REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO · 2019-04-14 · REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA,...

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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Revista Científica 

Amazônia, Vida e Conhecimento 

Revista Semestral da  Faculdade La Salle – Manaus 

Manaus – AM – Junho / 2017 

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Av. Dom Pedro I, 151 ‐ Bairro Dom Pedro

CEP 69040‐0 40 Manaus/AM 

 www.lasalle.edu.br/faculdademanaus Fone: (92) 3655‐1200 

 

SOCIEDADE PORVIR CIENTÍFICO CNPJ 92 741990/0001‐37 

Rua Honório Silveira Dias, 636 

Bairro São João 

90550‐150 – PORTO ALEGRE – RS 

Edgar Genuino Nicodem 

Diretor Presidente  

Olavo José Dalvit Primeiro Vice‐Presidente 

 Antonio Cantelli 

Segundo Vice‐Presidente

Faculdade La Salle

DIRETORIA 

Dr. Alvimar D’Agostini 

Diretor Geral 

Dra. Jussará Lummertz 

Pró‐Diretora Acadêmica 

Esp. Márcia Monteiro 

Supervisora Administrativa

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 

R454 Revista Científica Amazônia, Vida e Conhecimento / Faculdade La Salle - Manaus   Manaus. – v.2, n.2 (2017). Manaus, Amazonas, 2017.   26cm   Semestral   ISSN 2525-7978   1. Pesquisa Científica. 2. Periódicos. 3. Faculdade La Salle - Manaus. I.  

CDU: 001

Ficha elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Biblioteca da Faculdade La 

Salle – Manaus. Bibliotecária Lidiane Suelen Caxias – CRB11/ 918 AM. 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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Revista Científica Amazônia 

 Vida e Conhecimento  

EXPEDIENTE 

Dr. Alvimar D’Agostini 

Diretor Geral 

Dr.ª Jussará Lummertz Pró‐Diretora Acadêmica 

Msc. Davi Denis Dalla Vecchia Coordenador de Extensão 

Camille R. A. L. Medeiros 

Edgar G. Oliveira Netto Capa e Diagramação 

Esp. Lucia Brasil 

 Revisão 

 

Gráfica Ampla Ltda. 

Tiragem de 1.000 exemplares 

 Impressão 

 

ISSN 2525‐7978 Periodicidade: Semestral 

Pedidos e Correspondência FACULDADE LA SALLE ‐ MANAUS 

Av. D. Pedro I, 151 ‐ Bairro Dom Pedro CEP 69040‐040 ‐ Manaus‐AM 

 

 

 

 

 

 

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Revista Científica Amazônia Vida e Conhecimento 

 

 

CONSELHO EDITORIAL 

Editor Responsável Dr. Alvimar D’Agostini 

(Faculdade La Salle – Manaus) 

Profº Dr. Cledes Atonio Casagrande (Centro Universitário La Salle ‐ Canoas) 

Profº Dr. Dércio Luiz Reis (Universidade Federal do Amazonas / FAPEAM) 

Profª Dra. Jussará Gonçalvez Lummertz (Faculdade La Salle ‐ Manaus) 

Profº Dr. Luis Fernando Garcés Giraldo (Universidad La Salle, Medellín ‐ Colômbia) 

Profº Dr. Manuel Javier Amaro Barriga (Universidad La Salle de México) 

Profº Dr. Paulo Fossatti (Centro Universitário La Salle ‐ Canoas) 

Profº Dr. Rosseval Galdino Leite (INPA ‐ Manaus) 

Profª Dra. Sandra Beltran Pedreros (Faculdade La Salle ‐ Manaus) 

Profº Dr. Wagner Cabral Pinto (IDAAM ‐ Manaus) 

 

 

 

 

 

 

 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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SUMÁRIO 

 APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................09 

 UMA ANÁLISE DAS TEORIAS KEYNESIANA E DEPENDÊNCIA NA CRIAÇÃO DO MODELO ZONA FRANCA E SEUS IMPACTOS NO CRESCIMENTO ECONÔMICO DA CIDADE DE MANAUS...............................................................................................................................11 

Marcilene Teixeira Ferreira 

Ana Nubia dos Santos de Oliveira  

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E SUA IMPORTÂNCIA NA GESTÃO DE TRIBUTOS NAS 

EMPRESAS.............................................................................................................................44 

Maria Iris de Sousa Bezerra Lima 

Silfarnn Demétrio de Araújo 

ÍNDICE DE OBESIDADE INFANTIL EM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE PÚBLICA 

DE MANAUS..........................................................................................................................56 

Otávio de Melo Matos 

Sandra Beltran Pedreros 

A GESTÃO DO CAPITAL INTELECTUAL COMO A NOVA VANTAGEM COMPETITIVA PARA AS ORGANIZAÇÕES: UM ESTUDO ...............................................................................................67 

Profº. MSc. Naêde Lima de Souza da Rocha 

A UTILIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NÃO‐FORMAIS COMO METODOLOGIA DE ENSINO NO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA FACULDADE LA SALLE‐MANAUS.............................79 

Ellen Jane Lima de Melo  

Paulio Idelio da Silva Filho  

Elizângela da Rocha Mota 

PARADIPLOMACIA LOGÍSTICA: UM ESTUDO DAS AÇÕES INTERNACIONAIS DO GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS AO GERIR A LOGÍSTICA DE SEU RRITÓRIO........................................91 

 Julianny Carvalho de Oliveira Costa 

Ana Nubia dos Santos de Oliveira 

DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS PROFESSORES NA PRÁTICA DCENTE..........................124 Carlos Alberto Almeida da Silva 

AS PERSPECTIVAS DE TRABALHO DOS REFUGIADOS AMBIENTAIS HAITIANOS EM MANAUS: UM ESTUDO NO PERÍODO DE 2010 A 2015...........................................................................134 

Denise Helena de Melo Coelho 

Ana Nubia dos Santos de Oliveira 

CONTROLE INTERNO: A IMPORTANCIA DO CONTROLE INTERNO PARA O GERENCIAMENTO DO 

ATIVO IMOBILIZADO CONFORME A NOVA CPC 27................................................................161 

Gizela Craveiro de Souza Carvalho 

Silfarnn Demétrio de Araújo 

 

CONTROLE PATRIMONIAL E O DESCASO DAS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS.......................173 

Rodrigo Carvalho da Silva 

Silfarnn Demétrio de Araújo 

 

NORMAS EDITORIAIS ..........................................................................................................185 

 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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APRESENTAÇÃO 

 A Revista Científica Amazônia, Vida e Conhecimento é uma publicação 

semestral  que  tem  como  objetivo  a  divulgação  da  produção  científica  e  o incentivo  ao  debate  acadêmico  para  a  produção  de  novos  conhecimentos. Visa,  também,  a  ampliação  das  ferramentas  que  favoreçam  a  análise  da realidade de modo a expandir as fronteiras do pensamento e da prática em áreas,  reunindo artigos de diferentes aportes  teóricos com temas  ligados a vários campos do conhecimento, em sintonia com os debates que acontecem no meio acadêmico nacional e internacional. 

O segundo volume é composto por 10 artigos de alunos e professores da Faculdade  La  Salle  de Manaus  e  de  outras  instituições  de  ensino  superior, cumprindo  a  proposta  da  revista,  que  é  incentivar  a  produção  de conhecimento dos discentes e docentes. Uma das metas deste periódico é articular  ensino,  pesquisa,  extensão,  abrangendo  produção  de  iniciação científica, e artigos científicos. Dessa forma, a revista, além de publicar textos de diversos teores, é também portadora da proposta acadêmica da Instituição e  visa  à  intervenção  social,  com  vistas  à  produção  de  conhecimento  e  sua aplicação nas esferas relacionadas. Assim, procura fazer uma interligação da epistemologia  e  da  prática  entre  os  campos  diversos  do  conhecimento relativos aos cursos atualmente existentes.  

A  revista  quer  inovar  e  dar  oportunidades  de  inovação  no  campo  da pesquisa  e  do  conhecimento,  como  também  da  prática,  buscando  o desenvolvimento  da  interdisciplinaridade,  multidisciplinaridade  e transdisciplinaridade  e  seus  múltiplos  diálogos,  fazendo  uma  trama  entre saberes  científicos  e  suas  implicações.  A  revista  está  aberta  a  novas abordagens criando laços entre o conhecimento e a sociedade.  Trabalha de forma integrada, estando interligada às coordenações de cursos, incentivando e promovendo o estudo e a investigação acadêmica, tendo em vista o avanço da  ciência,  o  aprimoramento  didático‐pedagógico  e  o  desenvolvimento sociocultural da cidade e região.   

Agradecemos  aos  colaboradores,  desejando‐lhes  inspiração  e aprofundamento  nas  pesquisas,  esperando  o  crescimento  de  todos,  o reconhecimento da qualidade de  suas produções pela própria  comunidade acadêmica e a inserção de novos saberes no âmbito da ciência e na sociedade. 

Este número da revista é composto de dez artigos envolvendo as áreas de Relações  Internacionais,  Administração  Organizacional,  Planejamento Tributário, Formação de Professores e Educação e Saúde. 

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Agradecemos aos leitores, autores, pareceristas e demais pesquisadores engajados neste segundo número da revista Amazônia, Vida e Conhecimento da Faculdade La Salle de Manaus. 

Contamos com sua colaboração nas próximas edições. 

Profª Dra. Jussará Gonçalves Lummertz

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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UMA ANÁLISE DAS TEORIAS KEYNESIANA E DEPENDÊNCIA NA CRIAÇÃO DO MODELO 

ZONA FRANCA E SEUS IMPACTOS NO CRESCIMENTO ECONÔMICO DA CIDADE DE 

MANAUS 

Marcilene Teixeira Ferreira1 

Ana Nubia dos Santos de Oliveira2  

RESUMO  A pesquisa buscou um novo olhar sobre a criação do modelo Zona Franca de Manaus, a partir de uma análise das teoria keynesiana e dependência e as contribuições para o crescimento  econômico  da  cidade  de  Manaus,  modelo  este,  concebido  graças  a intervenção do Estado nos assuntos econômicos da região, cujo o objetivo era criar na região  um  centro  comercial,  industrial  e  agropecuário,  capaz  de  proporcionar  o desenvolvimento, devido sua grande distância dos centros consumidores. Este modelo de desenvolvimento se faz presente também, por influência de teorias que norteiam as ações mundiais, principalmente no que concerne as políticas econômicas. Para isto, fez‐se menção às teorias Keynesiana e Dependência as quais descrevem a industrialização como  caminho  para  redução  do  subdesenvolvimento.  Apresenta‐se  ainda  uma contextualização do período antes de sua  implementação, para melhor entender sua importância na atual conjuntura econômica da cidade. O modelo baseia‐se na política de incentivos fiscais, os quais são os principais atrativos para novos investidores. Suas contribuições, são no sentido de conservar os recursos naturais, gerar emprego, inserir produtos  nos  mercados  externos,  elevar  o  Produto  Interno  Bruto  da  região  e desenvolver  pesquisas  tecnológicas.  A  metodologia  foi  estruturada  a  partir  de  uma análise  conceitual  da  teoria  keynesiana  e  seus  impactos  diretos  na  criação  da  zona franca de Manaus, o que levou ao crescimento e desenvolvimento do Estado.  PALAVRAS‐CHAVE: Amazônia Ocidental; Crescimento econômico; Incentivos Fiscais em Manaus. 

 ABSTRACT 

The research sought a new look on the creation of the Free Zone model of Manaus, from an analysis of Keynesian theory and dependence contributions to the economic growth of the city of Manaus, this model, designed thanks to state intervention in the economic affairs of the region, whose goal was to create in the region a commercial, industrial and agricultural  district,  that  offers  development,  because  of  its  great  distance  from consumer centers. This development model is also present, influenced by theories that 

                                                            1 Graduada em Relações Internacionais na Faculdade La Salle Manaus. 2 Professora  e  Coordenadora  da  Faculdade  La  Salle  Manaus.  Doutoranda  em  Educação  pela Universidade  do  Minho,  Portugal;  Mestre  em  Administração  pela  UFSC,  Especialista  em Engenharia Econômica, Graduada em Economia, Administração e Licenciada em Matemática. 

