REVISÃO DE LITERATURA -...

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ARTIGO Rev. online Bibl. Prof. Joel Martins, Campinas, SP, v.2, n.1, out. 2000 AS BIBLIOTECAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA : REVISÃO DE LITERATURA 1 Ursula Blattmann Mauro José Belli Resumo Revisão de literatura sobre conceitos de bibliotecas no suporte para a educação a distância. Apresenta conceitos referentes a bibliotecas digitais, eletrônicas e virtuais. Tece considerações sobre o trabalho virtual nas bibliotecas. Palavras-chave Bibliotecas digitais ; Bibliotecas eletrônicas ; Bibliotecas virtuais ; Educação a distância Informação digital ; Internet. Abstract Literature review about some library concepts to suport distance education. Presents some concepts about digital, electronic and virtual libraries. Also considerated the virtual work at the libraries. Key-words Digital libraries ; Electronic libraries ;Virtual libraries ; Distance education Digital information ; Internet -. 1 Este artigo foi apresentado de forma estruturada para o I CIBERÉTICA: Simpósio Internacional de Propriedade Intelectual, Informação e Ética. Originalmente os direitos autorais deste artigo foram adquiridos sob título O papel das bibliotecas no ensino á distância, conforme número de registro 150.064, livro 245 folha 143, na Biblioteca Nacional - Escritório de Direitos Autorais, em 24 de abril de 1998.

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Rev. online Bibl. Prof. Joel Martins, Campinas, SP, v.2, n.1, out. 2000

AS BIBLIOTECAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA : REVISÃO DELITERATURA1

Ursula BlattmannMauro José Belli

ResumoRevisão de literatura sobre conceitos de bibliotecas no suporte para a educação a distância.Apresenta conceitos referentes a bibliotecas digitais, eletrônicas e virtuais. Tececonsiderações sobre o trabalho virtual nas bibliotecas.

Palavras-chaveBibliotecas digitais ; Bibliotecas eletrônicas ; Bibliotecas virtuais ; Educação a distância

Informação digital ; Internet.

AbstractLiterature review about some library concepts to suport distance education. Presents someconcepts about digital, electronic and virtual libraries. Also considerated the virtual work atthe libraries.

Key-wordsDigital libraries ; Electronic libraries ;Virtual libraries ; Distance education

Digital information ; Internet -.

1 Este artigo foi apresentado de forma estruturada para o I CIBERÉTICA: Simpósio Internacional de PropriedadeIntelectual, Informação e Ética. Originalmente os direitos autorais deste artigo foram adquiridos sob título Opapel das bibliotecas no ensino á distância, conforme número de registro 150.064, livro 245 folha 143, naBiblioteca Nacional - Escritório de Direitos Autorais, em 24 de abril de 1998.

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INTRODUÇÃO

A educação a distância tem sido utilizadoem inúmeros lugares, conforme relataNOVAES (1994), visando objetivosdiversos e atingindo um público bastanteexpressivo como ocorre na América doNorte e na Europa. O artigo de NOVAES(1994) possibilita traçar uma análise dasperspectivas e condições para implantaçãoda educação a distância no Brasil, além dedetectar “escassíssimo materialbibliográfico sobre ensino à distânciadisponível no Brasil, enquanto, noexterior, existem, centros de pesquisaespecializados, periódicos, associações,cooperação internacional, etc.” observa-seque existem centros de informação derecursos educacionais como o exemplo doEducational Resources Information Center(ERIC) que é “especializado em questõesde ensino de uma maneira geral, e queopera como “Clearinghouse” da área,fornecendo cópias de documentos, artigos,etc. redigidos em língua inglesa, e tambémo American Center for the Study ofDistance Education, com base naPennsylvania State University, por sua vez,abriga literatura apreciável sobre oassunto e desenvolve pesquisas na área.”

