REVISTA ABRANET - EDIÇÃO 05

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Ano II | número 05 | 1º trimestre 2013 revista abranet Associação Brasileira de Internet A MOBILIDADE ALéM DO HOME OFFICE O futuro do MARCO CIVIL Neutralidade de rede gera debates acalorados ENTREVISTA Terra: o planeta internet de olho na consumerização CAMPUS PARTY Internet é terreno fértil para o empreendedorismo IMPRESSO. PODE SER ABERTO PELA ECT

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A Revista da Associação Brasileira das Empresas de Internet (ABRANET) aborda política, infraestrutura, negócios e novas tecnologias de internet

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Ano II | número 05 | 1º trimestre 2013re

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aabranetAssociação Brasileira de Internet

A mobIlIdAde Além do home offIce

O futuro do

MarcO civilNeutralidade de rede gera debates acalorados

ENtrEvista terra: o planeta internet de olho na consumerização

caMpus party internet é terreno fértil para o empreendedorismo

ImPReSSo. Pode SeR AbeRTo PelA ecT

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| editorial |

Os provedores de acesso e conteúdo, desde o início da operação comercial da Internet

no Brasil sempre foram essencialmente empresas prestadoras do chamado SVA (Serviço de Valor Adicionado). Tudo começou no acesso discado, onde as redes de telecomunicações das operado-ras de telefonia fixa davam suporte ao serviço.

Com o advento da banda larga e a limitação do acesso à infraestrutura das operadoras de tele-comunicações, alguns provedores foram obrigados a construir suas próprias redes para ofertar seus serviços. Constituíram-se desta forma centenas de novas empresas, pequenos operadores regionais de telecomunicações, detentores da licença denomi-nada SCM (Serviço de Comunicação Multimídia), utilizando tecnologias como rádio e fibra óptica para dar suporte aos serviços de banda larga fixa.

Os negócios prosperaram e muitos destes em-preendedores obtêm hoje expressivas receitas destas operações. E acabam deixando de lado a essência de suas empresas: a Internet. Motivados por projeções de resultados futuros, agregam ao seu portfólio ser-viços como telefonia fixa e TV por assinatura. São prósperos projetos, mas que em última análise nada mais são do que cópias em miniatura das operadoras de telecomunicações convencionais.

A diversificação do portfólio é sempre uma es-tratégia saudável para qualquer empresa, mas até que ponto vale a pena se distanciar da cadeia de valor da Internet e ingressar em novos mercados? Dependentes do ganho de escala e intensivas de capital, as operações de telecomunicações e TV por assinatura convencionais representam enor-mes desafios aos novos entrantes.

Há quem vislumbre nestes desafios uma gran-de oportunidade de negócios. Não são poucos os associados da Abranet que operam com êxito em

O provedor, o Milho e a pipoca

nichos de mercado. São referências e casos de su-cesso que inspiram novos empreendedores.

Mas há quem pense diferente, considerando o acesso uma simples commodity. Se aposta na acele-rada obsolescência das operações de telefonia e TV a cabo convencionais. Em um cenário onde serviços de valor adicionado como o Skype já representam um terço de todo o tráfego telefônico internacional, vale a pena pleitear um plano de numeração ao esti-lo Graham Bell? Em um mercado onde as novas ge-rações de consumidores querem mobilidade e vídeo sob demanda, ainda vale a pena apostar em grades estáticas de programação de TV e dispositivos fixos?

Os provedores estão olhando com mais cuidado para suas próprias operações, identificando o que de fato é commodity e o que pode de fato agregar valor aos seus produtos. E nesse ponto, sabemos que o empreendedor brasileiro é criativo e ino-vador. Já são inúmeros casos de sucesso em todo o Brasil, onde uma simples conexão de Internet acaba se transformando em um novo serviço, mais qualificado, com maior valor agregado, enfim, mais útil para demandas específicas dos consumidores. Ao invés de milho, oferta-se pipoca.

Neste sentido, a Abranet prossegue promovendo os debates do setor, que além da questão mercado-lógica envolve políticas públicas e regulamentação. Dia 18 de abril promoverá em Brasília o Congresso Brasileiro de Internet e nos dias 16 e 17 de maio promoverá em São Paulo a 7ª edição do evento “Novos Desafios e Oportunidades para Provedores SCM e SVA”. Contamos com a presença de todos.

Boa leitura!

Eduardo NegerPresidente da Abranet

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Abranet > 5

índice >

cONsElhO EditOrialeduardo [email protected]

José Janone [email protected]

GErêNcia ExEcutivaRoseli Ruiz Vazquez ([email protected])

EditOraJackeline carvalho – mTb [email protected]

rEdaçãOJackeline carvalho, luciana Robles, marcelo Vieira e mayra feitosa

rEvisãOcomunicação Interativa

cOMErcialmarcelo Augusto e Rafael Souza de Paula

adMiNistrativOmônica bernardo (assistente)

EdiçãO dE artEcinthia behr e evelyn leine

iMprEssãONeoband

tiraGEM9.000 exemplares

prOjEtO, prOduçãO E EdiçãOcomunicação Interativa [email protected].: 11-3032.0262

assOciaçãO BrasilEira dE iNtErNEtRua da Quitanda, n. 96, cj 31 centro - São Paulo-SP ceP: 01012-010Tel.: (11) 3078.3866www.abranet.org.br

facebookhttp://www.facebook.com/abranetoficiallinkedinwww.linkedin.com/abranetTwitter@abranet_brasil

06 FiquE pOr dENtrONuvem, um passo estratégico para os provedores

08 ENtrE aspasTerra: o planeta internet de olho na consumerização no Brasil

12 tEcNOlOGia dE pONtaPagamentos móveis: novo comércio, nova carteira

16 capaSerá o fim do congestionamento dos celulares?

24 cONExãOMercado de CDN crescerá 400% até 2015

28 pOlíticaNeutralidade de rede gera debates acalorados

30 sustENtaBilidadECloud Computing e responsabilidade ambiental

32 iNOvaçãOInternet é terreno fértil para o empreendedorismo

36 GEstãO EMprEsarialMão de obra qualificada: capacitação sobre para as empresas

40 artiGOFraudes em VoIP, como se proteger de golpes na telefonia

41 casOs E “causOs”Descobri a “América”

42 EspaçO cONsElhO jurídicOUm memorável congresso, brasileiro e de internet

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Fique por dentro >

EvENtOs 2013

Ocompartilhamento de infraestrutura pode beneficiar usuários finais e empresas do setor de Telecom. Assim,

Artur Coimbra, diretor do departamento de Banda Larga da secretaria de telecomunicações do Minicom (Ministério das Comunicações), resumiu a visão do governo sobre o setor de telecomunicações, em palestra apresentada no Congresso RTI de Provedores de Internet.A meta do governo é chegar a 40 milhões de acessos até 2015 e, para isso, além do compartilhamento de infraesturutra, ações regula-tórias e incentivos fiscais podem ajudar o país a alcançar o objetivo e melhorar a concorrência entre grandes e pequenas telcos. “O compartilhamento de infraestrutura precisa ser feito com medidas regulatórias”, disse, ao afirmar que nesse mercado quase todos dizem ser a favor do compartilhamento. “Talvez só a indústria de equipamentos não seja”, analisa.A Telebras foi citada como a “gênese” do PNBL (Plano Na-cional de Banda Larga), pois ativou redes de fibra óptica para melhorar a competição na ponta. Porém, Coimbra explicou que a empresa brasileira tem problemas de redundância, pois a rede está sujeita a falhas por causa de um anel aberto, mas que deve ser fechado até a Copa das Confederações, o que promete melhorar os serviços. A redução no valor do direito de passa-gem também está nos planos.

INfRAeSTRuTuRA óPTIcA chegARá A 40 gPbS

Foi celebrada em Brasília a ampliação da capacidade de

enlaces das instituições de ensi-no e pesquisa do estado de São Paulo, que fazem parte da rede IP operada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). A

melhoria da capacidade benefi-ciará 13 municípios de São Pau-lo, que passarão a contar com uma rede de 40 Gbps (ante os 150 Mbps anteriores).Participaram do evento os ministros da Ciência, Tecnolo-gia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e das Comunicações, Paulo Bernardo, além do diretor geral da RNP, Nelson Simões, e do presidente da Telefônica Vivo, Antonio Carlos Valente. A ampliação decorre de uma con-trapartida imposta pela Anatel à

operadora espanhola em 2010, como parte das obrigações rela-tivas à fusão das duas operadoras.Segundo o ministro Paulo Ber-nardo, o aumento da capacida-de da rede IP tornará as cone-xões das entidades beneficiadas mais adequadas ao uso científi-co. As redes da RNP e da Tele-bras, disse ainda, poderão fazer parte do esforço do governo de ampliar a infraestrutura óptica no País, cuja expansão deve exigir investimentos de R$ 100 bilhões em 10 anos.

