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RESUMOS DAS MONOGRAFIAS DA TURMA
DE ALUNOS QUE INGRESSOU EM 2009
AUTOR – ALEXANDRE FREITAS SOUZA SILVA
ORIENTADOR – PROF. DR. JOÃO DOS SANTOS CARMO
TÍTULO - INDISCIPLINA ESCOLAR: UMA LEITURA ANALÍTIC O
COMPORTAMENTAL
RESUMO - A indisciplina escolar tem sido apontada como um dos principais desafios
para o trabalho docente em sala de aula. Não há consenso, porém, quanto ao que seja
essa indisciplina escolar, em termos operacionais. Até o momento, há uma carência de
análises teóricas sobre o tema dentro da abordagem comportamental, que apenas conta
com algumas interessantes contribuições no campo aplicado. Neste trabalho pretendeu-
se analisar possíveis definições de indisciplina escolar, tornando-as mais operacionais
para que seja possível assim ser realizada uma análise comportamental. Esta análise
também se propõe a identificar de forma geral suas possíveis causas e indicar algumas
alternativas para a superação deste problema no contexto escolar. Percebe-se que,
embora o uso do termo tenha uma conotação negativa, indicando comportamentos
inadequados do aluno, alguns comportamentos descritos como indisciplina poderiam ser
considerados adequados a depender do contexto em que sejam emitidos. A seguir,
analisa-se a função dos comportamentos indisciplinados, ou seja, suas relações com
antecedentes e consequentes. São então indicadas algumas alternativas de superação do
problema, discutindo-se os fundamentos teóricos de intervenções comportamentais,
além de discutir alternativas apontadas pela literatura não comportamental, em um
esforço para torná-las mais operacionalizáveis e consistentes com a análise proposta
neste trabalho.
Palavras-chave: indisciplina escolar; análise do comportamento; comportamento
indisciplinado; problemas de comportamento, psicologia educacional.
AUTORA - ALINE MORALES SIMIONATO
ORIENTADOR - PROF. DR. JOÃO DOS SANTOS CARMO
TÍTULO – REVERSÃO E PREVENÇÃO DE ANSIEDADE À MATEMÁ TICA:
INTERVENÇÕES POSSÍVEIS NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDI O
RESUMO – A ansiedade em relação à matemática é um fenômeno composto por
reações emocionais negativas diante de situações que requisitam o uso de
conhecimentos matemáticos. É particularmente identificada no contexto escolar e está
diretamente relacionada a experiências inadequadas de ensino dessa disciplina. O
objetivo da presente monografia é apresentar um programa de reversão e prevenção de
ansiedade à matemática, o qual foi embasado na análise de literatura sobre o tema.
Inicialmente serão expostos a definição e os conceitos principais relacionados ao
fenômeno em foco e, em seguida, alguns estudos acerca da reversão da ansiedade em
relação à matemática. Por fim, será apresentado o programa elaborado para auxiliar
indivíduos do Ensino Fundamental e Médio que apresentam ansiedade em relação à
matemática.
Palavras-chave: Ansiedade em relação à matemática; programa de prevenção e
reversão; alunos Ensino Fundamental e Médio.
AUTORA – BRUNA CAPRIOLLI
ORIENTADORA – PROFA. DRA. GEORGINA CAROLINA FANECO
MANIAKAS
TÍTULO - O DESENVOLVIMENTO DAS TÉCNICAS FREUDIANAS NA PRÉ-
HISTÓRIA DA PSICANÁLISE
RESUMO - A psicanálise é importante para diversas disciplinas, já que ela se insere em
variados assuntos da atualidade, como religião, poder, violência, saúde mental. Este
conhecimento encontra-se em um processo continuo de desenvolvimento, desde a época
em que foi criado, ampliando cada vez mais os seus limites, permitindo que antigas
concepções gerem novas ideias. O criador da psicanálise, Sigmund Freud, elaborou, em
sua época, técnicas terapêuticas inovadoras para o tratamento dos transtornos psíquicos.
Para compreendermos como ele desenvolveu essa nova metodologia, levamos em conta
o contexto histórico em que se inseria a ciência médica daquele período e as influências
que Freud sofreu, tanto de outros teóricos como de suas próprias pacientes histéricas. A
partir dessas considerações, a pesquisa objetivou descrever o desenvolvimento das
primeiras formulações técnicas de Freud por meio da reconstituição de suas origens.
Para tal, foi realizada revisão bibliográfica de obras de Sigmund Freud que enfatizam
questões técnicas entre os anos de 1886 a 1893, complementada por três artigos
acadêmicos e duas dissertações de mestrado de autores contemporâneos. Por meio da
pesquisa teórica procuramos descrever o desenvolvimento técnico experimentado por
Freud no citado período com base em seu contato com outros pesquisadores de sua
época, mas principalmente em sua prática clínica com as histéricas. Os resultados
obtidos nos levaram a perceber como as ideias de Freud experimentaram uma
transformação contextual: de um contexto médico neurológico para um contexto
psicológico, suscitando, consequentemente, uma transformação em sua técnica. Ao
iniciar seu trabalho clínico, Freud utiliza os métodos tradicionais da medicina da época
para o tratamento da histeria (hidroterapia, eletroterapia, massagem e repouso). O
contato com os diferentes teóricos como Charcot, Bernheim e Breuer foi de grande
importância para que Freud iniciasse seus estudos sobre o psíquico e aprofundasse suas
pesquisas nesta área do conhecimento. Eles serviram como norteadores para que Freud
seguisse seu próprio caminho e formulasse suas teorias, abandonando os métodos
tradicionais para desenvolver a sua própria técnica, a associação livre. Além disso,
constatamos que as pacientes histéricas de Freud contribuíram para as suas formulações
técnicas e teóricas, a partir da prática de atendimento e da escuta das mesmas. Os casos
de Anna O. e de Emmy von N. demonstram a importância do contato com os pacientes
para a compreensão do mundo psíquico e para a elaboração de métodos terapêuticos,
sendo que as pacientes foram de fundamental importância para que Freud pudesse
entender melhor a histeria e, assim, formulasse a associação livre. Concluímos,
portanto, que o desenvolvimento da técnica psicanalítica tem origem não somente nas
técnicas tradicionais aprendidas por Freud para tratar as histéricas (hipnose, sugestão,
etc), mas, principalmente, na escuta que Freud desenvolveu em sua prática clínica com
as pacientes histéricas, cujo discurso desvalorizado pelo meio médico tornou-se fonte de
inovação terapêutica para quem soube ouvi-lo.