NOVAES (1994) observa que quanto aomaterial suplementar são colocados “alémdas aulas assistidas em tempo real deveráser elaborado e distribuído aos estudantesmaterial suplementar variado, tal comotextos impressos, videotapes contendogravação das aulas ou informaçõesadicionais (à base de empréstimo), livros(também à base de empréstimo), etc.”

A experiência européia no uso datelemática em salas de aula, tem reveladoalgumas conclusões de projetos referentesa educação a distância, como cita VEEN(1995), onde o material de ensino deve serde alta qualidade para estimular o ensinoindividual (self-study), pois materiais debaixa qualidade resultam em longas

sessões de e-mail. Entre as ponderaçõesdestacam-se vantagens e desvantagens douso da telemática: ocorrem muitas vezesproblemas técnicos; o acesso a recursoson-line são limitados ou dificultados; oscustos das telecomunicações são caras.

VALENTE et al. (1996) colocam que o“ensino a distância pode ser consideradouma alternativa para distribuir oconhecimento ainda localizado em algunscentros de excelência”. Em sua conclusãodo artigo, apesar de serem destacadas aimportância da produção (elaboração deconteúdos, formatação) e disseminação(distribuição e acompanhamento daaplicação dos produtos de educação adistância) lamentavelmente não sequestiona a organização deste materialnum centro de informações ou numabiblioteca para facilitar todo o processo deeducação a distância.

Analisando mais acuradamente os artigosrevisados, percebe-se que ao longo destesdiscursos, pouquíssimo tem se reportadoao material suplementar, e sabe-se que omaterial suplementar é de fundamentalimportância para o processo deaprendizagem do ser humano. Entre asquestões apresentadas no planoapresentado pelo Institute for DistanceEducation (1996) pergunta-se: como osestudantes conseguem acesso à informaçãoeletrônica?

Entre as inúmeras questões que começam asurgir sobre o material suplementar,questiona-se como estão sendo elaboradasas bibliotecas ou centros de informaçãopara abrigarem o material suplementar aeducação a distância?O autor português RODRIGUES (1996)retrata a questão das bibliotecas digitaisque estão em fase de construção. Maspondera sobre as suas “múltiplasdesignações - bibliotecas eletrônicas,bibliotecas digitais, bibliotecas virtuais, eestes são apenas alguns dos nomes - são

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freqüentemente utilizadas, em contextos ecom significados por vezes diferentes, pararepresentar um conceito ainda emevolução.” Tendo por base as concepçõesdos novos modelos de bibliotecasapresentados por RODRIGUES (1996), opresente artigo tentará elucidar as variantesde bibliotecas para suporte organizacionaldas informações produzidas ou alocadas aeducação a distância.

BIBLIOTECAS : TRADICIONAIS,DIGITAIS, ELETRÔNICAS EVIRTUAIS

Na literatura brasileira a relação dasbibliotecas versus Internet está centrada nouso de bancos de dados (acesso remoto -Telnet) e esclarecendo as modalidades dosserviços existentes (DUMANS, 1993,CUNHA, 1994, PEREIRA, 1995 eLUCAS, 1996); conceitualizandobibliotecas virtuais (PEREIRA, 1995,LUCAS, 1996, GOMES et al., 1996),questionando os serviços de informação nocontexto pós-moderno no sentido de canalde informação (PEREIRA, 1995,ARAÙJO & FREIRE, 1996), ou numsentido filosófico (CAMARCO, 1996),relato de experiência sobre bibliotecasvirtuais na Internet: a experiência doProssiga (GOMES et al., 1996), e aquestão da divulgação eletrônica viaInternet ( SILVA, 1996, SILVA et al.,1996).

