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ÁGUA EAU WATER AGUA WASSER VOLUME 7 REVISTA NÚMERO 1

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ÁGUA EAUWATERAGUAWASSERÁGUA EAUWATERAGUAWASSER 1ÁGUA EAUWATERAGUAWASSER

VOLUME 7

REVISTA

NÚMERO 1

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Revista quadrimestral

interdisciplinar voltada

para a publicação de

artigos científicos que

contemplem as seguintes

áreas:

1. Estado, Trabalho,

Sociedade e Território;

2. Meio Ambiente,

Estratégias de Apropriação e

Conflitos;

3. Política, Cultura e

Conhecimento;

4. Educação, Política e

Cidadania.

EXPEDIENTEEDITOR CHEFE

EDITOR JUNIOR

EDITORAÇÃO E LAYOUT

Prof. Dr. Geraldo Marcio Timóteo

Msc. Teófilo Augusto da Silva

Msc. Teófilo Augusto da Silva

Demian Sousa Costa e Silva

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Gestión del agua y cambios en las relaciones de poder en América

Latina.Siglos XIX y XX

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EDITORIAL

As relações entre os seres humanos e a água se definem, desde o principio por

relações que vão muito além da biológica. A necessidade deste recurso para a sobrevivência

da espécie e das diferentes formações sociais determinou praticas e arranjos que deviam

atender a um uso racional e sustentável. Pelo menos quando praticado por comunidades

tradicionais.

Desde a remota antiguidade, no Egito e na região do Crescente Fértil, Mesopotâmia,

o manejo e uso dos recursos hídricos por comunidades camponesas foi apropriado e

engrandecido pelo Estado com a necessidade de assegurar a renda e os tributos para sua

existência. O Império Romano avançou com seus aquedutos e represas pelos quatro cantos

de seu território conquistado e, em mais de uma ocasião, produziu importantes desastres

ao impor a lógica imperialista em sistemas hidráulicos rústicos e de grande eficiência. A

conquista feudal de al-Andalus, permitiu a cristandade se apropriar de importantes sistemas

hidráulicos, que ainda hoje representam um significativo componente no espaço rural

espanhol. A divisão social da água implantada pelos camponeses andalusinos na Península,

ainda reverbera nos atuais Tribunais de Água. Na América, principalmente na parte

Espanhola, a existência de sofisticados sistemas hidráulicos de norte a sul, desenvolvido

pelos ameríndios, foi rapidamente incorporado à economia colonial, a exemplo do que já

havia sido feito anteriormente com a conquista feudal.

Os artigos que apresentamos neste dossiê tratam da articulação e da sobreposição

de sistema hidráulicos nativos e campesinos, à sistemas hidráulicos coloniais na América

Latina. Os autores, demonstram ao longo de seus textos a incompatibilidade do controle

estatal (ou do poder dominante) em regimes de uso coletivo de água.

O mundo não foi feito em alfabeto.

Senão que primeiro em água e luz.

Depois árvore.

Manoel de Barros

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Perpassam todos os artigos a relação intrínseca entre o direito à água e as relações de propriedade, muito

bem analisadas por Rutgerd Boelens.

Os sistemas hidráulicos construídos por comunidades (camponesas, indígenas ou tradicionais),

são organizados e gestionados socialmente por um regulamento complexo e de aplicação estrita, onde deve

ser considerado o caráter forçosamente comunitário da água. Os regulamentos expressam a necessidade

de cooperação entre os membros de uma mesma comunidade e entre as demais comunidades que fazem

uso do mesmo recurso hídrico. Implica em condutas e ajustes para a coordenação dos processos de

trabalho e a manutenção de uma certa unidade tecnológica. Em geral, grandes sistemas hidráulicos,

inviabilizam a existência de sistemas mais rústicos. No entanto, embora de menores dimensões, nenhum

sistema hidráulico camponês pode ser qualificado como rudimentar. São resultados de opções sociais,

somente compreensível desde o ponto de vista da história.

É o caráter histórico dos artigos que se apresentam nesta edição, centrados sobretudo no processo

colonizador, ocorridos no século XIX, na Argentina e no México, que trazem à baila a necessidade de

se compreender bem os espaços agrários tradicionais, retirando o manto da invisibilidade que ainda os

encobrem. Sobretudo nos tempos atuais, quando vemos emergir grandes projetos por todo o continente,

que invariavelmente se enfrentam às pequenas comunidades. Poderíamos nos perder com tantos

exemplos possíveis, mas fiquemos com um de repercussão internacional: Belo Monte.

A reunião destes artigos foi possível pelo vinculo de alguns professores do Programa de Pós-

graduação em Políticas Sociais/PPGPS, à Rede Água, Território e Meio Ambiente/ATMA, que integra

instituições e pesquisadores de vários países da América Latina e da Europa. Esta rede, tem procurado

servir de espaço de investigação, reflexão e divulgação acadêmica, explorando temas que relacionem

os estudos sobre a água a certos enfoques de caráter interdisciplinar e que se relacionem à questões

voltadas ao desenvolvimento social sustentável, a análises ambientais e ao patrimônio cultural. Sem

cair na armadilha dos discursos simplistas sobre os problemas da escassez ou da abundancia dos

recursos hídricos, tanto na América, quanto na Europa, busca-se analisar desde diferentes disciplinas os

problemas relativos ao seu uso e apropriação.

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Esta não é a primeira vez que se abriga um dossiê especial sobre o tema da água na Revista

Agenda Social (ver v.3, n.1, jan-abr/2009). Ao fazê-lo acreditamos que estes estudos contribuam à

reflexão e ao incentivo para o estabelecimento de politicas mais sustentáveis do ponto de vista ambiental

e mais equânime do ponto de vista social.

Profª Drª Simonne TeixeiraPrograma de Pós-Graduação em Políticas SociaisLEEA-CCH - Officina de Estudos do Patrimônio Cultural

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Vol. 7, Nº 1journal homepage: www.revistaagendasocial.com.br ISSN 1981-9862

SISTeMAS De rIeGo eN AMérICA LATINAAntonio escobar ohmstede

Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropología Social, Mé[email protected]

Inmaculada Simón ruizUniversidad Autónoma de Chile, Chile

[email protected]

El hilo conductor de este número es el de analizar los cambios ocurridos en el paisaje y en las

comunidades, así como sus relaciones con el poder central a partir de los cambios en los sistemas de

riego tradicionales practicados en América Latina a lo largo del siglo XIX y las primeras décadas del

siglo XX, lo que permite observar los cambios, continuidades y transformaciones que se dieron por

efecto de las políticas públicas y la innovación tecnológica. El énfasis está puesto en el funcionamiento

de los sistemas de riego en términos generales en América Latina, Argentina y México, lo que permite

la vinculación del tema hidráulico con aspectos generales de la gestión del agua, así como con el modelo

de explotación y estructura de la propiedad de la tierra, con el fin de observar las transformaciones que se

dieron en los sistemas heredados del pasado hasta la realización de las grandes obras de infraestructura

que han transformado paisajes sociales, naturales, económicos y culturales.

Una de las razones para observar los procesos y momentos históricos de las diversas sociedades (rurales

y urbanas) a través de lo que hasta ahora se ha llamado ecología política, ecología cultural o historia

ambiental es el avance analítico que se ha logrado en los últimos años en diversas partes del orbe,

aunque con perspectivas y análisis muy variados y quizá centrado en uno o dos elementos “naturales”,

básicamente resaltando lo que han implicado los deterioros ambientales en diversas latitudes. El

tema en torno a la destrucción del ambiente se encuentra, desde el último tercio del siglo pasado y

principios de este siglo, en todas las discusiones, diálogos y discursos que implican

aspectos económicos, educativos, políticos y sociales. Los debates giran en torno

a los problemas relacionados con el denominado “desarrollo sustentable”. En

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otras palabras, se centran en la viabilidad que tenemos los humanos y los seres vivos en general si el

mundo continúa con el desarrollo capitalista de los últimos años. Preocupación que se acentuó con la

explosión de la bomba atómica en Nuevo México en 1945 y los experimentos en el atolón de Bikini en

el Pacífico Sur. Tampoco se podría entender si, en este contexto, no observamos el surgimiento de los

movimientos ecologistas de la década de 1960 y la paulatina incorporación de científicos sociales en

dichos movimientos que definieron contextos históricos y sociales a los problemas ambientales.

De esta manera, la historia de los sistemas de riego, comienzan en el siglo 3,200 A.C. En el sur de

Mesopotamia (hoy es parte de Iraq) se instalaron los sumerios, quienes lograron un nivel cultural

que todavía en nuestros días se notan sus influencias. Entre sus muchos inventos fueron capaces de

controlar las inundaciones anuales que se producían a raíz de los deshielos, secando los pantanos y

construyendo canales de regadío para mantener irrigados sus fértiles campos. En el sur del Creciente

Fértil desarrollaron un sistema de canales y reservas de aguas, diagrama de un Sistema de Riego Kareze.

Este sistema les permitió controlar las inundaciones de los ríos en tiempos de lluvias. Durante las secas,

lo usaban para irrigar las fértiles tierras.

En la actualidad, se suman miles de campesinos los que practican la actividad agrícola no solamente como

una actividad económica, sino como una forma de vida dentro de diversos sistemas socioculturales que

albergan prácticas respetuosas con el ambiente, definidas en el uso y gestión colectiva de los recursos

naturales, manejos que se reflejaron en las reglas de funcionamiento y en las huellas que el devenir de

la historia les ha dejado impreso. Podemos decir, que a través de lo que se ha denominado la historia

ambiental o ecológica se ha dado un creciente interés en las técnicas “tradicionales”, por lo que un

desafío es que dichos conocimientos sean reconocidos como herramientas adecuadas. Sin embargo,

la paulatina desaparición de sistemas de riego frente a las embestidas del capitalismo se encuentran

presentes en varias partes del mundo; de hecho diversos, variados y numerosos sistemas de micro

riego han sido absorbidos en aras del crecimiento urbano o industrial. Este hecho no ha impedido

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que desde los 1980 se esté dando una revaloración de la emergencia de los pueblos irrigadores en el

escenario político en el que se desataca el fortalecimiento del respaldo jurídico internacional por que

se reconozcan los derechos tradicionales del agua. Esto incluye el derecho al pleno reconocimiento de

leyes, conocimientos, tradiciones, costumbres, sistemas de tenencia de la tierra y la interculturalidad,

esta última se considera esencial porque se basa en el hecho de que los sistemas de riego, sobre todo

los pequeños, son susceptibles de mejorar y pueden convertirse en focos de desarrollo sustentable en

el mundo rural, así como un importante sostén para los mercados locales y regionales. Los sistemas de

riego en manos de pequeños productores, por su tamaño, no auspician la conformación de burocracias

administrativas, ya que generan estructuras de dominio político administrativos.

Pero, como podemos entender un sistema de riego en un contexto general. Sin duda, debemos de

considerar que el sistema de riego o perímetro de riego, es un conjunto de estructuras, que hace posible

que una determinada área pueda ser cultivada con la aplicación del agua necesaria a las plantas, lo

cual puede ser denominado como pequeño o gran sistema, dependiendo del tipo de usuarios y de

infraestructura. Actualmente podemos hablar de riego superficial, por aspersión, o por goteo.

Como un mejor contexto que permite englobar los trabajos, debemos de considerar que en la actualidad,

en América Latina, la superficie potencial de riego se estima en 77,8 millones de hectáreas. El 66%

de esta superficie potencial se localiza en cuatro países: Argentina, Brasil, México y Perú. Los datos

que aporta la FAO tienen en cuenta las condiciones climáticas, así como la aptitud de los suelos para

el riego, aunque hay una escasez de estudios que consideren la disponibilidad de recursos hídricos,

superficiales y subterráneos, así como las eficiencias según técnicas de riego. En pocos países, se tienen

además en cuenta otras consideraciones de carácter económico, social o ambiental.

Hay que destacar la escasa superficie potencial con relación a la superficie total del país de Argentina,

Bolivia, El Salvador y Venezuela, así como Costa Rica y Panamá; en el caso de Bolivia, las condiciones

climáticas, la topografía accidentada y la escasez de agua en buena parte del país lo justifican,

mientras que en el caso de Argentina, El Salvador y Venezuela son, sobre todo, los recursos

hídricos disponibles en las áreas de mayor aptitud para el riego, los que limitan

dicha superficie. En Costa Rica y Panamá, las condiciones húmedas de la mayor

parte del territorio hacen que la necesidad del riego y, por tanto, su superficie

potencial sea baja.

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En la mayor parte de los países de América Latina, el riego se ha desarrollado de una forma importante

durante el siglo XX y particularmente a partir de los 1950. Aunque el crecimiento ha sido sostenido en

el período 1961-1997, se observa una recesión regional desde mediados de los 1970 hasta finales de los

1980, que contrasta con las altas tasas de crecimiento de los 1960. Las causas del estancamiento de los

1970 han sido descritas en el caso de algunos países como Argentina, Chile o México, a pesar de las

denominadas “revoluciones verdes”, en contraste con el continuado incremento de la superficie bajo

riego en Brasil en este período. Cabe destacar la disminución en la superficie bajo riego en Cuba (cerca

de 200 mil hectáreas, alrededor del 1% del total de la superficie bajo riego de la región), que ha tenido

una repercusión sobre las cifras regionales en el período 1991-1996. Esta disminución en la superficie

bajo riego fue debida a la crisis económica provocada por la caída de los mercados de la antigua Unión

Soviética y los países del Este de Europa.

Ahora bien, abrimos el presente número con el artículo de Rutgerd Boelens que aborda un tema

controvertido como es el de la seguridad hídrica y la necesidad de abordarlo teniendo en cuenta no y

únicamente las políticas estatales relacionadas con la problemática sino también la legislación de uso.

El autor parte de la base de qué una buena parte de los problemas derivados de la falta del vital líquido

no responden a una ausencia real del recurso sino al acceso desigual debido a cuestiones relacionadas

con el poder. De esta manera, reflexiona sobre la idea admitida de que la seguridad hídrica debe de

concretarse no desde un punto de vista estatal o mercadocéntrico tendiente a la homogeneización de

los casos, sino que debe de ser diseñada contemplando las especificidades culturales y espaciales de

cada uno reflejadas en las leyes locales y en los denominados derechos consuetudinarios (en algunos

lugares denominados usos y costumbres, en otros como derechos indígenas). A partir del análisis de las

relaciones de poder (vislumbradas, quizá desde la ecología política), considera de suma importancia

la aceptación por parte de los gobiernos nacionales de las especificidades locales, lo que no siempre

conlleva a una política más equitativa y más justa, ya que constantemente revierte en contra de los

intereses locales los que intenta aparentemente proteger.

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Teniendo una línea semejante a la presentada por Boelens, Diego Escolar y Leticia Saldi presentan

un trabajo con una perspectiva histórica con el fin de reconstruir, a partir del estudio de las Lagunas

de Guanacache, cómo las élites y los inmigrantes europeos desplazaron a los antiguos habitantes

invisibilizando su presencia en el lugar, así como utilizando la “excusa” del mal manejo del recurso

hídrico en la zona para irles quitando el control y maneo sobre tal recurso. En este sentido, los que

fueron afectados fueron los huarpes ubicados en San Juan y Mendoza (Argentina), concretamente en

aquellas zonas que se encontraban más alejadas de los oasis que por medio de complejos sistemas de

riego vivieron en una zona que constantemente se ha caracterizado como desértica y despoblada. En el

siglo XIX los indios laguneros sufrieron una merma en la cantidad de agua, la que fue interceptada por

los productores de vino. La paulatina escasez del líquido para los huarpes se debió a la implementación

de la Ley de Aguas de 1884 que favorecía los propietarios y colonos por parte del Estado. Racionalidad

y desarrollo tecnológico encubren políticas racistas implementadas por los gobiernos locales en apoyo

de colonos europeos y terratenientes.

Frente a una política que fue exitosa, en la alianza entre diversos sectores para desplazar a quienes

mantenían sus derechos con respecto al gua, encontramos uno que no lo fue tanto, a unos cuantos

kilómetros de Mendoza, en este caso es la Pampa, región en que se centra el análisis de Raúl Hernández

Bocquet. El autor utiliza de una manera detallada la transición del siglo XIX al siglo XX, con el fin

de observar de manera detenida la conformación de dos colonias agrícolas que el estado argentino

organizó, apoyándose en la construcción de obras de regadío que aprovechaban las aguas del río Atuel.

Política que muchos países de América Latina desarrollaron con el fin de colonizar ciertos espacios e

impulsar un desarrollo regional y nacional, como fue en el caso de México a principios del siglo XX.

Sin embargo, este proyecto de colonización y desarrollo no tuvo éxito, ya que a decir del autor, la falta

de organización y de homogeneidad en la organización y la puesta en práctica de la legislación hizo que

finalmente ambas colonias fracasaran.

En otro tenor, se encuentra el artículo de Jesús Gómez Serrano, quien observa los cambios del

paisaje en Aguascalientes y Zacatecas (México), derivado de la fragmentación de algunas de

las grandes haciendas coloniales y a la implantación de sistemas de riego a partir

de la independencia (1821). El punto de partida de su contribución es el contraste

existente entre la imagen caótica que la historiografía de la primera mitad del siglo

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XIX ha presentado de manera constante y hasta, podríamos decir tradicional, y la descripción idílica que

el cónsul Ward realizó de la agricultura en ese periodo.

Es así, que observando las propiedades agrícolas de la familia Rul, se nos presenta un panorama de la

fragmentación que sufrieron dichas fincas rurales cuando a partir de la independencia su propietario optó

por arrendarlas a diversos individuos y cómo este proceso supuso la ampliación del territorio cultivado,

el mantenimiento de la actividad agrícola a pesar de la inestabilidad política, social y económica, así

como la parcelación de grandes propiedades que llevaron a la paulatina aparición y consolidación de

medianos propietarios (rancheros). Un aspecto sumamente interesante y que puntualiza el autor, es

como en los contratos de arrendamiento las obras de riego y la distribución del agua juegan un elemento

esencial en la negociación, lo que desde la perspectiva de Gómez Serrano viene a corroborar el papel

político del agua como un recurso que viene a contribuir la posición o rol de los regantes en una sociedad

en particular. Es así, que con el arrendamiento no solamente se mantuvo la productividad sino que se

ampliaron los campos cultivados y fue posible no solo evitar sino mejorar la infraestructura de los

sistemas de riego.

Con estos tres trabajos se contribuye a un diálogo que ha estado en el tamiz en las ciencias sociales en los

últimos años, quizá más envuelto en lo que implican las teorías y las metodologías de las denominadas

ecología política, ecología cultural, historia ambiental o historia ecológica. No se descarta la importancia

de éstas, sino que hemos perdido de vista el papel de los actores sociales, y nos hemos centrado

demasiado en cómo el hombre ha transformado la naturaleza, y no en cómo se han ido construyendo las

relaciones de poder. Debemos considerar que en diversas latitudes del orbe, hay crisis hidráulicas que

no sólo pasan por el tamiz de la disponibilidad del recurso, sino también por la organización, consensos

y conflictos, inclusión y exclusión de acceso al líquido bajo la esfera del contexto regional. Por ejemplo,

en Valencia (España), la crisis se detona a partir de la generación de trasvases de agua que privilegian

desarrollos turísticos más que la producción agrícola.

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Vol. 7, Nº 1journal homepage: www.revistaagendasocial.com.br ISSN 1981-9862

SeGUrIDAD HÍDrICA Y DereCHoS LoCALeS. eL eNCUeNTro Y DeSeNCUeNTro eNTre eL

DereCHo ofICIAL Y LAS LeYeS CoNSUeTUDINArIAS eN AMérICA LATINA

Rutgerd BoelensProfesor Asociado, Dept. Gestión de Recursos Hídricos, Universidad de Wa-

geningen, Países Bajos; Profesor Visitante, Depts. Ciencias Sociales y Derecho, Pontificia Universidad Católica del Perú; Catedra de Estudios del Territorio,

CONASYT/ Colegio San Luis, Potosí, México.

Este artículo se inserta en las actividades de la alianza

internacional Justicia Hídrica (www.justiciahidrica.org),

coordinado por el autor. Se basa en mis investigaciones

sobre la gestión hídrica, derechos y lucha social en varios

países latinoamericanos en las últimas dos décadas,

con diversas organizaciones campesinas e indígenas,

instituciones no gubernamentales y estatales.

Promover la seguridad hídrica es una prioridad en muchas políticas nacionales latinoamericanas. Sin embargo, los marcos políticos oficiales suelen negar la gran diversidad de derechos consuetudinarios, formas de gestión y soluciones locales relacionados con la seguridad hídrica. Vistos como desórdenes intangibles, éstos van contra los intereses de elites, sistemas burocráticos y actores dominantes del mercado. Pero las leyes y políticas nacionales son demasiado generales para resolver problemas hídricos locales. Para evitar que sean percibidas como inadecuadas por grupos de base y así perder la legitimidad, crecientemente establecen ‘compromisos forzados’, reconociendo derechos y formas de seguridad consuetudinarios en sus marcos oficiales, justamente para salvaguardar el statu quo. Este artículo muestra por qué tales políticas de reconocimiento no siempre apoyan a campesinos, indígenas y otros usuarios

de agua marginados, y cómo incluso pueden fortalecer su deslegitimación y subordinación. En toda Latinoamérica, sin embargo, estos grupos estratégicamente desarrollan marcos alternativos de seguridad hídrica.

re

SUM

eN

PALABrAS CLAVeS seguridad hídrica; gestión de agua; derecho consuetudinario; derecho oficial; pluralidad legal; políticas culturales; luchas sociales; Latinoamérica

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Introducción

Para millones de familias campesinas marginadas en Latinoamérica y en otros continentes, la defensa

del control sobre los recursos hídricos es una cuestión de vida o muerte (Castro, 2008; Romero et al.,

2009; Budds, 2010). Día tras día, se enfrentan a los poderosos intereses de explotación del agua, de la

agroindustria, las empresas mineras, forestales e hidroeléctricas capitalistas, así como a los objetivos de

las naciones-estados en términos económicos, políticos y militares (Bauer, 1998; Swyngedouw, 2005;

Bebbington et al., 2010). El agua es el líquido que alimenta sus sistemas de subsistencia y, a menudo, es

el dinamizador de la acción colectiva (Gelles, 2000; Perreault, 2008; Hendriks, 2010).

Sin embargo, a pesar de la importancia de los sistemas de producción en pequeña escala para la seguridad

alimentaria local y nacional, las amenazas y las inseguridades de agua a los que se enfrentan son

cada vez mayores en una sociedad globalizada (Swyngedouw, 2000; Martínez-Alier, 2002; Castro y

Simón, 2009). En consecuencia, la noción de ‘seguridad hídrica’, tal como la misma gestión del recurso,

necesariamente es políticamente controvertida y requiere de una politización.

Es cada vez más aceptada la noción política de que, en la mayor parte de situaciones relacionadas con

la gestión de agua, la escasez y la inseguridad hídricas no están tan relacionadas con una disponibilidad

precaria en términos absolutos de agua limpia, como con la manera en que el agua y los servicios de

agua están distribuidos en contextos de desigualdad de poder. El Informe de Desarrollo Humano de las

Naciones Unidas, por ejemplo, hace hincapié en la necesidad de desenmascarar el mito de que la crisis

es el resultado de la escasez. Argumenta que la pobreza, el poder y la desigualdad están en el corazón

del problema (UNDP, 2006). Del mismo modo, es ampliamente aceptada la conclusión de que la

cuestión clave en casi todas las circunstancias, no es si hay suficiente agua sino que son los factores que

determinan y limitan si los pobres pueden tener acceso a los beneficios que proporcionan los recursos

hídricos (Soussan, 2004). La situación en la mayoría de los países latinoamericanos es ejemplar en este

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respecto (UNDP, 2006; Castro y Simón, 2009).

En términos generales, la seguridad hídrica se refiere al acceso seguro, suficiente y sostenible que las

personas y los ecosistemas tienen al agua, incluida la distribución equitativa de las ventajas/desventajas

relacionadas con las oportunidades de uso/desarrollo del agua, la protección contra las amenazas basadas

en el agua, y las formas de compartir el poder en la toma de decisiones sobre la gestión hídrica. Pero a la

hora de elaborar tal noción, por ejemplo, en leyes nacionales, documentos de políticas o estrategias de

desarrollo, es común que el problema esté totalmente despolitizado, como si la seguridad del agua en su

mayoría se refiriera a soluciones win-win, es decir, beneficiosas para todos por igual. Al mismo tiempo,

el concepto tiende a ser naturalizado, como si estuviera relacionado con el ámbito de las “mejores

soluciones objetivas y naturales” y no al de los intereses, elecciones, negociaciones, intervenciones,

distribuciones material-económicas y juegos de poder de los seres humanos.

Como observa Dimitrov, la seguridad hídrica “exige un planteamiento integral para equilibrar las diversas

preocupaciones políticas que a menudo se basan en la suposición de que los valores son compatibles

entre sí. Sin embargo, cuando comparamos las distintas nociones de seguridad hídrica, vemos una

tensión inherente entre las prioridades establecidas por estos conceptos” (2002, p. 688).

Algunos ejemplos comunes: la seguridad hídrica para los ecosistemas y el desarrollo urbano o agrícola no

siempre son compatibles –menos aún en vista del crecimiento de las megaciudades en Latinoamérica–;

luego, un enfoque desde la política nacional sobre el agua para generar seguridad en la generación

de energía hidroeléctrica puede afectar, a través de las grandes represas, los medios de vida locales;

también, la seguridad del agua para las empresas mineras en muchos países andinos pone en peligro el

consumo, la salud y la agricultura de subsistencia de los seres humanos, etcétera (Harvey, 1996; Castro,

2008; Hoogesteger et al, 2012). De hecho, las diferentes dimensiones de la seguridad y los intereses en

el agua son a menudo “incompatibles entre sí y su búsqueda simultánea es imposible ... “ (Dimitrov,

2002, p. 688).

Fuertemente vinculado a estas nociones de seguridad hídrica despolitizadas

y naturalizadas por la ‘oficialidad’ y la ciencias hídricas, está el hecho de que la

mayoría de ellas tienen un sesgo profundamente estatal o mercado-céntrico. La

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despolitización y la naturalización tienden a oscurecer la instrumentalidad de las medidas políticas

para los intereses que tiene las instituciones del Estado, los actores dominantes en el mercado y las

élites locales y nacionales. No es sorprendente, por lo tanto, que los problemas de seguridad hídrica

y las soluciones que éstos enmarcan, según las políticas dominantes, sean a menudo completamente

diferentes de las definiciones de (in)seguridad hídrica de, por ejemplo, los grupos usuarios marginados,

las comunidades campesinas o los pueblos indígenas en Latinoamérica.

En consecuencia, las estrategias mercantilistas de seguridad hídrica en los países latinoamericanos,

como las últimas políticas de privatización de los derechos de agua (Swyngedouw, 2005; Perreault,

2008; Bakker, 2010) o de Pagos por Servicios Ambientales (PSA) (Robertson, 2007; Sullivan, 2009),

se hayan enfrentado a una tenaz resistencia por parte de las comunidades locales que defienden lo que

ven como su seguridad y sus derechos hídricos (Castro, 2008; Perrault, 2008; Bebbington et al, 2010).

Dimitrov (2002) sostiene que las concepciones de seguridad se refieren básicamente a cuatro elementos

fundamentales: ¿quién o qué se va a proteger? (el objeto de referencia de la seguridad), ¿contra qué? (las

amenazas y las fuentes de peligro), ¿cómo se va a proteger? (los medios de búsqueda de la seguridad),

y ¿quién tiene que hacer esto? (los actores e instituciones responsables de asegurar el acceso y control

del agua). Estos elementos básicos y sus vínculos son fundamentalmente diferentes de acuerdo con los

intereses y perspectivas de los actores, a menudo a lo largo de líneas de poder diferencial entre clases,

etnias, géneros y otros (Vos et al., 2006; Ploeg, 2008; Hoogesteger et al., 2012).

Además, dada su naturaleza políticamente controvertida, la definición y la búsqueda de la ‘seguridad

hídrica’ por parte de una entidad o una política muchas veces supone la ‘inseguridad hídrica’ de otra.

Por lo tanto, conceptualizo la noción de ‘seguridades hídricas divergentes’ como una relación política

y multiescala de acceso y control del agua que se concreta en contextos de relaciones desiguales de

poder. En este capítulo, también, se examinan las seguridades hídricas como realidades profundamente

relacionadas con la noción pluralista, no universal y dinámica de ‘derechos de agua’ (Boelens, 2009a,b)

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siguiendo de manera similar una conceptualización que difiere radicalmente de las nociones oficiales que

ven en los ‘derechos de aguas claros, uniformes y exigibles’ herramientas o condiciones para el ejercicio

racional del control estatal y/o el intercambio mercantil del agua de agua y sus servicios. Mientras tales

concepciones centradas en el Estado y el mercado predican la uniformidad y la universalidad, este

artículo sugiere un entendimiento que reconoce explícitamente la especificidad histórica y el arraigo

de los valores y los derechos de agua en condiciones culturales y ecológicas particulares. Así, tienen

una profunda influencia los valores del agua, las normas existentes, los significados y las prácticas de

control a nivel local, y las relaciones de poder que los informan y rodean (Boelens, 2009b; Zwarteveen

y Boelens, 2011).

Contrario a estas realidades locales, es un supuesto permanente de las políticas hídricas modernistas

que la elaboración de normas universalistas y la normalización de los acuerdos es algo beneficioso para

todos, ya que produce derechos eficientes, un intercambio mutuamente beneficioso y una organización

racional. Este sistema ético universal de normas que rigen los derechos de propiedad y culturales

también es clave para el impulso de la modernización legal. Por ejemplo, el influyente pensador de

políticas del Banco Mundial Hernando De Soto explica que, al contrario de lo que pasa en Occidente,

la falta de tales normas universales en los ‘cerrados’ países del Sur es la razón principal para que éstos

no estén completamente integrados al sistema capitalista mundial. La misión civilizadora de los países

y académicos avanzados sería la de “ayudar a los gobiernos de los países en desarrollo a crear sistemas

de propiedad formal que abarquen a toda su gente” (2000, p. 180). Una primera condición para la

prosperidad y la seguridad, sostiene De Soto, es la construcción de un mundo con valores y relaciones

de propiedad uniformes, que coincidan de modo preciso con la realidad imaginada de la interacción y el

intercambio civilizados. “Las normas comunes en un solo cuerpo de ley, son necesarias para crear una

moderna economía de mercado” (De Soto, 2000, p. 164). Del mismo modo, dejando de lado la forma

en que los derechos colectivos e individuales de agua realmente funcionan y están incrustados en las

racionalidades comunitarias de la seguridad hídrica, Hoekstra y Chapagain (2008, p. 141) abogan por

la necesidad de “llegar a un acuerdo global sobre estructuras de tarifación de agua que cubran la

totalidad de los costos de uso del agua ... Sin un tratado internacional sobre el precio adecuado

del agua, es poco probable que un modelo eficiente de agua se pueda alcanzar

a nivel mundial”. Para concretar este marco de valores y propiedad uniforme,

hasta hace poco la tradición jurídica liberal-positivista había largamente ignorado

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las leyes locales y los derechos consuetudinarios.

Sin embargo, las leyes y políticas oficiales del agua, crecientemente, tienden a reconocer e

incorporar los derechos consuetudinarios en los marcos formales. Si bien es una creencia generalizada

que el reconocimiento formal de los derechos hídricos consuetudinarios conduce al aumento de la

seguridad hídrica en los grupos locales usuarios del agua –algo atestiguado también por el apoyo

enorme de los institutos de financiamiento internacional a numerosos programas de formalización de

derechos hídricos en toda América Latina– este capítulo muestra cómo a menudo esto puede reforzar la

inseguridad hídrica para los grupos marginados.

La siguiente sección caracteriza la dinámica de los derechos de agua como algo embebido en

los marcos locales de seguridad del sustento, y las formas en que son impugnados por los actores

hídricos dominantes. La tercera sección explica cómo, a menudo, la legalización de determinadas

leyes consuetudinarias no es el resultado de estrategias políticas benévolas para apoyar la lucha contra

la pobreza, sino del establecimiento táctico de ‘compromisos forzados’ entre los sistemas jurídicos

oficiales y locales, en una búsqueda mutua de legitimidad social. Analiza los intereses de los grupos

dominantes para alcanzar la formalización. La cuarta sección examina por qué, por lo tanto, además de

luchar por el reconocimiento oficial de sus derechos, las colectividades locales pueden volverse cada

vez más hacia estrategias multiescala y extralegales para defender su seguridad hídrica. En la sección

final se extraen conclusiones sobre la compleja relación entre las ‘seguridades hídricas’ alternativas, las

políticas culturales de reconocimiento de derechos de agua, y las formas de contestación.

1. Agua, derechos y seguridad socio-económica en contextos de pluralidad normativa

Los derechos de agua y las relaciones de propiedad se han convertido en temas centrales en los debates

latinoamericanos sobre la política económica nacional e los programas de desarrollo rural. La atención

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tiende a estar fuertemente sesgada hacia la ‘modernización’ de las leyes de agua, mientras que,

irónicamente, la visión ‘real’ y ‘viva’ de los derechos de agua en el campo está, en gran medida, ausente

de la mayoría de escuelas de derecho y política. A menudo ven como su misión hacer ingeniería social

para lograr una sociedad del agua ‘eficiente y racional’ mediante la instalación de ‘derechos de agua

modernos’ y un ‘imperio efectivo de la ley’.

Estos últimos se ven tanto como herramientas para la planificación de progreso, cuanto como objetivos

finales, y en consecuencia, como la vara para medir el ‘caos de la realidad hídrica existente’. Numerosos

grupos usuarios en América Latina y otras partes del mundo, sin embargo, no restringen la legítima

autoridad del agua y los derechos a aquellos emanados de la ley estatal moderna. Los derechos de

agua existen en condiciones de pluralismo jurídico, donde las reglas y principios de diferente origen y

legitimación coexisten e interactúan en el mismo territorio hídrico (Benda-Beckman et al., 1998; Roth

et al., 2005).

Los sistemas de derechos de agua comprenden conjuntos dinámicos de normas, derechos y formas de

organización híbridos, que unen fuentes normativas a nivel local, nacional y mundial (Roth et al., 2005).

La comprensión no sólo de conceptos de derechos ‘guiados por la ley, los manuales o los proyectos’,

sino sobre todo de las expresiones en los ojos de los actores locales, es crucial para el entendimiento de

sus demandas de seguridad hídrica y las formas en las que el control local del agua y la defensa de los

medios de vida interactúan con los escenarios de poder nacionales y globales.

En los sistemas de uso y control de agua, los diversos grupos de interés se encuentran y negocian,

reinventan y experimentan las definiciones de derechos y códigos normativos que regulan día a día

las prácticas de agua. Por lo tanto, codeterminado también por las condiciones físico-ecológicas, el

desarrollo de los derechos del agua se entremezcla con las historias culturales, políticas, económicas y

tecnológicas de las sociedades locales de usuarios y usuarias.

