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Revista Brasileira de Brazilian Journal of Functional Nutrition NUTRIÇÃO FUNCIONAL ano 19. edição 79 www.vponline.com.br ISSN 2176-4522 Bases moleculares das estratégias de treinamento Leite materno como regulador epigenético Cobertura completa do do XV Congresso Internacional de Nutrição Funcional RECEITA Panqueca de cogumelos com taioba ao molho funcional de laranja

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Revista Brasileira de

Brazilian Journal of Functional Nutrition

NUTRIÇÃOFUNCIONAL

ano 19. edição 79www.vponline.com.br

ISSN 2176-4522

Bases molecularesdas estratégias de treinamento

Leite maternocomo regulador epigenético

Cobertura completa dodo XV Congresso Internacional de Nutrição Funcional

RECEITAPanqueca de cogumelos com taioba ao molho funcional de laranja

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Nesta nova edição da Revista Brasileira de Nutrição Funcional serão tratados temas de alta relevância para o conhecimento, a atualização e a prática clínica do nutricionista.

Na área de Nutrição Esportiva Funcional, apresentamos artigos que ajudarão o nutricionista a aprofundar seus conhecimentos sobre as bases moleculares das estratégias de treinamento com baixa disponibilidade de carboidratos e sobre o impacto da nutrição na recuperação do sistema imunológico em esportes de endurance. Ainda, uma revisão sobre o papel das variáveis intensidade e volume na prescrição do exercício e os impactos na prescrição nutricional traz uma discussão profunda acerca da importância do suporte nutricional na preparação física e adaptação ao exercício.

A importância do aleitamento materno é indiscutível. A literatura acerca dos benefícios ao binômio mãe-feto é muito vasta e consistente, porém a relação entre o leite materno e a genômica nutricional, especificamente a epigenética, é uma discussão mais recente e se mostrou relevante no artigo sobre leite materno como regulador epigenético, uma vez que microRNAs identificados no leite são de interesse como possíveis biomarcadores, contribuindo para a prevenção de doenças.

A aliança entre as áreas de Nutrição e Psicologia é fundamental quando pensamos no ponto central da teia de interconexões metabólicas. A revisão sobre a Psicologia Positiva no atendimento nutricional, que apresenta como a integração entre ferramentas e conceitos da Psicologia Positiva pode ser uma aliada no atendimento nutricional, aumentando o engajamento do paciente com seu plano alimentar e, consequentemente, o cuidado com a saúde.

Na área de gastronomia, apresentamos uma saborosa receita de panqueca de cogumelos com taioba ao molho funcional de laranja, repleta de sabor e nutrientes para compor acompanhamentos, café da manhã e lanches.

Para finalizar, trazemos a cobertura completa do XV Congresso Internacional de Nutrição Funcional, que ocorreu entre os dias 12 e 14 de setembro em São Paulo.

Boa leitura!

Dra. Valéria PaschoalDiretora da VP Centro de Nutrição Funcional

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Conselho Editorial

Ana Cláudia Poletto Nutricionista pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2002) e mestre em Ciências, com ênfase em Fisiologia Humana pela Universidade de São Paulo (2006). Pesquisadora (doutoranda, desde 2007) do programa de Fisiologia Humana da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Fisiologia Endócrina, atuando nos temas: mecanismos transcricionais envolvidos na regulação da expressão do gene SLC2A4, sensibilidade à insulina, metabolismo lipídico, obesidade e diabetes mellitus.

Ana Vládia Bandeira Moreira Nutricionista graduada pela Universidade Estadual do Ceará (1996), mestre em Ciências dos Alimentos pela Universidade de São Paulo (1999) e doutora em Ciências dos Alimentos pela Universidade de São Paulo (2003). Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Viçosa (MG). Coordenadora do Laboratório de Análise de alimentos e coordenadora do Projeto de extensão pró-celíaco. Ministra as disciplinas de Técnica Dietética na Graduação e Dietética Aplicada no Mestrado e Doutorado e Gastronomia Funcional na especialização na UFV.

Anna Cecília Queiroz de MedeirosNutricionista pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Experiência na área de Nutrição, com ênfase em Nutrição e metabolismo de nutrientes nos diversos estados fisiológicos.

Fátima Aparecida Arantes Sardinha Nutricionista. Doutora em Ciência dos Alimentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas/USP. Mestre em Ciências Aplicadas à Pediatria pela UNIFESP/EPM. Especialista em Nutrição e Saúde Pública pela UNIFESP/EPM. Docente convidada do curso de pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional da VP Centro de Nutrição Funcional em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul.

Revista Brasileira de Nutrição Funcional - 2019 - edição 79Indexação: Sumários (www.sumarios.org) e ESALQ (http://dibd.esalq.usp.br)

Diretora ResponsávelValéria Paschoal

Coordenação CientíficaAna Beatriz Baptistella

[email protected] dos Santos Souza

[email protected]

Jornalista ResponsávelJosé Maria M. Filho

MTB – 19.852 - [email protected]

Revisão OrtográficaLemuel Cintra

[email protected]

Capa, Ilustrações e EditoraçãoBárbara Feracin Meira

Redação, Publicidade e AdministraçãoVP Centro de Nutrição Funcional

As condutas nutricionais preconizadas naRevista Brasileira de Nutrição Funcional

devem ser supervisionadas exclusivamentepor nutricionistas ou médicos especializados.

Os editores não se responsabilizam peloconteúdo dos anúncios, matérias e artigos

assinados. A reprodução total ou parcialdesta publicação só será permitida mediante

autorização prévia.

VP Centro de Nutrição FuncionalFone/ Fax: (11)[email protected]

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Coordenação e Autores

Apoio

Revista Brasileira de

Brazilian Journal of Functional Nutrition

NUTRIÇÃOFUNCIONAL

ano 19. edição 77www.vponline.com.br

ISSN 2176-4522

Alimentos vs. suplementos fontes de carboidratos: efeitos na performance

O papel do engajamento nutricionalna mudança do comportamento

Horta PANC:

O modelo sustentável para hortas escolares

RECEITACajuzinho do cerrado

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Revista Brasileira de

Brazilian Journal of Functional NutritionNUTRIÇÃO

FUNCIONAL

ano 19. edição 78

www.vponline.com.brISSN 2176-4522

Presença de substâncias consideradas

doping em suplementos alimentares

O papel do zinco no

transtorno depressivo maior

Banquete das PANC -

da natureza ao prato os chefs criam receitas nutritivas e gourmet

RECEITA

Drink de castanha-do-Brasil

com cacau e especiarias

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Fernanda Serpa Diretora e Docente da Empresa Nutconsult. Nutricionista pela Universidade do Estado do RJ/UERJ. Título de residência em Clínica Médica no Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ. Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional da VP Centro de Nutrição Funcional em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul. Docente convidada dos cursos de pós-graduação e extensão da VP Centro de Nutrição Funcional em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul. Mestre em Clínica Médica - IPPMG/UFRJ. Nutricionista Militar do Corpo de Bombeiros do RJ. Nutricionista Municipal do Hospital Souza Aguiar.

Gilberti Hübscher Nutricionista. Mestre e Doutora em Fisiologia Cardiovascular pela UFRGS. Especialista em Gestão e Saúde pela PUC-RS, Gestão em UAN pela UNISINOS e em Saúde da Família pela ULBRA (RS). Docente convidada dos cursos de pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional da VP Centro de Nutrição Funcional em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul e dos cursos de graduação em Nutrição e pós-graduação em Saúde e Trabalho da Feevale (RS). Membro do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional (IBNF).

Márcia Cristina PaivaNutricionista, graduada na Universidade de Passo Fundo - RS. Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional e pós-graduanda em Fitoterapia Funcional da VP Centro de Nutrição Funcional em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul. Educadora em diabetes certificada pela empresa Medtronic Brasil de equipamentos médicos (Bombas de infusão de insulina). Atua em atendimento clínico em clínica de gastroenterologia em São José dos Campos - SP.

Rosangela Passos de Jesus Professora Adjunta da Escola de Nutrição da UFBA (ENUFBA). Doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da USP. Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Nutrição Clínica Funcional, coordenadora do Ambulatório de Nutrição e Hepatologia do Hospital Universitário Prof Edgard Santos.

Sandra Matsudo Médica Especializada em Medicina Esportiva pela Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Doutorado e pós-doutorado em Ciências pela Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Diretora Geral do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul - CELAFISCS. Coordenadora geral do Projeto Longitudinal de Envelhecimento e Aptidão Física de São Caetano do Sul. Coordenadora pela IUHPE dos Cursos de Atividade Física e Saúde Pública - Agita Mundo. Professora Titular do Curso de Educação Física do Centro Universitário FMU. Editora Executiva da Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Autora dos Livros: “Avaliação do Idoso - Física e Funcional”, “Envelhecimento e Atividade Física” e “Obesidade e Atividade Física”.

Valéria Paschoal Nutricionista. Mestre na área de Nutrição e Pediatria pela UNIFESP – EPM. Editora Científica da Revista Brasileira de Nutrição Funcional. Coordenadora científica e docente convidada dos cursos de Nutrição Clínica Funcional e Nutrição Esportiva Funcional da VP Centro de Nutrição Funcional em parceria com a Universidade Cruzeiro do Sul. Diretora da VP Centro de Nutrição Funcional. Autora dos Livros “Nutrição Clínica Funcional: dos Princípios à Prática Clínica”, “Suplementação Funcional Magistral: dos Nutrientes aos Compostos Bioativos”, “Nutrição Clínica Funcional: câncer” "Tratado de Nutrição Esportiva Funcional" e "Nutrição & Sustentabilidade: alimentando um mundo saudável". Coordenadora da Comissão Científica do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional (IBNF). Membro do The Institute for Functional Medicine – USA. Nutricionista do CSA Brasil (Community Supported Agriculture - Agricultura Sustentada pela Comunidade). Membro do conselho consultivo da CNTU (Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados).

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Lista de Autores

André Luiz BarretoNutricionista formado pela Universidade de Guarulhos. Pós-graduando em Genômica Nutricional pela pela UNICSUL em parceria com a VP Centro de Nutrição Funcional. Auxiliar em Nutrigenética do Centro de Genomas/SP.

Bernardo Neme IdeBacharel em Treinamento Esportivo pela Universidade Estadual de Campinas. Doutor e Mestre em Biodinâmica do Movimento Humano pela Universidade Estadual de Campinas. Professor do curso de Pós-graduação em Bioquímica, Fisiologia Nutrição e Treinamento Esportivo do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas. Professor convidado no curso de Pós-graduação Lato sensu em Nutrição Esportiva Funcional pela UNICSUL em parceria com a VP Centro de Nutrição Funcional. Professor do curso de Educação Física do Centro Universitário UniMetrocamp, Wyden, Campinas, SP.

Fernando Oliveira Catanho da SilvaProfessor e Bacharel em Educação Física pela Faculdade de Educação Física da Unicamp. Especialista em Bioquímica e Fisiologia do Exercício pelo Labex/IB Unicamp. Doutor em Biologia Funcional e Molecular pelo Labex/IB Unicamp. Membro-pesquisador do Laboratório de Bioquímica do Exercício (LABEX/UNICAMP). Professor do curso de Especialização (modalidade Extensão): Bioquímica, Fisiologia, Treinamento e Nutrição Desportiva (LABEX/UNICAMP). Docente convidado do curso de pós-graduação em Nutrição Esportiva Funcional pela UNICSUL em parceria com a VP Centro de Nutrição Funcional. Membro do Grupo MINIAN (Educação e Qualidade de Vida). Fisiologista da Seleção Brasileira de Atletismo Paralímpica. Fisiologista da Associação Paralímpica de Campinas. Fisiologista do Guarani Futebol Clube.

Guilherme Cysne RosaGraduado em Nutrição pela Universidade do Vale do Itajaí com intercâmbio de graduação em Nutrición humana y diétoterapia pela Universitat de Valencia. Mestrado em Nutrição - Metabolismo e Dietoterapia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pós-graduado em Nutrição Esportiva pela Universidade Castelo Branco. Pós-graduado em Nutrição Esportiva Funcional pela UNICSUL em parceria com a VP Centro de Nutrição Funcional. Especialista em Nutrição em Esportes por Mérito pela Associação Brasileira de Nutrição. Docente convidado do curso de pós-graduação em Nutrição Esportiva Funcional pela UNICSUL em parceria com a VP Centro de Nutrição Funcional. Antropometrista ISAK Nível 1. Nutricionista da equipe profissional do AVAÍ Futebol Clube.

Luana Meira CunhaGraduanda em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo. Estagiária de Nutrição do departamento científico da VP Centro de Nutrição Funcional.

Gilberti HübscherPossui graduação em Nutrição pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, mestrado em Ciências Biológicas (Fisiologia) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado em Ciências Biológicas (Fisiologia) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A vida acadêmica iniciou na Universidade Feevale com a implantação do curso de nutrição, onde atuou como coordenador curso de 2000 a 2006, e docente com atividade em sala de aula, projetos de extensão continuados e pesquisa. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Santa Maria. Tem experiência na área de Nutrição, com ênfase em Nutrição Humana, Segurança Alimentar, atua principalmente nos seguintes temas: alimento, técnica dietética e clinica. Pesquisa básica com avaliação do efeito do alimento quanto as citocinas, cito e genotoxicidade, e mecanismos metabólicos. Na extensão atua na segurança alimentar voltada para alimentação escolar.

Paulo MendesNutricionista. Pós-graduado em Nutrição Clínica Funcional pela UNICSUL em parceria com a VP Centro de Nutrição Funcional. Especialização em fisiologia do exercício; proprietário da "Clínica Paulo Mendes - Nutrição e Longevidade". Docente convidado do curso de pós-graduação em Nutrição Esportiva Funcional pela UNICSUL em parceria com a VP Centro de Nutrição Funcional.

Sharon Sarah Sachs FederFormada em psicologia pela Brown University (EUA). Coach de saúde e bem-estar pela Wellcoaches Corporation. Sócia da Almah Care e diretora da Carevolution. Especializada no Modelo Transteórico de Mudança Comportamental pela Pro-Change Behavior Systems. Treinada na Medicina do Estilo de Vida pelo Institute of Lifestyle Medicine.

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Tatiane Mieko de Meneses Fujii Nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo. Pós-graduação em Nutrigenética e Nutrigenômica na Prática Clínica pela Unyleya. Mestre e Doutora em Ciências pela USP. Nutrigeneticista do Centro de Genomas/SP. Docente convidada do curso de pós-graduação em Genômica Nutricional pela UNICSUL em parceria com a VP Centro de Nutrição Funcional.

Wagner Alessandro dos Reis Nutricionista formado pelo Centro Universitário Newton Paiva/BH. Especialista em Formação Pedagógica para Profissionais de Saúde pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pós-graduado em Nutrição Esportiva Funcional e Fitoterapia Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul. Pós-graduando em Nutrição Clínica Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul. Docente convidado do curso de pós-graduação da Universidade Cruzeiro do Sul. Docente da Escola Técnica Profissional de Nível Médio do SITIPAN – MG. Nutricionista e diretor do Espaço Wagner dos Reis. Personal Nutrition Funcional. Realiza palestras em empresas, escolas e academias.

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Índice

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Leite materno como regulador epigenético

O papel da intensidade e do volume na prescrição do exercício e os impactos na prescrição nutricional

Receita: Panqueca de cogumelos com taioba ao molho funcional de laranja

Impacto da nutrição na recuperação do sistema imunológico em esportes de endurance

Bases moleculares das estratégias de treinamento com baixa disponibilidade de carboidratos

Usando a psicologia positiva no atendimento nutricional

Cobertura completa do XV Congresso Internacional de Nutrição Funcional

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Abstract

Breast milk is an important source of nutrients for newborns: in addition to nutrients, bioactive factors contribute to the development, maturity, and immunological protection of infants. Its nutritional composition is excellent for immunity, tissue integrity and reduction of metabolic changes. Recently, breast milk has been assigned the role of epigenetic regulator because it can act directly on the health of the newborn. Epigenetics are modifications that go beyond the original sequence of the genome and are reversible. From this perspective, the aim of nutrimiromics is to study the role of microRNAs in the risk of developing chronic diseases. More than 1,400 mature microRNAs have already been identified in milk, hence the interest in identifying them as biomarkers and thus contributing to disease prevention. Therefore, the present review aims to discuss the theme of microRNAs as epigenetic regulators of breast milk.

Keywords: Breast milk; epigenetics; microRNA.

Leite materno

como regulador epigenético

Breast milk as an epigenetic regulator

Resumo

O leite materno é uma fonte importante de nutrientes para os recém-nascidos: além dos nutrientes, fatores bioativos colaboram para o desenvolvimento, maturidade e proteção imunológica dos bebês. Sua composição nutricional é excelente para imunidade, integridade de tecidos e redução de alterações metabólicas. Recentemente, foi atribuído ao leite materno o papel de regulador epigenético, pelo fato de poder atuar diretamente na saúde do recém-nascido. A epigenética constitui modificações que vão além da sequência original do genoma e são reversíveis. Nessa perspectiva, a nutrimirômica tem como proposta estudar o papel dos microRNAs no risco para o desenvolvimento de doenças crônicas. Mais de 1.400 microRNAs maduros já foram identificados no leite, por isso o interesse em identificá-los como biomarcadores e, assim, contribuir para a prevenção de doenças. Para tanto, a presente revisão tem como objetivo discutir a temática dos microRNAs como reguladores epigenéticos do leite materno.

Palavras-chave: Leite materno; epigenética; microRNA.

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OIntrodução

O leite materno é uma fonte importante de nutrientes para os recém-nascidos: além dos nutrientes, fatores bioativos – considerados não nutrientes – colaboram para o desenvolvimento, a maturidade e a proteção imunológica dos bebês. Dentre tais fatores, destacam-se o papel dos macrófagos, células-tronco, imunoglobulinas, fatores de crescimento, hormônios, componentes antimicrobianos, oligossacarídeos, mucinas e até microRNAs1.

Os microRNAs fazem parte de alterações epigenéticas e estão presentes em abundância no leite materno. Tratam-se de RNAs não codificantes formados por uma pequena sequência de nucleotídeos (entre 18 e 25, aproximadamente). Por meio de estruturas como os exossomos, os microRNAs podem ser transportados por fluidos corporais como o sangue, a urina, o suor, a saliva, a lágrima e o leite, sendo que nesta fonte já foram descritas a presença de mais de 1.400 microRNAs maduros2,3.

A principal função dos microRNAs é regular a expressão gênica, modulando a resposta imunológica, bem como influenciando condições patológicas como o câncer, obesidade, doenças neurodegenerativas, atuando, dessa forma, como biomarcadores4.

Os microRNAs podem ser influenciados diretamente pela dieta da mãe, e, por isso, quanto melhores forem o padrão de dieta, o tempo de aleitamento e a introdução alimentar correta, mais chances o bebê terá de ter fortalecido seu sistema imunológico. No entanto, o uso de fórmulas infantis pode ter a biodisponibilidade dos microRNAs afetada pelo processamento térmico, como a pasteurização do leite5.

A presente revisão tem como objetivo discutir a temática dos microRNAs como reguladores epigenéticos do leite materno.

A composição do leite materno

O leite materno é um fluido fundamental para a nutrição e manutenção da saúde do recém-nascido, sendo que sua composição pode ser influenciada pela alimentação e pelo status de saúde da lactante6.

Em relação aos macronutrientes, o carboidrato mais abundante presente no leite materno é o dissacarídeo lactose; outra fração significativa de carboidrato se refere aos oligossacarídeos, que correspondem ao terceiro maior componente no leite materno, sendo em média 12,9 g/L no leite maduro e 20,9 g/L em apenas quatro dias após o parto7.

Os oligossacarídeos são responsáveis por influenciar a microbiota intestinal do bebê, pois atuam como probióticos e estimulam o crescimento de bactérias benéficas como Bifidobacterium infantis, protegendo a colonização de bactérias patogênicas8,9.

