Revelação 208

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Jornal laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba. 20 à 26 de maio de 2002

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Newton Luís Mamede

Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social, produzido e editado pelos alunos de Jornalismo e Publicidade & Propaganda da Universidade de Uberaba

As opiniões emitidas em artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. As fotos dessa edição especial foram retiradas dos sites www.fifaworldcup.com e www.uol.com.br

Edição: Alunos do curso de Comunicação Social • • • Supervisão de Edição: Celi Camargo ([email protected]) • • • Projeto Gráfico: André Azevedo ([email protected]) • • •Diretor do Curso de Comunicação Social: Edvaldo Pereira Lima ([email protected]) • • • Coordenadora da habilitação em Jornalismo: Alzira Borges da Silva ([email protected]) • • •Coordenadora da habilitação em Publicidade e Propaganda: Érika Galvão Hinkle ([email protected]) • • • Professores Orientadores: Norah Shallyamar Gamboa Vela ([email protected]),Vicente Higino de Moura ([email protected]) e Edmundo Heráclito ([email protected]) • • • Técnica do Laboratório de Fotografia: Neuza das Graças da Silva • • • Suporte de Informática: CláudioMaia Leopoldo ([email protected]) • • • Reitor: Marcelo Palmério • • • Ombudsman da Universidade de Uberaba: Newton Mamede • • • Jornalista e Assessor de Imprensa: Ricardo Aidar • • •Impressão: Jornal da Manhã • • • Fale conosco: Universidade de Uberaba - Comunicação Social - Bloco L - Av. Nenê Sabino, 1801 - Uberaba/MG - CEP 38055-500 • Tel: (34)3319-8952 • http:/www.revelacaoonline.uniube.br

André Teixeira Nunes6º período de Jornalismo

“O futebol brasileiro não é mais, omelhor do mundo”. Isso é o que estãodizendo por aí.

Começa na próxima semana mais umacopa do mundo. No passado, o nosso futeboldestacava-se pela magia, pela habilidade ecriatividade de nossos jogadores, éramostemidos e respeitados por todos. E hoje? Ofutebol brasileiro tem piorado a cada ano,entretanto, não por estar menos habilidosoou menos criativo, pelo contrário, continuasendo o melhor do mundo.

O Brasil ainda é um celeiro de craques,apesar dos vários problemas, entre eles, acorrupção. Antes ela imperava na política ehoje infelizmente tem feito parte do dia a diado nosso futebol, denegrindo a nossa imagemperante o mundo. Os corrúptos que estão nocomando continuam visando seus lucrosparticulares, não dão a mínima para osofrimento de um povo apaixonado que sofrecom os vexames e com a falta de organização.

Deixando a parte burocrática de lado,voltando os olhares para o futebol, os nossosproblemas começaram no momento em quenossos treinadores decidiram que era hora deinovar. Aí meus amigos ah! Adeus futebol arte,incoerentemente, eles passaram a copiarfilosofias e estilos que não condizem com asnossas tradições, de um futebol mágico, ofensivoe empolgante. Um futebol vencedor que anteslevava ao delírio não somente os nossostorcedores, mas também a torcida adverssária.Nessa época, os nossos rivais sonhavam em tergênios como os nossos, queriam o potencial denossos craques, para então lançarem-se aoataque, como antes fazíamos.

E o que fizemos? Ou melhor, o que osnossos fracos treinadores fizeram?Simplesmente baniram do nosso futebol oque tínhamos de mais precioso. A coragemofensiva, a vontade de vencer, a magia dosdribles que desconcertavam as defesasadverssárias. Abdicamos de praticar o

futebol ofensivo e implantamos o famosoFCB, (Futebol Clube dos Brucutus) esse éo famoso futebol força, apelidado pelosnossos horríveis treinadores. Vale aquiressaltar, que toda regra tem excessão éclaro. E ainda existem alguns poucos bonstreinadores por aí, como por exemplo, o do“pequeno-grande” São Caetano, de SãoPaulo, que com jogadores apenas regulares,entretanto, com raça e vontade de vencer,com muita ofensividade, conseguiu por duasvezes seguidas chegar à final doCampeonato Brasileiro de Futebol e já estána Semifinal da Libertadores deste ano.

Por isso tudo e muito mais…, digo paravocês meus amigos e minhas amigas: ahabilidade falta sim, não em nossos craques,mas em nossos treinadores, dirigentes ecartolas amadores, que avacalham com tudo.

Entretanto, apesar de tudo, das fracasatuações da nossa seleção, das filosofiaserrôneas por parte dos nossos treinadores edirigentes, o povo brasileiro não deixa deacreditar e sonha com a conquista do Penta.E a nossa esperança é de que no apito doárbitro, nossos jogadores possam se inspirarem gerações passadas, como as deGarrincha e Pelé, Reinaldo e Zico. Só assim,conseguiremos trazer o Penta.

Resta-nos torcer para que em junho, ofutebol arte reapareça e desta vez, nos gramadosorientais. Mesmo que para isso, os nossoscraques da bola, tenham que menospresar asordens do retranqueiro Felipão.

Avante Brasil!...

2002 o ano do Penta.Será????

A universidade é tradicionalmenteconhecida como instituição de ensinosuperior, denominação que a nivela, sobcerto aspecto, a outras instituições escolares,de ensino fundamental e médio. Essenivelamento se evidencia exatamente no usodo termo ensino. Em escala ascendente, auniversidade é vista apenas como um degraumais elevado da prática de estudo curricular.Daí a denominação similar de escolasuperior.

A universidade pode ser vista, sim, comouma escola superior, mas não sob a ótica demero estabelecimentode ensino em grau maiselevado. A prerrogativade superior, que lhe éatribuída, assumeconotação muito maisprofunda do que osimples conceito deestar por cima . Asuperioridade que a caracteriza emana desua condição de espaço onde a ciênciaacontece de forma plena, conforme pordiversas vezes já o afirmamos nestasreflexões. Não é apenas uma escola parasimples transmissão de conhecimentopronto ou para a prática única de ensinar. Auniversidade é escola superior porque é umcentro de estudos ou um laboratório queproduz e divulga conhecimento. É umaescola em que a aprendizagem é criadora, éativa e dinâmica, e não passiva e estática. Éuma escola em que o ensino coexiste com apesquisa.

Agora, sim, a pesquisa. A grande marcada universidade. A pesquisa científica como fim de aprender. Aprender no sentido dedescobrir, de desvendar, de descortinar, dedesobstruir, de clarear e de encontrar averdade. A verdade que constitui oconhecimento do ser tal como ele é, em suaessência. O conhecimento certo. Pesquisa

que revela o trinômio verdade, evidência,certeza , que garante e abona oconhecimento científico.

A pesquisa, em sua concepção plena, éa base para o ensino praticado numauniversidade. O ensinar pesquisando gerao pesquisar aprendendo, que evolui para oestudar pesquisando, e assim em sucessivosavanços cíclicos que constituem a evoluçãodo saber, a evolução do conhecimento.Pesquisa e ensino não podem dissociar-seno estudo superior, universitário. A ausênciada pesquisa torna passivo e estático o ensino

e, conseqüentemente, aaprendizagem, con-forme afirmado acima. Apesquisa orientada emetódica é o verdadeiroestudo superior.

Já consideramos,noutro texto, que areferência adequada à

universidade deve ser instituição de estudo,muito mais do que instituição de ensino.Porque, nela, o estudo inova, e não apenasrepete o que outros descobriram; porque,nela, o conhecimento é produzido, e nãoapenas transmitido; porque, nela, a ciênciaprogride, e não apenas se conserva. E oresponsável por essa distinção, por essediferencial, por essa marca é a pesquisa.

