Revista ASPROFARGS

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1947 desde DEDICADA À VIDA.

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1947desde DEDICADA À VIDA.

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Confiança não se conquista de um dia para o outro.

Parabéns, Farmácias Associadas, pelos 64 anos de história e realizações!

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Poesia

Enfim, depois de tanto erro passado Tantas retaliações, tanto perigo

Eis que ressurge noutro o velho amigo Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado Com olhos que contêm o olhar antigo Sempre comigo um pouco atribulado

E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano Sabendo se mover e comover

E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica Que só se vai ao ver outro nascer

E o espelho de minha alma multiplica...

Soneto do AmigoVinícius de Moraes

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Editorial

Vivemos em um mundo em que o tempo parece correr cada vez mais rápido. Os dias passam por nós como se tivessem pressa, sem nos deixar olhar com calma para as paisagens que se apresentam na janela. As informações precisam ser as últimas e as tecnologias as mais novas, como se o passado nada tivesse para nos interessar. Mas estamos enganados.Foi para resgatar o espírito de amizade, doação e trabalho que fizemos esta pequena compilação dos principais fatos da nossa história. Nos debruçamos sobre nossos documentos, fotos, arquivos e, principalmente, sobre nossos personagens para resgatar a essência dessa entidade. O resultado é esta singela publicação, que agora tens em tuas mãos. Nessas páginas, vais encontrar algumas datas, o relato de alguns fatos, a lembrança das pequenas e grandes conquistas que permearam os mais de 64 anos desta associação. Vais perceber como homens simples tiveram a coragem de desafiar o mercado e as circunstâncias para fazer nascer do nada uma entidade de classe que os representasse. E de que forma isso tudo evoluiu para as Farmácias Associadas como nós conhecemos hoje. Mas as datas e fatos retirados de papéis amarelados não foram a nossa principal fonte de pesquisa. Fomos buscar a Asprofargs que pulsa nos corações das pessoas que ajudaram a construir essa história, em todos os seus momentos. Gente que já fez e que ainda tem muito o que fazer por esse grupo conta, nestas páginas, um pouco de si. Com a narrativa pessoal das suas vidas, nos ajudam a espiar o passado e projetar o nosso futuro.Por isso, amigo leitor, te aquietes um pouco diante dessas páginas. Deixa o tempo andar um pouco mais lentamente. Ao correr teus olhos por esse amontoado de memórias, lembra-te de que elas contém a história e a essência da Asprofargs, que se traduz numa frase conhecida de todos nós: Aqui você tem Amigos.

Boa leitura!

José Ademar LopesPresidente

Antônio Eroni Nunes JaquesDiretor

Justo resgate

Diretoria 2008-2011

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índice

Linha dotempo

Editorial

Personagens

Relatos dahistória

Poesia

Documentos

Pag.6

Pag.4

Pag.12

Pag.3

Pag.61

Pag.16|18|26|28|36|38|46|54

Presidente: José Ademar Lopes1º Vice Presidente: Ricardo Duarte da Silveira – Negociação2º Vice Presidente: Ciro Vicente dos Santos Rosa – Marketing3º Vice Presidente: Darci Fernando Goulart Aldrigui – Informática1º Secretário: Antônio Eroni Nunes Jaques2º Secretário: Cesar João Hoppe1º Tesoureiro: Milton Dias dos Santos2º Tesoureiro: Ben Hur J. de OliveiraDiretor de RH: João Gilberto SerrattDiretor Jurídico: Reni Antônio RubinDiretor de Patrimônio: Gilberto David Cunha da SilvaDiretor Administrativo: Everton Luiz Ilha MahfuzDiretor Comercial: Jaime Nunes Moreira Asprofargs - Desde 1947 dedicada à VidaCoordenação: Antônio Eroni Jaques, Everton Mahfuz e Fabiane LemosPesquisa: Fabiane LemosReportagem e Redação: Patrícia Lima Produção: Fabiane Lemos e Tatiana WaninDiagramador: Sandro CeroniApoio: Jaime MoreiraProjeto Gráfico e Editoração: SPR

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1960Em novembro, é sancionada a Lei 3820. Depois de muita luta liderada pelas entidades de classe, criou-se o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Farmácia. A Lei também trata do provisionamento dos profissionais.

1969Durante a terceira edição da Convenção Nacional,

realizada em Porto Alegre, o nome da entidade mudou

para Associação dos Proprietários e Oficiais de

Farmácia do Estado do Rio Grande do Sul (Asprofargs).

Neste ano, também foi adquirida a sede própria, na

Avenida Borges de Medeiros, 612, 3º andar, conjunto 31. O presidente era Sady Acunha.

1947No dia 6 de setembro, 19 proprietários se reuniram em Porto Alegre para fundar a Associação dos Práticos de Farmácia do Rio Grande do Sul.

1973É aprovada, depois de muitas batalhas encabeçadas pela entidade, a Lei 5991, que obriga a farmácia a ter um técnico responsável durante o seu funcionamento.

1953Ocorre a primeira edição da Convenção Nacional

de Proprietários, Oficiais e Práticos de Farmácias,

em 1953, em São Paulo. A primeira vez que Porto Alegre

sediou o encontro nacional foi em 1969.

Linha dotempo

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Décadade 1980

A entidade funciona como uma engrenagem. Luta

pelos interesses da classe e vê grandes conquistas,

como o aumento nos cursos profissionalizantes

para oficiais e práticos, ministrados pelo Senac, e o crescimento no número de

faculdades de Farmácia.

2001Começa o crescimento

da Rede Associadas, com a junção de cada vez mais

empresas ao projeto. Jaime Moreira, o líder do grupo de

empresas da Zona Sul do Estado, é nomeado presidente da Asprofargs e tem a missão

de guiar o crescimento das Farmácias Associadas.

2004A entidade vive um intenso processo de crescimento, com a adesão de muitas farmácias de todos os cantos do Rio Grande. Jaime Moreira é reeleito para a presidência.

1999No final do ano, depois de um esforço da diretoria da

época para reunir proprietários dispostos a participar de

um processo associativista para melhorar as compras,

é fundada a Rede Farmácias Associadas, ainda com

poucas adesões.

2000Membros da diretoria começam a viajar pelo interior do Estado em busca de redes independentes que quisessem juntar-se ao projeto das Farmácias Associadas. No final do ano, um grupo do Sul do Estado aderiu à Rede, fortalecendo a entidade.

Década de 1990No início da década, o cenário econômico

é caótico, com a hiperinflação e os sucessivos planos econômicos que não

conseguem contê-la. A partir de 1994, o Plano Real estabiliza a moeda e muda

a configuração do mercado. Agora, as farmácias precisam profissionalizar

a administração para manterem-se competitivas. As entidades de classe,

como a Asprofargs, perdem adesões em todo o país.

Linha dotempo

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2008Eleição de José Ademar Lopes para a presidência. Entre os lançamentos da marca própria, entra em cena a Linha Revitart Sensações. Dentro da Diretoria, é criado o Conselho Consultivo, que participa das decisões da entidade.

2010É realizada a primeira edição

do Festival de Prêmios Farmácias Associadas. Na

quinta edição da Convenção, em outubro, a governadora

Yeda Crusius manda uma mensagem gravada em vídeo

para homenagear o evento. Neste período, com mais de 400 lojas no Estado, a Rede Associadas já é a maior do

Rio Grande do Sul. Neste evento também é lançada a

Linha Revitart Erva Mate.

2005Contratação do consultor e professor Américo da Silva Filho. É o marco do início de um processo de treinamentos constantes para aprimorar todos os setores das farmácias. Em novembro ocorre um Encontro de Proprietários, com um passeio pelo Guaíba a bordo do Cisne Branco ao final.

2011Neste ano chegaremos às 500 lojas, aconsolidação definitiva da nossa liderançano Rio Grande. Os cerca de 80 cursos realizados ao longo do ano nos ajudaram a ter um desempenho ainda melhor no balcão da farmácia. Um novo sistema, implantado no departamento administrativo da entidade, permite a emissão de Notas Fiscais. Linhas Acqua, Leite de Cabra e revitalização da maquiagem são os lançamentos da marca Revitart.

2006É realizada a primeira edição da Convenção

e Feira de Negócios no Hotel Continental,

em Canela. No mesmo evento, é lançada a

Linha Branca Revitart, com creme hidratante e

desodorante.

Linha dotempo

2007Lançamento da Linha Revitart Solar.

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O ano era 1947. A Segunda Guerra Mundial havia terminado há somente dois anos e o mundo ain-da penava os seus efeitos. Mais de 40 milhões de pessoas haviam morrido e nações inteiras perderam sua soberania em função do conflito. Outros países, por sua vez, estruturaram sua in-dústria fornecendo insumos para a guerra. A Ale-manha, de onde emanou o nazismo de Hitler, es-tava aniquilada, dividida entre as duas potências que restaram: União Soviética e Estados Unidos.Aliás, tem gente que nem se lembra, mas o mun-do já foi dividido entre americanos e russos, capi-talistas e comunistas, republicanos e socialistas. Os historiadores datam o início da Guerra Fria justamente em 1947, quando os Estados Unidos lançaram o Plano Marshall, uma política de con-tenção ao comunismo e de ajuda financeira aos

países europeus devastados pela guerra. Come-çou aí a briga entre as duas maiores potências bélicas do planeta. Durante mais de 40 anos, o mundo observou apreensivo os movimentos dos dois países capazes de lançar bombas atômicas.No Brasil, o clima de tensão acompanhava o movimento mundial. Há pouco mais de um ano o presidente Getúlio Vargas havia sido deposto, depois de oito anos de ditadura. O governo bra-sileiro apertava o cerco aos partidos de ideologia comunista ou socialista e se aproximava dos Es-tados Unidos. Com o incentivo à produção nacional promo-vido por Vargas na década de 30, a Revolução Industrial brasileira estava no auge. A criação da indústria de base e energia, como a Companhia Siderúrgica Nacional e a Vale do Rio Doce, im-

pulsionou o crescimento da atividade industrial e, consequentemente, da economia. O Rio Grande do Sul, junto com Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, era um dos estados em que a atividade industrial mais crescia nesse período. Por aqui, aliás, um movimento cultural nascido em 1947 confronta todo o deslumbre provocado pela aceleração na vida cotidiana causada por essa mudança na economia. Em uma tarde de setembro, um grupo de estudan-tes secundaristas do Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, saiu às ruas da cidade, to-dos pilchados e a cavalo, escoltando os restos mortais do General David Canabarro. Nascia assim, com os jovens Paixão Côrtes, Cyro Ferreira, Barbosa Lessa e outros, o movimento tradicionalista gaúcho.

Relatos dahistória

Um mundo carente de boas ações

Leitura da ata de entrega da 1ª sede da Asprofargs

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O sistema público de saúde no Brasil ainda se estruturava. Muita gente nem consultava médico. Confiavam mesmo era no farmacêutico, que ou-via os problemas, aconselhava e preparava o re-médio certo para cada mal. Esses profissionais, no entanto, estavam cada vez mais escassos no mercado. Com o desenvolvimento da indús-tria farmacêutica no país, eles eram absorvidos pelos departamentos de pesquisa e desenvol-vimento de drogas, deixando desassistidas as farmácias. Era difícil encontrar profissionais para atender um público carente de especia-listas em saúde. Mais difícil ainda era formar esses profissionais: não havia faculdades ou cursos técnicos suficientes e, os poucos que se formavam, eram rapidamente absorvidos pelos grandes laboratórios.Diante desse cenário, proprietários e oficiais de farmácia de Porto Alegre começaram a se reunir para compartilhar ideias e tentar, em conjunto, encontrar soluções. Mas era difícil. As deman-das eram muitas, tanto com relação à burocracia na comercialização de medicamentos quanto à necessidade de formar novos profissionais. Era necessário lutar pelos anseios dessa classe, que precisava ser ouvida pelas autoridades, pelos go-vernos e pelos legisladores. Era preciso formali-zar todas essas demandas.Então, na noite do dia 6 de setembro de 1947, véspera da comemoração do Dia da Pátria, um grupo de 19 proprietários de farmácia fundou, oficialmente, a Associação dos Práticos de Far-mácia do Rio Grande do Sul – que mais tarde, no ano de 1969, passou a chamar-se Associação dos Proprietários e Oficiais de Farmácia do Esta-do do Rio Grande do Sul. O primeiro presidente foi Idião M. Lopes.

Em uma outra noite de setembro...

Relatos dahistória

Precisamente há 25 anos passados, iniciávamos a longa caminhada por encruzilhadas cheias de obs-táculos, porém com muito otimismo e decisão inabalável, visando alcançar nosso objetivo. Unir nossa classe e partir para a luta. Um grupo de abnegados companheiros, em 1947, em reuniões frequentes, lançaram o primeiro brado, vibrante e com muito entusiasmo.

Em seu livro Farmácia – Reminiscências de Mui-tas Lutas de uma Classe, publicado na década de 1980, o ex-presidente Francino Rodrigues co-

mentou o momento em que a entidade foi criada quando falava sobre a comemoração de 25 anos de criação da Asprofargs.

