Revista 05 - SBOT-ES - abr/mai/jun 2009

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Entrevista Carlos Alberto Fagundes A importância da padronização na abordagem inicial do politraumatizado. 4 Matéria especial Lesões Ameaças no futebol, no surf, no tênis e em tantos outros esportes. 10 Carta do Presidente Artigo Raio X Vida Leve Dicas SBOT-ES SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA REGIONAL ESPÍRITO SANTO Informativo 05 2009 abr / mai / jun 2 3 8 12 14

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Edição número 05 da revista da SBOT-ES

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Entrevista Carlos Alberto Fagundes

A importância da padronização na abordagem inicial do politraumatizado.

4 Matéria especial Lesões

Ameaças no futebol, no surf, no tênis e em tantos outros esportes.

10Carta do Presidente

Artigo

Raio X

Vida Leve

Dicas SBOT-ES

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA REGIONAL ESPÍRITO SANTO

Informativo

05 2009

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o último dia 20 completamos

um ano de vigência da chama-

da Lei da Alcoolemia Zero. Mo-

mento mais do que oportuno para avaliar

os efeitos da medida em todo o território

nacional. Uma Audiência Pública convoca-

da há poucos dias pelos deputados Hugo

Leal (PSC-RJ), relator e autor do projeto, e

Jofran Frejat (PR-DF), deu início ao proces-

so de avaliação.

Apesar de Leal já ter mencionado que

“os números não são muito expressivos”,

vale fazer uma ressalva. Assim como o de-

putado, nós da Sociedade Brasileira de Or-

topedia e Traumatologia, Regional Espíri-

to Santo (SBOT-ES) acreditamos que a “Lei

Seca” se mostrou positiva neste primeiro

ano. As estatísticas da Polícia Rodoviária

Federal confirmaram redução no número

de mortes nas estradas federais.

Militar contra a combinação direção/

álcool e alertar sobre seus riscos sempre

foi uma de nossas bandeiras. Por isso mes-

mo, no dia 10 de junho, a SBOT-ES, em par-

ceria com a Nacional, promoveu mais uma

campanha de conscientização alertando

Carta do Presidente

João Carlos de Medeiros TeixeiraPresidente da SBOT-ES

DiretoriaPresidente: Dr. João Carlos de Medeiros TeixeiraPrimeiro Vice-Presidente: Dr. Alceuleir Cardoso de SouzaSegundo Vice-Presidente: Dr. Adelmo Rezende F. da CostaPrimeiro Secretário: Dr. Thanguy Gomes FriçoSegundo Secretário: Dr. Adelmo Rezende Ferreira da CostaPrimeiro Tesoureiro: Dr. Antônio Tamanini Segundo Tesoureiro: Dr. Paulo Henrique Paladini

Conselho Fiscal Dr. Carlos Henrique O. de Carvalho Dr. Mássimo Nelson C. E Gurgel Dr. Flávio Vieira Somoes Dr. Ruy Rocha GusmanDr. Fábio Vassimon JorgeDr. Bianor Guasti Júnior

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Dr. Anderson De NadaiDr. Alceuleir Cardoso de SouzaDr. Adelmo Rezende F. da CostaDr. Marcelo Nogueira da Silva

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ção da SBOT-ES.

N motoristas e passageiros sobre o perigo de

dirigir alcoolizado ou pegar carona com

quem ingeriu álcool. Na orla da Praia de

Camburi, em Vitória, distribuímos cartilhas

informativas e brindes.

Também contribuímos, junto com a Na-

cional, para a realização do I Fórum Estadu-

al do Trânsito e a II Jornada de Medicina de

Tráfego do Espírito Santo, promovido pela

Associação Brasileira de Medicina de Tráfe-

go (Abramet) em parceria com a Associação

Médica do Espírito Santo (Ames). O evento

– que teve o apoio da SBOT-ES – aconteceu

entre os dias 2 e 4 de julho, em Vitória e

debateu temas como acidentes de trânsito

nas capitais brasileiras, campanhas educati-

vas, o impacto econômico e social dos aci-

dentes na saúde pública, entre outros.

E nesse mesmo sentido pretendemos

continuar. Seja com campanhas, fóruns,

jornadas ou outros meios, o que pudermos

fazer para informar e orientar a sociedade

certamente o faremos. Afinal, trabalha-

mos sempre em defesa daquilo que é nos-

so bem mais valioso: a vida.

A importância de orientar

2 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009

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Artigo

Dor patelofemoral em pacientes jovens

Thiago Moreira Mattos | Ortopedista e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho

U Uma das queixas mais comuns no consultório do

ortopedista é a dor anterior em joelho de jovens.

Muitas vezes o paciente relata o uso prévio de

analgésicos e antiinflamatórios não esteróides, com alívio

apenas temporário da sintomatologia. Em geral, há um

histórico de desconforto especialmente nas atividades que

envolvem a flexão mantida do joelho - o famoso “sinal do

cinema” - ou a extensão ativa da articulação contra resis-

tência, que ocorre, por exemplo, no ato de subir escadas.

Ao se realizar uma anamnese cuidadosa sempre conse-

guimos detectar uma carga de trabalho que Scott Dye con-

ceituou como supra-fisiológica em seu clássico artigo sobre

o “envelope de função”, que nada mais é do que a zona

segura de atividades que uma articulação pode suportar

sem que haja perturbação em sua homeostase tissular. Tal

carga será tanto menor quanto menos favoráveis forem as

condições intrínsecas do paciente, seja sobrepeso, hipotro-

fia muscular, desalinhamentos do aparelho extensor, entre

outros fatores.

