Resumos 10ºano - Economia A (1ª parte)

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TEMA 1- Introdução / Módulo inicial A atividade económica e a ciência económica 1.1- Realidade social e ciências sociais Ao viver em sociedade, o Homem relaciona-se com outros indivíduos, com a Natureza e com instituições. Essas relações são observadas pelas Ciências Sociais, como a Economia, a Geografia, a História ou a Sociologia, que se dedicam à procura de respostas para os seus problemas. Fenómenos como o desemprego, o consumo, a produção resultam da interação dos indivíduos na sua vivência em comunidade. Estes fenómenos têm grande impacto na vida das pessoas, pois podem afetar a sua qualidade de vida. As ciências sociais estudam estes fenómenos, procurando compreender como vivem os indivíduos em sociedade. Elas analisam a realidade social (conjunto de fenómenos sociais que podem ser observados numa sociedade em cada momento). A realidade em que a sociedade moderna se encontra é extremamente complexa, fazendo com que seja essencial uma análise aprofundada de vários ângulos diferentes. 1.2- Fenómenos sociais e fenómenos económicos Os fenómenos sociais são aqueles que resultam da vida em sociedade e que, dada a sua complexidade, têm de ser analisados no seu contexto global. Os fenómenos sociais são complexos e pluridimensionais. Ex: o desporto profissional pode ser considerado um fenómeno social total, porque envolve as populações a vários níveis. É uma fonte de entretenimento para a população e permite emprego de muitos desportistas, auxiliares, treinadores e dirigentes. Por vezes, são feitos investimentos em infraestruturas que ajudam a desenvolver as regiões envolventes e beneficiam determinados setores desportivos, da publicidade feitas pelas empresas em troca de patrocínios, de doações e, entre outras, das mais- valias que obtêm pelo intercâmbio de desportistas. O desporto de alta competição pode até promover uma região ou um país, dando-lhe alguma projeção internacional. Os fenómenos sociais abordados numa perspetiva económica chamam-se “ fenómenos económicos”. Estes interessam particularmente à ciência económica, mas constituem apenas uma das vertentes do “fenómeno social

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TEMA 1- Introdução / Módulo inicialA atividade económica e a ciência económica

1.1-Realidade social e ciências sociais

Ao viver em sociedade, o Homem relaciona-se com outros indivíduos, com a Natureza e com instituições. Essas relações são observadas pelas Ciências Sociais, como a Economia, a Geografia, a História ou a Sociologia, que se dedicam à procura de respostas para os seus problemas. Fenómenos como o desemprego, o consumo, a produção resultam da interação dos indivíduos na sua vivência em comunidade. Estes fenómenos têm grande impacto na vida das pessoas, pois podem afetar a sua qualidade de vida.

As ciências sociais estudam estes fenómenos, procurando compreender como vivem os indivíduos em sociedade. Elas analisam a realidade social (conjunto de fenómenos sociais que podem ser observados numa sociedade em cada momento). A realidade em que a sociedade moderna se encontra é extremamente complexa, fazendo com que seja essencial uma análise aprofundada de vários ângulos diferentes.

1.2-Fenómenos sociais e fenómenos económicos

Os fenómenos sociais são aqueles que resultam da vida em sociedade e que, dada a sua complexidade, têm de ser analisados no seu contexto global. Os fenómenos sociais são complexos e pluridimensionais.

Ex: o desporto profissional pode ser considerado um fenómeno social total, porque envolve as populações a vários níveis. É uma fonte de entretenimento para a população e permite emprego de muitos desportistas, auxiliares, treinadores e dirigentes. Por vezes, são feitos investimentos em infraestruturas que ajudam a desenvolver as regiões envolventes e beneficiam determinados setores desportivos, da publicidade feitas pelas empresas em troca de patrocínios, de doações e, entre outras, das mais-valias que obtêm pelo intercâmbio de desportistas. O desporto de alta competição pode até promover uma região ou um país, dando-lhe alguma projeção internacional.

Os fenómenos sociais abordados numa perspetiva económica chamam-se “ fenómenos económicos”. Estes interessam particularmente à ciência económica, mas constituem apenas uma das vertentes do “fenómeno social total”. Os principais fenómenos económicos são a Produção, a Distribuição, a Repartição dos Rendimentos, o Consumo e a Poupança.

