Revista Bag 4

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edição 4 >> ano 2 >> especial de aniversário

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A BAG é uma revista feita por um grupo de mentes criativas que procuram um formato diferente de informação e interação com as manifestações urbanas.

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edição 4 >> ano 2 >> especial de aniversário

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Todo mundo quer ser único.

Ser normal acaba de parecer chato.

Se não somos normais, somos loucos? Alucinados

pela vida...

A loucura é, segundo a Psicologia, uma condição da

mente humana, e ainda caracterizada por pensa-

mentos considerados anormais pela sociedade. O

título da loucura é estranho? A estampa da coragem

faz existir o que a face pintada tenta renovar. Ou re-

mover. Possíveis e curiosos olhos se encaixam a céu

aberto de nós. Somos esquisitices vestidas para não,

e simplesmente, andarem nuas, como a vida de um

olho se enamora com a lua cheia de desejos. Nossos

desejos são ordens? As loucuras íntimas cabem no

dia a dia? E o pensar se manifesta aqui e ali – atordo-

ando, nutrindo...

Baseada nos pensamentos e loucuras da primeira

juventude global, a edição de aniversário da bag

traz como pino básico a palavra freak. Uma questão

se forma: o que é que é? A expressão freak, que é

muito usada hoje, referencia pessoas com alguma

coisa-título não comum em suas feições ou proce-

dimentos. Com medo de se sentirem perdidos na

multidão, os jovens estão criando essa nova lingua-

gem visual não-comum – não-título. Não grupe, mas

líquida. Escorre os dias.

Coisas sem-títulos

As regras mudaram novamente – o mundo é dinâ-

mico. Se antes neutralizávamos nossas diferenças,

agora se tornou o melhor processo expressá-las. E,

com toda essa expressão, é possível ser vendedor,

DJ, jornalista, nerd, ator, designer e coisas-título ao

mesmo tempo. Tudo fincado agora. Nós estamos

falando da geração mais plural da história: de pes-

soas e pessoas se apresentando de formas várias.

Histórias da Terra que muda e que fala... Troveja e

esquenta.

Nestes dias, as mudanças são diárias: o inaceitável

pode ser aceitável amanhã; o que foi agora criticado,

um minuto a seguir pode ser celebrado. Há tempo

para adiar? Os jovens de agora estão influenciando

novos hábitos, ou de consumo ou de qualquer outra

coisa-título por aí. E realmente não é fácil entender

os millennials. Quem são eles?

São o oposto que se faz um bichinho de estima-

ção, o oposto do que fazemos ao apenas seguir

os conceitos estabelecidos pela sociedade. Quem

apenas repete padrões de comportamentos não

tem coragem de ser diferente, de inovar, de se

reinventar. Este é o momento para você desenvolver

a coragem para decidir o que é melhor para si, sem

obedecer normas e regras genéricas. É a hora certa

para começar a ser autêntico, único, freak.

lucas silveiraPublisher

EDITORIAL

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PublisherLucas [email protected]

Produção executivaMaicon Mello

RevisãoGabriel Mota

PublicidadeLucas Silveira

marca bagAllecastro

Diagramaçãowww.rima.cc

EXPEDIENTE

COLABORADORES

Ana Paula, Fabiana Queiroga, Galeria Plus, Ivan

Erick, João P. Teles, Larissa Domingues,

Max Miranda, Pabllo de lá Cruz, Philipe Mortosa,

Plie Design, Rodolfo Capuzzo, Vinícius Figueiredo,

Yuri Pardi Cap

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Inquiete-seAnomaliaAbra a razãoEditorial: Le freak c`est chicAfinal, qual e a dificuldade em contar quem somos através das roupas?MutaçãoGaleria bagAre you a freak?AndroginiaEditorial: Underneath texturesNarrativas de moda: histórias às avessasAberração