Para um entendimento histórico-conceitual, observa-se que RODRIGUES(1996) coloca o “uso inicialmentepredominante da designação "bibliotecaeletrônica", parece estar a caminhar-separa a aceitação do termo bibliotecadigital como o que melhor representará arealidade emergente, podendo ficarreservado o nome de biblioteca virtualpara as bibliotecas digitais que integremno seu funcionamento e serviços técnicas eaplicações de realidade virtual. ”

Quanto a definição da arquitetura efunções das bibliotecas digitais/virtuais,segundo RODRIGUES (1996), “é comuma todas elas a ênfase colocada no acessoremoto ao conteúdo e aos serviços dasbibliotecas e outras fontes de informação,na possibilidade de reproduzir, emular eampliar os serviços das "bibliotecastradicionais", aproveitando aspotencialidades do armazenamento ecomunicação digitais para desenvolverserviços mais personalizados e"amigáveis", para promover o acesso eutilização de informação multimídia ereduzir as barreiras de distância(geográfica e organizacional) e tempo noacesso à informação.”

UPDEGROVE (1995) salienta aimportância crucial do papel dasbibliotecas no processo de aprendizagem:papel prático em dividir os recursosdispendiosos, e o papel cultural napreservação e organização de artefatos eidéias, e os papéis sociais e intelectuais emcolocar em conjunto pessoas e idéias. Coma expansão das habilidades da Internet,cada vez mais bibliotecas estão se tornandodigitalizadas - possibilitando recursosdisponíveis através de redes nacomunidade global, não somente nacomunidade local. As bibliotecas digitaiscombinam recursos tecnológicos einformacionais para acessos remotos,quebrando barreiras físicas entre osrecursos. Estas bibliotecas permitem umagama de vantagens tanto para professorescomo para estudantes sobre os materiais epara a comunicação com pessoas fora domeio de aprendizagem tradicional.Portanto, estas bibliotecas digitais temexpandido o potencial de ensino dascoleções das bibliotecas tradicionais.Citando, por exemplo, o caso da Bibliotecada Universidade de Pennsylvania.

O conceito de bibliotecas digitais não énovo, conforme coloca LANKES (1995).Os recentes avanços na tecnologia dacomputação e os avanços nas WAN (Wide

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Area Networks), fez com que muitasinstituições coletassem e criasseminformações digitais, e publicassem estainformação no formato digital.

GRAHAM (1995) define bibliotecas depesquisa digitais (Digital Research Library-DRL) sendo uma coleção de informaçãoeletrônica organizada a ser utilizada alongo prazo. Salienta que para estasbibliotecas alcançar sucesso é fundamentalatender as necessidades dos usuários.Coloca ainda como sendo prioridadeestabelecer para estas bibliotecas depesquisa digitais que desde o início daorganização, armazenamento, é o deprover informação eletrônica para períodosque excedam a vida humana. Osfundadores destas bibliotecas devem naimplantação: estabelecer o repositório dematerial escolar eletrônico e implementaras ferramentas para sua respectivautilização.

Como visto anteriormente, RODRIGUES(1996) possibilita relacionar os três pontosessenciais para os múltiplos projetos dedesenvolvimento de bibliotecas digitais,atualmente em fase de modelização eexperimentação:“em primeiro lugar, as bibliotecas digitaisirão armazenar e dar acesso a volumes cadavez maiores de informação multimedia (texto,imagem, som, vídeo, etc.) em suportes digitaise diversos formatos, a par com a existência dedocumentos noutros suportes (nomeadamenteo papel).Em segundo lugar, as bibliotecas digitaisestarão acessíveis aos seus potenciaisutilizadores a qualquer hora e de qualquerlugar. E, contrariamente ao que até agora eranormal, os utilizadores remotos da bibliotecapoderão obter não apenas informaçãosecundária e de referência, mas tambéminformação primária (o conteúdo integral dedocumentos textuais, dados e informaçãofatual, documentos multimedia, etc.).Em terceiro lugar, as bibliotecas digitaispermitirão, de forma transparente para osutilizadores, a pesquisa e o acesso às suascoleções locais ou a qualquer outra fonte deinformação existente nas redes de

comunicação onde estejam integradas. Apossibilidade de ligação virtual entre todas asbibliotecas transformará cada uma delas numnó de uma biblioteca digital à escalaplanetária. ”

