Revista Brasileira de Sementes - Mondo & Cicero, 2005

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    ANLISE DE IMAGENS DE SEMENTES DE MILHO

    Revista Brasileira de Sementes, vol. 27, n 1, p.09-18, 2005

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    ANLISE DE IMAGENS NA AVALIAO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE MILHOLOCALIZADAS EM DIFERENTES POSIES NA ESPIGA1

    1Submetido em 17/03/2004. Aceito para publicao em 20/09/2004.

    2Graduando em Eng. Agronmica, ESALQ/USP; bolsista da FAPESP

    VITOR HENRIQUE VAZ MONDO2

    , SILVIO MOURE CICERO3

    RESUMO A anlise de imagens, para avaliar a qualidade de sementes, um mtodo de precisoque possibilita examinar, com detalhes, a regio danificada ou alterada, sua localizao e extenso.Por ser um mtodo no destrutivo, as sementes em anlise podem ser submetidas a testes fisiolgicose, desta forma, possvel estabelecer as relaes de causa e efeito. Assim, a pesquisa teve oobjetivo de estudar os efeitos de diferentes posies da semente de milho na espiga, sobre aqualidade, utilizando-se a tcnica de anlise de imagens. Para tanto, as espigas do cultivar DKB212 foram debulhadas de maneira que pudessem ser isoladas as sementes das posies proximal,intermediria e distal. As sementes foram caracterizadas fisicamente e avaliadas quanto ao vigor esanidade. Paralelamente, as sementes foram radiografadas, fotografadas (faces ventral e dorsal) edestinadas ao teste de primeira contagem de germinao; as plntulas normais, anormais e sementesmortas foram, tambm, fotografadas. Todas as imagens obtidas foram disponibilizadas emcomputador para serem examinadas simultaneamente e, assim, fazer um diagnstico completo paracada semente. As sementes das posies proximal e intermediria apresentam qualidade semelhantee superiores s da posio distal; sementes esfricas com eixos embrionrios apresentando tores,

    porm no alterados, no tem sua qualidade diminuda, no entanto as alteraes nos eixosembrionrios identificados por manchas escuras e sem definio, presentes em maior quantidadena posio distal da espiga, so responsveis pela reduo da qualidade das sementes.

    Termos para indexao: Zea mays, raios X, germinao, vigor, imagem digital.

    USING IMAGE ANALYSIS TO EVALUATE THE QUALITY OF MAIZE SEEDS LOCATED INDIFFERENT POSITIONS ON THE EAR

    ABSTRACT The possibility of using the image analysis technique for assessing the quality ofseeds is very promising, it is a precision method that enables one to examine in detail the damagedor altered region, its location and extent. As it is a non-destructive method, the seeds beinganalyzed can be submitted to physiologic tests and thus, allow the relations of cause and effect to

    be established. Thus, the objective of this research was to study the effects of the positions ofmaize seeds on ears on quality, using the image analysis technique. For this purpose, ears of thecultivar DKB 212 were shelled so that the seeds from the proximal, intermediate and distal positionscould be isolated. The seeds coming from the referred positions were physically characterized and

    assessed with regard to vigor and sanitary condition. Simultaneously, the seeds were radiographed,photographed (ventral and dorsal faces) and destined for germination first count test; the normaland abnormal seedlings and dead seeds were also photographed. All the images obtained weremade available on the computer in such a way that they could be examined simultaneously andthus make a complete diagnosis for each seed. The determinations performed indicated that theseeds in the proximal and intermediate positions presented a similar quality and were superior to

    3Professor Titular, Departamento de Produo Vegetal, ESALQ/USP; Cx.Postal 9; 13418-900, Piracicaba, SP; bolsista do CNPq; e-mail:[email protected]

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    those of the distal position; spherical seeds with embryonic axes presenting torsions, but thatwere not altered, were not of a reduced quality, however, the alterations in the embryonic axes(dark, undefined stains), present in a larger quantity in the distal region of the ear, were responsiblefor the loss of seed quality.

    Index terms:Zea mays, X-ray, germination, vigor, digital images.