En particular (pero no exclusivamente) en sistemas construidos y gestionados por usuarios, por

ejemplo, de las poblaciones campesinas e indígenas, esto exige, en cada territorio

y sistema de agua en particular, una comprensión profunda de la naturaleza precisa

de los derechos de agua, teniendo en cuenta sus paquetes multicapa: los derechos

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para captar y usar, los derechos para operar, supervisar y administrar, y los derechos de control (es decir,

la definición, regulación y representación de los usos y usuarios del agua). Más allá de los ‘derechos

de referencia’ institucionalizados en los marcos normativos nacionales, es fundamental el examen de

los ‘derechos en acción’ de los usuarios y usuarias locales, activados como algo real, materializado en

relaciones sociales y contextos particulares (Boelens y Zwarteveen, 2005. Cfr. Benda-Beckmann et al.,

1998).

Los derechos de agua y las prácticas de distribución se ponen de manifiesto, al mismo tiempo, en la

infraestructura de agua y la tecnología, los arreglos normativos y los marcos de organización para operar

y mantener los sistemas de control de agua, todo embebido en su contexto político-económico y cultural-

simbólico. Más allá de la ley y los derechos en un sentido estricto, la tecnología, las organizaciones,

la cultura, la economía y la ecología también estructuran, de manera fundamental, la seguridad para el

acceso y el control del agua (Roth et al, 2005). Hemos definido los derechos de agua, en el contexto de la

práctica de riego gestionadas por los agricultores, como “las demandas autorizados a utilizar (parte de)

un flujo de agua, incluyendo ciertos privilegios, restricciones, obligaciones y sanciones que acompañan

a esta autorización, entre los que un elemento clave es la facultad de participar en la toma colectiva de

decisiones sobre la gestión y la dirección del sistema” (Beccar et al., 2002, p. 3; Boelens, 2009b).

Las condiciones, sanciones y privilegios de tomar de decisiones relacionadas con los derechos de agua

constituyen matrices complejas. Esto se ilustra, por ejemplo, en las diversas formas en que un mecanismo

clave de adquisición de derechos de agua es sustanciado: en los sistemas controlados por usuarios en

la mayoría de las comunidades campesinas en los países andinos – al contrario de lo que sucede en la

ley de aguas oficial– la creación colectiva de la infraestructura a menudo genera derechos de uso (tanto

colectivo como individual) y formas de organización. Se puede observar un proceso de generación

simultánea e interrelacionada de infraestructura, organización y derechos (‘propiedad hidráulica’). El

mantenimiento de los sistemas gestionados por usuarios en estas comunidades recrea y consolida los

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derechos y la organización (Boelens y Doornbos, 2001; Gerbrandy y Hoogendam, 2002).

Los lazos mutuos de las obligaciones requeridas para operar y mantener el sistema, junto con la propiedad

común del sistema en la que los derechos de cada usuario individual están ‘embebidos’ (‘empotrados’),

y la historia del agua compartida, los mitos de origen y pertenencia, las costumbres, los rituales y las

luchas, hacen que los usuarios se identifiquen con su sistema, entre ellos y ellas, y participen en la

acción colectiva. La mayoría de estos derechos y reglas no están escritos o, en su noción de creación

de propiedad hidráulica, están ‘escritos’ en la infraestructura y ‘materializados’ en los vínculos de

obligaciones mutuas. Aunque en gran parte invisibles para los afuereños, tales repertorios de derechos

suelen consistir de patrones normativos claros y ampliamente difundidos que forman parte de marcos de

referencia colectivos. Por lo tanto, los derechos de agua y las luchas sobre su contenido y autoridad no

sólo manifiestan su naturaleza innatamente política, sino que también encarnan las formas en que el agua

se relaciona estrechamente con los significados y las identidades culturales. Los sistemas desarrollados

por el usuario son construcciones política y culturalmente moralizadas (Boelens, 2011). Lejos de ser

arreglos románticos, también son resultado de continuas luchas internas y duras negociaciones.

Como resultado de las estrategias en las que los diversos actores seleccionan e intercalan los elementos

de fuentes variadas para construir sus repertorios sociolegales, los derechos locales de agua, en lugar de

referirse a orígenes estrictos en tiempo y lugar, se refieren a las percepciones de los usuarios acerca de

que las definiciones de acceso y control de derechos de agua, son ’de ellos’, que ‘les pertenecen a ellos

y la localidad’, orientando el comportamiento de los usuarios, y que las autoridades locales designadas

tienen un poder legítimo, contrario a las normas y los normadores ‘externos’ (F. y K. von Benda-

Beckmann, 2000; Roth et al., 2005). Por lo tanto, los sistemas locales de derechos de agua constituyen

híbridos locales-nacionales-globales, en los cuales un examen de lo ‘local’ requiere centrarse en la

cuestión de la ‘localización/externalización’ del control: sobre el uso político y la conveniencia de los

derechos de agua, sea para los agentes y los gobernantes supralocales que intervienen, o alternativamente,

para los grupos usuarios que luchan por la defensa de sus medios de subsistencia y su autonomía en

la elaboración de normas.

En efecto, a pesar de una interacción y una hibridación continuas, los derechos de

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agua oficiales y las construcciones de derechos prevalecientes a nivel local difieren fundamentalmente

en sustancia, rango de aplicación, fuentes de legitimidad y modos de autoridad, así como en las formas en

que constituyen, re-afirman y enmarcan la ‘seguridad hídrica’. Por ejemplo en los sistemas comunitarios

de riego, sea en Guatemala o México, o desde Chile hasta Colombia: las inversiones realizadas por los

antepasados y por los usuarios de hoy día, la sangre sudor y lágrimas de muchos años que han fluido por

los canales antes de traer a casa el agua –costos incluso en términos de víctimas humanas– para crear los

derechos de agua, no son conmensurables con los derechos de agua pagados o tramitados.

Los derechos de riego comunitarios, por ejemplo, en toda su complejidad y diversidad, tienden a tener

características que chocan frontalmente con las leyes estatales y regulaciones orientadas al mercado.

Por ejemplo, características esenciales de los sistemas normativas comunitarios son el ‘embebimiento’

de los derechos individuales dentro de las estructuras de propiedad colectiva; la pertenencia de derechos

de agua al territorio; la autoridad comunitaria; la no transferibilidad a afuereños: la priorización de la

reproducción del sustento; la creación de ‘propiedad hidráulica’ colectiva; las obligaciones ligadas a la

comunidad, incluso más allá del ámbito del agua misma; una toma de decisiones basada en un voto por

cada derechohabiente, etc. (véanse Gerbrandy y Hoogendam, 1998; Perreault, 2008; Hendriks, 2010).

En cambio, las políticas neoliberales, de modo muy similar en todos los países latinoamericanas, abogan

por, por ejemplo: derechos de agua privados; separados de la tierra y el territorio; dominio y regulaciones

estatales que protegen/promueven el funcionamiento del ‘mercado libre’; promoción de la transferencia

de agua y sus servicios a ‘valores más altos’ (como, por ejemplo, los sistemas e entidades fuera de la

comunidad); subasta de derechos a los mejores postores; priorización del intercambio de mercado en

vez de obedecer las prioridades sociales; adquisición de derechos y consolidación de estos separados

de la sostenibilidad del sistema; peso de los votos individuales proporcional a las acciones de agua y la

capacidad de compra, etc. (Goldman, 1998; Achterhuis et al., 2010; Bakker, 2010; Budds, 2010).

Así, es evidente que la dinámica de los derechos locales y la autoridad localizadora de control constituyen

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un obstáculo primordial para los planificadores y ejecutores de las reglas nacionales e internacionales,

y para los actores que se benefician de la imposición de estas reglas. Las instituciones del Estado y el

mercado requieren de una cancha predecible y uniforme, de modo que los órdenes basados en contextos

se ven no sólo como sistemas irracionales que escapan a la justicia, sino, sobre todo, como un desorden

intangible sin reglas que elude el control.

Por desviarse del ‘imperativo de igualdad’ de esos modelos (que imponen la obligación de transformarse

en presumidos ‘iguales’ y obedientes), las colectividades locales se enfrentan a estrategias de control

(tanto impuestas y coercitivas como participativas y dirigidas a la ‘inclusión de los excluidos’). Destacan

en estas estrategias para adaptarse y transformarse las nociones como ‘buena gobernanza’, ‘uso eficiente

del agua’ y ‘manejo racional del agua’. Las políticas modernistas de agua promueven fundamentalmente

las definiciones y los modelos de igualdad occidentales, objetivistas y tecnocéntricas, intercaladas con

referencias implícitas a las ideas universales acerca de eficiencia, organización efectiva, derechos de

propiedad, funcionalidad económica y seguridad social (Boelens y Vos, 2011; Lankford, 2011).

Por tanto, a pesar de la atención discursiva hacia el pluralismo y el ‘multiculturalismo’, las federaciones

campesinas e indígenas y los colectivos de usuarios del agua en Latinoamérica tienen dificultades

al momento de llevar sus puntos de vista sobre el de agua a las mesas de negociación nacionales y

globales. El papel de las ‘escuelas de expertos científicos de agua’, que vinculan lo local/nacional

con lo internacional, es influyente en este punto. Éstas conducen la construcción de ‘derechos de

agua modernos y avanzados’ y su aplicación a través de políticas de agua y proyectos de intervención

tecnológica. El conocimiento experto encarna la modernidad, el progreso y el desarrollo. En muchos

países latinoamericanos, ‘el conocimiento legítimo sobre la gestión del agua’, en lugar de partir de las

experiencias directas con las realidades locales, nace de manera importante de bases económicas y

políticas culturales, apostando por la acreditación desde las estructuras institucionales y la burocracia.

El desarrollo del conocimiento sobre la temática del agua, por lo tanto, en gran parte se centra en las

cuestiones de seguridad y gobernanza del agua que interesan no a los colectivos de usuarios del

agua, sino a los funcionarios y a los sistemas oficiales de acreditación. En consecuencia, la

producción de conocimiento, las ontologías, las disciplinas y las verdades sobre

el agua se concentran en la cuestión de cómo alinear los servicios de agua, los

sistemas de uso y los usuarios y usuarias locales en jerarquías supralocales de

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gobernanza hídrica y discursos de seguridad hídrica imaginados.

2. Políticas de identidad, multiculturalismo, y el difícil encuentro entre la justicia positiva y

la justicia local

No obstante las arriba mencionadas políticas y nociones de seguridad hídrica impuestas, en la mayoría

de los países latinoamericanos se nota una resistencia fuerte frente a ello. Los colectivos de usuarios,

comunidades campesinas y federaciones indigenas, de México a Perú, no suelen dócilmente aceptar

estas técnicas, ontologías y jerarquías de gestión dominantes. Puesto que los derechos de agua combinan

intrínsecamente problemas de distribución de recursos materiales con los de toma de decisiones y

de organizaciones político-culturales legítimas, las políticas de gestión del agua están íntimamente

relacionadas tanto con las cuestiones de ‘justicia socioeconómica’ como de ‘justicia cultural’.

El choque entre los esfuerzos para la ‘externalización del control’ de los sectores dominantes y la

‘localización del control’ de los comunidades locales puede ser sutil y oculto (como en la mayoría

de los casos, de manera constante), o feroz y violento (como en estos días en el Perú y en Chile), en

función del contexto. A veces los colectivos o federaciones ejercen las estrategias de sus acciones de

resistencia dentro de la ley para lograr un cambio legal. Otras acciones tienen lugar en contra de la

ley, en los dominios que la oficialidad etiqueta como ‘ilegales’. Sin embargo, mucho más extendida e

influyente en muchos lugares del continente latinoaméricano son las luchas por los derechos de agua

permanentes, cotidianas, fuera (o en los márgenes) de la ley: se producen en las ‘capas más profundas’

de las sociedades de agua locales, y se refieren a la mayoría de las normas y prácticas que los colectivos

de usuarios aplican cuando materializan sus propios repertorios de derechos (Boelens, 2011). A menudo,

estas normas y estrategias locales de seguridad de agua no son aceptadas o son denegadas por la ley, ya

que tienen por objeto, precisamente, eludir el control burocrático o basado en el mercado.

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Las disputas mencionadas sobre los derechos locales de acceso y la legitimidad del agua dan una idea

de las formas en que la justicia positiva y las formas locales de ‘equidad’ (es decir, en su esencia

jurídica, respectivamente, la ‘justicia’ oficial en lo general frente a la ‘equidad’ local en lo particular)1

se construyen e interconectan. Por ejemplo, el hecho de que las normas locales de agua y los derechos

humanos en muchos países latinoamericanos hayan sido en realidad normas oficiales o coloniales

que han sido apropiadas, adaptadas e internalizadas al nivel local (cf. Benda-Beckmann et al., 1998;.

Hoekema, 2010; Sousa Santos, 1995), significa que la ley local (ya sea ‘indígena’, ‘campesina’ o de otro

tipo) no puede ser concebida como un repertorio normativo prexistente o autónomo frente al Estado.

Los derechos de agua locales asumen la presencia de la ley estatal, y se definen a sí mismos en contraste

y en relación con ella (Benda-Beckmann et al., 1998; Boelens y Doornbos, 2001).

Esto funciona en ambas direcciones: también la ley estatal (aunque de manera diferente) funda su

existencia y supervivencia en el funcionamiento activo de repertorios sociolegales múltiples, en

particular a nivel local. A la par de su interacción, los sistemas de derechos de agua estatales y locales

tienen funciones y características muy diferentes: la ley del Estado está formulada para regular el control

del agua a lo largo del territorio nacional, mientras que la ley local está basada en el contexto. Por lo

tanto, en la mayoría de casos (muy heterogéneos), la justicia oficial es vista como insuficiente y se

enfrenta al problema de la pérdida de legitimidad por no ‘hacer justicia social’. Ignorar totalmente estas

construcciones de justicia y los conflictos de derechos a escala local pone en peligro la legitimidad del

Estado y, posiblemente, desafía la estructura política económica más amplia del gobierno o incluso de

la nación-estado (cf. Foucault, 1975). Por lo tanto, en muchos casos, el derecho consuetudinario ha sido

utilizado, institucionalizado y codificado por los legisladores y legisladoras: no para sustituir el derecho

positivo, sino para complementarlo y adaptarlo (Boelens, 2009a; Hoekema, 2010). En los países andinos,

como Perú, Chile y Ecuador por ejemplo, las leyes consuetudinarias son a menudo incorporadas en la

ley estatal como ‘leyes especiales’: normas especiales que se ponen en vigor solamente para ciertos

interesados y relaciones sociales (como ‘comunidades campesinas’, ‘comunidades indígenas’ o

‘nativas’, comúnmente esencializadas), con frecuencia para dejar la norma oficial

1. La equidad se refiere a construcciones y conceptos políticos de justicia social contextuales

relativos a la localización, el tiempo y el grupo (‘fairness’ en inglés); por tanto, no pueden ser

reificados ni romantizados (Boelens, 2009a).

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sin modificación. De hecho, es irónico que la justicia oficial a menudo haya sido capaz de sobrevivir

gracias a la ‘equidad’ y la ‘aceptabilidad’ de las leyes consuetudinarias incorporadas (Schaffer y Lamb,

1981). Este fenómeno no es típico de países contemporáneos de Latinoamérica. Por ejemplo, el Derecho

Romano (donde el jus gentium fue ‘añadido’ al jus civile) y la antigua Ley Inglesa (donde el derecho

consuetudinario (Common Law) ‘complementa’ la ley estatutaria) proporcionan la misma racionalidad

dualista de ‘protección de los sistemas legales formales’. Por ello, tanto el orden local como el oficial

basan su existencia en la interacción mutua y en el ‘reconocimiento’ estratégico mutuo, y están unidos

en lo que he llamado un ‘matrimonio a punta de escopeta’ (‘shotgun marriage’, Boelens, 2009a)..

Pero esta fórmula común y corriente de ‘equidad estatal institucionalizada’ es fundamentalmente

contradictoria. Comúnmente lleva a la descontextualización y despolitización de las normas y derechos

locales: estos últimos pasando a formar parte de un sistema general formalizado, lo que les quita su

naturaleza de idoneidad, aceptabilidad, pertinencia y ‘justicia social’ en casos particulares (cf. Schaffer y

Lamb, 1981). Los repertorios sociolegales locales sólo tienen sentido en su contexto dinámico, mientras

que la ley nacional demanda ‘orden y estabilidad’. En efecto, existe el peligro de ‘congelar’ o incluso

‘fosilizar’ los sistemas de derechos consuetudinarios por medio de su incorporación a la ley relativamente

estable y universalista del estado, en la cual los principios locales pierden su identidad, funcionalidad y

capacidad de renovación (Benda-Beckmann et al., 1998, Roth et al., 2005). Además, como suele ocurrir,

los marcos locales de derechos locales son víctimas de las redefiniciones expertas y legalistas o corren

el riesgo de ser asimilados y marginados al ser legalmente ‘reconocidos’. Frecuentemente, sólo los

derechos y principios que se ajustan a la legislación y las políticas oficiales son reconocidos, por lo que la

compleja variedad de las normas rebeldes se ve amordazada. Por lo tanto, el matrimonio forzado es, ante

todo, una táctica obligada para ambos lados, lo que la hace también infeliz y extremadamente compleja.

Los conflictos ‘matrimoniales’ cubren de dudas la eficacia de las políticas de reconocimiento oficial

para cuidar de los derechos consuetudinarios de agua de las comunidades y colectividades locales. El

proceso de reconocimiento que (al menos discursivamente) tiene como objetivo proporcionar seguridad

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hídrica y respaldo legal a los grupos de usuarios marginados en los países latinoamericanos, a menudo

tiende a reforzar sus inseguridades hídricas.

En efecto, como señala Hale, analizando el caso del multiculturalismo en Guatemala, la autorregulación

viene con límites claramente articulados por los reconocedores oficiales del sistema dominante : se

“trata de distinguir aquellos derechos que son aceptables de aquellos que no lo son [...] definiendo el

lenguaje de la contención; indicando qué derechos son legítimos; y cuáles son las formas de la política

apropiadas para lograrlos ...” (2002, p. 490). A menudo, los derechos de agua locales son disciplinados

por las políticas de reconocimiento (Boelens, 2009a). Como ya lo previeran Marx y Engels (1970 (1848),

p. 35), el capitalismo ‘ecualiza’ y crea un mundo a su imagen y semejanza. En los tiempos modernos,

de manera similar, el Estado neoliberal no se limita a ‘reconocer’ los derechos consuetudinarios o

las culturas locales, sino que los reconstruye (Assies, 2010), reproduciendo sus propias relaciones,

diferenciando entre los derechos locales ‘buenos’ y los ‘malos’. Los primeros exigen cosas ‘compatibles’

con el proyecto centralista o neoliberal del Estado, mientras que los segundos llaman a la redistribución

del poder y los recursos. Como Hale argumenta, el neoliberalismo multicultural en Latinoamérica,

afirma la diferencia cultural “mientras retiene la prerrogativa de discernir entre los derechos culturales

en consonancia con el ideal de pluralismo liberal y democrático, y los derechos culturales contrarios a

ese ideal. Al hacerlo, defiende una ética universalista que constituye una defensa del orden neoliberal

capitalista” (Hale, 2002, p. 491). Por lo tanto, aunque este tipo de proyectos de gobernanza hablen

de descentralización y respeto por el pluralismo, el reconocimiento de las normas, los valores y los

derechos locales no debe incidir en los cimientos del modelo, es decir, no debe interferir con el poder del

Estado y/o la racionalidad del mercado. El multiculturalismo neoliberal abre un espacio político para el

reconocimiento de los derechos locales y, al mismo tiempo, “disciplina a quienes ocupan ese espacio”

(Hale, 2002, p. 490).

Por lo tanto, los mecanismos para colonizar la conciencia de los usuarios del agua y redefinir sus marcos

de referencia, restructurando las instituciones locales de seguridad del agua para adaptarlas a las

estructuras administrativas estatales y/o reglas del mercado, son cada vez más sutiles. Además,

la aceptación de las recetas organizacionales y los marcos de derechos de agua del

Estado se ve favorecida por el hecho de que éstos, en muchos países y programas,

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son condiciones previas para la obtención de créditos y apoyo financiero para los proyectos. Desde Chile

a Colombia, de Brasil a México, sistemas de agua potable y de riego en las comunidades indígenas y

campesinas que reciben ayuda del gobierno están obligados a organizarse formalmente en conformidad

con normas estandarizadas. Estas reglas incluyen informes detallados sobre los funcionarios requeridos,

los comités que se deben organizar y otras normas de procedimiento (Vos et al., 206; Perreault, 2008;

Escobar Ohmstede et al., 2008; Hendriks, 2010).

Los proyectos legales de formalización, como muestran a escala nacional las experiencias de Perú,

Ecuador, Chile, Bolivia, pueden ser especialmente peligrosos para las comunidades locales usuarias

de agua cuando los derechos locales son permitidos, legalizados e institucionalizados (a menudo en

su expresión esencializada), a expensas de la mayoría de los demás y con el costo de la intensificación

de la represión contra las normas y los derechos desobedientes. El reconocimiento legal no sólo tiene

repercusiones en ‘lo reconocido’, sino que afecta especialmente a los pueblos o los sistemas de gestión que

no tienen este nuevo respaldo legal: como una consecuencia directa de la falta de reconocimiento, éstos

pronto tienen que sufrir la exclusión de los servicios y derechos básicos, y se convierten explícitamente

en ilegales. La legalización de algunos suele ir acompañada de la ilegalización y la usurpación directa

de los demás.

Esto tiene que ver tanto con los ‘derechos culturales’ (como las reglas de gestión hídrica) como con la

‘justicia distributiva’ (como los derechos de acceso al agua). El ejemplo de Chile y su Ley Indígena

salida del Estado ilustra cómo la legalización de derechos ‘indígenas’ de agua (naturalizados como

‘tradicionales’) tiene implicancias directas para la desprotección y usurpación de otros derechos locales

(por ejemplo, Boelens, 2009b). Del Castillo (2004) delinea cómo, al igual que muchos otros proyectos,

en el Perú el proyecto Pampas Verdes usa los ríos Caracha y Urubamba para regar 218.000 hectáreas

en las regiones de Nazca y Arequipa, para lo cual algunos derechos locales fueron reconocidos. Al

construir dos represas, los territorios de siete comunidades indígenas fueron inundados, pero ya que

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éstas sólo tienen derechos locales que no fueron reconocidos, los territorios son considerados propiedad

estatal y son invadidos como ‘tierra de nadie’.

Aparte de la burocracia estatal y los hacedores de políticas neoliberales, congelar y codificar

(‘reconocer’) los derechos locales de agua es interés de las élites que pretenden intervenir en el control

local del agua. Las experiencias de Chile, Perú y Ecuador son decidoras, pero también pueden verse,

por ejemplo, en los Estados Unidos. Getches (2005) relata que, tras dos siglos de limitar los derechos

indígenas geográfica y políticamente, los colonos e inversionistas blancos son los mayores defensores

de unos ‘derechos indígenas de agua claros’ para conocer hasta dónde pueden llegar sus prácticas de

inversión y usurpación sin pasarse de la línea de su base legal: “ya que las inversiones y los valores de

la propiedad se ven minados por la falta de certeza, los no Indios y los estados occidentales que tienden

a apoyar los intereses no Indios también han apremiado para que los derechos indígenas de aguas estén

determinados legalmente” (Getches, 2005, p. 48).

3. Protestas y propuestas multi-escala desde las bases: reclamando su seguridad hídrica

La creación de leyes (en sociedades locales, nacionales y supranacionales) pretende resolver

contradicciones y conflictos histórica y contextualmente fundamentadas. A menudo en sociedades con

inequidades estructurales, las clases dominantes quieren naturalizar sus intereses sobre la ley de aguas

y los marcos de derechos en el término ‘Justicia’, usando que el sistema legal para que responda ante

conflictos particulares que desafían su posición, antes que enfrentar las contradicciones básicas de

género, etnia y clase que subyacen a esos conflictos (cf. Bourdieu, 1977). Así, con frecuencia, como

parte de este matrimonio forzado, se introducen cambios sólo temporales (o ad hoc), para salvaguardar

la estructura de dominación y su legitimidad en la creación y puesta en vigor de las reglas, pero sin

enfrentar las contradicciones primarias que involucran la reproducción del sistema social de clases. Ya

que las contradicciones fundamentales permanecen, esto pronto crea nuevos dilemas y genera nuevos

conflictos (Chambliss y Zatz, 1993), como se manifiesta en los actuales conflictos sobre el agua en

todo el continente.

En muchos lugares, las comunidades usuarias del agua desafían esta estructuración

de ‘su sociedad hídrica’ por parte del Estado o el mercado. Pero, a pesar de

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sus objetivos a menudo contradictorios, sería un error sugerir que, para defender su autonomía, las

organizaciones locales tratan de evitar la interacción con las instituciones estatales o de desarrollo.

La práctica real –muchas comunidades que solicitan colaboración– demuestra lo contrario. Es común

ver, desde México a Argentina (véanse Hoekstra, 2010; Boelens y Vos, 2011; Hoogesteger, 2012), que

piden a sus líderes negociar con los funcionarios de las agencias. Cómo debería funcionar esto, sin

embargo, es otra cuestión. A menudo, la interacción que ambas partes (la oficialidad y la localidad)

buscan conscientemente se basa sólo muy parcialmente en un interés común.

‘Concretar la seguridad hídrica’ a través de la gestión de cuencas hidrográficas, riego, agua potable

y saneamiento, conservación de tierras, captación de agua, protección contra inundaciones u otros

programas, implica costos muy altos en términos de infraestructura, desarrollo de tecnología, adquisición

de tierras e insumos de mano de obra colectiva, administrativos y de entradas en efectivo; por ello, tanto

el Estado como los diferentes colectivos de usuarios –con objetivos diferentes– tratan de alcanzar para

sus propósitos la relación más favorable entre inversión y control. Los grupos locales tratan de obtener

mayor acceso a los recursos estatales y a la financiación internacional, sin entregar el poder normativo

local. La cuestión de quién controla las actividades y recursos de quién, y cómo, es clave: los dos tratan

de alinearse a las otras partes y sus recursos en el programa de red y acción que desean, con el objetivo

de forjar una cadena de cumplimiento que debilita la resistencia del otro. En esta interacción entre

entidades con intereses que se enfrentan y la necesidad mutua de capturar recursos (ejemplificado, una

vez más, en el matrimonio forzado), ambas partes hacen uso de sus respectivas técnicas, normas, reglas

e incluso discursos– aunque bajo condiciones desiguales en términos de poder.

Temprano en la historia, las comunidades indígenas colonizadas en Latinoamérica ya utilizaban los

sistemas de justicia dominantes de manera selectiva y seleccionaban estratégicamente dentro de ellos

para luchar contra las injusticias o recuperar sus derechos de agua (Gelles, 2000; Escobar Ohmstede et

al., 2008; Hoekema, 2010). O, como Getches (2005, p. 44-65) describe de manera impresionante para

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los casos norteamericanos, ahora y en la historia, “defendieron los derechos indígenas al agua con las

leyes de una cultura dominante” (Cf. Getches, 2010). Por lo general, este tipo de estrategias de imitación

y adaptación puede tanto reforzar la legitimidad del sistema dominante como, por el contrario, servir a

objetivos antihegemónicos y obstaculizar prácticas usurpadoras de los invasores.

Por lo tanto, es importante tomar en serio que muchos grupos campesinos, pueblos étnicos y minorías

locales, en toda América Latina, se esfuerzan activamente por el reconocimiento legal del Estado,

sea para la protección de sus recursos o de su cultura e identidad. Los usuarios y usuarias de agua

marginados son a menudo limitados por la ley estatal, pero, al mismo tiempo, se acercan a ella como

un poderoso recurso para reclamar o defender sus intereses y derechos. En ese momento reconocen

su legitimidad y poder, lo que, sin embargo, no significa que aceptan sus manifestaciones actuales o

las estructuras de poder que la sostienen. Por lo tanto, sus propias estrategias para la reivindicación

de reconocimiento legal a menudo van más allá de ‘reconocer’ las jerarquías jurídicas existentes en el

Estado, e incluso puede ir en contra de ellas o aspirar a conquistarla y transformarla, poniendo de cabeza

la política de reconocimiento. Bourdieu (1998) observó que “el estado en todos los países es la pista en

la realidad de las conquistas sociales ...”. El Estado es una realidad ambigua. “No es exacto decir que

se trata de un instrumento en manos de la clase dominante. El Estado ciertamente no es completamente

neutral, completamente independiente de las fuerzas dominantes en la sociedad ... Es un campo de

batalla” (Ibídem, p. 34). Las luchas actuales por la seguridad del agua, como se dan en muchos países

de América Latina, manifiestan profundamente que las federaciones campesinas e indígenas ven a las

instituciones, las leyes y las políticas de agua del Estado, de hecho, como un campo de batalla.

Luego, los colectivos usuarios de agua saben bien que la adopción de patrones oficiales de control

de agua no significa necesariamente ajustarse a ellos. El recurso a la ley formal y el uso de normas

de agua ‘externas’ y marcos legales oficiales a menudo puede ser también una estrategia consciente

de las colectividades locales. Bajo el disfraz, alojamiento y adopción aparente de normas, derechos

y construcciones organizacionales externos –lo que he llamado mimetismo (Boelens, 2009a)– se

desarrolla una diversidad de derechos y normas locales híbridos que –intangiblemente– actúan

precisamente en contra de una toma y una colonización normativa contenciosa,

esencialista y universalista. En estos territorios encubiertos, la racionalidad y

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los estilos de construir, material y culturalmente, los valores del agua y los derechos de agua divergen

vitalmente de los marcos oficiales, y los poderes formales se enfrentan a problemas enormes al tratar

de penetrarlos y controlarlos. Los nuevos derechos y organizaciones de agua híbridos representan

estratégicamente a las colectividades en sus luchas contra la externalización del control, albergando un

mundo de diferencia por debajo de las apariencias externas de uniformidad y formalidad. Constituyen

redes flexibles translocales, ya que los conflictos locales de agua involucran cada vez más la participación

de los agentes globales. Dinámicamente reflexionan y elaboran estrategias sobre la manifestación de

políticas y mercados supralocales de agua en los territorios locales, incorporando lo local en lo global y

lo global en lo local. Así, además de la proliferación del pluralismo legal, estas ‘corrientes subterráneas’

también permiten la acción en escalas políticas amplias.

Conclusiones

En este artículo he analizado y criticado la manera en que las políticas de reconocimiento, en muchos

países de Latinoamérica, buscan salvar el estatus quo y mantener las contradicciones fundamentales de

poder. Este reconocimiento ha conducido a menudo a subordinar los derechos de los repertorios locales

y a la ilegalización de una gran variedad de ‘normas y derechos no reconocidos’, ampliando así la

inseguridad hídrica local. Por esta razón, mi argumento desafía a la incorporación por parte del sistema

dominante, comúnmente ‘ad hoc’, de ‘derechos consuetudinarios’ estereotipados en el derecho y las

políticas positivistas -- no es un alegato contra la ‘formalización de los derechos locales’ en general.

Es importante considerar que los grupos de base (como organizaciones de gestión del agua, federaciones

campesinas, pueblos indígenas) a menudo no demandan la legalización de reglas o derechos específicos,

sino el reconocimiento legal de una mayor autonomía para desarrollar normas propias de gestión. Las

respuestas para establecer políticas alternativas a tales interrogantes apuntan hacia direcciones en las

que los marcos de derechos colectivos y de autonomía en la toma de decisiones se combinan con el

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establecimiento de instituciones y reglas supralocales democráticas y pluralistas que deben garantizar la

protección de los derechos individuales y minoritarios. Estas también tienen que ofrecer oportunidades

para la resolución de conflictos y apelaciones de segundo orden, en caso de que los conflictos locales no

puedan ser resueltos adecuadamente.

Sin embargo, el debate oficial sobre la seguridad del agua es a menudo despolitizado al naturalizar

‘definiciones compartidas del problema’ y ‘objetivos comunes’, a la vez que se niegan la existencia

de los implícitos valores, fines, intereses y poder en los debates de política. Se niegan en particular los

valores culturales de los llamados expertos (supuestamente neutros) o los intereses de control conectados

a los agentes y las estructuras institucionales del Estado y el mercado. Estas instituciones del Estado

y el mercado requieren la instalación de una cancha predecible y uniforme para la gobernabilidad

del agua; por lo tanto, la autonomía de los derechos de agua locales y su diversidad –incluyendo las

conceptualizaciones locales de seguridad hídrica– tienden a ser un obstáculo principal para los hacedores

de reglas formales y los agentes intervinientes.

Por lo general, las características colectivas asociadas al territorio, los derechos de agua, sus orígenes

híbridos, la enorme diversidad y la integración en las estructuras de seguridad de la comunidad, hacen que

sea difícil conciliarlos con los ideales de control centralista y los regímenes modernistas de propiedad.

Su carácter polifacético, arraigado y dinámico los hace intangibles e irreconocibles en los marcos de

derechos positivistas, tanto burocráticos como liberales.

En muchos países latinoamericanos, por lo tanto, la legislación y la generación de políticas oficiales han

tendido a rechazar o contener este ‘desorden en los derechos de agua y esta desobediencia en la seguridad

hídrica’. Pero, irónicamente, la oficialidad no ha podido negar completamente los sistemas de derechos

locales y se ha establecido un arreglo forzado: la ley estatal general –amenazada con ser desenmascarada

como algo ‘inapropiado’– basa su supervivencia en la habilidad de los sistemas locales de responder de

modo adecuado a las necesidades y contextos locales. Para evitar la pérdida de legitimidad ante una

sociedad heterogénea, y también para responder a las demandas y levantamientos de grupos

usuarios marginados como los campesinos e indígenas, hay muchos precedentes

de casos en los que los gobiernos latinoamericanos han expandido su concepto de

leyes y políticas nacionales públicas, omnipresentes y únicas. Pero, comúnmente,

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a la vez que se incorporan los sistemas normativos locales en esta mescolanza, la forja legal estatal lo

ha hecho de tal manera que no desafía la jerarquía legal y de poder.

Tales esfuerzos legales y políticos por ‘complementar’ la ley oficial implican simultáneamente la

aceptación y la negación de la diversidad de los derechos locales de agua; no son simples respuestas a

las demandas de los grupos subyugados que buscan autonomía, sino buscan facilitar el control político

por parte de la hidrocracia nacional y/o ayudar a los sectores neoliberales en la incorporación de los

derechos y las organizaciones de agua locales en el sistema de mercado.

La dinámica y las manifestaciones múltiples de los derechos locales de agua no pueden ser codificadas

en términos legales amplios sin amenazar sus fundamentos. Se refieren a diversos sistemas ‘vivos’ de

derechos, culturas y seguridad de sustento que constantemente reorganizan sus reglas precisamente para

mantener su identidad y su capacidad de negociar y resolver problemas. Las políticas de reconocimiento

oficial, sin embargo, suelen crear construcciones esencializadas que no representan su carácter

dinámico; el re-conocimiento apunta hacia la re-presentación, y así hacia la transformación de una

realidad compleja para disciplinar a los usuarios y hacer que su comportamiento sea más tangible. A

través de ‘una representación que re-conoce’, los discursos dominantes despolitizados sobre modelos

de gobernanza y seguridad hídrica diferencian las reglas locales que consideran ‘buenas’ y ‘racionales’

de aquellas que son ‘ineficientes’ y ‘no aceptables’.

