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Sendo diScípulo de criSto numa Sociedade de conSumoPor Rev. Paulo Fontes

Revisão e Diagramação: Mairê Giles

E-book compilado e publicado por ChaMaDos CRistãos

Disponível em http://chamadoscristaos.wordpress.com/

Primeira edição do e-book: Fevereiro de 2013.

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SuMáRio

introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Capítulo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5é pecado ir ao shopping?

Capítulo 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7a relação entre consumo e felicidade

Capítulo 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9a minha alma tem sede de deus

Capítulo 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11alegrai-vos sempre no senhor

Capítulo 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13alegrai-vos na esperança da glória

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intRoDuçãoVivemos num mundo em constantes mudanças e transformações. E os inimigos da nossa alma – o mundo, a carne e o diabo – podem mudar a forma pela qual se expressam. Por isso é preciso discernir as épocas, entender as eras e estar atentos para a forma como o mal está se manifestando a fim de não sermos apanhados de surpresa. E para entender o nosso tempo é necessário saber que uma mudança muito importante que nosso mundo experimentou foi a revolução industrial.

antes da revolução industrial o processo produtivo era doméstico e artesanal. Mas com advento da industrialização o processo produtivo deixou de ser arte-sanal e passou a ser mecanizado. E agora, com as fábricas no controle do processo produtivo, o volume de produção aumentou extraordinariamente e produzia-se muito mais do que as pessoas estavam acostumadas a consumir. Formou-se então uma grande lacuna entre produção e consumo. E para preencher esta lacuna havia apenas duas saídas: diminuir a produção ou estimular o consumo. a opção escolhida foi a segunda e desde então nos tornamos uma sociedade de consumo.

Deixe-me mostrar-lhe alguns sinais deste novo tempo. Você e eu agora ganham-os uma nova identidade: nós somos consumidores. E temos até certo orgulho disto. Falamos dos direitos do consumidor. Para atender a demanda deste novo tempo, desta nova filosofia consumista que agora rege a vida neste mundo de-caído, foram erigidos verdadeiros templos, catedrais modernas, para onde afluem os fiéis a cada dia. são os shoppings-centers. Vivemos a cultura do shopping Center. E se os shoppings são os templos desta religião do consumo, a mídia, so-bretudo, a televisão é o seu profeta. toda vez que ligamos a televisão nós estamos sendo sutilmente ensinados a viver como adeptos desta filosofia, desta cultura consumista. Enfim, comprar e consumir deixou de ser um gesto que visa atender a uma necessidade e passou a ser um dos passatempos prediletos das pessoas. aquilo que as pessoas fazem em seu tempo livre.

É claro que temos que consumir coisas para viver. Contudo parece-nos que es-tamos inseridos numa sociedade que em vez de consumir para viver, vive para consumir. Esta é a sociedade na qual o senhor nosso Deus nos colocou para

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servi-lo. Este é o momento histórico no qual temos que viver a nossa fé. ser dis-cípulo de Cristo numa sociedade de consumo é o nosso desafio. Por isso eu quero transformar esta oportunidade de interagir com você para ajudá-lo a ser um bom discípulo de Cristo numa sociedade de consumo. Farei isto desmascarando alguns pressupostos falsos e mentirosos que estão por trás desta filosofia de vida consum-ista e maligna. afirmações mentirosas que nós estamos aceitando como verdade e vivendo com base nelas.

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é pecado ir ao shopphing?Desmascaremos então a primeira mentira pregada pela sociedade de consumo em que vivemos. ao nos tornarmos uma sociedade de consumo, a capacidade aquisitiva tornou-se gradualmente em fonte de prestígio e consequentemente na medida e no critério para se estabelecer o valor do indivíduo. Você agora é um consumidor, e o critério para se medir o valor e a importância de um consumidor é o seu poder aquisitivo. Você é mais ou menos importante, você tem maior ou menor valor, de acordo com o seu poder aquisitivo. É isso que a sociedade de consumo crê e é isso que ela prega ainda que de maneira tácita. E para ser um bom discípulo de Cristo, você não pode crer nisto, porque não é este o ensino de Cristo que disse que a vida de um homem não consiste na abundância de bens que ele possui (lucas 12.15). Portanto o discípulo de Cristo não mede o valor e a importância das pessoas pelo seu poder aquisitivo.

