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    LiberdadeReligiosano Mundo em 2014 Resumo

    NO MUNDO 2014

    LIBERDADE RELIGIOSARESUMO

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    RESUMO

    NO MUNDO 2014

    LIBERDADE RELIGIOSA

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    NDICE

    Prefcio de Paul Jacob Bhatti 5

    Resumo das Concluses 6

    Concluses 8

    Mapa da Perseguio Religiosa 18Situao Geral da Liberdade Religiosa 30

    Case Study

    Coreia do Norte: Missionrio condenado a trabalhos forados perptuos 9

    Iro: Permisso concedida para mesquitas sunitas em Teero 10

    Nigria: Grupo terrorista islmico Boko Haram rapta mais de 200 alunas 13

    Mianmar: Governo prope limitar os nascimentos para conter o aumentodos muulmanos rohingya 14

    Blgica: Quatro pessoas mortas em tiroteio num museu judaico 16

    Barm: Construo de catedral uma luz na escurido 21

    Paquisto: Vinte e dois peregrinos muulmanos xiitas mortos em ataque bombista 22

    Sudo: Meriam Ibrahim escapa pena de morte por apostasia 24

    China (Tibete): Monge budista morre na priso 26

    Repblica Centro-Africana: Cristos e Muulmanos juntos pela paz 28

    Editor-Chefe: John Pontifex, Editor: Reinhard Backes, Assistente Editorial: Mark Banks, Presidente do Comit Editorial: Peter Sefton-Williams, ComitEditorial: Marc Fromager, Maria Lozano, Raquel Martin, Roberto Simona, Benedikt Steinschulte, Padre Paul Stenhouse, Mark von Riedemann.

    Publicado pela Fundao Ajuda Igreja que Sofre, Rua Prof. Orlando Ribeiro, 5 D, 1600-796 Lisboa.

    Em todo o mundo existem milhes de pessoas que sofrem perseguio religiosa. Ajudar quem passa por estas situaes e informar a opinio pblicasobre as mesmas tem sido o mote da aco da Ajuda Igreja que Sofre (AIS), uma Fundao Pontifcia da Igreja Catlica cujo objectivo apoiar projectospastorais nos pases onde a Igreja Catlica est em dificuldade. A Fundao AIS tem secretariados nacionais em vinte pases da Europa, Amrica, sia eOcenia, apoiando mais de cinco mil projectos todos os anos em cerca de 140 naes de todo o mundo.

    A imagem da capa apresenta o interrogatrio do missionrio sul-coreano Kim Jung-Wook pelas autoridades norte-coreanas em Maio de 2014. CopyrightAP/Press Association. Ver case study na pgina 9 para mais detalhes.

    Concepo grfica: The Graphic Design House, Walton Road, Farlington, Portsmouth PO16 1TR

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    A causa da liberdade religiosa uma causa que mudou avida da minha famlia e a minha para sempre.

    Era uma manh chuvosa de 2 de Maro de 2011 quando omeu irmo Shahbaz Clement Bhatti, ento ministro Federalpara as Minorias no Paquisto, foi morto em plena luz dodia. A sua determinao para pr fim a todos os tipos de

    injustias e para proteger as comunidades oprimidas emarginalizadas custou-lhe a vida.

    Quando Shahbaz foi morto, eu podia escolher entrecontinuar a vida que tinha em Itlia ou pegar no bastodeixado pelo meu irmo e continuar a tarefa que ele haviaestabelecido para si mesmo. A minha conscincia deixou-me sem dvidas: acredito que fui guiado por Deus paracontinuar a sua viso e misso, protegendo aqueles cujosdireitos humanos bsicos so demasiadas vezes violadospor causa de discriminao, extremismo e dio religioso.Consequentemente, assumi a funo de ministro Federal daHarmonia Nacional e dos Assuntos das Minorias no Governo

    do Paquisto, bem como a Presidncia da organizao AllPakistan Minorities Alliance(APMA). Esta organizao tinhasido criada pelo meu falecido irmo com o objectivo degarantir que todas as minorias religiosas tivessem voz numaplataforma. Ao mesmo tempo, criei o fundo Shahbaz BhattiMemorial Trust, para que o legado do meu irmo continuassea promover a liberdade religiosa, a igualdade humana e a

    justia social.

    Nunca pensei que viria trabalhar no Paquisto depois deter estabelecido o meu consultrio mdico em Itlia. Estariaa comprometer a liberdade pessoal e profissional de quegozava. Apesar disso, um ms antes da morte de Shahbaztivemos uma discusso bastante significativa e ele pediu-meque viesse trabalhar no Paquisto. Na altura, pensei queestava a gozar e respondi: Ests a chamar-me do parasopara o inferno. Ele respondeu imediatamente: O caminhopara o paraso est no Paquisto. A sua convico forte einabalvel e a discusso comigo sempre significaram queo no envolvimento no era uma opo. Sendo uma famliahumana, somos obrigados a lutar por aqueles que sodemasiado fracos para falar por si prprios e se defenderem.

    Estou extremamente agradecido Ajuda Igreja que Sofre(AIS) pelo seu envolvimento em realizar esta importantetarefa de avaliar situaes de liberdade religiosa em todoo mundo. Ningum deve ter de sofrer violncia fsica eintimidao psicolgica por declarar aquilo que consideramais precioso e ao qual adere. A liberdade religiosa um

    direito e uma responsabilidade que envolve todos. Todos nstemos direito a expressar as nossas crenas, respeitando af de cada um.

    A liberdade religiosa , pela sua natureza, um direito paratodos, partilhado de forma igual, e por isso que recomendoo Relatrio Internacional da Liberdade Religiosa no Mundo

    da AIS, por olhar para a situao e avali-la atravs deum amplo leque de grupos religiosos em pases de todoo mundo. Ao faz-lo, este relatrio desafia as pessoas apensarem de novo sobre este direito fundamental, que umdireito central para uma sociedade livre, justa e prspera. a necessidade mais fundamental do momento num mundodividido onde nalgumas partes h um renascer religioso enoutras uma tendncia para a indiferena religiosa e parao atesmo. Num mundo cada vez mais polarizado, umconsenso crescente sobre a natureza da liberdade religiosae o respeito por ela pode mostrar ser crucial na nossa lutacontra o fanatismo e uma cultura de violncia, seja por parte

    do Estado, de extremistas ou de grupos terroristas.

    PREFCIO PAUL JACOB BHATTI,ANTIGO MINISTRO FEDERAL DA HARMONIA E DAS MINORIAS, PAQUISTO

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    1. Dos 196 pases do mundo, oitenta e um pases ou seja, 41% so identificados como locais ondea liberdade religiosa perseguida (nvel alto oumdio) ou est em declnio.

    2. Um total de trinta e cinco pases ou seja, 18% foi classificado como tendo alguns problemas de

    liberdade religiosa que so preocupantes, massem deteriorao da sua situao.

    3. Os restantes oitenta pases ou seja, 41% notransmitiram preocupaes em relao liberdadereligiosa. O relatrio no encontrou violaesregulares ou sistemticas liberdade religiosanestes pases.

