Revista 1 Teste

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Teste de descricao da revista 1

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EDITORIAL | FOREvER 2000.

Há ALgO DE DIFEREnTE nEsTE FIm DE DécADA, E A gEnTE AcHA quE sAbE O quE é: O FAçA vOcê mEsmO vEncEu. TALvEz O “punk” EsTEjA “DEAD”, mAs sEu LEgADO mAIs vALIOsO ImpERA, E é gRAçAs A ELE quE A bAnDA DE HOjE pODE sER FAcILmEnTE sOTERRADA pELAs bAnDAs DE AmAnHã. A nOIzE #30 pROcuRA REgIsTRAR ALguns DOs quE AcREDITA sEREm Os mELHOREs ARTIsTAs AcOnTEcIDOs Em 2009, pARA quE ELEs FIquEm DEvIDAmEnTE REgIsTRADOs – sãO, DE cERTA FORmA, pARTE DAs cOIsAs mAIs LEgAIs quE OuvImOs nA DécADA quE sE EncERRA. E O sãO pORquE cOnsEguIRAm REunIR O TALEnTO pARA A músIcA E O “FAçA vOcê mEsmO” Em um só TRAbALHO.TALvEz O mAIOR ExEmpLO DIssO nEsTA EDIçãO sEjA EmIcIDA. O RAppER nuncA mEDIu EsFORçOs, E sObRE suAs pAIxõEs ObsTInADAs, quE vãO muITO ALém DO RAp, ELE cOnTOu Em um pApO sEREnO E Em cLOsEs sIncEROs. As OuTRAs TRês EnTREvIsTAs DEsTA nOIzE nãO DEIxAm pOR mEnOs: O n.A.s.A. é A DécADA DE 90 REnAscEnDO nO ImpéRIO DIY, cOm O Ex-pLAnET HEmp zEgOn E sAm “squEAk E. cLEAn” junTAnDO Em um mEsmO DIscO ARTIsTAs DE TODAs As mATIzEs. O bLAck DRAwIng cHALks é A gRAnDE bAnDA DE ROck A suRgIR Em TERRAs TupInIquIns Em 2009, gEsTADA E gERIDA DEnTRO DO nOvO pAnORAmA DE cOLETIvOs, quE FIzERAm DE suA gOIânIA nATAL A gRAnDE cIDADE ROck bRAzucA Em bOA pARTE DO sécuLO xxI. E A bRITânIcA OLD ROmAnTIc kILLER bAnD, A quE LOuvAmOs E vImOs AcAbAR nO mEsmO AnO, é A pROvA REAL DA FALHA nO sIsTEmA: às vEzEs, A pROFusãO DE bAnDAs, sOmADA às TEnDêncIAs E pREFERêncIAs mOmEnTânEAs (O mAInsTREAm nãO mORREu), pODEm sOTERRAR umA gRAnDE bAnDA DE ROck quAnDO suA sEmEnTE REcém gERmInOu E sOLTOu As pRImEIRAs FOLHAs.

mAs FOLHAs pOR FOLHAs, ETERnIzAmOs nAs quE sEguEm AquELAs quE TALvEz sEquEm, TãO LOgO um nOvO AnO vEnHA pARA REnOvAR O gRAmADO. E Aí, mAIs umA vEz, A músIcA pERmAnEcERá ETERnA – EsTA EDIçãO sERá ApEnAs O mApA pARA ALguns DOs TEsOuROs EsquEcIDOs nEssE nOssO REcAnTO, Em bREvE pERDIDO, DOs AnOs 2000.

ExpEDIEnTE #30 // AnO 3 // DEzEmbRO ‘09_

DIREÇÃO: kEnTO kOjImA pAbLO ROcHA RAFAEL ROcHA

COMERCIAL:pAbLO ROcHA [email protected] pInHEIRO [email protected]

DIREçãO DE ARTE: RAFAEL ROcHA [email protected]

DEsIgn:DOugLAs gOMEs [email protected]

AssIsT. DE cRIAçãO:cRIsTIAnO TEIxEIRA [email protected]

EDIÇÃO:FERnAnDO cORRêA [email protected]

REDAçãO: bRunO [email protected] DE mARcHI [email protected] jOAnA AvELLAR [email protected]

REvIsãO: JOÃO FEDELE DE AzEREDO [email protected]

FERnAnDA [email protected]

AssEssORIA DE cOmunIcAçãO: mELL [email protected]

DIsTRIbuIçãO: FRAncIscO [email protected]

FOTOgRAFIA: FELIpE nEvEsTATumARcO cHApARRO

nOIzE Tv: bIvIsjOHnnY mARcO vIcEnTE [email protected]

NOIzE.COM.BR: [email protected]

cOLAbORADOREs:LuccA ROssIHEnRIquE LAmmELLEOnARDO bOmFImTHIAgO pIccOLIALExAnDRE mATIAsHígOR cOuTInHOsAmIR mAcHADORAFAEL bORgEsRAFAEL AbREuDAnIEL sAnEsRIcARDO FInOccHIARO

AnA LuIzA bAzERquEbILLY ARgELmELY pAREDEscARLOs EDuARDO LEITEFELIpE guImARãEsEDuARDO guspE

mOvE THAT jukEbOx:ALEx cORREAmARçAL RIgHInETO RODRIguEswww.movethatjukebox.com

ANuNCIE NA NOIzE: [email protected]

AssINE A NOIzE: [email protected]

AgEnDA: shOws, FEsTAs E EvENTOs [email protected]

pOnTOs:FAcuLDADEscOLégIOscuRsInHOsEsTúDIOsLOjAs DE InsTRumEnTOsLOJAs DE CDsLOJAs DE ROupAsLOJAs ALTERNATIvAsAgêNCIAs DE vIAgENsEscOLAs DE músIcAEsCOLAs DE IDIOMAsBAREs E CAsAs DE shOwshOws, FEsTAs E FEIRAsFEsTIvAIs InDEpEnDEnTEs

TIRAgEM: 30.000 ExEmpLAREs

cIRcuLAçãO nAcIOnAL

sE vOcê nãO

gOsTOu DA nOIzEpAssE

ADIAnTE

cOnTEúDO_LIFE Is musIc // LEIA IsTO // nEws // bAnDAs quE vOcê nãO cOnHEcE // OnLInE // mOvE THAT jukEbOx // bLAck DRAwIng cHALks // n.A.s.A. // EmIcIDA // THE OLD ROmAn-TIc kILLER bAnD // vIzupREzA // FFw & REw // REvIEws // cInEmA // sHOws // FOTOs // jAmmIn’

Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem

necessariamente a opinião da revista.

nA EDIçãO pAssADA, A mATéRIA sObRE nIck DRAkE TEvE AuTORIA DO gRAnDE ALExAnDRE mATIAs, cOnFORmE cREDITADO. mAs FALTOu RELEmbRAR – E InFORmAR AOs DEsInFORmADOs quE nãO sAbEm O quE EsTãO pERDEnDO)– O EnDEREçO DO bLOg DO cARA, O ExcELEnTE TRAbALHO sujO: www.OEsquEmA.cOm.bR/TRAbALHOsujO

pééé!

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“A música ouvida é uma

companhia que tem a ca-

pacidade fantástica de se

adaptar ao meu estado de

espírito. E, algumas vezes,

também tem a capacidade

de modificar (para melhor)

esse estado. Através da

música executada - como

baterista e vocalista - apren-

di muito sobre mim mesmo,

sobre meus limites, e acho

que consegui, nos melhores

shows dos Replicantes,

atingir uma entrega total ao

público e à própria música, o

que é a melhor catarse que

alguém pode pretender.”

NOME_ Carlos GerbasePROFISSÃO_ Cineasta e professorUM DISCO_Sex Pistols | Never mind the bollocks, here’s the Sex Pistols

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LEIA ISTOle

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“O George Clinton nos ofe-receu a nave-mãe dele, fa-lou ‘Vocês querem usar esse lixo?’. Mas aí estraga-mos a turbina e ficou mais barato fazer uma nova.”Zegon | do N.A.S.A., sobre a nave de Mr. George Clinton

“O problema é que o adolescen-te precisa gritar que o mundo é uma merda, porque quando você é adolescente o mundo É uma merda. Mas quem quer gri-tar hoje em dia que o mundo é uma merda? Ninguém, porra!” Marcelo Nova | Camisa de Vênus

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“Entrei em contato com o rap em 93, quando o Racionais lançou Raio X do Brasil. Moleque da favela, quando ouviu o bagulho, não sentia nem “aquele cara canta minha vida”. Era uma coisa tipo “esse cara sou eu, mano”. Emicida | Nesta edição.

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olland | Old R

omantic

Killer B

and, nesta edição.

“UMA VEz EU Vi UMA ENtREViStA DO zé GONzAlES E ElE fAlOU DE UMA MPC, fAlAVA DA SR, DOS tEClADOS. Aí EU COlOqUEi NA CABEçA qUE PRA fAzER RAP EU PRECiSAVA DE UMA, ENtãO COM 19 ANOS EU COMPREi UMA.” Emicida | Ele e zegon, 5 anos depois, têm entrevistas nesta edição.

_EMICIDA, ZEGON, JUlian casablancas,marcelo nova,, jorge ben jor

“Parece que meu twitter foi ‘hackeado’ ontem. Eu poderia estar brava, se não amasse em segredo o quão psicoticamente espertos são meus fãs.” Lady Gaga | no twitter

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“Você não joga Guitar Hero se você é um guitar hero.”

Billy Corgan | Smashing Pumpkins

“Nós somos bem estilosos, né? tô brincando, não co-loca essa citação. quer dizer, olha pra mim. Eu fedo.”

Julian Casablancas | The Strokes, em algum NME do passado

noize.com.br9

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A década nem acabou (e dependendo de como você escolheu contar, ainda falta mais de um ano), mas as listas de melhores discos já são muitas. Em geral, provocam uma sensação interessante de se estar solucionando uma dúvida mortal que muitos tinham: afinal, qual será a grande música desta década? O que aconteceu de realmente bom no novo milênio? A resposta inclui as poucas certezas que se tinha, como os nova-iorquinos do Strokes, escolhidos por alguns dos grandes veículos especializados, e o Los Hermanos que, com frequência, encabeçam o top 5 com a dobradinha O Bloco do Eu Sozinho e Ventura.

Enfim, alguns títuolos citados como os melhores discos da década que queremos registrar foram Is This It, do Strokes (eleito pelo NME o disco da década), Whatever people say I am, that’s what I’m not, do Arctic Monkeys, Funeral, do Arcade Fire, Turn on the bright lights, do Interpol, e In Rainbows, do Radiohead, no campo internacional. Do Brasil, os dois discos dos Hermanos, Uhuuu!, do Cidadão Instigado, Little Joy e CSS, das bandas homônimas, apareceram à beça nas listas virtuais.

Ademais, as listas mostram que não existe “o som dos anos 2000”, como o grunge poderia ser grosseiramente usado pra definir os 90s, a new-wave para os 80s, o progressivo ou o punk para os 70s, a psicodelia para os 60s. Até porque essas defini-ções eram feitas com bases roqueiras, e nos anos 2000 – o mashup está aí para provar isso – a música, sem a vigília de majors paternalistas e controladoras, virou uma suruba no melhor dos sentidos.

NEWS

o som dos anos 2000

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_Discos da decada, john frusciante, css,pavement, pirate bay, blur

Reprodução

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__SONIC JACKSON| Não, o chapeleiro de Moonwalker não encontrou Sonic nas telas – mas na trilha sonora, sim. É o que garante o pro-dutor, arranjador e tecladista Brad Buxer, que trabalhou com Michael Jackson em Dangerous e HIStory e assina a trilha sonora de Sonic 3. Se-gundo ele, foi de fato Michael quem compôs as músicas do game da Sega, lançado em 1994. Desapontado com a qualidade da reprodução de áudio nos consoles da época, Jackson optou por abrir mão dos créditos, ficando estes para Buxer e outros parcei-ros do cantor. Um velho bo-ato que, enfim confirmado, explica a trilha alucinante das aventuras do porco-espinho azul.

__CSS LIVE IN USA | Não, o CSS não deixou o Brasil de novo. Mas felizmente a longa temporada que a trupe fes-teira de Lovefoxxx passou esbanjando hype em terras estrangeiras rendeu um me-recido dossiê audiovisual. Será lançado em 12 de janeiro o documentário CSS & Tilly and the Wall Appearing LIve! Tonight, que registra a turnê feita pelos brasileiros com os estaduni-denses do Tilly and the Wall durante setembro de 2008. O DVD conterá, ao longo de 73 minutos, dez canções do CSS (divididas entre o debut, CSS, e o mais recente, Donkey) e oito do Tilly, além de extras com cenas do backstage. O longa tem direção de Rob Walters e sai pela White Light Media.

__E O PAVEMENT TAM-BÉM | Fãs de Pavement, regozijai-vos. Depois de es-perarem por quase uma dé-cada, vocês foram agraciados recentemente com a notícia de que Malkmus, Kannberg e cia. fariam uma humilde turnê de reunião – que logo assumiu proporções maiores.Atualmente são quase 20 os shows europeus, agendados para ocupar todo o mês de maio de 2010, e três datas

_ouca agora´

_Sublime - 40 0z. to Freedom :: Dorival Caymmi - Canções Praieras :: Planet Hemp - Usuário :: NOFX - Punk in Drublic :: Lou Reed - Transformer

no Central Park, de 21 a 23 de setembro. E o melhor: o guitarrista Scott “Spiral Stairs” Kannberg contou em dezem-bro ao site Stereogum.com que, se a turnê for proveitosa, é provável que o Pavement grave novas músicas – que poderiam, naturalmente, re-sultar em um novo disco de inéditas. A avalanche de revivals não para, mas a do Pavement, felizmente, não corre o risco de cheirar a mofo.

