Revista 75

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1000007795/2006-DR/BSB DEVOLUÇÃO GARANTIDA CORREIOS Impresso Especial CORREIOS SindMédico-DF 1000007795/2006-DR/BSB Órgão Informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal Brasília - Ano XI - Maio-Junho / 2009 - nº 75 SGAS 607 Centro Clínico Metrópolis. Cobertura 01 Asa Sul - Brasília/DF - CEP: 70.200-670

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1000007795/2006-DR/BSB

DEVOLUÇÃOGARANTIDA

CORREIOS

ImpressoEspecial

CORREIOSSindMédico-DF

1000007795/2006-DR/BSB

Órgão Informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito FederalBrasília - Ano XI - Maio-Junho / 2009 - nº 75SGAS 607 Centro Clínico Metrópolis. Cobertura 01Asa Sul - Brasília/DF - CEP: 70.200-670

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3 Revista Médico

Editorial

A voz do povo

Ouvir o povo. Este é o dever do Estado e de todos aqueles que querem se tornar al-gum dia estadistas. Nada mais claro do que a declaração de que todo o poder ema-na do povo e em seu nome deve ser exercido. O atendimento em saúde da popula-

ção de Brasília atinge níveis alarmantes de insatisfação. Não basta dizer que em outros estados os doentes esperam mais, sofrem mais ou morrem mais do que na capital do país. Nós moramos em Brasília e não adoecemos em outras unidades da federação. E tem mais, para quem agoniza dor é dor, sofrimento é sofrimento e deve ser dignamente atendido e não ter o seu drama nivelado por baixo diante aqueles que ultrapassaram o fundo do poço. Não cabe aos médicos o dever de saber por que o sistema público em Brasília deixa dia-após-dia de funcionar. Mas como vítimas de hospitais e centros de saúde que não dão condição ao atendimento digno e, consequentemente, de acolher a população, o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, no papel de instituição da sociedade civil organizada, com responsabilidades sociais na área de saúde, decidiu de maneira inédita suprir o papel do governo local e fazer uma coisa muito simples: ouvir a população. Uma coisa é a vivência do cotidiano, onde a impressão é substrato de sentimentos individu-ais. A outra, é ver que esta visão é de fato um quadro estruturado e estatístico grave, com todas as suas nuances que engessam a máquina pública diante dos problemas elementares de levar saúde com o mínimo de qualidade à população. Para dar este grande passo, o SindMédico/DF recorreu a um dos maiores institutos de pesquisa do país, com credibilidade e reconhecimento entre os mais ativos setores da sociedade. Uma empresa de pesquisa que pudesse nos entregar dados isentos e descontaminados de quais-quer possíveis interferências de parte-a-parte. Um trabalho de excelência, feito por quem soma verdades e não multiplica falsos cognatos distorcendo números e dados. Por isso, esta missão foi delegada ao Vox Populi. Nossa meta é ir a fundo para investigar – do ponto de vista dos pacientes e familiares – como o sistema público do Distrito Federal acolhe os seus doentes e os devolvem para socieda-de. O resultado foi muito preocupante, principalmente quando vemos que as pessoas que mais recorrem aos hospitais e centros de saúde, são as pessoas que não possuem outra alternativa, já que não recebem planos de saúde das empresas onde trabalham, ou sequer possuem um trabalho devidamente registrado. Estamos falando de quem está à margem da sociedade, desassistido em todas as formas pela sociedade e pelo governo. A outra grande constatação é que boa parte dos problemas não requerem os milhões de dó-lares que a Secretaria de saúde diz precisar, já que a maior evidência do caos na saúde do DF está na capacidade de gestão de quem comanda a secretaria, que permite o tempo de espera do pacien-te na emergência, ser maior do que quem se dirige ao atendimento eletivo. O GDF não aprendeu ou sequer sabe fazer uma simples triagem junto a quem recorre às unidades de atendimento de nossa cidade. O SindMédico/DF, mais do que antes, pode dizer com propriedade o que acontece com a Saúde de nossa população, pois além de cumprir com seu papel com excelência, cuida do dever que deveria ser feito por outros. E mais, irá além na sua função de resgatar a obrigação do Estado em prover uma medicina pública, gratuita e de qualidade. Principalmente quando a população sabe exatamente de quem é a culpa por esta situação ter chegado ao ponto em que se encontra.

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Maio/ Junho 20094

Sumário Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores

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JurídicoAdvocacia Riedel100% de absolvições criminais

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EntrevistaFrancisco Batista Jr.Pres. do Conselho Nacional de Saúde

Marcha dos PrecatóriosSindicato contra o calote

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Fórum

05

OpiniãoJofran FrejatDoença não é negócio

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SindicaisCinema & SaúdeNovo projeto para o médico

SinucaMédicos bom de caçapa

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Vida médica

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CapaPesquisa Vox PopuliSaúde Pública revelada

HRPa e HRTSindicato visita hospitais

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Itinerante

Dr. Marcos Gutemberg Fialho da CostaPresidente

Secretário GeralDr. Rafael de Aguiar Barbosa

Dr. Gustavo de Arantes Pereira2ª Secretário

Dr. Gil Fábio de Oliveira FreitasTesoureiro

Dr. Luiz Gonzaga da Motta2º Tesoureiro

Dr. Antônio José Francisco P. dos SantosDiretor Jurídico

Dr. José Antônio Ribeiro FilhoDiretor de Inativos

Drª. Olga Messias Alves de OliveiraDiretor de Ação Social

Dr. Jomar Amorim FernandesDiretor de Relações Intersindicais

Dr. Lineu da Costa Araújo FilhoDiretor de Assuntos Acadêmicos

Drª. Adriana Domingues GrazianoDiretora de Imprensa e Divulgação

Dr. Jair Evangelista da RochaDiretor Cultural

Conselho Editorial

Alexandre Bandeira - RP: DF 01679JPEditor Executivo

Elisabel Ferriche - RP: 686/05/36/DFJornalista

Pedro Henrique Corrêa SarmentoDiagramação e Capa

Strattegia Consulting Projeto Gráfico e Editoração

(61) 3447.9000Anúncios

6.000 exemplaresTiragem

Mais GráficaGráfica

Gustavo Lima e divulgaçãoFotos

Centro Clínico MetrópolisSGAS 607, Cobertura 01, CEP: 70.200-670

Tel.: (61) 3244.1998 Fax: (61) [email protected]

www.sindmedico.com.br

SindMédico/DF

Dr. Antônio Geraldo, Dr. Cantídio, Dr. Cezar Neves, Dr. Dimas, Dr. Diogo Mendes, Dr.

Martinho, Dr. Olavo, Dr. Osório, Dr. Tamura, Dr. Vicente, Dr. Tiago Neiva

Diretores Adjuntos

Santa MariaHospital funciona precariamente

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Regionais

Drª. Adriana Graziano, Dr. Antônio José, Dr. Gil Fábio, Dr. Gutemberg Fialho, Dr. Gustavo Arantes, Dr. Diogo Mendes, Dr. Osório Ran-

gel e Dr. José Antônio Ribeiro Filho.

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5 Revista Médico

Opinião

Em 1979 foi iniciado o Plano de Assistência à Saúde no Distrito Federal que estabelecia o prin-

cípio da universalização, regionalização e hie-rarquização dos serviços públicos de saúde. Posto em prática com a construção de centros e postos de saúde, hospitais e serviços corre-latos, distribuídos uniformemente de acordo com a densidade populacional, ofereceu re-sultados surpreendentes, não só com a facili-dade de atendimento, como resposta epide-miológica expressiva. Para ter-se uma idéia, a mortalidade infantil na cidade satélite de Cei-lândia, então com 300.000 habitantes, que era de 100 crianças, no primeiro ano de vida, em cada 1000 nascidas vivas, caiu para 30 em pou-co mais de dois anos. Eram 70 bebês salvos a cada ano, só em Ceilândia. Os novos hospitais, a reforma dos anti-gos, o hemocentro, o hospital de apoio, novos equipamentos, os bons serviços de emergên-cia, UTIs e transplantes transformaram a rede pública de saúde do DF não só em referência, mas também em preferência dos seus habitan-tes. E, por via de conseqüência, dos que aqui não habitavam. Até então pouco se falava em Planos de Saúde. A rede pública absorvia a demanda. O sistema de atendimento implanta-do no DF foi legitimado na Constituição de 1988 com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Era modelo e serviu de exemplo. Não resta dúvida que o SUS foi e tem sido o maior plano de inclusão social que esse país já viu. Maior mesmo que o bolsa-família que se restringe às famílias de baixa renda. A paralisia diante da crença de uma rede de

atendimento satisfatória em determinado momento, conduz à suspensão de sua ampliação e modernização e, consequentemen-te, ao seu descrédito. Assim os planos privados vão ocupando os espaços vazios. É difícil erguer uma boa reputação. Mais difícil, ainda, recuperá-la. A solução, entretanto, seguramente não passa pela entrega, ao setor privado ou a terceiros, a gerência dos serviços de saúde. A leitura para esse tipo de atitude é de que, além de driblar a lei de responsabilidade fiscal, dá-se, ao servidor público, o rótulo de incompetente, incapaz de oferecer e prestar bons servi-ços. A própria história dos serviços públicos de saúde de Brasília desmente essa premissa. Como explicar, por exemplo, que foram competentes em passado recente e hoje não mais o são? Onde está o nó górdio? Nos servidores ou na gerência? Será que hospitais terceirizados vão atender além de sua capacidade, colocando pacientes graves em macas nos corredores das emergências, ou vão permanecer bonitinhos e arrumadinhos, transferindo-os para os hospitais públicos que não os pode recu-sar? Alguém acredita que uma organização privada, social ou não, dispõe-se a administrar um hospital sem perspectiva de lucro? Aos que têm dúvida perguntem-se se essas organizações se envol-vem com a medicina preventiva, como vacinação, por exemplo, que não dá retorno imediato. O lucro está nos procedimentos hos-pitalares de média e alta complexidade. Esses, sim, dão resposta financeira e notoriedade. Vivemos em uma sociedade em que as pessoas se mostram cada vez mais egoístas. O lema é: “eu me dando bem o resto que se dane”. Com certeza, aqueles que conseguirem se internar no hos-pital “arrumadinho” irão elogiar a hotelaria. Mais vale a aparência que o conteúdo. É o esvaziamento do princípio da universalização do atendimento instituído pelo SUS. O Sistema Único de Saúde, durante os seus 20 anos de existência, vem sendo sorrateiramente desconstruído, até mesmo por alguns que empunharam a sua bandeira. Tendo se mostra-do socialmente inclusivo a crítica frontal tornou-se insustentável. Aos poucos foram apontando os percalços do plano que engati-nhava. Paulatina e repetidamente divulgam os gargalos no acesso aos serviços de saúde, ignorando os milhões de brasileiros que até então não dispunham de qualquer atendimento e que passaram a tê-lo, aumentando, extraordinàriamente, a demanda. A quem serve a precarização do sistema de saúde público? É através dele que todos têm acesso aos serviços de saúde; não só os preventivos como os de maior complexidade, tais como trans-plantes, implantes, cirurgias cardíacas, medicamentos de alto cus-to. Minar o SUS da forma sub-reptícia como tem sido feito, proclamando apenas suas mazelas – em geral decorrente do ex-traordinário aumento da demanda - sem o reconhecimento do grande êxito de que se reveste, é um desserviço à população mais pobre e um bom serviço prestado aos que fazem da doença um bom negócio.

