Revista Cibernética

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vista T e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a Volume 1 | Edição 3 Edição 15 Junho Ser revolucionário é um ato de muita coragem e determinação. Entrevista exclusiva com Mbanza Hamza

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Revista Cibernética - Juntos Teclando Para a Mudança

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CibernéticarevistaT e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a

Volume 1 | Edição 3

Edição 15 Junho

Ser revolucionário é um ato de muita coragem e determinação.Entrevista exclusiva com Mbanza Hamza

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CibernéticarevistaT e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a15.JUN.2012

Regulares

04 - CARTA DO EDITOR JES, um exemplo da insuficiência do suficiente Por Pedrowski Teca

07 - COLUNA: <<CRÓNICA DO FAZ DE CONTAS>> Por Ermelinda Freitas

Análises

12 - Viva Angola Livre Por Fernando Tomas

13 - Ango-Democracia: O ethos político angolano e a falta de liderança sólida no país Por João Lernardo De Sousa

Análises

17 - ANÁLISE: O Hip Hop Revolucionário Angolano depois do 7 de Março de 2011 Por Pequeno Soba & Ivan Abramovich

Entrevista

08 - ENTREVISTA COM MBANZA HAMZA: Ser revolucionário é um ato de muita coragem e determinação Por Pedrowski Teca

TÓPICOS

3Revista Cibernética

Isabel Jussara NetoJoão Lernardo De Sousa

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A Revista Cibernética é uma publicação electrónica Angolana que surgiu como um contributo na diversificação de plataformas cibernéticas de informação, de-bates, educação e entretenimento no seio da comunidade Angolana e da comunidade de expressão da língua portuguesa com interesses em assuntos concernentes à Angola.

* * *

Director & Editor:

Pedrowski Teca

Colaboradores:

Maurílio LuieleErmelinda Freitas

Isabel Jussara NetoJosé Patrocínio

Paginação & Design:

Pedrowski Teca

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Vaga

Grande Repórter:

Vaga

© Copyrights 2012 - Pedro Teca

* * *As opiniões expressas pelos

colaboradores e colunistas da Revista Cibernética não engajam

a revista.

iz o velho ditado que o vencedor é aquele que sabe quando e onde terminar, e este sábio ensinamento

tem determinado o legado de muitos que aprenderam dele ao longo dos tempos, com legendárias referencias como o antigo Presidente sul-africano, Nelson Mandela, à finais infelizes de homens como o Mohammar Kaddafi, que inicialmente foi uma personagem exemplar na defesa do pan-africanismo.A mais de uma década atrás numa re-

união do Comité Central do MPLA, o nosso Presidente da Repuública, Sua Excelência o Engenheiro José Eduardo dos Santos, pronunciou uma das suas únicas palavras inesquecíveis dos seus longos 32 de anos no poder.A Sua Excelência disse: “quer elas (as

eleições) se realizem em 2002 ou 2003, teremos um ano e meio para que o Partido possa preparar o seu candidato para a bat-alha eleitoral e é claro que esse candidato desta vez não se chamará José Eduardo dos Santos”.Diz a história e as suas testemunhas, que

estas palavras custaram as ambições políticas de homens que ingenuamente cometeram a falha de desinterpretar as pronunciações do seu líder e pressuçosa-

mente desvendaram as suas ambições.Metendo a parte os porques do conflicto

pós-independência angolano, a liderança de José Eduardo dos Santos na preser-vação e manutenção do MPLA desde 1979, reconhecendo os seus métodos de guerra e os conflictos ideológicos, merece a devida vénia, e porque não mencionar que a maior parte da sua longividade no poder deu-se através dos 27 anos de guerra civil, que impossibilitou a democratização de Angola à tempo útil.José Eduardo dos Santos não só perdeu

a oportunidade de realmente se consagrar como o “arquiteto da paz” para o povo an-golano em geral após a morte do líder da oposição armada, Jonas Malheiro Savimbi em 2002, mas também aumentou o risco de terminar de forma indesejável a sua car-reira política aos 13 de Junho de 2012, pela sua nomeação como o cabeça de lista dos deputados do MPLA à concorrrerem nas Eleições Gerais de 31 de Agosto de 2012.Há quem diz que o poder lhe subiu à cabeça

e que teme uma possível prosecução onde o álvo principal será a perca dos seus per-tences e as dos seus aliados adquiridos ao longo dos seus anos de liderança, por isso mantem-se no poder com o único intuito de proteger os seus interesses.Os mais atentos deram conta de que o líder

angolano não tinha intenções de abandonar o poder com a introdução de uma Consti-tuição atípica que levou oitos anos para a sua compilação, causando o adiamento das eleições presidenciais em 2008 e 2009 no percurso e que na sua aprovação em 2010, apesar da objecção da oposição, cancelou o voto direito do Presidente da República e extendeu as eleições para o ano de 2012.