PARA AbRANeT, NoVAS APlIcAçõeS Podem fIdelIzAR clIeNTeS

Opresidente da Abranet (Associação Brasileira de Internet), Eduardo Neger, abriu a primeira edição

do Congresso RTI de Provedores de Internet, que aconteceu em São Paulo. Em sua palestra, a computa-ção em nuvem foi apresentada como parte da estraté-gia para a criação de novos serviços – essenciais para a sobrevivência dos pequenos provedores de internet, que enfrentam a concorrência de grandes empresas.No Brasil, o número de operadores locais do SCM auto-rizados pela Anatel chega a 3,6 mil, e eles são responsáveis por 15% das conexões de alta velocidade no País. Neger destacou que os provedores SCM no País investiram em infraestrutura para atender regiões remotas, onde não há penetração de grandes concorrentes. Agora, com o aumento da competição, Neger indica que o objetivo dessas empresas seja fidelizar os usuários antigos, que demandam mais banda, serviços e aplicações.Para ele, os serviços em nuvem podem ajudar nessa estratégia. “A nuvem está gerando bons resultados para o crescimento de aplicações”, disse, citando como exemplo a criação recente de um serviço de backup de nota fiscal eletrônica baseado em nuvem, dedicado em atender microempresas. “Este é um serviço importante, visto que nesse segmento muitas (empresas) guardam notas fiscais em pendrives e estão sujeitas a perder o documento eletrônico que deve ficar arquivado por cinco anos”, emenda. “Gargalos de acesso, banda larga, infraestrutura limitada e tributação elevada podem prejudicar essa adoção. Sem uma infra-estrutura com capacidade e capilaridade, os serviços em nuvem, que consomem mais banda, não serão viáveis para o público”, pondera.Mas Neger afirma que as empresas não devem se con-formar, e devem buscar saídas. “Os órgãos de fomento estão disponíveis e as empresas podem investir em P&D para tentar criar novos projetos e, consequentemente, casos de sucesso”, incentivou. Para ele, as empresas precisam pensar com a cabeça do mundo IP, pois a geração atual já se comporta de forma diferente em relação ao acesso. “O mercado deve saber aproveitar as oportunidades”, destaca.

o compartilhamento de infraestrutura

precisa ser feito com medidas regulatórias”

Artur coimbra, diretor do departamento de banda larga da secretaria de telecomunicações do minicom

Sem uma infraestrutura com

capacidade e capilaridade, os serviços em nuvem, que consomem mais banda, não serão viáveis para o público”

eduardo Neger, presidente da Abranet

goVeRNo QueR eQuIlIbRAR comPeTIção eNTRe gRANdeS e PeQueNAS TelcoS

18 dE aBril – fórum em brasíliao futuro da Internet no brasil

22 a 25 dE aBril – São PauloIII Semana NIc.br de metodologias de Pesquisa TIcs

13 a 17 dE MaiO – Rio de JaneiroWWW2013 - 22nd International World Wide Web conference

16 E 17 dE MaiO – São Pauloos desafios e oportunidades para os provedores de internet SVA e Scm

22 E 23 dE aGOstO – fortalezaos desafios e oportunidades para os provedores de internet SVA e Scm

21 a 24 dE OutuBrO – Rio de Janeiro futurecom 2013

rNp aMplia capacidadE dE rEdE EM sãO paulO

cONcOrrêNcia Mais lEal

NuvEM, uM passO EstratÉGicO para Os prOvEdOrEs

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entre aspas >

RAfAel dAVINI, dIReToR-geRAl do TeRRA No bRASIl, em eNTReVISTA excluSIVA à rEvista aBraNEt coNTA SobRe A lIdeRANçA e ATuAção do PoRTAl NA eNTRegA de coNTeúdo em dIVeRSAS PlATAfoRmAS, e comemoRA AS oPoRTuNIdAdeS de geRAR ReceITAS com AS NoVIdAdeS TecNológIcAS, Que ATRAem ANuNcIANTeS Ao SegmeNTAR A comuNIcAção PARA cAdA PúblIco

terra: o planeta internet de olho na consumerização

um dos líderes do segmento de mídia digital no Brasil, o Terra, empresa associada

Abranet, tem focado sua atuação na entrega de conteúdo em di-versas plataformas e na experiên-cia do usuário – que valoriza os vídeos – uma das principais ten-dências e apostas da companhia - e que enxerga nos dispositivos móveis e na quinta tela, tecnolo-gia conhecida como “Digital Out of Home”, instalada em estações da linha amarela do metrô de São Paulo e em estabelecimen-tos comerciais, oportunidades de negócios que podem alavancar as receitas no Brasil.

Em entrevista exclusiva à Re-vista Abranet, Rafael Davini, que em julho de 2012 foi no-meado diretor-geral do Terra no Brasil, conta as estratégias para fi-delizar o público-alvo, as apostas para os próximos anos e detalha algumas novidades e expecta-tivas do portal com a cobertura dos próximos eventos esportivos, como a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014.

AbrAnet: Sua chegada ao Terra foi em um momento estra-tégico, em que algumas mudanças

consolidaram a companhia como líder na área de mídia digital na América Latina. Pode nos contar mais sobre esse desafio?rafael Davini: Mudei para o segmento digital, pois sempre tive o sonho de trabalhar com esse meio. Vejo na internet um caminho sem volta – uma via de mão única, com um futuro pro-missor onde todas as platafor-mas, como rádio, TV, vídeo on--demand, TV conectada, celular e cinema convergem, e esse é o meio onde o Terra está inserido. Para nós, o grande desafio como um player de internet, que pas-sou – e passou bem – pela bolha da internet, é buscar inovação tecnológica e relevância para o consumidor, para que a audiên-cia continue conectada.

Como o portal se prepara para os próximos eventos esportivos?Tivemos uma experiência positi-va nos Jogos Olímpicos de Lon-dres e ficamos “na boca do povo” de maneira positiva, por entregar vídeo e informação de qualidade. E esse serviço não ajudou apenas o Terra, mas a internet no Brasil, e nos colocou em um novo pa-tamar de visibilidade e percepção

por parte do consumidor.Na Copa das Confederações e na Copa do Mundo de 2014, teremos uma pegada muito diferente e queremos propor-cionar ao internauta uma ex-periência de televisão – pois a televisão é aquele momento em que as pessoas estão juntas na sala, no bar, sendo a primeira tela acessada antes ou logo após os jogos, para que as pessoas ve-jam o que está acontecendo. Vamos fazer de uma manei-ra diferenciada dos outros anos, com uma cobertura transversal, com links de informações sobre os jogos com outras editorias, como moda, por exemplo. En-tão, enquanto o time do Sene-

gal estiver jogando, por exemplo, falaremos sobre os uniformes, as cores, a cultura, costumes. E isso vai alavancar nossa audiência e pode motivar as pessoas a assistir os jogos. Nesse sentido, a trans-mídia estará presente em nossa estratégia de cobertura.

Como avalia a concorrência com outros provedores de conteúdo, e qual o papel do Google e Redes Sociais na audiência?Devemos tentar conhecer e en-tender bem nosso consumidor, que busca o que é relevante para ele. Independe do meio, não importa se é um portal, emis-sora de TV aberta ou jornal, o desafio é fazer com que o

Para nós, o grande desafio como um

player de internet, que passou – e passou bem – pela bolha da internet, é buscar inovação tecnológica e relevância para o consumidor, para que a audiência continue conectada”

Rafael davini, diretor-geral do Terra no brasil

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consumidor permaneça. As mé-tricas, pesquisas e experiências jornalísticas mostram se estamos ou não no caminho certo.No Terra, conseguimos mensu-rar a audiência na home e dos canais. Para quem escreve, isso ajuda a saber se a matéria está ou não cativando o público, se a au-diência começa a cair a matéria é substituída; então, a tecnologia favorece o portal nesse sentido.Por outro lado, temos um movi-mento claro de novas empresas que falam que o Google e as re-des sociais são nossos concorren-tes. Até um determinado ponto sim, mas eles também são nossos fornecedores, pois utilizamos os serviços deles para dar mais re-levância aos nossos consumido-res. Essas plataformas não estão disponíveis apenas para nós, mas para qualquer empresa de mídia digital, pois eles desenvolvem tec-nologia acessível para todos, basta saber utilizar. Acho que o segredo

é saber explorar essas plataformas para aumentar a audiência.A internet, diferente dos outros meios, tem zero barreira de entrada e não tem fronteiras, então as em-presas que querem se destacar pre-cisam se dedicar, entender a dinâ-mica de mercado para monetizar e crescer, esse é o grande desafio de qualquer empresa.

O Terra tem investido na entrega de conteúdo de vídeo com a ado-ção de novas tecnologias, e é clara a expansão da companhia nesse segmento. Quais as expectativas com esse mercado no Brasil?O vídeo é uma tendência clara na internet, e hoje a tecnolo-gia permite a entrega de con-teúdo por esse meio bem perto da perfeição e precisão. É um canal estratégico, inclusive para lidar com nossos parceiros, pois podemos direcionar a publici-dade ao consumidor. Hoje, as pessoas consomem mí-

dia de formas diferentes, e divi-dem o tempo com outras plata-formas, e essa mudança na forma de consumo de conteúdo leva as pessoas a comprarem disposi-tivos capazes de passar vídeos, o que é positivo para nós.

E como avalia a entrega de con-teúdo por diversas plataformas? Vou falar um pouco dos televi-sores conectados; dados recentes confirmam que essa indústria vai crescer e chegar a 15 milhões de acessos esse ano, então, a pla-taforma estará presente na vida e no dia a dia das pessoas, que começarão a criar o hábito de usar a TV como mais um canal para acessar conteúdo, e isso não vai demorar 100 anos. Essa ge-ração interage com as mídias de maneira diferente e precisamos estar atentos para saber onde o público está, o que quer e o que podemos entregar de relevante. A tecnologia ajuda a atrair em-presas que buscam oportunida-des de se comunicar, por meio de mensagens direcionadas a essa audiência, e nosso desafio é saber utilizá-la a favor do nosso públi-co e do nosso anunciante.

O que pode ser considerado ino-vação na sua área e de que for-ma o Terra tem trabalhado com as novidades tecnológicas, como smartphones, tablets, por exemplo?Temos uma linguagem especí-fica de tablet, mobile, PC, TVs conectadas e para quinta tela – são quase mil na linha amarela do metrô em São Paulo, e mais de 2.2 mil telas em estabeleci-

mentos comerciais como bares, restaurantes, farmácias e cafés em algumas capitais. E essa rede de locais com conteúdos chama anúncios específicos. Então, a quinta tela é uma das platafor-mas que nos ajuda a trabalhar e conectar a audiência, e somos praticamente o primeiro portal que tem essa tecnologia funcio-nando a todo vapor. Essa tecnologia apoiará, inclusi-ve, o pacote de Copa do Mun-do, alavancará nossa audiência e promoverá nossa marca, inclusi-ve nas redes sociais, pois a quinta tela, principalmente no metrô de São Paulo, nos ajuda a alcançar milhões de pessoas por mês.

Especialistas e usuários criticam a infraestrutura de Telecom no Brasil, alegando ainda ser muito cara e de baixa velocidade. Como o Terra lida com esses desafios?Isso é uma barreira não apenas para nós. Obviamente o assun-to está na imprensa de uma forma extensa. Falando como consumidor e não como Terra, isso nos deixa infelizes, pois a banda larga entregue é bem in-ferior ao que se contrata, mas a Anatel está em cima e vai exi-gir que operadoras entreguem o mínimo, que é muito mais do que se entrega agora.Então, existe esse gargalo soma-do a dois grandes eventos nos próximos anos, com uma pro-messa de infraestrutura de tele-comunicações, em que o 4G vai começar a ficar disponível. Por outro lado, a internet está popu-larizada e eu tenho que come-

morar isso, mas a má experiência é perigosa, pois as pessoas ficam bravas com a demora na entre-ga do serviço e largam o dispo-sitivo por não conseguir acessar conteúdos como vídeos.

