Resumos do Texto - Gestão de Conflitos na Escola

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Escola e Familia: uma relação necessária e conflitualDe Carlos Manuel GonçalvesCOSTA, Maria Emília, Gestão de conflitos na Escola, Lisboa, Universidade Aberta, 2003.

HistóricoNo passado a escola detinha o poder natural e socialmente conferido pela família.

A perspectiva sistémica: escola e família, dois sistemas em interacção

Família- é a realidade de chegada, partida e permanência do ser humano- apesar das transformações (estrutura e funcionamento, turbulências, influências

sociais, económicas ): é um contexto privilegiado de transmissão de vida, afectos, cultura, referências éticas e de desenvolvimento; é o maior contexto de socialização do indivíduo e de aprendizagens mais estruturantes e estruturadoras.

- a escola tem um impacto decisivo no desenvolvimento infantil- compreensão e intervenção na família: Epistemologia causalista (centrada numa

relação causa-efeito) _____________________________________ epistemologia circular e sistémica (os problemas humanos não tem só um sentido, mas uma função no contexto em que emergem.

Abordagem sistémica- é inconsistente no estudo dos seus membros separadamente- o funcionamento é influenciado pelos sistemas social, cultural, económico, etc- é um sistema aberto – com múltiplos elementos que estão em interacção no seu

interior e com o exterior, havendo uma troca de informações e energia que interferem no equilíbrio do sistema, provocando novos desenvolvimentos (Walrond_Skiner, 1976) os sistemas abertos estão em interacção com o meio provocando alterações no interior

- a família como sistema fechado é resistente à troca de informação tendendo à autodestruição ao reduzirem-se ao seu nicho ecológico, não permitem o desenvolvimento de mecanismos de adaptação ao meio selectivo envolvente

-é uma rede complexa de relações e emoções, expressas nas interacções vivenciadas ao longo da história do seu desenvolvimento

- qualquer mudança num dos membros produz modificações ou flutuações nos outros.- é um sistema de relações organizado em função de determinados objectivos comuns

que os membros da família separadamente não podem atingir.- as relações com o exterior podem ser relações inter-sistémicas (interações com o

exterior) e intra-sistémicas (entre os vários subsistemas da família) as quais devem ser auto-reguladas para manter a coerência, a identidade e autonomia (intra e inter).

- classificação das famílias onde as fronteiras inter e intra sistémicas são deficientemente definidas: aglutinadas ou enredadas (não existem limites entre os subsistemas, não promovem a privacidade, nem um contexto de exploração e de diferenciação de si próprios e do mundo) e rigidificadas e autoritárias (com fronteiras rígidas entre os vários subsistemas, não permitindo troca de mensagens e de afectos)

- Desenvolvimento da família: transições normativas (acontecimentos previsíveis, ex: entrada de filhos na escola, adolescência dos filhos) e não normativas (acontecimentos imprevisíveis que podem acontecer ao longo do ciclo familiar, ex: divórcio, doenças)____ redefinição de funções e regras familiares.

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Escola- só é viável como sistema organizado se trocar informações com a comunidade

envolvente, comunicar com as famílias com quem partilha funções complementares de educação e formação

Transacção entre Família e Escola - A comunicação deve circular de uma forma funcional e adaptativa;- Fronteiras ou limites entre os dois sistemas, facilitando a privacidade, a autonomia e a

diferenciação de cada um deles;- cada sistema realize a sua função primordial: o desenvolvimento integral dos

filhos/alunos;

Perspectiva ecológica de Brofenbrenner

(Resumo) Sublinha a relevância das interacções entre o individuo e os vários contextos de vida onde directa ou indirectamente participa, e portanto, ocorre o seu desenvolvimento.O desenvolvimento humano conceptualiza-se como um conjunto de estruturas seriadas que se encaixam e se interligam umas nas outras, no centro das quais está o sujeito (aluno/filho);Os cinco subsistemas hierarquicamente inter-relacionados onde se dá o desenvolvimento humano são:

a) O microssistema, refere-se aos contextos imediatos em que se insere a pessoa em desenvolvimento, onde pode estabelecer interacções face a face, desenvolver relações interpessoais, actividades e desempenhar determinados papéis. Ex.: na família, na escola, na sala de aulas e no grupo de pares.O microssistema refere-se aos processos interactivos em que, pelo menos uma das partes, é o sujeito em desenvolvimento (Brofenbrenner, 1979)

b) O mesossistema, compreende as relações entre dois ou mais dos principais microssistemas em que a pessoa em desenvolvimento intervém activamente, como a relação entre a família, a escola e o grupo de pares da comunidade de pertença (Brofenbrenner, 1979)É ao nível deste subsistema que se realiza a reflexão da relação da família com a escola, analisando as suas interacções.

