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  • 8/16/2019 Resumo Império

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    Existem poucos livros de teoria política que receberam uma publicidade tão grande quanto Império, por Michael Hardt e

    Antonio Negri Hardt ! Negri"# Ele $oi descrito como %neo&marxista' ou mesmo como o %novo Mani$esto (omunista'#

    Ed )uilliam* escreveu no +he bserver -. de /ulho de 011-"2 %3m livro improv4vel escrito por um acad5mico de esquerda e

    um prisioneiro italiano est4 $ascinando a América'# % livro reabilita a palavra 6comunismo7'#

    Este livro de .11 p4ginas, porém, não é um Mani$esto (omunista para o século 0- e nem um belo trabalho que analisa

    seriamente o capitalismo global e suas contradi89es# s autores prometem muito mais do que realmente o$erecem e, enquanto

    algumas ve:es clamam seguir os passos de ;arl Marx, eles terminam por perder o contato com a realidade#

    Um Império sem um centro?

    ponto de partida é que micas e

    culturais' ?re$4cio, p# --" # Isto, por sua ve:, signi$ica que

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    discurso L na8ão do presidente Veorge W# Jush em /aneiro de 0110#

    E3A2 superpot5ncia militar e econ>mica

     Na base de seu preeminente poder militar e econ>mico, os E3A podem intervir decisivamente em certas situa89es, tal como $oi

    na Vuerra do Vol$o em -TT1&T- e no A$eganistão# Entretanto, mesmo os E3A não são $ortes o su$iciente para manter uma

    estabilidade internacional ou garantir o desenvolvimento sustent4vel da economia capitalista mundial# Eis o porqu5 de não existir 

    muita ordem na %nova ordem mundial' proclamada por Veorge Jush pai em -TT-#

    imperialismo dos E3A exibe ho/e a arrogDncia do poder# Ele retorna ao velho ditado % que é bom para os E3A é bom para

    o resto do mundo'# Esta política, é claro, ser4 minada pela iminente crise do capitalismo global, revoltas de massas de pobres e da

    classe trabalhadora e a crescente disc@rdia dentro dos campos imperialistas#

    Imperial ou imperialismo não é uma questão de terminologia ou meras distin89es intelectuais# A questão não é chamar ou não

    os E3A de %império americano'# ?orém, di$erentemente do Império JritDnico, o qual dominou a cena mundial no $im do século

    PIP, o imperialismo dos E3A não possui qualquer col>nia# imperialismo dos E3A pre$ere exercer poder e in$lu5ncia por meio de

    marionetes locais# Este é um tra8o do imperialismo desde -TB., quando o comando colonial direto $oi substituído pelo neo&

    colonialismo# +odavia, usando termos populares, teria certo sentido descrever a posi8ão e as a89es do imperialismo dos E3A ho/e,

    em sua nature:a, como %um império americano'#

    Mas isto é algo di$erente do que os autores de Império t5m em mente# Ue n@s aceitarmos as conclus9es tiradas pelo livro, então

    o mundo ter4 alcan8ado um est4gio onde rivalidades, antagonismo e competi8ão entre di$erentes na89es ou blocos capitalistas

    deixaram de existir e, como consequ5ncia, os con$litos, mesmo os armados, entre na89es estão superados# Não que um reino de pa:

    tenha surgido# e $ato, o Império, de acordo com Hardt ! Negri, é um estado de crise quase permanente, porém %entramos na era

    dos con$litos menores e internos# +oda guerra imperial é uma guerra civil, uma a8ão policial ###" Ho/e é cada ve: mais di$ícil para os

    ide@logos dos Estados 3nidos citar um =nico e uni$icado inimigo ao contr4rio, parece haver inimigos menores e esquivos em toda

     parte# $im da crise da modernidade deu origem a uma proli$era8ão de crises menores e inde$inidas, o, como pre$erimos, a uma

    onicrise' p# 01T"# H4 certa verdade nesta a$irma8ão#

    esde o -- de setembro --U", o imperialismo dos E3A usou termos tais como %guerra prolongada contra o terrorismo' e

    %estados criminosos' para promover seus interesses internacionais# a mesma maneira como usou a linguagem tal como %luta

    contra o comunismo' o %império do mal'" que serviu para o prop@sito de promover os interesses imperialistas dos E3A durante a

    %Vuerra Oria'#

    A campanha de %proteger a terra natal' lan8ada recentemente pelo presidente Jush, demonstra como a presente administra8ão

    tenta uni$icar a na8ão contra uma amea8a ou um inimigo especí$ico# Isto não $uncionar4 por um período muito prolongado# início

    do século PPI não é como o período entre -TB. e -TT1, quando o mundo estava dividido entre dois blocos antagonistas  

    imperialismo e stalinismo#

    “Guerra contra o Terrorismo”

    A %Vuerra contra o terrorismo', $oi usada para rea$irmar o poder do imperialismo dos E3A, para superar a síndrome do )ietnã

    e para implementar novas leis repressivas# A popularidade de Jush logo come8ar4 a reverter quando a doen8a do capitalismo dos

    E3A e suas institui89es políticas corruptas $icarem sob $ogo cerrado e quando a arrogDncia e sede por poder do imperialismo dos

    E3A tem o e$eito oposto#

    Entretanto, nos dias atuais, quando a administra8ão dos E3A est4 sob pressão, $ala&se sobre um iminente ataque terrorista#

    Além disso, a %guerra contra o terrorismo' é usada como meio de expandir a in$lu5ncia dos E3A, estabelecendo novas bases

    militares e abrindo novas 4reas de investimentos na antiga 3KUU e também, por exemplo, na América atina# % /ogo que os

    americanos estão /ogando Qna região pr@xima do Mar (4spioR é uma das maiores apostas que est4 acontecendo# que eles estão

    tentando nada mais é do que o maior lance por uma nova es$era de in$lu5ncia desde que os E3A enga/aram&se no riente Médio .1

    anos atr4s# resultado pode ser o comprometimento de décadas em que os E3A estarão expostos L amea8a de incont4veis guerras e

     perigos' comentou o Jusiness WeeX de 0Y de maio de 0110# Esta expansão inevitavelmente desa$iar4 outros poderes na região# Este