CartadoEditor

Entendeu-se que a Constituição vigente foi meramente um artifício político para a manutenção de José Eduardo dos Santos (JES) no poder, não só pela demora na sua promulgação mas também pelo facto de que desde a sua aprovação em diante, a eleição do Presidente da República será feita não de forma individual e direita mas por detrás do partido que mais voto tiver nas Eleições Gerais.Algumas pessoas como eu, pensaram que

este ano, JES iria criar outros artifícios que o protegessem na sua oposentadoria, como um decreto ou uma garantia de que caso deixasse o poder, teria uma certa aministia e que estaria isento de prosecusão.Mas JES tornou-se num exemplo da insu-

ficiência do suficiente por não mostrar índi-ces de alternância democrática mas agar-rar-se a Presidência do país, alegadamente impondo um successor de sua confiança como o Segundo homem na lista partidária, e ignorando as críticas que cada vez mais se vão crescendo e o título de o presidente mais antigo no poder à nível mundial, a se-guir do seu homólogo da Guiné Equatorial.Aos 31 de Agosto deste ano, apesar da

oposição que está se mostrando forte e popular, há a possibilidade da legitimação da Presidência de José Eduardo dos Santos, que por quase 33 anos tem-se mantido no poder sem nunca ter sido eleito pelo povo angolano num pleito eleitoral completo.A partir deste ano, que os céus protejam

as directrizes do povo angolano e que os dê paciência na sua crescente insatisfação com o geito de governação de Sua Excelên-cia, o Engenheiro José Eduardo dos Santos, a quem os quase 33 anos suficientes no poder provaram-se insuficientes.

JES, um exemplo da insuficiência do suficienteCibernéticarevistaT e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a

PEDROWSKI TECA

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“CRÓNICA DO FAZ DE CONTAS”

Por: “Tia” Ermelinda Freitas

facto de que o pai de Tchissola foi nomeado Embaixador para Alemanha, os dois amigos foram separados brutalmente!

Mingo continua a sua vida, triste e humilde.Mas com a sua força de vontade e ajuda dos seus

pais foi seguindo os seus estudos e por fim conse-guiu realizar o seu sonho… formou-se em Direito!Tchissola num país muito diferente de Angola a que

estava habituada também seguiu o seu caminho. Já não era aquela jovem alegre pois não conseguia

se habituar a vida que os pais queriam que ela fiz-esse, não concordava com o que via e rebelava-se contra o pai.Mas formou-se também em Direito, lembrava-se

sempre das conversas que tinha tido com o seu grande amigo Mingo.Decidiu então ter uma conversa com o seu pai,

pois tinha decidido voltar ao país que ela amava, mas também com o desejo bem guardado de rever Mingo, o seu grande amigo.“Papá, tenho estado a pensar e quero re-

gressar à Angola,” disse ela ao pai.

“Nem pensar a minha filha ir sózinha, vais viver aonde?” respondeu o pai. Tchissola diz: “na nossa casa, pai”. O pai proibiu-a de voltar a tocar no assunto.Noutro lado, Mingo vai seguindo o seu caminho,

pensando sempre na sua amiga, perguntando-se muitas vezes: “será que ela se esqueceu de mim? terá namorado? É possivel... ela é tão bonita!”Do outro lado do oceano, Tchissola fazia as mes-

mas perguntas à ela própria.Mingo como um bom Advogado que era, era solic-

itado por grandes empresários, até que resolveu entrar para uma instituição onde pudesse trabal-har e ajudar os mais necessitados.Tchissola contrariando a “ordem” do pai, também

se inscreve e é aceite.“Pai,” disse ela, “eu vou mesmo regressar, sou

maior de idade, tenho um curso e vou ajudar os mais necessitados no meu país”.Embarcou finalmente para voar para o seu sonho.No aeroporto Internacional 4 de Fevereiro em

Luanda, espera-lhe a primeira surpresa... Mingo é

quem está a sua espera a pedido da instituição.Olham um para o outro como se se vissem pela

primeira vez.“Tchissola, seja benvinda! Estás bonita como sem-

pre!” Mingo quebra o gelo.“Mingo, nem estou acreditar no que os meus olhos

estão a ver! Estás um pão!” exclamou a Tchissola.“Pão???” questionou o Mingo! Ela dá uma gargalhada como já a muito não dava e

diz: “Estás lindooo!”“Vamos, temos muito que conversar,” diz ele.“Tens namorado?” voltou a questionar.Ela olha para ele com aquele olhar malandro e diz

sorrindo: “Vais descobrir por ti próprio”.Mingo fica especado a pensar: “aqui está a minha

Amiga de sempre, mas será que tem namorado?”Tchissola disfarça a sua curiosidade em querer

perguntar se o Mingo tinha namorada, não sabendo da surpresa que a espera.“Será que o Mingo tem namorada?” questionou-

se. A história continua na próxima edição da Revista Cibernética.

