Revista Portuguesa de Psicossomática ISSN: 0874-4696 revista ...
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» BSHD inaugura Centro De infuSão De MeDiCaMentoS
[página 4]
» eStraBiSMo: teMpo é o fator funDaMental
[página 9]
NossaSaúdeR e v i s t a
Baía SulHospital Dia
Dor na colunaNovos tratamentos não invasivos contra dores na coluna trazem alívio pág ina 8
Publicação trimestral do Baía Sul Hospital Dia | Edição nº 1 | Maio de 2010
o p i n i ã o
O Baía Sul Hospital Dia vive um
momento de expansão, com
investimentos importantes
nos serviços que oferece – a nova e
moderna Central de Materiais e Esteri-
lização recebeu R$ 850 mil em inves-
timentos - e a oferta de novos serviços
que vão melhorar a qualidade de vida
da comunidade.
A grande novidade
neste primeiro semes-
tre é a inauguração do
Centro de Infusão de
Medicamentos para tra-
tamento das chamadas
doenças auto-imunes,
que exigem tratamen-
to contínuo. O Baía Sul
Hospital Dia montou
uma moderna estrutura
para atendimento a es-
tes pacientes, que ne-
cessitam de cuidados
especiais e poderão ser atendidos
adequadamente, em ambiente hospi-
talar.
Para reforçar o serviço, no dia 8 de
maio realizamos o I Encontro Multi-
disciplinar Sobre Segurança e Eficá-
cia Dos Agentes Biológicos nas Do-
enças Imunomediadas, com a parti-
cipação dos médicos Ivânio Pereira,
Daniel Holthausen, Ylmar Corrêa e Lu-
ciano Saporiti, que falaram sobre as
novidades na área de infusão de me-
dicamentos. Foi uma grande oportu-
nidade para todos nós, que pudemos
trocar experiências e ouvir relatos so-
bre o que há de mais relevante nesse
tipo de tratamento em to-
do o mundo.
Para finalizar, convido a
todos para que folheiem
nossa Revista, que surge
com novo projeto gráfico e
reportagens ainda mais in-
teressantes.
Um grande abraço.
Momento de expansão
Relaxamento entre as cirurgias
Os médicos do Baía Sul Hos-
pital Dia contam desde fevereiro
com um trabalho inédito em Flo-
rianópolis: sessões de massa-
gens rápidas e de alongamento
entre uma cirurgia e outra, rea-
lizadas com o acompanhamento
da fisioterapeuta Vergínia Joana
Gregolin. “Eu busco trazer mais
conforto físico aos médicos que
fazem cirurgias e ficam muito
tempo na mesma posição, o que
pode causar desconforto muscu-
lar, tensão e até dor”, explica a
fisioterapeuta. O serviço, realiza-
do na sala de Conforto Médico,
é mais uma atenção especial do
BSHD com a manutenção da saú-
de de sua equipe de cirurgiões.
“A grande novidade deste
semestre é a inauguração do Centro de
Infusão de Medicamentos
”
Publicação Do
Baía SulHospital Dia
Diretor-presidenteIrineu May Brodbeck
Diretor-técnicoCarlos Gilberto Crippa
Diretor executivoNewton Quadros
Conselho de administraçãoNewton QuadrosCarlos Alberto TeixeiraTeodoro Rogério VahlCássia Maria ZóccoliPierre Galvagni SilveiraSandro Ávila
Jornalista responsávelDéborah Almada - DRT/RS [email protected]
redação e ediçãoAll Press Comunicação(48) 3028 0183www.allpresscom.com.br
Concepção gráficaOfficio |officiocom.com.br
fotografiaDivulgação
impressãoImpressul
tiragem10.000 exemplares
Rua Menino Deus, 63 – 88020-210 Centro – Florianópolis – SC – Brasil(48) 2107 [email protected] www.baiasulhospitaldia.com.brwww.bshd.com.br
Dr. Carlos gilberto Crippa | CRM 2169Diretor Técnico do Baía Sul Hospital Dia
t r a t a M e n t o
A maioria das pessoas já ouviu
aquela velha história do filho
de uma amiga, de uma vizinha
ou de um parente que era um desas-
tre na escola, esbarrava em tudo dentro
de casa e de vez em quando se queixa-
va de uma dor de cabeça que ninguém
sabia de onde vinha. Até que um dia a
mãe ou a professora desconfiou que o
problema podia ser físico – e não refle-
xo apenas da aparente “cabeça de ven-
to” da criança – e, depois de uma visi-
ta ao oftalmologista, descobriu que as
trapalhadas eram causadas por proble-
mas de visão.