Em relação às proteínas, o leite materno pode conter mais de 4.000 diferentes tipos de proteínas que auxiliam na função antimicrobiana e imunomoduladores. Desse total, cerca de 13% corresponde à caseína. No soro, podem ser encontradas lactoferrina, imunoglobulina A, albumina, lisozima e alfa-lactoalbumina, sendo esta a mais abundante do soro do leite (aproximadamente 80%). Cabe ressaltar que a relação entre as proteínas do soro e o total de caseína do leite humano é de cerca de 80/20, conteúdo oposto ao leite bovino9,10.

Além disso, o leite humano apresenta concentrações maiores de cistina e taurina e outros aminoácidos essenciais que são importantes para o desenvolvimento do sistema nervoso central1.

No que diz respeito aos lipídios, esse macronutriente fornece entre 40-55% de energia total, sendo que a maior parte dos lipídios são secretados na forma de triacilgliceróis, contribuindo com 98% da fração lipídica. O restante do conteúdo consiste em diacilgliceróis, monoacilglicerois, ácidos graxos livres, fosfolipídios e colesterol11,12.

Cerca de 41% dos ácidos graxos saturados no leite humano são constituídos de ácido palmítico, enquanto o ácido oleico e o ácido linoleico, que são insaturados, são encontrados em maior quantidade13. Ao comparar a composição do leite materno com fórmulas infantis, estas são diferentes porque apresentam fontes lipídicas de origem vegetal e estruturas de triacilgliceróis distintas, fato este que pode impactar negativamente na

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biodisponibilidade de nutrientes1. Já em relação aos micronutrientes, suas

quantidades são variadas e dependem da dieta materna. A vitamina B1 está presente no leite como tiamina e monofosfato de tiamina; já a B2 é encontrada, cerca de 54% como dinucleotídeo de flavina adenina (FAD) e 46% como riboflavina, além de pequenas quantidades de outras flavinas como alfa-hidroxiriboflavina. No que se refere à B6, 75% se apresenta como piridoxal, seguido por piridoxal fosfato, piridoxamina e piridoxina14,15,16.

Diferentemente das vitaminas A (retinol) e E (alfa-tocoferol), que mesmo dependentes da dieta materna podem apresentar redução de concentração com a progressão da lactação, a vitamina K apresenta baixo teor e independe dos fatores citados1.

Os estágios do leite materno

O leite materno apresenta diferentes estágios de maturidade, segundo as mudanças ocorridas em sua composição. O colostro é o primeiro fluido produzido antes do nascimento do bebê e logo após o parto, sendo caracterizado por uma secreção amarelada, rica em componentes imunológicos, tais como imunoglobulina A (IgA),

lactoferrina, leucócitos, além de caroteno, que é responsável pela cor amarelada do colostro. A concentração de lactose aumenta ativando a produção do leite de transição17,18.

O leite de transição constitui um aumento de produção do leite, para suprir as necessidades nutricionais e do desenvolvimento do bebê. Pode ocorrer a partir do quinto dia e tem mudanças mais lentas até ser considerado leite humano totalmente maduro19.

O leite maduro é uma mistura homogênea constituída de três frações: (i) a solução aquosa com a maioria das proteínas, oligossacarídeos e nutrientes como a lactose e o cálcio; (ii) uma fase suspensa, constituída por micelas de caseína em suspensão e; (iii) a emulsão, formada por gotículas de gorduras envoltas por fosfolipídios, além de proteínas e vitaminas lipossolúveis19.

A composição do leite maduro é de 0,9 a 1,2 g/dL de proteínas, 3,2 a 3,6 g/dL de lipídios, 6,7 a 7,8 g/dL de lactose, com 65 a 70 Kcal/dL. Mudanças nos constituintes imunológicos também são previstas, incluindo redução das concentrações de IgA, EGF, TGF beta 1, IL-8 e de IL-1318.

A Tabela 1 descreve de forma sucinta as principais características dos estágios do leite.

Tabela 1. Características do leite materno em diferentes estágios de maturidade19

Colostro Leite de transição Leite maduro

Primeiro fluido após o nascimento

Maior função imunológica do que nutricional

Após 5-15 dias

Suprimento das necessidades nutricionais do bebê

Após 4-6 semanas

Composição similar até o fim do aleitamento

Lactogênese

Lactogênese se refere à síntese e secreção do leite. O início da secreção láctea abrange todas as alterações no epitélio mamário, que são necessárias desde a glândula mamária, início da gestação, até a completa lactação após o parto. Durante aproximadamente a metade da gestação ocorre a fase I, quando a glândula mamária se diferencia o suficiente para secretar pequenas quantidades de lactose e caseína, que podem ser

identificadas pelo aumento das concentrações plasmáticas lactose e α-lactalbumina. Já a fase II é caracterizada pelo aumento do volume da secreção de leite, podendo variar desde as primeiras horas até o sétimo dia após o parto20.

Epigenética

O termo epigenética foi usado pela primeira vez em 1942 por Conrad H. Waddington para definir a área da biologia que estuda as interações causais

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Leite materno como regulador epigenético

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nem todos estão associados com a repressão traducional. Outros miRNAs podem ativar a tradução de proteínas, controle da estrutura da cromatina pela modificação de proteínas histonas, ou podem atuar diretamente em genes-alvo com baixo grau de metilação no DNA26.

Os miRNAs são transcritos pela RNA polimerase II a partir de genes de miRNA, formando o transcrito primário de miRNA (pri-miRNA). Esse transcrito é, então, clivado por um complexo enzimático denominado DROSHA e seu cofator essencial denominado DGCR8. Juntos, eles originam uma sequência menor chamada miRNA precursor (pre-miRNA), que exibe uma estrutura secundária em forma de hairpin (grampo)27.

O pre-miRNA é exportado para o citoplasma pela exportina 5 e processado pelo DICER, uma enzima ribonuclease III que sintetiza o miRNA maduro, o qual é incorporado no complexo de silenciamento chamado RISC. Na maioria das vezes, o complexo RISC maduro reprime a expressão gênica em regiões não traduzidas (UTR) de RNA mensageiros, mediando a degradação de RNAm, a desestabilização ou a inibição da tradução, de acordo com a sequência complementar do alvo26,27.

A terceira possibilidade é o transporte dos microRNAs por meio dos exossomos, o que facilita o acesso a outros tipos celulares5. A Figura 1 descreve o mecanismo de biossíntese dos microRNAs.

entre os genes e seus produtos e que levam ao surgimento de determinado fenótipo21. Trata-se de alterações que estão além da sequência original do genoma e constituem mudanças reversíveis, mas que podem apresentar memórias e, portanto, imprinting genético, que, por sua vez, pode ainda influenciar na programação de determinada informação genômica e ser transmitido para gerações futuras22.

Três mecanismos principais são conhecidos por modificações epigenéticas: (i) metilação do DNA; (ii) alterações de proteínas histonas, tais como metilação, acetilação, ribosilação, fosforilação; (iii) atuação dos microRNAs ou miRNAs, que são RNAs não codificantes e possuem papel importante na regulação da expressão gênica23.

Modificações epigenéticas no ambiente intrauterino, por exemplo, exercem influências no epigenoma, colaborando para diferentes respostas diante da exposição ambiental. Tal impacto pode ser de curto, médio ou longo prazo24.

Nutrimirômica

A nutrimirômica estuda a influência da dieta nas modificações da expressão gênica devido ao processo epigenético relacionado ao papel dos miRNAs, que podem afetar o risco para o desenvolvimento de doenças crônicas25.

Um único miRNA tem a habilidade de ativar centenas de RNAs mensageiros, no entanto,

Figura 1. Mecanismo de biossíntese dos microRNAs.

Fonte: Adaptado de Quintanilha et al.25.

Exportina 5

Pri-miRNA

miRNA RNAPol ll

5' CAP

AAAAADROSHA

NúcleoPré-miRNA

Citoplasma

Exossomos

ComplexoRISC

RNA m

miRNA maduro

Pré-miRNA

Dicer

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Exossomos no leiteOs exossomos são vesículas extracelulares

com o tamanho aproximado de 30-100 nm e são sintetizados por uma variedade de células, como macrófagos, linfócitos, células dendríticas, epiteliais, além de células tumorais. Podem ser encontrados em fluidos como saliva, plasma, urina e leite. Além disso, apresentam grande importância na sinalização celular autócrina28.

A estabilidade e a proteção dos microRNAs presentes no leite humano e no leite de vaca são graças ao transporte deles via exossomos, facilitando com que esses microRNAs sejam mais estáveis à ação de RNases, ao baixo pH e às altas ou baixas temperaturas. No entanto, perdas são inevitáveis, e o processo de pasteurização pode contribuir com 63% de perda de miRNA-200c e 67% de perda de miRNA-29b, envolvidos no processo de apoptose e de adiposidade, respectivamente29.

O primeiro estudo que identificou a presença de microRNAs no colostro e no leite maduro de

humanos foi em 2007, sendo identificados tanto na fração lipídica como no soro do leite30.

As células são capazes de absorver os exossomos por uma variedade de vias endocíticas, incluindo as vias de endocitose dependentes ou não de clatrina. Durante a lactação, células epiteliais da glândula mamária secretam microRNAs que podem ter dois caminhos: reprimir a expressão gênica, ligando-se a sítios específicos do RNAm da DNA metiltransferase (DNMT), reduzindo sua expressão, ou; ser transportados via exossomos. No intestino ocorre a captação e, dessa forma, os exossomos podem ser distribuídos entre três novas atividades: (1) repressão da expressão gênica; (2) transporte pelos exossomos para a circulação sistêmica via endocitose; (3) especialmente durante o período pós-natal, associado com o aumento da permeabilidade intestinal, os exossomos reduzem a metilação de células-alvo. A Figura 2 ilustra o modelo proposto para biodisponibilidade dos microRNAs 31.

Figura 2. Modelo proposto para compreensão da biodisponibilidade dos microRNAs do leite.

Fonte: Adaptado de Melnik; Schmitz5.

DNMT mRNA AAA DNMT mRNA

Células epiteliais de glândulosmamária

Período de Lactação

Aumento da regulação da expressão gênica via desmetilação do promotor

nas ilhas CpG do DNA

DNMTIntestino

Exossomos do leite

miRNA-148amiRNA-152miRNA-29bmiRNA-21

Células epiteliais dointestino

Aumento da regulação da expressão gênica via desmetilação do promotor nas ilhas CpG do DNA

AAA

DNMTCélulas

endoteliaisvasculares

CIRCULAÇÃOSISTÊMICA

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Leite materno como regulador epigenético

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Em estudo de revisão publicado por Melnik e Schmitz32, os autores acrescentam que os microRNAs presentes nos leites humano e bovino desempenham papel crucial na programação metabólica e imunológica do recém-nascido, no entanto discutem que a exposição crônica ao leite pasteurizado pode favorecer riscos metabólicos,

incluindo obesidade e doenças cardiovasculares. O esquema apresentado na Figura 3 mostra a influência do consumo de leite bovino, a biodisponibilidade dos microRNAs e do fator de transformação do crescimento (TGF-1β) e as consequências metabólicas a longo prazo.

Figura 3. Biodisponibilidade dos microRNAs presentes no leite bovino.

Fonte: Adaptado de Melnik; Schmitz32.

Considerações finais

Os microRNAs estão presentes no leite materno e no leite bovino e podem exercer influências na resposta metabólica dos recém-nascidos. O leite materno apresenta composição ótima para manutenção da saúde e imunidade infantil, ao passo que os microRNAs podem auxiliar nessa proteção.

A introdução precoce de leite bovino, bem como seu excessivo e prolongado consumo, pode influenciar no desenvolvimento de doenças metabólicas. Mas, como o leite se comporta como regulador epigenético, tais influências são reversíveis.

A expectativa é que a nutrimirômica apresente respostas para muitos questionamentos que ainda são feitos em relação a essa temática.

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Aumento da expressão de miR-148a e miR-21

Produtoslácteos

Alterações hormonais

miR-148a

Exossomosdo leite

Exossomosbioativos do

leite

miR-148amiR-21

miR-148a, miR-21,miR-29b, miR-155,

TGF-β

Refrigeração de 4°C

Consumo humano

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Abstract

Based on the results of some studies that established relationships between intracellular signaling pathways activation and the reduction of intramuscular glycogen (GLICO) stores, training strategies with low carbohydrate availability CHO (training low) have been proposed as potentiators for endurance training adaptations. However, as GLICO represents an important source of energy for exercise intensity maintenance, its degradation, and/or not resynthesis, may lead to a decrease of session’s intensity, consisting an aspect to be balanced against the "supra molecular regulation" arguments. Some training low strategies induce the intramuscular GLICO depletion by reducing the CHO intake. However, the original studies that provided the training low molecular foundation promoted the GLICO depletion throughout the exercise intervention, and not directly by the reduction of CHO intake. Longitudinal researches with ketogenic diets (low CHO and high fat) show a depreciation of the athlete’s performance and overall health, and that the exercise itself (high or low intensity) is possibly the most effective and safe alternative to reduce the intramuscular GLICO stores and the activation of intracellular key enzymes in adaptive responses to endurance training.

Keywords: Glycogen; mitochondrial biogenesis; periodized nutrition; AMPK; PGC-1α.

Bases moleculares das estratégias

de carboidratos

de treinamento com baixa disponibilidade

Molecular basis of the training strategies with low-carbohydrate availability

Resumo

A partir dos resultados de algumas pesquisas que estabeleceram relações entre a ativação de vias de sinalização intracelulares e a diminuição das concentrações intramusculares de glicogênio (GLICO), estratégias de treinamento com baixa disponibilidade de carboidratos (CHO) (training low) têm sido propostas como potencializadoras das adaptações ao treinamento de endurance. Todavia, como o GLICO representa uma importante fonte de energia para a manutenção da intensidade do exercício, sua degradação, e/ou não ressíntese, pode levar a uma diminuição da intensidade das sessões, consistindo em um aspecto a ser balanceado contra os argumentos da “suprarregulação molecular”. Algumas das estratégias training low induzem a depleção das concentrações intramusculares de GLICO por meio da redução da ingesta de CHO. Todavia, os estudos originais que forneceram a fundamentação molecular para sua utilização promoveram a depleção do GLICO através da intervenção do exercício, e não diretamente da redução da ingesta de CHO. Pesquisas longitudinais com dietas cetogênicas (pobres em CHO e ricas em gorduras) mostram que elas podem ser depreciativas do desempenho e da saúde geral dos atletas e que, possivelmente, a realização do exercício – seja ele de alta ou baixa intensidade – ainda seja a alternativa mais eficaz e segura na redução das concentrações intramusculares de GLICO e na ativação de enzimas-chave intracelulares, nas respostas adaptativas ao treinamento de endurance.

Palavras-chave: Glicogênio; biogênese mitocondrial; periodização da nutrição; AMPK; PGC-1α.

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CIntrodução

Com inúmeras adaptações ao treinamento físico podendo ser potencializadas ou atenuadas pela disponibilidade de macro e micronutrientes consumidos na dieta, a interação entre exercício e nutrição é atualmente bem consolidada na literatura1,2. Entretanto, como efetivamente essa alteração no suprimento energético pode modificar as respostas adaptativas, ainda vem sendo uma grande área de pesquisa conduzida por várias décadas1. Neste quesito – paralelamente à periodização do treinamento –, a periodização nutricional emerge como uma nova proposta promissora na otimização das respostas adaptativas em prol do desempenho físico e/ou de adaptações morfológicas2. A definição mais detalhada e precisa do conceito de periodização nutricional é recente, sendo proposta no trabalho publicado por Jeukendrup2. Ela refere-se ao uso de específicas estratégias nutricionais de forma planejada, objetivando realçar as adaptações às sessões, planejamentos de treino, ou então obter outros efeitos potencializadores do desempenho a longo prazo. Assim como em uma periodização do treinamento – onde todos os métodos podem ser efetivos –, a definição de periodização nutricional acima mencionada também deixa claro que, desde que objetivem a melhora no desempenho a longo prazo, todos os métodos ou estratégias nutricionais, integradas ou não com o treinamento físico, podem ser efetivos.

Considerando que a periodização do treinamento físico consiste de uma sequência lógica de alteração de métodos, intensidade e volume das sessões3,4 – criando as principais diferenças nas adaptações enfatizadas, predomínio metabólico e requisição por macro e micronutrientes5 –, para que um nutricionista consiga elaborar um bom plano alimentar ele deve ter acesso e saber analisar e interpretar a periodização de treino de seus pacientes/atletas. Uma vez realizada essa análise e interpretação, o nutricionista pode fazer uso dos mais distintos métodos e/ou estratégias nutricionais, manipulando a quantidade de carboidratos, proteínas, fluidos e alguns micronutrientes ao longo das sessões e demais etapas do planejamento5.

Um recente trabalho publicado por Jackix e Santos6 teceu uma elegante explanação sobre as

mais variadas estratégias nutricionais que podem ser utilizadas em uma periodização nutricional para atletas de endurance. Especificamente as estratégias de treino com baixa disponibilidade de carboidratos (CHO) – exógenos (CHO consumidos na dieta) ou endógenos (glicogênio muscular ou hepático) –, chamadas na literatura internacional de training low, são as mais polêmicas e algumas vezes mal interpretadas como completamente sem CHO (training zero)7. A proposta da training low é baseada no fato de que a transcrição de genes envolvidos com as adaptações ao treinamento de endurance possa ser otimizada8,9. Isso ocorre porque vários fatores de transcrição possuem domínios ligantes ao glicogênio (GLICO) e, quando suas concentrações intramusculares estão baixas, tais fatores seriam liberados no citosol, podendo, assim, se associar com diferentes proteínas alvo8,9. A training low amplificaria, então, a sinalização promovida por enzimas como a 5’ monofosfato de adenosina ativada quinase (AMPK) e a p38 ativada por mitógeno (p38MAPK), que possuem papeis diretos no controle da expressão e atividade de fatores de transcrição gênica envolvidos na biogênese mitocondrial e demais adaptações ao treinamento de endurance8,9.

Existem reportadas na literatura seis estratégias consideradas como training low: 1) treinar duas vezes ao dia; 2) treinar em jejum; 3) treinar com baixa disponibilidade de CHO exógeno; 4) baixa disponibilidade de CHO durante a recuperação; 5) dormir com baixa disponibilidade de CHO; 6) dietas cetogênicas: baixo CHO e ricas em gordura2,10. Nesse sentido, e considerando o crescente interesse na literatura e consequentes transposições práticas das estratégias training low na periodização nutricional, o objetivo do presente trabalho foi discutir sobre as bases moleculares que fundamentaram seu emprego na periodização nutricional como potencializadoras das adaptações em atividades de endurance. Para tanto, inicialmente pontuaremos a fundamentação molecular para o uso das estratégias e, posteriormente, analisaremos com mais detalhes como os estudos induziram as reduções das concentrações de CHO, associando às determinadas respostas adaptativas observadas.

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Bases moleculares das estratégias de treinamento com baixa disponibilidade de carboidratos

Como o uso das estratégias training low poderia potencializar as adaptações ao treinamento de endurance?

Uma das principais adaptações induzidas pelo treinamento e a nutrição voltada ao desempenho em atividades endurance é a melhora na capacidade oxidativa do tecido muscular-esquelético9,11. Ela pode ser decorrente tanto de alterações estruturais (e.g. aumentos na densidade mitocondrial, capilar e de proteínas de transporte de membrana) como metabólicas, como o aumento da atividade de enzimas-chave do ciclo de Lynen e Krebs9,11. Para alcançá-las, o planejamento de treino deve ser composto por métodos que induzam uma quebra da homeostase celular, enfatizando distúrbios metabólicos12,13 por meio do aumento das concentrações intracelulares de ADP, AMP, Ca2+, espécies reativas de oxigênio (ROS), razão NAD+/NADH, AMP/ATP, lactato e quedas nas concentrações intramusculares de GLICO e na razão ATP/ADP14,15.

