Resumo sobre Mortalidade

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Medida da Saúde Coletiva - Mortalidade Medida da frequência de óbitos ocorridos em uma dada população. Utilizada, preferencialmente, para avaliação do nível de saúde e adoção de medidas de caráter abrangente (saneamento) para melhorar o estado sanitário da comunidade. O Coeficiente de Mortalidade mede o risco ou probabilidade de uma pessoa vir a morrer em decorrência de uma doença ou agravo à saúde. A mortalidade pode ser expressa na forma de: 1. Freqüências relativas (Coeficientes) nº de casos x múltiplo de 10 (10 2 , 10 3 , 10 4 , 10 5 , 10 6 ) / População de Risco 2. Proporção Os casos incluídos no denominador são também subconjuntos do denominador, mas não expressam risco. Ex: Mortalidade proporcional; letalidade. Indicadores de Mortalidade Primeiros a serem utilizados em saúde pública e continuam sendo empregados, por sua facilidade operacional. Inglaterra - registro sistemático de óbitos por causas, desde 1838. Brasil – Desde 1939, o IBGE publica, regularmente, o “Anuário Estatístico do Brasil” contendo dados de mortalidade. Variáveis: sexo, faixa etária e causa do óbito. Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do M.S. DO - padronizado e de definição nacional desde 1976. Dados na internet desde 1979 (www.datasus.gov.br). Problema - Divergência no total de óbitos entre IBGE e o M.S. Usos da mortalidade como indicador: Descrição das condições de saúde da população – a inspeção da distribuição dos óbitos permite identificar grupos mais afetados, definir prioridades e orientar a alocação de recursos. Uma série histórica permite avaliar evolução do nível de saúde;

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Um pequeno resumo sobre os indicadores epidemiológicos de mortalidade

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Medida da Saúde Coletiva - Mortalidade

Medida da frequência de óbitos ocorridos em uma dada população. Utilizada, preferencialmente, para avaliação do nível de saúde e adoção de medidas de caráter abrangente (saneamento) para melhorar o estado sanitário da comunidade.

O Coeficiente de Mortalidade mede o risco ou probabilidade de uma pessoa vir a morrer em decorrência de uma doença ou agravo à saúde.

A mortalidade pode ser expressa na forma de:

1. Freqüências relativas (Coeficientes)

nº de casos x múltiplo de 10 (102, 103, 104, 105, 106) / População de Risco

2. Proporção

Os casos incluídos no denominador são também subconjuntos do denominador, mas não expressam risco. Ex: Mortalidade proporcional; letalidade.

Indicadores de Mortalidade

Primeiros a serem utilizados em saúde pública e continuam sendo empregados, por sua facilidade operacional.

Inglaterra - registro sistemático de óbitos por causas, desde 1838.

Brasil –

Desde 1939, o IBGE publica, regularmente, o “Anuário Estatístico do Brasil” contendo dados de mortalidade. Variáveis: sexo, faixa etária e causa do óbito.

Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do M.S. DO - padronizado e de definição nacional desde 1976.

Dados na internet desde 1979 (www.datasus.gov.br).

Problema - Divergência no total de óbitos entre IBGE e o M.S.

Usos da mortalidade como indicador:

Descrição das condições de saúde da população – a inspeção da distribuição dos óbitos permite identificar grupos mais afetados, definir prioridades e orientar a alocação de recursos. Uma série histórica permite avaliar evolução do nível de saúde;

Investigação epidemiológica – guia para determinação de prioridades de investigação (mortes prematuras);

Avaliação de intervenções saneadoras – avaliar ações (eficácia de medicamentos, programas de controle de doença, entre outros).

Limitações da mortalidade como indicador

As estatísticas de mortalidade refletem a gravidade da situação, portanto, refletem uma história incompleta da doença. O óbito representa o último evento do processo saúde-doença.

Os danos que raramente resultam em morte (natureza dermatológica, psiquiátrica e osteoarticular) não são dimensionados por estes indicadores.