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SUMÁRIO

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Desde o início da minha coluna na bag

e até muito antes disso, qualquer rápida pesquisa

pela internet me propor-cionava uma avalanche de

informações, novidades, refe- rências e motivos para que eu

também fizesse mais. Acredito que isso aconteça com quase todo mundo. E a cada dia o meu book-marks fica um pouco maior. E é tanta coisa boa, tanta gente fazendo coi-sas legais por aí, que nos inspiram, nos enchem os olhos e também o coração. Não é à toa que foi tão legal escrever a coluna Searching, porque era fácil, era divertido a cada dia en-contrar algo legal e querer compar-tilhar com os leitores da revista.Durante esse 1 ano de coluna foi

muito bom trazer o trabalho de profissionais como ilustradores, blogueiros, aventureiros, designers, publicitários, gente que na minha opinião sempre somou ao meu tra-balho, por ser inquieto como eu, por querer fazer mais, mais do que é pedido, mais do que se espera dessa pessoa ou profissional. E essas bus-cas servem para aqueles momentos em que estamos com a prancheta vazia, a página em branco, com um novo documento sendo aberto ou com uma ideia querendo nascer.

Dessa busca e com esse espírito in-quieto está nascendo um novo pro-jeto. Um movimento para os inqui-etos. Um lugar para eles (a gente) se encontrar, se falar e se inspirar. Além de fomentar boas ideias e gerar no-

vas ideias, uma oportunidade para unir e valorizar profissionais, ati-tudes, ideais, inquietudes. E por trás desse projeto existem grandes no-mes, que são grandes não por que se consideram assim, mas porque pensam grande, buscam o novo e procuram fazer tudo o que fazem da melhor forma possível; por isso a bag é o melhor lugar pra anunciar esse novo espaço.

No endereço www.inq.art.br você vai encontrar uma provinha desse novo projeto. Tenho certeza que quem é inquieto vai curtir.

maiCon melloDESIGNER

Publicitário e marketeiro. Atualmente diretor de arte em constante pesquisa sobre novidades e tendências sobre design.

@maiconmello

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Nossos sentidos: descentralizar para existir

Ternura por descobertas - a não ilusãoDiscorridos caminhos da casca tênue; reto afora...

ABERRAR é acreditar na mentira escondida no tapete-víscera? Dentro de um e outro, a bobeira de ser in-vade cada um, a qualquer estação: hora outra e outra. Agora. Há a beleza de ser. O revirar do desfavorável é uma prova à frente. Monstro de nós significa um no-velo de lã? Desenrolamos a vida. Uma cara amassada é o passatempo do espelho? A feiura é desonesta? Por que beleza quer dizer alguma coisa? A beleza é honesta? Também, mas honestidade se palpa e tem rugas – ou a ferro mesmo: penetrados seres. Não se sabe sobre os nossos sentidos?

Coisa escorrida de caldo grosso coloca-se lado a lado do intestino fino. O que mais nessa região de restos mortais? Bosta posta na torta pérola-pétala da doce vida. Vida posta; vida são talhos impostos – e de chantili, caldinho. Há o cheiro de viver. Há urubus na caatinga. E qualquer caatinga é escrito com dois “as”? Catinga na moringa do rio-cerébro. E de coisas presas no batimento da ficção. Fricção. Mistério de fato. Pos-ses indevidas, cartas de indicação coberta de notas, jabá, jabaculê na cara de quem faz com panos quentes e medo. Aberta ação. E mais: aberração é saber que quem rege não escuta operários da instrução? Por quê? Vida é mato. No verde de nós. Consigo mesmo no ato da fortuna íntima: travesseiro e destino. Estrela de mel

é brilho solto no mundo. “Inclua-te fora dessa porque tu és luminosa”, disse a enfastiada fruta-veia – cheia de coisas escorridas reto afora. Reto afora... Pisar na alma dos outros é como ferir a tapa antes dada no disse-disse da retida fese-tese [festejo dos intestinos]; no vaso escorrido o resto de cada um – é fato. O resto de sempre até o fim. Um jeitinho colorido é o olhar da cabeça. Do destino da fogueira que queima o bico do peito a ferro-teso? Ou glicose com gosto de febre. E entorta a boca, e entorta o olho – corcova velha; reto afora.