Assim como no treinamento e na nutrição em prol do desempenho em atividades de força e potência, algumas adaptações ao treinamento de endurance também podem ser consolidadas frente à estimulação de mecanismos de sinalização de síntese proteica16. Nesse sentido, as mudanças do estado energético celular acima citadas induzem a ativação de enzimas quinases-chave do metabolismo, como a AMPK, a calmodulina quinase (CaMK) e a p38MAPK. Tais quinases podem agir sozinhas ou em conjunto, ativando

subsequentemente fatores de transcrição e coativadores que exercem papeis regulatórios na coordenação da expressão de proteínas codificadoras nucleares ou mitocondriais7. Juntamente com a sirtuína isoforma tipo 1 (SIRT1), a p38MAPK e a AMPK podem fosforilar diretamente o fator de transcrição gênica peroxissomo proliferador-ativado receptor γ coativador 1-α (PGC-1α) e estimular uma cascata de reações ligadas ao DNA nuclear e mitocondrial12,13. No núcleo, o PGC-1α se liga e ativa demais fatores de transcrição, como NRF1, NRF2, PPARδ, EERα e MEF2, para coletivamente induzir uma suprarregulação de uma variedade de proteínas envolvidas no transporte e na oxidação de glicose e ácidos graxos7. Já na mitocôndria, o PGC-1α modula a atividade do fator de transcrição A (Tfam), uma proteína codificada no núcleo que, por si só, regulada pelo PGC-1α e subsequentemente incorporada à mitocôndria, aumenta a transcrição de proteínas mitocondriais9,17. Assim sendo, o PGC-1α é reconhecido como o principal ponto de controle na regulação de DNA mitocondrial e nuclear7. Tal cascata de sinalizações intracelulares pode levar a algumas das adaptações mais notáveis enfatizadas pelo treinamento de endurance: a biogênese mitocondrial e a angiogênese17. A longo prazo, tais respostas podem aumentar a densidade mitocondrial e capilar das fibras musculares e, consequentemente, sua capacidade oxidativa como um todo. A Figura 1 apresenta uma visão geral do processo acima descrito.

Figura 1. Resumo das vias de sinalização de síntese de proteínas relacionadas às adaptações ao treinamento de endurance.

ROS = espécies reativas de oxigênio. Fonte: Adaptado de Hood et al.17.

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Adicionalmente às respostas moleculares acima expostas, a diminuição dos estoques de GLICO muscular durante o exercício e a subsequente ativação de AMPK podem promover, também, um aumento da taxa de oxidação de ácidos graxos14. O processo ocorre através da inibição da atividade da enzima acetil-CoA carboxilase-β e possível estimulação da atividade da malonil-CoA descarboxilase18. Tais efeitos combinados diminuem os níveis de malonil-CoA no músculo, removendo a inibição do complexo proteico carnitina palmitil transferase-1 (CPT-1), o que acaba facilitando a entrada de ácidos graxo para serem oxidados na mitocôndria18. Assim sendo, além de exercer o papel de um importante substrato energético degradado durante o exercício, o GLICO muscular constitui um regulador da transcrição gênica no músculo esquelético, podendo alterar a síntese proteica e, consequentemente, as adaptações ao treinamento7,9. Dessa forma, as estratégias nutricionais que visam à manipulação dos estoques intramusculares de GLICO podem ser uma ferramenta útil na otimização das adaptações às atividades de endurance2. Além disso, é importante ressaltar que a condição de baixa disponibilidade de CHO pode ser advinda tanto da diminuição das concentrações de GLICO muscular e/ou hepático como também da baixa ingesta de CHO durante ou após o exercício, ou de combinações dessas intervenções2,10.

Estudos pioneiros que forneceram a fundamentação molecular das estratégias training low

As estratégias training low tiveram sua fundamentação molecular a partir do trabalho conduzido por Wojtaszewski et al.19, em que foi estabelecida uma ligação direta entre a disponibilidade de substratos e as vias de sinalização intracelulares. No trabalho, os pesquisadores mensuraram as sinalizações intracelulares em resposta ao exercício realizado em condições de altas (HG) e baixas (LG) quantidades de GLICO muscular (HG: 900 mmol/kg de massa seca e LG: 160 mmol/kg de massa seca, respectivamente). As atividades

de AMPK e β-acetil-CoA carboxilase (ACCβ) foram mensuradas no repouso, durante uma hora de exercício na bicicleta ergométrica em uma intensidade de 70% do VO2 pico e após uma hora de recuperação. Os sujeitos (8 homens jovens bem treinados em endurance) participaram aleatoriamente de duas sessões experimentais. Na noite anterior ao experimento, os indivíduos realizaram um protocolo de depleção de GLICO que consistiu de um exercício em ciclo ergômetro a 80% do VO2 pico, seguido de um ergômetro de braços realizado por 15 min a 60 W. Após isso, um período de exercício intermitente foi realizado. Ele consistiu de 1,5 min a 100 e 50% do VO2 pico. O protocolo foi mantido até que os sujeitos voluntariamente diminuíssem a intensidade para 80% do VO2 pico, e então realizaram mais um intervalado de 5 min a 75% do VO2 pico, intercalando com 5 min no ergômetro de braços a 45 W. Finalmente, realizaram 5 min de sprints no ciclo ergômetro, sendo 1 min de estímulo com 3 min de pausa. O protocolo de depleção de GLICO durou em média 5 horas, e dizem ter sido bem tolerado pelos sujeitos. Após deixarem o laboratório, os sujeitos ainda foram instruídos a se alimentar de uma forma específica, controlada e com uma dieta isoenergética para o jantar e durante a noite, consistindo de 80% de carboidratos, 7% de gorduras e 13% de proteínas. Já para a sessão a ser realizada com baixo CHO, a alimentação consistiu de 2% de CHO, 86% de gorduras e 12% de proteínas.

Os dados do experimento mostraram que, no repouso, a atividade de AMPK e ACCβ foi menor no estado HG quando comparada ao LG. Já durante o exercício submáximo iniciado com LG, a atividade de AMPK foi mais elevada. Assim sendo, os dados do estudo sugerem, mas não provam, que a atividade de AMPK durante o exercício é regulada pela disponibilidade de substratos energéticos, como o GLICO muscular. Entretanto, durante o exercício LG, as concentrações de catecolaminas foram mais elevadas, indicando também que ambos – a disponibilidade de substratos e os fatores humorais – contribuem para a elevação na atividade de AMPK observada. Os autores concluíram que, durante o exercício, o

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Bases moleculares das estratégias de treinamento com baixa disponibilidade de carboidratos

estado de baixas concentrações de GLICO foi acompanhado por um aumento da captação de glicose e de ácidos graxos. Os experimentos acima mencionados analisaram tais respostas intracelulares e sanguíneas de forma aguda, entretanto as adaptações ao treinamento de longo prazo não requerem somente respostas agudas, mas sim um aumento no estado estável de várias proteínas13,16. Nesse sentido, respostas crônicas frente às estratégias training low não haviam ainda sido observadas até a realização dos estudos conduzido por Hansen et al.20 e Hulston et al.21.

Na pesquisa conduzida por Hansen et al.20, 7 indivíduos saudáveis e sedentários realizaram sessões de treinamento na cadeira extensora durante 14 dias. Uma das pernas (Low) foi treinada por 5 dias com sessões de 1 hora e separadas por 2 horas de intervalo; enquanto isso, a outra perna (High) foi treinada realizando a mesma 1 hora de exercício, só que apenas 1 vez ao dia. Os autores usaram como embasamento o fato de que, frente ao exercício, as concentrações intramusculares de GLICO são depletadas e lentamente reestabelecidas ao longo das 24 horas pós, caso a ingesta de CHO seja normal. Entretanto, quando duas sessões de exercício são realizadas com intervalo de 2 horas, a segunda sessão é realizada em um estado de baixas concentrações de GLICO. No tocante à intervenção dietética, os sujeitos consumiram uma dieta que consistiu de 70% de CHO, 15% de proteínas e 15% de lipídeos, ou seja, não foi uma dieta de baixo CHO. A atividade da enzima mitocondrial β-hidróxiacil-CoA desidrogenase foi significativamente aumentada somente na perna Low, todavia a atividade da citrato sintase (CS) foi aumentada em ambas as pernas. O tempo de exaustão em um teste de resistência aumentou para ambas as situações, mas foi significativamente maior para a perna Low. Os autores concluíram que o Treino realizado duas vezes ao dia a cada dois dias foi superior ao realizado uma vez ao dia.

Já no estudo conduzido por Hulston et al.21, a mesma estratégia foi utilizada (treinos em dias alternados, comparados aos realizar duas sessões ao dia), mas agora em 14 ciclistas bem treinados. Os indivíduos foram divididos em dois grupos

(High e Low). Alternando entre os métodos contínuo (90 min a 70% do VO2máx) e intervalado (8 estímulos de 5 min com 1 min de pausa), o grupo High treinava apenas uma sessão ao dia; já o grupo Low treinou duas vezes ao dia a cada 2 dias, realizando primeiro a sessão de contínuo e, após 1 hora, a de intervalado. O experimento teve duração de 3 semanas. No tocante à intervenção dietética, foi fornecida aos sujeitos uma dieta padrão que consistiu de 67,5% de CHO, 13,5% de proteínas e 19% de lipídeos, ou seja, não foi uma dieta de baixo CHO. Adicionalmente, ao longo das 3 semanas de intervenção, os sujeitos foram instruídos a manter um alto consumo de CHO, sendo fornecidas devidas instruções para tanto. A potência gerada durante as sessões de treinamento intervalado foi menor no grupo Low quando comparada ao grupo High (297 ± 8 W, contra 323 ± 9 W, P < 0.05). Entretanto, o desempenho no teste de time trial melhorou em ~10% em ambos os grupos (P < 0.05). A oxidação de ácidos graxos intramusculares aumentou no grupo Low (26 ± 2 para 34 ± 2 µmol.kg-1.min-1, P < 0.01), mas a oxidação de ácidos graxos livres foi similar entre os grupos, com apenas a oxidação de triacilglicerol muscular sendo incrementada no grupo Low (16 ± 1 para 23 ± 1 µmol.kg-1.min-1, P < 0.05). Adicionalmente, o grupo Low teve um aumento na quantidade de β-hidróxiacil-CoA desidrogenase (P < 0.01). Resumidamente, frente aos resultados, os autores concluíram que o treinamento com baixa disponibilidade de CHO reduziu a intensidade dos treinamentos, mas aumentou a taxa de oxidação dos ácidos graxos.

Resumo dos experimentos

Algumas das estratégias de treinamento com baixa disponibilidade de CHO investigadas e propostas na literatura induzem a depleção das concentrações intramusculares de GLICO por meio da redução da ingesta de CHO da dieta. Todavia, ao analisarmos os estudos originais que deram a fundamentação molecular para a estratégia, observamos que eles promoveram a depleção do GLICO por meio da realização do exercício e não da redução da ingesta de CHO da dieta por longos períodos. Somente no estudo

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conduzido por Wojtaszewski et al.19 o estado de baixas concentrações de GLICO foi acentuado por uma alimentação de baixo CHO (2% de CHO, 86% de gorduras e 12% de proteínas) pós-exercício. No estudo conduzido por Hansen et al.20, foi fornecida aos sujeitos uma dieta de 70% de CHO, 15% de proteínas e 15% de lipídeos, enquanto na pesquisa conduzida por Hulston et al.21 os sujeitos consumiram uma dieta padrão (67,5% de CHO, 13,5% de proteínas e 19% de lipídeos), ou seja, dos três experimentos citados na literatura para embasar e fundamentar a adoção da estratégia training low, apenas 1 deles adotou uma refeição e não integralmente uma dieta de baixo CHO. Mesmo assim, os resultados do estudo ainda são atrelados somente de forma aguda e após a realização de um protocolo extenuante de depleção de GLICO.

Adotando o treinamento realizado duas vezes ao dia, os experimentos conduzidos por Hansen e Hulston20,21 fizeram uso do exercício como estratégia de depleção dos estoques intramusculares de GLICO, e, assim sendo, das seis formas consideradas atualmente na literatura como estratégias training low (treinar duas vezes ao dia; treinar em jejum; treinar com baixa disponibilidade de CHO exógeno; baixa disponibilidade de CHO durante a recuperação; dormir com baixa disponibilidade de CHO e adoção de dietas cetogênicas: baixo CHO e ricas em gordura), os experimentos acima citados fornecem embasamento direto somente para a realização do treino duas vezes ao dia e dormir com baixa disponibilidade de CHO – sendo que a última, apenas de forma aguda e perante a realização de um exercício que reduza os estoques de GLICO, como reportado no estudo de Wojtaszewski et al.19.

Já no tocante à observação das respostas crônicas a dietas cetogênicas de baixo CHO e ricas em gorduras (LCHF), Burke et al.22 investigaram alguns de seus efeitos adaptativos ao longo de três semanas de treinamento intensificado em atletas de endurance de alto rendimento. No estudo, três dietas isoenergéticas foram fornecidas: 1) rica em CHO (g kg-1 dia-1: 8.6 de CHO, 2.1 de proteínas e 1.2 de gorduras) consumida antes, durante e após os treinamentos; 2) periodizada,

com ingestão idêntica de macronutrientes, mas alternando dias com baixa e alta disponibilidade de CHO; 3) LCHF (< 50 g dia-1 de CHO; 78% da energia advinda de gorduras; 2.1 g kg-1 dia-1 de proteínas). Frente aos resultados, as conclusões dos autores foram que, independentemente do suporte dietético, as três semanas de treinamento intensificado aumentaram a capacidade aeróbia dos atletas. A dieta LCHF aumentou a taxa de oxidação dos ácidos graxos, mas resultou em uma redução na economia dos movimentos dos atletas (aumento da demanda de oxigênio para uma determinada velocidade de deslocamento), o que, de forma geral, prejudica o desempenho dos atletas. Contrastando com as dietas que forneceram cronicamente, ou periodizadamente, uma alta disponibilidade de CHO, apesar do aumento significativo na capacidade aeróbia, a dieta LCHF levou a uma resposta negativa no desempenho dos atletas.

O mais recente estudo relatando os resultados de desempenho e demais avaliações psicológicas subjetivas frente a uma dieta LCHF foi publicado por Mujika23. A pesquisa constituiu de estudo de caso sobre o treinamento de um triatleta de provas de longa distância. O atleta (ovo-lacto-vegetariano, 39 anos de idade, 1.79 m de altura e 75 kg de massa corporal) sofria de problemas gastrointestinais e, durante um período de 32 semanas, substituiu sua dieta habitual de alta disponibilidade de CHO (HCHO) por uma dieta LCHF. Nesse período, ele participou de 3 corridas profissionais, restaurando a disponibilidade de CHO somente nas refeições pré-competições e durante a etapa da corrida no triatlo. Após 21 semanas na dieta LCHF, o atleta teve seu pior desempenho no meio Ironman. Após 24 semanas – e em uma nova competição –, ele teve seu segundo pior desempenho no Ironman, sofrendo inclusive de seus usuais problemas gastrointestinais. Após 32 semanas na dieta LCHF, ele não terminou sua terceira corrida, reestabelecendo seu desempenho somente após 5 semanas em que retomou a dieta HCHO, terminando duas provas de Ironman (que foram separadas por apenas 3 semanas de intervalo) em segundo e quarto lugares. As análises psicológicas subjetivas de bem-estar também

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Bases moleculares das estratégias de treinamento com baixa disponibilidade de carboidratos

foram negativas durante o período da dieta LCHF, com sentimentos de depressão, irritabilidade e mal humor. O autor concluiu que as 32 semanas de dieta LCHF não resolveram os problemas gastrointestinais do atleta, deteriorando o seu desempenho e bem-estar geral.

Considerações finais e futuras perspectivas

Algumas das estratégias training low propostas na literatura induzem a depleção das concentrações intramusculares de GLICO por meio da redução da ingesta de CHO. Todavia, os estudos originais que forneceram a fundamentação molecular para o uso das estratégias promoveram a depleção do GLICO muscular por meio da intervenção do exercício, e não diretamente da redução da ingesta de CHO. Todas as estratégias nutricionais, dentre elas a training low, parecem estar para a nutrição esportiva assim como os métodos de treino estão para o treinamento esportivo. Assim como não existe um método de treinamento único – que seja capaz de suprir todas as necessidades adaptativas dos atletas –, parece não existir uma estratégia nutricional única e válida para otimizar todas as adaptações ao treinamento de endurance. A importância da aplicação dos mais variados métodos de treinamento reside no fato que cada um deles pode contribuir para o desenvolvimento das capacidades físicas por meio de distintos mecanismos adaptativos. Acreditamos que assim devem ser também as estratégias nutricionais, sendo todas elas válidas e plausíveis de aplicação, dependendo do objetivo, da condição física e nutricional do atleta e do momento de seu planejamento de treinamento.

Dois aspectos muito importantes a serem enfatizados sobre as estratégias training low são: 1) elas são voltadas unicamente para a melhora do desempenho em modalidades de endurance, tendo pouca, ou quase nenhuma aplicação no tocante à otimização das respostas adaptativas em atividades de força e potência24. Nestas atividades, o incremento do desempenho não advém prioritariamente de uma melhora na capacidade oxidativa muscular, mas sim de

uma maior síntese de proteínas miofibrilares, da melhora na taxa de disparos de potenciais de ação e no recrutamento de unidades motoras25. Substratos energéticos como o GLICO muscular mostram-se extremamente importantes para a manutenção da intensidade do exercício, bem como para o aumento do volume muscular como um todo24; 2) elas levam a uma diminuição da intensidade das sessões, um aspecto que deve ser balanceado contra os argumentos em relação à “suprarregulação molecular” das adaptações ao treinamento9. O direcionamento para adaptações moleculares pode ser realizado por meio de um balanço de sessões com baixa disponibilidade de CHO, enquanto sessões de treino de alta intensidade devem ser supridas com alta disponibilidade de CHO, permitindo, assim, que os atletas mimetizem o ritmo das competições e possam se habituar com as estratégias competitivas7, 9. Todavia, esse balanço parece ser mais facilmente alcançado em atletas recreacionais e amadores26 do que efetivamente nos de elite22,27.

Um último ponto a ser destacado é em relação às pesquisas longitudinais publicadas até o presente momento com essas estratégias. Elas ainda são escassas e devem ser analisadas com cuidado no tocante à sua duração, público analisado (i.e., atletas de elite, recreacionais ou sedentários) e à manipulação dos macronutrientes das dietas. Considerando os resultados dos estudos com as dietas cetogênicas de baixo CHO e alta ingesta de lipídeos, constatamos que, quando realizadas por um longo período de tempo, elas podem ser depreciativas do desempenho e da saúde geral dos atletas e que a realização do exercício – seja ele de alta ou baixa intensidade – possivelmente ainda é a alternativa mais eficaz e segura para reduzir as concentrações intramusculares de GLICO, usufruindo, assim, da ativação de enzimas-chave intracelulares nas respostas adaptativas ao treinamento de endurance.

Conflito de interesses

Os autores não declaram conflitos de interesse na publicação do trabalho.

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Agradecimentos

Agradecemos a todo o corpo docente e administrativo do programa de Pós-Graduação

em Nutrição Esportiva Funcional da Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP, Brasil, pelo apoio em nossas discussões acadêmico-científicas que levaram à concepção do trabalho.

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Abstract

Endurance and ultraendurance exercises are known for their high level of difficulty in physiological and psychological levels to be performed by their practitioners. Thus, there are a number of obstacles to be overcome in order for individuals to be able to carry out such activities and at the same time maintain the integrity of their health. For this, there are several nutritional and non-nutritional strategies that appear promising in the modulations of the body's immune and physiological responses to strenuous exercise, among which the nutritional periodization of macronutrients and micronutrients, supplementation, intestinal regulation, regulation of cortisol levels and of the circadian cycle, aiming at better muscle and immune recovery.

Keywords: Nutrition, immune system, endurance.