Así, al promover modelos de ‘buenas prácticas’, ‘uso racional del agua’ y ‘buena gobernanza’, las

instituciones hídricas modernas pretenden –conscientemente o no– una autorreproducción en las

comunidades, creando un mundo hídrico a su propia imagen. Y luego, dentro de tal marco formalista

y experto, las comunidades a menudo tienen que ‘participar’ y competir como supuestos ‘iguales’ en

un mundo que en la realidad se caracteriza por enormes desigualdades, frente a los intereses (trans)

nacionales de interés en el agua.

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Pero estos esfuerzos por los agentes dominantes por externalizar el control, por desintegrar los sistemas

locales de seguridad hídrica y hacer tangibles las normas locales y/o tomarse los derechos locales de

agua, no se dan sin enfrentar resistencia. No todos los grupos usuarios de agua aceptan los estándares

individualistas, mercantiles o burocráticos de igualdad, estándares que etiquetan a la mayoría de las

comunidades campesinas y pueblos indígenas de Latinoamérica en categorías como ‘anómalos’ o

‘atrasados’ (Boelens y Zwarteveen, 2005). Reclaman respeto por estándares diferentes y demuestran

que no estar de acuerdo con un modelo dominante es una elección deliberada. Defienden y re-embeben

sus recursos, derechos y facultades de decisión para evitar que su ‘seguridad hídrica’ sea dictada por

instituciones, mercados o grupos de poder. La creación actual de sus propios marcos de derechos y

seguridades hídricas, conectada con la proliferación subterránea de repertorios de sustento multicapas,

amplía y profundiza el pluralismo legal y cuestiona la exclusividad supuestamente inevitable y la

autoevidencia de instituciones de gobernanza uniformes basadas en el Estado y el mercado.

Al final, en los escenarios de lucha local, nacional e internacional en los países latinoamericanos, hay

una batalla sobre el control material del agua y los sistemas de seguridad hídrica, así como sobre el

derecho de definirse culturalmente, organizarse políticamente y estructurar discursivamente su legítima

existencia.

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Vol. 7, Nº 1journal homepage: www.revistaagendasocial.com.br ISSN 1981-9862

TeNeNCIA De LA TIerrA Y SISTeMAS De rIeGo eN AGUASCALIeNTeS (MéxICo), 1821-1854

Jesús Gómez SerranoDepartamento de Historia

Universidad Autónoma de Aguascalientes (México)[email protected]

En un contexto caracterizado por la inestabilidad política y grandes dificultades para que el país se dotara de un orden político estable, la agricultura y el acceso al agua experimentaron cambios significativos. Las grandes haciendas, algunas de ellas base del poder y el prestigio de familias de abolengo colonial, registraron un proceso lento y gradual de fragmentación, lo que implicó cambios notables en los patrones de tenencia de la tierra, el surgimiento de una poderosa clase de medianos y pequeños propietarios y modificaciones en los sistemas de riego y, en general, en las prácticas agrícolas. Estos cambios se tradujeron, a su vez, en una modificación del paisaje. El tema de mi artículo son los sistemas de riego en Aguascalientes durante el siglo XIX, en el contexto de los cambios observables en el paisaje y en los patrones de tenencia de la tierra.

re

SUM

eN

PALABrAS CLAVeS Agua, Sistemas de Riego, Tenencia de la Tierra

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Sin lugar a dudas, el periodo 1821-1854 se caracterizó por la inestabilidad política y grandes dificultades

de todo orden para que el país construyera las instituciones que necesitaba bajo el nuevo orden

republicano, pero se corre el peligro de que el acento puesto en esos temas deje en el lector la idea de

que todo fue caos, desorden e inactividad. En uno de los mejores y más socorridos manuales de historia

de México, el capítulo que aborda este periodo se titula sugestivamente “Los primeros tropiezos” y es

un largo catálogo de asonadas, “experimentos” políticos fallidos, bancarrota económica, agresiones

extranjeras, guerras perdidas y desaliento acumulado, hasta llegar a la pérdida de la mitad del territorio

nacional y el ominoso fin de “los sueños de grandeza” que se habían alimentado al principio de la época

independiente (VÁZQUEZ, 2000, pp. 525-583). Todo ello está probado; el problema estriba en que, con

preocupante frecuencia, la historiografía de signo político olvida que muchos latrocinios y golpes de

mano constituyen ruidosos y hasta espectaculares acontecimientos que en el fondo son eso que Braudel

caracterizó como “efímero polvo de la historia”, pavesas que cruzan el escenario, “brillan un momento”

pero inmediatamente vuelven a la oscuridad “y tal vez al olvido”. Si no queremos sólo “aprovechar los

resplandores iluminadores de la historia de los acontecimientos”, si nos interesan menos las “crestas

de espuma que las oleadas de la historia llevan sobre sus poderosos lomos” que el movimiento mismo

de las olas y lo que lo hace posible, entonces tenemos que dirigir nuestra atención a las estructuras

económicas, sociales y culturales profundas, que cambiaron en forma menos espectacular, con otro

ritmo, pero que son las únicas capaces de darle sentido al conjunto e iluminar el gran teatro de la historia

(BRAUDEL, 1984, t. I, pp. 335-337).

Concretamente, en el contexto de un país convulsionado por las continuas guerras civiles y el desorden

institucional, la agricultura y el acceso al agua fueron prácticas que registraron cambios significativos.

En el centro-norte de México muchas grandes haciendas, base del poder y el prestigio de familias de

abolengo colonial, experimentaron un proceso lento y gradual de fragmentación; los alcances de este

proceso fueron desiguales, pero la obsesión de cierta historiografía por mostrar un país rural aplastado

por el peso enorme de los latifundios nos ha impedido conocerlo en detalle y evaluar sus alcances.

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Ese proceso de fragmentación implicó cambios notables en los patrones de acceso a la tierra y el

surgimiento de una poderosa clase de medianos y pequeños cultivadores, pero también modificaciones

en los sistemas de riego y más en general en las prácticas agrícolas. Con respecto al agua vale la pena

recordar que en los últimos años el estudio de sus usos “ha permitido confrontar lugares comunes en la

historiografía, innovar métodos, establecer intercambios con otras disciplinas y abrir nuevos caminos

a la investigación” (ABOITES, 2005, p. 25; texto de presentación de ABOITES a SUÁREZ, 1998,

p. 11-14; ABOITES Y BIRRICHAGA, 2000; ÁVILA, 2002; DURÁN, SÁNCHEZ Y ESCOBAR,

2005; MIÑO Y HURTADO, 2005). Además, los usos del agua se entienden mucho mejor cuando se

estudian también los usos de la tierra (ABOITES, 1998, p. 16); las de la tierra y el agua no son historias

“separadas” o “paralelas”, como se dio por sentado durante mucho tiempo en la historiografía referida

a las cuestiones agrarias, sino profundamente interrelacionadas, “entrecruzadas”, para usar la expresión

de Escobar y Sánchez (2008, p. 13-17; BIRRICHAGA, 2005, pp. 180-186).

El propósito de mi artículo es ilustrar algunos cambios que hubo en los patrones de acceso a la tierra

y los sistemas de riego en las haciendas del norte de Aguascalientes y el sur de Zacatecas durante las

primeras y convulsionadas décadas de la época independiente.

Picante para “escoriar los paladares de medio Londres”

El 21 de diciembre de 1826, después de haber recorrido buena parte del país e inspeccionado a detalle

los distritos mineros de Guanajuato, San Luis Potosí, Durango, Catorce, Sombrerete y Fresnillo, entre

otros, el infatigable viajero inglés Henry George Ward arribó a la ciudad de Zacatecas. Ahí oyó hablar

por primera vez de Aguascalientes, que le fue descrito como el partido más importante del estado1

desde el punto de vista agrícola; sus haciendas y ranchos aportaban la cuarta parte del maíz y la tercera

parte del frijol y el chile cosechados en Zacatecas (WARD, 1981, 675), estado que en esos años se

distinguió por la pujanza de sus minas y sobre todo por su obstinada defensa del federalismo (DE

VEGA, 2005, pp. 188-230). Sin los alimentos producidos en el partido de Aguascalientes, que

1 Durante los siglos XVII y XVIII Aguascalientes fue una alcaldía mayor perteneciente al reino de Nueva Galicia; en 1786 se transformó en subdelegación de la intendencia de Guadalajara, de la que en 1803 fue separada, agregándose a la de Zacatecas ; en 1825, al proclamarse la primera constitución política de este

estado, se convirtió en partido. A su capital, la villa de Aguascalientes, la legislatura de Zacatecas le concedió en 1824 el título de ciudad. En 1835, en el contexto de la crisis de la primera república federal, Aguascalientes

lograría emanciparse, siendo primero territorio de la federación, luego departamento de la república central y finalmente estado libre y soberano de la federación. (GÓMEZ, 1994.)

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entraban sin cesar a la capital del estado por la garita de Guadalupe, las actividades en la ciudad se

paralizarían y se interrumpiría la producción de plata en las minas. El ministro y su esposa recorrieron

la ciudad, asombrados por la opulencia de sus iglesias y conventos, la estrechez de sus calles, “la falta

de buena policía” y las “pandillas de niños sucios”. Desde la ventana de la casa en la que se alojaron

tuvieron ocasión de observar en la plaza del mercado una escena “animada y curiosa” que les llamó

poderosamente la atención: una tras otra llegaban de Aguascalientes grandes carretas tiradas por seis

bueyes, todas rebosantes de chile. Lo más notorio era que, a pesar de que las cantidades de condimento

que se vendían eran “realmente prodigiosas”, la demanda no cesaba. El curioso ministro no pudo resistir

la tentación de probar aquello que despertaba tanta avidez, sólo para concluir que la mitad del picante

que se había esfumado ante sus ojos “en el curso de unos cuantos minutos” bastaría para “escoriar los

paladares de medio Londres”. (WARD, 1981, p. 662.)

El día 26, hostilizados por la xenofobia del populacho, Ward y su esposa dejaron Zacatecas y se

dirigieron a Aguascalientes. A media tarde llegaron a San Jacinto, donde decidieron pasar la noche; era

precisamente la hacienda “donde se puede decir que empieza el cultivo que hace famoso al distrito de

Aguascalientes”. Acostumbrado a los rigores del invierno inglés, Ward encontró encantador el clima y

decidió dar un paseo por los alrededores de la hacienda, disfrutando a su regreso un gran plato de frijoles

y chile, “al que atacamos alternativamente con cucharas de Moctezuma” (tortillas); “muy pocas veces –

concluyó- habíamos cocinado comida tan deliciosa”. Guiado por el mayordomo, un hombre sano, fuerte

y curtido por el sol, fue llevado hasta un punto elevado desde el que se dominaba una amplia porción del

valle de Aguascalientes. Aunque lo suyo eran las minas, no pudo menos que reparar en el espectáculo:

ranchos y caseríos dispersos en todas direcciones, “inmensos campos de maíz” en los que se apilaba el

rastrojo, potreros divididos por “profundas zanjas” y, en resumen, todos los síntomas de eso que en el

país podía llamarse prosperidad. (WARD, 1981, pp. 673-674.) Desde luego, una prosperidad que no era

la de las regiones tropicales, en las que abundaba el agua y los frutos de la tierra se multiplicaban sin que

el hombre tuviera apenas que intervenir, sino algo más sobrio y hasta agridulce, curiosamente parecido

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al humor que despedían los rancheros cuyas rudas manos había tenido oportunidad de estrechar.

Sus impresiones se confirmaron al día siguiente, al recorrer las doce leguas que separaban la hacienda

de San Jacinto de la ciudad de Aguascalientes. Sin duda alguna se trataba de una región “floreciente y

próspera”, pero lo más interesante era que todo se debía a los arrendatarios y medieros de la condesa

Rul de Pérez Gálvez, que habían abierto los campos al cultivo, construido tomas de agua y fabricado

esos enormes carromatos rebosantes de zacate y olotes que obstruían a cada paso el camino. Ellos eran

los artífices de esa prosperidad que flotaba en el ambiente, aunque la principal beneficiaria era la familia

Rul, que vivía en la ciudad de México, instalada en su magnífico palacio. (GÓMEZ SERRANO, 2000,

pp. 61-74; MACÍAS RICHARD, 1985.)

En la ciudad de Aguascalientes, que le pareció “bellamente construida” y bien situada, Ward visitó “el

obraje de Pimentel”, que describió como “la fábrica de manta más grande” de las que conoció en México,

que daba trabajo a 350 personas y consumía cinco mil arrobas anuales de lana. El “principal negocio de

su dueño” consistía en “un contrato con el gobierno”, que le compraba la mayor parte de las telas que

producía. (Ward 1981: 675.) Por cierto, un negocio que en esos mismos momentos se estaba arruinando

debido precisamente a la competencia de los textiles ingleses, que inundaron el país y lo conquistaron

gracias a su baratura y calidad. (HALE, 1972, pp. 261-262; POTASH, 1959; KEREMITSIS, 1973;

GÓMEZ GALAVARRIATO, 1999.)

Por insistencia de su propietario, Ward se hospedó en la “elegante” casa del marqués de Guadalupe,

que ocupaba “medio lado de la gran plaza” y que, andando el tiempo, se convertiría en palacio de

gobierno. José María Rincón Gallardo, marqués de Guadalupe, era el otro gran latifundista de la región,

pero a diferencia de los Rul administraba en forma personal las haciendas y ranchos pertenecientes a

la casa de Ciénega de Mata. Se había hecho cargo de las fincas a la muerte de su padre, en medio de

la guerra de Independencia, y en un lapso de diez años había logrado convertirlas en “las más valiosas

de los alrededores”, lo cual implicaba, según los cálculos de Ward, que le dejaban una renta anual

de 75 mil dólares. Aunque hacía cierta ostentación de su abolengo y los servicios prestados

por su familia a la causa del rey de España, el marqués no parecía incómodo

con el nuevo orden de cosas, que una persona avispada como él era muy capaz

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de utilizar en beneficio de sus negocios. (WARD, 1981, p. 674; LADD, 1984, pp. 202-230, GÓMEZ

SERRANO, 1998, pp. 119-124.)

En las cercanías de la ciudad de Aguascalientes había muchas “fuentes de aguas minerales termales”

y el agua que se bebía era “hermosamente clara y su temperatura deliciosa”. Según los informes que

recogió Ward, en todo el distrito abundaban “las fuentes de aguas minerales”, pero sólo “unas cuantas”

eran aprovechadas “para irrigación”, pues en su mayoría “han resultado inaplicables a este propósito o

a cualquier otro uso agrícola, por la cantidad de alumbre que contienen, el cual, después de un tiempo,

deja una delgada capa blanca sobre el suelo y lo hace totalmente infecundo” (WARD, 1981, pp. 674-

675). Por esos mismos años el viajero francés Beltrami también fue cautivado por las “excelentes”

fuentes de aguas termales de Aguascalientes, que eran un magnífico antídoto “contra el polvo y el

calor”. A Beltrami le asombraba que no fueran objeto de una intensa explotación mercantil; en Europa,

decía, “ya hubieran producido fortunas” (GLANTZ, 1981, t. I, pp. 258-261; GONZÁLEZ NAVARRO,

1983, p. 399). Tal vez influido por estas opiniones tan optimistas, José María Rincón Gallardo compró

la hacienda del Ojocaliente y construyó unos baños de aguas termales.

¿Prosperidad entre ruinas?

¿Cómo conciliar esta visión casi idílica con la idea que tenemos de esa época? ¿Era Aguascalientes una

ínsula de bienestar en un medio caracterizado por el desaliento económico? ¿No eran del todo exactas

las quejas de personajes como el gobernador de Guanajuato, quien a principios de 1826 lamentaba los

terribles efectos de la Revolución de Independencia, durante la cual las haciendas ardieron, sus habitantes

“tuvieron que acogerse a los pueblos fortificados o huir a los montes” y el país quedó convertido en un

“yermo inhabitable”? (DÍAZ POLANCO Y GUYE MONTANDON, 1984, p. 19). ¿Cómo explicar lo

que pasaba en Aguascalientes cuando el propio Ward lamentaba la ruina de la minería, la acumulación

de agua en los tiros, el abandono de las instalaciones y la suspensión de las operaciones de avío que

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tradicionalmente llevaban a cabo los grandes comerciantes? (WARD, 1981, p. 344.)

Este testimonio y muchos otros similares han sido recogidos por los historiadores, que han tratado de

demostrar que el país salió de la guerra convertido en un páramo. El abandono de las minas propició

la inundación de los tiros y la ruina de la que era la actividad más rentable en el antiguo virreinato; el

comercio exterior sufrió serios trastornos y el interior se vio desarticulado por completo; la agricultura,

que tenía en la minería su más importante fuente de estímulos, sufrió un serio desaliento; el flujo de

capitales se colapsó y los réditos generados por las fundaciones piadosas se acumularon, sin que los

deudores pudieran atacar seriamente el problema (BELLINGERI Y GIL SÁNCHEZ, 1980, p. 97;

GARCÍA DE LEÓN, 1988, p. 62; VÁZQUEZ, 2000, pp. 551-560).

Evidentemente, las observaciones del viajero inglés, que como encargado de negocios de Su Majestad

británica que era no tenía por qué adular con zalamerías a los lugareños, nos enfrentan con la obligación

de explicar las razones del auge agrícola que se respiraba en Aguascalientes en los años posteriores a la

consumación de la Independencia. ¿Qué tan extendido estaba ese clima de relativa prosperidad? ¿Cuáles

eran sus motores? ¿Hasta qué punto era importante el papel jugado por arrendatarios y medieros?

El estudio de lo que aconteció en las propiedades de la familia Rul nos puede proporcionar una primera

respuesta. Se trata precisamente de las tierras que recorrió Ward en su viaje de Zacatecas a Aguascalientes,

lo que le da mayor pertinencia al ejemplo. Al término de la guerra de Independencia, la familia Rul era

una de las más importantes propietarias de tierras en Aguascalientes. Sus posesiones incluían unas cien

mil hectáreas dependientes de las haciendas de San Jacinto, El Saucillo y Ciénega Grande, al norte del

partido, y otras cincuenta mil de la hacienda de Cieneguilla, cuyo casco se ubicaba treinta k al suroeste

de la ciudad de Aguascalientes.

Todas esas tierras habían pertenecido al Colegio de Zacatecas de la Compañía de Jesús. En 1767, cuando

la orden fue expulsada de los dominios del rey de España, se creó el Fondo de Temporalidades, con

el propósito de regular su administración. En mayo de 1780 fueron adquiridas en remate por

Pedro Romero de Terreros, conde de Regla, dueño de una inmensa fortuna, que

entre otras cosas le permitió donar a la Corona un buque de guerra valuado en un

millón de pesos. Regla pagó 751 mil pesos por las haciendas, cantidad que casi

doblaba el valor de los avalúos (BRADING, 1975, pp. 252-253).

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Antes de que terminara el siglo XVIII, los herederos del conde de Regla le vendieron las haciendas a

Diego Rul, quien a su vez había heredado de su suegro, el conde de La Valenciana, una enorme fortuna.

Rul era un personaje peculiar, dueño de un “gusto refinado” y francamente liberal en materia de ideas,

como lo sugiere su amistad con el matemático José Antonio de Rojas, quien fue acusado de herejía

por la Inquisición y tuvo que huir a los Estados Unidos. Rul estuvo también a punto de ser sometido

a proceso, pues se decía que era asiduo lector de libros prohibidos y que había llegado a afirmar “que

Jesús Cristo había sido un hombre de bien y justo, privándole de la Divinidad” (BRADING, 1975, pp.

394, 410-411).

Lo primero que hizo Rul fue medir, amojonar y levantar un plano de sus haciendas que correspondiera

“a su mesura, tamaños y propia ubicación”, pues tratándose de fincas tan vastas era segura la presencia

en ellas de usurpadores, a los cuales amparaba la codicia y, también, “la oportunidad que ha brindado la

ausencia de los dueños”.2 En seguida, procedió a una nueva distribución de las tierras, sobre todo las que

estaban a lo largo del camino que iba de Aguascalientes a Zacatecas. Rul observó que Ciénega Grande,

que los jesuitas habían aprovechado como hacienda de beneficio de metales, podía servir como cabecera

de una unidad agrícola, añadiéndole para ese objeto los sitios de Molinos y Viudas, que tradicionalmente

dependían de San Jacinto. En 1803, después de haber practicado diversas mejoras, Rul estimaba que sus

haciendas de Cieneguilla, San Jacinto, Ciénega Grande y Tetillas, ubicada esta última en el distrito de

Nieves, valían poco más de 750 mil pesos (BRADING, 1975, p. 394).

Todo indica que el conde Rul tenía el propósito de mejorar y explotar en forma más intensa las haciendas,

aprovechando la cercanía de las minas de Zacatecas, pero el estallido del movimiento insurgente alteró

por completo sus planes. A mediados de 1811, un año después de iniciadas las hostilidades, la actividad en

las minas estaba paralizada por completo, cesando por consiguiente la demanda de insumos. La derrota

2 AHEA-FPJ, Civil, 1906, s. n.

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3 AHEA-FPN, Not. José Luis Ruiz de Esparza, 39, 5, 40, 75f-80f.

de Hidalgo trasladó el teatro de la guerra a otros escenarios, pero la región sufrió durante varios años el

flagelo de la incansable guerrilla insurgente. Las haciendas fueron obligadas por el gobierno a levantar

a su costa pequeños ejércitos particulares, que patrullaban los caminos y combatían contra los alzados y

los simples bandidos. A la hacienda de Ciénega Grande el mantenimiento de su tropa le significaba un

gasto anual de unos mil pesos3, menos que en Ciénega de Mata, que ganó fama de inexpugnable gracias

al ardor con que sus hombres resistieron los embates de los insurgentes ((HAMNETT, 1990, pp. 222-

224; GLANTZ, 1981, pp. 259-260).

Al término de la guerra la actividad en las minas se restableció parcialmente, pero muchos propietarios,

sobre todo aquellos que no vivían en la región desecharon la idea de seguir explotando en forma directa

sus haciendas y optaron por la aparcería y el arrendamiento, que parecían sistemas más ajustados a

la situación imperante. Tal vez sacrificaban ganancias, pero también reducían los riesgos. En el llano

del Tecuán, en tierras pertenecientes a la familia Rincón Gallardo, se formaron en esta época una gran

cantidad de ranchos (GÓMEZ SERRANO, 1998, pp. 57-76). En resumen, los primeros años de la época

independiente fueron un periodo de transición hacia algo que Brading (1988, pp. 47, 200) llama “una

explotación más económica de los recursos de la hacienda”.

Arrendatarios

En algunas regiones, la inexistencia de contratos escritos ha impedido que los historiadores hagan una

“descripción precisa” de los sistemas de arrendamiento y mediería (BRADING, 1988, p. 43), pero

en el caso de las haciendas y ranchos pertenecientes a Rul afortunadamente contamos con una gran

cantidad de contratos protocolizados ante notario público que se conservan en el Archivo Histórico de

Aguascalientes. Esos acuerdos hablan del cuidado con el que la señora María Ignacia Obregón de Rul,

viuda del conde Rul, administraba sus intereses, y también de los mecanismos de control a distancia que

utilizaban los propietarios absentistas.

Con la posible salvedad de la hacienda de Cieneguilla, todas las tierras que poseía la familia Rul

en Aguascalientes fueron cedidas en mediería o arrendamiento, incluso las que

contaban con grandes presas de mampostería, bordos y canales. Ello es notable,

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porque en Chalco y otras regiones de México los propietarios arrendaban o cedían a medias sólo las

tierras que carecían de infraestructura de riego (TUTINO, 1990, p. 124; ABOITES, 1985, pp. 43-44).

El sistema incluía lo mismo ranchos de extensión mediana, como los de San Antonio, El Río, Soledad

de Abajo, San Rafael y Agua Zarca, que haciendas más grandes y mejor desarrolladas, como las de El

Saucillo, San Jacinto y Ciénega Grande. Lo que en otros lugares fue un recurso para incorporar nuevas

tierras al cultivo, descargando en medieros y arrendatarios los costos del desmonte y acondicionamiento

(MORIN, 1979, pp. 226-227), se llevó a sus extremos en el latifundio de los Rul, donde la hacienda

se abstuvo de realizar trabajos por su cuenta y se limitó a cobrar las rentas. Es lo mismo que estaban

haciendo algunos nobles terratenientes en el valle de México, que cedieron el aprovechamiento de sus

tierras a los renteros e incluso los hicieron responsables “de que se guardara la ley y el orden en sus

plantaciones” (LADD, 1984, p. 228).

El plazo de los arrendamientos variaba entre tres y nueve años, dependiendo del predio y las seguridades

ofrecidas por el arrendatario. Con Matilde Luévano, un antiguo mediero de la familia, se fijó un término

de nueve años para el arrendamiento del rancho de San Antonio4, mientras que a los hermanos de la

Vega, muy respetados pero metidos tal vez en aprietos financieros, sólo se les dio por tres años la

hacienda de El Saucillo y el rancho de Barranca Bermeja5.

Las rentas se pagaban en forma anual y su monto era fijado en cada caso particular, dependiendo de la

extensión y calidad de las tierras. Rafaela Araiza pagaba 950 pesos por el rancho de San Rafael6, apenas

la octava parte de los ocho mil pesos que se comprometió a pagar Matilde Luévano por la hacienda

de Ciénega Grande y los ranchos de Sotelo, Molinos y Clavellinas7. A veces, como en el caso de la

4 AHEA-FPN, Not. José María Medina, 1849, s. n., 115-118.5 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1827, s. n., 123-128.6 AHEA-FPN, Not. Isidro Arteaga, 1856, s. n., 71-75.7 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1835, s. n., 338-344.

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hacienda San Jacinto, arrendada en 1850 a Isidro Galván, se hacía una rebaja de cierta importancia

en el valor de la renta, la cual se veía compensada por la obligación del arrendatario de emprender

por su cuenta algunas mejoras 8.En cualquier caso, el tamaño de los predios arrendados y el monto de

las rentas colocaban a los arrendatarios de la familia Rul en la parte alta del estrato que formaban en

México las clases medias rurales, en un lugar similar al que llegaron a ocupar, por ejemplo, los grandes

arrendatarios de las haciendas queretanas durante la primera mitad del siglo XIX (GARCÍA UGARTE,

1992, p. 133).

En los contratos de arrendamiento normalmente se incluía una minuciosa relación de las mejoras

materiales con las que se entregaba la finca. A los hermanos de la Vega, por ejemplo, se les entregó

en la hacienda de El Saucillo la casa del mayordomo, una presa “bien acondicionada”, “la fábrica

del molino”, “un jacalón viejo y maltratado para recibir trigo”, algunas bestias de labor y diversas

herramientas9. Todo ello sin mengua de la obligación adquirida por el arrendatario de emprender por

su cuenta algunas obras nuevas. En 1835, por ejemplo, el arrendatario de Ciénega Grande convino en

reedificar “el potrero nombrado del Ojo de Agua” y en techar una troje y un granero10. Algunos años

después, cuando este contrato se renovó, el arrendatario se comprometió a costear la reedificación de “la

tapia de adobe que cerca la huerta” y fabricar una nueva cuadrilla de casas para los peones11.

Un buen ejemplo de las bondades que ofrecía el recurso de dejar en manos de los arrendatarios la mejora

de los predios lo proporciona el contrato que se firmó con Isidro Galván a fines de 1850. A Galván se

le confiaron el casco y las mejores tierras de la hacienda de San Jacinto, pero se le obligó reconstruir la

presa y a reedificar “todas las piezas de la casa principal”, cierto número de trojes y “alguna parte de la

cuadrilla, que está amenazando ruina”. Por supuesto, todas las mejoras quedarían para beneficio de la

finca, “sin más indemnización que el servicio que le presten al arrendatario durante el tiempo que ocupe

la hacienda” 12.

Otro propósito de estos contratos era evitar el aprovechamiento de las tierras por extraños y la

instalación en ellas de vagos, bandidos, malvivientes y prófugos de la justicia. En el contrato

que se firmó con Manuel Serrano, arrendatario del rancho de San Antonio, se

8 AHEA-FPN, Not. José María Villalobos, 1850, s. n., 185-189.9 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1827, s. n., 123-128.10 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1835, s. n., 338-344.11 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1842, s. n., 191-196.12 AHEA-FPN, Not. José María Villalobos, 1850, s. n., 185-189.

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decía a este respecto: “ningún vecino o sirviente del citado rancho y sus anexos que sea perjudicial a

los intereses de la casa de la señora Rul será consentido por el arrendatario; ésta, por sí y por medio de

sus agentes, se reserva la facultad de correrlos siempre que lo crea conveniente, cuando previo aviso

no lo hiciere dicho arrendatario”13. Por su parte, el contrato de arrendamiento del rancho de Mesillas

que se celebró con Andrés Fernández era todavía más claro: “es condición precisa que se ha de cuidar

y celar que ninguno de los vecinos de Mesillas, Ojo de Agua y transeúntes abra portillos, persoguen

caballos, saquen leña o perjudiquen de otra manera los potreros de la hacienda, pues en este caso queda

en libertad el administrador de San Jacinto para correr de cualquiera de los ranchos al mal vecino que

origine daños”14.

Estas providencias hablan de las incursiones de extraños en los dominios de la familia Rul, pero también

de la amplitud de las haciendas y el grado todavía limitado que alcanzaba la colonización, lo que en

cierta forma propiciaba la aparición de asentamientos irregulares y el aprovechamiento de los montes por

parte de labriegos pobres. Sobre todo, podemos ver en esas cláusulas alusiones veladas al bandolerismo,

que durante buena parte del siglo XIX fue en uno de los peores azotes de la región, pero sobre todo

del campo, en donde no se contaba ni siquiera con la relativa protección que brindaban los cuerpos de

policía (TAYLOR, 1985, pp. 6-7, 16-20; VANDERWOOD, 1986, pp. 46 y ss.). En Los bandidos de

Río Frío, la conocida novela costumbrista, se retrata a bandidos que supieron aprovechar las grandes

turbulencias políticas que sacudieron al país para imponer su ley en el campo y obligar a los propietarios

a cooperar con ellos (PAYNO, 1982, p. 625).

Tratándose de grandes superficies, normalmente se daba por sentado el derecho de los inquilinos

a subarrendar diversas porciones de tierra. Lo mismo que en el caso de algunas grandes haciendas

michoacanas, donde el arrendatario principal sólo explotaba las mejores tierras y subarrendaba el resto

13 AHEA-FPN, Not. José María Medina, 1849, s. n., 115-118.14 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1850, s. n., 66-68.

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(MORIN, 1979, p. 282), en el latifundio Rul la considerable extensión de las fincas hacía posible y tal

vez necesario el subarrendamiento. La hacienda de Ciénega Grande, por ejemplo, incluía los ranchos de

Sotelo, San Nicolás, Molinos y Clavellinas, unas veinte mil hectáreas 7, por lo cual era esperable que

el inquilino principal careciera de los recursos financieros y administrativos suficientes para explotar

toda la finca.

Evidentemente, los arrendatarios de los Rul no eran labriegos pobres que obtenían de su trabajo el

sustento para sus familias, sino verdaderos hombres de empresa que cultivaban grandes cantidades de

maíz, trigo y chile, acaparaban las cosechas de otros productores menores y obtenían de los comerciantes

dinero a crédito con el que financiaban sus negocios, según la caracterización que ha hecho Van Young

(1992, p. 265). El hecho mismo de que acudieran ante notario a protocolizar los contratos y fueran

capaces de exhibir un fiador, los muestra como hombres bien conocidos y medianamente instruidos. Los

hermanos Pedro y Domingo de la Vega, Matilde Luévano, Isidro Galván y Cornelio Acosta eran personas

acomodadas que supieron aprovechar las oportunidades que les dieron los Rul para amasar capitales

de cierta consideración con los cuales, llegado el momento, pudieron convertirse en propietarios de los

predios que durante mucho tiempo arrendaron.

Medieros

Al lado de los arrendatarios, o confundidos con ellos, estaban los medieros, con los que los Rul

contrataron con regularidad la siembra de trigo, maíz y chile. Al igual que los arrendatarios, los medieros

eran personajes bien conocidos; Gil Rangel, uno de ellos, fungió en diversos negocios como apoderado

de la señora Victoria Rul de Obregón, lo que habla de la confianza que le tenían. En 1861, en el contexto

difícil de la guerra civil y las leyes de nacionalización de los bienes eclesiásticos, Rangel se convirtió en

dueño de Ciénega Grande, una de las haciendas pertenecientes al latifundio familiar.

Por lo general, los contratos de mediería afectaban las mejores tierras de las haciendas y tenían una

duración de cinco años agrícolas. Los Rul ponían la tierra, el agua para los riegos y le indicaban

al mediero los parajes en los que se haría cada siembra y hasta su tamaño. En el

convenio que se firmó con Agustín Romo se estipuló que “las sementeras de maíz

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y chile se harán en un espacio de treinta fanegas” y que las de trigo “se harán afuera del potrero”15. Gil

Rangel, por su parte, tenía a su disposición tierras “en una extensión tal que el terreno sembrado pueda

dejarse en barbecho o descanso los dos años siguientes, para volverse a sembrar en el inmediato”16. En

un contrato posterior se estableció:

15 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1838, s. n., 250-253.16 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1839, s. n., 240-242.17 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1840, s. n., 189-192.18 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1839, s. n., 93-95.

todas las tierras o planes de San Antonio que se riegan o socorren con su presa y con los tanques de La Víbora y de La Cruz los sembrará don Gil a medias con la hacienda, y en las demás tierras de temporal del propio San Antonio sembrará la cantidad que quisiere, y de esta siembra no le tocará a la hacienda la mitad, sino la tercera parte. 17

También era frecuente que la hacienda le permitiera al mediero aprovechar los pastos, e incluso el

rastrojo que quedaba en los campos después de cortado el fruto. A veces se facilitaban también semillas

y otros efectos. A Agustín Romo, por ejemplo, se le prestó el grano suficiente para hacer las primeras

siembras de maíz y trigo, además de cien cargas de trigo y 1,500 pesos en efectivo. Con Tranquilino

León las concesiones fueron aún mayores, pues se dispuso que el apoderado de la casa Rul entregara “la

mitad del importe del jornal de los peones, ya sean alquilados o ya acomodados, entendiéndose desde

los despuntes y siegas o cortes para adelante, pues todo lo demás lo ha de hacer a su costa el señor

León”. Y se aclaraba que este arreglo afectaba tanto las sementeras de temporal como las de riego,

“pues aunque para estas últimas por regla general no se pone parte de los costos, ni la hacienda los da a

otros medieros, pero éste es un convenio particular con el señor León por las diversas consideraciones

que median respecto de él”. Además, se le prestaron sin costo la casa principal, trojes, habitaciones para

peones y otras fábricas existentes en el rancho de San Antonio, con la única salvedad de que correrían

por su cuenta “las reparaciones necesarias para conservarlas en buen estado” 18.