Francino Rodrigues, Anuar Jorge e Sady Acunha durante reunião

Reunião festiva da Asprofargs

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Relatos dahistória

“Unidos seremos fortes”. Esse era o slogan usa-do pelos 19 proprietários e oficiais que tiveram a coragem de escrever o primeiro capítulo des-sa história. O desafio diante deles era enorme. Não bastava fundar uma entidade. Era necessário percorrer o Estado para divulgá-la e arrebanhar apoiadores para a iniciativa. Os anos que se seguiram à fundação foram, de fato, de muito trabalho. À agenda de compro-missos que tinham que cumprir enquanto em-presários, na administração de suas farmácias, somou-se o trabalho voluntário na associação re-cém criada. Eles viajavam pelo estado, reuniam--se com outros proprietários e buscavam ade-sões, mostrando aos colegas que os problemas que todos enfrentavam seriam mais facilmente solucionados se houvesse uma verdadeira união da categoria, se todos juntos reivindicassem o que julgavam necessário para o sucesso dos seus negócios. Paralelamente, iniciavam a atua-

ção junto às autoridades municipais e estaduais em busca de melhores condições para a classe.Sady Acunha, ainda bastante jovem, era um dos presentes naquela noite de setembro em que a decisão foi tomada. A sala da casa dele era um dos locais em que o grupo se reunia semanal-mente para discutir as demandas e montar as estratégias de trabalho. Nasceu ali, também, o espírito de amizade que permeia a entidade des-de a sua fundação.

No passado, eles gravaram com caneta um com-promisso para a vida toda. Assinaram num pe-daço de papel o compromisso de, unidos, lutar por seus ideais, batalhar para tornar real o mer-cado farmacêutico com o qual sonharam. Hoje, gravamos neste pedaço de papel uma singela homenagem a esses homens que acreditaram ser possível fazer diferente, por mais difícil que pudesse parecer o caminho.

Os fundadores

Sady Corrêa AcunhaIdião Miguel LopesIvo Erni VeekIzidoro Oliveira PontesJuventino Motrono da SilvaBalduíno Fernando HeineckDavid Chagas CamargoManoel Agenor Sebastião da VeigaJayme Rodrigues VignoloNésio Pereira PinheiroRoberto Lucas BianculliFrancino Castro RodriguesWalter KrauseAntônio José Marques D’Almeida (farmacêutico)Antônio CardosoUmberto Silveira de SouzaCid Bivar CorrêaMário Pereira AraújoOnil Xavier dos Santos

Encontro de todas as delegações do Brasil na Catedral de São Paulo

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O alquimista da memóriaEle ainda tem na memória as porções exatas dos compostos utiliza-dos nas fórmulas que aviava. Como se tivessem ocorrido ontem, fa-tos, viagens, negócios, tudo está perfeitamente arquivado na peque-na cabeça ornada por cabelos branquinhos. As datas são precisas, os acontecimentos vêm narrados em ordem e os valores podem ser contados em exatos mirréis. Assim, com precisão de alquimista, Ja-dyr Lopes Fettermann relembra a íntima relação que viveu com o bal-cão da farmácia. Nenhuma pitada de passado lhe escapa do relato.Aos 88 anos, Jadyr é o mais antigo membro da Asprofargs ainda vivo. É contemporâneo da fundação da entidade, mas só passou a integrá-la mais tarde, em 1978. Entrou como tesoureiro e chegou à presidência enfrentando a necessidade de injetar ânimo e angariar novos sócios para a entidade. O desafio era grande. Como faria isso?Antes da resposta, porém, vale a pena voltar ao início da história, para saber como Jadyr chegou até aquele momento decisivo. Nasci-do em Santo Antônio da Patrulha, ingressou nesse universo em 1938, quando conseguiu um emprego na Farmácia São José, do senhor Pompilho Fonseca. “Eu lavava os vidros para manipulação e atendia no balcão. Logo ganhei a confiança dele e comecei a ir para o labora-tório. Em um ano já havia decorado todas as fórmulas e fazia de tudo. Menos supositório”, conta Jadyr.Mas o tempo em Santo Antônio da Patrulha foi curto. Já no ano seguin-te foi para Porto Alegre, trabalhar na Drogaria Vasco como carregador de pacotes do Mercado Público até o Bonde. Logo conquistou seu es-paço como farmacêutico, destacando-se entre os médicos da capital. Um deles, que tornou-se seu amigo, o indicou para atuar como propa-gandista do laboratório Birnot. E assim ele passou sete anos viajando pelo interior do Estado, visitando farmácias para vender seus produtos. “Atendi meu primeiro cliente em Rio Grande, para onde fui de vapor. Isso foi em 1944 e eu tinha 21 anos”, relembra.Ainda nesta primeira viagem, outro fato memorável ocorreu. Em pas-sagem pela cidade de Jaguari, aproveitou para fazer uma visita à tia Antonieta, que há muitos anos não via. Encontrou-se então com a prima, Maria Luiza. Casou-se com ela sete anos mais tarde, depois de comprar a Farmácia São José, aquela do senhor Pompilho, que estava à venda em Santo Antônio da Patrulha. “Abríamos às 8h e fechávamos às 20h. Mas a gente sempre atendia quem chegava na madrugada. Às vezes eu ia manipular enquanto a Maria Luiza aplicava injeções. Ela tinha a mão muito leve, sabe?! Era dom”.

A família permaneceu durante 14 anos em Santo Antônio, onde cres-ceu. Ali nasceram os cinco filhos do casal. Até que chegou a vontade de sair da cidade pequena e morar na capital. A farmácia permanecia no interior, mas com Jadyr morando em Porto Alegre, foi possível a aproximação dele com um grupo de empresários que lutava em prol da profissão de farmacêutico e do comércio de medicamentos, que na época sofria com as margens de lucro muito baixas. Depois de um jantar de confraternização com esse grupo, Deovaldo Acunha formalizou o convite para que ele também fizesse parte desse grupo.Jadyr conta que, quando entrou para a associação ela já estava consolidada. Sua primeira função foi a de tesoureiro, em 1981. “Me lembro de uma Convenção realizada em 1984, ainda na gestão do presidente Walter Pares. Foi um sucesso espetacular, veio gente de todo o país. Era uma integração muito forte, todos muito unidos em busca dos mesmos objetivos”, recorda. No mesmo ano, ele próprio assumiu a presidência.E assim chegamos de novo ao ponto em que Jadyr Fettermann se viu diante da necessidade de turbinar o quadro de sócios, sem ter recursos para isso. A experiência de viajante lembrou-lhe do tamanho deste Estado e ele soube o que fazer. Mandava boletos para todos os proprietários de farmácia do Rio Grande do Sul, explicando o que era a entidade e convidando-os a se tornarem sócios neste projeto. O número de aliados ao projeto da Asprofargs cresceu, apesar de os tempos serem difíceis para as entidades de classe. O resultado, segundo ele, foi positivo.Ao final da gestão, em 1987, Jadyr sentiu também que seu tempo como empresário do ramo havia terminado. Queria curtir, ao lado da esposa, a aposentadoria, entregando a administração dos negócios aos filhos. E assim fez. “Queríamos viajar o mundo. Eu ia no sindicato às vezes, continuei atuando por três anos. Mas meu objetivo principal era viver tranquilo, com tempo para ir onde quisesse”.Em 1994, Maria Luiza morreu em função de um câncer e Jadyr nunca mais se casou. “Mulher para mim é uma só”, diz ele, emocionado. Hoje, sua rotina alterna dias de fisioterapia e cuidados médicos com o trabalho voluntário que presta como responsável técnico na farmá-cia comunitária da Paróquia Nossa Senhora do Trabalho, em Porto Alegre. Na sexta-feira tira folga. Os finais de semana são dedicados à visita aos doentes, amigos ou parentes. Cansaço? Nunca. “Sempre gostei de trabalhar em prol das causas justas e boas”, completa.

Personagem

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Personagem

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Recordações de companheiraNa mãozinha de pele enrugada e unhas delicadamente pintadas de rosa, ela exibe muitos anéis. Uns grandes, de prata, outros menores, em singelo dourado. Um, no entanto, se destaca no indicador da mão esquerda. Uma grossa aliança de ouro exibe-se quase ao lado de outra, idêntica, que fica no dedo anelar, onde foi colocada há quase 60 anos. O dono da aliança mais larga deixou bem posto no dedo de sua companheira, ao partir, o símbolo indestrutível de uma união. Felizmen-te, a pequena senhora de cabelos acinzentados e perfumados não tem somente a joia como lembrança de Sady Acunha, seu marido.Vladi Acunha, 77 anos, dividiu com ele a paixão pelo balcão da far-mácia e ajudou a construir, ao seu lado, a história da entidade que representava todo o setor no Rio Grande do Sul. Na sala de sua casa, sonhos foram acalentados e decisões foram tomadas. No curso de sua vida, participou da construção de uma associação representativa e repleta de amigos.Quando o casal se conheceu, em meados da década de 1950, ele já tinha a Farmácia Floresta, em Porto Alegre. Com 20 anos, a meni-na era responsável pelos cuidados médicos de uma tia adoentada e ia, com frequência, à farmácia buscar os remédios da enferma. As atenções do farmacêutico que fazia questão de aviar pessoalmen-te as suas fórmulas a conquistaram. Pouco tempo depois, surgiu o convite para conhecer a boate Mil e Uma Noites, na Vila Assunção. “Íamos juntos a bailes, shows e em seguida começamos a namorar. Em menos de um ano, já estávamos casados. Foi amor à primeira vista”, revela Vladi.Ao se mudar para o prédio da farmácia, o balcão passou a ser a rotina da jovem – e ela se apaixonou. Logo prestou os testes e tornou-se oficial de farmácia, como o marido. “O Sady me entregou o diplo-ma, foi lindo”, diz ela. Além de entrar no cotidiano da farmácia, Vladi também transformou a sistemática das reuniões da Associação de Proprietários, que ocorria normalmente na casa deles, sem a partici-pação de mulheres. Sady era o presidente ou membro da diretoria e a entidade não tinha sede própria. “Com o tempo, as esposas foram se chegando para participar também. Era ótimo, fiz grandes amizades nesse tempo”, relembra.As três filhas nasceram nesse entremeio, com o casal dividindo as tarefas domésticas e o trabalho e se esforçando para manter ativa a associação que tanto lutava pela profissão e pelos interesses dos

proprietários e oficiais de farmácia. A partir da década de 1960, hou-ve a aproximação mais intensa das entidades de todo o país por meio de convenções nos Estados. “Lembro de histórias maravilhosas, quando íamos de ônibus até o Rio de Janeiro ou São Paulo para par-ticipar. Era tudo muito bom, os bailes, os jantares, o reencontro com os amigos”, diz ela. Uma das amizades mais sólidas persiste até hoje, com o casal Pedro e Maria Helena Zidoi. “Eles viraram da família. Participaram dos momentos mais especiais das nossas vidas, como o casamento dos nossos filhos e o nascimento dos netos”.Na metade da década de 1980, o casal já tinha duas farmácias em Porto Alegre: a mais antiga, na rua Cristóvão Colombo, e uma nova, no bairro IAPI. Na Associação, discutia-se a necessidade de adqui-rir uma sede própria. E tudo ia bem até que exames revelaram um câncer no pâncreas de Sady, que ainda não tinha 70 anos. Diante da notícia terrível, nada de pânico. Tratamento, cuidados e trabalho. Foi essa a receita que o fez sobreviver quase quatro anos após o diagnóstico. Dessa forma, pôde participar um pouco mais da vida da entidade pela qual havia lutado boa parte da vida. “Os amigos iam ao hospital para discutir problemas, pedir conselhos e obter orientações. Ele era referência e nunca deixava de atender os seus colegas”, conta Vladi. Segundo ela, durante uma internação para fazer uma cirurgia, documentos eram levados ao quarto para que ele assinasse.O inspirador de toda uma geração de proprietários e oficiais de far-mácias morreu em junho de 1989, aos 73 anos. Trabalhou quase até a véspera da morte, sem medo ou reservas. Na lembrança da esposa que o acompanhou em todos os momentos, ficou o amor que ele tinha pela entidade de cuja fundação ele havia participado, em 1947. Ficou também a generosidade de quem acreditava na nobreza de doar-se em nome de uma causa, a favor de um grupo.Depois da morte do marido, Vladi fechou uma das farmácias e perma-neceu trabalhando na loja do bairro IAPI, onde a família era conhecida e querida por todos. Com a ajuda do genro, Everton Mahfuz, trabalhou até os 71 anos, quando finalmente decidiu parar. Hoje, ao percorrer os corredores da Central de Relacionamento das Farmácias Associadas, ela vê realizado o sonho de Sady, que idealizava um projeto associa-tivista para a entidade no futuro. “Isso aqui é exatamente o que ele queria”, diz ela, com um largo sorriso que mistura, nas linhas do rosto, sentimentos como orgulho, alegria e uma pitada de dever cumprido.