    INTRODUO

    altamente desejvel nas sementes de milho auniformidade de forma e tamanho, para facilitar tratamentosqumicos e a semeadura; porm, existe grande variao nauniformidade das sementes na prpria espiga, quanto formae tamanho. As sementes de milho, geralmente, so

    classificadas quanto a sua forma em esfricas ou achatadas.Scotti & Krzyzanowski (1977), Shieh & McDonald

    (1982) e Aguilera et al. (2000) verificaram maiores germinaoe vigor, para as sementes achatadas comparativamente ssementes esfricas. No entanto, Andrade et al. (1997)observaram que tanto o tamanho como a forma das sementesno interferem no desenvolvimento das plantas, inclusive naproduo de gros.

    Sementes esfricas e achatadas do hbrido B-15 foramcomparadas quanto germinao, depois de armazenagemsobre condies ambientais predominantes no Mxico, tendo

    sido encontradas diferenas considerveis entre elas, commelhores resultados para as achatadas (Moreno-Martinez etal., 1998).

    A distribuio dos fotossintetizados durante odesenvolvimento da espiga de milho ocorre de acordo com aformao das sementes; aquelas formadas na poro centralso as primeiras a receberem, seguidas pelas localizadas nabase e, por ltimo, as do pice (Shieh & McDonald, 1982).Essa distribuio de fotossintetizados determinada pelaseqncia em que os vulos so fertilizados (Aldrich et al.,1975). Alm disso, o fato da espiga se manter a maior partedo perodo de maturao na posio vertical, torna mais fcila penetrao de patgenos atravs da abertura no pice daespiga. Esses fatos explicam porqu as sementes do pice daespiga podem ser inferiores em germinao, pois elas seriamas ltimas a receberem os fotossintetizados da planta e somais propensas a sofrer a ao de microorganismospatognicos.

    As sementes da base da espiga e do pice soformadas sob condies diferentes e, assim, a qualidadefisiolgica entre elas poder ser diferente.

    A posio onde a semente de milho formada tem

    influncia significativa no seu peso, independentemente dogentipo; na regio da base formam-se as sementes maispesadas, seguidas da poro central e da poro apical(Batistella Filho et al., 2002).

    Diferentes graus de infeco por fungo so encontradosquando se comparam as sementes da base e as do pice,podendo ser tambm uma das razes pelas quais as sementes

    da base serem superiores as do pice, em relao ao potencialde germinao (Batistella Filho et al., 2002).

    Diante do exposto, seria importante estudar, de maneiramais detalhada, as possveis relaes de causa e efeito entreas sementes achatadas e esfricas, bem como entre assementes situadas nas regies proximal e distal da espiga. Atcnica de anlise de imagens pode ser utilizada para elucidartais fatos.

    A anlise de imagens consiste na obteno de informaesa respeito de objetos registrados em uma imagem digital, combase em algumas caractersticas como cor, textura, etc. Essatcnica, por se tratar de um mtodo no destrutivo, permiteque as sementes submetidas anlise sejam colocadas paragerminar, permitindo o estabelecimento de relaes entre osdanos mecnicos ou alteraes observadas internamente nassementes e os prejuzos causados para a germinao (Cceroet al., 1998).

    A utilizao do teste de raios-X, padronizado pelaAssociao Internacional de Anlise de Sementes (ISTA,1996), possibilita a visualizao da posio, forma edeformaes que ocorrem com o eixo embrionrio das

    sementes. Essa tcnica tem sido ultimamente utilizada paracaracterizar e detectar danos internos em sementes (Cceroet al., 1998; Carvalho et al., 1999; Obando Flor, 2000).

    O desenvolvimento da tcnica de raios-X em sementestambm tem permitido a previso de plntulas anormais pelaanlise de imagens de embries imaturos ou com aberraes,como, por exemplo, em estudos realizados por Bino et al.(1993), nos quais foi possvel separar sementes de

    Arabidopsis thaliana de fentipo selvagem das sementes defentipo mutante. Nas radiografias das sementes mutantesos autores identificaram variabilidade na expresso fenotipica

    quando as compararam com as radiografias das sementes

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    selvagens.Girardin et al. (1993) e Carvalho et al. (1999), trabalhando

    com sementes de milho com danos de estresse em pr-colheita,reforaram a afirmao de que a anlise de imagens o melhormtodo no destrutivo para avaliar as caractersticasmorfolgicas internas da semente.