Tantas consideraciones ni siquiera se tuvieron con Gil Rangel, a quien sólo se le daba la tercera parte

de la semilla para la primera siembra, aparte de trojes, casas para los peones y pasto y rastrojo para

el ganado. En compensación, en uno de los contratos que se firmaron con él, se le dio permiso “para

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19 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1840, s. n., 189-192.20 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1838, s. n., 250-253.

podrá suceder que en algún año no se hiciere la siembra, o porque las lluvias fueren tan escasas que no tuviere bastante agua la presa, o porque ésta padeció alguna avería o detrimento, o porque sufrió la toma donde se conduce el agua; en estos tres casos será reemplazada la siembra, haciéndola al año siguiente. 20

formar en el arroyo de Mesillas, dentro del potrero del Polvo, una cortadura o toma de agua”, y para

sembrar un terreno perteneciente al rancho de La Laguna, de cuyos productos entregaría a la hacienda

sólo la tercera parte. Además, los peones de Rangel podrían disponer de un terreno de diez fanegas de

temporal, en el cual sembraban pequeñas cantidades de maíz y frijol19.

Llegado el tiempo de las cosechas se procedía al reparto de los frutos. El grano, la paja y el rastrojo se

partían por mitades, aunque a veces el rastrojo se quedaba en su totalidad para la parte de la hacienda. El

trigo era recibido en los aventaderos, ya limpio o “afinado”, mientras que el maíz se entregaba, pizcado

y en mazorca, a orillas de las sementeras. Levantada la primera cosecha, el mediero tenía obligación

de reintegrar a la hacienda las semillas que había recibido en préstamo, aunque se hacían excepciones

cuando algún siniestro impedía levantar buenas cosechas. En una de las cláusulas del contrato celebrado

con Agustín Romo se señalaba a este respecto:

Ventajas del sistema

En resumen, puede decirse que los sistemas de mediería y arrendamiento permitieron a los Rul aprovechar

las tierras de su vasto latifundio. Era un método cómodo, casi carente de riesgos, que aseguraba la

percepción de un ingreso anual fijo. En otras palabras, un recurso ideal para una familia de propietarios

que vivía lejos de sus haciendas y una época aquejada de inestabilidad.

El uso prolongado de estos métodos, lejos de deteriorar las haciendas, supuso la incorporación de

grandes cantidades de tierra al cultivo y la integración de nuevas unidades productivas. A principios

del siglo XIX, cuando Diego Rul compró las haciendas de El Saucillo, San Jacinto y Ciénega Grande,

eran pocas las tierras cultivadas y de escasa consideración las mejoras, con la señalada excepción de

la presa de El Saucillo. A mediados de ese mismo siglo, en vísperas de su disolución, el latifundio

incluía una cantidad notable de ranchos bien acondicionados, sin contar las mejoras practicadas en

las haciendas principales. Lo más interesante es que todas esas mejoras fueron

hechas y costeadas por los arrendatarios y medieros, en los términos de un plan

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bien pensado de expansión y robustecimiento.

Ello parece claro a partir no sólo de las reparaciones y obras de acondicionamiento mencionadas, sino

sobre todo por algunas cláusulas de los contratos de mediería y arrendamiento, que demuestran que uno

de sus propósitos declarados era mejorar la capacidad productiva del latifundio. El mediero Agustín

Romo, por ejemplo, se obligó a sembrar sesenta cargas de trigo en terrenos de la hacienda de El Saucillo

y a “procurar el ir aumentando paulatinamente la siembra en el derramadero del arroyo y terrenos

contiguos... sin omitir esta operación, porque ha sido uno de los principales intereses que se propuso la

hacienda al conceder en las mencionadas medias”21.

Otro efecto que tuvo la decisión de los Rul de ceder en arrendamiento y mediería las haciendas y

ranchos de su latifundio fue el fortalecimiento de los sectores medios rurales. En palabras del viajero

Ward (1981: 436), esta “numerosa clase de propietarios menores” estaba muy extendida por el país,

era gente que “durante toda su vida cultivan el lugar que los vio nacer y transmiten de generación

en generación una hacienda, que los sostiene a ellos y a sus hijos con comodidad y en una opulencia

relativa”. El gobernador de Zacatecas Francisco García Salinas (1830, pp. 57-58), un federalista radical

que inicio sin éxito una campaña contra la gran propiedad eclesiástica, decía que los pequeños labradores

se distinguían por su laboriosidad y el empeño que ponían en el cuidado de sus posesiones; de su

trabajo obtenían la subsistencia de sus familias y en él fincaban la esperanza de “mejorar su suerte”. Los

sectores medios rurales desempeñaban un rol crucial de articulación entre la gran hacienda y diversas

formas de la economía campesina. Por un lado, los grandes arrendatarios pagaban rentas en efectivo y

proveían a las haciendas de mano de obra, lo que aseguraba los equilibrios en la parte alta de la pirámide

social; por el otro daban trabajo a los campesinos, los abastecían de los satisfactores más indispensables

y aseguraban su subsistencia. De esta manera, eran la garantía más visible de cierta cohesión social en el

campo y cerraban o por lo menos disimulaban la abismal brecha existente entre los grandes propietarios

y “la pobrería” (VAN YOUNG, 1992, pp. 249 y ss.).

21 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1830, s. n., 250-253. (El énfasis es mío.)

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Sistemas de riego

A lo largo de la época colonial, en todo el Bajío los agricultores desarrollaron soluciones técnicas

adaptadas al “aprovechamiento de los distintos tipos de agua”, de lo cual son evidencia “los restos de

presas, canales, bordos y cajas de agua” que se pueden ver todavía (SÁNCHEZ, 2005, p. 75). Durante

su viaje por la Nueva España, Humboldt (1978, p. 256) había observado que “la extrema sequedad a

que está expuesta la Nueva España desde el mes de junio hasta el de septiembre, precisa a los habitantes

de una gran porción de aquel vasto país a valerse de riegos artificiales”; las obras de riego eran “objetos

de la mayor importancia para la agricultura mexicana”, aunque lamentaba que hubiera en el país tantos

ingenieros versados en “las artes que deleitan la imaginación” y muy pocos “sujetos capaces de construir

máquinas, diques y canales”. En muchas haciendas “el valor de las obras de infraestructura hidráulica

llegó a representar un alto porcentaje del valor total de la propiedad”, “lo que se compensaba por el

hecho de que las tierras irrigadas subían de valor (VON WOBESER, 1983, p. 82).

Las haciendas y ranchos de la familia Rul, que formaban por el Norte una especie de última prolongación

del Bajío, disponían de todo un complejo de obras destinado a la conservación del agua y el riego de

las tierras, el cual fue objeto de constantes y metódicas mejoras durante la primera mitad del siglo XIX.

Este conjunto de obras hidráulicas amparaba en cierta forma una comunidad de regantes (ABOITES,

1998, p. 39), formada en términos de propiedad legal por la familia Rul, pero gestionada por sus

arrendatarios y medieros. Muchas obras, algunas insignificantes pero sobre todo las de mayor entidad,

fueron pormenorizadamente reseñadas en los contratos de mediería y arrendamiento.

Lo mismo que en todas las grandes haciendas de Aguascalientes, Zacatecas y en general del Norte de

la meseta central mexicana, las de la familia Rul disponían de grandes presas de calicanto, que eran las

obras de riego más costosas y visibles pero no necesariamente las más provechosas. La del Saucillo

tenía una, construida en el siglo XVIII, que era capaz de almacenar seis y medio millones de metros

cúbicos de agua, lo que la convertía en la más grande del valle de Aguascalientes, superior incluso

a la de San Blas, perteneciente a la vecina hacienda de Pabellón. Ambas se beneficiaban de

los escurrimientos que bajaban de la Sierra Fría en las épocas de lluvia. Un

propietario que la conocía bien y que personalmente había estudiado el régimen

pluviométrico de la región pensaba que se trataba de una costosa pero hasta cierto

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punto inútil mejora, porque sólo se llenaba “cada seis o siete años” (VELÁZQUEZ DE LEÓN, 1880).

Llena a su máxima capacidad, proporcionaba riego a 350 fanegas de tierra.

Al lado de esta gran presa había otras, más pequeñas, menos costosas pero con frecuencia más útiles. La

hacienda de Ciénega Grande tenía cuatro: Víboras, Coyotes, Viudas y la “presita” del potrero del Ojo

de Agua. Sus cortinas eran hechizas, en pequeños tramos de calicanto, pero sobre todo de piedra con

barro o de simple tierra reforzada con una “costilla de piedra”. La mayor era la de Víboras, cuya cortina

medía en total 250 varas de largo y “socorría” 17 y media fanegas22. Debe ponderarse la utilidad y bajo

costo de estas obras, pero también su carácter precario, pues sus cortinas de lodo con piedras fácilmente

eran arrasadas por las avenidas de los ríos y las tormentas. En todo el Bajío, durante la época de lluvias

“estos artificios eran comúnmente destruidos y en la siguiente temporada se reconstruían” (SÁNCHEZ,

2005, p. 76).

Un tercer tipo de obras eran los estanques (que en los documentos aparecen también mencionados como

bordos o cajas de agua), embalses de poca profundad pero a veces muy largos que retenían el agua de

algún manantial o pequeña corriente. La hacienda de Ciénega Grande tenía seis, el mayor de los cuales

era el de San Gil, construido en el curso del río de este mismo nombre. Su bordo era de tierra con costilla

de piedra y en sus diversos tramos alcanzaba una longitud de 350 varas.

Finalmente estaban las norias, que en la región de estudio eran pozos de escasa profundidad perforados

en las cercanías de los ríos. Lo mismo que en el Bajío, los mecanismos gracias a los cuales se elevaba el

agua “eran variados”, pero tenían en común su sencillez y bajo costo (SÁNCHEZ, 2005, p. 85). No es

una casualidad que en el curso del río San Pedro estuvieran muchos de los ranchos más productivos del

latifundio, como Soledad de Arriba, La Punta, Agua Zarca, Providencia y San Pedro. En todos ellos había

22 AHEA-FPN, Not. Candelario Medina, 1874, s. n., 210-263.

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23 AHEA-FPN, Not. José María Medina, 1849, s. n., 115-118.24 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1827, s. n., 123-128.

norias o “tajos” cuyas aguas se aprovechaban para el riego mediante sencillas obras de canalización que,

aprovechando la pendiente del terreno, llevaban por gravedad el agua a las siembras. Con el propósito

de evitar abusos, en algunos contratos se establecía la distancia mínima que debía haber entre la noria y

el cauce de los arroyos o ríos. Por ejemplo, el arrendatario del rancho llamado precisamente El Río tenía

prohibido perforar norias “a menos distancia de sesenta varas de los bordos del río”, pues de esa manera

no disminuiría “el remanente de que disfrutan”, aguas abajo, San Antonio y otros ranchos. Además, sólo

podría hacerlas “en el tiempo de agua”, o sea, durante la temporada de lluvias23.

Las obras de riego y el aprovechamiento de las aguas eran objeto en los contratos de numerosas

precisiones, lo que de alguna manera remite al “valor político” del agua en tanto que recurso que ayudaba

a determinar la preponderancia de los actores en las diversas regiones del país (ESCOBAR, 2005, p.

157). Hay que tener en cuenta, además, que desde la más temprana época colonial el “mantenimiento

de la infraestructura” hidráulica fue causa frecuente de conflictos (TORTOLERO, 2000, pp. 47-48),

situación que se prolongó y agravó durante las primeas décadas independientes, como lo ha documentado

Berumen (2005, pp. 143-153) para el caso de algunas haciendas de Jerez, un poco más al norte de la

región de la que hablamos. El contrato de arrendamiento de la hacienda del Saucillo que se firmó

en 1827 con los hermanos De la Vega, por ejemplo, precisaba que los inquilinos recibían “la presa

bien acondicionada y sin lacra alguna en toda su altura; sus tablones sanos y regulares como también

corriente y buena la llave del agua para el molino”24.

En el contrato de arrendamiento de esa misma hacienda firmada con los hermanos Galván en 1851 se

precisaba la obligación de éstos de reedificar “la pileta o presa de calicanto que sirve para tomar el agua

del río con que se hace el regadío y que hoy no existe porque hace dos años la derribaron las avenidas

y cuya obra ha de quedar concluida en mejor estado de lo que era antes”. Además, concluirían la obra

“del Estanque Blanco, nivelándolo en su longitud, la cortina de calicanto y de su nivel ha de alzar

cinco varas, echándole cortina de calicanto en su desagüe, ya sea que se le echen uno o dos, así como

en la compuerta o compuertas que el representante (de la señora Rul) juzgue sean necesarias”. Se

precisaba que deberían cambiar “el calicanto viejo hasta desembarazar el cauce del río”, pues

se pensaba que por esa razón se había cegado un ojo de agua. Los gastos que

se harían en esas obras importarían sin duda “una cuantiosa suma”, razón por

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la cual se hacía una rebaja de mil pesos en la renta anual 25.En todo el Bajío, desde la época colonial

el mantenimiento de la infraestructura agrícola, lo que incluía desazolvar las presas, reconstruir sus

cortinas, limpiar los acueductos, etc., era una tarea que recaía sobre los propietarios, nunca sobre

alguna instancia gubernamental, y en este sentido los acuerdos entre los propietarios y entre éstos y sus

arrendatarios jugaban un papel fundamental (MURPHY, 1986).

En un contrato de aparcería del potrero del Polvo, perteneciente a la hacienda de San Jacinto, se precisó

que el aparcero usaría “en el riego de las sementeras” una “toma de agua” que había “en el río de la

hacienda”, abriéndola y cerrándola “cuando y como le parezca”26. En un contrato del mismo tipo, pero

referido a una siembra de trigo en el rancho San Antonio, se especificó que las tierras “que se riegan o

socorren con su presa (de la hacienda) y con los tanques de la Víbora y la Cruz” serían sembradas “a

medias con la hacienda”, mientras que “en las demás tierras de temporal” el aparcero podría sembrar

“la cantidad que quisiera” y que de lo cosechado “no le tocará a la hacienda la mitad, sino la tercera

parte”. Además, se preveía que el aparcero podría usar el agua “no solamente para trigo, sino para otras

especies de siembra si le parecieren más útiles”27.

Como el temporal era siempre impredecible, en algunas ocasiones se tomaban medidas al respecto. En

el contrato para una siembra a medias que se hizo con Agustín Romo en 1830 se estableció lo siguiente:

“Podrá suceder que en algún año no se hiciese la siembra, o porque las lluvias fueron escasas que no

tenga bastante agua la presa o porque ésta padeció alguna avería o detrimento, o porque lo sufrió la

toma donde se dirige el agua”. En todos esos casos, se aclaraba, la siembra prevista originalmente sería

reemplazada28.

Con respecto a las obras de riego de las haciendas y ranchos concedidos en arrendamiento o aparcería,

puede decirse que las presas pequeñas, los estanques y norias eran más útiles que las costosas presas

25 AHEA-FPN, Not. José María Villalobos, 1850, s. n., 185-192.26 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1839, s. n., 240-242.27 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1840, s. n.., 189-192.28 AHEA-FPN, Not. José María Calvillo, 1838, s. n., 250-6253.

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de calicanto, cuya gran capacidad era hasta cierto punto virtual, en la medida que estaban sujetas a

los caprichos del temporal. Al aludir a este problema, el Ing. Velázquez de León (1887) hizo notar

la desproporción que había entre la utilidad real de las obras de riego y su costo: al lado de aguajes

aprovechables mediante sencillas obras de ingeniería y pequeñas inversiones había presas de calicanto

en las que se invertían “muchos miles de pesos”, con las que, sin embargo, sólo se regaban “unas

cuantas fanegas”.

Conclusiones

En contra de la idea que se tiene del periodo 1821-1854, en el sentido de que se caracteriza sólo por la

ingobernabilidad, el desorden social y la falta de iniciativas en el ámbito económico, en las haciendas

y ranchos del norte de Aguascalientes y el sur de Zacatecas encontramos una gran actividad, que

descansaba sobre los hombros de los medieros y arrendatarios de la familia Rul. Ellos se encargaron

a seguir abasteciendo las minas de Zacatecas, lo que implicó hacer diversas mejoras en las fincas,

producir grandes cantidades de diversos granos y mantener en funcionamiento los sistemas de riego.

La infraestructura para el riego, integrada por grandes presas de mampostería, bordos, estanques,

norias y acequias, fue objeto de cuidados especiales y de diversas mejoras durante el periodo, como lo

demuestran algunas cláusulas de los contratos de arrendamiento y aparcería. A pesar de las dificultades

propias del periodo, lejos de haber sido abandonada, la infraestructura física de las grandes haciendas,

y en particular las obras hidráulicas, fueron cuidadas y de mejoradas. La ejecución de esas mejoras y su

financiación corrían habitualmente por cuenta de arrendatarios y medieros.

En las haciendas de la familia Rul y en otras muchas de la región, por ejemplo las que formaban el

extenso latifundio de la familia Rincón Gallardo, los medieros y arrendatarios formaban un estrato social

intermedio entre los grandes propietarios, algunas veces no involucrados directamente en la explotación

de sus fincas, y el campesinado pobre. Su presencia y su fortalecimiento prepararon el terreno en el

que se dio un poco después, en el contexto de las guerras entre liberales y conservadores de

mediados del siglo XIX, el fraccionamiento de muchas de esas haciendas. No es

una casualidad que los principales beneficiarios de esos fraccionamientos fueran

precisamente los medieros y arrendatarios de los grandes latifundistas, que a lo

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largo de varias décadas estuvieron preparando el terreno de esa reforma.

Archivos

AHEA-FPJ: Archivo Histórico del Estado de Aguascalientes, Fondo del Poder Judicial.

AHEA-FPN: Archivo Histórico del Estado de Aguascalientes, Fondo de Protocolos Notariales.

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Vol. 7, Nº 1journal homepage: www.revistaagendasocial.com.br ISSN 1981-9862

CANALeS fANTASMAS eN eL “DeSIerTo HUArPe”. rIeGo LeGAL, DISCUrSoS eCoLóGICoS Y AProPIACIóN DeL AGUA

eN CUYo, ArGeNTINA, SIGLoS xIx - xx

Diego Escolar [email protected]

En la provincia de Mendoza, situada en la región de Cuyo del centro oeste argentino, se encuentran poderosos oasis donde conviven las ciudades y el desarrollo agrícola intensivo, sobre todo vitivinícola. Estos oasis han sido conformados luego de largas disputas por el dominio del agua y por el control territorial entre las elites primero coloniales y luego republicanas y las poblaciones indígenas y/o campesinas. Durante la formación y la expansión de estos oasis agrícolas se desarrollaron discursos que legitimaron la apropiación del agua en detrimento de indígenas y campesinos, y la represión de sus rebeliones, argumentando un orden natural por el que las áreas ocupadas por ellos constituían un “desierto” y que no utilizaban racionalmente el agua. Sin embargo queremos mostrar cómo en gran medida el “desierto” fue políticamente y discursivamente producido por las elites políticas y económicas locales, elaborando discursos socio ambientales, legislando sobre el agua en favor de los grandes propietarios privados, no reconociendo legalmente e invisibilizando determinadas prácticas de riego y usos hídricos, y borrando las historias políticas locales. Uno de los casos más notables fue el de las Lagunas de Guanacache, donde comunidades indígenas y campesinas mantuvieron una importante autonomía política y territorial hasta mediados del siglo XIX. A pesar de la complicada hidrografía que caracterizaba al área con amplias extensiones de médanos, algarrobales y lagunas, las poblaciones de Guanacache tenían complejos sistemas de regadío y de administración ecológica que no sólo no fueron oficialmente reconocidos, sino activamente desabastecidos por las elites criollas e inmigrantes europeos a finales del siglo XIX. En el presente artículo analizamos en primer lugar las disputas político-territoriales entre las poblaciones de Guanacache y las elites gobernantes hacia mediados del siglo XIX, en segundo, las consecuencias socio-territoriales e hídricas generadas a partir de la concentración del agua administrada bajo la Ley de Aguas de 1884 y por último los sistemas principales de riego y manejo hídrico en gran medida invisibilizados o subestimados hasta la actualidad.Nuestra metodología se basó en un prolongado trabajo de campo etnográfico en el área, el análisis historiográfico y de memorias orales y el relevamiento de superficie en el terreno y a través de imágenes satelitales de los restos de sistemas de riego en el área de Guanacache.

re

SUM

eN

PALABrAS CLAVeS sistemas de riego, luchas por el agua y la tierra, poblaciones indígenas, Mendoza (Argentina).

Leticia [email protected]

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Introducción

Los sistemas de regadío de las actuales provincias de Mendoza y San Juan en la región argentina

de Cuyo, al este de la Cordillera de los Andes, tienen una larga historia que se remonta al período

prehispánico. A su llegada a la región —perteneciente hasta 1776 al Reino de Chile— a mediados del

siglo XVI los españoles habrían encontrado prácticas de riego cuyos antecedentes más antiguos en la

región databan de más de 1500 años antes. Aunque no disponemos de descripciones concretas de estas

prácticas, ha sido aceptado en general que los conquistadores se apropiaron de la infraestructura de riego

existente, realizada presumiblemente por los huarpes o los incas durante su expansión hacia el sur, en

los valles donde fundaron las ciudades de Mendoza y San Juan, y la expandieron luego para incorporar

nuevas zonas cultivables, desplazando de su control a los indígenas. Este hecho es el primer referente

de mitologías provinciales de regadío que lo plantean como hazaña épica que asocia el desarrollo de las

comunidades mendocina y sanjuanina modernas a una lucha secular de los descendientes de colonos

españoles, y mucho más tarde italianos, contra la naturaleza y su población autóctona.

Este carácter mitológico del riego, sin embargo, no está dado sólo en tanto metáfora poderosa y eficaz

de los procesos civilizatorios provinciales sino más bien, en el sentido de Turner (1988), por ocultar

la agencia social y política de tal proceso presentándolo como fruto de determinaciones externas o

esotéricas a la acción social conflictiva de los humanos. En este sentido, el clima, el paisaje, la escasez, la

racionalidad, y no la violencia colonial, el desarrollo de una economía capitalista y las disputas político-

territoriales y sociales entre clases, facciones y grupos étnicos con desigual poder fueron constituidos

como causas universales y evolutivas del desarrollo de los sistemas de riego de las provincias de

Mendoza y San Juan.

El control y distribución del agua es y ha sido en efecto el eje de la economía política regional desde

la colonización de Cuyo, al punto que en 1948 el dirigente comunista mendocino Benito Marianetti

aseguraba que había que redefinir el concepto de latifundio para su provincia, ya que si bien las

propiedades de viñas eran de superficie pequeña comparadas con las estancias ganaderas de otras

provincias, tenían 10 a 20 veces más valor en caso de tener disponibilidad de agua (Marianetti

1948: 20-21).

Se considera habitualmente que el paisaje regional es un gran desierto interrumpido

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por un limitado conjunto de oasis, naturales y artificiales, los cuales habrían sido aprovechados por la

estructura de regadío para el desarrollo de la vid y la producción de las forrajeras para el engorde del

ganado que se trasladaba al mercado chileno cruzando la Cordillera de los Andes. En este sentido los

oasis, como emporio productivo, han acaparado la atención de las investigaciones de historia regional

otorgándosele un tratamiento marginal al estudio de las economías, prácticas sociales y culturales de los

grupos que habitaban fuera de ellos.

En las extensas áreas fuera de los oasis de regadío artificial, sin embargo, también se desarrollaron en

forma significativa la ganadería y la agricultura. Si bien se trata de ambientes semiáridos, estos incluían

grandes humedales, bosques de clima seco, pasturas y diversas especies vegetales aprovechadas para

el pastoreo en “campos abiertos”. Una de las zonas más importantes por su capacidad productiva y por

su ubicación intermedia entre las ciudades de San Juan y Mendoza eran las lagunas de Guanacache.

Se trataba de un gran complejo palustre de lagunas en la llanura al este de la Cordillera de los Andes,

formado por la descarga de los ríos Mendoza y San Juan aguas abajo de los principales y más poblados

oasis de riego de la región. El área fue reducto de los huarpes, aborígenes desplazados de los oasis

centrales y escapados de las masivas levas hacia Chile entre los siglos XVI y XVII. Si bien sufrieron

persecución y se instalaron transitoriamente en establecimientos pesqueros y ganaderos, los huarpes,

luego denominados “indios laguneros” o “laguneros”, pudieron mantener una relativa autonomía

política y cultural en comparación con los indígenas incorporados en las áreas de oasis con los cuales

sin embargo mantenían relaciones. Esto fue posibilitado por la abundancia de recursos y la dificultad de

acceso de los españoles por la compleja y cambiante hidrografía, los extensos medanales sin fuentes de

agua y la espesura de matorrales y bosques áridos que las circundaban por aproximadamente un millón

de hectáreas.

Hasta principios del siglo XX los laguneros subsistían y comerciaban con la abundante pesca, cazaban

aves acuáticas, guanacos, liebres criollas, quirquinchos, comían huevos, frutos, tallos, raíces y bulbos

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silvestres, criaban ganado mayor y menor y sembraban maíz, trigo, zapallos y otros vegetales, además

de obtener sal y madera. Sin embargo, desde el siglo XIX comenzó a acentuarse un proceso (que ya se

producía desde el siglo XVIII) de merma en los caudales de agua que arribaban al complejo palustre.

Esto ocurrió principalmente por la apropiación de las aguas de los ríos en los oasis centrales y se

potenció hacia fines del siglo XIX cuando la economía mendocina se volcó en forma masiva e intensiva

al desarrollo vitivinícola en gran escala1.

Como emblema del proceso civilizatorio regional, el sistema de riego mendocino fue representado

como el despliegue exitoso de una racionalidad técnica universal que se habría impuesto fatalmente

sobre el paisaje y la sociedad local. Sin embargo, poco se ha discutido sobre el carácter político del

desarrollo del sistema de regadío, en particular durante su institucionalización desde la década de 1880.

La ley de Aguas de 1884 estableció derechos de agua vinculados a la propiedad privada de las tierras

que dieron por resultado la concentración de grandes volúmenes para los principales terratenientes y

la distribución del resto a colonos, generalmente europeos, favorecidos por el Estado Provincial. Esto

propició aún más la intensificación de los oasis de regadío centrales en detrimento de las áreas sin

derechos de agua, a través de infraestructura hidráulica destinada a la captación de todo remanente

posible del recurso, en detrimento de la provisión de agua a las áreas de “desierto”. La cada vez mayor

captación de agua (a partir de diques derivadores de los principales ríos), que dejaba sin agua a las partes

más bajas de la cuenca, fue promovida apelando a la idea de que el uso para la vid era más racional

en términos económicos que su pérdida en el “desierto”. Zonas enteras con sistemas de riego en uso

pero cuyos ocupantes no obtuvieron el reconocimiento del derecho, fueron dejados fuera del sistema

oficial, el cual más tarde se desentendió de su alimentación. El área de las lagunas de Guanacache fue

la más afectada. A partir de diversas formas de aprovechamiento de agua fluvial, aluvial, pluvial y de

Este proceso guardó estrecha relación con la consolidación del Estado nacional y los estados provinciales modernos tras la derrota de proyectos autonómicos del interior del país y de insurrecciones campesinas que culminaron en largas guerras civiles que habían comenzado en la década de 1820 y que tuvieron a las lagunas de Guanacache como uno de sus más duraderos focos de tensión. La derrota de las montoneras tardías, sus aliados políticos y el control político y territorial del área posibilitaron el acelerado desecamiento de las lagunas. Sin embargo antes, a lo largo y aún después de la larga etapa de luchas civiles, los laguneros peticionaron y demandaron al gobierno mendocino por

la creciente apropiación de sus tierras y el agua, mientras mantenían y adaptaban su economía y las técnicas de riego a las cambiantes condiciones. Ya desde la fundación de Mendoza se habría producido un ocultamiento de las prácticas nativas de riego en documentos oficiales para no dar lugar al reclamo de derechos territoriales e hídricos. En las Actas Fundacionales de Mendoza no se menciona la existencia de un sistema de riego artificial. Según Ponte (2005:22) probablemente para no invalidar el acto fundacional reconociendo la preexistencia de asentamientos indígenas en el área. En cambio considera que sí se reconoció la existencia de canales con nombres indígenas supuestamente asociados a caciques en un Acta capitular del año 1565.

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las napas subterráneas se habían desarrollado complejos sistemas productivos que involucraban no sólo

el riego, sino un completo manejo ambiental. Un continuum de prácticas que implicaban complejos

conocimientos y memorias ecológicas (es decir, de transformaciones y ciclos ambientales del pasado

y su relación con la incidencia humana) y un gradiente en la escala de los objetos e intensidad de las

intervenciones asociaban usos del agua a la producción agrícola, el manejo de la vegetación silvestre,

las características del suelo, el paisaje y la cuenca hídrica.

Debido a la invisibilización de estos complejos sistemas productivos, en el presente artículo nos

proponemos, en primero lugar, exponer los procesos sociales, culturales, económicos y legales

que llevaron y justificaron el secamiento de las lagunas de Guanacache invisibilizando, negando, o

subestimando las formas de riego y producción que sus poblaciones realizaban. En segundo término,

describimos y analizamos las prácticas de riego y de manejo ambiental efectuadas por los pobladores

indígenas de Guanacache que han sido a lo largo de las décadas sesgadas por las elites cuyanas y hasta

por científicos locales que caracterizaron al área como un “gran desierto”.

Nuestro argumento es, primero, que Guanacache –como tal vez otras zonas en la provincia que poseían

cultivos y sistemas de riego— fue dejada de lado en el reparto del agua debido a la ofensiva sobre los

recursos locales de las elites cuyanas durante su hegemonía conservadora entre fines del siglo XIX y la

década de 1930. Segundo, que a pesar de no reconocerse la existencia de “indios” en Mendoza para la

época, esta desposesión del recurso fue justificada por prejuicios étnico-raciales indígenas que operaron

en los niveles decisorios y organismos de gobierno aunque ocultos en discursos que priorizaban el

imperativo de racionalidad económica y técnica universal, desestimando el hecho de que los laguneros

aplicaban una variedad de procedimientos exitosos de

Realizaremos para ello un abordaje metodológico múltiple. Por un lado abordaremos fuentes escritas de

la época, principalmente la Ley general de Aguas de 1884. Por el otro, analizaremos datos etnográficos

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propios de nuestro trabajo de campo en el área, realizado desde 1998, especialmente observaciones en

el terreno de trazas de sistemas de riego y cultivo, análisis de relatos sobre la historia de los mismos y

observaciones y explicaciones de los actores locales sobre sus prácticas de manejo hídrico. A su vez,

complementamos estos datos con fuentes que describieron en distintos períodos el área de Guanacache

y las prácticas locales y con imágenes satelitales del área a partir de las cuales reconstruimos también

en parte la estructura de las obras de riego.

Centralización del sistema de riego, consolidación del estado provincial y tierras indígenas

Las investigaciones locales que abordaron el desarrollo de los oasis mendocinos prácticamente no han

considerado la existencia de sistemas de riego en el área de las Lagunas de Guanacache, como tampoco

consideraron especificidades campesinas e indígenas de sus formas de producción, uso y tenencia de la

tierra e historia política. La literatura especializada asoció en general las zonas de “oasis” y “desierto” a

determinadas prácticas y organización social de la producción, como así también a una tipología social

precisa. Según esta visión, las áreas irrigadas reconocidas oficialmente como tales habrían sido asiento

de haciendas mixtas y fincas, primero forrajeras y luego predominantemente vitivinícolas, administradas

o desarrolladas por las elites criollas o inmigrantes europeos. Las áreas no irrigadas, en cambio, habrían

estado destinadas a la producción ganadera extensiva y sus pobladores serían gauchos o criollos pobres,

eventualmente regenteados por terratenientes (Marianetti 1948, Triviño 1977, Fleming 1977, Abraham

y Prieto 1991, Prieto y Abraham 1994, Bragoni y Richard Jorba 1998).

Las Lagunas de Guanacache fueron consideradas parte de las áreas no irrigadas, y como tales incluidas

dentro de aquellas dedicadas a la ganadería y poblada por criollos pobres, aunque algunos autores

consideren su remoto origen indígena y una historia más o menos remota de actividad pesquera

(Abraham y Prieto 1991; Prieto 1976, Triviño 1977). En ningún caso los pobladores y sus prácticas fueron

caracterizados como un tipo específico para las clasificaciones socioproductivas que la historiografía

ensayó para la provincia, pero las que más se aproximarían sería la de “trabajadores criollos” (en

el pionero trabajo de Ricardo Salvatore, 1986) o la “mayoritaria masa de peones sin ninguna

calificación” de haciendas, y los “pequeños productores de alfalfa y criadores”

(Richard Jorba 2006: 27). A pesar de esta descalificación, Guanacache fue un

área de importante producción triguera y sus habitantes desarrollaron también

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sistemáticamente plantaciones de maíz, alfalfa y cultivos hortícolas. Esta producción se complementaba

con un amplio abanico de prácticas de caza, pesca y recolección, fundamentalmente de vainas

de algarrobo (prosopis) utilizada para el consumo humano y forrajero. También, lejos del supuesto

desapego territorial o la indefinición étnica, sus pobladores poseen una larga historia de lucha por su

autonomía, posesión y propiedad de sus tierras y el mantenimiento de memorias e identificaciones

indígenas huarpes que atravesaron los siglos XIX y XX hasta la actualidad.

Las luchas por el acceso al agua entre indígenas y españoles tienen su origen en el contacto colonial, y

se encuentran documentadas en diversas fuentes. Hacia el siglo XVIII los conflictos por acaparamiento

de agua y desvío de canales de pueblos de indios a haciendas españolas o a tierras de autoridades de

los pueblos constituyen la mayoría de los pocos pleitos promovidos por los Protectores de Indios en

Cuyo de los que ha quedado documentación. Las insurrecciones montoneras de 1860 y 1870 fueron

principalmente provocadas por la creciente expropiación de tierras y aguadas de los antiguos pueblos de

indios desde la década de 1820 (Escolar 2007, 2013 mimeo). Desde finales de esta década, los laguneros

habían conseguido que el gobierno provincial nombrara nuevamente un Protector para defender sus

derechos territoriales. El Protector bregó por el reconocimiento de la propiedad inmemorial de sus tierras

en tanto indígenas, logrando incluso un decreto provincial en este sentido. Sin embargo, a lo largo de las

décadas siguientes el decreto parece no haber tenido demasiado efecto, ya que siguió siendo cuestionada

y usurpada la propiedad de los laguneros, aunque éstos mantuvieron cierta autonomía política basada

en su capacidad militar, poder territorial y negociación con el partido federal. Cuando a comienzos de

la década de 1860 triunfa el partido liberal y antiguos unitarios neutralizando la resistencia federal tras

la batalla de Pavón, se desata una subsiguiente represión del ejército de Buenos Aires en las provincias

interiores. Las lagunas son reiteradamente invadidas y poco a poco va cayendo bajo el control político

de las elites liberales, como luego lo serían todas las áreas de la campaña árida o “travesía” y los

territorios indígenas del sur. En Guanacache la situación de la propiedad continuó siendo litigiosa, con

titulaciones superpuestas o falsos títulos utilizados para especulaciones financieras sobre tierras que

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continuaban sin embargo ocupadas de hecho por los mismos indígenas que habían mantenido las luchas

por el reconocimiento de la propiedad común o sus descendientes.