Personagem

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Relatos dahistória

Amadurecendocom o mercado

Entidades semelhantes em outros estados tam-bém se consolidaram ao longo de toda a década seguinte. Os anos de 1950 foram de grande ex-pansão na indústria farmacêutica, pois os avan-ços das pesquisas realizadas nos Estados Uni-dos nos anos 30 e 40 finalmente chegavam por aqui. Farmacêuticos e bioquímicos eram requisi-tados para participar desse momento de grande ebulição. Por outro lado, os salários pagos aos profissionais (práticos, oficiais e farmacêuticos) no comércio eram pouco atrativos. O resultado dessa equação era a escassez de profissionais

dispostos a se responsabilizar pelas farmácias e drogarias e a atuar nos laboratórios, atendendo às necessidades das comunidades.A chegada dos anos de 1960 foi turbulenta no cenário político e econômico brasileiro. Recém saído do Plano de Metas de Juscelino Kubische-ck, aquele do crescer Cinquenta Anos em Cinco, o país entra na década de 1960 com forte cres-cimento econômico mas com muita instabilidade política. O presidente eleito depois de Juscelino, Jânio Quadros, renunciou em 1961 e seu su-cessor, João Goulart, foi deposto pela ditadura

militar em 1964. Comunistas e conservadores dividiam o país em dois blocos ideológicos.Os empresários, entre eles os comerciantes do varejo farmacêutico, sentiam os efeitos positi-vos e negativos do momento econômico favo-rável, a despeito da instabilidade política. Por um lado, havia uma classe média fortalecida que comprava mais. Por outro, agravara-se a falta de profissionais disponíveis nas farmácias. Era urgente a formação mais qualificada e rápida de práticos, oficiais e farmacêuticos. Isso passaria, obrigatoriamente, por uma valorização maior da

Anuar Jorge, Nery de Oliveira, Francino Rodrigues, Walter Pares e Sady Acunha com o diretor da Difep

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profissão, com melhores salários e condições de trabalho.Ao longo da década, entidades semelhantes à Asprofargs estavam organizadas em muitos es-tados. Unidas, obtiveram muitas conquistas em favor da profissão e da atividade das farmácias no país. Sancionada em novembro de 1960, de-pois da campanha liderada pelas associações de São Paulo e Rio Grande do Sul, a Lei 3820 criou o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Farmácia, além de tratar do provisionamento dos profissionais. Outra conquista, pela qual as lideranças batalharam durante alguns anos, veio em 1973, com o novo provisionamento moldado pela Lei 5991, que obrigava a farmácia a ter um técnico responsável durante o seu funcionamen-to. Os cursos que preparavam os profissionais, como o do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), também foram conquistas comemoradas pelos dirigentes das entidades de todo o país.Uma das prerrogativas das associações locais era promover a qualificação em seus estados de origem, para prover o mercado dos profissionais necessários. Muitos dos integrantes das entida-

des davam aulas nos cursos profissionalizantes, compartilhando o seu conhecimento. Por aqui, os testes para obter o título de prático ou oficial eram realizados na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Com o tempo, esta prerrogativa passou para o Senac, que pro-porcionou o aumento na carga horária dos cur-sos, com mais disciplinas e conteúdos – o ob-jetivo era formar um profissional mais preparado para atuar nas farmácias.A integração entre essas lideranças que se espa-lhavam pelo território nacional permitia que elas trocassem experiências, ideias e projetos. Não demorou até começarem a ocorrer encontros re-gulares, em diferentes cidades. A primeira edição da Convenção Nacional de Oficiais de Farmácia ocorreu em 1957, em São Paulo. A maior parte dos debates girou em torno das reivindicações por mais valorização ao trabalho na farmácia e a intenção de levar às autoridades constituídas, como vereadores e deputados, as necessidades do setor.Um exemplo da conexão da entidade com as de-mandas desse mercado foi a principal proposta da segunda edição da Convenção, realizada em

Sócios com o Secretário da Saúde do Rio Grande do Sul, Jair Soares

Sady Acunha

Relatos dahistória

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Relatos dahistória

Sócios com o então governador Jair Soares

São Paulo em 1967. Foi sugerido que o provisionamento para todos os ofi-ciais ou práticos fosse expedido pelo Departamento Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia ou pelas repartições competentes dos Estados e Territórios. O motivo? Falta de profissionais.Em 1969, na terceira edição da Convenção Nacional, realizada em Porto Alegre, uma importante decisão foi comunicada aos presentes. O nome da entidade gaúcha, que até então chamava-se Associação dos Práticos de Far-mácia, passaria a ser Associação dos Proprietários e Oficiais de Farmácia do Rio Grande do Sul. Outro fato que marcou este evento foi a herança que ele deixou. O presidente na época era Sady Acunha que, vendo que havia sobra-do algum dinheiro da organização, tomou a decisão de guardar o montante, juntar mais um pouco e, finalmente, comprar a primeira sede da Asprofargs. O negócio foi fechado em 18 de novembro de 1969 e a sede era uma sala lo-calizada na Avenida Borges de Medeiros, 612, 3º andar, conjunto 31. Um dos sócios-fundadores, Jayme Vignolo, cortou a fita e foi aplaudido com grande emoção.Durante toda a década de 1970, as entidades espalhadas pelo Brasil se reu-niram para discutir os temas mais pertinentes para a categoria. A defesa da farmácia comercial, a tentativa de controle, por parte dos governos, das mar-gens de lucro sobre os medicamentos, as necessidades dos profissionais, os desafios dos proprietários e o futuro da atividade no país. Um dos focos constantes, durante anos, foi a necessidade de qualificação para os profissio-nais e a participação deles na rotina das farmácias. Com muitos integrantes dessas entidades participando dos poderes legislativos – Wilson Arruda, por exemplo, foi vereador em Porto Alegre – e o diálogo dessas lideranças com

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Eram dias de festaOs encontros tinham, sim, muita discussão e trabalho. Mas o que todo mundo gostava mesmo era das festas, jantares, reuniões e eventos especiais preparados pelos anfitriões para receber com carinho os convidados das associações de todo o país. Acompanhados das esposas, os líderes encontravam-se sempre em situações divertidas. Com o tempo, formou-se o tal espírito de amizade e confraternização que paira até hoje em todos os eventos promovidos pela Asprofargs.Sempre com o patrocínio de laboratórios, distribuidoras ou outros fornecedores, as delegações viajavam longas distâncias de ônibus para as convenções. Não era raro ver 20, 30 pessoas lotando um ônibus que partia de Porto Alegre para locais como Rio de Janeiro e São Paulo. Tudo em nome do encontro.Uma das personagens que mais aproveitou esse naco da história foi a esposa do presidente Sady Acunha, Vladi, que sempre o acompanhava nesses eventos. Ela relembra os jantares e bailes que eram pura diversão, fazendo com que todos se sentissem recompensados pelos dias de trabalho intenso. No Rio de Janeiro, os participantes chegaram a ser convidados a assistir um páreo no Jóquei Club carioca e, depois, foram levados para um ensaio da escola de samba Mangueira.No entanto, mesmo com todo o deslumbramento que causou o Rio de Janeiro, ela garante que as melhores convenções ocorriam aqui em Porto Alegre. Almoços no CTG 35, bailes e até passeio de barco, a bordo do Cisne Branco, que percorre os recantos do Guaíba, eram as atrações dos encontros. Hoje, observando a história da nossa Convenção e Feira de Negócios, entendemos o por quê de tanta festa e comemoração. Faz parte da genética da entidade.

Grupo de sócios gaúchos rumo ao Rio de Janeiro na década de 70

governadores, deputados estaduais e federais e senadores, as causas do ramo farmacêutico ti-veram uma visibilidade inédita no país. As lutas eram árduas, mas as vitórias vinham fartas, re-compensando o esforço de todos.Nesse período, os Sindicatos tratavam das ques-tões legais das farmácias, como autorizações, alvarás, licenças e fiscalização. Faziam andar os trâmites burocráticos, enquanto as associações travavam as batalhas políticas em busca de me-lhores condições de trabalho aos farmacêuticos e proprietários. Tudo estava no seu lugar.Grande responsável por boa parte dessas con-quistas, o atual presidente da ABCFarma, Pedro Zidoi, era o presidente da Associação dos Pro-prietários e Oficiais de Farmácia do Estado de São Paulo. Engajado na luta pela qualificação profissional durante boa parte da sua vida, ele ti-nha os gaúchos como os maiores aliados na luta pelas demandas da classe. Não havia uma audi-ência com autoridades, congresso ou evento re-levante em que Zidoi não requisitasse a presença de seus amigos do Sul. Entre os mais queridos, destacam-se Wilson Arruda, Francino Rodrigues e, especialmente, Sady Acunha, seu amigo ínti-mo, de quem até hoje ele fala com saudade.

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O homem da lutaOs passos firmes e a postura ereta mostram uma disposição singular, de quem parece nunca estar cansado. Uma rápida olhada na agenda revela que este homem não para. As marcas no rosto, no entanto, con-tam que ele vem colecionando histórias há bastante tempo. Mas a gente só acredita que Pedro Zidoi tem 83 anos quando ele começa a contar tudo o que fez pela profissão de farmacêutico e pelo comércio de me-dicamentos, todas as pessoas que conhece, tudo o que já lutou para ver prosperar as farmácias e drogarias. Com uma trajetória dessas, 83 parece pouco.O presidente da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (AB-CFarma) nasceu na pequena cidade de Dois Córregos, interior de São Paulo, e logo na adolescência já pediu ao pai para mudar-se para a capital, pois queria estudar. O pai, no entanto, determinou que ele viveria sozinho na cidade grande somente depois dos 18 anos. E assim foi. Ao chegar a São Paulo, fez o curso de oficial de farmácia e começou a trabalhar. “Fui precoce nesse ramo, acho que estava destinado a ele. Com 20 anos já era gerente e, aos 22, comprei a minha própria farmácia”, comenta Zidoi.Fundada em 1923, a Farmácia São Miguel passou às mãos de Pedro Zidoi em 1950 e nelas permaneceu por 55 anos. Foi nessa época que o jovem empresário conheceu a companheira de sua vida inteira, Maria Helena. No balcão da farmácia, nas lutas de classe, na criação dos fi-lhos e na construção da história da ABCFarma, ela é presença constan-te. Ao rememorar as pequenas rotinas que os dois partilhavam, eles não contêm o riso ao lembrar das pessoas que batiam na porta de casa de madrugada, em busca de fórmulas e conselhos. “Ele levantava a hora que fosse, não importava. Jamais deixou de prestar atendimento a um cliente. Nós dois gostávamos disso, sabíamos que era a nossa missão”, afirma Maria Helena.Foi nessa época que Pedro Zidoi integrou-se nas entidades de classe que representavam os proprietários e oficiais de farmácia. Ele buscava qualificação e desenvolvimento para seu negócio e deparou-se com a realidade de poucos profissionais certificados e pouca vontade política para avançar na situação. O engajamento foi imediato. “Eu sonhava com um comércio farmacêutico mais organizado e com a profissão regula-mentada e com ofertas de qualificação”, afirma Zidoi.Comprometido com as questões de classe, ele e a esposa romperam barreiras para expandir a luta para outras praças. E é aí que a história

desse casal se cruza de maneira indelével com a Asprofargs, aqui no Rio Grande do Sul. A década de 1960 foi de fortalecimento das en-tidades de classe nos estados. Foi quando Zidoi conheceu o pessoal do sindicato gaúcho e fez amizade com figuras como Wilson Arruda, Sady Acunha e Francino Rodrigues. Todos compartilhavam as mesmas necessidades – mais qualificação e valorização do profissional, com leis que aumentassem a oferta de cursos e que regulamentassem o trabalho do farmacêutico e dos oficiais de farmácia.Foi uma amizade intensa que nasceu logo que eles se conheceram. Eram homens comprometidos com os mesmos objetivos e descobri-ram que a união das entidades poderia surtir efeito no país. Começou então uma forte ligação que extrapolou os âmbitos profissionais. “Nos-sas mulheres se tornaram amigas e vimos os filhos uns dos outros crescerem. Tínhamos eventos memoráveis em São Paulo ou Porto Ale-gre. Cada viagem de ônibus era uma alegria, pois já éramos irmãos”, emociona-se Zidoi.Dessa luta, liderada por Pedro Zidoi e abraçada pelos companheiros do Sul, surgiu a configuração do mercado farmacêutico como o conhece-mos hoje. O incentivo às faculdades de Farmácia, a regulamentação da atividade profissional, os cursos técnicos com carga horária obrigatória e até o programa Aqui Tem Farmácia Popular, tudo originou-se de neces-sidades percebidas por esses homens.Hoje, Pedro Zidoi já não está todos os dias no balcão de sua farmácia – local que ele dizia ser seu favorito. Há alguns anos passou o negócio para a mão dos funcionários. Limita-se a fazer uma ou duas visitas por semana à loja do bairro do Brás. Também comprou, com um dos filhos, uma empresa de embalagens, de cuja administração participa com par-cimônia. Sua grande paixão é mesmo a ABCFarma, onde dá expediente todos os dias, das 8h30 às 17h30min. “Me dei meia hora de manhã e de tarde, para fugir do rush em São Paulo”.As conquistas do passado servem de inspiração para que ele continue buscando novos desafios, dessa vez na melhora do cenário para o co-mércio farmacêutico. “Trabalhamos pela sobrevivência desse mercado, com melhores salários para os profissionais e mais renda para as far-mácias e drogarias. O associativismo é um dos pilares que defendemos, pois possibilita a sobrevivência das médias e pequenas empresas. Aí no Sul, as Farmácias Associadas são um bom exemplo”, afirma.

