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Nem sempre está claro para os educadores por que a História faz parte do currículo escolar e qual a importância da sua aprendizagem na formação do jovem. Na intenção de auxiliar o professor na reflexão sobre os pressupostos históricos e pedagógicos de concepções de ensino e sobre as abordagens e conteúdos selecionados para os estudos escolares, apresenta-se na seqüência um histórico da área no Brasil sem pretender esgotar o seu elenco de problemáticas. De modo geral, o ensino de História pode ser caracterizado a partir de dois grandes momentos. O primeiro teve início na primeira metade do século XIX, com a introdução da área no currículo escolar. O segundo momento ocorreu a partir das décadas de 30 e 40 deste século, orientado por uma política nacionalista e desenvolvimentista. A História como área escolar obrigatória surgiu com a criação do Colégio Pedro II, em 1837, dentro de um programa inspirado no modelo francês. A História foi incluída no currículo ao lado das línguas modernas, das ciências naturais e físicas e das matemáticas, dividindo espaço com a História Sagrada, a qual tinha o mesmo estatuto de historicidade da História Universal ou Civil, nas salas de aula, existiam porém divergências nas abordagens e na importância atribuída à Igreja na História, dependendo da formação dos professores (laicos ou religiosos) e do fato de as escolas serem públicas ou de ordens católicas. A este programa acrescentou-se a História do Brasil seguindo o modelo da História Sagrada. As narrativas morais sobre a vida dos santos foram substituídas por ações realizadas por heróis considerados construtores da nação, especialmente governantes e clérigos. Os objetivos da inserção da História do Brasil no currículo estavam voltados para a

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Resumo dos Paramêtros Curriculares Nacionais.

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Nem sempre est claro para os educadores por que a Histria faz parte do currculoescolar e qual a importncia da sua aprendizagem na formao do jovem.Na inteno de auxiliar o professor na reflexo sobre os pressupostos histricos e pedaggicos de concepes de ensino e sobre as abordagens e contedos selecionados para os estudos escolares, apresenta-se na seqncia um histrico da rea no Brasil sem pretender esgotar o seu elenco de problemticas.De modo geral, o ensino de Histria pode ser caracterizado a partir de doisgrandes momentos.O primeiro teve incio na primeira metade do sculo XIX, com aintroduo da rea no currculo escolar.O segundo momento ocorreu a partir das dcadas de 30 e 40 deste sculo, orientado por uma poltica nacionalista e desenvolvimentista.A Histria como rea escolar obrigatria surgiu com a criao do Colgio Pedro II,em 1837, dentro de um programa inspirado no modelo francs.A Histria foi includa no currculo ao lado das lnguas modernas, das cinciasnaturais e fsicas e das matemticas, dividindo espao com a Histria Sagrada, a qual tinhao mesmo estatuto de historicidade da Histria Universal ou Civil, nas salas de aula, existiamporm divergncias nas abordagens e na importncia atribuda Igreja na Histria,dependendo da formao dos professores (laicos ou religiosos) e do fato de as escolas serempblicas ou de ordens catlicas. A este programa acrescentou-se a Histria do Brasil seguindo o modelo da HistriaSagrada. As narrativas morais sobre a vida dos santos foram substitudas por aes realizadaspor heris considerados construtores da nao, especialmente governantes e clrigos. Os objetivos da insero da Histria do Brasil no currculo estavam voltados para aconstituio da idia de Estado Nacional laico, mas articulado Igreja Catlica. O Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro (IHGB), criado no mesmo ano doColgio Pedro II, produziu uma srie de trabalhos que gerou conseqncias para o ensinoda Histria