Hacia principios del siglo XX el núcleo del territorio lagunero no enajenado se había reducido a 125.000

hectáreas de tierras fiscales cuyo centro eran los “campos de Lagunas del Rosario” y los “Campos de

San Miguel”, dos de las tres reducciones de indios de mediados del siglo XVIII, de las aproximadamente

un millón de hectáreas de los reclamos históricos (Marianetti 1948:123, Sabella 1936: 471, Provincia

de Mendoza, Dirección Provincial de Vialidad 1935). Tanto en estas 125.000 hectáreas como en gran

parte del resto del territorio sobre el cual pesaban títulos de diverso tipo, existían entonces prácticas

agrícolas que utilizaban sistemas de canales de riego sacados del Río Mendoza. Pero por un lado la

situación litigiosa de las propiedades, en parte producto de la resistencia histórica de los laguneros, y las

demandas históricas de la tierra como propiedad comunitaria, fueron elementos que coadyuvaron a que

el Departamento General de Irrigación desconociera el sistema de irrigación lagunero y sus derechos

de agua. Según la Ley de Aguas las tierras fiscales, o las que no se encuadraban como propiedad

privada con títulos perfectos (en este caso históricamente habían sido reclamadas como de propiedad

comunitaria) no podían recibir derechos de agua. Los laguneros no tenían reconocidos en realidad

ni la propiedad privada ni la comunitaria. Al no encuadrarse en las formas de propiedad legalmente

establecidas los sistemas de riego no podían ser reconocidos por el Departamento de Irrigación. De

este modo, aunque no en forma inmediata, la LA sirvió como herramienta para terminar de liquidar

demandas y derechos de acceso a los recursos por parte de las comunidades indígenas de Guanacache.

La sanción de esta ley se enmarca en el proceso de reconstrucción de la soberanía provincial, uno de

los principales ejes fue el agua y su centralización tanto espacial como administrativa. La misma fue

encargada por entonces gobernador Rufino Ortega quien, luego de haber obtenido grandes extensiones

de tierra en el sur mendocino por su actuación en la Campaña, le encargó a Manuel Bermejo la confección

de una ley hídrica provincial. Según esta ley, en el marco de un sistema federal, las concesiones de agua

las otorgaba el estado provincial ya que las provincias eran preexistentes a la nación y por ende éstas

conservaban el poder de legislar sobre sus modos y formas particulares de distribución de los

bienes provinciales, entre ellos el agua tanto superficial de ríos y afluentes como

subterránea. Por lo tanto, el agua, sea superficial o subterránea era pública, siendo

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el deber del estado provincial administrarla y dar concesiones de uso. Para ello, la ley creó un único

organismo centralizador, el Departamento General de Aguas, posteriormente Departamento General de

Irrigación, imposibilitando que por ejemplo los municipios o comunidades locales provinciales pudieran

imponer sus propios criterios para la distribución del recurso. Resulta importante que esta institución es

estatal, pero a la vez autárquica y autónoma, pudiéndose dar sus propios reglamentos y financiándose

con los pagos obtenidos en concepto de derechos de agua.

Fundamentalmente, la Ley de Aguas (LA) estableció cuales eran los terrenos que recibirían agua de

riego, a qué clase de personas o grupos sociales se les otorgaría derechos de agua y cuál era el tipo de

relación social legítima con la tierra. En principio, las concesiones fueron adscriptas no a personas sino

a las propiedades, a la tierra. Es decir que los terrenos que fueron destinados al riego no variarían por

más que sus propietarios cambien o se subdividan las tierras, estableciendo un recorrido fijo del agua

por los canales y las tierras a irrigar3. Los propietarios podían vender sus tierras, pero junto con ésta

transferían el derecho al agua. Asimismo, dicha ley postulaba dos tipos de concesiones, una perpetua,

titulada “Derecho definitivo” y otra temporal, denominada “Derecho eventual”. Los derechos definitivos

se dieron a quienes ya habían obtenido concesiones de agua en etapas previas a la formulación de la ley,

como en la época colonial a partir de las mercedes de tierras otorgadas por la Corona sobre las aguas

de su iura regalia o por el propio Estado luego de la Independencia y antes de la LA de 1884 (Pinto et.

al. 2006). Estas medidas llevaron a que los derechos definitivos de agua correspondieran al área que

había sido ocupada por los españoles y posteriormente por las poblaciones post-independencia, ambas

situadas en las principales áreas urbanas. Asimismo y para impulsar la vitivinicultura, por el artículo 17

de la LA, también se otorgaron concesiones definitivas a aquellos terrenos situados al oeste de la ciudad

y que se comprometían a tener cultivos de vid.

3 El artículo 14 de la LA establece que “el derecho de aprovechamiento del agua es inseparable del derecho de propiedad sobre todo terreno cultivado o que se cultive en la provincia” y más adelante, en el art. 25 de la misma ley se aclara que las concesiones de agua no pueden ser embargadas ni enajenados si no juntamente con el terreno para el que fue concedida. Ambos artículos demuestran la relación de la propiedad privada de la tierra con la propiedad privada del agua por más de que también en la LA haya una serie de artículos que indiquen cuándo el agua es de dominio privado y cuándo de dominio público, siempre teniendo presente que toda concesión la otorga el Estado provincial a las propiedades privadas.

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Los derechos definitivos se otorgaron hasta la primera década del siglo XX a aquellos propietarios con

cultivos ya pautados, sin volver a actualizar estos derechos hasta el día de hoy. Los eventuales, por su

parte, fueron otorgados hasta mediados del siglo XX a los propietarios instalados en las áreas periféricas

a los oasis centrales siempre y cuando acreditaran la propiedad. Por lo tanto esta ley benefició tanto a

los oasis centrales en donde se consolidaban las ciudades y las propiedades para cultivos de vid, como a

las personas que ya eran propietarios y los inmigrantes europeos que se establecían en estos oasis para

el cultivo de sus tierras. A su vez, aumentó la concentración del agua de riego en el oasis central de

Mendoza generando que el ciclo de llenado de las lagunas se cortara durante períodos de varios años o

se redujeran drásticamente sus contornos y también probablemente el régimen de precipitaciones.4

fIGUrA 1 Canalización definitiva del Río Mendoza representada por el Ing. hidráulico Galileo Vitali. Esta cubre el área de todo el oasis central hasta el sur del Departamento de Lavalle. (Vitali, ([1940]2005)

Abraham y Prieto (1981) afirman que la extinción de los bañados se debió, además de la ampliación de

la infraestructura de riego en el oasis central, a factores naturales como un ciclo de bajas precipitaciones

en la cordillera y la erosión retrocedente que socavó el drenaje natural de la cuenca (río Desaguadero),

impidiendo que las lagunas mantuvieran caudales permanentes (Abraham, Prieto, 1981). Sin

embargo, creemos que estos factores naturales no alcanzan a explicar la decadencia

económica y política de los laguneros a fines del siglo XIX y principios del XX

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que continuaban utilizando los caudales del río Mendoza para regar e inundar áreas de cultivo y campos

de pastoreo, aspecto escasamente estudiado hasta el momento y que desarrollaremos en el próximo

subtítulo, y el énfasis en los mismos resta importancia suficiente a la historia política y étnica de la

distribución del agua de riego en la provincia, factores a nuestro juicio determinantes en la construcción

del “desierto” de Guanacache.

Esta ley constituyó el corolario de un conflictivo y poco estudiado proceso de desposesión de la tierra

y del agua a poblaciones campesinas e indígenas en toda la provincia intensificado desde comienzos

del período independiente. En las Lagunas de Guanacache es tal vez más visible que en otras zonas la

manera en que confluyeron factores jurídicos, culturales y ambientales, pero eminentemente políticos,

para concluir con la “desertificación”5 del desierto.

Los canales fantasma: historia y memoria de los “caciques huarpes” laguneros de las primeras

décadas del siglo XX

Las estadísticas con que contamos muestran que en la segunda mitad del siglo XIX existía en el área una

importante producción triguera además de ganadera e ictícola. El área era cultivada mediante diversas

técnicas de regadío. Martin de Moussy en su Descripción geográfica y estadística de la Confederación

Argentina comenta que los habitantes de las lagunas “la mayoría antiguos indios huarpes” extraen

algunos canales de riego del Río Mendoza para cultivar, aunque la mayor parte de sus sembradíos los

realizan en las orillas de las lagunas tras sus desbordes (De Moussy 2005[1860]:463).

5 Citamos críticamente este término en el sentido de la Convención Internacional de las Naciones Unidas de Lucha contra la Desertificación que la entiende como “la degradación de las tierras en zonas áridas, semiáridas y subhúmedas secas resultante de diversos factores tales como las variaciones climáticas y las actividades humanas” (CCD/PNUMA, 1995). Para el área de Guanacache, la desertificación ha sido entendida básicamente como producto del sobrepastoreo y la deforestación (Abraham 2002: 28). Desde la perspectiva de la desertificación, sin embargo, a menudo se tipifica la problemática ecológica como un problema técnico y no político o de disputa de derechos, trasladándose la responsabilidad del deterioro ambiental a las poblaciones locales y sus prácticas cotidianas, más que a las condiciones políticas, sociales e históricas que generaron constricciones sobre su economía.

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6 Archivo Histórico de Mendoza Carpeta 575 bis Documento N° 17.

Sin embargo, en las fuentes observamos también descripciones contradictorias que definen a las tierras

laguneras como incultivables o yermas, y que se vinculan con las representaciones instaladas en Mendoza

que califican al área como “el desierto”. Si atendemos por ejemplo el pleito promovido por el Protector

Juan Escalante entre 1831 y 1835 notamos que la instalación de la noción de que el área era yerma e

inútil para el laboreo estaba asociada también a una estrategia para la obtención del reconocimiento de

la propiedad indígena por parte del gobierno provincial. Si bien el pleito también recoge quejas de los

laguneros sobre la usurpación de tierras de sembradío, el propio alegato de Escalante enfatiza el carácter

inculto e infértil de las tierras reclamadas. Para discutir los reparos del fiscal sobre la gran extensión

de los terrenos reclamados, afirmó que este argumento sólo podría aplicarse a tierras de labranza, pero

que las reclamadas eran yermas, sin agua y sólo servían para el pastoreo: “terrenos como éste en que

no puede intervenir la mano del hombre” es forzoso distribuirlos, escribió, “en secciones tanto mayores

cuanto es su esterilidad”. Las tierras en cuestión se compondrían de “inmensos medanales, inmensas

travesías, elevados cerrillos de arena, sin más agua que la eventual del cielo” lo cual explicaba “esa vida

errante de los ganaderos y esas chozas tan deleznables y como provisorias en que los vemos habitar”6.

A partir de fuentes escritas, orales y de los propios vestigios que actualmente quedan en el terreno

podemos afirmar que existieron diversas prácticas de riego en Guanacache que si bien sólo se encuentran

documentados para el siglo XIX, probablemente tengan antecedentes más antiguos.

En primer término, el riego por inundación. El complejo palustre sufría cíclicamente importantes

variaciones en la cantidad de agua recibida de los ríos San Juan, Mendoza y Tunuyán, alimentados por

el deshielo cordillerano. Si bien existieron lagunas permanentes, era habitual que sus contornos variaran

sustancialmente cada una determinada cantidad de años, expandiéndose y contrayéndose. Además, se

producían variaciones de acuerdo a inundaciones estacionales durante el verano a raíz del deshielo

estival de la Cordillera de los Andes. El trigo se sembraba en los bordes del lecho de las lagunas, una

vez que estos habían sido cubiertos por las inundaciones estacionales. La humedad retenida en el suelo

en los lechos con componentes arcillosos y el limo aportado por el agua de los ríos posibilitaba

una gran productividad del suelo, que producía trigales de hasta un metro y medio de altura,

sin necesidad de mayor riego y con el aporte eventual de las muy esporádicas

lluvias. Estas siembras rendían cosechas de hasta ciento por uno, según narran los

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laguneros, o entre dos a tres toneladas por hectárea (Chirapozu 1924). Un viajero sanjuanino describía

hacia 1924 el sistema de cultivo en el lecho de las lagunas. No hacía mucho tiempo habían estado secas,

aunque en esos años abundaba el agua, y de noviembre a febrero las lagunas se llenaban.

El uso aparentemente indolente que los laguneros efectuaban de la naturaleza se hacía extensivo a sus

siembras domésticas “siendo las patas de las cabras el arado que entierra la semilla en los bañados” A su

vez, a la producción de trigo y cultivos domésticos había que agregarle la “inmensa cantidad de animales

que pacen en los pastizales que aquí crecen” formando “una riqueza espontánea importante” (Chirapozu

1924:261).A medida que se profundizaba la captación del agua del río Mendoza y de acuerdo a los efectos

de las cíclicas sequías, en las primeras décadas del siglo XX las lagunas se secaban completamente a lo

largo del año cada vez con mayor frecuencia, volviéndose a llenar total o parcialmente en el verano, y

se sucedían años sin que el agua afluyera. El trigo se sembraba directamente en el lecho de las lagunas,

a veces hasta dos y tres años seguidos con posterioridad a la última crecida. Este sistema se utilizaba

también para el resto de los cultivos, principalmente el maíz y zapallo, siendo posible hallar incluso

en fechas recientes, como hemos podido comprobar, algunos pequeños sembradíos de este tipo que

aprovechan avenidas extraordinarias de agua que llenan muy esporádicamente algunas lagunas.

Dentro de los procedimientos de riego se encontraba el direccionamiento del agua aportada por

inundaciones repentinas o crecientes producto de la lluvia. Si bien no son frecuentes, estas precipitaciones

suelen concentrarse en corto tiempo formando corrientes de hasta unos 80 cm de profundidad que

pueden durar dos o tres días. Estas crecientes cubren determinadas zonas de la llanura y se pierden a

gran velocidad en las lagunas y luego en el Río Desaguadero. En las zonas propicias para ello, en general

aquellas más planas y bajas y las que poseen un suelo menos permeable, los laguneros practicaban

diversas obras para encauzar y acopiar parte del agua. Por un lado realizaban “bordos” o promontorios

de tierra con altura suficiente para desviar el agua, cuya función era por un lado proteger de las crecientes

a los establecimientos campesinos y sus viviendas, y por el otro, enviarla a áreas que quedaban fuera de

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los cauces naturales de las crecientes para atravesar otras zonas secas. Esto último significaba “regar

los campos”: es decir, que el agua humectara el terreno inculto para favorecer el crecimiento de las

especies vegetales silvestres o “monte” (arbustos, árboles, pasturas y pencas) cuyos tallos, hojas y frutos

componen el alimento del ganado o humano a través de la recolección, o fuentes de insumos como la

madera, el junquillo y plantas medicinales. Estas técnicas o estrategias se encuentran al límite de lo que

habitualmente es considerado “riego” y se tratan de auténticos híbrido7 natural-sociales en el sentido

de Latour (2007), donde incluso el concepto de cultivo se encuentra limitado para describir la compleja

y a la vez simple interrelación donde la naturaleza cobra un rol protagónico al mismo tiempo que es

aprovechada por adaptaciones humanas “suaves”. En lugar de la intensificación de un recurso, como

el cultivo de una determinada especie, los laguneros incidían en una ingeniería ecológica mucho más

amplia y menos selectiva que apuntaba a incrementar toda la capacidad de producción de un ambiente,

sostener una biodiversidad de especies silvestres utilizadas para muy diversos fines.

Por otro lado, se construían represas de tierra para contener parte del agua de las crecientes y a su vez

regar los sembradíos en períodos secos a través de acequias o bien, en casos extremos, con baldes. Estas

represas aprovechaban los desniveles del terreno para situar el reservorio en un sector un poco más alto,

con el fin de regar por diferencia de nivel. Las mismas se realizaban en áreas de suelo muy arcilloso que

proporcionara un lecho impermeable.

Otro sistema de riego consistía en tomas realizadas directamente del río Mendoza, a través de las cuales

se regaban potreros cercanos. Este tipo de tomas se practicaba sobre todo en los kilómetros finales de

la desembocadura del río en las Lagunas y regaban el distrito principal al sur de la Capilla y Laguna del

Rosario.

Finalmente, existieron también canales que transportaban el agua del río hacia áreas más retiradas

de sus orillas, constituyendo una infraestructura estratégica que permitía sembrar grandes áreas a los

lados del río desde algunas decenas de kilómetros antes de desaguar en las Lagunas. Los últimos

7 Término utilizado por Bruno Latour (2009) para destacar aquellos objetos, paisajes, prácticas y sucesos que son tanto producto de las prácticas humanas como de la naturaleza misma. Continuando esta línea de pensamiento, las sociedades, los grupos humanos se construyen, junto con la naturaleza, por lo que ambos serían inseparables. En este sentido,

por ejemplo el agua y la tierra son elementos dados por la naturaleza, pero al ser disputados, encauzados y reencauzados, utilizados para distintos fines, es que ya no son sólo naturales sino

también sociales y culturales. Ambos elementos son por tanto híbridos, ni sociales ni naturales sino ambos aspectos al mismos tiempo.

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fIGUrA 4 Reservorio de agua con lecho arcilloso, 2009 (Foto Diego Escolar)

canales de los que se tiene memoria y que se encuentran actualmente visibles, tuvieron extensiones

de casi 20 kilómetros, similares a los de algunas áreas del oasis central. Fueron realizados a pala y

rastrón, manteniendo un perfecto nivel, aprovechando en algunas secciones los paleocauces secos del

Río Mendoza y atravesando en otras médanos de arena de varios metros de altitud. De ellos salían

canales secundarios y acequias que derivaban el agua a cuadros de cultivo.

De todos estos sistemas de riego, la literatura disponible sólo ha caracterizado como vigente el

aprovechamiento de la inundación en los bordes de las Lagunas como método tradicional de riego

en el área para los siglos XIX y principios del XX (Rusconi, 1961 I, Abraham y Prieto 1981, 1991).

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fIGUrA 3 Cercado de siembra en el lecho de la Laguna del Rosario, 1998 (Foto Diego Escolar)

Hacia principios del siglo XX la producción agrícola local continuaba desarrollándose, sin embargo,

a pesar de las disposiciones de la Ley de aguas y su consecuente merma de los caudales de los ríos

y el progresivo desecamiento de las lagunas. Por un lado, el desecamiento parece haber aumentado

paradójicamente la capacidad agrícola al incrementarse la posibilidad de cultivar no sólo en los bordes

sino, como hemos mencionado, en los lechos mismos de las grandes lagunas que ya sólo recibían

agua esporádicamente y no tenían caudales permanentes. También aparentemente se pudieron controlar

mejor las zonas inundables a lo largo de la desembocadura del Río Mendoza y al mismo tiempo realizar

canales de mayor amplitud. Varios pobladores del área cooperaban para la canalización de las aguas y la

distribución de “chacras”. Según narran nuestros entrevistados los sembrados se hacían “por familia”.

Cada una parcelaba su siembra haciendo corrales con ramas, uno al costado del otro. Después, el maíz

y el trigo eran almacenados para el consumo particular durante el año y en caso de buena producción, el

trigo se enviaba a moler en el molino de Cochagual, en la vecina provincia de San Juan, que les devolvía

parte de la harina la cual comercializaban luego en la ciudad de Mendoza.

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fIGUrA 2 “Troje” o almacenamiento de trigo en altura para evitar que se humedezca en las zonas aledañas a las lagunas (Foto Carlos Rusconi, 1961)

Hacia el último cuarto del siglo XIX y especialmente primeras dos décadas del siglo XX fue el auge

de la producción triguera en las Lagunas y de la consolidación económica de un elite política dentro de

la comunidad local, de los linajes de origen indígena que habían protagonizado durante el siglo XIX

las demandas de tierras y eventualmente insurrecciones montoneras, que en muchos casos es posible

remontar a los caciques huarpes encomendados en el área o reducidos durante los siglos XVI, XVII y

XVIII.

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Los laguneros “ricos” explotaban grandes extensiones de tierras cultivadas, poseían fincas8 y contrataban

peones para distintas tareas, fundamentalmente la cosecha del trigo, la mayoría de los cuales vivían en

la propiedad. Muchos de ellos poseían hasta 3000 cabezas de ganado vacuno, casas en la ciudad de

Mendoza y se mandaban a confeccionar su ropa de fiesta con las mejores telas importadas y sastres de

Mendoza y Buenos Aires.

Los “ricos” habrían sido líderes de familias locales que hacia 1924 iniciaron trámites de usucapión

que (según la ley) habilitaba a obtener un “título supletorio” de tierras en base a demostrar la posesión

durante veinte años. Estos propietarios son recordados hoy día como los últimos “caciques huarpes”

por algunos pobladores ancianos. Juan Díaz, Florencio Ferreyra, Rosendo González, Justo González,

Maximino Guardia, Anacleto Videla, Juan Manuel Villegas, Martín Morales, Tadeo Mayorga, Rosario

Jofré, entre otros. El fallecido Sixto Jofré contaba que su abuelo Rosario había formado una de estas

grandes fincas, que al igual que las de los oasis centrales incluía 33 hectáreas irrigadas, arboledas de

álamo, frutales, además de seis carros y 1000 cabezas de ganado vacuno. Rosario Jofré, a quien Sixto

definía como un “cacique huarpe muy entero” descendía en forma directa del famoso caudillo lagunero

Santos Guayama9.

En efecto, muchos de ellos habían participado o eran descendientes de los peticionantes o “montoneros”

de las luchas legales o insurrecciones por las tierras y autonomía local en el siglo anterior. Algunos

poseían copias manuscritas y originales de documentos legales (juicios, antiguos títulos, decretos) que

daban cuenta de los reclamos y reconocimientos de tierras indígenas producidos desde el siglo XVIII

(Escolar 2007, 2013 mimeo), con los cuales habían reclamado sus tierras desde la década de 1820.

Eran reconocidos como defensores de la comunidad y sus tradiciones, como protectores solidarios de

los más humildes, y como líderes locales que continuaban a su manera formas de resistencia contra

la expropiación de sus tierras y recursos por parte de la elite terrateniente mendocina y el control por

parte del gobierno, en especial de la imposición tributaria. Pero, monopolizaban también los cargos

públicos locales, sean del estado provincial o de la comunidad local como el de “síndico”

8 Se denomina así en la región a los campos de cultivo intensivo de frutales, vid, o alfalfa mediante riego canalizado, de propiedad privada.9 Líder de las insurrecciones montoneras entre las décadas de 1860 y 1870, las cuales llegaron

a abarcar desde los contrafuertes andinos hasta el centro de la Argentina y la frontera con Bolivia. Rosario, como otros laguneros, había cambiado su apellido Guayama para evitar ser

asesinado luego del fusilamiento del caudillo Santos Guayama en 1879.

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de las capillas de las antiguas reducciones, y las relaciones con el resto de la sociedad provincial o

“los de la ciudad”, como definen hasta hoy día. Habían conseguido o heredado un prestigio, poder

político y capital muy superior al de la mayoría de los laguneros que apenas subsistía, explotando

su posición privilegiada. No excluían por cierto ni la negociación política con actores externos ni la

utilización de ese poder para obtener beneficios y fortalecer su posición al interior de sus comunidades,

y representaban electoralmente a partidos políticos. Las familias ricas no variaban demasiado su modo

de vida, hábitos y vestimenta de las del resto, pero confeccionaban sus trajes de fiesta con sastres de

Mendoza y Buenos Aires con las mejores telas importadas y eventualmente habían comprado casas en

la ciudad de Mendoza.

Por un lado estos líderes laguneros son recordados por algunos como padres solidarios con los pobres,

a quienes les proporcionaban trabajo y comida. También se recuerda que en la época existía mucha

solidaridad entre vecinos, quienes practicaban prestaciones de fuerza de trabajo similares a la institución

andina de la minga, tanto para la “recogida” del ganado semi-cimarrón como para el laboreo de las

tierras10.

Pero paralelamente se dieron formas bastante extremas de control de la fuerza de trabajo, sugestivamente

similares a lo que Beatriz Bragoni (1999) describe para los grandes terratenientes mendocinos del siglo

XIX. Los laguneros ricos se “prestaban” los peones o sus propios hijos para determinadas tareas, o para

trabajar durante unos meses en las propiedades de otro, y durante ese lapso no cobraban salario y apenas

se les daba comida y un poco de ropa. En el caso de los hijos, esto tenía que ver con su educación que

incluía colocarlos fuera del ámbito doméstico en la misma situación que los peones durante un cierto

tiempo, a manos de un “patrón” amigo o pariente lejano.

10 En el diario de la expedición del Museo Etnográfico de la Universidad de Buenos Aires en 1925 a las Lagunas de Guanacache, se menciona cómo en la recolección del maíz concurrían los vecinos, se los gratifica con parte del fruto recogido y se les da de comer, sin brindarles alcohol de ninguna naturaleza (Debenedetti.1925 m.s.)..

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La utilización de canales de riego parece haberse incrementado en esta época, en parte por el auge

de la producción triguera y en parte tal vez por el inicio de una serie de sequías y la disminución y

desecamiento de los caudales del río Mendoza por la apropiación del agua hacia la parte superior de la

cuenca. Desde la construcción de diversos diques, aguas arriba, el Departamento General de Irrigación

distribuía el agua en la red oficial de riego, permitiendo de tanto en tanto que algo de agua sobrante

continuara su trayecto por el Río hasta las Lagunas. Estos “pulsos” sólo duraban unos días, o a veces

unas cuantas horas, en un ritmo que se fue espaciando hasta ocurrir cada varios meses, por lo cual era

menester aprovecharlos al máximo ya que de ello dependía el cultivo de amplias áreas de Guanacache

Hacia 1903 o 1905 varios propietarios o jefes de familias construyeron un gran canal de 20 kilómetros

de largo mediante el cual tomaban el agua del río abasteciendo grandes áreas de cultivo en el norte del

Departamento de Lavalle. Este canal permitía regar por inundación o “manto” las amplias zonas altas

o “La Isla” entre los brazos en que se dividía el río Mendoza antes de desembocar en las lagunas. De

este canal a su vez salían dos ramales paralelos y otros subsidiarios para abarcar el área. Los canales

fueron hechos “a pala y rastrón”, en ocasiones aprovechando antiguos cauces secos y en otros tramos

atravesando médanos, lo cual implicaba un gran esfuerzo colectivo. Más de 100 ó 200 laguneros

participaron de su construcción y luego todos los años los regantes debían coordinarse para mantener

limpios los cauces y evitar que se taparan de arena, para lo cual cada propietario reunía sus peones

y mantenía un tramo del canal. La realización de estos canales posibilitó el aumento de la superficie

cultivada y el mayor control de las áreas de cultivo existentes.

Sin embargo, el principal problema que tuvieron los laguneros es que el Departamento General de

Irrigación nunca reconoció las obras de regadío de Guanacache, ni consideró “riego” legítimo al complejo

manejo hídrico de los laguneros, que incluía los distintos tipos de canales, como las inundaciones

orientadas por “bordos” o “taperas” para el riego de los campos silvestres, la acumulación en represas y

la inundación periódica del lecho de las lagunas. Casi todos estos sistemas se abastecían de los cada vez

más esporádicos “pulsos” o “sobrantes del riego” del río Mendoza, pero el Departamento General

de Irrigación no encontraba ninguna obligación para sostenerlos si esta agua era reclamada

por los regantes legales, o aquellos que podían hacer valer tal condición. Y esto

ocurrió por ejemplo durante las primeras décadas del siglo XX a medida que el

agua escaseaba cada vez más y se fueron expendiendo los oasis vitivinícolas.

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fIGUrA 6 Mapa de ubicación de las áreas de riego históricas en las lagunas de Guanacache y oasis norte actual (realización Facundo Rojas sobre datos de Diego Escolar)

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La escasez de agua hizo eclosión hacia 1936-1937 cuando se produjo una terrible sequía que duró cuatro

años, en la cual los laguneros perdieron animales y fincas. Las lagunas se secaron completamente en

esos años, produciendo también la extinción de las principales especies de peces que todavía explotaban

sus habitantes. En 1942, una gran inundación destruyó el ganado masivamente. Este conjunto de hechos

conllevó a una verdadera catástrofe ambiental e inició el ciclo más duro de la economía local que duró

hasta la década de 1970. Durante las décadas de 1930 y 1940 se produjo la emigración masiva de

los laguneros a las ciudades de Mendoza y San Juan, o hacia zonas agrícolas de los oasis próximos,

quedando muy pocos habitantes en el área. Si bien esporádicamente se produjeron cosechas de trigo

hasta la década de 1960, los canales de riego quedaron en desuso y desaparecieron “las fincas laguneras”,

al punto tal que inclusive científicos intervinientes en el área desconocen su no tan remota existencia.

Pero entre los arbustos y médanos todavía es posible rastrear los antiguos campos de cultivo y canales,

los cuales, estos últimos, todavía transportan agua en épocas de inundación.

fIGUrA 5 Restos de un canal principal de Guanacache tapado con maleza debido a la acumulación humedad, 2010 (Foto Diego Escolar)

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Conclusiones

Los laguneros han interpretado el deterioro de las cuencas hídricas locales y la decadencia de sus

sistemas de riego como una mezcla de fatalidad del destino y de derrota en una guerra social sostenida a

lo largo de siglos con los habitantes “de la ciudad”, las elites mendocinas criollas y luego los inmigrantes

europeos que masivamente ocuparon las tierras de los oasis, los cargos públicos, y dieron contenido

al imaginario moderno de identidad provincial. Al mismo tiempo, vinculado a los cambios sociales

producidos entre fines del siglo XIX y principios del XX, la catástrofe ambiental fue y es representada

como un evento mítico asociado a la “desaparición” de los últimos huarpes, paradójicamente también

para aquellos que hoy se reconocen como sus descendientes.

Sixto Jofré decía, tal vez equivocadamente, que el río Mendoza y “nosotros mismos” no habían

respondido a las circunstancias. Se refería básicamente a que los laguneros no pudieron mantener su

legendaria autonomía y la suficiente fortaleza de su organización comunitaria como para resistir el doble

embate de la naturaleza y de la sociedad. Sin embargo, los “ricos” y también los “pobres” laguneros

reclamaron sin éxito al gobierno y la sociedad mendocina por sus terribles condiciones. En 1937 más

de 100 laguneros llegaron a la ciudad de Mendoza, según recuerdan sus descendientes para pedir por sus

tierras que continuaban siendo amenazadas, ahora por taladores de leña, y la falta de agua. El naturalista

y antropólogo Carlos Rusconi, entonces director del Museo de Historia Natural, dijo que habían venido

para “reclamar algunas mejoras para esas regiones olvidadas”, y que habían conmovido al ámbito

intelectual en el que muchos habían creído ver “a los antiguos huarpes” (Rusconi 1961: 111). Las

entrevistas realizadas por Rusconi a los laguneros en el propio Museo, al cual llegaron trasladados por la

Secretaría de Turismo provincial, motivaron el extenso trabajo etnográfico que desarrollaría Rusconi en

las áreas más periféricas de la provincia, redescubriendo la presencia de los relictos de los campesinos e

indígenas de la región de Cuyo que se suponía “reemplazados” por la civilización pampeana.

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Al mencionar los ranchos perdidos u ocultos entre los bosquecillos de algarrobales de las Lagunas del Rosario, como así también de muy distintos lugares del país, sea de la Mesopotamia, del Chaco, del Occidente argentino, etc., no es posible silenciar el puestito levantado modestamente sobre cuatro palos cubiertos con totora, o bien la estrecha casucha de adobes o de piedras superpuestas (...) En cada río seco, en cada quebrada, abra o vallecito, donde corre un hilo de agua, o haya una surgente de un mallin (...) Creyendo encontrar ahora el inmenso “desierto”(...) no por ello todo es desierto (...) allí, escondido entre las moles andinas lo encontraremos [al puestero]. (Rusconi 1961: 290-291)

La invisibilización del indígena o campesino del “desierto”, como el lagunero, no era unidireccional.

Alternativa o paralelamente se había dado un doble juego de invisibilización de los indígenas y

campesinos junto con la producción de estigmas étnicos y raciales sobre esos mismos actores. Por un

lado, la invisibilización de los “puesteros” del desierto era consustancial al desconocimiento de sus

derechos al agua y a la tierra. Por el otro, cuando se hacían visibles por sus reclamos, la marcación de

una identidad indígena de los mismos emergía como un argumento de denegación de estos mismos

derechos en nombre de la superior racionalidad técnica de la agricultura moderna y de los inmigrantes

europeos que competían por los recursos, por sobre las atrasadas prácticas indígenas de los laguneros.11

La invisibilización de los laguneros fue correlativa tanto a la denegación de sus derechos al agua y

tierra, como a la cristalización simbólica de las Lagunas como “desierto huarpe” en contraste con las

áreas irrigadas que constituyeron el “oasis inmigrante”.

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11 En trabajos posteriores desarrollaremos con mayor profundidad un ciclo de luchas por el agua de riego durante la primera mitad del siglo XX. En ellas los pobladores de Lagunas de Guanacache y los que estaban situados

más al sur, quienes se caracterizaban así mismos y por dirigentes estatales como inmigrantes europeos, trabajadores incansables de la tierra y héroes. Las disputas entre ambos se van a dar básicamente por medio de disputas discursivas que apelarán a los criterios étnicos, raciales y cultutares para justificar la dotación de agua hacia un grupo o hacia otro. Es estas disputas

también van a intervenir además de los propios implicados distintos actores que pertenecían a las elites mendocinas como intelectuales, científicos y funcionario.

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Vol. 7, Nº 1journal homepage: www.revistaagendasocial.com.br ISSN 1981-9862

rIeGo eN eL TerrITorIo NACIoNAL De LA PAMPA - ArGeNTINAreSeñA De LA ACTIVIDAD DeSDe fINeS DeL SIGLo xIx

HASTA LAS PrIMerAS DéCADAS DeL SIGLo xx

Prof. raúl o. Hernández BocquetSecretaría de Recursos Hídricos - La Pampa - Argentina

[email protected]

Alrededor de dos tercios del centro y sudoeste de la superficie de la provincia de La Pampa, situada en la región central de la República Argentina, presenta condiciones de marcada aridez debido a sus características de continentalidad climática. Las bajas precipitaciones junto a temperaturas muy elevadas en primavera y verano, además de vientos muy intensos, impiden cualquier tipo de agricultura en ese espacio que no sea por medio de riego. En el artículo se hace referencia a dos colonias agrícolas de regadío creadas por el estado nacional al comenzar el siglo XX y las diversas peripecias que ocurrieron en la etapa histórica conocida como de “riego temprano o pionero” que abarca desde la década de 1880 hasta 1920 aproximadamente.La primera de ellas, denominada Colonia 25 de Mayo se instaló a la vera del río Colorado situado al sur de La Pampa, en tanto que la otra, llamada Colonia Butaló, lo hizo en el delta del río Atuel y marcaron un jalón en el espacio geográfico mal llamado en aquella época como “desierto”.

re

SUM

eN

PALABrAS CLAVeS riego – sistemas de riego - La Pampa – irrigação – sistemas de irrigação - A Pampa -

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Introducción

La historia del regadío en La Pampa reconoce una larga data toda vez que antecede a la actual etapa provincial para remontarse a la época territorial. En efecto, desde los comienzos del repoblamiento que siguió a la conquista militar del mal llamado “desierto” alrededor de 1880, el riego se constituyó en una alternativa productiva en zonas áridas y semiáridas. La existencia de dos ríos alimentados por los deshielos cordilleranos con aguas de excelente calidad, Colorado y Atuel, se presentaban como una respuesta de la naturaleza a la falta de lluvias en cantidad suficiente en extensas regiones.

