Resumo de Geografia Parte II.doc

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Vestibular1 – A melhor ajuda ao vestibulando na Internet Acesse Agora ! www.vestibular1.com.br RESUMO DE GEOGRAFIA PARTE II UNIDADE II = O ESPAÇO DA NATUREZA TERRESTRE 2.1.- Dinâmica Interna e Externa da Terra 2.1.1.- Dinâmica Interna da Terra A)Teorias sobre a origem da Terra: a) religiosas (desde os Tempos Primitivos até a Idade Moderna) - o Universo foi criado por uma entidade divina, como uma Energia Cósmica, da qual emergiram todas as coisas. b) científicas (na Idade Contemporânea, desde o século XVIII com o Iluminismo criando o racionalismo, pelo qual não se pode chegar à verdade senão pela experiência e a partir do século XIX, quando surgem as ciências) "origem a quente"- nuvens de gases incandescentes em rotação resfriam-se passando pelos estados líquido e sólido; esta teoria surgiu no início do século XX e não é aceita na atualidade. "origem por agregação" ou planetesimal- os planetas sólidos ou interiores do Sistema Solar, isto é, Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, formaram-se pela colisão de poeira cósmica ou "planetesimais" juntando-se em virtude de força gravitacional, aquecendo-se por violentas reações químicas e assim aumentando sua massa e gravidade, atraindo mais poeira cósmica. O aquecimento dessa massa agregada de planetesimais, liberou gases e formou materiais incandescentes nestes protoplanetas. Estes gases ficaram retidos pela gravidade, formando uma atmosfera primitiva que se tornou isolante térmico, permitindo que os elementos mais densos ficassem no interior e os menos densos se estabelecessem na superfície destes protoplanetas, que se esfriando tornaram-se esses planetas interiores. 2.1.2- Geologia (estudo da história da Terra e da estrutura da crosta terrestre ) Enquanto o espaço sideral pode ser pesquisado através de sondas espaciais, radiotelescópios e telescópios óticos, a estrutura interna da crosta terrestre está sendo possível

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Resumo de Geografia Parte II

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RESUMO DE GEOGRAFIA PARTE II

UNIDADE II = O ESPAO DA NATUREZA TERRESTRE

2.1.- Dinmica Interna e Externa da Terra 2.1.1.- Dinmica Interna da Terra

A)Teorias sobre a origem da Terra: a) religiosas (desde os Tempos Primitivos at a Idade Moderna) - o Universo foi criado por uma entidade divina, como uma Energia Csmica, da qual emergiram todas as coisas. b) cientficas (na Idade Contempornea, desde o sculo XVIII com o Iluminismo criando o racionalismo, pelo qual no se pode chegar verdade seno pela experincia e a partir do sculo XIX, quando surgem as cincias) "origem a quente"- nuvens de gases incandescentes em rotao resfriam-se passando pelos estados lquido e slido; esta teoria surgiu no incio do sculo XX e no aceita na atualidade. "origem por agregao" ou planetesimal- os planetas slidos ou interiores do Sistema Solar, isto , Mercrio, Vnus, Terra e Marte, formaram-se pela coliso de poeira csmica ou "planetesimais" juntando-se em virtude de fora gravitacional, aquecendo-se por violentas reaes qumicas e assim aumentando sua massa e gravidade, atraindo mais poeira csmica. O aquecimento dessa massa agregada de planetesimais, liberou gases e formou materiais incandescentes nestes protoplanetas. Estes gases ficaram retidos pela gravidade, formando uma atmosfera primitiva que se tornou isolante trmico, permitindo que os elementos mais densos ficassem no interior e os menos densos se estabelecessem na superfcie destes protoplanetas, que se esfriando tornaram-se esses planetas interiores. 2.1.2- Geologia (estudo da histria da Terra e da estrutura da crosta terrestre)

Enquanto o espao sideral pode ser pesquisado atravs de sondas espaciais, radiotelescpios e telescpios ticos, a estrutura interna da crosta terrestre est sendo possvel conhecer com o desenvolvimento da Sismologia (estudo do terremotos), da Vulcanologia, da Geofsica (estudo do calor gerado pela Terra), do Geomagnetismo (anlise das propriedades das rochas capazes de propagar as ondas ssmicas). Comprovou-se, assim, que o interior da Terra heterogneo, formado de camadas concntricas com materiais de temperaturas, constituio qumica e densidades diferentes, separadas por descontinuidades, ou reas onde se modificam as freqncias(=refrao) das ondas provenientes das profundezas da Terra.

A - Estrutura interna da Terra: basicamente 3 camadas (crosta, manto e ncleo).

a) Crosta terrestre (litosfera) - a menos densa e a mais consistente. constituda de duas camadas: uma externa (Sial- de 15 a 25 km de profundidade) e outra interna (Sima- at 60km). No Sial encontramos os elementos qumicos que concentram 90% dos minerais formadores das rochas do subsolo da crosta, como o silcio, alumnio, oxignio e ferro. O Sial mais espesso em reas montanhosas com profundidade de no mximo 6O km (cerca de 1/100 do eixo terrestre, cujo comprimento mdio de 6.300 km). tambm chamado de camada grantica.

Abaixo do Sial vem o Sima, ou camada basltica, onde predomina a rocha vulcnica chamada de basalto; seus elementos qumicos dominantes so o silcio e o magnsio. A litosfera nos oceanos tem cerca de 5 km e s apresenta o Sima, da as ilhas ocenicas serem de natureza basltica.

Geologicamente a crosta terrestre a mais importante para ns, pois nela encontram-se as rochas, formadas por minerais e estes por elementos qumicos - as jazidas minerais (onde se concentram os minrios) representam o ponto de partida para a indstria extrativa mineral. Alm disso, do contato, reaes, combinaes e desequilbrios da litosfera (crosta slida), da atmosfera (camada gasosa que envolve e protege a Terra) e hidrosfera (guas martimas e ocenicas) surge a biosfera, rea de domnio do homem, onde ocorrem ou no condies de florescimento da vida vegetal e animal.

A crosta no uma camada nica, mas sim constituda de vrias placas tectnicas, divididas em trs sees: continentes, plataformas continentais (extenses das plancies costeiras que declinam suavemente abaixo do nvel do mar) e os assoalhos ocenicos (nas profundidades abissais dos oceanos). Essas trs sees se equilibram dinamicamente sobre a astenosfera, conforme o princpio da isostasia: as sees continentais so mais altas e pesadas que as outras partes da litosfera, da estarem mais afundadas nesta camada interna da Terra, provocando as subidas e descidas dos oceanos (transgresses e regresses marinhas).

Logo abaixo da crosta terrestre ou litosfera, a Sismologia admite a presena da astenosfera (at 300 km de profundidade). uma camada lquida, constituda de massa plstica de minerais. nela onde, alm de se assentarem as placas tectnicas, se originam os sismos e os movimentos orogenticos, que estudaremos adiante.

b) Manto - constitui 83% do volume e 65% da massa interna de nosso planeta. Situa-se abaixo da crosta e apresenta-se em estado pastoso ( o material magmtico), entre 60 e 3.000 km de profundidade, e 2.000 a 3.500oC. Este material magmtico est sempre em movimentao - so as correntes convectivas, que podem ser ascendentes (do manto para a crosta) e descendentes (da crosta para o manto), que resultam das diferenas de temperatura entre as camadas internas da Terra e por sua vez influem nos deslocamentos das placas tectnicas e nos agentes internos do relevo (tectonismo, vulcanismo e abalos ssmicos).

O manto divide-se em duas partes: o superior e o inferior (em contato com o ncleo externo). O seu material o magma. Um dos metais encontrados no manto superior a olivina, que se transforma em espinlio nas profundezas do manto inferior, ao descer por correntes convectivas descendentes e gerando terremotos profundos.

c) Ncleo - a parte interna mais densa (123) e quente (4 a 5000oC) da Terra, com presses altssimas (cerca de 3 milhes de vezes maior que ao nvel do mar). Apresenta duas divises: ncleo externo- em estado fluido (entre 3 e 5.000 km) e o interno- tambm chamado de semente - em estado slido. Ambos so formados de materiais pesados (nquel e ferro, da o outro nome de Nife), alm de oxignio junto com enxofre.

O ncleo interno est crescendo pois o ncleo externo est perdendo calor para o manto. Do ncleo externo partem as ondas eletromagnticas que envolvem a Terra, do Plo Norte ao Plo Sul, devido ao atrito dele com o manto superior, j que seu movimento de rotao mais rpido, formando remoinhos de cargas eltricas.

Entre as camadas internas da Terra h as chamadas descontinuidades (em que as ondas ssmicas mudam de freqncia), nesta ordem: crosta descontinuidade de Mohorovicic( ou de Moho) manto descontinuidade de Gutemberg ncleo externo descontinuidade de Wiechert semente (ou ncleo interno).

B) Histria Geolgica da Terra -

William Smith foi o primeiro a fazer a observao cientfica da relao entre os fsseis e as camadas geolgicas em que se encontravam. Com a descoberta da radioatividade no sculo XX, criou-se a possibilidade da datao cientfica das rochas - certos tomos radioativos, atravs de radiaes de seus ncleos, se transformam em outros elementos (ex.: U em Pb, Cl4 em C12). Assim, para as eras mais antigas utiliza-se o istopo de U238; para tempos mais recentes o C14 (este em fsseis). Deste modo pode se fazer uma escala do Tempo Geolgico (ou Coluna Geolgica) em duas grandes Divises, o Pr-Cambriano e o Fanerozico (esta subdividida em 3 Eras: Paleozica, Mesozica e a Cenozica (cujos perodos so o Tercirio e o Quaternrio). As Eras Geolgicas subdividem-se em Perodos, estes em pocas e, depois, em idades e tempos. Veja a tabela abaixo.

ESCALA GEOLGICA DO TEMPO

(fonte: Geologia Geral - Leinz e Amaral, S.E.)

ERAS GEOLGICASPERIODOSDURAAOOCORRENCIAS

Pr-Cambriana ou PrimitivaArqueozico (Arqueano) e Proterozico (Algonquiano)Cerca de 4 bilhes de anos atrsFormao dos escudos cristalinos e das rochas magmticas. Primeira glaciao. Surgimento da vida unicelular.

Paleozica ou PrimriaCambriano

Ordoviciano

Siluriano

Devoniano

Carbonfero

Permiano

320 milhes/anosDiastrofismos hercianiano, caledoniano e taconiano (formadores de montanhas). Rochas sedimentares e metamrficas. Formao de grandes florestas: origem de bacias carbonferas. Glaciaes. Surgimento da Panga ha 200 milhes de anos, bem como de peixes e vegetais. Primeiros insetos e rpteis.

Mesozica ou SecundriaTrissico

Jurssico

CretceoCerca de 170 milhes de anosFragmentao da Panga em Laursia e Gondwana (130 milhes de anos). Derrames baslticos no S do Brasil, na ndia e Etipia. Surgimento dos grandes rpteis. Incio da formao dos dobramentos modernos

CenozicaTercirio

Quaternrio (atual)69 milhes

1 milho de anosDobramentos modernos(concluso).