No artigo de ARNOLD, COLLIER &RAMSDEN (1993) encontra-se o esboçoELINOR - The Electronic Library projectat De Montfort University Milton Keynes,projeto da biblioteca eletrônica DeMontfort University Milton Keynes. Oconceito de biblioteca eletrônica passa aser tratado como um ambiente de ensino,aprendizagem e estudos para educaçãosuperior onde a informação é consideradaprimeiramente na forma eletrônica. Sendonão restrita ao local físico, enquanto que osusuários podem acessá-la de qualquerlugar e poderá (a biblioteca) dar acesso àinformação para diversos lugares. Estabiblioteca deverá conter textos, imagensparadas ou em movimento (quadros,gravuras ou vídeos) e som (áudio). Enecessita estar intimamente conectada(linkada) com a indústria de publicação elivrarias.

SINGH & MEADOWS (1993) apresentamuma visão detalhada sobre periódicoseletrônicos para especialistas eminformação na Internet (FTP, WAIS,Gophers, Veronica, World-Wide Web,revistas e jornais eletrônicos, conferênciaseletrônicas). Este artigo exemplifica otrabalho virtual e também o serviço dereferência virtual (entre diversos exemplosdestacam-se os serviços disponibilizadospela Universidade da Califórnia, através doInfoslug, e também o CARL - ColoradoAllience of Research Libraries- serviçobaseado em menus mas diferenciado doGopher).

Com o crescimento da Internet, KELLY(1996) descreve as atividades paradesenvolvimento de coleções embibliotecas que estão iniciando a ampliaçãodos acervos, incluindo recursoseletrônicos, alguns disponíveis sem custosvia acesso em rede. Para entendê-los e

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achar um lugar para eles dentro das ofertasde bibliotecas torna-se um desafio paramuitos bibliotecários. Entre as conclusõesestão as mudanças nos estabelecimentos decritérios de seleção, a necessidade deobservar os catálogos e principalmente otrabalho cooperativo com outrasinstituições.

POULTER (1993) utiliza para conceituarbiblioteca de realidade virtual a metáforade pesquisar em estantes como a novaforma de acesso computadorizado nascoleções da biblioteca. Portanto o conceitode bibliotecas de realidade virtual éaplicado aos recursos informacionais quenão possuem acesso ao repositório físicoou que possui repositório que não éacessível aos usuários. Para ilustrar estasituação, encontra-se na Internet a IPL -Internet Public Library que ao navegar naspáginas Web (http: hyper text transferenceprotocol), o usuário defronta-se numabiblioteca de realidade virtual, ou seja, umsetor simulando o balcão de referência(balcão de informações): a tradicionalestante de livros, jornais e revistaseletrônicos além de conhecer o pessoal dainstituição. A IPL pode ser localizada em:http:/ipl.sils.umich.edu/ Outro exemplo debiblioteca virtual conhecida como W3http://www.w3.org/vl/ o usuário poderáacessar inúmeros livros e periódicoseletrônicos.

TRABALHO VIRTUAL NASBIBLIOTECAS

Entre as bibliotecas fundamentais de apoioa educação a distância, faz-se necessárioconhecer a estrutura do ERIC. LANKES(1995), expõe que desde a sua criação em1966, tem como objetivo ser um sistemanacional de informação para proporcionaraos usuários acesso direto a uma extensacorporação referente a literatura na área daeducação. Entre seus produtos primários,encontra-se a base de dados ERIC. Éconsiderada a maior base na área deinformação educacional, contendo mais de

750.000 resumos (abstracts) dedocumentos ou artigos de periódicos napesquisa educacional e prática, e estádisponível em cerca de 3.000 localidadesinternacionais.