Ya transcurrido más de un siglo desde los primeros esbozos de regadío, pueden definirse distintos períodos históricos de su desarrollo aunque haciendo notar que ellos están referidos fundamentalmente al río Colorado ya que el Atuel ha sido severamente alterado en la provincia condómina del mismo (Mendoza) interrumpiendo las posibilidades de regar en La Pampa.

Tomando los dos momentos organizacionales que desde lo político ha recorrido La Pampa: territorio nacional y provincia, pueden citarse dos segmentos: el primero que se extiende entre 1882 y 1951 (etapa territorial) y el segundo, iniciado en 1951, que se mantiene vigente (etapa provincial). La nominación de territorio y provincia se debe a que en el primer caso existía una dependencia total del estado nacional en tanto que en el segundo se convierte en estado federal contando con una constitución propia, autoridades elegidas mediante voto de los habitantes y cuenta con un presupuesto propio.

La etapa territorial reconoce a su vez, dos subperíodos:

a. Riego temprano o pionero (desde la década de 1880 hasta 1920 aproximadamente). b. Estancamiento o recesión (desde la década de los años `20 hasta 1951) En tanto, la etapa provincial se corresponde con el proyecto oficial de poner bajo riego alrededor de 85.000 hectáreas distribuidas a lo largo de la ribera pampeana.1 Pueden identificarse claramente dos subperíodos: uno vinculado con la instancia de la planificación (décadas del `50 y ´60) y otro con la puesta en marcha y producción que se halla en pleno desarrollo.

Teniendo en cuenta el marco temporal previsto en el Objetivo del Proyecto “Sistemas de riego tradicionales en Iberoamérica, siglos XIX y XX”, se abordará solamente el subperíodo del riego temprano o pionero en el Territorio Nacional de la Pampa.

el marco geográfico

La actual provincia de La Pampa se ubica aproximadamente entre los 35º y 39º de latitud sur y los 63º y 69º longitud oeste, en la República Argentina, cubriendo una superficie de 143.440 Km2, dividido administrativamente en 22 departamentos, siendo uno de ellos denominado Capital, el que alberga a la ciudad de Santa Rosa, capital provincial. Según el Censo Nacional 2010, el total de habitantes de la

1 Este proyecto se enmarca dentro de lo establecido en el Acuerdo Interprovincial de 1976 por el cual las cinco provincias condóminos del río Colorado, armonizan y coordinan los distintos proyectos provinciales previendo un uso razonable y sostenible en el tiempo.

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provincia alcanza a 316.940 habitantes lo que representa una densidad de 2,21 hab/km2.

Mapa 1: Localización geográfica La Pampa

Se ubica en el centro continental de Argentina, limitando por el norte con las provincias de San Luis y Córdoba; por el este con Buenos Aires; al sur con Río Negro y al oeste y noroeste con la provincia de Mendoza.

El clima provincial se encuadra dentro del tipo templado con variedades subhúmedo de llanura (comprende el NE hasta la isohieta de 500 mm aproximadamente), 2) semiárido de las planicies (ocupa la zona central, valle del río Salado-Chadileuvú-Atuel y gran parte de las mesetas del oeste) y 3) semiárido de montaña (abarca el extremo noroeste).

La temperatura media anual es de 16º C; la temperatura media para enero (verano) es de 24º C y para junio (invierno) 8º C. Las lluvias disminuyen desde el noreste hacia el sudoeste caracterizándose por su concentración entre los meses de setiembre a abril. Por otra parte los vientos más frecuentes son los del

noreste (cálidos y húmedos) y del suroeste (secos y fríos).

La morfología muestra un territorio cuyas alturas oscilan entre 120 metros sobre el nivel del mar en el noreste y 1188 m.s.n.m en el Cerro Negro situado en el ángulo noroeste del territorio mereciendo destacarse que en el sudeste existen depresiones de una treintena de metros bajo el nivel del mar, ocupadas por lagunas

saladas utilizadas para la explotación salinera.

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Hacia el centro sur se sitúan las sierras de Lihué Calel (Sierras de la Vida) que por sus características particulares motivaron la creación del parque nacional homónimo. En efecto, situadas en una inmensa planicie, se destacan claramente sobre el horizonte constituyendo una referencia inequívoca para los habitantes de la región y los viajeros que circulan por la ruta nacional Nº 152.

En su interior existen pequeños valles beneficiados por un microclima que favorece la existencia de flora autóctona –tal el caso de la margarita de la sierra y una cactácea como lo es la “traicionera”- y fauna regional protegida – pumas, guanacos, vizcachas, aves, etc. Al valor natural se le agrega la existencia de pinturas rupestres de tipo simbólico, cuya antigüedad es superior a tres milenios y se las enmarca dentro del tipo de manifestaciones propias de la norpatagonia.

La hidrografía estuvo manifestada por la existencia de un gran sistema hídrico o colector andino denominado Sistema del Desaguadero el cual drenaba aguas cordilleranas hacia el océano Atlántico. Tal cuenca hidrográfica hoy se halla profundamente modificada por la acción humana, tal como se verá a lo largo de este artículo.

En el ángulo noreste comenzó a escurrir a partir de la década de 1970, el río Quinto que causó sorpresa y desconcierto por su presencia no prevista pero ello se debió a las modificaciones ocurridas a lo largo del cauce aguas arriba, en las provincias de San Luis y Córdoba.

Diseminadas por el resto del territorio se localizan alrededor de medio millar de lagunas de agua dulce y saladas cuyos orígenes mayoritariamente son pluviales aunque algunas se alimentan por aguas subterráneas y otras desde los ríos Salado y Atuel. En el oeste existen casi un centenar de manantiales cuyos caudales son de variada magnitud constituyendo un aporte fundamental para la vida en una zona de extrema aridez.

Dentro de las lagunas saladas, sobre todo en el este y sudeste, se produce un intenso aprovechamiento extractivo que permite obtener cloruro y sulfato de sodio. El cloruro o sal de mesa constituyó por mucho tiempo un elemento muy apreciado para la Buenos Aires colonial cuyo cabildo organizó enormes expediciones desde 1716 a las Salinas Grandes – Departamento Atreucó -para abastecerse de tal elemento. El mismo era básico para la alimentación y para el proceso de secado y salado de carnes vacunas que luego se exportaban a Brasil y Cuba para alimentar a los esclavos.2

El territorio provincial puede definirse como un área transicional toda vez que en él confluyen tres grandes regiones físicas, a saber: pampeana, patagónica y cuyana, contando cada una de ellas con particularidades claramente identificables.

La región pampeana, situada al este-noreste, participa de las generalidades de la macro región chaco-pampeana mostrando características altamente productivas a partir de la existencia de suelos aptos 2 La expedición realizada en 1778 comprendía 600 carretas protegidas por 400 soldados al mando del maestro de campo D. Manuel Pinazo. Esto sucedió dos años después de crearse el Virreinato del Río de la Plata. A partir de 1810 el comercio queda a cargo del gobierno de las Provincias Unidas del Río de la Plata (Martínez Sierra, 1975)

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acompañados de clima templado. Ocupa aproximadamente unos 30.000 km2 localizándose la mayor concentración poblacional, centros urbanos más importantes – entre ellos Santa Rosa, capital provincial - mejores medios de comunicación y transporte.

Originalmente estaba cubierta por grandes pastizales naturales pero en la actualidad es un área productiva de cereales, forrajeras y oleaginosas, apta para la invernada de vacunos junto a la cría de ovinos, porcinos y equinos. Las lluvias medias anuales del sector, definido como subhúmedo seco, disminuyen del noreste hacia el sudoeste de 800 mm a 500 mm de lámina, límite de los cultivos de secano.

La región patagónica se ve representada en el sector sur y centro de La Pampa caracterizándose por la existencia de suelos pobres, clima templado semiárido con precipitaciones que disminuyen paulatinamente hacia el sudoeste hasta los 200 mm anuales de media. La alta evapotranspiración genera un elevado déficit hídrico que se manifiesta por medio de una vegetación xerófila constituida esencialmente por arbustal bajo, abierto, perennifolio, junto a matas halófilas y semihalófilas.

La escasez de lluvias no permite cultivar bajo el sistema de secano, aunque sí puede efectuarse por medio de riego a partir de la disponibilidad de aguas del río Colorado, recurso hídrico que sirve de límite provincial por el sur y cuya cuenca es compartida con las provincias de Mendoza, Neuquén, Río Negro y Buenos Aires.

Finalmente, en el sector noroeste, se hallan evidencias físicas que lo asimilan a la región cuyana que, si bien se asemeja a la norpatagonia, presenta marcadas diferencias.

La existencia de un extenso valle fluvial que se extiende con rumbo noroeste-sudeste – tramo final de la cuenca hidrográfica interprovincial Desaguadero-Salado-Atuel – encajonado entre un área medanosa por el este y una extensa meseta cubierta de basalto por el oeste, muestra un paisaje diferente al resto de la provincia.

En efecto, dicho valle constituyó por largo tiempo un aporte hídrico fundamental para el desarrollo de un ambiente húmedo propicio para la radicación humana y el desarrollo de sus actividades económicas aunque, acciones antrópicas desarrolladas en las provincias de aguas arriba –Catamarca, La Rioja, San Juan, Mendoza y San Luis - han impactado severamente sobre la cuenca en el tramo pampeano. Los suelos presentan aptitud para la producción bajo riego única forma de producir en un espacio semiárido y rasgos de continentalidad climática.

En la meseta la aridez es muy marcada, los suelos son extremadamente pobres, la temperatura presenta amplitudes térmicas muy amplias entre verano e invierno - del orden de 60º C - y precipitación pluvial reducida a menos de 150 mm al año. Los únicos sitios propicios para la instalación humana lo constituyen aquellos en los que existen manantiales.

Esta descripción muy sucinta permite apreciar que si bien el nombre Pampa induce a pensar en tierras feraces altamente productivas, la realidad muestra las claras diferencias regionales que existen, condicionantes que influyen sobre los aspectos socioeconómicos.

La distribución de la población en la actualidad, marca una amplia disparidad entre el sector este-noreste y el oeste propiamente dicho, valores ratificados por el Censo 2010. Del mismo

surge que los departamentos situados en el este concentran alrededor del 85% (273.874 habts.) del total de la población en tanto que el 15% restante (45.077) se distribuye en el resto de los departamentos con la particularidad que Puelén – departamento que incluye a la zona de riego del río Colorado cuyo centro es 25

de Mayo – congrega 9.468 habitantes.

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Al igual que lo que ocurre en la mayoría de los países, el proceso de urbanización resta población a las áreas rurales: a la fecha se considera que la ruralidad es inferior al 9% del total de la población. Esto conlleva un crecimiento descontrolado de las ciudades más importantes tales como Santa Rosa, General Pico, Realicó, General Acha, Toay, Eduardo Castex, Macachín y 25 de Mayo en detrimento del resto de poblaciones y pequeños centros urbanos.A partir de las particularidades físicas y sociales descritas fue que, desde los comienzos de la puesta en producción del Territorio Nacional de la Pampa Central creado a fines del siglo XIX, tuvieron mayor impulso los cultivos de secano en detrimento del regadío, tendencia que se mantuvo durante un largo período del siglo XX, incluso en la etapa provincial.

Reseña histórica

Con la finalidad de llegar al análisis del tema específico de este artículo, es necesario realizar previamente una síntesis sobre la historia regional que permita conocer los hechos preliminares que desembocaron en la puesta en valor y producción del territorio pampeano.

Este proceso se inicia con la llegada de los españoles al extremo meridional de América del Sur a mediados del siglo XVI y la introducción de vacunos y equinos que provocaron una profunda aculturación de los pueblos originales al modificar milenarios hábitos de caza, recolección y cultivos.

En efecto, pueblos tales como pampas, puelches, huarpes y ranqueles, influenciados o asimilados por los pueblos mapuches llegados de Chile, alteraron muchos de sus hábitos seculares convirtiéndose en cazadores ecuestres cuya principal actividad económica fue la captura de ganado vacuno, cimarrón primero y en las estancias bonaerenses luego, para venderlos en las ferias chilenas.

La Independencia Nacional en 1816 y la sanción de la Constitución en 1853 permitieron organizar a la Argentina bajo la forma de un estado republicano, representativo y federal constituido por una decena de provincias que ocupaban un amplio espacio territorial aunque quedaban vastas extensiones en manos de pueblos originarios, entre ellas gran parte de la región pampeana y la Patagonia.

La existencia de tan vastos territorios en manos de estos pueblos fue causa de constantes conflictos ya en la etapa organizativa de la nueva nación. Poco a poco, los diferentes gobiernos provinciales y nacionales fueron desplazando las líneas de frontera sobre tierras otrora en poder de distintas tribus las que eran destinadas a la ganadería y luego a la agricultura.

Desde mediados del siglo XIX llegan al país los primeros molinos a viento para la extracción de agua, el alambrado para cercar los campos y proteger los sembradíos, toros de pedigrí destinados a mejorar los rodeos, a lo que se les suma la extensión paulatina de las vías férreas hacia las nuevas zonas productivas, van señalando hitos en el proceso de ocupación que permitía avizorar un desenlace relativamente inmediato en el cual el poblador nativo no era tenido en cuenta.

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Como bien lo expresa Lluch (2002:44), “…fueron tres fenómenos los que generaron un camino sin retorno para el indígena y el espacio fronterizo que lo cobijaba: la configuración de los estados nacionales, la articulación de sus economías a los mercados internacionales y la estrechez del mercado de tierras”. Luego prosigue: “Fue en gran medida la exigencia de incorporar superficies mayores de tierra la que determinó que, hacia la década de 1870, tomase cuerpo rápida y definitivamente el área de control indígena.”

Esta situación halló su punto final con la ejecución de una campaña militar denominada “Conquista del Desierto” que entre 1879 y 1882, ocupó unas 15.000 leguas cuadradas de tierras situadas en el oeste de la provincia de Buenos Aires, sur de Córdoba, San Luis y Mendoza y que dieron lugar al surgimiento de los territorios nacionales de La Pampa, Río Negro y Neuquén entre otros, convertidos en provincias pasada la mitad del siglo XX. Los pueblos aborígenes fueron expulsados y en muchos casos eliminados o sometidos a cautiverio3 quedando la tierra en poder del estado nacional.4

foto 1: Soldado Campaña Desierto

3 ZEBALLOS (1960:191) relata que en su expedición tuvo oportunidad de escuchar el lamento del guía aborigen llamado Pancho Francisco quien “…recordaba los hogares abandonados, la mujer cautiva, los hijos esclavos, los campos quemados, su libertad perdida y tal vez derramaba lágrimas al invocar el terrible infortunio de su raza.”4 “Las tierras ocupadas por los pobladores autóctonos era fecundas, la civilización las requería y aquellos debían ser despojados de las mismas; el sometimiento de los indígenas mediante la cultura no convenía a los fines del Gobierno Nacional: era preferible alejar a ese pueblo, destruirlo, “regalar” la tierra y poblar los campos (…) La injusticia era manifiesta. ¿Por qué se les quita el suelo donde viven y trabajan? ¿Qué derecho amparaba al gobierno para despojarlos? ¿Acaso no eran los dueños de la tierra los indios? ¿Alguien podía ofrecer mejores títulos que los del primitivo habitante?” (GRASSI, 1929, p. 16)

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En octubre de 1882 por ley nacional se crea el Territorio Nacional de la Pampa Central que en 1951 se convierte en provincia de La Pampa. El formato de territorio nacional implica que los habitantes del mismo no podían votar otro tipo de autoridades que no fuesen las municipales quedando en manos del gobierno nacional, la designación de los gobernadores y secretarios como también la toma de cualquier tipo de decisiones políticas, económicas, sociales, educativas y de seguridad.

La lucha por la provincialización, al decir de Berhongaray (2000:19) “…no fue breve ni sencilla. Llevó más de medio siglo. Costó sangre, sudor y lágrimas…la búsqueda de la “provincialización” de los territorios nacionales fue una auténtica “lucha de liberación colonial! Y de “corte antiimperialista”.

Retomando, es preciso hacer notar que la campaña militar se financió con la venta anticipada de las tierras a compradores argentinos y extranjeros, quienes se quedaron con la propiedad de las mejores tierras: las ubicadas en el este y centro pampeano; mientras que las tierras marginales quedaron en manos del estado que las repartió entre los militares que participaron de las acciones de conquista, las vendió en forma directa a otros interesados o directamente formaron parte del patrimonio nacional. 5

Estas “tierras fiscales” ubicadas en su mayoría en el oeste y sur pampeano - áreas no muy favorecidas por la naturaleza tal como se expresara anteriormente - fueron repobladas por criollos, aborígenes que retornaron y algunos inmigrantes –sobre todo españoles- que se animaron a llegar a la “pampa profunda” o el “far-west argentino” que describiera el sacerdote Juan Monticelli6.Simultáneamente el este-noreste pampeano recibió un gran aluvión inmigratorio que le confirió características muy especiales al que el escritor Juan Ricardo Nervi 7 llamó “pampa gringa”, vinculado a la producción cerealera sobre tierras privadas.

Preliminares del riego en La Pampa

Los ríos del norte patagónico -Colorado y Negro - fueron vistos desde el siglo XVII en adelante por los españoles como una frontera natural tras de la cual debían expulsar a los “indios”, tal como denominaban a los pueblos originarios.8

5 “Mediante la ley del 5 y 16 de octubre de 1878, conocida también como “ley de frontera”, el gobierno nacional abrió un registro de suscripción de tierras. Todos los suscriptores beneficiados con esta ley se inscribían con un determinado número de acciones (cada acción representaba una legua cuadrada, es decir 2.500 hectáreas)…El objetivo propuesto por esta ley, era el de poder financiar la Expedición al Desierto, para prolongar y asegurar la línea de frontera sobre la margen izquierda de los ríos Negro y Neuquén, previo sometimiento de los indios. También se fijaban los límites de las provincias: Buenos Aires, Córdoba, San Luis y Mendoza con La Pampa, ya ue se originaban problemas entre las provincias con pretensiones de jurisdicción hasta la Patagonia.” (CHAVES DE FESTA, c. 1984, p. 16/17)6 MONTICELLI, Juan (1933) El Far West Argentino. Tipografía Colegio Pío IX. Buenos Aires.7 NERVI, Juan Ricardo (1983) Aldea Gringa. Editorial Plus Ultra. Buenos Aires.8 Los ríos Colorado y Negro corren desde la cordillera de los Andes hacia el Océano Atlántico en sentido noroeste-sudeste. Alimentados por la nieve que precipita entre marzo y octubre aproximadamente, sus caudales constituían una barrera natural muy difícil de franquear, sobre todo el río Negro cuyo caudal medio anual es de 1000 m3/seg.

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Uno de los proyectos más avanzados fue el formulado por el maestre de campo, capitán del Regimiento de Caballería de Mendoza, ingeniero y cartógrafo don Sebastián de Indiano y Gastelú consistente en “…la traslación de las fronteras de Buenos Aires al Río Negro y Colorado”, redactado en 1803.9

Los conocimientos que tenía sobre la frontera existente a comienzos del siglo XIX le permitieron esbozar un documento que acompañado de uno de los planos más completos de la época – aunque con serios errores geográficos – redactó para entregárselo al rey español en ese entonces, Carlos IV. En un párrafo del informe, manifiesta: “Que deseoso del mayor bien del Estado, se atreve a proponer a S.M. la conquista de 17.000 leguas cuadradas de tierra situadas en el mejor suelo del Universo, y en una de las orillas del extendidísimo Imperio, conquista para la cual no hay que chocar con ninguna potencia extranjera, porque todo ha de hacerse en un país que pertenece a la Corona de Castilla” (Martínez Sierra, 1975, I:261).“…En el escrito se contemplaban a la colonización y a la población como cosas inseparables de la ocupación militar y se abogaba entonces por la entrega gratuita de las tierras, adelantando a los soldados y paisanos que quisieran levantar vivienda ochenta pesos fuertes sin obligación de reintegro, a los que se sumaría un real diario en el primer año de la instalación.” (Op cit)

Preveía instalar fortalezas cada cierta distancia, plantar árboles y radicar colonos-soldados conformando una “fuerza militar pobladora y realmente civilizadora” que, en la medida que derrotasen a los pueblos aborígenes, avanzarían hacia el extremo sur del continente. Queda claro que no había intención alguna de mejorar relaciones sino lisa y llanamente expulsarlos o eliminarlos.

Si bien la propuesta no tuvo eco, la misma extiende su vigencia en la etapa de la independencia argentina constituyendo un claro ejemplo de lo expresado, la acción militar que se efectúa en 1833 denominada “Expedición al Desierto”.

En efecto, quien fuera el jefe de la columna, el brigadier general Juan M. de Rosas, sostenía que era necesario instalar estancias a orillas del río Colorado como forma de desplazar a los aborígenes al sur de los citados ríos y para ello era necesario dominar los pasos naturales por donde cruzaban los arreos de hacienda hacia Chile. Asimismo intentó navegar el río por medio de una chalana como forma de mostrar el potencial que tenía aunque, debido a la época de estiaje, no pudo formalizar su idea.

Años después Domingo F. Sarmiento publicó su obra “Argirópolis. Capital de los Estados Confederados” en la cual analiza la posibilidad de utilizar la navegación de los ríos Desaguadero-Salado y Colorado, como forma de extraer las producciones de las provincias de San Juan, Mendoza y San Luis. Las mismas serían trasladadas por lanchones siendo el punto final “…la Bahía Blanca (que) pudiera convertirse sobre ambas márgenes del Colorado en un centro de colonización que extendiendo sus conquistas al Este y Noroeste, se pusiese en contacto con la población del Sud de la provincia….Desde Bahía Blanca10 hasta la cordillera de los Andes, apoyándose en las márgenes del río Colorado, debe de diez en diez leguas, erigirse un fuerte permanente, y dispuesto de modo que sirva de núcleo á una ciudad…formarían (así) un límite formal á la República por el Sud.” (Sarmiento, D.F. 1917: III, 48-49)11

9 Recopilado en el tomo I de la Colección de Ángelis, citado por Martínez Sierra (1975, I: 260).10 Bahía Blanca es en la actualidad uno de los puertos marítimos más importantes de la República Argentina y cuenta con 301.500 habitantes según censo 2011. Se sitúa en el sureste de la provincia de Buenos Aires y es el puerto de salida de gran parte de la producción granífera de la provincia de La Pampa.11 SARMIENTO, Domingo F. (1917). Argirópolis. Capital de los Estados Confederados. En: Obras Escogidas. Tomo VII. Librería La Facultad. Buenos Aires. El autor, maestro, escritor, periodista, ocupó la presidencia de la República entre los años 1868 y 1874 destacándose por la trascendencia que le dio a la educación popular a la vez que impulsó la modernización del país. En el presente trabajo

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Una vez finalizada las acciones militares por las cuales se impuso el dominio militar y político sobre las tierras conquistadas en 1882, el gobierno nacional se abocó a integrar los nuevos territorios procediendo a dictar diversas leyes para llevarlo a la práctica. Una de ellas, la ley nacional Nº 3727 sancionada en 1898 procedió a la organización de los ministerios del Poder Ejecutivo entre los cuales se halla el Ministerio de Obras Públicas.

Este Ministerio desempeñará un papel importante en aspectos relacionados con los ríos y obras hidráulicas y de riego en el cumplimiento de lo establecido en el artículo 15º, inciso 7º, donde se establece que le corresponde intervenir en el “Estudio, proyecto y construcción de obras que faciliten la navegación marítima y fluvial, canales navegables, de riego y embalse, puertos, muelles, diques de todo género, dragados, etc.” 12

Pocos meses después – 31 de diciembre - el presidente Julio A. Roca promulga un decreto por el cual se comisiona al ingeniero italiano César Cipolletti – quien había realizado obras de riego en la provincia de Mendoza - para que efectuase el estudio de los ríos Neuquén, Limay, Negro y Colorado13. En dicho instrumento, se determina que el ingeniero debía redactar…” una memoria preliminar sobre el mejor y más conveniente aprovechamiento de las aguas de los mencionados ríos para aplicarla a la irrigación de los territorios que recorren”.

foto 2: Ing. César Cipolletti. Impulsor del riego del río Colorado

–redactado en 1850- planteaba la idea de trasladar la capital federal situada en Buenos Aires, hacia el interior, concretamente al sur del país, propuesta que no fue llevada a cabo en el momento de gobernar.12 Esta ley rigió hasta el año 1949, año en que fue reemplazada por la ley N 13530.13 Los ríos Neuquén y Limay confluyen originando el río Negro que corre paralelo por el sur al río Colorado aunque su caudal es mucho mayor (1.000 m3/seg).

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El fruto de este trabajo es un relevamiento exhaustivo de los citados cursos y las zonas ribereñas que permitieran establecer áreas de regadío, amén de otras posibilidades como navegación y desarrollo poblacional.

En el caso específico de la cuenca del río Colorado identifica la existencia de unas 15.000 hectáreas aptas para riego en la margen pampeana (supera los 500 Km de longitud) estableciendo como zonas más apropiadas para regar en el sudeste entre Huelches y Melicurá ya en el tramo inferior del río.

Esta actuación del estado nacional merece un comentario en cuanto a su desempeño en la aplicación del corpus legal. En principio y por ley, si bien la nación aparece como impulsora de la instalación y aprovechamiento de los ríos, en realidad lo hace sin una política orgánica y planificada con relación al riego en los territorios nacionales. El estudio del ingeniero Cipolletti estuvo orientado más que nada al conocimiento de las perspectivas de explotación que, en consonancia con la postura liberal de los gobiernos de la época, les concernía a los particulares.14

Situación diferente es la de las provincias donde se impulsa la utilización de los ríos con fines de riego desde la gestión oficial. Tal es el caso de la provincia de Mendoza, limítrofe con el territorio pampeano por el noroeste, donde en las últimas décadas del siglo XIX comienzan a utilizarse los ríos Diamante y Atuel con vistas a la concreción de un gran oasis a partir del uso de las aguas de ambos afluentes del río Desaguadero-Salado.

Desarrolladas estas generalidades, se analizarán los dos casos de riego temprano o pionero en lo que fuera el Territorio Nacional de la Pampas: el área del río Colorado en el suroeste y el área del río Atuel situada en el noroeste.

Previo a ello es necesario formularse un interrogante: ¿por qué generar espacios de riego en suelo pampeano?

Según estimara Aráoz (1997:37), alrededor de 1875 moraban en tierras del futuro territorio nacional de la Pampa, alrededor de 20.000 habitantes, mayoritariamente aborígenes, junto a blancos y mestizos quienes se hallaban concentrados en Salinas Grandes, Toay, Trenel y Leuvucó, parajes situados sobre la franja central del bosque de caldén.

Eliminados que fueron los mismos, se inicia el proceso de repoblamiento a los que el mismo autor y para el período de tiempo que abarca esta nota, señala como “primera oleada poblatoria, 1880/1891; período de transición, 1892/1899; segunda oleada poblatoria, 1900/1914 y estabilización demográfica, 1915/1933.” (Op.cit, 35).

Estos movimientos poblacionales no fueron planificados ni ordenados - salvo las fundaciones militares de General Acha y Victorica en 1882 – generándose una paulatina concentración de habitantes en el noreste, sector cuyas características físicas lo vinculaban con la llanura pampeana, sector muy propicio para el desarrollo agroganadero.15

14 “El Estado liberal-oligárquico. A mediados del siglo pasado el Estado promovió el surgimiento de una sociedad capitalista con plena inserción en el mercado mundial. El modelo de acumulación agroexportador se apoyó en una clara división internacional del trabajo (Inglaterra proveedora de productos manufacturados; Argentina proveedora de materias primas)…La consolidación del Estado-nación fue un proceso exitoso en términos de lo temprano de su revolución, en comparación con el resto de los países de la región. (ETCHENIQUE, 2001)15 Se hace necesario recordar aquí aspectos físicos del territorio tales como clima, suelos y biota influyeron notablemente sobre la productividad agropecuaria.

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Este marco geográfico favorable resultó muy atractivo para las compañías, empresas y particulares que habían adquirido enormes extensiones de tierras que destinaron a colonizar en forma privada. Para ello arrendaron pequeñas parcelas de 100 a 200 has a colonos en su mayoría inmigrantes, bajo condiciones francamente opresivas y de muy difícil cumplimiento. Aún así esto concitó la atención de miles de colonos y trabajadores “golondrinas”16 que acudieron atraídos por el desarrollo explosivo de la agricultura, fundamentalmente la producción triguera que en 1914 alcanzó a un millón de hectáreas sembradas, en consonancia con el mito instalado a fines del siglo XIX que consideraba a la Argentina como “granero del mundo”.17

Junto a ello, el ingreso del ferrocarril desde 1888 a través de distintos ramales, hizo que numerosas estaciones de embarque se convirtieran en núcleos de poblaciones que con el tiempo se jerarquizaron y convirtieron en centros de radicación de más pobladores.

Contrastando con esta situación, en el centro, oeste y sur pampeano las características físicas territoriales muy diferentes, no resultaban atractivas para la radicación humana. Aquí la rigurosidad climática, escasez hídrica, pobreza de los suelos, lejanía de los centros urbanos, la baja rentabilidad de las explotaciones ganaderas, dificultades en las comunicaciones y otras circunstancias adversas influyeron negativamente en el repoblamiento y puesta en producción. Puede agregarse a ello, el desarrollo de ganadería extensiva en unidades productivas superiores a 5000 has, actividad que requiere escasa mano de obra.

Una excepción la constituyeron los valles de los ríos Atuel-Salado y Colorado donde la existencia de agua, sumada a mejores suelos y buenas pasturas, permitió el afincamiento de pobladores en su mayoría criollos, junto a chilenos, españoles y de otras nacionalidades, aunque en cantidades mucho más reducidas que el este.

Es de hacer notar que la disparidad en cuanto al crecimiento poblacional trasuntado en áreas de concentración y otras de cuasi desertificación no es propia exclusivamente del territorio pampeano, sino que se traslada a la mayor parte de la Patagonia donde, al decir de Navarro Floria (2009:73) dos décadas después de la conquista y su organización bajo la forma de territorios nacionales, la Patagonia se hallaba desarticulada del resto de la nación.

En síntesis puede afirmarse que al iniciarse el siglo XX en La Pampa, había dos realidades claramente diferenciadas: una, el noreste europeizado, hallaba estrechamente vinculada al sistema productivo nacional y mundial y otra para el resto del territorio mostrando signos de estancamiento y postergación.

16 Nombre asignados a los trabajadores que se trasladaban de un lugar a otro siguiendo los distintos momentos de la producción siendo el de la cosecha el que mayor cantidad de brazos requería ante la escasa o nula mecanización. En la actualidad, la autocosechadores automatizadas han reducido o eliminado este tipo de tarea.17 “Junto con la llegada de los colonos, la producción agrícola, se había incrementado notablemente y La Pampa se hacía conocer a través de sus productos agropecuarios. Pero la situación de los colonos, arrendatarios en su mayoría, empeoraba día a día,…teniendo en cuenta que los contratos de arrendamiento se habían firmado en épocas de buenas cosechas…” (CHAVES de FESTA, c1984:65).

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Es probable que, a la luz de cómo se iba desarrollando el proceso socio-económico en las tierras conquistadas a los pueblos originarios, el estado nacional haya decidido tener algún tipo de acción y para ello procedió a la creación – aunque no seguimiento y apoyo – de colonias agropastoriles tales como 25 de Mayo y Butaló.18

el riego en la margen pampeana del río Colorado

El río Colorado es el primero de los ríos patagónicos en el sentido norte-sur. Sus nacientes se localizan en la cordillera de los Andes por medio de dos afluentes, los ríos Grande y Barrancas que, al unirse a la altura de Buta Ranquil, dan lugar al río Colorado (Colí-Leuvú para los pueblos originarios) el cual cruza el territorio en sentido noroeste-sudeste desembocando en el Océano Atlántico. La alimentación es nival con aportes pluviales de reducida importancia, su módulo medio anual es de 134 m3/seg. y drena una cuenca de unos 47.500 Km2 de superficie.

Foto 3: Curso medio del río Colorado

Es compartido por cinco provincias: Mendoza, Neuquén, La Pampa, Río Negro y Buenos Aires y en la actualidad está controlado por un Comité Interjurisdiccional que vela por el uso racional, equitativo y sustentable del recurso.

Este río constituyó durante milenios, un corredor húmedo enclavado en medio de una zona árida por el cual se desplazaban los pueblos originarios fuera desde la cordillera a la costa o viceversa. Al respecto cabe destacar que en el paraje “Casa de Piedra” situado en la margen pampeana, se hallaron evidencias de instalación humana de 8.600 años de antigüedad aproximadamente.

18 El gobierno nacional crea, además de las citadas colonias, otras donde deriva a grupos de aborígenes considerados “amigos” por haber estado de su lado en la conquista territorial. Tales son los casos de Colonia Emilio Mitre y Colonia Los Puelches. Ambas situadas en zonas de extrema aridez y escasa disponibilidad hídrica. Lluch (2002:55-63) realiza un exhaustivo análisis del primer caso en tanto que para el segundo puede consultarse “Puelches: una comarca que fluye junto al Salado” editado por la Comisión del Centenario de Puelches, año 2008.

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Mapa 2: Cuenca del río Colorado

Avanzando en el tiempo, como ya se señalara anteriormente, este río fue alcanzando una paulatina importancia en la medida que fue uno de los frentes de choque intercultural. A lo largo de su recorrido existían diversos vados por los cuales los aborígenes pasaban arreando el ganado obtenido de sus correrías –malones- por las estancias fronterizas y trasladaban hacia Chile. Si bien grandes grupos de araucanos se ocupaban de estos menesteres, es de destacar que otras comunidades instaladas a orillas del río cultivaban pequeñas huertas familiares.

La invasión militar y posterior reorganización del espacio pampeano, generó un cambio de actores sociales involucrados con la vida a la orilla del río Colorado. Es así que poco después de finalizada la conquista –alrededor de 1885-se registran las primeras llegadas de criollos, españoles y chilenos a la costa del río quienes se instalan como intrusos en tierras que eran propiedad del estado nacional 19

Se dedicaban básicamente al pastoreo de ganado y al riego por medio de pequeñas acequias que regaban huertas familiares y pequeños cuadros con forrajes para asegurar la alimentación del ganado doméstico; estas explotaciones precarias se hallaban rodeadas por alamedas.