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guide global actions, especially regarding economic policies. For this, there was mention of  Keynesian  theories  and  dependency  which  describe  industrialization  as  a  way  to reduce underdevelopment.  It presents also a contextualization of  the period prior  to implementation, to better understand its importance in the current economic climate of the city. The model is based on the tax incentive policy, which are the main attractions for new investments. Their contributions are to conserve natural resources, create jobs, insert products into foreign markets, raising the gross domestic product of the region and  develop  technological  research.  The  methodology  was  structured  based  on  a conceptual analysis of the Keynesian theory and its direct impacts on the creation of the free zone of Manaus, which led to the growth and development of the State.  KEYWORDS: Western Amazon; Economic growth; tax incentives in Manaus.  

1. INTRODUÇÃO 

 

O grande desafio na década 60 era desenvolver a Amazônia Ocidental. Assim, em 1967 o Governo Federal, através do Decreto‐Lei 288/1967, cria a Zona Franca de Manaus, que será um modelo administrado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus  –  SUFRAMA,  como  medida  para  mudar  o  quadro  ocupacional,  social  e econômico ao qual se encontrava a região no período da ditadura militar brasileira. 

A presente pesquisa tem como propósito analisar a importância do modelo para o crescimento econômico da capital amazonense, Manaus. Nesse sentido,  traz como tema: A importância do modelo Zona Franca de Manaus para o crescimento econômico da cidade de Manaus, busca ainda entender a situação econômica da região, sobretudo a capital amazonense antes da implementação do modelo, fazendo‐se necessário para compreender o papel desta ferramenta do Estado para a configuração da atual situação econômica que se encontra a cidade de Manaus. 

Para se alcançar o objetivo proposto na pesquisa teve como problemática:  As Teorias Keynesiana e Dependência tiveram que impacto no Desenvolvimento do modelo Zona  Franca  de Manaus?  Assim,  para  responder  a  esta  problemática,  tem‐se  como objetivo geral: Demonstrar a  importância do modelo Zona Franca de Manaus para o crescimento econômico da cidade de Manaus; e específicos: Contextualizar o período que antecede a criação do modelo Zona Franca de Manaus; identificar os diferenciais competitivos que sustentam o modelo Zona Franca de Manaus e; analisar a contribuição do modelo Zona Franca de Manaus para a cidade de Manaus. 

Embora o Modelo esteja voltado para  toda a Amazônia Ocidental e parte da Amazônia  Oriental,  busca‐se  demonstrar  a  sua  contribuição  para  o  crescimento econômico e para a atual situação em que se encontra a capital amazonense, atentando para  as  influências  teóricas  do  neoliberalismo  que  influenciaram  os  países desenvolvidos, como os Estados Unidos e Inglaterra, bem como, os em desenvolvimento como é o caso do Brasil. Nesse diapasão, para a formulação de políticas intervencionista 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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na economia brasileira, vale ressaltar as teorias neoliberais de John Maynard Keynes, um dos principais opositores do liberalismo econômico. 

Dessa forma, a pesquisa faz‐se relevante tanto para o meio acadêmico, quanto para  a  sociedade  como  um  todo,  ou  seja,  a  partir  da  relação  destas  teorias  com  as políticas  econômicas  que  culminaram  na  implantação  do  modelo,  abrirá  novos questionamentos a respeito da configuração da economia regional por meio de teorias que desencadearam o campo econômico mundial e por se tratar de uma pesquisa básica de fácil entendimento poderá proporcionar, sem dificuldade, a compreensão histórica e  a  importância  do  modelo.  Espera‐se  que  a  presente  pesquisa  contribua  para  o despertar,  principalmente  o  interesse  dos  acadêmicos,  pela  busca  de  novos conhecimentos  quanto  a  relevância  do  estudo  das  Relações  Internacionais  para  a compreensão das questões econômicas regionais neste contexto. 

 2. DESENVOLVIMENTO  2.1  TEORIA  DAS  RELAÇÕES  INTERNACIONAIS  E  A  INTERVENÇÃO  ECONÔMICA BRASILEIRA    O mundo se tornou um sistema globalizado e complexo, sendo necessário, para entender sua dinâmica, o estudo das relações internacionais, por meio das teorias que o orientam, desta forma, estas, são conceituadas como: 

Fórmulas  sistematizadas  de  explicação,  organização  e  análise  da 

realidade  [...]  No  âmbito  das  Relações  Internacionais,  teorizar 

significa  retirar  elementos  da  complexa,  densa  e  emaranhada 

realidade externa, trazendo‐a ao sujeito cognoscente de maneira a 

operacionalizar a descrição de  suas propriedades natas, analisar e 

explicar seus fenômenos e suas inter‐relações. Castro (2012, p. 281) 

  O  autor  ainda as descreve  como uma  "bússola",  ou  seja,  instrumento que busca  demonstrar  a  direção  a  ser  seguida  pela  sociedade.  Não  diferente  de  outras nações, o Brasil conta com a influência destas teorias para orientar suas ações internas e externas. Neste sentido, tratar‐se‐á aqui da relevância da teoria neoliberal, a partir do entendimento de Keynes e da teoria da dependência influente nas correntes cepalinas.  

 2.1.1 Neoliberalismo de Keynes ou teoria Keynesiana  

O  economista  John Maynard  Keynes  contrapondo‐se  à  teoria  do  liberalismo clássico, marcado pelas ideologias de Adam Smith, assegurou que ao contrário do que pregava Smith, o Estado deveria intervir nos assuntos econômicos de sua nação. Keynes toma tal posicionamento em observação à crise de 1929 que  teve como epicentro a economia  estadunidense  espalhando  seus  efeitos  para  todo  o  mundo,  surge  neste advento o New Deal ‐  Novo Acordo, no qual a economia passava a ser regulamentada 

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pelo Estado.  Essa  teoria  foi de grande  importância no que  concerne do pensamento econômico brasileiro, neste sentido, Carvalho (2008, p. 569:571) afirma que: 

Há muitos anos é notada, com alguma surpresa, a forte influência do 

pensamento  de  Keynes  e  seus  seguidores  sobre  o  pensamento 

econômico brasileiro. Mesmo nos  tenebrosos  anos 1980,  quando, 

especialmente no mundo acadêmico norte‐americano, emergiu com 

força  tão  intensa  quanto  efêmera  a  chamada  escolas  dos  Novos 

Clássicos, a comunidade acadêmica de economia no Brasil continuou 

cultivando  a  herança  de  grandes  economistas  como,  mas  não 

apenas, Keynes, Kalecki e Schumpeter. [...] O keynesianismo é uma 

doutrina  ativista,  que  preconiza  a  ação  do  Estado na  promoção  e 

sustentação do pleno emprego em economias empresariais. 

  A  teoria  keynesiana  desenvolvimentista,  defende  também  a  ideia  de  que  a economia não deveria ter total liberdade e que eram necessárias políticas protecionistas como forma de preservar as economias internas, pode‐se dizer que Keynes pode não ter sido o primeiro a idealizar a intervenção estatal brasileira, porém, contribuiu com suas  teorias  para  a  formação  ideológica  brasileira  de  intervenção  estatal  e regulamentação  dos  assuntos  econômicos  por  parte  do  Estado.  O  modelo  de desenvolvimento  implantado  na  Amazônia  Ocidental,  demonstra  a  influência  desta teoria na formação de políticas intervencionista para o desenvolvimento local.  

Neste sentido, faz‐se importante a relação destas teorias que influenciaram e continuam a influenciar os fatos referentes a economia regional.  2.1.2 Teoria da Dependência     A Teoria da Dependência muito influente nas teorias cepalinas, prega a ideia de que a estrutura da economia mundial  é moldada pela dependência entre as nações, neste  sentido,  defende  que  as  nações  subdesenvolvidas    e  as  nações  desenvolvidas estão  interligadas por  esta dependência,  e que o  desenvolvimento de uma  requer  a subordinação  de  outra,  esta  teoria  influenciou  o  Brasil  depois  da  Segunda  Guerra mundial,  nos  anos  50  e  60,  contribuindo  para  a  industrialização  brasileira,  a  este respeito, Saldanha (2011, p.228: 229), salienta que: 

As políticas econômicas desenvolvidas, que até então eram dadas 

como  caminho  para  se  alcançar  o  tão  sonhado  estágio  de 

desenvolvimento capitalista dos países centrais, haviam emperrado 

as engrenagens. É então, nesse período que surge uma nova teoria 

em debate,  que  visava  explicar  e  indicar  novos  rumos para que  a 

economia  voltasse  a  trilhar  o  caminho  do  desenvolvimento, 

incluindo  a  análise  econômica  das  Relações  Internacionais  a  um 

prisma marginalizado até então, o subdesenvolvimento. 

  De  acordo  com  o  autor,  a  consolidação  desta  teoria  se  dá  com  Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, segundo os quais a dependência de um país referente a outro, estava relacionada com a "relação das classes internas particulares a cada país". 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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Ou seja, a forma como estes se organizam internamente, influenciaria na relação que teriam  com  nações  externas.  Durante  o  governo  militar  surge  a  visão  de  que  a industrialização seria o caminho para resolver a questão do subdesenvolvimento. 

A  proposição  política  implícita  e  explícita  na  agenda  nacional‐

desenvolvimentista, abraçada por uma parte da oficialidade, era de 

que  a  industrialização  seria  o  meio  de  superar  a  pobreza  ou  de 

reduzir a distância entre os países subdesenvolvidos e os países ricos, 

e  de  atingir  a  independência  política  e  econômica  através  de  um 

crescimento autossustentado (BIELSCHOWSKY, 2000, p. 11) 

  A teoria, segundo Colistete (2001), tecia que a industrialização poderia reduzir o subdesenvolvimento de uma nação, já que a condição primário‐exportadora, não era capaz de sustentar um crescimento dinâmico. 

 2.2   CONCEITO DE ZONA FRANCA  

Denomina‐se  Zona  Franca  “uma  área  delimitada  onde  entram  mercadorias nacionais ou estrangeiras beneficiadas com incentivos fiscais e com tarifas alfandegárias reduzidas  ou  ausentes”.  Das  zonas  francas  existentes  no mundo,  grande parte  delas localizam‐se em regiões “isoladas e geralmente são situadas em um porto ou em seus arredores”,  fator  este,  que  pode  ser  considerado  um  dos  marcos  norteadores  para criação e implantação das Zonas Francas como ferramenta utilizada para a promoção do desenvolvimento de uma região e suas adjacências. “O objetivo de uma zona franca é estimular o comércio e acelerar o desenvolvimento  industrial de uma determinada região. O Brasil, Coréia do Sul, Chile, China, Emirados Árabes, Espanha, Portugal e França são alguns dos países que possuem Zona Franca” (Significados, 2015). Neste tocante, são “utilizadas por diferentes países, para designar áreas especiais onde não se aplicam as regulamentações e os gravames aduaneiros normais da economia” (BRAGA 2015, p. 2). Pereira (2006, p. 111), enfatiza que:  

A Zona Franca é uma área fechada, isenta da aplicação da legislação 

alfandegária vigente no território onde se situa. Nela, mercadorias 

vindas do exterior são desembarcadas, manipuladas, transformadas, 

embaladas e reembarcadas, sem nenhum controle alfandegário. As 

atividades  que  ali  se  desenvolvem  podem  ser  de  comércio,  de 

indústrias ou ambas, com o possível predomínio de uma delas. 