Absurdo? Vamos perguntar em tudo: inconsistên-cia, impossibilidade, incoerência, confusão, irregu-laridade? Um ser é um monstro desigual assim como

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maX miRanDa

Desenhar e escrever abrem minha cabeça.

[email protected]

Nossos sentidos: descentralizar para existir

Ternura por descobertas - a não ilusãoDiscorridos caminhos da casca tênue; reto afora...

seja. Somos monstros brincando de gentilezas? Abra a razão - Berra, coração! Abra a ração - Abra a ação. Aberta ação - Berra! Ação... Na língua de um povo cru que casou com a Terra e aqui ficou, diz que é bicho e tem medo; medo de encarar a realidade de coisas vivas. Vivas por serem. Ser porque é. Ser a doidivanas completa e possuída diante da feitura do agora. Pus, e soluções em caçapas escorridas. Bolas de pesos, e pe-sos de bola. Glória à figura do alheio rosto. Põe-se ser. A viagem de lazer é a própria hora existindo diante do minuto da aberração. Somos coisas incompletas até sendo e porque não aceitar? Reis? Rainhas? Onde está a terra pisada do loiro puro? Corra, o seu sangue europeu está acabando; vá à terra do nunca e chame de mamãe e papai o Doceiro da esquina. Grita a vida. Frita o sorriso. Frita o sol. Frita a cidade de tanto car-ro; um atrás do outro – entupir. Entupido: esgoto de automóveis é a rua nossa de cada dia. Uns lados sim, outros não... Carro, carro, carro. Pressa desmedida de homem querendo ser no volante, e nem a própria vida comanda – e muito menos um volante construído pela medicina alternativa do automobilismo. Cria bicho, cria carro, cria desventura para o trânsito – e nem a bicicleta sai do lugar.

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Constrói. Destrói o sentido ser o que a rua deixou de ser – arbítrio no asfalto. E nada de pneu. Tudo de pneu. Borracha. Grita a cola, e onde está a as-sistência dos desusos e usos do mundo daqui? Isso e aquilo se colocam em peso doído porque a dor da culpa lhe tirou a cara velha e frouxa, borras-coisas! Ante - agora. Antes e agora. O antes do agora? Cadê o que resta num lugar tão belo. Bela e verde, pairada no Cerrado. Serra o ar, gente fina! Pises no pé, piso de pé, de novo e ronque à noite porque és humano porco? E também na varredura da letra: quero comer palavras.

Ninguém tem texto pronto. O texto é a vida. Texto é cotidiano. E tem gente que amarra as ideias num texto construído há... Texto é presentemente; é agora e nunca mais. Texto é pensamento e tão livre espírito de comunicar. Aproveito para uma coisa aberrada: Giordano Bruno ou Joana D’arc? Foram que foram e nada são? Mais tolerâncias contemporâneas ou não: e se busca comer o tédio de uns para digerir o tédio de outros: há faces simples que rebordam a vida e nada de santas e equilíbrios de dados cabíveis. Dis-farçados de pele, mas eles são outra coisa, que politi-zam. Abelha poliniza.

Aberração é jogar uma criança na caçamba de lixo. Aberração é jogar um papel de bala na rua, ou até

mesmo, aberração é ser o mau humor da existência – e sabendo que essa passagem é para um lugar de pouca volta. Aberrar é... Afastar-se do caminho reto, desviar-se das regras naturais, transviar-se: Aberrar do bom senso? “O transvio em que me aberrava” (Coelho Neto). Reto do reto e reto do reto: reta for-ma. Murcha forma. Durinhos brilhos: próximas pas-sagens.