Surgimento dos mamferos e do homem.

ltima glaciao. Atuais continentes.

C) Processo de formao das rochas e suas modalidades

J sabemos que a crosta terrestre a camada mais importante para ns: no subsolo esto as rochas, compostas por minrios e estes por elementos qumicos. As rochas nos permitem identificar o passado da Terra (continentes, fauna, flora e climas). Quando ocorre uma grande concentrao de minrio em um determinado lugar, d-se a formao de uma jazida mineral.

Como em relao aos produtos primrios em geral, os pases subdesenvolvidos ricos em jazidas minerais, tm sua cotao manipulada pelos pases centrais consumidores e por suas transnacionais - portanto, possuem mas no tiram proveito de suas riquezas minerais.

Conforme o seu processo de formao, as rochas podem ser de 3 tipos principais: magmticas, metamrficas e sedimentares. Quaisquer destes 3 tipos de rochas podem ser simples (quando possui um s mineral) ou compostas (quando h mais de um mineral, como o granito que apresenta em seu interior o quartzo, o feldspato e a mica).

As rochas magmticas formam-se pela ascenso e consolidao do magma atravs das camadas da crosta. Quando a subida rpida, o processo de endurecimento tambm o - esta a origem das rochas magmticas extrusivas ou vulcnicas, como o basalto (rocha preta muito usada na decorao de caladas da cidade do Rio, bem como de calamento de ruas no oeste de S. Paulo e na Serra Gacha). Veja figura a, esquerda.

Quando a subida do magma lenta nas profundezas da crosta, sua consolidao tambm o - da se originam as rochas intrusivas ou plutnicas, como o granito (ou paraleleppedos de ruas). As rochas magmticas foram as primeiras a se formarem na crosta terrestre. Veja a figura b direita.

As rochas metamrficas so o produto de transformaes (ou metamorfismo) de outras rochas j formadas, devido a altas temperaturas ou presses do magma ao subir pela crosta. Assim o granito transforma-se em gnaisse; o calcrio, em mrmore, etc.

As rochas sedimentares resultam da desagregao mecnica ou decomposio qumica (ou intemperismo fsico e qumico) das rochas anteriores, originando gros e ps depositados geralmente em bacias sedimentares e depois litificados (sedimentos passam a ser uma rocha coerente). Conforme o seu processo de sedimentao, estas rochas podem ser orgnicas (acumulao e decomposio de restos animais ou vegetais, como o carvo, o petrleo, o xisto), detrticas (formadas por detritos ou partculas resultantes da eroso e transporte de agentes externos do relevo- ex.: areia, argila); qumicas (originrias de decomposio qumica ou evaporao como o calcrio, o sal). Estas rochas sedimentares so tambm chamadas de estratigrficas, pois se depositam em camadas ou estratos nas bacias sedimentares.

D) Tipos de estrutura geolgica da Terra.

A estrutura geolgica representa a base rochosa sobre a qual se assentam as 4 formas de relevo- montanhas, planaltos, plancies e depresses. H 3 modalidades de estrutura geolgica em nosso planeta: as plataformas ou crtons, os dobramentos e as bacias sedimentares.

a) As plataformas ou crtons so as bases geolgicas de todos os continentes. Originaram-se na Era Pr-Cambriana, quando ainda havia um continente s, a Pangia. So constitudos de rochas magmticas e metamrficas, ricas em minrios metlicos (ferro, bauxita, cobre).

Quando esto flor da superfcie terrestre chamam-se escudos ou macios cristalinos, como por exemplo os Escudos Guiano e Brasileiro (na Amrica do Sul), Canadense, Escandinavo (N da Europa), Siberiano (sia), Guineano (frica) e Australiano. A ao dos agentes externos modelou esses escudos tornando-os arredondados e transformando-os em planaltos cristalinos. Quando essas plataformas apresentam-se cobertas por sedimentos tm a designao de plataformas cobertas.

b) Os dobramentos so montanhas que se apresentam sob a forma de curvas cncavas e convexas. Podem ser antigos e recentes. Os dobramentos antigos se formaram pelas orogneses ocorridas nas Eras Pr-Cambriana (huroniano, h dois milhes de anos) e Paleozica (Caledoniano- no comeo dessa era, e Herciniano -no final). Por serem velhas geologicamente apresentam formas suaves e arredondadas, sem elevadas altitudes. Os dobramentos paleozicos so importantes pela presena de jazidas carbonferas - como, por exemplo, os Apalaches (NE dos EUA) e os Urais (Rssia).

Os dobramentos modernos apresentam formas pontiagudas e elevadas altitudes, pois sofreram relativamente menos a ao dos agentes do modelado terrestre (chuvas, geleiras, intemperismo, etc.). Por serem novos (fim do Mesozico e comeo do Tercirio) apresentam instabilidades tectnicas (vulces e terremotos). No fundo dos mares recebem a denominao de dorsais submarinas. Geralmente se localizam em reas de encontro de placas tectnicas, como os Andes, as Montanhas Rochosas e cadeias paralelas (oeste da Amrica do Norte), o Himalaia, o Atlas (frica),os Alpes.

c) As bacias sedimentares resultam da deposio de sedimentos em depresses relativas ao longo dos milhes de anos. Elas recobrem da superfcie terrestre. Podem ser antigas ou recentes. So antigas quando remontam s Eras Paleozica e Mesozica, por deposio de sedimentos provenientes de eroso de macios pr-cambrianos; so mais recentes quando remontam ao Cenozico, de modo geral como ocorre com as plancies litorneas (ou baixadas) e fluviais.

Na medida em que se pesquisam as camadas das bacias sedimentares encontram-se fsseis e rochas, que nos permitem avaliar o passado da Terra - a est a sua importncia geolgica.

Nestas bacias sedimentares h jazidas carbonferas (quando a depresso relativa era preenchida por guas continentais lacustres e haviam florestas prximas) e petrolferas (quando a depresso era preenchida por guas martimas fechadas), de gs natural e folhelhos pirobetuminosos. Nisto reside a sua importncia econmica. Estudaremos, a seguir, o processo de formao geolgica do carvo e do petrleo, combustveis fsseis representantes das matrizes energticas da I e II Revoluo Industrial.

Processo de formao geolgica do carvo - Desde a Era Paleozica, no perodo Carbonfero, restos de vegetais lenhosos, semidecompostos pelo clima frio e seco, junto com sedimentos, provenientes da ao de geleiras, foram se acumulando no fundo de lagos, com pouca oxigenao.

Esta acumulao, ao longo dos milhares dos anos, de sucessivas camadas geolgicas de rochas sedimentares exercendo uma enorme presso sobre aqueles restos orgnicos vegetais semidecompostos no fundo daquela depresso relativa (onde estava o lago), transformou-os em carvo mineral, determinando o seu poder calorfico, conforme a sua antigidade geolgica e seu respectivo teor de carbono ( quanto mais profunda a camada, maior o poder calorfico do carvo).

Deste modo, a depresso relativa onde havia o lago cercado por geleiras, tornou-se uma bacia sedimentar, em cujas camadas mais profundas pode se encontra o carvo mais raro, antigo e de maior alto teor de carbono e poder calorfico ( o antracito). A sucesso do mais antigo e puro, para o mais recente e impuro : antracito (cerca de 95% de carbono) hulha (de 75 a 90%) linhito (de 65 a 75%) turfa (no mximo com 50% de carbono).

Apenas o antracito e a hulha so teis siderurgia, como fontes energticas na transformao da hematita (minrio de ferro) em ao e ferro-gusa em altos fornos; ambos so levados uma seo da usina siderrgica denominada de coqueria, a fim de serem purificados mais ainda, formando o coque metalrgico. O linhito usado em gerao de termoeletricidade, em cujas usinas aquece a gua em caldeiras, a mesma entra em ebulio, da o vapor dgua sob presso vai acionar turbinas e estas movimentam os circuitos internos de geradores de energia.

As utilidades do carvo mineral so: combustvel em usinas termeltricas e locomotivas a vapor; coque metalrgico; fabricao de gs; calefao domstica em pases de climas frios e temperados (utilizando linhito ou turfa); a indstria carboqumica (de bens intermedirios ou de insumos para a indstria de fertilizantes, corantes, tinta). Atualmente menos usado que o petrleo, porque libera menos calor e mais poluente que ele.

A maioria das jazidas carbonferas atuais situam-se em torno dos 45o de latitude norte ( onde surgiram grandes florestas no Paleozico): os Montes Apalaches (a NE dos EUA, antigo limite ocidental das Treze Colnias Inglesas), os Urais (divisor histrico entre a Rssia europia industrializada e a asitica)- ambos correspondendo a da produo mundial; o vale do rio Ruhr (afluente da margem direita do rio Reno), na Alemanha; a Alscia-Lorena (na fronteira da Frana com a Alemanha, esta a ocupou militarmente desde a Guerra Franco-Prussiana at a I Guerra Mundial); a Manchria (jazidas de Fu-Shun, na China, ocupadas pelos japoneses antes da I Guerra Mundial). No simples coincidncia estas reas terem concentrado muitas indstrias at a Revoluo tecnocientfica. Os maiores produtores mundiais so: China, EUA e Rssia.

Processo de formao geolgica do petrleo

Desde a Era Paleozica, em mares interiores, golfos ou baas fechados, o plncton (seres minsculos marinhos, sob as formas de fitoplncton e zooplncton), ao morrer, foi sendo depositado no fundo das guas marinhas, junto com sedimentos. A nas profundidades, sem a presena de oxignio e sob a ao de bactrias anaerbicas, a matria orgnica decomposta junto com os sedimentos, formou o sapropel (termo que vem do grego e significa "lama podre"). Na medida em que se acumularam sucessivas camadas sedimentares, sobrepondo-se umas s outras, pressionando aquele sapropel, formou-se o petrleo disperso em vrios locais das bacias sedimentares (aquelas depresses relativas onde estavam os mares interiores).

Para que o petrleo disperso se acumule em jazidas petrolferas preciso que haja movimentos tectnicos provenientes de dobramentos modernos prximos s bacias sedimentares, que provoquem a sua movimentao entre as rochas sedimentares (como o calcrio) at encontrar uma camada de rochas impermeveis (como as magmticas e metamrficas), que barrem esta sua migrao. Nesta rea acumula-se o petrleo, originando uma jazida.

As maiores jazidas mundiais de petrleo localizam-se entre os escudos cristalinos pr-cambrianos e os dobramentos modernos do final do Mesozico. Nesta seqncia, podemos observar: o Oriente Mdio (produtor de 35% do petrleo consumido no mundo) fica entre os terrenos antigos da frica (de que fez parte em eras passadas) e os recentes do Cucaso; na Venezuela, as jazidas esto na Bacia do Orinoco, entre o Escudo Guiano e os Andes; no Canad entre o Escudo Canadense e as Montanhas Rochosas. Tambm encontrado nos anticlinais (reas mais baixas e cncavas) dos dobramentos modernos, como no Alasca e no Equador. As reas de maior produo mundial so: os pases do Oriente Mdio, a Rssia (ao N dos mares Negro e S do Cspio e na Plancie Siberiana ) e os EUA (Texas, Oklahoma e o Alasca).