AUTOR - CAIO FERNANDO MORETTO
ORIENTADORA - PROFA. DRA. DEISY DAS GRAÇAS DE SOUZA
TÍTULO - CRIATIVIDADE DE ALUNOS DE ÁREAS RURAIS E U RBANAS
RESUMO - A definição de criatividade não é algo simples e é discutida há muito
tempo. Existem diferentes teorias e formas para esse conceito e ainda não há uma
concepção universalmente aceita por todos. Dessa maneira, os pesquisadores buscam
defini-la de acordo com o campo que atuam. Para as finalidades do presente estudo,
utilizaremos a definição de Alencar (2003), que entende que a criatividade envolve a
produção de algo novo, que é aceito como útil e/ou satisfatório por um número
significativo de pessoas em algum ponto no tempo, resultado da interação entre
processos cognitivos, características da personalidade, variáveis ambientais e elementos
inconscientes. Cada um desses fatores afeta o comportamento criativo, o que deixa clara
a importância do estudo dos mesmos. O presente estudo teve como propósito analisar a
influência do ambiente de procedência de crianças de 12 a 16 anos, alunos de uma
escola pública, em relação a seus escores de criatividade. Os ambientes de procedência
foram a zona rural e a zona urbana. O procedimento foi dividido em duas fases. A
primeira fase consistiu na avaliação sócio-econômica de cada participante e
identificação de suas condições de moradia. Na segunda fase foi aplicado o teste de
criatividade (Torrance, 1974), composto por dois tipos de atividades, um com figuras e
outro com texto. Não foram encontradas diferenças significativas nem em relação à
procedência (rural ou urbana) nem em relação ao gênero: as médias para os escores
totais variaram entre 81,7 e 91,0 em procedência e 85,8 e 93,4 em gênero, indicando de
acordo com as normas do instrumento níveis normais de criatividade. Os resultados
replicam os encontrados com outros grupos de crianças brasileiras e podem sugerir que
o ambiente rural oferece tantas oportunidades para o desenvolvimento do
comportamento criativo quanto o ambiente urbano. Contudo, é preciso cautela,
considerando-se o reduzido número de participantes e a similaridade dos ambientes,
considerando-se que a cidade estudada é pequena e localizada no interior.
Palavras-chave: criatividade, criatividade verbal, ambiente urbano, ambiente rural,
crianças, adolescentes.
AUTOR - CASSIANO GAIANI DE SANTIS
ORIENTADORES – PROFA. DRA. CAMILA MUCHON DE MELO; P ROF. DR.
JULIO CÉSAR COELHO DE ROSE
TÍTULO - FILOGÊNESE E CULTURA: INTERAÇÕES NO BEHAVI ORISMO
RADICAL
RESUMO - O behaviorismo radical, filosofia da Ciência do Comportamento proposta
por B. F. Skinner, propõe a explicação do comportamento humano a partir de três níveis
de seleção pelas consequências: (i) o nível filogenético (história evolutiva da espécie
humana), (ii) o nível ontogenético (desenvolvimento de um indivíduo em particular) e
(iii) o nível cultural (seleção e manutenção de comportamentos por grupos de
indivíduos). O primeiro nível de seleção foi proposto inicialmente por Charles Darwin
na teoria da seleção natural, sendo a primeira aplicação do modo causal de seleção pelas
consequências na história da ciência, tornando-se o modelo principal de explicação da
evolução das espécies. Nos outros níveis, em especial no terceiro, as explicações
selecionistas ainda encontram bastante resistência; entretanto, possíveis interações entre
eles justificam tentativas de aplicar o mesmo modelo explicativo aos três. Neste
trabalho, examinou-se a obra de Skinner em busca de interações entre os níveis (i) e
(iii), buscando-se compreender, especialmente, influências das características
filogenéticas da espécie humana na constituição do terceiro nível de seleção. O controle
operante da musculatura vocal é apontado pelo autor como a condição básica para a
organização de grupos culturais, uma vez que essa característica possibilitou um salto
qualitativo no comportamento social dos seres humanos, a partir do comportamento
verbal. Além dessa característica, o amplo repertório indefinido da espécie humana
apresenta-se como condição importante para a constituição das culturas, fornecendo
muitas possibilidades de aprendizagem de comportamentos a serem modelados e
selecionados pelos grupos culturais; esses comportamentos podem ser tanto motores
quanto simbólicos. Por fim, a sensibilidade da espécie às consequências de seus
comportamentos é a terceira característica selecionada filogeneticamente relevante para
o terceiro nível: os estímulos que funcionam como reforçadores primários e a
disponibilidade destes parece ter influenciado o surgimento de muitas práticas culturais,
como o cultivo de alimento e as tradições matrimoniais, e a possibilidade do controle do
comportamento por reforçadores condicionados é essencial para muitas práticas sociais,
especialmente educativas e econômicas. Além disso, o surgimento de práticas culturais
por reforçamento fortuito, posteriormente mantidas por consequências distintas,
também deve ser considerada. Deve-se observar que as características apontadas como
influências do nível de seleção filogenético no nível cultural não são determinantes
biológicos para o surgimento das práticas culturais, garantindo, antes, a variabilidade
destas; se os comportamentos culturais pudessem ser explicados apenas por atributos
biológicos da espécie, o terceiro nível de seleção seria desnecessário. Dessa forma,
Skinner reconhece a importância da filogênese nas culturas, sem se apoiar num
determinismo biológico destas, e, nesse aspecto, se aproxima das correntes dominantes
nas ciências sociais.
Palavras-chave: behaviorismo radical; seleção pelas consequências; filogênese; cultura
AUTORA – ENDY-ARA GOUVEA GONÇALVES
ORIENTADOR – PROF. DR. JOÃO DOS SANTOS CARMO
TÍTULO - HABILIDADES ARITMÉTICAS E CAPACIDADE FINAN CEIRA
EM IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER: CONTRIBUIÇÕES AO
DIAGNÓSTICO
RESUMO - No Brasil a Doença de Alzheimer (DA) é responsável por 50% a 60% dos
casos de demência nas pessoas idosas. O presente estudo se propõe a levantar e analisar
informações acerca da capacidade financeira em idosos com DA. A partir de pesquisa
realizada com os descritores: Capacidade Financeira, Demência Senil, Doença de
Alzheimer, Habilidades Aritméticas e seus equivalentes em inglês nos bancos de dados
eletrônicos Scielo, Periódicos CAPES, Web of Science, Pepsic e PsychInfo, buscou-se
identificar as lacunas no conhecimento sobre a relação entre a DA e a capacidade
financeira, bem como indicar possíveis caminhos na tentativa de se compreender a DA
na nossa população. O levantamento possibilitou a constatação de ausência de
homogeneização conceitual das pesquisas e padronização dos procedimentos e
instrumentos utilizados por profissionais da saúde.
Palavras-Chave: Capacidade Financeira; Doença de Alzheimer; Habilidades
Aritméticas; Neuropsicologia
AUTORA - HELIDA ALVES GUEDES
ORIENTADORA – PROFA. DRA. ELIZABETH JOAN BARHAM
TÍTULO - AUMENTANDO O ENVOLVIMENTO DE CUIDADORES DE
IDOSOS COM DEMÊNCIA EM ATIVIDADES AGRADÁVEIS: IMPAC TOS NA
DEPRESSÃO.