Eu aberro, tu aberras, ele aberra, nós aberramos, vós aberrais – conjugar para existir – e não julgar para existir. Monstruosidade é apontar e esconder o rabo reto afora de si mesmo. Monstro é o bicho de den-tro que devora a culpa; a gentileza urbana é o estado na rua – porque ultrapassar? Seres ultrapassadores. Ultra. Passa. Dores. Monstruosidade é preconceito. Monstro é a esquisitice da falsidade. Monstruosi-dade é bater e esconder a mão; monstro é olho que só cabe o umbigo e a malfeitoria visceral.

Só lhe cabe o espaço de todos. Mundo somos nós. Monstruosidade à solta: e, definitivamente, monstro está no jeito de armar imagens. O desigual é pare-cido, sempre. O ser fantástico não é fantasia. A fanta-sia é monstruosa quando o dinheiro do outro é usado para um – de todos para um. Hibridez. Há misturas boas e misturas puras; e ainda misturas-monstro: máscaras são monstros escondidos?

Fedor, carniça. Aleijo. Amor. Pinça. Beijo. Cheiro da vida ou os minutos estão mortos? Pego a vida e sigo o rumo. O diferente é diferente. A feiura é a feiura.

aberraçãoCome o bairro de prédio, e cadê o vento?Comer o vento do outro é

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O que é feio? Engula; e depois são dejetos – metabo-lismos de todos jorram coisas; ou é um monstro dos céus de nós... O Flato. O ato. A vida. É passagem: agora. Acaso é bicho-papão. E a construção do mundo acon-tece sem empacar [?], e nós aqui contorcidos pelos ponteiros.

A água pelo ralo... A enchente faz vítimas; aberrações naturais ou estéticas de resistência da Terra? Pergun-tas-grito. Pavores na faixa. Monstro é monstro? Ser pano de chão abraça a vida porque é a sua vida. Quem é monstro no armário-coração? Quem é monstro na gaveta-olho?

Quem é monstro no casco-língua? Quem é quem den-tro de nós? A contestação faz o debate: diálogos diários sem fim... E existir em diversas formas não é aberração; pode ser alforriado ao ar de britas - somos cores-pele-vida por aí. Olhos, sóis, cavernas: e bobas aberrações coitadas? Coma seu ar ou morra de fome. Viventes ur-banos com alarme, e por isso de unhas-línguas afiadas. Entendemos o ruído da natureza humana?

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Le freak,FOTOS IVAN ERICK

STYLING PLIE DESIGN / PHILIPE MORTOSA

C’est Chic

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Colar Eleonora Hsiung

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Cabeça lucasSilveiraVestido Marcos Queyroz

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Vestido Adevânia SilveiraAnéis KavernaSapato Plie para Kleyson Bastos

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Tiara Mário BrittoJaqueta Fabulosas DesordensVestido PactusLegging FutilityColares Gutta GuerraSapato Acervo

Página da direita_

Vestido João QueyrozSaia Marcos QueyrozCinto Marcos ManzuttiPulseiras PactusGola de penas lucasSilveira

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Saia usada como pelerine Adevânia SilveiraSaia Gutta GuerraBrinco Eleonora HsiungSapato Plie para Kleyson Bastos

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Legging kleyson BastosCabeça Adevânia SilveiraCasaso preto PactusVestido Marcos ManzuttiColar DaGuirraCinto PactusSapato Acervo

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Blusa manga longa Marcos QueyrozBlusa amarela Adevânia SilveiraVestido longo Kleyson BastosAnéis KavernaGola de Pêlos Acervo

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Fotografia_ Ivan ErickProdução_Plie Desing e Philipe MortosaDireção Criativa_ Lucas SilveiraCabelo_ Janaína MendesMake-up_ Alessandra NunesModelo_Duane Friedrich (Voga)

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izabelleCaPuzzoSTYLIST

É designer de produto formada pela PUC-GO e especialista em criação de imagem e styling de moda pelo SENAC-SP.

Pliedesign.blogspot.com Pliedesign.com

FeRnanDo RoDRiGuesDESIGNER GRÁFICO

Tem formação em artes plásticas pela UFG e é designer gráfico formado pela PUC-GO.