1.3- A economia como ciência- objeto de estudo

A economia procura dar respostas como a criação e distribuição da riqueza, a satisfação das necessidades coletivas, o desenvolvimento integrado dos países ou as relações de troca. Tenta também solucionar questões como: O que produzir? Em que quantidades? De que modo? Onde? E para quem?

O problema económico – a escassez e escolha: é saber como aplicar recursos escassos a um número ilimitado de necessidades. Já que não se podem satisfazer todas as necessidades, é preciso hierarquiza-las e fazer escolhas, decidir que necessidades satisfazer em primeiro lugar e quais deverão ser abandonadas. As opções tomadas devem permitir utilizar os recursos de forma mais eficiente e de modo a satisfazer o maior número possível de necessidades. Quando se hierarquizam as necessidades e se opta pela satisfação de

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uma, as que são sacrificadas representam uma perda, um custo. É chamado custo de oportunidade, que se caracteriza pela melhor alternativa deixada de lado no momento em que se fez outra escolha.

É importante referir os dois grandes princípios económicos que estão na base do processo de escolha: O princípio da racionalidade e o princípio do equilíbrio.

- Princípio da racionalidade: presume-se que cada individuo escolhe sempre o que considera ser a melhor opção disponível, ou seja, aquela que permite a máxima satisfação com o mínimo esforço.

- Princípio do equilíbrio: todas as decisões interagem entre si. As escolhas, ao se condicionarem umas às outras para poderem combinar-se da melhor forma possível, acabam por levar ao equilíbrio dos sistemas.

1.4-A atividade económica e os agentes económico

A atividade económica é o conjunto de operações que visam a produção de bens e serviços suscetíveis de satisfazer as necessidades humanas. Os bens percorrem um longo caminho desde o seu fabrico até ao momento em que são consumidos, passam pela produção, que é a atividade onde são gerados através de processos de transformação.

Passam pela distribuição, que engloba duas atividades: o transporte e o comércio. Os bens têm de ser transportados desde o produtor até ao utilizador, podendo ser o consumidor final ou outro agente que os possa usar como intermédios no processo de fabrico de outros bens. O comércio, permite que os bens sejam colocados à disposição dos consumidores de forma prática e conveniente.

Repartição dos rendimentos é a comercialização dos bens que geram rendimentos que são distribuídos por todos os agentes participantes na atividade económica, que revela o contributo de cada um no processo produtivo. Cada interveniente obtém os rendimentos de acordo com a sua participação na atividade económica:

- Os trabalhadores são remunerados através de salários;

- Os empresários recebem lucro;

- Os proprietários de imoveis cobram rendas;

- Os detentores de capital auferem juros;

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Por fim é feita a utilização dos rendimentos, que são os rendimentos gerados nas atividades de produção e distribuição de bens. Os rendimentos distribuídos pelos agentes que participaram na atividade económica podem ter dois destinos: o consumo ou a poupança.

O consumo consiste na utilização imediata de um rendimento na aquisição de bens e serviços de modo a permitir a satisfação das necessidades atuais. A poupança é a utilização do rendimento diferida no tempo, isto é, quando os detentores do capital renunciam à possibilidade de o utilizar no momento presente para poderem consumir no futuro.

-A atividade económica:

Agentes económicos: são todas as entidades individuais ou coletivas que se agregam numa categoria, por desempenharem a mesma função na atividade económica. Os agentes económicos subdividem-se nas seguintes categorias:

-Famílias: dá especial atenção à categoria do consumo e à força do trabalho ou à capacidade de empreendimento necessárias à produção de bens e serviços. A maioria do rendimento que as famílias recebem é utilizada no consumo, fazendo então com que esta seja a principal função.

-Empresas: incluem-se todas as unidades produtivas de um país que contribuem para a criação de bens e serviços.

-Estado (administração publica): engloba a administração central, as autarquias locais e a segurança social tem como função principal promover a satisfação das necessidades coletivas. O estado dedica-se à produção de bens e serviços que os particulares normalmente não estão dispostos a oferecer.

-Resto do Mundo: reflete a abertura das economias nacionais à comunidade internacional, apresentando as relações económicas que se operam entre um pais e o resto do Mundo. Também pode ser denominado como Exterior.