    é o imperialismo cl4ssico e os E3A nem mesmo se importam em $antasiar suas políticas e a89es $ingindo que estão agindo a $avor 

    da %comunidade internacional' ou alguma outra causa similar#

    +ens9es entre o ?aquistão e a Zndia pela (axemira, o potencial de uma nova guerra no riente Médio e o enorme n=mero de

    con$litos na [$rica ilustram como as a89es do capitalismo e do imperialismo abrem caminho para um círculo vicioso de guerras,

    terror e guerras civis# Estes con$litos não podem ser simplesmente descritos meramente como de %menor importDncia' ou

    locali:ados# In$eli:mente, o livro repete outro mito p@s&modernista de que %velhas guerras' travadas entre na89es estão superadas#

    Uentimentos anti&imperialistas e crescentes tens9es dentro do bloco imperialista estão ascendendo na medida em que o

    imperialismo dos E3A tenta expandir seu poder, in$lu5ncia e domina8ão ao custo de outros# Isto, por sua ve:, torna impossível

    qualquer tipo de estabilidade ou equilíbrio restante na nova ordem mundial# e $ato, é o oposto do que Império di:#

    Império não leva em conta que ap@s o colapso do stalinismo, que servia como a cola que segurava os países imperialistas

     /untos, não existe mais tal la8o# A época presente é, entretanto, caracteri:ada por crescentes rivalidades dentro dos campos

    imperialistas, o que incluir4 o ressurgir do nacionalismo, populismo de direita e protecionismo, na medida em que as di$erentes

    classes capitalistas agem para de$ender seus interesses#

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    s autores, seguindo a errada suposi8ão de que o Estado&na8ão est4 morto, não possuem nada além do que o despre:o pela luta

     para alcan8ar a liberta8ão democr4tica nacional# ?arece não existir di$eren8a entre o nacionalismo dos oprimidos e o dos opressores#

    Uintomaticamente, o capítulo que trata da luta democr4tica nacional é chamado

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    A $or8a do que é chamado de multidão é, de $ato, uma $raque:a do movimento# A multidão é descrita por não $alar uma

    linguagem comum a luta ho/e é %incomunic4vel' de acordo com Hardt ! Negri", as $or8as estarem dispersas, não agirem como

    $or8a coletiva, carecerem de organi:a8ão e um programa# Mesmo assim este agente é descrito como uma $or8a poderosa que não

     pode ser barrada# Ao $im do livro, os autores repetem que a multidão ainda não est4 organi:ada como uma $or8a política, porém2 %A

    organi:a8ão da multidão como su/eito político, como posse, come8a portanto a aparecer na cena mundial# A multidão é auto&

    organi:a8ão biopolítica' p# BGB"# % =nico evento que ainda estamos esperando é a constru8ão, ou melhor a insurrei8ão, de uma

     poderosa organi:a8ão# A cadeia genética é $ormada e estabelecida em ontologia, o andaime é continuamente construído e renovado pela nova produtividade cooperativa, e dessa maneira esperamos apenas a matura8ão do desenvolvimento político da posse# Não

    dispomos de qualquer modelo a o$erecer para esse evento# U@ a multidão, pela experimenta8ão pr4tica, o$erecer4 os modelos e

    determinar4 quando e como o possível se torna real' p# BG."# Em certo momento as ideias consideradas tornam&se ridículas# Ao

    negar o $ato de que os oprimidos expressaram seu poder por meio da a8ão coletiva e não %por meio da deser8ão e do 5xodo', eles

     passam a $alar da emergente %nova horda n>made, uma nova ra8a de b4rbaros, se erguer4 para invadir e evacuar o Império' p# 0GG"_

    Visão estática e rígida de luta de classes

    s autores possuem uma visão muito est4tica e rígida na considera8ão do impacto da luta e seu ímpeto# A luta ho/e é

    apresentada como %incomunic4vel', mas a experi5ncia dos protestos anti&capitalistas, /unto com seu car4ter global, é um exemplo

    mostrando o oposto# A globali:a8ão trabalha em dois caminhos# ?or um lado, os mercados para o capital, mercadorias e servi8os

    estão mais integrados do que nunca $oram, mas, por outro lado, a globali:a8ão leva a uma tend5ncia para uma sincroni:a8ão muito

    maior de $luxos e re$luxos econ>micos, de crises sociais e políticas e da luta de classes# Enquanto este texto é escrito -T de /unho

    de 0110", $uncion4rios que controlam o trDnsito aéreo nos aeroportos de cinco países europeus estão em greve# +rabalhadores emluta estão procurando apoio e solidariedade de seus irmãos e irmãs, como n@s vimos quando trabalhadores da MarXs ! Upencer 

    $rancesa $oram para ondres protestar contra o $echamento de empregos# A greve geral de trabalhadores italianos contra a

    %$lexibili:a8ão do trabalho' em abril de 0110 teve um papel importante no encora/amento do chamado L greve geral dos sindicatos

    espanh@is em 01 de /unho no mesmo dia da abertura da reunião da 3nião Européia em Uevilha"#

    s autores não levam em conta que toda grande batalha en$rentada $ornece experi5ncia e muda a consci5ncia e a perspectiva

     política dos trabalhadores e da /uventude# Uão principalmente os grandes eventos que colocam as bases para o desenvolvimento de

    uma consci5ncia classista e socialista# Mas o trabalho campanhas, propaganda e agita8ão" de grupos e partidos socialistas também

     possuem um papel no processo rumo L supera8ão dos e$eitos políticos negativos do colapso do stalinismo e da trai8ão dos velhos

     partidos de massas dos trabalhadores os social&democratas, os socialistas ou os comunistas" e a direita move&se na c=pula do

    movimento sindical#

    %(onsiderem&se as lutas mais radicais e poderosas dos =ltimos anos do século PP2 os eventos da ?ra8a +iananmen, em -TT a

    inti$ada contra a autoridade estatal de Israel a revolta de maio de -TT0 em os Angeles o levante em (hiapas, que come8ou em