ON THE ROAD | fabricio nobre, da mqn

Reprodução

Divulgação

Divulgação

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o 5 Discos Para Se Ouvir Na Estrada:

_Grand Funk Railroad - Grand Funk_Fu Manchu - King Of The Road_Rocket From The Crypt - Group Sounds_Jon Spencer Blues Explosion - Orange_Walverdes - Anticontrole

_Melhor e pior coisa de sair em turnêMelhor é encontrar os amigos e aqueles 30 minutos de barulho em cima do palco numa cidade que você nunca passou na vida. Pior: deixar Gabi, Ana e Lara em casa._Melhor comida e bebida de turnêComida é aquela tipica da cidade, feita pela cozinheira mais foda! Bebida, para quem tá passageiro é cerveja.

noize.com.br11

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__BLUR NO FIM DA LINHA | Dia 19 de janeiro será lançado No Distance Left to Run, do-cumentário filmado por Will Lovelace e Dylan Southern que registra os ensaios para a turnê de retorno que os bri-tânicos fizeram em 2009, bem como os shows propriamente ditos. Além disso, virá recheado de extras, entrevistas e tudo mais que os fãs possam que-rer. Dá uma olhada no trailer: http://tr.im/HlyA.

__FRUSCIANTE FORA? | Os boatos que invadiram a re-dação durante o fechamento desta edição apontavam para a saída do guitarrista John Frusciante do Red Hot Chili Peppers. Fontes seguras infor-maram ao Musicradar.com que ele queria focar sua carreira solo e já teria sido substitu-ído por Josh Klinghoffer, que excursionou com o RHCP em 2007.

__VENDE-SE O NIN | Após fazer o último show da car-reira em novembro, o Nine Inch Nails decidiu colocar seus equipamentos à venda. Isso mesmo, guitarras, baixos, violões e teclados, que foram utilizados durante a turnê, fo-ram publicados no Ebay para os fãs interessados em com-

__LEGAL BAY | Na Suécia, o consumo de música legal (ou não) de forma legal aumentou desde o caso do Pirate Bay. Os fundadores do site foram condenados e uma nova lei de di-reitos autorais entrou em vigor no país, a IPRED, que autoriza os detentores dos direitos autorais a obterem os endereços IP de suspeitos, que podem ser investigados e processados. Nos primeiros nove meses de 2009, as vendas legais de música cresceram em 18%. As vendas de música digital cresceram 80%, e as vendas físicas, 9%. O site com serviço de streaming Spotify teve um aumento de 17% em seu volume de membros premium. Outra pesquisa diz que 60% das pessoas entre 15 e 74 anos pararam ou diminuíram o uso de programas p2p e de compartilhamento de arquivos nesse período.

NEWS

prá-los. “Nós já terminamos a turnê do NIN e tudo que tí-nhamos que fazer no estúdio, por isso estamos nos livran-do de uma grande seleção de equipamentos que a banda não precisa mais”, diz o texto no site oficial do NIN. Isso que é extrair até a última gota de potencial rentável de uma turnê de retorno.

Reprodução

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w.brooklynvegan.com

Divulgação

Divulgação

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SHOW EXTRA SÃO PAULO - 31 DE JANEIRO

4003-8282

Na ocasião da compra, verifique a classificação etária. *Válido para compras realizadas com até 72 horas de antecedência ao show.

30 E 31 DE JANEIRO - SP

MORUMBIPraça Roberto Gomes Pedrosa, s/n. - São Paulo/SP

28 DE JANEIRO - POAESTÁDIO ZEQUINHA

Av. Assis Brasil, 1200 – Porto Alegre/RS

meio de pagamento preferencial

para clientes dos cartões credicard, citibank e diners.

ISENÇÃO DE TAXA

DE ENTREGA*

REALIZAÇÃO

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Origem:Nova York, EUA

Som:Entre o electro pop

e o disco, nasce mais um duo multinascio-nal, que firma bases

em Nova York. Além de remixadores natos, o Golden Filter tem single na área.

Escute:Thunderbird, We are the people (Empire of the Sun)

myspace.com/thegoldenfilter

Origem:Paris, França

Som:Transitam com destre-

za pelo terreno mais mainstream do pop

(que engoliu o rap e o rock alternativo em medidas semelhantes), e

têm clipes fodas como cereja do bolo.

Escute:Live Good, Get Love, Can’t Choose

myspace.com/naivenewbeaters

Origem:Portland, EUA

Som:M. Ward já tocou no

Bright Eyes, tem a companhia da gracinha

Zoey Deschannel no projeto She & Him e integra o Monsters of Folk. Enfim, o folk dos anos 2000 é com ele.

Escute:Rave On, Sad Sas Song, Chinese Translation

myspace.com/mward

Ao ouvir Filipe Catto, é coerente pres-supor que a musicalidade da voz afinada provenha da longa trajetória musical, que se iniciou muito cedo, e foi bem nutrida por Elis Regina, Maria Bethânia e Clara Nunes. É fácil, também, atribuir a dramaticidade e a pungência do ins-trumental à paixão pelo tango e seus bandoneónes. Mas foi uma estadia no Brooklyn, em 2007, o inusitado gatilho para que Filipe derramasse as canções que deram origem a Saga, EP que o mú-sico gaúcho gravou e lançou em 2009. No Brooklyn, Catto teve os sentidos estimulados por todo tipo de manifes-tação musical, e por causa da saudade, reaproximou-se de suas raízes. “Voltei a escutar coisas que havia anos não escu-tava, música brasileira tradicional, coisas até bem antigas. Isso acabava me aproxi-mando de casa, inevitavelmente”, conta. Apesar de a voz feminina ter rendido

comparações a Ney Matogrosso, é só eventualmente que a semelhança de fato aparece. Por outro lado, as letras, inspiradas em experiências pessoais, ca-beriam muito bem na voz de Ney. “Na época eu lia muito Hilda Hilst, mas não acho que tenha nada explícito dela nas letras, talvez uma intensão, mas mera-mente isso”, explica. A mesma drama-ticidade da poeta paulista, sem dúvida, marca presença nos trabalhos de ambos os cantores. Ela corresponde à “cor”, a influência latina e tangueira com que Catto enrubesce a música brasileira. “O produtor Sergio Guidoux e eu ti-vemos uma preocupação grande com o discurso e com a coerência do album como um todo. Queríamos propor esse universo boêmio, luxurioso e passional” – que é o que faz a experiência de Saga. Escute: Saga inteiro, em especial a faixa-título e “Ascendente em Câncer”.

bandas que vocenao conhece mas deveria conhecer_

filipe catto

Ieve Holthausen

THE gOLDEn FILTER

NAIVE NEW BEATERS

M. WARD

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2 de março morumbi - sp

Convidado Especialmeio de pagamento

preferencial

realização

4004 2060Na ocasião da compra, veri f ique a classif icação etária.

*Válido para compras realizadas com até 72 horas de antecedência ao show.

para clientes dos cartões credicard, citibank e diners.

ISENÇÃO DE TAXA DE ENTREGA*

COBERTURA OFICIAL: www.showcoldplay.com.br

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Origem:Nova York, EUA

Som:Uma festa balcã

em que participam jazzistas das décadas de 1950 e 60, acom-panhados de metais funkeiros até o osso. É o

Brooklyn à toda.

Escute:Taketron, Baltika, Real Simple

myspace.com/slavicsoulparty

Origem:Recife/São Paulo

Som:Anticonvencional até

o osso, liricamente psicodélica e ingenu-

amente desbocada, Lulina faz música como poucos mortais: lo-fi

ao extremo, tosco, mas hipnotizante.

Escute:Meu Príncipe, Fugas pelo miojo, Tapas na cara

myspace.com/lulina

Origem:Kentucky, EUA

Som:Barulhentos, os Young

Widows formam a parte instrumental de

outra banda da cena hardcore de Kentucky. Mas no YW, ao hardco-re deles somam-se fortes ecos de noise rock.

Escute:The Heat is Here, Old Skin, Formerer

myspace.com/youngwidows

A nova aposta da Matador (que é na verdade o berçário do alt-rock yankee) é um duo de rapazes chamado Girls. Trata-se da banda menos afetada de que você ouvirá falar como “a aposta” do ano que chega ao fim. O nome inusi-tado reflete as músicas e o jeitão junkie do vocalista Christopher Owens, que lembra um Kurt Cobain sincero e desi-ludido no amor. E deve fazer referência às garotas que transitam nas calçadas californianas, onde o repé de loucas ma-drugadas é atenuado pela combinação de sol e brisa marinha.Consta que J.R. White, a outra metade do Girls, foi o responsável por viabilizar que as ideias de Chris dessem origem ao repertório do também inusitadamente intitulado Album, début que os caras lançaram em setembro. Ora depura o som de ban-das clássicas do catálogo da Matador, como Pavement, ora é californiano até

girlso osso—e por vezes dá até em baladas (“Hellhole Ratrace”, linda). A principal referência na música é mesmo o fluxo emocional de Ariel Pink, que Owens diz cultuar. Semelhanças do vocal com Elvis Costello, Joe Strummer e até Pete Do-herty diminuem a distância geográfica entre Estados Unidos e Reino Unido, que se encontram nas melodias simples e no jeito tocante do cantar de Owens. Depois de terem feito o que eles consi-deraram, mesmo, um “disco de drogas”, os caras disseram que botaram o pé no freio. Esperamos que não espetem em nenhuma seringa.Escute: “Lust for Life”, que começa remetendo a Peter, Bjorn & John, mas descamba para o mesmo alt-rock mata-dor de “Laura”. A surfmusic aditivada de “Big bad mean mother fucker” expande os horizontes do ouvinte e do que se pode esperar da banda.

bandas que vocenao conhece mas deveria conhecer_

Gorila V

s. Bear/C.C

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LuLInA

YOung wIDOws

SLAVIC SOUL PARTY!

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_Quem não gosta de auto-tune, bom sujeito não é. Depois de ver as estrelas de “Charlie Bit Me” e outros pequenos su-cessos virais mandando ver acompanhados de Kanye West, ou você concorda com a frase acima ou começa a ficar com medo – saber cantar já é mero detalhe.

Tags: auto tune kids

auto-tune kids

onlinea

nata

do

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rol

a no

mun

din

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irtua

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mp3

_grooveshark.com Uma biblioteca imensa de músicas ao seu dispor,

um iTunes lotado acessível em qualquer lugar. Aproveite enquanto não tiram o site do ar.

_holytaco.comUm blog completo de verdade. Sem palavras

para descrever o humor que transborda deste taco sagrado.

_No clipe de “WTF?” os membros do OK Go perma-necem intactos, enquanto deixam rastros que fazem dese-nhos e causam explosões de cores e padrões na tela. Um dos clipes legais que surgiu desde a revista passada, e uma ideia a menos a ser realizada na era da tecnodemocracia.

Tags: ok go wtf

OK GO | WTf?

_No vídeo indicado pelo @trabalhosujo, “Blackboard Jun-gle”, produção monstruosa de Lee Perry e King Tubby, é convertida em dubstep por Subatomic Sound System, Dubblestandart e Jahdan Blakkamoore. Para quem não saca muito de algum dos dois gêneros, é um bom começo.

Tags: dub to dubstep

from dub to dubstep

A Song for a Son | Smashing Pumpkins Bem observado em comentário do Stereo-gum: por um momento, lembra Elliott Smith

a nova empreitada de Billy Corgan.

We share de same skies | The CribsQuanto mais oitentista a essência, melhor

pode ser uma música do Cribs. Esta é boa.

Bee on the Grass | Mallu MagalhãesMallu Magalhães brinca de Mutantes nessa bela e psicodélica canção de seu novo disco

auto-intitulado.

tinyurl.com/softfocus3Soft Focus, ótimo programa de entrevistas da VBS.TV.

tinyurl.com/antecipando2010Os 25 discos mais aguardados de 2010,

pelo Stereogum.

tinyurl.com/mapadorockOs caminhos e descaminhos do rock diagramados.

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cokie the clown lula filho da jamaica them crooked jonathan ross axl rose paparazzicomfort wipe phoenix concerts emporter touch dj iphone them crooked vultures

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__TODO MUNDO JUNTO | Beastie Boys, Santigold e Beck concretizaram uma improvável união para remixar um par de faixas do novo álbum de Norah Jones, The Fall. Enquanto os Beastie Boys ficaram com a regravação de “That’s What I Said”, Santigold trabalhou em cima de “Chasing Pirates”, que também foi remixada pelo coletivo musical de Beck, o Droogs. As músicas estão dis-poníveis em rcrdlbl.com, stereogum.com e artistdirect.com, respectivamente.

__THE KINKS DOCUMENTADO | Agora sim! Uma das bandas mais legais dos anos 60, o The Kinks, deve ganhar seu próprio documentário em 2010. A produção é assinada por Julien Temple, idolatrado pela criação de There’ll Always Be na England, sobre o Sex Pistols. Ray Davies, considerado um dos responsáveis pela separação da banda pelas inúmeras brigas com seu irmão (Dave, vocalista e guitarrista), está colaborando no projeto.

__BRANDON FLOWERS GO SOLO | O fofoqueiro www.HolyMoly.com le-vantou a informação de que Brandon Flowers, vocalista do The Killers, estaria se preparando para lançar o primeiro álbum solo de sua carreira, sem o me-nor envolvimento com a banda. Prontamente, o semanário britânico NME desmentiu o boato após entrar em contato com o assessor da banda: Assim como os Killers, Flowers não pretende lançar um disco tão cedo. Shame on him. A resenha da passagem do grupo pelo Brasil você confere logo mais, no final da revista. Aproveite.

