Resumo globalde portugues 10º-ano
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Português 10º ano
Beatriz Martins Costa
1
Texto Jornalístico
Notícia: relato curto e objectivo de um acontecimento actual com interesse geral. É, por
excelência, o texto jornalístico mais informativo. Segue a técnica da pirâmide invertida.
Linguagem clara, objectiva, simples, actual e breve, escrita na 3ª pessoa usando frases do
tipo declarativo.
O quê? Quem?
Onde? Quando?
Como?
Porquê?
NOTÍCIA informa informa
Sobre?
Facto actual (últimas 24 horas) de
interesse geral.
Como?
Com objectividade;
Revelando prioritariamente:
quem, o quê, onde e quando.
Linguagem:
Clara, concisa, corrente;
Função informativa;
Discurso de 3ª pessoa.
Sobre?
Facto mais ou menos actual, de
interesse geral;
“coisas vistas” (o repórter desloca-se
ao local, procura testemunhos);
Vê , ouve, sente, anota para depois
relatar o facto.
Como?
Com objectividade, mas detendo-se
essencialmente no poquê dos factos;
Pondo em relevo o seu significado;
Integrando falas das personagens
ligadas ao assunto focado;
Exprimindo comentários pessoais
(subjectividade).
REPORTAGEM informa informa
Linguagem:
Clara, viva, directa, concise;
Função informative ( também emotive e poética);
Discurso de 3ª pessoa (possíveis marcas da 1ª pessoa).
Português 10º ano
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Reportagem: tem por base uma notícia de grande impacto, em que se faz o reelato
pormenorizado e aprofundado de um acontecimento actual. Implica a deslocação do
repórter ao local do sucedido para anotar o que vê, ouve e sente. Engloba a descrição do
ambiente e falas das personagens ligadas ao assunto. Possui manifestações de
subjectividade do emissor, derivadas da sua interpretação dos factos, daí que surja sempre
assinada. Também possui um lead, centra-se nas respostas às questões Como? E Porquê?,
desenvolvendo a primeira detalhadamente e levantando hipóteses plausíveis para a
segunda. A imagem ocupa extrema importância neste género jornalístico, como
complemento ilustrativo da informação.
O que?
O quotidiano (social, politico,
artistico, etc).
Como?
Com subjectividade/objectividade;
Procurando uma visão pessoal e
interpretativa dos factos;
Recriando, muitas vezes, a realidade
através da fantasia;
Entrando num “diálogo” virtual com o
leitor.
Linguagem:
Coloquial, viva e directa;
Código entre o oral e o escrito;
Função emotiva (também apelativa e poética);
Discurso de 1ª/2ª pessoa.
CRÓNICA comenta comenta
O que?
O quotidiano (social,
politico, artísticos, etc).
Como?
Com subjectividade/objectividade;
Procurando uma visão pessoal e
imperativa dos factos.
Linguagem:
Directa e viva;
Código escrito;
Função informativa/apelativa;
Discurso de 1ª pessoa (singular e/ou plural).
TEXTO OPINIÃO comenta informa
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Entrevista: é uma técnica de recolha de informação sobre um tema ou uma pessoa, através
de uma conversa.
o Antes de realizar uma entrevista é necessário:
Seleccionar o tema, os objectivos, a(s) pessoa(s) a entrevistar (o
entrevistado);
Fazer pesquisa de informação relativa ao tema e ao entrevistado, de forma
a adequar o questionário que se vai construir;
Construir um guião com as perguntas devidamente organizadas, de modo
a obter mais rápida e correctamente as informações pretendidas.
o Partes constituintes:
Título – pode ser precedido de um antetítulo e/ou sucedido de um
subtítulo;
Introdução – apresentação do entrevistado, indicação do lugar e do
porquê da entrevista;
Questionário – perguntas do entrevistador e respostas do entrevistado;
Conclusão – breve recapitulação do que foi dito; opinião do entrevistador
sobre o trabalho realizado ou sobre a personalidade do entrevistado; e
despedidas.
o Procedimentos a respeitar na condução de uma entrevista:
Elaborar perguntas adequadas ao tema, aos objectivoas estipulados, ao
perfil do estrevistado e às expectativas do público;
Esclarecer o entrevistado sobre as finalidades da entrevista;
Elaborar perguntas diversificadas (abertas – em que o entrevistado pode
dar a sua opinião de forma desenvolvida; fechadas – em que as respostas
se limitam a «sim» ou «não» por parte do entrevistado; perguntas
decorrentes das respostas do entrevistado);
Estabelecer o número de questões e proceder à sua ordenação de forma
lógica;
Utilizar uma linguagem rigorosa, objectiva e acessível;
Não emitir juízos de valor face às respostas dadas pelo entrevistado;
Não influenciar as respostas;
Registar correctamente as respostas ou usar um gravador.
o Antes da publicitação da entrevista é importante:
Verificar a pontuação e a ortografia do texto;
ENTREVISTA
O quê?
Individual.
Sobre?
Limitado aos interesses
das personagens em
foco.
Como?
Através de perguntas visando
a subjectividade (perguntas
feitas previamente).
Linguagem:
Código oral;
Maior uniformidade nos níveis de língua utilizados;
Linguagem de acordo com o entrevistado.
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Certificar-se de que a entrevista reproduz fielmente as palavras do
entrevistado;
Cuidar do aspecto gráfico da mesma.
Texto Narrativo
Texto Narrativo: relato de acontecimentos narrado pelo narrador que se desenrolam num
determinado espaço e num tempo mais ou menos extenso onde intervêm as personagens.
Categorias da Narrativa
Acção
o Quanto à relevância dos factos
Principal: integra o conjunto de sequências narrativas que detêm a maior
importância.
Secundária: a sua importância define-se em relação à acção principal, ou
seja, relata acontecimentos de menor relevo.
o Quanto ao desenlace
Aberta: quando a acção não é totalmente solucionada.
Fechada: quando a acção é totalmente solucionada, conhecendo-se o
destino final das personagens.
o Quanto às sequências narrativas
Introdução: corresponde à situação inicial, á informação sobre o tempo e o
espaço, à apresentação das personagens.
