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1 Graduando em Eng. de Minas, Faculdades Kennedy, [email protected]
2 Graduando em Eng. de Minas, Faculdades Kennedy, [email protected]
3 Orientador, Professor e Eng. Metalúrgico, Faculdades Kennedy, [email protected]
Critérios de Seleção e Principais Equipamentos Utilizados na Lavra a Céu
Aberto
Selection Criteria and Main Equipment Used in Open-Pit Mining
Danilo Otávio Tameirão Lacerda1
Custódio Borges Araújo Neto2
Ricardo Antônio Pereira da Silva3
Resumo: A lavra a céu aberto é uma das etapas mais importantes na mineração, tendo uma boa parte dos custos totais de um empreendimento mineiro. Critérios de seleção como tipo de equipamentos, tamanho e quantidade, especificações e fornecedores são fundamentais para uma seleção correta dos vários equipamentos disponíveis para a lavra a céu aberto, contribuindo para uma operação de mina harmoniosa e dentro do menor custo possível. Palavras-chave: Equipamentos. Lavra a Céu Aberto. Critérios de Seleção. Abstract: The open-pit mining is one of the most important steps in mining, with a good portion of the total costs of a mining venture. Selection criteria such as type of equipment, size and quantity, specifications and suppliers are essential for a correct selection of various equipment available for open-pit mining, contributing to a harmonious mine operation and within the lowest possible cost. Keywords:Equipments; Open-Pit Mining; Selection criteria
1. INTRODUÇÃO
A atividade mineradora tem como objetivo descobrir os recursos existentes no
planeta, extrair este material por meio de operações de lavra (a céu aberto ou
subterrâneo) e transporta-lo até diferentes pontos de descarga, para sua passagem
por operações de beneficiamento de minérios para atender a indústria.
Para a extração desse material, deve-se ter o projeto de lavra. Segundo
Quevedo (2009) na elaboração do projeto de lavra, faz-se um estudo para o
dimensionamento dos equipamentos e instalações que irão operar na mina, com
base na produção determinada.
O presente projeto tem objetivo de apresentar os estágios da seleção dos
equipamentos utilizados na lavra a céu aberto, mostrar quais são os mais comuns e
um pouco de suas características e especificidades. Estas informações podem ser
de grande utilidade para a elaboração do projeto de lavra.
Por ser um item de grande importância em uma operação mineira, optou-se
por abordar este assunto, pois uma seleção equivocada dos equipamentos de uma
lavra a céu aberto pode impactar todo o processo de uma mina.
As frotas de equipamentos podem ser divididas em quatro principais classes:
- Equipamentos de perfuração e desmonte: estes tipos de equipamentos são
representados pelas perfuratrizes para perfuração e escavadeiras para desmonte;
- Equipamentos de carregamento: dentro dos equipamentos de carga temos
as pás carregadeiras e as escavadeiras que podem ser elétricas ou hidráulicas;
- Equipamentos de transporte: dentro desta classe temos correias
transportadoras, trens e os caminhões fora da estrada, principalmente;
- Equipamentos de apoio: nesta classe estão agrupados as motoniveladoras,
caminhões pipa, carregadeiras/escavadeiras de pequeno porte, comboios de
abastecimento e todos os equipamentos de suporte às atividades da mineração.
Segundo Pinto (1999), para a escolha do tipo e o dimensionamento dos
equipamentos devem-se levar em consideração diferentes fatores, como a escala de
produção, capacidade financeira do grupo minerador, características da mina
testando-se as diversas alternativas disponíveis.
A seleção de equipamentos de lavra é um dos fatores de primordial
importância nas etapas de transformação da lavra de um bem mineral numa
operação econômica. Segundo Qing-Xia (1982), a perfuração, desmonte,
carregamento e transporte representam entre 30% e 40% dos custos totais. Deste
modo, a seleção destes equipamentos deve ser tratada com muito cuidado, visto
que decisões incorretas podem afetar a produção de uma mina.