19 Según el Censo realizado en el Territorio Nacional de la Pampa Central en 1887 moraban 12.000 habitantes, incrementados a 20.000 en 1891 y a 25.914 habitantes en 1895.

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foto 4: Álamos recién plantados (c.1910)

Al respecto resulta muy ilustrativo lo expresado por E. Morisoli (1983) cuando manifiesta: “La oscura fronda del álamo criollo y el verde nilo del sauce llorón, comenzaron a poblar los valles y a disputarle nidos al único árbol mayor hasta entones reinante: el sauce colorado que espontáneamente crecía en islas y riberas”. “El Sauzal” y “Colonia Chica” son los lugares donde comienzan estos primeros esbozos de regadío ubicándose en el sudoeste del territorio y para 1905 regaban unas 150 hectáreas.

En ese mismo año, capitales ingleses adquieren tierras fiscales con vistas a realizar un emprendimiento productivo. Al llegar a la zona se encontraron con la presencia de aquellos chacareros y puesteros ya mencionados por lo que convinieron que prosiguieran el laboreo a título gratuito entregándoles la compañía herramientas y otros elementos para mejorar la productividad; a cambio de ello vendían su producción a la empresa extranjera bautizada por los lugareños como la “Estancia de los Ingleses”.En realidad bajo esta denominación se hallaba un grupo de adquirentes ingleses, tales como Harrington & O´Farrell, Aggar & Grigg, Río Colorado Lands, quienes eran representados por la firma Waldrom & Co. Al respecto, Morisoli (1983) manifiesta: “El grupo de propietarios ingleses que adquirió tierras en la zona tenía como cabeza visible a la “Río Colorado Lands Company”, cuyas empresas subsidiarias y/o colaterales, entre ellas “The Patagonian Sheep Farming”, había comenzado…la compra y poblamiento de establecimientos ganaderos en el sur de San Luis…y luego en La Pampa, donde hacia 1888 organizaron el establecimiento “Ventrencó” ubicado en la junta de los ríos Atuel y Salado que en esa época estaban dotados de abundantes caudales”. (P. 14)

A estos intereses se les suma a partir del año indicado, la llegada de familias inglesas desplazadas por la guerra anglo-boers en el sur de Africa las que vinieron atraídas por las propuestas colonizadoras de la empresa.

Una vez en el país, los colonos solicitaban tierras fiscales que compraban a valores promocionales con la condición de cumplimentar una serie de mejoras y de esta forma evitar especulaciones

inmobiliarias. Ya logrado esto y verificado el cumplimiento de las exigencias estatales, transferían la propiedad a la Compañía cumplimentando así un acuerdo previo con los empresarios. De esta manera la empresa concentraba la propiedad de la tierra y la comercialización de la producción con muy bajos valores de inversión.

La Compañía logró así, hacerse con unas 7.000 has de tierras de la mejor calidad,

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ubicadas en la parte baja del valle y que fue el núcleo productivo de mayo importancia de la región. La magnitud del emprendimiento mereció que el presidente Figueroa Alcorta dictara un decreto otorgándole el derecho de derivar caudales del río Colorado con destino al riego y bebida para ganado de la “Colonia de familias inglesas procedentes de Sudáfrica”.

Creación de la colonia “25 de Mayo”

Ocupando el cargo de Presidente de la República el Dr. José Figueroa Alcorta durante el período 1906/1910, procedió a la promulgación del decreto fechado 26 de julio de 1909 por el cual creó la colonia agrícola y pastoril “25 de Mayo” ubicada sobre la margen pampeana del río Colorado en el sudoeste territorial.

Se le asignó una superficie de 77.800 has, subdividida en 194 lotes de 500 has aproximadamente cada uno aunque por las características físicas diferenciadas de la colonia, no todos fueron ocupados. En efecto, los lotes poblados y puestos en producción correspondieron a las zonas del valle o la isla Colonia Chica, no así los que se situaban sobre la planicie o terraza superior del río que se mantuvieron desocupados y quedaron en manos del estado nacional. Dentro de la colonia, 14 lotes quedaron –como ya se expresara- en manos de la empresa Río Colorado Lands Co. 20

Mapa 3: Ubicación Colonia 25 de Mayo

Si bien ya se hizo referencia a la falta de apoyo por parte del estado en cuanto a la puesta en marcha y producción de las chacras, la transcripción parcial de un informe de inspección practicado en 1911, contribuye a ratificar lo manifestado: “…sólo algunos lotes comprendidos en la parte baja i ribereña son objeto de asiduos trabajos por parte de los colonos. La tierra de estos lotes es de naturaleza guadalosa, montuosa, blanda i que absorbe mucho el agua. El riego a que ha sido sometida ha variado

20 Estas propiedades fueron expropiadas en ocasión de ponerse en marcha el proyecto provincial de aprovechamiento del río Colorado, a partir de la década de 1960.

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fundamentalmente sus condiciones, prestándose en la actualidad para toda clase de cultivos, siendo de preferencia de los colonos las plantaciones de alfalfa y avena (pp 151 vta)”.

Prosigue el inspector, señalando: “Los colonos de modo propio canalizan las tierras para riego” y procede a describir el canal construido por los mismos de la siguiente manera: “He creído conveniente referirme en esta parte de mi informe, a la construcción del canal mediante el cual los concesionarios de los diversos lotes en los cuales se han introducido mejoras, han podido hacer apropiadas esas tierras para trabajos agrícolas, porque siendo como es, obra común, justo es así hacerlo constar para atribuir a cada uno de los interesados la parte que le corresponde”.

Foto 5: Patas de gallo (c.1910)

“Esa obra aún no está terminada i así se explica que en diversos lotes ocupados por los interesados, se encuentran porciones de terreno desmontado, arado i rastreado, listos para la siembra, esperándose para efectuarla tan solo el riego i la estación oportuna”.

“La naturaleza de estos campos, la falta de lluvias i la frecuencia de los vientos, hacen imposible los trabajos de agricultura, si no se cuenta con el riego. Así lo han entendido los colonos i aunando sus esfuerzos, han dispuesto la construcción del susodicho canal, con capacidad suficiente para regar cincuenta hectáreas más o menos en cada chacra.” (pp161vta y 162).

Luego hace notar la incidencia negativa que tienen sobre la colonia, las largas distancias a centros poblados21, gran recarga de precios por la misma razón, lejanía de vías férreas ya que la estación más próxima se encontraba a 20 leguas, lentitud en el transporte por carruajes y otras causas. Decía el inspector al respecto: “El más mínimo adelanto en este punto, el establecimiento de la menor mejora en

el transporte, reportaría a los habitantes de la Colonia un beneficio que solo es posible apreciar con exactitud, examinando de cerca las cosas.”

Corrobora lo expresado Pelizzari (2010:6) cuando manifiesta: “Los caminos que conectaba a Colonia 25 de Mayo con el Valle de Río Negro y Neuquén, General Acha y General Alvear en Mendoza, tenían similares características: la

21 La distancia entre Santa Rosa y la Colonia es de 420 Km. y a General Acha 320 Km.

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precariedad. Abundaban los médanos, afloramientos rocosos y vastas travesías sin agua… El caballo fue insustituible para el criancero como medio de transporte, le permitía cruzar médanos y guadales o subir las escarpas de las bardas. Muchos años tuvieron que pasar para que aparecieran el sulky, la jardinera y la Villalonga. Sus ventajas eran notables, porque podían transportar cargas y varias personas.

La carencia del ferrocarril, hizo que el carro tirado por caballos o mulas, fuera el medio de transporte utilizado durante mucho tiempo para llevar lana, cueros, semilla de alfalfa y acercar mercaderías hasta los lugares más apartados. La existencia de botes y balsas de madera – como medio de transporte para movilizarse en el río – es conocida desde la llegada de los primeros colonos.” 22

Aún bajo estas circunstancias, las chacras comenzaron a producir procurando cumplimentar a la vez, las condiciones que establecía el gobierno central en lo atinente a mejorar, producciones, pago de cánones, etc.

Al poco tiempo se había construido un canal de riego de 12 Km. de longitud que atravesaba la colonia. Con un ancho de 3,50 m en el fondo y 4,25 m en el coronamiento, había costado $20.000 su construcción. La mayoría de las parcelas contaba con vivienda, aguada y, en mayor o menor grado, alambrados de 7 hilos con postes de hierro o madera. La vivienda era de adobe y techo de cinc y estaba complementada por un galpón para guardar los elementos de cosecha y labranza. El poblamiento se completaba con una gran casa de ramos generales y una comisaría.

Retomando la narrado por Pelizzari (op cit), los primeros habitantes”…construyeron viviendas muy modestas, utilizando los elementos que el medio ofrecía, en sistema chorizo, quincho embarrado o adobes. Tenían poco muebles, generalmente de fabricación casera. Para iluminar los ambientes empleaban candil, velas y el chon chon.

Como elemento obligado de la casa, en el patio se construía el horno de barro, imprescindible para preparar el pan casero. El patio era el ámbito donde atendían las visitas, comían asado y jugaban los niños. Allí estaba el parral, el jardín y una abundante arboleda que permitía contar con un lugar agradable durante las calurosas jornadas de verano.

Siempre se destinaba una pequeña superficie con cero de rama clavada, para organizar la huerta familiar. Su producción tenía como finalidad diversificar la dieta.”

Además del interés de ésta y otras compañías colonizadoras inglesas, la empresa del Ferrocarril del Sud había fijado la vista en la incipiente colonia y contemplaba extender sus vías desde Confluencia (Río Negro), hasta Barda del Medio, con intenciones de llegar hasta las márgenes del río Colorado.

La “Crezca Grande” de 1914

La llegada del Año Nuevo de 1915 se vio empañada por una devastadora creciente que desde el 29 de diciembre de 1914 hasta el 10 de enero de 1915, barrió el valle del río Colorado arrasando en su dantesca 22 PELIZZARI, Gladis, Una colonia al Sur (2010). En Caldenia, suplemento semanal diario “La Arena”, Santa Rosa. Ps. 6/7.

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marcha desde la cordillera hasta el océano, vidas y bienes postergando el desarrollo de la región por largo tiempo. Este suceso es conocido en la historia regional como la “Crezca Grande”.

El origen del desastre fue la ruptura de un dique natural conformado sobre el río Barrancas – afluente del río Colorado – en la Cordillera de los Andes. Dicho dique originó la formación de una gran laguna denominada Carri Lauquen (Laguna Verde) cuyas medidas alcanzaban a 21 Km de longitud por 4 a 5 Km de ancho. Una vez que se llenó el cuenco, las aguas vertieron sobre el muro y se convirtieron en un caudal permanente a lo largo del tiempo. Así hasta que, en el invierno de 1914, se alteraron drásticamente las cosas.En efecto, las intensas nevadas de ese riguroso invierno formaron grandes mantos de nieve en las montañas próximas. El brusco deshielo provocado por las altas temperaturas de primavera y verano, ocasionó la bajada de grandes volúmenes de agua que incrementaron violentamente los caudales de arroyos, riachos y también Carri-Lauquen.

La notable presión del embalsamiento provocó la ruptura del muro, en el que se abrió una garganta de 250 m de largo por 100 de alto y por allí se volcaron al valle 2.000 millones de m3 de agua, sedimentos y rocas; el nivel del lago descendió entre 80 y 90 m y la extensión se redujo a 6 Km de largo por 1 o 2 de ancho. Todo este proceso se operó en pocas horas y hay coincidencias en señalar que ello sucedió en la noche del 29 de diciembre de 1914. 23

De acuerdo al informe elaborado por un observador destacado por la empresa del Ferrocarril del Sud cuya línea férrea cruza el río Colorado en el sudeste pampeano, el ingeniero Blencowe, el desborde inicial se produjo a las 16 horas del 29 de diciembre; ese mismo día 22 horas aproximadamente, pasó el pico de la creciente por Barrancas, para llegar a la estancia 25 de Mayo a las 14 horas del día siguiente.

La primera consecuencia registrada fue el cegamiento de las desembocaduras de algunos arroyos en la alta cuenca, debido a la deposición de los abundantes detritos que arrastraba la corriente. Al mismo tiempo, ante la poca anchura del valle, así como por la importante pendiente que se registra hasta la confluencia con el río Grande, el torbellino se llevó los pequeños depósitos aluviales que había en las orillas y ensanchó el cauce hasta las paredes de rocas, incorporando este material al volumen arrastrado.

En este primer tramo ubicado dentro del curso superior, fue donde más intensidad alcanzó el fenómeno, situándose los mayores daños en los recodos del valle aguas arriba del meridiano Xº y en el sector norte de la Colonia 25 de Mayo. A medida que avanzaba hacia la desembocadura, lentamente fue perdiendo el impulso inicial, pero ello no significó menguar su capacidad destructora.

Los diferentes testimonios que describen el suceso en el primer tramo son indicativos de la gravedad del evento. Según el comisario de policía de Chos-Malal, al pasar inspección en la margen rionegrina, no se encontró ningún sobreviviente en los puestos, como tampoco en la estancia La Margarita y sus alrededores. De ella solo quedaron algunos álamos y unas pocas ruinas de los edificios. En Costa del Colorado (Colonia Catriel) se repitió el informe: muerte de gran parte de los pobladores, de ganado y viviendas arrasadas.

Ingresando por el oeste a la margen pampeana, impactó directamente sobre Gobernador Ayala, El Sauzal y Colonia 25 de Mayo. Los distintos testimonios que han quedado, resaltan la gravedad de la

inundación a la vez que permiten reconstruir el avance de la misma.

23 La laguna “Carri Lauquen” no es la única en su tipo ya que, en inmediaciones se hallan otras dos denominadas “La Negra” y “La Fea” que participan de las mismas características. Al respecto, el organismo de cuenca – COIRCO - mantiene un estricto control por medio de la instalación de sistemas de información satelital y un apropiado sistema de alerta temprana en previsión de cualquier accidente natural que pudiera provocar algún evento semejante al descrito.

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“El 30 de diciembre, a la caída de la tarde, se vio aparecer a lo lejos una enorme polvareda, con ciertos reflejos metálicos, que avanzaba apresuradamente, creyéndose al principio que se trataba de alguna tormenta de tierra; pero aunque ya se hallaba muy próxima la catástrofe, dió tiempo a que algunos pobladores se pusieran a salvo, disparando a caballo o a pie hacia la barda que se encuentra más o menos a tres leguas de la costa del río Colorado. Pronto llegó la enorme masa de agua que sepultó o arrastró todo cuanto encontró a su paso: personas, casas, animales, alambrados, cultivos, etc., convirtiendo a la colonia, en pocas horas, en un verdadero desierto”. (Del relato de sobrevivientes al Inspector de Tierras Fiscales, en 1919).

“En esa época era aquella una región de porvenir inmejorable, florecientes colonias prosperaban en forma intensa; se esperaba una línea del ferrocarril, se transportaban los elementos necesarios para instalar un molino harinero para satisfacer las necesidades de la zona, pues la producción aumentaba y la población se multiplicaba, Había chacras bien alambradas, regadío por canales y acequias de cemento; una perfecta organización que prometía un progreso ascendente. El 30 de diciembre de 1914 cundió ente la población de las colonias, la terrible noticia de una fantástica inundación; la falta de medios rápidos de comunicación motivó que la catástrofe tomara de sorpresa a todos los habitantes y que fueran muy pocos aquellos que logramos salvar milagrosamente de la muerte. Mi esposo, mi hijo y un hijastro perecieron en la terrible inundación, que en aquel lugar elevó la correntada a diez metros de altura: mi sirvienta y yo, asidas a escombros que arrastraba el agua en peligrosos torbellinos, fuimos a encallar en el recodo de una barda, y allí permanecimos, creo que cinco días, pues desfallecidas, hambrientas y semidesnudas fuimos auxiliadas por comisiones organizadas por el juez de paz de La Copelina, don David Sánchez. Más del 60% de la población de la Colonia perdió la vida y los sobrevivientes quedamos en la más completa miseria, el agua se llevó todos nuestros efectos personales, casas, animales, etc.” (Relato de la viuda del comisario de policía Antonio Díaz).

El paso de la creciente por la zona de 25 de Mayo y su secuela de destrucción, motivó una rápida acción para tratar de rescatar a los sobrevivientes por parte del poco personal que había disponible. En el informe que luego se remite al gobernador del Territorio Nacional de La Pampa, el citado juez manifiesta: “Una vez en la colonia encontré como treinta personas a la intemperie y semidesnudas, como se habían salvado, disparando algunas a caballo y otras de a pie, porque habían tenido aviso. En tales circunstancias organicé un campamento, mandé en busca de carne para alimentar a los salvados y de algunos vecinos para que me secundaran...se salvó a once personas que ya perecían de hambre y que se asilaban arriba de un gran médano con el agua al pescuezo y agarrados de unas plantas de jarilla. El salvataje de estos se hizo con gran peligro, haciendo entrar a nado al río a quince personas a caballo, se sacaron algunos enancados y otros por detrás. Había cuatro mujeres, cuatro hombres y tres niños. El mismo día se hizo otra entrada y se encontraron diez personas de las cuales se sacaron tres porque los otros no estaban en condiciones de moverlos, por lo que se les envió carne asada. El día 4 se sacó en una basa de palos a tres criollos que ya no tenían que comer por habérseles concluido la carne de un perro que los siguió y se salvó con ellos en un médano.”

Así, poco a poco, se fueron rescatando sobrevivientes dispersos entre las pequeñas islas que emergían. En un sitio llamado Médano Colorado se localizó a 44 personas, todas provenientes de 25 de Mayo, en

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buen estado por haber caballos y vacas para su consumo.

El informe prosigue: “Del personal de policía, el único cadáver que encontré fue el del agente nuevo que mandaron de ésa. Los salvados a caballo y en balsa son sesenta y cinco. Tengo para racionar ciento cuarenta y cinco personas. Llegué hasta donde calculé que estaba la comisaría; la casa se la llevó el agua, como así también la gran casa de negocio de Vicente Ezquerra, a éste y un sobrino. Hay cincuenta y ocho desaparecidos, de los cuales se encontraron algunos cadáveres. La avalancha de agua en lo de Fermín Ezquerra, se calcula en siete metros. En la colonia, donde el valle es más ancho, en cinco metros, y en la población de Barrancas, donde se llevó todo, se dice que marcó diecisiete metros de altura.”Las consecuencias del paso de la avalancha habían sido funestas. Según informaciones de distintas fuentes, entre Carri-Lauquen y Meridiano Xº las personas que fallecieron fueron sesenta y cinco, en tanto que entre Peñas Blancas y 25 de Mayo, perecieron ciento diez personas. La creciente había pasado así por el cauce superior.

Aguas abajo de Colonia 25 de Mayo, el valle del río se estrecha imposibilitando en gran medida, la radicación de grandes grupos humanos. Así es que, el tránsito de la creciente por el valle medio no causó desgracias o daños como lo había hecho en el superior. En Pichi Mahuida (Xº Dpto. en La Pampa) la localización de los edificios públicos y viviendas en la barda, impidió la acción del agua. En cambio, sobre la margen rionegrina, la avalancha cubrió totalmente las vías del Ferrocarril del Sud llegando a una altura de 3,50 m sobre los rieles, dejando un gran manto de arena.

En Juan de Garay, otra pequeña estación ferroviaria, el nivel ascendió a más de tres metros sobre las vías. En el tramo de Fortín Uno a Fortín Mercedes se repitió el suceso y obligó a conectar los aparatos telegráficos directamente a los cables aéreos, puesto que los postes habían quedado casi sumergidos en su totalidad.

Prosiguiendo el derrotero, la creciente llegó al valle inferior, asentamiento de las poblaciones de La Adela y Río Colorado. En la primera población, localizada en la costa pampeana, no causó muchos daños por estar recostada contra la barda y ser pocos los pobladores, ello les dio el tiempo preciso como para que pudieran ponerse a salvo, cosa que hicieron yéndose a Gaviotas (F,C,S,). Junto con ellos se salvaron ochenta rionegrinos que habían quedado aislados en islotes próximos a la costa. Pero en la margen opuesta, o sea en Río Colorado, las cosas no fueron tan sencillas, sino que revistieron características dramáticas.

Allí el ancho del río llegó, según testimonios, a casi dos leguas y el aluvión hizo saltar violentamente el nivel de las aguas que comenzaron rápidamente a cubrir la zona. Así consta en el siguiente relato: “Estamos todavía bajo la penosa impresión de la dura mañana del 3 de este mes, cuando el desbordamiento del Colorado con su estrépito espantoso, nos puso frente a las angustias de este desastre, nunca visto entre nosotros...A eso de las siete de la mañana de ese día nefasto, los vecinos sentimos algo así como un rumor de un lejano cañoneo o un volcán agitado, sordo, feroz, amenazante. El rumor se hizo más fuerte, indicando la aproximación de la fuerza que lo producía. La alarma comenzó entonces a cundir y el presentimiento de un desastre, nos hizo temblar pensando en la vida de los niños y de los enfermos. De pronto el río saltó hacia arriba, empezando su desbordamiento terrible. Fue saliendo de madre por sus

flancos e invadiendo campo y población como una rápida segadora. La tierra comenzó a desaparecer bajo la capa líquida y las calles a llenarse de agua. Ya no estábamos metidos en el agua hasta las

rodillas sino que en las viviendas las gentes que habían ganado altura pensando que aquello pasaría tuvo que abandonarlas y lanzarse al agua decididamente, llevándose los niños que habían sido colocados sobre las mesas. Cuando acordamos los muebles empezaban a flotar y las casas de madera, descuajadas por los impulsos de la correntada se tumbaron sin poder resistir sus violencias y furiosas sacudidas

del viento...”

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Los primeros auxilios fueron encaminados por el ferrocarril, que despachó un tren especial para atender a la población que se había reunido en las dos estaciones más sacudidas por el fenómeno: Buena Parada y Río Colorado. Luego de ayudar a estas familias se intentó proseguir vías arriba, pero al sobrepasar la segunda estación, el agua anegó las vías, se introdujo dentro de los vagones y obligó a los ocupantes a asilarse en una altura rodeada de aguas. Allí en una carpa improvisada con frazadas estuvieron aislados durante cinco días, alimentándose de una majada que circunstancialmente había quedado en ese lugar. Posteriormente pudieron extraer dos botes que había en el tren y regresar por el río. A todo esto, más de cien kilómetros de vía cedieron a causa del socavamiento de los terraplenes, aislando totalmente a las poblaciones del oeste.

Cabe hacer notar que la creciente registró su pico máximo durante los días 6 y 8 de enero, iniciando su descenso a partir del 9, permitiendo a partir de allí la movilización necesaria para ayudar a los damnificados.

Mientras, ya en inmediaciones de la desembocadura en el Mar Argentino, la acción postrera de la inundación consistió en la ruptura de los albardones del delta, a la altura del riacho Azul; luego entró al mar y se desvaneció en la inmensidad del océano.

A lo largo de todo el valle del río, el impacto causado por la inundación marcó un jalón en su desarrollo. Hubo estancias y pequeños núcleos poblacionales que desaparecieron; otros fueron golpeados duramente como también sucedió con las áreas productivas bajo riego.

En el caso de las colonias del suroeste pampeano, se detuvo el proceso de crecimiento sostenido que llevaba desde sus comienzos para entrar en un estado letárgico que se mantuvo por décadas. Si bien se produjo el regreso de algunos chacareros, las condiciones productivas de los fundos ya no era la misma: canales arrasados, suelos removidos, árboles arrancados, dunas instaladas sobre antiguas zonas de cultivo, motivaron que cundiera la desazón en la región.

Es de destacar un intento de impulsar una nueva área bajo riego: la colonia “Los Viejos”, que se ubicaron en una faja angosta próxima al río pero que, debido a la acción erosiva del mismo, no logró alcanzar relevancia puesto que no superó las 150 hectáreas en producción.

La “Estancia de los Ingleses” cuyo casco se salvó del desastre, comenzó a restaurar el antiguo espacio productivo contando con la participación de colonos criollos, vascos y chilenos. Reconstruyeron canales y emparejaron las tierras dañadas para comenzar a producir pasturas y semillas de alfalfa que eran adquiridas por la empresa que luego vendía en las nuevas chacras ubicadas en el valle del río Negro unos 100 Km al sur.

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Foto 7: Corte de alfalfa

Es de esa época la puesta en producción de viñedos en “Colonia Chica” y de otra área de riego unos 60 Km aguas arriba denominada “Colonia San Isidro”, donde colonos mendocinos y chilenos cultivaban 250 hectáreas de alfalfa, maíz, cebada y centeno.

Foto 8: Parvas en Estancia Los Ingleses (1920)

De todas maneras, puede afirmarse que la producción bajo riego en el sector pampeano del río entra en un estado de letargo que se extenderá por largo tiempo24. El estado nacional, que salvo la

creación de la Colonia 25 de Mayo, no había tenido otra actuación, recién en 1932 dio a conocer un trabajo del Director General de Irrigación denominado

24 En 1914 el registro censal indicaba que en La Pampa residían 101.338 hsbitantes.

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“La utilización del río Colorado”. En él, el ingeniero Rodolfo Ballester recupera parte de las viejas ideas del ingeniero Cipolletti y plantea impulsar el aprovechamiento integral del río, esto es en la cuenca inferior que abarcaba la provincia de Buenos Aires y sectores de los entonces territorios nacionales de La Pampa y Río Negro.

Posteriores estudios y proyectos delinearán diques, canales, nuevas chacras, pero esto pertenece a otra etapa de la historia del regadío sobre el río Colorado. Fue necesario esperar hasta 1951, momento en que La Pampa adquiere el estatus jurídico provincial, para que se iniciara una acción sostenida en el tiempo y permitiera concretar el viejo sueño de los pioneros.25

el riego en el sector pampeano del río Atuel

El río Atuel es el afluente más austral de la gran cuenca hidrográfica interjurisdiccional Desaguadero-Salado-Chadileuvú-Curacó. Su régimen es nival, con caudales del orden de los 32 m3/s drenando una superficie de 38.898 km2, según datos de la Subsecretaría de Recursos Hídricos de la Nación.

El Atuel se origina en la Cordillera de los Andes –provincia de Mendoza- y desemboca por medio de un delta en la mencionada cuenca destacándose los brazos denominados Atuel propiamente dicho, Butaló, de los Ingenieros, de la Barda y otros menores ya en el noroeste de La Pampa.

Mapa 4: Cuenca del río Atuel

25 Actualmente el Ente Provincial del Río Colorado es el organismo provincial de poner en práctica el regadío de unas 80.000 hectáreas ubicadas en la margen pampeana, distribuidas en distintos emprendimientos: Colonia El Sauzal, Colonia 25 de Mayo, Casa de Piedra, Planicie Curacó, Gobernador Duval, Valle de Prado y Bajo de los Baguales.

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El brazo llamado Atuel confluía en Paso de la Horqueta, en las cercanías de Santa Isabel, en tanto que el Butaló penetraba en La Pampa más de 170 Km, para alcanzar el colector en cercanías de Paso del Noque, al sur de Limay Mahuida. Otros brazos menores se ligaban a los principales a poco de entrar en territorio pampeano.

En la actualidad el único brazo activo que ingresa a la provincia de La Pampa en forma periódica es el arroyo de la Barda, que pasa próximo a la población de Algarrobo del Águila.

La del Atuel es una hidrografía profundamente alterada por acción humana. Hasta 1806 recibía como afluente al río Diamante, unidos por medio del arroyo de las Aguaditas, en cercanías de la ciudad de San Rafael (Mendoza). En aquella fecha fue desviado a una depresión de sentido O-E con el propósito de facilitar la travesía desértica entre el río Desaguadero y los oasis de la zona de San Rafael. El considerable caudal que debieron aportar ambos ríos en forma conjunta (el doble del actual para el Atuel), explican en parte la enorme llanura aluvial sobre la que discurre el curso.

Al igual que el río Colorado, tanto el Atuel como el Desaguadero-Salado-Chadileuvú, constituyeron antiguos corredores por los que circulaban los pueblos originarios. La existencia de agua dulce, peces, aves y otros animales, permitieron generar un ambiente favorable para la radicación de diferentes pueblos.“La continuidad de esta franja y la abundancia de los restos que se han hallado a lo largo de ella han permitido determinar lo que se llama el área cultural del Atuel, ajustada con el trazado de los ríos. Esta área abarca desde el alto valle del Atuel hasta el valle inferior del río Colorado” (Difrieri p8)

“La vida entera de estos pueblos ha estado ligada al agua fluvial, oscilante en su volumen anual, pero permanente…Los yacimientos principales (en La Pampa) son: Puesto Vallejo, Puesto Badal, Cochicó, Lonko Vaca, etc. (P7)

Es muy probable que los pobladores autóctonos del valle inferior del río Atuel, fueran descendientes de la antigua cultura huarpe. La misma se asentó en su momento de mayor expansión – alrededor del siglo XVI – en un espacio que comprendía las actuales provincias de San Juan por el norte, Mendoza, norte de Neuquén, noroeste pampeano y el oeste de San Luis.

Estuvieron relacionados con las comunidades diaguitas del noroeste, de las cuales seguramente adoptaron la agricultura. Al respecto, la fracción sur del pueblo huarpe denominada Milcayac estaba constituida por agricultores sedentarios que cultivaban maíz y quinoa, recolectaban algarroba y cazaban en menor medida.

Pasos preliminares del riego en el noreste pampeano

Situado en el noroeste de La Pampa, el tramo final del río Atuel – zona deltaica por excelencia- fue otro de los lugares que se presentaron de manera atractiva para repoblar luego de la conquista militar desarrollada desde 1878 en adelante.

El valle, encajonado por la meseta basáltica al oeste y la presencia del río Salado por el este, atrajo grupos de pobladores criollos, cuyanos y españoles que se dedicaron inicialmente a una

ganadería de subsistencia junto a la pesca y caza en los grandes espacios lacustres que dejaban las crecientes anuales.

Algunas pequeñas superficies fueron forestadas con álamos y frutales que enmarcaban pequeños cuadros sembrados con forrajes para soportar el período

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invernal. De todas maneras, en ese momento inicial toma marcada preeminencia la estancia “Ventrencó” propiedad de la compañía inglesa que poblara las márgenes del río Colorado.

El citado establecimiento, si bien se dedicó esencialmente a la cría de ganado lanar, tuvo un alto grado de productividad al disponer de los derrames del río. De acuerdo al relato de un antiguo poblador de la zona dedicado a la esquila de las ovejas, “…la esquila chica era de veinticinco mil a treinta mil ovejas y la esquila grande era cuando se esquilaba el cordero que sobrepasaba ese número. Esas ovejas se mantenían con unos pastizales increíbles que no los tenía la Provincia de Buenos Aires, como en la costa de la mar.” (Testimonio del Sr. Echeveste).

Otros emprendimientos de menor cuantía fueron llevados adelante por ocupantes de las tierras de la zona muchas de las cuales participaban de la calidad de “fiscales”. Así fue que se construyeron pequeños canales y acequias que transportaban el agua necesaria para regar cuadros de maíz, alfalfa, verduras, forestales y otros cultivos. No hay datos precisos sobre la superficie que regaban pero puede inferirse que oscilaban en unas 200 has.

A todo esto, en las márgenes del arroyo de la Barda, surge un poblamiento espontáneo que a partir de 1899 originará el caserío de Algarrobo del Águila; en tanto en 1904, en torno a la casa de comercio “Santa Isabel”, aparece el poblado homónimo situado en la margen del río Atuel propiamente dicho.

Foto 9: Algarrobo del Águila (1920)

Su desarrollo es lento debido a las características propias de una región semiárida, pero para 1920 congregan a 769 y 1750 habitantes respectivamente y se constituyen en pequeños centros de

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abastecimiento regional aunque Telén en La Pampa y General Alvear y San Rafael en Mendoza, captan la mayor actividad económica por estar servidas por servicios ferroviarios.

expansión del espacio de regadío en la provincia de Mendoza

Antes de proseguir con el avance del riego en territorio pampeano, es necesario dar un vistazo sobre lo que ocurre en la provincia de Mendoza puesto que ello tendrá neta incidencia sobre el tramo final del río Atuel.

El sector sur de dicha provincia también estuvo involucrado en las acciones militares de conquista que motivaron la expulsión de los pueblos originarios del centro y sur del país. A mediados de la década de 1880 un verdadero alud inmigratorio se vuelca a ocupar y poner en producción bajo riego, las áreas ribereñas de los ríos Diamante y Atuel.

Bajo el amparo de la Ley de Aguas de 1884, dictada inicialmente para el río Mendoza y luego extendida a los ríos Tunuyán, Diamante y Atuel, se comenzaron a otorgar concesiones de agua sobre estos dos últimos ríos. Es así que entre 1885 y 1900, “El Gobierno de la Provincia de Mendoza, por diversos decretos y resoluciones otorgó derechos de aprovechamiento indefinido de agua” (Bustos Dávila, N. 1981, ps II.67/68).

Con la creación del Departamento General de Irrigación en 1894, se organiza y reglamenta el funcionamiento del regadío, otorgando concesiones de derechos de uso vinculadas a la propiedad de la tierra medida que resulta atractiva tanto para las empresas colonizadoras como para los particulares que se sienten atraídos por la posibilidad de convertirse en productores.

Merece destacarse aquí, el rol destacadísimo que le cupo al ingeniero César Cipolletti – a quien se mencionara en ocasión de referirse al río Colorado – al frente de las primeras obras de ingeniería que permitieron la derivación de caudales con destino al riego en las fincas las cuales esencialmente se orientaron a la producción de pasturas, frutales, vid, hortalizas, etc.

A las aproximadamente 25.000 has que se concedieron entre 1885 y 1887, siguieron otorgándose derechos de uso de aguas para riego y a la vez estimulando la participación privada en los emprendimientos. En 1899 hay asentamientos de colonos suizos y boers y en 1901 se parcela un fundo que ocupaba miles de Km2 perteneciente a una familia tradicional con ascendencia desde la época colonial, los Alvear, dando lugar al surgimiento de distintos núcleos urbanos y fraccionamientos rurales todos usuarios de las aguas del Atuel.26

Iniciado el siglo XX, se fortalecerá la política mendocina de impulso a la expansión del área regada a través de una serie de leyes provinciales dictadas entre 1902 y 1913 que reafirman el impulso dado al denominado “oasis sur” en contraposición al oasis norte donde su ubica como centro la ciudad de Mendoza.

La sanción y promulgación de la Ley nacional Nº 6546/1909

En forma contemporánea, el Congreso de la Nación sancionó en el año 1909 la Ley Nº 6546 referente a “Estudios de obras de irrigación” la cual tuvo notoria influencia sobre la construcción de obras

de irrigación en las provincias argentinas y fundamentalmente, en Mendoza.

Este instrumento legal se orientó al aprovechamiento de las aguas de los ríos

26 “Los pobladores de la zona no se sentaban a esperar la acción oficial…la iniciativa privada tuvo un papel preponderante” (Mateu de Made, A. c1980)

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Segundo, Tercero, Quinto, Mendoza, Diamante, Tunuyán y Atuel entre otros, estableciendo que el P.E. “…mandará preparar los proyectos definitivos, con sus memorias descriptivas, cómputos métricos, análisis de precios unitarios y los presupuestos completos para la ejecución de obras que sea necesario a los efectos del aprovechamiento de las aguas…” (Art. 1º) con una particularidad: los proyectos de obras de irrigación se ubicaban mayoritariamente en las provincias y no en los territorios nacionales, con excepción del río Negro situado en el territorio homónimo.