    4. Nas situaes em que houve uma mudana daliberdade religiosa, essa mudana foi quase semprepara pior. Nos 196 pases analisados, a mudana paramelhor notada em apenas seis pases. Registam-se situaes de deteriorao das condies emcinquenta e cinco pases (ou seja, 28%).

    5. Mesmo nos seis pases onde foram observadasalgumas melhorias, quatro pases Iro, Emirados

    rabes Unidos, Cuba e Catar permanecemclassificados como locais de perseguio alta oumdia. O Zimbabu e Taiwan esto classificadoscomo locais de perseguio preocupante ebaixa, respectivamente.

    6. No total, vinte pases so designados como deperseguio alta em relao liberdade religiosa.

    a. Destes, catorze experimentam perseguioreligiosa relacionada com o extremismoislmico. So eles: Afeganisto, RepblicaCentro-Africana, Egipto, Iro, Iraque, Lbia,Maldivas, Nigria, Paquisto, Arbia Saudita,Somlia, Sudo, Sria e Imen.

    b. Nos restantes seis pases, a perseguioreligiosa est ligada a regimes autoritrios.So eles: Mianmar, China, Eritreia, Coreia do

    Norte, Azerbaijo e Usbequisto.

    ResumodasConcluses(Perodo em anlise: de Outubro de 2012 a Junho de 2014)

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    Com base nestes dados, o Relatrio conclui:

    7. No perodo em anlise, a liberdade religiosa globalentrou numa fase de declnio grave.

    8. A impresso dada pelas manchetes dos meios decomunicao social globais de um aumento dasperseguies dirigidas s comunidades religiosasmarginalizadas suportada por esta investigao.

    9. Os pases muulmanos so predominantes nalista de estados com as violaes mais graves liberdade religiosa.

    10. A liberdade religiosa est em declnio nos pasesocidentais predominante ou historicamentecristos. Dois factores principais explicam estefenmeno. Primeiro, h desacordo em relaoao papel a ser desempenhado pela religio napraa pblica. Segundo, a abertura liberdadereligiosa est ameaada por causa do aumento dapreocupao social com o extremismo.

    11. Os Judeus na Europa Ocidental esto sujeitosa um nvel em geral baixo de violncia e outrosabusos. No entanto, estes problemas aumentaram,desencadeando emigraes para Israel.

    12. Foram identificados alguns sinais positivos decooperao positiva, mas estes resultaram muitasvezes de iniciativas locais e no de progressos a

    nvel nacional.13. A perseguio das minorias religiosas de longa

    data e o aumento dos estados uniconfessionaisesto a resultar em deslocaes populacionaisextremamente elevadas que contribuem para acrise mundial de refugiados.

    14. A perseguio das minorias religiosas de longadata e o aumento dos estados uniconfessionaisesto a resultar em deslocaes populacionaisextremamente elevadas que contribuem para acrise mundial de refugiados.

    15. Os pases da Europa Ocidental, que at sltimas dcadas eram maioritariamente cristos eracialmente homogneos, esto a tornar-se maisparecidos com as sociedades multiconfessionaise diversificadas do Mdio Oriente. Isto est a gerartenses, tanto polticas como sociais.

    16. O aumento da iliteracia religiosa entre osdecisores polticos ocidentais e os meios de

    comunicao social internacionais esto a dificultaro dilogo produtivo e a elaborao de polticaseficazes.

    17. Conclumos que, para reverter as tendnciasperturbadoras identificadas neste Relatrio, aresponsabilidade de combater a violncia e aperseguio pertencem sobretudo e em primeirolugar s prprias comunidades religiosas. Anecessidade de todos os lderes religiososproclamarem em voz alta a sua oposio violncia de inspirao religiosa e de reafirmaremo seu apoio tolerncia religiosa esto a tornar-se

    cada vez mais urgentes.

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    CONCLUSES

    AP / Press Association

    Os actos de violncia cometidos em nome da religiocontinuam a dominar os meios de comunicao socialinternacionais. A impresso inevitvel de que o terror deinspirao religiosa no s est generalizado como est aaumentar. Infelizmente, este relatrio confirma esta avaliao.

    Em quase todos os pases onde registmos uma mudana

    na situao e na condio das minorias religiosas, essamudana foi para pior. Por vezes, a deteriorao causadapor discriminao legal ou constitucional; noutros casosest relacionada com hostilidade sectria, muitas vezesligada a tenses raciais ou tribais. Nalguns casos envolveum grupo religioso que oprime outro, ou que tenta mesmoelimin-lo. Noutras situaes ainda, um estado autoritriotenta restringir as actividades de um grupo religiosoespecfico. Nos pases ocidentais, a tenso religiosa est aaumentar, provocada pelo fenmeno recente do atesmoagressivo, do secularismo liberal e do influxo rpido demigrantes econmicos e refugiados com uma f e umacultura claramente diferentes das do pas de acolhimento.

    Nos 196 pases abrangidos por este relatrio efectivamente todos os pases do mundo notmos umadiferena em sessenta e um pases. Em apenas seispases registmos uma melhoria na situao das minoriasreligiosas. Nos restantes cinquenta e cinco pases vimosuma mudana para pior. Isto significa que em quase 30%dos pases analisados, abrangendo o perodo de Outubrode 2012 a Junho de 2014, a situao das comunidadesreligiosas se tinha deteriorado significativamente ousimplesmente deteriorado.

    Identificmos igualmente vinte e seis pases onde as

    restries liberdade religiosa j so altas ou mdias,mas onde no foram notadas mudanas nos ltimos doisanos. Se juntarmos estes vinte e seis pases aos cinquenta ecinco que viveram uma deteriorao, vemos que em oitenta eum dos 196 pases do mundo ligeiramente acima dos 40% a liberdade religiosa est comprometida ou em declnio.

    O nmero de pases que so classificados comoregistando violaes liberdade religiosa altas oumdias independentemente de se terem deteriorado,melhorado ou permanecido na mesma durante o perodoem anlise chega aos cinquenta e seis, pouco menos de30% do total.

    Nos casos em que foram alcanados bons resultados, elessurgem muitas vezes como consequncia de iniciativaslocais e no atravs de progressos a nvel nacional.

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    CASE STUDY

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    COREIA DONORTEMISSIONRIO CONDENADO

    A TRABALHOS FORADOSPERPTUOSMaio de 2014: O missionrio sul-coreano Kim

    Jung-Wook, de 50 anos, foi condenado atrabalhos forados perptuos pelas autoridadesnorte-coreanas por alegadamente espiar e tentarestabelecer igrejas clandestinas no estadototalitrio. Kim foi detido seis meses antes, emOutubro de 2013, depois de entrar na Coreia doNorte a partir da China. Apareceu em Fevereironuma conferncia de imprensa norte-coreanaonde apelou s autoridades norte-coreanas paraque tivessem misericrdia dele. Disse tambm quetinha recebido apoio de uma agncia de serviosde informao da Coreia do Sul e pediu desculpapor cometer crimes contra o Estado. Contudo,

    outros detidos anteriores retrataram-se mais tardedas suas declaraes depois de aparecerem emconferncias de imprensa encenadas.