Para Araújo (1985, p.37), as zonas francas podem também ser percebidas como estratégias para internacionalização de capital, neste sentido a autora afirma que:  

 

[...] o surgimento das Zonas Francas no mundo capitalista tem de ser 

entendido  como  uma  estratégia  do  capital  a  crise  de  acumulação 

ocorrida no mundo capitalista a partir de 65, que, para continuar seu 

processo de expansão, transfere partes do seu processo produtivo 

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para  outras  regiões. Qualquer  que  seja  seu  nome    "Zona  Franca', 

"Zona de Livre Comércio", "Zona de Livre Empresa" ou "Zona de Livre 

Produção",  sua  realidade  é  a  mesma:  são  espaços  industriais 

enclavados, situados, sobretudo, próximos a portos ou aeroportos, 

onde  empresas  multinacionais  podem  importar  livremente 

matérias‐primas  ou  produtos  semiacabados,  para  processá‐los  e 

reexportar,  portanto,  um  processo  de  industrialização  orientado 

para um mercado exterior a região e no qual existe uma disparidade 

entre ganhos sociais e lucros empresariais. 

A utilização desta política, teve início a partir de 1958, quando segundo Barang (1981, p. 18), a primeira Zona Franca: 

[...]  foi  criada  em  1958,  em  SHANNON,  na  Irlanda,  por  industriais 

americanos, visando lançar seus produtos na Comunidade europeia. 

Na  Ásia,  a  primeira  foi  instalada  em  1965,  na  zona  portuária  de 

KAOHSIUNG, no Taiwan (Formosa) e serviu de modelo para outros 

países do Leste e do Sul da Ásia [...] 

A  corrida  pela  industrialização  dos  países  subdesenvolvidos  ou  em desenvolvimento, torna necessária a criação de um organismo incumbido de dar apoio à estratégia, é então fundada, no mesmo ano em que acontece a regulamentação da Zona  Franca  de  Manaus  ‐  ZFM,  a  Organização  das  Nações  Unidas  para  o Desenvolvimento Industrial – ONUDI. Nove anos após a Fundação da ONUDI, foi criada a Associação Industrial Mundial das Zonas Francas (World Industrial Free Trade Zones Association – WIFZA).  (Araújo 1985, p. 29), neste sentido a autora afirma que: 

A ONUDI  não  só  estabelece  um modelo  de  Zona  Franca  corno  se 

incumbe  tanto  dos  estudos  preliminares,  como  da  assistência  no 

planejamento  para  a  implantação  de  tais  zonas  nos  países 

subdesenvolvidos,  visando  à  sua  integração  ao  sistema  capitalista 

mundial.  

Inúmeros são os fatores que contribuem para a criação das Zonas Francas, entre eles, podem ser citados: a diversificação de mercado; o aumento do custo com mão‐de‐obra nos  países  de origem das  empresas;  integração  ao  sistema  capitalista mundial; baixo custo de produção; a busca pela capitação de capital e recursos financeiros para a região ou país onde são instaladas entre outros. No caso do Brasil inicialmente o modelo ZFM buscou substituir as importações e integrar a região ao restante do país. Porém a adoção desta estratégia não significava inserir as pequenas empresas locais no mercado mundial,  sendo  assim,  a  vantagem  deste  modelo  em  sua  fase  inicial,  está  na movimentação da economia interna por meio do fluxo de capital externo. 

 Adam Smith em sua obra escrita em 1776,  intitulada "A riqueza das nações" descreve  o  ser  humano  como  um  ser  egoísta,  no  entanto,  para  ele  está  busca  pelo benefício próprio era benéfico à sociedade, porém sabe‐se que estas teorias voltavam‐se ao meio econômico. Smith apud Hunt e Sherman (2008, p. 62), afirma que "[...] ao 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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perseguir o seu próprio interesse, frequentemente promove o interesse da sociedade de forma mais eficaz do que quando é realmente sua intenção promovê‐lo". Contudo, este mesmo egoísmo   levou à tomada de medidas que beneficiaram toda uma região, egoísmo este que, devido à importância atribuída a Amazônia pelo restante do mundo, cujas  riquezas  naturais  já  haviam  sido  destruídas,  principalmente  nos  país desenvolvidos,  os  rumores  quanto  a  uma  possível  internacionalização  da  Amazônia, serviram de alerta para o governo militar brasileiro quanto à necessidade de promover a  ocupação  regional,  pois  a  Amazônia  Ocidental  por  sua  vasta  extensão  territorial possuía suas áreas de fronteiras descobertas.  

Neste  sentido,  segundo  Sá  e  Machado  (2015,  p.  3)  o  modelo  ZFM  tinha "propósito geopolítico [...] vinculava‐se à busca por ocupação do espaço amazônico com atividades econômicas e sua integração aos eixos de desenvolvimento mais dinâmicos, localizados  no  Centro‐Sul  do  país",  assim  como  proporcionar  melhores  condições econômicas para a região já que esta encontrava‐se estagnada desde o fim do ciclo da borracha.  Smith  defendia  a  divisão  de  tarefas,  para  ele  se  alcançaria  maior produtividade  se  a  produção  fosse  dividida,  esta  teoria  influenciou  a  produção  em escala. Neste sentido, Hunt e Sherman (2008, p. 63), afirmam que: 

[...] Para que a divisão do trabalho  fosse  levada a esse nível,  seria 

necessário  que  os  trabalhadores  dispusessem  de  ferramentas  e 

equipamentos especializados, e que todos os estágios do processo 

de produção das mercadorias fossem reunidos em um mesmo local 

e  submetidos  a  um  controle,  como  acontece,  por  exemplo,  numa 

fábrica.[...]  O aprofundamento da divisão de trabalho, por sua vez, 

possibilitaria  índices mais  elevados  de  capital  e  assim  por  diante, 

numa espiral ascendente e interminável de progresso social. 

Embora  o  crescimento  econômico  seja  parte  fundamental  para  o desenvolvimento, aquele não se configura condição suficiente para seu alcance deste. Nesta  mesma  perspectiva  Botelho  (2006,  p.  37)  afirma  “que  se  deve  entender desenvolvimento como  função da soma de dois grandes vetores,  isto é,  crescimento econômico mais incremento da qualidade de vida”.  Bispo (2009, p. 38), afirma que: 

O desenvolvimento econômico de uma nação pode ser obtido por 

meio de diversas estratégias e modelos. Logo, uma das  formas de 

promover o desenvolvimento econômico é por meio de uma política 

industrial.  Dentro  desse  contexto  e  desde  que  atendam  aos 

requisitos básicos que uma política industrial deva conter, encontra‐

se a instalação de parques industriais com o objetivo de substituição 

de importações. 

2.2.2 A criação do modelo Zona Franca de Manaus  

Para  melhor  entender  o  que  leva  o  Estado  Federal  a  intervir  com  políticas econômicas  na  região,  deve‐se  atentar  para  as  pressões  internacionais  e  ameaças 

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constantes  de  tomada  da  Amazônia,  também  para  influências  da  globalização  e expansão econômica atreladas às teorias econômicas fortemente utilizadas pelos países desenvolvidos,  também  pelos  países  em  desenvolvimento.  Diante  disto  o  governo federal,  utilizando  de  mecanismo  já  utilizado  em  outras  partes  do  mundo  propõe estrategicamente para a Amazônia Ocidental, a criação de uma importante ferramenta, a  qual,  segundo  Becker  (2013,  p.  36),  era  inicialmente  um  “porto  franco,  tal  como sugerido pelo governo estadual, sendo posteriormente, substituído pela zona franca em Manaus”. De acordo com Seráfico e Seráfico (2005, p. 101),  foi  inicialmente pensada pelo deputado federal Francisco Pereira da Silva, tomando iniciativa com o objetivo de encontrar novas saídas para a economia local que se encontrava estagnada: 

[...] apresentou à Câmara do Deputados o Projeto de Lei nº 1.310, de 

23 de outubro de 1951, em que propõe a criação em Manaus de um 

porto franco. Este projeto é que, emendado pelo deputado Maurício 

Joppert,  foi  convertido  na  Lei  nº  3.173,  de  6  de  junho  de  1957, 

transformando o porto em Zona Franca de Manaus. Não obstante 

sua  regulamentação pelo Decreto nº 47.754, de 2 de  fevereiro de 

1960, a Zona Franca só entra em vigor, efetivamente, a partir de 28 

de  fevereiro de 1967, quando é  reestruturada pelo Decreto‐Lei nº 

288.  

O objetivo deste porto franco, conforme descrito no Art. 1º da Lei 3. 173/57 era armazenar, conservar, beneficiar e retirar produtos advindos do estrangeiro, destinado ao consumo no interior da Amazônia e de países vizinhos, banhados pelas águas do Rio Amazonas (PLANALTO), porém tal objetivo não se concretizou na prática por falta de recursos. Em seu primeiro momento o modelo ZFM possuía características semelhantes aos  portos  livres  existentes  no  mundo,  porém  neste  primeiro  momento,  sua contribuição para o desenvolvimento regional praticamente inexistiu, levando o ideário ao fracasso (Nascimento 2004, p. 9).  De acordo com Benchimol (1977, p. 741), o seu não funcionamento não foi possível devido: 

[...] a figura jurídica de extraterritorialidade fiscal de zona, limitada 

em uma área restrita de 200 hectares, e o seu caráter exclusivo de 

entreposto  para  armazenamento  e  trânsito  de  mercadorias  e 

produtos para  abastecimento das Amazônias  limítrofes,  não  tinha 

conteúdo nem significação econômica. 

Ocorre então, que com a necessidade de povoar a região de fronteira, entra em cena  a  intervenção  estatal.  Embora  segundo  (Araújo  1985,  p.  144‐148),  sua reformulação contasse com a contribuição de nomes como do engenheiro amazonense Arthur Soares Amorin, do historiador Leandro Tocantins, Newton Vieiralves, de Samuel Benchimol e o então governador Arthur Reis. No entanto, de acordo com a autora: 

[...] fica bem evidente que a Zona Franca de Manaus implantada a 

partir de 1967 não nasce de um projeto  local. O que as  lideranças 

manauaras reivindicam era a efetiva implantação da que havia sido 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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criada em 1957. Esta, agora legitimada pelo decreto‐lei 288/67 não 

tinha nada a ver com o que se pleiteara. 

Andrade  (2012) atribuiu duas vertentes à estratégia de criação da nova ZFM, uma política, cujo objetivo era integração, ocupação e proteção das áreas fronteiriças, a  outra  é  econômica,  com  o  objetivo  de  lhe  proporcionar  o  desenvolvimento.  É importante  lembrar,  sobre  esta,  que  conforme  Araújo  mencionou,  não  partiu  do interesse  das  lideranças  da  região  e  sim  do  governo  federal.  Essas  políticas  de substituição  de  importação  fazem  parte  de  medidas  protecionistas  adotadas  pelos países  na  tentativa  de  proteger  suas  economias  internas.  Essas  práticas  acarretam, conforme Santos Junior (2012) apud Gonçalves (2012), em vantagens e desvantagens. 

Dentre  as  vantagens  está  a  questão  da  criação  de  empregos  e 

incentivo de inovações tecnológicas no país. Porém, a medida pode 

ter efeito contrário, caso haja acomodação de empresas nacionais 

no desenvolvimento de tecnologias, o que faz o país perder espaço 

no mercado exterior, além da possibilidade de gerar um aumento 

dos preços em função da baixa concorrência interna. 

Esta autarquia é responsável pela execução da política tributária e pelas ações de  sustentabilidade  e  interiorização  do  desenvolvimento  econômico  na  região,  está localizada na cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas. Segundo Bispo (2009 p.107),  “o  modelo  industrial  criado  surgia  de  uma  estratégia  de  política  de desenvolvimento econômico, relacionada diretamente às políticas industriais voltadas para a substituição de importações”, Baumann et al. (2004, p. 97), afirma que: 

A  ideia  básica  associada  a  um  processo  de  substituição  de 

importações é a promoção – no mercado interno de uma economia 

– da capacidade de oferta de itens anteriormente conseguidos por 

meio  do  comércio  externo.  Dessa  maneira,  a  produção  nacional 

substitui a oferta de alguns produtos importados. 