Desenvolvimento: a sucessão de peripécias e o ponto culminante.
Conclusão ou desenlace: apresenta o desfecho da narrativa
o Quanto á organização das sequências narrativas
Encadeamento: organização por ordem cronológica das acções.
Ex: Sinicial -> S2 -> S’3 -> S4 -> Sfinal
Encaixe: uma acção é introduzida numa outra que estava a ser narrada e
que depois se retoma.
Ex: S1 -> S2 -> S1
Alternância: em que várias histórias ou sequências vão sendo narradas
alternadamente.
Ex: S1 -> S2 -> S1 -> S2 ...
Personagens
o Quanto ao relevo ou papel
Principal ou protagonista: desempenha o papel central, é fundamental
para o desenvolvimento da acção.
Secundária: assume um papel de menor relevo que o do principal.
Figurante: tem um papel irrelevante no desenrolar da acção.
o Caracterização das personagens
Retrato físico: corresponde à apresentação dos traços fisionómicos da
personagem.
Retrato psicológico: corresponde às características psicológicas das
personagens (sentimentos, emoções, ideais, pensamentos, opiniões, etc).
o Processos de caracterização das personagens
Directa: caracterização feita através de palavras da personagem acerca de
si própria ou de palavras de outras personagens.
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Indirecta: deduções do leitor acerca das personagens a partir das suas
atitudes e dos seus comportamentos.
o Composição das personagens
Modelada ou redonda: capaz de alterar o seu comportamento e de evoluir
ao longo da narrativa.
Plana: é uma personagem estática, sem evolução, que se comporta da
mesma forma ao longo de toda a narrativa.
Tipo: representa um grupo profissional ou social.
Espaço
o Físico ou geográfico: onde decorre a acção.
o Social: corresponde ao ambiente social e à situação económica em que vivem as
personagens.
o Psicológico: corresponde às vivências e emoções que cada personagem tem de um
determinado espaço.
Tempo
o Histórico: época em que decorre a acção.
o Cronológico: determinado pela sucessão cronológica dos acontecimentos
narrados.
o Discurso: corresponde ao modo como o narrador organiza o tempo da história.
Analepse: recuo no tempo;
Prolepse: avanço no tempo;
Resumo/sumário: síntese dos acontecimentos;
Elipse: omissão de determinados períodos de tempo.
o Psicológico: corresponde ao modo como a personagem sente o passar do tempo
cronológico.
Narrador
o Quanto à presença
Autodiegético: participa na acção como personagem principal e narra na
primeira pessoa.
Homodiegético: o narrador participa na acção como personagem
secundária ou como observador.
Heterodiegético: o narrador não participa na acção como personagem,
apenas narra na 3ª pessoa.
o Quanto à focalização ou ciência
Omnisciente: sabe mais do que as personagens.
Focalização interna: sabe tanto como as personagens.
Focalização externa: apenas sabe o que é visível exteriormente.
o Quanto à posição
Objectivo: o narrador mostra-se imparcial face aos acontecimentos.
Subjectivo: o narrador toma partido, comenta os acontecimentos, defende
as personagens.
Narratário: destinatário da mensagem do narrador
o Presente
Explícito: o receptor da mensagem é mencionado no texto.
Implícito: o receptor da mensagem não é mencionado no texto.
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o Ausente
Modos de representação e de expressão do discurso
o Narração: é a forma de expressão literária que confere dinamismo à acção e que se
utiliza para contar factos.
o Descrição: constitui o momento de pausa na acção para a representação de uma
paisagem, lugar, personagens, etc.
o Diálogo: conversa entre personagens.
o Monólogo: o personagem dialoga consigo mesma.
Conto Tradicional
O conto tradicional (ou popular) é uma narrativa breve, o que possibilita uma fácil memorização,
concentrada numa só situação e com um reduzido número de personagens.
É de tradição oral, tem a sua origem no povo anónimo. Tem uma função lúdica e transmite uma
moralidade.
O tempo é indeterminado e o espaço, geralmente também o é.
Os temas são variados: a mulher, a infidelidade, a fidelidade, o engano, o homem dominado pela
mulher, a superstição, a feitiçaria, a magia, a crença no destino, etc.
No que respeita às personagens, encontra-se uma imensa variedade de personagens astuciosas,
engenhosas, maliciosas, que se servem de ardis bem imaginados, de manhas e de espertezas para
atingirem os seus objectivos.
Lenda
A lenda é uma narrativa breve que assenta em factos reais, modificados pelo imaginatário.
No fundo real é acrescentada a intervenção de entidades benéficas ou maléficas, a lenda resulta
numa mistura de realidade e fantasia.
A lenda tem, geralmente, fundamento histórico, mas isso nem sempre se verifica: por vezes, as
lendas são narrativas que explicam fenómenos físicos ou aspectos da natureza.
Fábulas
A fábula é uma narrativa breve de acontecimentos imaginários, na qual o autor, para moralizar ou
divertir, foca os defeitos e as qualidades do Homem através de animais que agem como pessoas
(personificação).
Sentido Conotativo e Denotativo
Conotação: é o sentido atribuido a uma unidade lexical indepeendentemente do contexto
em que se encontra.
Ex: fogo (chama, incêncido)
Denotação: é o significado secundário das unidades lexicais que se agrega ao seu sentido
denotativo.
Ex: “Amor é um fogo que arde sem se ver” (emoção forte, paixão)
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Relações entre Palavras
Homónimas: são palavras que se escrevem e lêem da mesma maneira (grafia e som iguais),
mas têm significados e origens diferentes.
Exemplos:
Nós jantamos em casa. A linha está cheia de nós.
Ele ama a namorada. O bebé tem uma ama.
O banco do corredor está partido. Hoje fui ao banco levantar dinheiro.
Homófonas: são palavras que se lêem da mesma maneira, mas escrevem-se de maneira
diferente e têm significados diferentes (som igual, mas grafia e significados diferentes).
Exemplos:
No sábado houve uma festa. O miúdo ouve bem.