    Aspectos morfolgicos das sementes, possivelmenteassociado viabilidade, podem ser avaliados pelo teste deraios-X (Copeland & McDonald, 1985). Assim, vriospesquisadores tm procurado relacionar a anatomia dassementes com a germinao ou morfologia das plntulas, cujacorrespondncia tem variado de acordo com a espcie (Simak,1991). Dentre as espcies em que se verificou talcorrespondncia destacam-se as sementes de tomate (Van

    der Burg et al., 1994), milho (Ccero et al., 1998; Carvalho etal., 1999; Obando Flor, 2000), Peltophorum dubium canafstula (Oliveira, 2000), Cupressus sempervirens cipresteitaliano (Battisti et al., 2000) e de aroeira-branca (Machado,2002).

    Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foiestudar os efeitos das diferentes posies da semente de milhona espiga, sobre a qualidade, utilizando-se a tcnica de anlisede imagens.

    MATERIAL E MTODOS

    A pesquisa foi realizada nos Laboratrios de Anlise deImagens e de Anlise de Sementes, ambos pertencentes aoDepartamento de Produo Vegetal da Escola Superior deAgricultura Luiz de Queiroz, Universidade de So Paulo,em Piracicaba, SP.

    As espigas de milho, cultivar DKB 212, forammanualmente debulhadas, primeiramente as sementes daposio distal das espigas, retirando-se as trs primeiras fileiras.Em seguida, as sementes da posio proximal foram

    debulhadas de maneira similar, retirando-se as trs primeirasfileiras. Por fim, as sementes restantes foram debulhadas paraconstituir a amostra da posio intermediria das espigas(Figura 1).

    As sementes de cada regio foram misturadas,homogeneizadas e, aps reduo da quantidade inicial,constituram as amostras representativas das posiesproximal, distal e intermediria, destinadas s anlisessubseqentes.

    Posteriormente, as sementes seguiram para umacaracterizao fsica quanto forma, tamanho e peso. Assim,

    as sementes das posies proximal e distal, predominantementede forma esfrica, foram caracterizadas quanto ao tamanhoem peneiras de crivos oblongos, enquanto as sementes daposio intermediria, predominantemente de forma achatada,em peneiras de crivos circulares. Para tanto, duas subamostrasde 100g de sementes puras foram passadas atravs de peneirasmanuais, dispostas em ordem decrescente em relao aotamanho dos crivos, e agitadas por um minuto. As sementesretidas foram separadas e pesadas e, em seguida, calculadoseu percentual. Para a caracterizao de peso, foi determinadoo peso de mil sementes, seguindo as recomendaes dasRegras para Anlise de Sementes (Brasil, 1992).

    Em seguida, foram realizados os testes de raios-X, daseguinte forma: seis repeties de 30 sementes de cada

    tratamento (sementes localizadas nas posies proximal,intermediria e distal da espiga) foram colocadas sobre umaplaca de acrlico, especialmente desenvolvida para a conduoda anlise; as sementes foram numeradas de acordo com aposio ocupada no recipiente, de maneira que pudessem seridentificadas nas determinaes posteriores. A placa de acrlicocontendo as sementes foi colocada diretamente sobre um filmede raios-X (Kodak MIN-R 2000, tamanho de 18x24 cm), auma distncia de 35 cm da fonte de raios-X. As imagensforam obtidas com intensidade de 15 kV e 5 minutos deexposio, utilizando-se equipamento FAXITRON X-Ray,

    modelo MX-20. A revelao foi efetuada numa processadoraHope X-Ray, modelo 319 Micromax. Posteriormente, asimagens dos filmes de raios-X foram capturadas por umScanner Umax, modelo Powerlook 1100, para ampliao evisualizao em computador Pentium III.

    Paralelamente, foram obtidas imagens fotogrficasexternas das faces ventral e dorsal das sementes, bem comodas plntulas ou das sementes mortas oriundas de cada sementeaps a conduo do teste de primeira contagem de germinao,por meio de uma cmera fotogrfica digital Nikon, modeloD1, acoplada ao computador.