RESUMO - Cuidar de parentes idosos com fragilidades é uma atividade que uma
porcentagem cada vez maior da população adulta vai assumir, especialmente
considerando que até 40% dos idosos mais longevos desenvolvem demência. Apesar de
ser normativo, estudos mostram que é um envolvimento marcado por níveis moderados
a severos de sobrecarga, um número elevado de sintomas depressivas e uma diminuição
na qualidade de vida de quem cuida. Pesquisas sobre depressão indicam que a
frequência de envolvimento em atividades prazerosas está associada com o número de
sintomas depressivos, segundo a teoria comportamental da depressão. Neste projeto,
objetivou-se avaliar os efeitos de uma intervenção para aumentar o envolvimento de
cuidadores de idosos com demência em atividades prazerosas sobre medidas de seu bem
estar. Para tanto, avaliou-se cinco cuidadores de idosos com demência. Antes de iniciar
e após a conclusão da intervenção, todos os cuidadores responderão aos seguintes
instrumentos: Escala de Sobrecarga de Zarit, o Geriatric Depression Scale (15 itens) e
a Escala da Qualidade da Relação Diádica Idoso-Cuidador de Sebern e Whitlatch. A
intervenção consistiu de encontros com o cuidador para ensinar informações e
habilidades novas, sobre demência, estimulação cognitiva e algumas habilidades sociais
relevantes para cuidadores de idosos com demência. Os dados foram analisados por
meio da comparação dos resultados obtidos dos participantes na primeira e na segunda
avaliação. Notou-se que a intervenção não afetou significativamente percepções de
sobrecarga, o número de sintomas depressivos ou a qualidade da relação entre o
cuidador e o idoso. No entanto, por meio de observações qualitativas, percebeu-se que a
maioria dos cuidadores apresentou uma melhoria envolvendo pelo menos um
relacionamento importante no contexto do cuidar. O aumento do envolvimento em
atividades estimuladoras junto ao idoso também foi pequeno e todos sentiram
dificuldades para interagir com o idoso nessas atividades. Estes resultados são
compatíveis com resultados de estudos anteriores. Conclui-se, portanto, que ainda
precisamos descobrir como ajudar os cuidadores a desenvolver atividades mutuamente
prazerosas para si mesmos e para seu parente idoso, para verificar se é possível reduzir
seu estresse neste papel.
AUTORA – ISA MARIA DE SOUZA FERNANDES FERRARI
ORIENTADORA – PROFA. DRA. RACHEL DE FARIA BRINO
TÍTULO - CRENÇAS SOBRE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR: UM ESTUDO
COM PROFISSIONAIS E ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE.
RESUMO - Tendo em vista as sequelas físicas, sociais e psíquicas provocadas pela
violência intrafamiliar, o presente trabalho visa analisar as crenças de profissionais e
estudantes da área de enfermagem e medicina, que provavelmente lidaram ou lidarão
com a violência em seu cotidiano profissional. Deste modo, foram aplicados 41
questionários em estudantes da graduação de medicina e enfermagem da Universidade
Federal de São Carlos e 39 questionários em profissionais autônomos dessas mesmas
áreas. O instrumento utilizado foi uma adaptação do Questionário sobre Crenças a
Respeito de Violência Intrafamiliar e por meio deste foram feitas análises quantitativas.
A análise quantitativa foi obtida a partir da análise dos itens dicotômicos. Por fim, este
trabalho visa entender as crenças que interferem na vida e na prática desses
profissionais e estudantes e fazem com que estes estejam qualificados ou não para lidar
com os sobreviventes da violência intrafamiliar. Os resultados obtidos indicam uma
diferença entre os grupos analisados, sendo que o grupo de estudantes apresentou um
melhor desempenho em relação ao grupo de profissionais tanto quando analisado
individualmente quanto em grupo. Os grupos diferiram nas afirmações mais
respondidas de maneira adequada e inadequada, no grupo dos estudantes, a afirmação
(6) “O consumo de álcool é a principal causa de o homem bater na mulher e nos filhos”
obteve maior frequência de respostas inadequadas, seguido pela afirmação (7) “Em
geral, crianças que chegam aos hospitais e prontos-socorros com fraturas e machucados
graves, foram vítimas de acidentes domésticos”. No grupo dos profissionais a afirmação
(7) aparece como a afirmação com maior frequência de respostas inadequadas, seguida
pela afirmação (44) “A mulher que apanha do marido pode largar dele, basta querer”. O
fato de a afirmação (7) aparecer entre as afirmações com maior frequência de respostas
inadequadas em ambos os grupos, a segunda no grupo dos estudantes e a primeira no
grupo dos profissionais, é preocupante, pois indica que os participantes não consideram
que muitos dos casos de ferimentos graves em crianças podem ser provenientes da
violência intrafamiliar, sendo assim, tais sujeitos podem não se preocupar em observar e
investigar sinais que indiquem que a criança sofre violência, permitindo com que esta se
perpetue. Apesar disso, ambos os grupos apresentaram um desempenho acima de 60%
de acerto no instrumento aplicado. Considerando que os participantes respondiam ao
instrumento pela primeira vez e sem ter participado de capacitação ou formação sobre o
tema, tal desempenho pode ser entendido como satisfatório, pois indica que os grupos,
no geral, alcançaram mais respostas adequadas do que inadequadas. Cabe ressaltar, no
entanto, como consideração final, que há necessidade de formação voltada ao tema, bem
como cursos de atualização, conscientização e capacitação para profissionais, visando à
eliminação de crenças inadequadas. Dado que essas crenças inadequadas podem levar a
intervenções ineficazes, que além de não auxiliar devidamente a vítima de violência,
possam também contribuir com a manutenção e disseminação de crenças e valores
inadequados, que por sua vez perpetuem a violência, ou a normalizem perante a
sociedade.
Palavras chave: Crenças; Violência Intrafamiliar; Saúde.
AUTORA - ISABELLA LOPES MIOTO
ORIENTADORA - PROFA. DRA. AZAIR LIANE MATOS DO CANT O DE
SOUZA
TÍTULO – MODELO ANIMAL DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO ( TEPT)
MODIFICADO PRODUZ AUMENTO DA ANSIEDADE EM CAMUNDONG OS:
AUSÊNCIA DE EFEITO DA IMIPRAMINA
RESUMO – O TEPT é um dos transtornos de ansiedade observado em humanos que é
caracterizado por revivência de situações aversivas e pode ser tratado com
antidepressivos. Em roedores, um modelo utilizado para avaliação do TEPT consiste na
exposição de animais a um evento aversivo seguido de situações de lembrança (SL), que
causa aumento da ansiedade. O objetivo deste estudo foi avaliar se o modelo modificado
de TEPT, com redução do intervalo entre as reexposições, produz alteração da
ansiedade em camundongos e se o antidepressivo tricíclico, imipramina pode reverter
este efeito. Camundongos suíço-albinos machos, pesando entre 25-30g, foram
distribuídos nos Experimentos: a) Experimento 1, avaliação da alteração do intervalo
entre as reexposições sobre o comportamento de camundongos expostos ao TEPT
modificado e ao labirinto em cruz elevado (LCE). Para isso os animais foram
confinados por 2 minutos no lado escuro (LE) da caixa CCE, em seguida a porta
guilhotina foi aberta para o animal explorar o lado claro (LC) da caixa. Quando o
animal entrou no LC uma lâmpada de 25W foi acessa, causando o retorno imediato do
animal ao LE da caixa. A porta foi fechada e os grupos foram expostos (CCHO) ao
choque (0,5 mA) nas patas ou não (SCHO), por 10 seg. No 2º, 3º e 4º dia, foram
reexpostos ao LC da caixa por 2 min. No 5º dia os animais, foram submetidos ao teste
no LCE, para registro da porcentagem de entradas e tempo gasto nos braços abertos
(%EBA) e entradas nos braços fechados (EBF) (atividade locomotora). No 6º dia os
animais foram submetidos a CCE para registro da latência de fuga (LF) e do tempo
gasto no LC da caixa. b) Experimento 2, semelhante ao Experimento 1 exceto que 30
min. antes dos testes no LCE (5º dia) e CE (6º dia), somente os animais expostos ao
choque foram tratados com imipramina (10 e 20 mg/Kg, i.p.) e salina. Os seguintes
comportamentos foram registrados: LCE [porcentagem de entradas (%EBA) e tempo
gasto nos braços abertos (%TBA) e entradas nos braços fechados (EBF) (atividade
locomotora)] e CCE [latência de fuga (LF) e do tempo gasto no LC da caixa (%TLC).