Óbitos são eventos que incidem em pequena parcela da população; As mudanças nas taxas de mortalidade são lentas

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Principais fontes de dados de Mortalidade

Estatísticas de mortalidade nacional e internacional

Atestados de óbitos Registro e livros de autópsias

(hospitais e iml)

Prontuários e estatísticas hospitalares Registros especiais de doenças Recenseamentos demográficos

Lei dos Registros Públicos

Lei n° 6.015, de 31 de dezembro de 73, determina, no seu Art 77, que “nenhum enterramento será feito sem certidão do Oficial do Registro do lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento do óbito, em vista do atestado médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado, ou verificado a morte”.

Perda fetal

“Perda fetal é a morte do produto da concepção antes da expulsão ou extração completa do corpo da mãe, independente da idade da gestação” OMS

Até 27 semanas - aborto 28 ou mais semanas - nascido morto

Causa de Morte

As causas de morte - todas as doenças, estados mórbidos ou lesões que produziram a morte, ou que contribuíram para ela, e as circunstâncias do acidente ou da violência que produziram as lesões.

Causa básica do óbito:

A doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à morte ou

As circunstâncias da lesão ou acidente que produziu a lesão fatal. (who, 1993).

Principais indicadores de Mortalidade

Taxa de mortalidade geral Taxa de mortalidade específica por:

- Uma causa- Um grupo de causas- Sexo, Idade- Outras variáveis

Mortalidade proporcional por:

- Uma causa- Um grupo de causas- Sexo, Idade- Outras variáveis

Esperança de vida Anos potenciais de vida perdidos Letalidade

Coeficiente de Mortalidade Geral (CMG)

Mede o risco de morte por todas as causas em uma população de um dado local e período. É genérico não informa do que as pessoas estão morrendo.

CMG = óbitos em dado local e período x 103 / população do mesmo local e período

Utilidades do CGM – avaliar estado de saúde. Ao comparar localidades com estruturas etárias diferentes (progressiva – jovens X regressiva - idosos) padronizar taxas.

Ao interpretar o CGM considerar os seguintes problemas:

Sub-registro de óbitos;

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Erros relativos às estimativas populacionais;

Distorções relacionadas à qualidade dos serviços de registros de dados vitais. A qualidade depende do acesso da população aos serviços de assistência e da organização dos serviços de vigilância em saúde;

Evasão de óbitos para centros mais avançados onde se concentram serviços secundários e terciários;

Registro do óbito: Residência - relaciona-se às

circunstâncias epidemiológicas; Ocorrência - relaciona-se às

circunstâncias da assistência médica e seus níveis de complexidade e organização.

Padronização do Coeficiente de Mortalidade Geral:

1. Método direto – as taxas de mortalidade específicas por idade são aplicadas sobre os respectivos contingentes populacionais da população padrão.

2. Método indireto é indicado quando se conhece apenas o número total de óbitos, relativos a uma determinada população, sem detalhamento por faixas etárias, ou qualquer outra variável cujo efeito de confundimento deseja-se controlar.

Razão de Mortalidade Padronizada (RMP)

RMP é a medida síntese da padronização a partir do método indireto. Estima o excesso ou o déficit de mortalidade de uma população comparada com uma outra, utilizada como padrão.

RMP= OOb (óbitos observados) / OEs (óbitos esperados)

RMP = 878.430 x 100/672.947 = 130,5 óbitos. Ou seja 1,30 óbito no Brasil para cada 100 óbitos nos EUA

Coeficiente de Mortalidade por Causa (CMC)

CMC: mede o risco de morte por determinada causa, num dado local e período, podendo ser simples (causa no total de óbitos) ou combinando características, ex.: sexo, faixa etária, renda.

CMC = óbitos por determinada causa, local e período x 105 / população exposta ao risco

Ex.: 7.551 óbitos por neoplasias, em 2000 na cidade de São Paulo com população estimada de 10.009.086

TM- [(7.551/10.009.086)x105] = 75,4 óbitos/ 105 habitantes

Fontes de erros ou problemas de registros de causas de morte no Brasil

1. Óbito ocorre sem assistência médica (“morte natural”) ou “causa desconhecida” 2. Assistência médica tardia podendo ocorrer erros diagnósticos devido ao estágio da doença

e/ou a insuficiência de recursos médicos e deficiência de pessoal; 3. Desconhecimento do modo correto de preencher a D.O.; 4. Preconceito em registrar doenças estigmatizadas (sífilis, AIDS e alcoolismo) 5. Divergência de nomenclatura - CID6. Empresas funerárias fornecem formulários pré-assinados de Dos.