A palavra tendência nunca foi tão usada e explora-da como agora. Ela possui intensidade, tempo e ex-tensão, parte do individual e se espalha no coletivo. Gilles Fouchard diz que ela se constrói pelo cruza-mento de intuições, ideias, leituras, encontros, estilos de vida, habilidades e produtos insólitos. É fruto de um processo intuitivo e interativo, aponta possibilidades para o futuro e além de estar presente na moda está ainda nas mais diversas áreas.

As tendências de moda nascem de filmes, celebridades e principalmente das ruas. Hoje, existe também um movi-mento muito forte, composto por blogs de moda, onde tendências nascem, cir-culam pela rede até se transformarem em “it-trend”, são usadas a exaustão pelos “bloggers” e enquanto isso, nas ruas, nem se quer chegou mas já esgotou no mundo virtual. O indivíduo exerce um papel de grande importância na contemporaneidade, pois agora, além de participar da moda mostrando seus desejos e necessidades, ele também pode influen-ciar os demais.

Atualmente temos uma pluralidade de tendências, o que é uma resposta a diversidade de estilos de vida e as manifestações culturais, ou seja, a moda está li-gada diretamente ao que a sociedade está vivendo. Tivemos campanha internacional estrelada por casal albino, a top Kate Moss deixando suas celulites a mostra em desfile, modelos plus-size ganhando edi-toriais e passarelas.

A questão do tempo, que afeta a todos, seja por sua falta ou por não aceitá-lo foi explorada usando modelos maduras ou a beleza feita para envelhecer os modelos. Sexualidade é tema recorrente. Imagens da modelo transexual Lea T. e do modelo Andrej Pejic estão por todas as partes, confundindo os ob-servadores e gritando que a era Gisele Bündchen acabou. A geração atual é cada vez mais liberal e não se apega a gêneros, paralelamente a moda diz que,

se tratando de gênero, não é preciso se distinguir.No universo pop, Lady Gaga berra que você pode ser quem quiser e que ser estranho é normal. Observa-se a ruptura se padrões, estamos passando por um momento que valoriza a beleza da imperfeição e por isso tem ligação direta com a realidade.

Vivendo a hipermodernidade, que tem a rapidez como característica central, somada a enorme quantidade de ofertas de estilos na moda, talvez não tenha sobrado tempo para refletir que as roupas e acessórios falam sobre nós. Por isso, vivemos simu-lações que a roupa e as tendências nos proporcio-nam: “hoje sou hippie, amanhã serei punk.” Cada dia assume-se um papel, sem identidade.

Apesar da moda ter esse lado massificador e pa-dronizador, ela também nos oferece ferramentas de individualização. Aqui mora uma ambigüidade, pois ao passo que a moda diz: “Seja você mesmo”, ela também diz: “ Se não conseguir ou não gostar, eu te ajudo a tentar um novo personagem”.

Deixar de lado a paranoia das tendências, a ne-cessidade de “estar na moda”, a compulsão por novidades, o consumismo desenfreado e não dar ouvidos ao que o marketing diz quando impõe um “must-have” e de quebra manda você ficar atento à próxima tendência: “trend to watch”, é mesmo muito complicado. Romper com padrões é coisa de gente grande. A vestimenta é instrumento de identificação e inserção social, é um texto que será lido e rapida-mente julgado. Portanto, assumir nossa identidade através da roupa é despir-se de armaduras.

SER FREAK, em nossa sociedade, tem a ver com ser quem você é ou quer ser, assumir e exteriorizar uma identidade através da aparência. o diferente, está ligado a ruptura de padrões.

,QUAL É A NOSSA DIFICULDADE em ContaR Quem somos

atRaVÉs Das RouPas?

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A c e s s ó r i o s

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SÉRIE MACHO TOYS SITUAçãO DELICADA Nº 09

Fabio Carvalho, Impressão a la-ser, 42 x 29,7 cm , 2011.

THE MEXICAN Rustoff, Acrílica, spray, stencil sobre papel Fabriano 50% al-godão 300 gramas, 60 X 48 cm, 2010.

