Resumo Pedagogia Hospitalar

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Resumo Pedagogia Hospitalar. Unidade 1. A Educação Inclusiva. Pedagogia Hospitalar: caracterizada uma modalidade da Educação Inclusiva que deve atender a toda a Educação Básica, oferecendo às crianças e aos adolescentes hospitalizados a oportunidade de dar continuidade aos estudos durante o período de internação. Objetiva integrar educadores, equipe médica e família em um trabalho que permite à criança e ao adolescente hospitalizado, mesmo em ambientes diferenciados, participar por meio de ações lúdicas, recreativas e pedagógicas de novas possibilidades e dar continuidade ao processo educativo relativo ao ensino fundamental e médio. Exclusão: marcado pelo esforço de discriminar as pessoas que não apresentam os padrões considerados normais para a sociedade. Para tanto, utilizavam-se de concepções voltada s para o misticismo e o ocultismo. Em Esparta e Atenas, na Grécia Antiga, prezava-se pelo culto ao corpo, pela força, pela resistência.  Formação militar, o ingresso do homem na guerra. As meninas também recebiam uma educação direciona da às atividades físicas, mas com propósito diferente. Para elas, o objetivo das atividades físicas não estava voltado para a participação nas guerras, mas sim para formar mulheres saudáveis e fortes, aptas para darem à luz homens também saudáveis e fortes para a sociedade. Segregação: caracterizou-se pela concepção de manter as pessoas com deficiência em locais isolados da sociedade. Os responsáveis por essas pessoas recebiam ajuda financeira do governo para manter os seus filhos em casa. Ainda nesse contexto, surgiram diversas Instituições Especializadas no atendimento de deficiências ou em uma deficiência específica. Podemos dizer que as pessoas com deficiência não deixaram de ser excluídas da sociedade, uma vez que permaneceram marginalizadas. As primeiras instituições não tinham como característica o assistencialismo ou a educação poderiam ser comparados com “leprosários”, pois muitas vezes as pessoas f icavam abandonad as (Mendes, 1995). Integração: final do século XIX, e início do século XX, foi inaugurada a primeira classe especial em escola pública nos Estados Unidos. Foi um grande avanço para uma história marcada pela exclusão, no entanto, as pessoas com deficiência, mais uma vez, não deixaram de ser marginalizadas, segregadas. Proposta: era inserir a pessoa com deficiência na sociedade, desde que esta pudesse superar as barreiras físicas e atitudinais da sociedade. Um movimento unilateral, pois a inserção da pessoa dependia somente dela. Baseada nessa proposta é que se  justificava o modelo médico de deficiência, ou seja, a deficiência era concebid a como um problema da pessoa, em que ela deveria se esforçar para se adaptar à sociedade,  ou teria que buscar meios para ser “curado” ou “reabilitado” por profissionais voltados para a reabilitaçã o. O movimento de integração poderia se apresentar de diferentes formas: 1. Pela inserção das pessoas com deficiência nos espaços físicos e sociais por méritos pessoais ou profissionais; 2. Pela inserção das pessoas com deficiência em ambientes separados dos demais, como por exemplo, a escola especial. As pessoas com deficiência poderiam participar da sociedade, desde que tivessem competência para: • Se adequarem aos serviços especializados que não são contemplados na rede comum de atendimento; • Acompanharem os procedimentos já instituídos na sociedade; • Contornarem obstáculos e barreiras existentes nos ambientes físicos; • Tolerarem a discriminaçã o, o preconceito, os estereótipos e os estigmas;

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  • Resumo Pedagogia Hospitalar.

    Unidade 1. A Educao Inclusiva.

    Pedagogia Hospitalar: caracterizada uma modalidade da Educao Inclusiva que deve atender a toda a Educao Bsica, oferecendo s crianas e aos adolescentes hospitalizados a oportunidade de dar continuidade aos estudos durante o perodo de internao.

    Objetiva integrar educadores, equipe mdica e famlia em um trabalho que permite criana e ao adolescente hospitalizado, mesmo em ambientes diferenciados, participar por meio de aes ldicas, recreativas e pedaggicas de novas possibilidades e dar continuidade ao processo educativo relativo ao ensino fundamental e mdio.

    Excluso: marcado pelo esforo de discriminar as pessoas que no apresentam os padres considerados normais para a sociedade. Para tanto, utilizavam-se de concepes voltadas para o misticismo e o ocultismo.

    Em Esparta e Atenas, na Grcia Antiga, prezava-se pelo culto ao corpo, pela fora, pela resistncia. Formao militar, o ingresso do homem na guerra. As meninas tambm recebiam uma educao direcionada s atividades fsicas, mas com propsito diferente. Para elas, o objetivo das atividades fsicas no estava voltado para a participao nas guerras, mas sim para formar mulheres saudveis e fortes, aptas para darem luz homens tambm saudveis e fortes para a sociedade.

    Segregao: caracterizou-se pela concepo de manter as pessoas com deficincia em locais isolados da sociedade. Os responsveis por essas pessoas recebiam ajuda financeira do governo para manter os seus filhos em casa. Ainda nesse contexto, surgiram diversas Instituies Especializadas no atendimento de deficincias ou em uma deficincia especfica. Podemos dizer que as pessoas com deficincia no deixaram de ser excludas da sociedade, uma vez que permaneceram marginalizadas.

    As primeiras instituies no tinham como caracterstica o assistencialismo ou a educao poderiam ser comparados com leprosrios, pois muitas vezes as pessoas ficavam abandonadas (Mendes, 1995). Integrao: final do sculo XIX, e incio do sculo XX, foi inaugurada a primeira classe especial em escola pblica nos Estados Unidos. Foi um grande avano para uma histria marcada pela excluso, no entanto, as pessoas com deficincia, mais uma vez, no deixaram de ser marginalizadas, segregadas.

    Proposta: era inserir a pessoa com deficincia na sociedade, desde que esta pudesse superar as barreiras fsicas e atitudinais da sociedade.

    Um movimento unilateral, pois a insero da pessoa dependia somente dela. Baseada nessa proposta que se justificava o modelo mdico de deficincia, ou seja, a deficincia era concebida como um problema da pessoa, em que ela deveria se esforar para se adaptar sociedade, ou teria que buscar meios para ser curado ou reabilitado por profissionais voltados para a reabilitao.

    O movimento de integrao poderia se apresentar de diferentes formas:

    1. Pela insero das pessoas com deficincia nos espaos fsicos e sociais por mritos pessoais ou profissionais;

    2. Pela insero das pessoas com deficincia em ambientes separados dos demais, como por exemplo, a escola especial.

    As pessoas com deficincia poderiam participar da sociedade, desde que tivessem competncia para:

    Se adequarem aos servios especializados que no so contemplados na rede comum de atendimento;

    Acompanharem os procedimentos j institudos na sociedade; Contornarem obstculos e barreiras existentes nos ambientes fsicos;

    Tolerarem a discriminao, o preconceito, os esteretipos e os estigmas;

  • Desempenharem papis sociais individuais, mesmo que sem autonomia e/ou independncia.

    Nota-se, portanto, que no movimento de integrao, a sociedade passou a apenas tolerar a presena das pessoas com deficincia nos mesmos espaos, desde que elas fossem capazes de participarem desses espaos.

    Na educao, um exemplo significativo do movimento de integrao foram as classes especiais dentro das escolas regulares.

    Incluso: Conferncia Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais organizada pela UNESCO, em Salamanca, em Junho de 1994.

    Declarao de Salamanca:

    Sobre Princpios, Polticas e Prticas na rea das Necessidades Educativas Especiais: toda criana tem direito fundamental educao e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nvel adequado de aprendizagem,

    toda criana possui caractersticas, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que so nicas,

    sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais caractersticas e necessidades,

    aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso escola regular, que deveria acomod-los dentro de uma Pedagogia centrada na criana, capaz de satisfazer a tais necessidades,

    escolas regulares que possuam tal orientao inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatrias, criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcanando educao para todos; alm disso, tais escolas proveem uma educao efetiva maioria das crianas e aprimoram a eficincia e, em ltima instncia, o custo da eficcia de todo o sistema educacional.

    A Constituio defende o atendimento do aluno com deficincia no ensino regular, conforme art. 208, ao mencionar que o atendimento educacional especializado deve ser ofertado, preferencialmente, na rede regular de ensino.

    A ECA garante proteo e direitos s crianas e aos adolescentes, e a L.D.B., por sua vez, apresenta a educao como dever da famlia e do Estado.

    Estatuto da Criana e do Adolescente ECA (Lei 8069 de 13 de julho de 1990): Captulo IV

    Do Direito Educao, Cultura, ao Esporte e ao Lazer:

    Art. 54. dever do Estado: assegurar criana e ao adolescente: I ensino fundamental, obrigatrio e gratuito, inclusive para os que a ele no tiveram acesso na idade prpria;

    II progressiva extenso da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino mdio;

    III atendimento educacional especializado aos portadores de deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino;

    IV atendimento em creche e pr-escola s crianas de zero a seis anos de idade;

    V acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criao artstica, segundo a capacidade de cada um;

    VI oferta de ensino noturno regular, adequado s condies do adolescente trabalhador;

  • VII atendimento no ensino fundamental, atravs de programas suplementares de material didtico-escolar, transporte, alimentao e assistncia sade.