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“Entrei nesse ramo namorando, noivando e casando”, diz Everton Mahfuz, logo no início da entrevista. Ele atuava no setor de autopeças quando conheceu Jussara, sua atual esposa e o motivo de todo o envol-vimento dele com o comércio farmacêutico. Filha de um dos mais atu-antes presidentes da Asprofargs, Sady Acunha, Jussara circulava com o namorado a tiracolo pelas duas farmácias que o pai mantinha em Porto Alegre, com a ajuda da mulher, Vladi. Depois do casamento, o sogro precisou da ajuda do genro. E assim tudo começou.Em 1980, Mahfuz (ou simplesmente Neco, como é conhecido desde os tempos das autopeças) já atuava no balcão, fazia pedidos e até aplicava injeções. “Foi um passo natural, quando vi estava dentro da farmácia, fazendo de tudo. Gostei e fiquei”, afirma ele. Além de apresentar-lhe o universo das farmácias, Sady também o levou para atuar na associação de proprietários da qual fazia parte. Nessa época, a Asprofargs e o Sin-dicato dos Proprietários atuavam quase que em conjunto, executando tarefas muito semelhantes.Com a morte de Sady, em 1989, Everton assumiu a administração das duas lojas ao lado da sogra. A essa altura, já nem lembrava mais do setor metalomecânico no qual um dia pensou em fazer carreira. Estava apai-xonado pelo comércio de medicamentos, pela atuação na associação e pela rotina na administração das farmácias. Em uma das ocasiões em que Wilson Arruda esteve na presidência, também foi eleito vereador em Porto Alegre. “Em uma reunião ele me botou na vice-presidência e, na outra, na presidência. Ele precisava de tempo para atuar politi-camente e eu já estava preparado. Foi tudo assim, rápido, mas deu certo”, explica Neco.A entidade vivia, no final da década de 80, um momento carente de atitu-des. O número de sócios, que já havia sido de 800, baixou para cerca de 300. A Asprofargs e o Sindicato realizavam serviços muito semelhantes, tornando a entidade obsoleta. O então presidente, Gilberto David, o con-vidou a passar as tardes na Associação, pois estava sonhando com algo novo. “A gente via a velha guarda falar em associativismo, eles tinham muito entusiasmo com essas ideias. Então eu entendi que era esse o caminho que íamos seguir”, revela.Comprar em conjunto e com condições mais vantajosas foi a primeira necessidade a ser resolvida pelo grupo que estava à frente da entidade. Para isso, a diretoria saiu em busca de farmácias parceiras da capital e região metropolitana para aderirem a esse desafio. A adesão chegou a 40 farmácias, mas ainda era pouco. Era preciso envolver o interior do Estado nesse processo.

“Conhecíamos o Jaime do Sinprofar e da Asprofargs e achamos que ele tinha o perfil para fazer parte desse projeto, já que a Farmácia Princesa, de Pelotas, era uma das maiores redes da região. Depois veio o Ricardo, de Bagé, o José Ademar, de Rio Grande, e assim nós fomos buscando os proprietários de farmácias do interior que poderiam integrar esse desafio de compras coletivas”, relembra. Depois de angariar as adesões, havia chegado a hora de tirar esse projeto do papel e dar um rosto a ele. Nessa época, o balcão da Farmácia já era cada vez menos presente na vida de Everton. Depois da morte do sogro, a família manteve somente uma farmácia, no bairro IAPI, cuja administração era responsabilidade da sogra, com a ajuda dele. A mulher, Jussara, que se ocupava do trabalho como orientadora educacional e da criação dos filhos, tam-bém não o encorajava a levar adiante por muito mais tempo a atividade iniciada por seu pai. Assim, no início dos anos 2000, Neco passou a dedicar-se integralmente às entidades das quais fazia parte: a Aspro-fargs e o Sinprofar. Hoje, Neco oscila entre os personagens de diretor Administrativo li-nha dura e paizão da grande família em que se transformou a Central de Relacionamento, em Porto Alegre. Responsável pelas rotinas e por muito mais funcionários do que poderiam supor seus antecessores na entidade, ele se orgulha de ter visto o desenvolvimento deste projeto que era objeto dos sonhos do seu sogro.Em anos dedicados ao sucesso do associativismo, Neco coleciona histórias emocionantes, divertidas, inesquecíveis. A primeira conven-ção no Hotel Ritter, que pretendia ser uma comemoração de final de ano, uma confraternização em conjunto com os parceiros, é uma lem-brança que nunca sai da cabeça. “O passeio no barco Cisne Branco foi muito divertido”, garante. “Lembro também de um churrasco memorá-vel pelo Dia do Oficial de Farmácia, no Sesc”, diverte-se.Neco usa essas memórias divertidas para resumir a essência da Asprofargs desde a sua fundação: a amizade. As lutas em nome de melhores condições de trabalho e de negócio são sempre permea-das, segundo ele, pelo espírito de amizade que impregna todos os setores e toma conta de quem entra para fazer parte desse time. “A prova são as convenções que realizamos até hoje. Vamos até Canela para fazer e rever amigos”, resume. Histórias do passado, como a convivência com os companheiros e novos episódios que ocorrem todos os dias, provam que o espírito da entidade se reno-va, mas a essência baseada em princípios de amizade e doação permanece intacta.

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Tudo por causa do amor

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A década de 80 encontrou a entidade funcionando como uma máquina bem azeitada. Com os líderes em todo o país ganhando a simpatia das autoridades para as demandas do setor, foi possível melhorar, aos poucos, os gargalos que prejudicavam a ati-vidade. As faculdades de Farmácia aumentavam o número de vagas, a legislação ia de encontro às necessidades dos proprietários e profissionais e os cursos tinham cada vez mais capacidade de formar gente qualificada para desempenhar as funções dentro da farmácia.Em suas viagens, os líderes gaúchos compartilha-vam uma ideia bastante particular com os com-panheiros de outros Estados. Muitos retornavam com um assunto em pauta: o associativismo. O princípio já era aplicado dentro da entidade, for-mada por proprietários e oficiais de farmácia que se aglutinavam para obter melhores condições de trabalho em seus negócios. E, principalmente, sem ganhar nada por isso. O conceito trazido por eles, no entanto, era mais abrangente. Sem en-tender bem as dimensões de uma proposta como essa, eles começavam a discutir a possibilidade

de aplicar os princípios do associativismo também no dia a dia da farmácia, desde a administração até às compras. Seria possível?Durante toda a década de 1980 e parte dos anos 1990 não houve resposta para essa pergunta. Afinal, o cenário econômico e político no Brasil era tão sur-real que não deixava tempo ou espaço para um pla-nejamento de longo prazo, ainda mais se envolvesse a participação de muitas pessoas e empresas.Quando José Sarney assumiu a presidência e reco-locou o país em um regime democrático, a inflação atingia índices estratosféricos. Na tentativa de conter o aumento compulsório dos preços e salários que corroía a economia, foram lançados sucessivos – e fracassados planos. O primeiro foi o Plano Cruzado, que congelou preços (inclusive dos medicamentos) e freou artificialmente a inflação. Em 1989, no entan-to, ela voltou com tudo e atingiu a marca de 1.973% ao ano. Em março de 1990, os preços chegaram a subir inacreditáveis 82% em apenas um mês. Quem já era comerciante nessa época lembra das inter-mináveis remarcações, que chegavam a acontecer quase que diariamente. Nessa época, o país chegou

a decretar a moratória duas vezes, acabando com a credibilidade no mercado internacional.Houve também o Plano Collor, depois da eleição de Fernando Collor de Mello, que congelou as poupan-ças. As lembranças do confisco do dinheiro ainda são presentes para quem viveu intensamente a épo-ca que deixou os brasileiros em pânico e provocou o caos. A inflação, claro, não foi contida.Esse quadro aparentemente catastrófico não era assim tão desesperador para os comerciantes que conseguiam se equilibrar na corda bamba da eco-nomia. A inflação, apesar de nociva para o país, favorecia quem sabia lidar com ela. Por isso, mui-tos empresários mantinham-se no mercado com a rentabilidade provocada pela variação do valor da moeda. No ramo de farmácias, isso não era dife-rente. Em muitos casos, o aumento compulsório de preços dava vantagens para os que conseguiam equacionar os estoques.O mercado foi assim até 1994, quando um novo plano entrou em vigor. O Real entrava em cena para acabar definitivamente com a inflação que parecia fora de controle. O dinheiro dos brasileiros, final-

Sonho associativista vira realidadecom as Farmácias Associadas

Comemoração dos 50 anos da Asprofargs em Porto Alegre

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mente, tinha valor.O que parecia um sonho para os brasileiros, que sem inflação podiam voltar a planejar o futuro, foi um choque para muitos empresários. Com deficiências administrativas, muitos sucumbiram aos ajustes que precisaram ser feitos para manter os negócios no prumo. Sem a rentabilidade artificial provocada pela ação da inflação, todos os setores – desde o estoque até o financeiro – tiveram que funcionar com eficiência, sob pena de inviabilizar o negócio.No cenário específico do ramo farmacêutico, a rea-lidade da segunda metade da década de 1990 já era bem diferente da enfrentada pelos pioneiros funda-dores da Asprofargs. O crescimento no número de faculdades de Farmácia e Bioquímica já abastecia o mercado com fartura de profissionais qualificados. As associações de classe estavam enfraquecidas e perdendo sócios, já que realizavam um trabalho administrativo muito semelhante ao feito pelos sin-dicatos. Eventos políticos como a aprovação da Lei dos Medicamentos Genéricos, em 1999, também prometia mudanças profundas no jeito de comercia-lizar remédios no país.

Prevendo tempos difíceis, grandes redes de farmá-cia do país se aglutinavam, obtendo da indústria condições imbatíveis de compra. Rapidamente, esses grupos se espalhavam pelos Estados, não tardando em chegar ao Sul.Atenta ao cenário, a diretoria da Asprofargs perce-beu que seria preciso mudar. Inspirados nos ensina-mentos da velha guarda da entidade, que há muito falava sobre associativismo, os presidentes da épo-ca decidiram formar, com alguns associados, gru-pos de compras, para obter melhores condições da indústria. Nasceu assim a rede Agafarma, gestada dentro da Asprofargs e, posteriormente, desligada da entidade.Com a saída deste primeiro grupo, os remanescen-tes precisaram buscar, novamente, parceiros para tirar esse projeto do papel. João Gilberto Serratt e Gilberto David foram alguns dos presidentes da épo-ca e lembram que a diretoria viajava, primeiro, pela região metropolitana e, depois, no início dos anos 2000, para o interior do Estado em busca de novas adesões para a Asprofargs e de parceiros para o grupo de compras. Em princípio, somente peque-

José Ademar Lopes recebe parceiros da rede em sua fazenda em Rio Grande

Comprar melhor, com condições mais vantajo-sas oferecidas pela indústria devido aos maiores volumes, era o principal objetivo de quem aderia ao projeto das Farmácias Associadas. Mas não era o único. Qualificação profissional, assesso-ria jurídica e ações de divulgação também eram anseios dos integrantes desta família.Isoladas, as pequenas e médias farmácias não tinham condições de participar de treinamentos constantes para melhorar o desempenho no ponto de venda e para dinamizar a administra-ção de todos os setores da empresa. Também não havia recursos para contratar uma assesso-ria jurídica especializada nas questões do ramo. Arcar com os custos de propaganda, para mui-tos, não era possível. Aglutinadas, no entanto, elas tinham acesso a todas essas facilidades, que faziam grande diferença no resultado final.Em grupo, os empresários podiam ainda desfru-tar da troca de experiência com outros, que atu-avam no mesmo segmento. Experiências bem sucedidas podiam ser copiadas e erros podiam ser evitados pelo simples hábito de sentar, tomar um chimarrão e conversar. Estava, finalmente, concreti-zado o sonho dos pioneiros. A Asprofargs vivia, en-fim, um projeto pleno de associativismo, exatamente da maneira que sugeriram, no passado, os homens que deram início a toda essa história.

Nem só de compras

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“Parte do sucesso deve-se ao cuidadoso projeto elaborado, baseado sempre nas ne-cessidades de pequenos e médios empresários do comércio de medicamentos. Além disso, a firmeza de propósitos, a administração transparente e a qualidade dos par-ceiros vêm rendendo excelente retorno aos associados. Este panorama mostra, com evidências, que o caminho para as pequenas e médias farmácias é o associativismo”.

nas farmácias aderiram. Ao perceber que seriam necessários companheiros com mais poder de compra, a diretoria ganhou a adesão do interior.Um grupo formado na região Sul do Estado foi o grande impulso para o nascimento das Farmácias Asso-ciadas, nome dado ao braço comercial da Asprofargs. Integrado por algumas redes de farmácia de cidades como Rio Grande, Pelotas, Canguçu , Bagé e São Lourenço, este grupo já estava organizado para realizar compras conjuntas. O líder, Jaime Moreira, gostou da ideia de se juntar à turma da Asprofargs, que já co-nhecia de muito tempo por ser membro da associação. Formou-se, assim, uma irmandade de sucesso.Em junho de 2000, o informativo Farmácia Gaúcha (veículo impresso de comunicação interna da Asprofargs) estampa na capa a manchete: “Farmácias Associadas – O Futuro já é um Sucesso”. A reportagem dizia que, desde a fundação oficial, ocorrida no final de 1999, muitas adesões já haviam sido confirmadas e que havia mais de dez farmácias na lista de espera, aguardando a avaliação da diretoria da Asprofargs. Em um trecho da matéria, as qualidades do associativismo são ressaltadas:Uma lista no final da página mostrava, com orgulho, os 26 associados que já integravam o projeto.