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Conceitos a reter:

- Atividade económica: conjunto de operações que visam a produção de bens e serviços capazes de satisfazer as necessidades humanas. Engloba as atividades de Produção, Distribuição, Repartição e a Utilização de Rendimentos, na qual são incluídos o Consumo e a Poupança.

-Agentes económicos: entidades individuais ou coletivas que se agregam numa categoria, por desemprenharem a mesma função na atividade económica. Considerando-se agentes económicos as Famílias, as Empresas, a Administração Publica e o Resto do Mundo.

-Ciências sociais: ciências que se dedicam ao estudo dos fenómenos relacionados com a vida dos indivíduos em sociedade (economias, direito, sociologia, historia, geografia, etc)

-Custo de oportunidade: representa o sacrifício da melhor alternativa deixada por satisfazer, resultante de uma escolha em que é dada prioridade a outra necessidade.

-Fenómenos económicos: fenómenos sociais abordados numa perspetiva económica.

- Fenómeno social total: característica apresentada pelos fenómenos sociais, decorrente

- Fenómenos sociais: Acontecimentos resultantes da vida em sociedade

- Princípio da racionalidade: Nas suas decisões, cada individuo procura escolher o que considera ser a melhor opção

- Problema económico (escassez): Problema que resulta da escassez dos recursos necessários para satisfazer as ilimitadas necessidades humanas. Este problema exige que, depois de as necessidades estarem hierarquizadas, se façam escolhas, pois nem todas poderão ser satisfeitas.

- Realidade social: Conjunto de fenómenos sociais que podem ser observados numa sociedade em cada momento.

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Tema 2- Aspetos fundamentais da atividade económicaNecessidade e consumo

2.1- Necessidades- Noção e classificação

Necessidade: sentimento que ocorre sempre que somos privados de um bem ou serviço de que precisamos.

-Multiplicidade: As necessidades existem em grande número e são infinitas, reaparecem algum tempo após serem satisfeitas, como é o caso da fome e da sede. Por outro lado, o constante progresso tecnológico facilita o desenvolvimento de novos produtos, bem como o aperfeiçoamento dos anteriores, dando origem ao aparecimento de novas necessidades.

-Saciabilidade: A intensidade com que se sentem as necessidades vai diminuindo à medida que estas se vão satisfazendo, acabando eventualmente por desaparecer.

-Hierarquização: As necessidades podem ser ordenadas de acordo com a intensidade com que são sentidas, devendo umas satisfazer-se primeiro que as outras.

-Sustentabilidade: esta característica prende-se com a possibilidade de existir mais do que um bem capaz de satisfazer a mesma necessidade, substituindo um pelo outro.

Classificação das necessidades: As necessidades podem ser classificadas quanto à sua importância, ao seu custo ou à sua abrangência.

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2.2- Consumo- Noção e classificação

O ato de consumir faz parte do nosso dia-a-dia, pois estamos a consumir sempre que comemos um bolo, utilizamos agua ou ligamos um candeeiro. O consumo é um importante indicador económico, pois revela o nível de desenvolvimento de um país.

Através do consumo satisfazemos necessidades que vão dando lugar à medida que são eliminadas. O consumo define-se então como a utilização de bens ou serviços com o objetivo de satisfazer necessidades.

O consumo também pode ser classificado de acordo com vários critérios: quanto á sua abrangência, à sua função, à natureza do agente e à natureza da necessidade.

2.3- Padrões de consumo- diferenças e fatores explicativos.

Os atos de consumo apresentam alguns padrões, de acordo com o tipo de consumidores que os praticam. O estatuto social dos indivíduos ou a sua categoria profissional podem dar origem a consumos padronizados. O consumo é condicionado por muitos fatores. Há fatores de caracter económico- os fatores económicos, e existem os fatores de natureza social e cultural- os fatores extraeconómicos.

-FATORES ECONÓMICOS.