Estou a suar. Ouvia-se o soar da água na fonte.
Este relógio já não tem conserto. Foi ontem o concerto dos U2.
Homógrafas: são palavras que se escrevem da mesma maneira, mas lêem-se de maneira
diferente e têm significados diferentes (grafia igual, mas acentuação e significados
diferentes.
Exemplos:
Ele copia nos testes. Vou fazer uma cópia.
Gosto daquele anúncio. Anuncio que vou casar.
Comprei uma secretária nova. A secretaria da escola abre as 9.30h.
Parónimas: são palavras que se escrevem e se lêem de forma semelhantes, mas têm
significados diferentes (grafia e som próximos, mas significados diferentes).
Exemplos:
Qual é o comprimento da mesa? Que cumprimento simpático!
A descrição da paisagem está bem feita. Se tiveres discrição ninguém se ofenderá.
Hiperónimas: palavras de sentido mais geral que se relacionam com outras de sentido mais
específico.
Exemplos:
Peixe (garoupa, sardinha, pescada, etc)
Ave (andorinhas, rouxinol, galinha, etc)
Hipónimas: palavras de sentido mais específico que se relacionan com outras de sentido
mais geral.
Exemplos:
Vestido, calças, casaco (vestuário)
Futebol, natação, atletismo (desporto)
Sinónimas: são palavras diferentes que têm um significado muito semelhante
Exemplos:
Roubar/furtar, dever/obrigação, bonito/lindo, simpático/gentil, etc
Antónimas: são palavras diferentes que têm significados opostos.
Exemplos:
Nascer/morrer, claro/escuro, gordo/magro, doente/são, etc.
Resumo
Resumir é reduzir um texto às suas partes mais importantes, usando palavras claras e precisas.
Compreender o texto original para preparar o resumo
o Ler atentamente o texto e compreender o seu conteúdo;
o Sublinhar as ideias principais do texto, atendendo à progressão da informação;
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o Identificar as partes que o configuram;
o Determinar as relações entre as diferentes ideias tendo em conta as diversas partes
do texto;
o Anotar na margem, de forma sintética, a informação essencial e principal de cada
um dos parágrafos.
Construir um novo texto, ou seja, redigir o resumo
o Seleccionar as ideias ou factos essenciais do texto original que farão parte do
resumo;
o Suprimir as palavras ou frases referentes a ideias ou factos secundários;
o Substituir fragmentos do texto original por frases que tornem mais económica a
expressão, nomeadamente reduzindo as orações subordinadas a nomes,
adjectivos, etc;
o Redigir o resumo, respeitando as seguintes regras:
Respeitar a ordem pela qual as ideias ou factos são apresentados no texto
original:
Não usar discurso directo;
Manter os tempos ee as pessoas do texto original;
Respeitar o número de palavras proposto, ou, caso não haja imposição
prévia, apontar para cerca de ¼ do texto original;
Articular as frases e os paragrafos, através de conectores, respeitando o
texto de partida.
Conceitos-chave para elaborar um bom resumo:
o Seleccionar - suprimir palavras ou frases que refiram pormenores secundários:
comentários, exemplos, citações, expressões e frases redundantes;
o Generalizar – recorrendo a hiperónimos, sinónimos ou expressões englobantes com
valor anafórico;
o Reduzir – redundâncias, períferases, orações inteiras a adjectivos, a complementos,
a determinantes, pronomes ou advérbios;
o (Re)construir – transformar frases simples em complexas ou substituir um conjunto
de frases por uma só que as inclua.
Exemplos:
a) O Miguel foi ao mercado e comprou fanecas, carapaus e cherne, laranjas e maçãs, batatas,
grelos e couves.
Redução dos hipónimos ao hiperónimo
O Miguel foi ao Mercado e comprou peixe, fruta e legumes.
b) Todos os sábados e domingos vou até à beira-mar. Gosto de observar a areia, as rochas e o
mar. Se não fossem as filas intermináveis de carros que encontro no regresso...
Sinonímia, redução de enumeração e da períferase
Ao fim-de-semana vou até à beira-mar. Gosto de observar a praia. Se não fosse o trânsito
que encontro no regresso...
c) Como chegou à hora previamente marcada, não precisou de esperar muito.
O recurso ao gerúndio, à sinonímia e à forma afirmativa em vez de negativa
Chegando pontualmente, evitou esperar muito.
d) Descobri o livro que tinha perdido.
A redução de orações relativas adjectivas ao adjectivo
Descobri o livro desaparecido.
e) Fizeram uma festa a quem fazia anos naquele dia.
A redução de orações subordinadas substantivas ao grupo nominal
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Fizeram uma festa aos aniversariantes.
f) A Maria vive numa casa de duas assoalhadas. Foi nessa casa que criou os seus cinco filhos.
Introdução de uma relação de subordinação – pronome relativo
A Maria vive numa casa de duas assoalhadas onde criou os seus cinco filhos.
g) Miguel Torga nasceu em 1907, em S. Martinho da Anta. Coube a Miguel Torga a honra de ser
distinguido com o Prémio Camões, em 1989. A obra de Miguel Torga é vasta e abrange os
mais diversos géneros.
Pronominalização e redução a determinante
Miguel Torga nasceu em 1907, em S. Martinho da Anta. Coube-lhe a honra de ser distinguido
com o Prémio Camões, em 1989. A sua obra é vasta e abrange os mais diversos géneros.
Memórias
As memórias fixam vivências, surgem como um escrito que permite ao seu autor recuperar e juntar
pedaços que relatam acontecimentos considerados dignos de lembrança. A memória ocupa-se de
registos passados, procura traduzir imagens recebidas mas afastadas no tempo. Identificando
vivências e experiências passadas, favorece a construção de novos sentidos para o presente da vida
humana.
Torna-se assim uma obra histórica que situada no presente da memória, recorre ao passado para
olhar o futuro.
Tipos de memória
o Individual: recordação de experiências vividas.
o Colectiva: conjunto de recordações de uma comunidade, grupo, tribo ou país.
o Arquivo: suportes manuscritos, impressos, suportes electrónicos, monumentos,
etc.