    Diferente do modelo mdico de deficincia, que marcou o movimento de integrao, no movimento de incluso destaca-se o modelo social da deficincia. Ou seja, os problemas no esto na pessoa com deficincia, mas na sociedade, pois esta impossibilita que todos possam participar dos seus espaos, desfrutando de todos os seus direitos.

    No contexto da incluso, a sociedade que deve se adequar a todas as pessoas, eliminando barreiras fsicas e sociais.

    Quatro condies para que a incluso realmente seja efetiva: Autonomia: a condio de domnio no ambiente fsico e social, preservando ao mximo a privacidade e a dignidade da pessoa que a exerce. A pessoa poder ter uma maior ou menor autonomia dependendo do controle que essa pessoa tem dos ambientes fsicos e sociais que ela deseje ou necessite frequentar. Autonomia fsica: quando h controle sobre o ambiente fsico.

    Autonomia social: que se reporta ao controle do ambiente social.

    Independncia: a capacidade de decidir sem depender de outras pessoas, como familiares e/ou profissionais especializados. O grau de independncia varia de acordo com a quantidade e a qualidade das informaes, juntamente com a autodeterminao e prontido da pessoa com deficincia. Situaes: ordem pessoal (quando envolve a privacidade da pessoa); social (envolvendo outra pessoa) e econmica (referente s questes financeiras dessa pessoa). Empowerment: empoderamento, usar o seu poder pessoal, independente de sua condio (deficincia, gnero, idade, etnia) para decidir e fazer as suas escolhas a concepo que define o conceito. Empowerment e Independncia so conceitos interdependentes. O poder pessoal no decidido pela sociedade, mas um atributo de cada pessoa. O que ocorre que a famlia e a instituio acabam decidindo pelas pessoas com deficincia, fazendo escolhas por elas e ignorando as suas preferncias.

    A incluso prope a adaptao da sociedade, potencializando a autonomia, a independncia e o empowerment das pessoas, promovendo a equiparao de oportunidades, ou seja, o movimento bilateral que a sociedade e as pessoas buscam parcerias para o desenvolvimento de estratgias em prol da real insero de todos.

    preciso, considerar as diferenas de cada um, o ritmo de aprendizagem de cada um, a diversidade e oferecer a todos as mesmas oportunidades.

    O movimento de incluso prope um sistema educacional nico para atender a todos, independente de suas condies. A escola precisa oferecer educao de qualidade para todos. No mais conceber uma instituio que preza pela homogeneizao, pelas fileiras discriminatrias dos bons e dos maus alunos, dos alunos com e sem deficincia, dos alunos brancos e negros, pobres e ricos. A escola o espao ideal para a discusso, para a conscientizao, para a emancipao6 filosfica e para a formao do cidado.

    As crianas e os adolescentes hospitalizados, seja aguardando cirurgia ou em tratamento, no podem comprometer os estudos pelo tempo que a internao exige de acordo com o quadro clnico. A necessidade educacional especial exigiu a equiparao de oportunidades, o cuidado na adaptao de espaos hospitalares, para construo de salas de aulas, para a adequao de leitos.

    Unidade 2 A Educao no hospital.

    Em 1935, foram registradas as primeiras intervenes escolares em hospitais, com Henri Sellier, nos arredores de Paris. Nessa poca, essa atividade ainda no era denominada Classe Hospitalar (VASCONCELOS, 2004). A partir da segunda metade do sculo XX, comeou-se a observar, na Inglaterra e nos Estados Unidos, que os orfanatos, asilos e instituies que prestavam assistncia s crianas no contemplavam os cuidados bsicos do

  • desenvolvimento emocional por falta de estrutura. Essas falhas no atendimento infantil conferiam aos internos a vulnerabilidade, que na vida adulta poderiam evoluir para doenas psiquitricas.

    Vulnerabilidade, riscos: H riscos de natureza biolgica e de natureza psicossocial, e eles tambm se diferenciam pelo nvel de impacto que podem causar na vida da criana, dividindo-se entre os indicadores de risco (atuam indiretamente sobre a criana) e os mecanismos de risco (quando atuam diretamente sobre o desenvolvimento). Indicadores de risco social: polticas pblicas.

    Mecanismos: meios-proximais, mecanismos de risco familiares, clima desarmnico entre os pais, at os mais proximais, mecanismos de risco individuais, como doenas.

    Segunda Guerra Mundial (1939 1945): desencadeou um movimento de mdicos que incentivavam a escola dentro do hospital, mobilizados pelo grande nmero de crianas e adolescentes feridos e mutilados. Suas condies fsicas lhe impossibilitavam de frequentar a escola, porm, foi com a ajuda de religiosos e de voluntrios que a classe hospitalar ganhou espao na sociedade, sendo difundida por toda a Europa.

    No Brasil, poucas so as publicaes sobre o incio da classe hospitalar. O atendimento educacional especfico foi voltado, primeiramente, para pessoas com necessidades especiais, a partir de 1600, na Santa Casa de Misericrdia de So Paulo, para crianas com deficincia fsica.

    Em 1950, na cidade do Rio de Janeiro, no Hospital Municipal Jesus, houve o primeiro relato oficial de atividade da classe hospitalar, que se encontra em funcionamento at os dias atuais. Hoje, neste estado, h 67 classes hospitalares (AMARAL, 2000). Segundo a definio do Ministrio da Sade, o espao escolar um centro de educao:

    Hospital a parte integrante de uma organizao mdica e social, cuja funo bsica consiste em proporcionar populao assistncia mdica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, constituindo-se tambm em centro de educao, capacitao de recursos humanos e de pesquisas em sade, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de sade a ele vinculados tecnicamente (BRASIL, 1977, p. 3.929). Por que Pedagogia Hospitalar?

    Constatada a necessidade da prxis e da tcnica pedaggica nos hospitais, confirmou-se a existncia de um conhecimento especfico voltado para o processo de desenvolvimento e de ensino-aprendizagem que envolvem as crianas e os adolescentes. A Pedagogia Hospitalar corresponde a um pluralismo de aes educativas que exige a interface entre as reas da educao e da sade (MATOS; MUGIATTI, 2008). Pedagogia Hospitalar um termo muito amplo e muitas vezes referenciado em textos que exaltam a atuao do pedagogo em atividades que no seriam as suas atribuies. importante esclarecer para o pedagogo que atuar na classe hospitalar que preciso estar vinculado rede pblica de ensino, ou seja, esses professores devero prestar concurso pblico para a rede pblica e mediante a apresentao de projeto (sob aprovao dos dirigentes de ensino) que eles podero optar pela docncia na classe hospitalar. Texto: O papel da Educao no hospital (Wallon/ Vigotski). Cada vez mais, o hospital tem se firmado como um campo de prtica e conhecimento para profissionais e estudiosos da rea de educao. Todavia, o nmero de publicaes acerca do tema ainda restrito. Com base nos estudos de Henry Wallon e Lev Vigotski, qual a contribuio da educao para o resgate da sade de crianas hospitalizadas.

    Crianas internadas na enfermaria peditrica do Hospital Universitrio Antnio Pedro (HUAP), em Niteri (RJ): Interaes e brincadeiras infantis, o desenho uma atividade comum na enfermaria peditrica. Ele assume um canal privilegiado de expresso de sentimentos e foi por meio dele que estabelecemos nosso primeiro contato

  • com esse grupo de crianas. Atravs do desenho, como j evidenciado por Taam (2000) e Fontes (2003), as crianas exprimem suas angstias, seus medos, suas decepes e suas alegrias.

    Segundo Wallon (1975), o desenho, como forma de expresso preferida das crianas, revelador de pensamentos porque tambm uma forma de linguagem. Pelo desenho, a criana revela o conhecimento conceitual que tem da realidade e os aspectos mais significativos de sua experincia. A vocao social da criana implica uma troca incessante com o meio em que vive.

    Wallon problematizou o homem concreto, entendendo-o na sua totalidade corpo-mente ou na perspectiva posteriormente denominada de walloniana, que integra a inteligncia, a emoo e o movimento.

    Wallon e Vigotski: o indivduo, utilizando sua inteligncia, age sobre o meio, transformando-o e sendo por ele transformado. Para Wallon (1941), no h limites para a aquisio de conhecimentos pelo homem. a cultura e a linguagem que fornecem ao pensamento os instrumentos para sua evoluo.

    Vigotski: defende que o indivduo no existe isolado, ele se constri e constri o outro na interao. Por isso, o desenvolvimento humano visto como um empreendimento conjunto e no individual. A aquisio de conhecimento um processo construdo pelo indivduo durante toda sua vida, no estando pronto ao nascer, nem sendo adquirido passivamente graas s aes do meio.