Os principais fatores de natureza económica que influenciam o consumo subdividem-se em 3 categorias: O rendimento dos consumidores, o nível de preços dos bens e serviços e a inovação tecnológica

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Rendimentos dos consumidores:

Um dos principais fatores que influenciam o consumo é o rendimento dos consumidores, uma mudança no seu nível de rendimento traduz-se numa variação do consumo. Acontece, aos agregados familiares passarem a consumir mais após o seu rendimento ter aumentado, e vice-versa. No entanto, o nível de rendimento de uma família não afeta de igual modo os seus diversos tipos de consumo. Uma alteração no rendimento reflete-se de forma diferente, conforme se trata do consumo de bens essenciais ou supérfluos.

Ex: Um agregado familiar cujo nível de rendimento diminuiu procurará reduzir primeiro os gastos com bens supérfluos, pois são dispensáveis à sua sobrevivência. Esta família tentará manter o nível de consumo relativamente aos bens essenciais, para reduzir custos, passará a adquirir produtos de primeira necessidade com qualidade inferior e mais baratos.

Assim é fundamental recorrer à análise da estrutura de consumo de cada família, isto é, a forma como cada família distribui os seus rendimentos pelas diversas classes de despesas. A estrutura de consumo de uma família reflete o seu nível de vida

NOTA: ESTRUTURA DE CONSUMO

Representa a forma como o rendimento das famílias é distribuído pelas várias classes de despesas.

A forma como cada família utiliza o seu rendimento nunca é igual. Ernst Engel dedicou-se ao estudo dos padrões de consumo das famílias em relação ao seu rendimento. Uma das conclusões foi que, à medida que o rendimento aumenta, diminui a percentagem do rendimento total gasto com bens de primeira necessidade. Isto é, quanto maior é o rendimento, menor é a proporção destinada às despesas com bens elementares e, vice-versa.

NOTA: LEI DE ENGEL

Quanto maior é o nível de rendimento de uma família, menor é a proporção dos seus gastos em bens elementares.

Importa salientar que, numa situação de acréscimo de rendimento, apesar de diminuírem as despesas com bens essenciais em termos relativos (percentuais), é provável que o valor absoluto destas despesas aumente. Esse agregado familiar deverá gastar mais em produtos de natureza básica, pois, passará a adquirir bens de qualidade superior- é o efeito-qualidade. Nesse caso, o que diminui é a percentagem de consumo de bens essenciais em função do orçamento familiar, ou seja, do conjunto total de despesas.

Neste contexto, convém então analisar o conceito de coeficiente orçamental, que traduz a importância relativa (percentual), de uma rubrica de despesa quando comparada com o valor total das despesas. Assim:

Coeficiente orçamental= valor da classe de despesa/ Valor total das despesas x 100

Níveis de rendimento:

O nível geral dos preços é outro fator condicionante do consumo, pois, quando os preços aumentam e o nível de rendimento não acompanha esses aumentos, as famílias perdem poder de compra e veem-se obrigadas a reduzir o seu consumo. Em determinados casos, quando apenas ocorrem variações nos preços

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de alguns produtos, os consumidores tentam substituir o consumo dos seus bens habituais por outros, os chamados bens sucedâneos ou substituíveis, que cumprem a mesma função mas são mais baratos.

Inovação tecnológica:

A inovação tecnológica é outro fator de que depende o consumo, pois cria e desenvolve permanentemente bens e serviços que geram novas necessidades nos consumidores, levando-os a consumirem mais. Por outro lado, este progresso faz reduzir o consumo de alguns bens, daqueles que rapidamente se tornam obsoletos ao serem substituídos pelos novos.

-FATORES EXTRAECONÓMICOS

Os fatores extraeconómicos que influenciam o consumo são de natureza sociocultural, sendo os principais: a moda, a tradição, a publicidade, os modos de vida e a estrutura etária dos agregados familiares.

Moda. Tradição. Publicidade Modos de vida Estrutura etária dos agregados familiares

2.4- Evolução da estrutura do consumo

A estrutura de consumo mostra como é distribuído o rendimento de um agregado familiar pelas diferentes categorias de despesas de consumo.

A análise da evolução da estrutura de consumo dos agregados familiares de um país permite uma melhor compreensão do nível de desenvolvimento em que este se encontra. Nas últimas décadas, a estrutura de consumo em Portugal modificou-se muito, já que as condições de vida dos portugueses têm vindo a melhorar, embora ainda existam muitas disparidades.