Ao passarmos para o exame físico, ênfase deve ser dada

à inspeção estática e dinâmica , onde poderemos surpreen-

der desvios rotacionais do fêmur e da tíbia, alterações na

anatomia dos pés, além de dor ao se estender os joelhos

a partir da posição sentada ou agachada. Um paciente co-

operativo pode ser de grande valia especialmente se for

capaz de localizar em que grau de flexão do joelho ocorre

o dolorimento. Isso nos dá uma dica da localização da pos-

sível lesão, seja na tróclea, na faceta medial ou lateral da

patela. Com o paciente em decúbito avalia-se a flexibilida-

de dos isquiotibiais, rotadores laterais do quadril, tensor da

fáscia lata, quadríceps e gêmeos.

Com a palpação descobrimos se há báscula patelar,

detalhamos o local da dor e avaliamos se há plicas sino-

viais sintomáticas. Um exame físico bemfeito associado a

radiografias de boa qualidade nas três incidências básicas

são suficientes para que o ortopedista possa instituir um

tratamento.

Na grande maioria dos casos, o tratamento conservador

é preconizado. Sempre devem ser tratadas as alterações ob-

servadas no exame físico. Exercícios de flexibilidade e ati-

vidades aeróbicas sem impacto como natação e a bicicleta

com banco alto são os mais indicados.

Contudo, especial atenção deve ser dada à redução da

carga de trabalho dentro da zona de homeostase tissular, o

que em hipótese alguma significa uma atitude sedentária.

Daí vem a importância da educação do paciente sobre do

que se trata o envelope de função.

3Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009

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Entrevista

Carlos Alberto Fagundes

a década de 70 o ortopedista

norte-americano James Stim-

mer sobrevoava, juntamente

com sua família, o estado de Nebraska em

seu pequeno avião, quando uma pane o

obrigou a fazer um pouso forçado em um

milharal da região. Na operação de resga-

te, ele notou que o primeiro atendimen-

to foi executado de forma mais correta

no local do acidente do que no hospital.

A partir desse drama pessoal, ficou claro

pra ele que era necessário haver uma ro-

tina de atendimento inicial que ajudaria a

salvar muitas vidas. Foi então que surgiu

o curso de Advanced Trauma Life Suport

(ATLS), em português, Suporte Avançado

de Vida no Trauma, cujo objetivo principal

é a padronização da abordagem inicial do

politraumatizado. Em 1978 foi realizado o

curso piloto nos Estados Unidos. Em 1980

nasceu o primeiro manual; e no ano de

1989 ele chegou ao Brasil através da Uni-

versidade de São Paulo (USP). Por aqui, o

curso é ministrado há 11 anos pelo Núcleo

ATLS do Espírito Santo. Para saber mais

sobre o ATLS e a sua importância para a

medicina contemporânea, o Informativo

SBOT-ES foi ouvir o coordenador do Nú-

cleo ATLS no Estado, o cirurgião geral e co-

loproctologista Carlos Alberto Fagundes.

Quem criou o ATLS e como ele fun-ciona?

O ATLS foi criado nos Estados Unidos

pelo Colégio Americano de Cirurgiões,

no final da década de 70, a partir de uma

experiência vivida por um ortopedista

americano. Este protocolo de abordagem

inicial do paciente de trauma propõe uma

sequência de atendimento em que é pre-

ciso identificar e solucionar os problemas

do politraumatizado que matam mais de-

pressa.

Assim, estabeleceu-se que a obstrução

das vias aéreas mata mais depressa do que

problemas de ventilação do pulmão, que

NATLS: um curso para salvar vidas

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por sua vez é mais grave do que a perda de

sangue, que por sua vez tem prioridade so-

bre os problemas sensórios, para, por fim,

serem tratadas as lesões de extremidades.

Baseado nesse estudo, foi criado um méto-

do mnemônico: o ABCDE do exame primá-

rio. A de Airway (vias aéreas), B de Breathing

(ventilação), C de Circulation (circulação), D de

Disability (estado de orientação) e E de Envi-

ronment (fatores ambientais).

Como este método foi testado para se tornar referência entre programas de ensino médico pós-graduado?

Depois de criado o método mnemônico,

ele foi implantado na ilha de Trinidad e To-

bago, um país caribenho pequeno, mas que

apresentava um alto índice de morte por

trauma, principalmente derivadas

de acidentes automobilísticos. As

equipes médicas do local foram

treinadas e após um ano da im-

plementação do método o índice

óbitos caiu de 84% para menos de

17%.

Este foi o grande impacto que o

programa ATLS causou. Os pacien-

tes pararam de morrer durante os

primeiros momentos de atendimen-

to. Não importava se o acidentado

tinha uma fratura exposta, primei-

ro era observado se não havia nada

impedindo-o de respirar.

A partir desse piloto, o Colégio Ameri-

cano registrou a marca e passou a ministrar

cursos inicialmente na América do Norte. Em

função dos benefícios demonstrados pelas

estatísticas americanas, o programa ganhou

o mundo.

O ATLS é um curso específico para cirurgiões?

Absolutamente. Ele é aberto para qual-

quer profissional médico, principalmente para

aqueles que trabalham na linha de frente de

atendimento a vítimas de trauma. O Comitê

de Trauma do Colégio Americano estuda a

possibilidade de abrir o curso para graduan-

dos do 6º ano de medicina, mas por enquanto

apenas médicos formados podem fazê-lo.

No entanto, o Colégio Americano insti-

tuiu o Pre Hospital Trauma Life Suport (PHTLS),

que universaliza a linguagem do ATLS e per-

mite o treinamento em conjunto do médico

com o motorista-socorrista, dos auxiliares e

técnicos de enfermagem, porque cada um

deles tem um papel importante a cumprir

dentro de uma equipe multidisciplinar de

abordagem a vítimas de trauma.

Qual é a importância para um médico ter um curso como este em seu cur-rículo?

Primeiro é para a sua formação. Temos

um exemplo bem claro aqui em nosso Esta-

do, pois as duas clássicas escolas de medicina,

Ufes e Emescam, possuem prontos-socorros

que não atendem trauma. Ou seja, aqueles

médicos que não conseguem entrar em uma

residência, vão para o mercado sem ter aces-

so à especialidade.