A sensação da descoberta é maisagradável do que a da informação recebida.Mesmo (diríamos quase principalmente...)nas séries inicias do ensino fundamental.Por isso, o estudo pela pesquisa intensificae amadurece a motivação para aprender, emnível elevado e profundo. E torna auniversidade, realmente, uma instituiçãosuperior. De ensino e, fundamentalmente,de pesquisa. De pesquisa científica.

Newton Luís Mamede é Ombudsmanda Universidade de Uberaba

Pesquisae ensino

A pesquisa, em suaconcepção plena, é a basepara o ensino praticadonuma universidade

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Wagner Ghizzoni Júnior6º período de Jornalismo

Apesar das dificuldades por que passoua seleção brasileira para garantir presençana Copa do mundo, a torcida uberabenseconfia no time de Felipão. É o que mostrauma pesquisa feita entre os dias 1º e 15 demaio, no Campus II, da Universidade deUberaba e nas ruas da cidade, com um totalde 64 entrevistados.

A pesquisa mostrou, além da confiançada torcida, que a Copa do mundo é mesmoum evento imperdível. Apenas 7,8% dosentrevistados afirmaram que não vãoacompanhar a disputa. Dos que vãoacompanhar, procuramos saber os meios.

A maioria esmagadora, 84%, vai assistira Copa pela TV. No caso dos jogos ao vivo,entenda-se Globo, a única emissora abertaque tem os direitos de transmissão no Brasil.As outras se limitarão aos programasesportivos. Os entrevistados, maisprivilegiados, 7,7%, terão o direito daescolha, já que vão poder conferir tudo porTVs por assinatura.

A Internet mostrou sua força e foiapontada por 34% das pessoas queresponderam a enquete. Seis por cento amais que os jornais e revistas impressos.Dentre os sites preferidos, o UOL foi ocampeão, com 54% das opiniões. Emsegundo vem o Terra Esportes, com 36%, eo da Folha de São Paulo, com 31%. O diárioLancenet foi apontado por 22%. O Estadão,a Gazeta Esportiva e o Globo.com foramlembrados por 9% cada, o Estado de Minase o FutBrasil, por 4,5% cada.

A forma de acompanhar a Copa permitiaa marcação de mais de uma alternativa, bemcomo os sites prediletos. Mas nas outrasperguntas deveria-semarcar só uma resposta.

Apesar do horáriopouco convidativo dosjogos, 40% disseramque vão acompanhar aovivo todos os jogos queacharem interessantes.Trinta e um por cento afirmaram que só vãover ao vivo os jogos do Brasil, e 29% nãovão acordar de madrugada por causa daCopa.

O otimismo dos uberabenses foirefletido nas respostas para o item “Na suaopinião, até onde o Brasil chega?”. Trinta enove por cento apostam que nossa seleção

chega até a final. Outros 18,5% acham queo Brasil vai até a semifinal. Em segundolugar, com 23,5%, as quartas-de-final – ondeo Brasil pode pegar Argentina ou França.Alguns não tão otimistas, 8%, votaram nas

oitavas de final. E ospessimistas mesmosomaram 11%, dizendoque o Brasil não passada primeira fase. Sai pralá, zica!

Com 33% dosvotos, o Brasil foi o

mais cotado como favorito para ganhar otítulo. Nossa rival Argentina aparece coladaem segundo lugar, com 27%. A França, atualcampeã, teve 17% dos votos, ficando emterceiro. Quatorze por cento foram para aItália. Na seqüência, vêm a Inglaterra, com4,5%, Alemanha, com 3%, e Portugal,com1,5%. As seleções africanas e a

Torcida confia na Seleção!Pesquisa de opinião mostra o otimismo dos uberabenses

Espanha, também tidas como favoritas, nãoreceberam votos.

Além do otimismo os uberabensesmostraram animação para ver a Copa aovivo. Mas, será que com horários como trêsda madrugada, dá parareunir “aquela” galera eacompanhar os jogosfazendo a festa emalgum bar? Parece queesta “tradição” vai ficarde lado neste Mundial.Apenas 14% dosentrevistados disseram que vão, sim, paraalgum bar com a turma. A maioria, 53%,afirmou que deve assistir sozinho ou compoucas pessoas, em casa. Vinte e dois porcento ficarão dormindo, só acompanhandoos resultados no outro dia – ou melhor,quando for dia. E 8% lembram que nemquerem saber de Copa.

Tudo muito bom, tudo muito bonito,mas e se o Brasil perder?Surpreendentemente, 30% das pessoasconfessaram que estão torcendo para isso.Segundo eles, isso provocaria uma

reformulação no nossofutebol, que acreditamestar uma sujeira dentroe, principalmente, foradas quatro linhas.Exatamente a metadedos entrevistadosresponderam que “faz

parte”, se lamentaram, mas segundoopiniram, tem coisas mais importantes navida para se preocupar. Quinze por centovão é achar bem-feito pro Felipão! Será umarevolta contra o estilo retranqueiro dotreinador? Por fim, cinco por centogarantem que vão ficar muito tristes,podendo até chorar. Sniff...sniff...

30% dos entrevistadostorcem para que oBrasil perca, acreditandoque isso traria umareformulação ao futebol

Apesar dos jogos seremde madrugada no Brasil,apenas 7,8% das pessoasdisseram que nãoacompanharão a copa

A torcida critica Felipão, mas acredita em um bom desempenho de nossa seleção na copa

Especial Copa

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Wagner Ghizzoni Júnior6º período de Jornalismo

Fundada em 1904, a Fifa (FederaçãoInternacional de Futebol) realizou aprimeira Copa do Mundo 26 anos depois,com os franceses Jules Rimet e HenryDelanay. À frente do projeto, Rimet, um dosfundadores da entidade maior do futebol,inclusive deu seu nome à taça de Campeão.

O país sede escolhido para a primeiraCopa da História foi o Uruguai. Além dobicampeonato olímpico no futebol, em 1924e 1928, o Uruguai comemoraria os 100 anosde sua independência, e o governo do paíspretendia realizar um grande evento naocasião. Esta era a deixa para a escolha,mesmo desagradando algumas seleçõeseuropéias.

Nesta Copa, não houve sistemaeliminatório: as 13 seleções participantes foramconvidadas. O Uruguai entrou para a históriacomo o campeão da primeira Copa do Mundoao vencer a Argentina na grande final.

A primeira Copa registrou uma médiade público de 24 mil 139 pessoas. Oartilheiro foi o argentino Guillermo Stábile,com 8 gols.

1934Disputada na Itália, onde os donos da

casa sagram-se campeões derrotando aTchecoslováquia na final. Dezesseis timesparticiparam. O artilheiro foi Nejedly, daTchecoslováquia. O regulamento fez com

que o Brasil viajasse mais de 13 milquilômetros - de navio - para disputarapenas um jogo, que perdeu.

Ao contrário da primeira Copa, nesta foipreciso acontecer as eliminatórias. Trinta eduas seleções disputaram as 16 vagas.

Com a vitória da Itália, Benito Mussolini“Il Duce”, como era chamado o líderitaliano, fez questão de mostrar ao mundoum país unido em torno de um ideal: oregime fascista.

1938A Copa do Mundo de 1938 foi a primeira

realizada na terra do grande idealizador dacompetição: o francês Jules Rimet. A Itáliaconquistou seu segundo título vencendo aHungria na final,disputada emParis. O fascismomais uma vez eradifundido atravésdo esporte.

Nesta Copa,um fato insólito nassemifinais: poucoantes de cobrar um penalti contra o Brasil, ocalção do italiano Meazza cai. Sem se abalar,Meazza segura a peça de roupa com a mão econverte o pênalti, determinando o placar em2x0. Ao Brasil, restou o consolo de ter oartilheiro: Leônidas da Silva, com 8 gols.

1950Por causa da II Guerra Mundial, a Copa

deixou de ser disputada entre 1938 e 1950.Neste ano, voltando a ativa, o Mundial é sediadono Brasil, país escolhido por ser um dos quenão sofreram com a Guerra.