No entanto de acordo com o Marco Regulatório dos Incentivos Fiscais da Zona Franca de Manaus, Amazônia Ocidental e Áreas de Livre Comércio ‐ ALC´s, mesmo após sua criação e regulamentação “a ZFM não causou praticamente nenhum efeito sobre a economia da Amazônia, especialmente por não terem sido criados os meios necessários capazes de atrair os investimentos e a mão‐de‐obra técnica qualificada, instrumentos essenciais  para  o  desenvolvimento  das  atividades  previstas”.  [...]  No  decorrer  do governo militar de Castelo Branco, surgiu à chamada Operação Amazônia implementada pelo Plano de Ação Econômica do Governo – PAEG, dela faziam parte um conglomerado de medidas reformistas que objetivavam a promover a integração socioeconômica da Amazônia ao Brasil (Suframa 2013, p.33). Neste enfoque, segundo Pereira (2006, p. 17) “até  meados  dos  anos  60,  essa  região  encontrava‐se marginalizada  do  processo  de desenvolvimento da economia nacional e experimentava um momento desolador de pobreza e abandono por parte da federação”. Para Nascimento e Silva (2015, p. 8) o 

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instrumento legal em questão não é dispositivo autossuficiente para a configuração do desenvolvimento econômico regional da Amazônia Ocidental: 

Sabe‐se  que  desenvolvimento  econômico  não  se  faz  tão‐somente 

com a simples assinatura de um decreto‐lei, entre outros  intuitos, 

mas com intensos investimentos em educação, ciência, tecnologia, 

capital produtivo, bem como com distribuição de renda, assegurados 

por marcos institucionais que se traduzem na definição das regras do 

jogo da sociedade. [no entanto] Apesar das grandes limitações que 

o  modelo  ZFM  tem  para  operacionalizar  o  conceito  de 

desenvolvimento,  houve  grandes  avanços  no  plano  econômico  e 

social,  ainda  que  tenham  se  restringido  a  cidade  de Manaus.  [...] 

percebe‐se, visivelmente, que houve transformações estruturais na 

base  produtiva  da  cidade  de  Manaus.  A  população  cresceu  em 

números  absolutos,  ampliaram‐se  as  estruturas  de  ensino 

fundamental, médio  e  superior,  bem  como  a  rede  de  saúde,  sem 

contar com estrutura de transporte aéreo e fluvial. 

De acordo com Pontes (2011, p. 23), “no modelo smithiano, o crescimento da população assume relevância. Para ele, o crescimento econômico contribui tanto para a elevação do nível de vida da população quanto para o crescimento demográfico”. No entanto, o modelo proposto por Adam Smith pregava a não intervenção do Estado na economia.  Porém,  este,  segundo  Hunt  e  Sherman  (2008,  p.  66;67),  enumera  três responsabilidade dos governos, sendo:  

[...]  proteger  o  país  contra  invasores  estrangeiros,  proteger  os 

cidadãos contra injustiças cometidas por outros cidadãos e o dever 

de  erigir  e  manter  as  instituições  e  obras  públicas  que,  embora 

altamente vantajosas para toda a grande sociedade, são de natureza 

tal  que  os  lucros  jamais  compensariam  as  despesas  se  estas 

estivessem a cargo de um indivíduo ou de um pequeno número de 

indivíduos.  [...]  a  exigência  de  que  o  governo  protegesse  o  país 

contra  ameaças externas  foi entendida, no  final  do  século XIX,  de 

modo  a  abarcar  também  a  proteção,  ou mesmo  a  ampliação  dos 

mercados  externos,  através  da  coerção  militar  [...]  a  função  de 

proteger  os  cidadãos  contra  injustiças  cometidas  por  outros 

cidadãos  ganhou  uma  nova  conotação:  proteger  a  propriedade 

privada, garantir o cumprimento dos contratos e preservar a ordem 

interna.  [...]  A  função  de  zelar  pela  execução  dos  contratos  era 

também  essencial  para  o  bom  funcionamento  do  capitalismo.  A 

complexidade da divisão de trabalho, da organização e coordenação 

da produção, bem como os  investimentos  colossais de  capital  em 

muitos  empreendimentos  comerciais,  requeriam  a  existência  de 

mecanismos que assegurassem aos capitalistas o cumprimento dos 

seus compromissos contratuais. [...] Em vista disso a execução dos 

contratos,  indispensável  para  o  funcionamento  do  sistema 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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capitalista transformou‐se em dever do Estado, exercido por meio 

da coerção. [...] Por fim, a função de erigir e manter as instituições e 

obras de interesse público foi interpretada, de um modo geral, como 

a função de criar e manter instituições que fomentassem a produção 

e as operações comerciais. 

A autarquia criada por meio do Decreto n.º 61.244/67, como órgão do governo federal  encarregada  pela  administração  dos  incentivos  fiscais  do modelo  ZFM  como afirmam  Seráfico  e  Seráfico  (2005,  p.  104),  está  localizada  na  capital  do  estado  do Amazonas, Manaus, a figura 1 nos mostra toda abrangência do modelo. A Autarquia está diretamente  ligada, conforme mencionada anteriormente, ao governo federal, sendo assim, independe do governo estadual. De acordo com Braga, (2003, p.4): 

A  autarquia  integra  a  estrutura  administrativa  do  Ministério  do Desenvolvimento,  da  Indústria  e  do  Comércio  Exterior,  que, juntamente com o Ministério das Relações Exteriores, constituem o núcleo central responsável pela condução de tais negociações. 

 

A SUFRAMA conta com o Conselho de Administração da SUFRAMA ‐ CAS, o qual é o "órgão superior de deliberação da autarquia, tendo como uma de suas principais atividades  a  análise  e  aprovação de novos projetos de  investimentos  industriais  que objetivem usufruir os benefícios fiscais do modelo ZFM". (SUFRAMA 2011, p. 4) 

Figura 1: Abrangência do Modelo Zona Franca de Manaus 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: SUFRAMA (2011) 

O modelo abrange toda a Amazônia Ocidental, composta pelos estados do Acre, Amazonas,  Rondônia,  Roraima  e  parte  da  Amazônia  Oriental,  sendo,  as  cidades  de Macapá e Santana, no Amapá.  

De  acordo  com  o  Instituto  Brasileiro  de  Geografia  e  Estatística  –    IBGE  o Amazonas é o maior estado da região e do Brasil, comporta 62 municípios, distribuídos 

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em sua área territorial de 1.559.148,890km², a população estimada para 2014 a partir do  senso  de  2010  era  de  3.837.743  habitantes  em  todo  o  estado,  a  capital Manaus possui área de 11. 401,092km² e sua população estimada para 2014, pelo último senso era de 2.020.301 habitantes, conforme dados do IBGE. 

O estado do Amazonas passava no advento da configuração desta estratégia por um período de instabilidade política, tendo em 1964, no âmbito do golpe militar, sido cassado  seu  então  governador  Plínio  Ramos  Coelho,  assume  então  para  cumprir  o restante do mandato, o historiador Arthur Reis, iniciando o que se pode chamar de caça às bruxas aos funcionários ligados ao  Partido Trabalhista Brasileiro – PTB, promovendo “ampla reformulação da administração estadual”, criou a Comissão de Desenvolvimento do Estado do Amazonas – CODEAMA, contudo é sob o governo de Danilo Duarte de Mattos Areosa ‐ de 12 de setembro de 1966 à 15 de março de 1971 ‐ que se concluem as negociações e o Presidente Castelo Branco ao fim de seu mandato assina o Decreto‐Lei regulamentando a Zona Franca de Manaus, no entanto, ao término do governo de Areosa os resultados obtidos não foram sequer razoáveis. Seu sucessor, coronel João Walter de Andrade, conta com o apoio do poder central, “[...] moderniza o aparelho burocrático do Estado e realiza as obras de infraestrutura indispensáveis ao processo de industrialização. É o momento da consolidação da Zona Franca de Manaus. É o começo da  industrialização  [...]”  (Araújo,  1985,  p.  143;144;155;163).  É  durante o  governo do sucessor de Andrade, Henock Reis, que Aloysio Campelo é nomeado Superintendente da Zona franca de Manaus e é durante sua administração que, segundo Araújo (1985, p. 168) será implantada: 

 

 [...] a nova estratégia da Zona Franca de Manaus, em função da  política  nacional  de  restrição  às  importações.  Começa  o contingenciamento  e  agora mais  do que  nunca  a  SUFRAMA assume  sua  feição  verdadeira.  Implanta‐se  as  quotas  de importação  e  o  critério  para  sua  distribuição  não  sofre qualquer influência do governo do Estado.  

De acordo com a autora, em 1982 José Lindoso deixa o cargo de governador ficando em seu lugar, seu vice Paulo Pinto Nery, o qual permanece até 1983, quando é sucedido  por  Gilberto  Mestrinho,  neste  período  foi  nomeado  superintendente  da SUFRAMA,  Joaquim  Pessoa  Igreja  Lopes,  o  qual  permaneceu  na  administração  da autarquia,  assim  como  Mestrinho  no  governo  do  Estado,  até  1985,  ano  marcado também pelo fim da ditadura militar no Brasil (ARAÚJO 1985, p. 185).  

O modelo ZFM é visto com diversos olhos, os críticos,  que afirmam ser preciso redesenhar  o  que  chamam  de  “projeto  ZFM”,  de  forma  que  este  novo,  oriente  sua produção a partir de matérias primas extraídas da região, acreditando ser esta a chave para manutenção e sustentabilidade do modelo e os que o valorizam, pelo que este já proporcionou  à  região,  levando  em  consideração  o  status  econômico  ao  qual  se encontrava a região antes da  implantação do modelo, com o que possui atualmente, pois  se  compararmos  o modelo  a  outras  políticas  utilizadas  como  tentativa  para  se 

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alcançar  o  desenvolvimento  da  Amazônia  Ocidental,  podemos  considerar,  que  este apesar das dificuldades enfrentadas tem sido o de maior sucesso, cuja duração já atingiu seus  48  de  pleno  funcionamento  e  garantiu,  por  meio  da  Emenda  Constitucional 83/2014,  assinada  pela  Presidente  do  Brasil  Dilma  Rousseff,  a  prorrogação  dos incentivos fiscais especiais por mais 50 anos, ou seja, até 2073. De acordo com o Portal Brasil  (2014), o então superintendente da SUFRAMA, Thomas Nogueira, diante de tal conquista, afirmou que: 

Agora,  pode‐se  comemorar  a manutenção,  pelo menos  por  cinco novas décadas, de um modelo econômico estratégico que emprega, preserva,  integra e distribui  riquezas,  exercendo,  enfim, um papel decisivo  na  consolidação  de  novas  fronteiras  de  desenvolvimento para todo o País. 

Para os críticos do modelo essa prorrogação é prejudicial, pois o mantém na dependência  dos  incentivos  fiscais,  quando  poderia  intensificar  sua  política  de manutenção tendo como base, as riquezas locais. Para Nascimento (2004, p. 183): 

[...] o maior problema da Zona Franca de Manaus parece localizar‐se 

não apenas no seu modelo, pois produziu recursos que poderiam ter 

sido  aplicados  na  dinamização  da  economia  regional, mas  resulta 

também das prioridades de  investimento, definidas no âmbito das 

estruturas e do poder político. 