Doença não é negócio

Jofran FrejatDeputado Federal, Secretário de Saúde do DF por 4 vezes, membro da Frente Parlamentar da Saúde e coordenador da bancada do DF no Congresso.

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Entrevista

Na reunião do Conselho Nacional de Saúde (CNS) do mês de abril seus membros deliberaram pela suspen-

são do repasse dos recursos do Ministério da Saúde para o Distrito Federal, caso a Secretaria de Saúde não revisse a terceirização do Hospital de Santa Ma-ria, cuja administração foi entregue a Real Socieda-de Espanhola de Beneficência, Organização Social atualmente investigada pelo Ministério Público da Bahia por desvio de recursos de um hospital público baiano administrado pela instituição. Durante os quinze dias que se seguiram a decisão, os membros do CNS não conseguiram se-quer conversar com o secretário Augusto Carvalho e, diante da falta de diálogo enviaram ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a resolução solicitan-do a suspensão do repasse de recursos ao GDF. Há três anos, o CNS é presidido por um trabalhador. Em quase 70 anos de existência, foi a primeira vez que um conselheiro é eleito para presi-dir o colegiado, antes sempre ocupado pelo Ministro da Saúde. Esse trabalhador é o farmacêutico Fran-cisco Batista Júnior que tomou posse em novembro de 2006, ao fim de um processo de modernização e democratização iniciado em 2003 e coroado pela elei-ção de todo o colegiado, da mesa diretora e da própria presidência. Potiguar de Pau-dos-Ferros, no Rio Grande do Norte, Francisco Batista Júnior é farmacêutico há 29 anos, graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e pós-graduado pela Universidade Federal de Pernambuco, e trabalha no Hospital Gi-selda Trigueiro da rede do Sistema Único de Saúde (SUS), em Natal. É membro da Confederação Na-cional dos Trabalhadores em Seguridade Social, da Central Única dos Trabalhadores (CNTSS-CUT) e representou o segmento dos trabalhadores da saúde e a Central Única dos Trabalhadores, respectivamente, nos conselhos Municipal de Natal e Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte. Desde novembro de 2004, integra o Conselho Nacional de Saúde como repre-sentante titular da CNTSS. Reconduzido à presidência do CNS por duas vezes, a última por unanimidade, Francisco Batista Júnior exerce o seu terceiro mandato. Em agosto haverá eleições para a escolha dos novos membros do CNS.

“Os maiores prejudicados com a terceirização são os usuários”

SindMédico - Porque o CNS foi con-tra a terceirização do Hospital de Santa Maria?

Francisco – Por dois motivos. Pri-meiro por questões jurídicas. É fla-

grante que não há qualquer disposi-tivo legal que dê sustentação à tese da terceirização da gestão do SUS e que permita, portanto, a transferên-cia da responsabilidade da gestão do que é público para a iniciativa

privada. Segundo porque é obriga-ção do Estado gerir, administrar e garantir saúde à população e se isso não acontece é por total incompetên-cia de seus gestores. Se a saúde não está boa e os gestores admitem que

Por Elisabel Ferriche

Francisco Batista Júnior Presidente do Conselho Nacional de Saúde

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7 Revista Médico

EntrevistaFrancisco Batista Júnior – Presidente do Conselho Nacional de Saúde

são incompetentes para administrar os serviços públicos, é preciso fazer uma auto crítica, corrigir as falhas e não entregar os hospitais públicos para a iniciativa privada.

SindMédico - Essa decisão de sus-pender o repasse de recursos do Mi-nistério da Saúde para o Distrito Fe-deral, caso a Secretaria de Saúde não reveja o contrato de terceirização do Hospital de Santa Maria vai preva-lecer?

Francisco - Os representantes do Go-verno se manifestaram durante o de-bate ocorrido no pleno do Conselho Nacional de Saúde, contra a suspen-são imediata dos recursos, enquanto não forem esgotadas todas as possi-bilidades. Por isso decidimos consti-tuir um Grupo de Trabalho para ten-tar negociar com o GDF a reversão desse processo.

SindMédico - E quais são as possibi-lidades de êxito desse grupo?

Francisco - São poucas as possibili-dades do grupo conseguir sucesso, porque o Secretário Augusto Car-valho tem se mostrado irredutível. Cabe a nós cumprirmos o nosso pa-pel de sempre priorizarmos o diálo-go político até que todas as possibi-lidades sejam esgotadas, e também para não sermos acusados de radica-lismo e sectarismo.

SindMédico - Por falar em Secretário, na última sessão plenária, o senhor enfrentou Augusto Carvalho. O que de fato aconteceu?

Francisco – Na ocasião eu disse, du-rante uma entrevista a um órgão de imprensa, que esse processo de ter-ceirização é vergonhoso e escandalo-so. Foram R$ 22 milhões contratados com a Real Sociedade Espanhola, para administrar o Hospital Santa Maria por um período de dois anos, um valor suficiente para construir quase dois hospitais do mesmo por-

te; isso antes mesmo da inauguração do Hospital de Santa Maria. Com os recursos repassados a essa empresa privada, a saúde pública do DF po-deria ser melhorada substancialmen-te se administrada por trabalhadores do próprio quadro.

SindMédico – Pelo visto, o Secretário Augusto Carvalho vai manter a deci-são de terceirizar o Hospital de San-ta Maria. Parece que ele não levou a sério a decisão do CNS. Existe outra medida menos dramática do que a suspensão dos repasses de recursos para o GDF?

Francisco – Poderíamos ter decidido pela suspensão da autonomia de ges-tão do GDF dos recursos repassados pelo Ministério da Saúde de forma parcial ou total. Em função da gra-vidade da situação, o CNS resolveu optar pela última alternativa. SindMédico – Estão desrespeitando a Lei do SUS?

Francisco – Foram 20 anos de desres-peito ao SUS e de impunidade. To-dos os gestores tiveram tempo para corrigir as falhas que só foram au-mentando. Por outro lado, os Conse-lhos Municipais e Estaduais de Saú-de não têm tido a atuação enérgica que deveriam, pois não é fácil fazer democracia participativa neste país com uma cultura profundamente autoritária, centralizadora e concen-tradora do poder, solidamente ar-raigada no inconsciente coletivo das pessoas e nas relações sociais e po-líticas. Agora, ou radicalizamos ou não conseguiremos frear as tercei-rizações que nada mais são do que formas elaboradas e pensadas pelos grupos dominantes para aprofun-dar e aperfeiçoar o processo de pri-vatização e apoderamento do que é público pelos interesses privados de alguns poucos. São grupos parasitas que vivem às custas do patrimônio e dos recursos públicos. SindMédico – A inauguração do

Hospital de Santa Maria, mesmo que precariamente, contra pareceres do Ministério Público preocupa?

Francisco – O que está acontecendo no Hospital de Santa Maria é a pro-pagação dos escândalos que estamos vendo pelo Brasil afora como Bahia, São Paulo, Pará e Tocantins, onde as terceirizações da saúde deixaram a população refém e desassistida. Em São Paulo, no início do ano, uma ju-íza se manifestou contrária à tercei-rização e mesmo assim ela continua no Estado. O que está acontecendo é a entrega do que é público para o setor privado. É a forma mais abomi-nável de privatização, pois entrega o patrimônio público e ainda repassa recursos financeiros para o privado administrar com absoluta autono-mia de contratação de trabalhado-res, burlando o dispositivo consti-tucional do concurso público, e de compra de insumos, medicamentos e material médico hospitalar. É um escracho, um escândalo, uma violên-cia às leis e um insulto à inteligência das pessoas.

SindMédico - Se isso está errado, porque ainda acontece ?

Francsico - O usuário do SUS precisa acordar para o que está ocorrendo. Para ele, ainda não importa o que está acontecendo em relação às ter-ceirizações. É um equívoco o usuá-rio pensar assim. As terceirizações além de financeiramente lesiva aos seus interesses, são uma ameaça aos usuários do SUS, pois a universali-zação que o Sistema Único de Saúde assegura é duramente violentada. O serviço privado, pela sua própria na-tureza, jamais vai atender o usuário da saúde pública de forma universal. A população não foi suficientemente informada e educada para entender, ver e questionar o que está aconte-cendo. Os maiores prejudicados com a terceirização são os usuários que fi-carão com a assistência à saúde cada vez mais comprometida.

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Maio/ Junho 20098

Fórum

O Sindicato dos Médicos do Distrito Fe-deral esteve presente na Marcha em Defesa da Cidadania e do Poder Judi-

ciário que reuniu mais de 2 mil pessoas entre advoga-dos, magistrados, sindicalistas, médicos e estudantes de Direito. A passeata contra a PEC dos Precatórios, promo-vida pela Ordem dos Advogados do Brasil, no dia 6 de maio, com o apoio de 170 entidades, inclusive o SindMé-dico/DF, percorreu os três quilômetros que separam a sede da OAB Nacional, na L2 Sul, em Brasília, e o Con-gresso Nacional, passando pela Esplanada dos Minis-térios. A passeata foi em protesto contra a Proposta de Emenda à Constituição nº 12, a chamada PEC do Calote dos Precatórios, já aprovada no Senado e em tramitação na Câmara dos Deputados.