    A Coreia do Sul negou ter quaisquer ligaes aKim para realizao de espionagem. De acordocom um amigo de Kim em Seul, este tinha estadosediado sobretudo em Dandong, na China, desde2007. Kim ajudou defectores norte-coreanos achegarem Coreia do Sul atravs da Tailndia,do Laos e de outros pases na regio. Contudo,recentemente tinha-se voltado mais para o

    fornecimento de alimentos e alojamento a norte-coreanos que tinham recebido autorizao parair China procurar emprego, muitas vezes semsucesso, o que os deixava sem rendimentos ououtros meios de subsistncia

    Fontes:AP/The Guardian,31 de Maio de 2014; NY DailyNews, 27 de Fevereiro de 2014.

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    Embora os meios de comunicao social internacional seconcentrem naturalmente em relatos principais de violnciae crueldade ligados ao extremismo religioso, h poucaanlise subsequente de quais podero ser as implicaes

    e consequncias destas aces. A comunicao socialtambm falha redondamente no relato das razes religiosasdestes conflitos, o que poderia pelo menos fornecer ocontexto para uma melhor compreenso. O pblico ficacom a sensao de que os acontecimentos registadosso actos aleatrios de crueldade cometidos por homensarmados enlouquecidos. Espera-se que este relatriovenha rectificar algumas destas falhas.

    De acordo com esta interpretao secular da comunicaosocial, as comunidades de crentes so cada vez mais umproblema a ser gerido, e mesmo marginalizado, em vezde uma tradio a ser incentivada e apoiada. No Ocidente

    est a ganhar terreno a perspectiva de que a religio, emvez de fazer sobressair o melhor na humanidade, gera osseus piores aspectos.

    Ligado violncia de inspirao religiosa est um declnioda tolerncia religiosa, do pluralismo religioso e dodireito autodeterminao religiosa. Embora o direito liberdade religiosa esteja consagrado no Artigo 18 daDeclarao Universal dos Direitos Humanos, este direitoest ameaado em quase todo o lado. Embora seja difcilde quantificar, a tendncia de afastamento do pluralismoreligioso, sobretudo no mundo em desenvolvimento, estclaramente documentada neste relatrio.

    Em partes do Mdio e Extremo Oriente, o fenmenodo estado uniconfessional est a emergir. Onde antesvrios grupos cristos e muulmanos conseguiram viverem conjunto durante sculos, h agora uma tendnciacrescente para que o grupo religioso dominante insista,muitas vezes atravs da imposio da lei da sharia ou deinstrumentos como a lei da blasfmia, na conformidadeuniversal da prtica religiosa.

    O surgimento do Estado Islmico (antes conhecido comoEstado Islmico do Iraque e do Levante) o exemplo maisbvio desta situao. Em Julho de 2014, os jihadistasexpulsaram todas as comunidades religiosas, incluindomuulmanos no-sunitas, para fora de Mossul, a cidadea norte do Iraque que tinham tomado no ms anterior. OsCristos foram forados a converter-se ao Islamismo ou air-se embora. Foi-lhes dado um prazo e o Estado Islmicodeclarou que, se no cumprissem, no h nada para elesseno a espada. A cidade que at recentemente alojavacerca de 30 mil cristos ficou de repente sem nenhum epela primeira vez em 1600 anos no houve Missa dominical.

    O extremismo e a perseguio desta natureza surgemcomo um factor significativo no fenmeno crescentedas migraes em massa. As comunidades religiosasminoritrias no Mdio Oriente tm estado em declnioh muitos anos, mas no perodo em anlise uma crisehumanitria pr-existente piorou de repente e de formadrstica. Por exemplo, os cristos na Sria diminuram de

    1,75 milhes no incio de 2011 para talvez pouco mais de1,2 milhes no Vero de 2014 um declnio de mais de 30%em trs anos. No Iraque, o declnio ainda mais acentuado.Claramente, a religio no foi o nico factor que levou as

    pessoas a fugirem da sua ptria factores econmicos esegurana geral foram as preocupaes prevalecentes ,mas, mesmo assim, o dio religioso tornou-se cada vezmais numa fora motriz bvia para o fenmeno crescentedos refugiados. O aumento das migraes relacionadascom a perseguio religiosa pode, por isso, ser relacionadocom o anncio do ACNUR em Junho de 2014 de queo nmero mundial de deslocados e refugiados tinhaalcanado os 50 milhes pela primeira vez na era ps-Segunda Guerra Mundial. A criao de estados teocrticosou uniconfessionais est a ter um impacto profundo noapenas naqueles pases onde est a ser posta em prticamas tambm nas democracias ocidentais.

    Os deslocados dos grupos religiosos esto a procurarrefgio no Ocidente, criando assim um leque de desafiossociais e econmicos. Ironicamente, medida que opluralismo religioso entra em declnio nessas reas doMdio Oriente, as democracias ocidentais, historicamentesobretudo crists e elas prprias em grande medidauniconfessionais, esto a ter de aprender a viver com opluralismo religioso, muitas vezes pela primeira vez.

    A ascenso das redes sociais significou que ofundamentalismo e o dio religioso so sentidos muitopara alm das fronteiras geogrficas. O extremismo,

    popularizado atravs do Facebook, do Twitter, de salasde conversao e outras redes sociais, de tal forma queo dio religioso pregado num pas distante rapidamentese transforma numa preocupao local. A manifestaomais bvia disto o recrutamento de pessoas do Ocidentepara se envolverem em conflitos no Mdio Oriente. Acomunicao social ocidental destaca cada vez mais aspreocupaes com a crescente ameaa para o Ocidenteda actuao da Gerao Jihad em solo nacional.Ataques espordicos de indivduos radicalizados contracomunidades religiosas especficas no Ocidente muitasvezes com as redes sociais a desempenharem um papelimportante confirmam que esta ameaa de facto j existe.

    Em geral, contudo, o grau de opresso religiosa nasdemocracias ocidentais mantm-se baixo. Apesar disso,como este relatrio regista, h tendncias genuinamentepreocupantes.

    O principal entre estes desenvolvimentos que, enquantocada vez mais a opinio ocidental dominante consideraa discriminao com base na raa, gnero e sexualidadecomo inaceitvel, h ao mesmo tempo um declnio noconsenso sobre os direitos de conscincia dos crentes.

    Sobretudo em relao a assuntos como escolas religiosas,casamento homossexual e eutansia, h um conflitocrescente entre perspectivas religiosas tradicionais eo consenso liberal progressista. Enquanto a opiniodominante admite que os crentes devem, no mnimo, ser

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    NIGRIAGRUPO TERRORISTA ISLMICO BOKO HARAM RAPTA MAIS DE 200 ALUNAS

    Abril de 2014: Cerca de 276 alunas foram raptadaspor membros do grupo terrorista Boko Haram de umaescola secundria em Chibok, estado de Borno, nonordeste da Nigria, na noite de 14 para 15 de Abril. Amaior parte das raparigas raptadas pertencia a famliascrists, mas algumas eram muulmanas. De acordo comrelatos, no incio do rapto, cinquenta e trs raparigas

    conseguiram escapar. Na altura em que escrevemos,a polcia nigeriana relatou que os militantes aindadetinham 223 raparigas.

    A 12 de Maio, o grupo terrorista divulgou um vdeoque mostrava cerca de 130 raparigas vestidas comhijabs completos e foradas a recitar versos do Coro.Vestindo uniforme militar, muito semelhante ao doExrcito Nacional, o lder do Boko Haram, AbubakerShekau, confirmou que as suas prisioneiras tinham sidoforadas a converter-se ao Islamismo.