O modelo, na visão de Corrêa, exposta em audiência pública realizada em março do  ano  corrente,  enfrenta  entrave  que  acabam  desmotivando  o  empresário  com interesse em implantar sua empresa, pois com a grande burocracia que deve enfrentar antes  de  enfim  instalar  sua  empresa,  o  empresário  acaba  optando  pela  desistência. Corrêa enfatiza ainda que: 

Ou  se  toma  consciência  de  que  a  disputa  por  novos 

empreendimentos  é muito  grande  e diminui‐se  a  burocracia  ou  o 

Amazonas  irá continuar perdendo  [...]. As  travas causam perda de 

postos de trabalho,  impedem a criação de novos empregos, fazem 

cair a arrecadação de impostos e viram um efeito dominó, que acaba 

prejudicando a todos[...]. 

Dificuldades  e  entraves  à  parte,  Andrade  (2012,  p.  88),  afirma  que  “a implantação  da  Zona  Franca  de Manaus,  na  segunda metade  do  século  20, muda  a configuração  social  e  política  da  região  e,  mais  especificamente,  do  Estado  do Amazonas”. O autor assegura que “a cidade de Manaus comporta metade da população do  Estado”.  No  entanto,  a  dimensão  da  importância  do  modelo  ZFM,  entretanto, “transcende à própria  região, na medida em que dele migra efeitos positivos para o Brasil”. Desta forma “o modelo contribui para a resolução das disparidades regionais, pois contempla a União com boa parte de seus recursos e esta os aplica em todo o país”. Botelho (2006, p. 36,46) e Fenzl, respectivamente. Bispo (2009, p.12), descreve que: 

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A  importância  do  modelo  ZFM  depende  de  legislações  federal, 

estaduais  e  municipais,  razão  pela  qual,  de  tempos  em  tempos, 

outras  unidades  da  Federação  questionam  a  sua  importância  e 

validade.  Argumenta‐se  que  a  ZFM  não  passa  de  um  entrave 

econômico onerosos para o país e suas indústrias, uma vez que os 

incentivos  fiscais  (isenções  e  reduções)  não  são  cobertos  pelos 

impostos  pagos.  Por  outro  lado,  os  defensores  do modelo  contra 

argumentam  apresentando  os  dados  de  arrecadação  federal, 

estadual e municipal, além de outros indicadores sociais, dentre eles, 

o faturamento das empresas instaladas na Zona Franca de Manaus e 

o número de empregos gerados. 

Nascimento  (2014)  cita  as  palavras  do  então  superintendente  da  SUFRAMA, Thomas Nogueira, onde este fala que "de 2003 a 2013 nós arrecadamos R$ 70 bilhões de impostos federais, recebemos de volta, no mesmo período, R$ 18 bilhões. Ou seja, além de não ser um paraíso fiscal, a ZFM ainda ajuda a desenvolver o Brasil como um todo".  No  entanto,  embora  os  ganhos  positivos  oriundos  do  modelo  tenham  sido significativos, Andrade (2012, p. 97) aponta alguns efeitos negativos, ocasionados pelo crescimento desordenado, afirmando que: 

Seria  pouco  provável  imaginar  que  uma  cidade,  que  alcançou  em 

pouco tempo um crescimento tão acentuado, sendo hoje a sétima 

capital  mais  populosa  do  país,  não  trouxesse  nesse  processo 

problemas sociais, desempregos, violência, aumento da degradação 

ambiental, aumento do custo de vida etc. 

Diante  da  imensidão  territorial  conter  todas  as  mazelas  acarretadas  pelo aumento do contingencial humano não seria uma tarefa fácil, principalmente quando se sabe que esta não é de fácil realização nem em áreas significativamente menores. Obviamente  não  se  pretende  aqui  criticar  à  ausência  de políticas  públicas  para  uma melhoria  da  vida  da  população,  nem  tão  pouco  analisar  a  eficácia  ou  ineficácia  das existentes. Cabe aqui demonstrar a  importância desta ferramenta político‐econômica que é o modelo ZFM, para a capital do Estado do Amazonas, para tanto se fez necessário compreender,  por  mais  que  superficialmente  o  processo  de  implantação  desta ferramenta  que  detém  tamanha  importância  no  relacionamento  econômico  da Amazônia Ocidental com o restante do país e com o mundo, dando importância não só à  região,  mas  também  ao  berço  da  SUFRAMA,  onde  se  centralizam  boa  parte  das atividades desenvolvidas pelo modelo. 

De acordo com (SUFRAMA, 2015) a história do modelo ZFM divide‐se em cinco fases distintas, a primeira, vivida entre os anos 1967 e 1975 foi marcada pela política de substituição  de  importação,  predominando  a  atividade  comercial  e  grande movimentação de turismo interno, ausência limite de importação, inauguração do PIM e início da atividade industrial. 

A  segunda  fase,  estende‐se  de  1975  à  1990,  marcada  pelo  aumento  das indústrias de montagem, extensão dos incentivos para a Amazônia Ocidental, criação da 

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primeira  Área  de  Livre  Comércio  ‐  ALC,  no  interior  do  estado  do  Amazonas  e  pela prorrogação da vigência da Zona Franca de 1997 para 2007, por meio do Decreto nº 92.560/86 e depois para 2013 pelo Artigo 40 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal. 

Na  terceira  fase,  que  perdurou  de  1991  até  1996,  a  redução  impostos  de importação foi estendida às demais localidades do país, houve readaptação do modelo às  novas  políticas  industriais,  utilização  dos  Processos  Produtivos  Básicos  ‐  PPBs  e intensificou‐se a busca pela qualidade do produtos. 

A quarta  fase,  compreendida entre 1996 e 2002,  sofreu  fortes  influências da globalização  da  economia,  a  produção  passa  a  ser  orientada  para  exportação,  neste período foi criado o Tecnologia e Inovação do Polo Industrial de Manaus ‐ CT‐PIM e o Centro de Biotecnologia da Amazônia ‐ CBA, ambos pensados para o desenvolvimento tecnológico  e  aumento  da  competitividade,  neste  período  também  iniciam  as realizações  de  feiras  internacionais,  como  estratégia  para  inserção  internacional  do modelo. 

Na quinta fase ou fase atual, a partir de 2002, até os dias atuais, continua a busca pela expansão das exportações e por avanços tecnológicos que beneficiem a produção industrial e aumente a competitividade dos produtos produzidos no modelo. Nesta fase além da contínua busca por novos investidores, é marcada pela busca de "cooperação técnico‐científica com instituições nacionais e internacionais". (SUFRAMA, 2015) 

 2.3  DIFERENCIAIS  COMPETITIVOS  QUE  SUSTENTAM  O MODELO  ZONA  FRANCA  DE MANAUS 

 A ZFM possui uma localização geográfica estratégica, com relação aos mercados 

mundiais,  “tendo  em  vista  sua  posição  central  em  relação  aos  blocos  econômicos”, como Mercosul e Nafta, entre outros,  facilitando assim suas exportações entre estes (SUFRAMA). Para Braga e Magalhães (2009, p. 74) “o grande atrativo da ZFM, enquanto localização  de  investimentos,  é  o  acesso  irrestrito  ao  mercado  de  180  milhões  de brasileiros,  com  incentivos  fiscais”.  Neste  sentido  a  ZFM  possui  privilégios  fiscais diferenciados em se comparando às demais regiões do país, além dos incentivos fiscais oferecidos pelo governo federal, o investidor que instala sua indústria no Polo Industrial de Manaus, conta ainda com vantagens tributárias ofertados pelo governo do estado do Amazonas e do município de Manaus, tais políticas são justificadas pelo Estado como 

tentativa  de  amenizar  as  disparidades  regionais.  “A  isenção  ou  redução  de impostos,  especialmente  o  de  importação  para  certas  áreas  carentes funciona,  como  se  fosse  uma  abertura  de  portos,  pode  ser  uma compensação importante e justificável para Manaus” (Araújo 1985, p. 188). Assim, a autora define as Zonas Francas como mecanismos utilizados para desenvolver países subdesenvolvidos, neste sentido os países necessitam oferecer vantagens para atrair investimentos externos: 

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Assim,  sob  a  justificativa  de  que  a  implantação  de  empresas modernas,  irá  trazer  o  desenvolvimento  da  região,  estes  países oferecem  todas  as  facilidades  ao  capital  para  a  instalação  das indústrias: incentivos fiscais generosos e amplos e força de trabalho barata.  [...] Em todos os países em que existem Zonas Francas, no entanto, há um ponto em comum funcionando como atrativo para os investimentos: as isenções fiscais. E a Zona Franca de Manaus não fugiu à regra.  

No caso do modelo ZFM a ausência de atrativos tornou necessária a tomada de medidas pelo Governo para atrair investidores a implantarem suas empresas na região, já que este tinha como objetivo “melhorar a situação socioeconômica da região, através do  estabelecimento  de  núcleos  comercial,  industrial  e  agropecuário  na  capital amazonense e adjacências” (Pereira 2006, p. 17). Neste sentido, Ribeiro (2008, p. 329), afirma  que  “os  incentivos  fiscais  concedidos  na  Zona  Franca  de Manaus  constituem primordial  importância  para  a  promoção  do  equilíbrio  regional,  incentivando  e estimulando o crescimento da região amazônica”. 

Acerca do desenvolvimento regional, Oliveira (2011, p. 29‐31), menciona duas teorias, a primeira é a teoria da Base Exportadora, de autoria de Douglas C. North, criada “com o intuito de corrigir as inadequações das teorias da localização e do crescimento regional  para  explicar  a  dinâmica  da  economia  norte  americana”.  A  segunda  teoria abordada pelo autor, é a teoria dos Polos de desenvolvimento, de autoria do economista francês,  François  Perroux,  o qual  “idealizou essa  teoria  após estudar  a  concentração industrial na França, em torno de Paris; e na Alemanha, no vale do Ruhr”. No tocante a esta teoria com relação ao modelo ZFM, o referido autor, afirma que: 

 O modelo Zona Franca de Manaus foi fortemente influenciado pela 

teoria dos polos de  crescimentos. O polo de  crescimento pode  se 

transformar em polos de desenvolvimento, para tanto é necessário 

que  sejam  geradas  transformações  estruturais  no  sentido  de 

promover  uma  expansão  da  produção  e  do  emprego  no 

macroambiente em que atue. E no caso específico de Manaus, não 

existia nenhum fator  localizacional preponderante, por  isso, que o 

governo idealizou um polo focado num elenco de incentivos fiscais e 

creditícios que serviriam para atrair os investidores para a região. 

Ferreira, (2015, p. 1) atesta que “[...] inaugura‐se o ciclo dos Incentivos, a partir da criação da Superintendência para a Valorização Econômica da Amazônia ‐ SPVEA, e da Zona Franca de Manaus em 1957, esta, inicialmente simples entreposto comercial”. O autor argumenta que foram criados incentivos fiscais capazes de permitir a instalação de empresas industriais dependentes de elevada quantidade de insumos importados e cujos  produtos  tinham  no  âmbito  nacional  os  seus  custos  agravados  por  alta  carga tributária. 

Para Fenzl, “é  importante ressaltar que todas as empresas que usufruem dos benefícios  fiscais  inerentes à ZFM, estão obrigadas a cumprir um Processo Produtivo 

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Básico ‐ PPB, que é a contrapartida principal aos incentivos”. Esta afirmação se confirma nas palavras de Braga e Magalhães (2009), pois segundo eles, “[...] o sistema utiliza o mecanismo  do  Processo  Produtivo  Básico  (PPB)  como  uma  forma  de  restringir  a implantação, na ZFM (com o gozo dos incentivos), apenas dos setores e subsetores que têm PPB aprovado [...]”. 

Outro  diferencial  competitivo  em  favor  à  ZFM,  está  em  sua  capacidade  de permitir a integração econômica do interior da Amazônia Ocidental, sem prejuízo ao seu patrimônio  ambiental,  ou  seja,  ao  mesmo  tempo  em  que  contribui  para  o desenvolvimento da região, contribui para conservação de 98% de sua floresta, segundo dados da SUFRAMA. O modelo possui grandes vantagens ambientais, pois localiza‐se no seio da maior  floresta tropical do planeta e na maior bacia de água doce do mundo, contribuindo com a preservação destes bens de importância mundial, outra vantagem de sua  localização é que o estado onde está  localizado,  faz  fronteira com três países (Peru,  Venezuela  e  Colômbia),  podendo  explorar  esses  mercados  e  ampliar  suas exportações. 