Abordagem
o Realidades:
Humanas;
Sociais;
Geográficas;
Culturais;
Históricas;
Políticas.
Temáticas e recordações
o Lembrança de acontecimentos marcantes;
o Evocação de vivências;
o Expressão de sentimentos e emoções;
o Reflexão sobre as experiências vividas;
o Relação com os outros e com o mundo;
o Caracterização de realidades humanas, sociais, culturais, políticas, geográficas e
outras;
o Testemunho de situações;
o Confidências ou confissões.
Linguagem – caracterização da expressão
o Presença do “eu”;
o Como marcas de enunciação:
Predominância das formas verbais na 1ª pessoa;
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Recurso aos pronomes pessoais e aos determinantes possessivos
referentes aos sujeito (eu, me, mim, meu, minha, nosso);
o Discurso subjectivo;
o Predomínio da conotação;
o Uso dos nomes abstractos e adjectivos expressivos;
o Presença frequente dos verbos “ser” e “estar”
o Referências espaciais;
o Frases de tipo exclamativo e interrogativo.
Diário
O diário é um género autobiográfico onde se relata experiências ou actividades profissionais,
impressões de viagem ou comentários de leituras. Em qualquer dos casos é em torno do “eu”.
Variedade de diários
o Siários íntimos;
o Diários públicos;
o Diários de viagem;
o Diários de memória pessoal (por vezes confundidos com memórias);
o Diários confessionais;
o Diários de guerra;
o Diários criativos;
o Diários online.
Motivos da escrita diarística
o Aprofundamento do autoconhecimento;
o Evocação de viv~encias;
o Preservação da memória de pessoas e de acontecimentos marcantes;
o Necessidade de confidência;
o Exploração da identidade pessoal;
o Balanço da vida individual;
o Expressão de sentimentos e emoções;
o Desejo de exploração do inconsciente;
o Reflexão sobre as experiências vividas;
o Testemunho de situações;
o Confidências ou confissões;
o Recordação ou exploração de sonhos;
o Exploração de impulsos criativos;
o Ordenação de pensamentos e ideias;
o Relação com os outros e com o mundo;
o Narração da “estória” da vida vivida opu sonhada;
o Luta contra solidão.
Linguagem do diário intimista
o Presença do “eu”;
o Como marcas de enunciação:
Predominância das formas verbais na 1ª pessoa;
Recurso aos pronomes pessoais e aos determinantes possessivos
referentes aos sujeito (eu, me, mim, meu, minha, nosso);
o Discurso subjectivo;
o Predomínio da conotação;
o Uso dos nomes abstractos e adjectivos expressivos;
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o Presença frequente dos verbos “ser” e “estar”
o Referências espaciais;
o Frases de tipo exclamativo e interrogativo.
Contrato
É um documento que estabelece um acordo bilateral de vontades, regulamentando entre as partes
contratantes os seus direitos e deveres.
Tipos de contracto
o Contrato de adesão;
o Contrato de arrendamento;
o Contrato de prestação de serviços;
o Contrato de trabalho;
o Contrato matrimonial;
o Contrato promessa.
Extrutura do contrato
o Abertura
Identificação do primeiro outorgante (contraente);
Identificação do segundo outorgante (contraente).
o Encadeamento
Cláusulas contratuais que os outorgantes (contraentes) se comprometem
a respeitar.
o Fecho
Data e assinaturas dos outorgantes (contraentes).
Características do discurso
o O contrato é redigido na 3ª pessoa;
o A linguagem é objectiva e denotativa;
o O vocabulário é técnico, de acordo com a natureza do documento;
o Utiliza frequentemente o lexico:
Outorgante;
Contraente;
Contratante;
Cláusula;
Imputável;
Perdas;
Danos;
Vigência;
Prorrogar;
Celebração;
Violação;
Reclamação;
Consignar;
Horonários;
Ónus;
Emergente;
Rubricar;
Assunção.
o Verbos:
Compromissivos;
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Transitivos directos e indirectos (frequente);
Voz passiva (tempo futuro).
Carta
A carta é uma conversa, por escrito, com uma pessoa ausente. As cartas pessoais ou informais
dirigem-se a familiares ou amigos. A carta é geralemnte redigida na 1ª pessoa do singular e no
presente do indicativo.
Tipos de correspondência
o Carta pessoal ou familiar
Destinatários: pessoas com as quais se tem laços afectivos – parentes ou
amigos.
Finalidades:
Comunicar assuntos pessoais de interesse mútuo;
Expressar sentimentos;
Dar ou pedir informações.
o Carta comercial
Destinatários: empresas de comércio/indústria.
Finalidades:
Estabelecer relações de negócios;
Dar ou pedir informações.
o Carta de cortesia
Destinatários: pessoas com as quais se estabelecem relações profissionais,
sociais, culturais e/ou pessoais.
Finalidades:
Apresentar felicitações, pêsames, etc;
Fazer recomendações;
Tratar de questões diversas, desde os temas de índole política aos
de cariz pessoal, desportivo, religioso, cultural ou outro.
o Carta de emprego ou de apresentação/recomendação
Destinatários: empresas.
Finalidades:
Apresentar uma candidatura a um emprego (através de uma carta
de apresentação e/ou pedido de emprego; resposta a um anúncio,
etc).
o Carta de pedido ou reclamação
Destinatários: administração pública, instituições ou empresas.
Finalidades:
Tratar de questões pessoais, desde que não seja um assunto oficial
e não haja outros instrumentos adequados;
Apresentar uma reclamação sobre algum assunto.
Extrutura da carta
o Data e localização: apresentadas no canto superior esquedo da folha, podendo
também ser escrito à direita (ex: Ovar, 22 de Novembro de 2010);
o Saudação inicial;
o Texto
Introdução;
Desenvolvimento;
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Conclusão.
o Fórmula de despedida;
o Assinatura.
A poesia antes de Camões
Poesia Trovadoresca
As primeiras manifestações do nosso património literário são letras de canções, pois eram poemas
escritos para serem acompanhados por música. Conhecidos por poesia trovadoresca, os mais
antigos destes poemas têm uma origem mais remota, integrando a tradição oral e popular.