Impacto da nutrição

na recuperação do sistema imunológico

em esportes de endurance

Impact of nutrition on immune system recovery in endurance sports

Resumo

Exercícios de endurance e ultraendurance são conhecidos pelo seu elevado teor de dificuldade em níveis fisiológicos e psicológicos a serem performados pelos seus praticantes. Assim, existem inúmeros obstáculos a serem ultrapassados para que os indivíduos consigam realizar tais atividades e, ao mesmo tempo, manter a integridade de sua saúde. Para isso, existem diversas estratégias nutricionais e não nutricionais que aparentam ser promissoras nas modulações das respostas imunológicas e fisiológicas do corpo ao exercício extenuante, entre as quais a periodização nutricional de macronutrientes e micronutrientes, a suplementação, as regulações intestinal, dos níveis de cortisol e do ciclo circadiano, visando uma melhor recuperação muscular e imunológica.

Palavras-chave: Nutrição, sistema imune, endurance.

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Respostas imunes no exercício

Sabe-se que o sistema imunológico é uma rede complexa de células e moléculas cuja função está ligada à proteção do hospedeiro, por meio da proteção contra microrganismos invasores, prevenindo doenças e até mesmo na cicatrização de feridas e lesões. Nesse sentido, ao considerar que exercícios de elevada intensidade se comportam como fatores estressores para o corpo, é esperado

que o sistema imune tenha alguma participação nessa dinâmica1.

Estudos iniciais de David Nieman observaram que praticantes regulares de atividade física de intensidade elevada apresentavam maior incidência sintomatológica de infecções do trato respiratório superior (ITRS) quando comparados a praticantes sedentários2. Tal achado demonstra que a prática regular de atividades físicas de intensidade alta pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de ITRS, fato que pode ser explicado pela demanda imunológica aumentada nesses indivíduos.

Uma simples sessão de exercício pode exercer efeito sobre a quantidade e a composição dos leucócitos circulantes, já que, em sessões de exercícios breves, não é incomum observar que a contagem das células leucocitárias aumente cerca de duas vezes em relação ao padrão basal. Por outro lado, em exercícios de endurance, esse aumento pode se dar em até cinco vezes comparado à normalidade1. Apesar do aumento no número de leucócitos ser um indicativo de inflamação ou infecção, sabe-se que a leucocitose induzida pelo exercício se trata de um fenômeno transitório, uma vez que a contagem de células leucocitárias tende a voltar à normalidade em até 24 horas após o exercício1-5.

Outro ponto que vale ser lembrado sobre a regulação imunológica no exercício físico é a produção de citocinas inflamatórias. Sabe-se que os efeitos benéficos e maléficos da prática de atividade física estão ligados à produção de citocinas, assim como representado na Figura 13. Os primeiros têm se mostrado mais relevantes em relação ao aumento da produção de miocinas, que por sua vez, quando em níveis adequados, podem desempenhar efeitos anti-inflamatórios e imunoprotetores, como é o caso da IL-1ra4. Já em relação aos possíveis malefícios, a IL-6 tem se mostrado como parte de um mecanismo chave para entender os mesmos, uma vez que a produção da citocina IL-6, a qual apresenta função glicorreguladora e sinalizadora em nível sistêmico, está associada ao aumento dos níveis de cortisol em humanos, representado pela Figura 2, podendo provocar quedas no desempenho fisiológico e imunitário dos atletas de endurance, se pulsada de forma descontrolada e continuada e aliada ao mau controle das variáveis de descanso e recuperação4-7.

Introdução

Exercícios de endurance e ultraendurance são sabiamente conhecidos por sua elevada demanda mental, fisiológica e bioquímica ao serem performados por atletas e/ou praticantes recreacionais. Embora o exercício moderado seja benéfico para o corpo humano, em que tais favorecimentos estão associados a melhores adaptações musculares, hormonais, imunes e neuromotoras, o desempenho exaustivo de atividades de endurance pode ser prejudicial sob determinados âmbitos fisiológicos, nos quais estes estão linkados principalmente ao comprometimento da síntese medular leucocitária e à depreciação imune de barreiras físicas e celulares, além de possíveis situações transitórias – ou não – de imunossupressão, endotoxemia metabólica, hipercortisolemia e danos de tecidos conjuntivos, acarretando possíveis lesões permanentes1. Tais situações, agudas ou crônicas, podem implicar no mal rendimento em treinos, recuperação ideal e desempenho esperado de competições e treinos, em qualquer que seja o nível do praticante envolvido. Estratégias nutricionais e não-nutricionais podem auxiliar e até mesmo impelir a evolução dessas situações maléficas no decorrer da periodização por estimular, principalmente, o bom estado do sistema imunitário desses indivíduos, ao manter a integridade das barreiras imunológicas físicas, químicas e celulares. Sendo assim, o adequado consumo de nutrientes, alimentos e a adoção de hábitos saudáveis podem ser consideradas estratégias essenciais para a cronicidade do estímulo físico bem como na busca do melhor rendimento esportivo.

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Cortisol e imunidade

Como observado na literatura científica, o exercício pode estimular o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), resultando em aumentos significativos na quantidade de cortisol circulante9. Os níveis de cortisol estão diretamente relacionados com intensidade, frequência, volume e duração do treino5-7,9. Além disso, existem evidências de que o descanso pós-exercício e o ciclo circadiano também podem ter relações diretas com o cortisol7,9,10-12.

Sabe-se que os níveis cortisolêmicos estão

Figura 1. Produção de citocinas com a prática de exercício físico

Figura 2. Infusão de IL-6 aumenta os níveis de cortisol em humanos

Fonte: Pedersen e Toft8.

Fonte: Steensberg et al.4.

IL-1ra

IL-8

IL-1TNF-αsTNF-αR

MIP-1β

IL-6

Aum

ento

rela

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na

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ação

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Exercício extenuante

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Infusão salinaInfusão de nhIL-6

Tempo (horas)

Infusão

Corti

sol (

pg m

l-1)

relacionados com o ritmo circadiano, podendo ter relações diretas com a qualidade do sono10-12. Nesse sentido, um sono inadequado pode ocasionar uma menor eficiência das células imunitárias e, dessa forma, levar a uma diminuição das respostas imunes12. Assim, entende-se que pulsações cortisolêmicas crônicas, juntamente com um descanso inadequado, podem levar o indivíduo a um quadro de imunossupressão crônica e que possivelmente irá contribuir para uma queda no rendimento, representado pelas Figuras 3 e 41.

Nesse aspecto, visando a melhora na qualidade

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do sono e, por conseguinte, uma possível melhora imunológica, vale ressaltar que existe uma boa quantidade de referências na literatura científica que busca entender a relação da melatonina com a imunidade13-17. A melatonina é o principal hormônio cronobiótico que regula os ritmos circadianos e as mudanças sazonais na fisiologia dos vertebrados por meio de seu aumento noturno diário no sangue. Além disso, a melatonina apresenta outras diversas funções, entre as quais destacam-se efeitos antioxidante, oncoestático, antienvelhecimento

e imunomodulador, principalmente quando se trata da resposta imunológica inata, representada pela Figura 513. A melatonina possui uma relação na modulação de células imunitárias como os neutrófilos, monócitos, macrófagos e células natural killers (NK), podendo estimular o aumento ou a diminuição dessas células do sistema imune inato em níveis sistêmicos, o que pode acarretar uma melhor resposta imunológica a fatores estressores como o exercício físico de endurance.

Figura 3. Regulação das respostas imunes pelo exercício

Figura 4. Interação de esportes de endurance e sistema imune.

Fonte: Steensberg et al.4.

Fonte: Adaptado de Finch18.

Estado de supressão imune crônica

Funç

ão im

une

Melhora

Normal

Prejudicado

Sessão de treino 1

Sessão de treino 2

Sessão de treino 3

Recuperação Recuperação Recuperação

3-72h Depois da sessão de treino 3

3-72h Depois da sessão de treino 2

3-72h Depois da sessão de treino 1

Exercício físicocaracterizado por:

Frequência Volume Intensidade Descanso

IL-6

Cortisol

Eficiência doSono

Queda deRendimento

Imunossupressão

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Modulação do cortisol

Devido a tamanha relevância do cortisol na regulação circadiana e imunológica, é de extrema importância abordar estratégias que possam atenuar os efeitos dos pulsos e elevações desse hormônio no período pós-exercício. Evidências apontam que a suplementação de carboidrato (CHO) e até mesmo blends contendo CHO e proteína (PTN) podem ser opções promissoras para tal função19-23. Além disso, sabe-se que um aporte adequado de micronutrientes, dietas com alto teor de CHO e a ingestão de CHO durante o treinamento têm se mostrado importantes em relação à manutenção da imunocompetência de atletas24.

Em um estudo realizado em 2003, pesquisadores encontraram que a suplementação de CHO nas concentrações de 6% no período pré-exercício

seguida de mais 6% no período pós-exercício, em provas de corrida com duração de três horas a 70% VO2 máx., se mostrou eficiente e apresentou um melhor controle glicêmico, interferindo positivamente na regulação cortisolêmica e de IL-6 após o exercício19. Outro estudo, publicado em 2006, buscou evidenciar os efeitos da suplementação de CHO em marcadores bioquímicos num duatlo simulado executado a aproximadamente 79% VO2 máx. Nesse protocolo os atletas recebiam uma solução de 6% de CHO em três momentos: 30 minutos antes da prova, a cada 15 minutos de execução da prova e imediatamente após a prova. Foi constatado que o grupo que recebeu a suplementação de CHO apresentou um melhor controle glicêmico, o que gerou uma melhora na regulação cortisolêmica após o exercício20.

Figura 5. Sumário das funções da melatonina nas células da imunidade inata

Neutrófilos Monócitos

Células NK

↑ Produção de EROs↓ NO↓ Peroxinitrito↓ LPO↓ IL-1, IL-8 e TNF-α↑/ ↓Fagocitose↓ Rolagem e adesão↓ Permeabilidade vascular↓ Infiltração↑ Quimiotaxia↓ Apoptose↓ Citotoxicidade

↑ Número da células↑ IL-1, IL-6 e IL-12↓ IL-10, IL-12 e TNF-α↑/ ↓ Produção de EROs↓ Apoptose

↑ Número da células↑ Atividade das células NK↑ADCC

Neutrófilos

↑/ ↓ Número da células↑ MHC-II↑/ ↓ ou sem efeito IL-1↓ B7-1 mas não B7-2↑/ ↓ IL-12 e TNF-α↓ IL-6, IL-8 e IL-10Não afeta IL-6 e TNF-α↓ ou não afeta a produção de EROs↓ NO↓ Peroxinitrito ↓ iNOS expressão e ativação↓ expressão e ativação de COX-2↓ PGE2, PGF1α↑ Fagocitose↓ Expressão gênica estimulada de LPS↓Transdução de sinal mediada por TLR-3 e TLR-4

Melatonina

Fonte: Adaptado de Finch18.

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Dietas com alto teor de CHO também se mostraram superiores em relação ao controle glicêmico e cortisolêmico, assim como evidenciaram melhores resultados obtidos para o grupo que consumia uma dieta com 79% de CHO em relação a um grupo que consumia 58% de CHO durante 6 dias no período de treinamento de atletas olímpicos e de Ironman, os quais foram submetidos a um teste de corrida de uma hora de duração a 70% VO2 máx., além da rotina normal de treinos21. Em outro protocolo, constatou-se que as soluções ideais devem conter de 6 a 8% de CHO para que possam prover efeito ergogênico no exercício através da modulação cortisolêmica22.

No que diz respeito à suplementação de CHO ou CHO + PTN durante o exercício não foram encontrados resultados tocantes em relação à resposta do cortisol. Assim, sabe-se que não faz diferença suplementar CHO ou CHO + PTN com base em parâmetros cortisolêmicos. Todavia, não se pode descartar as respostas anabólicas associadas ao IGF-1 e à insulina na reparação muscular oriundas do consumo de aminoácidos pós-exercício23.

Reparação imunomuscular

A prática de AF por si só pode gerar microlesões musculares, as quais desencadeiam uma resposta inflamatória muscular25. Nesse sentindo é de extrema importância que também exista um controle sobre essa resposta imunológica para evitar que os praticantes sofram de imunossupressão e tenham uma recuperação miofibrilar adequada25. Aliado ao descanso adequado é necessário um aporte de macro e micronutrientes no período pós-exercício, e, assim como demonstrado na Figura 6, existem diversas estratégias nutricionais capazes de atuarem como imunomoduladoras no processo de reparação muscular. Além disso, a utilização de compostos bioativos (CBAs), principalmente através da atuação de flavonoides na cascata do ácido araquidônico modulando os efeitos das enzimas ciclo-oxigenases 1 e 2, tem se mostrado promissora e desempenha um papel importante na modulação inflamatória com menos efeitos adversos do que a suplementação de vitaminas antioxidantes, como as vitaminas C e E, e o uso de anti-inflamatórios não esteroidais, que têm demonstrado uma possível redução na adaptação ao treinamento26,27.

Figura 6. Estratégias nutricionais na recuperação muscular

Mionúcleo

Pericito célula endotelial

célula satélite

sarcolemalâmina basal

Genes expressos; proteínas secretadas

elastase, MPO, RONS, TNF-α

IL-1 β, TNF-α, IL-6, SLPI

TGF-β, IL-1, PRAR-γ, IGF-1,ECM proteínas

Anfiregulina, IL-10, PDGF, TGF-β, CCL, CCR1, CCR2

Triptase, Histamina, TNF-α, PAF, LTB4

IGF-1 , HGF, folistatina, NO, IL-6

Angiopoietina, IGF-1, TGF-β, HGF, CCLS, VEGF...

↑proliferação, Expressão de MyoD;

↓ expressão de miogenina

↑diferenciação, Expressão de MyoD e miogenina;

↓ Necrose

↑diferenciação, Expressão de MyoD e miogenina;

Quiescência SC

↑ proliferação, maturação da fibra;↑ SC expansão;

↓diferenciação, fibrose

↑ Necrose, Fagocitose e Lise

↑Fagocitose, Lise e Proliferação;↓ Diferenciação

↑expressão de miogenina e formação de miotubos

Efeitos nas células musculares e reparo

Neutrófilos

Macrófagos pró-inflamatórios

Macrófagos anti-inflamatórios

Linfócitos reguladores CD8 e T

Mastócitos

Progenitores fibro-adipogênicos

Fonte: Adaptado de Peake et al.25.Pericitos tipo 2

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Modulação intestinal

Sabe-se que existe uma interação muito grande entre a atividade mitocondrial e a microbiota intestinal, principalmente se tratando de atividades físicas de elevada intensidade. Esportes de endurance e ultraendurance exigem do corpo um aumento fisiológico da capacidade de prover energia devido à alta demanda energética dessas atividades, assim ocorre um aumento de vias da biogênese mitocondrial e, por conseguinte, o aumento da produção de espécies reativas de oxigênio (EROs), que por si só aumentam o estado inflamatório no corpo se tratando de âmbito mitocondrial e intestinal, o que pode levar a um quadro de hiperpermeabilidade intestinal, prejudicando o desempenho do atleta em quesitos nutricionais e inflamatórios28.

Existem evidências de que o elevado consumo de catecolaminas, recurso presente em estimulantes que são bastante utilizados por atletas de alto rendimento, juntamente com o aumento da produção de EROs através de mecanismos fisiológicos adaptativos em atividades físicas de alta demanda energética são responsáveis por diminuição da expressão gênica e da quantidade das tight junctions nas células do epitélio intestinal. Tal situação eleva a permeabilidade intestinal, o que permite a translocação de lipopolissacarídeos (LPS) e outras toxinas do intestino para a corrente sanguínea, podendo levar a quadros de endotoxemia e, consequentemente, ao aumento da inflamação, que, aliada a um aporte nutricional inadequado e à ausência da modulação de outros fatores como o cortisol, pode causar imunossupressão nos indivíduos, como

representado pelo esquema na Figura 728.Falando de modulação imune do intestino, o

uso de probióticos tem se mostrado uma estratégia eficaz e que apresenta resultados promissores no povoamento intestinal com bactérias probióticas, que por si só agregam uma série de benefícios ao hospedeiro. Tais bactérias conseguem diminuir quadros de inflamação localizada e sistêmica por meio da interação com as células das paredes do intestino através de receptores tool-like, os quais, ao serem sinalizados, desencadeiam reações a nível imunológico através de cascatas envolvendo citocinas e células do sistema imune inato29. Outro ponto que vale ser abordado é a capacidade das bactérias probióticas de atuarem em patologias como diabetes, síndrome do intestino irritável, em quadros de alergias e no combate a bactérias patogênicas como a Salmonella typhimurium e Helicobacter pylori através da produção de bacteriocinas29.

Assim como o uso de probióticos, existem outras diversas estratégias nutricionais que podem ser empregadas para fazer a modulação intestinal e diminuir os quadros de hiperpermeabilidade intestinal, como é o caso da utilização das vitamina A e D, suplementação com glutamina, consumo de fibras alimentares e utilização de CBAs como a quercetina e o resveratrol30-33. Além disso, estratégias não nutricionais também podem ser empregadas, como é o caso da meditação, cujo principal objetivo seria a modulação cortisolêmica do indivíduo, além de melhorar aa razões linfocitárias e inibir a liberação citocinética pró-inflamatória de TNF-a e de Proteína C-Reativa (PCR)34.

Figura 7. Estratégias nutricionias na recuperação muscular

Fonte: Adaptado de Clark e Mach28.

Núcleo NúcleoHIPERPERMEABILIDADE

IMUNOSSUPRESSÃO

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Suplementação de vitamina D

A vitamina D é umas das principais vitaminas necessárias ao corpo humano e, ao mesmo tempo, é uma das que mais sofrem com a inadequação e insuficiência nos dias de hoje, podendo afetar jovens, adultos e idosos (saudáveis ou não) e, principalmente, praticantes de atividades físicas35-37. Essa insuficiência ocorre principalmente pela inadequação na dieta e pelos diversos fatores ambientais presentes na sociedade atual, como é o caso das pessoas que passam a maior parte do seu tempo em locais fechados com iluminação artificial e quando estão diretamente expostas ao sol fazem o uso de bloqueadores solares ou roupas longas, pratica que inibe cerca de 99% da produção da vitamina D. A produção pode ser obtida através da alimentação (cerca de 20%) e da exposição solar (cerca de 80%), porém a síntese cutânea com base na exposição aos raios solares apresenta o benefício de evitar a toxicidade através da regulação por mecanismos de feedback, os quais evitam que a mesma se acumule36.

Sabe-se que essa vitamina desempenha funções por todo o corpo, inclusive de sinalização hormonal, devido à quantidade de receptores de vitamina D espalhados pelas mais diversas células humanas. As principais funções para a saúde do atleta, entretanto, se dão através da atuação no sistema imunológico, no sistema cardiovascular e no metabolismo ósseo30,31. Assim, um nível adequado de vitamina D, além de trazer saúde ao atleta, também pode estar ligado à prevenção de injúrias e lesões36,37.

No âmbito imunológico, a vitamina D está relacionada com a diminuição da inflamação sistêmica, visto que a diminuição de sua concentração está relacionada com o aumento de citocinas pró-inflamatórias, como a TNF-alpha e a IL-6. Além disso, relata-se que a administração de vitamina D diminui a incidência de gripes e resfriados e, por conseguinte, de infecções frequentes36. Já no contexto cardiovascular, é sabido que a ativação dos receptores de vitamina D espelhados pelo corpo tem ação a nível sistêmico, podendo a vitamina D ser considerada um fator protetor para doenças de caráter cardiovascular, visto que está relacionada com a ativação de

genes envolvidos diretamente na origem das patologias cardiovasculares como, por exemplo, atuando no coração e nos vasos sanguíneos através do metabolismo do cálcio e, também, em fatores indiretos como regulação da paratireoide, interferência no metabolismo insulinêmico e lipídico, atuando, ainda, em patologias renais, no sistema renina-angiotensina-aldosterona, em reações inflamatórias e no estresse oxidativo, os quais são considerados fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares35. Em relação à saúde muscular e óssea observa-se que existe um uma faixa limiar de ação da vitamina D em um estilo de uma curva em U, tanto a insuficiência como o excesso podem provocar efeitos indesejados nos ossos devido ao metabolismo do cálcio. Assim, doenças como o raquitismo e a osteomalácia, que estão relacionadas com hipocalcemia, hiperpotassemia e excesso de estimulação da paratireoide, estão diretamente associadas à vitamina D e à ingestão de cálcio37.