La decisión política adoptada por el gobierno del Dr. Figueroa Alcorta implicó grandes inversiones financieras del tesoro nacional en las provincias (25.000.000 $ oro) aunque los usuarios de las mismas devolvían los fondos por medio del pago obligatorio del canon de agua (Art. 5º). Finalmente, en el artículo 11º, se estipulaba que una vez amortizado el capital invertido por la Nación, las obras “…pasarán al dominio y jurisdicción de las respectivas provincias sin cargo ni obligación alguna para ellas”.

Esto implicó la realización de variadas obras, tales como canales, embalses, derivaciones y otras que apuntalaron el desarrollo de diversas colonias agrícolas en el sur mendocino abastecidas con aguas de los ríos Diamante y Atuel. Esta expansión de la frontera agropecuaria incidirá en el paso del tiempo sobre las posibilidades de riego de tierras ubicadas aguas abajo, tal el caso del Territorio Nacional de la Pampa.

Creación de la colonia agrícola Butaló

Situándonos en suelo pampeano, es factible apreciar que, durante la presidencia del Dr. José Figueroa Alcorta (1906/1910), se decidió la creación de una colonia agrícola en la zona de confluencia del río Atuel con el río Salado, en inmediaciones de la actual población de Santa Isabel. Tal decisión estaba sustentada en la existencia de tierras aptas para cultivos, como también la disponibilidad de agua dulce proveniente del río Atuel.

Para efectuar la mensura y trazado de la futura colonia, se comisionó al ingeniero Justiniano Allende Posse quien debió enfrentar muchas dificultades por las características físicas de la comarca: inundaciones causadas tanto por el arroyo Butaló como por los otros brazos del río Atuel, existencia de totorales, juncales, grandes enlagunamientos y “humeales pantanosos” que, en algunos casos, solo pudo hacerse trabajo en botes y en otros no logró ingresar.

Aún así, el 21 de octubre de 1909, el presidente de la Nación, aprobó “…la mensura y división practicada para deslindar las chacras de la colonia agrícola, ubicada en los lotes 11 y 20, fracción A, Sección XVIII, del Territorio de La Pampa, que le fuera encomendada por el Decreto de fecha 23 de noviembre de 1908.”27

Posteriormente un nuevo decreto, fechado este el 15 de febrero de 1910, estableció el nombre de colonia “Butaló” al parcelamiento, a la vez que estableció que la Dirección General de Tierras y Colonias, debía proceder a la venta de chacras a un valor de $ 4,00 (moneda nacional) la hectárea, debiendo los adquirentes cultivar por lo menos, una cuarta parte de la superficie.

27 Decreto Nacional del 21 de octubre de 1909 publicado en el Boletín Oficial bajo el título de “Mensura en la Pampa”.

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Foto 10: Derrames del río Atuel antes de su corte

Mapa 5: Parcelamiento de la colonia Butaló

Es necesario aquí destacar que esta colonia se crea de manera previa a la sanción de la ley Nº 6546 ya descrita y, a semejanza de lo que sucediera con 25 de Mayo, el estado se limita a la creación y visitas periódicas para control y cobro de canon.

De esta forma se iniciaba, por parte de la Nación, un proyecto agrícola fundado sobre la posibilidad de aprovechar caudales hídricos que permitieran el avance de las actividades pecuarias

La colonia se encontraba dentro de un espacio mayor como lo es el valle del río

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Salado – Chadileuvú – Atuel. Las características regionales muestran un gran valle fluvial limitado al Oeste por la presencia de la barda que alcanza a unos 15 mts. de altura aproximadamente y por el cinturón de médanos al Este.

Los suelos son de tipo aluvial, con presencia de sedimentos de origen fluvial y eólico; en general son terrenos llanos que presentan acumulaciones arenosas dispuestas en bancos medanosos, con presencia de sectores salinizados y calcáreos.

En este marco, el presidente de la nación decidió instalar la colonia Butaló. De acuerdo a las instrucciones dadas, la superficie asignada a la colonia era de 9.700 hectáreas que fueron subdivididas en 93 lotes, correspondiendo una superficie de 100 has. a cada uno, con excepción de 4 lotes de 119 has. y 3 de 102 has.

La adjudicación de las parcelas se efectuaron en forma directa a cada solicitante, es decir sin un análisis socioeconómico que permitiese analizar las posibilidades de avanzar en el emprendimiento. De acuerdo al título provisorio 28 que se firmaba para cada unidad, se fijaba una serie de exigencias para el colono que eran bastante difíciles de cumplimentar.

Algunas de las estipulaciones indicaban que el agricultor debía ocupar efectivamente la parcela, construir habitación y accesorios y cultivar un porcentaje de la parcela; se condicionaba la tala de árboles existentes y se fijaba el pago de un canon al estado por la utilización de agua para riego; debía permitir el tendido de vías o trazado de calles por dentro de la propiedad siempre que no afectaran más del 3% de la superficie; asimismo se establecía que los caminos internos de la colonia debían ser mantenidos por los chacareros. El artículo 10, en tanto, muestra cómo el gobierno se cubría frente a la hipótesis de reclamos, al establecer que: “El Estado no se responsabiliza por errores en los datos puestos á disposición del interesado en lo que se refiere a este terreno…” 29

Firmados los respectivos títulos provisorios por los adjudicatarios - criollos e inmigrantes entre los que se destacan chilenos, españoles, italianos, polacos y algunos franceses - tomaron posesión de los lotes aunque es preciso acotar que los que se radican son esencialmente los ocupantes de los lotes del sector Norte (1 a 36) por ser los más beneficiados por la presencia de los brazos del río. En el resto de la colonia, si bien llegan varios adquirentes, quedan algunos lotes sin ocupar por razones que más adelante se detallan.

28 Fondo Tierras, febrero 1910, Archivo Histórico Provincial. En el archivo del mes citado y subsiguientes, hasta 1911, se hallan los expedientes de adjudicación de parcelas y la lista de adjudicatarios. 29 Ver reproducción de Título Provisorio que firmaban los colonos en el que se detallan los requisitos que se debían cumplir para lograr la posesión definitiva.

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Documento: Colonia agrícola Butaló. Reproducción de un título de propiedad.

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Puesta en marcha y producción

La primera inspección que se practicó a la colonia sucedió poco tiempo después de iniciar sus actividades. En efecto, con fecha 30 de mayo de 1911 se presenta un informe en el que se pasa revista a todos los lotes dando noticias de los nombres de los propietarios, características del terreno y tipo de vegetación existente, pobladores establecidos, tipo de vivienda, mejoras, etc. Un prolijo inventario recoge toda la información necesaria para conocer el estado inicial su funcionamiento. Tomando como ejemplo una de las chacras, la Nº 38, el informe establece:“Lote 38. Concedido a Primitivo Garmendia, 15 de setiembre 1910; tomó posesión el 25 de abril de 1911; tierra regular, con monte en el O; una tapera sin valor en el centro.”

Dos años después, de acuerdo a un informe fechado en junio de 1913, ocurre una nueva inspección 30 que procede de la misma forma que la anterior recorriendo la totalidad de la colonia. En el mismo se da cuenta de la existencia de producciones de alfalfa, centeno, avena, etc. además de plantaciones de sauces, álamos y acacias. La chacra antes citada expone una situación muy diferente a la de dos años atrás como se observa en el siguiente detalle:

“Lote 38. Concedido a Primitivo Garmendia y tiene las mejoras que siguen:1 rancho 4 x 4 paredes chorizo con techo de zinc

100

1 pozo 4 mts. calzado con zinc 120

1 cocina y 1 ramada ramas 30

corrales ramas y alambre 20

1 potrero 4 has. alfalfado 300

5.000 mts alambrado 7 hilos, postes caldén a 10 mts. y 4 varillas fierro I 1.500

Total de inversión $ 2.070

En agosto próximo, dice el concesionario, que sembrará unas 20 hectáreas....Tiene 25 bueyes de trabajo,..., y 43 lanares para consumo”.

Varias de las parcelas visitadas tienen características similares, algunas con mayor carga animal, otras con mayor superficie aprovechada, pero con producciones incipientes que auguraban un crecimiento a futuro. Un productor, por ejemplo, declaraba contar con 18 caballos, 40 vacunos, 50 cabras y unas 800 ovejas, lo que indica una actividad orientada a la ganadería.

30 Informe al Inspector General de Colonias, fechado el 13 de junio de 1913.

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Foto 11: Alfalfares en Colonia Butaló

La inspección de 1915 hace notar que se produce alfalfa, maíz, avena, se han plantado viñas, álamos y sauces, pero “…debido a los incontrolables desbordes de los arroyos y cañadas hay lotes que están bajo el agua durante gran parte del año, lo que ha llevado a sus pobladores a abandonarlos”.

Problemas de la colonia

Si bien los informes anteriores muestran un cierto grado de desarrollo de la colonia, el de 1919 presenta un panorama totalmente negativo. Una serie de dificultades que se venían destacando en las inspecciones, tales como: grandes distancias a centros poblados, malos servicios de correos y telégrafos, falta de infraestructura para riego, altos costos de erradicación del monte nativo, la falta de lluvias que dificultaba el laboreo y la presencia del salitre que no permitía un buen desarrollo de los cultivos, sumados a conflictos entre algunos propietarios que bloqueaban el libre escurrimiento hídrico, hicieron eclosión motivando el despoblamiento y abandono de las chacras. 31

En efecto, desde que comenzó a funcionar la colonia, se hizo evidente que una de las dificultades más críticas era la lejanía de los centros urbanos y de comunicaciones importantes. Al respecto, la distancia a Telén – última población pampeana a la que llegaba el ferrocarril - era de 200 km. aproximadamente; en tanto General Alvear y San Rafael en la provincia de Mendoza, estaban a 170 y 230 km. respectivamente.

En cuanto a los caminos a recorrer para recibir insumos o enviar la producción eran casi intransitables por la presencia de áreas inundables o en otros casos, la existencia de medanales que dificultaban el paso; tampoco había telégrafo que permitiese la comunicación con otras partes del territorio.

31 Informe al Inspector General de Tierras y Colonias A. Margueirat de la situación de la colonia Butaló, fracción A, Sección XVIII, lotes 11 y 20 del Territorio de La Pampa.

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Foto 12: Transporte de lana en chatas

Estos problemas de comunicación se potenciaban dentro de la colonia, con las inundaciones periódicas que se producían al llegar la creciente anual del río; ello queda evidenciado a partir de los diversos permisos para instalar botes y balsas que concedía el estado nacional.

Ya en la parte productiva se suscitaban serios problemas por la falta de capitales iniciales de parte de los colonos quienes, de acuerdo a los informes de los inspectores, no contaban con dinero para financiar las actividades necesarias para la puesta en producción. Así, la erradicación del monte, la sistematización y construcción de canales, la implantación de cultivos, la forestación, adquisición de máquinas y herramientas, se constituían en dificultades casi insalvables; esto no hubiera ocurrido de haber existido algún tipo de apoyo crediticio nacional.

A la dura lucha que llevan adelante contra todos los inconvenientes citados, se agrega el que, sin lugar a dudas, pone fin al desarrollo de la colonia: la interrupción de los escurrimientos de agua por el arroyo Butaló y por la cañada de la Tinajera.

Esta alteración reconoce como causa principal a la merma de caudales hídricos del río Atuel motivado por la derivación de agua para riego en el oasis de riego del sur mendocino, fundamentalmente en el área de General Alvear. Ello se potencia por tapones que se construyen en el tramo inferior del río en inmediaciones del límite pampeano a partir de 1918 y que ponen fin a la circulación de agua por los brazos que llegaban a la colonia.

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Foto 13: Cauce seco del arroyo Butaló

Foto 14: El otrora alfalfar en la actualidad

Es pertinente aclarar que La Pampa, tal como sucedió hasta su provincialización en 1951, estaba en un marcado estado de indefensión por su carácter de territorio nacional supeditado a las medidas que

tomase el gobierno nacional; de allí que nada podía hacer para salvar el proyecto de colonización.

fin de un proyecto

Efectuando una mirada retrospectiva sobre el proyecto y su destino, queda claro que el gobierno nacional no previó la vinculación caminera, ferroviaria ni

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comunicacional, hecho indispensable para la sobrevivencia de los pobladores que se hallaban aislados en un área semidesértica.

A ello cabe agregar que no hubo apoyo financiero para afrontar el período de instalación y puesta en producción; tampoco se planificó el tipo de producción ni los mercados que absorberían los productos de la colonia, dejando en manos de los colonos las decisiones a tomar.

Por otra parte, debido a las inundaciones que se producían periódicamente, la circulación interna era muy dificultosa produciéndose en algunos casos la imposibilidad de llegar o salir de las chacras; asimismo la dureza del clima y la falta de infraestructura hidráulica no permitieron avanzar en la instalación de cultivos y forestación.

Todos estos hechos negativos derivan en un estado de situación que lleva al fracaso del proyecto colonizador, expresado por la imposibilidad de generar un núcleo de colonos afianzados al lugar; disminución de la producción agrícola y posterior abandono de las chacras; pérdida de stock ganadero ovino y vacunos, iniciación de un proceso de degradación ambiental manifestado por embancamientos de sedimentos, deforestación, salinización de suelos, erosión eólica que favorece la formación de médanos, y otros daños. La posterior instalación de crianceros de caprinos, introdujo un factor más de alteración ambiental.

Simultáneamente en la provincia de Mendoza aumentaba el área bajo riego y consecuentemente disminuía la disponibilidad de caudales que ingresaban al territorio nacional de La Pampa, causando los cortes del brazo Atuel propiamente dicho, Butaló y de la Barda (1947)32.

Balance del subperíodo de riego temprano o pioneroLa ubicación geográfica de los dos sectores orientados a la producción bajo riego en lo que fuera Territorio Nacional de La Pampa y luego de Provincia de La Pampa, permite hallar muchas similitudes en sus comienzos y posterior puesta en producción. En efecto, ambos se sitúan sobre la región semiárida y a la vera de ríos que cuentan con un origen semejante: la nieve que cae en la cordillera de los Andes constituyéndose en la fuente que provee de aguas de excelente calidad para consumo humano, riego y otros usos.

También se inician en un momento histórico común cual es la campaña militar que expulsa del “desierto” a los pueblos originarios abriendo las puertas a la ocupación por parte de criollos e inmigrantes quienes abordarán por cuenta propia la puesta en marcha de pequeños emprendimientos de regadío.Estos reconocen antecedentes en las antiguas culturas situadas en las márgenes de los ríos aunque su

32 La interrupción de los escurrimientos de los distintos brazos del río Atuel que llegaban a La Pampa motivados por los aprovechamientos múltiples realizados en la provincia de Mendoza, culminó en un juicio interestatal ante la Corte Suprema de Justicia de la Nación. El mismo se inició en 1979 y culminó con el fallo emitido en 1987 por el cual se reconoció la calidad de interprovincial del río Atuel aunque se admitieron los derechos de riego a Mendoza de una superficie de 75.760 has. A la fecha se mantiene el litigio pues La Pampa no recibe un caudal mínimo en forma permanente sino que lo hace en forma esporádica sumiendo a la región en una seria crisis ambiental, social y económica.

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escala fue muy reducida y orientada a un complemento alimenticio que acompañaba el consumo de carnes, frutos naturales y peces.

La irrupción de los nuevos pobladores altera completamente la organización espacial introduciendo prácticas inspiradas en sistemas de riego traídos por los españoles, consistentes en la extracción de agua del río por medio de canales de tierra apisonada que llegaba a los cuadros sembrados con cereales, forrajeras, hortalizas, salicáceas y frutales a los que riega por medio de surcos o manto. La magnitud de las superficies sembradas no es relevante pero es indicativa del comienzo de un sistema productivo que se centrará en el oeste pampeano a contrapelo de las zonas de cultivo de secano del este.

En esta primera instancia no hay participación de ningún nivel estatal y gran parte de los iniciadores del riego son intrusos que ocupan tierras fiscales propiedad del estado nacional. Al respecto cabe hacer notar que la participación del mismo es muy reducida y ello está en armonía con la política que desde las áreas ministeriales, de la cuales dependía el gobierno de los territorios nacionales, se imponía sobre los vastos territorios conquistados a los pueblos originarios.

Vale aquí efectuar una breve digresión sobre la situación jurídica en que se hallaban inicialmente los territorios nacionales que luego dieron lugar a las provincias de La Pampa, Río Negro, Neuquén, Chubut, Santa Cruz, Formosa, Chaco, Misiones y Tierra del Fuego. La ley Nº 1532 denominada de Territorios Nacionales, promulgada en 1884, se orientó hacia la organización de dichas unidades políticas confiriéndoles límites políticos, organizándolos administrativamente y determinando la manera en que alcanzarían su autonomía. Esto se establece claramente en el artículo 4º, donde se establece que “Cuando la población de una Gobernación alcance a sesenta mil habitantes, constatados por el censo general y los censos suplementarios sucesivos, tendrá derecho para ser declarada provincia argentina.” En el caso de La Pampa que ya en 1912 había superado largamente los 60.000 habitantes exigidos por la ley (88.683 habitantes según el censo de ese año), recién fue convertida en provincia en el año 1951.

El gobernador era elegido por el poder ejecutivo nacional con acuerdo del Senado y duraba tres años en funciones, dependía del Ministerio del Interior y debía prestar especial atención a la recaudación de las rentas de diverso origen que luego se transferían al gobierno nacional. Las facultades estaban muy acotadas y no podía tomar decisiones sin previa consulta y autorización del nivel superior, de allí que frente a problemas muy graves como fue la interrupción del escurrimiento del río Atuel, los pobladores de La Pampa quedaron en un estado de indefensión por cuanto el gobernador estaba impedido de actuar.

El interés básico del nivel nacional se orientaba hacia la recaudación de fondos para el tesoro sin que hubiese reinversión en los territorios por lo que, además de la sangría económica, se encontraban en franco atraso con relación a las provincias. La falta de obra pública, comunicaciones escasas, pocas escuelas y baja asistencia de alumnos, pobreza y marginalidad, son características generales de la mayor parte del territorio pampeano, excepción hecha de la zona cerealera donde existían mejores condiciones de vida.

Lo expresado resulta de utilidad para comprender el rol que le cupo al estado nacional y al territorial en ocasión de la creación de las colonias agrícolas de regadío “25 de Mayo” y “Butaló” en el sudoeste y

noroeste respectivamente. En realidad, el Gobierno Nacional llevó adelante una acción burocrática cual fue la mensura, subdivisión y entrega de parcelas a los interesados para luego dedicarse a

inspeccionarlas y recaudar las rentas que abonaban los colonos, pero no solucionó los distintos inconvenientes que éstos sufrían: falta de caminos y medios de comunicación, nulo apoyo crediticio, carencia de infraestructura de riego, son algunos de ellos.

El acceso a la propiedad de la tierra destinada a regadío no constituyó un problema toda vez que la misma reconocía como propietarios a quienes habían comprado al

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estado a través de la adquisición de bonos para financiar la conquista militar o bien permanecían aún en manos del estado.

Distinta es la situación de los pobladores originarios a quienes no se les reconoció derecho alguno sobre las tierras que habían ocupado desde épocas pretéritas. A lo sumo, desde el estado se crearon colonias pastoriles tales como Emilio Mitre y Los Puelches, donde se confinó a grupos de sobrevivientes de la conquista.

Hechas estas salvedades, es de destacar que la venta de parcelas en las colonias destinadas a riego se realizaba bajo un sistema muy sencillo cual era formular la solicitud ante la Dirección de Tierras y Colonias de la Nación. Esta las concedía por medio de un título provisorio en el que se establecía que la mencionada Dirección era la encargada de determinar “…la forma en que deberá darse al concesionario la posesión del terreno” prohibiéndole al mismo vender o transferir la parcela mientras no tenga la escritura de propiedad de la tierra.

El cumplimiento de las exigencias estipuladas por el estado, le aseguraban al solicitante la posibilidad de convertirse en propietario tal el caso de muchos aspirantes de la Colonia 25 de Mayo. En Colonia Butaló no se registra un acceso masivo a la propiedad de la tierra debido a que las características propias de la región y circunstancias posteriores, no favorecieron la radicación de pobladores.

El valor de las tierras sujetas a riego era más elevado que las que se ubicaban en las zonas altas y por ende, con pocas o nulas posibilidades de producir. Es por esto que ambos valles resultan atractivos para la instalación humana generándose poblamientos espontáneos – sin fecha de fundación cierta – tales como 25 de Mayo, La Japonesa y La Adela sobre la margen pampeana del río Colorado y los ya mencionados Santa Isabel y Algarrobo del Águila en el delta del Atuel - que actúan como pequeños centros de servicios por la existencia de escuelas, destacamentos policiales, estafetas postales y juzgados de paz.

Respecto de las concesiones de agua para riego el estado no fija en este subperíodo reglas claras sobre su manejo, no estipulando cupos, derechos y obligaciones de los regantes y usuarios sino que deja establecido que “en caso de ser irrigable…, el concesionario tendrá la obligación de pagar la cuota de irrigación que (se)…fije en caso de realizarse obras de esta clase”. A lo sumo se producen autorizaciones para extraer agua del río Colorado tal como sucediera con el grupo de colonos provenientes de Sudáfrica autorizados por decisión presidencial, expuesto páginas anteriores.

No puede omitirse las duras condiciones de vida que debieron afrontar los colonos o chacareros como se los designa comúnmente. La severidad climática, desconocimiento inicial del comportamiento de los ríos, las labores de erradicación del monte natural, la limpieza, emparejamiento, construcción de canales, acequias y surcos, poca disponibilidad de capitales, la necesidad de cumplimentar las exigencias del gobierno central para conservar el predio, sumado a las distancias enormes a recorrer a caballo o en carros; la lentitud para recibir abastecimientos que se demoraban días y a veces meses en llegar desde los lejanos centros comerciales sin olvidar otro serio inconveniente cual era la atención de la salud de los pobladores que era atendida por prácticos o bien por curanderos que aplicaban sus medicinas

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ancestrales.

Estas trabas, lejos de arredrar a los pioneros, contribuyeron a generar un grupo humano caracterizado por la constancia, dedicación, perseverancia y un alto grado de tozudez que les permitió sobrellevar las duras pruebas a que fueron sometidos y allí quizás, pudiera buscarse el origen de una cultura del agua que pervivió pese a los duros avatares que soportaron.

Lamentablemente todos estos sacrificios fueron vanos frente al desastre natural ocurrido en el valle del río Colorado o por la acción humana en el tramo final del río Atuel. Estos hitos negativos marcan el fin de la acción pionera para ingresar a décadas de estancamiento y recesión.

Foto 15: Arroyo de la Barda en la actualidad

Epílogo

Los intentos iniciales de poner bajo riego extensiones de tierra situadas en el oeste pampeano con características transicionales de semiaridez a aridez a comienzos del siglo XX no puede menos que considerarse una epopeya en la que el hombre se enfrenta a una naturaleza casi hostil.

El desafío presentaba fortalezas tales como la disponibilidad de agua de buena calidad, suelos productivos, grupos humanos dispuestos a afrontar los obstáculos que surgieran, cierta facilidad en el acceso a la tierra.

Por el lado de las debilidades fueron tantas que pusieron freno a los intentos pioneros. Se han enumerado muchas de ellas pero pueden agregarse otras que por su amplitud exceden al funcionamiento de las colonias y, sin duda alguna, la mala gestión del agua por parte del gobierno nacional ocupa un lugar

preponderante.

De qué otro modo sino puede describirse la falta de una política nacional de riego que igualara las condiciones para las provincias y los territorios nacionales o la carencia de una ley que reglamentara el uso de los ríos interprovinciales evitando así conflictos que aún hoy no se han resuelto como la interrupción del río Atuel?

Si a ello agregamos la escasa o nula capacidad estatal para resolver problemas

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suscitados a mil kilómetros de distancia, se tiene la explicación del fracaso de una y la postergación de otra colonia.

Han pasado noventa años del fin del momento pionero y la realidad actual muestra el valle del río Colorado en un crecimiento lento pero sostenido. Diversas obras han cambiado la característica regional: diques, embalses, usinas hidroeléctricas, canales, chacras, poblaciones en crecimiento, permiten ver la concreción de los sueños de aquellos precursores del riego.

La contracara es el caso del río Atuel. De la antigua colonia Butaló nada ha quedado excepto algunos descendientes de los colonos dedicados a la ganadería extensiva mientras tanto frente a la interrupción del río, avanzaron los medanales, se salinizaron los suelos y el agua subterránea, la población se redujo empobreciéndose quienes se quedaron. Sólo un brazo de los muchos que tenía el delta, el arroyo de la Barda, acerca un pequeño caudal de agua en el invierno ya que en la primavera vuelve a cortarse y se renueva la sequía.

Dos finales diferentes para un mismo sueño: regar en el desierto para recrear la vida. Bibliografía y documentación consultada

1) Libros consultados:BERHONGARAY, Antonio Tomás (2000), La Pampa y su lucha por la autonomía. El fin del colonialismo interno argentino. Cosmos Offset, Buenos Aires.CHAVEZ de FESTA, Elva (c. 1984), La colonización agrícola en La Pampa. Período: 1880-1940. Fondo Editorial Pampeano, Santa Rosa, La Pampa.MARTÍNEZ SIERRA, Ramiro (1975), El Mapa de las Pampas. Ensayo. Buenos Aires, 2 tomos.MEDUS, Norma; HERNÁNDEZ BOCQUET, Raúl; CAZENAVE, Héctor (1982), Geografía de La Pampa, Editorial Extra, Santa Rosa, La Pampa.ROGIND, William, Historia del Ferrocarril del Sud (1937). Buenos Aires.STIEBEN, Enrique (1946), La Pampa, su Historia, su Geografía, su realidad y porvenir, Talleres Peuser, Buenos Aires.

2) Artículos en publicaciones periódicas:HERNÁNDEZ BOCQUET, Raúl (1988), La gran inundación del río Colorado, en Revista Patagónica, VIII: 38, Asociación Geográfica de la Patagonia, Editorial Publicaciones Especializadas SRL, Buenos Aires, pp 15-21.LLUCH, Andrea. Un largo proceso de exclusión. La política oficial y el destino final de los indígenas ranquelinos en La Pampa: Colonia Emilio Mitre (2002). En V Sol. Revista de Historia Regional. Año 6. Nº 6. Instituto de Estudios Socio-Históricos. Facultad de Ciencias Humanas. Universidad Nacional de La Pampa, pp 43-68.MANDRINI, Raúl. La historiografía argentina, los pueblos originarios y la incomodidad de los historiadores. 2007. Quinto Sol. Revista de Historia Regional. Instituto de Estudios Socio-Históricos. FCH. UNLPam. Año 11. Nº 11. pp 30-31.NAVARRO FLORIA, Pedro. La mirada del reformismo liberal sobre los Territorio del Sur argentino,

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3) Manuscritos, ponencias o conferencias no publicadasMEDUS, Norma; HERNANDEZ BOCQUET, Raúl O. Consecuencias de una planificación inadecuada en la gestión del territorio. Un estudio de caso: Colonia agrícola Butaló (1995). V Encuentro de geógrafos de América Latina. La Habana (CU).

4) Publicaciones institucionales y/o corporativas:ALVARELLOS DE LELL, Edith – HERNÁNDEZ BOCQUET, Raúl (1982), Recursos Hídricos Pampeanos, Biblioteca Pampeana. Folleto Nº 29.ARÁOZ, Fernando (1991), La Pampa Total, Aspectos Geográficos. Ministerio de Cultura y Educación, Santa Rosa, La Pampa.BUSTOS DÁVILA, Nicolás (1981), Síntesis histórica en relación con el río Atuel. Reseña histórica y aprovechamiento de las aguas del río Atuel. Gobierno de la Provincia de Mendoza. En: Anteproyecto definitivo red primaria de riego del río Atuel. Tomo I. Franklin Consult S.A. – Geomines S.A.CHAMBOULEYRON, Jorge Luis (1984), El riego en la Provincia de Mendoza. A cien años de la creación del Departamento General de Irrigación de Mendoza. CIPOLLETTI, César (1899), Estudios de irrigación de los ríos Negro y Colorado. Informe anexo a la Memoria del Ministerio de Obras Públicas de la República Argentina, Buenos Aires.DAUS, Federico (1980), Estudio de investigación geográfica y cartográfica del río Atuel. Provincia de La Pampa. El río Atuel es interprovincial. Tomo I. Segunda Parte. Santa Rosa.DIFRIERI, Horacio (1979), Demostración geohistórica del carácter interprovincial del río Atuel y de las causas que han originado la interrupción de sus escurrimientos. Provincia de La Pampa. El río Atuel es interprovincial. Tomo II Santa Rosa. (Editado parcialmente).DIFRIERI, Horacio (1980), Historia del río Atuel, Consejo Federal de Inversiones, Buenos Aires.ENTE PROVINCIAL DEL RÍO COLORADO (1999), Población, Economía y Recursos Naturales en la ribera pampeana del río Colorado, Gobierno de La Pampa, Santa Rosa. FACULTAD DE CIENCIAS HUMANAS (2004) La Pampa y su historia: aspectos geográficos, sociales, políticos y económicos. Curso de Extensión. Clase 1: Etchenique, Jorge, Introducción Histórica. UNLPam, Departamentos de Historia y Geografía..FUNDACION CHADILEUVU (1998), El agua en La Pampa. Fondo Editorial Pampeano., Editorial Extra, Santa Rosa.GOBIERNO DE LA PROVINCIA DE LA PAMPA (1956), El riego en la Pampa, Imprenta Oficial, Santa Rosa, La Pampa. GROEBER, Pablo (1916), Informe sobre las causas que han producido la crecida del río Colorado, Boletín Nº 11. Serie B, Geología. Buenos Aires. HERNÁNDEZ BOCQUET, Raúl (2005), Colonia agrícola Butaló, primer intento colonizador del Noroeste pampeano, en Temas Pampeanos: Recursos hídricos, medio ambiente e historia, Fundación Chadileuvú, Editorial Biblioteca Pampeana, Santa Rosa, La Pampa, pp.123-137. MORISOLI, Edgar (1983), Apuntes sobre el proceso de poblamiento de la cuenca media del río Colorado, A. P. A., Editorial Extra, Santa Rosa, La Pampa.

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Documentos de Archivo:“Actas de declaración de testigos acerca de las experiencias respecto de los escurrimientos del río Atuel en La Pampa”. Escribanía General de Gobierno de La Pampa (1978). Declaración del testigo José María Echeveste. Escritura Nº 280. Fs.0858-0859.“Elementos de trabajo de la Comisión Interjurisdiccional – Decreto 1963/1977. Poder Ejecutivo de la Provincia de La Pampa. Capítulo II: Interprovincialidad del río Atuel. Antecedentes Histórico-Geográficos. pp. 49-68.“Informe al Inspector General de Tierras y Colonias. Inspección General a Colonias Emilio Mitre, Butaló, 25 de Mayo y General Acha.” (1911), Tomo Nº 131, Inspector Felipe Orozco Núñez, en A.H.P. pp. 151-162.“Informe General sobre La Pampa (Secciones V, VII, IX, X, XIII, XIV, XV, XVI, XVIII, XIX, XX, XXI, XXIII, XXIV y XXV y Colonias Acha, Victorica, Emilio Mitre, Nicolás Levalle, Epúmer, Butaló, 25 de Mayo, Los Puhelches y Coli-Leufú)” (1920). Informe del Inspector Santiago Bello al Director General de Tierras y Colonias Dr. Isidro Maza., en A.H.P. 6 Tomos.“Informe al Honorable Concejo Deliberante sobre la fecha de fundación de 25 de Mayo (La Pampa)”. (1987), Prof. Moira Morisoli de Santamarina, Comisión Municipal de CulturaDIARIO “LA CAPITAL” (1915). Colección Archivo Histórico. Santa Rosa.DIRECCION GENERAL DE TIERRAS Y COLONIAS. Informe de las inspecciones a la colonia Butaló durante los años 1911, 1913, 1915 y 1920.GOBIERNO DE LA PAMPA CENTRAL. Expediente P, Nº 1, 4/1/1915, comunicando muerte comisario Díaz y gendarmes. Archivo Histórico Provincial.

Repositorios consultados:

Administración Provincial del Agua (APA)Archivo Histórico Provincial (AHP)Archivo Histórico 25 de Mayo (AH25 de Mayo)Cámara de Diputados de La Pampa. Biblioteca Comité Interjurisdiccional del Río Colorado (COIRCO)Dirección General de Estadística y Censos.Ente Provincial del Río Colorado (EPRC)Secretaría de Recursos Hídricos (SRH)

ILUSTrACIoNeS

ILUSTRACION Pie de imagen Fuente - Autor

Mapa Nº 1 Provincia de La Pampa. Localización Geográfica

Mapa elaborado por el autor

Mapa Nº 2 Colonia 25 de Mayo – La Pampa

Mapa Nº 3 Colonia Butaló – La Pampa A.P.A.L.P.

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Mapa Nº 4 Cuenca del río Colorado CO.I.R.CO.

Mapa Nº 5 Cuenca del río Atuel S.R.H.

Foto Nº 1 R. Colorado en la actualidad Juan P. Morisoli

Foto Nº 2 Ing. César Cipolletti Diario Los Andes - Mendoza

Foto Nº 3 Parva en 25 de Mayo Archivo Histórico Pcia La Pampa

Foto Nº 4 Inundación en 25 de Mayo Archivo Histórico Pcia La Pampa

Foto Nº 5 Arroyo de la Barda actualidad Juan P. Morisoli

Foto Nº 6 Desbordes Atuel Colección Sol – Sta. Isabel (LP)

Foto Nº 7 Chacras en producción Colección Sol – Sta. Isabel (LP)

Foto Nº 8 Ovinos - majada Colección Sol – Sta. Isabel (LP)

Foto Nº 9 A. del Águila Archivo Histórico Pcia La Pampa

Documento Reproducción título Archivo Histórico Pcia La Pampa

CArToGrAfÍA

Mapa Pie de imagen fuente - Autor

Nº 1 Provincia de La Pampa. Localización Geográfica R.O.Hernández B.

Nº 2 Cuenca del río Colorado. Se observa en el sudoeste de La Pampa la actual zona de riego de Colonia 25 de Mayo.

COIRCO

Nº 3 Colonia 25 de Mayo – La Pampa EPRC

Nº 4 Cuenca del río Atuel SRH

Nº 5 Colonia Butaló – La Pampa APA

Agradecimientos:

Dra. Marisa Moroni (FCH-UNLPam); Ing. Javier Schlegel (SRH); Prof. Roxana González (SRH); Lic. María Inés Poduje (AHP); Sra. Norma Noguerol de Pelizzari (E.P.R.C.); Emir Sol (Santa Isabel), Topógrafo Juan Pablo Morisoli (SRH) y Sra. Valeria Masimelli (SRH).

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