Muitas vezes casos desse tipo estão
associados a uma doença bastante co-
mum: o estrabismo. O problema surge
quando os olhos estão desalinhados
e focam em diferentes posições. Apa-
rece em quatro de cada 100 crianças
e provoca perdas
de visão em duas
de cada 100. Ape-
sar da grande fre-
qüência, muitas
vezes a doença
não é percebida
cedo ou não re-
cebe o tratamento
adequado. Ocor-
re que o tempo é
um aspecto fun-
damental para a
busca da cura ou
da minimização
do problema.
Estrabismos as sociados a
grau de óculos (hipermetropia),
por exem plo, aparecem entre 1
e 4 anos de idade e são corrigi-
dos com óculos. Há casos ainda
nos quais a cirurgia é recomenda-
da. “Os estrabismos convergentes
(os dois olhos voltados para ‘den-
tro’) congênitos devem ser ope-
rados muito cedo, por volta de 1
ano de idade, às vezes antes, pa-
ra que a criança tenha chance de
desenvolver estereopsia (visão de
profundidade). Estrabismos diver-
gentes (para fora) e intermitentes
(olhos ora desviados, ora normais)
devem ser operados a partir dos
6 anos, para diminuir a possibili-
dade do desenvolvimento de am-
Como é feitoPara evitar a perda de visão, o tratamento
deve ser iniciado logo após o diagnóstico.
Até que o paciente esteja pronto para a
cirurgia, o que pode levar alguns anos, deve
ser feita a chamada oclusão. O “olho bom”
é tapado, obrigando o “olho ruim” a “traba-
lhar”. Quando o organismo do paciente está
pronto para a cirurgia, o procedimento é
feito em regime de hospital dia. “A cirurgia
é feita nos músculos extra oculares (são 6
em cada olho, que ficam inseridos do lado
de fora do globo ocular). Estes músculos
podem ser encurtados, alongados, ter sua
inserção recuada, etc. Ou seja: ser enfra-
quecidos ou fortalecidos de acordo com a
necessidade”, diz a oftalmologista.
Tratamento para o estrabismo deve começar logo após o diagnóstico
Quanto mais cedo melhor
bliopia (perda de visão) pós operatória.
Estrabismos puramente acomodativos
(aqueles olhos que ficam retos com o
uso de óculos) não devem ser opera-
dos” diz a oftalmologista Teresa Cristi-
na Prazeres.
Se tratado no período crítico, que
vai do nascimento até os seis ou no-
ve anos, (dependendo do caso) o es-
trabismo pode ser curado. Depois pode
haver comprometimento definitivo da
visão e a cirurgia de realinhamento dos
olhos tem apenas efeito estético.
NOSSASAÚDE | M A I O 2 0 1 0 3
Cirurgia micro-endoscópica X procedimentos tradicionais
A dor na coluna talvez seja o mais
democrático dos problemas de
saúde: motivo de queixa en-
tre ricos e pobres, homens e mulhe-
res, brancos e negros, altos e baixos
e quaisquer outros grupos humanos.
Tanta popularidade tem razão de ser. A
estimativa é de que oito em cada dez
pessoas apresentarão problemas na
coluna em algum momento da vida.
O motivo é conhecido e a preven-
ção é simples, mas nem sempre tem
a eficácia necessária. O homem tem
dor nas costas principalmente porque
anda em duas pernas e obriga a colu-
na a manter-se ereta apesar de todo o
peso da gravidade – e muitas vezes de
gordura extra conquistada pela alimen-
A boa notícia é que a prevenção é simples e os tratamentos cada dia menos invasivos
Dores nas costas atingem 80% da
população
tação inadequada. O arsenal para ten-
tar evitar a dor inclui exercícios físicos,
vigilância com o peso, cuidados com a
postura, entre outras práticas e hábitos
do dia-a-dia.