Em 1992 iniciou-se o projeto AskERIConline : um serviço de perguntas/respostas.No decorrer de um ano, foram adicionadosos serviços automatizados (FTP, Gopher,WAIS). O interessante que todo esteserviço era operacionalizado por trêspessoas. Pois como projeto piloto, estavadirecionado em três estados (Texas, NewYork e North Dakota) e passou a atendertodo o país, em período integral (24 horas,7 dias por semana), assim foi criado umaequipe com recursos separados paraexperimentação (que possibilitou maistarde a expansão para a biblioteca virtualna Web). Atualmente AskERIC fornece amaioria dos serviços na Internet (Gopher,FTP, Telnet, WAIS, World Wide Web).

Segundo LANKES (1995) a bibliotecavirtual AskERIC pode ser caracterizadacomo um conjunto automatizado ecoordenado de sistemas de informaçãoInternet que fornece documentos aoprocesso de educação incluindo mais de700 planos de lições, orientação deassuntos InfoGuides, e arquivos dos gruposde discussão na área da educação.

Entre os inúmeros aspectos apresentadospor LANKES (1995), cabe salientar ocomponente essencial na relação dasnecessidades dos usuários, no caso, ointermediário é humano. Sem ocomponente humano, a biblioteca virtualAskERIC seria a melhor coleção estáticade informação digital, e não um sistemadinâmico que se adapta às mudanças nomeio ambiente da área educacional.

HAWKINS (1995) enfatiza que no futuronão será necessário que a biblioteca estejana escola, podendo estar em algum lugarno espaço eletrônico, sendo possível teracesso a ela a qualquer hora. Neste artigo

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cabe ressaltar a preocupação do uso deinúmeras novas tecnologias aplicadas àeducação e também a necessidade deadaptação às realidades do ensino(comunidade local).

A Internet pode fortalecer a educação e asbibliotecas, mas segundo CONNEL &FRANKLIN (1994) isto parece um poucoconfuso até o presente momento. Poissegundo estes autores, somente o trabalhoconjunto entre educadores e bibliotecáriospossibilitará a integração entre as novastecnologias e a explosão informacional. Asnecessidades emergentes, no sentido deuma revolução educacional, provocamudanças nos papéis tanto em sala de aula,bibliotecas, e local de trabalho; também asbarreiras econômicas e geográficas paraacessar a Internet estão acabando; énecessário observar os impactos daInternet no treinamento profissional; e anecessidade de desenvolver novasferramentas e interfaces para os usuários.Isto tudo estimula a integração de redes esistemas de bibliotecas. O resultadoproporciona que professores ebibliotecários possam auxiliar osestudantes com novas habilidades detrabalho necessárias para sobreviver numasociedade-econômica informacional.

Para LEE-MORTIMER (1994) acriatividade é o novo “slogan” industrial,pois somente a inovação dos produtosexistentes não é considerada satisfatória.Exemplifica que parte do processo detornar-se mais eficiente e criativo nosprodutos que são desenvolvidos provêm dotrabalho virtual de equipes que estãoalocadas em diferentes lugares, e istotorna-se possível devido aos avanços nacomunicação de dados.

No artigo de HARMON-VAUGHAN(1995), a característica do local de trabalhono futuro será em qualquer lugar equalquer tempo. Pois o trabalho em si estámudando dramaticamente. Onde e como otrabalho das pessoas está mudando, pode-