c) O Exossistema, diz respeito a um ou mais contextos que não implicam a participação activa do sujeito em desenvolvimento, mas onde ocorrem situações que afectam ou são afectadas pelo contexto imediato em que o sujeito se movimenta. Ex: o estatuto socioeconómico dos pais, o emprego dos pais, a rede social de apoio da família, a política governamental e os meios de comunicação social (Brofenbrenner, 1979)

d) O macrossistema refere-se às correspondências, em forma e conteúdo, dos sistemas de menor ordem (micro, meso e exo).É todo o contexto cultural, que influencia as variáveis dos níveis anteriores, constituído pelo conjunto de: valores, crenças culturais, acontecimentos históricos (Brofenbrenner, 1979)

e) O cronossistema diz respeito ao tempo em que o desenvolvimento ocorre, ou seja, determinados momentos temporais podem ser mais decisivos para o desenvolvimento do sujeito do que outros, devido às mudanças que provocam no individuo, ou no ambiente ecológico, ou em

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ambos simultaneamente (Brofenbrenner, 1979)

SínteseCada sujeito vai-se auto-organizando nas várias dimensões da sua existência, como resultado das relações com o mundo que o rodeia, nomeadamente a família, a escola e o contexto social de origem.Não é indiferente e insignificante nascer num contexto familiar onde existe estabilidade emocional que garante segurança ou provir de uma família desestruturada e disfuncional; não é irrelevante viver em ghettos de exclusão social, ou viver em zonas privilegiadas onde se pode aceder às oportunidades de maior viabilização do sucesso (Law, 1990)

A perspectiva sistémica proporciona um quadro conceptual que permite articular as variáveis pessoais, a relação do sujeito com o mundo onde interage, como a família, a escola, a comunidade onde se insere, com as dos contextos de vida como as políticas sociais e económicas da administração regional e central.

A abordagem clássica da Psicologia circunscrevia o desenvolvimento ao domínio do intrapessoal, e ao reducionismo das perspectivas sociológicas, que absolutizavam o peso dos constrangimentos das estruturas sociais – o extrapessoal, sobre o desenvolvimento humano, sendo este uma mera reprodução das mesmas.

Caracterização dos contornos conflituais da relação - A relação família/escola necessita de: criatividade, flexibilidade, cooperação,

questionamento e oportunidades de partilha; diálogo formativo;- Uma correlação positiva ocorrerá entre o envolvimento parental na escola e o

sucesso educativo, em termos de resultados escolares dos filhos (Corner, 1988; Hendersen, A., 1987; Davies, Marques & Silva, 1993). E ainda, porque a participação activa e colaborativa dos principais intervenientes do acto educativo, como expressão de uma forma de exercício do direito de cidadania, contribui para uma maior articulação entre a democracia representativa e participativa (Davies, 1989)

- Após a aprovação da Lei de bases do Sistema de Ensino, em 1986, é que se começam a criar condições para a emergência de uma participação parental, no entanto, esta relação escola/família não parte de um movimento de base, pais e professores, mas a uma regulação estatal.

- Brown (1990), ao reflectir sobre o papel nuclear da administração central na promoção deste diálogo escola/família, impôs medidas que geram desigualdades sociais e as legitimam, atribuindo as responsabilidades às famílias pelo sucesso ou insucesso dos seus filhos em função do grau de envolvimento neste diálogo.