Nem sempre, porém, os resultados
são os esperados. Muita gente sofre
com problemas crônicos de coluna que
podem exigir até intervenções cirúrgi-
cas. Hoje esses procedimentos são rea-
lizados de forma minimamente invasiva.
O neurocirurgião Daniel Santos Sousa,
do Neuron - Instituto de Neurocirurgia,
estudou esse tipo de procedimento em
Chicago, com Richard Fessler, maior
autoridade mundial no assunto, e ex-
plica. “A cirurgia minimamente invasiva
pode ser usada em terapias radiculares
(aplicação de anestésicos e antiinfla-
matórios na articulação da coluna), na
retirada de hérnias de disco e na instru-
mentação da coluna”.
A instrumentação é a colocação de
pinos e hastes para correção da insta-
bilidade da coluna. Tradicionalmente era
feita apenas em cirurgias de grande por-
te, que podem levar até seis horas e que
exigem internação. Pela técnica minima-
mente invasiva, os pinos e hastes são
passados através de pequenas incisões
e a cirurgia dura no máximo duas horas.
A dor no pós-operatório é menor e pra-
ticamente não ocorrem agressões aos
músculos e ligamentos da região, o que
é inevitável nas cirurgias tradicionais.
A cirurgia de coluna tradicional aber-
ta implica na implantação de hastes e
parafusos metálicos na coluna vertebral
do paciente. Por ser um procedimento
de grande porte pode ter uma série de
complicações. As mais comuns são o
longo tempo para recuperação e retor-
no às atividades normais, além de maior
chances de infecções e possibilidade de
exigência de transfusão de sangue.
Uma opção bem aceita atualmente é a
discectomia micro-endoscópica, que utili-
za uma video-câmara acoplada a disposi-
tivos especiais para realização do procedi-
mento original sem atalhos e nem desvios.
A nova técnica já é consagrada no ex-
terior, notadamente dos Estados Unidos,
França e Alemanha. No Coreia do Sul, ho-
je considerada uma das mecas mundiais
do desenvolvimento de técnicas de cirur-
gia da coluna, a discectomia micro-endos-
cópica é realizada em aproximadamente
80% de todos os pacientes que necessi-
tam de uma cirurgia da coluna. O método
micro-endoscópico exige um corte menor
do que 1 cm e em alguns casos o trata-
mento pode ser feito com anestesia local.
n e u r o C i r u r g i a
Q u a l i D a D e
Mais segurança para
as cirurgiasO Baia Sul Hospital Dia investiu
R$ 850 mil na nova Central de
Materiais e Esterilização (CME).
As melhorias ampliaram a capacida-
de de atendimento do hospital e pro-
moveram uma melhora significativa no
serviço, tanto no aspecto de seguran-
ça e atendimento às normas da Anvi-
sa, quanto na diminuição do tempo de
esterilização. “A limpeza, desinfecção e
esterilização dos instrumentais e equi-
pamentos têm uma grande importân-
cia, pois é o que garante a segurança
dos procedimentos cirúrgicos”, obser-
va a infectologista Ivete Masukawa, res-
ponsável pelo Controle de Infecção em
Unidade Cirúrgica, do BSHD. Pela sua
importância, a médica compara a CME
ao “coração” do hospital. “Para garantir
seu bom funcionamento e a esteriliza-
ção dos equipamentos fazemos todos
os testes biológicos e físico-químicos e,
além disso, estamos sempre atentos às
inovações tecnológicas do setor, pois
estamos cientes que oferecendo segu-
rança, estaremos diminuindo o risco de
infecções”, acrescenta.
A nova estrutura conta com autocla-
ve a vapor, autoclave a vapor e formal-
deído, termodesinfectora para a reali-
zação da lavagem dos materiais, seca-
dora de traquéias, e há previsão de am-
pliação para a aquisição de uma au-
toclave de peróxido de hidrogênio, um
dos mais modernos equipamentos na
área. Tudo isso para buscar maior flexi-
bilidade para esterilizar os mais diver-
sos tipos de materiais e equipamentos,
com autoclaves adequadas para cada
tipo de material. Além disso, para ga-
rantir a eficiência do processo, a nova
CME contará com um sistema de os-
mose reversa, que fornecerá a água
com as características necessárias e
adequadas para o uso dos novos equi-
pamentos. A qualidade da água benefi-
ciará a vida útil dos materiais esteriliza-
dos, evitando corrosão e outros efeitos
indesejáveis.