Portando inúmeras faixas com críticas à proposta e à não-quitação dos precatórios, estiveram presentes o presidente nacional da OAB, Cezar Britto, o presiden-te da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Mozart Valadares e da Associação Nacional dos Magis-trados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Cláudio José Montesso. Vários médicos e o diretor financeiro do SindMédico/DF, Gil Fábio também estiveram presentes. No Congresso Nacional, o presidente da OAB, Cezar Britto, foi recebido na rampa do Congresso pelo presidente da Câmara, deputado Michel Temer, a quem entregou um manifesto das entidades contra a aprova-ção da PEC dos Precatórios. Caso seja aprovada, a PEC dos Precatórios vai possibilitar que os governos devedores não paguem os precatórios, cria um leilão para que os credores recebam menos do que têm direito, colocando os demais no fim da fila. O deputado Michel Temer se comprometeu a re-alizar audiência pública e discutir os termos da PEC dos Precatórios com a sociedade civil antes de colocá-la em votação - ao contrário do procedimento no Senado, onde foi aprovada a toque de caixa e na calada da noite, como observou o presidente nacional da OAB.

SindMédico/DF na marcha contra PEC dos precatórios

Médicos participaram da passeata com advogados

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9 Revista Médico

Fórum

No dia 22 de abril, em artigo publicado na Revista Veja, o economista e ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega defendeu, a

privatização do Banco do Brasil, já que não existe mais um mercado que exija um BB estatal. O que será que o atual secretário de saúde e ex-funcionário do Banco do Brasil, es-tará pensando sobre este assunto? Ele que sempre defendeu o Banco do Brasil como instituição estatal, mesmo depois de ter deixado a instituição para se tornar político, pode ser que agora, como defensor da privatização do Hospital de Santa Maria, tenha mudado de idéia, pois desde que assu-miu a Secretaria de Saúde tem sido um ferrenho defensor

da privatização da saúde como única alternativa de melhorar o atendimento à população. Questionado sobre o assunto, o secretário Augusto Carvalho preferiu se omitir quanto a proposta levantada por Maílson da Nóbrega, com a justificativa de que agora cuida da saúde do Distrito Federal. Os tempos de bancário já se fo-ram e com eles a defesa das instituições públicas, sejam elas financeiras ou de saúde. Leia na ínte-gra o artigo do ex-ministro, publicado na Revista VEJA:

Contrário no passado, Augusto Carvalho agora pratica a medida O defensor da privatização

A recente ingerência no Banco do Brasil frus-trou quem achava que

ele estava protegido conta o populismo inconseqüente. Ao emitir a ordem para baixar os juros e expandir o crédito, o go-verno agiu como se fosse dono do banco e não o seu acionista controlador, condição que não inclui o poder de ditar políticas prejudiciais a instituição e aos acionistas minoritários.

Bancos estatais se justificam se o mercado não é capaz de prover o credito e o sistema de pagamentos. A Inglaterra e os Estados Unidos, onde não havia essa falha de mercado, enriqueceram sem dispor dos bancos públicos. Países europeus criaram bancos comerciais estatais para se industrializar, mas praticamente todos já foram privatizados. Nas suas três encarnações, o BB supriu falhas no mer-cado. Na primeira (1808), ofertava moeda divisionária para atender as necessidades do comércio do Rio de Janeiro, que se expandia com a chegada da família real. Na segunda (1851) – Quando foi fundado pelo barão de Mauá e depois estatizado – concedia crédito, modestamente (no fim do século XIX, possuía cinquenta funcionários). Foi na terceira fase (1905) que o BB começou a funcio-nar como poderoso instrumento do governo. A criação da Car-teira de Redescontos em sua estrutura (1921) lhes deu funções de banco central, que manteria até 1986. Era o começo de uma sucessão de arranjos institucionais que lhes garantiam fartos recursos oficiais para cumprir a sua missão. A arrancada para o longo período de glórias ocorreu na era Vargas. Nessa terceira encarnação, o BB se tornou o maior ban-co do país e o principal supridor de crédito para a agricultura, a indústria e o comércio. Como advento do Banco Central, em 1965, um defeito de interpretação da respectiva lei permitiu que passassem a receber recursos ilimitados, a custo zero, por uma “conta de movimento” do BC. A adquirir, assim, a capa-cidade de conceder subsídios creditícios em larga escala.

Durante três décadas, o crédito do BB se expandiu sem parar. Seus lucros cresceram. Tornou-se um dos oitos maio-res bancos do mundo. Tudo isso cobrando juros muito baixos dos de mercado e com uma onerosa estrutura para atender a orientação do governo. A situação, pouco lógica e muito custo-sa para os brasileiros, era disfarçada pelos ganhos do BB com a “conta de movimento” e a inflação. A “conta”ficou insustentável e, em 1986, foi extinta. Por isso, o BB foi autorizado a operar e buscar receitas em todas as áreas do sistema financeiro. Era preciso tempo, mas em meio à transição, em 1994, veio o Plano Real, eliminando as rendas inflacionárias. O BB quebrou na prática, mas foi salvo da falên-cia com bilhões dos contribuintes. Sem suas duas grandes fontes de lucro, mas capitali-zado pelo Tesouro, o BB deparou com o desafio de se viabilizar. Enxugou seus quadros, modernizou a gestão, diversificou-se e investiu fortemente em tecnologia. Foi a grande revolução de sua historia. O BB perdeu as vantagens do suprimento de re-cursos do governo, mas continuou com o ônus de organização estatal: fiscalização do Tribunal de Contas, submissão as regras concorrência públicas e mudança freqüente de administração. Era impossível livrar-se desses custos, mas cumpria blindar-se contra a ingerência política nas operações. Criou-se um departamento de análise de risco de crédito. O crédito foi segregado da área comercial. Aperfeiçoou-se a área de finanças para reforçar o caráter técnico de suas recomendações. As de-cisões se tornaram colegiadas em todos os níveis. O Tesouro assumiu os custos de subsídio creditícios. Viu-se agora que essas barreiras eram frágeis e seu desmonte para entender a “obsessões” do governo (ou objetivos eleitorais?) conta com um forte incentivo: uma nova ruína do banco somente aconteceria em próximas administrações. Já não existe falha do mercado que exija um BB estatal. A ingerência do governo indicou que é preciso protegê-lo defi-nitivamente. A saída mais óbvia é a privatização, embora ain-da a sociedade não perceba. A mudança mental requer tempo, talvez mais de uma geração, mas parece ter chegado a hora de começar a discutir a ideia.

Maílson de Nóbrega

Augusto Carvalho

É hora de privatizar o Banco do Brasil?

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Jurídico

Plantão da Assessoria Jurídica: 0800.601.8888

O SindMédico/DF e o Escritório Riedel já estão ajuizando ações de cobrança e execução em relação às dí-vidas já reconhecidas pelo GDF em processos adminis-trativos, que estão pendentes de pagamento, aguardando apenas recursos financeiros e a inclusão em folha suple-mentar. Os sindicalizados interessados devem apresentar

a cópia do procedimento administrativo onde ficou reco-nhecido o direito, e o termo de reconhecimento de dívida publicado no Diário Oficial, bem como os seguintes docu-mentos: cópia da carteira de identidade, cópia do CPF e procuração com firma reconhecida, que estará à disposi-ção na Assessoria Jurídica do SindMédico/DF.

Dívidas não pagas

Cristiane Dibe,advogada responsável pela área criminal da Advocacia Riedel.

São as seguintes as recomendações dos advogados:

Detalhe os prontuários, com data, horário, o nome do acompanhante e as dúvidas surgidas ao determinar um diagnóstico;Os exames solicitados devem ser detalhados;Todos os procedimentos feitos devem ser escritos;Assine os prontuários, até mesmo os eletrônicos;Os residentes devem colocar nos prontuários que os staffs foram comunicados de todos os procedimentos realiza-dos.

Desde que assumiu as ações criminais do SindMédico/DF, há dois anos, a Advoca-cia Riedel garantiu um resultado positivo

em 100% das ações. Dos 193 processos médicos, 72 foram concluídos sem que nenhum médico tenha sido conde-nado. São ações de homicídio culposo e lesão corporal culposa promovidas pela Procuradoria de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Provida), do Ministério Público do Distrito Federal. Para a advogada Cristiane Dibe, responsável pela área criminal da Advocacia Riedel, este resultado demonstra a eficiente atuação da defensoria contratada pelo Sindmédico/DF como a inconsistência das denún-cias. “Os pacientes se julgam vítimas de tudo, desde um atendimento rápido até o que eles consideram um possí-vel descaso, e o que poderia ser resolvido administrativa-mente, acaba em processo porque a maioria dos pacien-tes procura o Ministério Público”. Devido ao importante papel que desempenha, o Ministério Público deveria também verificar as condições de trabalho dos médicos, em especial da rede pública, onde os processos são maioria. Os resultados mostram que os médicos não podem ser responsabilizados pela falta de estrutura física, ausência de tecnologia e pessoal. Atualmente os médicos da rede pública trabalham sem condições mínimas de atendimento o que gera uma enor-me demanda de reclamações. Por esta razão, os advoga-dos recomendam que os médicos tenham maior cuidado nos preenchimentos dos prontuários, o grande aliado contra os médicos.

Advocacia Riedel garante aos médicos100% de absolvição

A Secretaria de Saúde acatou o parecer da Procu-radoria de Pessoal do DF, nº 456/2007 de que é possível converter em pecúnia os períodos de licença prêmio ad-quiridos e não usufruídos e não integralizados para fins de aposentadoria. O entendimento da SES foi revisto em função de orientação firmada pelo Supremo Tribunal Fe-

deral, que reconheceu esse direito dos servidores. O médico sindicalizado que tiver qualquer difi-culdade em ter reconhecido o direito de receber em pe-cúnia as licenças prêmio não usufruídas, devem procurar a Assistência Jurídica do SindMédico/DF para as provi-dências cabíveis.

Licença Prêmio

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Jurídico

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A Secretaria de Planejamento da SES informou ao presidente do SindMé-dico/DF, Gutemberg Fialho, que os

chefes definirão as mudanças de horário previstas em portaria. A adequação do horário de funcionamento dos ambulatórios pode ser cumprido em dois turnos

de cinco ou de quatro horas a critério da chefia ime-diata. Gutemberg solicitou para que a Portaria que dispõe sobre a carga horária de trabalho dos médicos da SES nos Centros de Saúde seja rediscutida com a classe médica. Entre as determinações da Portaria, às 40 horas dos médicos em cargo de chefia deverão ser cumpridas em horário comercial.

O SindMédico/DF vai entrar com uma ação na Justiça contra o Governo do Distrito Federal para impedir a devo-

lução do benefício alimentação recebido em duplicidade pelos médicos da Secretaria de Saúde, que possuem dois vínculos empregatícios. A Assessoria Jurídica do sin-dicato alega na ação, a boa fé do servidor que não deu causa ao recebimento supostamente indevido, cujos va-lores já foram prescritos. Muitos médicos entraram com recurso administrativo com efeito suspensivo e deverão aguardar a decisão dos recursos para somente após o in-

deferimento interpor mandado de segurança. O SindMédico/DF informa que os médicos sin-dicalizados que foram notificados pelo GDF para a de-volução do benefício alimentação, deverão procurar a Assessoria Jurídica do sindicato para evitar a cobrança. Para isso é necessário apresentar os seguintes documen-tos:

Procuração (minuta disponível no SindMédico/DF)Cópia do RG e CPF; Cópia do Processo Administrativo em que se deu a notificação para a devolução ao erário.