nacional. Seus membros lecionavam no colgio e foram responsveis pelaformulao dos programas, elaborao de manuais e orientao do contedo a ser ensinadonas escolas pblicas. A primeira proposta de Histria do Brasil elaborada pelo Instituto e que repercutiuno ensino de Histria destacava a contribuio do branco, do negro e do ndio na constituioda populao brasileira. Apesar de valorizar a idia de miscigenao racial, ela defendia ahierarquizao que resultava na idia da superioridade da raa branca. A Histria era relatada sem transparecer a interveno do narrador, apresentadacomo uma verdade indiscutvel e estruturada como um processo contnuo e linear quedeterminava a vida social no presente. Na educao brasileira, o final do sculo XIX foi marcado por embates envolvendoreformulaes curriculares. currculo humanstico como no cientfico a Histria,entendida como disciplina escolar, mantinha sua importncia para a formao danacionalidade. Nas ltimas dcadas do sculo XIX, mesmo antes do advento da Repblica, No discurso republicano, inspiradoem idias positivistas, a escola e o ensino deveriam denunciar os atrasos impostos pelamonarquia e assumir o papel de regenerar os indivduos e a prpria nao, colocando o pasna rota do progresso e da civilizao. Como conseqncia, o ensino de Histria passou aocupar no currculo um duplo papel: o civilizatrio e o patritico.21comearam a surgir crticas reduo da Histria a uma classificao cronolgica de dinastiasou a um catlogo de fatos notveis dos dois Reinados. Nesse contexto, a Histria Universal foi substituda pela Histria da Civilizao,completando o afastamento entre o laico e o sagrado. O Estado, sem a interveno daIgreja, permaneceu como o principal agente histrico, visto agora como o condutor dasociedade ao estgio de civilizao. Abandonou-se a identificao dos Tempos Antigoscom o tempo bblico da criao e o predomnio do sagrado na Histria. A periodizao,ainda construda com base no currculo francs, continuou a privilegiar o estudo daAntiguidade do Egito e da Mesopotmia, momento histrico relacionado, no novo contexto, gnese da Civilizao e associado ao aparecimento do Estado forte e centralizado e inveno da escrita.A Histria Nacional i, A Histria Nacional identificava-se com a Histria Ptria, cuja misso, juntamentecom a Histria da Civilizao, era integrar o povo brasileiro moderna civilizao ocidental,reforando a viso linear, determinista e eurocntrica da Histria. A moral religiosa foi absorvida pelo civismo, orientando a idia de que os contedosda Histria Ptria no deveriam ficar restritos ao mbito especfico da sala de aula. Esperava-se que o estudante recebesse uma formao moralcrist atrelada a uma conscincia patritica, sustentada na ideologia da cincia, do progressoe da ordem. Apesar dos discursos e das sucessivas reformas, os governos republicanos dasprimeiras dcadas do sculo XX pouco fizeram para alterar a situao da escola pblica,mantendo-se a j precria formao de professores, geralmente autodidatas. Surgiram propostas alternativas ao modelo oficial de ensino, logoreprimidas pelo governo republicano, como as escolas anarquistas, com currculo e mtodos22de ensino prprios, nos quais a Histria deixava de enfocar a hierarquia entre povos eraas, para identificar-se com os principais momentos das lutas sociais, como a RevoluoFrancesa, a Comuna de Paris, a Abolio etc. A partir de 1930, com a criao do Ministrio da Educao e Sade Pblica e aReforma Francisco Campos, acentuou-se o fortalecimento do poder central do Estado e ocontrole sobre o ensino. Com a criao das universidades inicia-se a formao do professorsecundrio. Nesse contexto, a Histria Geral e do Brasil foram integradas em umanica rea, Histria da Civilizao. A Histria brasileira era unicamente uma continuidadeda Histria da Europa ocidental. As mudanas histricas eram conseqncia de aes de governantes e de herismoldados pela Repblica para legitim-la. A periodizao obedecia