O estudo de planejamento dos flu-
xos e de ampliação dos serviços, as-
sim como a determinação dos investi-
mentos, foi realizado por uma equipe
multidisciplinar, formada por gestores,
médicos, enfermeiros, arquitetos e en-
genheiros, e coordenado pela Gerente
Administrativa de Financeira do BSHD,
Clarisse Lira, que contou com a asses-
soria técnica da Technocare Engenha-
ria Clínica.
Os equipamentos utilizados são da
empresa italiana CISA Brasille, com
filial em Joinville. A empresa produz
equipamentos com certificações em
organismos de controle e seguran-
ça internacionais e todos eles passa-
ram por diversos testes e validações
antes de serem usados. A CISA Brasil-
le também foi responsável por coorde-
nar o treinamento da equipe da CME,
que foi devidamente capacitada para
atender da melhor forma possível as
necessidades da Central.
Baía Sul Hospital Dia investe em nova Central de
Materiais e Esterilização
Investimentos na nova CME chegaram a R$ 850 mil
NOSSASAÚDE | M A I O 2 0 1 0 5
O Baía Sul Hospital Dia inaugu-
rou em maio o Centro de Infu-
são de Medicamentos. A novi-
dade será uma importante ferramenta
auxiliar dos médicos no tratamento de
doenças como o lúpus, a artite reuma-
tóide, as inflamações crônicas intesti-
nais, a psoríase, entre outras. São as
chamados doenças autoimunes, que
exigem tratamento contínuo e podem
ser controladas.
A opção de tratamento mais ade-
quado varia caso a cada – há pacien-
tes que passam por tratamentos com
medicação oral e outros ainda que
usam os medicamentos aplicados pe-
lo processo de infusão (injeção intra-
venosa). Justamente esse serviço que
será oferecido no Centro de Infusão do
Baía Sul Hospital Dia. “Iremos dispo-
nibilizar aos pacientes infraestrutura,
pessoal preparado e a logística ideais
para tratamento clínico de pacientes
eletivos”, afirma o Diretor Técnico do
Hospital, Carlos Gilberto Crippa.
Centro de Infusão de Medicamentos
é novidade no Baía Sul
Tratamentos de Vanguarda
Os centros de infusão possibilitam
um tratamento especializado e diferen-
ciado. Neles o paciente fica algumas ho-
ras sob supervisão enquanto recebe os
medicamentos. Isso garante maior segu-
rança e eficiência em todas as etapas
do tratamento, desde a manipulação e
dosagem das medicaçãos até o acom-
panhamento do processo de aplicação.
Entre as vantagens também está o
atendimento em apartamento indivi-
dual e a realização dos procedimentos
em ambiente controlado e com super-
visão médica. As prescrições médicas
são criteriosamente seguidas por uma
equipe multiprofissional qualificada.Os
tratamentos são agendados com ante-
cedência por meio de apresentação de
receita expedida pelo médico solicitan-
te com data de aplicação e alta Hospi-
talar do paciente prevista para o mes-
mo dia da aplicação Isso é importante
para reduzir ao mínimo o risco de infec-
ções, um problema para pacientes que
estão com a imunidade diminuída.
e S p e C i a l
M A I O 2 0 1 0 | NOSSASAÚDE 6
Patologias tratadas no CI » Reumatologia
Artrite Reumatóide, Artrite Psoriásica, Espondilite Anquilosante, Osteoporose, Doença de Paget, vasculites, Lupus Eritematoso Sistemico
» Dermatologia Psoríase, Dermatite Herpetiforme.
» Gastroenterologia Doença de Chron , Retocolite Ulcerativa,Hepatite Auto-imune.
» NeurologiaPolineuropatias inflamatórias/auto imunes,Esclerose Lateral Amiotrofica, Esclerose Múltipla.