Nos Experimentos 1 e 2 os valores de p menores ou iguais a 0,05 foram considerados
significativos. No Experimento 1, foi utilizado o teste t de Student para medidas
independentes e os resultados foram que a exposição prévia ao choque com SL em
intervalos de três dias consecutivos produziu diminuição da %EBA [t(21)= 5,76,
p<0,05] e %TBA [t(21)= 4,56, p<0,05] sem alterar EBF [t(21)= 0,69, p>0,05] do LCE.
Além disso, aumentou a %TLC [t(21)= -5,95, p<0,05] da caixa sem alterar a LF [t(21)=
-0,10, p>0,05]. No Experimento 2, a análise de variância (ANOVA) de um fator
(tratamento), seguida pelo teste de Duncan mostrou que as duas doses de imipramina
não produziram alteração no LCE [%EBA, F(2,24)= 0,12, p>0,05; %TBA, F(2,24)=
0,74, p>0,05; EBF, F(2,24)= 1,20, p>0,05] nem na CCE [TC, F(2,24)= 0,14, p>0,05;
LF, F(2,24)= 0,05, p>0,05; TLC, F(2,24)= 0,02, p>0,05]. Nossos resultados mostram
que a alteração no intervalo das SL continua produzindo aumento da ansiedade avaliada
nos dias cinco e seis após o estímulo aversivo (choque). Entretanto, as duas doses de
imipramina não reverteram o efeito ansiogênico induzido pelo modelo.
AUTOR - JOÃO HANNA MENDES CARDOSO
ORIENTADOR - PROF. DR. JOÃO DOS SANTOS CARMO
TÍTULO - EFEITOS DE ARRANJOS ALEATÓRIOS E CANÔNICOS DE
QUANTIDADES NA AQUISIÇÃO DE COMPORTAMENTO CONCEITUA L
NUMÉRICO
RESUMO - A partir de 1990 pesquisas experimentais partindo do paradigma da
equivalência de estímulos começaram a ser desenvolvidas para estudar o processo de
aquisição de conceitos e habilidades matemáticas básicas. A presente pesquisa verificou
o efeito da exposição de arranjos aleatórios e arranjos canônicos de quantidades sobre a
aquisição de comportamento conceitual numérico em oito crianças pré-escolares com
idades entre quatro e cinco anos. Os participantes foram divididos igualmente em dois
grupos que diferiram quanto aos arranjos de quantidades. Inicialmente foram aplicados
pré-testes que avaliaram os repertórios por meio de oito atividades, apontando
desempenho superior por parte dos quatro participantes do sexo masculino.
Posteriormente, sessões de treino nas atividades de contagem ou equivalência numeral-
quantidade foram feitas com os participantes. Cinco participantes completaram as
sessões de treino. Destes, quatro realizaram o Pós-Teste e três realizaram o follow up
(como forma de se verificar a manutenção do repertório adquirido após três meses de
férias) obtendo desempenhos de aproximadamente 100% de acertos em ambas as fases.
Os participantes que realizaram todas as etapas permitem concluir que embora todos
tenham se utilizado da contagem para identificar o numeral equivalente às quantidades,
aqueles expostos aos arranjos canônicos chegaram à resposta em menor tempo.
Palavras-chave: Equivalência de Estímulos; Comportamento Conceitual Numérico;
Arranjos de Quantidades; Crianças Pré-Escolares.
AUTORA - LARISSA VENTURIM MARAVELLI
ORIENTADORA - PROFA. DRA. ELIZABETH JOAN BARHAM
TÍTULO – HABILIDADES SOCIAIS CONSIDERADAS IMPORTANT ES
NO CONTEXTO DE CUIDAR DE UM IDOSO
RESUMO – No processo de cuidar de um parente idoso com demência, é importante
manter relações positivas com o idoso e com outras pessoas envolvidas neste contexto.
No entanto, pesquisadores investigando estresse entre cuidadores de idoso indicam que
muitos dos respondentes relatam ter pouco contato e receber pouca ajuda de seus
familiares. Assim, investigações sobre o uso de habilidades sociais (HS) por parte de
cuidadores de idosos podem contribuir para identificar como superar algumas das
dificuldades interpessoais que surgem neste contexto. Por enquanto, temos poucos
conhecimentos sistemáticos sobre o uso de HS por parte de cuidadores de idosos, uma
vez que a grande maioria das pesquisas sobre o uso de HS foi conduzida nos contextos
escolar, parental, conjugal ou profissional, com crianças e jovens adultos. Assim, o
presente estudo teve como objetivo geral, verificar as percepções de cuidadores de
idosos em relação às habilidades sociais que utilizam no contexto de cuidado para com
um parente idoso. Para tanto, entrevistou-se 15 cuidadoras de familiares com demência.
As cuidadoras (esposas, filhas, noras e sobrinhas) variaram em idade entre 38 e 68 anos
(M = 51 anos). Inicialmente, a pesquisadora descreveu diferentes estilos interpessoais
(agressivo, passivo e assertivo) e as diferentes classes de habilidades sociais, e solicitou
que as cuidadoras dessem exemplos do uso destas habilidades, no contexto de cuidado
ao idoso. Em seguida, as respondentes pontuaram cada item do Inventário de
Habilidades Sociais (IHS) em relação a três dimensões: a) sua importância, b) a
frequência com a qual usam a habilidade e c) a facilidade com a qual conseguem agir de
forma habilidosa, em interações envolvendo seu papel de cuidador de idoso. Com base
nos resultados, notou-se que muitas das habilidades que fazem parte do IHS eram
claramente relevantes e que as cuidadoras deram exemplos do uso destas, com
facilidade. Outros itens, no entanto, eram considerados como irrelevantes a este
contexto. A frequência e facilidade do uso destas habilidades, no entanto, foram
significantemente menores do que sua importância, para um terço dos itens. Embora
seja necessário obter dados com uma amostra maior de cuidadores para confirmar os
resultados deste trabalho, parece que seria útil construir um instrumento de HS
específica para cuidadores de idosos. Um instrumento desta natureza poderá ser usado
para guiar o preparo de intervenções que visam melhorar a capacidade de cuidadores de
idosos para construir e manter redes de apoio social, para garantir uma maior qualidade
de vida para ele mesmo e para o idoso que depende de sua ajuda.
Palavras-chave: habilidades sociais, cuidadores de idosos, demência.