Nesse contexto, diversos autores buscam evidenciar que existe um nível ótimo de 25 hidroxi-vitamina D ou calcifediol, além da suficiência de >30 ng/mL recomendada pela maioria dos consensos, o qual se encontra na faixa dos 50 ng/mL. Tal faixa apresenta melhores incrementos na performance musculoesquelética e imunológica e, como esperado, quantidades superiores aos 50ng/mL não mostram incrementos nesse sentido e aproximam o indivíduo do limiar de toxicidade31.

Entretanto, para alcançar os níveis de vitamina D tidos como ótimos, normalmente se utiliza do recurso da suplementação, uma vez que a síntese cutânea é comumente prejudicada e a ingestão dietética necessária para atingir tal patamar acaba por ser insuficiente. Os protocolos de suplementação mais comuns e que visam atingir os níveis ótimos para o esporte (50 ng/mL) requerem a utilização de 50.000 UI de vitamina D3 por mês e por cerca de um período de até 8 meses36.

Modulação da qualidade do sono

Modular a qualidade do sono tem se mostrado tão importante quanto a modulação cortisolêmica

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quando se trata de rendimento esportivo10-12. Assim, existem diversos compostos naturais que têm desempenhado importante função nessa modulação. Fitoterápicos como Passiflora alata, Valeriana officinalis, Erytrima mulungu, Matricaria recutita, Melissa officinalis e Humulus lupulus apresentam bastante respaldo científico para exercer tal modulação, uma vez que auxiliam na síntese ótima de serotonina, precursor direto da melatonina, e, além de isso, podem estimular a liberação direta de melatonina por mecanismos moduladores na glândula pineal e atuar indiretamente pelo efeito inibitório de neurotransmissores (p.e. GABA) atuantes no sistema nervoso central38-40.

Conclusão Esportes de endurance e ultraendurance são

conhecidos por levarem o corpo do praticante a situações suprafisiológicas que por vezes podem gerar malefícios a longo prazo. Isso ocorre devido à alta demanda energética, imunológica

e fisiológica durante a execução do exercício e no período de recuperação que o sucede. Nesse sentido, é de extrema importância que se tenha uma alimentação adequada, boas noites de sono juntamente com o alinhamento da periodização do treinamento, visto que esses são alguns dos principais pilares que podem estar associados à saúde dos indivíduos.

Como ressalvado na literatura científica, é necessário individualizar a prescrição nutricional com base nos aspectos do treinamento, para evitar que o praticante tenha quedas no rendimento, possíveis lesões e quadros de imunossupressão, transitórios ou não, associados à prática das atividades físicas. Vale ressaltar que a utilização da periodização nutricional de macro e micronutrientes como o carboidrato e a vitamina D, a regulação do intestino, o aprimoramento do ciclo circadiano, das pulsações cortisolêmicas e a utilização de compostos bioativos são de extrema relevância para o acompanhamento e tratamento nutricional dos praticantes dessas modalidades esportivas.

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Usando a psicologia positiva

no atendimento nutricional

Applying Positive Psychology to Dietician Consultation

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar formas de integrar ferramentas e conceitos da Psicologia Positiva no atendimento nutricional. Por meio do aumento de emoções positivas, propósito e vínculos positivos, os profissionais poderão enriquecer seus atendimentos, aumentando o engajamento do paciente com seu plano alimentar e o cuidado da saúde de forma holística.

Palavras-chave: Psicologia Positiva, atendimento, florescer, mudança de comportamento, engajamento.

Abstract

This article presents Positive Psychology concepts applied to the dietician consultation. Based on of positive emotions, purpose and relationships, dieticians can enrich their consult and help clients flourish, both with their diets but also with their wellbeing as a whole.

Keywords: Positive Psychology, consultation, flourish, behavior change, engagement.

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AA Psicologia Positiva apresenta uma mudança de paradigma, onde o foco está no positivo e não no negativo. Até o surgimento desse movimento, a Psicologia enfatizava as patologias mentais, o desenvolvimento de estratégias para lidar com as fraquezas humanas e a importância do passado para resolver o futuro. O objetivo era “consertar” o que estava de errado. E esse mesmo olhar negativo se estendia para a saúde como um todo, em que saúde significava “ausência de doença” e o medo era usado como recurso para forçar mudanças.

Já o movimento liderado por Martin Seligman1 propunha “catalisar uma mudança... para parar de focar somente em consertar as piores coisas na vida, mas sim na construção das melhores qualidades da vida”. Ou seja, para um indivíduo encontrar o equilíbrio é necessário focar nos seus aspectos positivos, tais como suas virtudes, forças e bem-estar. Seligman e Csikszentmihalyi2 afirmam que a Psicologia Positiva é definida como a ciência que estuda a experiência subjetiva positiva, as potencialidades e virtudes humanas, contribuindo para a compreensão e o desenvolvimento dos fatores que permitem a prosperidade dos indivíduos e da comunidade.

Para auxiliar um indivíduo na prosperidade ou “florescimento”, é necessário o aumento da emoção positiva, do engajamento, do significado ou propósito, dos relacionamentos positivos e da realização. São estes conceitos que moram na essência da Psicologia Positiva que podem ser adaptados e utilizados para o enriquecimento do atendimento nutricional.

Primeiramente e acima de tudo, é essencial o estabelecimento de um vínculo positivo entre profissional e cliente. É através de um relacionamento empático e de confiança que o cliente irá aderir ao plano ou tratamento alimentar. Segundo Miranda3, a utilização de uma escuta atenta e sem julgamento, conceito conhecido como “escuta mindful” ou “escuta ativa”, auxilia na forma com que o cliente enfrenta sua própria condição e acredita na conquista de resultados positivos. Em outras palavras, o profissional deve ser acolhedor, prestativo e eficiente com sua escuta. A “resposta” ou procedimentos técnicos ficam sem segundo plano. Se não existe um laço

afetivo, dificilmente o cliente irá conquistar seus objetivos.

Além disso, o nutricionista deve ser um modelo de conduta para seu cliente. Estudo demonstra4 que o autocuidado de profissionais leva a maior engajamento e satisfação com a profissão e ainda melhoria no tratamento e na percepção de satisfação do cliente. O profissional, ao se cuidar, se torna um modelo para seu cliente. O cliente passa a admirar o profissional, imitando os comportamentos que ele deseja mudar. É importante compreender que o profissional não deve ser “perfeito”, mas sim um exemplo da mudança que o cliente busca. Desta forma o cliente poderá se espelhar, aumentando sua motivação.

Outro aspecto positivo do profissional que passa pela experiência de mudar seus próprios hábitos é o desenvolvimento da autocompaixão. O profissional compreende a complexidade e a subjetividade que existem nas transformações ligadas à saúde e então deixa de se autocriticar quando errar ou recair e passa a ensinar seu cliente a cultivar sua própria autocompaixão. Quando o cliente relatar uma dificuldade com a adesão ao cardápio proposto ou momentos de consumo excessivo de alimentos não indicados, o nutricionista poderá propor a experiência como um momento de exercer a autocompaixão. De acordo com Kristen Neff5, pessoas com bom desempenho em testes de autocompaixão tendem a ser mais felizes e mais otimistas, influenciam hábitos alimentares saudáveis, além de ajudar na perda de peso. Para isso, é necessário ensinar ao cliente a reduzir a voz da autocrítica, focar no momento presente e entender que lapsos fazem parte da experiência humana. É interessante não permitir que o cliente se coloque para baixo. Ao contrário – em momentos de dificuldade, deve ser reforçado o que foi aprendido e como o cliente foi fortalecido pela experiência. Desta forma, iremos aumentar as emoções positivas do cliente e seu engajamento com uma alimentação saudável.

Junto com o cultivo da autocompaixão, devem ser propostas formas para o paciente saborear os alimentos que o profissional esteja recomendando. O “saborear” na Psicologia Positiva é o uso consciente de pensamentos e comportamentos que prolonguem, gerem ou intensifiquem o

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Usando a psicologia positiva no atendimento nutricional

prazer de uma experiência. Esta noção deve ser aplicada às refeições. O cliente deve se concentrar no que está comendo, observando e degustando texturas, gostos e aromas. Vale também sugerir que o cliente pesquise sobre o alimento – sua origem, sua produção e conexão com a terra. Dunn et al.6 demonstram através de estudos que comer com atenção plena (mindful eating), que inclui selecionar alimentos de forma consciente e saborear as refeições, auxilia na perda de peso. Por exemplo, o nutricionista pode trazer alimentos como uva ou cacau para o cliente degustar. Em práticas de mindful eating, muitas vezes os participantes não sabem o que vão ingerir e, ao terem aguçados os sentidos, conseguem desvendar e saborear o que têm em suas bocas. Uma refeição feita com atenção promove sentimentos de prazer, e, conforme explicado anteriormente, emoções positivas são as bases para o bem-estar.

O atendimento nutricional deve ser uma culminação de trocas construtivas. Em momentos de dificuldade, o profissional deve acolher seu cliente, mas a maioria do tempo deve ser dedicada ao relato de sucessos. Quando falamos em “sucessos”, não esperamos grandes conquistas, mas sim pequenos passos que aumentam a autoconfiança e a autoestima do cliente. Deve ser comemorada cada etapa – a primeira vez que o cliente come uma salada, o domingo à noite em que são consumidos apenas dois pedaços de pizza

em vez de cinco, o jantar em família que acontece apenas uma vez por mês. A vitalidade emocional e o cultivo das emoções positivas reduzem riscos de doença coronária, segundo estudo realizado por Kubzansky7, e então vemos a importância de focar no positivo.

Para aumentar a autoestima e a autoeficácia do paciente, é necessário identificar suas forças pessoais. Na Psicologia Positiva, foram classificadas 24 forças universais no Inquérito VIA. Este inquérito pode ser acessado no site http://www.viacharacter.org/www/. Através da sua identificação, o profissional pode conectar como as forças podem ser aplicadas a favor do processo de adesão alimentar.

O cliente, finalmente, deve encontrar um propósito para a sua mudança. Por que ele/ela deseja comer de forma mais saudável? Como a alimentação mudará sua vida? Ou melhor, como a sua vida poderá mudar por meio da alimentação? O nutricionista deve resgatar, em seus atendimentos, as motivações, os valores e o propósito. A cada experiência positiva, o cliente criará um vínculo amoroso com sua comida. Este tipo de relação é duradouro, e a mudança poderá ser sustentável. A alimentação pode ser a porta de entrada para a construção de uma vida com mais qualidade, e a Psicologia Positiva oferece estratégias para encontrarmos a melhor versão de nossos clientes para que eles possam florescer.

Referências bibliográficas

1. SELIGMAN, M. Positive Psychology, Positive Prevention, and Positive Therapy. Disponível em: https://www.sas.upenn.edu/psych/seligman/ppsnyderchapter.htm. Acesso em: 14/01/2019. 2. SELIGMAN, M.; CSIKSZENTMIHALYI, M. Positive psychology: An Introduction. Am Psychol; 55: 5-14, 2000. 3. MIRANDA, C.F.; MIRANDA, M.L. Construindo a relação de ajuda. 10ª ed. Belo Horizonte: Crescer, 1996.4. NOVACK, D.H.; SUCHMAN, A.L.; CLARK, W. et al. Calibrating the physician. Personal awareness and effective patient care. Working Group on Promoting Physician Personal Awareness, American Academy on Physician and Patient. JAMA; 278 (6): 502-509, 1997.5. NEFF, K. Self-Compassion: Stop beating yourself up and leave insecurity behind. New York: William Morrow, 2011. 6. DUNN, C.; OLABODE-DADA, O.; WHETSTONE, L. et al. Mindful Eating and Weight Loss, Results from a Randomized Trial. J Family Med Community Health; 5 (3): 1152, 2018. 7. KUBZANSKY, L.D.; THURSTON, R.C. Emotional vitality and incident coronary heart disease: benefits of healthy psychological functioning. Arch Gen Psychiatry; 64 (12): 1393-401, 2007.

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O papel da intensidade e do volume

na prescrição do exercício e os impactos na

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The role of intensity and volume in exercise prescription and the impacts on nutritional prescription

Resumo

O interesse acadêmico-social-profissional pelos efeitos da manipulação das variáveis agudas do treinamento, em especial a intensidade e o volume, tem se tornado cada vez mais evidente na literatura. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é traçar uma discussão dos efeitos adaptativos morfofuncionais quando da manipulação tanto da intensidade quanto do volume de treinamento, com enfoque nas capacidades de resistência e força muscular. A literatura tem reportado há algum tempo, no tocante ao treinamento de resistência, significativos efeitos morfofuncionais derivados tanto da manipulação da intensidade como do volume de treinamento, porém o apelo mais contemporâneo versa para a intensidade, uma vez que esta consegue gerar adaptações morfofuncionais de forma time-efficient. Destaca-se, entretanto, que a maior porcentagem de treinos, em periodizações voltadas às modalidades de endurance, prioriza o volume em detrimento da intensidade, sem perder a qualidade nos efeitos adaptativos desejados, em especial a biogênese mitocondrial, a angiogênese e a maior expressão das enzimas oxidativas. Em relação à força muscular, o volume de treinamento tem sido alvo de diversas investigações, uma vez que há uma relação dose-resposta ótima para cada sujeito em termos morfofuncionais. Quanto à intensidade dos treinos de força, o que se questiona é a real aplicação dessa variável na rotina, uma vez que a sua realização de fato depende, dentre outros, do histórico de treinos, da aderência, do dolo e dos objetivos dos sujeitos envolvidos. Nesse quesito, a literatura tem valorizado a intensidade quando os objetivos se voltam especificamente às adaptações na função, enquanto certa democracia literária tem sido encontrada quando os objetivos se voltam às adaptações morfológicas. Do ponto de vista nutricional, a intensidade dos esforços deve atrair a atenção para aspectos primordiais como os substratos das vias anaeróbicas, a função tamponante, a síntese proteica miofibrilar e a estimulação do sistema nervoso. Já o volume dos esforços, quando analisado do ponto de vista nutricional, necessita de especial atenção quanto ao poder antioxidante da dieta, a distribuição de todos os macronutrientes, a síntese proteica mitocondrial, a angiogênese e as adaptações oxidativas. Conclui-se, portanto, que dentro de um processo de preparação física, a despeito do objetivo morfofuncional e da capacidade física a ser considerada, é crucial manipular periodicamente as variáveis intensidade e volume, acreditando no amplo poder adaptativo desencadeado por esta

Palavras-chave: Exercício físico, intensidade, volume, metabolismo energético, prescrição nutricional.

Abstract

The academic-social-professional interest in the effects of manipulating acute training variables, especially intensity and volume, has become increasingly evident in literature. Indeed, the goal of this manuscript is to draw a discussion about morphofunctional adaptive effects when training intensity and volume are manipulated, emphasizing endurance and strength as the main capacities. Literature has been reporting, since many years ago, regarding endurance, significant morphofunctional effects derived from training intensity and volume manipulation, however nowadays intensity focused studies are more appealing, because their capacity to generate organic adaptation in a time-efficient manner. At the same time, the most part of endurance training programs prioritize volume instead of intensity without losing quality in the desired adaptive effects, especially mitochondrial biogenesis, angiogenesis and oxidative enzyme expression/activity improvement. Regarding muscular strength, volume is under special investigation from literature, because some optimal dose-response to each subject may exist to trigger off adaptive response. About strength training intensity, one of the questions in literature is “what is the real insertion of this variable in a training routine?”, given that its application depends on training historic, adhesion, intention and the involved subjects’ goals. In this matter, literature enriches strength training intensity when the goals are mainly related to function improvement, while some literary democracy about training variables has been found when the goals are mainly morphological. From a nutritional point of view, training intensity may attract attention to primordial aspects as anaerobic pathway substrates, buffering function, myofibrilar protein synthesis and nervous system stimulation. On the other hand, the volume of efforts needs special attention regarding the diet antioxidant status, daily macronutrient distribution, mitochondrial protein synthesis, angiogenesis and oxidative adaptation. We conclude that, within a conditioning process, despite the morphofunctional objective or even physical capacity, it is crucial to periodically manipulate the intensity and volume, as well as the other acute training variables, considering the broad adaptive power unleashed by them.

Keywords: physical exercise, intensity, volume, energy metabolism, nutritional prescription.

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O papel da intensidade e do volume na prescrição do exercício e os impactos na prescrição nutricional

AIntrodução

A discussão que relaciona as variáveis agudas do treinamento intensidade e volume vem, desde muito tempo, chamando a atenção da literatura científica e dos entusiastas envolvidos na rotina da ciência do treinamento físico1,2. Mais recentemente, em especial na última década, essa discussão tem se avolumado substancialmente, tendo em vista os interesses pessoais e as possibilidades de mercado, passando por questões fundamentais como as preferências pessoais, as necessidades particulares, a eficiência/eficácia dos métodos, as especificidades em questão, a taxa de adesão aos programas e as individualidades envolvidas3-11.

Faz-se ainda fundamental observar que, das diversas variáveis agudas que podem ser manipuladas na rotina do treinamento físico (e.g. amplitude de movimento, ordem dos exercícios, tipos de pausa, velocidade de execução das ações, ações musculares, superfícies de trabalho etc.), a intensidade e o volume dos esforços são aqueles que possivelmente exercem a maior influência nos resultados adaptativos, sejam estes de ordem funcional ou morfológica5, 12-18. Ainda, a definição das intensidades e volumes de treinamento acabam por exigir demandas metabólicas específicas19, que precisam ser compreendidas e administradas nutricionalmente de forma a favorecer as adaptações morfofuncionais esperadas20.

Destaca-se, ainda, que tanto a intensidade quanto o volume podem (e devem) estar inseridos no contexto do treinamento das mais diversas capacidades físicas, a saber: resistência, força, potência, flexibilidade, velocidade e agilidade21. Neste trabalho, iremos focar a discussão dessas variáveis no tocante ao treinamento das capacidades físicas de resistência, vulgarmente chamada de “aeróbica” ou “cárdio”, e força, vulgarmente chamada de “musculação”.

Nesse sentido, o objetivo da presente revisão de literatura será destacar as capacidades físicas resistência e força, assim como os meios e as metodologias de treinamento mais usuais para o desenvolvimento das mesmas, tendo como atenção especial a intensidade e o volume empregados nas sistemáticas de treinamento aqui apresentadas. Buscaremos, ainda, refletir sobre a influência de

cada uma dessas variáveis no poder adaptativo orgânico, sejam elas de ordem funcional ou morfológicas. Por fim, situaremos, de maneira breve, as relações primordiais entre os aspectos nutricionais e as variáveis intensidade e volume dos treinos de resistência e força, correlacionando o aspecto nutricional às características dos treinos físicos.

Metodologia

Usamos para esta revisão trabalhos publicados em base de dados como: PubMed, Google Acadêmico, MEDLINE, SciELO e Web of Science, buscando selecionar artigos publicados a partir de 2005 até os dias atuais. Os descritores de busca utilizados foram: endurance exercise; strength exercise; exercise intensity; exercise volume; exercise training load; exercise training metabolism; nutritional strategies and exercise; nutritional supplements and exercise. Os artigos selecionados para a discussão foram aqueles que reuniram, da maneira mais completa, a sua respectiva abordagem ao escopo deste trabalho, de forma a atender a discussão baseada nas palavras-chave aqui apresentadas: exercício físico, intensidade, volume, metabolismo energético, prescrição nutricional.