Vivemos essa realidade aqui no Hospital

Dório Silva, pois os recém-formados precisam

trabalhar e passam a dar plantões em dias e

horários que o profissional já estabilizado no

mercado não trabalha mais, como finais de

semana e feriados. O pior é que são nesses

dias e horários que o número de acidentes é

maior. Qualquer clínico de plantão aqui no

Dório Silva que for atender a um politrau-

matizado vai ficar perdido durante o aten-

dimento. Não é, obviamente, porque ele não

tem o curso de ATLS, mas porque não rece-

beu esse treinamento nas escolas médicas.

Outra vantagem é com relação ao mer-

cado. Em grandes centros, como São Paulo,

ter o curso já se tornou pré-requisito para ser

admitido em grandes hospitais.

E aqui no Espírito Santo, o curso é valo-rizado?

A não ser pela Unimed Vitória, que pas-

sou a exigir de seus plantonistas o curso, nem

o governo estadual e nem os governos mu-

nicipais se preocupam em dar este tipo de

treinamento aos seus servidores que traba-

lham na linha de frente de atendimento ao

paciente de trauma.

Isso é gravíssimo, pois estamos falando

de vidas humanas e a maioria de nossos go-

vernantes trata esse problema com absoluto

descaso. Eles sabem o impacto econômico

que a doença trauma causa em nossa eco-

nomia, pois isso já foi divulgado em várias

pesquisas e ações, como a que o professor e

membro do Colégio Americano Dário Birolini

promoveu há alguns anos. Ele plantou mais

de 100 mil cruzes em frente ao Congresso

Nacional, alertando autoridades e a opinião

pública para este grande problema, mas o

que ainda impera é o descaso.

Felizmente, nossos médicos não pensam

assim. Eles entendem a importância desse cur-

so e o procuram cada vez mais por iniciativa

própria, mas jamais por exigência do Estado.

O ATLS é um curso caro? Ele não poderia ser ministrado durante a graduação?

O curso custa R$ 1.080,00. Não chega a

ser tão caro em função do retorno que ele

traz. Para alguns colegas que são remunera-

dos pelo governo ou municípios, o curso pesa

no orçamento. Mas para o poder

público investir, face aos benefícios

que o programa proporcionaria na

qualidade do atendimento emer-

gencial, o valor é irrisório.

Quanto à segunda pergunta,

o curso poderia ser ministrado em

nossos colégios médicos sim, mas

não com esse nome, pois trata-se

de uma marca registrada. Algumas

universidades como a USP, de São

Paulo, e a PUC, de Porto Alegre, já

possuem a disciplina Trauma.

Fale um pouco sobre a dinâmica do curso e qual é a sua periodicidade.

É um curso intensivo, de imersão. São

20h de carga horária. Ele começa na sexta-

feira à tarde, contunua no sábado o dia todo

e termina no domingo. São ministradas aulas

teóricas e práticas com manequins artificiais

e humanos. O participante aprende a ordem

sequencial dos atendimentos; passa a ter

mais noção de quando é necessário solicitar

exames complementares; entre outros. Tudo

acompanhado por instrutores que avaliam

cada resposta que o aluno dá durante o de-

senrolar do curso.

Quanto às atualizações, elas são feitas

a cada quatro anos. Toda informação nova

que melhore o nível de atendimento é in-

corporado através dos cursos chamados de

Refresh. Assim que termina o curso, o mé-

dico recebe uma carteirinha. Caso ele não a

renove de quatro em quatro anos, ela per-

de a validade e ele precisa fazer um novo

curso. A tolerância do Colégio Americano é

de seis meses.

Atualmente nós ministramos um curso

de ATLS a cada dois meses. Já os cursos de

Refresh têm uma frequência maior.

Nossos médicos entendem a importância

desse curso e o procuram cada vez mais

5Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009

Page 6: Revista 05 - SBOT-ES - abr/mai/jun 2009

Capa

o reunir profissionais capixabas e

de outros estados, além de uma

personalidade internacional para

três dias de palestras, conferências e muita

troca de experiência, o 1o Congresso Capi-

xaba de Ortopedia e Traumatologia, re-

alizado em julho do ano passado, foi um

sucesso. O público participante aprovou a

ideia e, no final do evento, teve muita gen-

te pedindo bis. A Sociedade Capixaba de

Ortopedia e Traumatologia, Regional Espíri-

to Santo (SBOT-ES) atendeu ao pedido e, um

ano depois, vem aí o 2° Congresso de Orto-

pedia e Traumatologia do Espírito Santo, que

será realizado de 30 de julho a 1o de agosto,

no Hotel Radisson, em Vitória.

Dessa vez, participarão do evento con-

vidados do Rio de Janeiro e de São Paulo, e

serão discutidos temas como Medicina Base-

ada em Evidências; atendimento inicial pelo

cirurgião do trauma; tratamento cirúrgico de

fraturas; e infecções em cirurgias ortopédicas.

É mais um evento utilizado pela SBOT-ES para

Com a participação confirmada de convidados do Rio de Janeiro e de São Paulo, vem aí o congresso que promete reunir a comunidade médica capixaba para três dias de muita troca de experiências.

levar à ortopedia capixaba eventos científicos

de qualidade e que contribuam para a for-

mação dos profissionais do Estado. Essa, aliás,

é uma grande preocupação da Sociedade. Do

início do ano passado até agora foram cinco

jornadas, dois workshops, dois cursos e agora

mas este congresso.

Para este novo evento falta muito pouco

ou praticamente nada. “Todos os convidados

estão confirmados e a programação já foi de-

finida”, revela com entusiasmo o presidente

da SBOT-ES, João Carlos Teixeira. Ele explica

que a Sociedade foi criteriosa na escolha dos

convidados: “Buscamos profissionais atuan-

tes no mercado e especialistas em Ortopedia

e Traumatologia. Isso sem falar no fato de to-

dos serem formadores de opinião.”

