derrotou Iber, Joo Faustino depositou R$ 20 mil em valores fracionados de R$ 2.500,00 na conta da sociedade "Alexandre de Moraes Sociedade de Advogados". Para que essa transferncia? Ser que pagaria parte dos servios de lobistas como Alcides Barbosa? Se simplesmente estavam pagando servios do escritrio, por que o depsito em dinheiro vivo? Curiosamente, trs dias depois, em 08 de outubro, foram depositados R$ 31 mil reais em envelopes fracionados de R$ 3 mil (a maioria) na conta de Joo Faustino. Isso combina com a informao que est nos autos de que Joo recebia R$ 10 mil do grupo em troca de seus servios. Aparentemente Faustino recebeu o valor em dinheiro vivo e, ento, providenciou o depsito em sua conta. Circularam, em poucos dias, R$ 51 mil em dinheiro vivo pelas mos de Joo Faustino. No perodo, Joo estava no exerccio do mandato de senador devido licena que Garibaldi Filho (PMDB) havia tirado a m de se dedicar campanha eleitoral. Joo foi senador entre 15 de julho e 11 de novembro do ano passado. Em sua despedida, Joo armou que tem tentado, "ao longo da minha carreira, seguir caminhos aplainados pela tica, pelo respeito aos adversrios, pela harmonia nas relaes polticas. Entendo que a tica constitui valor central das dinmicas sociais, prossionais e polticas, valor que se torna cada vez mais presente nos fruns democrticos". Sabendo o que sabemos hoje, sua fala se reveste de comicidade. Qual a possvel origem do dinheiro? H uma movimentao interessante a ser observada nas contas de campanha do PSDB, partido de Joo Faustino. Em 30 de setembro de 2010, a empresa paranaense CR Almeida depositou R$ 100 mil nas arcas do PSDB potiguar:

CR ALMEIDA S/A ENGENHARIA DE OBRAS" 33.059.908/0001-20" 0/09/10 3 " 45000284656" 100.000,00" Transferncia eletrnica" Comit Financeiro nico" PSDB "RN No dia seguinte, os R$ 100 mil foram dormir na conta de um velho conhecido da Operao Sinal Fechado: GEORGE OLIMPIO ADVOGADOS" 11.085.983/0001-22"01/10/10" Servios prestados por terceiros" 100.000,00" Cheque" - - / Comit Financeiro nico PSDB - RN Isso mesmo: os tucanos pagaram R$ 100 mil a George Olmpio dois dias antes do primeiro turno das eleies. Na semana seguinte, R$ 51 mil em dinheiro vivo circula nas mos de Joo Faustino. Quem a CR Almeida? Talvez aqui possamos explicar o vnculo com Alexandre de Moraes. O grupo CR Almeida uma das empresas que compe a Ecorodovias S.A.. a prpria empresa que se apresenta aqui: O Grupo EcoRodovias foi o segundo colocado no leilo que concedia as rodovias estaduais Ayrton Senna e Carvalho Pinto iniciativa privada, realizado em 2008. A primeira colocada foi homologada em janeiro de 2009, mas sem apresentar as garantias exigidas no edital de licitao, teve sua homologao cancelada pelo Poder Concedente e sendo conrmada a EcoRodovias como vencedora do leilo. Em 18 de junho de 2009, iniciaram-se as operaes da Concessionria Ecopistas, administrando a ligao entre a Regio Metropolitana de So Paulo com o Vale do Paraba, a regio serrana de Campos do Jordo e as praias do Litoral Norte. Em 20 de janeiro de 2010, decorrente de Reestruturao Societria, o controle direto da Ecopistas, concessionria responsvel pela administrao/manuteno das Rodovias Ayrton Senna e Carvalho Pinto, anteriormente detido por ns, foi tranferido para a EcoRodovias Concesses e Servios. Em 22 de janeiro de 2010, alteramos nossa razo social de Primav EcoRodovias S.A. para EcoRodovias Infraestrutura e Logstica S.A. Em 26 de janeiro de 2010, decorrente de Reestruturao Societria, o controle direto da Ecosul, concessionria responsvel pela administrao/manuteno da Rodovia conhecida como Plo Rodovirio de Pelotas, anteriormente detido por ns, foi transferido para a EcoRodovias Concesses e Servios. Ou seja: os R$ 100 mil que zeram uma ponte nas contas do PSDB antes de entrarem nos cofres de George Olmpio e, supostamente, irem parar nas mos de Joo Faustino, vieram de uma scia do consrcio que administra algumas das principais rodovias do estado de So Paulo. Ser que os R$ 20 mil depositados na conta de Alexandre de Moraes eram sua comisso? Alexandre era considerado um super-secretrio da gesto de Gilberto Kassab enquanto esteve na gesto at meados do ano passado. Moraes comandava duas secretarias municipais, Transportes e Servios, e presidia a CET e a SPTrans e deixou o governo em 8 de junho de 2010. Ser coincidncia que Moraes fosse o secretrio em uma rea de intercesso com as rodovias?