» PneumologiaDoença inflamatórias pulmonares.
» Hematologia Anemia Ferropriva,Trombocitopenia Idiopatica.
Novo Centro de Infusão já está em operação
Doença crônica que não coloca em
risco a vida do paciente, a psoría-
se caracteriza-se pelo aparecimento
de manchas e placas avermelhadas,
descamação (às vezes pequenos fe-
rimentos) e coceiras em pontos loca-
lizados da pele. Por isso, muitas ve-
zes compromete a vida social dos pa-
cientes. O primeiro tratamento indi-
cado é tópico (com uso de hidratan-
tes e pomadas, por exemplo). Para al-
guns casos existe ainda a opção da
fototerapia.
No caso de pacientes com psorí-
ase moderada ou grave que tenham
contra-indicação ou falha ao trata-
mento tradicional, o Consenso Brasi-
leiro de Psoríase (2009) indica o uso
da terapia biológica administrada por
infusão ou aplicação subcutânea de
medicamentos. “O mais importante
é que, independente do tratamento
adotado, o paciente deve continuar
a fazê-lo mesmo que aparentemen-
te livre das indesejáveis lesões cutâ-
neas. Por tratar-se de doença crôni-
ca, a suspensão do tratamento impli-
ca invariavelmente em recidiva”, aler-
ta o dermatologista Daniel Holthau-
sen Nunes.
A psoríase afeta de 2% a 3% da po-
pulação e na maioria dos casos (cer-
ca de 75% do total) é classificada co-
mo leve. Entre os fatores que podem
desencadear a psoríase estão o es-
tresse, infecções, uso de medicamen-
tos betabloqueadores e traumas na pe-
le. Os tratamentos visam o controle das
lesões cutâneas e contemplam a dimi-
nuição dos riscos das comorbidades
associadas, assim como a melhora na
qualidade de vida.
Melhor qualidade de vida
NOSSASAÚDE | M A I O 2 0 1 0 7
O surgimento de novos medicamentos de eficácia
comprovada, entre eles os agentes biológicos, vem
dando novas esperanças aos pacientes com artri-
te reumatóide. Esta é uma doença crônica de cau-
sa autoimune que afeta cerca de 1% da população
adulta, e acomete duas a tres vezes mais as mulhe-
res. Caracteriza-se por uma inflamação do tecido
sinovial, a qual se não tratada de forma adequada
causa destruição articular. Artrite reumatóide induz
significativo impacto negativo na qualidade de vida
dos pacientes e dos seus familiares.
O fundamental, segundo o Presi-
dente da Comissão de Artrite Reuma-
tóide da Sociedade Brasileira de Reu-
matologia, Ivânio Alves Pereira, é ini-
ciar o tratamento o mais cedo possí-
vel, já que muitos pacientes evoluem
com deformidades importantes e irre-
versíveis quando o tratamento é ins-
tituído apenas na fase tardia da do-
ença. Além das deformidades articu-
Possibilidade de remissão da doença
lares, pacientes com artrite-reumatóide avançada e
doença não controlada apresentam maior chance
de incapacidade e maior risco de mortalidade pre-
matura, principalmente de causa cardiovascular, pe-
la inflamaçao sistêmica cumulativa e consequente
lesão endotelial vascular e aterosclerose acelerada.
Atualmente os resultados com o tratamento pre-
coce são bastante animadores, com possibilidade
de remissão da doença, porém estudos realizados
mostram que menos de 50% dos pacientes com ar-
trite reumatóide têm o seu diagnóstico estabeleci-
do e o tratamento iniciado com menos de três me-
ses de início dos seus sintomas, diz Pereira. Para
mudar essa
realidade, são necessárias campanhas educa-
cionais com informações que permitam a suspei-
ta clínica da artrite reumatóide em sua fase mais
inicial. Alguns sinais de alerta que devem levar o
paciente ao consultório médico são: dor articular
acompanhada de aumento de volume; presença de
rigidez matinal maior que 30 minutos e persistência
da dor em repouso.