o apóstolo Paulo, que foi um bom discípulo e imitador de Cristo, fez a seguinte recomendação a timóteo: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos” (1 timóteo 6.17). o orgulho é aquele sentimento de ser melhor e mais importante do que os demais. Então Paulo quer que os crentes ricos enten-dam que o fato de terem posses não faz deles pessoas melhores ou mais impor-tantes do que os demais. assim, o ensino de Paulo se opõe a esta premissa que rege a vida na sociedade de consumo. na cultura consumista em que vivemos o “ter” se sobressai ao “ser”. o valor da pessoa e a importância dela são diretamente proporcionais ao seu poder aquisitivo. Mas como vimos segundo Jesus Cristo e, depois, Paulo, isto é uma mentira. Quem tem a mente de Cristo não pensa as-sim, pois pensar assim é pensar com a mente do mundo e se conformar com o presente século.

E uma prova de que para esta cultura do consumo o valor e importância das pes-soas estão relacionados com o seu poder aquisitivo, é a crença de que você pode melhorar a sua auto-estima indo às compras. É muito comum na sociedade em

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que vivemos a idéia de que alguém que esteja se sentido deprimido e chateado pode melhorar o seu estado de espírito indo às compras. É a chamada terapia do varejo. uma das razões para isto é que cremos na mentira consumista de que o valor da pessoa depende do seu poder aquisitivo.

a mensagem consumista é mais ou menos a seguinte: “Quando você estiver com problema de auto-estima, olhe para o seu talão de cheques, pense nos seus cartões de crédito, reflita sobre o seu poder aquisitivo e você vai se sentir melhor”. Mas se você disser: “eu não tenho poder aquisitivo, não tenho cartões de crédito ou talões de cheques!” Certamente este conselheiro da cultura consumista lhe diria: “não tem problemas. É só fingir que tem. É só usar algumas destas grifes que são sím-bolos de status e de poder aquisitivo. Com elas, mesmo quem não é importante parece e se sente importante e valorizado.”

Em nome de Jesus e com base na autoridade da Escritura eu lhe digo: não creia no que esta sociedade de consumo está nos dizendo. a sua importância não depende do seu poder aquisitivo. acreditar nisto é acreditar numa mentira, viver com base nisto é viver com base numa mentira. a sua importância não está na grife que você usa ou na marca do seu tênis. a sua importância está no fato de ser imagem e semelhança de Deus. ao criá-lo à sua própria imagem, Deus o coroou de glória e de honra (salmo 8.5).

E quando o pecado ofuscou esta glória e tirou a sua honra, Deus enviou o seu Filho para morrer no seu lugar, a fim de que a glória e a honra fossem devolvidas a você. Portanto é nisto que deve estar o seu senso de valor e de importância. se alguém se gloria, glorie-se no senhor. no fato de ser imagem e semelhança dele, no fato de ter sido redimido por Ele, glorie-se na esperança de que esta glória lhe será plenamente devolvida na consumação dos séculos.

Eu não estou dizendo que você peca quando vai ao shopping. Mas como discí-pulo de Cristo você tem que rejeitar a tese de que o valor das pessoas depende do seu poder aquisitivo. todas as vezes que você valoriza ou desvaloriza uma pessoa com base neste critério, você se torna um mundano e peca contra Deus. no mo-mento em que você começa a se sentir infeliz e abatido por causa de seu poder aquisitivo você começa a seguir o curso deste mundo e precisa, como discípulo de Cristo, se arrepender e começar a se alegrar no senhor.

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a relação entre consumo e felicidade

no capítulo anterior, eu disse que com a revolução industrial, nos tornarmos uma sociedade de consumo. E com isto, a capacidade aquisitiva tornou-se gradual-mente em fonte de prestígio e consequentemente na medida e no critério para se estabelecer o valor do indivíduo. Você agora é um consumidor, e o critério para se medir o valor e a importância de um consumidor é o seu poder aquisitivo. Você é mais ou menos importante, você tem maior ou menor valor, de acordo com o seu poder aquisitivo. É isso que a sociedade de consumo crê e é isso que ela prega ainda que de maneira tácita. E para ser um bom discípulo de Cristo, você não pode crer nisto, porque não é este o ensino de Cristo que disse que a vida de um homem não consiste na abundância de bens que ele possui (lucas 12.15). Por-tanto o discípulo de Cristo não mede o valor e a importância das pessoas, nem de si mesmo, pelo seu poder aquisitivo. Quem tem a mente de Cristo não pensa assim, pois pensar assim é pensar com a mente do mundo e se conformar com o presente século.