2.5- A sociedade de consumo

O conceito de sociedade de consumo surge após a revolução industrial com o desenvolvimento das técnicas de produção, que deram origem à produção em massa, isto é, produção em grandes quantidades. O aumento da capacidade produtiva criou um problema aos empresários: como fazer escoar as grandes quantidades de produtos que agora era possível fabricar? A solução era criar novas necessidades nos consumidores, contribuindo para isso de forma decisiva a publicidade, o marketing, as técnicas de venda, as facilidades de pagamento e outras atividade semelhantes.

A sociedade de consumo caracteriza-se pela abundância de bens e serviços permanentemente colocados à disposição de todos os consumidores. O consumo passa a ocupar um lugar central na vida dos indivíduos. Na sociedade contemporânea, a posse de bens é sobrevalorizada, sendo as pessoas avaliadas muitas vezes em

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função dos bens materiais que possuem. É a era dos produtos descartáveis, do “usa e deita fora” que leva aos consumidores a substituírem bens em condições de utilização por outros mais recentes.

O aumento da quantidade de bens produzidos representa uma vantagem para os consumidores, pois a necessidade de escoamento dos produtos leva a uma redução dos seus preços. Mas, por outro lado, a massificação do consumo e a facilidade de acesso aos bens induzem ao consumismo- situações em que as pessoas agem por impulso, consumindo, de forma irrefletida, bens de que não necessitam.

O critério e as facilidades de pagamento contribuem muito para a existência de consumos indiscriminados pois os bens ficam à disposição das pessoas antes de ser efetuada a totalidade do seu pagamento.

O consumismo também tem como consequências a degradação ambiental, pois a produção massiva de bens exige que se mantenham em atividade muitas indústrias em todo o planeta, originando a poluição. Por outro lado, o uso excessivo dos recursos naturais não permite a sua reposição natural, o que também provoca danos no ambiente.

2.6- Consumerismo e responsabilidade social dos consumidores.

Um movimento de cariz composto por indivíduos procura promover práticas de consumo equilibradas, de forma a evitar os comportamentos desviantes característicos do consumismo. Determinam-se por consumerismo o conjunto de ações levadas a cabo por esse movimento e que têm como objetivo a defesa dos interesses dos consumidores.

O consumerismo privilegia a informação e a educação dos consumidores, levando-os a agir de forma consciente e racional. As ações de sensibilização empreendidas pelos consumistas permitem o reconhecimento da responsabilidade social dos consumidores, que exige uma utilização criteriosa dos recursos naturais, consubstanciada num consumo ético e responsável, de modo a promover o desenvolvimento sustentável do planeta.

O consumidor enquanto agente social deve assumir um conjunto de deveres:

Ter uma consciência critica, informando-se sobre o que esta a comprar e analisando a relação preço-qualidade dos bens e serviços.

Ser capaz de agir e reclamar quando é necessário, evitando a indiferença perante situações abusivas Ter uma preocupação social, nomeadamente com os mais desfavorecidos Ter consciência ambiental, compreendendo o impacto das suas práticas de consumo no ambiente e

a necessidade de proteção dos recursos naturais O dever de solidariedade, entendendo a interligação das ações individuais e que os atos de cada um

podem prejudicar todos.

2.7- A defesa dos consumidores em Portugal e na união europeia

Segundo a lei de defesa do consumidor, é consumidor o destinatário de bens, a prestação de serviços ou da transmissão de direitos destinados a uso não profissional, por pessoa que exerça a título profissional uma atividade económica que vise a obtenção de benefícios.

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Conceitos a reter:

-Coeficiente orçamental: peso de cada rubrica de despesa no orçamento familiar, geralmente expresso em percentagem. Calcula-se multiplicando por 100 o quociente entre o valor da rubrica e o valor total das despesas.

-Consumismo: conjunto de ações levadas a cabo por movimentos de cariz social que têm como objetivo a defesa dos interesses dos consumidores

-Consumismo: comportamentos e atitudes característicos da sociedade de consumo, que levam os indivíduos a consumirem de modo irracional e imprevisto

-Consumo: Atividades que consiste na utilização de bens ou serviços de modo a satisfazer necessidades.