Coeficiente de mortalidade específico por Sexo (CMS) e específico por Idade (CMID)

Coeficiente de mortalidade específico por sexo (cms)

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CMS = óbitos por sexo em dado local e período x 105 / pop. do mesmo sexo do mesmo local e período

Coeficiente de mortalidade específico por idade (cmid)

CMID = óbitos por idade em dado local e período x 105 / pop. da mesma faixa de idade do mesmo local e período

Coeficiente de Mortalidade Materna (CMM)

O CMM mede o risco de morte materna num dado local e num dado período. As mortes maternas são aquelas devidas a complicações da gravidez, do parto e do puerpério que compreende o período de 42 dias que se segue ao parto independente da duração e localização da gravidez, por alguma causa relacionada ou agravada pela gravidez que não sejam causas acidentais ou incidentais.

CMM = nº de mortes maternas em dado local e período x 105 / nº de nascidos vivos, no mesmo local e período.

Causas dos óbitos maternos

Causas Obstétricas Diretas - aquelas próprias ou específicas do ciclo gravídico-puerperal, como atoxemia gravídica e o descolamento prematuro de placenta.

Causas Indiretas - não específicas da gravidez, parto ou puerpério, mas agravadas ou complicadas nesses períodos, como o diabetes ou doenças cardíacas.

Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI)

Mede o risco de morte para crianças <1 ano de idade de um dado local e período, variando segundo os estratos sócio-econômicos. É um dos indicadores mais empregados para medir níveis de saúde e de desenvolvimento social de uma região.

CMI = óbitos em <1 ano em dado local e período x 103 / total de nascidos vivos no mesmo local e período

Emprega-se N.V. no denominador, pois a população de <1 ano é subestimada. É considerado um dos melhores indicadores de saúde pública; fornece uma visão global do estado de saúde de uma população em associação com outros indicadores.

M.I. Baixa: 6-10/103 n.v./ M.I. Alta: África: até 100/103 n.v.

Usos do C.M.I.

Avaliar as condições de saúde de uma população (liga-se a questões como saneamento básico, moradia, etc);

Revelar desníveis regionais das condições de saúde. O CMI é normalmente acentuado de acordo com o grau de pobreza do local. Regiões com baixos níveis de saúde têm altas taxas de M.I. Pode indicar também diferenças entre grupos sociais em função de renda, escolaridade, etc;

Orientar ações específicas de saúde pública ligada à saúde materno-infantil.

Fontes de erro do C.M.I.

Sub-registro de óbitos (cemitérios oficiais * cemitérios clandestinos) especialmente para mortes antes dos 6 meses;

Sub-registro de nascimentos;

Definição de nascidos vivos no ano; Declarações erradas da causa da morte

(óbitos por C.M.D. são mais freqüentes entre as crianças) e idade das crianças.

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Taxas de Mortalidade em < 1 Ano de Idade

Taxa de mortalidade infantil Neonatal Precoce ( parto até 7 dias) Tardia (8 a 27 dias)

Pós-Neonatal (28 dias até 1º aniversário) Taxa de mortalidade perinatal (22 semanas até o parto) Taxa de natimortalidade.

Subdivisão da M.I.

Útil para dar uma idéia mais precisa sobre a importância de determinadas causas do que a análise da M.I. global e também para avaliar o impacto das medidas de controle.

Óbitos neonatais (0-27 dias): mede o risco de morte para crianças < 28. Prevalecem as anomalias congênitas e as causas perinatais, (associadas a problemas matemos ligados a gestação, genética, problemas de desenvolvimento do feto e ao parto). Essas causas, como fatores de risco, deixam de existir após o 1º mês de vida.

