Resumo de linguística - Fromkin

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Universais linguísticos A gramática pode ser entendida como aquilo que os falantes sabem de sua língua. Assim, a gramática é composta de fonologia, o sistema de sons; semântica, o sistema de significados; morfologia, o sistema de formação de palavras; sintaxe, sistema de formação de frases e funções das palavras. Há também o léxico, sistema de vocabulários. Para alguns linguistas, é trabalho do gramático descobrir e não criar as leis de uma língua. É isso que os linguistas tentam fazer atualmente, descobrir as leis que funcionem para todas as línguas. Essas leis dizem respeito a todas as línguas e constituem o que se chama de gramática universal. Algumas coisas propostas pelos linguistas universalistas são: 1. Onde há ser humano há linguagem 2. Não existem línguas primitivas. Todas as línguas são igualmente complexas e capazes de expressar conceitos concretos e abstratos, e todas as línguas podem ter seu vocabulário aumentado para incluir novos conceitos. 3. Todas as línguas evoluem no tempo. 4. As relações entre sons e significados (ou gestos e significados nas linguagens de sinais) são na maioria dos casos arbitrários. 5. Todas as línguas humanas usam um sistema finito de sons discretos (ou gestos) que se combinam formando palavras. Essas palavras podem ser usadas para formas infinitas frases. 6. Todas as gramáticas têm regras semelhantes para a formação de frases e palavras. 7. Toda língua falada tem vogais e consoantes. 8. Toda a língua tem categorias gramaticais semelhantes (substantivo, verbo, etc). 9. Existem universais semânticos como “feminino” e “masculino”, “animado” e “inanimado”. 10. Todas as línguas têm recursos para referir a tempo passado, para negar, afirmar, fazer perguntas, ordens, etc. 11. Falantes de todas as línguas são capazes de entender e produzir um número infinito de frases. 12. Toda criança normal, nascida em qualquer lugar do mundo, é capaz de aprender qualquer língua com a qual

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Resumo de linguística para ajudar nos estudos acadêmicos da área de línguas