A importncia do petrleo atualmente, reside no fato de que corresponde a 40% do consumo energtico mundial; libera mais calor que o carvo (1 barril ou 159 litros de petrleo = 1 tonelada de carvo); menos poluente e mais fcil o seu transporte que o carvo. Ele chamado de "ouro negro", j que. alm dos seus subprodutos diretamente sados das refinarias (gasolina, gs, leos, asfalto), h indiretamente 300 produtos originrios da indstria petroqumica (que uma indstria de bens intermedirios), que fornecem insumos para a indstria qumica e destas para as indstrias de bens de consumo (como batom, chicletes, plsticos, polmeros sintticos, PET, etc.).

E) As placas tectnicas da crosta terrestre

A crosta terrestre formada de placas tectnicas, que compreendem os continentes, as plataformas continentais e os assoalhos ocenicos (no fundo dos oceanos, onde a crosta mais fina),que se movem sobre a astenosfera (tais movimentos anulam-se uns com os outros e no tm efeitos sobre a crosta como um todo, pois enquanto h uma retrao no Pacfico acontece uma expanso no Atlntico).

a] Teorias sobre a formao das placas tectnicas: Deriva Continental e Tectnica das Placas.

A Deriva Continental foi idealizada por Wegener, em 1910, baseando-se nos contornos de litorais (ex.: NE do Brasil com o Oeste da frica), em semelhanas de estrutura geolgica e de fsseis. tambm denominada de Teoria da Translao dos Continentes, segundo a qual as terras emersas derivam, ou seja, deslocam-se sobre a astenosfera. Originalmente havia um s continente - a Pangia, e um oceano - o Pantalassa; dos quais originaram-se as atuais terras emersas e guas martimas. Mesmo com aquelas evidncias geolgicas e de morfolgicas litorneas, Wegener no conseguiu receptividade nos meios cientficos, pois no haviam tcnicas que pudesse comprovar sua teoria (seu argumento de que tal deriva era causada pela atrao do Sol e da Lua em sentido contrrio ao da rotao da Terra, no provava nada). Veja a figura ao lado demonstrativa do surgimento dos atuais oceanos, mares e continentes (as linhas pontilhadas revelam as fissuras por onde aflora o magma.

A teoria da Tectnica das Placas foi criada pelos cientistas norte-americanos Harry Hess e Maurice Erwing, em l967, com base no estudo do fundo do mar atravs de sonar, na Dorsal Atlntica, que se formou no por enrugamento do relevo submarino, mas por expanso do assoalho ocenico. A as rochas so muito recentes, devido agregao do magma na crosta, na medida em que as Placas Sul-Americana e a Africana se distanciam uma da outra. Esta teoria comprovou cientificamente a primeira e demonstrou que estas placas rgidas da crosta se movem entre si e o manto; em suas bordas h erupes vulcnicas, abalos ssmicos e movimentos orogenticos (formadores de montanhas).

b] Movimentos das placas tectnicas: podem ser convergentes, divergentes e tangenciais.

Os movimentos convergentes ocorrem quando duas placas deslocam-se no mesmo sentido, resultando na coliso lenta de uma com a outra. Nessa rea de encontro das placas pode haver uma subduco ou uma obduco. Subduco quando uma placa ocenica (mais densa) vai ficando sob uma placa continental (menos densa, vai submergindo na astenosfera e se fundindo no manto, formando uma zona de subduco. Nesta zona, os materiais da crosta vo aos poucos transformando-se em materiais do manto, originando uma corrente de conveco descendente do magma . Resultantes desta convergncia de placas (ex.: a Sul-americana com a de Nazca - sob o Oceano Pacfico; entre a Indo-Australiana e a da Eursia) so as erupes vulcnicas, abalos ssmicos, formao de montanhas, fossas submarinas e a reduo do Oceano Pacfico (enquanto o assoalho do Oceano Atlntico est se expandindo).

Quando esse encontro feito entre placas continentais mais espessas acontece a obduco - o exemplo se v nos mapas acima, quando no perodo Cretceo, h cerca de 65 milhes de anos, as placas Indo-Australiana e a Eurasitica Oriental se colidiram, resultando na formao do Himalaia.

Nos Alpes Suos (formados quando a Placa Africana entrou embaixo da Europa) encontraram um pedao de rocha da crosta, que penetrou cerca de 500 km e depois de 10 milhes de anos voltou crosta.

Cientistas norte-americanos chegaram concluso de que o material em subduco transforma-se em bolhas que, por correntes convectivas descendentes, chegam em baixo do manto inferior e depois de milhes de anos sobem, por correntes ascendentes, como bolhas de lavas, formando arquiplagos ou vulces. Estes deslocamentos convergentes podem resultar numa coliso das placas, unindo dois continentes e formando uma cadeia montanhosa recente (nesta rea de coliso) ou quando uma placa mergulha sob a outra, esta parte que afunda no manto, se funde, se recicla e sobe de novo formando arcos de ilhas na superfcie da crosta. Descobriu-se, recentemente, que o fundo do solo do Pacfico est em subduco de cerca de 10 cm/ano sob a placa da Amrica do Sul e que as cmaras magmticas iniciam-se a 100 km de profundidade.

Os movimentos divergentes se delineiam quando uma placa apresenta um movimento em direo contrria ao da outra, ocorrendo uma separao lenta entre elas, como est acontecendo entre as Placas Sul-americana e a Africana, desde h l25 milhes de anos (=Perodo Cretceo da Era Mesozica), inicialmente com uma velocidade de 6 cm/ano, hoje de 2 cm/ano.

Enquanto iam separando-se, o magma, atravs de correntes convectivas ascendentes, foi organizando uma zona de agregao (pois agrega material magmtico a cada uma das placas), constituindo o assoalho ocenico- expandindo o Oceano Atlntico - e a Dorsal Atlntica - maior cordilheira submarina da Terra com 7.300 km de comprimento, desde a regio rtica antrtica. Esses deslocamentos divergentes so tpicos de placas ocenicas (menos espessas que as continentais).

Os movimentos tangenciais ocorrem quando duas placas deslizam em sentido contrrio, sem criar ou destruir matria" como est acontecendo entre as Placas do Pacfico e a da Amrica do Norte, fazendo com que na costa da Califrnia surja a Falha de San Andreas e a Pennsula da Baixa Califrnia. No futuro, o litoral da Califrnia ir desprender-se do continente a partir daquela falha, transformando-se numa ilha. Da frico destas placas surgem terremotos - os sismlogos dizem que na Califrnia haver o "Big One", maior que os j ocorridos em S. Francisco e Los Angeles.

As causas destes deslocamentos das placas so as correntes de conveco ascendentes e descendentes do magma, que, por sua vez, decorrem das diferenas trmicas entre as camadas internas da Terra. Outro motivo: o ncleo externo perde calor para o manto inferior, ao mesmo tempo que a radioatividade de substncias do manto vai produzindo calor.

As principais placas da crosta terrestre so: a Eurasitica Ocidental; a Eurasitica Oriental, a Africana, a Sul-americana, a Norte-americana, a Indo-australiana, a do Pacfico;a da Antrtida as secundrias, menores que aquelas so: a do Caribe(no Oc. Atlntico), a de Nazca, a de Cocos (oeste da Amrica Central e pequena parte do Pacfico) , a Juan de Fuca ,a das Filipinas (no Pacfico) a Arbica (no ndico).

F) Agentes internos (endgenos ou formadores) do relevo: representados pelo tectonismo, vulcanismo e abalos ssmicos

Esses agentes internos, formadores do relevo terrestre, so condicionados pelas correntes de conveco do material magmtico do manto exercendo presso na crosta terrestre; pelo resfriamento e conseqente contrao da litosfera; e pelos deslocamentos das placas litosfricas.

a) Tectonismo (ou diastrofismo - da palavra grega diastrofin= distoro) - assim se chamam os movimentos internos da crosta que provocam distores ou deformaes nas placas litosfricas. So de duas modalidades: orognese e epirognese.

A orognese representada por esforos internos horizontais da Terra, de curta durao geolgica mas de grande intensidade, gerando dobramentos (quando exercidos sobre terrenos incompetentes ou plsticos) e fraturas e falhas (quando sobre camadas de rochas rgidas que oferecem resistncia s presses tectnicas). A orognese ocorre nas reas de instabilidade tectnica da Terra. As maiores dobras da superfcie terrestre so os dobramentos modernos, em cujos sinclinais (partes cncavas das montanhas) pode haver formao de petrleo.

De modo geral os dobramentos ocorreram nas bordas de bacias sedimentares ou de placas tectnicas. Sabemos que houve 4 perodos de orognese: o Huroniano (fim do Pr-Cambriano - origem dos escudos cristalinos), o Caledoniano (comeo do Paleozico), Herciniano (fim do Paleozico) e o Alpino (fim do Mesozico e comeo do Cenozico - originando os dobramentos modernos).

O fenmeno tectnico mais impressionante do mundo o Rift Valley Oriental ou Grande Vale da frica Oriental, com uma fossa tectnica enorme de 6.400 km, desde o Lbano (no Oriente Mdio) at Moambique. Esta enorme fissura na crosta terrestre resultou de movimentos tectnicos na Era Mesozica (a Era dos Rpteis), que criaram uma linha de falhas e soergueram o relevo (como o Planalto dos Grandes Lagos, no Qunia), emergiram grandes quantidades de magma (como no Macio da Etipia); formaram lagos de forma alongada (como o Turkana, o Niassa, o Tanganica, Rodolfo) e o Mar Vermelho (na cratera que se formou da separao entre a Pennsula Arbica e o continente).Na mesma poca a Ilha de Madagascar separou-se do continente e a frica comeou a se separar da Amrica do Sul, formando o Oceano Atlntico.

No Planalto dos Grandes Lagos esto os pontos mais altos do relevo africano, como o Kilimanjaro (5.895 m de altitude), o Qunia (5.201 m) e o Ruwenzori (5.119 m- nos Montes Mitumba).

Em alguns lugares do Rift Valley o solo coberto de cinzas vulcnicas constitudas de soda custica (carbonato de clcio), que foram transportadas pelas guas pluviais at lagos, tornando-os to alcalinos a ponto de facilitarem a proliferao de algas verdes-azuis, alimentos prediletos de belos flamingos rosas e de milhares de pssaros de espcies diferentes.

Ainda no Rift Valley, na dcada de 60, um vulco despejou lavas alcalinas cobrindo suas encostas de soda custica. Este vulco denominado de "Montanha de Deus" pela tribo dos Masai. A tambm ocorre a Depresso de Danakil, a 120 metros abaixo do nvel do mar, na Etipia, em cujo fundo as superfcies rochosas esto a 160o C. Nesta depresso h lagos de sal e fontes termais.