    Numa enfermaria peditrica, o desenvolvimento de crianas no diferente. Mesmo doente, elas continuam interagindo, apropriando-se das informaes disponveis no meio e transformando-as em conhecimento. O papel da educao , ento, estimular essa construo, possibilitando a cada criana uma reflexo sobre o meio, sua doena, seus sentimentos e ajudando-as a entender o que acontece com elas e ao seu redor. Dessa forma, a educao no hospital pode fortalecer a autoestima das crianas para o enfrentamento da situao de hospitalizao (...). O brinquedo surge da necessidade e do desejo frustrado da criana em realizar algo que concretamente ela no pode naquele momento. Embora parea uma atividade puramente prazerosa, o brinquedo age como uma reelaborao das frustraes de tendncias no satisfeitas e est cercado por regras que a criana constri a partir de seu meio social.

    Vigotski: Brincadeira e jogo: assumem significados muito prximos, porque ambos so guiados por regras e, segundo, porque nascem de uma situao imaginria.

    Zona Proximal de Desenvolvimento: Vigotski: O papel equivalente dado ao brinquedo e ao ensino-aprendizagem na criao da Zona Proximal de Desenvolvimento coerente com a preocupao terica central de Vygotsky, que a de enfatizar a importncia do contexto histrico-cultural na formao das estruturas psicolgicas superiores da pessoa.

    No brinquedo, a criana opera com significados desligados dos objetos e aes aos quais esto vinculados no mundo real.

    O brinquedo no o aspecto predominante da infncia, mas , sem dvida, um dos fatores mais importantes do seu desenvolvimento. atravs do brinquedo que a criana aprende a respeitar regras e a controlar seu prprio comportamento que, fora desta situao imaginria, seria impossvel dela compreender.

    A pedagogia hospitalar deve favorecer e estimular este processo, dando oportunidade criana para dizer sua palavra. A fala como canal de expresso e instrumento de constituio do pensamento, deve ser estimulada atravs de atividades pedaggicas em que a criana tenha oportunidade de se expressar livremente. Ao dialogar, a criana expe dvidas, medos, ansiedades e organiza seus pensamentos.

    Refletir sobre as origens dos estados emocionais tambm uma das dimenses da ao pedaggica no hospital. A ideia de escola, ao lado da brincadeira, surge como uma importante referncia infncia no contexto hospitalar, pois, ao aprender brincando, as crianas resgatam a vivncia de infncia que foram obrigadas a abandonar, mesmo que temporariamente, em funo da doena.

    Unidade 3 Direto da criana e do adolescente hospitalizado: o que diz a Lei?

  • Os sistemas de ensino, em ao integrada com os sistemas de sade, devem, portanto, organizar atendimento aos escolares hospitalizados conforme Resoluo n 2 de 11/09/2001.

    Resoluo N 2, De 11 de setembro de 2001.(*) Institui Diretrizes Nacionais para a Educao Especial na Educao Bsica.

    Art. 13. Os sistemas de ensino, mediante ao integrada com os sistemas de sade, devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razo de tratamento de sade que implique internao hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanncia prolongada em domiclio.

    1o As classes hospitalares e o atendimento em ambiente domiciliar devem dar continuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo de aprendizagem de alunos matriculados em escolas da Educao Bsica, contribuindo para seu retorno e reintegrao ao grupo escolar, e desenvolver currculo flexibilizado com crianas, jovens e adultos no matriculados no sistema educacional local, facilitando seu posterior acesso escola regular.

    2o Nos casos de que trata este Artigo, a certificao de frequncia deve ser realizada com base no relatrio elaborado pelo professor especializado que atende ao aluno.

    Este tipo de atendimento determina expressamente que a implantao de Hospitalizao Escolarizada tem a finalidade de atendimento pedaggico aos alunos com necessidades especiais transitria1, com a organizao de cursos acadmicos destinados a atender a essa nova demanda.

    A Legislao Brasileira reconhece o direito da criana e do adolescente hospitalizados ao atendimento pedaggico educacional. A esse respeito, merece destaque a formulao da Poltica Nacional de Educao Especial (MEC/SEESP, 1994 e 1995) que prope que a educao em hospital seja realizada atravs da organizao de classes hospitalares, devendo-se assegurar a oferta educacional no s aos pequenos pacientes com transtornos do desenvolvimento, mas tambm s crianas e aos adolescentes em situao de risco, como o caso da internao Hospitalar (FONSECA, 1999). L.D.B., Lei de n 9394/96 no artigo 7, p.19, assegura criana e ao adolescente o direito proteo vida sade mediante a efetivao de polticas sociais pblicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condies dignas de existncia.

    Constituio Federal (artigo. 196/88), deve ser garantido, mediante polticas econmicas e sociais, o acesso universal e igualitrio s aes e servios, tanto para a sua promoo quanto para proteo e recuperao.

    O Decreto Lei n 1.044/69 dispe de tratamento para alunos portadores de afeces, considerando que as condies de sade nem sempre permitem a frequncia de crianas e adolescentes escola, mesmo que estes apresentem condies de aprendizagem.

    Este decreto, os alunos que se encaixam na condio de merecedores de tratamento excepcional tm o direito de fazer, segundo o artigo 3, os exerccios domiciliares com acompanhamento da escola, sempre que compatveis com o seu estado de sade e as possibilidades do estabelecimento (BRASIL, 1969). Possibilidade de atividade pedaggica para alunos apenas em suas residncias, no havendo distino para os encaminhamentos necessrios em caso de hospitalizao.

    A Lei n 6.202/75 estendeu os exerccios domiciliares para as estudantes gestantes, artigo 1, que a partir do oitavo ms de gestao e durante trs meses, a estudante em estado de gravidez ficar assistida pelo regime de exerccios domiciliares, podendo ser estendido, devidamente comprovada por atestado mdico (BRASIL, 1975). Pargrafo nico. O incio e o fim do perodo em que permitido o afastamento sero determinados por atestado mdico a ser apresentado direo da escola.

    Conanda: (Conselho Nacional de Defesa Criana e Adolescente): 17/10/95: elaborou um documento aprovado com unanimidade e transformado em Resoluo n. 41, que se refere aos Direitos da Criana e dos Adolescentes Hospitalizados. Dentre os direitos, destaca-se:

  • 1. Direito proteo, a vida e sade com absoluta prioridade e sem qualquer forma de discriminao;

    2. Direito a ser hospitalizado quando for necessria ao seu tratamento, sem distino de classe social, condio econmica, raa ou crena religiosa;

    3. Direito a no ser ou permanecer hospitalizada desnecessariamente;

    4. Direito a ser acompanhado por sua me, pai ou responsvel, durante todo o perodo da sua hospitalizao, bem como receber visitas;

    5. Direito a no ser separada de sua me ao nascer;

    6. Direito a receber aleitamento materno sem restries;

    7. Direito a no sentir dor, quando existam meios para evit-la;

    8. Direito a ter conhecimento adequado de sua enfermidade, dos cuidados teraputicos e diagnsticos a serem utilizados, receber amparo psicolgico quando se fizer necessrio;

    9. Direito a desfrutar de alguma forma de recreao;

    10. Direito a que seus pais ou responsveis participem ativamente do seu diagnstico;

    11. Direito a receber apoio espiritual, religioso conforme a prtica se sua famlia;

    12. Direito de no ser objeto de ensaio clnico, provas diagnsticas e teraputicas; 13. Direito a receber todos os recursos teraputicos disponveis para a sua cura;

    14. Direito proteo contra qualquer forma de discriminao, negligncia ou maus tratos;

    15. Direito ao respeito a sua integridade fsica, psquica e moral;

    16. Direito preservao da sua imagem, identidade, autonomia de valores, dos espaos e objetos pessoais; 17. Direito a no ser utilizada pelos meios de comunicao;

    18. Direito confidncia de seus dados clnicos, bem como direito a tomar conhecimento dos mesmos;

    19. Direito a ter seus direitos Constitucionais e os contidos no Estatuto da Criana e do Adolescente, respeitados pelos hospitais, integralmente;

    20. Direito a ter uma morte digna, junto a seus familiares, quando esgotados todos os recursos teraputicos disponveis.

    ECA: Lei de n 8.069, de 13 de julho de 1990, o direito educao dever no s da escola, mas da sociedade, na qual se devem buscar alternativas que amenizem as dificuldades encontradas em muitas situaes envolvidas no perodo de internao ou tratamento.

    LDB (9394/96): Art. 59: Para os educandos com necessidades especiais, os sistemas de ensino devero assegurar currculos, mtodos, tcnicas, recursos educativos e organizao especfica para atender as suas necessidades.

    A proposta da Classe Hospitalar de dar continuidade s atividades escolares das crianas e dos adolescentes internados, da educao infantil ao ensino mdio, de maneira que haja interao harmoniosa entre as aes educativas a serem realizadas de acordo com a realidade hospitalar.

    Lei Federal 11.104 de 21/03/2005 dispe sobre a obrigatoriedade da implantao de brinquedotecas que oferecem internaes peditricas. A lei prev pena de advertncia, interdio3, cancelamento da licena ou multa para os hospitais que no se adequarem nova lei.

  • Kishimoto e Ono (2008) realizaram uma pesquisa que objetivou, entre outros, verificar o ambiente da brinquedoteca como estimulador do brincar livre.

    A boneca foi o item que mais evocou o universo familiar. As crianas utilizam a boneca para representar papis do contexto familiar.

    A Brinquedoteca favorece a brincadeira livre, apesar da vigilncia constante dos adultos. Nesse espao, garante-se o direito brinquedo e brincadeira.