Mais importante que isso, no entanto, que o processo sob suspeita de inspeo veicular em So Paulo passa pela gesto de Alexandre de Moraes - enquanto presidente da CET, implantou o sistema com a Controlar em So Paulo. Antes que o PSDB argumente que o pagamento de R$ 100 mil feito ao escritrio de advocacia de George Olmpio em 01 de outubro de 2010 foi em retribuio a servios prestados (honorrios advocatcios), fui pesquisar se havia alguma atuao eleitoral de George em favor do PSDB nas eleies passadas. Como resultado da pesquisa encontramos duas aes em que o advogado ou seus scios atuaram no mbito eleitoral no ano passado. Em ambos, George defendia os interesses da Band Natal (Televiso Novos Tempos LTDA).

No TSE a situao no melhor. Apenas um caso de 2010 e novamente George um dos que representa a Band Natal.

Os demais so casos antigos, de 2006 e de 2004.

Ou seja, pelo menos nessa busca nos sistemas dos tribunais as aes de George e de seus scios nada tiveram a ver com o PSDB. Que servio prestou o advogado ao PSDB para lhe valer receber do partido R$ 100 mil? A organizao tem relacionamento ntimo tambm com rgos de empresa. Especialmente com o Novo Jornal. Pelo menos trs nomes relacionados comunicao aparecem translcidos nas investigaes da Operao Sinal Fechado. O primeiro deles, denunciado ontem pelo Ministrio Pblico, o publicitrio e lobista Ruy Nogueira. Nogueira, por indicao de Alcides Barbosa, contratado pela organizao criminosa, j em 2011, para pressionar o governo Rosalba pela liberao das inspees veiculares. A tarefa de Ruy Nogueira seria plantar notcias contra Rosalba na imprensa nacional. Provavelmente as notcias no seriam relativas ao governo estadual, mas s trs gestes que a governadora teve frente da prefeitura de Mossor. Ruy Nogueira foi denunciado pelo crime de extorso. No contexto em que aparece Ruy Nogueira surge o nome do jornalista potiguar Gaudncio Torquato. Quando destaquei pelo twitter o nome de Gaudncio, fui chamado por ele de fofoqueiro e bloqueado por ele. Mas o nome dele aparece, na boca de Alcides Barbosa, atribuindo-lhe sociedade com Ruy Nogueira. Posteriormente, atravs de nota, Ruy negou sociedade com Gaudncio. Uma fonte, porm, me contou que seria possvel haver uma sociedade oculta entre eles, mas nada que se conrme. Mas o nome que aparece com muita fora da mdia potiguar, e foi solenemente ignorado pela cobertura de imprensa, o nome de Cassiano [Arruda] (?). Cassiano liga em nome de Joo Faustino para Alcides Barbosa. Pedem que o grupo no se movimente em So Paulo. Em paralelo a isso, mostram as interceptaes, havia uma negociao em curso com o atual governo. George orienta Alcides a conversar com Ruy Nogueira e dizer-lhe para esperar um sinal verde para agir. Parece se referir ao esgotamento de possibilidades com o governo atual. Posteriormente, Ruy mandou um email para Cassiano, tratado inicialmente na conversa como "nosso amigo do jornal" e, depois, melhor identicado.

Curioso que no dia 04 de fevereiro de 2011, Cassiano Arruda fala sobre o problema do Consrcio INSPAR, tratando o caso como risco ao governo pela insegurana jurdica. Nos dias seguintes, diversas notas versando sobre o tema foram publicadas pelo Novo Jornal:

Destaque-se que a execuo da inspeo veicular estava suspensa desde os primeiros dias de janeiro e o governo discutia o que faria do contrato com o INSPAR, ameaando cancelar. No domingo, 06 de fevereiro, Cassiano Arruda publicou outra nota:

No dia 09 de fevereiro, Cassiano voltou ao tema:

Curioso que no dia 8 conversam George e Alcides Barbosa sobre o tema a ser tratado na campanha de mdia para pressionar o governo. Resposta? Insegurana jurdica gerada pelo cancelamento do contrato.