De modo geral, o processo de seleção destes equipamentos pode ser dividido
nos seguintes estágios: tipo de equipamento exigido; tamanho e/ou número de
equipamentos; tipo específico e especificações dos equipamentos; seleção dos
fabricantes ou fornecedores.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Estágios da Seleção de Equipamentos
O principal objetivo na seleção de equipamentos é o de assegurar, na medida
do possível, que a mina seja provida de recursos para capacitá-la a fornecer minério
da melhor qualidade, a um baixo custo por tonelada, para a usina de tratamento por
um longo e contínuo período. Com este intuito, seguem-se alguns critérios para a
correta seleção dos equipamentos a serem utilizados.
2.2. Tipo de equipamento exigido
Para se chegar à conclusão sobre quais equipamentos selecionar na lavra,
uma vasta quantidade de informações sobre a jazida, operações e esboço do pit
devem ser conhecidas. Com relação ao corpo do minério e a usina de
beneficiamento, deve-se ter o conhecimento da massa de minério a ser tratada por
dia, hora, grau de controle e qualidade requerida para a alimentação da usina.
Os fatores que dizem respeito ao minério e precisam ser conhecidos são: A
requerida e permitida taxa de alimentação de minério pela usina; a blendagem
requerida para controle do teor do minério; tipo de segregação para evitar misturas
indesejáveis; a rota e a distância percorrida pelo minério; a diferença de cota entre o
ponto de carregamento e o ponto de descarga. No caso de estéril deve-se saber: A
relação estéril/minério e o modo como o estéril ocorre na jazida, se externo ou sobre
o corpo, se intercalado, etc.
É de grande importância também ter conhecimento sobre algumas
características do minério e estéril, como: densidade in situ e empolada, umidade,
grau de fragmentação, dureza, abrasividade, resistência à compressão, etc. De
modo geral, os equipamentos de lavra estão envolvidos com as atividades de
desmonte, carregamento e transporte de minério e estéril da mina.
2.3. Tamanho e/ou número de equipamentos
Há uma ideia inicial para a definição do número de equipamentos e do
tamanho. Para a quantidade, sugere-se:
Uma perfuratriz para cada escavadeira; uma escavadeira para cada tipo de
material, isto é, uma para minério e outra para estéril, e; três ou quatro caminhões
para cada escavadeira.
Entretanto, existem numerosos fatores a serem considerados em cada caso,
como por exemplo: É possível reduzir o número de perfuratrizes se uma máquina, de
capacidade suficientemente alta e maior mobilidade é adotada; mais carregadeiras
podem ser necessárias se é exigido blendagem ou segregação; o número de
caminhões, é usualmente ditado pela distância de transporte e idealmente, não se
pode deixar um caminhão esperar para ser carregado, nem deixar uma escavadeira
esperar por um caminhão vazio.
Para o tamanho ideal do equipamento segue-se a premissa de que, os
custos operacionais são altos, continuarão a subir e que equipamentos para uma
operação adequada são escassos no futuro, todo esforço deve ser feito para
maximizar o tamanho do equipamento. É significante observar que embora haja uma
grande diferença no investimento inicial, os trabalhos de operação e manutenção
requeridos são aproximadamente os mesmos para diferentes tamanhos de um
mesmo equipamento.
2.4. Tipo específico e especificações dos equipamentos
Uma descrição detalhada das especificações dos equipamentos é necessária
para assegurar que o equipamento cotado corresponderá àquele necessário e
desempenhará a função desejada além de propiciar a comparação de custos e
méritos de vários equipamentos específicos com as informações fornecidas pelos
fabricantes e em seus catálogos.
A descrição deve ser feita de modo que contenha duas partes. Uma com
informações como desempenho (índices de utilização, disponibilidade física e
rendimentos médios), capacidade, força, peso, tamanho, etc. Outra com informações
de um equipamento ideal, que permita uma operação mais econômica e segura, de
fácil manutenção e reduzido custos de reparo.
Estas etapas devem permitir uma fácil comparação quando no levantamento
de custos das várias máquinas e ainda uma avaliação de vários itens, como
investimento inicial, desempenho e custos operacionais das várias unidades, que
precisam então ser relacionados a todos os fatores econômicos da operação.