    Para criar e manter uma Brinquedoteca h alguns critrios que devemos atentar. As brinquedotecas (ou ludotecas) no so referenciadas com frequncia na literatura. Magalhes e Pontes (2002): brinquedotecas: um funcionamento improvisado, com a carncia de vrios servios como planejamento das atividades, cadastramento do acervo e horrios regulares para atendimento. Aspecto fsico: um espao pequeno, pouco iluminado e com distribuio aleatria de brinquedos, alm de outros aspectos. Uma brinquedoteca deve sempre adequar-se aos objetivos pensados pela instituio, demanda e ao contexto em que est alocada.

    Santos (1999) os objetivos de uma brinquedoteca: Proporcionar um espao onde a criana possa brincar sossegada; Estimular o desenvolvimento de uma vida interior rica e da capacidade de concentrar a ateno; Estimular a operatividade das crianas; favorecer o equilbrio emocional; Dar oportunidade expanso de potencialidades; Desenvolver a inteligncia, criatividade e sociabilidade; Proporcionar acesso a um nmero maior de brinquedos, de experincias e de descobertas; Dar oportunidade para que aprenda a jogar e a participar; Incentivar a valorizao do brinquedo como atividade geradora de desenvolvimento intelectual, emocional e social; Enriquecer o relacionamento entre as crianas e suas famlias; Valorizar os sentidos afetivos e cultivar a sensibilidade.

    Principal implicao educacional da brinquedoteca a valorizao da atividade ldica. Respeitar as necessidades afetivas da criana, contribuir para a sua criatividade e espontaneidade, alm de minimizar os efeitos opressores dos sistemas educacionais.

    A brinquedoteca pode oferecer condies para tanto, levando as crianas a experincias com novos significados frente a novas vivncias.

    Para os alunos do ensino fundamental:

    Blocos de construo; Materiais para oficina pedaggica: tinta, pincel, papel, etc; Jogos: domin, loto, damas, etc; Livros de diversos gneros literrios; Minilaboratrios; Oficinas de produo de brinquedos a partir de sucata; Acervo de brinquedos industrializados, bibliogrfico e audiovisual; Brinquedos e objetos para brincadeiras de faz-de-contas: bonecas, mscaras, etc; Espao para atividades ldicas; Acompanhamento frequente de brinquedistas.

    Quanto escolha das brincadeiras pelos profissionais brinquedistas, elas precisam estar condicionadas s alternncias de humor das crianas, a alegria, ao sofrimento do dia a dia do internado e a prpria limitao fsica pontual de estar em um leito hospitalar. O brinquedista tambm precisa saber respeitar o no querer brincar. O convite ao brincar precisa transmitir com sinceridade a possibilidade de escolha do participante.

    A escolha da atividade e as reaes nos momentos iniciais so de extrema importncia e exige muita habilidade e sensibilidade para se detectar a relao recreao e bem estar dos participantes (MATOS, 2009). Santos (1999): desde que as relaes entre os brinquedos e as crianas sejam adequadas, os resultados para o desenvolvimento e para a aprendizagem sero satisfatrios.

    A Classe Hospitalar do Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo H.C.F.M.R.P. USP uma modalidade da Educao Especial que visa dar atendimento pedaggico-educacional, principalmente s crianas e aos adolescentes de seis a quatorze anos, que frequentam desde a pr-escola at o ensino fundamental. Essas crianas encontram-se internadas espera de cirurgias, outras realizam ou aguardam tratamentos. Atualmente, so cinco as Classes Hospitalares em funcionamento: quatro no H.C.F.M.R.P. USP Campus e uma na Unidade de Emergncia.

  • As crianas e adolescentes internados no Hospital das Clnicas - Campus recebem aulas norteadas pelas propostas pedaggicas das escolas onde esto matriculadas. Mensalmente, escolhido um assunto para ser desenvolvido e, de acordo com as disciplinas estudadas, o tema aplicado.

    Unidade 4 As classes hospitalares.

    A Pedagogia Hospitalar tem a preocupao de proporcionar s crianas e aos adolescentes internados ambientes que aproximem o seu contexto da realidade como jogos, entretenimentos, filmes etc. um recurso a mais para a recuperao e para a autoestima desses pacientes. O trabalho pedaggico feito no hospital gera mudanas no ambiente fsico hospitalar, tornando-o mais alegre e acolhedor, adequando os projetos s necessidades de cada paciente.

    Recursos so aspectos que no promovem necessariamente o desenvolvimento adequado na ausncia de mecanismos de risco, mas podem se transformar em mecanismos de proteo de acordo com o significado que assumem dentro de um dado contexto. O que pode se configurar como risco em uma determinada situao pode se apresentar como proteo em outra.

    Os mecanismos de proteo so processos que melhoram, alteram ou modificam a resposta de um indivduo a algum evento do ambiente que predispe a uma consequncia desfavorvel. Podem no apresentar efeito na ausncia de um evento estressor, pois cabe aos mesmos modificar a reao do indivduo em situaes adversas mais do que favorecer diretamente o desenvolvimento normal. So processos mediante os quais diferentes fatores interagem entre si ao longo do tempo, alterando o percurso de vida do indivduo.

    As crianas so afetadas pelas adversidades, mas as enfrentam e as superam, fazendo com que estas no se configurem em adversidades. So crianas resilientes, que mesmo diante de muitas situaes estressoras, conseguem se sobressair. A resilincia refere-se resistncia dos materiais.

    Na Psicologia: Ser resiliente, nesse campo, aproximasse do conceito de superar adversidades, mas no necessariamente sair ileso aps uma crise de estresse. A forma como se reage aos estmulos do meio depende da suscetibilidade do indivduo e por este motivo, no se pode considerar a resilincia como uma caracterstica fixa.

    Recurso para a recuperao das crianas e dos adolescentes internados o programa Doutores da Alegria.

    Misso: ser uma organizao proeminentemente dedicada a levar alegria a crianas hospitalizadas, seus pais e profissionais de sade, atravs da arte do palhao, nutrindo esta forma de expresso como meio de enriquecimento da experincia humana.

    Crianas e adolescentes internados sofrem pela doena, pelo distanciamento da escola e dos colegas. Cabe escola e pedagogia hospitalar reverterem essa realidade, informar-lhes sobre sua patologia ou interveno cirrgica, orientando-os sobre os procedimentos que sero realizados.

    Gorayeb (2000): no caso da criana, a informao deve ser oferecida de forma concreta, pois a sua capacidade de abstrao menor. A criana deve conhecer e vivenciar os procedimentos pr-cirrgicos e ps-cirrgicos, dias antes da cirurgia.

    O pedagogo hospitalar deve ter cincia dos monstros que habitam as mentes das crianas: o medo, o controle, a mudana e a incerteza da cura. Deve ser um oportunizador da aprendizagem, fazer parte desta rotina com tica, respeitando os limites e resgatando o lado saudvel da criana.

    O atendimento pedaggico: deve ser direcionado de acordo com o estado fsico e emocional de cada um, respeitando seus limites e espao. O trabalho pedaggico de interao, priorizando o ldico por meio de atividades, tais como: contar histrias, dramatizao, jogos, filmes, etc. No existe um planejamento especfico, uma cartilha ou uma metodologia a ser seguida, mas utiliza-se de recursos que tornem a estadia hospitalar menos traumtica.

    O trabalho deve ser realizado pelo envolvimento e comprometimento das diversas reas do Hospital e da Secretaria de Educao. O Hospital, atravs da Assistncia Social, tem o encargo de gerenciar o Programa,

  • contando com o envolvimento direto dos profissionais da rea de Assistncia Social, Psicologia, Enfermagem, Cirurgia e do Corpo Mdico, principalmente os que trabalham nas reas de Pediatria, Cirurgias Peditricas e Ortopedia.

    Poltica Nacional de Educao Especial (1994, p.20): Ambiente hospitalar que possibilita o atendimento educacional de crianas e jovens internados que necessitam de educao especial e que estejam em tratamento hospitalar. Objetivo: integrar educadores, equipe mdica e famlia, em um trabalho em conjunto. A participao em atividades permitindo- lhe novas possibilidades de dar continuidade a sua vida escolar e com isso beneficiar sua sade fsica mental e emocional.

    Pedagogia Hospitalar uma prestao de servios de grande benefcio s crianas e aos adolescentes internados ou em tratamento, pois restabelecem a convivncia, o processo de recuperao e a autoestima, contribuindo para a melhoria da sade. Enquanto prestao de servios prioriza o atendimento relativo ao perodo de escolaridade obrigatria, ou seja, da educao bsica ao nvel mdio. Para que o ensino permanea: preciso compreender e respeitar a dor, mas tambm estabelecer normas e regras para as atividades pedaggicas no carem em um conceito de diverso e de passatempo.

    A Pedagogia Hospitalar tambm objetiva incluir com facilidade outros profissionais alm do corpo mdico ao ambiente hospitalar.

    A afetividade diz respeito ao nosso pensamento, nos identifica como pessoas e sentimentos.

    Para que o trabalho no hospital seja efetivo e garanta a continuidade didtica, preciso estabelecer vnculo com a escola de origem.