    O Arcebispo Ignatius Kaigama de Jos, Presidente daConferncia Episcopal da Nigria, descreveu a suaangstia em relao situao difcil destas raparigas.Ignatius Kaigama disse: Estou muito preocupado elasso simples raparigas inocentes e todo o ser humanose sente mal com isto. A vida sagrada. Quando lhepediram a sua opinio sobre a razo pela qual o grupo

    terrorista teria levado a cabo estes raptos, o Arcebisporespondeu: Eles queriam ferir o corao da Nigria.

    O lder dos Catlicos da Nigria afirmou ainda que,tendo tentado todos os outros meios, a orao eraactualmente a melhor soluo para a ameaa do BokoHaram. E disse: Tentmos o dilogo e no funcionou;o Governo usou a fora e no funcionou Nesta fase, oque precisamos de fazer rezar s Deus pode tocar ocorao destas pessoas.

    Fontes: Ajuda Igreja que Sofre do Reino Unido, 13 de Maio de2014; BBC News Online, 9 e 12 de Maio; Daily Mail Online, 12

    de Maio de 2014.

    CASE STUDY

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    MIANMARGOVERNO PROPE LIMITAR OS NASCIMENTOS PARA CONTER O

    AUMENTO DOS MUULMANOS ROHINGYAMaio de 2013: As autoridades no estado ocidental deRakhine, Mianmar, introduziram uma regulamentaolocal de planeamento familiar que estabelece um limitede dois filhos s famlias do grupo minoritrio muulmanorohingya, numa tentativa de restringir o crescimentopopulacional rpido e conter a violncia sectria. Aocontrrio de outras minorias no pas, as famliasrohingyano tm plenos direitos de cidadania em Mianmar e sovistas por muitos como imigrantes ilegais.

    A regulamentao segue-se a propostas feitas por umacomisso do Governo central criada em 2012 parainvestigar a violnciaanti-rohingyano estado ocidentalde Rakhine. Este painel criado pelo presidente TheinSeintem vinte e sete membros de diferentes origens.Uma declarao da comisso demonstrou que poucoprovvel que os muulmanosrohingyadeslocadosregressem a casa em breve, argumentando que asegregao generalizada de budistas e muulmanos uma soluo temporria que deve ser aplicada por agora.

    O relatrio elaborado pela comisso pr-governamentalconcentra-se nas preocupaes expressadas pelamaioria budista no estado de Rakhineem relao aocrescimento da populao muulmana.

    Activistas e organizaes de direitos humanos tmsrias dvidas e desconfianas sobre a proposta. AHuman Rights Watch, com sede nos EUA, afirma queas autoridades esto envolvidas numa limpeza tnicavirtual na rea. Aung San Suu Kyi, a conhecida lder daoposio birmanesa, disse que, caso seja confirmado,o limite imposto de dois filhos uma violao flagrantedos direitos humanos.

    De Junho de 2012 a Maio de 2013, a regio tem sidopalco de violentos confrontos entre budistas birmanesese muulmanosrohingya(que constituem cerca de 800mil em todo o pas), nos quais morreram cerca de 200pessoas, deixando mais 140 mil deslocados.

    Fontes: www.AsiaNews.it, 1, 24 e 28 de Maio de 2013.

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    livres de praticar a sua f em privado, h cada vez menosconcordncia sobre o quanto essa f deve ser autorizada amanifestar-se na sociedade em geral.

    Isto leva a uma tendncia cada vez mais evidente para

    que os direitos de alguns grupos se sobreponham aosdireitos de outros grupos. Na prtica, esta hierarquia dedireitos significa que nas situaes em que os direitosdos defensores dos direitos dos homossexuais ou daigualdade de gnero entram em conflito com os direitosde conscincia dos crentes os primeiros assumemhabitualmente precedncia. No Reino Unido, por exemplo,as agncias de adopo catlicas que se recusam a colocarcrianas em casais homossexuais foram foradas a mudaras suas normas ou ento tiveram de encerrar. So inmerosos exemplos desta tendncia em toda a Europa Ocidental.

    Espera-se que este relatrio possa desencadear uma

    maior reflexo sobre os preceitos fundamentais daliberdade religiosa, sobretudo em relao forma comoos grupos religiosos devem ser autorizados a discordarlegalmente das normas prevalecentes.

    Este relatrio tambm destaca a necessidade de o Ocidentedesenvolver um entendimento mais completo e sofisticadodas motivaes religiosas. A iliteracia religiosa dos decisorespolticos ocidentais est a criar uma enorme barreira deentendimento entre o Ocidente e outras partes do mundo. Asintervenes ocidentais no Iraque e no Afeganisto so doiscasos onde esta falta de compreenso, ou de entendimentoreligioso, demasiado evidente.

    No faz parte do mbito deste relatrio explicar ocrescimento da intolerncia e da violncia religiosa. Semdvida que no futuro os historiadores vo discernir asrazes por detrs disso. Apenas podemos apresentaralgumas das explicaes actuais mais populares.

    Uma teoria comum relaciona-se com a frustrao quecresceu a partir da incapacidade do mundo islmico dese desenvolver to rapidamente como o Ocidente nosltimos sculos. Isto levou alguns muulmanos a lutarempelo restabelecimento de uma Idade do Ouro doCalifado, quando o Islamismo era visto como emergindo

    de forma triunfante.Outra considerao a de que a globalizao e omulticulturalismo, longe de gerarem maior tolerncia,levaram a que os grupos religiosos e tnicos se sentissemameaados e por isso se tenham retirado para umamentalidade de isolacionismo intolerante.

    Uma terceira considerao de que a democraciaocidental em tempos to admirada e imitada j no vista automaticamente como o modelo preferido para ospases em desenvolvimento. A argumentao de que, seo liberalismo ocidental leva ao aborto, contracepo, falta de recato, desestruturao da famlia, ao casamentohomossexual e a uma dvida nacional e pessoal enormes,ento os grupos religiosos tradicionais no querem fazerparte disso.

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    BLGICAQUATRO PESSOAS MORTAS EM TIROTEIO NUM MUSEU JUDAICOMaio de 2014: Quatro pessoas foram mortas numtiroteio no Museu Judaico de Bruxelas por um homemque passou mais de um ano na Sria e que tem ligaescom muulmanos radicais. A 24 de Maio de 2014, umhomem armado com uma espingarda Kalashnikovabriufogo no museu, matando trs pessoas no local e ferindogravemente uma quarta pessoa, que foi levada para ohospital e faleceu quase duas semanas mais tarde, a 6de Junho. As trs pessoas que morreram no local eramdois israelitas (Emanuel e Miriam Riva, um casal de meiaidade de frias vindo de Tel Aviv) e uma mulher francesa.

    A quarta vtima era Alexandre Strens, um jovem belgaque trabalhava no museu. Strens nasceu em Marrocos,de me judaica e pai berbere argelino.

    O ataque durou menos de noventa segundos, aps osquais o atirador abandonou a cena a p. A sua imagem foiparcialmente captada por cmaras de filmar de seguranaantes de ter desaparecido para o centro de Bruxelas. JolleMilquet, ministra do Interior, estava no local quando a polcia

    isolou a rea e foi citada como tendo dito: provvel queeste seja um ataque anti-semita.