Além da oferta de conteúdo, quais outros serviços estão no plano de negócio da companhia no Brasil?Temos boas ofertas com espor-tes, como a F1 (Fórmula 1), os direitos de futebol de vários campeonatos como alguns da Europa; as semanas da moda em SP e RJ, e outras programações, como o blog do Tas. Estamos abertos a avaliar oportunidades de programação que estão dis-poníveis hoje. Fomos pioneiros nos programas ao vivo na home e o internauta consegue assistir futebol e deixar a janela do ta-manho que quiser, o que atrai pessoas que gostam desses canais.

Como o Portal avalia a oferta de conteúdos pagos, livres e mistos. Essa multiplicidade impacta no crescimento da base de assinantes?É impossível segurar o internauta

com o novo hábito de consumo e interatividade, e é preciso saber trabalhar com todas as frentes, apostando nas pessoas qualifica-das para levar algo relevante para os que buscam informações es-pecíficas. Dessa forma, a audiên-cia não apenas do canal, mas do Terra, pode ser mantida. E não é diferente de qualquer outro mo-delo de negócios de conteúdo, é preciso saber monetizar, caso contrário, você perde receita - e essa oferta deve ser rentável.

Quais as apostas do Terra no Brasil?Nos produtos de vídeo, pois a tendência é clara, e investimos no segmento; queremos embar-car tecnologia para a entrega de um produto eficaz e que otimize os investimentos dos nossos par-ceiros; agregar serviços de inter-net ou outros produtos conver-gentes. Também pensamos em serviços de e-wallet, capital de compra, e outros produtos que possam proporcionar oportuni-dades de negócios e geração de receitas para nós. Essas são nossas vontades e grande desafio.

Na copa das confederações e na copa do mundo de 2014 teremos uma pegada

muito diferente e queremos proporcionar ao internauta uma experiência de televisão, sendo a primeira tela acessada antes ou logo após os jogos. Vamos fazer de uma maneira diferenciada dos outros anos, com uma cobertura transversal”Rafael davini, diretor-geral do Terra no brasil

redação do terra

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entre aspas >tecnologia de ponta >

cReScImeNTo do coméRcIo oNlINe No bRASIl ImPulSIoNA ofeRTA de SoluçõeS de comPRA e PAgAmeNTo em dISPoSITIVoS móVeIS

Novo comércio, nova carteira

dispositivos móveis inteli-gentes são cada vez mais comuns. E esta afir-

mação é fácil de verificar: em qualquer grande aglomeração haverá sempre pelo menos uma pessoa – ou várias – deslizando os dedos em uma tela brilhante. Segundo um relatório divul-gado pela Cisco em feverei-ro, o número de smartphones, tablets, laptops e telefones co-nectados ultrapassará o de pes-soas no mundo até o fim de 2013, ou seja, serão pouco mais de sete bilhões de dispositivos.

Este número atrai a atenção de um ecossistema de empresas que vai muito além das fabrican-tes de dispositivos e das operado-ras de telecomunicações. Entre os segmentos que mais apostam na mobilidade estão o de co-mércio eletrônico e, na rabeira, o de pagamentos online e móveis. Seria hora de aposentar a velha carteira de couro?

“É um pouco cedo para afir-mar isto. O pagamento móvel é um mercado promissor, mas ainda bastante embrionário”, ponde-ra a gerente de desenvolvimento de negócios para ecossistemas da Nokia, Izabel Zafrolim. Segun-

do ela, já existem várias empresas desenvolvendo projetos-piloto de pagamento via celular, mas ainda não existem soluções massificadas disponíveis no Brasil.

Ricardo Dortas, diretor do PagSeguro (empresa do grupo UOL especializada em pagamen-tos online), concorda que o po-tencial do telefone celular como ferramenta para troca de valores é grande. “Ele traz alguns dos atri-butos necessários: alcance univer-sal (é difícil encontrar quem não tenha um celular), alta tecnologia (hoje smartphones são um com-putador portátil), segurança e custo acessível”, explica.

Esta tendência é confirmada por consultorias e institutos de pesquisa. O Gartner, por exem-plo, prevê que até 2015 cerca de 33% das marcas de consumo globais utilizarão aplicativos de pagamentos móveis, movidos principalmente pela necessidade de acompanhar a busca por uma nova experiência de compra que parte dos próprios clientes.

Até mesmo o governo brasi-leiro aposta na ideia. O ministro das Comunicações, Paulo Ber-nardo, anunciou no ano passado que o governo estuda um sistema

duas vezes maior (262 milhões). O Ministério das Comunica-ções, em parceria com o Ban-co Central, será responsável pela elaboração da proposta legal para inclusão da nova modalidade no Sistema de Pagamentos Brasileiro.

“O mercado brasileiro é um dos mais promissores do mun-do para pagamentos móveis. A principal razão é pelo número de aparelhos celulares existentes no País, que supera o da própria população”, concorda Dortas. “O progresso do nosso mercado também tende a acelerar na me-dida em que aumente o número de smartphones.”

iNiciativasNFC: boa parte do futuro dos pa-gamentos móveis passa por esta si-gla. A tecnologia de comunicação de dados por proximidade (tra-dução livre para near field com-

o mercado brasileiro é um

dos mais promissores do mundo para pagamentos móveis”

Ricardo dortas, diretor do PagSeguro

o gartner prevê que até 2015 cerca de 33% das marcas de consumo globais utilizarão aplicativos de pagamentos móveis

munications) permite transações financeiras entre smartphones compatíveis. Quase como uma tradicional compra com dinheiro, mas sem as notas de papel.

Muitas empresas já possuem projetos ou produtos relaciona-dos à tecnologia NFC. O Pag-Seguro, por exemplo, lançou em 2012 o PagSeguro NFC, fruto de uma parceria entre o integra-dor de pagamentos do UOL e a fabricante Nokia. Assim, ao rea-lizar compras em estabelecimen-tos que possuem equipamentos compatíveis, o pagamento pode ser realizado com a aproximação do aparelho celular ao terminal.

No sistema utilizado atual-mente pela Nokia, o comprador e o vendedor devem ter instala-do no celular o aplicativo gratui-to PagSeguro NFC, desenvolvi-do pelo INdT (Instituto Nokia de Tecnologia). No momento

da compra, o vendedor digita o valor da transação no celular do estabelecimento e solicita que o comprador aproxime o aparelho para a validação.

“O consumidor brasileiro está começando a buscar alter-nativas de pagamento móvel que facilitem e agilizem sua ro-tina”, explica Izabel Zafrolim, da Nokia. “Atualmente temos vá-rios aparelhos compatíveis com NFC no Brasil, inclusive os no-vos smartphones com Windows Phone 8 da família Lumia”.

O novo sistema operacio-nal móvel da Microsoft, aliás, é a grande aposta da Nokia para tomar a dianteira não só no mercado de celulares, mas tam-bém no de pagamentos móveis. Izabel explica que, além de com-patíveis com NFC, os aparelhos com Windows Phone 8 trazem embarcado o aplicativo Carteira, em que o usuário pode armaze-nar cupons, ingressos, cartões de crédito e afiliações.

cOMOdidadE“Sim, o consumidor brasileiro espera fazer e pagar pelas com-pras no celular ou no tablet, e já utiliza esses aparelhos para bus-car produtos, comparar preços e obter informações”, enfatiza

Abranet > 1312 < Abranet

de pagamento eletrônico móvel integrado, chamado de “carteira eletrônica”, que visa facilitar o acesso da população ao sistema bancário nacional. Bernardo jus-tifica a ideia dizendo que o Brasil possui atualmente 120 milhões de brasileiros com contas ban-cárias. Enquanto isso, o número de conexões móveis é mais de

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entre aspas >tecnologia de ponta >

BlueOne_Anuncio_ok_CV.pdf 1 28/11/2011 11:38:56

A comodidade vence qualquer

barreira”

guga Stocco, vice-presidente do buscapé company

Atualmente, o centro de pesquisa e desenvolvimento do buscapé direciona 80% dos recursos para produtos de mobilidade, e os demais 20% para a web

o diretor do UOL PagSeguro, Ricardo Dortas. “Na medida em que a navegação nos celulares for facilitada, eles esperam fina-lizar os pagamentos no mesmo aparelho, o que torna o processo mais rápido e a experiência sig-nificativamente melhor.”

O executivo explica que, uma vez que o interesse dos consumidores por esta modali-dade de pagamento cresce, tam-bém aumenta o interesse dos lojistas online. O entendimento é de que, conforme as pessoas acessem cada vez mais a internet por meio de dispositivos móveis, o comércio eletrônico também evolua nesse sentido.

“O PagSeguro tem todas as páginas adaptadas para apare-lhos móveis, incluindo o che-ckout. Isso significa que nossos clientes têm uma experiência de navegação apropriada para celu-lares e tablets”, explica Dortas. A empresa adota na web e nos dispositivos o mesmo modelo de negócio e os mesmos princípios de oferta de serviço.

tOdas as FichasOutra empresa que aposta forte-mente na influência dos dispo-sitivos móveis no varejo do fu-turo é o Buscapé: recentemente a companhia lançou o serviço Comprar Agora, que permite ao consumidor finalizar uma com-pra dentro do próprio buscador com apenas dois clicks, ou seja, sem a necessidade de visitar o site do varejista. O novo produ-to encontrou grande adesão dos usuários de dispositivos móveis.

“O ticket médio das compras feitas pelo celular chega a ser três vezes maior que o das compras pela web”, diz o vice-presiden-te do Buscapé Company, Guga Stocco. “Fizemos algumas liga-ções para as pessoas que compra-ram pelo celular e percebemos algumas variações”, conta.

Entre os clientes móveis do Buscapé estão pessoas que não tem computador, ou não o usam com frequência. Em outros ca-sos, o cliente estava em uma si-tuação em que o uso do compu-tador não era cômodo. Na cama, por exemplo, antes de dormir. “A comodidade vence qualquer barreira”, pondera Stocco.

Atualmente, 10% dos acessos dos consumidores registrados pelo Buscapé acontecem em dispositivos móveis. Apesar de expressiva, a empresa considera essa penetração pequena devido à baixa qualidade das conexões de banda larga móvel no País. Stocco prevê que, em três anos, 50% do faturamento do Buscapé virá de plataformas móveis.