além disso, é preciso ser dito também que na sociedade de consumo, os bens e serviços nos são oferecidos como promessa de felicidade. a fim de estimular o consumo, de nos fazer consumir cada vez mais, nos dizem que os serviços e os bens materiais nos trarão felicidade, alegria e realização. Esta relação entre con-sumo e felicidade é feita diariamente pela televisão, tanto por meio dos comer-ciais quanto por meio de outras produções televisivas. É claro que esta oferta de felicidade por meio do consumo não é feita abertamente, até porque isto poderia ser caracterizado como crime de propaganda enganosa. Mas normalmente, a publicidade faz uma relação sutil e indireta entre o consumo e a felicidade. os filmes publicitários, por exemplo, mostram pessoas aparentemente felizes e real-

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izadas consumindo o tal produto que desejam nos vender. a mensagem tácita é: “você será feliz e realizado se tiver estas coisas”. Mas o discípulo de Cristo precisa ser cauteloso quanto à falácia desta relação entre consumo e felicidade.

Em primeiro lugar eu quero deixar claro que nada há de errado com a busca da felicidade em si mesma. o desejo de ser feliz é algo legítimo. nós devemos tomar cuidado para não passar a falsa idéia de que o cristianismo é uma religião de pes-soas tristes e infelizes. o nosso Deus não é um “estraga prazeres”. Paulo diz que Deus tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento (1 timóteo 6.17). isto é, para nosso prazer, alegria, satisfação e realização. Deus quer que sejamos pessoas alegres e felizes.

segundo a narrativa bíblica o senhor Deus criou todas as coisas e as fez muito boas. E ao criar, Ele também criou o homem à sua imagem e semelhança e deu ao homem o privilégio de desfrutar das coisas boas que criara. E o homem, como saiu das mãos de Deus, funcionava perfeitamente como fora projetado para funcionar. Ele era plenamente satisfeito e realizado em Deus.

Mas pela revelação bíbica nós sabemos que o homem, enganado pelo tentador, foi procurar realização fora de Deus. E com isto ele perdeu a capacidade de funcionar como fora projetado para funcionar. E assim, fora da comunhão com Deus, ele passou a experimentar o vazio. adão e seus descendentes passaram a experimen-tar anseios profundos, que clamam desesperadamente por serem satisfeitos. o homem passou a ser um homem sedento.

a sociedade de consumo tem explorado esta sede de realização, de significado, de propósito e de felicidade e dito que ela pode ser saciada com os bens e serviços que ela oferece: a roupa nova, o novo eletrodoméstico, a viagem dos sonhos, o carro novo, o apartamento novo, a casa de campo ou de praia. Mas é aqui que mora o perigo. Pois fomos projetados para a comunhão com Deus e para nos deleitar nele. E jamais nos realizaremos plenamente fora dele.

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caPítulo 3

a minha alma tem sede de deus temos conversado sobre o nosso desafio de sermos bons discípulos de Cristo numa sociedade de consumo. no último capítulo, eu disse que a sociedade de consumo tem explorado a nossa sede de realização, de significado, de propósito e de felicidade e dito que ela pode ser saciada com os bens e serviços que ela oferece: a roupa nova, o novo eletrodoméstico, a viagem dos sonhos, o carro novo, o apartamento novo, a casa de campo ou de praia. Mas precisamos ser cautelosos com esta relação entre consumo e felicidade. Pois fomos projetados para a comunhão com Deus e para nos deleitar nele. E, jamais nos realizaremos plenamente fora dele.

aqui vale a pena lembrar a recomendação que Paulo faz a timóteo: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento” (1 tm 6.17). ao fazer esta recomendação à timóteo, Paulo está dizendo, a você e a mim, que não devemos colocar a nossa esperança, isto é, a nossa expectativa, os nossos anseios, nas riquezas, nos bens materiais e nas coisas deste mundo. não é que não possamos encontrar algum tipo de prazer e realização nestas coisas. a nossa experiência mostra que encontramos alguma satisfação e alegria nas realizações dos nossos sonhos de consumo.

a razão que Paulo dá é que estas coisas que a sociedade de consumo nos oferece com promessa de felicidade são instáveis, efêmeras e passageiras. os serviços e os bens de consumo não podem oferecer nenhum prazer, nenhuma realização que seja completa, duradoura e eterna. Paulo sabia muito bem que os nossos anseios profundos são, em última instância, sede de Deus mesmo (salmo 42.1). Paulo sabia que fomos projetados para Deus, e que não encontraremos em nenhum outro a satisfação plena. Que a satisfação e a realização advindas de outras fontes não poderão preencher o vazio da alma humana.