2.3.1 Conceito de Incentivos Fiscais 

Conceituar os incentivos fiscais não é tarefa simples, para Batalha (2005, p. 61) “incentivo fiscal é modalidade isencional na cobrança da exação, seja ela total ou parcial, mediante supressão ou mitigação do valor de alíquota, instituindo objetiva diminuição de  carga  fiscal”  sendo  assim,  configura‐se  um  dos  meios  utilizados  pelas  políticas econômicas na busca pela atração de investimentos. Melo Filho (1976, p. 154), afirma que: 

Incentivo  é  um  benefício  econômico,  fiscal  ou  jurídico,  em  favor 

daquele que cumpre certa operação correspondente a uma diretiva 

de política econômica de um Estado que tem, finalidade, precípua e 

justiça  econômica‐social.  [...]  representa  uma  das  características 

mais  expressivas  da  sociedade  tecnológica  e  de massa,  na  qual  o 

conformismo  passivo‐repressivo  da  sociedade  tradicional  foi 

substituído pela participação ativa e estimulante.  

Ávila  (1973,  p.  52)  vem  complementar  a  denominação  do  referido  autor, afirmando que os incentivos fiscais: 

[...]  correspondem  a  medidas  legislativas  de  redução  do  ônus 

tributário,  caracterizando‐se  por  sua  atuação  com  o  objetivo  de 

canalizar, para certas atividades produtivas ou determinadas regiões 

geográficas ou mesmo setores econômicos ainda não devidamente 

explorados,  recursos  eternos  à  economia  própria  das  empresas, 

setores econômicos ou regiões geográficas visadas. 

Os incentivos fiscais de acordo com Salazar (2006, p. 277), se configuram parte da tentativa de promoção do desenvolvimento para a região, desde a década de 1750, visto que é possível notar que a medida vem sendo utilizada como forma de compensar as dificuldades regionais em se tratando de localização, acesso e infraestrutura. Para a 

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Amazônia  Ocidental  estes  instrumentos  foram  concedidos  por  meio  do  Decreto‐Lei 288/67,  com  duração  estipulada  para  30  anos,  sendo  alterada  mediante  a  nova Constituição Federal – CF de 1988, estabelecendo novo prazo de 25 anos, a partir da promulgação  da  Carta  Magna.  Uma  quarta  prorrogação  dos  incentivos  ocorreu mediante promulgação em 2014 da Emenda Constitucional – EC 83, a qual criou o artigo nº 92‐A, no ADCT, da CF, estendendo por mais 50 anos, ficando os benefícios vigentes agora  até  2073  (SUFRAMA).  A  respeito  da  concessão  e  gozo,  Botelho  (2006,  p.  35) destaca que “os incentivos fiscais [...] somente serão gozados com a realização comercial da produção, especificidade que difere positivamente o modelo dos demais modelos de desenvolvimento regional”.  

De acordo com o exposto no sitio da SUFRAMA, as importações em regime de Drawback gozam dos seguintes benefícios de isenção ou suspensão: 

Quadro 1 ‐ Benefícios de Isenção e Suspensão de Impostos 

Modalidade  Benefício 

 Suspensão 

Imposto de Importação ‐ II Imposto sobre Produtos Industrializados ‐ IPI Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Intermunicipal e Interestadual e de Comunicação ‐ ICMS Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante ‐ AFRMM Nessa modalidade inclui‐se a alternativa de ser um regime estendido também às operações de venda de máquinas e equipamentos no mercado interno, quando essas vendas foram contempladas por licitação internacional, contra pagamento em moeda conversível proveniente de financiamento internacional. 

Isenção 

Imposto de Importação ‐ II Impostos sobre Produtos Industrializados ‐ IPI Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante ‐ AFRMM Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado ‐ RECOF 

 

Fonte: SUFRAMA (2011)  

Para Fenzl “a Zona Franca de Manaus não pratica guerra fiscal, pois os benefícios do ICMS estão amparados no art. 15 da LC 24/75, constitucionalizado pelo art. 40 e 92 do  ADCT  da  Carta  de  1988,  conforme  entendimento  já  manifestado  pelo  próprio Supremo  Tribunal  Federal”.  Os  incentivos  fiscais  concedidos  à  ZFM,  não  objetivam somente atrair investimentos, neste sentido, Bispo (2009, p. 11, 12) afirma que: 

O modelo de desenvolvimento industrial da Zona Franca de Manaus 

está alicerçado em Incentivos Fiscais e Extras‐Fiscais concedidos às 

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empresas  que  ali  se  instalam.  Para  obter  a  concessão  desses 

incentivos, a empresa necessita apresentar um projeto econômico 

com requisitos financeiros, sociais e ambientais, além de cumprir um 

Processo Produtivo Básico (PPB), que se define como um conjunto 

mínimo de operações a serem praticadas pelas empresas industriais 

beneficiárias. A ideia é permitir a absorção de tecnologia, alavancar 

o  processo  de  crescimento  e  desenvolvimento  da  região  onde  a 

empresa se localiza. 

Com  a  publicação  da  Lei  8.387  de  30  de  dezembro  de  1991,  ocorre  uma flexibilização na  sistemática de concessão de  incentivos  fiscais à produção  industrial, considerando a não exigência dos índices mínimos de nacionalização. (FERREIRA 2015 p. 18‐19) 

Diante disso, podemos verificar que os entraves à concessão desses incentivos, buscam também evitar a entrada de empresas que visão a concorrência desleal, ou seja, empresas  que  ali  se  instalariam  sem  nada  oferecer  em  troca  e  ainda  prejudicar  a economia  local. No  entanto,  quando  Serafim Correia,  afirma que,  ou o  Estado  toma medidas para reduzir os tramites burocráticos e acelerar o processo de concessão destes benefícios ou o “Estado” continuará perdendo e quando se fala em “Estado”, trata‐se de  Brasil  e  não  apenas  de  Amazonas,  pois  além  da  maioria  dos  recursos  serem repassados  a  União  para  serem  aplicados  nos  demais  estados  da  federação,  os empregos  ali  ofertados,  certamente  não  beneficiam  somente  manauaras  ou amazônidas, certamente ali encontram‐se mão de obra vinda de outras regiões, porém, não adentraremos neste assunto. 

 2.3.2 Vantagens e Desvantagens dos Incentivos Fiscais para o modelo Zona Franca de Manaus 

 A política de abertura brasileira para Investimento Externos Diretos – IEDs tem 

se configurado em uma ameaça ao modelo ZFM, neste sentido é preciso que se pense em estratégias bem mais significativas, que apenas a oferta de incentivos fiscais, pois estes não são suficientes para a atração de  IEDs,  sejam estes  já atuantes ou não, no Brasil, nacionais ou não, pois, a ausência de novas estratégias faz com que o modelo perca investidores para outras regiões do Brasil ou até mesmo para outros países, os quais oferecem melhores infraestruturas e melhores incentivos.  

O exposto por pelos autores, não caracteriza os incentivos como vantagens ou desvantagens, os mesmos orientam para a necessidade de novas medidas que possam contribuir  com  a  oferta  dos  incentivos,  já  que  não  é  suficiente  para  a  atração  de investimentos, orienta também que estas medidas busquem satisfazer as empresas já instaladas, para que possam melhor contribuir. Botelho, (2006, p. 35) enfatiza que os incentivos  fiscais  concedidos  somente  são  gozados  com  a  realização  comercial  da produção, especificidade que difere positivamente o modelo dos demais modelos de desenvolvimento regional. 

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Os  benefícios  sociais  do  modelo  ZFM  se  mostraram  superiores  aos  custos sociais,  tendo em vista  que o  crescimento do PIM  também gera  aumento de outros impostos,  tanto federais, como estaduais  (OLIVEIRA & SOUZA 2012, p. 14). Quanto a concessão e utilização dos  incentivos  ficais  como política de desenvolvimento para a região, Bispo (2009, p. 10) afirma que “a discussão sobre a concordância e validade dos incentivos  fiscais proporcionados pelo modelo  industrial Zona Franca de Manaus aos investimentos instalados naquela região é uma constante nos meios empresariais”.  

Segundo  o  autor,  a  oferta  desses  incentivos  ao  modelo  é  alegada  pelos empresariados de outras regiões do Brasil como incentivo à concorrência desleal. Sabe‐se, pois, que a discórdia quanto a esta medida é assunto que preexiste desde muito tempo  e  que  repercutirá  por  muitos  anos,  pois  escalas  visionárias  muito  amplas  e dificilmente se chegará a um consenso que agrade à todas as esferas, seja no âmbito empresarial, seja no governamental. Miranda (2013), faz comparação do modelo ZFM com as Zonas de Processamento de Exportações instaladas na China, sua análise se volta para o sucesso que o modelo chinês alcançou utilizando ferramentas semelhantes às utilizadas  pelo  Brasil,  como  política  de  desenvolvimento  e  integração  da  Amazônia Ocidental.  Suas  críticas,  são  voltadas  para  os  incentivos  oferecidos,  principalmente, quanto à durabilidade dos mesmos, neste ponto, o autor configura os incentivos fiscais, quanto a sua durabilidade, como desvantagem, pois nos modelos chineses que tanto vem dando certo, estes são decrescentes, enquanto no modelo brasileiro, a concessão é mantida ao longo do tempo. Outro fator que contribui para o insucesso do modelo, segundo o autor, em relação ao chinês, é a orientação do mercado, enquanto o chinês esteve sempre voltado ao mercado externo, o brasileiro, limitou‐se à substituição das importações  e  ao  atendimento  do mercado  interno.    Quanto  a  oferta  de  incentivos fiscais  avantajados,  acredita‐se  que  careçam  de  uma  continua  e  severa  fiscalização, quanto ao cumprimento das exigências. 

Nota‐se que o autor é bastante crítico ao modelo, no entanto deve‐se levar em consideração, pois suas preocupações são relevantes à continuidade do modelo. Pois na concepção do autor, é  imprescindível que ocorra a concessão dos  incentivos, porém, apenas na  fase  inicial, até que as empresas se estabeleçam e não  ininterruptamente como vem ocorrendo desde a implantação do modelo. Neste sentido, percebe‐se que os  autores  aqui mencionados  classificam os  incentivos  fiscais  ofertados,  tanto  como vantagem,  quanto  como  desvantagem,  ou  seja,  assim  como  são  relevantes  à manutenção  do modelo,  também  são  prejudiciais,  pois  impedem  de  certa  forma,  a busca por novos investimentos, levando ao Estado ou à administradora a permanecer em uma zona de conforto.  

 2.4 CONTRIBUIÇÕES DO MODELO ZONA FRANCA DE MANAUS PARA O CRESCIMENTO ECONÔMICO DA CIDADE DE MANAUS 

Pretende‐se  aqui  demonstrar  algumas  das  contribuições  do  modelo  para  o crescimento econômico da cidade de Manaus por meio dos setores que formam seu tripé de sustentação, sendo o setor industrial, com o Polo Industrial de Manaus ‐ PIM, o setor comercial, e o setor agropecuário, o qual encontra‐se afastado da cidade, porém não  deixa  de  dar  contribuições  ao  seu  crescimento  econômico.  No  entanto,  vale 

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ressaltar que o presente estudo realizou‐se sob dados secundários, sabendo‐se que as contribuições podem ser bem maiores do que as que aqui serão explanadas. 