A epirognese (peiron= continente em grego) representada por movimentos diastrficos verticais, de longa durao afetando grandes partes de reas continentais, provocando o rebaixamento ou levantamento dos litorais e assim as transgresses (invases do mar como no Mar do Norte) e regresses marinhas (recuos do mar como na Pennsula Escandinava, que est subindo),respectivamente, alm do rejuvenescimento do relevo (os rios aumentam a eroso do seu leito e das margens devido ao soerguimento de parte do continente). A epirognese acontece em reas estveis da crosta terrestre.

b. Vulcanismo - representa a ascenso de magma atravs de fissuras ou fendas da crosta. Este magma vem de cmaras magmticas (verdadeiros bolses de acmulo de material magmtico na crosta terrestre) , nas quais acontece o aumento de presso necessria a esta subida do magma atravs das fendas da litosfera.

As erupes vulcnicas ( de lava, pedras, cinzas, gases) se ligam aos movimentos tectnicos e so antecedidos por terremotos. dos vulces ativos da Terra esto situados no Crculo de Fogo do Pacfico, l2% na Dorsal Atlntica; muitas ilhas ocenicas so o produto de atividades vulcnicas (ou por bolhas de lavas que subiram por correntes ascendentes para a crosta).

No final do Cretceo (Mesozico) deu-se um supervulcanismo no Planalto do Dec (ndia), em que houve um derramamento de lava, de cerca de 1 milho de m3, sobre a superfcie terrestre (talvez uma das causas da destruio dos dinossauros).

c. Abalos ssmicos - resultam de movimentos tectnicos entre blocos de rochas de 50 a 900 km de profundidade no interior da Terra. H 3 circunstncias principais que condicionam a formao dos terremotos: o vulcanismo, as acomodaes geolgicas de camadas internas da crosta e a tectnica das placas.

Antecedendo, e mesmo servindo de previso de erupes vulcnicas, h terremotos de baixa intensidade, visto que o material magmtico est pressionando os blocos de rochas das camadas geolgicas da crosta. Pode haver tambm terremotos por desmoronamentos e conseqentes acomodaes de camadas geolgicas, geralmente em bacias sedimentares- estes abalos ssmicos so de baixa intensidade.

Os terremotos de maior magnitude (=quantidade de energia liberada pelo foco ou hipocentro do terremoto) acontecem nas bordas das placas tectnicas, onde se acumulam tenses (provocadas justamente pelos deslocamentos das placas) at um determinado limite, a partir do qual se liberam vibraes ou ondas ssmicas, que se propagam at a superfcie da crosta terrestre, em um ponto chamado de epicentro (onde estas ondas propagam-se como quando se joga uma pedra na gua).

Do hipocentro (ponto de acumulaes das tenses entre as placas) liberam-se ondas longitudinais (que se propagam em meios slidos e lquidos, da atravessando todo o interior da Terra) e transversais (mais lentas que aquelas e que se propagam apenas em meios slidos, chegando, assim, at o ncleo externo e depois retornando crosta). Da a importncia da Sismologia no estudo das camadas internas da Terra.

As ilhas de Izu, no arquiplago do Japo, foram sacudidas por 70.000 abalos ssmicos nos ltimos tempos. O Japo situa-se nas bordas das placas do Pacfico e do Mar das Filipinas, que esto em subduco nas placas Eurasiana, de um lado, e na placa Norte-Americana, de outro.

A magnitude ou intensidade dos terremotos vai de 1 a 10o na Escala Richter, medindo a sua liberao de energia. A maioria dos terremotos ocorre no Crculo de Fogo do Pacfico (42,5% dos 350 anuais). Os abalos ssmicos mais famosos do sculo XX foram os de S.Francisco, Los Angeles, Tquio, Mangua, Agadir (Marrocos).

G) Formas de relevo: montanhas, planaltos, plancies(formas positivas) e depresses(negativas).

As montanhas constituem grandes elevaes do relevo terrestre formadas por falhas tectnicas, dobras ou atividades vulcnicas. As maiores correspondem aos dobramentos modernos, com formas pontiagudas. Sua formao est ligada aos movimentos orogenticos explicados acima.

Os planaltos, sob o ponto de vista geomorfolgico, so superfcies tabulares (em forma de mesa) mais ou menos elevadas em que os processos de eroso ou degradao superam os de acumulao e que tm escarpas ou declives em suas bordas . Podem ser de origem sedimentar ou produto de soerguimento de material magmtico (depois rebaixado pela eroso como os Planaltos Guiano e Brasileiro na Amrica do Sul; o Canadense, o Siberiano, etc.) e so representados geologicamente pelos escudos cristalinos ou macios antigos.

As plancies so superfcies mais ou menos planas em que os processos de sedimentao ou agradao superam os de eroso e cujas bordas so aclives. H plancies altas como as intermontanhas. Podem ser de 2 tipos: costeiras (ou baixadas - resultantes de acumulao de sedimentos flvio-marinhos) e continentais (cujos sedimentos provm de montanhas ou planaltos). Correspondem, geralmente, s bacias sedimentares.

Quando falamos simplesmente palavra depresso, estamos nos referindo depresso absoluta, isto , a uma forma negativa de relevo, isto , abaixo do nvel do mar no interior dos continentes. Elas representam as formas de relevo menos comuns na superfcie terrestre: na Amrica toda s existe uma- a do Vale da Morte (-84 m), no sudoeste dos EUA; na frica - as de Qattara (no Egito) e de Danakil (-120m) na Etipia; na sia -a do Mar Morto (a mais profunda, com cerca de -330m, no Oriente Mdio) e Tarin (oeste da China); na Europa- a Caspiana).

As depresses relativas so formas positivas de relevo (assim como as montanhas, planaltos e plancies) e se denominam assim em referncia s reas adjacentes,que so mais altas. s reas de contato entre terrenos cristalinos pr-cambrianos e sedimentares chamam-se depresses perifricas, como, por exemplo., a que se situa entre o Planalto Arenito-Basltico e o Planalto Cristalino, no Planalto Meridional do sudeste e sul do Brasil.

2.1.3.- Dinmica Externa do Relevo (ao de agentes externos ou do modelado terrestre como o intemperismo, as chuvas, as guas dos mares e rios, as geleiras, os ventos)

As aes do modelado terrestre executadas por estes agentes externos so trs: o de eroso (destruio), o de transporte e o de acumulao( ou de sedimentao).

A) O intemperismo representa a ao do calor do Sol ou das guas das chuvas provocando a desagregao mecnica ou decomposio qumica, respectivamente, das rochas e fazendo surgir os solos (ou manto de intemperismo).

Apresenta-se sob duas modalidades: o intemperismo fsico e o qumico; o primeiro se faz sentir pela ao do calor do Sol, especialmente em climas em que h grandes amplitudes trmicas dirias, como nos desertos. O segundo, o intemperismo qumico, em reas chuvosas, como nas baixas latitudes em climas equatoriais e tropicais. De modo geral, o primeiro antecede o segundo.

B) A ao das guas das chuvas, alm do intemperismo qumico, provoca a lixiviao, ou seja, a eroso dos solos devido queda dos pingos de chuvas no cho, lavando-o e carregando seus nutrientes e sedimentos. A lixiviao dos solos intensa em climas chuvosos, como tambm nas encostas de montanhas, especialmente naquelas cuja cobertura vegetal foi destruda por ao antrpica (urbanizao, industrializao, agricultura, pecuria).

C) A ao dos seres vivos, notadamente o homem, com sua tecnologia, exercendo uma ao antrpica sobre a natureza e, de modo geral, causando desequilbrios ambientais no solo, na vegetao, nos climas.

D) A ao das guas dos rios, principais agentes erosivos, pois cavam os seus leitos e modelam as vertentes (margens), ficando os sedimentos em suspenso em suas guas e transportando-os at o mar ou depositando-os em suas margens ou nas plancies (trabalho de sedimentao).

As bacias fluviais ou hidrogrficas (reas drenadas pelo rio principal e seus afluentes) apresentam trs partes: a mais alta o curso superior ou alto vale (em que ocorre muita eroso); o mdio curso; e o curso inferior(neste encontra-se a foz e ocorre muita sedimentao e a formao de plancies aluvionais).

Quanto mais velho for o rio, mais ele cavou o leito e, assim, diminui a sua fora erosiva, pois torna-se menor a diferena de altura entre as nascentes e a foz. A esta diferena de altura entre a nascente e a foz denominamos perfil longitudinal do rio. Veja a ilustrao em baixo da pgina anterior..

E) A ao das guas dos mares se manifesta pela eroso ou abraso marinha, pelo transporte e sedimentao no litoral. Um litoral tanto mais novo quanto mais reentrncias (entradas de mar, como golfos, baas) e protuberncias (salincias, como cabos) ele tiver. Na medida que vai passando o tempo, as correntes martimas e as ondas vo erodindo as protuberncias, depois transportam e acumulam sedimentos nas reentrncias, fechando-as e tornando o litoral cada vez mais linear.

A abraso marinha varia em funo de transgresses e regresses marinhas, da natureza das rochas existentes no litoral (as magmticas e metamrficas so mais resistentes abraso). Se o litoral for alto (como nas falsias- formado de rochas cristalinas, ou nas barreiras- formadas de rochas sedimentares) vai ocorrer mais abraso marinha; se o litoral for baixo, ocorre acumulao (como nas praias, restingas, tmbolos, recifes, dunas), embora os trabalhos de eroso-transporte-sedimentao sejam feitos simultaneamente.

O litoral do Estado do RJ um bom exemplo da ao das guas do mar: antes era cheio de reentrncias (restando apenas as Baas da Guanabara, Sepetiba e Ilha Grande), mas as correntes martimas trazem sedimentos oriundos do Norte Fluminense (onde desgua o rio Paraba do Sul, lanando ali os seus sedimentos tambm), e os jogam naquelas antigas entradas de mar formando restingas e lagoas costeiras. Conjugam-se, pois, duas aes do modelado terrestre no litoral: do rio Paraba do Sul (que joga sedimentos em sua for no mar) e das correntes martimas do Oceano Atlntico (transportando e sedimentando as reentrncias).

F) Os trabalhos de modelado das geleiras so restritos, atualmente, aos cumes dos dobramentos modernos e s zonas glaciais. Durante as glaciaes quaternrias, quando a calota polar chegava at o centro da Amrica do Norte, bem como ao norte da Eursia e a sudoeste da Amrica do Sul, a eroso glacial foi mais intensa originando lagos (ex.: Grandes Lagos norte-americanos e os lagos finlandeses) e litorais extremamente recortados (como os fiordes encontrados na Pennsula Escandinava e da Jutlndia, na Europa; no litoral chileno e na Nova Zelndia).