Para organizar a Copa, os dirigentesresolveram criar um gigantesco estádio noRio de Janeiro, no bairro do Maracanã. O

Brasil tem oartilheiro Ademir,com 9 gols, e fazuma campanhaimpecável, comdireito a goleadasde 4x0 sobre oMéxico, 7x1contra a Suécia e

6x1 contra a Espanha. Na final, bastava umempate contra o Uruguai. Nas ruas, já sefestejava a conquista. Os próprios jogadoresforam levados ao clima de “já ganhou” dedirigentes a torcedores. Em campo, ahistória foi outra. O Uruguai ganhou devirada, por 2x1, num dos fatos maismarcantes do esporte mundial, assistido noMaracanã por um público deaproximadamente 174 mil pessoas (fontesnão oficiais dizem terem sido 200 mil).

1954Disputado na Suíça, pode ser

considerado o primeiro mundial legítimo,pois passa a contar com seleções de todosos continentes, como o Egito e o Japão.

Na final, o futebol-arte da Hungria perdepara a força e determinação tática daAlemanha na final . Na campanha, oshúngaros já haviam vencido a própriaAlemanha por incríveis 8x3. O Brasiltambém sucumbiu: 4x2.

Nesta Copa, 140 gols foram marcadosem 26 jogos (média de 5,4 por jogo, a maiorde todos os Mundiais). O artilheiro foiKocsis, da Suiça, com 11 gols.

1958O Brasil conquista seu primeiro título,

na Suécia, jogando a final contra os

anfitriões. É a primeira Copa transmitida porTV. Pelé, com 17 anos, ganhava o primeirode seus três titulos, recorde individual.

A nota triste da Copa do Mundo foi aausência de Jules Rimet. O criador doMundial morreu em 1956, aos 83 anos, emParis. Assim, coube ao rei da Suécia,Gustavo Adolfo, entregar ao capitão daseleção brasileira, Bellini, o troféu decampeão do mundo.

Fontaine, da França, marca 13 gols econtinua até hoje como o maior artilheironuma só edição da Copa.

1962No Chile, o Brasil é bi, vencendo a

Tchecoslováquia na final. Esta Copa ficamarcada como a que Pelé não jogou – semachucou logo no primeiro jogo, dandolugar a Amarildo, que corresponde a altura.

Mas o grande destaque foi Garrincha Elepraticamente ganhou a taça sozinho, fato sóconseguido por Maradona em 86 e romário em94. Seus dribles eram “impossíveis” de seremevitados. Mas mostrou que também sabia fazergols: quatro no total, tornando-o um dosartilheiros desta edição. Disputou a grande finalcom uma febre de 39ºC. No dia seguinte, umjornal chileno estampava a manchete:Garrincha, de que planete vienes? Mas não éque Garrincha foi driblado? Foi na partidacontra a Inglaterra, em Viña del Mar, quandoum cachorro invadiu o gramado e enganouvários jogadores, inclusive Garrincha. O inglêsGreaves conseguiu agarrar o cão ficando dequatro e atraindo a atenção do animal.

No total, esta Copa teve seis artilheiros,todos com quatro gols: Albert, da Hungria,Inavov, da União Soviética, Jerkovic, daIugoslávia, Sanchez, do chile, e Vavá eGarrincha, do Brasil.

Masek, da seleção vice, marca o golmais rápido da história das Copas, a 15segundos do jogo com México.

1966Organizada – e vencida – pela Inglaterra,

A história detodas as Copas

O Francês Jules Rimet entrega a taça de campeão da primeira copa ao capitão uruguaio Raul Jude

Schiaffino marca o gol de empate contra o Brasil na final de 1950, silenciando o Maracanã

Especial Copa

Na segunda copa, o Brasilviajou mais de 13 mil quilômetros –de navio – para disputarapenas um jogo, que perdeu

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que venceu na final a Alemanha. Porém,quase que a taça Jules Rimet não é entregueao capitão Moore. Durante a competição,ela misteriosamente some, sendoencontrada no lixo alguns dias depois, emLondres, por um cachorro chamado Pickles.

1970No México, pela primeira vez são

usados os cartões vermelhos e amarelos. OBrasil vence a Itália na final e sagra-se tri.Além deste jogo histórico, outras duaspartidas merecem destques

A primeira foi entre Brasil e Inglaterra.Logo no começo do jogo, Jairzinho cruza umabola para Pelé, que cabeceia como um chute.“Gol”, já gritavam os mais apressados.Engano: contrariando qualquer lei da física, ogoleiro Banks desaba no chão e , com um levetoque de mão, faz o milagre. Esta é tida comoa defesa mais incrível de todas copas.

O segundo jogo sensacional aconteceuna semifinal entre alemães e italianos. Noprimeiro chute a gol, a Itália fez 1 a 0. Oempate saiu aos 44 minutos do segundotempo, e a partida foi para o tempo extra.Na prorrogação, a surpresa: cinco gols, e aItália terminou vencedora, 4 a 3. O esforçode Beckenbauer, líbero alemão que jogoutoda a prorrogação com o ombro enfaixado,emocionou o mundo.

Com a vitória na final, o Brasil fica coma posse definitiva da Jules Rimet. Desdeque a Copa foi criada, em 1930, ficouacertado que o primeiro país a ser trêsvezes campeão ficaria em definitivo como troféu, a final teve mais este fator paraengrandecê-la: tanto o Brasil como a Itáliajá eram bicampeões.

A taça acabaria sumindo e desta veznunca mais recuperada – diz a lenda quefoi derretida por ladrões. O Brasil fica comuma réplica.

1974A Alemanha é a primeira seleção a ganhar

a “Copa do Mundo”, quer dizer, o troféu novo,com este nome. A nova estátua é feita toda emouro maciço. A Fifa escolheu a proposta doescultor italiano Silvio Gazzaniga, queconcorreu com outros 52 projetos.

Esta nova taça não iria definitivamentepara nenhum país. O campeão do mundofica com o troféu por quatro anos, até otorneio seguinte, e depois recebe umaréplica menor.

Na Final, a seleção dona da casa vencea Holanda. Holanda que ficou conhecidacomo a “Laranja Mecânica”, por causa dacor de seu uniforme e da impressionantemovimentação de seus atletas -exceto pelogoleiro Jongbloed, nenhum outro guardavaposição fixa, numa revolução na historia dofutebol. O Brasil foi uma das vítimas:perdeu de 2x0 na semifinal.

1978Na Argentina, nossos “hermanos”

vencem, sob suspeita de terem sidoajudados. Isso porque venceram o Peru por6x0 num jogo em que precisavam vencerpor mais de três gols para passar para apróxima fase – outro resultado daria a vagaao Brasil. Como o Peru também tinha umaremota chance, os brasileiros acreditaramaté a hora do jogo. Mas que nada: facilmentea goleada foi construida. Houve suspeitasde todos os lados. O goleiro argentino,naturalizado peruano, Quiroga, teria“facilitado”. Todo o elenco teria recebidoUS$ 10 mil para perder (nada ficou provado,que fique bem claro).

1982A Itália consegue seu terceiro título,

vencendo os alemães na final, na Espanha.É a primeira Copa disputada por 24 equipes.109 seleções disputaram as eliminatórias.

Nesta Copa, outra derrota marcante doBrasil: com uma seleção considerada pormuitos a melhor de todos os tempos –inclusive superior a de 70 – o Brasil foiderrotado por 3x2 pela Itália, que seclassificara na primeira fase a duras penas.Neste jogo, Paolo Rossi fez três de seus seisgols no mundial – foi o artilheiro. Rossificou conhecido como o carrasco de Sarriá.

Na semifinal, a Itália venceu a Alemanhapor 5x4 nos pênaltis – era a primeira vez nahistória das copas que uma vaga seriadefinida assim.