Na lista estão José Sérgio Franco, profes-

sor do Departamento de Ortopedia da UFRJ,

Rio de Janeiro; João Carlos Belloti, coorde-

nador do curso de metodologia da Unifesp;

Kodi Kojima, chefe do Grupo do Trauma e

Ortopedia da Irmandade da Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo; Vicenzo Giorda-

no, do Hospital Municipal Miguel Couto,

do Rio de Janeiro; Tito Rocha, do Instituto

Nacional de Traumato-ortopedia - HTO, do

Rio de Janeiro; José Soares Hungria Neto,

da Santa Casa de São Paulo; e os capixabas

Amphilóphio de Oliveira Júnior, da Uni-

med Diagnóstico, e Robert Stephen Ale-

xander, do Hospital São Lucas.

A

Tudo pronto para um dos maiores eventos da ortopedia e traumatologia estadual

6 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009

Page 7: Revista 05 - SBOT-ES - abr/mai/jun 2009

ExpectativasPrata da casa, o médico Amphilóphio

de Oliveira Júnior destaca a importância de

um evento deste porte para a formação dos

ortopedistas capixabas: “O congresso vai

contar com a participação de ortopedistas

experientes e de renome nacional, com te-

mas relevantes, como a Medicina Baseada

em Evidências e o atendimento inicial no

trauma. São assuntos que fazem significa-

tiva diferença no prognóstico do paciente

e no resultado da prática médica.”

E a contribuição de Oliveira para o 2°

Congresso Capixaba de Ortopedia e Trau-

matologia já está mais do que definida.

“Apresentarei um algoritmo na abor-

dagem radiológica das fraturas típicas e

ocultas, usando como base as normativas

do Colégio Brasileiro de Radiologia”, ex-

plica.

Para convocar a comunidade médica,

o presidente da SBOT-ES diz que a Socie-

dade vai investir em divulgação. “Vamos

usar e-mails, informativos, outdoor, folder,

comunicação boca-a-boca e muito mais”.

Tudo isso para alcançar uma meta ousada.

“Acreditamos que haverá um aumento de

no mínimo 40% em relação ao número de

pessoas presentes no congresso do ano

passado”, arrisca Teixeira.

Com a participação confirmada de convidados do Rio de Janeiro e de São Paulo, vem aí o congresso que promete reunir a comunidade médica capixaba para três dias de muita troca de experiências.

InscriçõesOs interessados em participar do 2°

Congresso Capixaba de Ortopedia e Trau-

matologia podem entrar em contato com

a SBOT-ES pelo telefone (27) 3229-7641

ou pelo e-mail [email protected].

Os valores das inscrições são os seguintes:

médicos não cooperados Unimed/COOTES/

SBOT-ES pagam R$ 200,00; de médicos co-

operados Unimed/COOTES/SBOT-ES será

cobrado o valor de R$ 100,00; fisiotera-

peutas pagarão R$ 70,00; acadêmicos e

residentes, R$ 50,00.

Tudo pronto para um dos maiores eventos da ortopedia e traumatologia estadual

7Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009

Page 8: Revista 05 - SBOT-ES - abr/mai/jun 2009

Raio X

O professor - e responsável pelo Serviço de Cirurgia do Membro Superior, Mão e Microcirurgia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto -, Nilton Mazzer ministrou no último 22 de maio, em Vitória, o Workshop AO - Mão e Membro Superior. Esta foi a segunda vez – a primeira no ano passado - que Mazzer veio ao Estado a convite da SBOT-ES para ministrar um curso des-se tipo. As novidades deste ano ficaram por conta da apresentação da mini placa condilar HCS 3.0 (fratura do escafóide); e da mini placa T 2.0 (fratura intraarticular do rádio distal). Mazzer enfatizou a importância desses cursos no processo de desenvolvimento da especialidade aqui no Espírito Santo, que já conta com sete membros titulares na Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão (SBCMão).

1

2 3

4 5

1

2

3

4

5

Workshop AO - Mão e Membro Superior

Aula teório ministrada pelo professor

Nilton Mazzer

Leandro Figueiredo, Everaldo Marche-

zini, Nilton Mazzer, Paulo Paladini e

Rafael Ribeiro

Ricardo Matedi, Nilton Mazzer, Saulo

Gomes e Paulo Paladini

Luciano Catabriga, Nilton Mazzer e

Anderson De Nadai

David Hoffmann, Cilas Reis,

Nilton Mazzer, Ricardo Matedi

e Saulo Gomes

8 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009

Page 9: Revista 05 - SBOT-ES - abr/mai/jun 2009

9Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009

Page 10: Revista 05 - SBOT-ES - abr/mai/jun 2009

Especial

les são figuras notáveis do es-

porte nacional. Um é jogador de

futebol famoso e foi eleito três

vezes o melhor do mundo pela Federação

Internacional de Futebol (FIFA). O outro,

tenista consagrado, foi tricampeão de

Roland Garros, um dos mais célebres tor-

neios de tênis mundial, e sustentou por 43

semanas o ranking de melhor jogador do

planeta. Além da carreira vitoriosa, esses

dois atletas têm algo mais em comum: a

vida marcada por lesões.

Ronaldo Luis Nazário de Lima, mais co-

nhecido como “fenômeno”, ao longo de

seus quase 20 anos de carreira no futebol

E tem anotado no currículo gols que o con-

sagraram pelos diversos clubes por onde

passou. Além dos tentos, uma série de

contusões que já o tiraram dos gramados

por longos períodos. Os acidentes, porém,

foram todos superados, e o maior golea-

dor de copas do mundo, felizmente, ainda

brilha dentro das quatro linhas mostrando

o que sabe fazer de melhor.

A mesma sorte, no entanto, não teve

Gustavo Kuerten, o “Guga”. O franzino

tenista brasileiro despontou no esporte no

final da década de 1990 como uma pro-

messa certa de muitos títulos. Teve 20 con-

quistas individuais e 8 em duplas. Porém,

no auge da carreira, vieram as contusões.