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Pense, por exemplo, naquele seu sonho de consumo acalentado há tanto tempo. seja o carro novo, a viagem dos sonhos ou qualquer outra coisa. lembra da imen-sa alegria, do grande prazer, da satisfação extraordinária que você experimentou quando conseguiu realizar este seu sonho de consumo? Mas depois o tempo foi passando e o seu carro já não lhe enchia mais os olhos e a viagem dos sonhos virou fotos e filmes que você nem sequer vê mais. ou seja, você está novamente sedento e precisa consumir mais. É um círculo vicioso, é um buraco sem fundo, é como beber água salgada, quanto mais bebe mais sede tem. Vejam o que diz o escritor de Eclesiastes a respeito deste círculo vicioso: “Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade.” (Eclesiastes 5.10)

É por isso que Paulo diz: “não depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus”. Caso contrário você nunca estará satisfeito. Esta foi a experiência do escritor de Eclesiastes. ouçamos o seu testemunho: “Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie. Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores. Com-prei servos e servas e tive servos nascidos em casa; também possuí bois e ovelhas, mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém. amon-toei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias; provi-me de cantores e cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres. Engrandeci-me e sobrepujei a todos os que viveram antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria. tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas. Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol.” (Eclesiastes 2.4-11)

Paulo diz que devemos colocar a nossa esperança, os nossos anseios em Deus, se desejamos desfrutar de gozo perene, de alegria duradoura, de realização verda-deira. aqui Paulo só está repetindo o ensino do salmista que diz no salmo 37.4: “agrada-te do senhor e Ele satisfará os desejos do teu coração”. somente teremos um coração satisfeito e saciado quando Deus mesmo for a nossa fonte de alegria e satisfação.

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caPítulo 4

alegrai-vos sempre no senhorno último capítulo, eu disse que o discípulo de Cristo precisa estar alerta quanto às ofertas de serviços e bens, que a sociedade de consumo nos faz, como promessa de felicidade e realização. Precisamos ser cautelosos com esta relação entre consumo e fe-licidade que é feita pela mentalidade consumista do nosso tempo. Pois nenhum prazer ou realização trazida pelos bens e serviços da sociedade de consumo pode satisfazer os anseios profundos da alma humana, pois são efêmeros e passageiros. na ocasião eu citei Paulo instruindo a timóteo a exortar os ricos do presente século a não depositarem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus (1 timóteo 6.17)

Mas será que isto significa que deveríamos ter algum problema de consciência por nos alegrarmos com os bens e serviços que recebemos? será que não deveríamos ter nen-huma alegria, prazer ou satisfação no conforto, nos bens e serviços da vida moderna? seriam necessariamente pecaminosos a alegria e o prazer que sentimos ao realizar aquela viagem dos sonhos ou aquele sonho de consumo?

Para responder a estas indagações olhemos mais uma vez para o que Paulo diz a timóteo, no verso 17 do sexto capítulo de sua primeira epístola: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na insta-bilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento”. observe que Paulo diz que Deus “tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento”. Então todas as coisas boas que Deus nos proporciona, Ele o faz visando também o nosso aprazimento, a nossa satisfação, a nossa realização. Portanto não é necessariamente pecaminoso nos alegrarmos nos dons que Deus nos concede. não precisamos necessariamente ter problemas de consciência com a satisfação que desfrutamos ao recebermos estes bens e serviços. a questão é entender o papel destes bens e serviços neste processo. senão, corremos o risco de dar a estas coisas o lugar que não é delas e assim desvirtuarmos a criação de Deus.

observe ainda que Paulo diz que o discípulo de Cristo não deve depositar a sua espe-