    A Pedagogia Hospitalar objetiva o regresso da criana escola regular, mediante a manuteno da aprendizagem e a promoo da sade.

    Construindo a classe hospitalar:

    As salas das atividades pedaggicas devem contemplar um mobilirio adequado e uma bancada com pia, instalaes sanitrias prprias completas, suficientes e adaptadas, um espao ao ar livre, adequado para atividades fsicas e ludo pedaggico.

    Os equipamentos utilizados devero ser adaptados de acordo com as necessidades do educando, assim como: cama especial, cadeira, mesa, cadeira de rodas, utilizao de pranchas com presilhas, suporte para lpis, teclados de computador, softwares educativos para pesquisas orientadas via Internet, vdeos educativos etc., bem como a eliminao de barreiras para favorecer o acesso a outros ambientes do Hospital.

    Eliminao de barreiras/ Lei n 10.098-23/03/1994:

    Estabelece normas e critrios para a promoo da acessibilidade das pessoas com deficincia ou com mobilidade reduzida.

    Definies:

    I acessibilidade: possibilidade e condio de alcance para utilizao, com segurana e autonomia, dos espaos, mobilirios e equipamentos urbanos, das edificaes, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicao, por pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida;

    II barreiras: qualquer entrave ou obstculo que limite ou impea o acesso, a liberdade de movimento e a circulao com segurana das pessoas.

    O atendimento pedaggico poder ocorrer em quatro modalidades, de acordo com a patologia e a condio fsica apresentada pelas crianas e adolescentes.

    As quatro modalidades:

  • Multisseriada: ocorre no setor de cirurgia peditrica. O professor organiza a sala de aula na prpria unidade. Os alunos so agrupados por srie e as aulas ocorrem simultaneamente entre as modalidades de Educao Infantil e Ensino Fundamental;

    Individual ou leito: essa modalidade desenvolvida no setor de clnica peditrica e de emergncia clnica. Pela rotina desses ambientes, no h espao para comportar uma sala de aula, os atendimentos ocorrem na prpria enfermaria ou nos leitos das crianas, com adaptaes para o desenvolvimento de atividades, como pranchetas;

    Isolamento: realizado na infecto pediatria, para o tratamento de doenas como meningite, HIV e tuberculose, bem como perodos que envolvem o transplante de medula ssea. necessria a paramentao do professor, ou seja, a utilizao de mscaras, luvas e avental. A desinfeco so rotineiros, materiais escolares virgens e na unidade que realiza procedimentos para o transplante de medula ssea, as pginas dos livros precisam ser plastificadas, permitindo a desinfeco aps o uso.

    Classe hospitalar: so organizadas nos ambulatrios de Hematologia e de Oncologia Peditrica. As crianas so atendidas por esses ambientes esto impossibilitadas de frequentar a escola, dada a baixa imunidade causada pelo processo ps-transplante ou em decorrncia de tratamento quimioterpico. Aulas dirias, com turmas relativamente fixas, favorecendo a aproximao do contexto da sala de aula regular.

    Recursos de oficina pedaggica:

    Assegurar o direito participao nas atividades escolares e ldicas para todas as crianas e adolescentes enfermos.

    Classes Hospitalares/ recursos audiovisual (computadores, TV, DVD, mquina fotogrfica, filmadora, etc.). O ambiente: deve ser: colorido, decorado, com desenhos pintados nas paredes e com diversos livros infantis, jogos educativos e brinquedos. Leitura/ diversos gneros literrios: (contos, fbulas, parlendas, trava-lnguas, quadrinhas, etc.). **Conto caracteriza-se por uma histria curta em prosa, com um s conflito e ao, alm de poucos personagens. A fbula uma narrativa curta que contm uma lio moral. J a crnica um pequeno texto, geralmente baseado em fatos cotidianos. A lenda uma narrativa fantstica, popular vista como fato histrico, mas sem comprovao diferente do mito, que um relato fantstico protagonizado por seres de carter divino ou heroico que evocam as foras da natureza.

    Unidade 5 O atendimento pedaggico domiciliar:

    O Atendimento Pedaggico Domiciliar necessrio sempre que o aluno, aps a alta hospitalar, sentir-se impossibilitado de frequentar a escola. O profissional da Classe Hospitalar dever contatar a escola de origem do aluno, com o fim de dar sequncia ao processo de desenvolvimento e de aprendizagem, at que o mesmo apresente condies para retornar escola.

    Resoluo n 02 de 11/09/2001- Diretrizes Nacionais para a Educao especial na Educao Bsica:

    Art. 13. Os sistemas de ensino, mediante ao integrada com os sistemas de sade, devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razo de tratamento de sade que implique internao hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanncia prolongada em domiclio.

    1o As classes hospitalares e o atendimento em ambiente domiciliar devem dar continuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo de aprendizagem de alunos matriculados em escolas da Educao Bsica, contribuindo para seu retorno e reintegrao ao grupo escolar, e desenvolver currculo flexibilizado com crianas, jovens e adultos no matriculados no sistema educacional local, facilitando seu posterior acesso escola regular.

    2o Nos casos de que trata este Artigo, a certificao de frequncia deve ser realizada com base no relatrio elaborado pelo professor especializado que atende o aluno.

  • Decreto de Lei n. 1.044 (Federal), de 21/10/69: que dispe sobre o tratamento para alunos com afeces. Deve ser assegurada a oferta de condies especiais para alunos acometidos por afeces congnitas1 ou adquiridas, alm de infeces, traumatismos ou distrbios tais como:

    a) incapacidade fsica relativa, incompatvel com a frequncia aos trabalhos escolares; desde que se verifique a conservao das condies intelectuais e emocionais necessrias para o prosseguimento da atividade escolar em novos moldes;

    b) ocorrncia isolada ou espordica; c) durao que no ultrapasse o mximo ainda admissvel, em cada caso, para a continuidade do processo pedaggico de aprendizado, atendendo a que tais caractersticas se verificam, entre outros, em casos de sndromes hemorrgicos (tais como a hemofilia), asma, cartide, pericardites, afeces osteoarticulares submetidas a correes ortopdicas, nefropatias agudas ou subagudas, afeces reumticas, etc.

    O Parecer CNE n. 06/98 permitiu s crianas e aos adolescentes compensaes de ausncia e acompanhamento educacional em casa, em decorrncia de estado de sade vulnervel. So casos comuns em cirurgias ortopdicas e nos casos ps-operatrios.

    Decreto-lei apoia-se em trs princpios: o direito educao; o da impossibilidade de observncia dos limites mnimos de frequncia escola em funo de condies desfavorveis de sade; e, finalmente, a admissibilidade de adoo de regime excepcional de atendimento ao educando.

    Lei de n 10.685- 30/11/2000: que dispe sobre o acompanhamento educacional da criana e do adolescente internados para tratamento de sade.

    Artigo 1 - assegurado criana e ao adolescente internados para tratamento de sade por tempo indeterminado, o acompanhamento educacional durante o perodo de internao.

    Artigo 2 - O acompanhamento educacional se destina criana e ao adolescente em idade escolar, regularmente matriculado em estabelecimento de ensino fundamental, de acordo com a faixa etria e o nvel de escolaridade.

    1 - O estabelecimento de ensino em que a criana ou o adolescente estejam regularmente matriculados fornecer, sempre que necessrio, os programas bsicos das matrias ministradas, a fim de propiciar o acompanhamento.

    2 - Sempre que possvel tal atendimento ser feito em grupos de crianas ou adolescentes, se internadas no mesmo estabelecimento de sade.

    Artigo 3 - O acompanhamento educacional ser realizado de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Estadual de Educao, podendo ser prestado, conforme o caso, por estagirios do magistrio ou de ensino superior.

    Artigo 4 - A periodicidade e a durao do acompanhamento educacional sero realizadas de acordo com os critrios a serem fixados pelo estabelecimento de sade, consideradas as necessidades, possibilidades e condies do paciente, na forma a ser estabelecida pelos profissionais responsveis pelo tratamento.

    As condies clnicas que exigem Atendimento Pedaggico Domiciliar so, principalmente, as dificuldades de locomoo, a imobilizao parcial ou total, a imposio de horrios para administrao de medicamentos, os efeitos colaterais de determinados frmacos, as restries alimentares, as intervenes invasivas, o efeito de dores localizadas ou generalizadas e a indisposio geral decorrente de determinado quadro de adoecimento.

    Compete ao sistema de servios de sade oferecer assessoramento permanente ao professor, bem como inseri-lo na equipe de sade. O professor deve ter acesso aos pronturios mdicos, pois o trabalho na residncia da criana exige o planejamento e a organizao das atividades de acordo com as suas condies fsicas. As Classes Hospitalares e a modalidade de Atendimento Pedaggico Domiciliar devem estar vinculadas tanto aos sistemas de educao com uma unidade de trabalho pedaggico, como s direes clnicas dos sistemas e

  • dos servios de sade, aproximando duas instncias em prol da qualidade de servio que deve ser oferecido criana e aos adolescentes hospitalizados.