1986Maradona lidera a Argentina na

conquista do bi. A Copa foi disputada noMéxico e a final foi contra a Alemanha. Ocraque argentino ganhou a Copa quasesozinho, com seus dribles e gols decisivos.Na partida das quartas de final contra aIngeterra, dois gols históricos de“Dieguito”: no segundo, ele passou por 5ingleses, sem contar o goleiro, antes demarcar. Já no primeiro, ele empurrou a bolapara o gol com a “Mão de Deus”.

1990Na Itália, uma Copa considerada chata

e sem jogos vibrantes. A Alemanha chega aterceira final consecutiva, mas desta vezvence a Argentina, num repeteco da últimafinal. A seleção sul-americana é a primeiraa não marcar gols numa final. Os doisfinalistas foram definidos nos pênaltis.

Pelé, observado por Djalma Santos, chora ao ga-nhar a primeira copa de sua carreira

Maradona é carregado pelo povo ao final da copade 1986, que ganhou praticamente sozinho

Zidane comemora um de seus golsna final de 1998: herói francês

A históriaatravés dosmascotesO leãozinho Willie, em 1966, foi oprimeiro mascote das copas. Agora, ,três alienígenas promoverão o evento

1966 1970

1974 1978

1982 1986

1990 1994

1998

Willie Juanito

Tip e Tap Gauchito

Naranjito Pique

Ciao Stricker

Footix 2002 Kaz, Ato e Nik

1994Na primeira copa definida nos penaltis,

o Brasil sagra-se tetra vencendo a Itália. Adisputa é nos Estados Unidos. Alguns fatostristes marcam esta Copa: a confirmação douso de drogas por parte de Maradona, e oassassinato do colombiano Escobar noretorno ao seu país. O zagueiro marcou umgol contra na partida contra os anfitriões, oque teria desagradado poderosos traficantesque apostavam na classificação daColombia para a segunda fase.

Na partida contra a Holanda, um fatoinesquecivel: o brasileiro Bebeto simulaembalar seu filho recém-nascido aocomemorar um gol.

Dentro de campo, as equipes mostraramum futebol ofensivo, em busca da vitória, quepassou a valer três pontos. O russo Salenkpoentra para a história ao fazer cinco gols emum só jogo, na goleada de 6x1 contraCamarões. O gol camaronês foi de RogerMilla, que torna-se o mais velho jogador amarcar gols em Copas, com 41 anos. O maisjovem foi Pelé, na Suécia, com 17 anos.

O torneio teve uma média de 68.991espectadores por partida, a maior de toda ahistória.

1998Jogando em casa, a França levou a taça.

E não deixou espaço para qualquercontestação: chegou ao título com a melhordefesa e o melhor ataque, feito inédito nahistória dos Mundiais.

A Copa de 1998 foi a maior de todas.Nada menos que 32 seleções disputaram otorneio, tornando sua primeira fase maisdifícil. Nesta edição, o alemão Mathaus seiguala ao mexicano Carbajal como o quemais disputou copas: cinco vezes. Mathausé também o que mais jogos fez: 25 ao todo.Entre os jogadores em atividade, o recordistaé o italiano Maldine, com 14 jogos.

2002Pela primeira vez, uma Copa será sediada

na Ásia. Outro fato inédito: dois paísessediarão o evento: Japão e Coréia do Sul.

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Fernando Natálio Araújo Sousa7º período de Jornalismo

A seleção brasileira nunca chegou à umaCopa do Mundo numa situação tãodesconfortável como agora. Após uma clas-sificação sofrida, conseguida apenas na últi-ma rodada das Eliminatórias Sul-America-na, contra a frágil Venezuela, o Brasil nãopossui o principal ingrediente necessário paraalcançar o título: o entrosamento.

Em muitos momentos a seleção canari-nho esteve desacreditada pela sua própria tor-cida. Perdeu jogos que em outros temposganhava com facilidade, como contra oParaguai, o Equador e o Uruguai. Passou poruma de suas maiores crises da história, comvárias mudanças de técnicos, diversos joga-dores sendo convocados para serem testadose paralelo a tudo isto, via a CBF (Confedera-ção Brasileira de Futebol), associação que co-manda o futebol brasileiro e de quebra aprórpia seleção, sendo investigada pelos de-putados federais e pelos senadores em duasCPIs, a do futebol e a da Nike.

Em alguns momentos das eliminatórias,o Brasil chegou a ficar fora do grupo dasquatro equipes que se clasificariam automa-ticamente. Com isso, a crise só se agravava.Quando começou a jogar esta competição, otécnico brasileiro era Vanderlei Luxemburgo,que havia assumido no lugar de Zagallo, emagosto de 98, logo após a Copa do Mundo de1998, quando o Brasil perdeu a final para aFrança por 3x0, deixando o penta escapar.Vanderlei era o treinador de maior prestígiono país na época e chegou ao comando téc-nico com unanimidade nacional, com índi-ces incríveis de até 90% de aprovação naescolha.

Mas, Luxemburgo, aos poucos, foi mos-trando suas deficiências e não conseguiamontar uma equipe forte e competitiva, ca-paz de ganhar os grandes desafios. Até che-gar na Olimpíada de 2000, que aconteceu naAustrália, quando a seleção brasileira perdeude Camarões e foi eliminada precocemente.Esta derrota foi a gota d´água, que provocou

a queda do técnico. Ele estava envolvido emescândalos que afetavam sua vida pessoal,principalmente problemas que abordavamsuas declarações de imposto de renda, nasquais era acusado de não ter declarado cor-retamente todos seus bens. Dirigiu a equipeolímpica do Brasil, sem condições psicoló-gicas para fazer um bom trabalho e assumiuum risco muito grande ao não levar Romáriopara a disputa olímpica. Perdeu e foi respon-sabilizado por não ter convocado a maiorestrela brasileira daquele momento. Acaboupagando pelo pecado, sendo demitido ao che-gar no Brasil.

Em seu lugar, assu-miu o auxiliar técnico,Candinho, que dirigiu oBrasil em apenas umjogo, contra a Venezuela,ganhando de 6x0.Candinho trouxe de volta à seleção o atacan-te Romário, do Vasco da Gama, que fez umapartida brilhante e comandou o Brasil na vi-tória. Candinho chegou a ser convidado acontinuar no comando técnico da seleção pelomenos por algum tempo, mas não quis e saiu

num gesto de lealdade ao seu amigo VanderleiLuxemburgo. Conseguiu uma marca históri-ca, se tornando um técnico invicto, já quedirigiu o time apenas uma vez, conquistandoa vitória na única partida que esteve à frenteda seleção.

Em seu lugar, entrou Émerson Leão, apósa recusa dos treinadores Carlos Alberto Par-reira, que estava no comando em 94, quandoo Brasil foi tetracampeão, e Oswaldo de Oli-veira. Leão ainda viu Levir Culpi quase as-sumir a equipe, mas ter sido desprezado apósdizer que o tempo de Romário na seleção ti-

nha passado e por issonão pretendia convocá-lo. Naquele momento,Romário tinha grandepoder de influência naseleção e principal-mente junto à Ricardo

Teixeira, presidente da CBF. Além disso, ocoordenador técnico era Antônio Lopes, queassumiu o cargo após a era Luxemburgo.Antônio Lopes havia sido treinador deRomário e queria vê-lo na seleção. Leão deucrédito para Romário e liberdade para o ata-cante vascaíno poder fazer aquilo que me-lhor sabe: os gols.

Com isso, Leão teve tranquilidade parapoder trabalhar. Mas os resultados não vie-ram e na Copa das Confederações, os vexa-mes foram muitos, provocando a queda deLeão. Nesta competição, o Brasil empatoucom o Canadá, seleção sem nenhuma tradi-ção no futebol, perdeu para a França nas se-mifinais, ficando fora da final, provocando avolta das lembranças tristes da Copa de 98,quando o Brasil perdeu da mesma na partidadecisiva e teve outro resultado adverso nadisputa do terceiro lugar, desta vez contra aAustrália, outra seleção sem força no futebolmundial.