AUTORA - LAURA SODRÉ GALVÃO GARCIA
ORIENTADORA - PROFA. DRA. CAMILA DOMENICONI
TÍTULO - O VÍNCULO HOMEM-ANIMAL E SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE
E O BEM-ESTAR
RESUMO - A convivência entre o homem e animais que o cercam vem ocorrendo
pelos últimos 10 mil anos, ao redor de todo mundo. Tem sido discutido que os
benefícios de se ter animais de estimação são, desde melhorar a saúde cardiovascular,
até mesmo agirem como fatores de proteção contra depressão e ansiedade. A
dificuldade em se analisar dados nessa direção está relacionada com a pouca
possibilidade de replicação dos procedimentos utilizados e com a deficitária
operacionalização das respostas e métodos empregados. A presente pesquisa objetivou
verificar a influência da presença de um animal de estimação na tolerância a um
estímulo aversivo, a partir de um delineamento experimental de sujeito único. 18
participantes foram submetidos às três condições experimentais, controle, livro, cão,
uma por dia, durante três dias consecutivos, nas quais eram expostos a um som
monotônico aversivo através de fone de ouvido, enquanto realizavam determinadas
tarefas. Na situação controle, os participantes ouviram ao som, enquanto permaneceram
sentados individualmente na sala experimental. Na situação livro, os participantes
ficaram na mesma sala e na mesma posição, porém folhearam um livro de coleções de
arte. Na situação cachorro, os sujeitos mantiveram-se, também, sentados e interagiram
livremente com um cão da raça Border Collie, enquanto ouviam ao som. Os resultados
apontam que na situação controle a média da latência de retirada do fone foi de 16
minutos, na situação livro foi de 20 minutos e na condição cachorro foi de 26 minutos,
indicando que a presença do cão agiu direta ou indiretamente no aumento da tolerância
ao estímulo aversivo. Com relação ás avaliações que cada participante fez da situação
em que se encontravam, verificou-se, com uso de um diferencial semântico, que aqueles
que estiveram na condição cão avaliaram de forma significativamente mais positiva a
situação, quando comparados aos dados na condição livro ou controle. Os resultados
apontam que o benefício da presença do cão extrapola o âmbito do distrator, como é
considerado o papel do livro, na mesma situação e que este pode ser um método
promissor para estudos empíricos sobre o papel do cão na promoção do bem estar
humano.
Palavras-chave: convivência homem-animal; tolerância a evento aversivo; diferencial
semântico; cães; universitários; vínculo.
AUTORA - LETICIA BARBIERI
ORIENTADORA - PROF. DRA. ANA LÚCIA ROSSITO AIELLO
TÍTULO – AVALIAÇÃO DO REPERTÓRIO COMPORTAMENTAL DE
IRMÃOS DE CRIANÇAS COM AUTISMO – UM ESTUDO EXPLORAT ÓRIO
RESUMO - Irmãos de crianças com autismo têm sido considerados população de alto
risco para atrasos de desenvolvimento e autismo, em decorrência de estudos que
apontam ser o autismo um transtorno genético e estes irmãos terem risco acima de 20%
de desenvolver autismo. Assim, pesquisas estão sendo realizadas a fim de identificar
presença de sintomas autísticos e autismo em irmãos de crianças autistas. Entretanto,
muitos irmãos não alcançam os critérios de diagnóstico nesses estudos, mas apresentam
pontuação próxima da nota de corte para o diagnóstico do transtorno. O que significa
isso? O presente estudo tem por objetivo avaliar o repertório comportamental autístico
de crianças irmãs de autistas a fim de caracterizar esse repertório em termos de pontos
fortes e atrasos. Participaram da pesquisa 4 irmãos (irmãs) mais novos de crianças com
autismo (entre 3 a 13 anos), e suas respectivas mães. Para caracterizar o repertório do
irmão foram utilizados: o CARS e o ASQ, ambos para verificar presença de
comportamentos relacionados ao diagnóstico de autismo e o Peabody para avaliar
vocabulário expressivo e receptivo. Após a aprovação do Comitê de Ética, as crianças
foram encontradas na APAE de uma cidade do interior de São Paulo. A aplicação dos
instrumentos se deu em dia e horário agendados com a família, na seguinte ordem:
entrevista com mãe, aplicação do ASQ, CARS e Peabody. Os instrumentos foram
corrigidos de acordo com as normas propostas pelos autores e os dados obtidos foram
analisados quanto aos critérios de diagnóstico de autismo e áreas com atrasos de
vocabulário, caracterizando assim o repertório comportamental dos irmãos. Os
resultados indicaram que todas as crianças, com exceção de um participante que era
meio-irmão de uma criança autista, apresentaram pontuação acima da mínima para
diagnóstico de não-autista nos instrumentos CARS e ASQ. Também no Peabody, todas
as crianças menos o meio-irmão, apresentaram idade no PPVT menor do que a esperada
para sua idade cronológica. Esses dados parecem indicar que as crianças irmãs de
autistas, mesmo não apresentando diagnóstico de autismo, apresentam atrasos no
desenvolvimento de áreas afetadas no autismo: comunicação, interação social e
comportamentos e interesses restritos e estereotipados, merecendo, portanto, maior
atenção e intervenção por parte de familiares e profissionais.
Palavras-chave: autismo, irmãos, repertório comportamental.
AUTORA - LÍVIA ANDRADE BENATTI
ORIENTADORA - PROF. DRA. DÉBORA DE HOLLANDA SOUZA
TÍTULO – EU SOU O QUE ME DIZEM QUE SOU? PERCEPÇÃO DE
AVALIAÇÃO DOS PARES, AUTOCONCEITO E COMPETÊNCIA SOC IAL.
RESUMO - O campo de pesquisa sobre cognição social tem avançado muito nos
últimos anos, no entanto, poucos estudos têm explorado a relação entre a cognição
social e o desenvolvimento da personalidade. Um aspecto importante da personalidade
que parece estar diretamente relacionado à cognição social é o autoconceito, em
especial, porque a primeira é convencionalmente associada à percepção que um
indivíduo tem sobre a cognição de outras pessoas ao seu redor, incluindo os
pensamentos de outros sobre ele mesmo. Ao mesmo tempo, diversos estudos têm
demonstrado que indivíduos com uma cognição social mais elaborada se tornam
indivíduos mais competentes socialmente. A competência social pode, por sua vez,
exercer um impacto positivo sobre o autoconceito. O presente estudo teve como
objetivo, portanto, explorar a relação entre a percepção da avaliação dos pares, a
competência social e o autoconceito. Em especial, este estudo pretendeu investigar se a
competência social pode funcionar como uma variável moderadora na relação entre a
provocação dos colegas e o autoconceito. Participaram do presente estudo 48 meninas
de 9 e 10 anos. As participantes foram avaliadas por uma escala de autoconceito (EAC-
IJ) e por um inventário de habilidades sociais (SMHSC-Del-Prette). Além disso, as
participantes responderam a um questionário que investiga a frequência de experiências
que envolvem zombaria ou gozação (autorrelato). A percepção dos professores sobre a
socialização das participantes também foi medida por meio de uma escala criada para o
presente estudo. Para a análise de dados, a amostra foi dividida em dois grupos de
acordo com a avaliação dos professores: um primeiro grupo de meninas avaliadas como
sociáveis pelos professores e o segundo grupo de meninas avaliadas como pouco
sociáveis. Os resultados indicaram uma diferença significativa entre os grupos no que se
refere ao escore de Habilidades Sociais, autoconceito total e autoconceito escolar.
Foram encontradas também correlações positivas significativas entre a avaliação dos
professores, por um lado, e o autoconceito escolar e o autoconceito total, por outro.