Para alcançar este objetivo, a empresa trabalha no desenvol-vimento de novas tecnologias móveis. O centro de pesquisa e desenvolvimento do Buscapé atualmente direciona 80% dos recursos para produtos de mobi-lidade, e os demais 20% para a

web. A estratégia agressiva inclui inclusive a possibilidade de aqui-sição de novas empresas.

“Temos um roadmap com vá-rias características que precisam ser desenvolvidas ou empresas ad-quiridas para que completemos a visão que temos do futuro do co-mércio móvel”, diz Stocco. “Isso mostra que teremos muitas novi-dades vindas desta área.”

Empresas associadas à abranet:uOl pagseguro, Nokia e Buscapé

14 < Abranet

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Abranet > 1716 < Abranet

um grande aumento no tráfego de dados móveis é esperado para os próximos

quatro anos: cerca de 13 vezes mais do que a rede recebeu até 2012. É o que diz a pesquisa da Cisco, Visual Networking Index (VNI) Móvel, que afirma que o tráfego global pode chegar a 134 exabi-tes por ano até 2017, ou seja, 134 vezes mais do que todo o tráfego IP gerado durante o ano 2000. Para dar vazão a este alto volume de informação, as redes WiFi estão sendo cotadas como ferramentas complementares às redes móveis.

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bAReS, ReSTAuRANTeS, VIAS PúblIcAS e uNIVeRSIdAdeS começAm A RecebeR INSTAlAçõeS de RedeS WIfI, mAS PAíS AINdA é TímIdo NA Adoção de SoluçõeS offloAd dAS RedeS móVeIS e doS hoTSPoTS

do da Amdocs, na América Latina, Ásia-Pacífico, Europa e América do Norte, a busca por aprimorar a tecnologia é a mesma.

Outra pesquisa da Cisco, in-titulada “O que as pessoas espe-ram do WiFi”, afirma que a dis-ponibilidade do serviço pode reduzir o churn nas operadoras, pois a rede tem se tornado par-te integrante das comunicações, provando ser, o investimen-to inclusive prioritário para os players de SVA e SCM. “O WiFi ainda é um investimento tímido no Brasil, por causa de outras prioridades como o 4G. Mas as oportunidades são claras tanto para as operadoras gran-des quanto para as pequenas”, afirma Lima, da Cisco.

Segundo ele, há áreas onde os grandes players não têm interesse em entrar, abrindo espaço para os menores. “Embora a aquisição de um hotspot seja relativamente simples, os custos da banda larga se tornam um gargalo para esses pequenos provedores e acredito que deveria haver uma políti-ca para ajudar a tornar viável o custo do backhual e backbone”, analisa o executivo da Cisco.

O estudo feito pela fabrican-te também destaca que para os usuários, as principais vantagens são a velocidade (75%), segurança (55%), cobertura (35%) e baixo custo (25%), sendo que os en-trevistados podem até mudar de operadora se a concorrente incluir hotspot gratuito em sua oferta.

EFEitO cascata A popularização de dispositivos móveis no Brasil trouxe o aumen-to no tráfego 3G em congestio-namentos na rede em horários de pico mas, por outro lado, resultou em novos investimentos em WiFi em locais públicos e acelerou a chegada do 4G, prevista para 2013 em algumas cidades. “Vemos as re-des 3G super lotadas, e a chegada do 4G no Brasil vai trazer capaci-dade e experiência que existe em outras partes do mundo. Mesmo assim, o WiFi não deve ser apenas um acessório para complementar essas redes”, analisa Jussi Koria, di-retor de vendas para operadoras da Ruckus Wireless.

Wang, da Amdocs, comple-menta: “o principal desafio para o Brasil é atender os dois extre-mos - regiões pouco povoadas e extremamente densas. Em shop-ping centers, aeroportos e vários locais em São Paulo, há usuários demandando dados de forma in-tensa, então, um dos maiores pro-blemas é a capacidade da rede”.

No Brasil, dos 63 aeropor-tos administrados pela Infraero (Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária), 43 já possuem WiFi, e em 12 desses terminais, situados nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pa-raná, Ceará, Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais, Amazonas, Rio Grande do Norte e Per-nambuco, a internet é gratuita nas salas de embarque.

Segundo a empresa, o serviço

Para especialistas em telecom, a tecnologia deve entrar no pilar das estratégias de operadoras.

Segundo Luiz Lima, diretor da área de consultoria estraté-gica da Cisco, o WiFi é uma al-ternativa, que traz a vantagem de ser uma “rede consolidada”, pois atende a maioria dos dispositivos e as necessidades de mobilidade. “É mais prático, e de baixo cus-to”, complementa.

A tese é confirmada em um estudo feito pela Amdocs, segun-do o qual 89% das operadoras em todo o mundo já enxergam

no WiFi a oportunidade para aumento das receitas. “Em 60 segundos acontecem quase 60 mil pesquisas no Google e 168 milhões de emails são enviados, há 13 mil horas streaming no Pandora e 370 mil minutos de chamadas de voz no Skype. En-tão os dados estão cada vez mais críticos e isso vai mudar a forma de trabalho das operadoras, pois quase tudo será visto sobre IP”, analisa Nelson Wang, vice-presi-dente da Amdocs.

E isso não está restrito apenas aos países desenvolvidos. No estu-

do congestionamentodos celulares?

será o fim

o Wifi ainda é um investimento tímido

no brasil por causa de outras prioridades como o 4g. mas as oportunidades são claras tanto para as operadoras grandes quanto para as pequenas”

luiz lima, diretor da área de consultoria estratégica da cisco

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foi disponibilizado após uma convocação pública, em dezem-bro de 2011. Tim, Net e Linktel oferecem o serviço. Atualmente uma nova convocação já está nos planos, segundo a Infraero. “Pre-tendemos ampliar o serviço para outros aeroportos, devendo, para isso, realizar outra convocação pú-blica”, afirma a assessoria de im-prensa da Infraero em comunica-do enviado à Revista Abranet.

Grandes players da internet também enxergam nas redes WiFi oportunidades de investimentos. Não é novidade que o Google, por exemplo, tem investido na formação de uma infraestrutura dentro e fora dos Estados Uni-dos – onde a empresa adquiriu a ICOA e oferece o serviço em áreas públicas de alta densidade, como em aeroportos e universi-dades – como também no Brasil.

O grupo disponibilizou inter-net gratuita em 150 bares nas re-giões Sul e Sudeste que promete atender mais de dois milhões de usuários. Por outro lado, também começa a crescer a conectivi-dade em praias e universidades. “Veremos o WiFi em mais luga-res como ruas e praças, um mo-vimento que começou, há um tempo, como forma de inclusão digital em ambientes abertos e fe-chados”, diz Lima, da Cisco.

A demanda, segundo ele, exis-te em qualquer lugar. “Até igre-

jas e agências bancárias. No fun-do, este é apenas um reflexo de como as pessoas vêem o uso da internet. Por isso cada vez mais haverá disponibilidade em qual-quer lugar e a qualquer hora”, conclui o executivo da Cisco.

Recentemente, a orla do Rio de Janeiro ganhou internet gratuita da Linktel e, ainda esse ano, a tecnologia estará dispo-nível nas praias do Leblon, São Conrado, Arpoador e no início da Barra da Tijuca. Em Salvador, o carnaval também teve desta-que e o serviço foi instalado pela prefeitura local, com um projeto que contou com 18 pontos de acesso, incluindo pontos turís-ticos, como Farol da Barra e o Largo do Pelourinho.

As universidades também es-tão se mobilizando para oferecer conexão a professores, alunos e visitantes. Um movimento que impacta, inclusive, no relaciona-mento dos alunos com a insti-tuição, segundo os especialistas. Entre os projetos, está o feito pela Aerohive, que implantou na Uni-mep (Universidade Metodista de Piracicaba) pontos de acesso para atender cerca de oito mil alunos.

A Ruckus Wireless instalou o serviço na faculdade de tecno-logia Bandtec e, no ano passado, firmou um acordo com o proje-to EducarBrasil para instalar redes sem fio em 25 escolas no País.

o principal desafio para o

brasil é atender regiões pouco povoadas e extremamente densas. em shopping centers, aeroportos e vários locais em São Paulo, há usuários demandando dados de forma intensa. então, um dos maiores problemas é a capacidade da rede”

Nelson Wang, vice- presidente da Amdocs

embora o Wifi esteja ganhando espaço no brasil, os gargalos técnicos desafiam as empresas, e questões de autenticação, roaming e infraestrutura entram em pauta

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Revista Abranet 5 - NEGER Anúncio 2-1.pdf 1 20/3/2013 11:32:32

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Abranet > 2120 < Abranet

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sEGuraNça E MOBilidadEMas, embora a tecnologia es-

teja ganhando espaço no Brasil, os gargalos técnicos desafiam o setor de telecomunicações, e questões de autenticação, roa-ming (nacional e internacional) e infraestrutura entram em pauta, pois muitas vezes a instabilidade do serviço afasta os usuários.

Wang, da Amdocs, explica que os problemas com roaming são antigos, e ressalta que é preci-so haver investimentos por parte das operadoras móveis. “Caso contrário, isso será crítico nos eventos esportivos, pois os cus-tos elevados do serviço também deixam usuários insatisfeitos”.

Ele ressalta que o roaming deve multiplicar 10 ou 15 vezes mais com esses eventos. “É preciso se preparar e buscar soluções para li-

Investir em soluções mistas

com small cells e Wifi pode ser uma forma de aliviar o tráfego de dados na rede, mas apesar de os dispositivos móveis já terem sinal de Wifi, eles usam uma frequência diferente e sofrem interferências”

fabiano chagas, gerente de produtos da dragonWave para América latina

No meu ponto de vista as

tecnologias deverão coexistir, pois o 4g não será suficiente para suprir a demanda. Acredito que, em 2013 e 2014, haverá um “boom” das redes Wifi no brasil”

Jussi Koria, diretor de vendas para operadoras da Ruckus Wirelessdar com a rede, tarifação e atendi-

mento. E, além disso, será preciso saber lidar com o pico de consu-mo de voz, dados e vídeo”, alerta.