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rança na instabilidade da riqueza, mas em Deus. isto significa que não são estas coisas em si mesmas a fonte do nosso aprazimento, mas é Deus, que tudo nos proporciona para o nosso aprazimento. Embora Deus use estas coisas para enriquecer e alegrar as nossas vidas, a fonte da nossa alegria é Ele mesmo. aliás, Ele é a fonte de todo bem que existe no mundo. ao jovem rico Jesus disse que ninguém é bom, senão Deus somente (lucas 18.19, Marcos 10.18). isto significa que somente Deus tem bondade em si mesmo e que Ele é o padrão do que é bom. E qualquer coisa boa que exista fora dele, tem a sua bondade derivada dele. tiago confirma está verdade quando diz que toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes (tiago 1.17). Então, que isto fique estabelecido: “Deus é a fonte e a origem de todo bem que existe”. Por isto devemos colocar a nossa esperança nele e não nas coisas que Ele proporciona.

a criação existe sim para a nossa alegria, mas apenas como um meio pelo qual nos ale-gramos em Deus. a criação existe como um trampolim que nos remete para Deus, a fim de que nos deleitemos nele e nos alegremos nele. É claro que você sempre vai se deleitar e se alegrar com as coisas boas deste mundo. Mas a questão é: este deleite será um ato de adoração ao único Deus verdadeiro ou será um ato de idolatria? se você recebe estas dádivas como mensageiras da glória e da perfeição de Deus e faz delas um meio para alegrar-se no senhor, então o seu deleite será um ato de adoração. sendo assim, você poderá dizer como o salmista: “Quem mais tenho eu no céu? não há outro em quem eu me compraza na terra”. (salmo 73.25,26)

Mas se você se alegra tão somente nos serviços e bens de consumos em si mesmos, se você está apenas apaixonado pelos breves prazeres mundanos que experimenta nesta presente vida, então você caiu na idolatria que Paulo condena nos pagãos dizendo que eles adoravam a criatura em lugar do Criador (Romanos 1.25). De modo que a questão crucial não é se devo me alegrar ou não com as coisas boas deste mundo. Mas a questão crucial é se a minha alegria é um ato de adoração ou um ato de idolatria. Eu me alegro nestas coisas em si mesmas ou elas são um meio pelo qual eu me alegro no senhor?

Este é o risco que corremos: de ficarmos tão obcecados por aquilo que Deus nos pro-porciona que nos esquecemos daquele que tudo nos proporciona. É como aquela pessoa que fica tão fascinada com a beleza e a riqueza dos talheres que esquece de comer. Por isso Paulo diz que devemos colocar a nossa esperança em Deus e não nas coisas que Ele nos proporciona.

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caPítulo 5

alegrai-vos na esperança da glóriaEm 1978, John stott escreveu seu conhecido comentário do sermão da Mon-tanha intitulado “a Contracultura Cristã”. naquele livro, ao expor os valores do Reino contidos no sermão do Monte, John stott mostrou que ser discípulo de Cristo é marchar na contra mão de toda mentalidade que governa a vida neste mundo. Ele mostrou que o nosso desafio é ser bons discípulos de Cristo numa sociedade anticristã.

Eu tenho dito aqui que para sermos bons discípulos de Cristo neste mundo é necessário entender como o mundo pensa. não podemos ser ingênuos. Caso contrário, nós seremos arrastados pelo curso deste mundo. Eu disse anterior-mente que, com o advento da revolução industrial nos tornamos uma sociedade de consumo. a ordem do dia é consumir. o consumo precisa ser estimulado, e para isso a sociedade de consumo encontrou no imediatismo um forte aliado. É o seu sonho realizado já, é a felicidade agora, você não pode esperar. o que importa é viver o momento presente. a mentalidade que orienta a vida nesta sociedade de consumo é imediatista. nós somos treinados a não esperar. Estamos acos-tumados com a velocidade. tudo é muito rápido. Vivemos o tempo da internet, da transação bancária on line, do fast food, do microondas. temos pressa! somos uma geração que desaprendeu a esperar.

Mas há uma outra característica da mentalidade de consumo, que é irmã gêmea do imediatismo: o materialismo. a sociedade de consumo, além de imediatista, é materialista. o seu foco, além de ser o aqui e agora, a presente vida, é também este mundo visível, tangível, material. assim, a mentalidade consumista é ao mesmo tempo imediatista e materialista. Para ela a vida se resume ao aqui e ao agora, e ao visível, ao tangível e ao material.