Uma correlação negativa significativa também foi encontrada entre a provocação dos
colegas e o autoconceito social. Finalmente, embora não haja um efeito moderador de
Habilidades Sociais na relação entre a 5 provocação dos colegas e o autoconceito, os
resultados apontam uma tendência para um efeito moderador do nível de socialização
(avaliado pelos professores) na relação entre as mesmas variáveis. No geral, os
resultados são consistentes com a literatura, na medida em que a provocação dos
colegas parece exercer impacto sobre o autoconceito, mais especificamente, meninas
avaliadas como mais sociáveis apresentam também melhores avaliações de si mesmas.
Embora o número de estudos que avaliem a relações entre essas variáveis seja ainda
limitado, esta área de pesquisa parece promissora, em especial, porque pode contribuir
na forma de conhecimento e futuros programas de intervenção com crianças com baixa
autoestima e problemas de socialização.
Palavras chave: cognição social, habilidades sociais, autoconceito, zombaria.
AUTORA – MARIA HELENA DO CARMO GOMES LIMA
ORIENTADORA – PROFA. DRA. RACHEL DE FARIA BRINO
TÍTULO - COMPREENDENDO OS ESTUDANTES BRASILEIROS VÍ TIMAS
DE BULLYING: PARA QUEM ELES REVELAM?
RESUMO - O bullying é um fenômeno mundial e, como outros tipos de violência,
pode acarretar diversos custos emocionais e físicos aos envolvidos. Devido às suas
consequências, programas antibulying são desenvolvidos com o objetivo de minimizá-
las e criar estratégias para enfrentar o fenômeno. Uma das estratégias consideradas
fundamentais para o desenvolvimento bem sucedido de muitos programas antibullying é
a revelação por parte da vítima. Porém, estudos apontam que a maioria das vítimas não
revela e algumas hipóteses para isso são levantadas, como as seguintes: pais,
responsáveis e professores podem ter sido inefetivos diante da revelação; o medo de
retaliação, em caso do autor do bullying descobrir que foi reportada a violência; há
menor probabilidade do aluno revelar aos pais se estes forem coercivos; em algumas
escolas o bullying é visto como característico do ambiente escolar, de modo que se
entende que não há o que possa ser feito para impedi-lo ; alunos mais velhos procuram
menos ajuda de adultos do que os alunos mais novos; e vítimas crônica de bullying têm
maior chance de revelação. Apesar do grande número de hipóteses encontradas em
estudos internacionais, não foram encontrados dados nacionais quando ao número de
vítimas de bullying que não revelam as intimidações sofridas e quais motivos
contribuem para que não o façam. O objetivo do presente trabalho foi caracterizar a
revelação em vítimas de bullying de uma escola particular do Ensino Fundamental
localizada no interior do estado de São Paulo e identificar se as vítimas de bullying
revelaram serem vítimas deste; para quem elas revelaram; quais os motivos dos alunos
vítimas não revelarem; qual tipo de violência sofrem os alunos que revelam; por fim,
identificar quais modificações no ambiente escolar facilitariam a revelação.
Participaram da pesquisa cerca de 190 alunos de 10 a 12 anos, que responderam a um
questionário para avaliar seu envolvimento em bullying. Aqueles que assinalaram
determinadas respostas que os caracterizavam como vítimas de bullying foram
instruídos a responder um segundo questionário que visou identificar se estes alunos
revelaram as intimidações a alguém, qual intervenção ambiental facilitaria a revelação e
o que esperam do professor. Trinta e cinco alunos responderam o segundo instrumento,
em sua maioria meninas. 82,85% dos alunos já haviam feito a revelação a alguém: 20%
(somente meninas) revelaram a uma amiga; 17,15% dos alunos de ambos os sexos
revelaram a mãe; 8,3% dos alunos de ambos os sexos revelaram ao pai e mãe; 2,7%
revelaram para a coordenadora do Ensino Fundamental e nenhum aluno revelou ao
professor. Ter um meio para que possa revelar o bullying anonimamente e ter uma
pessoa disponível para este tipo de revelação foram as intervenções ambientais mais
votadas. Os alunos também esperam algumas atitudes dos professores, como conversar
com o agressor, estar disponível para ouvir a vítima e auxiliá-la na resolução do
problema. Verificou-se que se as intimidações ainda persistiam, as estratégias de
resolução do fenômeno aplicadas por pais e coordenador podem ter sido inefetivas.
Apesar dos alunos, pais e funcionários da escola terem acesso a informações pontuais
sobre o bullying por meio de palestras, é importante que estratégias sejam elaboradas a
fim de combatê-lo e não apenas identificá-lo.
Palavras-chave: bullying; vítimas; revelação.
AUTORA - MARINA BELIZÁRIO DE PAIVA VIDUAL
ORIENTADORA - PROF. DRA. CAMILA DOMENICONI
TÍTULO – GENERALIZAÇÃO TEMPORAL POR ATLETAS APÓS
COMPETIÇÃO: GANHAR OU PERDER PODE PRODUZIR DIFERENÇ AS NA
PERCEPÇÃO DO TEMPO?
RESUMO – A percepção do tempo é uma temática de interesse na Análise do
Comportamento, cujas investigações vêm mostrando robustez dos resultados em
diferentes espécies, desde peixes a humanos, que focaliza a habilidade dos organismos
em se adaptar a relações temporais muito diferentes. O presente estudo teve por objetivo
analisar a percepção do tempo em atletas enquanto praticantes de atividade/modalidade
esportiva. A partir dos conceitos de estudos que investigam a percepção do tempo,
buscou-se compreender, dentre as variáveis envolvidas nesse processo, se haveria
diferenças quanto à percepção do tempo pelos praticantes quando se está perdendo e
quando se está ganhando uma competição. Participaram do estudo 17 atletas praticantes
de judô, de idades variadas (média de idade 14 anos e desvio padrão 4,20). O
procedimento consistiu em tarefas de discriminação temporal programadas no
computador. Primeiramente foi apresentada aos participantes uma linha de base com
três tentativas, em que o participante deveria obter 100% de acerto para passar ao bloco
teste, composto por 81 tentativas. Os resultados sugerem que há diferenças na percepção
do tempo por parte dos atletas que ganharam e que perderam a disputa. Esta diferença
está mais evidente em estímulos de menor duração, sendo que os atletas que perderam
superestimaram (julgaram que o estímulo era de duração maior do que realmente era)
com maior frequência os estímulos curtos se comparados aos atletas que ganharam.
Com relação aos estímulos longos este padrão se inverte, a partir do estímulo de 500ms,
sendo que os atletas que perderam subestimaram (julgaram que o estímulo era de
duração menor do que realmente era) com maior frequência do que os atletas que
venceram a disputa. As diferenças não foram estatisticamente significativas, porém é
importante ressaltar que amostra do presente estudo era pequena.
Palavras chave: timing humano, discriminação temporal, estímulos temporais, atletas,
esporte.