Benefício alimentação

Os médicos da União, que são sindicali-zados, que exerçam atividade insalubre, terão direito à aposentadoria especial.

A ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu parecer favorável ao mandado de injunção 837, impetrado pelo Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico/DF) pleiteando o benefício. A de-cisão é definitiva e não cabe recurso.Os médicos que têm direito à contagem diferenciada do tempo de aposentadoria em função de trabalho exercido em condições insalubres, deverão solicitar este direito junto ao Departamento de Recursos Humanos de onde trabalha. O mês passado, o STF decidiu permitir que os pedidos de aposentadoria de servidores públicos que trabalham em condições insalubres e de periculosidade sejam concedidas de acordo com as regras do artigo 57

da Lei 8.213/91, que regulamenta a aposentadoria espe-cial de celetistas. A decisão foi tomada porque embora o benefício esteja previsto na Constituição Federal, até hoje não foi regulamentado. O STF determinou que os pedidos de aposenta-doria especial dos servidores públicos devem ser deci-didos pelos ministros relatores, sem a necessidade do processo ser julgado em plenário, e dependem de o in-teressado provar que cumpre os requisitos legais para a concessão do benefício. A decisão do STF que beneficia os médicos sindi-calizados foi publicada no DOU do dia 19/06. Em outro mandado de injunção, nº 836, cujo re-lator é o ministro Carlos Britto, o SindMédico/DF pede que o Supremo reconheça os mesmos direitos para os médicos do GDF. Esse mandado deverá ser julgado nos próximos dias.

Aposentadoria especial

Horário do ambulatório

MÉDICO AGREDIDO DEVE DENUNCIAR

O SindMédico/DF quer dar mais suporte jurídico aos médicos agredidos durante o trabalho. Para isso está fazendo um levantamento das agressões sofridas pelos colegas. Se o doutor foi agredido verbal-mente ou fisicamente, mesmo que o fato não tenha gerado um Boletim de Ocorrência, entre em contato com o sindicato para informar os motivos, as circunstâncias e o local da agressão. O médico não será identificado, mas os dados farão parte de um relatório estatístico que o SindMédico/DF irá elaborar para buscar as providências cabíveis seja no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Doutor, não se omita.

Denuncie!Ligue para 3244-1998 ou envie a sua denúncia pelo e-mail: [email protected]

Page 12: Revista 75

Capa

12 Maio / Junho 2009

Por Alexandre Bandeira

Avaliação estimulada do atendimento

Avaliação

O respeito e a competência dos médicos pelos pacientes

A solução do seu problema

A sensação de segurança, durante a permanência no hospital/centro de saúdeAs informações prestadas pelos profissionais do hospitalA boa educação/gentileza dos funcionários do hospitalA qualidade da estrutura física do prédio do hospital/centro de saúdeA disponibilidade dos medicamentos necessários para o atendimento

A rapidez no atendimento

A recepção, acomodação e leitos oferecidosA qualidade dos equipamentos disponíveis - aparelhos etc

47,5%

41%

35,5%

33,8%

33%

30,5%

29%

27,5%

27%

16,8%

22%

27,8%

29%

24,3%

32,5%

26%

24,5%

22,8%

32,5%

24,5%

30,5%

31%

35,3%

41,8%

34,5%

43,5%

40%

49,8%

38,8%

49%

0,3%

0,3%

0,3%

6,5%

1,8%

9,8%

Positivo Regular Negativo NS/NR

Base: 100% dos entrevistados

Avaliação geral: 32,2%

A dura verdade da saúde pública do DF

Base: 100% dos entrevistados

19,0%

28,0%

52,8%

0,3%

Positiva Regular Negativa NS/NR

Avaliação da situação da saúde no Distrito Federal (escala de 5 pontos agregada)

O Sindicato dos Médicos do Distrito Fede-ral contratou o instituto Vox Populi para fazer, de maneira inédita, uma grande

pesquisa com os usuários dos hospitais e centros de saú-de da rede pública da cidade e o que encontrou foi uma situação de caos diante das pessoas que mais necessitam da rede. O objetivo do trabalho foi o de avaliar a percepção dos pacientes quanto os serviços prestados pelo governo na área da saúde, detectando os principais problemas tanto do setor eletivo quanto na emergência e quem foram apon-tados como os principais responsáveis por esta situação. Veja a seguir os principais pontos da pesquisa realizada:

a) Perfil de quem procura a rede pública de atendimento:

De 100% dos entrevistados 53% são mulheres e 46% são homens, sem predominância entre faixas etárias. -Sobre o perfil sócio econômico, 48% delas ganham entre um e dois salários mínimos e apenas 4% possuem ensino superior. 57% estão no grupo da População Economica-mente Ativa (PEA), sendo 32% de empregados de empresa privada e 22,8% de autônomos/profissionais liberais. Leia-se que neste último grupo estão pessoas com alta predominância de trabalho informal, fora da rede de proteção do sistema. No geral, vê-se que são pessoas que recorrem a rede pública por não possuírem outra alterna-tiva de atendimento, em virtude das baixas condições de remuneração, escolaridade ou de estarem cobertas com planos de saúde em suas empresas.

b) Avaliação do Sistema público de Saúde:

A pesquisa revela que as pessoas querem que a rede pública possa acolhê-las de melhor maneira. 52,8%

avaliaram negativamente a situação da saúde no Distrito Federal, com 28% de indicações regulares e somente 19% de positiva. Isso demonstra que as populações mais caren-tes não aceitam receber um sistema de má qualidade. O contraponto está justamente no quesito atendi-mento. Quando se trata do atendimento recebido nos hos-pitais e centro de saúde, o indicador de positivo sobe para 37,5%, enquanto o regular passa para 32,5% e o negativo para 30%. Quando o questionamento se aplica somente aos médicos, o indicador de positivo sobe a 63,5%, o de regular cai para 20,5% e o de negativo para 16%. Estes dados trazem o fato de quem está segurando o mínimo de qualidade nos hospitais, são as pessoas que trabalham nele, principalmente os médicos, mesmo quan-do as condições para atuação são adversas. Quando se analisa estimuladamente a concordân-cia dos pacientes frente as questões que envolvem esta disparidade entre a qualidade do sistema e o atendimen-to recebido, vê-se que os problemas que mais contribuem negativamente são: qualidade dos equipamentos; recep-ção, acomodação e leitos; rapidez no atendimento; falta de medicamentos e estrutura física. No outro extremo os de maior positividade, são o respeito e a competência dos mé-dicos; a solução dos problemas, a sensação de segurança, as informações prestadas e a boa educação e gentileza dos funcionários.

c) Má gestão como causadora dos problemas na rede pública: Investigando alguns dados importantes, o que mais sobressalta é a capacidade da rede pública em fa-zer o usuário esperar, principalmente quando o paciente mais precisa. Para se ter uma idéia, o paciente que chega

Page 13: Revista 75

Capa

Revista Médico 13

Maior responsável pela situação da saúde pública no Distrito Federal

maior responsável pela situação atual da saúde pública do DF ( espontânea)

61%

13%

6%

3,5%

3%

2,5%

2,3%

4,5%

4,3%

Governador do estado (José Roberto Arruda)

Governo federal (Presidente Lula)

Secretário da saúde (Augusto Carvalho)

Administradores dos hospitais

Funcionários públicos na área de saúde

Médicos da saúde pública

Governo federal e Governo estadual

Outros

NS

Base: 100% dos entrevistados

Concordância sobre a responsabilidade pela situação da saúde pública no Distrito Federal (escala de 5 pontos agregada)

Concordância

A responsabilidade pelo mau atendimento é do Governo do DF que não investe recursos na Saúde da população

A culpa pelo mau atendimento é dos funcionários que não atendem bem os pacientes

A responsabilidade do mau atendimento é dos diretores que não administram bem os hospitais

A culpa pelo mau atendimento é dos médicos que não sabem atender os pacientes

O problema do mau atendimento é dos pacientes que superlotam os hospitais sem necessidade

85%

71,8%

70,3%

52,8%

33,5%

7%

13%

16,3%

19,5%

16,8%

7,3%

15,3%

12,5%

27,5%

49,8%

0,8%

1%

0,3%

Concorda Não concorda, nem discora Discorda NS/NR

Base: 100% dos entrevistados

Avaliação geral do atendimento dos médicos (variável criada) (escala de 5 pontos agregada)

Avaliação do atendimento do hospital/centro de saúde(escala de 5 pontos agregada)

se: 100% dos entrevistados

63,5%

20,5%16%

Positivo Regular Negativo

Base: 100% dos entrevistados

37,5%

32,5%30%

Positivo Regular Negativo

Ficha técnica:A pesquisa foi feita em trabalho de campo com 400 questionários aplicados junto a pacientes nos hospitais da rede públi-ca do DF nos dias de 11 a 15 de maio, considerando o volume de atendimento feito pelas unidades e a distribuição entre atendimentos eletivos e de urgência, de acordo com dados estatísticos de setembro de 2008 da SES/DF.A pesquisa apresenta uma margem de erro de 5% e intervalo de confiança de 95%.

para atendimento eletivamente precisa esperar 2 horas e 21 minutos, enquanto o que recorre a emergência precisa de 3 horas e meia para ser socorrido, para uma fila de 16 pessoas. Detalhe: deste tempo, 43 minutos gastos somente na recepção para receber o primeiro atendimento. Ou seja, fazer a ficha. Um sistema mais inteligente de gestão poderia melhorar esta situação. A entrevista revela que somen-te 19,5% dos pacientes passaram por uma triagem. Isso quando as pessoas não precisam retornar novamente ao hospital. Uma em quatro pessoas do sistema eletivo já teve agenda desmarcada pela ausência de médicos nos hospi-tais. Aliás, a falta de médico foi apontada como o prin-cipal problema a ser resolvido pela rede pública, seguido de falta de medicamento, equipamentos e investimentos na construção e reformas de unidades de atendimento. Dentro deste escopo temos que um em cada cinco pacien-tes tiveram o medicamente prescrito pelo médico, mas não conseguiram na unidade de saúde.

d) De quem é a responsabilidade?