    A 30 de Maio, Mehdi Nemmouche, um francs de 29anos, foi detido em Marselha em ligao com o tiroteio.Joel Rubinfeld, responsvel da Liga Belga contra o Anti-Semitismo, disse que a deteno era um alvio, masque o perfil de jihadista srio de Mehdi Nemmoucheconstitua uma fonte de profunda ansiedade. fundamental que os pases que tm cidados que forampara a Sria tomem todas as medidas necessrias paragarantir que isto no volte a acontecer, disse. RogerCukierman, presidente do Conselho das OrganizaesJudaicas em Frana, disse: parece que os pioresreceios dos governos ocidentais esto a acontecer. Os

    jihadistas europeus na Sria so uma bomba-relgioprestes a explodir.

    Fontes: The Independent,24 de Maio e 1 de Junho; Wikipedia(Jewish Museum of Belgium shooting) referenciado a 27 de

    Junho de 2014.

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    LEGENDA

    VIOLETA:Perseguio Elevada

    ENCARNADO:Perseguio Moderada

    Para consultar mais classificaes de pasesveja as pginas 30 e 31 deste relatrio.

    MAPA DA PERSEGUIO RELIGIOSA

    18|

    Lbia

    Nigria

    Sudo

    S

    RepblicaCentro-Africana

    Egipto

    EritreiaMali

    Angola

    Bielorrssia

    Eti

    Grcia

    Qu

    Cuba

    Turquia

    Lbano

    Arglia

    Marrocos

    Mauritnia

    Chipre

    Israel

    Tanznia

    Tunsia

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    www.religion-freedom-report.org

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    raque

    Paquisto

    erbaijo

    Mianmar

    China

    Usbequisto

    Afeganisto

    Maldivas

    Coreiado Norte

    ArbiaSaudita

    Somlia

    Imen

    Iro

    Bangladeche

    Indonsia

    Cazaquisto

    Brunei

    Kuwait

    CatarEmiradosrabesUndos

    Quirguisto

    Malsia

    ritrio daestina

    ndia

    Turquemenisto

    Federao Russa

    BarmVietname

    Laos

    Nepal

    Comores

    SriLanka

    Tajiquisto

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    BARMCONSTRUO DE CATEDRAL UMA LUZ NA ESCURIDOMaro de 2014: A ilha do Barm fica apenas a 25 km dedistncia da costa da Arbia Saudita, que governadapor um dos regimes mais repressivos do mundo. Aproposta de construo de uma catedral catlica com2.500 lugares no Barm vista por muitos Cristos eoutros como tendo enorme potencial para a emergnciade uma atitude mais tolerante para com as comunidades

    religiosas minoritrias em todo o mundo rabe.Em Maro de 2014, o Bispo Camillo Ball in do Vicariato

    Apostlico da Arbia do Norte confirmou que o rei IsaAl Khalifah do Barm tinha disponibilizado um terreno Igreja Catlica para construir a catedral. Dedicadaa Nossa Senhora da Arbia, a catedral vai servircerca de 2,5 milhes de catlicos (350 mil dos quaisesto no Barm). A grande maioria so trabalhadoresestrangeiros originrios da ndia, das Filipinas, doPaquisto, do Bangladesh e de outros pases, que agoraresidem no Barm, Kuwait, Catar e Arbia Saudita. Anova estrutura vai ser um ponto central para as dez

    parquias do territrio.

    A prt ica do Cristianismo na Pennsula rabica fortemente criticada, sobretudo na Arbia Saudita, e maioritariamente limitada s embaixadas estrangeirase casas particulares. Em geral, os sacerdotes noso autorizados a aparecer em pblico vestidos comtrajes clericais e os Muulmanos esto estritamenteproibidos de se converterem ao Cristianismo.

    Embora as mulheres crists na Arbia Saudita sejamautorizadas a casar com homens muulmanos,os homens cristos esto proibidos de casar commulheres muulmanas. A construo da nova catedralno Barm assinala um avano nas relaes entre aIgreja e o Estado e tambm testemunho do que oBispo Ballin descreve como um nmero cada vezmaior de catlicos na regio.

    Fontes: National Catholic Register, 20 de Maro de 2014 (www.ncregister.com); Ajuda Igreja que Sofre dos EUA, 19 de Marode 2014.

    Com justificao, a comunicao social concentra-sesobretudo no terrorismo islmico. Mas, tal como esterelatrio mostra, isso no conta a histria toda. Dos vintepases que identificmos como tendo um problema de

    perseguio muito alta em relao liberdade religiosa,seis deles Azerbaijo, Mianmar, China, Eritreia, Coreiado Norte e Usbequisto so governados por regimesautoritrios onde os Muulmanos se destacam entre asvtimas de perseguio religiosa.

    O relatrio refora investigaes anteriores queestabeleciam que os Cristos so de longe o gruporeligioso mais perseguido. A susceptibilidade dos Cristos opresso est directamente relacionada com o factode eles estarem historicamente muito dispersos, muitasvezes em culturas muito diferentes das suas. Muitosdos pases onde os Cristos esto estabelecidos h

    geraes ou mesmo milnios tornaram-se agora sujeitosao extremismo. Em quase todos os vinte pases queidentificmos com nveis de perseguio mais alta liberdade religiosa, os grupos minoritrios muulmanostambm enfrentam perseguies terrveis e sistemticas.

    Contudo, deve referir-se que, na maior parte dos casos,estas so realizadas por outros muulmanos. O aumentoda tenso entre muulmanos xiitas e sunitas um temaconstante neste relatrio.

    As comunidades judaicas tambm sofreram um aumentonas ameaas e violncia, nomeadamente nalgumas partesda Europa ocidental, desencadeando nveis recorde deemigraes para Israel.

    Notando um declnio na liberdade religiosa que afectajudeus, cristos e outras comunidades, o antigo Rabinoprincipal britnico, Jonathan Sacks, afirmou no Parlamentobritnico, em Julho de 2014, que um novo tribalismoestava a levar ao uso da religio como o manto dasantidade para disfarar e legitimar a simples procura dopoder, acrescentando: O prprio Deus chora com osmales que esto a ser cometidos em Seu nome.

    Quaisquer que sejam as possveis razes para o declnio dopluralismo e da tolerncia religiosa seja motivadas pelo diode outra religio ou pelo dio de qualquer religio , os danos condio humana no seu nvel mais profundo so evidentes.

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    PAQUISTOVINTE E DOIS PEREGRINOS MUULMANOS XIITAS MORTOS EM ATAQUE BOMBISTA

    Janeiro de 2014: Pelo menos vinte e dois peregrinosxiitas, incluindo mulheres e crianas, foram mortosnum ataque bombista ao seu autocarro no Paquistoocidental. A bomba explodiu perto do autocarro,

    que regressava sua cidade natal de Quetta, noBaluquisto, depois de uma viagem aos locaissagrados no vizinho Iro. Cinquenta e um passageirosestavam dentro do autocarro no momento da exploso.