Com isso, Leão foi mais uma vítima dosmaus resultados da equipe canarinho e aca-bou sendo demitido ainda no Japão, no aero-porto, pelo coordenador Antônio Lopes, emmais uma prova do desrespeito e dodespreparo dos dirigentes, que podiam ao

menos terem esperado a volta ao Brasil paracomunicar a saída do técnico. Pelo menosesta foi a opinião de duas das estrelas da equi-pe brasileira, Vampeta e Romário, que criti-caram duramente a decisão da CBF.

Era FelipãoEm seu lugar, assumiu o

gaúcho Luis Felipe Scolari,com grande apoio popular eesperado como o salvador dapátria, principalmente devidoàs conquistas recentes que ele havia conse-guido, principalmente da Taça Libertadoresda América, que ganhou duas vezes: uma peloGrêmio e outra pelo Palmeiras. Felipão, comoé conhecido, estreou com derrota contra oUruguai. Nesta partida, Romário foi convo-cado e ganhou a faixa de capitão. Mas su-postos atos de indisciplina durante os dias emque esteve junto com o grupo para jogar con-tra a seleção celeste, teriam provocado o de-sapontamento de Felipão em relação àRomário, o que mais tarde lhe tiraria em de-finitivo da seleção brasileira e provocaria asua ausência da convocação para a Copa doMundo de 2002.

Os motivos da decepção de Felipão comRomário teriam sido a saída dele da concen-tração brasileira no Uruguai com uma aero-moça que ele havia conhecido durante o vôoda delegação brasileira para o Uruguai. Emconsequência, teria havido uma discussãoentre Romário e o auxiliar técnico, FlávioMurtosa e com o treinador Luis Felipe tam-bém. Juntava-se a isso as críticas queRomário fez pela forma como Leão foi de-mitido, declarações estas que Felipão teriaentendido como ofensivas a ele e a atuaçãode Romário no jogo, que para o treinador não

Seleção brasileira chegaà Copa do Mundo de 2002

desacreditada

Crise durante eliminatóriasprovocou várias mudançasde treinadores

Desentencom FelipRomário

Luizão comemora o gol queclassificou o Brasil para a Copa

Ronaldo atua em amistoso contra Portugal após re

Especial Copa

Sem entrosamento, Felipão deposita esperanças nos atacantes

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720 a 26 de maio de 2002

teria se esforçado como deveria. Além disso tudo, na convocação para a

Copa América, Felipão queria Romário comoum líder na equipe, mas o baixinho disse queprecisava operar o olho e por isso não pode-

ria jogar. Mas, dias depoisestava atuando pelo Vascoda Gama em excursão noMéxico, o que irritou maisainda o treinador gaúcho. E,por fim, a declaração deRomário ao jornal esportivo

Lance, de que a convocação sofria influênci-as dos empresários, provocou o rompimentodefinitivo entre os dois, tirando Romário daseleção. Mesmo ele tendo conversado pes-soalmente com Ricardo Teixeira em um clu-be de golfe do Rio de Janeiro, em um fla-grante que o Jornal Nacional mostrou e ten-do convocado uma entrevista coletiva, naqual pediu desculpas e até chorou, ele nãofoi incluído na convocação dos 23 jogadoresque irão à Copa no Japão e na Coréia do Sul.

Luis Felipe Scolari conseguiu levar oBrasil à classificação na última partida con-tra a Venezuela, na qual o Brasil venceu por3x0, com dois gols do atacante Luizão, heróida classificação e um de Rivaldo, uma dasmaiores estrelas brasileiras. Nesta partida, adupla de ataque formada por Edílson e Luizãofuncionou muito bem. Aproveitando-se doentrosamento dos dois que já jogaram juntosno Guarani, Palmeiras e no Corinthians, ondefizeram grande sucesso, conquistando vári-os títulos, os dois tiveram uma atuação mui-to elogiada pala mídia e pelos especialistasesportivos. Luizão principalmente por causados gols e Edílson pelos passes que deu, ini-ciando inclusive jogadas que terminaram comgols brasileiros.

Agora, chegando o dia da estréia brasi-leira na Copa do Mundo de 2002, que vaiocorrer no dia 03 de junho, contra a Turquiae tendo tido o menor tempo da história dascopas para treinar, Felipão, começa a formara sua equipe titular que vai jogar na Coréiado Sul, onde o Brasil joga a primeira fase. Otime titular deve ser formado por jogadoresde sua confiança e que vão jogar num esque-ma tático muito utilizado na Europa, mas queaqui ainda não é comum e não era adotadona seleção brasileira, o 3-5-2. Neste esque-ma, feito para se jogar de uma forma maisofensiva, a equipe atua com 3 zagueiros, 5jogadores no meio de campo, passando a teralas que vão ao ataque constantemente, aoinvés de laterais marcadores e 2 jogadoresno ataque. Mas, Felipão usa este esquema deuma forma mais defensiva, o que provocamuitas críticas da torcida brasileira.

EscalaçãoO time titular deve ser formado pelo go-

leiro Marcos, os zagueiros Ânderson Polga,

Roque Júnior e Lúcio. No meio de campo,os alas Cafu pela direita e Roberto Carlospela esquerda. Os volantes Émerson e Gil-berto Silva e o meia de armação que vaifazer a ligação ao ataque, Ronaldinho Gaú-cho. No ataque devem jogar Ronaldo eRivaldo. E é exatamente neste trio ofensi-vo que Felipão e a torcida brasileira depo-sita suas esperanças. Os três formam umpoderoso ataque, difícil de ser marcado eque intimida os adversários, mesmo osmais experientes, já que são estrelas emseus clubes da Europa e brilham nos maio-res e mais competitivos campeonatos domundo. O povo queria Romário. As pes-quisas que os jornais e os programas es-portivos de televisão faziam indicavam quea grande maioria da população brasileiraqueria ver o baixinho na Copa, mas Felipãopreferiu assumir a responsabilidade sozi-nho caso algum fracasso venha a ocorrer.

Agora, o Brasil depende excessivamen-te dos três erres (3R), Ronaldo, RonaldinhoGaúcho e Rivaldo. O primeiro é o fenôme-no e esteve afastado dos gramados por lon-go tempo devido às contusões que vem so-frendo desde a partida final da última Copada França em 98, quando na véspera dojogo teve uma crise nervosa e quase ficouimpedido de disputar. Entrou em campo,mas teve atuação apática, não ajudando oBrasil a conquistar o penta. Agora é queestá voltando a jogar. Ninguém sabe se iráatuar bem e nem se terá condições físicaspara aguentar jogar as partidas inteiras.Rivaldo vem tendo problemas com seu jo-elho e pode nem jogar as primeiras parti-das da seleção brasileira. E RonaldinhoGaúcho brilhou no Paris Saint Germain daFrança, no último Campeonato Francês emuitos o apontam como um dos favoritospara ser a grande estrela desta Copa. É es-perar para ver e se preparar para ficar acor-dado nas madrugadas e manhãs, torcendopelo penta.

ndimentopão tirada Copa

ecuperar de contusão

Ronaldinho Gaúcho, uma das esperanças paraa Copa, fez o gol de empate contra Portugal

Rivaldo luta contra contusão para poder brilhar na Copa do Mundo de 2002

1958

A seleção brasileira conquista pela pri-meira vez um título mundial. Pelé, jun-to com Garrincha, Zito, Vavá, Zagallo eoutros mais, vencem a competição emplena Europa.

1962

Brasil é bicampeão, vencendo o Chile nafinal. Pelé se machuca e Garrincha assu-me a liderança da equipe sendo a grandeestrela do mundial. Zagallo também aju-da o Brasil e Djalma Santos é um dos des-taques da Copa.