A pesquisa cuidou de ouvir o paciente, para saber dele de quem é a culpa pela situação do sistema público de saúde. Em um primeiro momento, quando a indagação é feita de maneira estimulada, 85% concordam que a res-ponsabilidade é do GDF, 71,8% dos funcionários, 70,3% da administração do hospital, 52,8% dos médicos e 33,5% dos próprios pacientes. Para esta indagação valia concordar ou discordar com mais de um item. Quando a questão foi feita de maneira espontânea – ou seja, o paciente cita por conta própria quem ele des-taca com o maior responsável, o governador José Roberto Arruda aparece com 61% seguido pelo presidente Lula (13%) e do Secretário de Saúde (6%).

Page 14: Revista 75

Maio/ Junho 20091414

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O Hospital Regional do Paranoá foi o primeiro a receber a visita do Sin-dicato Itinerante, nos dias 4, 5 e 7

de maio. Depois foi a vez do Hospital Regional de Taguatinga nos dias 19, 20 e 21 de maio. Durante esses períodos, os médicos puderam atualizar o cadastro, se informar sobre os convênios e os be-nefícios oferecidos aos médicos e seus familiares e fazer inscrição para os cursos de informática do SindMédico/DF. A idéia de fazer com que o sindicato fique mais perto dos médicos e possa ouví-los em suas reivindicações foi conseguida. “A proposta é le-var o Sindicato Itinerante a todos os hospitais de Brasília até o final do ano, para aproximá-lo do doutor”, informou o presidente do SindMédico/DF, Gutemberg Fialho. No dia 7 de maio, o presidente do SindMé-dico, o diretor de Assuntos Acadêmicos, Lineu Araújo Filho e a conselheira Mariângela Caval-

canti, percorreram às dependências do Hospital do Paranoá, na compa-nhia do diretor Carlos Augusto Ve-loso, e ouviram as reivindicações dos médicos. No dia 20 de maio, Dr. Gu-temberg Fialho ouviu às reivindica-ções dos médicos de Taguatinga, jun-to com a Dra. Mariângela Cavalcanti, Dr. Antônio José e Dr. Martinho. En-tre as propostas apresentadas pelos médicos, a de que o sindicato precisa manter a forte atuação que vem ten-do na defesa dos médicos junto à Se-cretaria de Saúde.

Muitos dos que visitam o estande não sa-biam que o SindMédico/DF tem convênios com instituições de ensino, farmácias, possui uma Es-cola de Informática e ainda oferece um seguro de-

cesso, que cobre as despesas de funeral, em caso de morte do médico sindicalizado. Os jovens médicos não sindicalizados tam-bém comparecem ao do SindMédico/DF interes-sados em conhecer o trabalho feito pelo sindicato em favor da classe. Na oportunidade, muito deles aproveitaram e preencheram a ficha de filiação. Todos que visitaram o Sindicato Itinerante esta-rão concorrendo a uma TV 42''. As datas em que o projeto irá percorrer os demais hospitais serão divulgadas com antece-dência por e-mail, no nosso site na Internet e no próprio hospital.

Paranoá e Taguatinga recebem Sindicato Itinerante

Médicos obtiveram atendimento no local de trabalho

Sindicato foi recebido pelos diretores nos hospitais

Colegas conversaram com o presidente durante as visitas

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Revista Médico

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Page 16: Revista 75

Maio/ Junho 200916

Aconteceu

“O médico do trabalho como assistente técnico em processos ju-diciais” foi o tema da palestra proferida pelo Dr. Gutemberg Fialho (foto), presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal. A palestra faz parte das reuniões científicas da Associação Brasiliense de Medicina do Trabalho (ABRAMT) e foi realizada no último dia 29 de abril, no auditó-rio do SindMédico/DF. Na oportunidade, Dr. Gutemberg falou sobre a importância do perito como aliado do Judiciário nas ações judiciais. Par-ticiparam do evento, peritos oficiais de Órgãos Federais e do GDF, assim como os afiliados da Sociedade Brasiliense de Médicos Peritos.

O médico do trabalho nos processos judiciais

Brasília foi sede do Simpósio Brasileiro de Uni-dades Vasculares, promovido pela Academia Brasileira de Neurologia, realizado em abril, no Centro de Conven-ções. O diretor de Assuntos Acadêmicos, Lineu da Cos-ta Filho representou o SindMédico/DF na abertura do evento. Na oportunidade, neurologistas de todo o país

discutiram a possibilidade de padronizar o atendimento das doenças neurológicas e cardiológicas agudas com o objetivo de reduzir o grau de seqüelas. A presidente da Academia, Elza Tosta, disse que o diagnóstico precoce das doenças neurológicas não só reduz as sequelas como melhora no tratamento.

Simpósio Brasileiro de Unidades Vasculares

Foi realizada no dia 28 de maio, no Espaço da Corte, a cerimônia de entrega do Prêmio Gestor de Excelência/2008, do Hospital Anchieta. O evento con-tou com a presença da classe médica e de diversas auto-ridades. O diretor jurídico, Antônio José, representou o SindMédico/DF. Foram agraciados nas categorias Bronze, Dr. Ar-tur David Figueiredo, Clínica Cirúrgica de Taguatinga; Prata, Dr. Gustavo Miziara, Clínica Cotta, e na categoria Ouro a vencedora foi a Fisioterapeuta Tatiana Rodrigues Cardoso, Fisioterapia Anc. O Prêmio Gestor de Excelência é uma iniciativa do Hospital Anchieta que desenvolveu um programa, baseado nos critérios do Programa Nacional de Quali-

dade, PNQ, que visa alinhar a gestão de todos os coor-denadores de especialidades médicas ao Sistema de Ges-tão pela Qualidade Anchieta, que rege o Hospital desde 1998. Como incentivo à participação, o Hospital ofere-ce aos melhores colocados troféus e prêmios nas cate-gorias Ouro, Prata e Bronze. Os critérios para a escolha dos vencedores são relacionados com o desempenho da Clínica e o padrão de Excelência do Hospital, conquis-tado nos últimos dez anos com certificações de diversas entidades de Acreditação brasileiras e internacionais. Os aspectos ressaltados no programa são: Liderança, Estra-tégias e Planos, Cliente, Sociedade, Informações e Co-nhecimento, Pessoas, Processos e Resultados Internos.

Prêmio Anchieta de Excelência 2008

Os médicos do DF têm um novo espaço para realizar seus eventos: é o Centro de Atividades Científicas e Culturais da AMBr, inaugurado no Clube do Médico, no dia 29 de maio, como parte das comemorações dos 50 anos da AMBr. A classe médica compareceu em peso ao evento, prestigiado pelo presidente do SindMédico/DF, Gutemberg Fialho e toda a diretoria. Com instalações modernas e arrojadas e equipamentos de multimídia de última geração, o Centro possui um auditório com capacidade para 400 lu-gares e seis salas multifuncionais de diferentes tamanhos totalmente equi-padas com sistema de áudio e vídeo. Ele compõe o complexo administra-tivo da AMBr, construído em uma área de 8.000 m2, onde fica a nova sede administrativa, inaugurada no dia 6 de fevereiro. O presidente da AMBr, Laírson Rabelo lembrou a importância do complexo como “um dos maiores do país”, facilitando o congraçamento e a educação continuada da classe médica.

Médicos ganham espaço nobre para eventos

Page 17: Revista 75

17

Aconteceu

Foi realizada no dia 6 de maio, na Mansão Atrium, no Park Way, a tradicional festa dos anestesiologistas promovida pela Copanest, Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Distrito Federal. Como acontece todos os anos, os médicos aproveitam o momento para uma grande confraternização da especialidade, motivo de reencontro com colegas de vários hospitais, que por

força do trabalho, dificilmente se reunem. O presiden-te da Copanest, José Silvério Assunção, organizou uma festa bonita e bastante concorrida com a presença de cerca de 500 médicos. O SindMédico/DF foi represen-tado pela diretora de imprensa, Adriana Graziano. Na oportunidade houve vários sorteios de inscrições para cursos, congressos e jornadas da especialidade.

Copanest faz festa concorrida

Sistema NuBoom no Hospital Brasília O mais moderno padrão de sala cirúrgica exis-tente nos Estados Unidos entrou em operação no Brasil, no dia 27 de maio. Ela é resultado de um investimento de R$ 2 milhões do Hospital Brasília. Batizada de Nu-Boom (contração das palavras New e Boom), a novida-de foi apresentada a cirurgiões em uma visita guiada ao espaço com clima futurista - sem ângulos retos, sem fia-ções visíveis, com iluminação especial e som ambiente. A representante do SindMédico na visita a NuBoom foi a diretora de imprensa, Adriana Graziano. O design avançado surpreende por si só. Um painel touch screen controla seis monitores LCD de alta definição. Do total, quatro de 23 polegadas destinam-se à exibição e dois são designados para controle. Todas as imagens são geradas pela Excera II, a primeira câmera cirúrgica totalmente autoclavável, cuja resolução é de 1080 DPI. Outra vantagem da tecnologia é a adaptabi-lidade. “O NuBoom é compatível com qualquer tipo de endoscópio flexível”, descreve Bernardo Medrado, téc-nico responsável pela instalação. Renato Sabbag, Coor-

denador do Centro Cirúrgico e responsável pelo projeto, explica que a plataforma trará mais segurança e precisão aos procedimentos. “O sistema define e monitora todos os parâmetros. Com isso nos equiparamos aos melhores hospitais americanos”, argumenta.

Brasília ganha um hospital especializado em ortopedia, compara-do aos melhores empreendimentos deste segmento no país. A ini-ciativa é do empresário Nabil Charter em parceira com o médico ortopedista Paulo Lobo, reconhecido na cidade por sua atuação na medicina desportiva. A inauguração contou com a presença de au-toridades da cidade, entre elas o presidente do SindMédico/DF, Gutemberg Fialho (foto). o Home (Hospital de Ortopedia e Espe-cialidades Médicas) fica na 613/Sul e conta com toda infra-estrutu-ra de leitos, apartamentos, fisioterapia, imagem e laboratório.

Academia de Medicina recebe diretores da ESCS

Inauguração do HOME

Foi realizada no dia 14 de abril, no auditório da Associação Médica de Brasília (AMBr), uma exposição do professor Murad Ibrahim, diretor da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) sobre a possibilidade de privatização da FEPECS, pretendida pelo Governo. A exposição foi apresentada aos membros da Academia de Medicina de Brasília (AMB), durante sessão solene da entidade por solicitação da ESCS. Também participaram

diretores das entidades médicas, do Centro Acadêmico da ESCS e o presidente do SindMédico/DF, Gutemberg Fialho. O presidente da AMB, José Leite Saraiva disse que o assunto é polêmico e que os membros da Acade-mia vão discutí-lo para que a entidade tenha uma posi-ção oficial. No entanto ele informou que o foco da dis-cussão devem ser os alunos da ESCS que não podem ser prejudicados.