A eroso glacial realiza-se de duas maneiras: por compresso (quando a gua infiltra-se em fendas de rochas e depois se congela, quebra a rocha, visto que a gua sob a forma slida tem maior volume que em estado lquido) e por desgaste mecnico (a parte de baixo das geleiras menos fria e, assim, o gelo mais pastoso que em cima, da o glaciar desloca-se sobre os solos e as rochas, destruindo-os, transportando sedimentos e depositando-os quando estaciona o glaciar). Ao trabalho de deposio ou acumulao glacial d-se o nome de morenas ou morainas. As bacias de alimentao das geleiras nas montanhas so chamadas de circos glaciais.

O deslocamento do ar, ou seja, o vento, exerce tambm uma ao de modelado terrestre. A eroso elica (dos ventos) feita em seqncia, deste modo: primeiro, o vento coleta partculas ao longo do seu deslocamento sobre os solos ( a deflao); depois, lana essas partculas contra as rochas ou obstculos que se opem ao seu deslocamento ( a corraso). A acumulao elica manifestada nas dunas (nos desertos) e nos solos de less (especialmente no da China, muito frteis por conterem partculas de argila, quartzo e clcio).

2.2.- Domnios Morfoclimticos ou Fitogeogrficos da Terra

Os fatores naturais, como o relevo, a hidrografia, o clima, a vegetao, a fauna e os solos no existem de forma isolada sobre a superfcie terrestre, mas de maneira interdependente e interativa, da resultando os domnios morfoclimticos ou fitogeogrficos (ou ainda biomas) da Terra.

Os domnios morfoclimticos da Zona Intertropical so as florestas de baixas latitudes (equatoriais e tropicais), as savanas, os desertos e semidesertos; nas Zonas Temperadas so as florestas de mdias latitudes(ou temperadas), os campos temperados, as florestas de altas latitudes (ou de conferas); nas Zonas Glaciais a tundra. Vamos estud-los, observando atentamente as relaes entre clima, vegetao e solos de cada um deles.

A] Domnios Morfoclimticos da Zona Intertropical:

As florestas de baixas latitudes correspondem ao domnio dos climas equatorial e tropical mido com altas temperaturas e muitas chuvas e amplitude trmica baixa durante o ano, o que propicia a formao das matas mais biodiversificadas do planeta (devido ao calor e umidade).Os seus solos so muito lixiviados e laterizados (pela ascenso de xidos de ferro e alumnio, que lhes conferem uma acidez acentuada). A decomposio das folhas mortas no cho servem para automanuteno das florestas. A biodiversidade gera uma densidade enorme da cobertura vegetal que dificulta a ocupao humana, mas incentiva o extrativismo vegetal (uma das razes de sua devastao na Malsia, no Congo e atualmente na Amaznia).

As savanas, chamadas de cerrados no Brasil, so formaes vegetais de rvores dispersas (como o baob na frica), arbustos e gramneas. Relacionam-se ao clima tropical com chuvas de vero e com o inverno mais seco. Em face disso, a vegetao arbustiva apresenta caractersticas xeromrficas, isto , folhas cerosas, razes longas, casca grossa e galhos retorcidos para se adaptar ao inverno seco. Os solos cidos podem ser corrigidos com a introduo de calcrio (tcnica da calagem), representando uma nova fronteira agrcola do Brasil, para a produo de soja. Estes solos so cidos devido presena de xidos, especialmente de ferro e alumnio, que lhes conferem uma cor avermelhada ( o processo da laterizao).

A maioria dos desertos e semidesertos se localiza nas reas subtropicais (junto aos Trpicos de Cncer e de Capricrnio), como o do Saara e Kalahari (frica), Chihuahua e Sonora (sudoeste da Amrica do Norte), Australiano. H, ainda, desertos litorneos devido presena de correntes martimas frias, como o de Nambia (sudoeste da frica). Nas encostas de sotavento de altas montanhas (do lado

contrrio a ventos midos) tambm ocorrem desertos, como o de Atacama (norte do Chile). Vide mapa.

Os climas ridos e semi-ridos caracterizam-se por altas amplitudes trmicas dirias (com muito intemperismo fsico) e chuvas escassas e irregulares, da a vegetao ser xerfita, isto , guarda gua nos seus vacolos celulares e so espinhentas, a fim de no perd-la atravs da evapotranspirao; ou sistema radicular desenvolvido. Os solos dos desertos so esquelticos, isto , finos (devido ao intemperismo fsico causado pelas elevadas amplitudes trmicas dirias); so alcalinos ou salinos (pois a evaporao maior que a precipitao). As estepes (vegetao herbcea descontnua nos solos) so tpicas de clima semi-rido que envolvem os desertos (como, por exemplo, as estepes do Sahel que envolvem o Sul do deserto do Sahara).

B] Na Zona Temperada do Norte :

As florestas temperadas ou de folhas caducas (porque caem no inverno para reduzir o metabolismo) ou de mdias latitudes correspondem ao clima temperado ocenico, com chuvas bem distribudas durante o ano. Elas so homogneas (com poucas espcies vegetais, como o bordo- smbolo nacional do Canad- da Floresta Laurenciana, os carvalhos das Florestas Apalacheana - dos Estados Unidos e a Floresta Negra- na Alemanha). Por se situarem nas reas mais industrializadas e urbanizadas da Terra, so as mais devastadas do planeta.

Os campos temperados so formaes vegetais herbceas, constitudas de gramneas como as estepes da Ucrnia, as pradarias norte-americanas, os pampas gachos. Relacionam-se com o clima temperado continental, com invernos secos e rigorosos e amplitude trmica diria e anual grande. Os solos so muito frteis em face da decomposio das gramneas mortas no inverno, e no havendo quase lixiviao no vero, formam matria orgnica depositada. A esto o tchernozion (solo negro) da Ucrnia e os cintures agrcolas norte-americanos de grande produtividade agrcola.

As florestas de conferas ou de altas latitudes so representadas pelas Florestas Canadense, Boreal (norte da Europa) e a Taiga Siberiana. Relacionam-se ao clima frio, com baixa insolao e solos gelados. So as florestas mais homogneas da Terra, praticamente s de pinheiros. Prestam-se indstria extrativa vegetal (Canad, Sucia, Noruega, Finlndia so grandes produtores de celulose e papel). Seus solos so podzlicos, isto , cidos e plidos, com turfa no horizonte A (parte externa dos mesmos) e pobres, dificultando a agricultura.

C]Nas Zonas Glaciais (especialmente na rtica) localiza-se a tundra - no extremo norte da Amrica do Norte e da Eursia, em virtude dos solos gelados durante 8 meses, devido ao clima subpolar. A sobrevivem apenas vegetaes herbceas, musgos e liquens de ciclo vegetativo curto.

D]Nos dobramentos modernos ocorre uma vegetao orfila ou de montanhas (orfila). O clima de montanha tpico: a temperatura diminui conforme aumenta a altitude, enquanto a umidade aumenta at certo ponto, mas depois comea a diminuir at o cume da montanha. Sendo assim, nas encostas baixas destes dobramentos h florestas (de baixas, mdias ou altas latitudes), enquanto nas encostas altas floresce a vegetao orfila adaptada pouca umidade do ar (ex. Campos alpinos, punas de Atacama). A altitude, de certa forma, repete as formaes vegetais da latitude onde situam estes dobramentos modernos, em face dessas condies diversas de temperatura e umidade na subida de suas encostas. Veja figura ao lado.

Iremos estudar doravante os condicionamentos planetrios dessa diversidade de paisagens que ocorre na Terra, representados pelos seus movimentos e pelos seus climas.

2.2.1.- Principais Movimentos da Terra: rotao e revoluo.

A) Rotao - o movimento da Terra em torno do seu eixo imaginrio (inclinado no espao sideral em 23o 27' 30"), executado em 23h e 56' (dia sideral, ou 24 h). Deste movimento resultam os dias e as noites, cuja durao varia de acordo com as latitudes (quanto maior for, maior ser a diferena entre ambos) e as estaes do ano (no vero, os dias so mais compridos que as noites; vice-versa, no inverno).

Como a Terra uma superfcie quase esfrica, portanto com 360o, esta rotao vai provocar horas diferentes de passagem do Sol pela sua superfcie. Assim, 360o : 24 h=15o, que representa um fuso horrio (espao delimitado por 2 meridianos, em que a Terra move-se em l hora). Como a rotao efetua-se no sentido oeste leste, enquanto o movimento aparente do Sol leste oeste, o hemisfrio L (a partir do Meridiano de Greenwich) estar sempre mais adiantado que o hemisfrio O (ex.: o Rio, a 45o de longitude W de Greenwich, est a 3 fusos horrios menos que Londres, pois 45:l5=3).

No extremo oposto ao Meridiano de Greenwich (0o de longitude), no Oceano Pacfico, estabeleceu-se a Linha Internacional da Data (ou Antimeridiano de Greenwich, a l80o ); quando se ultrapassa este meridiano no sentido O L (ex.: Rio Tquio) ganha-se um dia (ex: de 6 p/ 7) e vice-versa. J estudamos que isto importante na globalizao dos fluxos de investimentos nas Bolsas de Valores do Extremo Oriente (Tquio, Hong Kong, Cingapura) e nas Ocidentais (ex.: Londres e Nova Iorque) - enquanto nestas abrem-se os preges, naquelas houve o fechamento, criando oportunidades de negcios ao se saber as cotaes de ttulos e derivativos e estimulando o capital especulativo.

B) Revoluo - o movimento da Terra em torno do Sol, descrevendo uma rbita (ou eclptica) em 365 dias, 5 h e 48' (ano sideral, da a necessidade de se acrescentar um dia a mais de 4 em 4 anos). Deste movimento resultam as 4 estaes do ano: os solstcios (=vero e inverno) e os equincios (=primavera e outono), que so opostas nos hemisfrios N e S, em face da obliqidade do eixo da Terra em 23o 27' 30" no espao sideral.

a) Solstcios- so os dois pontos mximos de declinao do Sol em seu caminho aparente sobre a Terra, at 23 de latitude N e S do Equador (=mesma inclinao do eixo terrestre, pois se no fosse inclinado o plano da eclptica ou da rbita da Terra coincidiria com o plano diametral do Equador durante o ano todo).

Quando o Sol est perpendicular ao Trpico de Cncer (23 N do Equador), no dia 21/6, vero no hemisfrio N, pois est mais iluminado e aquecido pelo Sol (90 N ou Plo N + 23= 113; este plo tem o maior dia do ano, em que o Sol se pe s 23 h e 45' e amanhece s 24 h), enquanto inverno no hemisfrio S, sendo menos iluminado e aquecido pelo Sol (90 S, ou Plo S - 23= 67, observe que o crculo imaginrio de iluminao da Terra pelo Sol sempre l80).

No dia 21/12, o Sol est perpendicular ao Trpico de Capricrnio (23o S do Equador), da ser vero em nosso hemisfrio e inverno no hemisfrio N (113 iluminados no hemisfrio S, enquanto s 67 no hemisfrio N).