Parte II

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Ser revolucionário é um ato de muita coragem e determinação

banza Hamza, como é conhecido o jovem Afonso Mayanda que é um activista cívico que nos últimos anos tem juntado a sua voz

ao grupo de muitos jovens, crianças e velhos que clamam por Democracia, Liberdade e Justiça Social à todos níveis em Angola através de actos cívicos.Actualmente com 26 anos de idade, Mbanza Hamza

nasceu no bairro “Havemos de Voltar”, nome este em alusão à um poema do Primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto. O bairro situa-se no Município de Milunga na Província do Uíge, no norte de Angola.Em entrevista exclusiva à Revista Cibernética,

Mbanza falou sobre o seu trajecto acadêmico e profissional, e discerniu acerca da juventude ango-lana, também fazendo um contraste entre os jovens activistas cívicos e o governo angolano.Sobre a situação política do país, especificamente

as eleições deste ano, Hamza acredita que apenas elevarão a percentualidade parlamentar do partido no poder “de 82% para 200% de victória fraudu-lenta Absoluta”.O jovem activista cívico acredita que o regime

angolano reprime as manifestações por causa dum “medo do fim inevitável” e que se o actual presi-dente for eleito, “as agências funerárias devem aumentar”.“Vamos querer mais coveiros, mais madeira para

caixões. Esqueçam a Assembleia, os partidos da oposição e quanto a nós, os activistas, nem sei se até o ar para respirar não será cobrado, isso se nos manterem vivos,” disse Mbamza.Confira na íntegra a entrevista:

Fale-nos do teu percurso académico e que carreira professional exerces actualmente?

O ensino primário até a 4ª classe frequentei-o no Município de Milunga até 1996. O segundo nível 5ª e 6ª (6ª não concluída pelo factor guerra), forçou-me à mudança e frequentei-o na sede capital da provín-cia, Uíge. Para concluir, a 6ª classe, fiz uma nova a mudança e desta vez para capital do país, chegava

à capital, Luanda, pela primeira vez em 1999. A 7ª e 8ª classes, frequentei-as novamente em lugares diferente, em Lobito, Benguela até 2001. Em 2002 não pude entrar no ensino médio porque não era coisa fácil para quem é pobre e continua não sendo até hoje. Tentei ser vendedor ambulante, mas não consegui. No fim de 2003 entrei na Escola de Professores do Futuro da ADPP no Ramiro, onde me formei em pedagogia. Saí em 2006 com a 12ª classe concluída com o grau de pro-fessor para o Ensino Primário. Depois que terminei, aliás durante o período de estágio em 2005, comecei a trabalhar como professor na localidade da Funda, Escola Número 811. Em 2010 inscrevi-me na Universidade para o Curso de Engen-h a r i a

Informática. Estou hoje no 3º ano deste Curso na Universidade Gregório Semedo, e continuo a tra-

balhar como professor, mas agora como professor do Primeiro Cíclo do En-

sino Secundário.

Que tipo de música(s) aprecias, e o que mais te

encanta na variedade da cultura angolana?

Sou muito abrangente no que toca a música. Apesar de

preferência ao Rap, os rítmos da terra, R&B, Rítmos da África

e Raggae mexem muito comigo. Quanto a diversidade da cul-

tura angolana, a própria

M• Pedrowski Teca

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diversidade em si me encanta. Temos uma cultura muito rica, as nossas línguas, nossas tradições, hábitos e costumes, é uma maravilha.

És o autor da frase: “A consciência revolu-cionária não cabe nas celas”. Quando e como te tornaste um activista cívico e qual o teu tra-jecto nas manifestações que têm ocorrido em Angola?

Quando? Acho que é um pouco difícil marcar na corrente do tempo uma data. O que li e estudei sobre grandes homens que mudaram épocas e sistemas: Karl Marx, Mahatma Ghandi, Martin Lu-ther King, Galileu Galilei, Nelson Mandela, Martinho Lutero, Malcom X e tantos outros, influenciou muito a minha maneira de encarar o mundo e especial-mente Angola. Comecei a entender que as mudan-ças que ocorreram no mundo em toda história aconteceram por que alguns poucos ousaram de-safiar o “status quo” da sociedade em que viveram. E isto vale para tudo: ciência, religião, política e so-ciedade. Por isso, acreditei que embora não possa mudar o mundo, posso deixá-lo um pouco melhor do que o encontrei. Por isso luto.Não entendo bem o que queres dizer com “tra-

jecto”, mas se queres saber desde quando mani-festo, estou presente nas manifestações desde 7 de Março. Fui co-organizador da manifestação de 7 de Março de 2011 com Mangovo Ngoyo e Agostinho Jo-nas Roberto dos Santos (online). No terreno, juntei-me aos manos efectivamente desde a manifestação

de 25 de Maio de 2011.

Pela tua experiência, o que é ser um jovem “revolucionário” em Angola? (Preconceitos e elogios?)