Uma após outra, ano após ano, até que,

aos 31 anos de idade, veio a aposentado-

ria precoce.

Devido à fama desses dois atletas, as

lesões citadas anteriormente são conheci-

das por boa parte dos brasileiros. Porém,

as ocorrências desse tipo de comprometi-

mento da saúde são muito mais comuns

do que se imagina. Todos os dias, atletas

profissionais ou amadores de todo o mun-

do se machucam em caminhadas, corridas

ou na prática de alguma modalidade de

esporte.

Ossos do ofício

Para falar de lesões, especialistas em cada modalidade

TênisAnderson De Nadai começou a praticar tênis há 10 anos e desde

então participa de competições de nível estadual. Especialista em

cirurgias do ombro e do cotovelo, De Nadai foi campeão de simples

e duplas do 1º Torneio de Tênis da SBOT-ES realizado em 2007.

Lesões mais frequentes - Tendinites, principalmente no punho e

no joelho, e torções do tornozelo.

Como ocorrem - As tendinites são causadas por movimentos in-

corretos realizados pelos atletas, pelo excesso de tempo diário de

prática e também pelo impacto que os membros inferiores são

submetidos, principalmente em quadras duras. Já as entorses são

devidas ao grande número de deslocamentos realizados pelos

atletas durante uma partida.

Tipos de tratamento - Na maioria dos casos, o tratamento é feito

por meio do uso de medicamentos para aliviar o quadro de dor e

inflamação. A isso, soma-se o afastamento do esporte por um pe-

ríodo adequado, que, dependendo da lesão, pode durar meses.

Em seguida, é feita a reabilitação para que o praticante retorne

às atividades físicas em segurança.

Artes Marciais Praticante de Jiu-Jitsu há 15 anos e faixa preta nesta modalidade,

Bruno Barreira Campagnoli, ortopedista e traumatologista especiali-

zado em cirurgia do quadril, nunca teve uma lesão grave até então.

Lesões mais frequentes - As musculoesqueléticas. Os tipos variam

de acordo com a modalidade praticada.

Como ocorrem - Dependendo da prática esportiva, tem-se mais

10 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009

Page 11: Revista 05 - SBOT-ES - abr/mai/jun 2009

Profissional ou não, um esportista sempre está sujeito a lesões. Imprevi-síveis, algumas delas não incomodam tanto. Em outros casos, no entan-to, elas podem representar uma aposentadoria certa.

A qualquer custoDe acordo com dados do Ministério da

Saúde, a inatividade física é responsável

por 54% dos riscos de morte por distúrbios

cardiovasculares, 50% dos derrames fatais

e 37% dos riscos de casos de câncer. Quem

pratica regularmente exercícios físicos, por-

tanto, tem uma série de benefícios jogando

a seu favor. Redução da pressão arterial e dos

níveis de colesterol, queima de calorias, con-

trole da diabetes, fortalecimento muscular e

ósseo, melhora na capacidade pulmonar e na

flexibilidade das articulações são apenas al-

guns exemplos. Isso sem falar no aumento da

auto-estima e do bem-estar, na redução do

estresse e na melhoria no convívio social.

Ou seja, praticar exercícios é um santo

remédio indicado para evitar diversos males.

Mas é preciso muito cuidado na hora de suar

a camisa. Quando mal orientadas, as ativi-

dades físicas podem ter efeitos contrários,

como distensões musculares, desmaios, dores

na coluna, nos ombros e no pescoço, além, é

claro, das lesões nas articulações dos joelhos

ou nos tendões. De acordo com o ortopedista

Carlos Henrique Cândido, isso pode ser sinal

de exagero na dose de exercícios ou falta de

acompanhamento profissional adequado.

Os resultados ruins advindos de práticas

esportivas podem surgir também por outro

motivo. Hoje, devido ao aumento da preocu-

pação com a boa forma, uma infinidade de

pessoas faz de tudo para se incluir no time

dos sarados. E nessa leva estão aqueles que

não encontram tempo para a prática do es-

porte durante a semana, deixando para se

exercitar apenas nos dias de descanso do tra-

balho. São os chamados “esportistas de fim

de semana”. A falta de orientação e a pouca

prática podem trazer consequências graves

para esses praticantes. “Se for pra fazer só no

fim de semana, é melhor que nem se faça”,

sentencia Carlos Henrique Cândido.

contusões e lesões musculares, como é o caso das modalidades

com chutes e socos (Taekwondo e Karate). Já nos esportes que

envolvem movimentos de alavanca (Judô, Jiu-Jitsu e Aikidô) as le-

sões são mais frequentes nas articulações de membros superiores

e inferiores. O número de lesões aumenta de maneira diretamen-

te proporcional ao tempo de prática esportiva, ao nível do atleta

e ao período de treinamento.

Tipo de tratamento - Dependerá do tipo da lesão, da idade do

praticante e do nível do atleta. Vai desde a medidas simples,

como aplicação de gelo local para as contusões, até ao tratamen-

to cirúrgico de lesões mais graves.

FutebolMédico do Serra Futebol Clube, Carlos Henrique Cândido está acostu-

mado a ver e cuidar de lesões que tiram muitos craques dos gramados.

Lesões mais frequentes - Musculares, de joelho e de tornozelo.

Como ocorrem - As musculares ocorrem geralmente devido a es-

forços, como as “arrancadas”. No caso do joelho e do tornozelo,

as causas são as entorses. As lesões musculares são bem mais co-

muns, mas atualmente tem-se notado um aumento no número

de casos de problemas no tornozelo e no joelho.