Estes solstcios, bem como os equincios, s ocorrem naqueles dias determinados, pois devemos nos recordar que a Terra est girando em torno do Sol , que aparenta um caminho na Terra, na seguinte seqncia: 21/12 no Trpico de Capricrnio 21/3 no Equador 21/6 no Trpico de Cncer 23/9 no Equador novamente e assim por diante.

b) Equincios - assim chamados porque na primavera (23/9 para ns) e no outono (21/3) o Sol est perpendicular ao Equador, iluminando igualmente os dois hemisfrios (90N + 90S, portanto at os dois plos), determinando uma durao do perodo diurno igual ao noturno (equi=iguais, noctii=noites).

O Equador a rea mais quente do planeta, devido ao fato do Sol ficar perpendicular a ele nestes dois dias do ano. No dia 22/3 o Sol acabou de sair do hemisfrio Sul, entrando no hemisfrio Norte, onde primavera antecedendo o vero, enquanto ao S outono antecedendo o inverno. No dia 24/9, acontece o inverso: primavera no hemisfrio Sul e outono no Norte.

Podemos concluir, pois, que, conforme as estaes do ano, a Terra estar aquecida de modo distinto, em virtude tambm da inclinao do eixo terrestre. Esta quantidade de radiao do calor do Sol sobre a superfcie terrestre (=insolao) de modo diferente nos hemisfrios N e S, importante para compreendermos as distintas pocas de plantio e colheitas agrcolas, em face do ciclo vital das plantas (que precisam da energia primria do Sol para transform-la em energia bioqumica atravs da fotossntese), da sua sazonalidade (certas plantas florescem e frutificam apenas em determinadas estaes). At mesmo certas migraes sazonais (populaes que se movimentam de uma rea para outra, conforme as estaes do ano, para trabalhar) e tursticas (no vero europeu, as praias do Mediterrneo atraem milhes de europeus do norte mais frio, bem como gente de outros lugares).

2.2.2.- Climas - representam uma sucesso habitual dos tipos de tempo. Este a condio momentnea da atmosfera. Seus elementos estruturais so a temperatura, a presso e a umidade atmosfrica. Os fatores que influem localmente so a altitude, a latitude, a proximidade ou no do mar, as correntes martimas

A) Temperatura - a quantidade de calor na atmosfera. A energia primria do Sol aquece a superfcie da Terra (a hidrosfera e a litosfera) e esta irradia calor para o ar; portanto, a temperatura do ar um calor indireto, j que irradiado da superfcie (que absorve 47% da energia proveniente do Sol) para a atmosfera (absorve apenas 17%). Os fatores condicionantes de mudana da temperatura so a altitude, a latitude, a proximidade do mar e as correntes martimas.

a)Altitude - quanto mais alto, mais diminui a temperatura visto que a irradiao do calor feita pela superfcies slidas e lquidas da Terra e, tambm, porque os componentes gasosos da atmosfera vo se dispersando na medida em que se sobe.

b) Latitude - quanto maior a latitude, menor a temperatura (Equador = 0 e maior temperatura, plos=90 e menores temperaturas). Isto explica-se pelo fato de que, em face da esfericidade da Terra, a mesma quantidade de raios solares que ilumina a superfcie terrestre, em baixas latitudes aquece um arco de circunferncia menor que em altas latitudes, da concentrar mais calor e irradi-lo mais para o ar que o de altas latitudes (sendo um arco menor, o calor se dispersa numa rea mais extensa e assim menos quente e irradia menos calor para o ar). Observe a figura .

Alm disso, os raios solares caem mais perpendicularmente na Zona Intertropical ao longo do ano aquecendo-a mais; incidem inclinados nas Zonas Temperadas e quase na linha do horizonte nas reas subpolares (onde ocorre o Sol da meia-noite no vero) e polares (onde se v o Sol sempre na linha do horizonte). Observe a linha escura na ilustrao ao lado.

c) Proximidade do mar- o calor especfico da hidrosfera maior que o da litosfera, isto , as guas ocenicas se aquecem mais lentamente que as massas continentais, decorrendo da a suavizao das temperaturas e o aumento da umidade atmosfrica(a hidrosfera obviamente evapora muito mais que a litosfera) nas reas sob a influncia dos oceanos- a isto chamamos de maritimidade. A maritimidade no to sentida em baixas latitudes, como na Zona Intertropical, que j so quentes naturalmente; entretanto, nas mdias e altas latitudes (Zonas Temperadas e Glaciais) ela influi fortemente nas condies atmosfricas de temperatura e umidade das reas litorneas tanto no perodo dia-noite (amplitude trmica menor, poiso mar aquece o litoral noite), quanto no vero-inverno - amplitude trmica anual menor que nos climas existentes no interior dos continentes.

Quanto mais longe do mar, maior a continentalidade, ou seja, as diferenas entre dia-noite e vero-inverno. Como exemplo: o clima temperado ocenico apresenta uma amplitude trmica diria e anual inferior a dos clima temperado continental; a razo disto que a terra se esquenta mais rpido. mas perde calor em tempo menor que o mar. Como no hemisfrio N concentram-se mais terras emersas (=massas continentais) h mais continentalidade e desertos do que no hemisfrio sul.

d) Correntes martimas - podem ser quentes (procedentes da Zona Intertropical) ou frias (procedentes das reas subpolares e polares). Das correntes martimas quentes a mais famosa a Corrente do Golfo, originria do Golfo do Mxico na Amrica do Norte, atravessando diagonalmente o Oceano Atlntico e, ao chegar na Europa, aquecendo o seu litoral e aumentando a sua pluviosidade.

Por seu turno, as correntes martimas frias apresentam uma importncia climtica e econmica muito importante.

Climaticamente, elas formam desertos litorneos, pois esfriam o ar sobre o mar onde passam, fazendo condensar o vapor d'gua contido nas nuvens carregadas de umidade provenientes do oceano, transportadas por ventos em direo ao continente- da chove no mar e as nuvens chegam sem vapor no litoral.

Economicamente, estas correntes frias, mais que as quentes, absorvem oxignio do ar, infiltrando-se nas guas ocenicas, privilegiando a formao de plncton e da a grande piscosidade do mar sob a influncias das correntes frias. Como exemplo, a Corrente de Humbolt (ou do Peru) que forma um deserto no litoral sul deste pas sul-americano, mas o torna um dos maiores produtores mundiais de pescado. Quando as correntes frias encontram-se com as quentes h o fenmeno da ressurgncia: guas mais profundas e ricas em plncton afloram superfcie, tornando-a muito piscosa.

A corrente fria do Peru chamada pelos peruanos de "El Nio" pois sua influncia maior na poca de Natal (nio= Menino Jesus) e causa mudanas profundas na circulao atmosfrica e do mar em todo Amrica. Da Amrica para a Indonsia sopram ventos que elevam o nvel do mar em 30 cm e mantm uma diferena de temperatura de 29-30C, naquela rea do Pacfico Ocidental, para 23-25C aqui na Amrica do Sul. Com o El Nio, entretanto, os ventos alsios tornam-se mais fracos no Pacfico Ocidental e assim as guas quentes da Indonsia refluem para a Amrica do Sul, aquecendo todo o Oceano nesta rea. A temperatura do ar se elevando aqui, favorece a formao de nuvens carregadas de umidade atmosfrica e assim chove nos desertos litorneos do Peru e Chile, e acentua as secas no Serto semirido do NE do Brasil. Hoje, ocorre, tambm, o fenmeno contrrio - o da La Nia.

As diferentes condies de insolao da superfcie terrestre determinam as Zonas de Iluminao (ou trmicas) distintas da Terra: a Intertropical (entre os Trpicos de Cncer ao N e o de Capricrnio ao sul), as Temperadas do N e do S (entre os Trpicos e os Crculos Polares) e as Glaciais rtica e Antrtica. Observe a figura da latitude da pgina anterior..

Alm disto, a diversificao trmica explica a diferenciao dos produtos agrcolas tropicais e temperados - uma das causas, entre outras histricas e econmicas, do colonialismo moderno e contemporneo sobre a Amrica Latina, a frica e a sia (ex.: colnias de explorao apresentam climas e produtos tropicais diferentes dos que haviam nas metrpoles, com climas e produtos agrcolas temperados).

B) Presso Atmosfrica - a fora atuante da atmosfera (manto gasoso que envolve e protege a Terra com cerca de 600 km de altitude) sobre a superfcie terrestre, que de 760 mm/Hg ou 1.013 mb (milibares) ao nvel do mar, conforme demonstrou pela primeira vez Torricelli (cerca de l643).

A camada da atmosfera mais importante a troposfera (at 12 km de altitude), porque nela acontecem as mudanas (=tropos, em grego) atmosfricas provocadas pela dinmica das massas de ar. Nela concentra-se, tambm, da massa gasosa (especialmente os gases mais pesados, que so o nitrognio e o oxignio) e quase todo o vapor d'gua da atmosfera.

Como um todo, a atmosfera protege a superfcie terrestre: meteoritos se fundem a 2.000C em atrito com as altas camadas da atmosfera, formando as estrelas cadentes: a camada de oznio (entre 10/l7 e 50 km de altitude) protege os seres vivos das radiaes ultravioletas do Sol, prejudiciais sade.

a) Fatores condicionantes de mudanas da presso do ar: altitude, latitude, temperatura.

1] Altitude - medida que subimos, a coluna de ar diminui e assim tambm sua fora de atuao- como, por exemplo, a 5.500 m de altitude a presso atmosfrica de 500 mb ou 405,1 mm/Hg.

2] Temperatura - quando o ar se aquece, os seus componentes gasosos expandem-se e da a presso diminui; quando frio o ar, seus componentes se contraem e aumenta a presso atmosfrica. Podemos simplificar esta relao da seguinte forma: TA=PB e TB=PA. Em TA o ar ascendente e diz-se que a rea ciclonal ou de depresso atmosfrica; em TB o ar descendente e chama-se rea anticiclonal ou de divergncia.

3] Latitude - se, como vimos, a latitude influi na temperatura, evidentemente modifica a presso do ar - assim, a rea equatorial (de mais baixa latitude e mais alta temperatura) ciclonal por excelncia, enquanto as reas em volta dos Plos N e S so anticiclonais. As reas ciclonais so instveis atmosfericamente, da serem chuvosas, enquanto as anticiclonais so estveis, da resultando a ocorrncia de desertos nas reas cortadas pelos Trpicos (ex.: Sonora e Chihuahua no Mxico, Saara e Kalahari na frica)

b) Ventos - correspondem ao deslocamento do ar, que se processa dentro de duas leis fsicas: quanto direo, eles deslocam-se de reas anticiclonais para as ciclonais; quanto velocidade, seu deslocamento ser tanto mais veloz quanto maior for a diferena de presso entre as duas reas.