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Universais lingusticosA gramtica pode ser entendida como aquilo que os falantes sabem de sua lngua. Assim, a gramtica composta de fonologia, o sistema de sons; semntica, o sistema de significados; morfologia, o sistema de formao de palavras; sintaxe, sistema de formao de frases e funes das palavras. H tambm o lxico, sistema de vocabulrios. Para alguns linguistas, trabalho do gramtico descobrir e no criar as leis de uma lngua. isso que os linguistas tentam fazer atualmente, descobrir as leis que funcionem para todas as lnguas. Essas leis dizem respeito a todas as lnguas e constituem o que se chama de gramtica universal. Algumas coisas propostas pelos linguistas universalistas so:1. Onde h ser humano h linguagem2. No existem lnguas primitivas. Todas as lnguas so igualmente complexas e capazes de expressar conceitos concretos e abstratos, e todas as lnguas podem ter seu vocabulrio aumentado para incluir novos conceitos.3. Todas as lnguas evoluem no tempo.4. As relaes entre sons e significados (ou gestos e significados nas linguagens de sinais) so na maioria dos casos arbitrrios.5. Todas as lnguas humanas usam um sistema finito de sons discretos (ou gestos) que se combinam formando palavras. Essas palavras podem ser usadas para formas infinitas frases.6. Todas as gramticas tm regras semelhantes para a formao de frases e palavras.7. Toda lngua falada tem vogais e consoantes.8. Toda a lngua tem categorias gramaticais semelhantes (substantivo, verbo, etc).9. Existem universais semnticos como feminino e masculino, animado e inanimado.10. Todas as lnguas tm recursos para referir a tempo passado, para negar, afirmar, fazer perguntas, ordens, etc.11. Falantes de todas as lnguas so capazes de entender e produzir um nmero infinito de frases.12. Toda criana normal, nascida em qualquer lugar do mundo, capaz de aprender qualquer lngua com a qual esteja em contato. As diferenas entre as lnguas no se devem a caractersticas biolgicas.A origem da linguagemOs antropologistas creem que o homem existe h pelo menos 1 milho de anos, e alguns, h 5 ou 6 milhes. Mas os primeiros registros escritos so os dos sumrios, em 4000 a.C. Estes registros so to novos em relao a histria da linguagem que nada esclarecem em relao a sua origem, especialmente porque lngua a falada precede a escrita por muito. A nica evidncia que temos, porm, de lnguas antigas a escrita. Mesmo hoje, h muitas comunidades que possuem lnguas sem nenhum registro escrito. Muitos creem na origem divina do ser humano, bem como da linguagem. Muitos so os mitos e as religies que o prope. Em vrias lnguas chamar nomes insultuoso e pode levar a processos legais. Em algumas culturas, as pessoas tem que anular o efeito de palavras ruins tocando em madeira, em outras se usa a linguagem para apelar a maldio dos deuses, em outras a repetio de palavras produziria a realidade pretendida. H tambm, em todo o mundo, palavras tabu. No ocidente cristo, no bom falar o santo nome de Deus em vo. Os nomes prprios tambm tm particularidades. Por exemplo, crianas judias no podem ter o mesmo nome de outra pessoa viva, e em algumas culturas proibido falar o nome de quem morreu. Em 1756 um clrigo prussiano, Suessmilch, apresentou a Academia Prussiana uma teoria em que defendia que o homem no poderia ter inventado a linguagem sem pensamento e que o pensamento depende da existncia da linguagem. A esse paradoxo considerou que s podia se responder aceitando que deus deu a linguagem ao homem. Ainda considerou que nenhuma lngua era mais primitiva que a outra, e que todas as lnguas eram perfeitas, a imagem da perfeio de Deus. Tambm observou que todas as crianas so capazes de aprender uma determinada lngua e os adultos no, mostrando-se sensvel a diferena de aquisio de uma lngua materna e de uma lngua estrangeira. Esse pensamento precedeu a teoria da idade crtica, uma idade limite a partir da qual o ser humano no aprende mais uma lngua como nativa. Os argumentos so baseados na universalidade das propriedades lingusticas, mas apesar de argumentos bons, falam mais da linguagem em si do que de sua origem. A primeira lngua Um grande interessa dos defensores da origem divina da linguagem era determinar qual lngua falavam Deus, Ado e Eva. J no antigo Egito, o fara Psamtico fez uma experincia colocando duas crianas isoladas em uma cabana na montanha, para tentar simular o incio da linguagem. A primeira palavra falada foi uma palavra frgia que significava po. Assim, o frgio foi considerado a lngua original. Jaime IV da Esccia fez um experimento semelhante, mas conseguiu resultados diferentes: as crianas falaram hebraico e hebraico foi a lngua considerada falada no Jardim do Paraso.Outros estudiosos consideraram o aramaico a protolngua, ou o chins, por exemplo. A teoria monogentica das lnguas se baseia na ideia de uma origem nica para o ser humano. Porm, muitos cientistas hoje acreditam na hiptese de o homem ter sugerido em diferentes locais da terra. Em 1758, Carl Linneaeus props o homo ferus como subdiviso do homo sapiens. Uma de suas caractersticas definidoras era a ausncia de linguagem. Todos os casos estudados comprovam essa perspectiva. Na histria, houve alguns casos de crianas que cresceram selvagens ou meninos lobos, como duas crianas encontradas na ndia em 1920, que teriam vivido com lobos. O caso mais famoso de um menino chamado Victor, o menino selvagem de Aveyron, abandonado na floresta muito novo e encontrado j adolescente em 1798. H tambm casos de seres humanos deliberadamente privados do contato social desde uma idade muito pequena. Nenhum desses casos apresentou pessoas que conhecessem qualquer linguagem quando reintegradas na sociedade. Uma ou outra pessoa aprendeu uma lngua com muita dificuldade e apenas como segunda lngua, mesmo no tendo uma primeira. Esses casos mostraram que parece ser essencial um estmulo lingustico adequado. Inveno humana ou gritos da natureza?Os gregos especulavam sobre muitas coisas, inclusive a linguagem. Havia os naturalistas, que acreditavam que entre as palavras e as coisas houvesse uma ligao ontolgica, ou seja, uma palavra designa tal coisa pela essncia da coisa, porque a coisa e s pode ser aquilo (a palavra que a designa). Plato era um naturalista, enquanto Aristteles defendia os convencionalistas, que acreditavam que a relao entre os nomes e as coisas era arbitrria.Uma das muitas teorias a da imitao. As palavras imitam os sons das coisas ou a aparncia. Por exemplo, o latido de um cachorro. Porm, essas palavras so muito poucas em relao as outras da lngua, e s elas no formariam uma lngua. Outra teoria defende que a linguagem era inicialmente manifestaes de dor, medo, surpresa, etc, gritos da natureza. Essa teoria foi proposta por Rousseau, que acreditava que a linguagem era constituda tambm de gestos, mas como os gestos eram insuficientes, o home criou a linguagem. Rousseau tinha uma posio similar a dos empiristas, de que a linguagem se aprende por observao da realidade. Assim, as primeiras palavras seriam nomes de objetos, e s mais tarde surgiriam palavras abstratas e etc. Porm, difcil explicar como conceitos abstratos poderiam ser expressos em palavras, se no houvesse algo na mente humana priori, uma vez que muitas vezes no possvel experimentar conceitos abstratos na realidade sensvel. Outra teoria era que a linguagem humana teria surgido da linguagem pantommica inconsciente e generalizada dos membros, incluindo boca e lngua. Os membros articulatrios teriam se especializado em comunicar a medida em que as mos e olhos ficavam mias envolvidos com os utenslios. A ideia de que a linguagem humana viesse de gestos aparece na obra de Gordon Hewes. Porm, no eram as nicas coisas constitutivas da linguagem, falando tambm dos casos em que os gestos poderiam ser usados quando a fala no podia (casos dos surdos) ou quando a fala intil (com barulho demais ou lnguas desconhecidas).