17ª Convenção Nacional em 1985

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Passados mais de 10 anos da fundação, é visí-vel o crescimento que a entidade conquistou. Um dos destaques é a profissionalização do quadro de funcionários e a organização interna, que permite eficiência e excelência no atendimento ao asso-ciado. Com um projeto inédito iniciado em 2008,a estrutura da associação passou a ser semelhante a de uma empresa. Na gestão do presidente José Ademar Lopes, uma das primeiras ações foi a criação de um Conselho Consultivo, que abriu e ampliou as discussões internas e possibilitou o salto de crescimento necessário àquele momento.Para otimizar o trabalho interno de atendimento às necessidades dos associado, a diretoria foi dividi-da em vice-presidências, às quais estão subme-tidos os diversos departamentos. Administrativo, Recursos Humanos, Financeiro, Marketing e Co-mercial são a parte visível de uma reestruturação interna imposta pela necessidade de profissiona-lização. A contratação de pessoal e a mudança para a nova sede, no bairro São Geraldo, tornaram evidente que a associação enfim tornara-se uma grande rede, que hoje é a maior do Estado em nú-mero de lojas.Algumas promoções e eventos marcaram essa história. Criada em 2001 com a parceria da indús-tria farmacêutica, a promoção Amigos do Peito era aguardada com ansiedade pelos associados. For-mada por brindes logotipados que eram enviados aos associados a cada período de três ou quatro meses, a ação proporcionava iniciativas dentro das farmácias, com a distribuição de brindes e, consequentemente, a fidelização dos clientes. A evolução do Amigos do Peito foi um marco na história da entidade. Pela primeira vez,promovemos uma promoção de grandes proporções, envolven-do todas as farmácias e sorteando, entre os clien-tes, vários brindes de grande valor, como motos e carros. Era o começo do Festival de Prêmios Farmácias Associadas, iniciado em 2009 e repeti-do com sucesso em 2010, com duas edições por ano. Em 2011, a sistemática da promoção mudou e o número de prêmios aumentou. Nos anos ante-riores, os clientes preenchiam um cupom e con-corriam a prêmios, entre eles um carro, sorteado entre todos os cerca de dois milhões de clientes

Crescimento recompensado

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Sorteio da Promoção Amigo da Sorte, em agosto de 2011

Um dos jogos do campeonato Bolamar, no verão de 2011

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que participavam em todas as farmácias. Quando a promoção passou a se chamar Amigo da Sorte, uma raspadinha tomou o lugar da cartela, premiando o cliente na hora da compra. Além do presente relâmpago, ele também par-ticipava dos grandes sorteios. Outra diferença importante é que o Estado foi dividido por regionais, cada uma com sua cota de prêmios como televisões, notebooks, geladeiras e uma moto zero quilômetro.Além das promoções nos pontos de venda, o Departamento de Marketing também ampliou o leque de possibilidades de divulgação da marca Farmácias Associadas. As mídias tradicionais, como rádio e televisão, foram sempre complementadas por estratégias voltadas para as comunidades em que as farmácias estão inseridas. Duas iniciativas tradicionais são a participação da Rede na Fenadoce, em Pelotas, e no Bolamar, tradicional competição de fute-bol amador que ocorre anualmente em Tramandaí. Muitos associados tam-

bém levam o nome da nossa rede junto com as suas farmácias, em cidades de todo o território gaúcho. Festa do Mar, em Rio Grande, e Fenasoja, em Santa Rosa, são exemplos de festas regionais que sempre contaram com a participação de Farmácias Associadas.Em 2010, um reforço passou a espalhar a nossa marca por todos os cantos do Rio Grande. A mídia móvel é um caminhão da marca Iveco, que carre-ga dois painéis em forma de outdoor. Depois dele, não tem mais festa no interior ou na capital sem o nome das Farmácias Associadas ou os nossos produtos de marca própria. O motorista e as consultoras de beleza são qua-se uma extensão do caminhão, pois sempre estão presentes nos eventos. Durante o verão de 2011, uma grande ação de Marketing percorreu todas as praias do Litoral gaúcho distribuindo amostras da Linha Revitart Solar, sorteando brindes e fazendo a festa com os veranistas.

Hélio Dalpiaz, de Maquiné, recebe a moto sorteada na primeira edição do Festival de Prêmios Farmácias Associadas

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Para Gilberto David Cunha da Silva, de 64 anos, atuar no comércio farmacêutico é mais do que um trabalho, um emprego, uma profis-são. É uma paixão avassaladora. Tanto que, mesmo sem perceber, ele insiste em fazer história, seja no balcão de uma das suas cinco lojas, seja na entidade que escolheu para lutar em prol de sua classe. E, mesmo quando a vida lhe pede que se afaste, ele tenta resistir. Afinal, quem poderia abrir mão de um grande amor sem dor, sem lástimas, sem sofrimento?No entanto, antes de falar do fim, é preciso remexer no começo. O ano era 1966. O garoto de 19 anos deixava Viamão em busca de uma oportunidade em Porto Alegre. Logo encontrou o seu espaço na Dro-garia Velgos, que futuramente se transformaria na Panvel. Foi auxiliar de depósito, balconista, sub-gerente e encerrou sua temporada ali como gerente. Deixou o primeiro emprego para abrir o próprio negócio na cidade natal em 1982. “Eu precisava de qualquer emprego, estava procurando uma oportunidade. Por acaso ou não fui trabalhar em far-mácia e me apaixonei pelo ramo. Nunca mais abandonei”, relembra. Em meados da década de 80, foi convidado por alguns amigos a fazer parte de uma entidade de classe que defendia os empresários e os auxiliava nas rotinas de trabalho. “Entrei para a Asprofargs por que entendia que alguém havia se doado antes de mim para que coisas boas ocorressem para a nossa classe. Agora, era a minha vez de dar minha contribuição”, destaca. Nessa época, as entidades de classe em outros estados estavam definhando, pois faltavam abnegados para assumir as responsabilidades e, por outro lado, também eram escassas as pessoas que acreditavam no trabalho dessas associa-ções. A necessidade de realizar compras mais vantajosas em con-junto com outros empresários também começava a ficar evidente.A aglutinação de proprietários para uma ação mais dirigida aos negó-cios no varejo farmacêutico parecia uma solução interessante neste cenário. Além disso, poderia proporcionar mais proteção jurídica qua-lificada – impossível para um pequeno proprietário de farmácia isolado –, treinamentos e troca de experiências. Nascia então, sob a gestão do presidente Avelino Gil, a Rede Agafarma, que existe até hoje. Como a Asprofargs entendia que esta nova rede deveria ter uma di-retoria independente, o grupo que formou a Agafarma concluiu que seria melhor se desligar da Asprofargs, a entidade que havia lhe dado

origem. Quem ficou precisava construir, novamente, uma base de parcerias para se desenvolver. “Assim foi nascendo o projeto das Far-mácias Associadas. Prevíamos as enormes dificuldades que o setor enfrentaria e a união dos pequenos e médios era urgente”, comenta David, que estava na presidência na época da formação deste segun-do grupo.Um dos passos decisivos foi a chegada do grupo de empresas do Sul do Estado, que já vinha com uma experiência bem sucedida de com-pras coletivas. A integração desses novos parceiros, que já eram fi-liados à Asprofargs, encorpou a rede e deu o suporte necessário para tornar realidade os velhos anseios dos idealizadores. Agora, além das compras em conjunto, que garantiam volumes maiores e melhores condições de negociação, era possível prestar a assessoria jurídica a todos, oferecer cada vez mais treinamentos e construir uma rede de relacionamentos que permitisse a troca de ideias e o enriquecimen-to do debate entre os proprietários. “Esse diálogo com os amigos que fiz na entidade me encorajou a abrir as filiais. Compartilhando os desafios com eles, acreditei que havia mercado para expandir. Se estivesse sozinho, certamente não teria me arriscado”, relata David.Dessa forma, dividindo-se entre as cinco lojas e a atividade associa-tivista, Gilberto David viu florescer um projeto em conjunto, no qual acreditou desde o princípio. E aí voltamos ao início do texto, que fala sobre despedidas. No momento dessa entrevista, faz pouco tempo que David se desfez de sua grande paixão. Vendeu as cinco lojas que mantinha em Viamão, “sem nunca ter um título protestado”, como gosta de frisar.Um problema na coluna, com compressão na medula óssea, que desde 2008 prejudica sua mobilidade e já lhe custou quatro ci-rurgias, precisa ser tratado com disciplina, sob pena de tornar--se ainda mais grave. Os filhos, temerosos pela saúde do pai, o convenceram a abandonar o grande projeto de toda a sua vida. “Racionalmente, eu sei que é melhor. Vou cur tir a vida que me resta, passear, enfim, realizar o que ainda não tive tempo de fazer. Mas no fundo eu queria mais, não estava pronto para parar. Sou um apaixonado, fazer o quê?”, lamenta Gilber to, sem perceber que já deixou gravada na história a sua assinatura, o seu trabalho e os seus exemplos.

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As lições de um apaixonado

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Ele não queria ser bombeiro, professor ou médico. Desde que se entende por gente, João Gilberto Serratt só tem um sonho: ser far-macêutico ou dono de farmácia. Natural de Tapes, ele não sossegou enquanto não viu o desejo realizado. Sem ter condições financeiras para abrir o seu negócio ao fim da faculdade de Comércio Exterior que cursou na Unisinos, foi trabalhar em grandes empresas como a Ger-dau e a Springer. Em oito anos, a poupança estava feita. Agora sim, ia fazer o que sempre havia sonhado: abrir a sua farmácia.Assim, em 1992, nasceu a primeira loja da Farmácia Boa Saúde, bem no centro de Sapucaia do Sul. A expansão foi rápida e ele chegou a ter cinco lojas na cidade. Mas eram tempos loucos, segundo Serratt. Os índices de inflação eram tão altos que a rentabilidade do negócio acontecia mesmo que as vendas não refletissem um resultado positivo. Eram as distorções do sistema financeiro que proporcionavam a so-brevivência de muitas empresas. A mudança na realidade do país com o Plano Real, em 1994, provocou também uma turbulência no setor.“Com o fim da inflação e da ciranda financeira, as empresas enfren-taram uma exigência administrativa muito maior. Somente quem tinha eficiência sobreviveu”, comenta. Outros fatores também transforma-ram o cenário no ramo do comércio de medicamentos. A exigência da contratação de farmacêuticos para atuar em tempo integral em todas as filiais desestabilizou as contas de muitas empresas. A venda das distribuidoras locais para os grandes grupos e a chegada de uma concorrência organizada e voraz, personificada pelas redes, também ameaçavam quem tentava adaptar-se à nova realidade.Foi sob a forte influência deste cenário conturbado que ocorreu um dos encontros mais significativos para a Farmácia Boa Saúde e tam-bém para a Asprofargs. O então presidente, Gilberto David, buscava um perfil novo de sócio para construir algo diferente, para que os proprietários fossem atuantes dentro da associação. O ano era 1997. “Alguns dias depois do convite eu fui conhecer a entidade e algumas pessoas. Gostei tanto que fechamos ali mesmo. Em pouco tempo eu já fazia parte da diretoria”, relembra Serratt.Um grupo de compras coletivas, que proporcionasse uma condição vantajosa para todos, era um dos projetos dessa nova diretoria – da

qual Serratt fazia parte como vice-presidente. Essa iniciativa, no en-tanto, também pareceu insuficiente. Germinavam então as primeiras sementes do associativismo, plantadas pela geração anterior de diri-gentes da entidade. “Lembro de ver o Walter Pares falando com muito entusiasmo de associativismo. Eles iam às convenções em São Pau-lo e no Rio e voltavam cheios de ideias. Era um sonho deles que so-mente naquele momento parecia tomar forma, parecia ser possível”.Farmácias Associadas foi o nome dado ao grupo de farmácias do in-terior e da capital que se juntaram para comprar coletivamente. Com essa alcunha, o associativismo tomava forma. O mais jovem presi-dente da história da entidade tomou posse para enfrentar o desafio de fazer florescer esses ideais que começavam a despertar o interes-se de cada vez mais farmácias. “Eu tinha 35 anos e pude contribuir justamente com o vigor e o entusiasmo que eu tinha”, ressalta. Na presidência ou somente fazendo parte do processo como associado, ele nunca temeu uma decisão.Algumas decisões, aliás, doeram. Uma das mais sentidas foi a mu-dança do nome Boa Saúde para Farmácias Associadas, há sete anos. O público, de acordo com Serratt, já tinha empatia. Mas era preciso fortalecer a marca e apostar no projeto associativista. Outro momen-to dolorido foi fechar quatro lojas, em 2000. A decisão de ficar com somente um ponto de venda foi fundamental para que o negócio fos-se bem administrado e sobrevivesse à concorrência, cada vez mais feroz. Quando a ideia de um layout padrão para todas as farmácias da rede parecia um devaneio, ele desmanchou a fachada original de sua loja e abraçou o novo projeto. Foi o primeiro associado totalmente identificado com a marca Farmácias Associadas, em janeiro de 2009.Hoje, Gilberto Serratt volta seu olhar para a história que ajudou a construir e se emociona. Vê com ânimo e vitalidade a entidade que cresce mais ou menos junto com a filha, nascida na mesma época do seu ingresso no grupo. Percebe o quanto é importante que a renovação ocorra por meio dos próprios associados, cuja doação e trabalho em prol deste projeto é fundamental. “Olho para tudo o que ocorreu nos últimos 14 anos e vejo que não mudaria nada, faria tudo de novo. Aqui, estamos sempre aprendendo com os amigos que fazemos”, afirma.