Chegaram até nós compilados em cancioneiros medieval: cancioneiro da vaticana e o cancioneiro da
biblioteca nacional. Escrita, na sua maioria, por trovadores e divulgada, de região em região, pelos
jograis, a poesia trovadoresca é constituida por: poemas líricos (cantigas de amigo e cantigas de
amor) e satíricos (cantigas de escárnio e mal dizer).
Cantigas de Amigo
Nas cantigas de amigo, o sujeito poético é uma jovem que exprime o seu amor pelo seu amado que
designa por “amigo”.
É uma rapariga do meio rural, cheia de juventude, de vida e de alegria, que confidencia às amigas, à
mãe ou à natureza a sua felicidade, as suas mágoas, as suas preocupações, a sua saudade do
namorado que está muitas vezes ausente.
Cantigas de Amor
Nas cantigas de amor o sujeito poético é um homem que exprime o seu amor pela sua amada que
designa por “dona” ou “senhor”.
As cantigas de amor não reflectem uma relação amorosa espontânea ou uma experiência amorosa
vivida a dois; elas exprimem um amor idealizado, acente na teoria do amor “cortês”. Segundo esta
teoria que rege as leis do verdadeiro amor, o único digno de ser cantado poeticamente, o homem
deve prestar vassalagem amorosa à sua “senhor” e, o amado deve lealdade e fidelidade à amada, até
à morte. Para ele, a mulher amada é perfeita e inacessível como uma deusa.
Poesia Palaciana
Em meados do séc. XIV a poesia trovadoresca tinha praticamente desaparecido e apenas um século
depois os poetas regressariam às letras portuguesas.
Desta vez, a poesia nasceu no paço onde o rei apadrinhava luxuosos serões palacianos nos quais se
ouvia música, se dançava, e os nobres recitavam poesia às damas.
Foi o poeta Garcia de Resende que, na segunda década do séc. XVI reuniu poemas num volume a que
deu o nome “Cancioneiro Geral”.
Tal como na poesia trovadoresca, o amor continua a ser predominante, mas as formas poéticas são
agora mais diversificadas. A estrutura mais usada é a que consiste na utilização de um mote que é
desenvolvido na glosa.
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Conforme a maneira de encadear o mote e as voltas, assim se distinguiam diversas formas métricas:
o vilancete, constituido por um mote de dois ou três versos e uma volta de sete; a cantiga, com um
mote de quatro ou cinco versos e uma glosa de oito, nove ou dez versos. São ainda cultivados outros
géneros mais livres, como a esparsa, composta por uma estrofe que varia entre oito, nove e dez
versos.
Este conjunto de formas versificatórias com preferência pela redondilha constitui aquilo que no séc.
XVI se chamará a “medida velha”.
Renascentismo
É a aceitação definitiva pelos quinhentistas das formas artísticas greco-latinas e a assimilação do
espírito que as anima, realizadas nas formas de expressão da Arte, da Literatura, da História, da
Filosofia e na exaltação dos valores humanos (fazer renascer ideias provensais).
Humanismo
É uma atitude filosófica que se define pela adopção de tudo quanto pode valorizar o elemento
humano. O pensamento antropocêntrico, sem deixar de atender à alma e ao cèu, incide mais na vida
do Homem, cidadão do mundo e no mundo, pátria do Homem. Como haviam feito os melhores de
entre os Gregos e Romanos, tentou valorizar-se, no curto espaço de tempo que medeia entre o
berço e o túmulo, tudo quanto pode elevar a vida do Homem terreno (pensamento antropocêntrico
– Homem no centro do universo).
Uma nova concepção do Cristianismo tenta fazer regressar a Igreja à pureza dos antigos cristãos; é a
tentativa de refontalizar a Igreja.
Classicismo
É a estética literária definitivamente estruturada na segunda metade do séc. XVI, que induzirá
géneros literários com as suas regras próprias: o épico, o lírico com as suas formas fixas, como o
soneto e o seu decassílabo, a canção, a écloga, a elegia, a epístola, o epigrama, a ode, a sextina, o
epitalâmio e o ditirambo, o dramático (repartido em tragédia e comédia). O conjunto das regras
ultrapassa a simples imitação da estética greco-latina e, partindo desta, cria a sua própria
originalidade (forma de escrita que Camões usa).
Características gerais do movimento da Renascença
Exaltação do Homem, substituindo o teocentrismo medieval pelo antropocentrismo
homérico;
Predomínio da razão sobre o sentimento, refreando-se no escritor os voos da imaginação e
os caprichos da fantasia;
Imitação da Natureza pela Arte, tendo como base a verosimilhança que exclui da Literatura
o insólito, o anormal, o estritamente local e os casos particulares e acidentais para poder
reflectir o intemporal, o eterno, o essencial;
Imitação dos autores gregos e romanos, adoptando temas, usando a mitologia, criando
formas poéticas e introduzindo géneros literários;
Valorização da Arte baseada na cultura, no estudo e no bom gosto, único meio de conhecer
os antigos para os imitar;
Sujeição a regras de conteúdo e forma que por motivo algum deviam ser violadas;
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Justa proporção e comedimento, de tal maneira que as personagens se comportassem de
harmonia com a sua condição social, se omitissem expressões e vocábulos grosseiros, não
se tratassem assuntos escabrosos, se proscrevessem cenas violentas e crueis, etc.