Ser revolucionário em Angola é uma atitude de risco, dos mais grandes. Tenho dito até que é suicí-dio, por que estamos em vibrações muito diferentes com o regime. É ato de muita coragem e determi-nação. Só para veres, o regime é muito bom em promulgar leis. E paradoxalmente é especialista em infringi-las. Quando se chama isto a razão o resul-tado é o que assististes no mês passado, em Março, no Cazenga, Cacuaco etc, etc. Antes, eles viam qual manifestação interditar, hoje só o termo manifesta-ção é blasfémia. Em Abril deste ano, nossos manos de Cacuaco convocaram uma manifestação contra o alcoolismo, que está a destruir muito a juventude, a prostituição e a violência doméstica, que conta até com uma lei recentemente aprovada, foram vaiados da rua até com picaretas pelas milícias. Agora eu me pergunto, eles abortaram esta mani-festação dizendo que as pessoas devem continuar a se embebedar, prostituir e a matar ou bater o cônjuge? Preconceitos “política é pros políticos” esta frase

é muito ouvida por nós. Vocês até nos chamam revolucionários, nós nos consideramos simples ac-tivistas cívicos, a maioria de nós é apartidário, mas ainda ouvimos isso de “política é pros políticos” e muito mais.

Como defines um jovem angolano? Será que os jovens angolanos são suficientemente con-scientes sobre a situação do seu país?

É um jovem lutador. É um jovem que acredita e luta para o futuro. Claro, há sempre uma excepção. Há uma vasta gama de jovens que sabe o que que está a bater em grifes, na música, nos tchilos e bodas é o suficiente para eles. Há outros que mesmo na universidade não diferem muito dos que estão no ensino secundário, mas claro, não é total culpa destes jovens, a maneira como está desenhada a administração deste país dá margem a isso. Se são suficientemente conscientes, claro que são

e muito. Olha para a inteligência presente neste questionário, olhem para as manas Mayomonas, olhem para os jovens da TVMwangolé, Olhem para

“Os futuros governos nunca virão a ter a ousadia que o MPLA

teve em pisar, escravizar e espoliar

o povo.”

Em Foco

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Mbanza Hamza foi um dos jovens víctima de agressão das mílicias armadas do regime aos 22 de Maio de 2012 e ainda encontra-se em estado de recuperação

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o Club-k, Angola 24 horas, o Folha8, a Rádio Desper-tar, etc, etc, é maioritariamente produção juvenil. O medo e a insegurança apossa uma boa parte da juventude, mas as grandes mudanças que se vão verificando em Angola têm um “back” juvenil, e os jovens estão a despertar em grande escala. Os fu-turos governos nunca virão a ter a ousadia que o MPLA teve em pisar, escravizar e espoliar o povo.

Quais os maiores problemas que afligem a ju-ventude angolana?

Há problemas em todos os níveis, oportunidades de emprego, formação académico-profissional, liberdade de criação e inventividade, incentivo. Não existem políticas reais para a juventude. Contam-se os cargos públicos que são tutelados por jovens, acho que só o Conselho Nacional da Juventude é tutelado por um jovem. Nos outros, exoneram um velho, colocam outro velho. Não é que eu tenha problemas com os kotas, mas se os jovens fossem realmente prioridade até o Presidente da República já estaria aposentado.

Na tua óptica, que razões levam o regime an-golano a reprimir as manifestações?

Medo do Fim inevitável!

Quem são as milícias que agridem os jovens manifestantes e quais são as suas razões?

São na sua maioria amigos ou agentes da polícia. Alguns são jovens com pouca envergadura intelec-tual e visão futurista, jovens que pensam que 200 dólares é suficiente para partir cabeças, pernas e braços e desbundar por mais 32 anos de tirania. As suas razões, cada um defende quem lhe dá o

pão. Se o regime paga-lhes, eles defendem-no. As-sim como falta visão por parte do regime para ler os sinais do tempo, entender que chegou o seu fim, falta-lhes à eles também entender que o regime não é um pai, é um padrasto que pede a seu enteado para matar o seu próprio irmão.

Sendo um dos jovens que foram agredidos pelas mílicias, que medidas tomaste ou toma-ram em conjunto com vista a situação? E quê ajudas tiveram desde então?

Judicialmente medidas estão a ser tomadas. Sabemos de antemão que no que depender deles, nem uma palha vão mover, mas nós somos pela lei e fazemos a lei vincar, pois sabemos que nunca é tarde para a lei. Ajudas, há um grande espírito de solidariedade

por parte do nosso povo, os angolanos sabem que não lutamos para os nossos umbigos, como se diz na gíria, nós lutamos pela causa do povo angolano

e este povo não nos tem deixado mal. Mais e mais gente ganha consciência e tenho certeza que o nosso povo está a poder entender de que lado está a verdade. As agressões vão continuar, mas sabe-mos que Angola já está a dizer basta!

Ainda sobre as manifestações, que resultados pros e contras trouxeram para Angola?