_Vivian GirlsEu costumo achar bandas formadas

exclusivamente por meninas grandes merdas. Não é machismo, por favor, mas é que – salvas exceções - eu nunca tive

exemplos de grupos que funcionavam assim e faziam um som legal – vide, sei lá, T.A.T.U., Veronicas ou Girls Aloud. Quan-

do o Vivian Girls apareceu, começou toda uma nova fase na minha vida, sem exagero. Lá no início de 2008, quando saiu o primeiro disco das moças, levei

um baita choque: “Nossa, essas garotas realmente sabem o que estão fazendo”,

pensei. E essa sensação se repetiu com o lançamento do segundo álbum do Vivian

Girls, no mês passado, inevitavelmente. Everything Goes Wrong, que atingiu nota

8 em sites e revistas especializadas e conceituadíssimas, mostra três meninas

bonitinhas fazendo um indie-rock ex-perimental, meio lo-fi, puxado pra um

shoegaze de garagem. Coisa fina.

__Qual foi o melhor festival de música do ano?

_Planeta Terra_Maquinária

_Goiânia Noise_Indie Rock Festival

_Just a Fest_Outro? Comente

vote em movethatjukebox.com

__Resultado da Enquete de Novembro

_Arctic Monkeys: 31%_Kings of Leon: 24%

_Foo Fighters: 10%_Yeah Yeah Yeahs: 9%

_Them Crooked Vultures: 9% _Outros:17%

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A temperatura batia a casa dos 30° quando o quarteto goiano desembarcou em Santa Maria no final da tarde de sábado, 5 de dezembro, para a apresentação que faria dali a algumas horas no último dia do Macondo Circus – Música & Cultura Urbana, festival organizado pelo Macondo Coletivo e que em sua 6ª edição consolidou-se como um dos mais importantes do cenário independen-te brasileiro. Às 2h10min do domingo, quando a banda subia ao palco para aquele que seria um dos shows mais comentados do evento, o calor era quase o mesmo nas dependências do Macondo Lugar, onde o público abarro-tava o segundo andar da casa.

Em pouco mais de 45 minutos, o Black Drawing Chalks provou que os elementos de um bom show de rock continuam os mesmos: riffs muito bem executados, vocais afinados, presença de palco, muito suor e cerveja gelada.

A impressionante competência de uma banda com apenas quatro anos de estrada é fruto de um tra-balho muito bem planejado, como contou à NOIZE o baixista Denis Pereira, que ao lado do guitarrista Renato Cunha conversou com nossa reportagem horas antes da

estreia do grupo em solo gaúcho. Na entrevista, a dupla falou também sobre sua identidade sonora e visual, dos planos para o ano que vem e da importância de uma postura profissional para uma banda se firmar no cenário independente. Confira:

Vocês são o grande nome de cenário alter-nativo de Goiânia e do Brasil esse ano. Como está sendo tocar país afora e percorrer o cir-cuito de festivais?Renato: Está sendo muito legal levar o nome da cidade pelos locais que passamos. Acho que o diferencial do Bla-ck Drawing Chalks foi o de ser uma das primeiras bandas a realmente sair de lá para tocar bastante fora, pagando para viajar, colocando a cara à tapa.Denis: Desde cedo compramos a ideia de banda e acre-ditamos muito no que queríamos fazer.

Além dos shows por aqui, em março vocês estiveram no Canadá, tocando no Canadian Music Week, em shows muito elogiados. O que dá pra trazer da experiência lá fora que

Eles têm cara de bons moços, falam com o sotaque arrastado característico do Centro-Oeste, mas em cima do palco tocam para o público balançar a cabeça e sair com zumbido no ouvido. Com sua mistura de influências—do metal de bandas como Black Sabbath, passando pelo hard rock, até o stoner rock de nomes como Queens of the Stone Age—a Black Drawing Chalks é a sensação do indie brasileiro em 2009, com um dos melhores discos e, sem dúvida, o melhor videoclipe do ano, da música “My Favourite Way”.

RIFFS, SUOR, CERVEJA… E MUITO TRABALHO.

[+] Lucca Rossi viajou a Santa Maria a convite do Macondo Coletivo.

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sirva de lição para as bandas daqui darem con-seguirem crescer e viver de música?Renato: Tem que cair na estrada. Algumas bandas se negam a tocar sem cachê, mas para os que estão come-çando o cachê é o público. Hoje em dia nós consegui-mos viajar sem gastar e pagar a banda, mas quem está começando precisa fazer valer cada centavo que pede para tocar.

Os contatos lá fora renderam convites para uma volta? Denis: Estamos fazendo todos os trâmites para vol-tar no ano que vem, vendo toda a papelada de vistos e petições para entrar nos Estados Unidos e também marcando os shows. Voltaríamos no meio do ano, mas eu o Renato estamos nos formando na faculdade e acabou não acontecendo. Mas 2010 vai ser o ano da banda para todos.

Há previsão de um disco novo já para o ano que vem? Denis: Nesses quatro anos de banda já lançamos dois discos (Big Deal+1, de 2007 e Life is a big holiday for us+2, de 2009, ambos pela Monstro Discos) e entre um e outro disponibilizávamos os singles, geralmente com três músi-cas, na internet. Pretendemos continuar com o mesmo processo. Até as dez ou onze músicas que compõem um álbum ficarem prontas, o processo é muito longo, por isso sempre optamos por disponibilizar o material aos poucos.

Vocês acham que o CD perde um pouco o sentido hoje com a internet? Denis: Para nós não, porque não estamos vendendo o CD só pela música, mas sim o álbum. Nossa música é muito ligada à imagem, o Vitor e o Douglas trabalham com design e desenvolvem toda a identidade visual da banda (as artes de capa dos CDs e a animação do vide-oclipe de “My favourite way” foram criadas pelo coletivo Bicicleta Sem Freio, que tem a dupla entre seus integran-tes. O clipe é uma parceria com estúdio Nitrocorpz, res-ponsável por uma série de vinhetas da MTV).

Pretendem lançar algo em vinil? Denis: Temos bastante vontade de lançar algo em vinil sim. Talvez o próximo single.

Vocês vêm de Goiânia, cidade que produz ótimas bandas há mais de uma década e tem dois grande festivais. O sucesso da cena da ci-dade se deve a quê?Renato: A galera se ajuda bastante. Mas mesmo assim ainda existem algumas bandas que se excluem um pou-co…Denis: Essas são as bandas que não aceitam o que está acontecendo, o formato que uma banda precisa seguir atualmente. Hoje a coisa funciona quase como uma em-presa, você não pode fazer o seu show, guardar os instru-mentos e ir embora. Independentemente se você gosta ou não das bandas com as quais você divide o palco, é necessário construir uma rede de contatos, trocar figu-rinhas com as outras bandas. Claro que existem bandas que não estão inseridas nesse formato e que também dão certo, fazem sucesso em lugares como Japão ou na Europa. Mas o caminho é mais difícil.Renato: Os dois maiores selos de Goiânia (a Monstro e a Fósforo) trabalham juntos. Isso é um exemplo de como o trabalho precisa ser feito em conjunto para o negócio dar certo.

Resumindo, o formato atual exige que a ban-da se preocupe com muitas outras coisas para que o resultado dê certo.Denis: Com certeza. Hoje o Fabrício Nobre (vocalista da MQN, banda goiana ícone do cenário independente brasileiro e um do sócios da Monstro Discos) é o nos-so manager. Na verdade, devemos a gravação do nosso primeiro single a ele, em uma época em que o Vitor e o Douglas já faziam trabalhos gráficos para a Monstro. Ele foi a um dos nossos ensaios, gostou do som e nos levou para tocar no estúdio do Gustavo Vásquez (tam-bém integrante da MQN). Foi quando fizemos nossas primeiras gravações. Começamos uma parceria a partir daí. Mas para chegar no estágio em que estamos hoje, trabalhamos muito de graça e nos metemos em muita roubada, também.

Todas as composições de vocês são cantadas em inglês. Faço a velha pergunta: não têm al-guma pretensão de escrever algo em portu-guês? Denis: Para ser sincero, nenhuma. E eu explico porquê. Antes de a banda ser formada, ela foi idealizada. Nós sentamos e pensamos não só no jeito que tocaríamos e

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nos comportaríamos no palco, mas também na manei-ra como nos vestiríamos. O bigode, o cabelo, tudo foi pensado antes da banda se formar. Valorizamos desde o início a ideia de cuidar muito bem da parte gráfica e do visual da banda, que é a melhor maneira de se vender hoje em dia. Claro que a música tem que ser bem fei-ta, mas nós não estávamos contando muito que o lance musical desse tão certo, contávamos muito com a parte visual, acreditávamos mesmo que uma coisa levaria à ou-tra. Graças a Deus a música ficou legal também. Por tudo isso, não vai ter música em português da gente, nossas influências são outras. Não teria sentido.

Que bandas novas de Goiânia vocês destaca-riam?Denis: Muita coisa boa tem surgido. O Mugo é uma delas. Tem o Hellbangers, que é uma banda de uma mo-

lecada bem nova, mas que está fazendo um som muito bom. Há outras também já mais conhecidas, como o Jo-hnny suxxx n’ the Fucking Boys, que em seguida vai lançar um disco muito bem produzido pelo Gustavo Vásquez. Goiânia é um grande celeiro de bandas, mas algumas in-felizmente têm um laço muito forte com a cidade e não conseguem sair.

E as bandas novas de lá tem essa mesma visão de vocês, de colocar o pé na estrada? Denis: Algumas bandas estão tendo, apenas não conse-guiram, ainda, os contatos necessários para sair. No ano que vem pretendemos fazer uma turnê com o Mugo aqui pelo sul. Mesmo nosso som sendo tão diferente—eles são essencialmente uma banda de metal—pretendemos levar adiante a idéia para que as duas bandas possam se apresentar para públicos diferentes dos seus.

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Adentrar uma nave é sempre uma experiência interessante, no mínimo incomum, e o nome N.A.S.A. (sigla para North America-South America) entrega: essa, em especial, é capaz de muita coisa diferente. O Spirit of Apollo, primeiro disco da dupla, se comunica com vá-rios mundos porque é feito pelo que cada um deles tem de mais positivo, segundo define o próprio Sam “Squeak E. Clean” Spiegel, parceiro de Zé Gonzales (ex-Planet Hemp) no projeto. Se para os mais céticos o som não é hip-hop, nem é eletrônico para os mais exigentes, uma parte está explicada: a mistura é homogênea.

Depois de se conhecerem numa festa lá em 2003 e começarem a fazer música no dia seguinte, os dois DJs chamaram alguns convidados para gravar participações no que viria a ser Spirit. Com a música falando por si, o conceito do álbum foi se formando, a ponto de reunir

um número de colaborações incrível, que leva a nave para além das possibilidades deste planeta. Afinal a maior estrela deste céu – a música – é universal.

Encontramos Zegon e Squeak no hall de um ho-tel em Porto Alegre, primeira parada da tour brasileira que fizeram em novembro. Com o som de um violão ao fundo, tocado por ninguém menos que o diretor Spike Jonze (irmão de Squeak), embarcamos na nave enquan-to Zé mostrava orgulhoso o seu Nike Dunk, edição do De La Soul: “Os caras falam que eu fiquei mais contente quando chegou a remessa de tênis que tinha encomen-dado do que quando ganhamos o VMB+1, conta.

O disco tem muitos convidados e vocês não podem contar com eles no palco. Qual o con-ceito do show?

O qUE ZÉ GONZALES, SqUEAK E. CLEAN, AMANDA BLANK, BARBIE HATCH, CHALI 2NA, CHUCK D, THE COOL KIDS, DAVID BYRNE, DEL THA FUNKEE HOMOSAPIEN, DJ AM, DJ BABAO, DJ SWAMP, DJ qBERT, E-40, FATLIP, GEORGE CLINTON, GHOSTFACE

KILLAH, GIFT OF GAB, JOHN FRUSCIANTE, KANYE WEST, KAREN O, KOOL KEITH, KOOL KOJAC, KRS-ONE, LOVEFOxxx, LYKKE LI, METHOD MAN, M.I.A., NICK

ZINNER, NINA PERSSON, OL’ DIRTY BASTARD, RAS CONGO, RZA, SANTOGOLD, SCARFACE, SEU JORGE, SIZZLA, SLIM THE KID, SPANK ROCK, TOM WAITS E Z-TRIP

TêM EM COMUM? N.A.S.A. MUSIC.

[+1] O N.A.S.A. ganhou o prêmio da MTV de 2009 na categoria “Música Eletrônica”.

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Sam: Cada show é diferente. Pra alguns a gente traz artistas convidados, outros são só eu e o Zé, mas é sem-pre diferente e sempre uma grande festa, algo um pouco inesperado. Zé: O álbum é diferente do show. Começou a ser feito em 2003, e até 2007 o nosso som ganhou mais peso e corpo pra show, então a gente toca basicamente os remi-xes do álbum feitos pela gente, remixes de músicas que a gente gosta dos outros, remixes de músicas que a gente fez pros outros, e tudo com audiovisual, controlado por vinil. O formato mais simples é o DJ set com audiovisual, aí pode ser com convidados que encontramos em cada cidade ou o Fatlip e o Ras Congo, que são os que viajam com a gente mundialmente. Mas aonde a gente tem sem-pre uma gangue que viaja junto.

Vocês tinham um conceito do disco desde o começo? Como reuniram todos esses artis-tas?Sam: Primeiro era só a gente curtindo, fazendo música. Não tínhamos um conceito para o álbum. Zé: Começamos a trabalhar com uns à capellas.Sam: E aí pensamos: “ah, deveríamos chamar uns amigos para colaborar”. Fizemos algumas coisas com Ol’ Dirty Bastard, Karen O e Fat Lip, e foi quando nós realmente sacamos esse conceito tipo: “wow, esse disco deveria tra-zer pessoas de mundos totalmente diferentes, parcerias inesperadas e combinações doidas em cada som, com a ideia de derrubar barreiras entres as pessoas através da música”. É algo maior que nós, é meio espiritual, olhando o mundo sem divisões, somos todos seres humanos, sim-plesmente, fazendo música.