A geração de empregos pelas empresas do setor comercial incentivadas, sejam eles diretos ou indiretos, tem se configurado em grande contribuição do modelo para a cidade, visto que a renda advinda dos empregos gerados movimenta grande parte da economia  da  cidade.  A  produção  advinda  do  modelo,  atende  o  mercado  regional, nacional e internacional, contribui também para o aperfeiçoamento tecnológico do país. A  figura  2  apresenta  a  evolução  do  faturamento  do  Polo  Industrial  de  Manaus  no período de 2002 a 2012. 

                Figura 2: Evolução do faturamento do PIM                              Fonte: SUFRAMA (2011)    A  partir  destas  informações,  é  possível  constatar  que o  faturamento  do PIM durante  o  período,  se  demonstrou  crescente,  exceto  pela  queda  no  ano  de  2009, período em que a economia mundial encontrava‐se ainda atingida pelos efeitos da crise de  2008.  Como  importante  impulsionador  da  movimentação  econômica,  o  setor comercial, parte  integrante do tripé de atividade objetivado no âmbito da criação do modelo,  desde  sua  fase  inicial  vem  contribuindo  para  a  geração  de  renda  local, principalmente pela instalação das importadoras, que influenciavam o turismo interno, nos dias atuais este, “continua em franca expansão, comercializando bens importados e nacionais, com elevado nível de emprego” (SEPLANCTI, 2015).    O Distrito Agropecuário localizado à 30km da capital, também tem contribuído fortemente  para  a  economia  da  cidade,  pois  ali  são  desenvolvidos  “projetos  de agropecuária,  colonização,  turismo  ecológico,  mineral  e  áreas  institucionais  de preservação  ambiental  e  pesquisa”  (SUFRAMA  2011).  Sua  relevância  reflete diretamente na conservação ambiental da região, pois se configura em uma alternativa para  aqueles que dependiam principalmente da extração madeireira,  ou  até mesmo abertura  de  áreas  verdes  para  cultivos  de  subsistência.  Para  se  ter  uma  ideia  da 

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dimensão da importância deste modelo para o desenvolvimento econômico da cidade de  Manaus,  Ferreira  (2015.  p.  5),  afirma  que  “o  funcionamento  da  Zona  Franca estimulou, já em 1967, a abertura de 898 firmas comerciais e industriais na Cidade de Manaus,  116  de  grande  porte,  resultando  em  considerável  incremento  na  oferta  de emprego”. Ou seja, desde sua criação, o modelo tem demonstrado grande contribuição ao desenvolvimento da cidade.   Diante do exposto acima, pode‐se perceber que compromisso do governo federal em  desenvolver  a  Amazônia  Ocidental,  firmado  pelo  de  Decreto‐Lei  288/67,  tem  se consolidado por meio das ações desenvolvidas pela SUFRAMA e que o modelo ZFM tem sido um  instrumento de  grande  importância para  a  formação econômica e  social  da cidade  de  Manaus,  sendo  considerado  o  mais  bem‐sucedido  modelo  de desenvolvimento regional brasileiro. 

O quadro 2, apresentado abaixo, demonstra arrecadação do estado por meio da ZFM, o montante disponibilizado para o restante o país e o que volta para a região, ao verificar a diferença deste montante, percebe‐se que a quantia transferida para a região é pequena diante do que permanece nos cofres federais para aplicação no restante do país, no entanto vale salientar que este é uma ferramenta do governo federal.  Quadro 2: Arrecadação x Transferência 

ANO AMAZONAS  Disponibilizados para 

todo o País Arrec.  Trans.  % 

2003  2.883.491.705  824.988.519  28,60%  2.058.503.186 

2004  4.340.150.439  943.841.890  21,70%  3.396.308.549 

2005  4.141.966.827  1.122.259.015  27,10%  3.019.707.812 

2006  4.899.466.496  1.245.487.691  25,40%  3.653.978.805 

2007  5.633.288.895  1.435.283.069  25,50%  4.198.005.826 

2008  7.156.453.867  1.756.740.341  24,50%  5.399.713.526 

2009  6.283.046.181  1.716.429.643  27,30%  4.566.616.538 

2010  7.448.084.151  1.987.966.243  26,70%  5.460.117.908 

2011  8.599.259.853  2.322.834.483  27,00%  6.276.425.370 

2012  8.958.752.913  2.535.588.853  28,30%  6.423.164.060 

 

TOTAL 60.343.961.327  15.891.419.747  26,47%   44.452.541.580 

Fonte: Receita Federal do Brasil (2012) Adaptado pelo autor 

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 Ao  realizar  a  leitura  do  quadro  2,  nota‐se  que  a  ZFM  arrecadou  durante  o 

período de 2003 a 2012 R$ 60.343 bilhões, dos quais, apenas R$ 15.891 bilhões foram remetidos ao estado, sendo então entregue aos cofres da União para serem aplicados nos demais estados da federação, R$ 44.452. Neste sentido, percebe‐se que o modelo, não só tem sido o grande propulsor do desenvolvimento econômico da capital onde está localizado, do estado e da Amazônia Ocidental, como também contribui com o restante do  país,  configurando‐se  assim,  em  vantagem  da manutenção  dos  incentivos  fiscais concedidos ao modelo. 

 2.4.1. Empregabilidade e outras contribuições 

 De acordo com Souza (1997, p. 96) o crescimento da massa salarial aumentaria 

a dimensão do mercado, além de facilitar o aumento da divisão do trabalho, reiniciando assim o processo cumulativo de crescimento. O Ministério do Trabalho e Emprego – MTE,  define  massa  salarial  como  "o  resultado  entre  a  remuneração  média  dos empregados e o número de empregos".  De acordo com Araújo e Dantas (2004, p. 292): 

 A  Superintendência  da  Zona  Franca  de Manaus  –  SUFRAMA  atua como  agência  promotora  de  investimentos,  tendo  a responsabilidade  de  identificar  alternativas  econômicas  e  atrair empreendimentos  para  o  Amazonas,  com  o  objetivo  de  gerar emprego e renda a população. 

Os resultados positivos alcançados com a Zona Franca de Manaus, permitem que a Suframa cumpra plenamente sua função de agência do  desenvolvimento  regional,  que  também  prioriza  e  estimula  os investimentos em capacitação científica, tecnológica e de inovação, condições  necessárias  para  impulsionar  o  uso  sustentável  das potencialidades amazônicas. 

Os empregos gerados por meio do PIM são responsáveis por grande parte da movimentação econômica do setor comercial da Manaus. A tabela 1 a seguir apresenta a evolução da mão-de-obra empregada no PIM correspondente ao período de 2003 a 2012, demonstrando a contribuição do modelo, no que refere a geração de emprego na capital amazonense.

 

 

 

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Tabela 1: Mão-de-obra empregada no PIM (2003-2012)

Média mensal de mão‐de‐obra ocupada no PIM (*)  

 2003 

 2004 

 2005 

 2006  2007  2008  2009  2010 

 2011 

 2012 

 64.971  9.381 

 89.869 

 98.666  98.720  106.914  92.700  92.862 

 110.683 

 111.819 

     (*) Exceto mão‐de‐obra terceirizada e temporária.      FONTE: COISE/CGPRO/SAP. (2012)      Adaptado pelo autor  

  A tabela 1, apresenta a mão‐de‐obra empregada no Polo Industrial de Manaus  no  período  de  2003  a  2012,  observa‐se  conforme  os  dados,  uma  elevação constante do número de empregos gerados entre 2003 e 2008, ocorrendo queda em 2009, mantendo número similar em 2010, vale ressaltar que, durante este período a economia mundial encontrava‐se em crise, nota‐se que em 2011 e 2012 o número volta a  ser  crescente.  Notando  que  os  números  apresentados  não  incluem  os  empregos indiretos, nem a mão‐de‐obra terceirizada. Bispo (2003, p. 75) observa que: 

Dentre as inúmeras vantagens para a economia nacional, resultantes 

desse beneficiamento, processamento e transformação do produto 

em território nacional, destaca‐se a incorporação da mão‐de‐obra e 

materiais  nacionais,  em  forma  não  elaborada,  proporcionando  a 

geração de emprego e de renda. 

  De  acordo  com  dados  da  Nota  Técnico  do  Departamento  Intersindical  de Estatísticas  e  Estudos  Socioeconômicos  ‐  DIEESE  o  número  de  empregos  formais  no Amazonas em 2013 era de 616.377, sendo o estado que mais possui empregos informais dentre os estados de abrangência do modelo Zona Franca de Manaus.  (Nota Técnica 2014, p. 5).    A autarquia contribui ainda com as obras de infraestrutura e revitalização, por meio  de  financiamento  de  obras,  como  por  exemplo  a  de  revitalização  do mercado municipal Adolfo Lisboa; promoção do turismo regional, desde o início de sua atuação até  os  dias  de  hoje;  promoção  da  marca  da  Amazônia,  por  meio  da  participação  e realização  de  feiras  internacionais.  (SUFRAMA,  2015).  Os  estados  que  compõem  o modelo ZFM, principalmente o Amazonas vem aumentando suas participações no PIB do país, segundo IBGE (2015), "o PIB corresponde ao total dos bens e serviços gerados na região". A tabela 2 a seguir apresenta o PIB gerado por estes estados no período de 2003 a 2012.      

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Tabela 2: PIB dos Estados que compõem o modelo ZFM (1 000 000 R$) 

Estado  Rondônia  Acre Amazonas Roraima Amapá  Brasil 

2003  9.751  3.305 24.977 2.737 3.434  1.699.948 

2004  11.260  3.940 30.314 2.811 3.846  1.941.498 

2005  12.884  4.483 33.352 3.179 4.361  2.147.239 

2006  13.107  4.835 39.157 3.660 5.360  2.369.484 

2007  15.003  5.761 42.023 4.169 6.022  2.661.345 

2008  17.888  6.730 46.823 4.889 6.765  3.032.203 

2009  20.236  7.356 49.614 5.593 7.404  3.239.404 

2010  23.561  8.477 59.779 6.341 8.266  3.770.085 

2011  27.839  8.794 64.555 6.951 8.968  4.143.013 

2012  29.352  9.629 64.120 7.314 10.420  4.392.094 

Fonte:  IBGE,  em  parceria  com  os  órgãos  de  Estatística,  Secretarias  Estaduais  de  Governo  e Superintendência da Zona Franca de Manaus. (2012)     Em observação ao exposto IBGE, nota‐se que o Estado do Amazonas é dentre os que fazem parte do modelo ZFM, o que tem maior participação no PIB Nacional, não há dúvida  de  que  o  fato  se  deva  à  contemplação  do  PIM  na  capital Manaus.  A  seguir apresenta‐se outras possíveis contribuições por meio de dados comparativos expostos pela SUFRAMA de antes da implantação do modelo até o ano de 2012.  Quadro 3:  Indicadores Municipais Comparativos 

INDICADORES MUNICIPAIS ANTES DA ZFM 45 ANOS DE ZFM

UNIVERSIDADES E FACULDADES 1 13

CURSOS DE MESTRADO E DOUTORADO 0 20

CENTROS DE PESQUISA 2 8

POPULAÇÃO 254.000 1.738.641

ESCOLAS ESTADUAIS 6 335

INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 8 464

PIB AMAZONAS/ PIB BRASIL 0,6 1,58

PIB PER CAPITA AMAZONAS - 11.829

INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO 173 600

BAIRROS 31 119

FROTA DE VEÍCULOS 828 400.254

SHOPPING CENTERS 0 5

  Fonte : COGEC/SUFRAMA (2015)   