    Mec (Brasil, 2002), compete s Secretarias de Educao verificar e atender a solicitao dos hospitais tanto para o atendimento em classes hospitalares quanto para a contratao e capacitao dos professores envolvidos nesses processos. Alm disso, tambm de responsabilidade das secretarias o investimento financeiro e material para as demandas dos referidos atendimentos.

    Para a efetivao do atendimento pedaggico domiciliar, so necessrias algumas adaptaes na residncia do aluno que possibilitem a utilizao de instrumentos de apoio didtico-pedaggico bem como a supresso de barreiras fsicas para garantir as condies de ensino. Nesse contexto, a parceria com os servios de sade e de assistncia social vlida para a discusso na adaptao dos mobilirios e equipamentos necessrios como:

    Cama especial;

    Cadeira e mesa adaptadas;

    Cadeira de rodas.

    Unidade 6 O aluno da classe hospitalar:

    A criana internada apresentava tendncia a desenvolver retardo no crescimento e no desenvolvimento psicomotor, depresso, comportamento agressivo e perturbaes digestivas.

    Angerami - Camon (2003) reuniu uma srie de situaes adversas que contribuem para a vulnerabilidade fsica e psquica1 da criana e do adolescente hospitalizados. So elas:

    Privao materna: Bebs e crianas pequenas necessitam manter uma relao harmoniosa, calorosa, ntima, frequente e intensa com a me, fonte de satisfao, prazer, alimento emocional e de estmulo intelectual. Esses fatores so fundamentais para a sade mental das crianas. No entanto, quando h privao dessa relao, a criana poder apresentar fracasso no desenvolvimento de sua personalidade, instabilidades emocionais e intelectuais e sensao de abandono.

    Privao paterna: Assim como a figura da me essencial para o desenvolvimento infantil, a figura do pai tambm , e ausncia desta poder acarretar sentimentos de angstia, carncia afetiva, sentimentos de vingana, culpa, depresso, distrbios emocionais, sensao de abandono, personalidade instvel, inapetncia, perda de peso, apatia, insnia, reduo da vocalizao, depresso, apreenso, tristeza, atraso no desenvolvimento, regresso no processo de maturao psicoafetiva, comportamentos autoerticos, agressividade, infeces e manifestaes psicossomticas.

    Medo do desconhecido: A rotina e a realidade do hospital so novas e desconhecidas para a criana. Elas desconhecem a enfermaria, o leito, as roupas que podem e devem usar os horrios, a equipe, os exames, os alimentos, as regras de higiene e os procedimentos mdicos. Quanto a este ltimo, algumas equipes podem negar ou ignorar informaes aos pacientes, mobilizando na criana o suspense, a desinformao e por consequncia, a fantasia e os temores.

    Sensao de punio/culpa: As crianas podem conceber a doena como agresso externa, como punio. Exemplo: como no ter se alimentado ou no ter obedecido aos pais. A culpa por acreditarem que erraram e que esto sendo punidos. Essa situao compromete o tratamento, pois algumas crianas se entregam doena.

    Limitao de atividades e estimulao: A doena e a estrutura fsica do hospital limitam constantemente as atividades das crianas. A falta de estimulao e a rotina da enfermaria entristecem as crianas.

    Aparecimento ou intensificao do sofrimento fsico: Ao ser internada, a criana poder sentir a intensificao da dor em decorrncia de exames e de condutas invasivas de alguns procedimentos mdicos. Os primeiros dias no hospital costumam ser os mais difceis: a criana est insegura e com medo por no conhecer o ambiente, mas precisa fazer exames para precisar o seu diagnstico. Algumas chegam ao hospital sem sentir dores, mas passam a vivenciar situaes agressivas.

  • Despersonalizao: Em um ambiente desconhecido para a criana, no h as disposies sociais das quais antes ela participava, ou seja, a sua rotina muda e o crculo de pessoas se modifica tambm. O hospital coloca uma barreira entre a criana e o mundo externo, mutilando o seu eu. Ela passa a assumir um papel diferente, ou seja, agora o paciente. Proibir visitas legitima a ruptura com o mundo exterior. Visitas legitima a ruptura com o mundo exterior. H ainda outros aspectos muito perversos nessa realidade: a criana despida, banhada por outras pessoas, recebe ordens e despojada de seus pertences. Ela deve vestir as roupas da instituio e dessa forma, promove-se a padronizao entre as crianas. Alm da deformao pessoal, a criana poder sofrer desfigurao fsica, em decorrncias das mutilaes diretas e permanentes no seu corpo. Sentir-se- angustiada, pois o ambiente em que est no garante a sua integridade.

    Nigro (2004): A concepo de internao para a criana de violncia impositiva, ou seja, so momentos estranhos e desconhecidos em sua vida. A criana e o adolescente hospitalizado passam por uma experincia dolorosa de privao de sade e de liberdade, vivida pela dor fsica e pelo desequilbrio emocional.

    Em algumas instituies, a criana ou o adolescente podem ser identificados pela equipe mdica pelo nmero do quarto ou pelo quadro clnico. O paciente deixa de ter um nome e rotulado pela doena: o cardaco, o cirrgico, o psiquitrico, contribuindo para a exacerbao da perda da identidade.

    Criana hospitalizada necessita: Da presena da me; informaes sobre a doena e as razes da hospitalizao; ambiente criativo (O efeito do ambiente depende da criatividade dos pais. Atravs de desenhos pendurados nas paredes, objetos familiares, brinquedos prediletos pode-se diminuir as tenses emocionais provocadas pelo desconhecido); o mnimo de rudos (evitar ao mximo os barulhos desnecessrios para prevenir problemas orgnicos e/ou emocionais); recreao (A recreao necessria para que a criana continue a exercer suas habilidades, como focalizao de olhar, coordenao dos movimentos, desenvolvimento das sensibilidades tteis e sensoriais, para que possa expressar-se e interagir com o meio que a cerca); visitas (As crianas que recebem visitas dirias enquanto esto internadas mostram-se mais seguras e confiantes); apoio psicolgico (A atuao do psiclogo junto s crianas hospitalizadas objetiva fundamentalmente a diminuio do sofrimento inerente ao processo do adoecer e hospitalizao); higienizao. Ateno pais e visitantes: A infeco hospitalar uma doena grave, de tratamento bastante difcil, causada por bactrias que se desenvolvem dentro do hospital, e que, portanto, so mais resistentes ao tratamento. Essa doena tem cura, mas deve-se tomar uma srie de cuidados para preveni-la, que so as chamadas prticas de higiene, so regras simples, fceis de serem seguidas e servem para proteger a nossa sade e a da criana hospitalizada.

    s vezes, necessrio: Fazer restrio de movimentos em seu filho, ou seja, a imobilizao do local em que ser aplicado o tratamento (exemplo: braos ou pernas); jejum. A restrio de movimentos feita com os seguintes objetivos: facilitar a realizao de exames e a aplicao de tratamentos; proteger a criana contra acidentes devido a sua agitao; evitar que a criana retire com as mos: sondas, drenos, coletores e aplicaes de soro; evitar que a criana provoque leses na rea do tratamento.

    Para uma breve recuperao: No leve qualquer tipo de alimento; no faa qualquer tipo de cuidado com a criana sem antes consultar a equipe de enfermagem; no bata na criana se no quiser receber algum tipo de medicamento ou no quiser fazer certo tipo de exame. Uma boa orientao sobre a necessidade e importncia dos mesmos para sua recuperao faz com que a criana aceite e colabore.

    Matos, Mugiatti (2007): H que se levar em conta que a criana e o adolescente hospitalizados encontram-se em pleno perodo de aprendizagem, estando vidos por novidades e assistidos pela observao, experincia e comunicao. Assim, o afastamento da escola pode lhe trazer prejuzos no processo de aprendizagem. Lindquist (1970): A Classe Hospitalar recupera a socializao desses pacientes hospitalizados por meio de um processo de incluso, dando continuidade a sua escolarizao e valorizando sua nova aprendizagem. A ludoterapia a melhor forma para encantar e para estimular esses escolares hospitalizados. A proposta oferecer a esses pacientes, qualquer que seja sua idade, atividades divertidas e enriquecedoras que tragam ao mesmo tempo calma e segurana. uma terapia pelo brinquedo, em que o profissional trabalha com estimulao motora e psicolgicas das crianas e adolescentes.

  • Nigro (2004): necessrio oferecer a possibilidade de recuperar alguns desses laos cortados: chamar o paciente pelo seu nome informar-lhe os nomes dos profissionais que cuidam dele, como tambm disponibilizar a escuta, tentando minimizar o sofrimento e a angstia do paciente e da sua famlia. Humanizar significa atender s circunstncias e s necessidades individuais desses pacientes; no se trata de qualidade de servio, e sim do respeito dor e pela perda da sade. A humanizao do atendimento ao paciente internado supe o respeito, o reconhecimento de que essa pessoa enferma tem uma identidade, uma famlia, uma histria, um lugar no mundo. Ela deve ser escutada e atendida em suas queixas que no so apenas orgnicas.

    Menezes (2004): A Pedagogia Hospitalar pode contribuir para a manuteno da reao orgnica desejvel do indivduo, pois atua reforando indiretamente a sua autoestima ao lhe atribuir possibilidade de continuidade de desenvolvimento de capacidades cognitivas, psicomotoras e tambm de oferecer um espao de convivncia social do qual foi afastado.