Glossário
Atafinda: processo que consiste em levar o assunto sem interrupção (por encadeamento
lógico) até ao fim da cantiga;
Cobra: estrofe;
Copla: estrofe;
Coplas uníssonas: têm todas o mesmo esquema rimático;
Coplas singulares: as rimas renovam-se a cada estrofe;
Coplas monórrimas: a rima é idêntica em todos os versos da mesma copla;
Dobre: repetição de um ou mais vocábulos no mesmo lugar de cada copla;
Encavalgamento: o conteúdo ideológico de um verso completa-se apenas no seguinte;
Finda: estrofe de um a três versos que serve de remate e em que o poeta sintetiza o assunto
da composição;
Leixa-pren: processo pelo qual se retoma no início de uma copla o último verso da estrofe
anterior, embora alternando as últimas palavras;
Mestria (Cantiga de): cantiga sem refrão (de influência provençal);
Mordobre: repetição de formas diferentes do mesmo verbo no mesmo lugar em cada copla;
Paralelismo: consiste na repetição da mesma ideia em versos paralelos;
Paralelismo anafórico: com anáforas;
Paralelismo semântico: implica uma repetição das ideias;
Paralelismo estrutural: pressupõe a alternância de coplas uníssonas;
Perduda (palavra): verso branco ou solto, colocado na mesma posição em cada copla;
Refrão: verso ou versos que se repetem na íntegra no fim de cada copla;
Tenção: cantiga dialogada em que os interlocutores altercam ou confrontam opiniões e/ou
pontos de vista diferentes.
Lírica Camoniana
Na lírica Camoniana predomina o tema do amor, cantado em todos os tons: ligeiro, espirituoso ou
mesmo picante, pelas variações que passam pelo elogio até ao tom sério quando não trágico,
complicando-se com a temática da saudade, da insatisfação, da morte e com o sentimento do
pecado.
Além dos temas amorosos salienta-se também o do desconcerto ou do absurdo. Temos ainda
composições de temática religiosa, e finalmente poemas de circunstância, quer para apresentar a
obra de um contemporâneo, quer para interceder generosamente por uma pobre mulher condenada
ao degredo, quer para lembrar jocosamente uma dívida ou para pedir protecção contra um credor,
quer ainda para convidar os amigos para uma ceia onde apenas comerão trovas.
Quanto às formas , Camões usou a redondilha com muita graça em composições de estilo
semelhantes a textos do cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Mas como é natural, a maioria das
composições adoptam a medida nova que o renascimento põe em voga e alguns dos subgéneros
líricos herdados da estética clássica: o soneto, a oitava rima, a canção, a ode, a elegia e a écloga.
Nota
Medida nova: verso decassílabo com acento na sexta e décima sílabas ou na quarta,
oitava e décima sílabas.
Medida Velha: verso de cinco sílabas métricas (redondilha menor) e de sete sílabas
métricas (redondilha maior).
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No conjunto da obra lírica sente-se a influ~encia clássica: Virgílio, Horácio e Ovídeo. Torna-se mais
potente a influência de Petrarca: a mulher como ser superior, quase divino, de beleza inefável; a
atitude infinitamente do amante perante a senhora; o sentimento da distância que os separa; a
morte por amor, etc...
Características da poesia lírica de Luís de Camões
A obra lírica camoniana é marcada por uma dualidade: por um lado, a poesia de carácter
trovadoresco dos cancioneiros, por outro, as novas composições introduzidas pelo
Renascentismo.
Como poeta do Renascentismo, a sua produção lírica é uma expressão desse dolce stil
nuevo.
Trabalhou quase todos os géneros restaurados: a écloga, a ode, a elegia, e as formas fixas
novas – o soneto e a canção.
A sua poesia é sustentada em pólos antagónicos: mulher ideal e perfeita / mulher feiticeira;
amor espiritual /amor sensual; humildade / orgulho; inocência / sentimento de culpa;
natureza como espelho da alma / natureza contrastante com o estado de alma.
Petrarca e Dante são seus principais mestres.
Áreas temáticas:
o O amor: amor físico vs amor platónico; a divisão interior do sujeito poético causada
pelo conflito amoroso; o poder transformador do amor e os seus efeitos
contraditórios.
o A mulher: retrato da mulher perspetivada na concepção de Petrarca e Dante; a
amada surge umas vezes como ser angélico, outras como ser maléfico; a mulher
ideal é inacessível e intocável.
o A natureza: encarada como fonte de recursos expressivos, sempre ligada à poesia
amorosa; o locus amoenus.
o A saudade: faz sofrer mas inspira; a ausência da amada é in sopurtavel e divide o
sujeito poético.
o O tempo e a mudança: a mudança é cíclica e o tempo anula qualquer esperança.
o O destino: é sobretudo na sua vida amorosa que Camões sente a presença maléfica
do destino: tentando lutar contra a má fortuna, o sujeito poético recorda, muitas
vezes, o bem passado.
Variedade formal:
o Vilancete;
o Cantiga;
o Esparsa;
o Trova (influência tradicional);
o Soneto;
o Canção;
o Ode;
o Elegia;
o Écloga (influência clássica/renascentista).
Verso:
o Medida velha: verso de cinco sílabas métricas (redondilha menor) e versos de sete
sílabas métricas (redondilha maior);
o Medida nova: verso decassílabo com acento na sexta e décima sílabas (heróico) ou
na quarta, oitava e décima sílabas (sáfico).
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Linguagem e estilo:
o Adjectivação expressiva;
o Pontuação emotiva (exclamações, interrogações);
o Expressividade de tempos e modos verbais;
o Uso de vocabulário erudito;
o Recurso à mitologia;
o Predomínio de metáforas, apóstrofes, hipérboles, anáforas, hipérbatos, etc;
o Alternância entre ritmo rápido e lento.
Figuras de estilo
A nível fónico
o Aliteração: repetição de sons consonânticos em sílabas próximas.
«Bramindo, o negro mar de longe brada», Luís de Camões.
o Assonância: repetição intencional dos mesmos sons vocálicos.
«Entre estrelas e círios», Vitorino Nemésio.
A nível sintáctico
o Anáfora: repetição de uma ou mais palavras no início de uma frase, de um membro
de frase ou de um verso.
«Eu sou a que no mundo anda perdida
Eu sou a que na vida não tem morte», Florbela Espanca.
o Anástrofe: alteração da ordem directa da frase devido à anteposição de um
complemento ou à deslocação de uma palavra.
«Dentro de mim me quis eu ver», José Régio.
o Assíndote: supressão da partícula de ligação (conjunção coordenativa).
«Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas, / calhaus, pétalas, folhas,
dedos, línguas, sementes», António Ramos Rosa.
o Enumeração: acumulação ou inventariação de elementos da mesma natureza.
«Que perla, rosa, Sol ou jasmim puro», Jerónimo Baía.
o Paralelismo de construção: repetição da estrutura frásica para memorizar ou
destacar ideias.
«Árabe no sossego, / Africano no ardor / (...) / (..) Romano na ambição / Oriental no
ardil», Vitorino nemésio.
Paralelismo Puro: o segundo verso da primeira estrofe repete-se com o
primeiro verso da terceira cópula; o segundo vreso da segunda cópula
repete-se com o primeiro verso da quarta cópula e assim sussecivamente.
Paralelismo Imperfeito: quando o esquema não se repete rigorosamente.
Paralelismo anafórico: quando há repetição de palavras.
Paralelismo semântico: quando há repetição da ideia.
Paralelismo Leixa-pren: quando o verso seguinte repete todo ou parte do
verso da estrofe anterior.
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o Polissíndeto: repetição do elemento de ligação entre frases ou palavras.
«E tudo se passava numa outra vida / e havia para as coisas sempre uma saída», Ruy
Belo.
A nível interpretativo
o Antítese: apresentação de dois conceitos opostos.
«E em mim converte em choro o doce canto», Luís de Camões.
o Paradoxo: confronto de duas ideias opostas inconsiliáveis simultaneamente.
«É ferida que dói e não se sente», Luís de Camões.
«Bastou ouvir o teu silêncio para chorar de saudades», Reinaldo Dias.
o Apóstrofe/invocação: interpelação, chamamento de alguém ou de algo
personificado.
«E vós, Tágides minhas, pois criado», Luís de Camões.
o Comparação: relação de semelhança entre duas ideias usando uma partícula
comparativa ou verbos como “parecer”, “assemelhar-se”.
«Gato que brincas na rua, / Como se fosse na cama», fernando pessoa.
o Eufemismo: expressão de uma ideia chocante, de forma suave.
«Fidalgo – Esta barca onde vai ora, / Que assim está apercebida?
Diabo – vai pera ilha perdida.», Gil Vicente.
o Gradação: encadeamente, disposição de palavras7ideias segundo uma ordem
crescente ou decrescente.
«Mas já desmaio, exausto e vacilante, / Quebrada a espada já, rota a armadura...»,
Antero de Quental.
o Hipérbole: exagero da realidade.
«trazem ferocidade e feror tanto, / Que a vivos medo, e a mortos faz espanto», Luís
de Camões.
o Interrogação: pergunta retórica que não pretende obter resposta, mas enfatizar a
questão.
«Que famas lhe prometerás? Que histórias? / Que triunfos? Que palmas? Que
vitórias?», Luís de Camões.
o Ironia: Afirmação que permite sugerir ou insinuar o contrário.
«Diabo – Santo sapateiro honrado!», Gil Vicente.
o Metáfora: comparação de dois conceitos, aproximando-os sem utilização da
partícula comparativa.
«Com ar de quem semeia uma ilusão», Miguel Torga.
o Perífrase: utilização de muitas palavras para o que pode ser expresso com poucas.
«Convocados, da parte do Tonante, / Pelo neto gentil do velho Atlante”, Luís de
Camões.
o Personificação: atribuição de qualidades ou comportamentos humanos a seres
inanimados ou animais.
«Toda a noite o rouxinol chorou», Florbela Espanca.
o Pleonasmo: repetição da mesma ideia, com a intenção de a reforçar.
«(...) dizendo que britassem as portas para entrar dentro», Fernão Lopes.
o Sinédoque: expressão do todo pela parte ou da parte pelo todo, do singular pelo
plural, do plural pelo singular, do género pelo indivíduo.
«Que, da Ocidental praia Lusitana», Luís de Camões.
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o Sinestesia: expressão simultânea de sensações diferentes, centrada na expressão
de uma sensação.
«um escarlate estridente», Eça de Queirós.
Noções de versificação
O verso é uma das linhas de uma composição poética.
O ritmo consiste numa cadência que resulta da alternância harmónica entre sílabas fortes e sílabas
fracas.
O metro é a medida poética que regula a quantidade e a disposição das sílabas.
Cada verso é constituido por um determinado número de sílabas métricas que diferem das sílabas
gramaticais porque a sua divisão assenta nos sons apercebidos pelo ouvido.
Ex: Que/ da O/ci/den/tal/ prai/a/ Lu/si/ta/(na)
Nota: Só se contam as sílabas métricas até á sílabas tónica da última palavra do verso. Faz-se elisão
da vogal átona final da palavra com a vogal que inicia a palavra seguinte, constituindo uma única
sílaba métrica.
O acto de dividir sílabas métricas designa-se por escansão.
A rima é a correspondência de sons no final do verso. As rimas podem combinar-se de diversas
maneiras.
Há poesia que não tem rima. Os versos que não rimam chamam-se brancos ou soltos.
Classificação dos versos quanto ao número de sílabas métricas: 1 sílaba métrica Monossílabo Heptassílabo ou redondilha maior 7 sílabas métricas
2 sílabas métricas Dissílabo Octassílabo 8 sílabas métricas
3 sílabas métricas Trissílabo Eneassílabo 9 sílabas métricas
4 sílabas métricas Tetrasílabo ou quadrissílabo Decassílabo 10 sílabas métricas
5 sílabas métricas Pentassílabo ou redondilha menor Hendecassílabo 11 sílabas métricas
6 sílabas métricas hexassílabo Dodecassílabo ou alexandrino 12 sílabas métricas
Tipos de rima: Tipos Definição Esquema Rimático
Interpolada Os versos que rimam são separados por dois ou três versos de rima diferente.
ABBA / ABCDA
Cruzada Os versos rimam alternadamente. ABAB
Emparelhada Os versos rimam dois a dois ou três a três. AABC / AAAB
A rima também pode considerar-se:
Consoante Quando é perfeita, isto é, rimam as vogais e as consoantes.
Ex: Provável / agradável
Toante Quando é inperfeita, isto é, só rimam as vogais.