Page 18: Revista 75

Maio /Junho 200918

Regionais

As entidades médicas e de saúde vão con-tinuar mobilizadas para evitar o mesmo erro que vem ocorrendo em outros Esta-

dos: a privatização da saúde que prejudica o atendimento à população. É isso que estão querendo fazer com o recém inaugurado Hospital de Santa Maria, cuja administração foi entregue à Organização Social (OS) Real Sociedade Es-panhola. Embora tenha sido inaugurado no dia 23 de abril, com toda pompa e circunstância, o Hospital de Santa Maria ainda está longe de ser um hospital. Apenas o ambulatório está funcionando, mesmo assim, precariamente. O Hospital não possui pronto-socorro, cirurgias, maternidade e algu-mas especialidades indispensáveis ao seu funcionamento. Várias foram às tentativas de impedir a sua inaugu-ração a fim de evitar prejuízos à população. A primeira de-las foi iniciativa da promotora Cátia Vergara, titular da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), do Mi-nistério Público (MPDFT), que mandou suspender o con-trato de gestão firmado entre o GDF e a Organização Social Real Sociedade Espanhola de Beneficência, firmado em 21 de janeiro de 2009, e proibiu o repasse de qualquer recurso público para a execução do mesmo até a decisão definitiva da ação que examina o contrato. Na decisão, a promotora alegou que a contratação da OS foi realizada sem licitação, sem audiência pública e sem autorização do Conselho de Saúde do Distrito Federal. Na noite anterior à inauguração, no dia 22 de abril, o presidente do Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), de-sembargador Nívio Gonçalves, suspendeu a liminar do juiz da 8ª Vara da Fazenda Pública que havia sustado os

efeitos do contrato firmado entre a Secretária de Saúde e a OS, responsável pela gestão do Hospital de Santa Maria,

possibilitando que ele fosse inaugurado conforme estava previsto. “O Sindicato dos Médicos ficou apreensivo com esta decisão porque coloca em risco o dinheiro público e a saúde da população”, disse o presidente do SindMédico/DF, Gutemberg Fialho. O desembargador Nívio Gonçalves considerou “presentes os pressupostos que justifiquem a suspensão da liminar, uma vez comprovada a iminência de grave lesão à ordem pública, à saúde e a coletividade”. Com essa deci-são, o Hospital de Santa Maria foi inaugurado, mesmo que precariamente e sem o atendimento à população.

Hospital de Santa Maria funciona precariamente

No último dia 5 de maio, o plenário do Tri-bunal de Contas do DF decidiu por 4 votos a 2, acompanhando a relatora do proces-

so, conselheira, Anilcéia Machado, pedir mais informações sobre o contrato do GDF com a Real Sociedade Espanhola para administrar o Hospital de Santa Maria. A denúncia das irregularidades foi feita pela pro-motora geral do Ministério Público de Contas do DF, Cláudia Fernanda de Oliveira Ferreira, com representação encaminhada pelos Sindicatos dos Médicos, Enfermeiros, Odontólogos e servidores da saúde contrários a privatiza-ção do Hospital de Santa Maria. Entre as denúncias estão a dispensa de licitação para a contratação de empresa privada para gerir hospital público, ausência de publicidade dos motivos para a con-tratação da empresa; falta de uma planilha de custo que justifique o repasse de R$ 222 milhões de recursos públicos para a Real Sociedade e aumento de 39% no valor total dos insumos adquiridos, em relação ao pedido de licitação an-terior. O conselheiro Renato Rainha, cujo voto divergente foi vencido, acompanhado apenas pelo conselheiro Ronal-

do Costa Couto, queria suspender imediatamente os servi-ços do Hospital de Santa Maria até a decisão final do TCDF “a fim de evitar danos financeiros irreparáveis ao GDF”. Ele também quis saber da SES porque a Procuradoria do DF não deu parecer ao contrato com a Real Sociedade Es-panhola, não houve audiência pública para discutir a ter-ceirização, nem manifestação favorável do Conselho Na-cional de Saúde. “Se o GDF tem dinheiro para repassar R$ 222 milhões a OS, então também pode administrá-lo”, disse Renato Rainha. O conselheiro também questionou o fato da empresa estar realizando concurso para a contratação de profissionais quando há 2.225 candidatos aprovados a espera de uma vaga na saúde. Na sessão do TCDF, o presidente do SindMédico/DF, Gutemberg Fialho, pediu aos conselheiros que vote contra a viabilidade do contrato entre a SES e a Real Socie-dade Espanhola, pois, segundo ele, a privatização da saú-de no Brasil está coberta de denúncias de empreguismo, desvio de dinheiro público e corrupção, como ocorreu nos hospitais de Salvador, onde a Real Sociedade Espanhola é investigada pelo Ministério Público da Bahia por desvio de dinheiro do hospital que administra na capital baiana.

Contrato com Real Sociedade Espanhola é questionado pelo TCDF

Santa Maria só oferece ambulatório

Page 19: Revista 75

19 Revista Médico

Regionais

O Conselho Nacional de Saúde (CNS), encaminhou no dia 7 de maio, ao mi-nistro José Gomes Temporão, a Reso-

lução do CNS solicitando que seja suspenso o repasse de recursos do Ministério da Saúde para a SES. A deci-são de pedir a suspensão do repasse dos recursos para o GDF já havia sido tomada na última reunião plenária do CNS, dia 15 de abril. Na oportunidade foi criado um Grupo de Tra-balho para intermediar as negociações com a Secretaria de Saúde do DF, na tentativa de que o Governo pudesse rever o contrato de terceirização do Hospital de Santa Maria, cuja administração foi entregue a Real Sociedade Espanhola de Beneficência, mas não conseguiu marcar audiência, nem com o Governador Arruda, nem com o Secretário de Saúde e nenhuma satisfação foi dada aos conselheiros. A medida, extrema, é mais uma tentativa de im-pedir a ilegal terceirização do Hospital de Santa Maria, cuja decisão é ilegal e vai prejudicar o atendimento à população do GDF. O CNS alega que houve ilegalidade

ao processo de terceirização do Hospital de Santa Maria, cujo contrato com a Organização Social (OS) Real Socie-dade Espanhola de Beneficência, foi realizado sem licita-ção e em um processo que durou apenas 12 dias, descon-siderando, inclusive, as irregularidades cometidas pela OS na cidade de Salvador, Bahia. Além dos R$ 130 milhões já investidos na cons-trução do hospital, serão gastos R$ 28 milhões em equi-pamentos e repassados R$ 222 milhões à Real Sociedade Espanhola por dois anos para a manutenção do hospital. A conselheira fiscal do SindMédico/DF, Mariân-gela Delgado, acompanhou a reunião da CNS, que teve a participação da promotora do Prosus, Cátia Vergara, da deputada Distrital, Érika Kokay, e do Secretário de Saúde do DF, Augusto Carvalho. O clima na reunião foi tenso. O Secretário Au-gusto Carvalho chamou “de golpista” a deputada Éri-ka Kokay (PT) que considerou o contrato firmado entre a SES e a Real Sociedade Espanhola um “escândalo na saúde do DF”. Já a promotora Cátia Vergara, disse que o contrato “era ilegal e imoral”.

Entre as tentativas de esclarecer à população do DF do que está acontecendo no Hospi-tal de Santa Maria, o Fórum Permanente

em Defesa da Saúde foi às ruas para alertar à população sobre o que está ocorrendo com o Hospital de Santa Ma-ria. A mobilização, em frente à Catedral, reuniu centenas de manifestantes. Os representantes das entidades de saúde tam-

bém foram às ruas no dia 21 de abril, aniversário de Bra-sília. Durante todo o dia, foram distribuidos um planfle-to, em formato de cheque, denunciando a fortuna que o GDF já repassou à Real Sociedade Espanhola para ge-renciar o Hospital de Santa Maria, que ainda não está funcionando, apesar de ter sido inaugurado. A mani-festação foi bem recebida pelos milhares de brasilienses que circularam na Esplanada no aniversário de Brasília.

Panfletagem no aniversário de Brasília

CNS pede suspensão das verbas para SES

Publicidade em formato de cheque alertou a população do mau uso do dinheiro público

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Sindicais

20 Maio / Junho 2009

Cinema & Saúde

O presidente da Central Geral dos Tra-balhadores do Brasil (CGTB), Antônio Neto e o secretário geral da entidade,

Carlos Alberto Pereira, visitaram a sede do SindMédi-co/DF, em Brasília, no último dia 20 de abril. O objetivo do encontro com o presidente, Gutemberg Fialho, e a di-retoria, foi mostrar a atuação da CGTB. O presidente da entidade colocou a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil à disposição do SindMédico/DF, para ampliar as lutas dos médicos seja junto ao Executivo ou ao Legis-lativo. No encontro, o presidente Antônio Neto explicou

que todas as questões dos trabalhadores são amplamen-te discutidas e que a classe médica tem um papel fun-damental na união dos trabalhadores. “Hoje as centrais sindicais estão sendo muito mais ouvidas pelo Governo do que no passado”, disse o presidente Antônio Neto. Segundo ele, questões como salário mínimo, crise econô-mica, programa habitacional e até mesmo, as fundações públicas de direito privado estão na pauta de discussões entre a CGTB e o governo. Fundada em março de 1986, a Central Geral dos Trabalhadores possui hoje 350 sindicatos filiados, repre-sentando 1,5 milhão de trabalhadores.

Presidente da CGTB visita SindMédico

Foi um sucesso a primeira edição do projeto Cinema & Saúde promovido pelo Sindicato dos Médicos, realizado no dia 27 de maio,

no auditório da entidade. O filme Sicko $O$ Saúde, do premiado cineasta Michael Moore, apresentado na ses-são, é uma crítica ao sistema de saúde norte-americano e uma excelente reflexão sobre o exemplo que querem importar para o Brasil. O filme mostra o sistema norte-americano de saúde, totalmente privatizado, onde até mesmo os que possuem planos de saúde não conse-guem atendimento e onde os médicos são premiados por recusar tratamentos de alto custo. Recomendamos o filme a todos os médicos que não tiveram oportunidade de assistí-lo.