Um dos problemas gerados pelo alto consumo é a interfe-rência, que se justifica pela atual infraestrutura de telecomuni-cações do País. “Acho que um dos principais gargalos é a in-fraestrutura de transporte, pois o WiFi é uma tecnologia de aces-so e quanto mais pessoas usarem, maior será a demanda por infra-estrutura comum, que suporta todos os acessos”, diz o diretor da área de consultoria estratégica da Cisco do Brasil, Luiz Lima.

Segundo ele, será preciso in-vestir fortemente no backbone ótico. Um aporte que, por um lado, deve ocorrer por parte das operadoras e, por outro, deve ser

iNtErNEt Grátis EM 12 aErOpOrtOs, NOs EstadOs dE:

São Paulo Rio de Janeiro Paraná ceará Rio grande do Sul bahia minas gerais Amazonas Rio grande do Norte Pernambuco

usuários podem até mudar de operadora se a concorrente incluir hotspot gratuito na oferta

feito pelo governo, que pode criar mecanismos de incentivo para esse tipo de investimento.

Fabiano Chagas, gerente de produtos da DragonWave para América Latina, dá a solução para reduzir interferências em locais de grande concentração de pes-soas: “é possível balancear a rede com células inteligentes em gran-des eventos, como shows e jogos de futebol, por exemplo”. Essas células, diz ele, podem distribuir o tráfego e dar mais capacidade para as demais até o evento aca-bar. “Depois disso, elas voltam a ter o mesmo mecanismo e capa-cidade de antes. E isso ajuda a dar mais fluidez à rede”, ressalta.

O especialista também de-fende o uso das small cells, tec-nologia que usa pequenas “cé-lulas” para ampliar a largura de

banda e melhorar a qualidade na transmissão de dados, em con-junto com o WiFi, que pode desafogar o tráfego na rede mó-vel e melhorar a comunicação do usuário com a rede. “Investir em soluções mistas com small cells e WiFi pode ser uma for-ma de aliviar o tráfego de dados na rede, mas existem vantagens e desvantagens. O WiFi usa uma frequência diferente do small Cell, que ainda precisa fazer uma regulação de interferência para funcionar, e os dispositivos móveis já têm o sinal do WiFi, mas por usar uma frequência di-ferente, a tecnologia sofre inter-ferências”, explica Chagas.

Mil MilhoRAS

de STReAmINg No PANdoRA

de chAmAdAS de Voz No SKyPe

13 370

usuários utilizam WiFi no aeroporto do Galeão,

no rio de janeiro

sEGuNdOs MilhõEs

AcoNTecem QuASe 60 Mil pEsquisas

No google

de emAIlS São eNVIAdoS

60 168

Empresas associadas à abranet:Google e linktel

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Abranet > 2524 < Abranet

conexão cdN >

q uem nunca enfrentou lentidão na hora de ver um vídeo na internet,

que atire a primeira pedra. Inde-pendentemente da velocidade de conexão, o internauta invariavel-mente sofre com isso e se ressen-te de um amor mal resolvido.

Por isso que, há 10 anos, hou-ve um grande crescimento de um segmento de mercado mui-to específico dentro da área da internet e que aproveitou as de-ficiências do sistema ao ajudar os provedores de dados a melhorar a experiência do usuário com a qualidade da informação que é fornecida em vídeos, fotos, tex-tos e até softwares. Pelo fato de criarem soluções para a entre-ga da informação, esse mercado ficou conhecido como CDN, sigla que em inglês significa Content Delivery Network, ou Rede de Distribuição de Con-teúdo. De acordo com dados levantados pela empresa brasi-leira CDNBR, 1,2 milhão de websites utilizam essa tecnologia.

A estimativa é que o tráfego de dados que passam por um sistema de CDN cresça 400% até 2015.

O baterista Fernando Baggio é um exemplo de alguém que precisa usar vídeos muitas vezes em suas aulas na Escola de Mú-sica Souza Lima. Segundo ele, apesar de ter uma internet de 10 megas ele enfrenta problemas. “Como eu uso muito o YouTu-be, todos os dias tenho proble-mas. Sempre que um aluno quer tocar ou me mostrar um vídeo, trava”, explica o músico, que também é baterista da banda de jazz contemporêneo RdT. “Para transferência de arquivos pesados então, acabo sempre fazendo à noite. Tem rádios europeias, por exemplo, que pediram o novo cd do RdT para tocar por lá, e pe-diram para enviar digitalmente! Vou dizer que é quase mais fácil mandar por carta.”

Segundo Eduardo Parajo, dono da CDNBR e diretor Presidente do Conselho Consultivo Superior da Abranet, o CDN pode colabo-

Além de distribuir conteúdo

próximo do usuário, você ajuda os grandes provedores de conteúdo a não precisar investir tanto em recursos computacionais para responder à demanda, porque tira a carga do servidor de origem”

eduardo Parajo, dono da cdNbR e diretor Presidente do conselho consultivo Superior da Abranet

coNTeNT delIVeRy NeTWoRK, ou Rede de dISTRIbuIção de coNTeúdo, AJudA A ReduzIR o cuSTo de INVeSTImeNToS em RecuRSoS comPuTAcIoNAIS e melhoRAR A exPeRIêNcIA do uSuáRIo fINAl

Mercado de cdN crescerá 400% até 2015

rar para reduzir esses problemas. O sistema, explica ele, é composto de uma rede com vários servido-res espalhados ao redor do mundo. E quando um internauta acessa um conteúdo como um vídeo no YouTube, o sistema identifica a localização geográfica do usuário, colocando o PC do usuário em contato com um servidor que es-teja mais próximo de sua localiza-ção. A ideia é ter servidores espa-lhados em regiões de um país ou no mundo que “espelham” o con-teúdo gerado pelo servidor fonte. Esse espelhamento ajudaria a car-regar as informações para o cliente.

“Cada dia vem crescendo mais esse mercado”, explica Parajo.

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conexão cdN >

“Além de distribuir conteúdo próximo do usuário, você ajuda os grandes provedores de conteúdo a não precisar investir tanto em recursos computacionais para res-ponder à demanda, porque tira a carga do servidor de origem. Se você é uma Microsoft e lançou a atualização do Windows, se todo mundo for lá para baixar, o recur-so computacional teria que ser gigantesco. Quando se usa CDN, ele reduz as chamadas e os recur-sos computacionais, minimizando o investimento em servidores no seu site principal.”

A redução do custo de inves-timentos em recursos computa-cionais é válida, mas na visão de Parajo o importante do sistema é melhorar a experiência do usu-ário final com a utilização dos dados que está buscando na in-ternet, reduzindo a chamada la-tência, que são os milisegundos que podem fazer a diferença no momento da transmissão. “Acho que a métrica de valor é uma coisa até interessante, mas a mé-trica de você ter o seu usuário melhor atendido e recebendo informação rapidamente é mui-to mais eficiente do que você reduzir o custo ou não.

content delivery Network (cdN)

dEFiNiçãO

FatO

usOs

dirEçãO

BENEFíciOs

razõEs para usar cdN

rEsultadOs

content delivery Network (cdN) é um sistema de computadores que contém cópias de dados divididos em vários pontos da rede. Quando adequadamente planejado e implementado, o cdN melhora a performance do acesso aos dados aumentando o cache pelo aumento da banda disponível, provendo uma grande melhora.

1.206.138websites usam cdN

• Distribuição de mídia

• é esperado que o tráfego mundial cresça até 2015

• Velocidade• Diversidade geográfica• Capacidade• Escala• Segurança

• não tenha mais problema com

alta demanda de tráfego

cdN entrega o conteúdo pelo menos 5x mais rápido

cdN é geograficamente dividido em pontos por todo o mundo, e o tráfego pode facilmente ser redirecionado em caso de problemas

• em 2015 o tráfego de vídeos na internet atingirá o patamar de 1.000.000 de vídeos por minuto

• cerca de 32% dos ataques hackers utilizam o método de doS (denial of Service)cdN reduz o efeito dos ataques

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5x Mais rápidO

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de acordo com dados levantados pela empresa brasileira cdNbR, 1,2 milhão de websites utilizam essa tecnologia

• Distribuição de arquivos grandes

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política marco civil >

Neutralidade da rede: ape-sar de um certo consen-so entre as empresas de

internet em todo o mundo, pa-rece que, no Brasil, o tema ain-da deve gerar debates bastante acalorados entre os defensores do princípio – contido no pro-jeto do Marco Civil da Internet (MCI) – e as operadoras de te-lecomunicações. Foi exatamen-te o que aconteceu durante a Campus Party 2013.

Um dos debates do evento antepôs Alexander Castro, dire-tor de regulamentação do Sin-diTelebrasil (Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pesso-al), e Eduardo Parajo, integrante do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e presiden-te do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Inter-net (Abranet), além de Carlos Afonso, integrante do CGI.br e diretor do Instituto Nupef. O assunto, é claro, foi o princípio de neutralidade de rede, que emperra desde o ano passado a votação do Marco Civil da In-

NA cAmPuS PARTy, PRINcíPIo colocA em lAdoS oPoSToS oPeRAdoRAS e emPReSAS de INTeRNeT; ATIVISTAS Pedem PReSSA NA APRoVAção do mARco cIVIl

Neutralidade de rede gera debates acalorados

ternet no Congresso Nacional.Castro criticou o artigo 9 do

projeto do MCI, que estabelece a neutralidade de rede. Para o executivo, a redação deveria ser mudada, pois ela limita o leque de serviços possíveis de serem oferecidos pelas operadoras.

O representante do SindiTe-lebrasil acusou o texto do MCI de limitar a competição e a livre iniciativa entre as empresas de telecomunicações, pois não seria possível ofertar serviços custo-mizados para diferentes perfis de usuários. “As empresas poderiam oferecer serviços diferenciados para empresas que pudessem pa-gar por eles, sem prejuízo para os demais usuários”, ponderou.

Segundo ele, estas limitações afe-tariam a capacidade de investimen-to das operadoras em infraestrutura de rede, cada vez mais necessária devido a popularização dos acessos.

Castro defendeu que o texto do projeto passe a incluir a possibilida-de de restrição de conteúdos com consentimento dos usuários.

cONtraGOlpEOs argumentos das operadoras foram questionados pelos outros debatedores e por ativistas. Para Eduardo Parajo, da Abranet, o conceito de neutralidade é bas-tante claro, e o atendimento das exigências das operadoras gera-ria um no risco de censura base-ada no tipo de pacote trafegado entre os usuários da rede.