2.5. Seleção dos fabricantes ou fornecedores
Um estudo deve avaliar as propostas dos fabricantes, que deve levar em
análise custos e adaptabilidade técnica, relativa facilidade ou dificuldade de
manutenção e reparos e a reputação do fabricante em relação aos serviços técnicos
(prestação de serviços), disponibilidade, custos de peças e garantias.
2.6. Desmonte e seus equipamentos
Como se sabe, os equipamentos necessários para efetuar qualquer uma das
operações de lavra terão de se adaptar ao tipo de material em que se opera,
levando em consideração a particularidade de cada mina.
Assim, fica claro que desmontar rochas duras e compactas é muito mais difícil
do que realizar estas operações em rochas brandas e incoerentes, sendo
necessariamente também diferentes os procedimentos. Por isso é necessário se
conhecer as classificações baseadas no comportamento mecânico sob o ponto de
vista de desmonte das rochas com a qual vai se trabalhar. Ver figura 1.
Figura 1- Ciclo normal de operações
Fonte: Elaborado pelos autores, 2015.
Couto (1990) expõe um quadro resumo onde se estabelecem 4 (quatro)
classes de rochas definindo-as pela maior ou menor facilidade de penetração dos
equipamentos capazes de efetuar o desmonte mecânico, da sua coesão, da maior
ou menor facilidade de enchimento dos baldes e da presença de blocos de grandes
dimensões. Com o fim de classificar as rochas sob estes pontos de vista procede-se
frequentemente à amostragem em laboratório e em campo. Ver tabela 1.
Tabela 1 - Classificação das rochas
Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
2.2.1. Desmonte sem uso de explosivos
2.2.1.1. Escavadeiras
As escavadeiras são máquinas comumente utilizadas para efetuar
mecanicamente as operações de desmonte e/ou carga de estéril e minério. São
destinadas ao desmonte e carga de rochas brandas; ou à carga de produtos que
foram desmontados por explosivos, no caso de maciços formados por rochas mais
duras.
Uma escavadeira pode ser montada sobre esteira, rodas e trilhos, sendo a
escavadeira de esteira a mais utilizada no ambiente da mineração. As escavadeiras
se dividem em diferentes grupos conforme o seu porte e a finalidade em que as
mesmas são empregadas. Nelas, o processo das operações pode ser cíclico ou
contínuo. Figura 2, abaixo, as escavadeiras mais comuns na lavra a céu aberto.
Figura 2 - Divisão das Escavadeiras
Fonte: Elaborado pelos autores, 2015.
2.2.1.1.1. Escavadeira Shovel
A escavadeira com caçamba shovel possui a caçamba voltada para cima e
escava executando movimentos no sentido de baixo para cima. Hoje a maior parte
dessas escavadeiras é hidráulica, deixando o funcionamento de cabos para
movimentação do balde em menor uso. As escavadeiras de maiores dimensões são
empregadas, de modo geral em frentes de desmonte que tiveram elevadas alturas;
rochas duras em virtude de grandes escavadeiras apresentarem maior força de
penetração.
Pelo contrário, as máquinas de menor porte de dimensões e capacidades
geralmente são utilizadas no carregamento nas unidades de transporte (caminhões,
vagões, etc.) em pedreiras e minas a céu aberto após a utilização de explosivos para
o desmonte de um material mais duro.
O acionamento dessas unidades pode ser feito por energia elétrica ou
mecânico (motor geralmente do tipo diesel). As elétricas normalmente tem um menor
custo pelo fato de a energia ser mais barata do que o diesel, mas também tem uma
menor liberdade de movimentação do que as de outras fontes pelo motivo de ter de
trabalhar em locais perto das redes gerais de distribuição de energia elétrica. Assim,
as escavadeiras elétricas são recomendadas para trabalhos de longa duração e
pouco deslocamento, enquanto o diesel é recomendado para curta duração e
frequentes deslocamentos.
Pelo fato de poder executar os trabalhos de desmonte e/ou carga em todos os
terrenos, elas são de uso comum em quase todos os métodos a céu aberto,
podendo realizar operações tanto no estéril como no minério, mas sempre em
frentes situadas acima do nível do degrau em que se situam. Ver figura 3.