a uma cronologia polticamarcada por tempos uniformes, sucessivos e regulares, sem rupturas ou descontinuidades. Com o processo de industrializao e urbanizao, repensou-se sobre o papel dapopulao brasileira na Histria. Enquanto alguns estudos continuavam a identificar asrazes do atraso do pas no predomnio de um povo mestio, outros apontavam a necessidadede se buscar conhecer a identidade nacional, sua especificidade cultural em relao a outrospases, como meio de assegurar condies de igualdade na integrao da sociedade brasileira civilizao ocidental. No debate educacional na dcada de 30, tornou-se vitoriosa a tese da .democraciaracial. expressa em programas e livros didticos de ensino de Histria. Nessa perspectiva, todosconviviam harmonicamente em uma sociedade multirracial e caracterizada pela ausnciade conflitos. Cada etnia colaborava, com seu herosmo ou com seu trabalho, para a grandezae riqueza do pas. Em meados dos anos 30, por inspirao da pedagogia norte-americana, a educaobrasileira comeou a adotar propostas do movimento escolanovista, A inteno era, com EstudosSociais, superar o contedo livresco e decorativo que caracterizava o ensino das duasreas. Apesar do movimento escolanovista propor abordagens e atividades diferenciadas,que foram adotadas por professores e por escolas que inovaram mtodos e contedos, demodo geral permaneceram os procedimentos de ensino at ento vigentes. A partir de 1942, o ensino secundrio passou por novas reformas conduzidas peloministro Gustavo Capanema. A Lei Orgnica do Ensino Secundrio estabeleceu trs cursos:inicialmente o primrio, o ginasial e o clssico ou cientfico. A formao docente foi sendo igualmente estruturada.As Faculdades de Filosofia, Cincias e Letras, criadas nos primeiros anos da dcada de 30,encarregaram-se neste momento, alm da formao de pesquisadores, da profissionalizaodo magistrio. No contexto do Estado Novo, a Histria tinha como tarefaenfatizar o ensino patritico, capaz de criar nas .geraes novas a conscincia daresponsabilidade diante dos valores maiores da ptria, a sua independncia, a sua ordem eo seu destino.1 . A leitura que o Estado Novo fez dosmtodos escolanovistas acabou por enfatizar a comemorao de heris em grandesfestividades cvicas. Nos anos imediatos ao ps-guerra e no contexto da democratizao do pas com ofim da ditadura Vargas, a Histria passou a ser novamente objeto de debates quanto ssuas finalidades e relevncia na formao poltica dos alunos. Tornou-se uma disciplinasignificativa na formao de uma cidadania para a paz. A Histria deveria revestirsede um contedo mais humanstico e pacifista, voltando-se ao estudo dos processos dedesenvolvimento econmico das sociedades, bem como dos avanos tecnolgicos, cientficose culturais. Sob inspirao do nacional-desenvolvimentismo, nas dcadas de 50 e 60 o ensinode Histria voltou-se especialmente para as temticas econmicas. Enfatizou-se o estudodos ciclos econmicos, sua sucesso linear no tempo . cana-de-acar, minerao, caf eindustrializao . e, exclusivamente, a Histria de cada centro econmico regional queera hegemnico em cada poca. Ao mesmotempo, a presena norte-americana na vida econmica nacional fortaleceu o lugar da Histriada Amrica no currculo, com a predominncia da Histria dos Estados Unidos, inserindosena meta da poltica da .boa vizinhana. norte-americana. A formao de professores em cursos superiores afetou o ensino de Histriagradativamente. A formao intelectual e cientfica dos alunos de graduao passou a integraros objetivos das propostas curriculares, como no caso da produo didtica chamada HistriaNova, do incio dos anos 60, com estudos baseados nos modos de produo, sob a influnciada historiografia marxista, que enfatizava transformaes econmicas e conflitos entre asclasses sociais, contrariamente Histria que valorizava o poltico e a trajetria vitoriosa daclasse burguesa na consolidao harmoniosa do mundo moderno.