se perceber nas mudanças ocorridas nestadécada, visto que o armazenamento e avelocidade dos computadores vemaumentando rapidamente, onde redespossibilitam a transferência de imagens,voz e palavras escritas, tudo sendomanipulado pelos computadores. O autorchega a colocar que o correio eletrônico (e-mail), correio de voz e correio de vídeoserão controlados pelas pessoas através decomputadores, alegando que estescomputadores serão capazes de criaremrealidade virtuais interativas.A questão do virtual está nas entrelinhas devários artigos e livros, mas torna-se clarano livro de Pierre LEVY (1996, p.15) ondeesclarece que a “palavra virtual vem dolatim medieval virtualis, derivado por suavez de virtus, força, potência. Na filosofiaescolástica, é virtual o que existe empotência e não em ato. O virtual tende aatualizar-se, sem ter passado no entanto àconcretização efetiva ou formal. A árvoreestá virtualmente presente na semente. Emtermos rigorosamente filosóficos, o virtualnão se opõe ao real mas ao atual:virtualidade e atualidade são apenas duasmaneiras de ser diferentes.” (...)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cabe lembrar o pensamento deUPDEGROVE (1995) sobre a Internet,como uma alternativa aos métodos deensino tradicional e de ensino a distância.As vantagens da Internet são ambasconcretas ( capacidades informacionais) eteóricas (valores na colaboração, valoresna mudança de papéis). Estudos indicamsobre a eficiência da Internet comoferramenta de ensino aos estudantes àdistância, como repositório de informação,e como facilitador dos esforçoscolaborativos que necessitam seremconduzidos antes de ser criada umapadronização.

Enquanto no dizer de LANKES (1995),verifica-se que o sucesso do AskERIC foi

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demonstrado pelo valor do ser humano nainteração humana no serviço via Internet, eé necessário definir os papéis doprofissional da informação num sistemaautomatizado crescente de disseminação deinformações.

As ponderações de RODRIGUES (1996)sobre o “acelerado (e em muitos aspectoscaótico) crescimento da Internet tornacada vez mais urgente e necessário oaparecimento de serviços de informaçãode valor acrescentado, como aqueles quepodem ser prestados pelas bibliotecasdigitais. Por isso, nos parece inevitávelque elas sejam criadas. Se nós não ofizermos, e desde já, outros o farão. Aquestão, portanto, é saber se a bibliotecadigital será criada conosco, ou sequeremos correr o risco de a ver criada ànossa margem, ou mesmo contra nós.”

A situação exposta por RODRIGUES(1996) pode ser ampliada ao Brasil, “ondeos hábitos de utilização de bibliotecas e oreconhecimento da sua importância peloconjunto da sociedade são relativamentereduzidos, este desafio talvez seja aindamais importante. A utilização da Internetpelas bibliotecas pode aumentar a suavisibilidade e o seu prestígio e atrair novosutilizadores. Mas, as graves limitações daqualidade e diversidade dos recursos eserviços, que caracterizam muitasbibliotecas portuguesas representam umaséria ameaça. Será possível construirmosbibliotecas virtuais sem termos bibliotecasreais?”

É oportuno mencionar a importância dasiniciativas das diversas instituiçõesvoltadas a educação a distância queproporcionem suporte pedagógico emespaços acessíveis e disponíveis aos seususuários e também aos demaisinteressados, pois desta maneira, acontribuição passará dos patamareseducacionais estabelecidos e alcançarámaiores esferas na contribuição social, que

repercutirá consequentemente nas áreaseconômicas e culturais envolvidas.

Esta revisão de literatura sobre o papel dasbibliotecas na educação a distância permiteuma série de esclarecimentos sobre ostipos de bibliotecas (eletrônica, digital evirtual), mas não esgotou a relevância dotema. Diversos artigos relatamexperiências para a construção,manutenção e utilização destas bibliotecas.Mas, sem dúvida, outros aspectosnecessitam aprofundamento de pesquisas erevisões, tais como: perfil dos profissionaisque trabalham nestas bibliotecas, diretrizespara políticas de coleções, qualidade dosserviços, custos e manutenção, eprincipalmente a satisfação do usuário dainformação.

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Ursula BlattmannDoutora do Programa de Pós-Graduação emEngenharia de Produção de Sistemas (EPS-

UFSC).Professora Assistente no Departamento de

Biblioteconomia e Documentação daUniversidade Federal de Santa Catarina

(BDC- UFSC)e-mail: [email protected]

Mauro José BelliMestrando do Programa de Pós-Graduação

em Engenharia de Produção de Sistemas(EPS-UFSC).

Professor na Escola Técnica Federal do Paraná(ET/UFPR)

e-mail: [email protected]