    Unidade 7 A importncia da equipe multidisciplinar.

    Fontes (2005): possvel pensar no Hospital como um espao de educao para as crianas e para os adolescentes internados. Mais do que isso, tambm pens-lo como um lugar de encontro e de transformaes, em um ambiente multidisciplinar envolvendo outros profissionais como: psiclogos, fonoaudilogos1, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, fisioterapeutas, ludoterapeutas, contadores de histrias, psicopedagogos e pedagogos, tornando-o um ambiente propcio ao desenvolvimento integral desses pacientes.

    O Ludoterapeuta: A ludoterapia a terapia pelo brinquedo, ou seja, atravs de atividades ldicas, o terapeuta adapta o processo psicoteraputico para a realidade infantil. Essa dinmica favorece a expresso dos sentimentos pela criana, fazendo com que ela exteriorize os seus conflitos, as suas angstias e as dificuldades. Brincando com a criana, o terapeuta poder ajud-la a superar as adversidades, potencializando as habilidades infantis de adaptao ao ambiente familiar e social. Outros recursos dessa rea: o desenho, os jogos e as atividades projetivas. importante que o ludoterapeuta tambm permita que a criana se autodirija, conduzindo as suas prprias atividades de acordo com suas preferncias.

    Esse tipo de terapia indicado para as seguintes questes: Dificuldades de aprendizagem; Distrbios de comportamento; Agressividade; Comportamento antissocial; Hiperatividade; Atrasos no desenvolvimento motor; Enurese; Ecoprese diurna e noturna; Pesadelos; Dificuldades para dormir e Dificuldades alimentares.

    A ludoterapia poder beneficiar: A exteriorizao de sentimentos e emoes; a autoexpresso; a libertao de preocupaes; a libertao de medos; o desprendimento da insegurana e da instabilidade; a reduo e a eliminao da agressividade; a descarga de tenses e de frustaes; a autoestima; o autoconhecimento; a estabilidade emocional; a criatividade; a autonomia; a independncia; a responsabilidade; a maturidade; o sentimento de pertencimento a um grupo ou situao; a socializao; o humor; a sade e a qualidade de vida.

    Quando o avano tecnolgico no era to desenvolvido como nos dias atuais, o contador de histrias garantia a formao das crianas, transmitindo oralmente mitos, lendas, contos, enfim, histrias que foram passando de gerao para gerao. Figura muito conhecida na Idade Mdia, perodo histrico conhecido por seus castelos e por uma condio de vida regida pela subsistncia nas reas rurais.

    Para ser um bom contador de histria, necessrio brincar com as palavras, com as figuras de linguagem, com a sintaxe. preciso ter sensibilidade e poder de encantamento. Abramovich (1989): preciso verificar o ambiente, o horrio e as acomodaes. Conhecer o pblico e o enredo so imprescindveis para narrar com segurana e naturalidade, com voz clara, expressiva, conferindo histria entonao, emoo, suspense com tonalidades diferentes e pausas oportunas.

    Para contar uma histria, preciso saber como se faz. Saber das as pausas, o tempo para o imaginrio de cada criana construir seu cenrio, visualizar os monstros, criar os seus drages, adentrar pela sua floresta, vestir a princesa com a roupa que est inventando, pensar na cara do rei e tantas coisas mais.

  • Lima (1998): O trabalho em equipe um dos recursos para atender, de modo amplo, s crianas e os adolescentes hospitalizados. Quando esses pacientes precisam ser medicados ou examinados, tanto o enfermeiro como o mdico prioriza no interromper as atividades escolares, adiando ou antecipando a medicao ou o exame. Os mdicos respeitam o horrio das crianas nas aulas, s retirando-as da classe quando estritamente necessrio.

    O psicopedagogo: O psicopedagogo pode trabalhar em diversas reas. Dentro do hospital, ele pode desenvolver atividades na enfermaria de pediatria, no ambulatrio de psicologia infantil, na unidade de emergncia e na classe hospitalar. Na pediatria, o psicopedagogo poder acompanhar o desenvolvimento infantil, mediante atividades de avaliao, elaborao de relatrios e atividades de interveno. No ambulatrio de psicologia infantil, as atividades so voltadas para a avaliao e o acompanhamento das dificuldades de aprendizagem. Unidade de emergncia, o psicopedagogo poder atuar no setor de crianas e adolescentes queimados, tambm acompanhando o seu desenvolvimento mediante atividades ldicas.

    Um programa de assistncia psicopedaggica criana queimada hospitalizada tem os seguintes objetivos: 1. Fornecer suporte psicopedaggico e afetivo-social criana queimada internada, visando a melhores condies de enfrentamento e adaptao situao de internao.

    2. Oferecer orientao e suporte afetivo-social famlia da criana queimada internada.

    3. Colaborar com a equipe de profissionais que atuam na enfermaria de queimados na compreenso das necessidades afetivo-sociais da criana nestas condies.

    4. Produzir conhecimento sistematizado sobre as condies de desenvolvimento e ajustamento afetivo-social da criana queimada em situao de internao.

    As atividades so: Contatos individuais e em grupo com a criana internada na enfermaria, como: Trabalhos diversos com sucata; desenho e pintura; confeco de jogos pedaggicos; livros de histrias infantis; jogos de regras, etc.

    Referente classe hospitalar, o psicopedagogo poder atuar no planejamento de atividades junto aos professores, no auxlio na elaborao de propostas para minimizar as condies adversas e no contato com a escola.

    fundamental que em todas essas reas e em todas as atividades desenvolvidas, os pais sejam orientados e tambm acompanhados para que fiquem cientes quanto aos procedimentos que esto sendo adotados com os filhos.

    O fonoaudilogo o profissional que estuda para desenvolver estratgias de recuperao e de preveno de distrbios da linguagem. O nutricionista estuda as necessidades alimentares dos seres humanos, bem como dos problemas relativos nutrio.

    nesse sentido que se pressupor um trabalho multi, inter e transdisciplinar, com a integrao de toda a equipe em prol do desenvolvimento e da aprendizagem dos alunos hospitalizados.

    Matos (2008): a multidisciplinaridade corresponde aos diversos saberes conferida em ambiente hospitalar, como sensvel resposta promoo da vida com sade, para onde convergem as diversas cincias em prol da vida com mais qualidade. A Interdisciplinaridade, por sua vez, assenta-se na integrao e na inter-relao de profissionais inseridos em contexto hospitalar. A transdisciplinaridade, que transcende a prpria cincia, busca o vislumbre alm-corpo, no se concentrando to somente em aspectos fsicos e biolgicos.

    Valores e humanizao, com afeto, envolvimento, doao, magia, entre outros atributos essenciais a tantos que permeiam este espao vital.

    Texto: O desafio da Pedagogia Hospitalar (Rejane de S. Fontes/2010): Desde 1994, a legislao brasileira garante o atendimento de crianas e jovens hospitalizados para suprir a carncia da sua educao. A Pedagogia Hospitalar foi regulamentada pelo MEC em 2002.

  • O professor, no ambiente hospitalar, tambm serve como ponte entre profissionais da sade, famlia e crianas, minimizando os traumas da internao por meio de um ensino emancipador.

    MEC (2002): publicou o documento basilar para esta modalidade de ensino com o ttulo Classe Hospitalar e Atendimento Pedaggico Domiciliar: estratgias e orientaes. Entende-se que o aluno da classe hospitalar o educando cuja condio clnica interfere em sua permanncia ou frequncia escolar de forma temporria ou permanente, necessitando de um acompanhamento educacional durante seu processo de hospitalizao.

    Contudo, este atendimento pedaggico dever ser orientado pelo processo de desenvolvimento do educando e construo de conhecimento, exercido de forma integrada aos servios de sade. Para tanto, a oferta curricular ou didtico-pedaggica deve ser flexibilizada, contribuindo para a promoo de sade e ao melhor retorno da criana e/ou adolescente aos estudos interrompidos.

    A Pedagogia Hospitalar um trabalho especializado bastante amplo que no se reduz escolarizao da criana hospitalizada. Ela busca levar a criana a compreender seu cotidiano hospitalar, de forma que esse conhecimento lhe traga certo conforto emocional. Isso lhe pode ajudar a interagir com o meio de uma forma mais participativa.

    papel do professor: incentivar parceria, solidariedade, buscar fazer com que a criana enxergue o outro como algum semelhante a ela.

    Pedagogia Hospitalar como uma proposta diferenciada da Pedagogia Tradicional, uma vez que se d em mbito hospitalar e que busca construir conhecimentos sobre esse novo contexto de aprendizagem que possam contribuir para o bem estar da criana enferma.

    A sugesto da Pedagogia Hospitalar a de que o professor trabalhe atividades ldicas de reconhecimento do espao, de sua doena e de si prpria, durante os primeiros quinze dias de internao da criana, no sentido de tranquiliz-la acerca do ambiente hospitalar. E caso a criana permanea hospitalizada por mais tempo, o desejo por atividades mais prximas das do tipo escolar ir aflorar quase espontaneamente no universo hospitalar.