Figura 3 - Escavadeira Shovel a cabo e hidráulica
Fonte: Caterpillar, 2015.
2.2.1.1.2. Dragline
A escavadeira com caçamba de arrasto ou drag-line é constituída por uma
treliça metálica, em cuja extremidade há uma roldana pela qual passa o cabo de
elevação da caçamba, acionado pelo cabrestante. A lança é sustentada pelo cabo,
variando seu ângulo entre 25° e 40°, através de articulação, e pode ter seu raio de
alcance aumentado com a intercalação de uma seção intermediária. (Lima e col.,
2015).
Na lavra mineira seu campo de aplicação ideal, principalmente para as de
grandes dimensões, é o da remoção de estéril pouco espesso e constante. Devido à
sua concepção, estas máquinas permitem alcances superiores aos da Shovel, mas a
sua utilização como equipamento de carga direta em caminhões ou em outros
equipamentos de transporte não permite manobras tão precisas. Devido a sua força
de arrasto está condicionada pela resistência do cabo de tração, sua utilização é
mais limitada a rochas de classes mais brandas.
Vale ainda destacar que, para dar uma maior utilidade a estas máquinas, o
seu balde pode ser substituídos por uma série de aparelhos de desmontes, de carga
ou de elevação que podem facilitar o desmonte e o carregamento. Ver figura 4.
Figura 4 - Variedades de uma Dragline
Fonte: Couto, 1990.
2.2.1.1.3. Retroescavadeira
A escavadeira com caçamba retroescavadora possui a caçamba voltada para
baixo, em direção à cabina da máquina. São maquinas basicamente utilizadas em
trabalhos de escavação. Seu raio é limitado e o balde de pequena capacidade, o
que lhe confere boas características de penetração, pois os dentes dos baldes
podem exercer grandes pressões sobre as rochas o que lhe garante uma maior
facilidade em trabalhar com rochas mais duras do que a Shovel. Esse tipo de
escavadeira pode operar em nivel superior, inferior de degrau e também sobre uma
plataforma formada pelos próprios produtos desmontados. Ver figura 5.
Figura 5- Modos operatórios da Retroescavadeira
Fonte: Couto, 1990.
2.2.1.1.4. Bucket Wheel
A Bucket Wheel é uma máquina mineradora contínua constituída por uma
torre central e dois braços opostos, sendo uma estrutura de grandes dimensões. Em
um desses braços encontra-se instalado um transportador que recebe os produtos
desmontados por raspagem contínua das rochas realizada por uma sequencia de
baldes, montados em numa roda de grande diâmetro, posicionada no extremo desse
braço que possui movimento no plano horizontal e vertical. Ver figura 6.
Figura 6 - Estrutura de uma Bucket Wheel
Fonte: Couto, 1990.
Essas máquinas podem trabalhar na parte superior ou inferior do degrau,
realizando operações simultâneas de desmonte, carregamento e transporte. São
capazes de trabalhar alternadamente no estéril e minério, praticando uma lavra
seletiva em várias camadas. São utilizadas em rochas brandas ou incoerentes, mas
por possuírem peças de trabalho mais rígidas e velocidades de corte mais elevadas,
podem ser úteis em um material mais compacto. Vale ressaltar que o elevado custo
de aquisição destas máquinas exige um grande estudo e cálculo da sua capacidade
produtiva, frequentemente recorrendo a empresas especializadas.
2.2.1.2. Bulldozers
São tratores de esteiras ou de pneus, que recebem a adaptação do
implemento de uma lâmina. Geralmente por ter uma enorme força de tração e
aderência, é utilizada para empurrar grandes cargas, terraplanagem, abrir vias de
acesso e outras atividades auxiliares. É comum também que trabalhem auxiliando as
pás carregadeiras ou draglines de grande porte, empurrando o material para a zona
de trabalho destas máquinas.