    -TTB a série de greves que paralisou a Oran8a em de:embro de -TT., e a que imobili:ou a (oréia do Uul em -TT ###"# Nenhum

    desses eventos inspirou um ciclo de lutas, porque os dese/os e necessidades que expressavam não podiam ser tradu:idos para

    contextos di$erentes' p# YG"#

    Aqui não h4 men8ão aos movimentos que derrubaram os regimes stalinistas e que estes movimentos desencadearam uma luta

    continental por democracia, particularmente na [$rica# Além disso, todas as lutas mencionadas em Império tiveram repercuss9es

     políticas# ?or exemplo, a greve geral na Oran8a em -TT. $oi um $ator crucial na cadeia de eventos que condu:iram L derrota dos

     partidos tradicionais de direita nas elei89es gerais de -TTY na Oran8a# +oda luta mencionada teve um impacto global e ainda possui

    no caso da luta dos palestinos# Império não leva em conta que todas as lutas desde o colapso do stalinismo e do $im da velha ordem

    mundial estabelecida ap@s a II Vuerra Mundial aparecem um terreno político totalmente novo#

    !eitos do colapso do stalinismo

    colapso do stalinismo teve um e$eito pro$undo na consci5ncia e na coesão política da classe trabalhadora, assim como toda

    uma gera8ão de ativistas por todo o mundo $icaram con$usos e desmorali:ados# Alguns abandonaram o ativismo, outros trocaram delado e viraram inimigos de classe# Este $ato $orneceu a base para a trans$orma8ão $inal dos partidos social&democratas e um con/unto

    de antigos partidos comunistas em $orma89es capitalistas# Movimentos guerrilheiros na América (entral e na [$rica acabaram

    chegaram a um beco sem saída ideol@gico e político e não viram outro caminho senão tentar $a:er um acordo, nas bases do

    capitalismo, com a classe dominante#

    Isto por sua ve: abriu caminho para uma grande o$ensiva pelas classes dominantes, as quais estavam prontas para implementar 

    cortes draconianos nos servi8os sociais e na cota dos trabalhadores no produto interno bruto# lucro aumentou ao pre8o de sal4rios

    e condi89es de vida, o que parcialmente explica a ra:ão do %boom' nos anos T1 ter se prolongado#

    evar4 tempo e experi5ncia nos eventos e nas lutas, antes da classe trabalhadora e dos oprimidos superarem estes obst4culos e

    criarem novas organi:a89es de massas combativas# A $alta de uma alternativa política ao capitalismo, organi:a89es de classe

    independentes e dire89es combativas são as principais ra:9es pelas quais a globali:a8ão ainda não resultou em um movimento que

    supere as tumultuosas lutas dos anos Y1 e que colocarão a questão de estabelecer uma nova ordem mundial socialista#

    "#nin so$re o Imperialismo

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    advento do imperialismo representou um novo est4gio para o capitalismo mundial# Em seu livro %Imperialismo, $ase superior 

    do capitalismo', escrito em -T-, 5nin de$ine as principais características desta nova $ase no desenvolvimento do capitalismo

    mundial2 %A época da mais recente $ase do capitalismo mostra&nos que determinadas rela89es entre os grupos capitalistas crescem

     baseadas na divisão econ>mica do mundo, enquanto que de $orma paralela e em conexão com isto, crescem determinadas rela89es

    entre grupos políticos, entre os estados, na base da divisão territorial do mundo, da luta por col>nias, da 6luta por territ@rio

    econ>mico7'#

    epois, no mesmo livro, 5nin explica2 %Ue $osse necess4rio o$erecer a de$ini8ão mais resumida possível de imperialismodeveríamos di:er que o imperialismo é a $ase monopolista do capitalismo# +al de$ini8ão incluiria o principal, pois, por um lado, o

    capital $inanceiro é o capital banc4rio de alguns grandes bancos monopolistas $undidos com o capital dos grupos monopolistas de

    industriais e, por outro lado, a divisão do mundo é a transi8ão da política colonial que se estende sem obst4culos Ls regi9es ainda

    não apropriadas por alguma pot5ncia capitalista para a política colonial de posse monopolista dos territ@rios do globo que /4 $oram

    completamente divididos'#

    %Mas de$ini89es muito resumidas, ainda que convenientes, pois contém o principal, são inadequadas, /4 que tra8os muito

    importantes do $en>meno que é preciso de$inir devem ser especialmente dedu:idos# Assim, sem esquecer o valor condicional e

    relativo de todas as de$ini89es em geral, que nunca podem abranger todos os aspectos de um $en>meno em seu desenvolvimento

    completo, devemos dar uma de$ini8ão do imperialismo que inclua seus seguintes cinco tra8os $undamentais2 -"a concentra8ão de

     produ8ão e capital se desenvolveu a um grau tão elevado que criou monop@lios que desempenham um papel decisivo na vida

    econ>mica 0" a $usão do capital banc4rio com o capital industrial e a cria8ão, nas bases deste %capital $inanceiro', de uma

    oligarquia $inanceira G" a exporta8ão de capital di$erentemente da exporta8ão de mercadorias adquire importDncia excepcional B" a$orma8ão de associa89es internacionais monopolistas que dividem o mundo entre si ." a divisão territorial de todo o mundo entre as

    maiores $or8as capitalistas é terminada# imperialismo é o capitalismo na $ase de desenvolvimento em que a domina8ão dos

    monop@lios e do capital $inanceiro se estabeleceu na qual a exporta8ão de capital adquiriu marcada importDncia na qual a divisão

    do mundo entre trusts internacionais come8ou na qual a divisão de todos os territ@rios do globo entre as maiores $or8as capitalistas

    terminou'#

    que 5nin analisou $oi a $ase inicial do imperialismo# Ainda baseado no domínio colonial & mas onde gigantes monop@lios

    come8aram a desempenhar um papel dominante na economia mundial# período precedente L I Vuerra Mundial -Y1&-T-B" $oi

    um período de r4pido crescimento e da cria8ão de um mercado mundial# Existiam ra:9es econ>micas, assim como políticas, por tr4s

    do colonialismo# colonialismo $oi um meio de abrir mercados e de explorar novas 4reas do mundo, assim como, de ganhar 

     prestígio e poder na cena mundial# %A divisão de todos os territ@rios do globo entre as maiores $or8as capitalistas $oi terminado',

    escreveu 5nin# 3ma nova re&divisão do mundo, re$letindo as rela89es de $or8a reais o surgimento do imperialismo dos Estados