- A administração central desresponsabiliza-se dos efeitos das políticas educativas por si traçadas e implementadas e, ao mesmo tempo, responsabiliza as vítimas do sistema pelos efeitos produzidos (Silva, 2001)

- Vários especialistas questionam-se sobre a natureza e qualidade da relação escola/família:a) Cléopâtre Montandon e Philippe Perenoud (1987) denominam-na como “um

diálogo impossível”; b) Serge Honoré (1980), como uma “relação necessária e difícil”;c) Cristina Gomes da Silva (1993), como uma “cooperação desconfiada”;d) Cristina Rocha (1996), como uma “colaboração conflitual”;

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e) Pedro Silva (2001), como uma “relação armadilhada”.- O diálogo Escola/Família está impregnado de marcas históricas de alguma

conflitualidade provenientes de interesses, valores, culturas e expectativas diferentes, torna-se imprescindível o desenvolvimento desta relação para maior participação dos pais e eliminação de medos e desconfianças, instituindo-se um diálogo, necessariamente conflitual, colaborativo e não intrusivo, definindo-se fronteiras suficientemente flexíveis, que permitam uma interacção.

O conflito como processo psicossocial de desenvolvimento - O conflito é um processo transversal responsável pela mudança em todos os níveis da

vida social quer em níveis macrossociais quer em níveis micro: pessoal, interpessoal, etc, ou seja, o desenvolvimento social não poderia ocorrer sem a mediação do conflito mais ou menos percebido ou mais ou menos explícito;

- Segundo Piaget o desenvolvimento vai-se processando numa sequência invariante conflitual;

- O conflito é um processo de desequilíbrio instalado no sistema pessoal, que vai incorporando novas informações e experiências do meio envolvente (assimilação) desafiando o padrão habitual.

- O desequilíbrio que o conflito provoca proporciona novas condições para uma reorganização mais complexa do sistema pessoal, embora integrando a estrutura anterior (processo de integração/acomodação)

- Nem todo o conflito é produtor de desenvolvimento, conflitos há que são desencadeadores de forte violência e desintegração pessoal e comunitária.

A negociação como estratégia privilegiada para lidar com o conflito

- Uma das estratégias para lidar com o conflito é a negociação, que poderá ser a negociação informal (que está presente nas relações que se estabelecem no quotidiano) e a negociação formal (mais sofisticada e intencionalizada)

- A negociação leva a uma maior abertura e cooperação;- A negociação é útil e inevitável pois os seres humanos não controlam todas as

situações em que participam, nem sobrevivem senão na relação com os outros;- Existem situações inegociáveis que têm a ver com as nossas convicções mais

profundas;- A negociação pode ser uma estratégia tão manipulável e perversa como outra qualquer

acção social, porque, por vezes, os negociadores apresentam propostas aparentemente limitadas perante os outros para “ganharem tempo” ou mesmo mascararem os dados do problema e as suas intenções e objectivos (Cunha, 2001)

- Há conflitos que não podem nem devem ser esbatidos através da negociação.

De uma relação inquestionável à desconfiança- Até final da década de 60, as relações família e escola estavam perfeitamente

estabelecidas e regulamentadas de forma unilateral pela instituição que detinha a hegemonia e o poder reconhecido socialmente, existindo uma correspondência quase perfeita entre os valores e normas que se implementavam na escola e se aceitavam no seio da família;

- Existia um acordo implícito entre o que os alunos deviam aprender (conteúdos) e como deveriam fazê-lo (metodologias);

- A suposta coesão entrou, hoje, em ruptura pelas profundas mutações das práticas educativas, quer na escola quer na família, atribuindo-se responsabilidades e acusações recíprocas entre os dois principais agentes de educação;

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- Nem todas as famílias de hoje, têm condições humanas e materiais que lhes permita realizar uma socialização primária sólida para que a escola possa continuar o seu trabalho com garantia. Ex: criação de hábitos de estudo/trabalho autónomo e responsável; interiorização de estratégias de auto-regulação, etc.

- Os alunos chegam à escola repletos de informação de todo o tipo, mas de forma desorganizada e sem a possibilidade de a transformarem em conhecimento;

- Os professores sentem-se meros executores das directivas da administração central, que realiza reformas e revê currículos sem uma reflexão prévia; Constrói-se uma imagem simplista do ensino em queda difundida na comunicação social; dificuldade de transmitir, numa escola de massas, saber significativo dentro de contextos de formação cada vez menos controláveis (indisciplina);

- Os professores acusam os pais de transformarem a escola em gigantescos parques de estacionamento dos seus filhos;

- Os pais acusam os professores de serem incompetentes para conseguir motivar as novas gerações para um ensino/aprendizagem bem sucedido;

SínteseA escola necessita que os pais não abdiquem do seu papel de educadores e

proporcionem aos seus filhos um contexto favorável à construção de uma identidade pessoal e social segura, mas os pais também exigem à escola que não se limite a instruir, mas que proporcione aprendizagens significativas que sejam instrumento de leitura do mundo actual e favoreçam a sua integração psicossocial.