Disse anteriormente que o nosso povo está a gan-har consciência, hoje sei que, nem que eu não me manifeste, outros vão sair as ruas. Os ex-militares são prova disso, a Unita é prova disso. O nosso povo já acredita que a mudança é possível. Contras, as milícias, agressões, prisões e raptos

são reflexos disso. Mas uma coisa é clara, quanto mais se oprime um povo, mais vontade tem ele de se ver livre.

Qual é o teu parecer em relação aos partidos politicos da oposição angolana e as manifesta-ções?

Os partidos políticos devem existir, há uma tendência por parte do regime em querer voltar ao sistema de partido único eliminando os outros, isto não deve e nem vai acontecer. A oposição deve con-tinuar a se bater neste respeito. Quanto as mani-festações, a oposição tem se batido (destaque para o Bloco Democrático, Partido Popular e a própria Unita, sem portanto excluir as outras forças). Têm sido solidários e encorajadores. Os partidos com assento parlamentar podiam fazer um pouco mais, mas talvez o seu reduzido número deve estar a con-tribuir para esta asfixiação. Para mim eles podem fazer muito mais (não para as manifestações, mas para a política em si), devem acreditar no que eles são, OPOSIÇÃO, não devem ter medo de se opor.

As eleições estão previstas para 31 de Agosto deste ano. Como descreves a preparação das mesmas e a situação política de Angola neste ano de eleições?

Já nos batemos bastante por causa da Presidência da Comissão Nacional Eleitoral na pessoa da ad-vogada Suzana Inglês que foi retirada, mas tudo o que ela fez durante o seu mandato ilegal, manteve-se. Tem o Artigo 107º da Constituição que delinea sem rodeios como deve ser organizado o processo eleitoral, mas pelos vistos a oposição abriu mão à isso, o Ministério da Administração do Território (MAT) não foi extinto, o registo eleitoral e o Ficheiro Central do Registo Eleitoral (FICRE) continuaram sob tutela deste ministério que já nem devia ex-istir. Enfim, o Presidente não escolheu o dia 31 de Agosto em vão. Vamos esperar para ver. Mas se dependesse de mim, não ia as eleições.

Pretendes votar este ano?

Não me dá muita vontade votar. O processo está cheio de reticências.

Na sua opinião e em contraste com as eleições de 2008, que mudanças preves nas eleições de 31 de Agosto?

De 82% para 200% de victória fraudulenta Ab-soluta!

Qual é o teu parecer sobre a possível candi-datura do Presidente José Eduardo dos Santos como o número um na lista do partido no poder e o que se pode esperar para Angola se for con-sagrado victorioso?

Devia estar aposentado. Agora com a indicação de seu sobrinho Manuel Vicente como número 2 na lista é a monarquia. O MPLA vive de imposições, não há e nunca houve democracia interna, não se dis-cute nem se reprova as ideias do presidente, enfim, estão condenados. Eu tenho certeza que esta indi-cação não foi consensual, foi uma imposição, tem muita gente presidenciável no MPLA, mas assim como Angola, eles estão mais condenados ainda aos caprichos do mais velho Zé. Se for reeleito, só se for por fraude, as agências funerárias devem au-mentar, vamos querer mais coveiros, mais madeira para caixões. Esqueçam a assembleia, os partidos da oposição e quanto a nós, os activistas, nem sei se até o ar para respirar não será cobrado, isso se nos manterem vivos.

Qual é o político angolano que mais admiras e qual deles mais decepciona o cargo de político?

Admiro muito o mais velho Justino Pinto de An-drade. Dentre todos os presidentes de partidos políticos ele é o único que não aceita culto de personalidade. Não existe nos gabinetes do Bloco Democrático (BD) fotos dele, nem em chapéus, panos, muito menos cartazes etc, etc). Se não o conheceres e fores para uma actividade do BD e ele estiver presente, só te indicando saberás que é ele. Admiro-o muito, como Presidente de Angola eu me sentiria muito feliz. Quem mais decepciona, eu não sei se é político, mas o kota Zé Dú. . . enfim, dispensa comentários.

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“Devia estar aposentado. Agora com a indicação de

seu sobrinho Manuel Vicente como número 2 na lista é a

monarquia. O MPLA vive de im-posições, não há e nunca houve

democracia interna, não se discute nem se reprova as ide-ias do presidente, enfim, estão

condenados”

Em Foco

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12 Revista Cibernética

opiniões & Análises

m algum lugar do fundo do poço em que nos encontramos o silêncio sus-surra, talvez um pensamento? talvez um sonho?

Há a vontade, que não é sonho, não é desejo, é a exigência da vontade do que é o nosso pensamento após 32 (TRINTA E DOIS) ANOS DE DITADURA, que é um 2012 como o nosso ano de chegada e o principio de partida, que finalmente a democ-racia possa chegar até nós... e que deixe de ser um absurdo em abstracto para uns e uma realidade concreta para outros. Que possamos controlar o nosso destino, que o estado deixe de ser o “divino ser” em que buscamos “ajuda”, mas sim o “ser” em que buscamos o principio da nossa autonomia enquanto cidadãos, que nos ajude a sair deste sistema inumano que nos tira tudo,e, que apesar de tanto mal ainda somos humanos!Que em 2012 o silêncio pare de sussurrar pela liberdade e passe ao grito!