    Pelo menos vinte pessoas ficaram feridas, segundoShafqat Anwar Shahwani, comissrio-adjunto da polciapara o distrito de Mastung. Shahwani disse que osresponsveis pela desactivao da bomba suspeitamque esta foi colocada beira da estrada e detonada distncia, mas no pe de lado a possibilidadede um ataque suicida. Shahwani acrescentou que o

    motorista do autocarro disse s autoridades que noviu qualquer carro a embater contra o seu veculo, mas

    que sentiu uma exploso repentina seguida de gritosde mulheres e crianas.

    Os ataques sectrios esto a aumentar no Paquisto,

    onde a minoria de muulmanos xiitas constitui cerca de20% da populao nacional de 175 milhes. Centenasde xiitas foram mortos em actos de violncia sectriano Paquisto em 2013, incluindo muitos professores,mdicos e crianas.

    Grupos como o Lashkar-e-Jhangvi, que j admitiramrealizarem ataques semelhantes contra a minoriaxiita do Paquisto, dizem que esto a lutar por umateocracia sunita e que os xiitas deviam deixar o pas ouser mortos.

    Fontes:Al Jazeera Amrica, 21 de Janeiro de 2014; BBC NewsOnline, 21 de Janeiro de 2014.

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    SUDOMERIAM IBRAHIM ESCAPA PENA DE MORTE POR APOSTASIAMaio a Junho de 2014: Meriam Ibrahim, grvida de oitomeses do seu segundo filho, foi condenada morte porenforcamento a 15 de Maio de 2014, por alegadamentecometer apostasia do Islamismo. Meriam filha de umpai muulmano e de uma me etope crist ortodoxa.Contudo, o pai de Meriam deixou a sua me quandoMeriam era ainda muito jovem e esta foi posteriormente

    educada na f crist, acabando por casar com DanielWani, um cristo. Meriam afirmava que tinha sidosempre crist.

    Apesar das suas reivindicaes, a acusao afirmou queela deveria ter seguido a f do seu pai ausente, e exigiu,com o apoio do juiz, que Meriam abandonasse a suaf crist e acreditasse em vez disso na f do seu pai, oIslamismo. Foram-lhe dados trs dias para o fazer, masela recusou, argumentado que tinha sido crist toda asua vida e que no podia prescindir ou alterar a sua f apedido de um tribunal.

    A sentena imposta a Meriam cedo chamou a atenode todo o mundo, com governos, indivduos e meios

    de comunicao social unidos na sua indignao. Estareaco aumentou ainda mais quando foi revelado queMeriam tinha dado luz o seu filho na priso com aspernas acorrentadas ao cho.

    A presso sobre as autoridades sudanesas continuoue, a 24 de Junho de 2014, Meriam Ibrahim foi libertadapor ordem de um tribunal de recurso sudans. Nodia seguinte, quando ela e a sua famlia estavam paraembarcar num avio para os Estados Unidos, foramdetidos e levados do aeroporto de Cartum para sereminterrogados, por alegaes de que ela tinha forjado osdocumentos de viagem. Meriam Ibrahim foi novamentelibertada no dia seguinte e refugiou-se na embaixada dosEstados Unidos em Cartum com a sua famlia. Cerca deum ms mais tarde, a 24 de Julho, viajou de avio paraRoma e encontrou-se com o Papa Francisco no Vaticano.Meriam e o seu marido Daniel viajaram ento para osEstados Unidos, onde esperam agora criar a sua famlia.

    Fontes:AP/The Guardian, 31 de Maio de 2014; NY Daily News,

    27 de Fevereiro de 2014.

    Cortesia de Gabriel Wani

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    Tal como disse o Papa Francisco num discurso, a 20de Junho de 2014: A razo reconhece que a liberdadereligiosa um direito fundamental do ser humano,reflectindo a sua mais elevada dignidade.

    Mesmo uma entidade declaradamente secular como aUnio Europeia reconhece a importncia fundamental daliberdade de crena religiosa. Num conjunto de directivasadoptadas em Junho de 2013, a UE afirma: Enquantodireito humano universal, a liberdade religiosa ou decrena salvaguarda o respeito pela diversidade. O seulivre exerccio contribui directamente para a democracia,o desenvolvimento, o estado de direito, a paz e aestabilidade.

    O presente relatrio, que comea por descrever ascondies enfrentadas por cada minoria religiosa emcada pas do mundo, publicado pela Ajuda Igreja que

    Sofre, uma organizao catlica que, enquanto FundaoPontifcia, est sob responsabilidade directa da Santa S.

    razovel perguntar se possvel que uma organizaocrist descreva objectivamente os sofrimentos de todosos crentes, sofrimentos esses que por vezes ocorrem smos de outros cristos. Os leitores podem, obviamente,julgar por si prprios o sucesso ou a incapacidade desterelatrio em faz-lo. Mas a nossa resposta que umrelatrio deste tipo sobre todas as minorias religiosaselaborado por uma organizao crist no s possvelcomo necessrio. As organizaes religiosas tm o deverde se opor veementemente quando qualquer comunidade

    religiosa est a ser atacada injustamente. Tal comosublinhado nos documentos do Vaticano, nomeadamentena Dignitatis Humanae (1965), a liberdade religiosagarante a expresso prpria a todos os grupos religiosos,sob condio de cada um deles respeitar os direitosinalienveis dos outros.

    Mas, para alargar o espectro de anlise dos nossosrelatrios nacionais individuais, a Ajuda Igreja queSofre pediu a especialistas em liberdade religiosa queidentificassem tendncias emergentes em frica, noMdio Oriente, na sia, na Amrica do Norte, na EuropaOcidental, na Rssia e sia Central, e na Amrica Latina.

    Os relatrios destes especialistas esto publicados natotalidade em formato electrnico e podem ser acedidosem: www.religion-freedom-report.org

    Em resumo, apresentamos aqui algumas das suasconcluses:

    A anlise do estado da liberdade religiosa em frica feita pelo antigo missionrio Jos Carlos RodrguezSoto. Este geralmente optimista em relao ao futuro daliberdade religiosa em frica, alegando que os problemasno devem ofuscar a realidade de que na maior partedos pases africanos os seus cidados gozam do direito liberdade religiosa, que exercido tendo por pano defundo uma cultura favorvel tolerncia e ao respeitomtuo entre diferentes denominaes religiosas.

    Destaca tambm como uma tendncia positiva o crescimentode grupos interconfessionais para o dilogo e a aco socialnos Camares, Nigria, Repblica Centro-Africana, Uganda,Zmbia, frica do Sul e Qunia, entre outros.

    Rodrguez Sotoidentifica igualmente a tendncia maispreocupante em frica nos ltimos dois anos como ocrescimento do fundamentalismo islmico encabeadopor grupos como a Al-Qaeda no Magrebe Islmico (nonoroeste de frica), o Boko Haram (na Nigria e zonascircundantes) e o Al Shabaab (com o seu bastio naSomlia). Diz que a resposta militar a estes gruposterroristas foi at agora ineficaz e que devem serprocuradas outras polticas, incluindo o dilogo religioso.

    Em relao ao mundo islmico, o Padre Paul Stenhouse,editor do jornal mensal catlico Annals Australasia e visitafrequente do Mdio Oriente, apela a que o Ocidente exera

    pacincia e conteno na regio, ao mesmo tempo quedeve desenvolver uma compreenso mais sofisticada dadiversidade de crenas em relao aos direitos humanosdentro do Islamismo.