Como vocês se sentem em ter feito a última música do Ol’ Dirty Bastard+2?Zé: Quando aconteceu, a gente não sabia explicar.Sam: Foi muito inesperado!Zé: Tivemos o ODB como um dos primeiros convi-dados, sabíamos que ele era muito difícil de convencer, quase impossível, todos diziam “boa sorte”, e nós con-seguimos. Sam: Nós não o conhecíamos antes da gravação.

No trailer do documentário que vocês farão sobre o disco parece que todos estão felizes, se divertindo. Foi assim mesmo? Rolou algu-ma briga?

Zé: Só entre nós. Haha.Sam: Os convidados se divertiam e nós discutíamos para fazer algo realmente muito foda.

Nenhum prolema com nenhum convidado?Sam: O único cara que era realmente muito louco e que acabou não entrando no disco foi o Bushwick Bill, o anão do Geto Boys. Ele foi o único cara difícil de trabalhar e acabou não participando. Zé: Foi aquela vez que ele tava transando com a namo-rada?Sam: Não, aquilo foi outra noite, ele é uma boa pessoa, mas é meio doido. Tava sempre com uma mina diferente. Mas foram bons momentos. As pessoas que escolhemos eram positivas e foi uma experiência positiva.

Voces têm muitas influências diferentes, mas falam muito sobre funk brasileiro. Você co-nheceu através do Zé?Sam: Sim, muito. Eu estava recém conhecendo [a música brasileira] quando encontrei o Zegon. Ele me educou. Zé: Primeiro ele foi conhecer o samba-rock, e aí, fazendo o disco, a gente entrou no rock dos anos 50, 60, depois jazz, jazz brasileiro e o tempero do disco reflete essas influências. Antes eu estava em Los Angeles e tocava mui-tos brakes brasileiros, assim como os gringos fazem com o funk no hip hop, eu fazia do meu jeito. Mas depois a gente começou a ouvir muitas trilhas de filmes antigos, dos anos 70, de novela. Coisas obscuras.

Muita gente está fazendo remixes de músi-cas de vocês. O que vocês vão fazer com todo esse material?Sam: Estamos fazendo um álbum de remixes, e fizemos uma competição em que o melhor remix vai entrar no disco. O disco está pronto, só falta essa música. São 50% remixes nossos e o resto de outras pessoas. É bem louco, é mais como o que estamos tocando hoje, mais uptempo.Zé: O formato que junta estilos hoje em dia é o sam-ple. Pode chamar de rap, de eletrônica, une rótulos todos num lugar através de um tipo de batida. É um formato que os DJs da nossa geração estão aplicando para expan-dir seu público.

Zé, você pode falar um pouco sobre o Serato?Zé: O Serato é uma ferramenta que veio para mudar completamente o jogo do DJ, mudou o estilo de tocar de

[+2] Ol’ Dirty Bastard morreu algumas semanas após a

gravação, em 2004

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[+3] Zegon inaugurou uma hashtag no

Twitter que usava para ironizar os “DJs” que proliferam pela noite

apenas colocando CDs para tocar – sem

conhecimento da cultura DJ, tampouco entendendo a técnica

envolviva na arte.

[+4] Jesus, namorado de Madonna, mostrou

ser um DJ dos bons ao discotecar com dois

notebooks que apenas faziam a fachada para um CD pré-mixado.

todo mundo. Veio para acrescentar. Antigamente o má-ximo que podíamos carregar pra uma festa, eu, o Sam e mais quatro amigos, por exemplo, eram 300 discos. Hoje em dia a gente leva todos os nossos discos. Sam: Eu nunca usei tantos assim...(risos)Zé: As possibilidades são muito maiores, a velocidade que você toca, dá pra pensar sempre na próxima músi-ca, e os loops ficam perfeitos. Mixamos quatro músicas ao mesmo tempo, fazendo o loop, coisas impossíveis de fazer em vinil. [O que acho de] quem tá tocando em vi-nil ainda? Clássico, estilo, bonito. Quem tá tocando em Serato e já tocava bem, tá a 300 por hora, e o resto tá tentando subir a serra.

Mas tem o outro lado da moeda, que até te motivou a começar o #vocênãoédj no Twit-ter+3...Zé: O ponto é: quem já começou aí, pegou a técnica e os vícios. É uma geração – não todos, claro – estragada de DJs. Gente que não sabe mixar de verdade, não mixa com o ouvido, mixa com o olho. Não tem pesquisa, baixa tudo, mas nunca sujou a mão num sebo. Uma geração que tem tudo mastigado, sem raiz e sem base. Várias cópias, uns dos outros, porque pegam material dos mesmos sites. Então só é original quem produz sua própria música ou aquele cara que tem um toque a mais – que busca, digita-liza, monta, edita, que tem mais o feeling de tocar. De cada 100 DJs, tem efetivamente três hoje em dia.

Há muita diferença entre DJs, produtores, beat makers e etc.?Zé: Há muita diferença entre os beat makers, os produ-tores e entre um DJ de alma e um DJ de laptop. Claro que não é uma regra, mas pra mim só é DJ quem mixa e faz a mixagem encontrando a batida de uma música e a da próxima. Quem não faz pode ser um seletor, nenhum problema com isso, existem grandes seletores que des-troem numa festa sem serem DJs. Mas se tivesse um teste pra ser DJ, vários não iam passar. Com o #vocênãoédj eu também queria dar uma agulhada, e surgiu o lance do Je-sus Luz+4 uma semana antes, então foi muito comentado.

Então não é uma coisa só do Brasil?Zé: É mundial, com certeza. Não fui eu que inventei não, só fiz em português. Tem o #youcantdj e é muito doido. Um melhor que o outro. To me divertindo no Twitter.

Não rolou alguma oportunidade de trabalhar com alguém daqui que você já tinha trabalha-do na época do Planet Hemp?Zé: O Seu Jorge tá no disco, mas eu não pensei em nin-guém como MC, cantando em português, porque o alvo era os EUA e não ia encaixar. O Seu Jorge é mais univer-sal e é família, um irmão meu. Eu tenho relacionamento com todo mundo do Planet Hemp ainda, nunca fechei nenhuma porta. Mas [não convidei] até porque ia rolar uma cobrança depois, dos que não entrassem. E mesmo para os que cobram por não ter artistas do Brasil, eu digo que eu represento o Brasil. Toda a fonte inspiradora é o Brasil. Seria um trabalho legal fazer [parcerias] com os artistas daqui, eu tenho vontade de fazer.

Voces conhecem o Sellaband? O Public Enemy aderiu a pouco e é como os fãs financiando o álbum, ganhando diversas vantagens (eu ex-plico melhor e Zé interrompe)...Zé: Enquanto você falava o Sam foi abrindo o sorriso (risos).Sam: Cara, eu acho uma ótima idéia. Muito bom. Pa-rece um modelo muito legal a aproximação com os fãs diretamente.Zé: É a nova indústria. Tem que fazer o esquema com a galera.Sam: Gostei muito cara, é bem direto com os fãs, sem a merda de selos e gravadoras.

Especialmente com grupos como Public Ene-my, que tem fãs endinheirados que gostariam de ter um contato maior com a banda.Zé: Eu daria uma grana pro Public enemy.Sam: é, eu também, com certeza.Zé: Chuck D era um cara que a gente queria muito tra-balhar. Precisávamos dele no disco.

E tem algum artista que vocês queriam muito e não conseguiram?Zé: Muitos.Sam: O principal foi James Brown. Tentamos o tempo todo, de muitas maneiras, ele é meu músico favorito de todos os tempos.Zé: O meu também, com certeza. Tentamos também o Andre 3000, o David Bowie, que respondeu e foi legal. Lou Reed também.

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Se as dificuldades financeiras impunham barreiras, ele passava por cima erguendo os próprios tijolos. Sem medo de dar a cara a tapa, chegou no freestyle e, mais tarde, no rap.

Mas este cara, com quem coversamos nas próxi-mas páginas, foi ainda mais longe – e só assim, nós che-gamos até ele. Espírito independente, foco e dedicação trouxeram o reconhecimento que lhe galgou uma posi-ção de destaque na música brasileira. Revisitamos com ele os momentos dessa caminhada e conhecemos de perto Leandro Roque de Oliveira, rapaz da favela que ainda criança inventou zines, histórias em quadrinhos e músicas autorais sem saber que tudo isso existia, e hoje, aos 24 anos, é Emicida – um dos rappers mais celebrados de 2009.

Como foi a sua caminhada desde a infância até chegar na música?Minha infância nem foi tão musical quanto a de vários caras que tiveram pai que tocava. Meu pai era DJ, mas eu lembro muito pouco dele exercendo isso. Tinha bastan-

te disco em casa e os equipamento ficavam lá nos fins de semana. E acho que isso foi um primeiro passo pra rolar um interesse pela coisa, mas não algo de “vou ser músico”, ou [de perceber] uma afinidade pra parada. O interesse era mais de estar na festa, tá ligado? De ver o baile acontecendo. Eu sou totalmente autodidata. O que eu tenho de formação é o que eu conhecia daque-les bailes, muito soul, funk, disco, o samba, que sempre foi presente na favela, o começo do funk carioca, todas essas paradas fizeram parte do meu aprendizado. Fora isso tinha o lance de ir na igreja com a minha coroa, ir na macumba. Você acaba pegando o lance do sentimento mesmo, da forma como os caras falam as coisas, o jeito de persuadir. Hoje eu sou uma exceção, é um luxo fazer o que gosto e viver disso.

Mas você chegou a trabalhar em outras coi-sas?Cheguei, sim, até na época da escola. Fui carregador do mercado, eu já roubei uns mercado também, tá ligado? Era carregador de feira, fiz vários bico de pedreiro, pin-

Na janela do oitavo andar, a vista para a cidade grande, suas construções e mazelas, alimenta a rima. Vidrado na imagem, incorporando a visão da metrópole, está um cara tranquilo que descobriu muito cedo a satisfação de criar sua própria versão das coisas.

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ida

tor, fiz um corre como cobrador de lotação. E aos 15 anos eu consegui um trabalho de artesão, fazia umas ces-tinhas de vime, e foi o que eu mais gostei, por que era perto de casa e não tinha muito compromisso. De lá eu fui pra um estúdio porque me chamaram pra ser dubla-dor de desenho animado, pelo fato de eu já fazer freesty-le e tal, acabei me envolvendo nisso e eles me chamaram pra ser estagiário do estúdio.

Quando você descobriu o tino pro freestyle?Eu improviso mesmo desde criança. Não no rap, mas eu fazia minhas próprias músicas. Eu ouvia um samba, eu fa-zia um samba meu, eu ouvia um rock e fazia o meu, como se fosse uma paródia. Ia gravando nas fitinhas K7. O rap chegou um tempão depois, foi lá em 1993 que eu tive meu primeiro contato sério, quando o Racionais MC’s lançou o Raio X do Brasil. Eu tinha 8 anos, e todo moleque da favela, quando ouviu o bagulho, sentiu o que era aqui-lo. Não era a parada de “aquele cara canta minha vida”, era uma coisa tipo “esse cara sou eu, mano, essa porra é minha vida mesmo”. Foi um boom que há tempos não acontece com o rap. Mas eu não sabia que tinha mais discos, eu era bem trancafiado no meu bairro, mesmo, não saía de lá.

Foi o freestyle que te levou a um trabalho mais sério com as rimas?Pelo fato de escrever histórias em quadrinhos, eu fazia muitos fanzines, não de publicar e vender, mas fazia pra mim. Tinha séries inteiras que eu fazia e guardava. Fazia os personagens, os roteiros. Eu tinha o hábito de escrever. Por isso, eu tinha um leque de palavras maior, mas ain-da não saia arriscando fazer rima. Comecei a fazer umas poesias e conheci uns caras do hip hop mesmo, que fa-ziam grafite na zona norte. Os caras faziam freestyle e eu comecei a fazer com eles. Foram os primeiros caras pra quem eu rimei.

Sobre esse lance da poesia. Você curte lite-ratura?Curto muito, leio pra caralho. Tenho muito livro, discos, principalmente samba. Mas o livro que mais me influen-ciou na minha vida foi o Hagakure: O código do Samurai. Tenho até uma tatuagem com a capa do bagulho (mostra a tatuagem). Me marcou pelo lance da conduta, da dis-ciplina. Mas eu não me prendo muito a isso, é um livro mais de filosofia. Eu leio muito quadrinhos, sou fã do Will Eisner, e também algumas biografias, tipo do Louis Arms-trong, Elizeth Cardoso.

De onde você tirou essa história com os fan-zines? Chegava algum nas suas mãos?Não, nunca chegou não. O que aconteceu é que eu gosta-va de música, mas não tinha dinheiro pra comprar disco, e eu tinha umas fitas K7 de sertanejo do meu pai que eu não curtia e fazia minhas músicas em cima. A mesma coisa com histórias em quadrinhos. Eu conheci, mas não tinha grana pra comprar as revistas, então eu fazia as minhas próprias histórias. Eu tinha esse lance de fazer as coisas por mim mesmo. Bem depois eu fui saber que existia fanzine e que tinha esse nome. Pra mim tinha o Batman, o Super Homem e os meus quadrinhos, tá ligado? E eu tava numa fase zoada, que eu tava indo pra um caminho muito ruim. Eu conhecia uns moleques que roubavam os mer-cado e comecei a colar com eles, pedir esmola no centro, eles até roubavam umas tiazinhas. E eu tava ali junto. Tava na rua direto, parecia que não tinha família. Repeti de ano, e no ano seguinte uma professora viu que eu gostava e começou a passar as lições em história em quadrinhos, e eu comecei a ir todo dia pra aula. Ela me levou pra visitar a editora Abril, e aí eu tinha o sonho de ir pra gringa desenhar o Batman, o Homem Aranha.