    O teste de primeira contagem de germinao foiconduzido com as sementes de cada tratamento, previamenteidentificadas (numeradas), distribudas em grupos de 10,sendo duas fileiras de cinco sementes espaadas, sobre duasfolhas de papel-toalha (no tero superior do substrato),cobertas com mais uma folha de papel-toalha e enroladas; asfolhas de papel foram umedecidas com quantidade de guaequivalente a 2,5 vezes a massa das mesmas. Os rolos foramcolocados em germinador e mantidos 25C. Decorridosquatro dias aps a instalao do teste, as plntulas normais,anormais e as sementes mortas foram fotografadas com a

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    cmera digital acoplada ao computador.As sementes foram examinadas externa e internamente

    para verificar a ocorrncia de danos mecnicos, utilizando-sea tcnica de anlise de imagens, de maneira similar adotadapor Cicero et al. (1998) e Cicero & Banzatto Junior (2003).Para tanto, os danos mecnicos observados nas imagensexternas e internas das sementes receberam notas, de acordocom os critrios contidos na Tabela 1. Por outro lado, amorfologia dos embries foi avaliada quanto s possveis

    alteraes e tores observadas nas imagens de raios-X,segundo critrios contidos na Tabela 2.As imagens e suas respectivas notas foram

    disponibilizadas no computador juntamente com a imagemda plntula ou da semente morta relativa quela semente. Desta

    maneira, todas as imagens (1: face ventral da semente; 2:face dorsal da semente; 3: morfologia interna da semente raios-X; 4: plntula ou semente morta) puderam serexaminadas simultaneamente na tela do monitor, permitindofazer um diagnstico para cada semente. As notas atribudass imagens externas das sementes (faces ventral e dorsal)foram baseadas nos danos observados no pericarpo, emboratenham sido considerados, para fins de interpretao, comoocorridos nas regies do embrio e do endosperma.

    Consideraram-se como alteraes no eixo embrionrio,situaes onde a regio do embrio estava indefinida ouescurecida, impossibilitando a visualizao de alguma ou detodas as partes do eixo embrionrio. Quanto s tores,consideraram-se os eixos embrionrios que se apresentavamno retilneos ou deformados. Todas as comparaes forambaseadas em uma imagem de raios-X padro, com o eixoembrionrio intacto.

    Aps o teste de germinao, as sementes mortas eplntulas anormais foram submetidas anlise de sanidade;assim, foram colocadas individualmente em placas de petri,

    contendo duas folhas de papel de filtro umedecido com guadestilada, fazendo-se a incubao por sete dias, a 20 2C,em regime intermitente de 12h luz por 12h escuro. A avaliaofoi feita sob microscpio estereoscpico, observando-se asestruturas dos patgenos, sendo, muitas vezes, necessriotambm o microscpio composto para identificao maissegura dos patgenos associados.

    Paralelamente realizao da anlise de imagens foramconduzidos testes de vigor, descritos a seguir, com a finalidadede avaliar as possveis diferenas de qualidade fisiolgica entreos tratamentos.

    Teste de frio:foi realizado em rolo de papel com terra,

    Dano Embrio Endosperma

    No observado 1 1No severo 2 2

    Severo 3 3

    Alterao e tores Eixo embrionrio

    No observada 1Pequena 2

    Grande 3

    TABELA 1. Critrios utilizados para caracterizar as notas (x,y)para os danos mecnicos observados no embrio eno endosperma das sementes de milho atravs dasimagens de raios-X e das faces ventral e dorsal dassementes. Piracicaba, 2004.

    TABELA 2. Critrios utilizados para caracterizar as notas paraas alteraes e tores observadas no eixoembrionrio das sementes de milho por meio dasimagens de raios-X. Piracicaba, 2004.

    REGIO INTERMEDIRIAREGIODISTAL

    REGIOPROXIMAL

    TRATAMENTO 2 TRATAMENTO 3TRATAMENTO 1

    3 ltimas fileiras3 primeiras fileiras

    REGIO INTERMEDIRIAREGIODISTAL

    REGIOPROXIMAL

    TRATAMENTO 2 TRATAMENTO 3TRATAMENTO 1

    3 ltimas fileiras3 primeiras fileiras

    FIGURA 1. Localizao dos tratamentos na espiga de milho.

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    conforme descrio de Ccero & Vieira (1994). Seis repetiesde 50 de cada tratamento foram distribudas sobre duas folhasde papel-toalha, cobertas com uma fina camada de terraproveniente de rea recentemente cultivada com milho e commais uma folha de papel-toalha; as folhas de papel forampreviamente umedecidas com quantidade de gua equivalentea 3,0 vezes o peso das mesmas. Em seguida, foram formadosos rolos, colocados em caixas plsticas, vedadas e mantidosem cmara fria (10C) por perodo de sete dias. Aps esseperodo, os rolos foram retirados das caixas e transferidospara germinador a 25C, onde permaneceram por mais quatrodias, quando as plntulas normais, anormais e as sementesmortas foram avaliadas.