Para a mentalidade que governa a nossa sociedade, aproveitar a vida significa desfrutar, no presente, de todos os prazeres possíveis deste mundo tangível. E

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se não estivermos desfrutando das coisas deste mundo neste exato momento, se não estivermos conseguindo o sucesso imediato, então a sensação que nos fica é a de que estamos desperdiçando a nossa vida. Você já percebeu como nos sentimos muitas vezes pressionados por esta mentalidade imediatista e materialista? Às vezes nós entramos em pânico diante da possibilidade de não realizar um ou outro sonho nesta vida.

Por isso, para sermos bons discípulos de Cristo nesta sociedade de consumo nós precisamos ter um correto entendimento da natureza da vida cristã neste mundo. E Romanos 8.18 – 25 é uma passagem bíblica que pode nos ajudar neste sen-tido:

“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. a ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que te-mos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Porque, na esperança, fomos salvos. ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.”

Paulo está, no capítulo 8 de Romanos, descrevendo a vida cristã. no início do capítulo ele diz que a vida cristã é vida no Espírito. agora ele vai descrever a vida cristã como uma vida de esperança e expectativa. se você não entender este as-pecto da natureza da vida cristã, você não poderá ser um bom discípulo de Cristo numa sociedade imediatista e materialista, como a nossa.

no texto supra citado, Paulo nos ensina que a espera paciente é da natureza da vida cristã neste mundo. no verso 23, por exemplo, ele diz que nós temos as primícias do Espírito. Depois de dizer, no início do capítulo que ser cristão é viver no Espírito, Paulo diz que esta vida que agora vivemos são apenas as primícias do Espírito. Esta é uma figura tirada da agricultura da época. as primícias eram os primeiros frutos de uma colheita. as primícias significavam o início da colheita e também a garantia de que com o tempo se teria a colheita completa. Então

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ao usar esta figura para se referir à vida cristã neste mundo, Paulo está dizendo que no presente tempo ainda não desfrutamos de toda herança que temos em Cristo Jesus. ser cristão neste mundo é algo extremamente maravilhoso, é uma alegria indescritível, mas ainda não é tudo, só temos as primícias. Portanto esta-mos aguardando a posse plena e completa desta herança. De modo que a espera paciente é da natureza da vida cristã neste mundo.

além disso, no verso 24, Paulo diz que fomos salvos na esperança. Mais uma vez ele deixa claro este aspecto da natureza da vida cristã neste mundo: uma vida de espera paciente. observe que Paulo diz que já fomos salvos. Ele não diz que seremos salvos. no entanto ele esclarece que fomos salvos na esperança. isto significa que existem certos aspectos da nossa salvação da qual ainda não desfru-tamos. nós esperamos. Está claro para você que a vida cristã neste mundo é uma vida de espera?

Finalmente, no verso 25, Paulo diz que nós esperamos o que não vemos e com paciência o aguardamos. Esperamos o que não vemos. o coração do cristão está naquilo que não é tangível, no que não vemos. o cristão aguarda por uma re-alização que não virá na presente vida. o foco da cultura consumista é o que é tangível e o que está presente. Mas o foco da contracultura cristã é o que não é tangível e nem está presente ainda.

o cristão sabe que a sua alegria plena e completa está por vir. E em troca desta alegria plena que o aguarda no futuro, ele não se importa de abrir mão de certos prazeres momentâneos do presente mundo. ser cristão é ter um olhar dirigido para o futuro, é viver na esperança de algo que está ainda por vir, é aguardar e até se alegrar numa realidade que ainda não vemos e não desfrutamos plenamente. o cristão é alguém que espera coisas que ainda não vê.

a palavra de ordem da nossa sociedade é consumir. Em outras palavras é: co-mamos e bebamos porque amanhã morreremos. a mentalidade deste mundo é imediatista e materialista. Mas a mentalidade cristã não é nem imediatista nem materialista. a esperança é a medida do verdadeiro cristianismo. o cristianis-mo que olha principalmente para este mundo é falso. o verdadeiro cristianismo transcende completamente a presente existência. Ele não é voltado somente para este mundo. Ele sabe que a criação está sujeita à vaidade. Que a sua realização não se dará plenamente neste mundo. Ele espera novos céus e nova terra. nós

sEnDo DisCíPulo DE CRisto nuMa soCiEDaDE DE ConsuMo

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somos filhos de abraão e como ele esperamos a cidade que tem fundamentos da qual Deus é o arquiteto e edificador.

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