Personagem

Um sonho de criança

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Personagem

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A disposição dos membros dessa entidade para curtir uma boa festa já era conhecida de longa data. Ninguém que houvesse integrado a Aspro-fargs em outros tempos teria passado sem ouvir falar das confraternizações memoráveis que ti-nham lugar a cada encontro em alguma cidade do país. Usando essa experiência e aproveitando a vocação festeira da associação, os dirigentes da época não tiveram medo de arriscar.Alguns encontros de proprietários já haviam sido realizados no início dos anos 2000, com a par-ticipação de parceiros da indústria. Associados satisfeitos, fornecedores também. Por que não tornar esse encontro entre fornecedor e compra-dor um grande evento, agregando conhecimento e diversão à rotina de compras? Foi com essa

ideia que o então presidente Jaime Moreira e o Diretor Administrativo Everton Mahfuz, em con-junto com a diretoria da época, instituíram o prin-cipal evento do calendário atual das Farmácias Associadas: a Convenção e Feira de Negócios. Pelos encontros de proprietários que já haviam sido realizados em Porto Alegre, já se sabia que o espaço nos hotéis da capital seria pequeno. O lu-gar escolhido, então, foi o Hotel Continental, em Canela, único na região com estrutura capaz de abrigar os estandes dos fornecedores e os asso-ciados que vinham de todo o interior no mesmo espaço. Já na primeira edição, em novembro de 2006, não coube todo mundo no Continental e muita gente precisou ser instalada em outros ho-téis de Canela. A resposta dos associados tinha

sido a melhor possível.O tema era simples: Certeza de Bons Negócios. A identidade visual mostrava os nossos gim-micks, aqueles “azinhos” sorrindo abraçados, que eram o símbolo da nossa entidade. A progra-mação não era tão diferente da que temos hoje – só um pouco mais enxuta. Palestras e momentos dedicados ao debate das questões relacionadas à associação eram mesclados com o tempo livre para a feira de negócios. Naquela primeira edi-ção, José Ademar Lopes, das Drogarias Man-chester, de Rio Grande, apresentou o “Case de Sucesso”. A palestra motivacional ficou a cargo do “Risadinha”, lembra dele?A noite de sábado, já nessa primeira edição, foi aguardada com ansiedade. Como dizia a tradição

A maior de todasas festas

Baile de encerramento da 5ª Convenção

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das convenções dos anos 60 e 70, a festa de encerramento de um encontro como este deve-ria ser marcante. E foi. Dentro das dependências do Hotel Continental, a música e a boa comida embalaram os amigos. Todo mundo dançou até a madrugada.Desde a realização das primeiras convenções, é marcante ver o entusiasmo de muitos integrantes dessa família, que fazem de tudo para participar ativamente destes momentos. Muita gente pre-cisa planejar sua vinda durante todo o ano, pois não pode fechar a farmácia nos dias de evento. Outros, que moram a centenas de quilômetros de distância, colocam mulher, marido, filhos e até babá dentro do carro e partem rumo à Serra, na certeza de viver dias felizes por lá. Na chegada, o semblante dos velhos amigos, suavizado por mui-tos sorrisos, é a recompensa pela longa viagem.Correram rápido os comentários positivos sobre este primeiro evento. Quem foi, levou para sua farmácia uma bagagem cheia de bons descontos e lembranças amáveis da convivência e da troca de experiência com os companheiros de asso-ciação. Quem não foi, ouvindo a repercussão, já tratou de se programar para o ano seguinte.

Steven Dubner falou de superação em sua palestra

Em 2007, muito mais gente participou do evento, que até hoje tem o título de “inesquecível” entre os que estiveram presentes. Pela primeira vez, as Farmácias Associadas sortearam um carro entre os participantes que efetuaram suas com-pras nos estantes. Rosa Sofia Sand, associada de Torres, foi a ganhadora. Entre as palestras, a mais marcante foi a de Norberto Bozzeti, o cria-dor da logomarca das Farmácias Associadas. Sua explicação sobre o processo de criação e o significado de cada detalhe envolveu ainda mais os presentes com a entidade e o projeto associa-tivista. Para compartilhar experiências bem suce-didas, os associados Ricardo Duarte da Silveira (Farmacolândia, de Bagé) e Pedro Prestes dos Santos (Farmácia do Pedrinho, de Santa Rosa) apresentaram os painéis Gente que Faz.Para escancarar a emoção, ocorreu uma homena-gem especial durante a Convenção. A Asprofargs completara 60 anos e alguns pioneiros foram con-vidados de honra do evento. Eles receberam o justo louvor pelo trabalho que haviam prestado ao criar e consolidar a associação. Vladi Acunha, Walter Pa-res, Pedro Zidoi, Everton Mahfuz e Jaime Moreira foram alguns dos homenageados, representando a gratidão que toda a família Asprofargs dedica aos que tornaram possível aquela festa.

Bianko fez mágicas na 4ª Convenção

Relatos dahistória

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O encanto do grupo Tholl na 4ª edição do evento

A turma se apresenta na 1ª Convenção

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Mesmo com todas essas atrações, a segunda edição do evento ficou marcada pela festa de encerramento. A dupla Os Vips, que foi destaque na Jovem Guarda, dos Anos 1960, foi responsá-vel pela animação. Tocando os velhos sucessos que embalaram a juventude de muita gente, os dois não arredaram o pé do palco até todo mundo cansar de tanto dançar. Aquela noite quente de outubro ainda é lembrada com ca-rinho e emoção.Ao final de cada Convenção, já se esperava que a próxima seria ainda maior e melhor. Assim, che-gou o momento de viver a terceira edição, repleta de novidades. Logo no começo, os representan-tes dos recém criados departamentos internos da entidade foram apresentados e seus projetos expostos aos associados. Para completar o cli-ma de união e comprometimento, o consultor Leopoldo Brant Neto falou sobre associativismo.José Mazutti, acompanhado dos filhos Marisol e Mauro, compartilhou as estratégias e experiên-cias que adquiriu ao construir uma das maiores redes de farmácia independente do interior, as Farmácias Glória, de Carazinho. Muito aguarda-do, o médico Lair Ribeiro deixou todo mundo

motivado com sua palestra. Um dos associa-dos que saiu de Canela mais feliz foi Ricardo Reicher t, da Drogaria Taquari, que ganhou o carro zero quilômetro.A essa altura, a Convenção já era programa obri-gatório dos associados e suas famílias. Todos os anos, a organização percebia um aumento de cerca de 20% no público. O jeito, então, foi mudar o local da tradicional festa de encerramen-to. Muito pequeno para acomodar tanta gente, o Continental foi substituído pela Sociedade Re-creio Gramadense. Salão maior, empolgação e participação idem.Foi para falar da mágica de fazer bons negócios que veio o tema da quarta edição da Conven-ção, em 2009. O conteúdo mesclou palestras técnicas e motivacionais, com direito a show de ilusionismo no palco. As Farmácias Hambur-guesa compartilharam com os associados a sua história de sucesso. Um dos grandes destaques foi a quantidade de prêmios valiosos levados pelos fornecedores, entregues, por sorteio, aos empresários que fizeram suas compras na feira de negócios. César Romão e Bianko foram os palestrantes. Para transmitir uma mensagem de

inovação e coragem, o grupo teatral Balcão do Riso, formado por funcionários das Drogarias Manchester, em Rio Grande, fez uma apresenta-ção emocionante.Pelos corredores da Feira e nos espaços co-muns do Hotel Continental, um brilho especial fez a felicidade dos associados. Os animado-res do Grupo Tholl, de Pelotas, encheram de vida e alegria os dias de Convenção e foram os primeiros a dar o tom de mágica que iria per-durar durante todo o período do evento. Na fes-ta de encerramento, uma novidade que alegrou pais e mães: um espaço kids havia sido mon-tado para tomar conta dos pequenos, enquanto os adultos arrastaram o pé até a madrugada.Em 2010, com o tema Comunicação, a conven-ção extrapolou os limites da entidade. Com 100% do seu conteúdo na internet, o evento trouxe mui-tos associados para o mundo on-line, já que as inscrições passaram a ser feitas exclusivamente por meio do hotsite. Jornalistas de várias partes do Estado e blogueiras de beleza e cosméticos fizeram a cobertura do evento em Canela ou em suas bases, abastecidas pela assessoria de im-prensa. Nossos lançamentos de marca própria

Américo é o mágico de cerimônias

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ficaram conhecidos – e comentados – em todo o país, através do trabalho desses comunicadores. Computadores espalhados pela feira e uma equi-pe de reportagem deixou todos bem informados, em tempo real, sobre tudo o que acontecia em Canela. Um repórter dos mais divertidos, que a cada dia encarava um personagem diferente (destaque para Hebe Camargo e Sílvio Santos) mostrava, em telões espalhados pelo hotel, tudo o que rolava no evento. Um dos toques mágicos foi dado pelo próprio presidente, José Ademar Lopes, ao iniciar oficialmente a Convenção, na noite de quinta-feira. Em seu discurso de aber-tura, usou a tecnologia para conversar consigo mesmo em um telão. Os dois bateram um papo sobre os avanços da comunicação.Entre os palestrantes, o humorista André Damas-ceno fez todo mundo gargalhar logo no começo do evento. Em seguida, Nelson Spritzer e Steve Dubner falaram sobre os diferenciais dos em-presários de sucesso e sobre histórias de supe-ração. O tradicional carro zero quilômetro ficou com a Fabíola Giovelli, da Farmácia Bella Vita, de Guarani das Missões. Vestido de Chacrinha, o mestre de cerimônias Américo José da Silva

Filho conduziu com bom humor o maior públi-co que a Convenção e Feira de Negócios já teve: mais de mil pessoas.Dentro de um estande moderno e com design exclusivo, os associados puderam conhecer o crescimento vertiginoso dos produtos de marca própria. A Linha Revitart Sensações havia aumen-tado, os produtos para homens eram uma realida-de e nascia o produto que mais orgulha a família Associadas: a Linha Revitart Erva Mate. Idealizada para ser o nosso carro-chefe, a linha oferece toda a tradição dos gaúchos em produtos perfumados e repletos de benefícios para a pele. Com extrato de erva-mate, a linha promove a hidratação e o combate aos radicais livres, que provocam o en-velhecimento precoce.O recorde de estandes e público (1120 pessoas e 36 parceiros) se revelou em números históricos. Foram mais de R$ 5 milhões comercializados du-rante os dias de evento. Os números expressivos ecoaram nos fornecedores, que demonstraram sua satisfação durante jantar de avaliação. Esses jantares, aliás, são uma prática comum na entida-de, que desde a primeira edição chama, posterior-mente, os parceiros para um momento de avalia-

ção, onde todos opinam e dão sugestões sobre como melhorar a dinâmica do próximo evento.Hoje, organizar a convenção é fazer girar uma engrenagem complexa, que envolve os depar-tamentos Administrativo e de Marketing, empre-sas de eventos, agência de propaganda e mais uma porção de fornecedores. As rotinas são frenéticas, mas nunca deixam de lado o espírito associativista que move todos os integrantes da entidade. As reuniões para decidir os pormeno-res do evento são ruidosas, cheias de opiniões, divergências, explicações. Ao final, as melhores ideias, gestadas em conjunto por todos, tornam--se o projeto do evento. O resultado dessa siste-mática é ver esse encontro crescer a cada ano. Na primeira edição, foram somente 17 estandes. Em 2011, serão 46.Ao passar pelos corredores da Central de Rela-cionamento nos dias que antecedem a Conven-ção, é possível sentir no ar a atmosfera cheia de expectativa, excitação e alegria. A grande carga de trabalho que requer a organização de um evento que cresce a cada edição vem acompa-nhada de sentimentos de satisfação, afinal, não há quem não ame a Convenção.

Turma da Rede se apresenta na 3ª Convenção

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Quando aquela pequena figura aparece a gente já sabe: tem alegria no ar. Uma música gaudéria diferente que ele descobriu, uma nova tecnologia adquirida na rua 25 de Março, uma historieta vivida recen-temente em Pelotas ou uma piada novinha em folha. E um sorriso. Sempre um delicioso sorriso, daqueles de deixar apertados os olhos e cheio de marcas o rosto. Assim é Jaime Moreira, o seu Jaime, uma das personalidades mais marcantes e queridas na história recente da entidade. Antes associado e proprietário de farmácia, hoje Diretor Co-mercial da Rede Associadas, ele não passa incólume por nada nem ninguém. Deixa sempre atrás de si um rastro de leveza e uma impres-são de que as coisas, afinal, não são tão ruins como a gente pensava.Como ele próprio gosta de contar, tem origens no campo, mais preci-samente no Terceiro Distrito da cidade de Canguçu, no Sul do Estado. Daí vem, provavelmente, o gosto pelas tradições gaúchas e o faro para descobrir novos talentos da música nativista. Aos 18 anos, dis-pensado do Serviço Militar, encheu a mala de roupas e foi morar em um pensionato, em Pelotas. “Eu queria ir para a cidade grande para estudar e trabalhar. Meu primeiro emprego foi de vendedor de carnês do Baú da Felicidade”, conta.Um colega de pensionato, desempregado, pediu a ele ajuda para ar-ranjar um trabalho. Ao passarem na frente da tradicional Farmácia Khautz e perceberem que havia uma vaga, entraram. Para acom-panhar o amigo, também preencheu uma ficha e fez entrevista. “Eu passei e ele não, coitado”, relembra Jaime. Entrou como auxiliar e em 30 dias já estava distribuindo sua simpatia pelo balcão. Nos oito anos seguintes, ele desempenhou todas as funções, do atendimento à indústria ao desenho dos balcões, tornando-se o braço direito da família Khautz.Essa parceria durou até que, em 1979, um colega de pensionato o convidou para abrir uma farmácia em sociedade. Ainda hoje ele se emociona ao lembrar o mutirão de amigos que o ajudou a montar todas as prateleiras e a carência de três meses de aluguel que o pro-prietário do imóvel lhe deu, para que se estruturasse. “Abri as portas da Farmácia Princesa às 7h30min do dia 21 de junho de 1979. Foi um momento inesquecível”, recorda. Entre a matriz e as filiais, a Princesa chegou a ter 63 funcionários e tornou-se a maior rede de farmácias de Pelotas, com 3 lojas. A primeira funcionária, Glaci, permaneceu na empresa por 28 anos, até o dia em que as portas se fecharam.