“Os planos como existem atualmente incluem as diferen-ciações necessárias, disse Parajo. Segundo ele, do jeito que está, o Marco Civil ainda torna possível às operadoras oferecer serviços conforme o perfil do usuário.

“Um plano que preveja acesso apenas a redes sociais não fere a

neutralidade. Mas quem comprar capacidade de acesso deve poder fazer o que quiser”, defendeu. Além disso, segundo o membro do CGI.br, a proposta do SindiTelebrasil causaria enorme prejuízo às novas empresas, que não poderiam pagar por acesso privilegiado à rede.

Parajo ressaltou que a própria Lei Geral de Telecomu-nicações estabelece entraves que não permitem a discrimi-nação de tráfego, e que o papel do Marco Civil é trazer o mesmo conceito para a internet.

Segundo a deputada federal manuelda d’ávila (Pcdob/RS), a legislação deve voltar ao plenário para votação em abril

artigo 9 do Marco civil é ponto de discórdia entre

operadoras e defensores da web

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MarcO civilembora parte dos ativistas presentes durante a campus Party tenha acusado frontalmente as operadoras de em-perrarem, por meio de lobby, a aprovação do marco civil da Internet no congresso, a deputada federal manuelda d’ávila (Pcdob/RS) disse que a demora pela tramitação na câmara se deve à complexidade da matéria e à falta de conhecimento dos deputados. No entanto, reconheceu que houve pressão. “há interesses econômicos sobre o projeto, mas ele foi a Plenário em uma época na qual já se tinha um direcionamento para não votar mais nada”. Segundo ela, a legislação, uma das “mais avançadas do mundo”, deve voltar ao Plenário para votação em abril.

demi getschko, diretor-presidente do Núcleo de Infor-mação e coordenação (NIc.br), do comitê gestor da In-ternet no brasil (cgI.br), defendeu a aprovação rápida do projeto, inclusive da neutralidade de rede. “A constituição diz que todos são iguais perante a lei, por isso acredita-mos que a rede deve ser neutra”, defendeu.

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Abranet > 3130 < Abranet

sustentabilidade >

o facebook está construindo um data center na Suíça usando energia limpa, e empresas como a dell e a hP têm 56,3% e 19,4% de energia renovável, respectivamente

Ana cerqueira, diretora de Vendas da dimension data brasil, lembra que muitas empresas estudam a alocação de seus dados em data centers em países que possuem fontes de energia renováveis

Ana cerqueira, diretora de Vendas da dimension data brasil

O uso da computação em nuvem (Cloud Com-puting, em inglês) pode

contribuir com os principais pilares da sustentabilidade, aju-dando na redução do consumo de energia elétrica, na busca por fontes renováveis de energia e na redução do lixo eletrônico.

Ana Cerqueira, diretora de Vendas da Dimension Data Bra-sil, lembra que muitas empresas estudam a alocação de seus da-dos em data centers em países que possuem fontes de energia renováveis ou seguem o concei-to “Seguindo o Sol” (Following the Sun, em inglês), e direcio-nam automaticamente dados para data centers onde a energia é mais barata à noite. Mas o Gre-enpeace, em relatório de 2012 (How clean is your cloud?), diz que as grandes empresas do se-tor de falta de transparência na divulgação de dados sobre o uso de energias renováveis, e acusa algumas delas de sustentar suas

Redução do lIxo eleTRôNIco e de eNeRgIA eléTRIcA São AlgumAS dAS VANTAgeNS

Sustentabilidadenas nuvens

nuvens com energia suja, como carvão, embora o Facebook es-teja construindo um data center na Suíça usando energia limpa e empresas como a Dell e HP têm 56,3% e 19,4% de energia renovável, respectivamente.

Camila Kamimura, geren-te de marketing de produtos IaaS&PaaS da Locaweb, concor-da com os impactos positivos da computação em nuvem para a sustentabilidade. Segundo ela, an-tes dessa tecnologia uma empre-sa precisava planejar a criação de um data center de forma a prever o crescimento da companhia e o aumento da demanda pelo servi-ço. Os data centers eram super-dimensionados e a empresa, além de desembolsar mais para colocar o projeto em prática, pagava pela manutenção de servidores que nem sempre eram necessários até aquele momento.

A própria Locaweb, que oferece o serviço de compu-tação em nuvem para clientes e tem hoje oito mil servidores virtualizados, teve uma redução de 80% na sua conta de ener-gia, o que tem relação também com a evolução tecnológica do servidor. Além da alta capacida-de de processamento das novas

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A capacidade computacional que

se consegue hoje em um metro quadrado do data center, equivalia a quase um campo inteiro de futebol anos atrás

camila Kamimura, gerente de marketing de produtos IaaS&PaaS da locaweb

valia a quase um campo inteiro de futebol anos atrás. O ‘cloud’ consegue concentar uma capa-cidade maior em menor espa-ço físico. Com uma economia de 80% no gasto de energia e a redução de espaço físico, eu te-nho muito menos esforço para fazer manutenção da área em data center e consigo reduzir custos e repassar para o cliente.”

Com a evolução da tecnolo-gia e a virtualização de servido-

res há também a perspectiva de se reduzir o número de servi-dores obsoletos descartados. De acordo com estudo “O Impacto Global do Lixo Eletrônico: Li-dando com o Desafio”, da Or-ganização Internacional do Tra-balho (OIT), cerca de 40 bilhões de toneladas de lixo eletrônico são acumulados todo ano.

máquinas, o uso inteligente re-duz o processamento para um número menor de máquinas, dissipando menos calor e oti-mizando os gastos com o ar--condicionado para manter a temperatura ideal aos equipa-mentos. “Para exemplificar, a capacidade computacional que se consegue hoje em um metro quadrado do data center, equi-

Empresas associadas à abranet:Facebook e locaweb

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Abranet > 3332 < Abranet

dezenove anos era a ida-de de Mark Zuckerberg quando colocou no ar,

em fevereiro de 2004, com alguns colegas de alojamento da Univer-sidade de Harvard, a rede social Facebook. A plataforma, nascida para permitir o contato entre os alunos da instituição, alcançou a expressiva marca de 1 bilhão de usuários globais em menos de 10 anos. As receitas anuais ultrapassa-ram US$ 5 bilhões em 2012.

Tamanho sucesso dependeu não só do espírito empreende-dor dos estudantes, mas também de um ambiente de estímulo à inovação e ao surgimento de novos negócios.

FOMENtOEmpreender não é tarefa fá-cil. Mesmo assim, não para de crescer no Brasil o número de pessoas interessadas em ter um negócio próprio. Segundo uma pesquisa feita em 2012 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Se-brae), em parceria com o Ins-tituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), quase 44% dos brasileiros quer abrir um negócio, frente aos 25% que pretende seguir carreira em em-presas já estabelecidas.

Outro dado relevante é que os novos negócios estão cada vez mais concentrados nas mãos de jovens

E a Campus Party, evento tec-nológico que atrai anualmente ga-mers, cientistas, políticos, empresá-rios e outros atores do setor digital, tem o empreendedorismo como um dos principais temas. Grande palco exclusivo para discussão do assunto, o evento reuniu represen-tantes de startups de sucesso, enti-dades de apoio e aceleradoras.

“A importância de apoiar e oferecer oportunidades para startups é uma das razões da Campus Party existir, mostrando ao público-alvo que seus proje-tos e ideias podem sim dar cer-to e tornarem-se um negócio”, pondera Mario Teza, diretor-ge-ral da Campus Party.

inovação >

JoVeNS bRASIleIRoS INVeSTem cAdA Vez mAIS cedo No SoNho do NegócIo PRóPRIo; eVeNToS como A cAmPuS PARTy AJudAm A eNcoNTRAR o cAmINho

Terreno fértil para o empreendedorismo

Quase 44% dos brasileiros querem abrir um negócio, frente aos 25% que pretendem seguir carreira em empresas já estabelecidas

entre 25 e 34 anos, que respondem pela criação de 33,8% das empresas.

“Entretanto, não basta ter uma boa ideia: as coisas têm seu modo de funcionar. Entre os jovens em-preendedores que estão se lan-çando na Campus Party há uma carência muito grande de técnicas de gestão, no caso de negócios já constituídos. Entre os novos há de se discutir muito o modelo, pas-sando por identificação de pos-sibilidades de mercado, pesquisa etc”, explica o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos San-tos. Pelo terceiro ano consecutivo,

a entidade participou da Cam-pus Party com painéis, palestras, orientação técnica aos interessa-dos e premiações.

Uma destas ações foi a Ma-ratona de Negócios, competição em que os participantes desenvol-veram protótipos ou modelo de projetos para apresentação a in-vestidores. As ideias deveriam ser úteis para a realização dos grandes eventos esportivos que o Brasil se-diará nos próximos anos. Todas as 36 equipes finalistas foram laurea-das pela comissão julgadora.

Segundo o Sebrae, a premia-

ção vai permitir que os empre-endedores mantenham o tra-balho de aprimoramento dos projetos, começado com a asses-soria técnica na própria Campus Party. Além disso, participarão gratuitamente do Empretec, pro-grama de capacitação oferecido pelo Sebrae, também concedido aos três primeiros colocados do Hackathon - competição que desafiou programadores a desen-volver em 17 horas aplicativos em software livre que ajudassem empreendedores a desenhar mo-delos de negócios.

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inovação >

rENOvaçãO“Temos no Brasil diversas difi-culdades, mas há uma evolução muito positiva. A própria Cam-pus Party é um reflexo disso”, defende Santos. “Nas edições anteriores as empresas partici-pavam para identificar talentos e contratá-los como empregados. Aos poucos isso foi mudando, e mesmo aquelas já estabelecidas encontram espaço para identifi-car parceiros, fornecedores, pres-tadores de serviço etc.”

Esta evolução exigiu uma mudança de imagem do próprio Sebrae, que participou da Cam-pus Party com uma imagem vi-sual jovem e atrativa. O slogan ‘Like a Boss’, utilizado pela ins-tituição durante o evento, serviu para diminuir a postura “séria” e atrair os jovens empreendedores.