Este deslocamento, contudo, no se faz direto das reas anticiclonais para as ciclonais, por causa da rotao da Terra. No hemisfrio N, nas reas de depresso (ou ciclonais) os ventos se movem no sentido anti-horrio, enquanto nas reas anticiclonais eles se movem no sentido horrio. No hemisfrio sul, ocorre o contrrio. A figura acima ilustra essa explicao. Estas observaes so vlidas para os movimentos horizontais do ar; para os verticais, no.

Variedades de ventos - Os ventos podem ser planetrios (ou regulares) e peridicos.

Como exemplos de ventos planetrios h os alsios (de nordeste e de sudeste), os ventos de leste e os ventos de oeste. Entre os ventos peridicos encontram-se as brisas e mones. Os ventos planetrios so assim denominados pois sopram numa determinada rea da Terra e regularmente no mesmo sentido; os peridicos mudam de sentido de direo em face de mudana dos fatores temperatura-presso nos lugares onde ocorrem.

Ventos planetrios: os alsios sopram das reas anticiclonais subtropicais para o Equador, portanto na Zona Intertropical. Devido ao movimento de rotao da Terra, sofrem um desvio de direo para oeste- no hemisfrio N so os alsios de NE (os ventos tm o nome do lugar de onde procedem, assim: , de NE para SO), no hemisfrio S so os alsios de SE .

Ao mesmo tempo, por cima dos alsios e em direo contrria sopram os contra-alseos, que sobem do Equador e descem nas reas anticiclonais subtropicais. Esta troca de ar entre os Trpicos e o Equador chamado de clula de Hadley.

Nas Zonas Temperadas sopram os ventos de Oeste, das reas subtropicais anticiclonais para as ciclonais subpolares (60)- neste deslocamento passam por massas ocenicas e levam chuvas para o litoral ocidental dos continentes.

Das Zonas Glaciais para as Temperadas sopram os ventos de Leste, frios e secos (ex.: os ventos siberianos causam nevascas na Europa).

Ventos peridicos - brisas- ocorrem nos litorais dos continentes em virtude da troca de calor entre o mar e a terra. Elas podem ser martimas e terrestres. De madrugada ocorre a brisa terrestre, j que o ar sobre o litoral fica mais frio e com presso mais alta que no mar; de dia, ocorre a brisa martima visto que o mar se aquece mais devagar que a terra. mones - so tpicas do S e SE da sia (ou sia Monnica) e podem ser de dois tipos: de vero (chuvosas) e de inverno (secas). Seu mecanismo semelhante ao das brisas, s que sua rea de atuao maior. Assim, as mones de vero sopram do Oceano ndico para a sia, da serem midas- de junho a outubro plantado o arroz na sia Monnica ( a rizicultura que exige muita gua). No inverno, o centro de alta presso est sobre a sia (>massa continental), de onde sopram os ventos para o ndico- da serem secos. Veja o mapa explicativo.

c) Massas de ar - so grandes volumes de atmosfera que apresentam caractersticas de presso, temperatura e umidade, conforme os seus locais de procedncia. Na Zona Intertropical formam-se massas quentes de ar- as equatoriais e tropicais; enquanto nas Zonas Glaciais rtica e Antrtica originam-se as massas frias ou polares. Estas massas de ar, por outro lado, podem ser midas ou secas (exclusive as equatoriais que so sempre midas) conforme se formem no oceano ou no continente, respectivamente. J estudamos tambm que as reas anticiclonais ou de divergncia so secas; enquanto as reas ciclonais ou de subsidncia so midas.

Teoricamente as massas de ar polares (mais densas) deveriam vir at o Equador (rea ciclonal) e, pelo alto, as massas quentes deveriam chegar at os Plos N e S. No entanto, devido obliqidade do eixo terrestre, as massas polares chegam at as reas subtropicais (em torno dos Trpicos), da estas serem anticiclonais; simultaneamente as massas quentes chegam at as reas subpolares (em torno dos Crculos Polares), da estas serem ciclonais. As massas frias, ao se dirigirem s reas subtropicais (raramente chegando s equatoriais, mesmo assim no inverno boreal ou austral), se tropicalizam; ocorrendo o contrrio com as massas quentes.

Do encontro das massas de ar quentes com as polares formam-se as frentes polares, entre 35 e 60 de latitude norte e sul do Equador. As frentes so, pois, reas de contato entre duas massas de ar diferentes, desse contato origina-se uma turbulncia ou agitao atmosfrica provocando uma grande instabilidade do tempo e da precipitaes atmosfricas (=chuvas frontais).

Nas reas ciclonais em volta do Equador forma-se, tambm, uma rea de agitao atmosfrica e muito chuvosa (a de maior pluviosidade do planeta) chamada de convergncia intertropical ou CIT. assim denominada porque as massas quentes (as equatoriais e tropicais) no apresentam uma acentuada diferena de presso (como ocorre entre as quentes e as polares). A figura acima ilustra a circulao geral da atmosfera.

As frentes podem ser: quentes ou frias. As frentes quentes - quando o ar quente substitui o frio; as quentes, quando acontece o inverso. Quando o ncleo de suas presses so semelhantes, havendo um equilbrio entre as massas de ar, forma-se uma frente estacionria; quando uma frente fria se tropicalizou totalmente ou vice-versa, diz-se que a frente est em dissipao.

A CIT e as frentes polares mudam de posio geogrfica durante o ano. Assim, no solstcio de vero no hemisfrio norte, predominam massas frias de ar no hemisfrio sul (pois inverno austral), empurrando a CIT (que podemos chamar de Equador trmico) para o norte do Equador geogrfico (0). Verifica-se o contrrio quando for vero austral. Nos equincios a CIT est sobre o Equador geogrfico.

Esta circulao do ar denominada de geral ou primria, condicionando os climas de forma global nas Zonas de Iluminao da Terra. H, porm, uma circulao secundria em certas reas da superfcie terrestre, condicionada por fatores locais (correntes martimas, relevo, continentalidade) que, por outro lado, se refletem em variaes daqueles tipos gerais de climas.

De acordo com esta circulao geral da atmosfera, Arthur Strahler elaborou uma classificao gentica ou dinmica do clima (a mais moderna), da seguinte forma:

climas de latitudes baixas - sob influncia das massas de ar quente: equatorial mido, litorneo com ventos alsios, desertos tropicais e de estepes, tropical seco-mido;

climas de latitudes mdias - influenciados por massas tropicais e polares: subtropical mido, martimo das costas ocidentais, mediterrneo, desrtico e de estepe de mdias latitudes, continental;

climas de latitudes altas - influenciados pelas massas polares: continental e martimo subrtico, de tundra, da calota de gelo, de terras altas (este nos dobramentos modernos, em qualquer latitude).

C - Umidade Atmosfrica - representa o vapor d'gua contido na atmosfera, ou mais precisamente, na troposfera. Ela o resultado da evaporao (maior nos oceanos e menor nos continentes) e da evapotranspirao (das florestas, especialmente das de baixas latitudes), de acordo com a altitude (at uma determinada cota de altitude aumenta a umidade atmosfrica, depois vai diminuindo progressivamente, como nos climas de montanha ), a latitude (reas equatoriais so as mais chuvosas), os ventos (aumentam a evaporao) e a temperatura (quando alta, aumenta o ponto de saturao, isto , a capacidade de absoro de vapor d'gua pelo ar).

A gua na superfcie terrestre obedece ao ciclo hidrolgico, ou seja, o movimento da gua nos trs estados fsicos, da seguinte forma esquemtica: evaporao evapotranspirao condensao transporte do vapor precipitao (neve e chuva) infiltrao e escoamento das guas pluviais evaporao.

H duas maneiras de se avaliar a umidade atmosfrica: a absoluta e a relativa. Umidade absoluta: quantidade de vapor d'gua na atmosfera em certo momento. Umidade relativa: porcentagem demonstrativa da relao entre a umidade absoluta e o ponto de saturao, isto , o mximo de vapor que o ar pode conter. Esta ltima a que ouvimos ou lemos nos noticirios. Por exemplo, se a umidade relativa do ar de 75%, significa que a umidade absoluta de l5% e o ponto de saturao de 20% em determinado momento da temperatura do ar. Seu clculo: 1520=0,75 ou 75/100 ou 75%; em linguagem matemtica, o quociente da umidade absoluta sobre a relativa, expresso em porcentagem.

A umidade atmosfrica manifesta-se de duas maneiras: condensaes superficiais (neblina, orvalho e geada) e precipitaes atmosfricas (neve e chuva).

a) Condensaes atmosfricas superficiais

A neblina ocorre quando se acumulam gotculas de vapor d'gua na atmosfera junto superfcie terrestre, em face da temperatura baixa desta ltima; a neblina ou nevoeiro comum em manhs de inverno de cidades do interior ou nas reas montanhosas: pode reduzir a visibilidade em at 1 km.

O orvalho surge quando o ar se resfria at 0C noite, em contato com o solo que perdeu calor durante a noite, ocorrendo ento a condensao da umidade atmosfrica em plantas ou objetos, sob a forma de gotas de guaS .

A geada acontece da mesma forma que o orvalho, s que a temperatura est igual ou inferior a 0C, fazendo com que a gua em estado gasoso na atmosfera passe ao estado slido na superfcie (=orvalho geladoT ). A geada muito prejudicial agricultura, destruindo-a.

b) Precipitaes atmosfricas - assim chamadas porque o vapor d'gua sobe, forma as nuvens (=gotculas microscpicas de vapor em suspenso na atmosfera), se condensa e depois se precipita (= cai das nuvens). A principal modalidade de precipitao atmosfrica a das chuvasS S , que acontecem sob uma condio fundamental: o resfriamento do vapor de gua contido no interior das nuvens (gotculas aumentam de volume e por fora da gravidade acabam caindo). Tal resfriamento se d em 3 situaes diferentes, da decorrendo 3 tipos de chuvas: orogrficas (ou de relevo), convectivas e as frontais. Veja ao lado a ilustrao de como ocorrem as chuvas orogrficas e depois a explicao.

S Chuvas orogrficas - em litorais montanhosos. Quando ventos transportam massas de ar originrias no oceano (portanto carregadas de vapor dgua) para o litoral e a se deparam com montanhas, ao subir vo encontrar temperaturas baixas (cada 100 m= menos 0,5oC), descomprimindo a massa de ar e resfriando o vapor, da sua condensao e a precipitao das chuvas ao longo da subida na encosta (chamada de barlavento). Ao passarem para a outra encosta, as nuvens esto com pouca ou nenhuma umidade atmosfrica(o ar sofre compresso e aquecimento, cada 100 m de descida = +1oC) - a chamada encosta de sotavento, a partir da qual pode surgir climas desrticos ou semi-ridos (ex.: deserto de Atacama, no Chile; Serto do NE do Brasil).

S Chuvas convectivas (veja figura ao lado) - so caractersticas de baixas latitudes, especialmente nas reas equatoriais (em Belm do Par chove todo dia por volta de 4 horas da tarde). A elas ocorrem devido convergncia dos ventos alsios de NE e SE para o Equador, que, por ser uma rea ciclonal, fazem subir esses ventos quentes e carregados de vapor. No alto formam nuvens que, por estarem saturadas de vapor dgua, precipitam-se chuvas a mesmo. Observem o movimento de conveco: ventos alsios Equador chuvas. Tambm podem ocorrer como chuvas de vero, quando o ar quente e mido sobe rapidamente formando nuvens, resfriando-se e depois chovendo a tarde.