O governo Rosalba anunciou a anulao do contrato do INSPAR no mesmo dia, 09 de fevereiro. No entanto, estranhamente, em 25 de maio a anulao ainda no havia sido efetivada, como se v nesta matria do Portal No Minuto. A anulao, anunciada com circunstncia em fevereiro, somente aconteceu em maio. Mas isso assunto para outro post. H, ainda, uma outra referncia a Cassiano na Petio do Ministrio Pblico, em uma conversa do dia 7 de fevereiro entre George e Alcides Barbosa: Cassiano ligou para Alcides armando que Joo Faustino havia encontrado uma soluo.

Joo pediu, atravs de Marcus Procpio, para que fosse abortada qualquer misso em So Paulo ("pelo amor de Deus"). Entrevistei Cassiano tambm. Por email.

Caro Jornalista e meu ex-professor Tenho procurado publicar em meu blog (http:// blogdodanieldantas.blogspot.com) informaes acerca das duas mais recentes operaes policiais comandadas pelos Promotores de Defesa do Patrimnio Pblico (Pecado Capital e Sinal Fechado). O texto abaixo trecho deste post em que referi diversas citaes a "Cassiano", identicado tambm como "amigo do jornal", feitas em interceptaes de ligaes telefnicas entre os denunciados. Ao mesmo tempo, republiquei alguns textos publicados pelo Novo Jornal que pareciam favorveis ao Consrcio INSPAR, ainda em fevereiro de 2011. Esses elementos parecem indicar que o Cassiano citado nas gravaes seria voc, o jornalista Cassiano Arruda. Voc teve realmente essas conversas que lhe so atribudas ("Alcides repete que Cassiano ligou a pedido de Jo o Faustino")? Tive informaes de fontes diversas que as matrias publicadas em meados de outubro de 2010, pelo Novo Jornal, apresentando a Inspeo Veicular e o Consrcio INSPAR, foram "matrias pagas". Voc conrma? Por m, recebemos tambm a informao que, alm de ser advogado do exgovernador Iber Ferreira de Sousa, George Olmpio tambm seria advogado do Novo Jornal: tal informao procede? Cassiano respondeu e, conforme disse no e-mail, reproduzo integralmente sua resposta abaixo (no alterarei sequer a congurao): ________________________________________________________________________ Sr. Blogueiro, J tinham me dito que tinha algum querendo me jogar no meio da Operao Sinal Fechado (que de ilegal, aparentemente, teve a compra de facilidades governamentais - comono ocpupo cargo nenhum em Governo, nemtrabalho com lobby,me achei liminarmente fora do ilcito, at o seu interrogatrio). Pelo tom inquisatorial do seu e-mail, vai ver que era voc (num blog que nunca acessei) repetindo um tipo de comportamento hoje muito em voga, de levantar a suspeita primeiro, e perguntar depois. Sim, tratei de assuntos jornalsticos com o pessoal da inspeo veicular. Fui procurado por eles me oferecendo uma boa matria jornalstica. No meu julgamento a opinio de um Ministro aposentado de Tribunal Superior concede ao assunto interesse onde havia a perspectiva de demanda judicial. Guardei a PROVA que voc, certamente, no esperava que eu tivesse. Um e-mail enviada pelo escritrio do ministro Jos Augusto Delgado, reproduzida numa das notas que voc transcreveu:. Eis o e-mail e mim recebido. -.-.-.-.-.-.Natal/RN, sexta-feira, 04 de fevereiro de 2011. Prezado Jornalista Cassiano Arruda,