Ex: Amigo / ferido
Rica Quando rimam palavras de categorias morfológicas diferentes.
Ex: triste / viste
Pobre Quando rimam palavras da mesma categoria morfolócica.
Ex: Amor / dor
elisão
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Designação das estrofes: 1 verso Monóstico Sextilha ou sextina 6 versos
2 versos Dístico ou parelha Sétima 7 versos
3 versos Terceto Oitava 8 versos
4 versos Quadra Nona 9 versos
5 versos Quintilha Décima 10 versos
Amor é um fogo que arde sem se ver
Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vende, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo amor?
Oposição / Contraste (conjunção adversativa)
Apesar do amor ser um sentimento tão contraditório e que causa tanto sofrimento toda a gente o
deseja.
Ciclo vicioso sem portas de saída.
O poema começa e acaba da mesma maneira: “Amor”.
Tema: Amor (o poeta apresenta enumeração de manifestações comportamentais que denunciam a
sua incapacidade de encontrar uma definição do amor).
1ª Parte
Retrata a complexidade do sentimento amoroso
através do uso de antíteses e paradoxos, paralelismo
anafórico e expressões indefinidas.
2ª Parte
Sendo incapaz de definir o amor, o sujeito poético
remata o poema com uma pergunta retórica que
mostra a perplexidade do sujeito face à aceitação
desse sentimento.
Se o amor é este mundo de contradições, como se
deixam as pessoas envolver por ele?
Metáfora
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Aquela leda e triste madrugada
Aquela triste e leda madrugada,
cheia toda de mágoa e de piedade,
enquanto houver no mundo saudade
quero que seja sempre celebrada.
Ela só, quando amena e marchetada
saía, dando ao mundo claridade,
viu apartar-se de ua outra vontade,
que nunca poderá ver-se apartada.
Ela só viu as lágrimas em fio,
que duns e doutros olhos derivadas
se acrescentaram em grande e largo rio.
Ela viu as palavras magoadas
que puderam tornar o fogo frio,
e dar descanso às almas condenadas.
Tema: Separação dos amantes numa madrugada triste e leda.
Desejo de recordar quela madrugada (triste e alegre). Considera a madrugada uma pessoa
(personificação). A madrugada tem o valor sentimental do amor.
Triste: a madrugada foi a testemunha da grande dor da separação do casal de amantes.
Leda: refere-se à madrugada, romper de uma aurora “amena e marchetada”, de um dia radioso.
Eu cantarei de amor tão docemente
Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dous mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.
Farei que amor a todos avivente,
Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia e pena ausente.
Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menos parte.
Porém, pera cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa
Aqui falta saber, engenho e arte.
Tema: Amor
1ª Parte
Momento descritivo da madrugada e
o desejo que o sujeito poético tem
de celebrar/recordá-la.
2ª Parte
Momento de narração (pretérito
perfeito e imperfeito) que justifica o
momento da separação e o porquê
do sujeito poético desejar tanto
celebrar essa madrugada.
Antítese
Anáfora
Confere à
personagem a
função de
testemunha
Valor de
testemunha
única
Madrugada
Personagem
principal:
Paradoxo
Hipérbole
Jodo de Palavras
1ª Parte
O poeta propõe-se a cantar o amor de tal forma doce
e harmoniosamente que, quem não o sentir, passará a
senti-lo.
2ª Parte
O sojeito poético dirige-se à amada anunciando que
não irá por em evidência as suas características, dirá
apenas a “menos parte”.
Comparação
Antítese/paradoxo
hipérbole
Senhora alta e milagrosa, ser excepcional,
inalcansável, Deusa, superior. (amor petrarca)
Pretende cantar a beleza da sua amada mas não
consegue, pois falta-lhe experiência e talento.
Não põe em evidência as suas características
físicas. Nunca se conhece a sua amada, é
sempre uma mulher anónima.
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Alegres campos, verdes arvoredos
Alegres campos, verdes arvoredos,
claras e frescas águas de cristal,
Que em vós os debuxais ao natural,
discorrendo da altura dos rochedos;
Silvestres montes, ásperos penedos,
compostos em concerto desigual,
sabei que, sem licença de meu mal,
já não podeis fazer meus olhos ledos.
E, pois me já não vedes como vistes,
não me alegrem verduras deleitosas,
nem águas que correndo alegres vêm.
Semearei em vós lembranças tristes,
regando-vos com lágrimas saudosas,
e nascerão saudades de meu bem.
Adjectivações, personificações, metáforas, aliteração em «s», antítese, repetição do advérbio de
negação, comparação, repetição do verbo ver, gerúndio (continuação da acção), arcaísmo.
Tema: Natureza, Saudade
A fermosura desta fresca serra
A fermosura desta fresca serra,
e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda a tristeza se desterra;
o rouco som do mar, a estranha terra,
o esconder do sol pelos outeiros,
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens pelo ar a branda guerra;
enfim, tudo o que a rara natureza
com tanta variedade nos of´rece,
me está (se não te vejo) magoando.
Sem ti, tudo me enjoa e me aborrece;
sem ti, perpetuamente estou passando,
nas mores alegrias, mor tristeza.
Tema: a necessidade da presença da mulher amada para que a felicidade do sujeito seja possível.
1ª Parte
Descrição exaustiva da Natureza, Natureza selvagem
mas bonita
2ª Parte
Sujeito poético e os seus sentimentos, remete para a
sua mudança. Nem mesmo a beleza da natureza o
consegue fazer feliz.
Água puras,
brilhantes,
transparentes
1ª Parte
Descrição que se estrutura numa enumeração de
elementos que constituem a paisagem e que são
qualificados ora por adjectivos ora por substantivos
ou orações relativas.
2ª Parte
Síntese da natureza que se conclui ser “rara” e dotada
de grande “variedade”. Mas, para além dessa síntese,
o poeta introduz a 1ª e 2ª pessoas do singular
(instituindo-se uma relação eu-tu-Natureza) e o texto
assume certo dramatismo e uma grande
subjectividade.
Anáfora Antítese
Dramatismo e subjectividade