AUTORA – MARINA DE ALMEIDA BIANCO
ORIENTADORA – PROFA. DRA. ANA LUCIA CORTEGOSO
TÍTULO - A EXIBIÇÃO DE FILMES SEGUIDOS POR DEBATES COMO
FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DE COMPORTAMENTOS DE CONSUMO
ÉTICO, SOLIDÁRIO E RESPONSÁVEL: O CASO DO CINE CONS UMO SOL
RESUMO - Dada a grande necessidade dos indivíduos refletirem sobre sua forma de
consumo e passar a adotar formas que favoreçam o respeito aos trabalhadores
(dimensão ética do consumo), sejam responsáveis (dimensão ambiental do consumo) e
solidárias (dimensão social do consumo) esse estudo avaliou se após uma intervenção
com a exibição de um filme e um debate sobre consumo é possível alterar as práticas de
consumo dos participantes para práticas mais adequadas. A sessão de cineclube tem
sido utilizada pelo coletivo ConsumoSol como estratégia de atuação e promoção de
práticas adequadas de consumo. Para essa intervenção foi feita uma entrevista inicial
com cada participante, a qual visava fazer uma caracterização das práticas de consumo
dos participantes. Um período após realizadas as entrevistas iniciais houve a exibição de
um filme seguido por debate pelo Cine ConsumoSol e mais ou menos um mês depois
foi realizada outra entrevista para avaliar se houve alteração ou não nas práticas. Os
resultados mostraram que a intervenção foi eficaz em motivar e sensibilizar os
participantes para práticas mais éticas, responsáveis e solidárias de consumo, havendo
um aumento significativo no número de práticas adequadas realizadas pelos
participantes. Futuros estudos podem realizar delineamentos e avaliações de critérios
mais acurados, além de aprimorar o questionário utilizado.
Palavras chave: consumo solidário; consumo consciente; sessão cineclubista
AUTORA - MARIANE NOVAES BERNARDI
ORIENTADORA - PROFA. DRA. MARIA STELLA COUTINHO DE
ALCANTARA GIL
TÍTULO – OS VÍNCULOS AFETIVOS NO CONTEXTO DA ADOÇÃO : UMA
CARTILHA INFORMATIVA
RESUMO – Oferecer um ambiente familiar adequado ao desenvolvimento da criança
no âmbito de uma adoção previne possíveis falhas no desenvolvimento global da
mesma. Para que isso seja possível, é indispensável que os pais adotantes tenham o
desejo de exercitar a paternidade/maternidade e que nesse sentimento esteja impregnado
o carinho, compromisso, doação, afeto e responsabilidade. Assim, para que uma criança
seja inserida com sucesso em uma nova família, é necessário que se formem vínculos
afetivos entre a criança e os demais membros. Diante disso, cabe ressaltar a importância
das primeiras interações no ambiente familiar, uma vez que quanto mais eficazes forem
os primeiros cuidados, maior será a atuação da família no âmbito de proteção a
situações adversas. Os vínculos afetivos são, ainda, necessários ao desenvolvimento da
criança, haja vista a falta de repertório suficiente para a própria sobrevivência sem a
participação de um indivíduo que substitua a sua falta de autonomia. Nesse sentido, a
presente pesquisa teve por objetivo orientar pais adotantes, através de uma cartilha,
oferecendo informações relacionadas à criança e aos vínculos formados no processo da
adoção, bem como discorrer sobre os recursos e estratégias que os pais adotantes podem
utilizar para auxiliar no processo de estabelecimento dos vínculos afetivos. A partir da
participação voluntária, fizeram parte desta pesquisa três profissionais especializados
em adoção e três pais adotantes que atuaram analisando a pertinência do conteúdo
exposto no material e verificando a linguagem e forma de apresentação,
respectivamente. O estudo foi dividido em duas partes, sendo que a primeira consistiu
na elaboração da 1ª versão da cartilha com subsídios encontrados na literatura da área e
a segunda fase se deu a partir da modificação do instrumento, por meio das análises
feitas pelos colaboradores, resultando assim na 2ª versão da cartilha, a versão final.
Considera-se o instrumento como um importante meio de fornecer acesso às
informações sobre adoção, já que através do linguajar de fácil entendimento, muitas
questões podem ser pesquisadas e dessa forma, orientar, de maneira rápida e eficiente,
os pais adotantes. Outros estudos poderiam ser realizados ainda para verificar os
resultados das análises de colaboradores com diferentes níveis socioeconômicos e de
escolaridade, variáveis que não foram controladas nesse estudo, fatores que poderiam
estar relacionados à acessibilidade do conteúdo do material e à aplicabilidade das
orientações apresentadas. Ainda outros estudos seriam social e cientificamente
relevantes, haja vista a falta de estudos relacionados ao assunto.
Palavras-chave: adoção, orientação de pais, vínculos afetivos, estratégias.
AUTORA - MAYARA PATRÍCIA DE ABREU VIEIRA
ORIENTADORA - PROFA. DRA. GEORGINA CAROLINA FANECO
MANIAKAS
TÍTULO - AS RAÍZES DA AGRESSIVIDADE E DA DELINQUENC IA NA
PERSPECTIVA WINNICOTTIANA
RESUMO - Frente a tantas expressões agressivas no decorrer da história, muitos são os
questionamentos a respeito do que leva as pessoas a agirem de forma ilógica com vista a
destruição do outro. Frente a isso, o presente trabalho busca compreender as possíveis
raízes da agressão, para entender as ocorrências das atuações violentas e destrutivas do
ser humano em sociedade. Para tanto utilizou-se os estudos psicanalíticos de D. D.
Winnicott, que dedicou parte de sua obra à compreensão da agressividade, sempre
frisando a importância do meio e da mãe suficientemente boa para o amadurecimento e
o bom desenvolvimento psíquico das crianças . Pode-se compreender que agressão é um
movimento inato ao indivíduo, o qual deve apreender a lidar com seus desejos de
destruir. A contenção saudável dos desejos destrutivos de uma criança deve ocorrer
mediante o suporte do meio em que está inserido; ressaltando-se que o mesmo meio que
pode prover saúde psíquica à criança pode privá-la de sustentações básicas, e assim
concorrer para a ocorrência de comportamentos antissociais nos primeiros anos de vida.
A tendência antissocial é um forma de esperança expressa pela criança na intenção de
remontar ao evento de privação sofrido e assim reorganizar-se psiquicamente. Por
vezes, os comportamentos antissociais não são compreendidos e a criança mantêm-se no
estado de angústia, a manutenção deste estado poderá culminar no desenvolvimento de
um indivíduo delinquente. Nesse sentido, pode-se compreender que ambientes que não
suportam a destrutividade inata da criança não permitem que ela crie e imagine
situações em possa destruir e posteriormente reparar, e é por isso que buscam, através
de movimentos agressivos, integrar-se no corpo, buscando assim as limitações do
mundo externo a elas.
AUTORA – RENATA GRANUSSO BONIN
ORIENTADORA – PROFA. DRA. MARÍLIA GONÇALVES
TÍTULO - A FAMÍLIA COMO IMAGINÁRIO: ESTUDO SOBRE CA MPOS
PSICOLÓGICOS
RESUMO - Para Winnicott, o bebê nasce com uma tendência para o desenvolvimento,
e os cuidados ambientais que recebe fazem parte do seu processo de constituição como
pessoa. A tarefa da mãe/ pessoa que realiza função materna é oferecer um suporte
adequado para que as condições inatas alcancem um desenvolvimento ótimo.