Já em 1981 ingressou no Sinprofar e na Asprofargs, a convite do então presidente Sady Acunha. As ideias de compras coletivas e as-sociativismo não eram novidade para Jaime e outros empresários que já haviam formado, na Zona Sul, um grupo para obter melhores condições de compra. Assim, no início dos anos 2000, a Asprofargs ganhou corpo com a adesão dos novos parceiros e ocorreu o nas-cimento efetivo da Rede de Farmácias Associadas. “Como eu par-ticipava da liderança do grupo na Zona Sul e tinha uma experiência nas compras coletivas, fui convidado a presidir a entidade”, relembra Jaime.As conquistas de sua gestão são lembradas com carinho. O cresci-mento exponencial do número de lojas integradas à rede – em 2001 não chegavam a 50 e em 2008 eram 365 – o aprimoramento dos treinamentos em diversas áreas, com a contratação do consultor Américo da Silva Filho, a criação da marca própria Revitart, a organi-zação de Convenções cada vez mais concorridas e especiais, enfim, tudo o que diz respeito aos anos em que ele dirigiu a entidade é re-lembrado com satisfação e saudade. Um dos episódios em especial foi a escolha do layout e da frase que passariam a caracterizar a Rede Associadas a partir daquele momento. Junto com Everton Mahfuz, que participava da direção da entidade na gestão de Jaime, as cores verde e laranja foram escolhidas por representar a saúde e a energia. A frase “Aqui você tem Amigos” também nasceu em conjunto, para expressar as relações de amizade que se formavam dentro da enti-dade. “Foi um orgulho quando começamos a identificar as farmácias integrantes da rede com uma plaquinha de aço escovado. Foi nossa primeira ação de layoutização, a primeira vez que pensamos em uma identidade visual”, afirma.Sem a Farmácia Princesa desde 2002, Jaime se dedica exclusiva-mente ao trabalho no setor comercial das Farmácias Associadas. Quando perguntado sobre planos de aposentadoria, nem pensa duas vezes antes de dar a resposta. “Eu faço tudo o que eu gosto e ainda me pagam por isso! Por que iria parar?”.A resposta é a definição de “estar no lugar certo e na hora certa”. Sem a Asprofargs e as Farmácias Associadas, Jaime talvez não ti-vesse tantos amigos e não pudesse ser tão feliz simplesmente por fazer o seu trabalho. E sem o seu Jaime Moreira, a entidade não teria, certamente, a certeza de estar repleta de amigos.

Personagem

A trajetória de um grande amigo

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Personagem

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Quem gosta de concorrência? Difícil encontrar quem aprecie a tensão diária de sen-tir a concorrência – muitas vezes desleal – se aproximando. E foi justamente esse sentimento que assolou, e ainda assola, a maioria dos associados desde o início do Século 21. Aos poucos, as grandes redes foram se achegando e tomaram conta de quase todos os recantos do Estado. Até nas menores cidades, com poucos habitantes, é possível encontrar farmácias de todas as bandeiras, amontoadas nas ruas principais. Pressionando os fornecedores e profissionalizando a administra-ção, muitas dessas redes desequilibram o mercado.Como combatê-las? Essa pergunta ainda não foi completamente respondida. Mas algumas pistas já foram encontradas. A primeira delas teve início ainda nos anos 1990, quando a Rede Associadas não existia e João Gilberto Serratt fazia parte da rede Farmais. Em um dos eventos promovidos pela rede, ele conheceu o consultor e professor Américo José da Silva Filho, que em suas palestras descontraídas e animadas dava dicas valiosas sobre técnicas de venda, atendimento, organização do ponto de venda e administração. Depois de vê-lo, todo mundo voltava cheio de ideias novas e energia para suas rotinas.Com o fortalecimento da Rede, a partir do ingresso de muitos associados, somado às parcerias com fornecedores, foi possível realizar o antigo sonho da diretoria que encabeçou o projeto associativista: ter recursos para proporcionar ao grupo um conjunto de treinamentos qualificados, para que os empresários obtivessem conhecimento de ponta e aplicassem as técnicas mais modernas de venda e admi-nistração em seus negócios.Anos depois, não há associado que não conheça o professor Américo, com aquele sotaque carregado de paulistano e sempre cheio de sorrisos para dar. Em 26 de no-

A caminho do sucesso

Treinamento de consultoras de beleza realizado na Central de Relacionamento em 2009

Campanha da linha Revitart Erva Mate, com a cantora tradicionalista Shana Müller

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vembro de 2005, um dia ensolarado e quente, ele fez a primeira palestra durante um treinamento realizado em Porto Alegre. Tan-to tempo de convivência já ensinou Américo a tomar chimarrão e a apreciar um churrasco gaúcho de verdade. Pode-se dizer até que é difícil encontrar um paulistano mais gaúcho do que o Américo.O consultor é parte de um projeto iniciado em 2005 que visava a aproximação com os associados e a promoção da qualificação profissional de todos os quadros dentro das farmácias ligadas à rede. Aquele primeiro encontro foi o maior realizado até então, e reuniu proprietários de todas as regiões. Como presente, foram distribuídos mil ímãs de geladeira e a agenda personalizada para o ano de 2006. Para completar um dia inesquecível, lá estava o barco Cisne Branco novamente. Como no passado, para ou-tras gerações da Asprofargs, a embarcação levava um monte de gente feliz e comprometida para conhecer os encantos do Guaíba.A experiência bem sucedida motivou um planejamento pionei-ro para 2006. Ficou claro que era necessário trabalhar com os proprietários, oferecendo conhecimento e treinamento para a atuação nas diversas áreas da farmácia. Durante todo o ano, encontros mensais, realizados no Hotel Ritter, em Porto Alegre, tratavam de temas como eficiência administrativa, ações de marketing, organização financeira e legislação. O conhecimen-to compartilhado e a integração entre os colegas de entidade ofereceram crescimento e amadurecimento empresarial aos participantes. Com proprietários bem treinados, foi a vez de estender a pro-fissionalização aos demais setores da farmácia. Assim, iniciou em 2007 um grande trabalho dedicado à melhoria no ponto de venda, com cursos específicos para farmacêuticos, gerentes e balconistas. O objetivo era obter excelência no atendimento em todas as Farmácias Associadas e, assim, consolidar a imagem da rede perante o consumidor. Esse esforço se estendeu até 2010, sempre com a coordenação de Américo.Conscientes de que a venda de cosméticos e perfumaria apre-senta crescimento constante e que estes produtos garantem boa rentabilidade para a farmácia, um programa de treinamento para consultoras de beleza foi desenvolvido ao longo de 2008. Com a coordenação do professor Américo e a apresentação de Rosana Ikeshiro, meninas de todo o Estado passavam três dias em Porto Alegre em ritmo de imersão total no mundo da cosmé-tica. A cada encontro, cerca de 40 consultoras faziam a alegria da Central de Relacionamento.Como o Américo gosta de dizer, o segredo para a competitivi-dade é treinar, treinar e treinar. Por isso, em 2011, percebeu-se a necessidade de reestruturar os treinamentos, adequando-os às necessidades atuais dos associados. Com a coordenação do diretor de Recursos Humanos, João Gilberto Serratt, ocorreu a contratação de novas empresas de consultoria para capacitar atendentes e farmacêuticos. Os cursos para gerentes e proprie-tários continuam sendo executados pelo professor Américo, que ainda supervisiona os demais módulos.

Treinamento de perfumistas realizado em Novo Hamburgo, em abril de 2011

Gerentes foram treinados em Porto Alegre, em junho de 2008

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Aposta na marca própria

A ideia surgiu meio por acaso, informalmente. Em conversas com integrantes de outras re-des e observando o mercado, o então presi-dente em 2006, Jaime Moreira, acreditou que a Rede Associadas também poderia ter uma marca própria de cosméticos. Já havia alguns produtos logotipados, mas nada como artigos de beleza com uma identidade exclusiva das Farmácias Associadas. O diretor administra-tivo, Everton Mahfuz, também apostava que produtos customizados seriam uma nova fonte de rentabilidade e ainda ajudariam a consolidar a rede no mercado, o que já ocorria em outros grupos de farmácias. Pronto. Estava decidido. As Farmácias Associadas teriam seus próprios cosméticos.O primeiro passo foi pesquisar um fornecedor capaz de atender à exigência de qualidade que os integrantes da rede esperavam. O Instituto Pasteur de Cosmiatria, que tinha feito história no mercado produzindo o anti-transpirante Pierre Alexander, foi o escolhido para enfrentar esse novo desafio ao lado das Farmácias As-sociadas. O conhecimento e a experiência téc-nica da farmacêutica Maria Angélica Zabaleta, responsável técnica do Instituto Pasteur, se so-mou ao time para desenvolver um produto de alta qualidade e preço competitivo, exclusivo da nossa rede. Meses depois, durante a Con-venção de 2006, foram lançados os primeiros produtos: o creme hidratante para o corpo e o desodorante.Batizar e definir a identidade visual dessa nova marca foi um desafio que exigiu muita integra-ção. Em conjunto e depois de analisar muitas propostas, a diretoria optou pelo nome Revi-tart, que pareceu o mais adequado à mensa-gem que se queria transmitir. Ele continha os significados de vida, renovação, beleza e bem estar que estavam na concepção de todos os produtos. Era isso mesmo que todos os asso-ciados queriam de sua marca própria.Os primeiros produtos lançados tiveram o envolvimento pessoal e intenso de toda a di-retoria, especialmente da dupla Jaime e Ever-ton. A qualidade era testada pelos dois e por quem mais pudesse emitir uma opinião sobre o resultado daqueles cosméticos. As emba-lagens eram cuidadosamente idealizadas – e

amplamente discutidas, para causarem a melhor impressão no ponto de venda. A chegada nas far-mácias era sempre com expectativa.A Linha Solar foi uma aposta ousada, com resulta-dos surpreendentes. Hoje, depois de tantos anos nos nossos pontos de venda, ela já virou referên-cia. Quem usa uma vez, não compra outro filtro solar. Desenvolvida com o rigor de qualidade típi-co do Instituto Pasteur, nossos produtos Revitart Solar têm eficiência comprovada e equiparam-se em proteção às marcas mais tradicionais do mer-cado. Tudo por um preço atrativo e embalagens modernas.Em 2008, percebendo a boa resposta que os con-sumidores davam aos produtos de marca própria no ponto de venda, a rede investiu em novas li-nhas. Nasceu assim a Revitart Sensações, cujos primeiros produtos foram hidratante, sabonete líquido e esfoliante com as fragrâncias Morango com Champanhe e Erva-Doce. Hoje, esta é a nos-sa linha mais extensa, com produtos diferencia-dos, como os cremes para as mãos. Em 2011, ela ganha o reforço de várias novas fragrâncias e a revitalização das embalagens.

Os cuidados para o corpo estavam contempla-dos em todas as linhas já existentes. O rosto da mulher, no entanto, ainda não tinha um produto específico dentro da proposta de marca própria da Rede Associadas. Nasceu assim a Linha Re-vitart Faces, em 2009. Embalagens delicadas, perfume suave e um forte apelo de tratamento para a pele do rosto foram os diferenciais desta nova linha, composta por cremes hidratantes para peles secas e mistas, esfoliante facial, sabonete gel demaquilante, demaquilante bifásico, emulsão demaquilante e creme hidratante noturno (esses dois últimos lançados posteriormente). Com valo-res competitivos e qualidade superior, os produtos conquistaram os clientes nos pontos de venda. Foi com a Linha Faces que o Departamento de Marketing iniciou um projeto de relacionamen-to com formadores de opinião, como jornalis-tas e blogueiras.Depois de conversas informais pelos corredores da Central de Relacionamento, o Diretor Comer-cial, Jaime Moreira, deu início ao processo de produção da nossa linha mais importante: a Revi-tart Erva Mate. Sabonete líquido, hidratante, óleo

Linha Solar

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bifásico, creme para as mãos e aromatizador de ambientes foram os primeiros produtos a materia-lizar o sonho da Rede Associadas de criar tendência ao fabricar um produto totalmente identificado com os costumes dos gaúchos, que oferecesse em for-ma de cosmético todos os benefícios do chimarrão que tomamos todos os dias. Ao ver as embalagens verdinhas e sentir o perfume suave que mistura to-ques florais e de folhas verdes, não tem quem não se orgulhe de fazer parte desse projeto.Com a Linha Revitart Erva Mate veio também o maior esforço de marketing já feito pela rede com um produto de marca própria. Em 2011, uma cam-panha em que a cantora tradicionalista gaúcha Shana Müller é a garota-propaganda, mostra os benefícios dos cosméticos à base de erva-mate e a identificação que eles têm com as coisas da nossa terra. Em todo o território gaúcho, páginas de jor-nais, spots de rádio e comerciais de televisão mos-tram a nossa marca Revitart.