    3nidos e da Alemanha" poderia continuar somente na esteira de crises econ>micas e derrotas da classe trabalhadora e de guerras#

     período entre -T-B&-TB. $oi de guerras, revolu89es, depressão econ>mica e protecionismo o comércio mundial entrou em colapsocolapsou nos anos G1"#

    As consequ5ncias da II Vuerra Mundial criaram uma nova divisão do globo# Ninguém poderia ter previsto o car4ter da II

    Vuerra Mundial e suas consequ5ncias# Assim como ninguém poderia ter previsto que os líderes social&democratas re$ormistas e os

    stalinistas os partidos comunistas" seriam capa:es de salvar o capitalismo na Europa e, portanto, atrasar a revolu8ão socialista no

    mundo por décadas#

    %ela&'es p(s II Guerra )undial

    As novas rela89es mundiais criadas como consequ5ncia da II Vuerra Mundial viram o imperialismo dos E3A tornar&se a $or8a

    dominante e suprema no mundo capitalista e o enorme $ortalecimento do regime stalinista na 3nião Uoviética o que a/udou a

    estabelecer o stalinismo em metade do territ@rio da Europa ap@s o Exército )ermelho ter derrotado a Alemanha na:ista#

    A divisão do mundo e a $orma8ão de duas super&pot5ncias, os E3A e a 3nião Uoviética, que lutaram para manter e expandir 

    suas respectivas es$eras de in$lu5ncia, lan8ou uma sombra sobre todos os grandes eventos internacionais# Esta rivalidade abriucaminho para uma disputa por armamento nuclear, para a maior constru8ão militar da hist@ria e para a Vuerra Oria# Na esteira de

    uma disputa militar insana e destruidora um in$luente complexo militar&industrial $ormou&se, o qual ainda é um enorme $ardo na

    sociedade# Esta ordem mundial terminou em -TT&T1, quando o muro de Jerlim caiu e os regimes stalinistas entraram em colapso#

     No período p@s&guerra, os grandes movimentos por independ5ncia nacional e o crescimento no custo do comando imperialista

    direto compeliram as $or8as imperialistas a desistir do colonialismo# imperialismo colonial saiu para a entrada do neo&

    colonialismo uma nova $ase ou est4gio do imperialismo# s velhos poderes cederam independ5ncia política, mas mantiveram o

    controle econ>mico direto ou indireto sobre os antigos territ@rios coloniais# Este controle econ>mico $oi exercido e$etivamente com

    um crescimento excepcional do capitalismo monopolista durante -T.1&Y.# s monop@lios ocidentais controlaram totalmente, e

    ainda controlam, a produ8ão e o comércio mundial#

    Muitos $atores econ>micos e políticos estavam por tr4s do $im do longo crescimento capitalista, a época dourada do

    capitalismo, que se construiu sobre as ruínas da II Vuerra Mundial# ?orém, entre -TYB&Y., o mundo experimentou sua primeira crise

    e recessão econ>mica simultDnea desde o $im da II Vuerra Mundial"# A queda no lucro e, ao mesmo tempo, a crescente in$la8ão a

    taxa de aumento dos pre8os" mandou aos capitalistas uma clara mensagem de que o boom esgotou a si mesmo# %Vlobali:a8ão'

    tornou&se um meio de tentar restaurar a lucratividade e de tentar conseguir que uma nova ideologia capitalista $osse construída# A

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    globali:a8ão não surge de um plano pensado ou por causa de algum tipo de conspira8ão# Ooi a pr@pria crise que compeliu os

    capitalistas a encontrar outras maneiras de aumentar seus lucros e por8ão do produto interno bruto# Esta reconstru8ão capitalista

    global inevitavelmente signi$icava pressionar os trabalhadores e os pobres do`nsi:ing pr4tica de enxugamento massivo de

     pessoal" e destrui8ão da capacidade industrial, desmantelamento do estado de bem&estar social, aboli8ão de subsídios para comida,

    intensi$ica8ão da explora8ão, desregulamenta8ão, privati:a8ão e $lexibili:a8ão do trabalho e aboli8ão do controle sobre o capital#

    Além disso, o processo de globali:a8ão teve um poderoso ímpeto com a queda do Muro de Jerlin em -TT#

    *eoli$eralismo

     Neoliberalismo é a expressão política da globali:a8ão# Em termos econ>micos, a globali:a8ão é impulsionada por um r4pido

    crescimento no comércio mundial, na exporta8ão do capital, no investimento estrangeiro direto e numa verdadeira

    internacionali:a8ão da produ8ão# n=mero de companhias operando no plano global teve um desenvolvimento espetacular nos

    =ltimos -. anos# Isto $oi acompanhado de uma r4pida expansão da produ8ão internacional e da depend5ncia da exporta8ão# 3m

    aspecto principal da globali:a8ão é o apro$undamento do processo de integra8ão econ>mica e do desenvolvimento de uma

     parcialmente nova divisão internacional do trabalho# As companhias multinacionais construíram uma rede global so$isticada de