1970

Brasil chega ao tricampeonato, ganhando daItália. Pelé se consagra de vez e Tostão, Ger-son, Rivelino, entre outros, também brilham.Zagallo conquista a Copa como treinador.

1994

A seleção brasileira é tetracampeã mun-dial, vencendo novamente a Itália, masdesta vez nos pênaltis. Equipe não con-vence. Romário é o grande destaque doBrasil e Zagallo se torna o únicotetracampeão do Mundo ao ganhar comocoordenador técnico.

Os quatro títulos do Brasil

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Quem é quemem cada grupo

Especial Copa

Fernando Natálio Araújo Sousa7 período de Jornalismo

Um olho na TV outro na tabela. Quemserão os classificados de cada grupo para omata-mata? Façam suas apostas.

O Brasil deve encontrar facilidade. Sebem que, em 98, também estava num grupo

O Grupo A terá como destaque aseleção da França, que se classificouautomaticamente para esta Copa semprecisar disputar as eliminatórias, por terconquistado a Copa do Mundo de 1998,que aconteceu em sua casa.

Agora a seleção francesa está maisvelha e entrosada. Parece com os bonsvinhos que quanto mais o tempo passamelhores ficam. Por isso está sendoconsiderada uma das favoritas ao título. Afórmula do sucesso está no equilíbrio daequipe. Tem uma defesa forte, um meiode campo habilidoso e um ataque rápido.

As outras seleções deste grupo são aeuropéia Dinamarca; a sul-americana,Uruguai; e a africana ,Senegal. A segunda

fácil, mas não conseguiu três vitórias.O “F” é o grupo da morte. Não será

surpresa se Argentina e Inglaterra ficaremde fora da disputa logo de cara.

Os anfitriões Coréia e Japão caíram emchaves não tão difíceis. Lutarão para manter umtabu: nunca a seleção anfitriã da Copa deixou departicipar da segunda fase do mundial.

No Grupo B, a grande sensação é aEspanha, que deve ficar com a primeira

O Grupo C conta com o Brasil, a CostaRica, a China e a Turquia. O Brasil deveficar em primeiro neste grupo e, comosempre acontece, entra na Copa comoum dos favoritos ao título, já que trata-sede uma seleção de tradição e de chegada,que cresce na hora certa.

No sorteio que definiu as chaves dasseleções, o Brasil deu sorte. Nãopoderiamos ter caído em um grupo maisfacil que este.

Após a grave crise que enfrentoudurante as eliminatórias e as duras críticasque a seleção recebeu do povo brasileiroe da imprensa, principalmente por não teruma equipe de base, agora, o Brasilcomeça a ter uma cara definida. No últimoamistoso realizado contra Portugal, nacasa do adversário, o selecionado mostrouestilo de jogo e passou a depositar suasesperanças nas estrelas Ronaldinho,Ronaldinho Gaúcho e em Rivaldo, queestá contundido e deve retornar apenas navéspera da estréia brasileira contra a

Grupo C - A chave do Brasil

Turquia que vai acontecer no dia 03 dejunho, às 6h.

A segunda vaga deve ter uma disputaacirrada entre as outras seleções. CostaRica conta com o técnico brasileiroAlexandre Guimarães para obter sucessoA seleção da América Central foi eleitano ano passado pela Fifda como a quemais evoluiu. A China, com seusgigantões, vai pela primeira vez para umaCopa do Mundo e confia na marcaçãoforte e rapidez de seus jogadores noscontra-ataques, Além disso, seu técnico,o iugoslavo Bora Milutinovic, levou aquinta seleção diferente a uma Copa. Porfim, a Turquia. A classificação destaseleção para a Copa não é surpresa paraquem acompanha o futebol internacional,já que ele vem fazendo bons jogos faztempo e os times de seu país tambémvivem aprontando contra equipes demaior porte. O atacante Sukur édesajeitado, mas tem cheiro de gol. Tecuida, Felipão!!!

equipe classificada neste grupo deve sairde uma provável disputa entre a Dinamarcae Uruguai. A primeira não conta mais comos irmãos Michael e Brian Laudrup,depositando as esperanças no atacanteSand, artilheiro do último campeonatoalemão. Já o Uruguai, que já foibicampeão mundial, mas ficou fora dasduas últimas copas, está começando a serecuperar, mesmo tendo penado para seclassificar na repescagem contra aAustrália. Joga suas fichas no atacanteRecoba, estrela uruguaia que joga na Interde Milão ao lado de Ronaldo. A seleçãode Senegal, que tem a maioria de seusjogadores atuando na França, corre porfora e é a zebra do grupo.

vaga e pode vir a lutar pelo título. Oamadurecimento dos seus jogadorespode ser o diferencial a seu favor nesteano, visto que em todas as competiçõesanteriores, a fúria espanhola, como éconhecido, entra como um doscandidatos ao título, mas semprefraqueja na hora H. Mas desta vez, elesgarantem que a historia vai serdiferente. As estrelas do time são osatacantes Raúl, do Real Madrid, e LuisHenrique do Barcelona, o zagueiroFernando Hierro, também do RealMadrid e Mendieta da Lazio.

A segunda vaga deve ser bemdisputada. O Paraguai é melhor na defesae a Eslovênia é uma seleção revelação daEuropa. A África do Sul pode surpreendercom a velocidade de seus jogadores,característica marcante das seleçõesafricanas.

Grupo A

Grupo BRonaldo conseguirá, na copa, justificar o apelido de Fenômeno?

Zidane comanda a França rumo ao bicampeonato

Dos gols de Raul depende umbom desempenho da Espanha

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No Grupo D está uma das seleções sededa Copa, a Coréia do Sul, que por jogar aolado da torcida pode ser considerada afavorita para ficar com a segunda vaga, jáque a primeira tem dono: a seleção dePortugal. A Coréia é uma seleção que estáamadurecendo e vem ganhando experiêncianas disputas das Copas anteriores. Os EstadosUnidos vem evoluindo nos últimos anos,mas seu futebol ainda fica devendo umpouco.

A Polônia volta às Copas, depois de ficarfora desde 1986. São jogadores altos quepossuem a jogada aérea como sua principalcaracteristica. E quanto a Portugal, é amelhor seleção do grupo e uma dasprincipais postulantes ao título. Luis Figo,do Real Madrid, é o astro da equipe e foiconsiderado o melhor jogador do mundo naúltima eleição da FIFA. Rui Costa, que jogano Milan, também é craque e pode ajudarsua seleção a ir longe.

Neste grupo, a tricampeã Alemanha é afavorita para conquistar a primeira vaga euma das candidatas ao título, visto que temtradição e sua camisa intimida os adversarios.Conta com a experiência do seguro goleiroOliver Kahn, que joga no Bayern deMunique; com a habilidade do meia Ballack,que assumiu a responsabilidade de comandara seleção depois da aposentadoria do craqueLothar Matheus, que levou a Alemanha aotitulo mundial em 1990. A segunda vaga deveficar entre Camarões e Irlanda. Camarões foia campeã da Olimpíada de 2000 e vem tendoboas participações nas copas anteriores. Suaestrela é o atacante Mboma. Já a Irlanda contacom a força de sua defesa para poder seclassificar. O capitão Roy Keane, que jogano Manchester United é o líder e astro daseleção. A Arábia Saudita é a mais fraca dogrupo, devendo ser o fiel da balança. Quemperder pontos ara ela pode ficar fora dasegunda fase da Copa de 2002.

Neste grupo, a tricampeã mundial Itáliaé a favorita a ficar com a primeira vaga e vaibrigar pelo título. Em silêncio, como em1982, quando sagrou-se campeã pela últimavez, a Itália conta com o talento do meia Totti,a habilidade de Del Piero, o oportunismo deVieri e com a força de sua defesa, ondeMaldini, que vai disputar a sua quarta Copado Mundo e Nesta, um dos melhoreszagueiros do mundo, protegem o gol. ACroácia deve ficar com a segunda vaga.Suker, artilheiro na França, está meia-boca,mas Boksic é capaz de comandar o ataquecom a mesma eficiência. O debutanteEquador e o apenas tradicional Méxicopodem surpreender, mas suas seleções sãoas mais fracas do grupo.