A cada ano, mais lançamentos entram na pauta do Departamento de Marketing e Marca Própria, hoje responsável pelo desenvolvimento de novos itens. Produtos de uma linha masculina (já lançada com grande impacto), Linha Leite de Cabra e Linha Ac-qua são algumas das novidades recém saídas do forno. O objetivo é ampliar a gama de possibilida-des, para que o associado tenha, em seu ponto de venda, opções para agradar todo o tipo de cliente.A cada vez que alguém hidrata as mãos ou se protege do sol com um de nossos produtos de marca própria, a certeza fica mais concreta. Cer-teza de que os pioneiros da Asprofargs estavam certos, afinal, é possível apostar num projeto as-sociativista contando com o comprometimento de todos. E estavam certos aqueles que aposta-ram que cosméticos podem, sim, ser um grande diferencial dentro da farmácia. Hoje, podemos dizer aos nossos clientes que somos uma rede especial, afinal, só aqui se compra Revitart.

Linha Revitart Erva Mate

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w w w . d i m e d . c o m . b r - 0 8 0 0 . 5 4 1 . 2 2 2 0

Empreendedorismo, preocupação com a saúde e com a

satisfação de seus clientes levaram a Farmácias Associadas

a ser hoje a maior rede de associativismo do Rio Grande do

Sul. Essa história de sucesso começou em 1947, quando foi

fundada a Asprofargs que, mais tarde, levaria ao nascimento

da Rede Associadas de Farmácias. Hoje, são mais de 492

lojas distribuídas em 179 municípios do nosso Estado. A

Dimed, uma das principais distribuidoras de medicamentos e

perfumarias do Brasil, tem o maior orgulho da parceria com a

Asprofargs e com a Rede Associadas. Seguindo os preceitos

de competência, responsabilidade e ética, a Dimed atua nos

três estados do sul do país com 36 Agentes de Negócios,

profissionais devidamente treinados, comprometidos com

a sua empresa e preparados para interagir, valorizando o relacionamento que levam a estrutura

da empresa para os seus mais de sete mil clientes. Entre seus diferenciais estão a variedade de

estoque, que chega a 15 mil itens, a agilidade no atendimento, o melhor nível de serviços, centros

de distribuição estrategicamente localizados, solidez econômica e financeira, e a inovação. A Dimed

acredita na força das Associadas e que seu trabalho comprometido e eficiente fará crescer ainda

mais essa entidade, impulsionando a sua expansão e trazendo saborosos frutos de resultados para

os seus associados e de muita qualidade para os milhares de clientes atendidos mensalmente.

A Dimed está junto nessa jornada e quer estar cada vez mais presente e contribuindo para as

Associadas. O caminho da confiança nos faz andar juntos e reforçar ainda mais essa parceria. “Aqui

você tem amigos” e “Você pode confiar” são os slogans que retratam a essência das empresas, que

são um símbolo de credibilidade no mercado gaúcho.

Uma parceria de confiança.

Saudamos a família Associadas e desejamos muito sucesso!

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Ele sempre foi um cara de semblante meio sério, que fazia o tipo cala-dão. Não gostava muito de falar em público e ficava à vontade mesmo quando estava no recanto seguro da administração da sua rede de farmácias, em Rio Grande. Mas a vontade de trabalhar em prol de um grande objetivo falou mais alto que qualquer timidez. Sem ter bem certeza de que iria dar conta do recado, José Ademar Lopes, aceitou assumir, em 2008, a presidência da Asprofargs, que a essa altura já tinha como principal desdobramento as Farmácias Associadas. Hoje, depois de quatro anos, um novo homem deixa o posto.“Devo meu crescimento pessoal à entidade. Na primeira vez em que peguei um microfone em público, tremia todo. Hoje tenho segurança para falar sobre o que eu conheço e gosto”, afirma o atual presidente. Enquanto se prepara para transmitir ao sucessor o posto de gestor da Asprofargs, relembra o caminho que percorreu até descobrir-se capaz de assumir a direção da entidade pela qual sempre nutriu res-peito e admiração.A relação de José Ademar com o ramo farmacêutico começou de for-ma consciente, por meio de uma escolha bastante refletida. O ano era 1977 e ele completava dez anos de atuação na indústria, como técnico em Refrigeração formado pelo Colégio Técnico Industrial de Rio Gran-de. O sogro, que tinha uma farmácia, apresentou a ele o mercado. A esposa, Neusa, conhecia as rotinas em função da profissão do pai. Depois de muita conversa, ele fundou a primeira das Drogarias Man-chester, uma pequena loja em um prédio antigo do calçadão da cidade.Em função da vivência na farmácia, conheceu a Asprofargs, que nes-sa época prestava serviços relativos à documentação e as licenças dos estabelecimentos. Participou da diretoria durante 12 anos, na mesma época em que teve início o projeto de reunir farmácias fortes em todo o Estado para as compras coletivas. Viu crescer, como di-retor e vice-presidente, todos os setores da entidade. Viu prosperar os treinamentos, a marca própria, o aumento nos sócios, o relacio-namento com a indústria que culminou com a criação da Convenção. Até que chegou a hora de assumir uma responsabilidade ainda maior: o comando de toda aquela máquina.“Recebi uma entidade respeitada, séria e que já servia de case de associativismo em todo o país, por praticar um modelo em que os integrantes são livres para manter seus nomes e seu estilo de traba-lho”, comenta. Ele diz ainda que os traços mais marcantes desse gru-po sempre foram a unidade, a capacidade de diálogo e a disposição

em ouvir todas as partes e tomar decisões que beneficiem a todos. “Nossos antecessores nos deixaram uma herança de harmonia e luta para o bem de todos os associados. Temos que preservá-la”.Com essa consciência, Ademar assumiu os desafios que se apresen-tavam naquele começo de gestão. Um deles era fortalecer a identida-de das Farmácias Associadas, para que a marca fosse reconhecida pelo consumidor. Começou então um grande esforço de revitalização da logomarca e de layoutização do maior número possível de pontos de venda, para que o público também nos enxergasse como a maior rede de farmácias do Estado. “Também lutamos pela unificação de muitos processos, para que ações de marketing e até administrati-vas pudessem ser encabeçadas pela entidade, poupando o trabalho individual dos associados. Isso foi um ganho interessante para to-dos nós”, ressalta.Uma outra causa pela qual a diretoria lutou foi a profissionalização do quadro funcional e a organização administrativa dentro da entidade. Com colaboradores qualificados e um organograma bem definido, foi possível oferecer ao associado um serviço mais competente, com agilidade e eficiência. Segundo José Ademar, a divisão das tarefas entre as vice-presidências e a criação dos departamentos fez com que a associação funcione de forma organizada e concisa. “E cria-mos o Conselho Consultivo, que é a representação do ideal asso-ciativo. Quando acertamos, o mérito é de todos. Quando erramos, dividimos as responsabilidades e nos debruçamos, juntos, sobre as possíveis soluções”, garante.A cada vez que reconta essa trajetória, José Ademar se emociona. Afinal, diz ele, é uma história bonita, edificante, que alegra, contagia e dá força para seguir batalhando no balcão da farmácia. Ao final da gestão como presidente, quando se prepara para entregar o cargo ao próximo sucessor, ele entende que a responsabilidade para com a Asprofargs não termina. Apenas se transforma. Em um modelo associativista, todos dão a sua parcela de contribuição para que tudo funcione, para que tudo cresça e prospere. Assim, com esse pensamento, o nome ex-presidente não significa muito. É só uma troca de posição, uma mudança no cenário. “Vejo essa entidade com mais 60 anos pela frente, pois as pequenas e médias farmá-cias sempre encontrarão aqui um serviço de qualidade e muitas oportunidades. Por isso, nosso esforço e nossa participação serão sempre importantes”, garante.

Personagem

Velho presidente, novo homem

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Personagem

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Relatos dahistória

Ao mirar o refrão no nosso Hino Riogranden-se, música que desperta sentimentos edifican-tes em todos nós, é inevitável lembrar de toda

Passado de conquistas, futuro de esperança

“Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra. Sirvam nossas façanhas

de modelo a toda Terra”.

a história da Asprofargs e de seus pioneiros. São mais de 60 anos dedicados ao associati-vismo, ao bem comum, a um projeto maior do que qualquer individualidade. Não, não temos a pretensão de ser modelo a toda Terra, afinal, es-colhemos viver em grupo para aprender mais do que ensinar. Mas podemos traçar um paralelo entre a trajetória da nossa entidade e os versos

da canção que conta histórias de coragem, li-berdade e superação.Sem uma sede, sem recursos e sem saber o ta-manho do desafio que iriam enfrentar, um grupo de homens, ao lado de suas famílias, escolheu doar parte do seu tempo para fundar uma entida-de que tivesse força para lutar pelos interesses de toda uma classe. Era o bem de seus negócios que

Fachada da Central de Relacionamento

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Sólidas parceriasgarantem resultados

de sucesso

A SantaCruz trabalha há 56 anos com empenho, visando sempre a excelência.

Estas qualidades garantiram a colocação entre as mais importantes distribui-doras do segmento farmacêutico brasileiro. É uma história real, compartilhada com as pessoas que se dedicaram para tornar esse sonho possível.

Em meio as ações que renderam resultados positivos está a parceria iniciada em 1999, entre a SantaCruz e a Rede Associadas de Farmácias. Essa união se fortalece a cada ano e desde a primeira edição da Convenção e Feira de Negócios a SantaCruz aposta e acredita nesta iniciativa.

Este é o momento de parabenizá-la pela trajetória de conquistas, pela 6ª Convenção e Feira de Negócios. O comprometimento e dedicação da Rede Associadas de Farmácias traz para a realidade o conceito “Aqui você tem amigos”.

Esta é a prova de que sólidas parcerias garantem resultados de sucesso!

MT

PA

AP

MA

TO

PI

CERN

PBPE

AL

BA

SE

MG

GO

SP

MS

PR

SC

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RJ

ES

AM

AC

RR

RO

Uma trajetória de grandes conquistas

www.distribuidorasantacruz.com.br

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Relatos dahistória

eles buscavam, mas também era o bem da comunidade, que encon-trava no balcão da farmácia o consolo e a solução de seus males. O ano era 1947 e não havia internet, caixa eletrônico ou passagem aérea a preço promocional. Havia, sim, muita vontade e coragem. Como os bravos farrapos do passado, aqueles homens simples não aceitaram que o mercado lhes ditasse as regras. Organizaram-se para interferir, para fazer as regras.O tempo passou e a disposição desse grupo não arrefeceu. As lide-ranças foram substituídas por outras, o mundo mudou, o mercado farmacêutico também. Outros desafios surgiram. Mas o espírito des-sa entidade permaneceu intacto. Aqui, empresários abrem mão do individualismo. Preferem dividir problemas e glórias. O erro de um

Parte da equipe na 5ª Convenção

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Relatos dahistória

é aprendizado para todos. O sucesso de um é receita para todos. Para nós, isso é mostrar valor e constância, não importa qual seja a guerra.Chegamos assim à comemoração dos nossos 64 anos de vida. Enfrentamos problemas, cres-cemos, nos tornamos a maior rede de farmácias do Rio Grande do Sul. No momento da redação deste texto, estamos batendo a marca de 500 lojas. Quem sabe quantos seremos no momento da sua leitura?O que queremos dizer, no entanto, é que pouco importa o número, o faturamento, o valor mone-

tário. Importa é que, como dizem os mais gau-dérios, temos fundamento e procedência. Sabe-mos da nossa origem e temos um compromisso com quem nos antecedeu. E temos alma, a alma dos pioneiros que nos ensinaram a acreditar nos ideiais do associativismo. Somos fortes, aguer-ridos e bravos. E temos virtude na medida em que desbravamos juntos o caminho.Assim, com o associativismo preso ao peito e a amizade pulsando no coração, vamos construir a Asprofargs pelos próximos 64 anos. E outros 64, enquanto Deus permitir.

Homenagem aosex-presidentes

1947 a 1968 – Idião M. Lopes1969 a 1970 – Sady Corrêa Acunha1971 – Francino C. Rodrigues1972 a 1973 – Alcy Jonhson1974 a 1975 – Wilson Arruda1976 a 1977 – Anuar J. Jorge1978 a 1980 – Sady Corrêa Acunha1981 a 1984 – Walter Pares1985 a 1987 – Jadyr L. Fettermann1988 a 1990 – Nery Wanderlei de Oliveira1991 a 1993 – Everton Luiz Ilha Mahfuz (presidente interino)1994 a 1996 – Avelino Silveira Gil1997 a 1999 – Gilberto David Cunha da Silva2000 a 2001 – João Gilberto Serratt2002 a 2007 – Jaime Nunes Moreira2008 a 2011 – José Ademar Lopes

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60Funcionários reunidos na convenção

Promotoras e consultoras de venda

Relatos dahistória

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