A lâmina possui uma seção transversal curva para facilitar a operação de
desmonte e na parte inferior recebe a ferramenta de corte, constituída de peça
cortante, denominada faca da lâmina. Nas extremidades, há duas peças menores
que são os cantos da lâmina. As facas e os cantos são facilmente removíveis para
substituição, quando desgastados pela abrasão resultante da operação de corte, ou
quando sofrem fraturas pelo choque com obstáculos diversos: blocos de rocha,
matacões, etc (Ricardo e Catalani, 2007). Ver figura 7.
Figura 7 - Lâmina de um Bulldozer
Fonte: Ferreira, 2011.
São indicadas para trabalhar em terrenos de baixa capacidade de suporte. A
velocidade da máquina faz com que não seja aconselhável seu uso em distâncias
longas.
2.2.1.3. Escarificadores ou Rippers
O desmonte por escarificação consiste em desagregar as rochas por meio de
uma ferramenta em forma de dente ou gancho, fixada na estrutura traseira das pás
carregadeiras ou bulldozers. Quando o terreno permite este tipo de desmonte ele
fica em condições de ser carregado logo após a passagem do escarificador.
O interesse e vantagem do desmonte por escarificação baseiam-se pelo fato
de que com ele, pode-se efetuar um desmonte mecânico da superfície sem o uso de
explosivos ou não é possível realiza-lo com os outros equipamentos. O seu emprego
tem um campo próprio de aplicação na dependência de diversos fatores, como: a
dureza, a homogeneidade, a compacidade dos terrenos, potencia e peso dos
tratores e resistência dos dentes. Ver figura 8.
Figura 8 - Escarificador (Ripper)
Fonte: Caterpillar, 2013.
2.2.1.4. Motoscrapers
Em rochas muito duras estas máquinas podem ser eficaz e economicamente
executar simultaneamente as operações de desmonte, de carga e de transporte a
distâncias médias. O motoscraper consta de um scraper de único eixo que se apoia
sobre um rebocador de um ou dois eixos, através de um dispositivo chamado
pescoço. A razão dessa montagem reside no ganho de aderência que as rodas
motrizes (dianteiras) do trator passam a ter, em consequência do aumento do peso
que incide sobre as mesmas (Ferreira, 2011). Ver figura 9.
Figura 9 – Motoscraper
Fonte: Caterpillar, 2015
O desmonte é feito pelo movimento sincronizado da lâmina de corte que entra
em contato com a rocha pelo abaixamento da caçamba ao mesmo tempo em que o
avental é elevado com a movimentação gradual do ejetor. A carga se faz pelo
arrastamento do scraper, a qual a lâmina penetra no solo, empurrando-o para o
interior da caçamba (Ferreira, 2011). Ver figura 10.
Figura 10 - Caçamba de um scraper escavando o solo
Fonte: Couto, 1990.
2.2.1.5. Dragas
As dragas na mineração correspondem à lavra de jazidas de tipos muito
característicos e restritos (como aluvionares). Existem diversos tipos de dragas
utilizadas, as quais são classificadas em: mecânica e hidráulica, sendo que cada
uma destas possui diferentes tipos de mecanismo e operação.
Dragas hidráulicas são mais adequadas para a remoção de areia e silte
pouco consolidado, removendo e transportando o sedimento na forma líquida. São
em geral bombas centrífugas, acionadas por motores a diesel ou elétricos, montadas
sobre barcas e que descarregam o material dragado através de tubulações que
variam de 0,15 m a 1,2 m de diâmetro, mantidas sobre a água através de
flutuadores. A bomba produz vácuo na entrada da tubulação e a pressão força água
e sedimento através da tubulação.
As dragas mecânicas são utilizadas para a remoção de cascalho, areia e
sedimentos muito coesivos, como argila, turfa, e silte altamente consolidado. Estas
dragas removem sedimentos de fundo através da aplicação direta de uma força
mecânica para escavar o material, independente de sua densidade. Os sedimentos
escavados com a utilização de dragas mecânicas são geralmente transportados em
barcas ou barcaças, dependendo do volume a ser transportado.
2.2.1.6. Fio Helicoidal e Diamantado
O desmonte de rochas por estes processos resultam daquele que não
deverão ser feito por explosivos, já que se trata de rochas ornamentais onde a sua
fissuração de ser evitada, pois impacta diretamente no valor dos blocos.