Ia perguntar isso, qual era seu plano de vida?Durante um bom tempo eu não tinha idéia, tipo, “se ti-

ta ligado? Noiz nao diminuiu o valor da

a gente fez um lance que nem o Governo

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ver outro dia amanha, tá bom”, tá ligado? E a parada foi acontecendo, a vida que eu vivo hoje eu nunca imaginei. Morar sozinho, ter as coisas que eu gosto. Eu sempre me imaginei sendo o que todo mundo é onde eu moro, “vou ser motoboy até os 90 anos, fazer uns bico e me manter dessa maneira”. Nunca tive uma perspectiva longínqua, de ter uma carreira, uma profissão. Uma parada que sempre me tocou foi ser carteiro, que eu acho do caralho até hoje, tanto que eu tenho um rap que fala disso, uma his-tória como se eu tivesse sido carteiro.

Quando foi que voce sentiu que com o rap você poderia chegar a algum lugar?Eu nunca quis colocar esse peso do rap ter que pagar minhas contas. O que aconteceu foi que o rap começou a tomar tanto tempo que eu comecei a ter que faltar no trabalho, e aí eu tomei essa decisão de começar a cobrar grana pros shows, porque eu ficava a noite toda lá e eu não podia ir trampar no outro dia. Eu vi que eu movimentava um público, principalmente nas batalhas. Eu percebi que tinha um público do lugar, da batalha, mas eu vi que eu tinha o meu público. É muito louco ter o público do rap, mas esse público consome o gênero, e eu quero que as pessoas consumam a minha música. Quero que estudem o que eu faço, prestem atenção no que eu to dizendo, que achem o Emicida dá hora.

Foi ai que você começou a escrever as suas próprias músicas?Eu já escrevia umas coisas antes, mas não mostrava, não gravava. Então eu fui com uns amigos brincar no estúdio, numa garagem, pirando. Eu tinha o contato do estúdio em que eu trabalhava, que era bonzão, então eu fazia umas coisas lá, mas a maioria era na casa dos camaradas, numas garagens.

E chegou a aprender alguma coisa de produ-

ção também?Eu não sei nada de produção, as pessoas acham que eu sei, mas não sei porra nenhuma. Eu sou chato, eu tenho uma ideia na cabeça e vou atrás. Uma vez eu vi uma en-trevista do Zé Gonzales+1 e ele falou de uma MPC, falava da SR+2, dos teclados, aí eu coloquei na cabeça que pra fazer rap eu precisava de uma MPC, então com 19 anos eu comprei uma.

Como começou o lance da gravação da mix-tape?A gravação foi depois. De todo esse processo que eu tô te falando, eu sempre fui escrevendo e guardando. Quan-do fui ver eu tinha um acervo monstruoso de letras. Al-gumas eu achei que não faziam justiça ao que eu penso hoje, mas boa parte era válida, e tem várias músicas da mixtape, tipo “Sozim”, “Só isso”, que são músicas de mui-to tempo, tipo uns 4, 5 anos. Mas eu coloquei por que elas funcionam como uma foto, guardam um momento que ia acabar se perdendo.

E os produtores e MCs que participaram da Mixtape, você conheceu nas batalhas mesmo?Nem nas batalhas. O Felipe Vassão, que produziu “Triun-fo”+3, eu conheci quando eu trabalhava no estúdio. Foi o primeiro maluco que me explicou várias coisas de música que eu guardo até hoje, ele é meu mestre mesmo. Fora isso, conheci Marechal, Slim, nos rolê de rap, onde a gen-te já se trombava, se cumprimentava, mas não trocava muita ideia, tá ligado? E aí a gente se conheceu e acabou tendo esse vínculo, e eu comecei a pegar uns instrumen-tais com os caras. O som com o Slim eu gravei [com ele] mesmo. Mas aí eu peguei todos instrumentais e fui pro estúdio e gravei tudo de novo, foi no começo desse ano, entre janeiro e março. Porque mesmo que as letras fossem antigas, eu tinha uma forma nova de cantar elas, hoje eu entendo tudo de uma outra forma, tenho umas

[+1] Zé Gonzales integra o N.A.S.A., que aparece em outra entrevista nesta mesma edição.

[+2] MPCs foram equipamentos que permitiram a execução de samples e de batidas eletrônicas ao vivo.

[+3] “Triunfo” revelou Emicida em 2006, e tem clipe no YouTube: http://tr.im/Hxsi

musica, noiz aumentou o valor do dinheiro!

faz, que e dar valor pras notas de R$ 2,

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36ga

rage

fuzz

[+4] Não é a Noize, mas uma expressão comum, usada pelo

rapper inclusive para denominar seu site

noiz.com.br

[+5] Emicida concorreu nas categorias “Rap”,

“Clipe do Ano” e “Aposta”.

divisões diferentes na minha cabeça, tá ligado? Regravei todas as letras, chamei algumas pessoas pra cantar um refrão ou outro, peguei instrumental com mó galera, co-nheci o Nave, e a gente acabou formando uma família mesmo, quando você encontra seu pessoal e vê que são as pessoas com quem você gosta de compartilhar esse tipo de energia, sabe? Eu vou na casa do Nave, eu faço três, quatro, cinco músicas, tá ligado? Que é uma parada tranquilona, é um lugar que me inspira, um clima que me faz escrever. Fora de lá, mano, só na minha casa pra eu escrever desse jeito.

Tem todo esse lance do faça você mesmo na sua mixtape. Isso é um reflexo das paradas que você já fazia desde criança?Então, eu vejo dessa forma. Eu gostava de música e não ti-nha onde comprar disco – eu fiz minha música; eu queria ler e não tinha dinheiro pra comprar história em quadri-nhos – eu fiz minha revista. Eu queria uma mixtape com o tipo de rap que eu gosto, eu fiz o tipo de rap que eu gos-to. Eu queria que essa parada desse certo. Fiquei pirando, queria saber como eu podia baratear os custos, porque CD tá foda, não vende mais. Comprei uma copiadora de CD, comprei papel, tesoura, cola, tipo um trabalho de es-cola, tá ligado? Recortei as capinhas, fiz a capinha e falei pro meu irmão: “mano, dá pra vender o bagulho a R$ 2 porque a gente finalizou o preço dele a R$ 1, essa parada aí vai ser o maior estouro. CD é caro pra caralho, vai dar pra encher a mochila e sair pra rua e levar pra várias pes-soas que vão comprar só porque custa R$ 2”. E aí essas pessoas vão escutar o CD quando chegarem em casa e vão se surpreender…

Devem até pensar que pagaram bem menos do que valia!Então, a gente usou essa aí, falar que a gente fez um ba-gulho que nem o Governo fez, que é dar valor pras notas de dois, tá ligado? Noiz (sic)+4 não diminuiu o valor da música, noiz aumentou o valor do dinheiro! (risos)

E como é a realidade brasileira das gravado-ras em termos de rap?Tirando a Cosa Nostra, do Racionais, não tem outra, ou-tro selo tão significativo quanto esse.

Porque você falou que não tem a intenção de ser pra sempre independente…

Não é nem o lance de ser independente pra sempre, eu gosto da ideia de ser independente pra sempre, se eu tiver uma estrutura que supra a demanda de trampo que eu tenho, que é o que a gente tá tentando fazer, construir toda uma rede de trabalho, sabe? Para a coisa andar.

Isso tá rolando muito no rock, também, os coletivos, a galera se organizando…É, então, é disso que eu ia falar, a galera se organiza nos coletivos pra fazer a coisa crescer e fazer o mercado in-dependente deixar de ser visto como um estágio, e po-der ser visto como o auge da sua carreira, “pô, quero ser independente”, tá ligado? A melhor parada é você não depender de ninguém, eu gosto pra caralho de ser livre, eu faço minha parada do jeito que eu gosto. A coisa tá se redefinindo, as grandes movimentações da música brasileira vêm de cantos independentes. Já não tem um grande artista que é estouro e faz as outras bandas não aparecerem. Quem fez mais barulho esse ano, fomos nós, Móveis Coloniais de Acaju, são bandas que não vêm de uma gravadora, podem até ter assinado depois…

E ainda tem um impacto muito grande o re-conhecimento como o de uma premiação da MTV+5, dá um boom?Coloca a gente num patamar de igual pra igual com os outros, porque a gente tava concorrendo com Skank e com O Rappa, que têm de carreira o que temos de vida.

Quais são seus planos, além de seguir tocan-do pra divulgar a mixtape?Cara, eu quero voltar a fazer minhas histórias em qua-drinhos. Sério! (risos). Eu gosto pra caralho de desenho, gosto de desenho animado, tenho vontade de fazer. E eu quero fazer as coisa virarem, fazer tudo isso aí andar igual eu faço com as músicas. Fazer uma revista em quadrinhos, porque a cultura de ler aqui é pobre pra caralho, né? Não tem, não existe.

É, e gravar? Você tem ideia de gravar um dis-co oficial?Tem, tem, mas a gente tem repensado isso até, porque eu não sei se eu pego uns apoios com umas marcas, porque esses caras são enrolados, acham que o negócio é dar um par de tênis pra você e tá tranquilo, então eu tô pensando seriamente em trabalhar mais e fazer meu bagulho andar sozinho, como sempre foi, tá ligado?

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O demônio venceu. Havia sido esta a con-dição imposta por Harry Johns, guitarrista e vocalista, para que sua banda parasse de tocar. O baterista Greg Holland confirmou a triste vitória: “A música da The Old Roman-tic Killer Band foi muito importante para a gente, mas nós sacrificamos tudo por isso – agora queremos tudo de volta”.

A declaração partiu um coração que batia desde abril. Na época, resolvemos fazer uma matéria à procura de ecos recentes do grunge, e o duo inglês tomou nosso ar. Do mar de sintetizadores oitentistas e resgates da psicodelia, The Old Romantic Killer Band emergiu como uma promessa de distorções e berros do fundo da alma. Mas depois de gravarem um EP repleto de referências a demônios pessoais em pleno exorcismo, Greg e Harry decidiram acordar do sonho cansado que pouca gente teve a chance de compartilhar.

Muito disso talvez se deva à personalidade forte de Johns, característica de gênios talentosos como o que ele demonstrou ser ao longo de uma trinca de lançamen-tos. O primeiro single, You don’t know how to love+1, ainda exibia uma banda que engatinhava para se distanciar das texturas do indie rock. No único álbum full, The Swan With Two Necks+2, incorporaram tanto feeling e desespe-ro ao longo das dez faixas, que confundiram o ouvinte: poderia ser obra de um bluesman talentoso ou de uma banda de rock bem conduzida, mas apenas guitarra, ba-teria e voz darem um fruto como aquele? Agora que de-cidiram “libertar seus fantasmas”, nós exorcizaremos os

nossos, também. A entrevista a seguir foi provavelmene a última que Greg Holland deu, na mesma semana em que anunciaram a separação. É o nosso tributo a dois dos responsáveis por lembrar-nos de que o rock é raivoso, transgressor e tão efêmero quanto permanente.

A abertura de The Swan resume muito da mú-sica de vocês, flui entre blues suave e explo-sões agrressivas que arrematam a mistura. Como cada um contribuiu para esse som?Bom, acho que as músicas começaram a ficar mais pe-sadas, longas e agressivas quando eu entrei para a banda [depois do lançamento do EP You don’t know how to love, em 2008]. Nosso som já estava lá; esses sons blueseiros de amor, sobre corações partidos e espera. Eu permiti que a música crescesse, o amp e os vocais do Harry ti-nham que equiparar o volume e a presença da minha ba-teria. Então os shows imediatamente ficaram mais altos e preenchidos, e também mais raivosos. Então acho que essa parte pode ser atribuída a mim.

You don’t know era bem mais ligado ao indie rock e parece mais instintivo que The Swan. O que amadureceu na banda no ano que se passou entre o single e o álbum?Acho que You don’t know tinha um clima indie devido à cena de Leeds na época e ao que estava acontecendo ao redor da banda. O feeling blues do The Swan veio quan-do eu entrei, e a gente realmente soube o que queria. Fomos felizes por criar um álbum com uma simplicidade blueseira, que parecia oferecer um grande potencial a ser

O Exorcismo de The Old Romantic Killer Band

[+1]

[+2]

[+3] “Lovers Pass” é o single de The Swan e uma das canções de maior apelo pop do duo:http://tr.im/HB2V

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[+] Na foto: Greg Holland (bateria) e

Harry Johns (vocais e guitarra).

explorado. Passamos o ano seguinte [ao lançamento de You don’t know] em turnê com bandas grandes, tocando para os fãs deles em lugares maiores. Então passamos a escrever músicas que atrairiam mais sua atenção – con-sideravelmente mais pesadas, mas com uma maior sensi-bilidade pop.

A música de vocês parece ter uma matriz norte-americana. O que vocês extraíram de cada país para o som que fizeram?Bem, o blues é americano, e seria muito rude da nossa parte chupar tudo de lá sem dar nada em troca. Da Ingla-terra, no entanto, a gente pegou a crueza, que contribuiu para a nossa agressividade. Existe também uma grande vocação para a música no norte da Inglaterra, de bandas como The Cribs, Elbow, Sunshine Underground, Gentle-man Pistols. Essas bandas existem há anos e mantém o pique, de verdade. Isso é muito inspirador.

Vocês ficaram conhecidos por apresentações caóticas que geralmente terminam com equi-pamentos arremessados longe. Como um duo independente arca com essas despesas?Bom, a gente não tem como arcar com isso, nosso equi-pamento passou por tempos difíceis mas foi capaz de aguentar. A Telecaster que o Harry usa é conhecida pela estabilidade: desde que você não bata com o braço, tudo bem. É a guitarra mais simples do mundo. Minha bateria sobreviveu a enchentes e a plateias inteiras pulando e passando por cima dela. Meus pratos quebraram, mas é só encontrar ou roubar pratos novos (risos).

Como fazer a música soar atual sem parecer um revival precoce dos anos 90? Vocês se pre-ocuparam com isso?Na verdade, não. Não acho que alguma vez tenhamos pensado que precisávamos fazer qualquer coisa para dife-renciá-la de um revival. Era o que era, muito orgânica, surgia quase tão rápido quanto era tocada. Não houve tempo de parar e pensar, simplesmente aconteceu muito rapidamente.