    $ornecedores e sub&empreiteros# Isto, por sua ve:, sublinhou o $ato de que a luta para mudar a sociedade deve ser armada com uma

     perspectiva internacional, que a luta dos trabalhadores e da /uventude em qualquer país deve tentar ganhar apoio internacional#

    ob/etivo das companhias multinacionais de obter o m4ximo de lucros é a $or8a impulsionadora por tr4s da globali:a8ão# A

    economia mundial é liderada por algumas centenas de gigantescas multinacionais, as quais são muitas ve:es maiores que na89es#

    Muitos setores da economia global são controlados por somente um punhado de companhias multinacionais#

    Mais de .1 das -11 maiores economias do mundo são companhias multinacionais# con/unto das vendas das 011 maiores

    corpora89es excede o produto interno bruto total de todos os países do mundo sem considerar as nove maiores economias# As

    multinacionais também tornaram&se maiores e mais poderosas depois da recente onda de $us9es e aquisi89es internacionais, isto é, a

    absor8ão de uma companhia por outra# Isto signi$ica que a concentra8ão de rique:a e capital alcan8ou um nível sem precedentes#

    As companhias multinacionais dão conta de quatro quintos da produ8ão industrial no mundo e mais de dois ter8os do comércio

    mundial# comércio interno das companhias multinacionais constituem mais de B1F do comércio mundial# Além disso, o comércio

    interno é $requentemente usado como um meio de evitar pagar impostos#

    O stado+na&ão ainda é rele,ante?

    Isto signi$ica que o estado&na8ão est4 se tornando irrelevante, tal como alguns comentaristas argumentaramS (ertamente o

    capitalismo $oi capa: de, parcialmente, superar o estado&na8ão pelo desenvolvimento do mercado mundial# Alguns entusiastas da

    globali:a8ão re$erem&se Ls companhias %transnacionais' se espalhem pelo mundo, livres de qualquer controle# ?orém, o termo

    multinacional é uma descri8ão mais acurada# i$icilmente qualquer uma das enormes companhias multinacionais pode ser descrita

    como %transnacional'# As companhias multinacionais não são completamente livres ou %sem&lar'# Elas operam numa escala global,

    mas possuem $ortes raí:es por meio de propriedade, produ8ão, emprego, ger5ncia, pesquisa e desenvolvimento em seus respectivos

     países de origem# Ue/am companhias grandes ou pequenas, elas ainda dependem, em algum grau, de mercados nacionais ou

    regionais, in$ra&estrutura e v4rias $ormas de prote8ão do estado subsídios, desconto de impostos, prote8ão legal, etc#" o$erecidas por 

    seus pr@prios governos nacionais#

    utro tra8o importante da globali:a8ão é que a especula8ão substituiu a produ8ão como a atividade econ>mica mais lucrativa, o

    que, de certa $orma, mostra que o sistema como um todo alcan8ou um beco sem saída# \ surpreendente que Hardt ! Negri não

    apontam para a nature:a especulativa e parasit4ria do capitalismo moderno, o que espalha corrup8ão#

    A globali:a8ão é um %sistema $luido, com uma expansão in$inita e altamente organi:ado que abrange toda a popula8ão do

    mundo', mas que carece de qualquer %local de poder'# escreveu o Ne` orX +imes, em Y de /ulho de 011-, assumindo as vis9es de

    Império#

    Muitos analistas capitalistas a$irmam que a globali:a8ão é um novo sistema tecnol@gico&econ>mico baseado no micro chip egerido por investidores $inanceiros e $undos e corpora89es multinacionais, livres de qualquer estado&na8ão ou estruturas de poder#

    Estas ideias p@s&modernistas recebem eco, desde um ponto de vista esquerdista, de Hardt ! Negri#

    Mas tal como a revista de esquerda dos E3A Montl* Kevie` comentou2 %A no8ão de uma hegemonia de um mercado global

    livre sem o estado&na8ão e qualquer centro de poder discernível somente instrumentos do mercado altamente visíveis" signi$ica

    uma concep8ão de capitalismo que tornou&se, virtualmente, sin>nimo de globali:a8ão# \ a$irmado que não h4 alternativa, porque

    não h4 nada $ora do sistema e não h4 um centro dentro do sistema# nevoeiro ideol@gico que impregna todos os aspectos do debate

    sobre a globali:a8ão est4 destinado a, eventualmente, dissipar, na medida em que se tornar claro que as contradi89es do capitalismo,

    que nunca $oram superadas, estão presentes de uma $orma mais universal e mais destrutiva do que nunca' Montl* Kevie`, /aneiro

    de 0110"#

    Império não est4 a$irmando que o sistema não pode ser trans$ormado, mas assim que a questão de como a trans$orma8ão pode

    ser $eita é colocada os autores perdem o contato com toda a realidade# Eles esperam que a migra8ão e o poder quase místico da

    %recusa ao trabalho' irão $a:er todo o trabalho de uma trans$orma8ão signi$icativa#

     No ?re$4cio de Império os autores $a:em a$irma89es insustent4veis e trans$ormam hip@teses em %$atos', os quais $ormam as

     bases das quais suas conclus9es são tiradas# In$eli:mente este método é algo comum no livro# s autores assumem que a

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    globali:a8ão é %irresistível e irreversível' e seguindo esta no8ão eles argumentam que um novo Império %sem $ronteiras' est4

    ganhando $orma# Mas como um Império pode se mani$estar sem um centro que tome as decis9es ou um centro de poderS Não h4

    nenhum n=mero de tele$one ou mesmo uma caixa postal para o Império# Ao invés disso, sup9e&se que ele est4 em todo o lugar e

    unido por redes di$usas# s autores a$irmam2 %nosso Império p@s&moderno não tem Koma' p# GG"# endo Império voc5 não pode

    deixar de perguntar a questão2 onde est4 o poder a ser derrubadoS

    )ar-ismo ,ersus p(s+modernismo

    Hardt ! Negri tentam reconciliar as ideias e os métodos do socialismo revolucion4rio marxismo" com o que pode ser descrito

    como a onda p@s&modernista dentro da esquerda internacional# A tare$a consiste em %reorgani:a&los e canali:a&los Qos processos de

    globali:a8ãoR para novos ob/etivos# As $or8as criadoras da multidão que sustenta o Império são capa:es também de construir,

    independentemente, um (ontra&império, uma organi:a8ão política alternativa de $luxos e intercDmbios globais' p# -."# ob/etivo é