Tipo de tratamento - Em relação ao tornozelo, depois do diagnós-

tico por imagem, observa-se a existência ou não de fraturas. Caso

exista, o tratamento é cirúrgico. Se não, o remédio é fisioterapia

somada a analgésicos e anti-inflamatórios. No joelho, é necessá-

ria uma ressonância para definir o grau da lesão. Casos menos

graves são resolvidos apenas com fisioterapia, de uma semana a

três meses. Já as lesões mais sérias, como as de menisco (Rogério

Ceni, do São Paulo, e Cafu, ex-lateral direito da seleção brasileira)

ou de ligamento cruzado (Rafael Sóbis, ex-Internacional de Porto

Alegre) necessitam de intervenção cirúrgica e podem deixar o jo-

gador fora de atividade por até oito meses.

11Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009

Page 12: Revista 05 - SBOT-ES - abr/mai/jun 2009

voz grave e imponente intimida.

Os cabelos e a barba um pouco

grisalhos junto com a camisa so-

cial listrada dão um tom sério. O olhar leve-

mente aquilino é atencioso, e a conversa,

cadenciada. “Eu não sou um enólogo, um

sommelier ou um entendido no assunto.

Sou apenas um cara que gosta de tomar

vinho”, despista. Mera modéstia. O cara é

Atyla Quintaes, cujo carimbo institucional

é o de médico ortopedista. Aqui, porém,

ele é um pouco mais. No lugar do orto-

doxo doutor Atyla, o garoto aventureiro

que um dia largou tudo e foi conhecer o

mundo; o filho respeitoso ao pai; o marido

cortês; o pai dedicado; e, sobretudo, o exí-

mio apreciador de vinhos.

Aos 62 anos, Atyla é daquelas pessoas

com quem você pode ficar batendo um

papo por horas a fio sem se cansar. Filho

de uma família patriarcal, é um legítimo

“canela-verde”: nasceu e cresceu em Vila

Velha. Em 1968, aos 17 anos de idade, in-

gressou no curso de medicina da Universi-

dade Federal do Espírito

Santo. Tudo indicava

uma vida sem muitas

surpresas. Porém, a in-

quietude de Atyla (tal-

vez reflexo de alguns

conselhos paternos) o

fez tomar um rumo di-

ferente.

Ele lembra que quan-

do fez 17 anos o pai o

emancipou com uma es-

critura pública e lhe deu

um papel com um texto

batido à máquina que di-

zia: “Jamais devemos nos

contentar com as coisas

que estão descobertas”.

Era um presságio. Ainda

em 1968, Atyla largou tudo e foi para Lis-

boa. O convite veio de um amigo, o artista

Kleber Galvêas. “Eu era um cara muito

inquieto e queria conhecer o mundo”, re-

lembra com um brilho no olhar.

A ida para Portugal fez Atyla atrasar o

curso de medicina, mas em troca lhe per-

mitiu enxergar a vida com outros olhos.

“Eu não ficava só lá (Portugal). Viajava

para outros lugares e, com isso, comecei

a descobrir novos valores morais, éticos e

filosóficos”. No final das contas, além da

Europa, Atyla também passou pela Ásia

e África. Ele pisou em países como Mar-

rocos, Angola, Ilha Madeira, Espanha,

Itália, Grécia, Israel, Áustria, Alemanha,

França, Bélgica, Holanda e Inglaterra.

“Só não conheci mais lugares porque

não tinha dinheiro” (risos).

De todos os lugares por onde passou,

porém, certamente o que mais marcou a

vida de Atyla foi Portugal. Foi lá, inclusi-

ve, que ele teve o primeiro contato com

vinhos. Para não desagradar o pai, que

achava feio ver jovens bebendo, Atyla só

foi colocar uma bebida alcoólica na boca

aos 18 anos de idade. Naquela época, em

Lisboa, era comum (e continua sendo até

hoje) servir uma garrafa de vinho na hora

do almoço e na hora do jantar. A prática

seduziu o jovem estudante que decidiu

experimentar da bebida. O encanto foi

imediato e intenso. “Nos três anos em

que fiquei por lá, tomava todos os dias,

religiosamente, uma garrafa pelo menos”,

lembra.

De volta ao BrasilAos 22 anos, Atyla deixou Portugal e

retornou ao Espírito Santo para dar pros-

seguimento aos estudos do curso de medi-

cina. Na ocasião, ele viu-se numa situação

delicada: por aqui ainda não havia o hábito

de beber vinho e mesmo aqueles que se en-

contravam à venda não agradavam muito,

já que eram “doces demais”. Para a sorte

do médico, os tempos mudaram, e os vi-

nhos importados, inclusive os portugueses

- paixão declarada de Atyla -, hoje são fa-

cilmente encontrados na ex-colônia de Por-

tugal. São eles que ajudam a lotar as duas

adegas que Atyla tem em casa. Uma tem

capacidade para 18 garrafas e na outra,

que ele mesmo mandou construir, de ma-

deira e com grades de aço inoxidável por

dentro, cabem exatamente 48 garrafas.

Quase um ano depois de retornar ao

País, uma jovem de 17 anos, natural de

Domingos Martins, conquistaria definitiva-

mente o coração do aspirante a médico. O

namoro com Regina Vera durou cinco anos.

O casamento já soma 32 primaveras.

Nesse tempo, a esposa, que nunca ha-

via tomado nenhum tipo de vinho (ou de

qualquer outra bebida afim), foi influen-

ciada pelo marido e agora, segundo Atyla,

A

O apreço por conhecer coisas novas Atyla cultiva desde a infância, mas

o prazer em experimentar vinhos só pode acontecer depois dos 18 anos.

12 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009

Page 13: Revista 05 - SBOT-ES - abr/mai/jun 2009

esbanja um gosto apuradíssimo no assunto.

“Acredito que as mulheres têm uma sensi-

bilidade maior pra certas coisas”, arrisca.

Hoje, o vinho é um companheiro fiel do

casal, que adora sentar na varanda e botar

a conversa em dia entre um gole e outro.

“Isso é muito melhor do que ver televisão”,

garante Atyla.