É o grupo da morte. Tem quatro seleçõesfortes, equilibradas e de alto nível técnico.São de qualidade inquestionável e estãotodas num patamar bem próximo, o queprovoca este grande equilíbrio. A Argentina,bicampeã mundial, é a favorita para ficarcom a primeira vaga, por ter se destacadonas eliminatórias Sul-Americanas, na qualficou em primeiro lugar. Conta com amesma base da última Copa, o que lheproporciona o entrosamento, tão necessáriopara ter uma seleção competitiva. Osdestaques da Argentina são o meia Verón,os atacantes Batistuta e Crespo, que devemdisputar a vaga de titular do ataque, masgeralmente são os artilheiros de seus times.Eles disputam a artilharia do CampeonatoItaliano, considerado o mais difícil domundo. Também são destaques o zagueiroSamuel, um dos melhores do mundo, oexperiente volante Simeone e o meia ArielOrtega, que na Copa do Mundo de 1994

Este grupo deve dar sono, já que reúneas equipes mais fracas do Mundial. Nateoria, já que futebol e lógica são inimigosmortais.

O Grupo H tem a seleção do outro paíssede, o Japão, que tem como estrela Nakata.O atacante tem incrível facilidade emguardar a bola na rede e faz tempo que jogano campeonato italiano. Dele depende umaboa campanha do Japão.

A disputa deve ser equilibrada, já queos times se equiparam. Por jogar em casa,Japão deve ficar com uma vaga. Bélgica,que sempre apostou na ofensividade, estámal das pernas ultimamente. A Rússiatambém não é mais a mesma e aTunísia…bem, continua a mesma.

Grupo D

Grupo E

Grupo F - O “grupo da morte”

substituiu Diego Maradona, que forasuspenso por doping.

A segunda vaga deve ficar com aInglaterra, que já conquistou um títulomundial e luta por mais uma conquista. Oatacante Michel Owen é o grande destaqueda seleção. O meia David Beckham tambémé uma das estrelas, mas pode ter seu futebolcomprometido pela contusão no tornozeloque sofreu e quase lhe tirou da Copa de2002. A Suécia aposta na força física deseus jogadores e no futebol aéreo, uma dassuas principais jogadas. Já a Nigéria,surpreendeu na Copa de 98, com um futebolenvolvente e muita habilidade, chegando aser considerado um estilo irresponsável,pois seus jogadores gostam de atacar, masnão são muito de defender. É um grupodifícil de fazer prognósticos. Tanto a Suécia,como a Nigéria podem surpreender e tirarArgentina ou Inglaterra, duas das favoritasao título no papel.

Grupo G

Figo como o melhor do mundo:a Copa será o trampolim para mais um troféu?

Michael Ballack:raro talento na burocrática Alemanha

Christian Vieri luta pela artilharia e pelo tetra

Jogadores argentinos comemoram: a cena já virou rotina

Grupo H

Nakata: o craque da seleção japonesa

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Os candidatosao estrelato

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Além de jogar buscando a vitóriada equipe, craques querem otítulo de estrela do mundial

Especial Copa

Zinedine Zidane,meia, França

É o maior jogador da história da Françadepois de Platini. Zizou, como é conhecido,foi eleito o melhor jogador do mundo emdois anos pele Fifa. A primeira foi em 98,quando sagrou-se campeão da Copa.

Naquele Mundial, Zidane começoutitubeante. Foi expulso logo no segundojogo, contra a Arábia, ao dar um pisão numadversário. Voltou só nas quartas de final econduziu a seleção até a grande conquista,quando marcou seus únicos dois gols noCampeonato, contra o Brasil.

Zidane começou a ganhar famainternacional na Juventus, da Itália, quandoera o maior dos craques do time. No anopassado, foi vendido ao Real Madrid comoo jogador mais caro da história. A históriase repetiu: num time só de craques, é denovo o maior deles.

O craque europeu tem a ginga dos sul-americanos. Dribla muito bem, mas só nomomento certo. Parece que tem neurôniosna ponta da chuteira, de seus pés costumamsair passes e lançamentos precisos. Apenasseu cabeceio e velocidade são regulares. Oposicionamento é perfeito, o chute é ótimocom as duas pernas. Quando o jogo estádifícil, Zidane mostra uma calma e friezaimpressionantes. E, quando menos se espera,de um lance genial seu, o placar muda.

Juan Verón,meia, Argentina

Qualquer jogador da Argentina,principalmente os que jogam do meiocampo para frente, poderia ser apontadoaqui como candidato à estrela da Copa.Porque Verón? Porque “la Brujita” (abruxinha, seu apelido) é um craquecompleto. Sua função principal é armar asjogadas, e seus passes têm precisãocirúrgica. Mas também sabe marcar bem.E, se tem a chance de definir, costuma sereficaz. Suas cobranças de falta atemorizamos goleiros. Sem contar que ele tem a raçasempre presente nos argentinos.

Verón é o “motorzinho” da seleçãoargentina e de seu time, o ManchesterUnited, da Inglaterra. Aparece em todas aspartes do campo chamando o jogo para si.Um jogador que todo técnico gostaria deter em seu time.

Luis Figo,ponta, PortugalPonta? Também. Figo joga em todas as

posições do ataque. A preferida é mesmo aponta, ou melhor, as pontas: destro, joga nadireita ou na esquerda, dando cruzamentosperfeitos dos dois lados. Veloz, se tiver queir para o meio ou o ataque, é igualmenteeficiente. No ano passado, foi eleito omelhor jogador do mundo pela Fifa.

Figo joga ao lado de Zidane e Raúl noReal Madrid. Sua compra foi uma dastransferências mais polêmicas da história,já que antes ele jogava no rival Barcelona,onde tinha sido ídolo por anos seguidosgraças a seus gols que garantiram títulos.No Real Madrid, bastou repetir o mesmodesempenho para ser um dos jogadores maisamados pela torcida.

Wagner Ghizzoni Júnior6º período de Jornalismo

Trinta e dois times, 736 jogadores. Nodia 30 de junho, quando a Copa acabar,conheceremos o craque do mundial, eleitopela Fifa. Antes da bola rolar, só podemosfazer previsões. Entre tantos jogadores, umgrupo seleto já se destaca s. Alguns dessescraques nós vamos apresentar agora:

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Francesco Totti,meia, ItáliaTotti não joga bonito. Mas por que pode

ser uma estrela da Copa? Porque é super-eficiente. Ele não gosta de inventar, procurafazer apenas a jogada mais simples. E,assim, além de quase não errar, costumacriar as melhores chances de uma seleçãoque sempre deixa claro que vai jogar naretranca e apostar nos contra-ataques. Dospés de Totti podem sair gols, tanto em suasconclusões, como em assistências paraVierie Del Piero. Prestem atenção em seucalcanhar!

MichaelJames Owen,atacante, InglaterraA Inglaterra sempre foi conhecida pelo

estilo “chutão pra frente e chuveirinhos naárea”. Isos mudou na Copa de 98, quandoOwen surgiu para o Mundo. O craque doLiverpool, apelidado de Wonder Kid (garotomaravilha), deixou o público de boca abertacom seu estilo de jogo. Não importa quemé o adversário nem o marcador: Owen partepara cima, sempre tentando o drible, comuma ousadia cada vez mais difícil no futebolmoderno.

Além de driblador, Owen é bomchutador, principalmente com a direita, ecabeceia bem. Só na marcação não é muitobom. Mas seria um insulto pedir a umjogador de tal calibre pedir para destruirjogadas. Na Copa da França, fez um dosgols mais bonitos da competição, quandoarrancou do meio campo e, depois de passarpor dois marcadores, despachou o goleirocom um toque por cima. A Inglaterra seriaeliminada nos penaltis neste mesmo jogo,mas surgia a nova jóia da coroa britânica,que nesta Copa está louco para mostrar quenão é mais só uma promessa.