Sindicato lança Projeto Cinema & Saúde

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EstratégiaAlexandre Bandeira

ConsultórioConsultoria&

Contato com a coluna:[email protected]

Consultor de Estratégia e Marketing

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“o profissionalismo tomou o lugar

do feeling”Sindicato lança Projeto Cinema & Saúde

Costumo lembrar a organicidade das empre-sas para estabelecer algumas correlações entre o mundo corporativo e os princípios

da natureza e do ser humano. Uma destas comparações que utilizo com frequência, é a de que da mesma forma como as pessoas em fase de crescimento - quando múscu-los, ossos e órgãos estão em estágio de amadurecimento - as organizações também sofrem com o processo de expansão no mercado de competição. Talvez a diferença básica seja que o corpo humano cresce mais quan-do mais jovem ao ponto de que a um determinado momento, se estabiliza; enquanto que a empresa cresce mais a medida que amadurece, além de precisar estimular seu processo de evolução permanentemente. Isto envolve to-mar decisões cotidianas sobre como este crescimento se dá. Que pessoas, recursos, procedimentos e infra-estrutura devem ser modificados, suprimidos ou criados, para que estas possam manter sua capacidade evolutiva. Na melhor função pela anatomia corporativa está o papel fundamental do gestor, que pode ser o empreen-dedor, dono, diretor ou executivo contratado para atuar como cérebro nas empresas e organizar o melhor ambiente para que as organizações possam cumprir bem com seu objetivo natural de crescer. Para estabelecer bem este paralelo vou utilizar o exemplo de duas empresas do segmento de saúde do DF. A primeira delas tem 25 anos de mercado, é uma das líderes em seu segmento, com prêmios nacionais e internacionais em seu portfólio. A segunda é um cliente que começamos

a acompanhar recentemente com menos de dez anos de existência. Na última visita que fizemos na primeira em-presa citada, o processo de expansão se encontra em ritmo muito acelerado, com um forte investimento na aquisição de equipamentos, procedimentos e pessoas. Certamente a próxima decisão por conta disso, seja conseguir um novo ambiente para continuar a crescer, como alguns animais

fazem ao trocar de casca, pele ou concha. Na segunda, a gestão passa pela criação de novos paradigmas administrativos, provocada pela abertura de uma segunda unida-de de negócio, o que deve mais do que duplicar sua capacidade de

atendimento e criar condições para que ela se torne líder de mercado. Como uma jovem empresa, os processos e a capacidade de tomada de decisão ainda não estão maduros e os graus de intuição e informalidade são preponderantes as normas e ritos que permitam ela atingir seu espaço de destaque no seu segmento. A primeira bem pode ser o espelho da segunda, já que conseguiu organizar o melhor modelo de expandir e se adaptar a novos cenários, já que o profissionalismo tomou o lugar do feeling, tornando o processo de tomada de decisão mais seguro e previsível; com isso mais dinâ-mico e assertivo. Não quer dizer que o que uma faça sirva exatamente para outra, mas certamente incorporar o como se faz. Afinal, cada empresa, uma ana-tomia diferente.

Crescer dói

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Vida Médica

Maio / Junho 2009

Por Elisabel Ferriche

Sinuqueiro só no Brasil. O termo sinuca popularmente usado nos bares, salões e clubes brasileiros é um aportuguesa-

mento do termo inglês "snooker". Por esta razão não existe sinuqueiro em nenhum outro país. Aqui tam-bém o "snooker", sofreu um abrasileiramento de suas regras, que foram sendo alteradas à medida que se diminuia o número de bolas vermelhas com que era jogado. A sinuca no Brasil não pode ser confundida com os diversos jogos de bilhar existentes e que ga-nham muitos nomes conforme a região em que são praticados. Tem o mata-mata, bola 8, fuca, vida, o 21, muitos deles originados nos Estados Unidos e não na Inglaterra, como é o caso do snooker. Para ser sinuqueiro não basta talento. É preci-so envolvimento e gerenciamento com a bola. Gostar de um bom bate papo ao redor da mesa e disposição para ficar horas em pé, andando de um lado para o outro com o taco na mão. Muitos começaram ainda menino, como é o caso do mastologista José Antônio Ribeiro Filho, que aos 13 anos, na cidade de Guaxupé, em Minas Gerais, já jogava sinuca em uma pequena mesa com bolinhas

de gude, já que na época, o jogo era proibido para menores. Mas contrariando as “regras” , Dr. Ribeiro insistia em jogar e aos 16 anos já estava em uma mesa de bilhar em São José do Rio Pardo onde foi morar. “Na época já jogava bem quando conheci o professor Darci que me ensinou o bilhar francês. Fui o melhor jogador de Rio Pardo”, conta o médico sem qualquer modéstia. Quando foi para o Paraná, cursar a Faculdade de Medicina, continuou a jogar na mesa instalada no diretório Acadêmico. Jogava o Vida, a dinheiro. “Foi com o resultado do que ganhava no jogo de sinuca

Dr. Ribeiro, paixão por sinuca desde criança

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23 Revista Médico

Vida Médica

que me mantive na faculdade e sobrevivi em Curiti-ba”, esnoba ele que, ao chegar em Brasília, continuou jogando. Hoje Dr. Ribeiro prefere os jogos caseiros que faz em casa na sua mesa de bilhar, mas com o passar do tempo está substituindo a sinuca pelo gol-fe, esporte de sua preferência. Por muitos anos estigmatizado como “jogo da malandragem”, a sinuca hoje já é frequentada por mulheres e homens de idades e posição social dife-rentes. O otorrino Heitor Guerreiro, que joga sinuca há 60 anos, sabe bem o que é isso. Gaúcho de Santana do Livramento ele começou a frequentar os clubes de sinuca ainda menino, pois o esporte é uma diver-são perfeita para os dias frios do inverno rigoroso do Sul. “O nome era bilhar e os rapazes podiam jo-gar, ao contrário do jogo de cartas que era permetido apenas para os adultos”, conta o médico. Segundo ele, na época, quem sabia jogar bem, normalmente tomava dinheiro dos novatos, por esta razão o bilhar ficou caracterizado como um jogo de malandros, que não queriam trabalhar. “Mas isso faz parte do passado da história da sinuca. Hoje, há castelos na França onde jogam a alta aristocracia, por isso é um jogo bastante democráti-co”, na opinião do médico. Atualmente Dr. Heitor é frequentador assíduo do Salão do Walter Silva, que fica no Clube dos Previdenciários, onde ele fren-quenta três vezes por semana, inclusive aos sábados. No local, há aulas de sinuca para quem deseja iniciar no esporte. A maior dificuldade encontrada entre os ini-

ciantes da sinuca é o mau posicionamento do taco, que geralmente é utilizado com a traseira muito ele-vada. Isso faz com que a bola branca seja forçada de cima para baixo, afundando no pano e desviando-se do alinhamento. Para um melhor desempenho, en-sinam os veteranos, o taco deve ser colocado o mais próximo possível da posição horizontal. Assim é possível jogadas incríveis e muitos efeitos nas bolas. Mas qualquer toque, por mais sutil que seja, sem o devido preparo ou treinamento necessário pode ser suficiente para errar a jogada. O ginecologista obstetra Giuseppe Rolim diz que começou “a brincar” de sinuca já na fase adul-ta, em Brasília, onde vive há 33 anos. Paraibano de Cajazeiras, Dr. Rolim diz que gosta da sinuca pelo encontro com os amigos, o bate papo ao redor da mesa, a rodada de música que ele consegue reunir às quintas-feiras na AABB. “Convidado por um colega médico, passei a a jogar sinuca que, além de exercitar o físico, ajuda também a mente”. Já o médico Elias Bittar, que já foi um grande sinuqueiro, nos últimos anos tem trocado as mesas de bilhar pelos barcos de pesca. “Tenho curtido mui-to a pescaria, mas para quem jogou muita sinuca, é difícil parar para sempre”, confessa. Sem modéstia, ele conta que tem muito talento e foi responsável

por jogadas incríveis “com muitas bolas de efeito”. Para o médico Elias, a sinu-ca é uma excelente ativida-de para compartilhar “bons momentos com amigos”. Para o médico, o sinu-queiro precisa de habilidade manual, boa visão, preparo

físico e, naturalmente um bom papo, porque sinu-queiro, profissional ou não, além da mão no taco e o olho na caçapa, curte também uma conversa alegre que o estimula a retornar à mesa de bilhar.

Dr. Elias Bitar,da sinuca para a pesca

Dr. Giuseppe, a sinuca exercita o corpo a mente e nos traz um bom bate papo com amigos.

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Vinhos Dr. Gil Fábio

Maio / Junho 2009

Vinho do Porto IIIComo nasce um Porto

Vinhos & Histórias

O processo de vinificação começa a ex-plicar as enormes diferenças entre o Vinho do Porto e o Douro de mesa.

Para fazer o Douro o processo usado é como em todos os vinhos de mesa no qual o açúcar contido no mosto é transformado em álcool pela ação dos fermentos. Já no Porto essa fermentação é interrompida no meio, quan-do o vinho já adquiriu a cor e a intensidade desejadas, adiciona-se água ardente vínica numa proporção apro-ximada de 110 litros para 410 litros de mosto. A fermen-tação é interrompida, e o açúcar que iria se transformar em álcool permanece no vinho tornando-o adocicado. A água ardente vínica tem 77° fazendo subir a porcen-tagem de álcool no vinho do porto para os limites entre 19° e 22°. Normalmente a maior parte dos vinhos é envia-do para os armazéns das grandes empresas em Vila Nova de Gaia, que fica em frente a cidade do Porto, do outro lado do rio. Nos armazéns os vinhos serão selecionados e “educados” para dar origem aos diversos tipos do Por-to, que são divididos em duas famílias básicas: primei-ro, os envelhecidos da garrafa (Vintage), considerados os melhores; segundo, os envelhecidos nas pipas de madeira, que são os mais comuns.

Classificação dos vinhos tipo Porto (vinhos que passam algum tempo nos cascos de madeira):-Ruby-Tawny;-Porto com indicação de idade média;-Colheita;-Late Beottled Vintage; -Vintage Caracter; RUBY - O mais simples e mais alegre. Teorica-mente um vinho que passou um certo tempo variável em tonéis de madeira e que ainda conserva bastante fruta e principalmente a cor que lhe dá o nome. Leve, bom para o aperitivo, devendo ser servido resfriado e acompanha muito bem queijos azuis, como o Roque-fort (francês), Stilton (inglês) e o italiano Gorgonzola. Após aberta a garrafa o vinho deve ser consumido até certo ponto rapidamente, em alguns dias. Produtores

recomendados: Adriano Ramos Pinto, Sandemam, Sy-mimgton Group, Fladgat & Yeatman, etc. TAWNY - Este vinho de cor clara é suave har-monioso e descomplicado, já passou cinco, seis ou mais anos em tonéis de madeira. No início é bem escuro, tor-nando-se gradativamente mais claro, ou aloirado, ruivo (tawny). Os Fini Tawnies, principalmente os mais ve-lhos apresentam-se na boca com notas de nozes, cara-melo, e final levemente seco, longo e agradável, aroma elegante e delicado. Esses vinhos tem uma variedade chamada com indicação de idade, vinhos de mais classe que trazem idades aproximadas de 10, 20, 30, 40 anos e com mais de 40 anos. Um Porto datado não significa que tenha exatamente a idade datada, mas sim as carac-terísticas da data indicada, devido aos vários cortes de vinhos bem mais velhos para se chegar a obtê-las.