Conflitualidade entre expectativas da família e a resposta da escola- Segundo J. Azevedo a escola confronta-se sistematicamente com a realidade conflitual,

“dificuldades para servir para o que se diz que serve e que serve exactamente para o que dizemos que não deve servir”.

- O papel instrucional da escola que se traduz na aquisição de competências instrumentais básicas (leitura, escrita, cálculo) com um alargamento às ciências experimentais e às TIC, vai sendo alargado à medida que aumenta a escolaridade obrigatória, sendo novas funções exigidas – Desenvolvimento pessoal e social qu se traduz no saber-fazer; saber-ser; saber-transformar e transformar-se e saber-conviver.

- A missão da Escola, segundo a Lei de Bases do Sistema de Ensino é:a)promoção do desenvolvimento integral da personalidade do aluno

(valorizando tanto os conhecimentos sócio-culturais, científicos, técnicos bem como as atitudes comportamentos e valores)

b) formação do carácter e da cidadaniac) preparação dos alunos para a ocupação de um justo lugar na vida activad) desenvolvimento do espírito e prática democrática

- Segundo o relatório da Unesco os pilares fundamentais para a educação do séc. XXI são de duas dimensões (que formam o ser na sua globalidade – aprender a ser):a) a dimensão cognitiva – aprender a conhecer, aprender a fazerb) a dimensão cultural/social – aprender a viver juntos, aprender a viver com os

outros- Devido à comunicação social (construtores de opinião) existem violentas tomadas de

posição contra a escola, que não realiza na prática o que se propõe no discurso explícito normativo.

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- O mundo do trabalho acusa a escola de transmissão de saberes academicista, não equipando os alunos com competências transversais que permitam o aprender a conhecer, a ser, a relacionar-se, a tomar decisões

- A educação escolar rege-se pelo princípio da igualdade de oportunidades, no entanto, passadas décadas sobre o processo de massificação do acesso à educação, existem inúmeros alunos excluídos do sistema de formação, pertencendo na sua maioria as famílias e grupos pouco familiarizados com a cultura da escola (cultura de classe média)

- Segundo D. Sampaio (1994, p. 226): “As famílias projectam na escola as suas inquietações de medo, de falta de tempo e disponibilidade para amar, estar, proteger e educar, e anseiam que a escola cumpra também estas tarefas, o que tecnicamente é incomportável”.

- Corre-se o risco de a escola não corresponder aos desafios com que é confrontada, nem às expectativas criadas por parte da sociedade civil, famílias e mesmo decisores políticos.

- Nóvoa (1992, p. 12): “Os professores vivem tempos conturbados e paradoxais. Apesar das críticas e desconfianças em relação às suas competências profissionais exige-se-lhes quase tudo.”

A cultura da escola e a cultura de proveniência da família- A relação escola/família é condicionada pelo diálogo conflitual das culturas em

confronto, a qual para ser profícua deve estar impregnada dos seguintes requisitos: respeito incondicional pelo outro; aceitação das diferenças e empatia (Roger, 1970)

- O diálogo entre a escola e a família é uma relação mediada pela cultura escolar (urbana, academicista, teótica, abstracta, de classe média, etc) e a cultura do contexto sócio-cultural de origem dos alunos e famílias.

- A cultura escolar (escola monocultural) favorece as famílias oriundas de culturas congéneres, desfavorecendo, minimizando, não respeitando as famílias de contextos de origem mais periféricos, emergindo o conflito inter-cultural. Assim as escolas devem ser abertas à participação activa dos pais, de qualquer contexto de origem, criando espaços físicos para se reunirem e intercomunicarem.

- A escola valoriza a cultura socialmente dominante e utiliza, de forma intencional ou não intencional, estratégias para deixar a cultura dos alunos e das suas famílias fora ou à margem, desvalorizando-a e demonstrando que ela não garante o sucesso escolar e social.

- A cultura da escola pretende fornecer uma base comum a todos os grupos de uma sociedade com vista a formar uma identidade nacional, descuidando e ignorando o ponto de partida sócio-cultural de cada educando.