Vocês chegaram a vender faixas pelo Ama-zon? A venda de MP3 funciona para bandas como o Old Romantic aí na Europa?Para ser honesto, nenhum de nós sabe nada sobre essa parte das coisas. A gente lançou o disco pela Bad Sne-akers Records e eles lidam com a parte de MP3, eu real-

mente não entendo. Nunca compro MP3, mesmo, só vinil.

A Old Romantic é parte de uma cena under-ground em Leeds? Vocês alguma vez se senti-ram parte de algo especial acontecendo, algo que fosse ficar grande?Há uma cena muito grande em Leeds. Muitas bandas, mui-ta gente que toca em várias bandas e uma porção de ba-res e casas para dar suporte a isso tudo. Algumas vezes é difícil ficar empolgado com o que acontece ao seu redor, é tudo tão desgastante que você não tem energia para se empolgar. A geografia de Leeds leva todos estudantes e músicos a morarem em um raio de 1km, todo mundo acaba morando meio amontoado. Isso, entretanto, resulta em shows sempre lotados e com muita energia no ar.

Como rolou o convite para tocar com o Gaz Coombes (Supergrass, The Hot Rats)? Vocês desperdiçaram essa oportunidade?Nós chegamos a tocar com eles, três datas no Reino Unido, foi incrível. Eles entraram em contato com nosso agente e aconteceu uma semana depois. Eles tinham um set ainda mais caótico que o nosso, quebravam e detona-vam equipamentos, faziam a gente parecer muito profis-sionais. Mesmo assim, são caras muito legais (risos).

E (os festivais) Leeds e Reeding, como foram?Foram enlouquecedores. Com certeza estavam na lista de coisas que eu queria fazer antes de morrer. Aparen-temente nós fizemos o melhor show naquele palco em todo o fim de semana. O público exigiu bis. Mas depois do buzz de tocar em tudo aquilo, nada aconteceu, nin-guém deu a mínima, e foi só. Acho que pensamos que seria nosso estouro, mas todo mundo foi para casa de-pois do festival e nenhuma palavra foi dita. Achamos que atingimos o topo, tocamos no festival que costumávamos ir quando crianças. Era hora de desistir desse fantasma.

E finalmente, o que vocês vão fazer daqui para frente? É um fim definitivo para o TORKB?Nenhum de nós sabe. Somos tão duros que não temos dinheiro para levar nossas namoradas para jantar, nem para pagar nossas contas. Acho que teremos que cair na real e ver como nos sentiremos levando a vida em outras áreas. A música do The Old Romantic Killer Band foi mui-to importante para a gente, mas nós sacrificamos tudo por isso – agora queremos tudo de volta.

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Informação diferenciada para um público exigente e muitas vezes destribuída gratuitamente. Não, não estamos falando da própria NOIZE, mas dos fanzines. Este formato de jornal que não segue as duras regras dos diários foi usado e abusado pelos punks e por muita gente que sentia falta de um conteúdo específico e de qualidade onde vivia - ou simplesmente queria falar o que pensava. Antes da internet (lembra?), os conteúdos musicais que não eram contemplados o suficiente na TV, nas rádios ou nos jornais precisavam circular, afinal o mainstream é apenas um espectro limitado da música. Eles faziam a cena underground dos mais diferentes estilos ganhar voz e comunicar-se consigo mesma, já que as próprias bandas trocavam informações, fitas e todo tipo de material com os seus responsáveis.

<< ZINES

ffw & REW_velvet underground, pomplamoose,

zines

“Talvez nós devêssemos publicar um vídeo ensinando bandas a trabalhar a inter-net”, disse Nataly Dawn, do duo californiano Pomplamoose. A afirmação, feita ao site Examiner.com, veio sustentada pelos três pilares que o Pomplamoose ergueu: o de conseguir, com certo jogo de cintura, desviar do estereótipo de duo indie cute-cute; o de publicar no Youtube interpretações em vídeo de covers e músicas próprias, em que toda a nota tocada vem de um instrumento ou músico que aparece na tela – mo-dalidade cunhada de videomusic; e daí, Nataly e o parceiro Jack Conte conseguiram a atenção de fãs que hoje lhes possibilitam viver de sua música. Isso mesmo: uma dupla de quem você possivelmente nunca ouviu falar tem como único trabalho compor, gravar as “videomúsicas”, publicá-las no YouTube e vender as canções pelos serviços iTunes e E-Junkie (http://ejunkie.com). E os shows? Acontecem, mas dá para contá-los em duas mãos. Confira o myspace da dupla (http://myspace.com/pomplamoose).

Ainda que roqueiros tendam a ficar menos transgressores à medida que suas peles enrugam, o Velvet Underground é uma exceção que reafirma sua singularidade até na hora do revival. Enquanto dezenas de dinossauros extintos nas últimas quatro décadas ensaiam seus comeback specials como caça-níqueis declarados, Lou Reed e cia. fizeram uma volta diferente: na terça-feira, 8 de dezembro, Reed, a baterista Moe Tucker e o baixista Doug Yule encontraram fãs da banda na Biblioteca Pública de Nova York parta uma sessão de perguntas e respostas. Talvez este seja um tipo de evento tão insubstituível quanto a experiência de assistir a um show – até porque, 40 anos depois, o Velvet já foi tão copiado que talvez seja melhor apenas escutar seus discos do que arriscar o encanto mítico que resta. Bem mais receptivo com fãs do que costumava ser com jornalistas (vide http://tr.im/Hf8Q), Lou não poupou elogios a Tucker, Yule e o padrinho Andy Warhol (“Warhol era nosso cão de guarda”).

FFW >> A VOLTA DO VELVET UNDERGROUND

rewind

FFW >> O ÓCIO CRIATIVO DO POMPLAMOOSE

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minha colecao

Não consigo parar de ouvir o disco do Them Crooked Vultures. É impressinante como os três conseguiram unir suas particularidades de forma perfeita. Dave Grohl chega muito perto dos timbres de Bonham e o delírio do baixo de Jones dispensa comentários.

“Só perdendo o juízo eu acho a cabe-ça”. A emblemática frase que Marcos Valle canta em “Os Dentes Brancos do Mundo” tornou-se lema de sua carreira durante a década de 1970, em que o compositor enfileirou uma sequência de inventivas obras-primas. Mustang Cor de Sangue é o primeiro passo. Se não é tão experimental quanto os discos posteriores, agrega sonoridades como bossa nova, soul, frevo e a Pilantra-gem de Simonal, soando autêntico e sofisticado. Já as letras, de autoria do irmão Paulo Sérgio Valle, versam sobre o filósofo “anárquico” Diógenes, 2001 – Uma Odisséia no Espaço, Bíblia, maconha, masturbação, publicidade, consumismo e naves espaciais. Para completar, há ainda o groove visionário do piano de Marcos Valle. Essencial é pouco. Leonardo Bomfim

.: VINICIUS BRUM_Baixista da Rinoceronte

.: MARCOS VALLE__MUSTANG COR DE SANGUE (1969)

qualquer coisa

redescoberta

Às Margens do Thames, atirando pedras de médio porte no amigão rio, parceirão, eu íntimo da mini praia, das docas, flertivo com a outra margem...parei com as pedras... o rio não se move, o pássaro, o dia nublado... canto “Lovely Riverside”, à capela. Música de corsário. Thames agradece movimentando ondas que vinham do centro até a margem num quase desesperado anseio por me agradar... Sim eu chequei, no boat on!!!

Mágico.

Porto Alegre, cais do Porto, chuva fina, pizzo/terninho, câmera, clicks, cigarro.Cafés na rua da praia, conceito. Hamburgo/Porto Alegre/Liverpool/São Paulo/London/Pampas do Rio Grande através da janela de uma Van/Chuva Fina/Dia Nublado/Cavalo Solitário.Mixing...!!!!!

Tendência, yes I am.

Às vezes me esqueço de prestar atenção no primeiro sopro do vento, acabo me ligando na respiração próxima. Duro de aquariano, Yoko Onno. Vi Mick Jagger hoje, na televisão com 21 aninhos de idade, cabelo duro de oleoso. Actually softly greasy.

Filme, Apartment Jazz.Casa de Cultura Mário Quintana.Café Doppio.Bob Dylan eletrificando.Mixing...Conceito!Artista, yes I am. Pop music. Four on the floor. Vidrado. Amigo do baterista. Do guitarrista. Do baixista. Moog and organ: Astronauta Pinguim.Estilo próprio. Yes I have.Amo as artes e todos aqueles que as admiram e logicamente básico/praticamente a minha. Também aqueles que virão...

Beijos, ternura, frisson, tendência do instinto básico...

Love Júpiter Maçã

JÚPITER MAÇÃ FALA SOBRE...

THAMES - part one .

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Divulgação

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_THEM CROOKED VULTURES, ARCTIC MOnkeys, sapatos bicolores, animal collective

reviews

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Difícil acreditar que Fame Monster seria lançado junto com o primeiro álbum de Gaga – embora ouvi-lo sob essa perspectiva

maximize suas qualidades. O single “Bad Romance” explicita a salada de influências pop que vem pela frente, em que se destaca o empréstimo do potencial dançante quase tosco dos anos 1980. Se o single equivale a “Poker Face” de Fame, a excelente “Monster” corresponde a “Just Dance”. A explosiva “Dance in the Dark” é um dos vários momentos em que se pensa em Madonna, apesar de lembrar, também, sua colega Little Boots. Enquanto a parceria com Beyonce traz frescor ao conjunto, as guitarras da tragável balada “Speechless” quebram com sua sinteticidade. Trata-se apenas de uma compliação de hits – talvez mais facilmente esquecíveis que os anteriores. Maria Joana Avellar

“Cornerstone” é o hit de Humbug. Nela, Alex Turner narra a profunda saudade de uma su-posta ex-namorada, com uma sinceridade

que faz da balada uma música digna de dar nome a um CD. Foi isso, de fato, que os Monkeys fizeram. O EP Cornerstone junta à faixa-título três canções que, por motivos diversos, ficaram de fora de Humbug. “Sketchead”, ainda que carregue as texturas metaleiras do Monkeys de 2009, está mais para um exemplar sombrio da new-rave que ainda habita Turner. “Catapult” poderia fazer parte de um disco anterior dos Monkeys, com um verso à Last Shadow Puppets. Por fim, em “Fright Lined Dining Room” a bateria inicial te diz Black Sabbath—mas o que segue é um Monkeys com cara de folk western. Cornerstone é o talento que sobra para Alex Turner e cia. Fernando Correa

ARCTIC MONKEYSCornerstone

Abrindo o ano com o excelente e elogiadíssimo Merriweather Post Pavillion, os caras do Animal Collective não precisavam

de mais nada para acabar no topo das listas – não só de 2009 como da década. Mas, insatisfeitos, resolveram lançar as cinco faixas redondas, bem produzidas e criativas de Fall Be Kind. A esquizofrenia é a de sempre, porém mais bem trabalhada, como nas cordas suntuosas de “Graze” ou na summer-jam em que “What Would I Want Sky” desemboca. “I Think I Can”, melhor faixa do EP, mostra a recém encontrada maturidade do grupo: há tanto espaço para o pulso sinistro de sintetizadores elásticos e vocais viajantes quanto para a cantiga psicodélica que conclui a faixa num tom mais leve, descontraído. Rafael Abreu

ANIMAL COLLECTIVEFall be Kind

Before I Self Destruct é mais 50 Cent e menos o cara que quer derrubar Kanye West – mas não conseguiu –, como foi em Curtis,

seu último disco. Esperava que ele se auto-destruísse de vez neste novo álbum, mas de certa forma um pouco do que lhe deu destaque está de volta: um quê de obscuridade, peso e gangstarismo. As letras não possuem nada que valha a pena ouvir, e o fato de 50 assumir um papel de inimigo de todo mundo o torna ainda mais repetitivo, por vezes insuportável. Talvez se tivesse soltado Before I Selfdestruct (que, segundo rumores, estava pronto há 2 anos) ao invés de Curtis, não teria apanhado tanto de Kanye West. A verdade é que ele não empolga faz tempo. Vale a pena ouvir “Death to my Enemies” e “Psycho” com Eminem. Bruno Felin

50 CENTBefore I Selfdestruct

Quando três dos maiores representantes do rock produzido em suas épocas se juntam para a gravação de um disco, um clássico desponta no horizonte. Them Crooked Vultures, álbum de estréia do supergrupo homônimo formado por Josh Homme (Queens of the Stone Age) nos vocais e guitarras, John Paul Jones (ex-Led Zeppelin) no baixo e Dave Grohl (Foo Fighters) na bateria, confirma que o conflito de gerações não vale para a música. “No One Loves me & Neither do I” dá o pontapé às 13 faixas que unem de forma perfeita os riffs inteligentes e o timbre sombrio da voz de Homme ao peso da cozinha Jones-Grohl. Na sequência, o stoner rock impera até “Scumbag Blues” resu-mir quatro décadas de rock em pouco mais de 4 minutos. O resto apenas confirma que em alguns anos você vai contar aos pequenos em casa que viu tudo isso surgir. Lucca Rossi

THEM CROOKED VULTURESThem Crooked Vultures

LADY GAGAThe Fame Monster

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Este álbum é o marco principal do thrash metal surgido na bay area em San Francisco. Lançado no ano de 1983, com sua formação original composta por James Hetfield (voz/guitarra), Lars Ülrich (bateria), Kirk Hammet (guitarra) e Cliff Burton (baixo), o Metallica aparecia para o mundo com um álbum recheado de hinos. Já na abertura do álbum, “Hit the Lights” começa como se fosse o início de um show, uma quebradeira crescente. “The Four Horsemen” segue na mesma linha, com riffs e paradas que puxam o ouvinte pra dentro do peso. Além dessas ainda temos “Seek & Destroy”, que chegou a ser incluída no clássico seriado televisivo nacional desta década, Armação Ilimitada—responsável por fazer a criançada conhecer o Metallica “na marra”.