Universidade Estadual do Piau UESPICampus Alexandre Alves de OliveiraDisciplina: Estgio Supervisionado IIProf.: Marta Gouveia de Oliveira RovaiHistria, Bloco VII Manh

Sntese: Parmetros Curriculares Nacionais

Pedro Vagner Silva Oliveira

Parnaba2013Terceiro Ciclo:De acordo com o terceiro ciclo, os alunos j adquiriram uma serie de informaes e reflexes de carter histrico, tanto na escolaridade anterior quanto no convvio social. Considerarando que nos dias atuais os alunos so bombardeados por um grande nmero de informaes sobre as relaes interpessoais e coletivas, estas muitas vezes intermediadas pela midia ou pela internet. Devido isso se faz necessrio que ao longo de sua escolaridade os estudantes transformem suas reflexes sobre as vivncias sociais no tempo, considerando a diversidade de modos de vida em uma mesma poca e em pocas diferentes, as relaes entre acontecimentos nos contextos histricos e as relaes entre os acontecimentos ao longo de processos contnuos e descontnuos. Cabe ao professor, em diferentes momentos de estudo, incentivar a construo de relaes entre eventos, para que os estudantes possam caracterizar contextos histricos e dimensionar suas duraes, identificar indcios e ritmos das suas transformaes e das suas permanncias no tempo. Para o terceiro ciclo est sendo proposto o seguinte eixo temtico Histria das relaes sociais, da cultura e do trabalho este se desdobra em dois subtemas: As relaes sociais e a natureza e As relaes de trabalho. O eixo temtico e os subtemas remetem para o estudo de questes sociais relacionadas realidade dos alunos; acontecimentos histricos e suas relaes e duraes no tempo; discernimento de sujeitos histricos como agentes de transformaes e/ou permanncias sociais; abordagens histricas e suas aproximaes e diferenas; e conceitos histricos e seus contextos. O primeiro subtema sugere pesquisas e estudos histricos sobre as relaes entre as sociedades e a natureza. Podendo ser trabalhadas questes pertinentes aos recursos naturais, s matrias-primas e produo de alimentos, vestimentas, utenslios e ferramentas, aos mitos sobre a origem do mundo e do homem, s relaes entre os ciclos naturais e as organizaes culturais, s explicaes e valores construdos para os elementos da natureza, s representaes da natureza na arte, ao tipo de propriedade e uso da terra, aos patrimnios ambientais, s relaes entre a natureza e as atividades de lazer.O segundo subtema sugere pesquisas e estudos histricos visando compreender como as sociedades estruturaram em diferentes pocas suas relaes sociais de trabalho, como construram organizaes sociais mais amplas e como cada sociedade organizava a diviso de trabalho entre indivduos e grupos sociais. Nesse sentido, podem ser pesquisadas, relacionadas, confrontadas e analisadas as diferentes formas de trabalho, como o comunitrio, o servil, o escravo, o trabalho livre, o trabalho assalariado; a diviso de trabalho no espao domstico, no espao urbano, no rural e na indstria; os tipos de remunerao, as diferenas entre sexos, idades, etnias e formao escolar; e os valores culturais atribudos ao trabalho manual e criativo. Os subtemas propostos esto relacionados a muitas situaes do presente. Cabendo ao professor identific-las e selecionar uma ou mais que possam orientar a escolha dos contedos a serem estudados. Estas podem e devem ser feitas em conjunto com outras disciplinas, enriquecendo o conhecimento que por essncia interdisciplinar.Para o subtema As relaes de trabalho, outros exemplos podem ser elencados: a diversidade de atividades e profisses que convivem em uma mesma sociedade e que existiram em diferentes tempos; a diviso de trabalho e sua transformao no tempo; a diviso de tarefas no espao domstico; as crianas e o trabalho. Os contedos listados a partir dos subtemas incluem acontecimentos histricos pontuais e problemticas gerais que favorecem estudos das suas relaes no tempo. Os contedos da Histria do Brasil, da Amrica e do mundo esto agrupados separadamente, a fim de permitir a especificao de acontecimentos histricos pertinentes. Isso no significa que as diferentes histrias devam ser estudadas em momentos distintos ou seguindo uma seqncia de hierarquia espacial. O professor deve identificar a apreenso de contedos, noes, conceitos, procedimentos e atitudes como conquistas dos estudantes, comparando o antes, o durante e o depois. A avaliao no deve mensurar simplesmente fatos ou conceitos assimilados. Ao final do terceiro ciclo, depois de terem vivenciado inmeras situaes de aprendizagem, os alunos dominam contedos. Estes conteudos devem ser avaliados de maneira ampla, reconhecendo uma serie de criterios: Reconhcer relaes entre a sociedade, a cultura e a natureza, no presente e no passado. Dimensionar, em diferentes temporalidades, as relaes entre a sociedade, a cultura e a natureza. Reconhecer diferenas e semelhanas entre relaes de trabalho construdas no presente e no passado. Reconhecer laos de identidade e/ou diferenas entre relaes de trabalho do presente e do passado. Reconhecer a diversidade de documentos histricos.