O apreço pelo vinho, porém, não se per-

petuou nos três filhos, frutos do matrimônio

com Regina Vera. “Isso é um problema sério

lá em casa. Eles só tomam cerveja”, lamenta

o pai do Guilherme, do Atyla Neto e do Bru-

no. Nada que estrague o prazer de se reunir

com os filhos no final de semana para pelo

menos uma refeição.

Durante os 32 anos de casado, Atyla

garante que nunca aceitou um emprego

que o impedisse de fazer uma refeição com

os filhos, segundo ele, oportunidade para

colocar a conversa em dia e passar alguns

ensinamentos. “É uma coisa importante pra

mim: o diálogo e os valores morais que você

passa com ele”.

Claro que nessas ocasiões não poderia

faltar uma de suas grandes paixões. De se-

gunda a sexta, Atyla não coloca uma gota

sequer de álcool na boca. Mas sábado e

domingo é lei: sempre tem uma comida

especial para ser apreciada junto com uma

garrafa de vinho.

Os encontros, aliás, servem muito mais

do que para o diálogo em família. É a opor-

tunidade de Atyla praticar outro hobbie

seu. Além de viajar e de fotografar, ele é

apaixonado pela culinária. “Adoro cozinhar.

E nunca repito um prato. Gosto de viver ex-

perimentando”, confessa.

Experimentar, conhecer, buscar coisas

novas. Talvez seja essa inquietude que me-

lhor defina o marido da Regina Vera. Talvez,

a explicação para o homem que nunca fez

nenhum curso na área ter um conhecimento

tão apurado

de vinhos. Talvez,

um conselho transfor-

mador para a posterida-

de, como aquele que Atyla

recebeu do pai quando tinha

17 anos. Afinal, como costu-

ma repetir o pai do Bruno,

do Atyla Neto e do Guilher-

me, “o mundo evolui por conta

de pessoas que discordam. Quem

concorda com tudo não constrói

nada”.

O melhor vinho“Estávamos eu, minha esposa e um ca-

sal de amigos portugueses em Régua (Por-

tugal). No local, não havia nenhuma casa

de pasto (restaurante) aberta. Eram mais ou

menos duas horas da tarde de um sábado,

eu estava com pão, presunto, queijo e muita

fome. Encontrei uma camponesa toda ves-

tida de preto e perguntei se não havia um

lugar pra eu comprar uma garrafa de vinho

e apreciar junto com a comida. Com corte-

sia, ela falou que naquela hora não encon-

traria nenhum ponto comercial, mas que, se

quiséssemos, poderíamos ir até a casa dela.

Decidimos ir. Lá, ela abriu a adega e, direto

da barrica, nos serviu. Não sei se é porque

eu estava com muita fome ou porque a tem-

peratura estava fantástica (faziam uns 6° no

alto da montanha), mas o fato é que o vi-

nho desceu aveludado. Foi fantástico. Não

sei se foi inspiração do momento, mas foi

mágico”.

Em pequenas dosesRevista SBOT-ES - Como se tornar um bom

apreciador de vinhos?

Atyla Quintaes - Não tem segredo; você

precisa começar a tomar. Se não gostou

de um, passe para outro. Vá experimentan-

do até apurar seu paladar.

RA - Existem cuidados para guardar as gar-

rafas em casa?

AQ - O vinho não pode ser exposto a qual-

quer tipo de luz; a garrafa não pode ficar

balançando muito e deve permanecer incli-

nada, nunca em pé.

RA - Qual é a comida ideal para acompa-

nhar um bom vinho?

AQ - A regra é simples: o vinho não pode

matar o paladar da comida e nem o contrá-

rio. Eles têm que se harmonizar.

RA - E a melhor ocasião?

AQ - Sentar com uma boa companhia e

ficar jogando conversa fora, colocando o

vinho na boca e deixando ele rolar lenta-

mente alterando as papilas gustativas.

RA - Aparência, cheiro ou gosto?

AQ - A aparência é tudo, mas o buquê (chei-

ro) e o gosto também são importantes.

RA - Vinhos preferidos.

AQ - Nunca me prendo ao rótulo. Eu tenho

preferência por certos tipos de uvas: as tin-

tas Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon,

Touriga e Baga, além da branca Arinto.

RA - A garrafa dos sonhos.

AQ - Se chama Pêra-Manca. É um vinho por-

tuguês que não é produzido todo ano e cuja

garrafa custa aproximadamente R$ 500,00.

Um dia eu faço essa loucura. (risos)

O apreço por conhecer coisas novas Atyla cultiva desde a infância, mas

o prazer em experimentar vinhos só pode acontecer depois dos 18 anos.

13Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009

Page 14: Revista 05 - SBOT-ES - abr/mai/jun 2009

Dicas SBOT-ES

Idosos em segurança

s quase 20 milhões de idosos que

hoje integram a população brasi-

leira convivem todos os dias com

uma grave ameaça. Segundo levantamento

do Ministério da Saúde, 75% dos acidentes

envolvendo pessoas com mais de 60 anos no

Brasil acontece dentro da própria casa. Nas

escadas, no jardim, no quarto, na cozinha, na

sala, onde menos se imagina, basta um des-

cuido e pronto: mais um caso para engrossar

as estatísticas.

Parte desse quadro tem uma explicação

fisiológica simples: com o avanço da idade,

uma série de fatores provoca perdas súbitas

e momentâneas da consciência, que é o pri-

meiro passo para a ocorrência de um aciden-

te. O médico ortopedista Jorge Luiz Kriger,

que frequentemente atende pacientes idosos

com fraturas, explica que o envelhecimento

compromete a habilidade do sistema nervoso

central de realizar o processamento dos sinais

vestibulares, visuais e proprioceptivos respon-

sáveis pela manutenção do equilíbrio corporal.

Além disso, o ortopedista acrescenta que

nessa idade há uma diminuição da capacidade

de modificações dos reflexos adaptativos. “To-

dos esses processos degenerativos são respon-

sáveis pela ocorrência de vertigem e/ou tontu-

ra; e de desequilíbrio na população geriátrica”,

completa.