Muitos podem torcer o nariz, mas este álbum foi o que jogou o Metallica na estratosfera das grandes ban-das do mundo. Se antes do Black Album eles já eram reconhecidos e famosos por suas composições, agora definitivamente eles cravaram o seu nome entre as bandas mais importantes de todos os tempos. Já com o baixista Jason Newsted, que entrou na banda após a morte de Cliff Burton, o disco possuí três sons que são indiscutivelmente grandes hits do rock pesado mundial: “Enter Sandman”, “Nothing Else Matters” e “Sad But True”. Mais de 15 milhões de cópias vendidas, para não deixar dúvidas em relação à popularidade da banda ou das músicas contidas neste álbum.

O ápice da criatividade musical da banda se deu neste que foi seu terceiro álbum de estúdio. Lançado em 1986, mostra a banda mais madura, com composições mais trabalhadas e, consequentemente, mais longas. Tido para a maioria dos fãs como o melhor disco da banda, em várias músicas temos a alternância de melodias leves com riffs pesadíssimos. Resultado disso foram as mais de 500 mil cópias deste álbum, que é outro divisor de águas da cena metal. Na primeira faixa temos “Battery”, que começa com um estupendo dedilhado de cordas para depois, claro, sentar a lenha. A música que dá o nome ao álbum, “Master of Puppets”, é uma das poucas que não saem nunca do repertório da banda nos shows, mostrando o quanto ela é importante e querida pelos fãs.

por Ricardo FinocchiaroDiscografiaBásica METALLICA

Master Of Puppets

Kill ‘Em All

Black Album

Mesclando a sono-ridade de diversas bandas européias,

como Soulwax e New Young Pony Club, à es-sência que definiu Zémaria como “pai” da cena independente de Vitória (Espírito Santo), The Space Ahead carrega uma sonoridade leve e, ao mesmo tempo, energizante, válida tanto para começar um dia de trabalho quanto para ter-miná-lo. Revezando-se entre vozes masculinas e femininas, nenhuma das faixas do disco parece se repetir. Os destaques vão para “Any Distan-ce”, em que os sintetizadores se sobressaem sobre guitarra e bateria, e para “Hit do Porto”, que realmente tem a pegada grudenta dos hits. Alexandre Corrientes

Mike Silver, DJ/pro-dutor canadense, trabalha ambiências

e texturas eletrônicas em faixas que não sa-bem bem se servem para a pista de dança ou para o fim de uma festa (provavelmente para os dois). “Big Love”, do Fleetwood Mac, bem transformada em seis minutos de balea-ric disco, o space funk de “Half Dreaming” e o techno sensual estilo Junior Boys de “Come Closer” são destaques, mas o que Conti-nent mostra é que o CFCF ainda promete um pouco mais que cumpre. Mesmo que o projeto não seja redondo como se gostaria, Continent é um bom disco para se ouvir meio dançando, meio sonhando. Rafael Abreu

ZÉMARIA CFCFThe Space Ahead Continent

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G.

Os Efervescentes estreiam no universo

dos discos físicos – aqueles com 10 faixas ou mais, capinha, encarte e toda aquela atmosfera quase extinta. A iniciativa pode ser considera-da parte da coerência que o trio mantém no figurino, performance de palco, letras, e agora, lançando um álbum, como nos velhos tempos, pelos quais eles tanto prezam. A fórmula rock-dançante faz qualquer pezinho bater no chão com a abertura “Não Demore”. O disco não apresenta novidades, mas quase tudo em ter-mos de música já foi feito antes, certo? Então (“Por Que Não Relaxar?”), fiquemos com o que foi feito de melhor. Ana Luiza Bazerque

OS EFERVESCENTESOs Efervescentes

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JOHN MAYERBattle Studies

Ora hardcore, ora brega, o eterno punk Wander Wildner é uma figura mítica que confere mais significado a seu trabalho a cada reencarnação. Aventuras de um Punkbrega reinveste no título que o próprio Wander já demonstrou desgostar em entrevista à NOI-

ZE, mas o importante são os 14 vídeos, que traçam uma retrospectiva e tanto. Do Wander de “Jesus voltará!” em 1990, à versão Easy Rider de “Hippie-Punk-Rajneeh”, de 2004. Performances ao vivo, de uma ca-lorenta “La Playa”, no longínquo 1996, à curiosa “Rodando el Mundo” (parceria com Jimi Joe) acompanhada de uma orquestra de câmara. A obra “videoclíptica” completa de Wander por si só é irreverente e inventiva como ele, mas sem a sinceridade flagrante dos shows ao vivo, este DVD valeria pouco mais do que uma visita ao YouTube. F.C.

DVDS

Volta Annie, a norueguesa que ensinou muita gente a olhar menos torto pra qualquer coi-sa que seja, soe como ou simplesmente se

apresente por “pop”. Don’t Stop chega cinco anos depois de Anniemal e seu maior problema é ter perdido um pouco do imediatismo de seu antecessor. Há, sim, alguns poucos problemas de produção: “When The Night” é tão doce que deixa o ouvinte instantaneamente diabético, “Loco” é genérica demais pro próprio bem e “The Breakfast Song” é um pouco... idiota. Mas o disco se salva por faixas como a impeca-velmente produzida “I Don’t Like Your Band” e o eletropop de “My Love Is Better”, com melodias tão boas, simples e feitas pra cantar junto como nunca. Acessibilidade e qualidade andam juntas, de vez em quando. Rafael Abreu

Em 2005, ao lado do baixista Pino Palladino e do baterista Steve Jordan, John Mayer for-mou o John Mayer Trio e lançou Try!, disco

com releituras de clássicos do blues e do R&B que elevou o status do músico de revelação do pop a competente guitarrista e frontman. No ano seguinte, saiu Continuum, seu terceiro álbum solo, que trazia as mesmas influências do anterior – com direito a uma versão inspirada de “Bold as Love”. No recém lançado Battle Studies, Mayer volta às origens com um disco essencialmente pop. Para os acostumados com os timbres hendrixianos da era pós-Try!, um desalento. Nem o cover da clássica “Crossroads” salva. O groove de “Perfectly Lovely” e a bela linha de guitarra de “Edge of Desire” são a exceção de um disco que pouco anima. Lucca Rossi

ANNIEDon’t Stop

Uma coisa está bem clara em Quando o tesão bater (Senhor F Discos), segundo disco da ban-da brasiliense Sapatos Bicolores: o trio tem um

som para chamar de seu. André Vasquez (guitarra, voz), PC (baixo) e Caio (bateria) não reinventam a fórmula certeira da estreia (O clube quente dos Sapatos Bicolores), mas a aprimoram, a expandem. Mais entrosados, tiram o melhor do formato power trio. A produção, mais uma vez de Gustavo Dreher, detalha o que eles têm de melhor: uma cozinha pesada e precisa, um guitarrista incrivelmente criativo, dono de técnica impecável e compo-sitor de mão cheia. O disco bebe de rockabilly, Django Reinhardt, country, Hendrix, power pop, Queens of the Stone Age, psicodelia, rock gaúcho… mas faz tudo à sua maneira. “Febre alta”, “Sadie”, “Passagem pro Inferno” e “Na caverna” são alguns pontos altos do CD. Pedro Brandt

SAPATOS BICOLORESQuando o Tesão Bater

.: 12/01/2010_ Ringo Starr | Y NotQue bom que Paul e Ringo ainda vivem e se dão bem. Macca colaborou em duas canções de Y Not, próximo disco de inéditas do Ringão. O single “Walk with me” e a faixa “Peace dream” terão participações de Macca no vocal e no baixo, respectivamente. “Aquilo foi tudo Paul McCartney, e não poderia ter sido melhor. O cara é um gê-nio”, afirmou, para deixar os fãs ansiosos pelo 12 de janeiro de 2010.

Alessandra LeãoDois Cordões___O samba, a ci-randa e o maracatu aparecem com um frescor delicioso.Dois Cordões tem a atualidade de um manguebit guitar-reiro com a voz macia de Alessandra, as texturas e os ritmos, os chocalhos e os chacoalhos ca-rinhosos do Recife antigo.

BEAK>Beak>___O projeto de Geoff Barrow (Portishead) é um tanto inconsistente. Gravadas em 12 dias, as músicas têm introduções pedan-tes, que explodem em determinados momentos. E aí tornam-se tão boas que cabe a você de-cidir se ama, odeia ou fica confuso.

Mallu MagalhãesMallu Magalhães___Pela época do lançamento, pode passar despercebido o amadurecimento das composições, que abandonam o terreno seguro do folk pop e vão para a MPB modernosa e pro rock britânico de ontem e sempre. A produção de Kassin parece ter sido o bolo da cereja.

confira

ta por vir

WANDER WILDNERAventuras de um Punkbrega

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Um menino e uma menina formam um dos casais mais queridos que Los Angeles já viu, mas, enquanto ele se entrega por inteiro, ela se contenta com a metade. Embora o enredo soe ordinário, ele di-vide com as enaltecidas intervenções vi-suais e narrativa não linear os méritos da obra de Marc Webb. De relance, 500 Dias com Ela pode parecer um filme sobre os efêmeros e indolores relacionamentos de verão. Como a usual ilusão dos que se apaixonam rápido, e que bradam em tempo desproporcional ao sentimento que morrer ao lado da amada é uma forma adorável de morrer, o espectador pode se deixar levar pelo encantamento instantâneo que os protagonistas provo-cam. De fato, o longa Webb reúne todos os elementos de paixões fulminantes – a trilha sonora perfeita para se jogar de cabeça, a pintinha em forma de coração,

os sorrisos e brincadeiras hipnotizan-tes. Dentro dessa atmosfera romântica, é fácil perder de vista que não se trata de um filme sobre paixão, e sim, de um filme sobre amor. Para sabê-lo, talvez seja necessário conhecer mais sobre aquilo que não é amor do que sobre aquilo é. E compreender, também, a necessidade e o dilema de ser sincero consigo diante de sentimentos tão divertidos e pare-cidos com aquele idealizado – aqui, é a renúncia a eles que representa a crença no amor, ao mesmo tempo que ironiza suas infinitas, semelhantes e repetitivas referências. É com recursos artísticos encantadores e delicados e um texto adorável, honesto, pop e singelo que 500 Dias com Ela traduz sentimentos. De for-ma bem menos piegas que esta resenha. Maria Joana Avellar

500 DIAS COM ELA

cinema

Você bem que quis posar de cinéfilo e boicotar a sensação adolescente. Mas não, por mais patético que seja fazer parte da geração que será lembrada por gostar de vampiros que brilham no sol, Lua Nova não é tão ruim assim. As imagens apresentadas no filme (o encontro de Bella com o lobisomem transformado e sua vereda pela floresta escura) podem ser encaradas como um bom começo no universo dos indie flicks para a turma de seu irmão mais novo. A fotografia de Javier Aguirresarobe é colorida, luminosa e fantasmagórica. A impressão é de estar sempre em cenas de sonho. A trilha sonora também ganha pontos: se traz o som batido do Ok Go, também traz canção inédita (e maravilhosa) de Thom Yorke, “Hearing Damage” e os veteranos Editors com “No Sound But The Wind”.

As atuações, no entanto, deixam a dese-jar: por mais que Kristen Stewart mos-tre evolução em relação ao primeiro fil-me da saga, o bonitão Robert Pattinson parece prestes a vomitar a cada frase que profere e Taylor Lautner, o lobiso-mem, é muito melhor em sua versão 3D do que em carne e osso. A histó-ria é até bem amarrada, não fossem as vezes em que a personagem principal aborrece o espectador por sua com-pleta falta de personalidade. A trama é mais complexa do que na maioria das produções destinadas a adolescentes, o que faz o filme valer mais pela tentativa de cultura. De Lua Nova, o público mais novo chegará a obras como Veludo Azul e Donnie Darko. Algo que seria impossí-vel na instância de algo parecido com a sequência “American Pie” a que estamos acostumados. Fernanda Grabauska

LUA NOVA

Diretor_ Marc WebbElenco_Zooey Des-

chanel, Joseph Gordon-Levitt

Lançamento_ 2009 Nota_ 5 de 5

Diretor_ Chris Weitz

Elenco_ Kristen Stewart, Robert Pattin-

son e Taylor LautnerLançamento_ 2009

Nota_ 2,5 de 5

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Greg Mottola parece visitar sua adoles-cência no fictício 1987 de Adventureland. O plano pós-college de James Brennan (Jesse Eisenberg) era conhecer a Europa e voltar para estudar Jornalismo. Mas o dinheiro está curto na casa dos Brennan, e o garoto vê a chance de salvar seu so-nho nova-iorquino em um emprego de verão em Adventureland, o parque de diversões de sua cidade natal. James faz amizade com o esquisitão Joel (Martin Starr) e conhece Emily (Kristen Stewart, Crepúsculo), com quem começa um tí-pico romance de descoberta rodeado pelo turbulento momento por que cada um passava. Mesmo os conflitos que poderiam atravancar o desenrolar da história diluem-se na atmosfera colori-da que Mottola constrói com as idios-sincrasias de cada personagem. Trata-se de uma experiência leve e emocional, que se esvai como a própria nostalgia. Fernando Corrêa

Não se pode ir ao cinema esperando muita coerência do mesmo diretor de Independence Day. A explicação científica que justifica a profecia do fim do mun-do marcado para 2012 é o de menos: queremos apenas ver o mundo acabar. Infelizmente, somos forçados a torcer por John Cusack. Se você já viu O Infer-no de Dante, Impacto Profundo, e outros filmes-catástrofe da última década, o filme traz pouca (ou nenhuma) novidade, mas é sempre divertido ver cidades afundan-do como pequenas maquetes. Um filme catástrofe é um pouco como uma brin-cadeira de criança, desmanchar um formi-gueiro e ver as formigas correndo de um lado a outro. Se o filme tem um mérito verdadeiro, é o de permitir que o resto do mundo participe dessa brincadeira, an-tes reservada quase exclusivamente aos americanos: assim, podemos ver também o Cristo Redentor, o Vaticano ou o Hima-laia sendo arrasados. Samir Machado