Oliver Kahn,goleiro, AlemanhaA Alemanha é tricampeã e por isso

mesmo respeitada. Mas tradição nãoganha jogo e a torcida está apreensiva. Faztempo que a Alemanha não apresenta umbom futebol. Para piorar, os talentosindividuais são cada vez mais raros. Aexceção é Oliver Kahn.

Kahn foi treinado pelo lendário Seep

RaúlGonzalez Blanco,atacante, EspanhaO jogo está difícil? Bola pra Raúl. Faz

tempo que a seleção da Espanha pensaassim. Raúl é um atacante que dá gosto verjogar. Na área, é mortal. Cabeceia bem,chuta melhor. Seus chutes sutis sãomanjados, mas continuam funcionando. Odrible não é lá estas coisas, por isso eleprocura as tabelas curtas. Está sempre semovimentando para receber a bola em boacondição. Aí, um giro rápido, a ameaça deuma bomba, mas apenas um toque deleve…e gol!

Maier, goleiro campeão da Copa de 1974pela Alemanha e seu ídolo na infância. Desuas defesas depende uma boa campanhade sua equipe no mundial.

Os torcedores do Bayer de Muniquejá estão acostumados aos milagres deKahn. Além de ser ágil e elástico, Kahntem reflexos extraordinários. Prefera adiscrição às pontes espalhafatosas. Dessemodo, mesmo jogando numa posiçãoconsiderada ingrata, é o melhor jogadorda Alemanha.

Especial Copa

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André Azevedo1º período de Jornalismo

Que inveja dos antigos gregos! Além deficarem o dia inteiro curtindo um ócio, to-mando sauna e filosofando, sabiam distin-guir as coisas da vida com clareza invejá-vel, ao contrário de nós, habitantes do sé-culo XXI, que mal sabemos diferenciar ummúsico de um esportista. Vou explicar.

O esporte, venerado pelo gregos, é aprática metódica de exercícios físicos queeleva o domínio sobre o próprio corpo àcondição de arte. As estripulias que os atle-tas são capazes de fazer mostram-se verda-deiramente impressionantes. Como não seencantar com o festival de tabefes de umPopó nos ringues, com os contorcionismosde um Guga nas quadras de tênis, ou com aspescoçadas de um Luizão nos campos defutebol? Com os avanços da bioquímica, adestreza e agilidade dos ginastas adeptos aosanabolizantes, energéticos e estimulantesficam cada vez mais extraordinárias. Essessuper-heróis ultrapassam os limites do veros-símil e executam piruetas antes consideradasdefinitivamente impossíveis. A cada ano,novas modalidades são criadas, desenvolvi-das ou reconhecidas pelo Comitê Olímpico.

A arte da música – também admiradapelos antigos – é o arranjo de tons e rit-mos de maneira que é construído um cor-po sonoro provido de sentido próprio, evi-dentemente não-verbal, mas de intensopoder expressivo. As verdades e sensa-ções transmitidas através do arranjo ins-trumental dificilmente conseguem mate-rializar-se através de outras linguagens.A técnica para adquirir habilidade em umdeterminado instrumento musical exigeintenso treinamento; entretanto, o fim úl-timo desses procedimentos é servir desuporte para que as verdades subjetivasdispersas nas profundezas da alma sejamexpressas. A técnica nunca é um fim emsi mesmo, está sempre à serviço das rei-vindicações estéticas, conceituais ou sen-síveis do músico. A qualidade de uma obraestá diretamente relacionada com a auten-ticidade da emoção suscitada através daexperiência de sua audição.

Mas na sociedade do entretenimento al-guma coisa aconteceu que confundiu a ca-beça da minha geração e o limite entreesporte e música tornou-se confuso, para

prejuízo desta última. Há alguns anos,apareceu uma agremiação de guitarristas,– falo só deles porque entendo um pouco,já que toco guitarra há algum tempo – quedeixaram defazer música epassaram a pra-ticar ginástica.Provavelmenteessa transição foifeita de formainconsciente; en-tretanto, ao assistir a qualquer apresenta-ção de um desses campeões, percebe-secom muita clareza que as exibições quepraticam no palco tornaram-se suficien-

temente aeróbicas para configurar-se, deforma indubitável, como atletismo. Al-guns ginastas estrangeiros como Steve Vai,Joe Satriani, Yngwie Malmsteen, entre outros

– a propósito, muitomacaqueados porjovens guitarristasuberabenses – uti-lizam-se de seu ins-trumento da mes-ma forma queGuga o faz com sua

raquete, ou um daqueles tunisianos doidosfaria com sua vara de pular: paraexercitarem-se de maneira poliesportiva,para superar os limites musculares de sua

Super guitarristaspraticam é atletismo!Exibições aeróbicas no palco mostram que campeões da guitarra largaram a música para fazer ginástica

categoria, enfim, para fazer ginástica lo-calizada. A música é apenas o pretextopara exibicionismos atléticos, a técnica éum fim si mesmo. Como um jóqueiapressado, Steve Vai cavalga e dá cabri-olas pelos trastes de sua Ibanez rumo aoprimeiro lugar. Como um aquecido pra-ticante de aeróbica rítmica, Joe Satrianefaz contorcionismos com o mindinho, seuvizinho, pai de todos, fura-bolo e mata-piolho, movimentando-os e virando-osdo avesso de forma positivamente acro-bata. Como um lutador de Kung Fu oukaratê, Yngwie Malmsteen ataca com apaleta as cordas de sua Fender enquantogolpeia o braço da guitarra com harpejosinfluenciados por artes marciais.

É claro que essa exibição esportiva éempolgante. Entretanto, o que precisa ficarclaro é que essas acrobacias não fazem par-te do repertório da música, mas do atletis-mo. Esses fisiculturistas não exploram suasguitarras como um instrumento musical,mas como uma academia de musculação.Esses campeões fazem do ato de tocar gui-tarra algo próximo ao halterofilismo.

Analisando o entusiasmo que esses espor-tistas inspiram nos fãs, percebe-se um tipo decomportamento que, de certa forma, confirmaessa hipótese. Quando perguntados sobre oque os atrai no fisiculturismo de Steve Vai, asrespostas habituais dos adeptos mostram-sesempre focalizadas no domínio técnico –qualidades esportivas –, e não na subjetividade– qualidades estéticas: “ele sobe uma escalacom velocidade sem igual” ou “ele cavalgacom precisão impressionante, uau!” ou “éincrível como ele debulha a guitarra” (note ainclusão de qualidades agrotécnicas às habi-lidades atléticas do ídolo).

Contudo, isso não significa desmerecê-los, pois devemos admitir que tratam-se deexcelentes atletas, dignos do mesmo respei-to com o qual reverenciamos Maguila, Os-car Schmidt, Cafu, Aurélio Miguel, NasserEl Sombaty ou a família Gracie. A propósito,sugiro à FIFA que inclua, nas abertura daCopa, novas exibições esportivas, como car-rinho de solo em escala pentatônica, acro-bacias em acordes harpejados e maratonade dedilhados em posições bemóis, para quea arte desses campeões seja finalmentereconhecida pelo comitê Olímpico e elespossam então competir, ganhar medalhas e seraclamados como grande esportistas que são.

As acrobacias dos guitarristas Steve Vai, Joe Satriani e Yngwie Malmsteen devem servalorizadas da mesma forma como admiramos a arte de Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Cafu,ou fisiculturismo Nasser El Sombaty (foto), campeão do Arndol Classic 2000

reprodução

Como um jóquei apressado, oesportista Steve Vai cavalga edá cabriolas pelos trastes de suaguitarra Ibanez, rumo ao 1º lugar

Crônica