Realizadas as tarefas iniciais do desenvolvimento, no circulo familiar, a criança será
paulatinamente inserida em círculos cada vez mais amplos da sociedade. Neste
contexto, a escola emerge como uma instituição fundamental para desencadear os
processos evolutivos das crianças, atuando como propulsora ou inibidora da
continuidade do desenvolvimento físico, intelectual, emocional e social. Quando o
amadurecimento psicoemocional não acontece, no momento em que as funções mentais
se estabelecerem, estas serão utilizadas pela criança como uma reação defensiva contra
situações que possam ser sentidas como invasivas, isto é, que apresentem desafios
maiores que aqueles que a criança se encontra em condições de elaborar e integrar a si.
Isto inviabiliza a criatividade, o pensamento criativo e a realização criativa do indivíduo
no mundo, assim propôs-se uma pesquisa interventiva na forma de uma consulta
terapêutica, para a pessoalidade coletiva. O objetivo foi identificar as concepções
imaginativas de família em crianças que freqüentavam uma escola municipal do ensino
básico. As concepções imaginativas se manifestam nas condutas conscientes e não-
conscientes, que determinam as condutas, que podem ser transformadas pelo próprio
indivíduo a partir do espaço transicional criado na intervenção.
Palavras-chave: Campos psicológicos. Escola. Família.
AUTOR - RENATO CARNEIRO MEIRELLES
ORIENTADORA - PROFA. DRA. MARIA DE JESUS DUTRA
DOS REIS
TÍTULO – “PARTILHANDO MEUS MEDOS E TRISTEZAS?”:
DEPENDÊNCIA DA INTERNET E DEPRESSÃO E EM JOVENS ADULTOS.
RESUMO – Os estudos interessados pela depressão em adolescentes têm aumentado
nas últimas décadas, com pesquisas sendo datadas mais relevantemente a partir da
década de 70. Considerando o profundo impacto das redes sociais e do uso da internet
como condição de inserção social no adolescente e jovem adulto, pesquisadores têm
procurado investigar a relação da Dependência de Internet, descrita pela primeira vez
em 1996, e a presença de indicadores de depressão. O presente trabalho teve como
objetivo examinar, através da aplicação de questionário on-line a relação do uso
excessivo da internet com indicadores de transtorno depressivo e de ansiedade em
jovens adultos. Após aprovação por comitê de ética, jovens adultos com idade variando
entre 15 e 30 anos, de ambos os sexos, foram convidados, através das redes sociais, a
responderam a um questionário elaborado através do GOOGLE FORMS. 107
questionários foram respondidos, sendo eliminados questionários: 1) com características
de duplo envio; 2) com participantes informando idade igual ou superior a 30 anos; 3)
com itens dos inventários em branco. Ao final foram analisados 94 participantes, sendo
62 do gênero feminino, 31 do masculino e 01 se recusou a fornecer esta informação. A
idade variou de 15 a 29 anos. O questionário geral para coleta de dados apresentou
questões para caracterização dos participantes (gênero de díade) e instrumentos
psicodiagnósticos para avaliação de fatores de dependência da internet (Teste de
Dependência de Internet - IAT), depressão (PROMIS de depressão Nível 2) e ansiedade
(PROMIS de Ansiedade Nível 2). Na amostra analisada, os resultados parecem apontar
que 59,6% da amostra mostraram indicadores de dependência da internet (44,7% com
nível leve e 14,9 em nível moderado); não foram observados indicadores graves de
dependência. 74,5% da população apresentou indicadores de depressão, sendo 41,%
com níveis de cuidado em saúde (37,2% com depressão moderada e 4,3% severa). Os
indicadores de ansiedade foram observados em 88,3% da amostra, sendo que 64,9%
apresentavam índices de cuidado em saúde: 47,9% com ansiedade moderada e 17%
com severa. Análises correlacionais bivariante de Spearman mostrou uma relação
positiva, forte e significativa entre os indicadores de ansiedade de depressão (r=0,67,
p<0,000); observou-se também uma relação positiva e significativa, embora mais fraca,
entre os escores de dependência da internet e os indicadores de depressão (r=0,36,
p<0,000) e de ansiedade (r=0,48, p<0,000). Os participantes com níveis “normais”
deuso da internet apresentavam como maiores escores, no instrumento de dependência,
os seguintes itens: 1) passar mais tempo do que pretendia; 2) checar email antes de
outras tarefas; 3) se pegar dizendo “só mais alguns minutos; 4) negligenciar tarefas
domésticas para ficar on line; e, 5) construir novas amizades on line. Nos participantes
com dependência moderada três destes cinco itens aparecem com maior frequência: 1)
se pegar dizendo “só mais alguns minutos”; 2) negligenciar tarefas domésticas; e 3)
passar mais tempo do que pretendia; relatam ainda, 4) dormir pouco para ficar logado;
e, 5) tenta diminuir a quantidade de tempo on line, sem conseguir. Construir novos
relacionamentos obtive o último escore nesta população e checar o email ficou entre os
cinco últimos itens. A discussão aponta como estes resultados replicam a literatura
internacional e possíveis implicações para futuras investigações.
PALAVRAS-CHAVE: Transtorno de humor, dependência de internet, adolescente.
AUTORA - SUELEN MARQUES DE ALMEIDA CUNHA
ORIENTADORA – PROFA. DRA. DÉBORA CRISTINA MORATO PINTO
TÍTULO – PSICANÁLISE E GÊNERO: UMA RELAÇÃO ENTRE
DISCURSOS ALÉM DO ÉDIPO
RESUMO – Novos discursos acerca da sexualidade foram construídos a partir do
surgimento de novas configurações de gênero e de novas formas de subjetivação no
mundo contemporâneo. Diante dessas mudanças, apontou-se como objetivo dessa
pesquisa investigar a influência dos novos discursos de gênero sobre a concepção de
sexualidade postulada pela psicanálise, principalmente no que se refere ao complexo de
édipo procurando investigar a relação entre o pressuposto edipiano e a temática gênero e
a possível permeabilidade entre esses discursos. A metodologia a ser utilizada consistiu
em um levantamento da literatura disponível sobre o tema proposto, o que permitiu
chegar a algumas reflexões e considerações sobre o problema de pesquisa. O referencial
teórico no presente estudo se pautou no trabalho de Michel Foucault sobre os
dispositivos de poder que controlam a produção dos discursos e a criação de uma
verdade sexual. Sendo assim, buscou-se discutir o acolhimento das novas formas de
gênero pela psicanálise quanto teoria crítica e prática teórica. Diante disso, pode-se
constatar que uma relação efetiva entre a psicanálise com as novas formas de gênero se
faz necessária. Concluiu-se que a criação da psicanálise estabeleceu uma nova forma de
entender a sexualidade ao negar a idéia da biologia de instinto sexual. Entretanto, ao
desconstruir tal ideia, o discurso psicanalítico realizou uma redefinição do que é normal
e patológico na questão sexual, normatizando-a de acordo com os padrões da época.
Nesse ponto, a psicanálise estabeleceu um esquema normativo de desenvolvimento do
sujeito baseado na resolução edípica que resulta na constituição do ser homem/mulher.
Entretanto, o atual discurso de gênero é contrário a essa normatização ao considerar
como múltiplos e difusos os pontos de origem das práticas e discursos que envolvem a
questão da sexualidade. Foi possível reconhecer a promoção de deslocamentos
subjetivos realizada pelas contingências históricas e políticas e a necessidade de
articulação do discurso psicanalítico com as novas formas de subjetivação, das quais o
discurso de gênero é produto.
Palavras-chave: sexualidade; discurso; gênero; psicanálise.