2012de Roland Emmerich (2009)

ADVENTURELAND de Greg Mottola (2009)

CASHde Reinhard Kleist (2009)

The Beatles: Rock Band, lançado para Xbox 360 e Playstation 3, é diferente dos mais antigos da série. Não somente por se tratar de uma das bandas que mais marcaram a história da música, mas tam-bém no modo de jogar. O game traz a possibilidade de três vocalistas fazerem um show ao mesmo tempo, permitindo assim, tocar títulos como “Paperback Writer” com perfeição. É muito difícil ter a harmonia necessária para cantar Beatles com três pessoas, mas este jogo promete encantar até os que não são fãs declarados da banda. Deixe as costeletas crescerem e espalhe a Beatlemania pela sua casa. E não se esqueça das groupies! Rafael Borges - www.sopreocartucho.com.br

BEATLES: ROCK BAND

games

O mérito da HQ de Reinhard Kleist é contar a história de Johnny Cash sem esquecer aquilo que ele fez de melhor: música. O autor produziu uma obra sonora, minando-a com letras e ilustrações das canções que, na voz potente de Cash, justificam sua posição de dinossauro do rock.A história gira em torno do show que o músico fez em 1968 na cantina da Penitenciária Estadual de Folsom e que, quatro meses mais tarde, virou o álbum Folsom Prison Blues. Quem reconstitui a vida do personagem é Glen Sherley, autor da música “Gleystone Chapel”, tocada por Cash no show.Com um traço tão elegante quanto as roupas escuras que o músico usava, e tons de preto que contrastam tanto com o branco quanto a voz grave de Cash com o silêncio, a HQ explora principalmente os anos entre 1957 a 1967, quando o cantor se vicia em anfetaminas. A década marca o ápice e o declínio da carreira de Cash, que ruiu frente às boletas, em meio a uma maratona de shows. Henrique Lammel

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shows_MaCONDO CIRCUS, GOiania noise, ac/dc,

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GOIÂNIA NOISE FESTIVALGoiânia, 25 a 29 de Novembro

Em 2009 o Goiânia Noise Festival ar-riscou um novo formato, apostando numa descentralização que é tendência no mundo, porém relativa novidade no Brasil. E seguindo seu slogan, o festival invadiu a cidade integrando uma dúzia de clubinhos, teatros, cinema e galeria de arte, numa ação inédita que ocupou boa parte da vida cultural da capital de Goiás, transbordando o gueto e cha-mando a atenção inclusive de quem não acompanha a movimentação da música independente de perto. Onde mais, se não na programação de um festival de parabólicas abertas, Hermeto Pasco-al conviveria harmoniosamente numa quarta feira com o hardcore humo-rista d’Oscabeloduro, e a dupla Violas de Bronze coexistiria pacificamente, numa quinta, com a batucada indie da The Name? Mas depois de cumprir sua nova agenda durante a semana, o Goi-ânia Noise vestiu sua clássica roupa de gala, e durante todo o fim de semana fez do tradicionalíssimo Centro Cultu-ral Martim Cererê o melhor endereço do Brasil para quem gosta de música, onde as dobradinhas que reuniram ban-das e artistas num mesmo palco foram as grandes novidades: na sexta feira, o Móveis Coloniais de Acaju recebeu o trombonista Bocato, e o MqN duelou com o Walverdes; no sábado, o Porcas Borboletas convidou o Paulo Barna-bé – líder da lendária Patife Band, e o Black Drawing Chalks chamou o ex-Forgotten Boys Chuck Hipolitho, além do prodígio local Diego de Moraes, que, no domingo, cometeu um dueto com o Astronauta Pinguim. Mas, apavorando o teatro lotado com sua faceta mais radicalmente experi-mental, foi o Dirty Projectors quem merecidamente recebeu os aplausos mais empolgados do festival. Dividida ao meio pelo hit “Stillness Is The Move” – a canção que melhor revela os inacre-ditáveis superlativos vocais de Amber Coffman e Haley Dekle, a apresentação

do quinteto novaiorquino só confessou seu DNA pop (tão bem oculto por trás dos dedilhados de precisão matemática, dos grooves abortados e do constante anti-clímax) depois de muita gente de-sistir e abandonar o teatro.“Temecula Sunrise” e “Cannibal Re-source” (junto com “Stillness Is The Move”) já teriam valido a longa espera, mas o grupo liderado pelo guitarrista Dave Longstreth estava satisfeito o su-ficiente para não se deixar abalar pelo calor crepitante do interior do cúpula de concreto, e ainda voltar ao palco para um simpático bis. Hígor Coutinho

MACONDO CIRCUSSanta Maria, 2 a 5 de Dezembro

Porto Alegre é reconhecida como uma das capitais do rock do Brasil. A quanti-dade de boas bandas reveladas a cada ano na cidade, as casas que abrigam um número considerável de shows por mês e um público atento ao que acontece de novo são algumas das provas. Há, no entanto, um problema – e um problema que poucos admitem existir – que im-pede uma terra com DNA roqueiro de transformar-se, por exemplo, em o que hoje é Goiânia. Vaidade demais e união de menos.Pois para um grupo de produtores independentes de Santa Maria tal pro-blema não existe. Talvez seja esse o motivo de o mais importante festival independente do Estado em 2009 – e provavelmente o dos próximos anos – acontecer a quase 300 km da capi-tal. Com um line-up de primeira linha, incluindo nomes como Black Drawing Chalks, Móveis Coloniais de Acaju, AMP, Superguidis, Pata de Elefante e o one man band argentino Proyecto Gomez, o Macondo Circus chegou a sua sexta edição colocando a cidade definitiva-mente no roteiro indie do país. Indie e um pouco mais. Realizado até o ano passado nas cer-canias de Santa Maria, em um esquema Wood Stock do século XXI, o festival contou esse ano com o apoio da ad-

ministração municipal, por meio de lei de incentivo a cultura. Com a parceria, um palco foi montado na Praça Salda-nha Marinho, no centro da cidade, onde aconteciam os shows da tarde, em um clima de celebração e programa familiar. Para quem o rock é sinônimo de ma-drugada, à noite, com as crianças já na cama, todos se mudavam para o Macon-do Lugar – casa mantida pelo coletivo que organiza o evento – local das apre-sentações da noite.Organização, público satisfeito e ótimas bandas são o termômetro do sucesso de um festival. Mas nada melhor do que a frase de Victor, vocalista e guitarrista da Black Drawing Chalks, que logo de-pois de deixar o palco, ainda encharcado de suor e cerveja (leia entrevista nesta edição), celebrou: “o melhor show que já fizemos em nossas vidas”. De muitos que ali estavam também. Lucca Rossi

THE KILLERSSão Paulo, Chácara do Jockey, 21 de Novembro

Era alagada e cheia de lama que a Chá-cara do Jockey se encontrava por vol-ta das 17h, três horas antes do início do show do The Killers. Não demorou muito para ver menininhas de um me-tro e meio fazendo guerra de lama com ogros enquanto, ao fundo, Kraftwerk e Beastie Boys davam o clima de Glaston-bury à tarde. Quem já havia assistido à banda no Tim Festival de 2007 esperava mais um atraso colossal. Não houve. Cerca de uma hora antes do programa-do, os instrumentos e enfeites de palco começaram a ser revelados sob plásti-cos pretos: um piano espelhado, uma bateria pouco espalhafatosa e, claro, os sintetizadores de Brandon Flowers em forma de K, que simbolizam a turnê do Day & Age. Por volta das 20:15 entravam no palco Brandon, com um cavanhaque inusitado, Dave Keuning, Mark Stoemer e Ronnie Vannucci, prontos para serem ovacionados.A introdução veio emendada com “Hu-man”, carro-chefe da nova tour que, em poucos segundos, fez as 12 mil pessoas

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presentes esqueceram o que havia logo abaixo de seus pés: grotescas poças de lamas preparadas para respingar sobre o corpo de todos a cada pulo dado. Os telões reproduziam uma versão menos massiva da apresentação dos caras no EMA de 2008.Nas três músicas seguintes, a banda mostrou que não pretendia tocar o Day & Age na íntegra, mesclando todos os seus álbuns de inéditas em um único show. Dessa forma, vieram “This Is Your Life”, de 2008, o eterno hit “Somebody Told Me”, do Hot Fuss, e “For Reasons Unknown”, do Sam’s Town. “Bones”teve um papel de destaque, com as poéticas frases introdutórias sendo arremessa-das ao público por Brandon. Antes da épica “A Dustland Fairytale”, quem brilhou foi o saxofonista anônimo, que teve seu momento rockstar-com-cabelos-ao-vento durante “Joyride”, quando subiu no sobre-palco iluminado. A nostalgia tomou conta em “Smile Like You Mean It”, do primeiro CD da banda, introduzida em uma versão quase acús-tica, somada às notas de um violino con-vidativo. Como se construir um setlist fosse uma arte arquitetônica, a música apareceu bem no meio do mesmo, cola-da com “Shadowplay” (um cover do Joy Division recebido por imagens de Con-trol ao fundo) e “Spaceman”, outras duas músicas de sucesso e, embora o piano tenha falhado durante as notas de uma reprise clássica de “Human”, o público não desanimou.Com uma breve releitura de “Can’t Help Falling in Love”, do Elvis, deu-se início a uma série de hits que finaliza-riam a primeira etapa do show: “Read My Mind”, “Mr. Brighstide” e a maravi-lhosa “All These Things That I’ve Done”, que ficou ainda mais memorável com as bazucas de papel picado sobressaindo-se sobre a chuva incessante. O bis foi muito pedido, mas não durou – apesar da intensidade. A banda retornou ao palco com “Jenny Was a Friend of Mine”, mas ganhou até os mais céticos com o poder de “When You Were Young”, transformada em um hino de Las Vegas

com as pequenas explosões controladas no fundo do palco somadas a uma eter-na chuva de faíscas.Foi nesse clima que Brandon Flowers fez uma reverência ao público e deixou o palco, acompanhado por Mark e Dave. Ronnie, o baterista, fechou a noite com mais algumas pancadas no bumbo e aí, finalmente, jogou as baquetas para o público. E a marcha dos derrotados co-meçou, em busca de um lugar coberto e um banho quente. Alex Correa

AC/DCSão Paulo, Morumbi, 29 de Novembro

Quantas vezes você já leu, ao ver o anúncio de uma apresentação de algu-ma banda gringa, que aquele seria “o show do ano” no Brasil? E quantos des-ses shows realmente justificaram tanto burburinho, sem deixar ao menos uma pontinha de decepção? Bem, ao menos um grupo justifica a badalação e cum-pre essa expectativa com folga: o AC/DC. A tão aguardada terceira passagem da banda australiana em solo tupiniquim (as outras foram nos já distantes anos de 1985 e 1996) prometia. Alardeada como a provável última turnê do gru-po – o que é bem plausível, conside-rando a idade dos caras e as recentes declarações do vocalista Brian Johnson sobre seu esgotamento físico –, a Bla-ck Ice Tour trouxe toda a parafernália que os fãs esperavam: um palco que se prolongava até o meio da pista, canhões, o sino de “Hells Bells”, a boneca inflá-vel Rosie e uma gigantesca locomotiva, além de fogos artificiais e vídeos ba-canas no telão. Mas, mesmo se todos esses recursos tivessem sido deixados de lado, ainda assim a apresentação no Morumbi teria sido memorável. Em uma época em que os efeitos especiais às vezes são considerados prioritários em detrimento à própria música, o AC/DC consegue proporcionar um belo espetáculo visual, mas sem esquecer do principal. O rock’n’roll, básico e vigoro-so, sem espaço para baladas românticas ou melodias intrincadas, continua sendo seu principal trunfo.

Depois de um breve temporal, Nasi su-biu ao palco para o show de abertura. Com poucas composições próprias e alguns covers, o ex-vocalista do Ira! fez uma apresentação correta, mas que não despertou o interesse de muita gente. A expectativa pela atração principal era imensa, e nem a presença de Andreas Kisser, do Sepultura, foi suficiente para atenuá-la.Quando as luzes se apagaram e o vídeo de introdução de “Rock’n’Roll Train” rodou nos telões, o público já estava ga-nho. A empolgação da massa era visível, mas havia também alguns malucos que não acreditavam no que estavam vendo e, em vez de pular e cantar, acabaram ficando em estado de choque. Perfeita-mente compreensível. Amparados pelo competente background de Malcolm Young, Cliff Williams e Phil Rudd, Brian e o ídolo-mor, Angus Young, dividiam as atenções das 65 mil pessoas que esta-vam no Morumbi – e era realmente im-possível não acompanhar os movimen-tos dos dois. Enquanto o primeiro gru-nhia, fazia gestos obscenos e dancinhas idem, o guitarrista tocava no ritmo de seu impagável “duck walk” (que acabou se tornando ainda mais memorável que o de Chuck Berry). Angus é um show à parte, a cara do AC/DC – tanto que estampa 99% dos produtos ligados à banda – e no palco ele mostra que tem méritos para tal. O hilário striptease em “The Jack” e o solo endiabrado em “Let There Be Rock”, em que parece acometido por um ataque epilético, são apenas dois momentos em que o cara rouba a cena.É claro que mesmo tocando por duas horas e apresentando clássico atrás de clássico (“Highway to Hell”, “For Tho-se About to Rock”, “You Shook Me All Night Long” e “Back in Black”, só para citar alguns), sempre fica faltando algu-ma coisa. Mas, com tantas músicas ma-ravilhosas, somente tocando por umas dez horas seguidas eles iriam agradar a todos. Parece meio cansativo, mas duvido que alguém reclamaria se isso acontecesse.Daniel Sanes

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