Mas os retardos biológicos não são os úni-

cos responsáveis pelos acidentes. Como lembra

Kriger, “um importante fator para potenciali-

zar os acidentes é a falta de adaptação na casa

do idoso e a presença de diversas ‘armadilhas’”.

Mobília mal posicionada; gavetas abertas; ob-

jetos deixados pelo chão (principalmente entre

o quarto e o banheiro); má iluminação; escadas

com degraus de tamanhos diferentes; fios elé-

tricos ou de telefone deixados no chão; soleiras

das portas não niveladas com o piso; banheira

ou chuveiro sem barras de apoio e tapetes que

não sejam antiderrapante são apenas alguns

exemplos.

As consequências desses acidentes, na

maioria das vezes, são fraturas, principalmen-

te no punho, no ombro, na coluna e no fêmur.

Dependendo da gravidade, o indivíduo pode

sofrer com sérias incapacidades funcionais e,

num quadro extremo, vir a falecer.

No Brasil, só as quedas (tipo mais comum

de acidente) são responsáveis por 24% das

mortes nos mais velhos. Cerca de 30% dos

idosos sofrem quedas a cada ano. E essa taxa

aumenta para 40% entre pessoas com mais de

80 anos.

Diante disso, uma preocupação da classe

de ortopedistas é de agir preventivamente,

informa o ortopedista Jorge Kriger. “Existe a

necessidade de um constante esclarecimento

por parte dos médicos acerca dos cuidados

necessários no lar, como a adaptação de pisos

e armários, o estabelecimento de uma lumi-

nosidade adequada, a instalação de barras de

segurança e a realização de cursos para acom-

panhantes”, comenta.

Nem mesmo no conforto do lar os mais velhos estão longe de perigos. Saiba que medidas tomar para evitar acidentes dentro da própria casa.

O

14 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009

Page 15: Revista 05 - SBOT-ES - abr/mai/jun 2009

30, 31 DE JULHO E 1º DE AGOSTO DE 2009HOTEL RADISSON • PRAIA DO CANTO • VITÓRIA

PROGRAMAÇÃO

30 de julho (quinta-feira)

1º de agosto (sábado)

Abertura - Dr. João Carlos TeixeiraAtendimento inicial pelo cirurgião de trauma

Dr. Robert Stephen Alexander (ES)Atendimento inicial pelo ortopedistaDr. Tito Henrique Rocha (RJ)Trauma RaquimedularDr. Rodrigo Rezende (ES)

Fixação primária definitiva? Quando?Dr. Vincenzo Giordano (RJ)DiscussãoCoffee Break

8h às 8h158h15 às 8h30

8h30 às 8h45

8h45 às 9h

9h às 9h15

9h15 às 9h459h45 às 10h15

31 de julho (sexta-feira)Módulo I

Módulo III

Módulo II

Módulo IV

Módulo V

Módulo VI

Trat. cirúrgico das fraturas do colo femoralDr. José Hungria Neto (SP)Trat. cirúrgico das fraturas subtrocanterianas Dr. José Sérgio Franco (RJ)Trat. cirúrgico das fraturas da extremidade distal do fêmur -Dr. Tito Henrique Rocha (RJ)DiscussãoAlmoço

10h15 às 10h30

10h30 às 10h45

10h45 às 11h

11h às 11h3011h30 às 13h

Trat. cirúrgico da fratura do platô tibialDr. Kodi Kojima (SP)Trat. cirúrgico das fraturas da diáfise da tíbia Dr. Vincenzo Giordano (RJ)Trat. cirúrgico das fraturas do pilãoDr. José Sérgio Franco (RJ)

Algoritimo radiológico nas fraturas típicasDr. Amphilóphio de Oliveira Jr. (ES)DiscussãoCoffee Break

13h45 às 14h

14h às 14h1514h15 às 14h45

13h às 13h15

13h15 às 13h30

13h30 às 13h45

Trat. cirúrgico das fraturas da extremidade proximal do úmero - Dr. Tito Henrique Rocha (RJ)Trat cirúrgico das fraturas da diáfise do úmeroDr. Vincenzo Giordano (RJ)Trat. cirúrgico das fraturas da extremidade distal

do úmero - Dr. Kodi Kojima (SP)Trat. cirúrgico das fraturas do antebraçoDr. José Hungria Neto (SP)Trat. cirúrgico das fraturas da diáfise do fêmur Dr. Kodi Kojima (SP)Discussão

14h45 às 15h

15h às 15h15

15h15 às 15h30

15h30 às 15h45

15h45 às 16h

16h às 16h30

Fraturas ocultas e osteoporóticasDr. Amphilóphio de Oliveira Jr. (ES)Trat. cirúrgico das fraturas osteoporóticasDr. José Hungria Neto (SP)Evolução dos implantes ortopédicos para osteoporose Dr. Kodi Kojima (SP)DiscussãoCoffee Break

8h às 8h15

8h15 às 8h30

8h30 às 8h45

8h45 às 9h9h às 9h30

Trat. cirúrgico das fraturas do olecranoDr. Sérgio Franco (RJ)Trat. cirúrgico das fraturas expostasDr. Vincenzo Giordano (RJ)Infecções em cirurgias ortopédicasDr. Tito Henrique Rocha (RJ)Quando e por que retirar os implantes?Dr. José Hungria Neto (SP)Lesão da pélvis - Dr.Kodi Kojima (SP)DiscussãoEncerramento

9h30 às 9h45

9h45 às 10h

10h às 10h15

10h15 às 10h30

10h30 às 10h4510h45 às 11h11h às 11h15

14h às 16h

16h às 16h2016h20 às 18h

19h19h30

Medicina Baseada em EvidênciasDr. João Carlos Belloti (SP)Coffee BreakMedicina Baseada em EvidênciasDr. João Carlos Belloti (SP)Abertura oficial - Dr. João Carlos TeixeiraCoquetel

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