- Promover o diálogo necessário entre a escola e a família implica uma demarcação da escola monocultural, passando para uma escola onde se respeitam incondicionalmente as diferenças – escola intercultural, para a construção de uma escola transcultural.

Escola e Família: uma relação conflitual cooperante- Para se passar de uma relação assente numa base de desconfiança recíproca é

necessário respeito e clarificação dos papéis dos diferentes actores do acto educativo.

- Várias investigações revelam que o envolvimento dos pais na escola tem efeitos positivos nos resultados escolares dos educandos. Mas os pais também

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beneficiam dessa aproximação: valorização do seu papel activo como educadores; maior informação sobre o sistema educação/formação; construção de redes sociais de apoio e desenvolvimento da consciência de cidadania (Davies, Marques & Silva, 1993; Marques, 1988)

- O desafio que se coloca à escola é aproximar as famílias mais distantes da cultura escolar dominante, abrindo fronteiras inter-sistémicas para viabilizar a troca de informação.

- Mas a viabilização desta relação entre escola e famílias mais distantes da cultura da escola, não poderá acontecer apenas das normativas da administração central, mas da vontade dos interlocutores e do seu debate de conflitos de interesses, que poderão nascer projectos educativos inovadores que abram a escola à comunidade.

- O poder político tenta expor os professores perante os pais, mas ele próprio recusa expor-se.

Obstáculos ao diálogo por parte da escola/professores- A escola foi e continua a ser, em parte, um “feudo” dos professores, por isso vai

resistindo e adiando o diálogo cooperativo com os pais, circunscrevendo-se este ao indispensável e ao legalmente prescrito. Os pais serão intromissores ou interlocutores?

- Nóvoa (1992, p.27): “é preciso romper, de uma vez por todas, com a ideia de que as escolas pertencem à corporação docente. Os pais, enquanto grupo interveniente no processo educativo, podem dar um apoio activo às escolas e devem participar num conjunto de decisões que lhes dizem directamente respeito”.

- Professores e directores de turma não tiveram, na sua formação inicial, abordagem de competências para relacionamento interpessoal com os pais (Davies, Marques & Silva, 1993).

Obstáculos por parte da família para o diálogo cooperante- Tradicionalmente em Portugal as famílias delegavam na escola a tarefa da educação.- As famílias ausentes do diálogo com a escola têm o desconhecimento da legislação

que rege esta participação, do funcionamento e organização do sistema escolar – são famílias ausentes da cultura da escola e provém de contextos socioculturais desfavorecidos ou de minorias étnicas.

- Estas famílias, embora julguem importante a sua participação na escola, acham-na pouco viável, pois:

a) os seus horários laborais estão desajustados dos horários de atendimento dos professores e directores de turma;

b) têm dificuldades de acesso à informação e descodificação da mesma;c) demonstram dificuldades de comunicação verbal, o que os inibe de

mostrarem o que pensam, pois também não entendem as mensagens dos professores centradas numa avaliação quase sempre negativa e problemática;

d) sentem-se responsabilizados e culpabilizados pelos insucessos dos filhos, pondo em causa o seu papel de educadores.

Rumo a um diálogo colaborativo- A escola como portadora da cultura dominante deveria tomar a iniciativa. Lá que os

pais não vão à escola, deve a escola ir ao encontro das famílias (Sampaio & Felicio, 1997);

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- Normalmente os encarregados de educação são convocados pelo director de turma, por motivos desagradáveis e penalizadores para a sua auto-estima como educadores.

- A escola deveria inverter esta lógica negativa, convocando os pais para acções mais positivas de cooperação e formação ou para momentos mais informais.

- A formação de professores deverá abordar a temática do envolvimento dos pais na escola, proporcionando estratégias para a dinamização dessa aproximação.

-No que toca aos órgãos de gestão da escola – Conselho Executivo e Conselho Pedagógico – deveriam definir uma política global de envolvimento das famílias fazendo diligências para que as associações de pais e a sua representação nos diversos órgãos onde têm assento por direito próprio (CP; CT e assembleia da Escola) fosse efectiva; promovendo acções de formação e lazer, através do Projecto Educativo da Escola.

- Promover uma aproximação positiva ao contexto escolar.- Acolher para envolver, formar para participar e desenvolver o sentido de pertença

para partilhar responsabilidades (Sousa, 1997)