    %construir uma nova cidade### criar uma nova $orma de luta que é baseada não s@ na oposi8ão direta mas em um tipo de luta por 

    subtra8ão uma recusa do poder, uma recusa da obedi5ncia# Não somente uma recusa do trabalho e uma recusa da autoridade, mas

    também emigra8ão e movimentos de todos os tipos que recusam os obst4culos que bloqueiam o movimento e o dese/o' citado de

     Negri, durante uma discussão online, G de maio de 0111"#

    s autores descartam os sindicatos, %as organi:a89es oper4rias institucionais' p# G0T" tal como eles os descrevem, a classe

    trabalhadora industrial e o que eles descreveram como o %velho' internacionalismo prolet4rio# e acordo com os autores, a luta

    contra o Império não necessita de consci5ncia coletiva e organi:a8ão de classe ou qualquer programa, t4tica ou estratégia# A

    liberta8ão vir4 de qualquer $orma na medida em que os oprimidos resistem e o (ontra&império ganha $or8a#

    mundo, porém, não é comandado por um %império' imagin4rio, mas pelas $or8as capitalistas dominantes e pelas classes

    dominantes da %+ríade' dos Estados 3nidos, estados da 3nião Europeia e do Capão# imperialismo est4 longe de estar %morto' a

    época que o imperialismo entrou com o processo de globali:a8ão é um novo est4gio ou $ase# A classe dominante dos Estados 3nidos

    viu a globali:a8ão como um meio de expandir sua posi8ão no mercado mundial ao custo de outras $or8as capitalistas# Isto aumenta

    as contradi89es inerentes ao capitalismo e, ao mesmo tempo, abriu espa8o para o re&surgir de um Dnimo anti&capitalista dirigido,

    especialmente, contra as multi&nacionais dos E3A e a nature:a super&exploradora do imperialismo#

    Império $oi escrito antes das mudan8as nas rela89es mundiais consequentes aos eventos de -- de setembro de 011-# C4 se

     provou que muitas suposi89es $eitas pelos autores são $alsas ou unilaterais, tais como2 %A polícia mundial americana não age

    movida por interesse imperialista, mas por interesse imperial' p# -TT"# s Estados 3nidos, de acordo com os autores, não agem no

    interesse de sua classe dominante, mas %no interesse universal' p# -T"# Não h4 men8ão sobre rivalidade, divis9es e competi8ão

    entre as di$erentes classes dominantes e poderes imperialistas no livro# Mas se a classe dominante e o governo norte&americano não

    agem primariamente em de$esa da hegemonia, dos mercados, dos lucros e do prestígio do capitalismo dos Estados 3nidos, então o

    que dita as políticas e as a89esS As decis9es precisam ser tomadas em algum lugar e elas são tomadas em Washington, não por corpos %supranaturais' espalhados através do mundo# A rea8ão ao -- de setembro e suas consequ5ncias ilustraram o quanto a classe

    dominante dos Estados 3nidos est4 preparada para de$ender e expandir seu poder e seu domínio# A presente tend5ncia de

    unilateralismo por parte de Veorge W# Jush e sua administra8ão é o oposto do que é descrito como %universalismo' nas p4ginas de

    Império# %A guerra contra o terrorismo é simplesmente um eu$emismo para aumentar o controle dos Estados 3nidos no mundo, se/a

     pro/etando $or8a através de seus porta&avi9es, se/a construindo novas bases militares na [sia (entral', a$irma o pro$$essor ?aul

    Kodgers do epartamento de Estudos sobre a ?a: da 3niversidade de Jrad$ord ondon bserver, -1 de $evereiro de 0110"#

    A rea$irma8ão do poder e do unilateralismo dos E3A ao pre8o dos outros est4 destinada a alimentar instabilidade, assim como

    tens9es, entre as na89es e os di$erentes blocos capitalistas# s autores cometem um erro quando eles assumem que o capitalismo $oi

    capa: de superar as barreiras postas pelo estado&na8ão e pela propriedade privada dos meios de produ8ão#

    A presente tend5ncia rumo ao unilateralismo em algum est4gio, com certe:a, reverter4 e a classe dominante dos E3A pode ser 

    compelida a procurar outros caminhos alternativos para de$ender sua posi8ão dominante#

    que é surpreendente é que os autores não o$erecem argumentos ou n=meros reais para substanciar sua a$irma8ão de que aglobali:a8ão condu:iu ao nascimento de uma ordem social, política e econ>mica totalmente nova o Império# Ao invés de analises

    sobre o passado, o presente e o $uturo, o leitor encontra volumosas cita89es de um incont4vel n=mero de pensadores e $il@so$os

    acrescentados por coment4rios abstratos, tais como o seguinte2 %o poder est4 em toda parte, mas est4 em toda parte porque em toda

     parte est4 em /ogo o nexo entre virtualidade e possibilidade, um nexo que é província exclusiva da multidão' p# GG"# (omo este

    trecho ilustra, algumas ve:es Império se torna impossível de ler#

    ?apel do OMI, da M( e etc#

    Hardt ! Negri a$irmam que as organi:a89es e institui89es capitalistas internacionais tais como o Oundo Monet4rio

    Internacional OMI", Janco Mundial, rgani:a8ão Mundial do (omércio M(", O@rum Econ>mico Mundial de avos, etc# são

     parte de uma estrutura de poder supranacional# Mas estas organi:a89es e a reunião da elite capitalista em avos antes de ser parte de