CMINN = óbitos < 28 dias, local e período x 103 / total de nascidos vivos no mesmo local e período.

Óbitos pós-neonatais (28 dias a <1 ano): iarreia, sarampo, afecções respiratórias e desnutrição que são comumente ligadas a fatores ambientais como pobreza e falta de saneamento básico, tecnicamente mais fácil de controlar que as causas do grupo neonatal.

CMIPN = óbitos (28 dias e <1 ano),local e período x 103 / total de nascidos vivos no mesmo local e período

País desenvolvido a % da MIPN é sempre <50%.

M.I. baixa maior % óbitos Neonatal e M.I. alta maior % óbitos Pós neonatal.

Mortalidade por causas evitáveis em 1ano de idade

Grupos de causas e Subgrupos

1. Evitáveis – são redutíveis por: imunoprevenção, adequado controle da gravidez, adequada atenção ao parto e por diagnóstico e tratamento médico precoce

2. Mortes não evitáveis3. Mal definidas

Mortalidade Proporcional (%)

Relaciona os óbitos parciais com uma determinada característica em dado local e período aos óbitos totais do mesmo local e período x 100.

Não utiliza denominador populacional.

Ex.: Santos, 2004, 5.164 óbitos por DIP, óbitos totais: 46.678. Mortal. % por DIP= [(5.164/46.678) x 100] = 11,1%

Mortalidade % calculável em relação a:

Determinada causa (diarréias no total das DIP) Grupos de causa de morte (neoplasias no total de óbitos) Determinado grupo etário (15-44 no total de óbitos) Outras características

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RMP ou indicador de ISU

Razão de mortalidade proporcional (RMP) ou indicador de Swaroop & Uemura: mede a % de óbitos de pessoas de 50 anos e + no total de óbitos.

RMP óbitos de 50 anos e mais em dado local e período x 100 / total de óbitos no mesmo local e período

Ex.: Santos, ano 2000, óbitos de 50 anos e + de idade: 2.280, óbitos totais 46.678

RMP = [(2.280/46.678) * 100] = 4,9%

RMP é um excelente indicador de saúde devido a:

seu poder discriminatório facilidade de cálculo

disponibilidade de dados

RMP permite:

permite a análise da tendência da mortalidade em uma mesma área geográfica ao longo de uma série histórica,

fazer comparações de diferentes países

Swaroop e Uemura propuseram 4 níveis de comparação

1ºnível (RMP ≥75): países ou regiões onde 75% ou mais da população morre com 50 anos ou mais de idade, típico de países desenvolvidos; Suécia, Japão, Canadá, Cuba

2ºnível (RMP entre 50% e 74%): países com certo desenvolvimento econômico e regular organização dos serviços de saúde; Chile, BR, Tailândia

3ºnível (RMP entre 25% e 49%): países em estágio atrasado de desenvolvimento das questões econômicas e de saúde; e

4ºnível (RMP< 25): países ou regiões onde 75% ou mais dos óbitos ocorrem em pessoas com menos de 50 anos, característico de alto grau de subdesenvolvimento.

Coeficiente de Letalidade (CL)

Este coeficiente situa-se na transição entre os indicadores de morbidade e mortalidade. A letalidade mede o poder de uma doença em provocar a morte entre os adoecidos por ela. Também pode informar sobre a qualidade da assistência médica prestada para esta doença.

CL = nº de óbitos de uma doença em dado local e período x 100 /    n.º de casos da mesma doença no mesmo local e período

Obs. A diferença entre a letalidade e mortalidade está no denominador: óbitos entre os casos (letalidade) e óbitos na população (mortalidade)

Outros indicadores

Esperança de vida (EV)- É um indicador síntese da mortalidade em todas as faixas etárias, não sendo influenciada pela estrutura populacional. Responde a pergunta: Quantos anos, em média, aquela população viverá mantendo as condições daquele ano?

Anos potenciais de vida perdidos (APVP) – expressa o efeito das mortes ocorridas precocemente em relação à duração de vida esperada, para uma determinada população. Os resultados têm mais significado quando calculados por grupos de causas.