-Efeito-demonstrativo: Efeito provocado pela aquisição de bens com base em padrões de consumo de outros grupos sociais que se admira e com os quais se identifica

-Efeito-rendimento: Efeito provocado pelo aumento do preço de um bem, dando origem a uma diminuição da sua quantidade de consumo.

-Efeito-substituição: Efeito que ocorre quando aumenta o preço de um bem, levando à sua substituição por outros mais baratos.

-Estrutura do consumo: Forma como é distribuído o rendimento das famílias pelas diversas classes de despesas. A estrutura de consumo de cada família reflete o seu nível de vida.

-Fatores de que depende o consumo:

Fatores económicos: Principais fatores de natureza económica que exercem influenciam sobre o consumo, como o rendimento dos consumidores, o nível de preços dos bens e serviços e a inovação tecnológica.

Fatores extraeconómicos: fatores de natureza sociocultural que influenciam o consumo, como a publicidade, a tradição, os modos de vida, a moda e a estrutura etária dos agregados familiares.

-Lei de Engel- A proporção do rendimento destinado às despesas com bens elementares diminui/aumenta à medida que o rendimento aumenta/diminui.

-Necessidade- Sensação de insatisfação que ocorre na ausência de um bem ou serviço de que se carece. As características das necessidades são a multiplicidade, a saciabilidade, a hierarquização e a substituibilidade

-Sociedade de consumo: Caracteriza-se pela produção e consumo de um elevado e diversificado número de bens e serviços

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3- A produção de bens e serviços

3.1- Bens: noção e classificação

É através do consumo de bens que satisfazemos as nossas necessidades, ou seja, os bens são todos os meios suscetíveis de satisfazer necessidades. Mas nem todos os bens aparecem na natureza nas quantidades suficientes- a maior parte existe em quantidade muito reduzidas. Por isso, os bens subdividem-se, em função do seu custo, em bens livres e bens económicos.

Os bens são aqueles que existem em abundancia não exigindo qualquer dispêndio de dinheiro ou trabalho na sua obtenção, como o ar que respiramos. Os bens económicos são os que existem em quantidades inferiores às necessidades para satisfazer todas as necessidades.

- Classificação de bens económicos:

3.2- A produção e o processo produtivo

Os bens económicos não aparecem na Natureza na sua forma final, isto é, ainda não estão prontos para serem utilizados, sendo necessário transforma-los de modo a poderem satisfazer as nossas necessidades. A atividade humana de criação de bens e serviços que conduz à satisfação das necessidades denomina-se de produção. Trata-se de uma atividade remunerada (excluindo-se as atividades não remuneradas como trabalho domestico) que combina os vários fatores produtivos, gerando bens e serviços comerciáveis.

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- Os setores de atividade económica:

Como forma de organizar as diversas atividades geradoras de bens e serviços, divide-se a atividade económica em três setores: primário, secundário e terciário.

No setor primário: incluem-se as atividades relacionadas com a recolha dos bens que a natureza disponibiliza, como pesca, a agricultura, a pecuária e a silvicultura.

No setor secundário: estão englobadas as indústrias transformadoras de matérias-primas fornecidas pelo setor primário, como as industrias e calçado ou têxteis.

No setor terciário: estão compreendidos os serviços e todas as atividades não abrangidas pelos outros setores como o comércio a banca as seguradoras os transporte o turismo a comunicação, a defesa a justiça a educação, entre outros.

Cada setor é subdividido em vários ramos de atividade, correspondendo cada um deles a uma atividade económica.

3.3- Fatores de produção

Os fatores de produção são todos os elementos necessários ao fabrico de bens. Consideram-se três tipos de fatores produtivos: os recursos naturais, o trabalho e o capital. Estes fatores são combinados entre si de modo a permitir a obtenção de bens.

O homem recolhe da natureza as matérias-primas necessárias para produzir bens capazes de satisfazer as suas necessidades, com auxílio de ferramentas e equipamentos. As matérias-primas (recursos) vão ser transformadas em produtos acabados através da força de trabalho do homem (trabalho) e de máquinas e utensílios diversos (capitais).

3.3.1- Os recursos naturais

São todos os elementos que a Natureza fornece ao homem para a satisfação das suas necessidades. Podem ser recursos renováveis ou não renováveis.