O Dr. Jos Augusto Delgado, que nos l por cpia, solicitou encaminhamento, por meu intermdio - diante da impossibilidade de faz-lo pessoalmente -, do texto abaixo, contendo resposta ao contato que recebeu de seu Jornal sobre a sua atuao em defesa dos interesses do Consrcio Inspar. Eis a resposta: Amigo Cassiano, Em ateno ao seu contato, armamos que o nosso escritrio aceitou a causa do Consrcio INSPAR por acreditarmos, rmemente, no seu direito, que tem por objetivo a proteo do meio ambiente, em benefcio da sade do ser humano. As teses a serem apresentadas esto sendo estudadas, com profundidade, por toda a equipe de advogados do nosso escritrio, sob a nossa orientao, e sero publicizadas depois que o Poder Judicirio, a quem rendemos as nossas maiores homenagens, delas tomar conhecimento. Jos Augusto Delgado. Fone:(61) 8112-7987 (infelizmente no consegui reproduzir o papel timbrado do Escritrio Jos Delgado & Nobre Advogados Associados). -.-.-.-.-.-. Nesses mais de 40 anos de jornalismo, nem no tempo da Ditadura, havia presenciado qualquer patrulhamento sobre o relacionamento entre fonte e jornalista, tratando de um fato de interesse pblico, como o caso em tela. Alis, para exercer a prosso de reprter no d para selecionar o conceito tico ou moral de suas fontes. Embora no caso, houvesse a oferta de um Ministro aposentado de Tribunal Superior Quanto a insinuao descabida de taxar a coluna, que escrevo h 39 anos e meses, como matria paga, repilo por no ter essa pratica em toda uma vida (usando seu raciocnio voc me d o direito de indagar: - quem pagou para voc me inquirir desta forma?). E, se voc no tivesse se colocado com meu ex-aluno, o nico caminho era partir para o desaforo. Como, usualmente, usada a rgua do prprio carter para medir o comportamento alheio, dispenso-me de dar resposta merecida A publicao de anncios e matria de interesse da empresa que se preparava para ganhar uma concesso governamental no NOVO JORNALfoi tratada no local prprio: - O Departamento Comercial. O escritrio do advogado George Olimpio tem contrato de advocacia de partido com a empresa que edita o NOVO JORNAL, que no tem reclamaes a fazer sobre a natureza do servio contratado e pago; assim como j recorremos a outros escritrios. Em relo ao comentrio sobre insegurana jurdica, sobre uma demanda do Sindicato da Industria da Construo Civil sem nada a ver com a inspeo veicular, mantenho-o, integralmente e at poderia repet-lo hoje. Lembrando que a Promotoria do Meio Ambiente foi de onde partiu a sugesto para se fazer inspeo veicular no RN (assunto que tive oporunidade de comentar, agora depois de deagrada a tal Operao "Falta algum na Operao Sinal Fechado).. Acho que no deixei de responder a nenhuma questo do seu interrogatrio, mas, se quiser mais alguma coisa comigo estou pronto a atend-lo, no meu escritrio. Anal no disponho de tanto tempo alm de minhas obrigaes dirias, para cumprir pauta feita por lho da puta nenhum; espero j ter virado essa pgina... Alis, depois dos 65 anos de idade tive a audcia de montar um jornal para no car querendo estabelecer linha editorial para veiculo de comunicao nenhum a no ser o meu (devendo explicaes s

ao seu leitor). o que tenho procurado fazer nesses mais de dois anos, sem dar a ningum - a ningum mesmo - o gosto de estabelecer a linha editorial. Cassiano Arruda Cmara ________________________________________________________________________ Quatro de fevereiro, data do e-mail do escritrio de Jos Delgado, foi o dia em que Cassiano publicou esta nota em sua coluna:

Cassiano conrma que George Olmpio "tem contrato de advocacia de partido com a empresa que edita o NOVO JORNAL, que no tem reclamaes a fazer sobre a natureza do servio contratado e pago". Conrma tambm que o jornal vendeu espao de matrias para o Consrcio Inspar em 2010. E, talvez o mais interessante, conrma, ainda que indiretamente, que ele mesmo que est sendo referido nas conversas interceptadas e j tornadas pblicas pelo MP. Aquilo que evidencia a irritao de Cassiano em responder ao meu e-mail no precisa ser destacado. Apenas devo enfatizar que Cassiano mais um no RN a me chamar de lho da puta ("Anal no disponho de tanto tempo alm de minha obrigaes dirias, para cumprir pauta feita por lho da puta nenhum"). Por m, devo destacar elementos que justicaram a denncia contra o ex-diretor-geral do DETRAN, rico Ferreira, e Joo Faustino. O Ministrio Pblico publicou documentos aditados ao processo que investiga a quadrilha desbaratada pela Operao Sinal Fechado. No tinha podido ainda tratar do assunto. Os documentos comprovam que o diretor-geral do Detran, rico Ferreira, recebeu uma propina de mais de R$ 88 mil em maio por parte da quadrilha para renovar o contrato do registro de veculos. O contrato foi renovado de forma fraudulenta em 15 de junho. Outros documentos mostram as relaes de Joo Faustino com a quadrilha, dessa vez de forma nanceira, desde 2008. poca, Faustino era subchefe da Casa Civil do governo de So Paulo. Os documentos aditados tiveram seu sigilo levantado pela juza do caso, Emanuella Fernandes.