O método por fio helicoidal é constituído por um cabo de aço formado por
vários fios menores dispostos helicoidalmente, montando um circuito fechado e
apoiado sobre polias e roldanas que podem ser fixadas a diversas alturas. O
movimento do fio promove um corte abrasivo nas rochas. A dureza da rocha, a
pressão e a velocidade do fio são importantes para que ocorra um corte de
qualidade no material.
O fio diamantado tem aplicação semelhante ao helicoidal e vem tendo um
maior uso devido a sua maior velocidade de corte, se tornando mais econômico.
Este cabo passa por furos feitos na rocha e é sujeito a uma determinada tensão
dada por um grupo de tração comandado eletronicamente, o que obriga a máquina a
deslocar-se sobre os carris, efetuando assim o movimento de corte.
2.2.2. Desmonte com o uso de explosivos e hidromecânico
O desmonte com o uso de explosivos é um dos meios mais utilizados na
mineração. Cada caso particular deve ser estudado separadamente em função da
extração que será realizada, da granulometria que se pretende obter, sendo
necessários vários fatores para determinação destes, como equipamentos de
perfuração, diâmetro e espaçamento dos furos, inclinação e profundidade, tipo de
explosivos, densidade de carga e o diagrama de fogo, dentre outros, para obter um
bom desmonte e um baixo custo por tonelada desmontada. Como é de se imaginar,
é utilizado para rochas consideradas duras e que não podem ser escavadas com as
máquinas apresentadas.
O desmonte hidromecânico é conhecido e utilizado na desagregação e
simultâneo transporte de rochas facilmente desagregáveis em elementos de
reduzida granulometria. Este processo é efetuado por meio de mangueiras de
grande potência que lançam sobre a frente um jato de água o qual se origina, além
da desagregação das rochas, o seu transporte.
O rendimento deste tipo de desmonte depende fundamentalmente das
características mecânicas das rochas que serão desagregadas, das alturas das
frentes de desmonte, das pressões da água e da dimensão do diâmetro dos orifícios
de saída. A aplicação deste processo é indicada para desmonte de rochas
incoerentes ou brandas (areias, aluviões auríferos ou diamantíferos).
2.3. Carregamento e seus equipamentos
2.3.1. Pás carregadeiras
As pás carregadeiras têm ampla aplicação nas explorações a céu aberto,
tanto nas minas como nas pedreiras. Embora em grandes empreendimentos possa
haver outros tipos de máquinas cuja utilização possa ser mais vantajosa que as pás
carregadeiras, desempenhando estas operações auxiliares, já nas pequenas e
médias elas surgem como máquinas insubstituíveis, desempenhando operações de
carga, tanto de minério quanto de estéril. Junto aos caminhões ou equipamentos de
transporte afins constituem o meio de carregamento mais comum nas minas a céu
aberto.
Duas características técnicas principais permitirão distinguir as pás carregadoras das
pás mecânicas (“shovel”) com quais se assemelham: ausência de rotação e órgão
de carga com a forma de balde concebido para carregar e não do tipo colher.
Figura 11 – Pá carregadeira
Fonte: Deere, 2015.
2.3.2. Gruas
Na mineração, normalmente estas máquinas são utilizadas na extração de
blocos de grandes dimensões na exploração a céu aberto de rochas ornamentais
(mármores, granitos, ardósias, etc.). As gruas podem ser móveis ou fixas,
dependendo do uso e adaptabilidade necessária para a exploração. A dimensão e
localização destes equipamentos devem ser criteriosamente estudadas para que seu
campo de ação cubra toda a zona a ser explorada, de maneira de evitar a aquisição
de equipamentos adicionais.
2.4. Transporte e seus equipamentos
2.4.1 Caminhões
Constituem o meio de transporte mais frequente nas explorações a céu aberto. Sua
combinação com a pá carregadeira ou algum tipo de escavadeira é característica da
maior parte das explorações a céu aberto. São equipamentos que deverão ser
utilizados para médias e grandes distâncias de transporte em virtude das
velocidades relativamente elevadas que podem atingir, permitindo obter elevadas
capacidades produtivas a baixos custos.