    %uma estrutura supranacional' são meios das pot5ncias imperialistas de impor uma agenda neoliberal e abrir novos mercados para a

    exporta8ão de bens e capital, isto é, para salvaguardar os interesses do capitalismo ocidental em geral e do imperialismo dos E3A

    em particular#

    ?or exemplo, o OMI est4 sob controle dos E3A de tal $orma que seu plano de emerg5ncia para a Argentina em 0110" $oi

    elaborado pelo Ministério de Oinan8as dos E3A#

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    urante a crise econ>mica no sudeste da [sia -TTY&T" o imperialismo dos E3A, depois de distanciar qualquer tentativa do

    capitalismo /apon5s intervir, usou o OMI como uma cobertura para expandir sua in$lu5ncia# Kepresentantes do Ministério de

    Oinan8as dos E3A eram os encarregados do time do OMI que negociavam com os di$erentes países do sudeste da [sia atingidos

     pela crise# %s E3A comportaram&se como saqueadores depois de um ciclone econ>mico', tal como a$irmou um dos patr9es da

    Austr4lia# A revista dos E3A Ne`s`eeX, descreve este tipo de interven8ão imperialista cl4ssica nas seguintes palavras2 %s

    americanos retornaram com grande $or8a Qpara o sudeste da [siaR# esta ve:, na $orma de bancos de investimento de bancos dos

    E3A, $undos de ativos e especuladores como Veorge Uoros, todos eles comandando uma onda de triun$alismo assim que os poderosos mercados ocidentais transbordaram completamente o $echado sistema $inanceiro que o Capão inspirou por toda a [sia#

    Assim que o cont4gio asi4tico derrubou economia ap@s economia, as $irmas dos E3A estão abrindo estes sistemas com uma

    $erocidade que -.1 anos de negocia89es dos E3A não alcan8ariam'# Ue isto não é imperialismo, o que éS

    % proletariado /4 não é o que era' p# Y0", escrevem os autores de Império# Eles dispensam a classe trabalhadora e suas

    organi:a89es políticas e sindicais# Eles são coisas do passado e, ao invés de partidos, os autores apresentam a idéia de %auto&

    organi:a8ão' e mencionam o movimento ̂ apatista como um modelo a seguir#

    \ not4vel que ao listar muitos dos movimentos e lutas dos anos 1, os autores não mencionam a grande greve geral de -1

    milh9es na Oran8a em -T2 um movimento tão poderoso que o presidente $ranc5s, (harles de Vaulle, disse para o embaixador dos

    E3A naquele período2 %Houve uma revolu8ão comunista na Oran8a e não h4 nada que possamos $a:er sobre isto'# epois disto, de

    Vaulle, $ugiu para uma base militar na Alemanha#

    internacionalismo prolet4rio e mesmo a luta pelo socialismo são consideradas, por Império, como velhas e ligadas a uma era

    quando o estado&na8ão era uma parte orgDnica do capitalismo# Mas as condi89es atuais, escrevem os autores, demandam um novomovimento %que corresponde aos regimes in$ormais de produ8ão p@s&$ordiano' p# BGG"# eixando de lado que o comando dos

     patr9es e a estrutura hier4rquica do capitalismo não são exatamente um %regime in$ormal', o livro tem pouco mais a di:er sobre a

    luta nos locais de trabalho# Ele nem mesmo menciona o $ato de que a globali:a8ão re$or8ou a necessidade do %internacionalismo

     prolet4rio' na a8ão#

    A anula8ão da classe trabalhadora e o sil5ncio sobre a necessidade de construir partidos revolucion4rios e socialistas genuínos

    sucedem as $alsas premissas e an4lises $eitas no início do livro# As hip@teses dos autores nunca se tornarem mais do que abstra89es

    $eitas com uma linguagem obscura e quase&intelectual# A$irma8ão depois de a$irma8ão é $eita sem ser substanciada# A an4lise de

    5nin do %imperialismo e de suas crises', por exemplo, é apresentada como aquela que leva %diretamente para a teoria do Império'

    p# 0.B"# Mas 5nin argumentou o oposto contra os %super&globali:adores' de seu tempo#

     Nas p4ginas anteriores de Império, os bolcheviques são acusados de terem entrado %no terreno da mitologia nacionalista' p#

    -0T" na an4lise da abordagem marxista e sensível destes L questão nacional e na luta das nacionalidades oprimidas contra o

    (:arismo na K=ssia o que Hardt ! Negri enxergam como uma concessão ao nacionalismo# Eles não o$erecem argumento paraapoiar esta extraordin4ria, mas também vaga, a$irma8ão#

    que Hardt ! Negri $a:em é extrair a =ltima conclusão do que pode ser descrito como uma teoria da %super&globali:a8ão'# A

    globali:a8ão, porém, de $ato agravou as contradi89es $undamentais inerentes ao capitalismo, isto é, a colisão entre as $or8as de

     produ8ão e as rela89es de produ8ão o modelo social e político em que o sistema capitalista opera2 rela89es internacionais, o papel

    do estado&na8ão, o governo, rela89es entre classes, etc#"# \ esta colisão b4sica que leva Ls crises, guerras e revolu89es#

    Contradi&'es do capitalismo

    capitalismo por sua nature:a é incapa: de desenvolver nenhuma tend5ncia =nica para sua conclusão $inal# capitalismo

    monopolista não abole a anarquia do mercado ou da competi8ão# A presente ordem capitalista internacional é apenas mais um

    momento na hist@ria, não seu ponto $inal# A globali:a8ão, assim como qualquer outra $ase no desenvolvimento do capitalismo,

    semeia as sementes de sua derrocada# Estado&na8ão e a propriedade privada dos meios de produ8ão agem cada ve: mais como

     barreiras absolutas para o desenvolvimento da sociedade#

    capitalismo ainda é enrai:ado no Estado&na8ão que é uma $orma8ão social com elementos hist@ricos, tais como uma

    linguagem comum, a cultura, a propriedade territorial e etc# (ada classe dominante nacional depende de v4rios tipos de apoio e

     prote8ão o$erecidos por seu aparato estatal# Em =ltima an4lise, o estado capitalista é redu:ido aos %corpos de homens armados' a

     polícia, militares, ag5ncias de intelig5ncia, etc#" e seus ap5ndices materiais, isto é, pris9es e etc# estado não é um corpo %neutro'

    na sociedade capitalista ele est4 $irmemente sob controle da classe capitalista# estado o$erece aos capitalistas uma prote8ão contra

    competidores externos e %o inimigo interno', tal como Margaret +hatcher nomeou os mineiros britDnicos em greve durante os anos