Discussão

O treinamento de resistência

A resistência é uma capacidade física que pode ser definida de diversas formas pela literatura, porém adotaremos aquela de Weineck22, que a apresenta como capacidade psico-física de suportar a fadiga, parafraseando os clássicos autores Hollmann & Hettinger23. Assim, não classificaremos a resistência misturando-a ao metabolismo energético, a saber resistência aeróbica ou resistência anaeróbica, uma vez que concebemos que o metabolismo energético está sempre ativo naqueles que exercitam, a despeito da capacidade física, da intensidade ou do volume que estejam sendo utilizados24. Ressalta-se, ainda, a importância fisiológica de três sistemas na manifestação da resistência enquanto capacidade

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física, a saber: sistema pulmonar (captador), sistema cardiovascular (distribuidor) e sistema músculo-esquelético (utilizador)25.

O treinamento de resistência é amplamente difundido na prática profissional, sendo que os métodos mais comumente discutidos são aqueles de natureza cíclica, através de meios como a

corrida, o ciclismo, o remo e a natação22, além dos ergômetros como a esteira, a bicicleta, o elíptico/transport e a escada22. Dentre os métodos cíclicos de treinamento, podemos destacar os contínuos e os intervalados/intermitentes22, que estão apresentados na Figura 1 abaixo, junto de suas respectivas subdivisões26,27.

Figura 7. Representação das metodologias de treinamento da capacidade física resistência.

HIIT: High Intensity Interval Training; SIT: Sprint Interval Training; RSA: Repeated Sprint Ability.Fonte: Buchheit & Laursen26,27.

Das metodologias citadas na Figura 1 acima, é comum atrelar aquelas contínuas aos maiores volumes de treino (duração da sessão, distância percorrida, número de séries/repetições/exercícios), enquanto se relaciona as intervaladas às maiores intensidades absolutas (velocidade [Km/h, m/s, rpm], inclinação [%], carga [kgf, kp]) e relativas (%VO2máx, %FCmáx, %vVO2máx, %LV, %PCR)26,27 de treino. Apresentaremos, a partir de então, a discussão que relaciona a intensidade e o volume ao treinamento da capacidade física de resistência, reforçando um olhar democrático e diverso sobre a importância de ambas as variáveis nos quesitos adaptativos orgânicos de interesse, sejam estes funcionais ou morfológicos3.

O treinamento de resistência: enfoque na intensidade de treino

A intensidade dos esforços impressa nos treinos de resistência tem chamado grande atenção da literatura, especialmente porque a ativação de diversas vias de sinalização intracelulares ocorre de forma time-efficient28, ou seja, com menor duração total dos estímulos, porém utilizando-se de elevadas intensidades (máximas ou supra-máximas) absolutas e relativas16. Duas das justificativas discutidas para os benefícios time-efficient dessas metodologias residem no fato tanto da hipóxia quanto da acidose geradas no tecido músculo-esquelético, fígado e tecido adiposo marrom28. Esses eventos fisiológicos atuam como

MÉTODO CONTÍNUO

AUTO-SELECIONADO ou SELF-PACING

PROGRESSIVO; REGRESSIVO

VARIATIVO ou FARTLEK

EXTENSIVO

INTENSIVO ou HIIT

SUPRAMÁXIMOS (eg. SIT, RSA)

MÉTODO INTERVALADO / INTERMITENTE

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pressão arterial sistólica, circunferência da cintura e severidade do risco de síndrome metabólica34. Nota-se portanto, um claro respaldo científico para a utilização de metodologias de treinamento de resistência usando intensidades máximas e supramáximas (HIIT, SIT, RSA), dedicando um tempo (volume) menor dentro das sessões, micro e mesociclos38.

O treinamento de resistência: enfoque no volume de treino

Atualmente, a variável volume do treinamento de resistência vem sendo bastante investigada e até questionada, uma vez que a sociedade, acadêmica ou não, tem voltado seu interesse para estímulos cada dia mais curtos, rápidos e eficientes14,16. Essa observação merece muita cautela, uma vez que o volume representa uma das variáveis mais importantes a serem manipuladas em qualquer rotina de treinos, sejam estes de resistência ou quaisquer outras capacidades físicas de interesse22.

A partir das análises dos efeitos dos estímulos de resistência com ênfase no volume de trabalho, executados em intensidades leves ou moderadas, podemos destacar os efeitos positivos, especialmente na composição corporal de sujeitos com sobrepeso e obesos9,17,39,40. Ainda, em termos de efeitos do volume das sessões no desempenho de endurance, alguns autores destacam que a frequência dos treinos em zonas de intensidade leves e moderadas – portanto, sessões mais volumosas – ocupa os maiores percentuais nas rotinas dos praticantes de modalidades de endurance, como corrida, ciclismo, remo e esqui2,12,41.

Em uma revisão sobre a temática de maximização das adaptações celulares aos exercícios de endurance, evidenciou-se que o volume das sessões de treino pode influenciar positivamente na ativação de vias intracelulares fundamentais para promover adaptações como a biogênese mitocondrial, a angiogênese e o aumento na expressão das enzimas oxidativas42. Ainda, mostrou-se que os treinos volumosos executados em intensidades leves/moderadas

potentes estimulantes das vias intracelulares de sinalização (AMPK, CaMK, MAPK, VEGF, e-NOS, HIF-1α, NRF-1, NRF-2, PGC-1α) e posterior adaptação tecidual, em especial a biogênese mitocondrial, a neoformação capilar (angiogênese), a melhora da função tamponante e o aumento na expressão/atividade das enzimas oxidativas29-32.

Tendo isso como base, faz-se fundamental correlacionar as características das metodologias de treinamento intervaladas/intermitentes com o metabolismo energético, uma vez que esses treinos exigem, sobremaneira, boas competências/capacidades tanto aeróbicas quanto anaeróbicas24. Nesse sentido, para que um melhor proveito adaptativo desses treinos intensos possa ser efetivado, primeiramente é fundamental que tanto a capacidade (Limiar Ventilatório: LV e Ponto de Compensação Respiratório: PCR) quanto a potência aeróbica (Captação Máxima de O2: VO2máx) estejam o mais desenvolvidas possível33. Secundariamente, é também fundamental considerar o bom desenvolvimento da função metabólica anaeróbica, em destaque a via fosfagênica (alática) e a via glicolítica (lática)34.

A partir desses apontamentos literários, grande parte das condutas profissionais atualmente vai ao encontro dessas proposições, tal qual o destaque que pode ser atribuído aos modelos de treinamento em forma de HIIT (High Intensity Interval Training), SIT (Sprint Interval Training), RSA (Repeated Sprint Ability), “Tabatas”, Insanity, circuitos ou jogos intensos, que buscam proporcionar respostas adaptativas morfofuncionais de forma time-efficient14. Em uma revisão com meta-análise recente, sugeriu-se que os exercícios de resistência executados em alta intensidade são mais eficientes em promover perdas absolutas e crônicas na massa gorda35, assim como outros autores36 sugerem que os estímulos intervalados são mais apropriados quando há intenção de aumentar o VO2 pico e a condição cardiorrespiratória dos indivíduos ou, ainda, os exercícios intervalados, provando sua eficácia em melhorar mais significativamente, de forma aguda, parâmetros hemodinâmicos como a pressão e a stiffness arterial37, além de melhoras crônicas mais significativas em parâmetros como

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podem desencadear positivos sinais adaptativos mitocondriais, assim como a ativação de fibras musculares do tipo I e a melhora na capacidade oxidativa de ácidos graxos, especialmente via estimulação dos fatores intracelulares como a CAMK, a MAPK e o PGC-1α3,28.

Ainda, do ponto de vista clínico, os exercícios contínuos de intensidade moderada podem ser benéficos para a melhora do controle glicêmico e da sensibilidade à ação da insulina43, além de promover melhora em parâmetros vasculares44 e na terapia adjunta ao tratamento medicamentoso em doenças como Crohn45, diabetes46, dislipidemias47, hipertensão arterial48, doenças cardiovasculares49, esquizofrenia e síndrome metabólica50. Portanto, os exercícios de resistência mais volumosos, porém executados em intensidades leves/moderadas, também encontram respaldo literário e podem/devem continuar fazendo parte da rotina daqueles que se exercitam regular e sistematicamente17.

O treinamento de resistência: enfoque nas metodologias polarizadas

Em vista das possibilidades de usufruto de metodologias tanto intervaladas de alta intensidade quanto contínuas de intensidade leve/moderada nas adaptações morfofuncionais geradas pelo treinamento de resistência, surge ainda uma proposta que vem sendo intitulada polarizada51. Esta proposta pode se caracterizar como uma metodologia que mistura, dentro do mesmo microciclo ou em microciclos distintos, diferentes metodologias de treinamento de resistência, atribuindo mais importância/ênfase à utilização dos diversos formatos de treinamento de resistência, conforme o período a ser considerado52,53. Ainda, alguns autores sugerem que essa mistura, especialmente das intensidades utilizadas, possa ser feita dentro da própria sessão de treino, de forma a potencializar as adaptações morfofuncionais de interesse54. Logo, essa metodologia polarizada reflete, em partes, que a pluralidade de estímulos oferecida aos indivíduos que treinam regular e sistematicamente pode atingir positivamente os diferentes genótipos

presentes na natureza55, aumentando o poder adaptativo dos mesmos. Por fim, essa proposta de mistura das metodologias de treino nas sessões encontra respaldo nos similares efeitos adaptativos orgânicos que podem ser conquistados em treinos mais intensos ou mais volumosos, desde que o trabalho total executado nas respectivas sessões seja equalizado56.

O treinamento de força

A força é uma capacidade física que também pode ser definida de diversas formas pela literatura, porém adotaremos a definição física que representa a capacidade de acelerar uma determinada massa [F = m x a], conforme postulado pela segunda lei de Newton57. No contexto do treinamento físico, as metodologias de treinamento de força mais difundidas na prática são aquelas de força máxima e resistência de força22, sendo a primeira delas com ênfase na intensidade dos estímulos, e a segunda com ênfase no volume dos mesmos57. Assim como discutido no tocante à resistência, dividiremos nossa discussão a respeito das variáveis intensidade e volume do treinamento de força em tópicos diferentes, conforme segue.

O treinamento de força: enfoque na intensidade de treino

A manipulação da intensidade no treinamento de força (ou resistido) pode ocasionar, como principais respostas adaptativas, a melhora tanto dos aspectos funcionais (como a força/potência muscular) assim como dos aspectos morfológicos (como a hipertrofia e hiperplasia musculares)58,59. Nesse sentido, a racionalidade de tais adaptações geradas pelos treinos de força de maior intensidade reside nos achados de Henneman na década de 60, quando o mesmo postulou o princípio do tamanho do recrutamento de unidades motoras60. Segundo este princípio, o aumento da intensidade do treinamento leva a uma aumento diretamente proporcional no recrutamento de unidades motoras, que se caracteriza de maneira somatória, considerando as unidades motoras dos tipos I, IIa e IIx61, conforme apresentado na Figura 2 abaixo

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Ainda, a literatura suporta os treinos de força em alta intensidade e suas respectivas adaptações morfofuncionais pelos aspectos relacionados à mecanotransdução, ou seja, o estresse mecânico pode desencadear respostas celulares como aumento na expressão de fatores de crescimento locais (MGF: Mechanical Growth Factor), assim como estimulação da via intracelular Akt-mTOR e posterior potencialização na síntese proteica in loco, até alterações no metabolismo do cálcio intracelular (e posterior ativação do sistema da Ca+2/calmodulina/calcineurina) e a destruição de proteínas do citoesqueleto (MMPs: metaloproteinases) que podem acentuar a sinalização intracelular e as respectivas adaptações morfofuncionais62.

Considerando o enfoque na intensidade dos treinos de força, a literatura apresenta diversos desenhos/modelos de treinamento, tais como os métodos em pirâmide, super-slow, cluster series, rest-pause strength e os exercícios do weightlifting (levantamento de peso olímpico: arranco e arremesso) e do powerlifting (supino,

agachamento e levantamento terra)57. Nesse ínterim, uma das maiores dificuldades da prática cotidiana do treinamento de força é conseguir aplicar essas metodologias em uma população fisicamente ativa ou sedentária, visto que são modelos de treinamento que requerem elevado grau de motivação e interesse para poder suportar as cargas impostas63. Ademais, determinar a frequência e o volume de treinos em alta intensidade é também um desafio quando da construção dos planejamentos relacionados à força e à intensidade, a despeito dos objetivos envolvidos com o mesmo64.

O treinamento de força: enfoque no volume de treino

O volume no treinamento de força é uma variável que tem recebido grande atenção literária, uma vez que as respostas adaptativas morfofuncionais geradas pela manipulação desta variável parecem bastante diversas8,65-68. Algo que chama a atenção nesse sentido, assim como

Figura 2. Representação adaptada do princípio do tamanho, que rege o recrutamento de unidades motoras (tipos I, IIa e IIx) segundo a intensidade do esforço.

%VO2máx: % da captação máxima de oxigênio; %FCmáx: % da frequência cardíaca máxima; %1RM: % de uma repetição máxima.Fonte: Mendell61.

TIPO IIx

TIPO IIa

TIPO I

INTENSIDADE DO ESFORÇOS (%VO2máx, %FCmáx, %1RM)

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ocorre com a discussão sobre as metodologias de treinamento de resistência, é como conseguir aumentar significativamente o volume dos treinos resistidos em uma sociedade que pretende/deseja treinar cada dia mais em períodos mais curtos/rápidos68.

Outra polêmica que decorre dessa variável reside no fato de buscar entender qual seria o volume ideal de treinamento nas sessões, micro e mesociclos para garantir que as adaptações morfofuncionais ocorram indiscriminadamente69. Nesse sentido, um cuidado sempre presente na rotina da prescrição dos treinos de força é o controle, em cada sessão, do número de séries, do número de repetições, do número de exercícios, além da frequência semanal com a qual o treino é desempenhado, de forma a evitar o erro pelo excesso, que pode trazer consequências desagradáveis dos pontos de vista imunológico, fisiológico e até psicológico70,71.

Uma das justificativas mais abordadas que relacionam as adaptações morfofuncionais e o volume do treinamento de força é o estresse metabólico gerado por tais desenhos/protocolos de treino72. Alguns marcadores metabólicos do músculo-esquelético, como o lactato, os íons H+ e Pi, poderiam potencializar a secreção de hormônios anabólicos, como o dueto GH/IGF-172. Ainda, condições como a hipóxia tecidual, bem como o inchaço celular, a elevada produção de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs), a inflamação gerada in loco e o próprio dano tecidual podem potencializar as respostas adaptativas morfofuncionais decorrentes dos treinos resistidos mais volumosos10,73. Como propostas de modelos de treinamento de força volumosos, podemos destacar os poli-sets, drop-sets, strip-sets, treinos até a falha/exaustão, contrastes, pré-exaustão, blitz, GVT, FST-7 e SST57. É fundamental observar que grande parte desses métodos é muito utilizada por fisiculturistas, portanto sua adaptação à rotina de sujeitos não-atletas (fisicamente ativos ou sedentários) merece muita cautela/prudência.

Ponderações nutricionais básicas em relação à intensidade e ao volume dos esforços

A relação entre a manipulação das variáveis agudas de treino (intensidade e volume) e as

ponderações nutricionais básicas é de suma importância, pois visa, a partir do entendimento dos reflexos metabólicos gerados pela manipulação dessas variáveis, municiar os profissionais competentes quanto à escolha dos alimentos/suplementos que podem (e devem) fazer parte da rotina dos respectivos praticantes20. Essa relação treinamento físico – nutrição esportiva tem se reforçado a cada dia, de forma que o metabolismo enfatizado nos treinos possa encontrar um espelhamento direto nas necessidades nutricionais sugeridas no cotidiano74,75.

Nesse sentido, quando discutimos a variável intensidade dos treinos de resistência e de força, é fundamental que determinados pontos sejam valorizados, como por exemplo: a função intramuscular das vias metabólicas anaeróbicas, tanto aláticas (via fosfagênica e via da mioquinase) quanto láticas (via glicolítica/glicogenolítica); a maximização das respostas biogênicas mitocondriais; a estimulação do sistema nervoso central de forma a viabilizar potencialização do recrutamento de unidades motoras; o subsídio da função tamponante intra e extracelular; a valorização do elementos antioxidantes e anti-inflamatórios; a correção da ingesta, em especial, de vitaminas, carboidratos e proteínas na dieta20,42,75-77.

Por sua vez, quando discutimos a variável volume dos treinos de resistência e de força, os pontos básicos a serem valorizados são: a função intramuscular da via aeróbica/oxidativa, assim como a maximização da biogênese mitocondrial; a correção da ingesta dos macronutrientes em geral, especialmente dos carboidratos, por representarem uma reserva finita, e dos aminoácidos isolados, como eventuais fontes de energia; a possibilidade de utilização de fontes energéticas “acessórias”, como o lactato e os corpos cetônicos; a valorização do elementos antioxidantes e anti-inflamatórios; a estimulação do sistema nervoso central de forma a viabilizar a potencialização do recrutamento de unidades motoras, assim como a potencialização da oxidação dos ácidos graxos como fonte de energia; a complementação dietética por meio da ingesta de alimentos/suplementos de alta caloria, de forma a viabilizar a produção de energia em esforços de maior duração20,42,75-79.

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Portanto, é necessário o entendimento metabólico das demandas geradas pelo treinamento físico nas sessões, micro e mesociclos, para que as atitudes nutricionais, via alimentos/suplementos, possam patrocinar as adaptações morfofuncionais engatilhadas pela intensidade e pelo volume dos treinos de resistência e força20. Ainda, é fundamental que se compreenda que o processo de treinamento físico é constituído por diversas fases/períodos, nas quais as alternâncias das cargas de treinamento se fazem necessárias, para que o organismo possa constantemente expressar as respostas adaptativas desejadas no decorrer do planejamento/periodização80.

Considerações finais

O apelo social por modelos/protocolos de treino cada dia mais “econômicos” em termos de tempo gasto tem influenciado a literatura científica, que tem voltado grande parte do seu interesse em investigar os efeitos dos treinos intensos, das mais diversas capacidades físicas, em especial a resistência e a força. Por sua vez, o fato de haver um claro interesse acadêmico-social na dissecação da intensidade enquanto variável “mãe” do treinamento físico não invalida considerar as demais variáveis agudas do treinamento no tocante à sua eficiência e eficácia nos processos

adaptativos. Nesse ínterim, continuar depositando confiança

nos efeitos da manipulação de outras variáveis, que não somente a intensidade, soa bastante prudente por parte dos acadêmicos, professores/profissionais e entusiastas da atividade física regular e sistematizada. Destaca-se, dessas variáveis, a manipulação do volume de treinos das diferentes capacidades físicas, que tem sido questionada, porém apresenta solidez de resultados adaptativos morfofuncionais há várias décadas, especialmente no tocante a resistência e a força.

Reforça-se, portanto, a importância do entendimento do “peso” que cada variável aguda, ao ser manipulada, pode gerar nas adaptações ao treinamento físico e nas necessidades nutricionais agudas e crônicas, sem querer atribuir uma discussão maniqueísta ou, ainda, uma escala hierárquica de importância entre as mesmas, uma vez que a escolha dos modelos/protocolos de treino devem considerar aspectos como eficiência/eficácia, aderência ao processo de treinamento, preferências por parte do indivíduo que realiza, assim como seu respectivo histórico de treino, frequência semanal/mensal dedicada aos treinos e a organização/planejamento dos esforços em longo prazo.

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VP Centro de Nutrição Funcional: 20 anos na construção de novos caminhos para a alimentação, a nutrição e a sociobiodiversidade

No ano que a VP Centro de Nutrição Funcional completa 20 anos, a 15ª edição do Congresso Internacional de Nutrição Funcional teve como tema central a Longevidade. Vários momentos importantes e inesquecíveis deram o tom desta edição do Congresso, porém um dos mais emocionantes foi logo na abertura do evento quando o Sr. Júlio Amaro de Gusmão Paschoal, de 81 anos, pai da Dra. Valéria Paschoal, homenageou a filha no palco cantando a música do “receba as flores que lhe dou”, do cantor Milton César que arrancou aplausos das quase duas mil pessoas na plateia.