KILLER BOOTS Oscar Fortunato, Mista (incluin-do serigrafia, grafite e spray Montana) sobre papel Fabriano 300g 50% algodão, 35 x 36 cm, 2010.

DARK SIDE#1 Zé Otavio, Acrílica, esferográ-fica, lápis dermatográfico, fitas adesivas e esmalte de unha so-bre Papel couché 230 g, 29.7 x 21 cm, 2010.

A ESPERA Edney Antunes, Mista sobre tela, 100 x 70 cm, 2010.

EPHEMERAL PASSION # 04 Nick Alive, Óleo sobre papel tela Filiart Renaud 240g, 42 x 29.7 cm, 2010.

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62.8108.0149 | 62.9127.6313 | 62.8558.7829 | [email protected]

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laRissa DominGuesJORNALISTA

É brasiliense da gema. Gasta todo seu tempo entre as redações de jornal e os inferninhos da capital. É louca por tecnologia, música, literatura e tudo que envolva novidades e excentricidades.

[email protected]

Quando me passaram o teor deste artigo, fiquei pen-sando sobre o conceito da palavra freak. Descobri, após arquitetar os mais diversos e absurdos tipos de teorias e pensamentos, que é complicadíssimo tentar simplificar ou explicar algo que tem uma significação tão ampla. Vamos tentar, primeiramente, pelo modo ipsis literis. De acordo com o dicionário Michaelis de língua inglesa, o freak é um ser anômalo, uma aber-ração, um monstro, ou uma pessoa esquisita, excêntri-ca, esdrúxula, grotesca. A querida Wikipedia diz que o termo é bastante utilizado na contemporaneidade e que é “comumente aplicado na referência a pessoas com algo não usual em suas aparências ou comportamentos”.

Okay. A tradução literal me parece pobre, dá a impressão de não fazer jus a tudo o que este pequeno adjetivo inglês pode transparecer. Lembra dos anos 60 e 70? Você não precisa ter vivido esta época para saber, pelo menos um pouco, o que ela foi ou repre-sentou para a história. Sabe os anos 60 e 70 apresentados nos livros, nos documentários, nas re-vistas e nos grandes filmes do cinema mundial? Foi aí, nesse intervalo de tempo, (em) que essa palavra começou a ser empregada na boca dos boêmios, dos punks, dos beatniks, dos hip-pies e de tantos outros grupos tão ricos e instigantes em termos culturais e antropológicos. Foi exatamente aí (em) que se começou a montar a grande tenda do freak show.

Venhamos e convenhamos: a sociedade contem-porânea repudia e ao mesmo tempo idolatra um bom show de horror – daqueles, dignos de um filme de Stanley Kubrick. Para mim, o maior exemplo disso é a ascensão mais que meteórica de Lady Gaga. Aliás, gostaria de grifar aqui: pela minha opinião, ela é o maior ícone freak da história da música pop e, quiçá, da moda. Ou melhor, ela trouxe para o cenário pop elementos pouco usuais, como a atitude anarquista e desinibida dos punks, por exemplo. Não quero entrar no mérito comercial. É muito claro que tudo, ou quase tudo, se trata de uma grande jogada de marketing. Dá

dinheiro, vende. Mas a questão é que a mother monster mantém seu público muito bem entretido. Ela mata

a sede dos curiosos com todas as suas esquisi-tices e excentricidades. Como muitos outros

também fazem.

Acontece que ser freak não significa só ser bizarro, estar marginalizado social-mente. Na moda, por exemplo, existe uma cena underground das mais cria-tivas nas passarelas de Nova Iorque,

Milão e Tóquio, entre muitas outras. São inúmeras as vertentes musicais que

têm como membros grandes esquisitos-maravilhosos, como o folk e o indie rock. Um

dos meus preferidos é Devendra Banhart, um neo-hippie tristonho que vomita umas coisas lindas,

diga-se de passagem. E nas artes plásticas? Alguém dúvida que Salvador Dalí, em meio aos seus delírios convulsivos, fosse um grande super freak? Falei tudo isso para chegar a apenas um ponto. Para muitos, o termo denota algo pejorativo, de mau gosto. Na minha humilde concepção, é o mais nobre adjetivo que existe. O que pode ser melhor que ser singular?