    1#

    Ue/a o que $or que os capitalistas a$irmam sobre as %$or8as auto&reguladoras do livre mercado', quando eles são /ogados contra

    o muro gritarão por a/uda, prote8ão e apoio de seu pr@prio aparato estatal# Em resposta a uma crise econ>mica nos E3A, o

     presidente Jush decidiu impor tari$as L importa8ão de a8o de outros países e continuar com os subsídios para seu pr@prio setor 

    agrícola# % sr# Jush aumentou as tari$as no a8o importado, protegeu os produtores de madeira da competi8ão canadense e assinou

    de $orma muito animada uma lei sobre agricultura que regride por volta de G1 anos no curso do livre comércio na agricultura

    Oinancial +imes, -G de /unho de 0110"#

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    Assim que uma na8ão capitalista, ou grupo de na89es, se expande ao pre8o da posi8ão de outras, sempre existir4 uma tend5ncia

     para o protecionismo nacional ou para o surgimento de blocos continentais ou regionais#

    A nature:a de todo acordo entre estados capitalistas tende a ser tempor4ria e di$ícil, re$letindo o balan8o presente de $or8as#

    iante de crescentes tumultos sociais e políticos em casa, de uma competi8ão mais dura no mercado mundial, as di$erentes classes

    capitalistas nacionais $arão o que $or necess4rio para proteger a pr@pria pele# capitalismo não possui qualquer princípio sagrado

    que não se/a o impulso por lucro# 3ma coisa é estar a $avor de uma moeda =nica, livre comércio e coopera8ão internacional quando

    %todos são vencedores'# Mas quando as margens diminuem, os mercados são perdidos, os capitalistas gritam para o estado por  prote8ão contra a competi8ão externa e para implementar medidas que $ortale8am suas posi89es ao pre8o de outras# Isto se expressa

     principalmente na $orma de di$erentes blocos agindo contra outros, mas também de países agindo contra um rival especí$ico# 3m

     protecionismo emergente e medidas para controlar e restringir o $luxo de capital come8a a reverter os rumos da globali:a8ão, com

    algumas similaridades com a reversão do processo de r4pida integra8ão no início do século PP que de$lagrou na I Vuerra Mundial e

    com a crise dos anos G1#

    As reivindica89es dos trabalhadores necessitam de um programa político

    Império imagin4rio é comandado, é reivindicado por uma rede que $or8as estão incluídas nesta rede não é explicado e baseia

    seu poder no dinheiro, na bomba $or8as de destrui8ão" e no controle da comunica8ão e da in$orma8ão# ?or consequ5ncia, o

    capitalismo mundial entrou na era p@s&industrial e, de acordo com os autores, esta é a ra:ão de que a classe oper4ria industrial

    %perdeu sua posi8ão hegem>nica' p# 0YY"#

    A de$ini8ão de Império de todo o estrato oprimido como parte de uma %multidão' é uma outra $orma de redu:ir a classe

    trabalhadora a, no m4ximo, um papel auxiliar em lutas $uturas# Além disso, os autores totalmente ignoram as consequ5ncias políticas e ideol@gicas do colapso do stalinismo#

    s socialistas sempre argumentaram contra aqueles que de$inem a classe trabalhadora como somente os trabalhadores

    industriais# Este é um estere@tipo, uma de$ini8ão rígida, que tem pouco a ver com o marxismo# A produ8ão e a distribui8ão de

    mercadorias sob o capitalismo moderno tornaram&se mais social e internacional do que nunca, envolvendo di$erentes setores dos

    trabalhadores num plano nacional e global# A produ8ão e a reali:a8ão de lucros depende não somente de trabalhadores empregados

    em $4bricas#

    \ gra8as ao seu papel na produ8ão e na distribui8ão que a classe trabalhadora se desenvolve e age enquanto um poder coletivo#

    \ sobre este poder e a8ão coletivos que os autores silenciam# Mas muito pior é que a posi8ão tomada pelos autores tende a alienar os

    trabalhadores do movimento anti&capitalista#

    As condi89es dos trabalhadores no setor p=blico ou nos servi8os são largamente as mesmas condi89es en$rentadas pelos

    trabalhadores industriais# Ao mesmo tempo, uma larga se8ão das classes médias não possuem mais uma posi8ão privilegiada e

    segura na sociedade# 3ma proletari:a8ão da classe média est4 acontecendo em todos os países capitalistas# 3ma crise, tal como $oidemonstrado pela Argentina e pela +urquia 011-&0110", poderia da noite para o dia levar L pauperi:a8ão da classe média# A classe

    média na Argentina ho/e é re$erida como %aqueles que uma ve: tinham'#

    s eventos na Argentina ilustraram que a luta para mudar a sociedade necessita ser consciente e armada com um programa

     político# s resultados da luta de classes ao $im do dia serão decididos por $atores políticos e o quanto a classe trabalhadora tem

    consci5ncia de seu papel e de sua $or8a#

    peso social e a $or8a potencial da classe trabalhadora, o trabalhador assalariado, nunca $oi maior# Mas a $alta de uma

    alternativa política, de organi:a89es combativas e, acima de tudo, uma lideran8a capa: de en$rentar a tare$a de liderar a luta para

    uma trans$orma8ão socialista, criou um abismo sem precedentes entre o poder potencial da classe trabalhadora e a situa8ão presente

    de ataques violentos contra os direitos dos trabalhadores#

    A$irma&se que Império dar4 armas para o movimento anti&capitalista com uma compreensão do presente regime capitalista

    global, mas $alha completamente# +rata&se de um caso de novas roupagens do Império2 muitas p4ginas com muito pouco conte=do#