    Teste de condutividade eltrica:foram utilizadas seis

    repeties de 50 sementes, previamente pesadas e, em seguida,colocadas para embeber em um recipiente contendo 75 mLde gua deionizada e mantidas em um germinador 25C, por24 horas. Aps esse perodo, foi determinada a condutividadeeltrica das solues em aparelho Digimed CD-20 e osresultados foram expressos em mS.cm-1.g-1.

    Teste de envelhecimento acelerado: foram utilizadasseis repeties de 50 sementes e colocadas sobre tela dealumnio, distribudas em uma nica camada, em caixasplsticas contendo no fundo 40 mL de gua destilada. As caixasplsticas foram tampadas e mantidas em uma incubadora

    regulada a 42C durante 96 horas. Aps esse perodo deenvelhecimento, as sementes foram submetidas ao teste degerminao, conforme as Regras para Anlise de Sementes(Brasil, 1992), com uma nica avaliao aos quatro dias,computando-se a porcentagem mdia de plntulas normais.

    Foi utilizado no experimento um delineamento inteiramentecasualizado com trs tratamentos e seis repeties de 30sementes para a anlise de imagens e seis repeties de 50sementes para os testes de vigor. Utilizaram-se o teste F paraa anlise de varincia e o teste de Tukey em nvel deprobabilidade de 5%, para a comparao das mdias.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    A partir da caracterizao fsica das sementes por meiodo teste de reteno em peneiras, verificou-se que as sementesda regio distal apresentaram mais do que 76% de retenoem peneiras menores que 5,16mm x 19,05mm (13/64" x ),enquanto que nas sementes da posio proximal, a retenofoi de 81,2% em peneiras maiores do que 4,76mm x 19,05mm(12/64" x ), confirmando a diferena de tamanho das

    sementes esfricas das posies proximal e distal da espiga.

    As sementes da regio intermediria apresentaram-se com83,7 % de reteno nas peneiras 7,14mm (18"), 7,54mm (19")e 7,94mm (20"), caracterizando grande uniformidade entreas sementes achatadas.

    Quanto ao peso de 1000 sementes (Tabela 3), verificou-se que na posio proximal so formadas as sementes maispesadas, seguidas da posio intermediria e da posio distal,confirmando os resultados obtidos por Battistela Filho et al.(2002).

    Por outro lado, analisando-se a Tabela 4, verifica-se queas sementes esfricas da posio proximal e as sementesachatadas da regio intermediria, em geral, apresentaramvigor semelhante e superiores s sementes esfricas da posiodistal, resultados igualmente encontrados por Battistela Filho

    et al. (2002). Tais resultados se contrapem aos obtidos porScotti & Krzyzanowski (1977) e Shieh & McDonald (1982)ao constatarem que sementes achatadas so mais vigorosasdo que as esfricas.

    O exame da Tabela 5, onde esto apresentados os dadosrelativos s sementes que apresentaram danos mecnicosseveros e no severos e resultaram em plntulas anormais ouem sementes mortas, permite verificar que apenas houvediferena de comportamento entre os tratamentos para osdanos mecnicos observados na face ventral, na regio doendosperma, com valores maiores para as sementes da posio

    distal em relao posio intermediria. Assim, considerou-se que os danos mecnicos no foram responsveis peladiferena de qualidade entre as sementes dos tratamentos.

    O exame simultneo de todas as imagens, externas (facesventral e dorsal das sementes) e internas (raios-X dassementes), bem como das respectivas plntulas ou sementes

    Posio Peso de mil Sementes (g)

    Proximal 267,1Intermediria 222,5Distal 155,2

    Posio PCG (%) TF (%) EA (%) CE (s.cm-1

    .g-1

    )Proximal 80 a 87 b 87 b 14,6 aIntermediria 84 a 97 a 96 a 13,8 a

    Distal 57 b 62 c 51 c 40,5 b

    TABELA 3. Peso de mil sementes das posies proximal,intermediria e distal. Piracicaba, 2004.