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Fotos: João P. Teles Styling: Yuri Pardi

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ana Paula Vilela

Mestre em Arte e Cultura Visual pelo Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Artes Visuais – UFG.

Professora do Curso de Design de Moda da Universo.

As narrativas visuais concebidas por artistas con-temporâneos emergem “sentidos enviesados” (CANTON, 2009), bem como um modo particular de contar histórias. Desta maneira, as narrativas do nosso tempo relatam histórias às avessas, fazendo com que o começo-meio-fim tão aclamado seja sur-preendido pela falta de linearidade, a qual sugere o uso de repetições, sobreposições, deslocamentos e alinhavos de fragmentos.

instabilidade para uma dita “Cultura Visual” que con-sidera, no exercício da visualidade, os modos de ver e a construção visual do social (Mitchell, 2006). Por-tanto, vislumbramos uma maneira de narrar, que con-templa a roupa enquanto matéria ou substância de uma narrativa visual no gênero do design de moda.

As narrativas de moda contemplam uma forma sin-gular de contar histórias, configuradas por elemen-tos que sugerem o uso de repetições, cruzamentos e desvios. Contam histórias, mas se negam a conce-ber uma narrativa cujo sentido seja cessado em si mesmo, ou que possa ter linearidade. Os sentidos, nas obras de artistas e designers contemporâneos, se arranjam e se constroem das múltiplas relações que se sucedem entre a obra e o observador. Deste modo, uma narrativa visual que contempla o gênero da moda deve estar comprometida com questões temáticas que perpassam pelo contemporâneo ou, como diria Rosane Preciosa, “consideramos a moda como um notável documento da cultura contem-porânea” (2008, p. 2).

Katia Canton esclarece que:

essa estratégia de aumento do interesse pelo storytelling (ato de contar histórias) começou no final dos anos 1980 e início dos 1990. Em Nova York, proliferam desde essa época espaços al-ternativos que recebem todo tipo de contadores de histórias. Vive-se ali uma explosão do storytelling (2009, p. 37).

Compreendemos que as pequenas histórias, conta-das de um jeito particular, acabam por substituir as histórias totalizantes conhecidas por metanarrativas, que pretendem descrever e explicar a realidade a partir de uma perspectiva geral, hegemônica. Então, artistas contemporâneos se inspiram em histórias co-nhecidas pelo grande público e as remodelam por meio de desconstruções. “Não há risco de que a iden-tificação com o espectador ou leitor desapareça, con-siderando-se a popularidade de que são revestidas” (CANTON, 2009, p. 39).

Diante da possibilidade de sobrepor fragmentos de pequenas costuras e virar os sentidos pelo avesso, percebemos que as histórias contadas por artistas contemporâneos também fazem eco no design de moda. Notamos que a moda contemporânea, assim como a arte, concebe imagens que instigam, desa-fiam e promovem uma condição de estranhamento e

Narrativas de moda:

Uma das características que configura o nosso tempo é a avalanche de imagens na qual estamos imersos. Para tanto, contar histórias revela um meio de se aproximar do outro, a fim de promover trocas de sentidos em si e nesse outro.

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ReFeRÊnCias biblioGRÁFiCasCANTON, Katia. Narrativas enviesadas. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.MITCHELL, W.J.T. Mostrar o ver: uma crítica à cultura visual. In: Interin. Re-vista on-line. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná, n. 1. 2006. Trad. Rubens Portella.PRECIOSA, Rosane; AVELLAR, Suzana. Considerações iniciais sobre Moda e Memória. In: Colóquio de Moda, 4., 2008, Novo Hamburgo/RS. Anais... Novo Hamburgo: Feevale, 2008. p. 1-9.

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