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Recursos renováveis: são aqueles que não se esgotam num curto espaço de tempo e que vão sendo substituídos periodicamente. São ainda pouco utilizados porque necessitam de um grande investimento e de uma grande mudança na mentalidade da população.

Recursos não renováveis: são os que não podem ser repostos pela natureza em tempo útil, isto é, a sua reposição só é possível num período de tempo muito longo que não acompanha o ritmo das necessidades humanas.

3.3.2-O Trabalho

É toda a atividade física ou intelectual desempenhada pelo Homem de forma remunerada e que tem como objetivo a produção de bens e serviços de modo a satisfazer necessidades.

O trabalho é simples quendo não é necessária a existência de uma qualificação especifica e é completa quando exige um conjunto de qualificações próprias que podem ser obtidas através de formação de experiencia profissional.

O trabalho também pode ser manual, sempre que predomina o esforço físico, ou intelectual, se o que sobressai é o esforço mental.

Classificação do tipo de tarefa:

Trabalho de execução : que corresponde à realização de tarefas preestabelecidas Trabalho de organização : quando respeita à cooperação do trabalho humano com as máquinas e os

equipamentos Trabalho de direção : se está relacionado com o planeamento e controlo da atividade produtiva Trabalho de invenção : quando permite descobrir novos produtos e processos produtivos através da

investigação

População ativa ou inativa:

População ativa : representa todos os indivíduos que desempenham atividades remuneradas ou os que se encontrem à procura de emprego. É necessário ter um mínimo de 15 anos e um máximo de 64 para pertencer à população ativa.

População inativa : é composta por todas as pessoas que não desempenham atividades remuneradas, onde se incluem, os indivíduos com idade inferior a 15 ou superior a 64 anos. Como deficientes, estudantes, donas de casa, inválidos, reformados ou os pensionistas.

Associada a estes temos a:

Taxa de atividade=população ativa/ População desempregada x100 Taxa de desemprego= População desempregada/ População ativa x100

Tipos de desemprego:

Desemprego de longa duração : representa a situação de quem se encontra à procura de emprego há mais de um ano.

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Desemprego temporário : traduz a situação passageira das pessoas que se encontram entre dois empregos, quando saíram de um para ingressarem noutro.

Desemprego tecnológico : corresponde à dificuldade de acompanhamento da evolução tecnológica por parte dos trabalhadores.

Desemprego repetitivo : diz respeito às pessoas que estão sistematicamente a mudar de emprego. Desemprego sazonal : pois há algumas atividades que apresentam ritmos de produçõ bastante

variados ao longo do ano.

Formação ao longo da vida:

Época em que o progresso tecnológico é de tal forma acelerado que exige permanentemente atualizações de conhecimentos. É necessário apostar na educação o início da vida como também na formação contínua ao longo da vida, caso contrario rapidamente se fica desatualizado.

Empregabilidade significa que representa o conjunto de competências de cada individuo que facilitam a obtenção de um emprego.

Terciarização:

O setor terciário tem vindo a ganhar cada vez maior peso na estrutura da atividade económica. Pois resulta da expansão dos serviços às atividades pertencentes aos setores primários e secundários.

3.3.3- O capital

O capital representa o conjunto dos bens utilizados na atividade produtiva.

3.4- Combinação de fatores de produção: A função de produção é uma relação técnica que indica qual o montante máximo de produção que se pode obter com cada conjunto determinado de fatores produtivos.

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Os fatores que apresentam um conjunto de características que influenciam a forma como estes se podem combinar:

Substituibilidade: ocorre sempre que é possível trocar um fator por outro em vários submúltiplos. Ex: quando um trator passa a executar as tarefas do Homem, está-se a substituir o fator trabalho (Homem) pelo fator capital (trator).

Divisibilidade: consiste na possibilidade de decomposição de um fator em vários submúltiplos, podendo-se utilizar esse fator em doses maiores ou menores. Ex: Matérias-primas ou energias.

Complementaridade: aplica-se nas situações em que o uso de um fator implica a utilização de outro. Ex. Para o trator poder trabalhar necessita que alguém o conduza.

No entanto, as características do fatores de produção podem alterar-se ao longo do tempo, pois o progresso tecnológico oferece novos produtos e novos processos produtivos, modificando as relações que se estabelecem entre os fatores.