    TABELA 4. Valores mdios dos testes de primeira contagem degerminao (PCG), de frio (TF), de envelhecimentoacelerado (EA), e de condutividade eltrica (CE) emfuno da posio das sementes na espiga.Piracicaba, 2004.

    Mdias seguidas da mesma letra na coluna, no diferem entre si, pelo teste

    de Tukey, a 5% de probabilidade.

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    Na Tabela 7, observa-se que as sementes esfricas dasposies distal e proximal apresentaram valores semelhantesquanto existncia de tores no eixo embrionrio, comincidncia maior do que as sementes achatadas, comprovandoque a forma a causa dessas tores no eixo embrionrio dassementes. Porm, essas sementes que apresentaram apenastores no eixo embrionrio resultaram, na maioria das vezes,em plntulas normais, como se pode observar nas imagensdas sementes 20 (Figura 3) da posio proximal, onde o eixoembrionrio est torcido (a plmula para uma direo e aradcula para outra) (Figura 3C). A semente 21 (Figura 4) daposio distal, da mesma forma, apresenta o eixo embrionrio

    torcido e tambm resultou numa plntula normal; as

    comparaes entre os eixos embrionrios que apresentavamtores ou alteraes (Figuras 3C, 4C, 5C e 6C) podem ser

    Imagens Externas Imagens InternasFace Ventral Face Dorsal Raios-XPosio

    Embrio Endosperma Endosperma Embrio EndospermaProximal 1,3 a 7,0 ab 2,8 a 0,5 a 1,4 aIntermediria 0,5 a 2,5 b 2,1 a 0,1 a 0,1 aDistal 4,4 a 19,1 a 8,0 a 0,8 a 0,4 a

    Posio Proximal Posio Intermediria Posio DistalNotas

    N A M N A M N A M

    1 42,8 2,7 0,5 71,7 7,7 1,7 27,3 8,3 5,02 27,2 6,1 1,5 12,3 2,2 1,1 27,7 9,5 7,13 10,0 2,2 7,0 0,0 1,1 2,2 1,7 1,7 11,6

    Tota l 80,0 11,0 9,0 84,0 11,0 5,0 56,7 19,5 23,7

    TABELA 5. Valores mdios (%) referentes s sementes que apresentaram danos mecnicos severos e no severos e que resultaram

    em plntulas anormais ou em sementes mortas. Piracicaba, 2004.

    * Mdias seguidas da mesma letra na coluna, no diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

    TABELA 6. Valores mdios (%) de plntulas normais (N) e anormais (A) e de sementes mortas (M) observadas no teste de primeira

    contagem de germinao e as notas das imagens de raios-X, para alteraes ou tores no eixo embrionrio. Piracicaba,2004.

    Eixo EmbrionrioPosio

    Toro AlteraoProximal 8,5 a 7,6 bIntermediria 1,5 b 4,1 bDistal 12,4 a 19,1 a

    TABELA 7. Valores mdios (%) referentes s sementes queapresentaram tores ou alteraes no eixoembrionrio e que resultaram em plntulasanormais ou em sementes mortas. Piracicaba,2004.

    Mdias seguidas da mesma letra na coluna, no diferem entre si, pelo teste

    de Tukey, a 5% de probabilidade.

    mortas observadas no teste de primeira contagem degerminao, permitiu proceder um diagnstico para cada casoestudado. A tcnica de anlise de imagens, por se tratar de

    um mtodo no destrutivo, permite que as sementessubmetidas anlise sejam colocadas para germinar,permitindo o estabelecimento de relaes entre os danosmecnicos ou alteraes observadas internamente nassementes e os prejuzos causados na germinao (Ccero etal., 1998).

    Na Tabela 6 esto apresentados os valores mdios deplntulas normais e anormais e de sementes mortas observadasno teste de primeira contagem de germinao e as notas

    atribudas s imagens de raios-X para incidncia de alteraesou tores no eixo embrionrio das sementes nos tratamentos.Como se pode observar as sementes da posio distal seguida

    da proximal, apresentaram as maiores percentagens deplntulas anormais e de sementes mortas provenientes desementes com alteraes ou tores severas no eixoembrionrio.

    Por outro lado, na Figura 2 pode-se observar as imagensde uma semente da posio intermediria (semente 15), comeixo embrionrio retilneo (sem toro) e no alterado (bemdefinido e sem manchas escuras) (Figura 2C), resultandonuma plntula normal (Figura 2D).