    Cita situaes nas quais tentativas de reforma liberal empases com pouca ou nenhuma experincia de democraciaoriginaram violncia e revolta generalizadas, reafirmandoque Roma no se fez num dia. Faz uma refernciaespecial ao Iro. Escreve: Pela sua constituio,Zoroastrianos, Cristos e Judeus gozam de liberdadereligiosa. A profanao e destruio de igrejas ousinagogas uma caracterstica do extremismo islmico em

    muitos estados sunitas est admiravelmente ausente dascomunidades e sociedades xiitas.

    Na sia, o Padre Bernardo Cervellera, editor da AsiaNews, alega que ao longo dos ltimos anos a siacontinua a ser o continente onde a liberdade religiosa mais violada. Escreve: Excepto em pases como o Japo,Taiwan, Singapura, Filipinas (aparte de alguns episdiosem Mindanao) e Camboja, todos os outros pases relatamgraus variveis de violaes da liberdade religiosa decomunidades crists, muulmanas, hindus e sikhs, para jno falar em grupos considerados hereges pelas maioriaslocais, como os ahmadis e os sufis.

    Faz especial referncia Coreia do Norte, onde professarqualquer f para alm da dos semideuses reinantes dadinastia Kim proibido, e China, sobre a qual escreve:A China o pas onde os controlos sobre a religio somais metdicos e quase totais, como evidenciado pelacampanha violenta contra as comunidades no oficiaiscatlicas, protestantes, budistas e muulmanas.

    Os dois especialistas que escrevem sobre a Amrica doNorte Eric Rassbache Adle Keim doBecket Fund concentraram as suas atenes na deciso de Junhode 2014 do Supremo Tribunal dos Estados Unidos em

    relao ao caso Burwellv. Hobby Lobby Inc. Este casoenvolveu uma regulamentao federal que obriga muitosempregadores a pagarem pacotes de seguros de sade

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    CHINA (TIBETE)MONGE BUDISTA MORRE NA PRISODezembro de 2013: A polcia chinesa suspeita deespancar at morte um monge budista tibetano,Jamyang Geshe Ngawang, enquanto este estavapreso. Jamyang, de 45 anos, e dois dos seus amigosforam detidos pelos agentes de segurana pblica emNovembro de 2013 durante umas frias em Lhasa, acapital provincial do Tibete. Desde ento, no se ouviumais falar sobre ele at 17 de Dezembro, quandoa polcia entregou o corpo sua famlia. NgawangTharpa, um tibetano que vivia na ndia mas que mantmcontacto com o seu pas de origem, disse Rdio Free

    Asia: Ele foi espancado at morte. Quando a polciaentregou o seu corpo, avisaram os membros da famliapara que no dissessem nada sobre o incidente. Senoseriam mortos. At data, no houve notcias dos doisamigos detidos juntamente com Jamyang.

    Jamyang Geshe Ngawang era altamente respeitado pelacomunidade local e era popular entre os fiis locais. Deu

    aulas durante muitos anos num mosteiro indiano antes

    de regressar ao Tibete em 2007, onde aceitou o lugar deprofessor no mosteiro de Tarmoe Nagchu, condado de Diru.

    De acordo com o Centro Tibetano de Direitos Humanose Democracia, claro que o monge foi espancado at morte enquanto estava numa priso secreta. Ele eraum homem grande e de boa sade quando deixou omosteiro para visitar Lhasa.

    Em 2008, Jamyang foi detido no Tibete e condenadoa dois anos de priso, acusado de manter contactoscom pases estrangeiros. No entanto, foi libertadomais cedo por bom comportamento. Entre 1987 e oincio de 2005, segundo o Centro Tibetano de DireitosHumanos e Democracia, oitenta e sete prisioneirosforam torturados e morreram ou na priso ou poucotempo depois da sua libertao.

    Fontes: www.AsiaNews.it, 20 de Dezembro de 2013; CentroTibetano de Direitos Humanos e Democracia, 27 de Janeiro de2014 (www.tchrd.org).

    que incluem cobertura obrigatria de contraceptivos. OSupremo Tribunal considerou, aps uma votao de 5-4,que a famlia Green, proprietria do Hobby Lobby, podiaexcluir os contraceptivos abortivos sem penalizao

    governamental. Outra disputa relativa ao grau decolocao em prtica da sua f por parte dos crentes tema ver com uma ordem executiva emitida pelo presidenteObama (Julho de 2014) proibindo os empregadoresfederais de discriminarem com base na orientao sexualou identificao de gnero. Apesar do pedido de muitasorganizaes religiosas, a ordem no inclua qualquerexcepo para a prtica religiosa, colocando um ponto deinterrogao nalguns servios prestados por igrejas aospobres e aos sem-abrigo.

    Questes de conscincia do mesmo tipo so destacadasna sua anlise do Canad. Estes autores descrevem o

    caso da Universidade Trinity Western, uma universidadeprotestante evanglica que s aceita alunos que partilhema mesma f. Os opositores alegam que a universidadedevia ser proibida de abrir uma faculdade de direito,pois a sua crena na definio tradicional do casamentoimpede-a de disponibilizar educao jurdica. O resultado

    desta disputa vai afectar todas as instituies religiosasque demonstrem uma preferncia por correligionrios,escrevem os autores.

    Em relao Europa Ocidental, oDr. John Newton,autor

    de questes de liberdade religiosa que trabalha para aAjuda Igreja que Sofre no Reino Unido, e o Dr. MartinKuglerdo Observatrio de Intolerncia e DiscriminaoContra os Cristos na Europa, sediado em Viena, pintamum quadro preocupante da marginalizao gradual dosque tentam manter os valores morais tradicionais. Emboraos crentes tenham total liberdade para praticar a sua fem privado, os autores identificam uma imposio delinha dura das posies relativistas que est a inibir aacomodao razovel das crenas religiosas.

    Pior ainda, este choque de valores est a crescer ao pontode os crentes recearem poderem ser forados pelo Estado

    a conformarem-se com normas sociais s quais se opemconscientemente.

    Os autores tambm destacam a crescente ocorrncia deviolncia contra judeus e muulmanos em toda a EuropaOcidental, o que, embora profundamente preocupante,

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    Cortesia de Tibetan Centre for Human Rights and Democracy

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    REPBLICA CENTRO-AFRICANACRISTOS E MUULMANOS JUNTOS PELA PAZJaneiro de 2014: Kobine Layama, um im muulmanoe presidente da comunidade islmica na RepblicaCentro-Africana, juntamente com DieudonnNzapalainga, o Arcebispo catlico, e NicolasGuerekoyame, Pastor protestante, criaram um grupointer-religioso para a paz. Durante o tempo em quemetade do pas estava ocupado por rebeldes Slka,

    os trs homens realizaram misses de paz, mediandoentre as partes no interior do pas, de modo a impedirque os confrontos se transformassem em guerra aberta.Quando os rebeldes Slka ocuparam a capital, Bangui,e tomaram o poder, o Im Layama viu-se numa situaopessoal difcil: muitos muulmanos centro-africanosviram isto como um sinal de que tinha chegado a alturade tomarem o poder. E, em muitos locais, rebeldesSlka e muulmanos colaboraram abertamente unscom os outros. Kobine Layama um muulmano pioque est convencido de que os Muulmanos e osCristos devem viver em paz e em respeito mtuo.Layama tornou-se numa figura estranha para osrebeldes Slka por causa do que pregava:

    O que vocs esto a fazer roubar, matar, violarmulheres e aterrorizar as pessoas contrrio ao queDeus nos ordena que faamos no Coro. Quando aviolncia arrasou Bangui a 5 de Dezembro de 2013 ecausou 500 mortes em trs dias, Kobine procurou abrigo

    junto do seu amigo, o Arcebispo Nzapalainga. Ele sabiaque a sua vida estava ameaada pelos extremistas

    de ambos os lados. Desde ento, tem apeladoinfatigavelmente calma e reconciliao.