Outra variável é o seu horizonte temporal, isto é, quanto tempo é necessário para se poder proceder à alteração de um fator. Classifica-se o tempo de implementação de uma mudança como sendo curto prazo, quando se podem alterar apenas alguns fatores, e de longo prazo, quando é possível modificar todos os fatores.

Produtividade: É o indicador económico que permite calcular o valor de produção gerada por cada unidade de fator utilizada.

Obtém-se com a seguinte fórmula:

Produtividade total em valor (conjunto total de fatores empregues como para cada um dos fatores em separado) : Valor da produção/ valores dos fatores produtivos.

Produtividade média em valor (valor de produção obtida por um fator): Valor da produção/ Valor desse fator

Produtividade média em quantidade (quantidade de produto obtido por um fator): Produtividade média de um fator em quantidade= Volume de produção/ Quantidades desse fator

Um outro conceito importante é o de produtividade marginal, que permite medir o acréscimo de produção obtida de cada vez que se adiciona uma unidade de fator produtivo.

Produtividade em Portugal- causas e soluções:

o Causas: Falta de modernização (maquinaria ultrapassada) Fraca qualificação de mão-de-obra (não apenas a formação adquirida pelo trabalhador anterior à

colocação no posto de trabalho, mas também a fraca atualização dos mesmos) Excesso de burocracia

o Soluções: Incorporação do progresso técnico no capital fixo- Maquinas eficientes poupam trabalho e

capital circulante.

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Combate a burocracia- em que o governo parece estar, até à data, empenhado Valorização do capital humano- não necessariamente personalizada, mas que pode passar- entre

muitas outras- pela melhor gestão de horários (pausas menos longas e mais frequentes, à semelhança do que acontece em muitos outros países), programas de manutenção da saúde dos trabalhadores (atividades físicas leves, a titulo de exemplo, que algumas empresas já implementaram), fatores que também contribuem pra uma maior motivação dos trabalhadores (trabalhador motivado= trabalhador mais produtivo, à partida).

A produtividade gerada pelas unidades produtivas de um pais, através da utilização racional e eficiente dos recursos, permite-lhes criar valor e dessa forma aumentar a riqueza nacional.

Lei dos rendimentos decrescentes:

A lei dos rendimentos decrescentes, quando se aumenta regularmente as quantidades de um fator (capital ou trabalho) mantendo fixo o outro, a partir de um certo ponto, a produção suplementar resultante desse aumento vai diminuindo progressivamente, isto é, os acréscimos de produção obtidos começam a ser cada vez menores- diminuição marginal da produção.

A melhor combinação possível dos fatores é a que permite a máxima produção através de uma eficiente utilização dos recursos.

Assim:

Os rendimentos começam a decrescer imediatamente a seguir ao ponto que corresponde à combinação ótima dos fatores produtivos- Lei dos rendimentos decrescentes.

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Custos de produção:

Os encargos com a produção de bens e serviços denominam-se custo de produção e representam o custo total que uma unidade produtiva tem de desembolsar para o desenvolvimento da sua atividade.

Custo total (CT) = custos fixos+ custos variáveis

Os custos fixos (CF) correspondem às despesas suportadas pela empresa, independentemente da quantidade de bens que produziu.

Os custos variáveis (CV) são os encargos que variam em função das quantidades produzidas, isto é, quando as despesas aumentam à medida que aumenta o volume de produção.

Custo unitário ou custo medio (CM) de cada unidade produzida: custo médio= custo total/ quantidade de bens.

Exemplo:

Vejamos como se comportam os custos conforme se vai aumentando a quantidade de bens que são produzidos. No quadro, os custos fixos não se alteram independentemente das quantidades produzidas. Por outro lado, sobem gradualmente os custos variáveis, fazendo-se repercutir esse aumento no custo total.

Economias de escala:

Quando uma empresa produz mais e os custos gastos nessa produção diminuem. As economias de escala podem ser internas ou externas, conforme têm origem dentro e fora da empresa.

Deseconomias de escala:

É quando a empresa aumenta tanto que os custos unitários começam a aumentar, tornando-se assim demasiado complexos os processos de gestão.