Os sistemas de transmissão e o tipo de pneus tem uma influência muito decisiva no
rendimento e comportamento destas máquinas. A seleção dos diversos tipos de
dimensões destes veículos de transporte irá depender principalmente das distâncias,
do volume a remover, do grau de fragmentação dos produtos, das características
das vias e rochas transportadas, das dimensões dos locais de carga e descarga, e
também dos próprios equipamentos de carregamento utilizados.
2.4.2 Ferrovias
O transporte ferroviário é largamente utilizado para o transporte de grandes volumes
de bens minerais, tanto no Brasil como em diversos outros países. Porém este meio
de transporte depende da existência de linha férrea própria ou de terceiros, ou até
mesmo na sua construção, na disponibilidade de equipamentos de carga e descarga
e de locomotivas e vagões para o transporte.
Nas últimas décadas têm ocorrido sua substituição pelos caminhões e agora por
correias transportadoras e minerodutos. Segundo Couto (1990), as ferrovias
geralmente são utilizadas onde há grandes reservas, exigindo produções diárias
muito elevadas (tanto de minério quando estéril) e longas distâncias de transporte
(superiores a 5 km).
2.4.3 Correias transportadoras
Atualmente é conhecido que as correias transportadoras constituem um sistema de
transporte mais econômico quando as produções são elevadas. Estas máquinas são
utilizadas em conjunto com escavadeiras e geralmente com matérias de menor
granulometria para não danificar o material que compõe as telas.
Nos casos em que se questiona se deve utilizar a correia transportadora ou optar
pelos caminhões, um estudo deve ser feito para apontar qual alternativa é mais
vantajosa, mas as correias têm algumas vantagens que podem superar os
caminhões: custos de manutenção mais baixos; alta produção; grandes distâncias;
variações de inclinações, etc. Alguns pontos contras são: menor flexibilidade;
ocupam grandes espaços entre os eixos; recuperações mais difíceis por se tratar de
um minerador contínuo. (Couto, 1990).
2.4.4 Mineroduto
A malha mundial de dutos se destina, principalmente, a transportar petróleo e gás. O
transporte de polpas minerais (ferro, caulim, bauxita, fosfato e outros) são colocadas
no duto na área da mina/planta de beneficiamento do minério e bombeadas, por
longas distâncias até, as estações de processamento próximas aos portos com
grande margem de segurança operacional e ambiental, sendo raros os registros de
acidentes nesse modal de transporte. (Brandt, 2010).
Do ponto de vista econômico, o mineroduto apresenta um baixo custo operacional,
quando comparado a outras alternativas de transporte, para grandes volumes
transportados e para longas distâncias. O funcionamento do mineroduto independe
de variações climáticas e a ocorrência de chuvas não interfere na disponibilidade e
condições de transporte da polpa de minério de ferro, o que, certamente, afetaria os
outros meios de transporte. (Morales, 2012).
3. CONCLUSÃO
O presente estudo mostrou os critérios de seleção dos equipamentos de uma lavra a
céu aberto, bem como os equipamentos mais comuns utilizados neste tipo de lavra,
mostrando algumas de suas características. Com isto, pôde-se observar como
fatores naturais, de projeto e econômicos influenciam a seleção de equipamentos da
lavra a céu.
As características das rochas e da jazida, topografia do local, etc, constituem os
fatores naturais. Fatores de projeto podem ser considerados como índices dos
equipamentos, distâncias de transporte, produção e outros. Os econômicos são
representados por custos unitários, investimento inicial, retorno do investimento, etc,
e representam o fator mais importante e decisivo para que sejam feitas escolhas.
Analisando os critérios de seleção e as características dos equipamentos
apresentados, percebe-se que cada mina tem sua especificidade, fazendo com que
não exista um único método correto e adequado para todas as situações, sendo que
a seleção dos equipamentos deve ser feita de modo correto para se trabalhar melhor
cenário possível.
4. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
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Disponível em: <http://docslide.com.br/documents/desenvolvimento-mineiro-
planejamento-de-lavra.html> Acesso em: 29/10/2015