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    (B)(B)

    (D)

    (A) (C)(C)

    (A)(A) (B)(B) (C)(C)

    FIGURA 2. Regio intermediria - Semente 15 - (A): vista ventral - nota: 1/1; (B): vista dorsal - nota: 1; (C): raios-X - nota: 1/1 (danomecnico) e nota: 1 (morfologia do embrio); (D): plntula normal.

    FIGURA 3. Regio Proximal - Semente 20 - (A): vista ventral nota: 1/1; (B): vista dorsal nota: 1; (C): raios-X nota: 1/1 (danomecnico) e nota: 2 (eixo embrionrio torcido).

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    (A)(A) (B)(B) (C)(C)

    (A)(A) (B)(B)

    (C)(C)

    Semente 05 T3A

    (D)

    Semente 05 T3A

    (D)

    (E)

    FIGURA 4. Regio distal Semente 21 - (A): vista ventral nota: 1/1; (B): vista dorsal nota: 1; (C): raios-X nota:1/1 (danomecnico) e nota:3 (eixo embrionrio torcido).

    FIGURA 5. Regio proximal Semente 06 - (A): vista ventral nota: 1/1; (B): vista dorsal nota: 1; (C): raios-X nota: 1/1 (danomecnico) e nota: 3 (eixo embrionrio alterado); (D): raios-X padro (semente 5 da regio proximal); (E) plntula

    anormal.

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    (A)(A) (B)(B) (C)

    Semente 10 T1D

    (D)

    Semente 10 T1DSemente 10 T1D

    (D)(E)(E)

    feitas com os eixos embrionrios das sementes 05 e 10,provenientes, respectivamente, das posies proximal e distal

    da espiga (Figuras 5D e 6D). Assim, a forma das sementesou a toro proporcionada por ela no a causa da perda dequalidade dessas sementes. As imagens das plntulas normaisdessas sementes no foram registradas, pois optou-se emfotografar apenas uma por tratamento para caracterizaodestas.

    As sementes das posies intermediria e proximaldiferiram das sementes da posio distal quanto presenade alteraes no eixo embrionrio (Tabela 7). As alteraes(manchas escuras na regio do embrio ou eixo embrionriono definido) podem ser observadas nas imagens das sementes6 (Figura 5C) da posio proximal e 23 (Figura 6C) da posio

    distal; sementes com alteraes semelhantes s das sementes6 e 23 resultaram sempre em plntulas anormais (Figura 5E)

    ou sementes mortas (Figura 6E). Por meio da anlise sanitriadas plntulas anormais e das sementes mortas, observou-se aassociao com os fungos Fusarium moliniforme ePenicilliumsp., como se pode observar o desenvolvimentode miclio na semente 23 (Figura 6E). Portanto, pode-seafirmar que essas alteraes so a causa da reduo dequalidade das sementes e que a localizao (posio distal)dessas sementes na espiga influencia diretamente na suaqualidade.

    A explicao para tal comportamento pode ser atribudaao fato das sementes da posio distal da espiga estarem maissujeitas a condies adversas de clima e, tambm, a maior

    FIGURA 6. Regio distal Semente 23 - (A): vista ventral nota: 1/1; (B): vista dorsal nota: 1; (C): raios-X nota: 1/1 (danomecnico) e nota: 3 (eixo embrionrio alterado); (D): raios-X padro (semente 10 da regio distal); (E) semente morta.

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    incidncia de pragas e doenas. Assim, essas alteraes podemser devidas associao com fungos, que foram constatadosna anlise sanitria realizada com as plntulas anormais esementes mortas, baseando-se, tambm, em diferentes grausde infeco por fungos encontrados quando se comparam assementes das posies proximal e distal da espiga (BatistellaFilho et al., 2002).

    CONCLUSES

    As sementes das posies intermediria e proximal daespiga apresentam-se com qualidade semelhante e superioress da posio distal.

    As sementes esfricas com eixos embrionrioapresentando tores, porm no alterados, no tem a suaqualidade diminuda.

    As alteraes nos eixos embrionrios, identificadas pormanchas escuras e sem definio, presentes em maiorquantidade na posio distal da espiga, so responsveis pelareduo da qualidade das sementes.

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