“As pessoas dizem ‘não sabia que o Sebrae podia me ajudar também’”, conta o diretor-téc-nico. “A gente aprende com isso mudando a forma de ser. Con-tratamos muito jovens, especia-listas em todo o País oriundos desta nova geração. Isso revitaliza nossa empresa também.”

cONstruçãOLyncon Lemes é um empre-endedor digital precoce: em 2003, enquanto se graduava em engenharia de produção em Maringá, no Paraná, abriu a E-comprar.com, e-commerce

especializado em produtos para arquitetos e engenheiros. “A ideia veio quando vendi pelo Mercado Livre uma calculado-ra por um preço mais alto do que havia comprado”, explica.

Depois de sofrer um golpe de uma quadrilha de cibercrimi-nosos e amargar um grande pre-juízo – “na época não existiam ferramentas de segurança para pagamentos como agora”, explica –, Lyncon voltou ao mundo real. Abriu duas lojas físicas de roupas femininas também em Maringá.

Após o período como chefe, decidiu que era hora de inverter a equação. “Eu queria ver o ou-tro lado da moeda, ser emprega-

do, pois desde o início eu só havia sido patrão”, explica. Assumiu um cargo em uma operadora de tele-comunicações, depois foi para os EUA estudar. De volta ao Brasil, passou a atuar em uma empresa de engenharia naval no Rio Grande do Sul. Dez anos depois da pri-meira iniciativa virtual, Lyncon decidiu que era hora de voltar.

O Iamamu.com.br, projeto que Lyncon mostrou durante a Campus Party 2013, é um portal que tenta “viralizar” campanhas de vídeo na internet de grandes mar-cas do País. Explica-se: o site ofe-rece benefícios e premiações para os usuários que compartilharem e opinarem sobre campanhas de marketing nas principais redes so-ciais. Também oferece às empresas espaço para hotsites e relaciona-mento. O objetivo é dar mais visi-bilidade às campanhas com a ajuda dos próprios consumidores.

Na Campus Party, Lyncon buscava desenvolvedores que pudessem integrar a equipe do Iamamu e, finalmente, tirar o site do papel. Com pouco mais de um ano e meio de maturação, o projeto recebeu apoio do Sebrae e exposição em diversas mídias.

“Poucas empresas no Brasil estão na web. Há muito espaço para crescer na internet. É hora de fazer a coisa acontecer”, diz o jovem e otimista empreen-dedor. O Iamamu.com.br deve entrar no ar ainda nesse trimes-tre, com investimento inicial de cerca de R$ 200 mil.

Temos no brasil diversas

dificuldades, mas há uma evolução muito positiva”

carlos Alberto dos Santos, diretor-técnico do Sebrae

o facebook, nascido para permitir o contato entre alunos da harvard, alcançou a marca de 1 bilhão de usuários em menos de 10 anos

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Empresas associadas à abranet:Facebook

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gestão empresarial >

o que eles estudam é mais

teoria, não se aplica na empresa, o que eles aprendem na prática do dia a dia é muito mais útil”

carlos bernardi, diretor da Abranet

O setor de Tecnologia da Informação (TI), segun-do a Brasscom, precisará,

até 2020, de 750 mil novos traba-lhadores para alcançar a meta de elevar o PIB de 4,5% para 6,5%. A Instituição conclui que a alta demanda de profissionais provém de uma série de fatores, sendo um deles o crescimento do segmento a taxas superiores ao PIB nacional.

Por exemplo, em 2011 (o dado mais recente) em São Pau-lo, 19 mil profissionais foram contratados, mas as universidades formaram 13 mil estudantes.

E há um aspecto ainda mais preocupante que o baixo índice de profissionais diante das necessidades existentes: aqueles que se formam na área de TI não têm a qualificação almejada pelas empresas.

eSPecIAlISTAS exPlIcAm Que A foRmAção AcAdêmIcA em TecNologIA eSTá deSATuAlIzAdA. o IdeAl, PoRTANTo, SeRIA A uNIão eNTRe AcAdemIA e emPReSAS em PRol de um modelo mAIS PRóxImo à ReAlIdAde, mAS, No geRAl, AS emPReSAS ASSumem A ReSPoNSAbIlIdAde SozINhA

Mão de obra: capacitação sobra para as empresas

Segundo o diretor do Sindi-cato dos Trabalhadores nas Em-presas e Cursos de Informática do Estado de São Paulo, Sindiesp, e representante da Baixada Santista do Sindicato, Julio Encinas, após algumas reuniões realizadas com a diretoria do Sindiesp, os profis-sionais concluíram que a raiz do problema é a má formação aca-dêmica. “As faculdades estão de-satualizadas, formam profissionais despreparados para o mercado”, explica Encinas.

O diretor administrativo e fi-nanceiro da Abranet, Carlos Ber-nardi, concorda. “Tem surgido cada vez mais cursos na área de TI, mas eu sinto que esses cursos são muito básico: muito teóricos e pouco práticos”, defende. Pro-blema, inclusive, que tem data

longa, como lembra o gerente de pesquisas da IDC Brasil, Ander-son Figueiredo, que se formou há 35 anos na Unicamp, onde o ensino “continua muito acadê-mico. Mesmo nas escolas boas, o ensino é acadêmico”, avalia.

EvasãO EscOlarEm 2011, a Brasscom registrou 87% de evasão escolar nos cursos superiores de TI. Como razões, a Instituição elencou aspectos como a falta de perfil dos estu-dantes em tecnologia; falta de base matemática na escola regular; e, como o mercado é demandante, os estudantes são contratados an-tes mesmo de se formarem.

Esse último aspecto, inclu-sive, é reforçado por Bernardi. De acordo com ele, os jovens funcionários da CTI Soluções em Tecnologia da Informática, costumam relatar a vontade de desistir do curso quando estão no segundo ano. “O que eles estudam é mais teoria, não se aplica na empresa, o que eles aprendem na prática do dia a dia é muito mais útil”, explica.

E as experiências pessoais de Encinas provam o mesmo. Ele comenta, por exemplo, que es-tudantes de tecnologia da Bai-xada Santista relatam: algumas Universidades ensinam Clipper e Pascal, “que são linguagens (de programação) totalmente ultra-passadas”, afirma. Ele aponta, en-tão, o despreparo dos professores como motivo para desestimular

em 2011, em São Paulo, 19 mil profissionais foram contratados; universidades formaram 13 mil

os estudantes, “porque o aluno quer estar pronto para o merca-do de trabalho, e quando perce-be que está aprendendo coisas da década de 80, prefere sair”.

GradE curricularDe acordo com os profissionais, uma estratégia que pode mini-mizar é tornar a grade curricu-lar dos cursos mais atual e apli-cável à realidade das empresas. No entanto, há um entrave: o conteúdo dos cursos obedece às normas estipuladas pelo Minis-tério da Educação, MEC. A bu-rocracia e o tempo necessários para reformulação das matérias costumam ser grandes.

Por esse motivo, Bernardi sugere: “as faculdades não po-dem fazer menos, ou alterar, mas podem fazer mais: inserir uma

carga horária mais prática com profissionais da Cisco, da Micro-soft, e outros do mercado; isso vai tornar o curso teórico o sufi-ciente para atender o MEC e in-teressante e prático para atender o mercado”, afirma.

Ele explica que o modelo de capacitação mais próximo do cotidiano do profissional de tec-nologia é oferecido por algumas empresas fornecedoras, como Cisco e Microsoft. São cursos, geralmente, rápidos: duram, por exemplo, uma semana.

Todavia, o preço é um obs-táculo que inviabiliza a entrada massiva dos jovens nesses cur-sos: o preço. “Esses cursos são muito práticos e eficientes, mas muito caros. Para obter três ou quatro certificações importan-tes, hoje, no mercado, não se

gasta menos que R$ 15 mil a R$ 20 mil”, alega Bernardi.

Encinas defende também a união entre empresas e Insti-tuições de ensino para criar um programa de capacitação do pro-fissional adaptado ao que o mer-cado de trabalho, de fato, precisa. No entanto, ele adverte: essa di-ficuldade de capacitação deve ser superada a partir de um planeja-mento a médio e longo prazo.

Na práticaO ideal, porém, nem sempre está próximo do concreto. Para que as empresas e instituições de en-sino criem alianças em prol da

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gestão empresarial >

cada vez mais temos visto

acontecer, em vários lugares do País, os jovens abandonando cursos de informática, indo para cursos noturnos, um pouco mais fáceis, porque têm emprego, dinheiro e a empresa topando formá-los tecnicamente”

Anderson figueiredo, gerente de pesquisas da Idc brasil

A brasscom registrou 87% de evasão escolar nos cursos superiores de TI, em 2011

melhor qualificação de mão de obra em tecnologia é necessário o empenho de ambas.

No entanto, a segunda, de forma geral, deixa a desejar. “Há um certo comodismo das instituições de ensino”, alega Bernardi, argumentando que o MEC liberou muitos cursos de duração rápida (dois anos) e mais baratos, facilitando assim o aces-so, mas, muitas vezes, não pre-

zando qualidade. “O pessoal faz mais para ter o canudo, a qua-lidade acaba não sendo grande, mas eles (instituições de ensino), infelizmente, não estão muito preocupados com isso. Se preo-cupam mais em encher as salas e cumprir o custo”, afirma.

Como consequência, o ana-lista sênior da Frost & Sullivan, Fernando Belfort, relata que o apagão de mão de obra qualifi-cada gera inflação de custos de executivos de TI, o que acaba, muitas vezes, impulsionando o mercado de terceirização de tecnologia. “O Brasil, hoje, em muitos segmentos conta com uma das mãos de obra mais ca-ras do planeta”, comenta. E, de acordo com ele, “por mais que o governo federal e a Brasscom tenham feito um excelente tra-balho para justamente baratear tributos, forte demanda e baixa oferta causam inflação salarial”, considera.

dE iMEdiatOPor ora, portanto, enquanto o quadro não se reverte, a prin-cipal opção das empresas, que precisam de mão de obra quali-ficada, tem sido se responsabili-zarem pela capacitação.

O diretor de Tecnologia da Informação do Hospital Israelita Albert Einstein, Ricardo Santoro, por exemplo, crava: “eu entendo que um modelo mais efetivo para resolver o problema de mão de obra é trabalhar com grupos de iniciantes (estagiários e/ou trai-nees), que são preparados durante

um período para suprir eventu-ais perdas de profissionais. É uma estratégia mais de médio/longo prazo, dá mais trabalho, mas é mais efetiva e normalmente estas pessoas se adaptam melhor à cul-tura da instituição, e permanecem por mais tempo”, explica.