S Chuvas frontais- quando encontram-se duas massas de ar diferentes (uma fria, outra quente e mida), formando as frentes e chovendo nesta rea de instabilidade atmosfrica; so caractersticas de mdias latitudes, mas tambm do SE do Brasil no inverno austral.

Com base nas condies gerais dos climas, sua umidade e temperatura, foi elaborada em l900 uma classificao climtica genrica ou emprica por Keppen, quando ainda no se conhecia a dinmica das massas de ar, sendo estabelecidas letras para definir estas condies gerais dos climas, sua umidade e temperatura.

A 1a letra da classificao genrica de Keppen, com maiscula designa as condies gerais do clima: ex. A = climas quentes da Zona Intertropical; B=climas desrticos; C= temperados; D= frios - nas Zonas Temperadas e E= climas polares. A segunda letra revela a pluviosidade, como (entre outras): f =feucht ou mido; w=de winter ou inverno seco; s=de sommer ou vero seco. A terceira letra simboliza as mdias trmicas do clima, como (entre outras): a (quente com + de 22oC), k (de kold, em alemo- frio com cerca de 18o). Excepcionalmente os climas ridos e polares no apresentam a segunda e terceira letras minsculas - os climas tipo B, podem ser BS (de estepe) e BW (de weser=deserto), enquanto o E pode ser ET (tundra) e EF (frost=gelo ou polar). Ainda se usa muito esta classificao de Keppen, embora desatualizada.

2.2.3.- Modificaes no clima por ao antrpica (pela ao do homem sobre a natureza)

Essas mudanas ambientais manifestam-se mais nos pases e regies desenvolvidas com a industrializao e decorrente urbanizao, correspondendo a 3/4 da poluio da Terra (veja tabela ). Nos pases subdesenvolvidos, essas modificaes climticas decorrem do desmatamento das florestas de baixas latitudes, para extrao de madeira em grande escala (ex.: madeireiras na Amaznia), ou do prprio crescimento populacional e consequentemente, da maior ocupao humana da superfcie terrestre.

A industrializao e urbanizao provocam problemas de poluio do ar, das guas de rios (escasseando a gua para abastecimento urbano e eliminando a fauna e flora por causa dos dejetos urbanos e industriais) e dos mares (como nas rotas petrolferas). O barulho de mquinas e de motores pode provocar a poluio sonora, causando surdez prematura e stress, alm de problemas nos sistemas nervoso e circulatrio dos seres humanos.

Pases mais responsveis pelo efeito-estufa

PasesTon/CO2 emitidosCO2 per capita% das emisses globais

1.EUA5228.5219.8822.7

2. China3006.772.5113.6

3. Rssia1547.8910.447

4. Japo1150.040.175.2

5. Alemanha884.9110.834

6.ndia8030.863.6

7. Reino Unido564.849.642.6

8. Canad470.815.92.1

9. Ucrnia430.88.352

10. Itlia423.827.41.9

A coleta de lixo dos centros urbanos e sua posterior incinerao, poluindo o ar, ou sua deposio a cu aberto, sem o devido tratamento, prejudica os solos e os lenis freticos (pela infiltrao de um lquido proveniente dele chamado de chorume).

O tratamento do lixo urbano pode ser feito por compactao (e depois enterrado em aterros sanitrios), por incinerao (como o lixo hospitalar queimado para evitar difuso de doenas) e reprocessado (como o lixo orgnico).

Na maioria dos pases europeus e nos Estados Unidos o lixo orgnico triturado nas pias de lavar pratos. J em relao ao lixo inorgnico nem todo ele reciclado e nem sempre h uma coleta seletiva - assim, por exemplo, em relao ao vidro, na Sucia, Dinamarca e Alemanha 50% dele reciclado; na Frana, 25% (neste pas apenas 1% de garrafas plsticas so recicladas). A incinerao do lixo, embora polua o ar, pode ser usado para calefao, como feito nos metrs franceses.

A nvel de macroclima terrestre os problemas maiores so o efeito-estufa e a destruio da camada de oznio (O3). O efeito-estufa sempre houve em nosso planeta, mas se acentuou aps a Revoluo Industrial, a partir do sculo XVIII, em face do aumento de dixido de carbono (CO2) e metano (CH4) na troposfera lanados por carros e indstrias, dificultando a disperso do calor emitido pela superfcie terrestre e aumentando a temperatura no planeta.

A temperatura da Terra neste sculo aumentou entre 0,3oC a 0,6oC. Em face disso o nvel do mar subiu, j que aumentou em 25% a quantidade de gs carbnico atmosfrico. As avalanches que destruram estaes de inverno nos Alpes em 1999, decorreram do descongelamento anormal dos glaciares de montanhas. Cientistas retiraram bolsas de ar contidas em geleiras profundas da Antrtida e, comparando-as com as condies atuais da atmosfera, concluram que h muito mais gs carbnico e metano no ar hoje, do que nos ltimos 420.000 anos.

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia concluiu que a fragmentao da floresta, alm das queimadas, tem contribudo para o efeito estufa, visto que a decomposio dos restos de vegetais (remanescentes de abertura de estradas, de projetos agropastoris) libera gradualmente dixido de carbono para a atmosfera. Alm disso, a fragmentao favorece a extino de espcies animais e vegetais.

O campo de gelo que recobre a Antrtida diminui 2o8 ( de 64o3 para 61o5 de latitude S), correspondendo a 5,65 milhes de km2, ou 25% do "inlandsis" que as Zonas Polares. O degelo gera maior quantia de gua menos salina, que vai para o fundo do mar, removendo o CO2 e exercendo influncia sobre as correntes martimas e retardando o fluxo de calor que h entre o mar e a atmosfera. Dessa forma, vai influir sobre os climas em toda a face da Terra.

A destruio da camada de O3 (existente logo aps a troposfera) decorre do uso de gases como o CFC (nos aerossis, compressores de ar condicionando e de geladeiras), como o brometo (em extintores de incndio e em praguicidas de lavoura) e em solventes. Esses gases reagem e destrem o oznio dessa camada protetora da Terra, no filtrando mais o UV da radiao solar, causando cncer de pele e destruindo plantas. A populao caucaside, isto , de cor branca mais sensvel s radiaes ultravioletas e sujeitas mais ao cncer de pele..

A nvel de microclima urbano ocorrem as "ilhas de calor "e a inverso trmica, alm do problema do lixo descrito acima.

Notamos a formao de verdadeiras "ilhas de calor" nas grandes metrpoles, pois as construes urbanas, a ausncia de biomassa (reas verdes), o maior uso de combustveis fsseis e concentrao de gases e de material particulado (fumaa, p, fuligem) na rea central faz com que se absorva mais insolao (calor do Sol) e a devolva com uma irradiao maior de calor e de poluentes emitidos para a atmosfera do que nas reas perifricas. Estes poluentes sobem com o ar, se esfriando e formando como que um nevoeiro, que circula entre o centro e a periferia. As ilhas de calor representam uma manifestao urbana do efeito estufa.

A ausncia da troca vertical entre o ar frio de cima com o ar quente irradiado chama-se inverso trmica (tambm denominada de efeito tampa pelos meteorologistas). Acontece especialmente em manhs de inverno, quando uma cidade grande est sob a influncia de massa de ar polar. Normalmente h um deslocamento vertical constante do ar quente (em baixo), que sobe e esfria, com o ar frio (em cima), que desce e se esquenta, dispersar os poluentes na atmosfera. Esta forma de poluio atmosfrica urbana chamada de inverso trmica porque o ar quente e poludo urbano se sobrepem ao ar frio (que est em baixo), no havendo mais o deslocamento vertical do ar e concentrando os poluentes perto do solo urbano. Este fenmeno responsvel por doenas respiratrias e olhos irritados nas pessoas.

Nos pases industrializados do hemisfrio N ocorrem as chuvas cidas devido emisso de poluentes de refinarias de petrleo, usinas termeltricas e veculos, contendo xidos de enxofre e nitrognio, que se dissolvem no vapor dgua das nuvens. Seus efeitos: corroso de paredes e monumentos (como acontece na Grcia); destruio da flora e fauna de lagos (como nos lagos escandinavos, no norte da Europa) e das folhas das rvores (como na Floresta Canadense e na Floresta Negra da Alemanha); danos agricultura.

Os desmatamentos provocam a desertificao, maior eroso dos solos, assoreamento de rios, destruio da flora e fauna, modificaes no ciclo do carbono na atmosfera (plantas inalam CO2 e exalam O2.

Num ecossistema se armazena energia nos solos, na biota (flora e fauna) e nos restolho (restos da biota em decomposio). Nas florestas de baixas latitudes o grande desmatamento, ora para extrao de madeiras, ora para grandes projetos agropastoris, tem provocado, alm dos efeitos j citados, a desertificao dos climas, visto que o ciclo hidrolgico torna-se mais rpido , j que ocorre mais evaporao que infiltrao de gua nos solos (antes usada pelas plantas ao longo do tempo na medida de suas necessidades) e mesmo a gua em circulao diminui na rea desmatada, pois ela foi escoada para os rios e da para os oceanos e mares.

O Sahara est aumentando cada vez mais, em face da desertificao que ocorre na regio do Sahel (sul deste deserto). As razes dessa desertificao se explicam pelo uso desordenado dos solos, ora pela monocultura (antes havia a rotao de culturas de cereais e goma arbica, permitindo sua reconstituio), ora pelo aumento dos rebanhos (consumindo mais gramneas e compactando mais os solos com suas patas, dificultando a absoro da pouca gua de chuva que cai).

Como o clima do Sahel semi-rido, o ecossistema muito frgil e esta ao antrpica desestabilizou o equilbrio precrio do ciclo hidrolgico - da a ocorrncia de secas e fome (em l968 e 1974) e a ampliao da faixa desrtica do Saara para o sul (entre 1958 e l975 foi de 200 km). Os ambientalistas e ecomaltusianos justificam esta desertificao por causa do aumento enorme da populao no Sahel, exigindo mais alimentos e o uso maior dos solos - o Sahel um dos "bolses de pobreza" da Terra.

Nas estepes centrais da sia, onde se situa a ex-repblica socialista do Kazaquisto, est ocorrendo tambm um processo de desertificao, devido ao cultivo irrigado do algodo nesta regio semi-rida. Para isto, foram canalizados os rios Amu-Darya e Sir-Darya, que desembocam no Mar de Aral. Em face da diminuio do dbito fluvial destes rios no mar e da maior evaporao da gua canalizada para irrigao, o Mar de Aral est secando e assim diminuindo em extenso e profundidade. Suas guas esto mais salgados, esto morrendo os peixes.