Credenciamento de Congressistas e Auditório da sala de Nutrição Clínica Funcional

Pura emoção com o Sr. Júlio Amaro, de 81 anos, no palco cantando e encantando a filha

Dra. Valéria Paschoal

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Logo em seguida, a palestra de Carlos Júlio, colunista da Rádio CBN do Instituto Locomotiva com o tema “Envelhecimento populacional: desafios e oportunidades diante

de um novo panorama da pirâmide populacional brasileira”.

O economista apresentou a pesquisa do Instituto Locomotiva sobre indicadores dos 50+ no Brasil.

Carlos Júlio do Instituto Locomotiva e Colunista da Rádio CBN

Longevidade é Longeratividade: vida longa em atividade

Uma das grandes questões que diz respeito à Longevidade é que essa geração que ganhou longevidade em vida quer e continua em atividade (profissional ou não), até para manter um padrão de vida confortável e a alegria de viver, praticar esportes, se dedicar a causas sociais, ou seja, para o colunista, o Brasil está envelhecendo, sim.

Carlos Júlio destacou: ”inegavelmente estamos envelhecendo, somos 54 milhões de brasileiros com mais de 50 anos, isso significa o equivalente a toda a população da Espanha, que tem aproximadamente 47 milhões de habitantes ou o equivalente a duas Austrálias. Percebemos que o país está envelhecendo e com uma série de características que diferenciam o homem e a mulher da terceira idade de hoje daqueles de ontem e os comportamentos que se alteram. Uma destas características de ontem é que os pais moravam com os filhos, hoje o que vemos são os filhos voltando a morar com os pais ou aqueles filhos que demoram mais a sair da casa dos pais, isso significa que os pais precisam continuar “pedalando”. Outra característica é o prolongamento da atividade produtiva, o que é bom por um lado, mas que demanda a necessidade de manutenção de renda”.

Estima-se que em 2045 chegaremos a 93 milhões de brasileiros longevos com 50 anos ou mais – cenário bem diferente de 1970, quando éramos 93 milhões de brasileiros na totalidade, que virou até hino da Seleção Brasileira de Futebol, na Copa do Mundo daquele ano.

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Cobertura do XV Congresso Internacional de Nutrição Funcional

O Lado Econômico da Equação

A Importância da Unidade Familiar no Envelhecimento

Lançamento Projeto Nutrição 4.0

Os 54 milhões de brasileiros com 50 anos ou mais movimentam em torno de 1,6 trilhões de reais ao ano, ou seja, o consumo desta faixa etária da população equivale ao consumo de duas Holandas, pontuando que a Holanda é um país desenvolvido. A renda média do brasileiro com 50 anos ou mais é 40% acima da renda média nacional, então podemos dizer que essas pessoas tem poder aquisitivo maior do que os jovens que chegam ou que estão no mercado de trabalho brasileiro na atualidade. Com 1,6 trilhões de reais em consumo, de acordo com Carlos Júlio, se considerarmos só as pessoas de 50 anos ou mais, num ranking mundial, seríamos a 16ª economia do mundo, ou seja, esses brasileiros na faixa acima dos 50 anos estariam no G20 do consumo mundial.

O tema do envelhecimento dos pais ganha importância enorme, porque eles estão envelhecendo e os filhos e a unidade familiar tornam-se cada vez mais importantes, ninguém quer ficar sozinho. “Evidentemente que quando você vai envelhecendo e filhos, netos e amigos começam a se distanciar, temos um efeito emocional negativo muito grande às pessoas da terceira idade. Portanto o comportamento familiar passará a ser um elemento importante para continuidade da socialização desses 50+. Estamos falando de nutrição, de amizade, de unidade e frequência familiar para com esse idoso, e tudo isso faz parte deste envelhecimento que denominamos saudável”, destacou o economista.

Em parceria com o Instituto Locomotiva, a VP Centro de Nutrição Funcional lançou durante o Congresso o Nutrição 4.0, uma iniciativa que irá proporcionar ferramentas digitais para a melhor

Tâmara Abdulhamid, Valéria Paschoal e Carlos Júlio

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performance da atuação do nutricionista em um mercado em transformação, com uma população envelhecendo e demandando a atuação maior do nutricionista e novos desafios

são frequentes. O Nutrição 4.0 está apenas começando. Foram feitos durante o congresso cadastros digitais via celular de mais de 1.500 nutricionistas que poderão integrar o Nutrição 4.0 como Embaixadores do Projeto.

A apresentação foi feita por Tâmara Abdulhamid e Fernanda Lisboa. Em breve mais informações do Nutrição 4.0 serão divulgadas pela VP.

Congressistas interagindo com a plataforma do Nutrição 4.0

A fé como ferramenta de cura: buscando a ciência como fundamentação

O tema foi abordado pelo Prof. Dr. Fabrício Assini. Diga a um doutor em farmacologia que alguém utilizou a fé como ferramenta de cura e no mesmo instante ele se perguntará: como?! Esta é a pergunta que norteou a palestra do Prof. Dr. Fabrício Assini, que fez uma rigorosa busca na literatura científica e procurou entender os mecanismos biológicos da fé.

O uso de terapias complementares para o tratamento de doenças faz parte da tradição das mais variadas regiões do mundo. Rezar, seja para si (43%) ou para os outros (24,4%), são as duas principais práticas complementares à medicina praticada por cidadãos americanos1.

Os efeitos terapêuticos do ato de rezar já foram relatados por diferentes autores. Um exemplo, Beiranvand e colaboradores compararam dois grupos de 80 mulheres com relação a sua percepção de dor após um parto cesariana. O grupo intervenção utilizou fones de ouvido para esciutar 20 minutos de uma prece enquanto o grupo controle utilizou apenas o fone sem som. Quando avaliadas em escalas de percepção dolorosa 3 e 6 horas depois, aquelas mulheres que ouviram a prece relataram menos dor2.

Buscando por mecanismos que expliquem os efeitos terapêuticos da fé, um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, utilizou da técnica de ressonância magnética funcional, para comparar a atividade de diferentes áreas cerebrais de católicos praticantes e ateus. Ao final do estudo os autores relataram que quando eram estimulados a pensar em Deus, católicos e ateus ativavam áreas diferentes do cérebro3.

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Cobertura do XV Congresso Internacional de Nutrição Funcional

Nutrição Funcional & o Caminho para Longevidade: ampliando a atuação do nutricionista para as próximas décadas

A Dra. Valéria Paschoal abordou em sua palestra, logo na manhã do primeiro dia do evento, o tema relacionado à Longevidade e a grande oportunidade para a atuação do nutricionista para o segmento da terceira idade, o qual já demanda neste momento outro olhar do profissional de saúde. A população está vivendo mais e com saúde, o que abre um leque de opções para o nutricionista, que deve ser preparar para este novo momento, com um olhar para o atendimento ao idoso que está ativo, trabalhando, sendo produtivos na sociedade.

Para ela, o nutricionista, neste novo contexto da longevidade, deve voltar o olhar para o grande mercado de atuação na atualidade e que será expandido com a maior longevidade, com pessoas chegando aos 70, 80 anos ou mais e felizes, com qualidade de vida e ativas. Isso pode aumentar demais o mercado de trabalho dos nutricionistas, que podem incentivar os longevos para atividades envolvendo viagens, passando as interatividades da nutrição, estimulando-os a voltar a cozinhar, com alimentos promotores de saúde e de bem-estar e retomar o contato com a terra e plantar. Eles podem motivar outras pessoas, nas suas mídias sociais, a ter uma vida muita mais interativa, saudável, participativa, formando grupos de convivência. Se o nutricionista não incorporar essas estratégias fundamentais na sua atuação profissional abrirá lacunas para que outros profissionais, não nutricionistas, atuem por eles. Esse novo olhar do profissional da nutrição deve ser no sentido de atuar como empreendedor, melhorar sua performance na gestão profissional e na vida e contribuir para que esses pacientes longevos tenham saúde e vivam felizes com mais longevidade”.

Valéria destacou, ainda, a importância da longevidade do solo. “Não basta ter vida longa, sem pensar na saúde do planeta. Que tipo de alimento queremos colocar para dentro do nosso organismo? Se queremos vida longa com energia vital, o solo também deve ser longevo e ter energia vital, com sua microbiota preservada, mantendo suas boas bactérias. Os agrotóxicos destroem a microbiota do solo e isso interfere na microbiota intestinal humana. Além disso, os estudos científicos mostram os efeitos nefastos dos agrotóxicos na saúde humana, como o aumento no risco de câncer, de doenças crônicas degenerativas (como Alzheimer e Parkinson) e redução da fertilidade. Os primeiros a sofrerem as consequências do uso indiscriminado de agrotóxicos são os trabalhadores rurais, que manipulam e aplicam essas substâncias. Outra consequência destas substâncias é a mortandade das abelhas, que deixam de polinizar as plantas, e isso pode levar a escassez de alimentos. Então é fundamental que a abordagem da longevidade faça a roda de 180º na sustentabilidade, com minimalismo no consumo, do preço ao apreço, da reflexão sobre o alimento que estamos consumindo, de conhecer a origem desse alimento (quem o produz, como o agricultor familiar, responsável por 70% dos alimentos que o brasileiro consome), conhecer e valorizar a agroecologia, a agricultura natural, o alimento orgânico com energia vital e muitos fitoquímicos, fundamentais para a longevidade. Além de nutrir as células, esses alimentos com energia vital, são alimentos do sentimento, nutrem nossa alma e nosso espírito”.

Outros temas relevantes abrilhantaram o Congresso de Nutrição Clínica Funcional, onde todas as palestras nortearam a Longevidade, com os professores e pesquisadores: Dra. Paula Gandin, Dra. Ana Cláudia Poleto, Dra. Neiva Souza, Dra. Fernanda Serpa, Dra. Michele Teixeira, Dra. Nathércia Percegoni, Dr. Daniel Barreto, Dra. Juliana Geraix, Dra. Cristiano Cravo, Dra. Bettina Moritz, Dra. Luana Manosso, Dr. Henrique Freire, Agrônomo Sérgio Kenji Homa, Geraldo Deffune, Dra. Thaís Garcia, Dra. Natália Marques, Dra. Sheila Mustafá, Dra. Camila Mercali, Dr. Fabrício Assini, Dra. Sharon Feder, Dra. Ana Vládia Bandeira, Dra. Gilbert Hübscher, Dra. Paloma Tusset, Dra. Adriano Cavalcanti, Dra. Sandra Mahecha Matsuda (Chile), Dra. Rosangela Passos, Dra. Ana Beatriz Baptistella, Dra. Elizabeth Ayoub, Dra. Denise Carreiro e Dr. Gabriel de Carvalho.

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Sala de Nutrição Esportiva Funcional

Ter longevidade com qualidade implica, ainda, em permanecer fisicamente saudável. A sala de Nutrição Esportiva Funcional mostrou os elementos que o nutricionista pode agregar de benefícios, não só ao atleta de alta performance, mas aos praticantes de atividade física. Foram enaltecidas experiências de praticantes atletas com 80, 90 anos, que chegaram nesta faixa etária com muita vitalidade positiva.

Foi mostrado como uma matriz alimentar é importante para que consigamos ter todo um efeito bioquímico, de aumento de massa magra e de diminuição de gordura, quando ingerimos a matriz alimentar e não só o suplemento. O suplemento tem nutrientes e compostos bioativos isolados, mas a matriz alimentar tem grande importância para a manutenção e hipertrofia muscular. Esse assunto foi debatido na palestra do Prof. Valden Capistrano, com o tema: “A matriz alimentar na qualidade proteica do alimento e sua influência na hipertrofia e recuperação muscular”.

A palestra do Prof. Dr. Fernando Catanho, especialista em bioquímica e fisiologia do exercício, mostrou como o exercício físico, especialmente o regular e sistematizado, pode auxiliar o indivíduo a ter uma vida mais saudável. Também abordou os aspectos qualitativos e quantitativos da longevidade, e ressaltou o que vem sendo feito por grande parte dos praticantes de atividade física, e que gera o questionamento: estamos no caminho certo? Qual é a dose para o elixir da juventude? Com esse questionamento foi feito uma abordagem crítica sobre as sugestões literárias no contexto do cotidiano fitness em busca de “mais dias de vida plena”!

O Dr. Braian Cordeiro, Educador Físico e Nutricionista, Coordenador do Curso de pós-graduação em Nutrição Esportiva Funcional pela UNICSUL em parceria com a VP Centro de Nutrição Funcional e um dos coordenadores da Sala de Nutrição Esportiva Funcional, abordou em sua palestra o processo de envelhecimento no sentido de prevenção e tratamento e suas possíveis relações com o exercício.

Houve também palestras voltadas somente ao treinamento, esporte e performance e outras envolvendo as alterações fisiológicas do exercício no envelhecimento, tanto no caráter preventivo como terapêutico. A performance esportiva em atletas, no planejamento e recomendação nutricional, suplementos e recuperação muscular também foi uma temática apresentada, além de temas sobre “Microbiota intestinal e função mitocondrial”.

Na sala também houve o enfoque no treinamento esportivo e suas relações na prevenção, tratamento

e melhora da qualidade de vida com o envelhecimento. Os palestrantes destacaram o papel do alimento na recuperação muscular, força e longevidade.

O último dia do Congresso contou com grandes pesquisadores nacionais na área da nutrição e exercício físico, entre eles os professores do grupo de pesquisa da USP que inclui o Dr. Bruno Gualano, além da presença internacional da Prof. Dra. Sandra Mahecha Matsudo, professora titular Universidade Mayor do Chile, falando sobre treinamento de força no idoso.

Dra. Sandra Matsudo, do Chile

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Outros temas como sono, dor, suplementos e exames laboratoriais também foram abordados pelos palestrantes.

Para a Nutricionista Dra. Ana Beatriz Baptistella, gerente do Depto Científico da VP, que coordenou juntamente com o Dr. Braian Cordeiro, a sala de Nutrição Esportiva Funcional, “as palestras mostraram como o exercício pode contribuir para o envelhecimento mais saudável e o que o nutricionista que atende na área de nutrição esportiva precisa considerar no atendimento ao idoso que treina ou que faz atividade física regular. O Congresso também trouxe outros temas atuais técnicos ou teóricos ligados à nutrição esportiva, como periodização, suplementos, ômega-3 e carboidratos. Trouxemos informações mais relevantes, sempre com foco em melhorar a performance dos pacientes, diminuir riscos de lesão muscular, melhorar o processo de recuperação muscular. Acreditamos que os nutricionistas saíram abastecidos de informações tanto voltadas ao paciente idoso ou visando o envelhecimento saudável, como sobre como a nutrição e o exercício podem contribuir para o envelhecimento com mais saúde. Na sala de Nutrição Esportiva não houve foco só em envelhecimento, foram apresentadas, também, informações e estratégias nutricionais para o nutricionista aplicar em atletas com idades menos avançadas e indivíduos que treinam. Quando abordamos condutas nutricionais que melhoram a saúde hoje, indiretamente elas podem melhorar o processo de envelhecimento”.

Participaram da sala de Nutrição Esportiva Funcional importantes professores e pesquisadores como o Dr. Braian Cordeiro, Dra. Ana Beatriz Baptistella, Dra. Nayara Massunaga, Dr. Ricardo Sodré, Dr. Guilherme Rosa, Dra. Vânia Matoso, Dra. Desiré Coelho, Dr. Márcio Souza, Dr. Fernando Catanho, Dra. Elisa Jackix, Dr. Gustavo Barbosa, Dr. Luiz Lannes, Dr. Bernardo Neme, Dr. Thierry Lemos, Dr. Wagner Reis, Dr. Valden Capristano, Dr. Lázaro Nunes, Dr. Rodrigo Loschi, Dr. Ricardo Goldfeder, Dr. Bruno Gualano, Dr. Hamilton Roschel, Dra. Fabiana Benatti, Dra. Adriana Cavalcanti e Dra. Sandra Mahecha Matsudo (Chile).

Sala de Gastronomia Funcional

A Nutricionista Dra. Natália Marques durante a palestra na sala de Gastronomia Funcional

Nesta edição a Gastronomia Funcional ganhou uma sala exclusiva, e foi recheada de aromas, sabores e chefes de raiz, que pesquisaram e criaram receitas inéditas e exclusivas para a arena gastronômica do Congresso, com a valorização do ingrediente regional, do pequeno produtor, alimentos dos biomas brasileiros, que traduzem o eixo da cozinha sustentável 360º. Para a Nutricionista Dra. Clara Miranda, docente dos Cursos de Pós-Graduação em Nutrição Clínica Funcional, na disciplina Gastronomia Funcional e do Curso de Fitoterapia Funcional, na disciplina Ervas e Plantas e Coordenadora da sala de Gastronomia Funcional, “os chefs desta edição especial são muito experientes e com expertises inovadoras. As oficinas focaram na base da alimentação saudável.

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Os chás, cafés e drinks funcionais foram preparados por baristas. Os fermentados também tiveram destaques na oficina de fermentação natural lenta. Também foram executadas a

culinária vegetariana e vegana com preparações surpreendentes e as PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais – tiveram lugar de destaque”.

Na foto de cima as nutricionistas Dra. Clara Miranda e a Dra. Natália Marques e na foto de baixo a Dra. Valéria Paschoal, na sala de Gastronomia Funcional

Os temas trabalhados na sala de Gastronomia Funcional foram:

Trigo – Glúten e Fermentação Natural• Massas de Trigo Orgânico Ancestral & Fermentação Lenta • Massas sem Glúten• Diferentes Tipos de Trigo – Aspectos Imunológicos e Impactos à Saúde

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Alimentos da Mata Atlântica e Caatinga• Alimentos da Biodiversidade Brasileira e suas novas aplicações• Alimentos da Mata Atlântica e Caatinga e efeitos no envelhecimento• Mel – Produção Orgânica e Importância para as abelhas • Uso gastronômico e medicinal do mel das abelhas melíponas no envelhecimento

Bebidas Nutritivas• Guaraná indígena do Pará e sua ampla experiência sensorial• De onde vem nosso café de todos os dias• Produção de Café Biodinâmico• Preparações, propriedades e manejo culinário

Alimentação Vegetariana• Alimentos brasileiros no processo de envelhecimento saudável • As alternativas alimentares da alimentação vegana e vegetariana

Vinhos Orgânicos e Biodinâmicos• Cadeia de Produção Orgânica e Experiências Práticas • Harmonização de petiscos veganos e vegetarianos com vinhos orgânicos • Fatores Olfativos e gustativos - como escolher um bom vinho• Alimentos brasileiros no processo de envelhecimento saudável • As alternativas alimentares da alimentação vegana e vegetariana

Extrativismo & Nutrição Funcional• Do Campo à Mesa - Cadeia do Extrativismo e Produção • Preparações Culinárias • Compostos Bioativos dos Alimentos do Cerrado

Cacau Orgânico• Produção do Cacau Cabruca• O Cacau além do chocolate • Como usar o chocolate de maneira saudável

A Chef Nádia Campeotto durante aula de massa sem glúten e à direita a Nutricionista Juliana Geraix durante aula na sala de Gastronomia Funcional

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Participaram da sala de Gastronomia Funcional os seguintes especialistas: Zootecnista Cláudio Oliver, Chef Nádia Campeotto, Nutricionista Dra. Juliana Geraix, Nutricionista Dra.