Também merecem atenção a presença de mais de
uma articulação afetada e o envolvimento de articu-
lações de punhos e pequenas articulações de mãos
e pés. O diagnóstico de artrite reumatóide se baseia
na combinação de aspectos clínicos e laboratoriais,
muitas vezes com auxílio de exames de imagem.
e S p e C i a l
A infusão de medicamentos pode ser uma auxi-
liar importante também no controle de crises de do-
enças neurológicas imunomediadas como a escle-
rose múltipla, a miastenia gravis e algumas polineu-
ropatias. Em situações específicas, quando é impor-
tante controlar uma eventual complicação da doen-
ça, a infusão de corticóides e alguns imunomodula-
dores pode ser feita em sessões únicas ou que se
repitam por até cinco dias. Segundo o neurologista
Ylmar Correa Neto, os medicamentos controlam os
sintomas acentuados na crise e ajudam a evitar se-
qüelas mais graves.
As doenças neurológicas imunomediadas são
associadas a disfunção do sistema imunológico do
indivíduo. De difícil diagnóstico, exigem acompa-
nhamento constante – e por isso os pacientes cos-
Controle dos sintomastumam ser avaliados periodicamente por um mes-
mo profissional médico.
Na esclerose múltipla, por exemplo, as defesas
do organismo atacam o sistema nervoso central. Os
principais sintomas são surtos de fraqueza, altera-
ção do equilíbrio, sensibilidade ou alteração visual.
Já as polineuropatias atingem os nervos periféricos
causando fraqueza e formigamento nas extremida-
des dos braços e pernas. A miastenia gravis atinge
a junção entre nervos e músculos e provoca fraque-
za nos braços e pernas e dificuldades na deglutição
e respiração.
Dr. Yvânio Pereira
M A I O 2 0 1 0 | NOSSASAÚDE 8
Entrevista com Sérgio Azoury Galvão, diretor de gestão da rede referenciada da Bradesco Saúde
nossa Saúde |Fale sobre a atuação da
Bradesco Saúde.
Sérgio azoury galvão | A Bradesco Saú-
de está presente em mais de 3 mil
municípios do Brasil, conta com uma
rede de 51 mil médicos, dentistas,
hospitais, clínicas e laboratórios. A
empresa é líder no segmento de se-
guradoras de saúde e com posição de
destaque no mercado brasileiro de
saúde suplementar. São 2,6 milhões
de segurados, ao que se somam os
mais de 1,5 milhão de segurados dos
produtos Bradesco Dental. Nos planos
odontológicos, caso considerado o ne-
gócio da Odontoprev como um todo,
são mais de 4 milhões de beneficiá-
rios das duas empresas.
nS |Quais os planos para 2010?
SAG | O nosso compromisso é supe-
rar o desempenho de 2009 quando
crescemos a carteira de saúde em
180 mil segurados e a carteira dos
produtos Bradesco Dental em 330 mil
beneficiários. Também vamos investir
em sistemas de dados que ampliem
as informações estruturadas para a
clientela corporativa.
nS | De modo geral, qual sua percep-
ção do trabalho do BSHD?
SAG | A percepção é muito positiva.
Consideramos o Baía Sul Hospital
Dia um parceiro que apresenta uma
qualidade diferenciada e práticas de
gestão adequadas.
nS | Como a empresa lida com os
crescentes custos dos serviços de
saúde?
SAG | Operadoras e prestadores de
serviços estão tendo que lidar com a
questão do aumento de custos em ní-
veis superiores à inflação, em função
da velocidade da introdução de tecno-
logias de saúde e de medicamentos
de última geração. E o aumento de
custos não tem encontrado contrapar-
tida no orçamento das famílias e em-
presas. Portanto, o grande debate e as
soluções para essas questões passam
hoje, necessariamente, pelo alcance
do melhor custo possível para ambas
as partes.
“Nosso lema é a satisfação do cliente”
e n t r e V i S t a
Controle dos sintomas
NOSSASAÚDE | M A I O 2 0 1 0 9
Sérgio Azoury Galvão, do Bradesco Saúde
Dr. Carlos Gilberto Crippa, Diretor Técnico do Baía Sul Hospital Dia, abriu
o evento sobre agentes biológicos
A eficácia dos agentes biológicos em debate
Novas alternativas para tratar doen-
ças crônicas como a psoríase, lúpus, in-
flamação intestinal e artrite reumatói-
de foram o tema do I Encontro Multidis-
ciplinar Sobre Segurança e Eficácia dos
Agentes Biológicos nas Doenças Imuno-
mediadas, realizado em maio, na Capital.