Porto Tawny Rótulo 10 anos Alguns são realmente excelentes, entre os me-lhores do Porto. Harmoniosos e descomplicados com sabor de nozes, amêndoa, mel, com retrogosto agadável persistente, não enjoativo e levemente seco. Indicamos alguns dos melhores: O Quinta da Eva Moira, o Poças, Quinta do Porto (da Casa Ferreira), o Burmester grande especialista em Tawnies e colheitas.

Porto Tawny Rótulo 20 anos Vinho mais claro (aloirado ou ruivado), com aroma de amêndoas e complexo, já mostrando carac-terísticas de sabedoria da maturidade e ainda o fres-cor da juventude. Persistente e com retrogosto mara-vilhoso. Indicação: Duque de Bragança (da Ferreira); o Quinta do Bom Retiro (Adriano Ramos Pinto); o Nie-poot; Quinta do Noval.

Porto Tawny Rótulo 30 anos Mais claros excelententes e aromáticos. Indi-cações; Ramos Pinto, Grahan’s; Taylor’s. Todos muito bons.

Porto Tawny Rótulo 40 ou mais anos Vinhos delicados com menor concentração, mais excelentes. Indicações; Quinta do Noval; Grahan’s; o Fonseca Guimaraens; Nieport.

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25 Revista Médico

Informes

O SindMédico/DF mantém totalmente sem custo, o Seguro Decessos, que em caso de morte do sindicalizado, garante a execução de todos os serviços referentes ao sepultamento ou cremação com a cobertura das despesas do funeral.Para acioná-lo, basta que familiares liguem imediatamente para comunicar o óbito.

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Faleceu em Brasília, aos 91 anos, no último dia 25 de abril, o médico Guynemer Brasil Otero. Com uma vida dedicada à medicina, Guynemer era pioneiro em Brasília, tendo participado da inauguração da Capital. Durante muitos anos foi pediatra do Hospital de Base e do Hospital Regional do Gama, tendo sido posteriormente perito do INSS e médico do trabalho. Formado pela Escola de Medicina do Rio de Janeiro, o carioca Guynemer era um sindicalista ativo e parti-cipante das assembléias do SindMédico/DF .

Faleceu no dia 3 de abril, após uma cirurgia eletiva, em Brasília, o médico gastroenterologista José Gomes Barboza Filho. Natural de Santa Fé de Minas (MG), o médico atuou durante muitos anos no Hospital Regional da Asa Norte e na Gastroclínica, na Asa Norte. Formado na UnB, José Gomes Barbosa passou a vida profissional em Brasília. O médico era casado e deixa esposa, filhos, enteadas e neta.

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Representantes do SindMédico e do CRM/DF visitaram a Casa de Parto de São Sebastião, no dia 21 de maio, atendendo reivindicações

dos médicos que trabalham naquela unidade de saúde. Eles estão preocupados com a falta de ginecologistas e obs-tetras para dar atendimento imediato às mães em caso de grave ocorrência grave. Os 12 ginecologistas obstetras que trabalhavam no local foram transferidos para outras Regio-nais de Saúde. Após a visita, representantes do SindMédico e CRM/DF se reuniram com enfermeiras e o secretário ad-junto de Saúde, Fernando Antunes para discutir a situação, a fim de que a Casa de Parto tenha condições mínimas de atendimento. Segundo os médicos do local, as mães gestantes, os bebês e os médicos estão correndo risco que podem ser evi-tados. O presidente do SindMédico/DF, Gutemberg Fia-lho, que participou da reunião, juntamente com a diretora de imprensa, Adriana Graziano, explicou que a preocupa-ção do sindicato nada tem a ver com o Ato Médico, “nem somos contrários ao trabalho realizado pelas enfermeiras, mas as complicações que por acaso surjam são de inteira responsabilidade do médico”, explicou. O médico Gustavo Bernardes, do departamento de

fiscalização do CRM disse que a Secretaria de Saúde vem sendo avisada para o problema há mais de qua-tro meses e nenhuma pro-vidência foi tomada. “Não queremos fazer uma inter-dição política, trata-se ao contrário, de um procedi-mento com base no Código de Ética Médico que não permite aos médicos traba-lharem sem condições ade-quadas nem que uma Casa de Parto funcione sem os ginecologistas obstetras”. A falta de médicos e dos equipamentos necessá-rios para o bom funcionamento da casa de parto de São Sebastião foi confirmado pelo pediatra Ike Baris, lotado na unidade. Segundo ele, os médicos pediatras e clínicos que forem convocados para interceder em um parto de risco ou autorizar uma remoção de emergência, caso aconteça alguma intercorrência, responderão civil e criminalmente. “Não precisamos correr esse risco desnecessário”, disse o médico se preocupando também com as mães.

Casa de Parto de São Sebastião preocupa sindicato

médicos questionam transferências

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Literárias Dr. Evaldo Alves de Oliveira

Maio / Junho 2009

Ao tempo em que conheci esse menino, o pai há havia casado pela segunda vez e todos o tinham como uma vítima da ma-

drasta, mulher de gênio mau, que não lhe poupava maus tratos. É assim que João Brígido dos Santos descreve o amigo à época em que o conheceu, ainda criança. Apesar de ter conhecido, desde cedo, a dor, o infortúnio e a injustiça, seu pai analfabeto, que o queria sacerdote, levou-o a estudar português, la-tim e francês. Aos 25 anos de idade, com a morte do pai, assumiu a administração dos negócios da famí-lia, e no ano seguinte a madrasta louca faleceu. No mesmo ano, a casa da família foi hipotecada como garantia da dívida de dois contos de réis, contraída pelo seu pai na compra de gêneros para o arma-zém. No fórum de Ipu, no sertão do Ceará, passou a atuar como solicitador e requerente, além de pro-fessor. Ainda em Ipu, sua esposa se tornou amante de um policial. Conhecendo a força da paixão, a dor da trai-ção, o sofrimento de seu povo sobrevivente das secas cícli-cas, crianças sem escolas e seus clientes demandadores de justiça nos fóruns de Campo Grande e Ipu, Justiça essa viciada pela ordem autoritária dos coronéis do sertão, Antônio Conselheiro e seus seguidores construi-riam, em junho de 1893, no povoado de Canudos, uma das mais agrestes e estéreis regiões do sertão da Bahia, não uma cidade, mas o sonho de reinventar o sertão e a utopia de uma sociedade mais justa. O professor Flávio José Simão Costa (HSM-Management nº 61, volume 2, março/abril 2007), rechaça o diagnóstico de delírio crônico de Mag-man, psicose sistemática progressiva de Garnier e paranóia primária, afirmando: Antõnio Conselheiro

não foi um anormal psíquico (aspecto psicológico) se analisada a estrutura de sua personalidade, relacionada com a realidade onde viveu, sofreu e se fez mártir. Seu comportamento, sua manifestação psíquica, sua persona-lidade ao fim da vida, integralmente compatível com o papel de místico, não são evidências de loucura, mas, ao contrário, representam a expressão de uma readaptação do esquema vivencial, surpreendentemente bem sucedi-da. Paschero, homeopata e psicanalista argenti-no, enfatiza que a criança necessita de amor protetor, segurança afetiva, que é indispensável para ajudar na so-lução de sua incapacidade de adaptação à realidade obje-tiva. ...A criança necessita expandir-se, expressar-se, ex-teriorizar seus impulsos... Para isso, tem que se sobrepor ao medo e à ansiedade que lhe produz a interdição do am-biente, e lutar pela sua própria valorização, por manter a sensação de que é capaz, de que é útil, de que pode ser, como os demais, autossuficiente para afirmar-se na vida. Conselheiro teria tentado resolver sua minusvalia com um afã reativo de maisvalia, uma afirmação de sua personalidade, por via de uma verdadeira hipertrofia de seu eu, como é possível acontecer nesses casos, como afirma Paschero? Seria Antônio Conselheiro um louco? Ou se-ria um empreendedor, um visionário que resistiu a meio Exército brasileiro na Guerra de Canudos, er-gueu cidades e reinventou o sertão, como defende Paulo Emílio Matos Martins, da FGV-Ebape (HSM-Management nº 61, volume 2, março/abril 2007)? Antônio Conselheiro - um problema médico, ou alguém que deveria ser estudado por acadêmi-cos, homens de negócios, de marketing e estudio-sos do empreendedorismo?

Das cicatrizes da infância ao empreendedorismo

Antônio Conselheiro

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Maio / Junho 2009

Page 28: Revista 75

O câncer de mama é um dos tipos de neoplasia mais frequentes entre mulheres e ocupa um dos primeiros lugares em incidência no nosso país. A detecção precoce é crucial no sucesso do trata-mento, sendo recomendável a realização de auto-exame, consultas médicas periódicas e exames complementares.

A maioria dos casos de câncer de mama é esporádica. Entretanto, alguns casos são heredi-

hereditários. Além disso, mutações nestes genes também predispõem ao câncer de ovário.

O Laboratório Sabin realiza a pesquisa das mutações 185 DEL AG e 5382 ins C no gene BRCA 1 e 6174 DEL T no gene BRCA 2. Essas mutações estão associadas ao câncer de mama e são frequentes nos judeus Asquenases. Assim, a pesquisa de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 é recomendada para mulheres com histórico pessoal ou familiar de câncer de mama antes dos 50 anos de idade, câncer de ovário em

com mutações e o aconselhamento da paciente sadia portadora da mutação são de enorme im-portância na prevenção de novos casos.

Outras mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2 não estão excluídas por este exame, que deve ser realizado mediante acompanhamento médico.

pelo telefone 3329-8028.

O Laboratório Sabin realiza a pesquisa das mutações185 DEL AG e 5382 ins C no gene BRCA 1 e

6174 DEL T no gene BRCA 2.

NOVA METODOLOGIA PARA DETECÇÃODE CÂNCER DE MAMA