Veranúbia Mascarenhas, Nutricionista Dra. Valéria Paschoal, Ecólogo e Mestre Ambiental Jerônimo Villas Boas, Nutricionista Dra. Paloma Tusset, Nutricionista Dra. Natália Marques, Barista e jornalista Gisele Coutinho, Egon Bertolacini, Chef Leila D, Nutricionista Dra. Paula Gandin, Nutricionista e Chef Dra. Deborah Sá, Lara Silvestrin, Luiz Hoffman, Sommelier Flávio Arouxe Ghirotti, Secretário Executivo da Cooperativa Central do Cerrado - Luiz Roberto Carraza, Paulo Berin-CEO & Founder da Biospoon P&D, Luciano Ferreira da Silva - Técnico em Agropecuária Sustentável, Nutricionista Dra. Clara Miranda, Nutricionista Dra. Ana Vládia Bandeira.

Espaço da Sociobiodiversidade – Uma exposição viva das comunidades tradicionais e os riquíssimos alimentos dos biomas brasileiros

As oficinas são a tradução prática dos conceitos da sociobiodiversidade

O Espaço da Sociobiodiversidade no 5º andar mostrou as riquezas dos alimentos dos biomas brasileiros com inciativas da sustentabilidade e oficinas de PANC - Plantas Alimentícias Não Convencionais e de outros alimentos na nossa biodiversidade.

Exposição de produtos e alimentos da Sociobiodiversidade e Projeto Floresta em Pé do Mato Grosso

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Participaram das Oficinas da Sociobiodiversidade as seguintes Iniciativas:

Babaçú da Amazônia - ISACultivo de ervas medicinais e uso da Biodiversidade nos cosméticos Naturais - MUDAPANC na Culinária Vegana - PANCs Brasil Doces Vivos Germinados- Fundação Mokiti OkadaMel Espírito Santo - Tiago Substância: Natureza, o alimento e a seca - Timóteo - IABS Pastas e Patês - Fundação Mokiti Okada Babaçu na Amazônia - ISAInstituto Auá Instituto - Instituto Auá CSA Brasil CSA - CSALanches Saudáveis - KIDS - Fundação Mokiti OkadaOficina de PANC - Nuno Madeira - EmbrapaPANC e a variedade de sabores - PANC Brasil

FÓRUM: O Papel dos Nutricionistas e suas Interações com as Indústrias Farmacêuticas e de Alimentos para Obtenção de Melhores Resultados e Promoção

de Estratégias Sustentáveis

Dra. Valéria Paschoal – VP, ao centro Luís Tadeu Assad e Wagner Santos do CSA Brasil e a direita com empresários da indústria de alimentos, suplementos e compradores

Numa iniciativa da VP Centro de Nutrição Funcional e do IABS – Instituto Brasileiro Desenvolvimento Sustentável – a 15ª edição do Congresso inovou e convidou os empresários da indústria de alimentos e farmacêuticas e compradores de diversos segmentos, como o food service, refeições coletivas, hospitais, hotéis, além da imprensa, para discutir quais alimentos a sociedade precisa para hoje e para os próximos anos.

O objetivo foi de aproximar as indústrias de alimentos, farmacêuticas e agroindústria do nutricionista

para desenvolver produtos que vão ao encontro da necessidade desse profissional e da sociedade.

• Identificar como as empresas desse segmento podem promover a sustentabilidade por meio da

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produção e consumo de matéria-prima de forma responsável;

• Incentivar a inserção de alimentos da biodiversidade na cadeia produtiva, gerando benefícios para empresas e comunidades envolvidas;

• Promover uma produção de alimentos mais adequada para atender aos novos pressupostos do guia alimentar para a população brasileira e os conceitos difundidos pela nutrição funcional;

• Sensibilizar os gestores das indústrias sobre a importância de se obter conteúdo científico para embasamento de alimentos a serem lançados no mercado com recomendação de saudabilidade.

Na conferência “Qual indústria de alimentos e suplementos que a sociedade brasileira precisa?” a CEO da VP, Dra. Valéria Paschoal, traçou um panorama das várias possiblidades das indústrias de alimentos e suplementos desenvolverem seus produtos a partir da grande oferta de ingredientes brasileiros, oriundos da biodiversidade, que são ricos em fitoquímicos e compostos bioativos e, também, o importante papel das PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais neste processo. Falou, ainda, dos impactos que a utilização de ingredientes importados, e mesmo de longas distâncias dentro do Brasil causam ao meio ambiente e a sustentabilidade social e econômica.

O representante do IABS, Sr. Luís Tadeu Assad, explicou a importância das ações que promovam a sustentabilidade na cadeia produtiva e que as velhas práticas industriais que impactam no meio ambiente sejam substituídas por práticas que venham de encontro ao que a sociedade demanda, no campo da sustentabilidade ambiental.

Bate-papo sobre Alimentação Escolar OrgânicaTema: Conexões biodiversas para enriquecer o cardápio da alimentação escolar

Por que é importante oferecer biodiversidade no cardápio escolar?

A Nutricionista Dra. Natália Marques – Coordenadora dos Cursos de Pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional e Fitoterapia Funcional pela UNICSUL em parceria com a VP Centro de Nutrição Funcional – fez a fala durante o bate-papo sob a perspectiva da sociobiodiversidade.

Quais os desafios e oportunidades da produção biodiversa ao prato na alimentação escolar?

Ana Flávia Badue e um representante do CODAE – Coordenadoria de Alimentação Escolar – da Prefeitura de São Paulo debateram o tema, considerando a experiência da Lei dos Orgânicos na Alimentação escolar da cidade de São Paulo.

Experiências de intercâmbios de culinária biodiversa: São Paulo (Flávia Zanatta), Campinas (Lucianne Marques), Jundiaí (Guilherme Reis, Vitória do Xingu (Daniele Damasceno).

O encerramento foi em grande estilo com uma receita inédita, a Torta de farinha de babaçu com PANC, juntamente com a confraternização lúdica com Susana Prizendt, do MUDA-SP.

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Feira de Exposições de produtos e serviços para nutrição funcional

Paralelamente às palestras científicas, é tradição no Congresso a área de exposição, um espaço que conta com empresas parceiras da VP. Muitas dessas empresas cresceram junto com a VP e têm no Congresso um ponto alto para lançamentos de seus produtos e serviços, apresentando-os aos nutricionistas.

Praça de Expositores inova a cada edição

A cada edição do congresso verificamos a evolução e as transformações das empresas parceiras da VP. Os lançamentos vão de encontro ao que preconiza a Nutrição funcional e a sociobiodiversidade

Participaram como expositores da 15ª edição do Congresso as seguintes marcas:

Carrefour, Mãe Terra, Vitafor, Copra, Associação Brasileira dos Produtores de Abacate - Abacates do Brasil -, Sanavita, Mundo Verde, Korin, Desinchá, Acaí Amazonas, Athletica Nutrition, Essential, Galena, Hart’s Natural, Nutrify, Ottoboni, Pacco, Precision Labs, Puravida, Purifarma, Naiak, Vital Âtman, AdptoGen Science, IBNF, a Formula, Amo Abacate, Alimentaryun,Eu Amo o que faço, Athletica Nutrition, B.eat, FQM Farma, BioSys, Dietbox, BR Spices, Equaliv, Tempere e Flora Miura, Formulariun, Jaleco Chic, Keiff Keffir, Konjac, Liv Up, Natural Quality, +Mum, Max Titatium, Menina Viva, Moove Nutrition, Mundo Verde, Naturalle Ice UP, New Millen, Nut Me, Nature Real Nutrition, Testfy, Divertimente, Body Metrix, Farcoo,RTK Indústria, CraftBox, Suavetex, InfiitPharma, Orá, A Tal da Castanha, Integral.

Carrinhos de degustação para o Coffee Break

Além dos expositores que participaram com estandes, outras marcas estiveram fazendo degustação de seus produtos nos horários de coffee break, numa ação sensorial com os congressistas.

Estiveram nesta ação várias marcas:

Açaí da Fábrica, Café Jurerê, Chocolife, Danone, Essência do Vale, Flormel, Gobeche, Jaguacy, Galena, Kiro, Kombucha, Life Mix, Mãe Terra, Mais do Cacau, Monama, To Fit, Urbano, SOWL, KOW, Veggie.

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Apoios Institucionais

A 15ª edição do Congresso Internacional de Nutrição Funcional contou com o apoio institucional das seguintes instituições:

São Paulo Convention & Visitors Bureau, Universidade Anhembi Morumbi, CRN-Conselho Regional de Nutricionistas da 6ª Região. ABERC – Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas, GENALAC - Grupo de Estudos em Nutrição Enteral e Lactário, ABRASEL-SP Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Well be Gastronomia Funcional, Aregala Internacional, Cozinheiros sem Fronteiras, Slow Food Brasil, Central do Cerrado, Central da Caatinga, Instituto Auá, Vem do Xingu, CAE – Conselho de Alimentação Escolar do Município de São Paulo, Tupyguá. Rei dos Pampas Sapori dell’ Italia, Flor Cerejeira, CSA Brasil, Floresta em Pé, Intellikit, ImPlantação Paisagismo, APAN- Associação Paulista de Nutrição, ABRACHOR- Academia Brasileira dos Compradores para Hospitalidade e Restaurantes, Confraria Trocas Saudáveis, SINDINUTI-SP – Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo, MUDA-SP, GRSA/COMPASS, Bonafont

A XVI edição do Congresso Internacional de Nutrição Funcional está prevista para ocorrer em setembro de 2020, em São Paulo.

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Massa• 01 colher (sobremesa) cheia de semente de linhaça• 02 colheres (sopa) de farelo de aveia• 01 colher (sopa) de farinha de arroz• Sal marinho a gosto• Raspas de laranja a gosto

Molho • 01 xícara (chá) de suco natural de laranja• 01 colher (sobremesa) rasa de farinha de arroz• 01 colher (sopa) cheia de mel • 03 unidades de cravo-da-índia• 01 unidade de anis-estrelado• 01 pedaço pequeno de gengibre• Sal marinho a gosto

Recheio• 200 g de cogumelos frescos (shitake, shimeji e paris) picados• 02 xícaras (chá) cheias de folhas e talos de taioba picados• ½ cebola roxa pequena picada• 02 dentes de alho picados• 02 colheres (sopa) de azeite extravirgem • Pimenta-do-reino a gosto• Sal marinho a gosto• Salsinha picada a gosto

Panqueca de cogumelos com taioba

ao molho funcional de laranja

Ingredientes

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Propriedades nutricionais da receita

• A linhaça é considerada um potente alimento funcional e pode contribuir para diversos benefícios à saúde. Composta por proteínas, carboidratos, lipídeos como ácidos graxos insaturados, ômega 3 e ômega 6 e fibras solúveis e insolúveis, é um alimento rico em vitaminas, como vitamina E e as do complexo B. Apresenta ações antioxidante, anticancerígena e hiperglicêmica. Dessa forma, por seus diversos benefícios para a saúde pode proporcionar prevenção e controle do aparecimento de células tumorais, além de ter um papel importante contra outros tipos de doenças crônicas1.

• A aveia (Avena sativa L.) é um cereal integral que apresenta em sua composição alta concentração de fibras, incluindo celulose, arabinoxilanos e fibras viscosas solúveis, particularmente β-glucana. É composta por gorduras insaturadas e proteínas contendo aminoácidos essenciais, além de ser uma boa fonte de vitaminas e minerais. A aveia possui propriedades antioxidantes, devido à presença de tocoferóis, tocotrienóis, ligninas e compostos fenólicos, incluindo avenantraminas. Devido a sua alta concentração de fibras, atua no trato gastrintestinal humano, diminuindo a absorção de gorduras, aumentando o peristaltismo intestinal – regulando o tempo do trânsito intestinal – e, ainda, proporcionando efeito sacietogênico2,3.

• Os cogumelos comestíveis são abundantes em nutrientes e apresentam, em sua composição nutricional, fibras alimentares solúveis e compostos bioativos que agem na redução da inflamação, na melhora do perfil lipídico e na melhora de doenças cardíacas e da aterosclerose, uma doença inflamatória das artérias4.

• As folhas de taioba são consideradas como Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC). Seu consumo valoriza a nossa biodiversidade e pode contribuir para diversos efeitos positivos à saúde. Possuem elevado conteúdo proteico, de minerais (como cálcio e magnésio), de fibras insolúveis e compostos bioativos. A fibra dietética é um dos principais componentes da taioba e pode estar associada a um menor risco de doença cardiovascular. Além disso, seu consumo pode exercer ações

Modo de preparo

• Massa: Deixar a semente de linhaça hidratando em 01 xícara de água por algumas horas. Depois, bater bem a linhaça com a água, o farelo de aveia e a farinha de arroz. Adicionar sal e raspas de laranja a gosto. Dividir a massa em duas porções e preparar as panquecas em frigideira untada com azeite. Reservar.

• Recheio: Em uma panela, aquecer o azeite, dourar a cebola e, em seguida, o alho. Refogar bem a taioba e os talos (os talos devem ser descascados previamente). Adicionar sal a gosto. Adicionar os cogumelos e refogar até murcharem. Apurar o sal e a pimenta-do-reino. Depois de pronto, adicionar a salsinha picada. Rechear as panquecas.

• Molho: Dissolver a farinha de arroz em um pouco de suco de laranja. Reservar. Ferver rapidamente (fogo baixo, máximo 3 minutos) o restante do suco de laranja com o cravo, o anis-estrelado e o gengibre. Adicionar uma pitada de sal. Adicionar a farinha dissolvida no suco de laranja, mexer bem até alcançar a consistência de molho espesso. Desligar o fogo, adicionar o mel e deixar em repouso por mais 10 minutos (para extrair mais sabor das especiarias). Após esse tempo, coar em peneira fina e servir com as panquecas de cogumelos.

Rendimento

2 porções

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Panqueca de cogumelos com taioba ao molho funcional de laranja

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antioxidante, hipoglicemiante e hipocolesterolemiante5,6.A cebola roxa contém minerais como magnésio, potássio, fósforo e cálcio. Apresenta, ainda, vitamina C e excelente concentração de antocianinas e quercetina, flavonoides que exercem propriedades anticarcinogênica e antioxidante. A quercetina age contra a peroxidação lipídica e é capaz de prevenir a oxidação de LDL. A cebola roxa apresenta, também, propriedades antidiabética e anti-hipertensiva, causada pelo efeito inibitório na α-amilase e α-glucosidase7,8.

• Os temperos, como alho, salsinha e pimenta-do-reino, possuem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, ajudando, assim, na redução dos riscos de doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, doenças neurodegenerativas e cardiovasculares9,10.

A laranja possui, em sua composição, excelente quantidade de vitamina C e fitoquímicos, como os flavonoides. Apresenta importantes ações antioxidante e anti-inflamatória. Os limonoides presentes nessa fruta são capazes de induzir a atividade da enzima glutationa transferase e reduzir a toxicidade de substâncias mutagênicas11.

• O cravo-da-índia (S. cumini) possui uma potente atividade antioxidante, sendo α-pineno, canfeno, mirceno, β-pineno e limoneno os principais responsáveis por essa atividade. Esses compostos fenólicos são eficazes devido às propriedades de eliminação de radicais livres, juntamente com seus efeitos nas cascatas de sinalização celular e expressão gênica. O cravo pode, ainda, apresentar várias propriedades farmacológicas, incluindo ações antimicrobiana, anti-inflamatória, antitumoral, antioxidante e antidiabética12,13.

• O anis-estrelado (Illicium verum) é uma especiaria que contém óleos essenciais, lignanas, sesquiterpenos e flavonoides, compostos estes responsáveis pelas suas ações antimicrobiana, antioxidante, analgésica e sedativa14.

• O gengibre (Zingiber officinale) é uma especiaria consumida no mundo todo, rica em vários compostos fenólicos bioativos, incluindo gingeróis, paradol e shogaóis, que possuem propriedades antioxidante e anti-inflamatória, antifúngica, antimicobacteriana e anticancerígena. É eficaz e seguro para combater náuseas e vômitos nos contextos da gravidez e da quimioterapia. Tem um papel no tratamento de distúrbios respiratórios, reduzindo a inflamação alérgica das vias aéreas, possivelmente pela supressão da resposta imune15-18.

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São publicados artigos originais (inclusive estudo de caso), metanálise, artigos de revisão e receitas. Os artigos recebidos são avaliados pelo Conselho Editorial da revista. Os autores são responsáveis pelas informações contidas nos artigos. Os artigos publicados na Revista Brasileira de Nutrição Funcional poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios que surjam no futuro. Ao autorizar a publicação de seus artigos na revista, os autores concordam com estas condições.

Envio do artigo

Enviar o artigo para a VP Centro de Nutricional Funcional, através do email [email protected], em arquivo editado com MS Word e formatado em papel tamanho A4, margem (superior, inferior, esquerda e direita) de 2,0 cm, espaço entre linhas de 1,5, Times New Roman, fonte tamanho 12 para o texto e fonte tamanho 7 para as referências bibliográficas. O tamanho máximo total do artigo é de 15 páginas, incluindo resumos, tabelas, figuras, esquemas e referências bibliográficas.

Todos os autores citados no corpo do texto devem ser sucedidos por números que constam nas referências bibliográficas. Dessa forma, as referências devem ser relacionadas de acordo com a ordem de aparecimento no texto seguindo as normas da ABNT NBR6023/2002. Os números das referências inseridas no corpo do texto devem ser grafados em sobrescrito e sem espaço. Quando forem várias referências, separá-las por vírgulas sem espaço.

Indicar o nome, endereço, números de telefone e fax, além do email e minicurrículo do(s) autor(es), bem como o número ORCID (para novos registros acessar: https://orcid.org/ e clicar em “Register Now" para preenchimento de dados e geração do número. Os autores deverão encaminhar apenas artigo que não foi publicado anteriormente em nenhuma outra revista.

Apresentação do Artigo

Deve conter o título em português e inglês, o nome completo sem abreviações de cada autor, palavras-chave para indexação em português e inglês, resumo em português e inglês com no máximo 300 palavras, texto com tabelas e gráficos, e as referências.

O texto deverá conter: introdução, metodologia, resultados, discussão e conclusões. As imagens obtidas com “scanner” (figuras e gráficos) deverão ser enviadas em formato .jpg em resolução de 300 dpi.

A receita deve apresentar: ingredientes, modo de preparo e propriedades funcionais atribuídas à receita. Deve conter no máximo 6 referências bibliográficas.

Pacientes envolvidos em estudos e pesquisas devem ter assinado o Consentimento Informado e a pesquisa deve ter a aprovação do conselho de ética em pesquisa da instituição à qual os autores estão vinculados.

Guidelines for Publication of Scientific Articles

The Brazilian Journal of Functional Nutrition publishes previously unpublished articles which contribute to the study and development of the science of nutrition, in the areas of Functional Clinical Nutrition, Functional Sports Nutrition, Phytotherapy, and Nutrition & Life Cycles.

Original articles (including case studies), meta-analysis, reviews and recipes are published. The articles received are evaluated by the journal’s Editorial Board. Authors are responsible for the information contained in their articles. Articles published in the Brazilian Journal of Functional Nutrition may also be published in the electronic (Internet) version of the journal, as well as in other media that might emerge in the future. By authorizing publication of their articles in the journal, authors agree to these conditions.

Article submission

Articles must be sent to VP Centro Nutrição Funcional at the email address [email protected], in a MS Word file formatted in A4 paper, 2.0 cm margins (top, bottom, left and right), 1,5 line spacing, Times New Roman font, size 12 for text and size 7 for references. Maximum article length is 15 pages, including abstract, tables, figures, diagrams and references.

All authors mentioned in the text body must be followed by numbers also listed in the references. Thus, references must be listed in the order they appear in the text, in compliance with Vancouver norms. Reference numbers in the text body must be in superscript, without space. Several references in a row are to be separated with commas, without space.

The name, address, telephone and fax numbers, email address and résumé of the author(s) must be provided, as well as the ORCID number (for new register access: https://orcid.org/ and click "Register Now" for data entry and number generation. Authors may submit only articles not previously published in other journals.

Article Presentation

The article must include the title in English, the full (non-abbreviated) name of each author, keywords in English for indexation, abstract in English with a maximum of 300 words, text with tables and graphs, and references.

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