    A natureza do conflito centro-africano no religiosa,mas sim social e poltica. A violncia e a vingana estoa ser fomentadas pelos que querem ver um foco dehostilidades entre Cristos e Muulmanos. Uma e outravez isso coloca os cidados do pas em situaes deperigo. Estando eles prprios em grande risco, o im,o arcebispo e o pastor so trs vozes corajosas queapelam incansavelmente paz.

    Fontes: Ajuda Igreja que Sofre, Fevereiro de 2014

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    permanece de momento em grande medida como umaexcepo. Chamam particularmente a ateno para aemigrao judaica de Frana, de onde nos primeiros trsmeses de 2014 cerca de 400 judeus franceses partiram

    para Israel, quatro vezes mais do que no mesmo perodode 2013 e 2012.

    Peter Humeniuk, um especialista sobre Rssia e siaCentral, membro da equipa internacional de projecto daAjuda Igreja que Sofre. Convida os leitores a olharempara a liberdade religiosa na Rssia atravs das lentes doseu passado recente tumultuoso. Diz que, enquanto osgrupos religiosos tradicionais so tratados em geral comrespeito, a experincia de meados da dcada de noventaem diante de seitas religiosas bem financiadas queinvadem o pas animou o grau de liberdade religiosa que agora permitido. Embora estas seitas tenham sido em

    geral mal-sucedidas, as autoridades por vezes consideramdifcil estabelecer a distino entre actividade religiosalegtima e ilegtima.

    Diz que a Rssia est a esforar-se por desenvolver a suaprpria forma de Islamismo, embora a linha entre umacomunidade religiosa extica e uma clula terrorista activapossa ser muito tnue. Diz tambm que os imigrantes,trabalhadores de servios em Moscovo e So Petersburgo,sobretudo os muulmanos da sia Central, representamum potencial de agitao tnica e religiosa.

    Voltando-se para os pases da sia Central, diz que muitosreceiam que a retirada das foras militares ocidentaisdo Afeganisto possam levar expanso do Islamismoradical na regio. Esta uma perspectiva assustadorapara os regimes autoritrios nos quais o Islamismo controlado pelo Estado. Os lderes destes estados dasia Central, segundo ele, tm observado os resultados daPrimavera rabe, e embora estas revolues sangrentasno justifiquem necessariamente as restries impostas scomunidades religiosas, de alguma forma explicam-nas.

    O Dr. Austen Ivereigh diz que, embora a AmricaLatina tenha metade dos Catlicos do mundo, existe umadiversidade de crenas e prticas religiosas muito maiordo que as pessoas imaginam. No Brasil, mais de 20% dapopulao crist evanglica, enquanto nalguns pasesda Amrica Central este valor aumenta para um tero dapopulao. A Argentina tem comunidades significativas dejudeus e muulmanos e nas Carabas anglfonas dominamas Igrejas protestantes. H tambm, em Cuba e no Brasil,por exemplo, nmeros significativos de praticantes doespiritismo ou da santeria.

    Explica que as barreiras liberdade religiosa total, ondeexistem, so habitualmente resultantes de regimesoficialmente seculares e ateus, e aplicam-se geralmentetambm a todos os grupos religiosos. O desafio para ofuturo, segundo ele, o levantamento das sanes quepermanecem, tanto legais como no oficiais, sobre entidadesreligiosas, e tambm uma maior aceitao por parte dosgovernos da regio das vozes religiosas na vida nacional.

    Tal como vrios dos casos de estudo destacadosnesta sntese, h simultaneamente sinais de esperanae razes para grande preocupao. Apresentamosexemplos de lderes religiosos que estendem a mo

    da amizade uns aos outros. Relatamos que at mesmono Golfo Prsico, onde existem vrios pases queso extremamente hostis ao pluralismo religioso,um governante muulmano doou um terreno para aconstruo de uma catedral crist. Em frica sabemoscomo que lderes cristos e um im muulmano estoa trabalhar em conjunto para reduzir a violncia. Emborarelatemos o crescimento ameaador da intolernciareligiosa em partes da Europa Ocidental, h claramenteuma tendncia contrria na qual os lderes religiosos ecomunitrios se esto a unir para acolher os refugiados.

    A lio muito clara que retiramos desta investigao

    que o apelo urgente a inverter a violncia e a opressodireccionadas para as minorias religiosas deve vir, emprimeiro lugar e sobretudo, de dentro das prpriascomunidades religiosas. Embora este relatrio destaqueos muitos impedimentos legais e constitucionais liberdade religiosa impostos pelos governos, a condioprvia para a melhoria a harmonia e o respeito mtuoentre grupos religiosos.

    A necessidade de todos os l deres religiosos usarem osseus plpitos e os meios de comunicao social paraproclamarem em voz alta a sua oposio violnciade inspirao religiosa, bem como a necessidade de

    reafirmarem o seu apoio tolerncia religiosa no climaactual tornam-se ainda mais urgentes.

    Peter Sefton-Williams

    Presidente do Comit Editorial do Relatrio da LiberdadeReligiosa Mundial da AIS

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    LiberdadeReligiosano Mundo em 2014 Resumo

    A Fundao AIS (Ajuda Igreja que Sofre) uma organizao da Igreja Catlica que depende directamente

    da Santa S. A sua misso ajudar os cristos onde quer que eles se encontrem perseguidos, refugiados ouem necessidade. Fundada no Natal de 1947, a AIS tornou-se uma Fundao Pontifcia da Igreja Catlica em2012. Todos os anos apoia mais de 5.000 projectos pastorais dos quase 10 mil pedidos de ajuda vindos detodo o mundo. Missionrios, sacerdotes, leigos, religiosas e catequistas dependem do apoio da Fundao AISpara subsistirem e poderem levar uma mensagem de esperana aos que mais precisam. Para alm da sede na

    Alemanha existem secretariados em vinte pases espalhados pela Europa, Amrica e Austrlia. Em Portugal, aFundao AIS comeou em 1995, com a abertura de um pequeno secretariado em Lisboa e, mais tarde, umacasa em Ftima.

    Para mais informaes, contacte a Fundao AIS e ser-lhe- enviada documentao gratuita.

    Tel.: 217 544 000 | Fax: 217 544 001 | [email protected] AIS, R. Prof. Orlando Ribeiro, 5 D, 1600-796 Lisboa

    www.religion-freedom-report.org