Bernardi também adota essa estratégia, ressaltando que prefere formar seus profissionais dentro da empresa. “Eu admito na base: garotos novos, sem experiência nenhuma, e vou promovendo os demais. Hoje, o meu coordena-dor de suporte técnico veio da base. É o que eu tenho feito para tentar amenizar o problema den-tro da empresa”, explica.

E a opção é compartilha-da pelos CIOs de empresas de diversos segmentos, como confirma Figueiredo, do IDC. “Cada vez mais temos visto acontecer, em vários lugares do País, os jovens abando-nando cursos de informática, indo para cursos noturnos, um pouco mais fáceis, porque têm emprego, dinheiro e a empre-sa topando formá-los tecnica-mente”, afirma.

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artigo vOip > Flávio E. Gonçalves casos e causos >

tudo começou assim: eu era contador e auditor contá-bil e precisava agilizar meus

relatórios e minhas ações de con-tabilidade e auditoria, e tudo isso com máquina de escrever. Quan-do errava era terrível, dá-lhe bor-racha. Brotavam rasuras em pro-fusão, papel carbono de um lado, borracha do outro, e lá íamos nós escrever tudo novamente.

Uma tarde, quando estava vi-sitando um cliente que era en-genheiro eletrônico, vi o projeto que ele desenvolvia: máquinas para ler e imprimir cartões da Caixa Econômica Federal. Além disso, o danado ficava brincando com um computador portátil, o que me deixava maravilhado.

Não resisti e pedi para ele me trazer um igual. E ele trouxe! Encurtando a história, eu suava para fazer funcionar o compu-tador, pequeno mas resistente. E ele funcionou! Assim, saí con-tando ‘misérias’ para os meus amigos auditores e contadores, que logo me pediam um com-putador igual.

Aí tudo começou. Virei re-presentante da Prológica, Poly-max, Basic. Era muito defeito e virei fabricante, mas a evolução

o PRofeSSoR SyNclAIR luIz, dIReToR comeRcIAl do gRuPo dIRecTWeb e dIReToR de RelAçõeS com INSTITuIçõeS de eNSINo dA AbRANeT, coNTA umA dIVeRTIdA hISTóRIA doS TemPoS em Que Se coNecTAR A INTeRNeT Nem SemPRe eRA TARefA fácIl

Descobri a “américa”

contratei um link internet via Rf –

Rádio frequência – , na época um monstro alado em cima do nosso prédio”

Synclair luiz, diretor de Relações com Instituições de ensino da Abranet

rápida dos computador XT para o AT e outras máquinas visioná-rias me derrubou.

Virei então Assistência Técni-ca e Provedor de Internet. Con-tratei um link internet via RF – Rádio Frequência -, na épo-ca um monstro alado em cima do nosso prédio, e lá fomos nós atendendo clientes e crescendo.

Tudo corria em perfeita paz e harmonia, até que um dia tudo parou. Varamos a noite procu-rando os problemas – os com-putadores não funcionavam, os roteadores também não, e nada dava certo. As linhas telefônicas não constatei, mas acho que fi-caram vermelhas de tanto fun-cionar ou de vergonha.

Olhávamos tudo novamente, os técnicos diziam que o proble-ma não era no rádio instalado em nosso teto, já que as luzes do rádio estavam acesas e ele estava operan-do. Era sempre a mesma resposta.

Como última alternativa, liga-mos para a empresa do link do rá-dio, talvez fosse a comunicação do rádio que estivesse parada. E era!

Tudo por que a construtora do prédio ao lado construiu uma sacada nova, que impedia a pas-sagem do sinal para o backbone

da internet da nossa operadora. E quem podia imaginar, naquela época, que uma escada nova pu-desse fazer tanto estrago?

Enfim, até hoje temos medo de sacadas...

E você, tem um ‘caso’ interes-sante? compartilhe conosco a sua história!

flavio e. goncalves é ceo da SIPPulse - Routing billing Solutions for SIP e-mail: [email protected]

Abranet > 41

O mundo da internet está carregado de ame-aças e fraudes. A própria liberdade que a natureza da internet exige é um chamariz

para este cenário. Neste artigo vamos explorar os problemas em telefonia que tem sido responsáveis por prejuízos, às vezes acarretando a falência de operadoras e/ou usuários finais.

Um dos esquemas mais comuns utiliza “orga-nizações” estabelecidas em locais onde, além da liberdade da internet, há pouca ou nenhuma le-gislação que coíba ou puna tais feitos. Um agente malicioso adquire no exterior, pela internet, um Premium Rate Number (ex. +31XX021212). É um número comum internacional, legalmente es-tabelecido no país de origem. Mas este número paga ao seu detentor até 20% da receita total da chamada. Por ser um numero no exterior, quando a ligação nasce no Brasil, a operadora de destino recebe uma parcela da tarifa cobrada ao “número de A” (origem da chamada).

Assim, o hacker, tenta por todos os meios que-brar a segurança de seu sistema de telefonia e ge-rar inúmeras chamadas de tráfego falso, em geral uma gravação. Para cada chamada uma quantia que varia de 10 à 20 centavos é paga por meio eletrônico ao criminoso. A fraude pode chegar facilmente na casa de 30 a 40 mil reais por dia em tarifas internacionais.

Em nossa opinião, um agravante é a falta de um mecanismo para limitar o crédito dos clientes por parte das grandes operadoras. Em outras palavras, quando você contrata um circuito telefônico, dá a operadora uma espécie de cheque em branco. Se o valor for de 1 milhão de reais, será devido e a controvérsia irá inevitavelmente para a justiça.

deNúNcIA: hAcKeRS QuebRAm A SeguRANçA de SISTemAS de TelefoNIA e geRAm INúmeRAS chAmAdAS de TRáfego fAlSo

FraudEs EM vOip, cOMO sE prOtEGEr dE GOlpEs Na tElEFONia

cOMO Evitar a FraudE?existem diversas medidas que podem ser adotadas tanto em empresas como em operadoras de telefonia. OpEradOras:1. use senhas fortes, uma senha de no mínimo 8 dígitos com caracteres especiais. 2. use contas pré-pagas com limite de crédito ao invés das pós-pagas. lembre-se você pode controlar a segu-rança do seu lado, mas não do lado do seu cliente. 3. Não habilite todos os destinos internacionais para to-das as contas. A maioria dos clientes tem pouco uso em rotas internacionais e quando precisa é normalmente para um conjunto limitado de países. 4. bloqueie IPs que estão presentes em listas negras e àqueles que falharem a autenticação mais de 5 vezes.5. monitore, monitore e monitore. designe alguém para verificar o seu cdR todos os dias.

EMprEsas:1. use um Session border controller para proteger o seu PAbx e limitar as chamadas. 2. habilite apenas os destinos internacionais necessários e/ou implante dupla autenticação para internacional. 1. cuide da segurança do seu PAbx IP, não exponha ele na Internet. 2. bloqueie IPs que falharem a autenticação mais de 5 vezes no seu sistema. 3. monitore, monitore e monitore. designe alguém para verificar o seu cdR todos os dias. cONclusãOAs fraudes não são novas e continuam ocorrer, por isso muito cuidado com o fornecedor do seu PAbx IP ou softswitch. este é um assunto que eu gostaria de ver a Anatel regulamentar. A conta telefônica não pode ser um “cheque em branco”, sem limite. Não há como barrar todos os hackers. o que temos obrigação de fazer é re-duzir as chances e limitar os prejuízos.

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espaço jurídico >

desde a virada do ano, o Conselho Jurídico da Abranet se dedica a apoiar

a diretoria na organização do primeiro Congresso Brasileiro de Internet, um marco na histó-ria de nossa associação e do setor.

Assim como na trajetória de um jovem, após 16 anos de in-ternet comercial no Brasil e 15 da nossa associação, ainda no ano passado acreditamos que era hora de planejar um grande evento que, para além de co-memorar mais um aniversário, representasse um debut do setor no assunto eventos, ou seja, que conseguíssemos externar à so-ciedade nossa certeza de que o setor está preparado para dialo-gar de forma madura, não mais apenas entre seus membros, mas também e principalmente com os diversos atores. E a participar de forma cada vez mais ativa dos debates que são tendência mun-dial quando se fala da internet.

Nosso crescimento inter-

eVeNTo VAI mARcAR A hISTóRIA dA INTeRNeT No bRASIl e defINIR oS PRóxImoS PASSoS do SeToR

um memorável congresso Brasileiro e de Internet

no, no Conselho Jurídico, tem sido marcante: a cada reunião dedicamos mais e mais tempo a discutir e absorver os diversos movimentos do poder público que nos exigem uma organi-zação consistente enquanto associação representante do setor. Temos buscado, acima de tudo, ouvir e nos preparar para responder de forma orga-nizada e adequada aos grandes desafios que enfrentamos e en-frentaremos com a expansão e relevância cada vez maior do nosso diversificado, inovador e competitivo mercado, cuja his-tória se confunde muitas vezes com as próprias marcas que re-presentamos no Conselho.

Como é salutar em todo e qualquer ambiente democráti-co, muitas (para não dizer to-das) as reuniões têm sido to-madas por acalorados debates, ainda mais acentuados pela jovialidade dos membros, que, sem exceção, exercem seus ofí-

cios com efervescente paixão. Ganha com isso a Abranet,

que se amolda ao difícil, porém sempre perseguido consenso, ex-traído de diferentes olhares sobre uma mesma questão. Ganha tam-bém, e acima de tudo, o setor, que vê na voz de sua associação um espelho da própria natureza da rede: plural, crítica e, sobretudo, munida de uma força incomen-surável, porque formada de inú-meras forças individuais, distintas e angulares, que se conjugam em prol de um objetivo comum: de-fender a liberdade na rede.

Em nome do nosso Conse-lho, saúdo a todos que aceita-ram estar neste evento, no qual teremos a oportunidade de fazer uma retrospectiva e um balanço da internet comercial em nosso país, discutir políticas públicas, falar sobre as inovações, desafios, liberdade de expressão e tantos outros temas que farão do dia 18 de abril próximo um dia memo-rável para os entusiastas da rede.

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“era hora de planejar um

grande evento que conseguisse externar à sociedade nossa certeza de que o setor está preparado para dialogar de forma madura”

carol conway é presidente do conselho de estudos Jurídicos da Abranet

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