Estas são as chamadas doenças autoi-
munes (que o próprio organismo produz)
e que podem ser controladas, mas exi-
gem tratamento contínuo. O evento, pro-
movido pelo Baía Sul Hospital Dia mar-
cou o início do funcionamento do Centro
de Infusão de Medicamentos do hospital.
No local, os pacientes permanecem
algumas horas sob supervisão de uma
equipe multidisciplinar de especialistas,
enquanto recebem a medicação. “Esta-
mos modernizando nossa infraestrutu-
ra para que os pacientes possam con-
tar com conforto, segurança e pessoal
preparado para atendê-los”, afirma o di-
retor técnico do hospital, Carlos Gilber-
to Crippa. Para o tratamento destas en-
fermidades, os pacientes usam a medi-
cação oral ou as aplicadas pela infusão
(injeção subcutânea ou intravenosa).
O evento contou com a palestra de
quatro especialistas, que relataram as
experiências em suas áreas e os bene-
fícios aos pacientes submetidos ao tra-
tamento. O encontro teve a participa-
ção do reumatologista Ivanio Pereira,
o dermatologista Daniel Holthausen, o
gastroenterologista Luciano Saporiti e o
neurologista Ylmar Correa.
A influência imunológica no aborto de repetição
a r t i g o
M A I O 2 0 1 0 | NOSSASAÚDE 10
Por Ricardo M. de Oliveira, diretor médico da RDO Diagnósticos Médicos, de São Paulo
O ginecologista parte, então,
para a investigação das pro-
váveis causas da infertilida-
de, como uma endometriose grave,
ou trompas obstruídas ou, no caso
masculino, uma oligospermia, azoos-
permia ou astenoespermia. E se não
encontra nenhuma alteração, geral-
mente encaminha o casal para uma
clínica de reprodução assistida. E é
aí que pode estar o problema. A boa
parte dos casos de infertilidade não
tem causa aparente; são os casos
classificados como “infertilidade de
causa desconhecida”.
mes laboratoriais, mas a história clínica
da paciente também pode dar pistas
da presença de problema imunológico,
como a trombose.
As trombofilias que podem levar a
uma trombose placentária, por exem-
plo, são as causas mais freqüentes de
falhas de implantação e de abortos de
repetição. Aliás, a paciente que teve
uma trombose ao longo da vida preci-
sa ser tratada também durante a gesta-
ção, independentemente do resultado
de exame, porque sua história clínica
já indica uma tendência de problema
imunológico.
O casal chega ao consultório com a
angústia de não conseguir ter um
filho, depois de uma ou de várias
tentativas, todas em vão. A mulher não
chegou a engravidar ou, nas vezes em
que conseguiu ficar grávida, perdeu o
feto em abortos espontâneos.
Na maioria das vezes, a origem des-
se problema é imunológica, o que sig-
nifica que as ferramentas de reprodu-
ção assistida adotadas convencional-
mente não serão a solução.
A fertilização está indicada na in-
fertilidade de causa conhecida – o ho-
mem vasectomizado ou a mulher com
trompas obstruídas, e assim por diante.
Quando o problema é imunológico,
a mesma alteração que impede a mu-
lher de engravidar espontaneamente
também fará com que o embrião não
seja implantado no útero. A grande ar-
ma do ginecologista é a série de exa-
de trombose, por exemplo, devem ser
medicadas até dez semanas depois do
parto, uma vez que as alterações pro-
duzidas pela gestação se mantém por
até oito semanas após esse evento.
A possibilidade de o ginecologista
atuar preventivamente vai muito além
desse tratamento no pós-parto. A obser-
vação de certos cuidados pode proteger
a paciente nas diferentes fases da vida:
desde o início da vida sexual até a ma-
turidade, ou a chegada da menopausa.