Pelo mundo a fora o sonho já começa a ser real, que tenhamos nós também o direito a realizar o nosso sonho, sonho esse, que faz parte parte da nossa alma colectiva enquanto gente simples e lutadora.

2012 Angola livre...

• Fernando Tomas

“Há a vontade, que não é sonho, não é desejo, é a

exigência da vontade do que é o nosso pensamento após 32 (TRINTA E DOIS) ANOS DE

DITADURA,”

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ual é a conjuntura sócio-política que envolve esses dias das manifesta-ções em Angola? Que caminhos devemos seguir em Angola? Porque

faltam líderes? E outras perguntas que queiram.Dentro do tão complicado cenário político angolano, até há pouco tudo pare-

cia fórmula acabada e situação perdida: 1) Eleições ganhas de maneira tão clara e por mais de 80% pelo MPLA; 2) Um ordenamento institucional “democrático” conformado por uma as-

sembleia sem voz e refém dessa maioria esmagadora; 3) A aprovação de uma Constituição por veículos democráticos mas onde

nem todos se revem;4) Ainda que se começa uma nova era “democrática” mas “in ipso” há con-

tinuidade do velho regime (caso frescura, caso BNA e aqui me detenho para não fazer a lista interminável); 5) Com um presidente com mais de 30 anos no poder carregando no seu

dorso casos como o ANGOLA GATE e o governo liderado pelo mesmo poderia ter os mais variados adjectivos de perversão que a ciência política nos brin-da: ARISTOCRÁCIA, MONARQUIA, NEPOTISMO, CLEPTOCRACIA, DESPOTISMO,

Ango-Democracia: O ethos político

angolano e a falta de liderança

sólida no país

• João Lernardo De Sousa

“E nesses dias de revoluções e manifestacções pelo mundo fora...

Falemos de Angola”

GERONTOCRACIA, ENDOCOLONIALISMO, etc.Desta maneira, parecia que para o caso de Angola tudo estava dito e nada

mais restava para fazer-se, pois, a inércia era tão pronunciada que seguiamos tendo a mesma população que pelos altos índices de exclusão e marginação era bastante corruptível, juntando-se também seu nível de desinformação e analfabetismo. É aí onde também todo o movimento da oposição angolana justificava os seus pontos de inflexão ao não ter os resultados esperados das suas acções para movimentar as massas, não augurando assim, qual-quer mudança real no panorama político. Daí o “ethos” também aprendido do político angolano indistintamente ao partido que pertence: “FAZER TIPO QUE TRABALHA MAS NÃO TRABALHANDO”. Por isso mesmo, perguntemo-nos, onde está a universidade em Angola que

é auspiciada pela oposição? Onde estão os quadros e intelctuais militantes ou não da oposição política? Onde estão as acções conjuntas da oposição política angolana (fóruns, intelectuais produzindo, convénios com partidos políticos no exterior que tem políticas afins, páginas na internet, perfís realmente interactivos de grupos ou figuras na internet e nas redes soci-

opiniões & Análises

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ais, etc.). E dos intelectuais, literatos, músicos, artistas e criadores nem sequer há que referir-se porque é a classe que mais brilha, mas pela sua ausência, pela sua preguiça, pelo seu “medo”, pela sua conivência... pois, não estimulam o povo, não criam, não criticam, não propoem reformas, quandos deles seriam o factor de ruptura da lógica vigente das assimetrias entre governantes e governados?Porém, devido a esse mesmo “ethos político”

aprendido consciente e/ou inconscientemente, mas que se reproduz tão bem, por isso mesmo, também temos o “status quo” sócio-político que temos: 1) UM GOVERNO QUE NÃO FAZ NEM DEIXA FAZER

MAS QUE SE CARACTERIZA PELA INEFICIÊNCIA; 2) UMA OPOSIÇÃO QUE NÃO FAZ PORQUE TAMBÉM

SE DESCULPA NA CONDUTA “DAQUELE” QUE NÃO DEIXA FAZER; 3) INTELECTUAIS, ARTISTAS E CRIADORES TAMBÉM

BUROCRATIZADOS E SEM ENTENDER O ROL ÉTICO DO SEU STATUS SOCIAL; 4) UMA SOCIEDADE CIVIL DEMANDANTE MAS ORFÃ

E DESAMPARADA... E TUDO ISSO NUM PAÍS QUE TEM

AS CONDIÇÕES PARA QUALQUER TIPO DE REFOR-MAS, POR CONGREGAR TODAS AS CARACTERÍSTICA NECESSÁRIAS PARA QUE OCORRAM. Tanto é assim, que penso em Fidel Castro em