Segundo o Ministrio Pblico esta planilha acima da Montana Empreendimentos mais importante prova que implica o diretor-geral do Detran, rico Ferreira. No dia 13 de maio, registraram no caixa da empresa o depsito de mais de R$ 88 mil por parte de George Olmpio, com uma observao de que o destino seria "rico". O pagamento dos R$ 88 mil serviu para que em 15 de junho rico renovasse o contrato com a Planet Business. Em 23 de maio, rico cobra o envio de informaes pendentes por parte de George:

Outra conversa, minutos depois, entre George e Caio Biagio:

As conversas se deram no dia 23. Dez dias antes est registrado o depsito de mais de R$ 88 mil atravs das contas da Montana. Ou seja: aps receber o pagamento, rico quer adiantar o processo para renovao do contrato com a Planet Business - que nalmente ocorreu em 15 de junho. preciso que a quadrilha encaminhe as [falsas] propostas das demais empresas - o mesmo esquema continuava a funcionar para fraude em novembro, quando estourou a operao. Segundo oMP, "o interrogatrio do denunciado NILTON JOS MEIRA, (...), mostra que no apenas a licitao que iria ser realizada no dia 25 de novembro de 2011 estava viciada, mas que a contratao emergencial anterior foi feita porque o DETRAN, sob os auspcios do denunciado RICO VALLRIO FERREIRA DE SOUZA, deliberadamente deixou de fazer, no tempo hbil, o devido processo de licitao, com o intuito de favorecer a empresa PLANET BUSINESS LTDA". Ou seja, fraudado antes, o processo seria de licitao seria fraudado novamente. Sobre Joo Faustino, tucano de alta plumagem e suplente do senador Jos Agripino, diz o Ministrio Pblico que atuava como lobista em favor da quadrilha no que se referia votao da Medida Provisria 422, que converteu-se em lei que eliminava a necessidade de os cartrios registrarem a compra e venda de veculos nanciados. Joo articulou encontro com o ento presidente do Senado, atual ministro da Previdncia, Garibaldi Filho (PMDB), de quem era suplente. Agora, o Ministrio Pblico apresenta provas substanciais de que as viagens de Joo para essa tarefa foram pagas com dinheiro pblico repassado ao IRTDPJ/RN, que tinha como presidente de fato o lder da organizao George Olmpio. Viagens a Braslia feitas por Joo Faustino foram pagas pelo Instituto. Em datas relacionadas, h comprovao de viagens de George capital federal.

\

esse recibo um trecho Braslia, com o recibo em nome de George Olmpio:

Provavelmente diz respeito a So Paulo/

Passagem para o mesmo dia, mas saindo de Braslia com destino a Natal:

A passagem tambm teve recibo emitido em nome de George:

Diz o Ministrio Pblico que as "datas das viagens e dos documentos coincidem com o perodo do processo legislativo da converso em lei da Medida Provisria 422, quando a organizao criminosa, sob os auspcios de GEORGE OLMPIO e a conduo poltica de JOO FAUSTINO, tentou, a todo custo, impedir a proibio do registro dos contratos de nanciamento que a medida provisria veiculava, conforme narrativa j exposta na denncia".

E complementa: "Ora, como as reunies de GEORGE no Senado Federal no estavam surtindo o efeito esperado de barrar a tramitao da MP 422, entrou em cena de maneira mais forte, justamente aps a promessa de desdobramentos de carter prtico por parte de GEORGE, a pessoa de JOO FAUSTINO, tendo o mesmo feito vrias viagens aps este dia 06 de novembro de 2008 para Braslia, acompanhado de GEORGE, com as despesas custeadas pelo IRTDPJ/RN". *** O Ministrio Pblico incluiu no aditamento dois documentos aparentemente fora de contexto. Emprimeiro lugar, acusa Joo Faustino de fraude de recursos referindo um pagamento ao advogado e ex-secretrio de Kassab, Alexandre de Moraes, advogado que nalmente conseguiu habeas corpus em favor de Joo semana passada: outros comprovantes de depsito bancrio apreendidos na residncia de JOO FAUSTINO, identicou-se o pagamento de R$20.000,00 (vinte mil reais), em 05/10/2010, para a sociedade Alexandre de Moraes Sociedade de Advogados, igualmente atravs de diversos depsitos fracionados, de R$2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) cada um, em sua maioria, o que igualmente revela indcios de operao nanceira irregular.