    A atuao se d, ento, no somente junto criana, mas tambm junto aos pais. O professor faz a ponte entre o discurso oficial, que o do mdico e o discurso do senso comum, que o dos pais ou responsveis pela criana.

    Como professores, fundamental no deixarmos que nossa identidade se perca no espao hospitalar. O professor precisa ser um pesquisador da sua prtica, principalmente na Pedagogia Hospitalar, onde h uma pequena produo literria sobre o assunto. Precisa refletir construir, escrever para conceituar essa prtica. Ele um professor diferente daquele da sala de aula porque no est na escola, no est trabalhando com crianas saudveis, que podem fazer tudo a qualquer tempo.

    Unidade 8 O professor da classe hospitalar:

    Maluf (2007): A atuao do Pedagogo na Classe Hospitalar orientar, acompanhar e administrar a educao de crianas e de adolescentes que estejam incapacitados de frequentar a escola por motivo de sade, adaptando atividades pedaggicas s suas condies. Nesse sentido, ele deve colaborar com os outros profissionais envolvidos, orientando seu procedimento no tratamento com o paciente e criando meio de aproximar a famlia do hospital.

    Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, Lei n 9394/96 discorre sobre artigo 61: destaca os fundamentos para atender aos diferentes nveis de modalidades de ensino e s caractersticas de cada fase de desenvolvimento do educando, associando teoria e prtica e suas experincias. Nesse sentido, a pedagogia hospitalar insere-se no contexto da educao inclusiva, com profissionais comprometidos em assegurar o direito de acesso e permanncia educao de qualidade. O pedagogo dever desenvolver projetos que visam a atender o escolar hospitalizado de maneira especfica.

    Responsabilidade do pedagogo: exige experincia no plano da psicologia do desenvolvimento e da educao. Em situaes conflituosas, poder, em suas aes pedaggicas, apresentar atividades ldicas e recreativas, exemplo: a msica, o desenho, a dramatizao, etc.

  • Fonseca (2008): O professor da escola hospitalar , antes de tudo, um mediador das interaes da criana com o ambiente hospitalar. Por isso, no lhe deve faltar, alm de slido conhecimento das especificidades da rea da educao, noes sobre tcnicas e teraputicas que fazem parte da rotina da enfermaria.

    O professor que se encontra no hospital, sua tarefa dever se ajustar a esta realidade, sem, contudo, perder o enfoque pedaggico-educacional, motivo pelo qual este profissional l se encontra.

    Ambiente hospitalar: professor atento/alguns aspectos:

    A criana precisa ser sempre muito bem recebida; Se a criana precisar sair antes, o professor dever, mediante planejamento, organizar estratgias de fechamento da atividade, para que ela possa concluir o que estava fazendo; importante expor as produes das crianas, quando possvel, nas paredes ou nos leitos; Os materiais que no despertam o interesse das crianas devem ser substitudos ou devem-se criar estratgias para que outros recursos nos mesmos materiais sejam explorados; preciso higienizar e organizar os materiais pedaggicos todos os dias; Ler os pronturios dos alunos importante para o planejamento das atividades; A utilizao de prteses, de cadeira de rodas, de suportes para sondas no podem comprometer a participao da criana nas atividades. Assim, o professor dever organizar o espao de modo a acomodar satisfatoriamente a criana no ambiente; O registro das atividades realizadas deve ser dirio e o mais prximo possvel do que ocorre na realidade, para que o professor possa avaliar a sua prtica e repens-la; a observao favorecer o aprimoramento da sua prtica e incidir sobre as atividades realizadas com as crianas.

    Fontes (2005): os professores deveram ser formados para trabalhar com as diversidades humana, identificando as necessidades educacionais especiais dos alunos.

    Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia/a formao em contextos no escolares/a preparao e a prtica pedaggica em hospitais:

    Pareceres CNE/CES: 776/1997, 583/2001 e 67/2003: orientaes normativas destinadas a apresentar princpios e procedimentos a serem observados na organizao institucional e curricular. Visam a estabelecer bases comuns para que os sistemas e as instituies de ensino possam planejar e avaliar a formao acadmica e profissional oferecida, assim como acompanhar a trajetria de seus egressos, em padro de qualidade reconhecido no Pas.

    As Diretrizes Curriculares para o Curso de Pedagogia aplicam-se formao inicial para o exerccio da docncia na Educao Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Mdio de modalidade Normal e em cursos de Educao Profissional, na rea de servios e apoio escolar, bem como em outras reas nas quais sejam previstos conhecimentos pedaggicos. Na organizao do curso de Pedagogia, dever-se- observar, com especial ateno: os princpios constitucionais e legais; a diversidade sociocultural e regional do pas; a organizao federativa do Estado brasileiro; a pluralidade de ideias e de concepes pedaggicas, a competncia dos estabelecimentos de ensino e dos docentes para a gesto democrtica.

    Na aplicao destas Diretrizes Curriculares, h de se adotar, como referncia, o respeito a diferentes concepes tericas e metodolgicas prprias da Pedagogia e quelas oriundas de reas de conhecimento afins, subsidirias da formao dos educadores, que se qualificam com base na docncia da Educao Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental.

    Atividades Pedaggicas para classes hospitalares:

    Atividades de Artes: consiste no desenvolvimento e na vivncia de um trabalho expressivo e criativo que envolve a utilizao de tcnicas e materiais artsticos por meio do contato com materiais como: pintura,

    desenhos, construo com sucatas e elaborao de adornos para festas comemorativas.

    Leituras e Interpretao de Estrias: consistem na utilizao de procedimentos que possibilitem o acesso informao escrita, de maneira individual ou em grupos de jornais, contos, histrias, biografias, poesia, novela, e outros recursos, tomados no somente com o objetivo de distrao em relao doena, como tambm no estmulo ao gosto e ao hbito pela leitura.

  • Construo: Consiste em desenvolver o raciocnio da criana, a sequncia do pensamento.

    Exibio de Filmes: consiste em atividades que atendam no somente ao lazer, mas que de um modo geral venham estimular a verbalizao e o pensamento criativo.

    Jogos e Brincadeiras: consiste na utilizao e manejo de diferentes jogos que proporcionem o lazer, a socializao, a informao e alguns aspectos do processo cognitivo, tais como: observar, analisar, registrar, memorizar e planejar e inferir. Fontes (2005): defende a presena de professores em hospitais para a escolarizao das crianas e jovens internados, segundo os moldes da escola regular, o que repercute para a diminuio do fracasso escolar e dos elevados ndices de evaso e repetncia que acometem frequentemente essa clientela em nosso pas.

    A escuta pedaggica com uma metodologia educativa prpria ao que chamamos de Pedagogia Hospitalar.

    Oliveira e Collet (1999): o papel do pedagogo hospitalar: de aconselhar e acompanhar os pais. Pois na famlia que a criana busca apoio, orientaes, referncias de tempo, proteo para o desconhecido e para o sofrimento. Ela poder ser mais capaz de suportar os sofrimentos e as ansiedades surgidos durante a doena e a hospitalizao.

    A rotina da classe hospitalar exige alguns critrios:

    muito importante que o pedagogo se apresente todos os dias, pois a rotatividade de crianas em uma enfermaria pode ser muito grande; Da mesma forma, essencial que os estagirios tambm se apresentem todos os dias, procurando estabelecer vnculos; O calendrio um recurso indispensvel dentro do hospital. Crianas e adolescentes tendem a perder a noo do tempo diante de muito tempo de internao; muito oportuno utilizar os recursos das crianas mais velhas presente, favorecendo a troca entre os pares, potencializando a socializao e a aprendizagem; Tambm cabe observar as crianas mais comprometidas na classe hospitalar e que muitas vezes no esto acompanhadas das mes ou responsveis, para procurar desenvolver atividades individuais com as mesmas; Ensinar as mes a atuarem como mediadoras, oferecendo modelos de condutas e dicas fundamental, pois dinamiza as atividades na classe e possibilita que elas tambm participem das propostas; O teatro exige cuidado para ser trabalhado, pois alguns temas propostos nessa modalidade podem evocar sentimentos ou projees. Unidade 9 Jogos e atividades pedaggicas para classes hospitalares:

    Frienmann (1996): O educador deve pensar em estratgias de interveno que estejam coerentes com os objetivos traados e que respondam s realidades de todas as crianas. As atividades devem favorecer o desafio como a descoberta, a criatividade e a criticidade.

    A possibilidade de trazer o jogo para dentro da escola uma possibilidade de pensar a educao numa perspectiva criadora, autnoma, consciente. Atravs do jogo, no somente abre-se uma porta para o mundo social e para a cultura infantil como se encontra uma rica possibilidade de incentivar o seu desenvolvimento.

    Fonseca (2008): duas questes importantes que envolvem a utilizao de materiais em ambientes hospitalares:

    Adequao do brinquedo aos interesses, necessidades e habilidades da criana; Segurana para que a atividade ldica no se constitua em ameaa integridade fsica da criana, evitando-se, como j sabemos e descrito pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), que crianas menores de trs anos manipulem peas midas que podero ser engolidas.

    Manter a limpeza dos materiais fundamental no somente para evitar riscos adicionais sade de todos os envolvidos nesse ambiente, mas tambm porque torna o espao mais acolhedor e convidativo.