1959 comandando e chefiando a revolução cu-bana, ou ainda em Agostinho Neto no ano de 1961 com a luta de libertação colonial, onde essas duas personagens históricas citadas puderam ter sido cada um deles um advogado ou médico respectivamente, se não tivessem as condições “naturais” para serem os líderes que foram para as causas dos seus povos.No entanto, dentro de toda essa conjuntura

é cada vez mais claro o papel e o perfil dos diversos actores que intervêm na cena políti-ca angolana: um regime do MPLA na era do começo do seu fim; José Eduardo dos Santos com uma figura

política desgastada e que hoje os angolanos têm com bastante claridade que não é ele o que Angola necessita para progredir; Uma oposição política ultrapassada porque as

acções de contestação que dela se esperam e que hoje se estão a apreender em Angola,

estão a vir da sociedade, da juventude e dos sectores menos esperados e tudo a luz dos úl-timos acontecimentos ao redor do mundo; Uma classe académico-intelectual imberbe e que

mostra suas limitações ao não saber posicionar-se dentro do tecido social; UMA SOCIEDADE CIVIL QUE ESTÁ NO RUMO

CERTO E ACORDANDO CADA VEZ MAIS, SAINDO DA LETARGIA E ALIENAÇÃO DA QUE SE ENCONTRAVA, onde ela mesmo será juíz e tribunal para os actores com responsabilidade nos actuais acon-tecimentos que estão a marcar o país, e ao dizer isso alguns, principalmente os políticos, grace-jarão mas se esqueceram que eu já fiz alusão ao ETHOS POLÍTICO ANGOLANO (risos), que uma das suas caractrísticas também é a miopia, mas como não sou o único a fazer essa leitura, podeis então aguardar pelas novas páginas, discursos, posições e teorização sobre o ETHOS POLÍTICO ANGOLANO.Enquanto isso, VIVA A LIBERDADE, VIVA A DEMOC-

RACIA, VIVA O BEM-ESTAR E QUE VENHAM TODAS AS MARCHAS, REUNIÕES, COMÍCIOS, MANIFESTA-ÇÕES PARA EXIGIR E EFECTIVÁ-LAS PLENAMENTE!!!

opiniões & Análises

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esde 29 de Abril de 2011, no Grande Show de Bob Da Rage Sense, que o movimento

Hip Hop em Angola tem sido alvo de combate por parte dos vários sectores do Governo Angolano, inclusive da mídia estatal.Tudo começou a partir do momento em que o

rapper Luaty Beirão, mais conhecido por Briga-deiro Matafraxz, anunciou no mesmo espectáculo que iria aderir à uma manifestação convocada por um anónimo com o pseudónimo de “Agostinho Jonas Roberto dos Santos” para o dia 7 de Março de 2011, que tinha como objectivo protestar con-tra os mais de 32 anos de governação do actual Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos.A partir deste momento, o Hip Hop deixou de ser

O Hip Hop Revolucionário Angolano depois do 7 de Março de 2011

• Pequeno Soba & Ivan Abramovich

D

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dos e não identificados, alegando-se o roubo da mesma, devido o conteúdo que traziam nas suas mensagens, como é o caso da música “A Carta Para o Presidente”. Na manifestação do dia 2 de Abril de 2011, grande

parte do pessoal eram pessoas ligadas ao Hip Hop consciente angolano, desde Djs, Mc´s, Bloggers, B-Boys, Graffiters e simples amantes do movi-mento. Esta Participação massiva do Movimento Hip Hop, fez com que os detractores do Hip Hop redobrassem esforços para ofuscar o mesmo.O Combate continuou, os shows de Hip Hop

começaram a ser barrados, inclusive no abando-nado “Elinga Teatro”. A CCC e a Masta K são apenas 2 exemplos de pro-

ductoras que viram-se obrigadas a cancelar os seus espetáculos em cima da hora marcada, tudo porque o Ministério da Cultura arranjava sempre “manobras” para inviabilizar os mesmos, até que foi aprovado um Decreto lei.Como sabemos, o hip hop é um movimento cul-

tural de intervenção social que reúne os vários estratos da sociedade, especialmente os jovens, por isso ao combatê-lo, o regime está a combater

o mesmo, após esses pronunciamentos houve respostas do regime e começou assim o atrito e o renascimento emblemático do Hip Hop Con-sciente, que havia sido inibido pelo “mainstream” durante os seus primórdios, Rappers como Mona Dya Kid, Wimma Nayobe, Flagelo Urbano, Mc K, Bri-gadeiro 10 Pacotes, Dread Josef, já faziam o seu manifesto por meio da música consciente, mas não tinham tanto impacto, o circuito era muito fechado, a forma de obter apoio também o era, os meios de gravação eram mais dispendiosos. A Participação destes rappers na “abortada”

manifestação acabou por desencadear um com-bate cerrado ao Movimento Hip Hop Angolano, transformando-o num alvo do sistema.Prova disso, foram os obstáculos que a Mad