Entre esses cuidados, a investigação
de alterações genéticas que predispõem
à trombose é o mais importante. O ideal
seria o ginecologista pedir ao paciente
ao menos estes dois exame - a muta-
ção do gene do Fator II (Protrombina) e
a mutação do gene do Fator V (Leiden).
Eles indicam se a paciente pode to-
mar pílula anticoncepcional sem correr
risco de vida em decorrência da trom-
bose. Também informam se o médico
terá de entrar com o anticoagulante já
na primeira gestação para evitar que
a paciente aborte e, ainda, se o trata-
mento na menopausa terá de ser feito
de forma diferenciada. Além disso, aju-
dam a prevenir a maior causa de óbito
entre as mulheres na idade avançada,
a doença cardiovascular.
É preciso tomar cuidado para que
a paciente não tenha fatores desenca-
deantes de trombose, orientá-la a ter
hábitos de vida mais saudáveis e, tal-
vez, até a tomar um comprimido de an-
tiagregante plaquetário por dia, o que
resolve o problema e é algo simples.
Tais cuidados mostram que a difi-
culdade de engravidar não é o único
problema a ser considerado quando há
fatores imunológicos envolvidos, mas a
saúde da mulher como um todo. Não
conseguir engravidar e ter abortos de
repetição é sinal de que algo vai mal
com a saúde e pode representar risco
sério de problemas no futuro.
NOSSASAÚDE | M A I O 2 0 1 0 11
Outro indício de alteração imunoló-
gica é a presença de problemas tiroi-
dianos, principalmente o hipotiroidis-
mo, em que se desenvolve o anticorpo
antitiroidiano. Não se sabe exatamen-
te o porquê, mas a sua presença está
associada a falhas de implantação e a
aborto. O estudo da placenta do aborto
dessas pacientes revela um processo
inflamatório muito intenso, indicativo
de uma associação indireta desse an-
ticorpo com um processo inflamatório.
O índice de incidência é alto: ocor-
re em quase 20% das mulheres. E, se-
gundo ele, não é incomum ouvir pacien-
tes dizerem: “Mas eu falei para o meu
médico que eu tinha problema de tirói-
de e ele me disse que não tinha impor-
tância”. A última vilã é a endometriose,
uma patologia que traz muitas altera-
ções imunológicas.
Às vezes, a mulher apresenta inferti-
lidade não por causa da endometriose
em si, mas devido às alterações imuno-
lógicas presentes na doença. A cirurgia,
entretanto, não é obrigatória. Conforme
o caso é melhor nem operar, mas tratar
os fatores imunológicos de modo a con-
seguir que a mulher engravide. Mesmo
porque, quando engravida, a paciente
com endometriose melhora da doença.
Alternativas de tratamentoAs alterações imunológicas são tra-
tadas com medicações, quando não há
necessidade da imunização, que é indi-
cada para os casos em que a mãe não
produz anticorpos bloqueadores que
previnem a rejeição do feto, o que leva
a abortos repetidos. A vacina é feita
com concentrados de linfócitos pater-
nos, um estímulo dez mil vezes superior
ao nível normalmente encontrado ini-
cialmente na gestação.
Não há diferenciação entre trata-
mentos para abortos de repetição e
falha de implantação.
A tendência atual é considerar todas
as pacientes com infertilidade de causa
imunológica como abortadoras. A mu-
lher que alega dificuldade de engravidar
pode estar abortando em uma fase da
gestação em que esta é imperceptível,
como é o caso das duas primeiras se-
manas de gestação. Quando o organis-
mo impede o implante do embrião, o
que ocorre também é um aborto, teo-
ricamente, “um aborto pré-implantacio-
na”, se pudéssemos definir dessa forma.
Quando não provocam abortos, as
alterações imunológicas podem ser res-
ponsáveis por gestações complicadíssi-
mas, com a ocorrência de hipertensão
e pré-eclâmpsia, por exemplo,muito
associadas à trombofilia.
A gestação, em si, já coloca a mu-
lher em um estado de hipercoagula-
ção – a gestante apresenta dez vezes
mais chance de ter uma trombose em
relação à não gestante e a doença se
agrava naquelas com predisposição
ao problema. Pacientes de maior risco
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