Tapes teve para a realização do já anunciado Mega Show de Kid MC, onde segundo fontes seguras, o show só se realizou porque a “Millionário Eventos” comprou o mesmo à um preço muito inferior ao valor estimado que o evento rendeu. Ainda nesse mesmo show musical, MCK que era cabeça de cartaz, foi proibido a cantar e viu-se obrigado a fazer um improviso em pleno palco, enquanto Kid

MC e Fly Squad foram obrigados a censurar as partes críticas das suas músicas para a actuação.A partir do 7 de Março, foi como se quebrasse to-

dos os tabús e dificuldades dentro do movimento consciente, Carbono coadjuvado pelo Luaty, Jang Nomada, Explosivo Mental e outros, foram às ruas no dia 7 de Março de 2011, na esperança de usar a poesia no Largo da Independência para expor os seus descontentamentos pelos 32 anos de poder do Presidente, onde acabaram por ser detidos. Assim começou a guerra entre o regime e o Hip

Hop consciente. Noutrora o regime apoiava os “mainstream” do Hip Hop. Antes do 7 de Março tín-hamos o Brigadeiro 10 Pacote como um dos raros angolanos que faziam Hip Hop usando um discurso directo contra o regime, falando dos problemas sociais, de outro lado tinhamos também o Mc K, raro Mc que usava a sua mestria poética, as me-táforas para fazer face à situação angolana, tendo dado uma pausa de 5 anos, reaparecendo com um álbum em 2012, intitulado: “Proibido Ouvir Isto”. No mesmo ano, Brigadeiro 10 Pacote tenta lançar

o seu álbum “A ditadura da pedra” que acabou por ver o sequestro da sua obra por indivíduos arma-

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uma parte considerável da sociedade anagolana, e o mais grave é saber ainda que, este combate é muitas vezes feito de maneira “deplorável”, como o que aconteceu com o roubo de mais de 20.000 Ccpias discográficas do álbum "A Ditadura da pe-dra" do Brigadeiro 10 pacotes.A Polícia Nacional em Benguela foi acusada de

proibir os vendedores informais de tocarem músicas do rapper angolano, Brigadeiro 10 Pa-cotes. No dia 27 de Novembro, a CCC Entertainment, foi

negada de realizar um espectáculo, onde estariam presentes o Carbono Casimiro, Luaty Beirão, Mc K e outros, onde o Ministério da Cultura sustentou-se ao abrigo do Decreto Presidencial nº 111\11. Foi uma das afrontas directas do Executivo con-

tra o Hip Hop Consciente. O álbum de 10 Pacote é vetado a venda na Praça

da Independência, mesmo com muitas restrições, que acabou por agudizar o desejo dos consumi-dores de Hip Hop Consciente e não só, também começou a ganhar o carinho por parte de algumas

figuras a nível da política e da sociedade civil. E enquanto o cerco foi se fechando nos meios de comunicação estatal, começou a criar-se meios alternativos de veicular os produtos.Em 2012, fecha-se o programa Big Show na Rádio

Luanda, na Rádio Despertar cria-se o Zwela An-gola, embora com um carácter específico, mas é um programa feito maioritariamente por jovens ligados ao Hip Hop consciente. Neste mesmo ano, Lucássio Messias lança “Cor-

rentes” com participação de Kid Mc, e Raiders & U.D.S lança “Savimbi Voltou” fruto da mixtape “Tudo Atóa”. Shak Shura lança “2º Vítima- Coreon Dú” da sua mixtape, e Mc K volta a reforçar com a faixa musical “Talatona”, enquanto que Lucás-sio Messias quase que tira do forno “O Génio In-competente”. Portanto, começou um processo de libertação das vozes do rap Consciente. Hoje, a mídia estatal, nomeadamente a TPA, a

RNA, o Jornal de AAngola não passam actividades ralacionadas ao Hip Hop consciente, mas o movi-mento continua a crescer, pois existem sempre

meios alternativos para fazer-se passar a infor-mação. O combate que se faz contra o Hip Hop, especial-

mente o Rap, acabou por despertar muita gente e hoje até os kotas de mais de 70 anos aparecem nas vendas de discos de Rap, tal como aconte-ceu na venda do álbum "Incorrígivel" de Kid MC e “Proibido Ouvir Isto” de MCK.

Para terminar, gostaria de dizer aos detractores do Hip Hop que mesmo sem a promoção que se faz pelo Kuduro, o Hip hop conquistou o 3º lugar do “Top dos mais queridos” com a música "Incor-rigível" de Kid MC.A mídia fiel ao Hip Hop Angolano, hoje, são os

Blogs, o Facebook, o Twiter e outros sites da In-ternet, e com ou sem publicidade, os álbuns de música Rap continuam a ser os mais vendidos, consumidos e procurados pelos Angolanos, o que prova mais uma vez que “nenhum homem pode combater uma cultura. Quem tentar, acaba por promove-la”.

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