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  As informações apresentadas no quadro 3, mostram um panorama da cidade de Manaus, antes da implantação do modelo e após 45 anos de funcionamento, portanto, diante de sua magnitude, pode‐se atrelar a este, grande contribuição para o crescimento da cidade de Manaus.    O modelo proporcionou à cidade, a implantação de dois grandes investimentos voltados ao desenvolvimento tecnológico, trata‐se do Centro de Ciência, Tecnologia e Inovação do Polo Industrial de Manaus ‐ CT‐PIM, inaugurado em 2003, o qual segundo a SUFRAMA "é resultado das ações do planejamento estratégico da SUFRAMA, com o objetivo de assegurar a sustentabilidade do modelo Zona Franca de Manaus" e ampliar a competitividade das empresas do PIM. E do Centro de Biotecnologia da Amazônia ‐ CBA, este " foi criado no âmbito do Programa Brasileiro de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade ‐ PROBEM, inscrito no Primeiro PPA‐ Plano Plurianual do Governo Federal", também como estratégia para desenvolver pesquisa a partir dos recursos naturais da própria região. Estes contam ainda com a parceria de órgãos do governo estadual e de empresas privadas para elaboração de projetos e financiamentos de pesquisa. (SUFRAMA, 2015)    Neste  sentido  a  autarquia  têm  investido  na  busca  pela  maior  inserção  dos produtos  no  mercado  interno  e  externo,  almejando  maiores  participação  nas exportações  da  região.  Sobre  estas,  vale  ressaltar,  sua  grande  contribuição  no crescimento econômico da cidade, assim como da região e porque não dizer, do país como um todo.   Como contribuição do modelo para o crescimento econômico da capital, não se pode deixar de citar as exportações, visto que, o modelo a partir de sua segunda fase de funcionamento  tem  orientado  sua  produção  para  as  exportações,  principalmente, devido a necessidade de novos mercados.  Tabela 3: Evolução das exportações  

Evolução das Exportações em US$ bilhões (2002‐2008) 

2002  2003  2004 2005 2006 2007  2008* 

1,064  1,299  1,157 2,143 1,533 1,107  452 

Fonte: Sistema Alice/MDIC (2008) * Dados até maio 

   A  partir  dos  dados  apresentados  pelo MDIC  (2008),  pode‐se  observar  que  a maior  participação  foi  no  ano de  2005,  quando o  valor  das  exportações  atingiu US$ 2,143 bilhões e que nos dois anos seguintes houve declínio, porém vale ressaltar que a política de orientada à exportação ainda é recente.  3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 As  grandes  mudanças  vinham  ocorrendo  no  mundo  todo,  no  Brasil  havia  a 

necessidade  de  buscar  mecanismos  para  o  desenvolvimento  das  regiões  norte  e 

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nordeste. Baseado nas Teorias de John M. Keynes, o modelo Zona Franca de Manaus faz‐se  presente  na  região  graças  à  intervenção  do  governo  federal  na  Amazônia, sobretudo  na  Amazônia  Ocidental,  com  o  intuito  de  promovê‐la  social  e economicamente,   dando grande contribuição ao Estado do Amazonas e  sua capital, Manaus,  por meio não  só da  criação deste modelo, mas  também pela  instalação da Superintendência da Zona Franca de Manaus ‐ SUFRAMA, instalação do Polo Industrial de  Manaus  e  da  expansão  do  Setor  Comercial  na  capital  amazonense,  pois  até  a implantação do modelo a região via‐se órfã de interesses do Estado Federal, os quais despertaram, devido à supostas ameaças de tomada da região e influências de teorias como a Keynesiana e da Dependência, ambas com respeito ao desenvolvimento. 

Tal intervenção deu‐se também em razão da situação em que se encontrava a região, seja demográfica ou econômica, pois esta via‐se estagnada economicamente e não despertava o interesse de imigrantes, principalmente com o término do segundo ciclo da borracha,  tornando‐se crucial para  a configuração do atual status econômico contribuindo também para a atual relevância que a região possui no mundo, seja por seu valor ambiental, pois o modelo têm‐se configurado um dos principais mantenedores dos recurso naturais da região. 

Alguns autores como Miranda (2015), Botelho (2006) e Corrêa (2015) defendem a  necessidade  de  se  repensar  o  modelo,  visto  que,  sua  sobrevivência  se  deve  aos incentivos fiscais em grande parte oferecidos pelo governo federal como atrativo para novas  e  permanência  das  já  atuantes  empresas  no  modelo  ZFM,  tornando  sua continuidade  vulnerável  pela  ausência  de  bases  de  sustentação  diferentes, principalmente  pautadas  nos  recursos  naturais  da  própria  região.  Porém,  estes incentivos fiscais são atualmente os principais responsáveis pela presença das indústrias do PIM e empresas em geral, geradoras de emprego e renda para a capital, já que neste sentido, as contribuições do modelo ZFM em seus 48 anos de existência são, sem dúvida, de  grande  importância  na  caminhada  rumo  a  consolidação  da  economia  regional, sobretudo da cidade de Manaus. 

Diante  do  exposto  na  contextualização  histórica  do  período  que  antecede  a implantação  do  modelo  ZFM,  nota‐se  que  a  região  necessitava  de  políticas  que impulsionassem  a  economia  regional  e  que  este  modelo  configura‐se  o  principal propulsor do crescimento econômico alcançado pela  cidade de Manaus. Verificou‐se que  a  presença  da  sede  da  SUFRAMA,  na  cidade  lhe  proporcionou  vantagens significativas, e que além do setor comercial e do setor agropecuário, o setor industrial, tem sido um forte impulsionador da economia local, por meio dos empregos ali gerados, sejam diretos ou indiretos.   As  contribuições  deste  modelo  para  o  crescimento  econômico  da  capital amazonense se fazem por meio dos empregos gerados, da formação de mão‐de‐obra especializada (Tabela 1), tendo em vista o aumento do número de instituições de ensino superior; do aumento da migração, sendo antes do modelo evitada, devido sua distância dos grandes  centros  comerciais;  para  a promoção da  industrialização da  região e de Manaus, através do PIM. 

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  Permite  também  a  melhoria  da  infraestrutura,  por  meio  da  abertura  de estradas,  construção de portos  e  do aeroporto  internacional,  sendo estas  exigências para a entrada de investidores estrangeiros.   O  desenvolvimento  de  tecnologias  e  P&D  na  região mediante  instalação,  do meio do Centro de Biotecnologia da Amazônia ‐ CBA e do Centro Tecnológico do Polo Industrial de Manaus ‐ CT‐PIM, também se converte em contribuição, o objetivos destes é além de formar mão‐de‐obra capacitada, é proporcionar avanços tecnológicos, onde os principais objetos de pesquisa são recursos da própria região, ambos interligados ao processo  estratégico  de  desenvolvimento,  com  a  busca  pela  inserção  internacional, configurando‐se  assim  um modelo  de  desenvolvimento  de  grande  relevância  para  a economia amazonense e regional.   O modelo também contribui com o aumento das exportações regionais (Tabela 3), pois sua produção tem sido orientada para atender não somente o mercado interno, como em seu primeiro momento, onde buscava principalmente, reduzir as importações, mas, ao mercado externo, para isso, tem buscado por meio de participação em feiras internacionais, apresentar seus produtos aos mercados mundiais.   Tal  contribuição  poderia  ser  ainda maior  se  o  Estado  Federal  aumentasse  o repasse da receita arrecadada, pois até então a maior parte é direcionada aos cofres federais,  sendo  repassado  somente uma pequena porcentagem para os estados que compõem a Amazônia Ocidental. 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E SUA IMPORTÂNCIA NA GESTÃO DE TRIBUTOS NAS 

EMPRESAS 

Maria Iris de Sousa Bezerra Lima3 Silfarnn Demétrio de Araújo4 

 RESUMO 

 O objetivo deste trabalho é enfatizar a importância da existência de um planejamento tributário  nas  empresas  e  sua  correta  aplicação  na  atividade  de  gestão  de  tributos trazendo uma maior eficiência na administração do ônus tributário. Esse enfoque traz o planejamento tributário como forma  legal de redução da carga tributária, na qual os impostos,  taxas e contribuições representam uma parcela  importante dos custos das empresas.  A  pesquisa  demonstra  ainda  que  é  uma  questão  de  sobrevivência  a administração e gestão dos tributos diante do dinamismo da matéria tendo em vista as constantes mudanças no ordenamento jurídico tributário no Brasil. Neste contexto, a metodologia utilizada na pesquisa foi a bibliográfica na qual se recorreu a autores como Fabrettti (2015), Chaves (2014), Amaro (2014) Lopes (2011) entre outros. Neste estudo demonstrou‐se  que  temos  a  disposição  uma  ferramenta  imprescindível  na administração das empresas, o Planejamento Tributário, que precisa ser corretamente valorada,  estudada,  aplicada  e  gerida  viabilizando  e  maximizando  o  desempenho empresarial e econômico das empresas contribuindo para sua continuidade no mercado econômico. 

 PALAVRAS‐CHAVE: Gestão, Tributos, Planejamento e sua Importância.  

 ABSTRACT 

 The objective of  this paper  is  to emphasize  the  importance of  the existence of a  tax planning in the companies and its correct application in the tax management activity, bringing  a  greater  efficiency  in  the  administration  of  the  tax  burden.  This  approach brings tax planning as a legal way of reducing the tax burden, in which taxes, fees and contributions represent a significant portion of the companies' costs. The research also shows that it is a matter of survival the administration and management of taxes in the face of the dynamism of the matter in view of the constant changes in the legal system of  taxation  in  Brazil.  In  this  context,  the methodology  used  in  the  research was  the bibliographical  one  in which  authors  such  as  Fabrettti  (2015),  Chaves  (2014),  Amaro (2014) Lopes (2011) and others were used. In this study it was demonstrated that we 

                                                            3 Pós‐Graduanda em Auditoria Contábil, Fiscal e Tributária da Faculdade La Salle de Manaus. E‐mail: [email protected]. 4 Mestre  em Gestão  e  Auditoria  Ambiental  pela  Faculdade  Leon  na  Espanha  Especialista  em Metodologia  do  Ensino  Superior  pela  Faculdade  São  Lucas  Especialista  em  Informática  na Educação pelo Centro Federal de Educação Tecnológica. E‐mail: [email protected]

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have an indispensable tool in business administration, Tax Planning, which needs to be properly valued, studied, applied and managed, enabling and maximizing the corporate and  economic  performance  of  companies  contributing  to  their  continuity  in  the economic market.  KEYWORDS: Management, Taxes, Planning and its Importance. 

 1. INTRODUÇÃO  

Este  artigo  tem  como  objetivo  apresentar  algumas  considerações  sobre  a necessidade  da  gestão  dos  tributos  dada  sua  importância  econômica  nas  empresas enfatizando o Planejamento Tributário como estratégia e demonstrando a relevância de sua existência e aplicação adequada nas empresas. 

Com  o  passar  dos  tempos  e  com  a  evolução  do  mercado  nacional,  tem  se tornado cada vez mais necessário o empenho dos gestores na minimização dos custos e despesas e, consequentemente, da maximização dos lucros. 

Devido à  instabilidade do momento econômico e  a  constantes  alterações na legislação  se  faz  necessário  um  estudo  minucioso,  buscando  alternativas  licitas  de redução da onerosa carga tributária fiscal do nosso país, reduzindo assim o custo final do produto. 

Dentre as diversidades que podem influenciar na definição de sucesso de uma empresa ou qualquer atividade que ela exerça, o Planejamento Tributário caracteriza‐se como um dos principais, em função da carga tributária, ter uma parcela significativa no  montante  financeiro,  o  qual  tem  interferido  significativamente  no  resultado econômico das empresas. 

O Planejamento Tributário, Tem demonstrado uma ferramenta imprescindível para  acionistas,  sócios,  titulares  de  empresas  individuais  e  administradores  na interpretação da Legislação Tributária, diante da complexidade e constates alterações na legislação brasileira.  

Segundo Fabretti (2015, p. 08), “O planejamento tributário exige, antes de tudo, bom senso do planejador”.  

O planejamento tributário é o meio legal de redução da carga tributária, onde impostos,  taxas e contribuições representam uma parcela  importante dos custos das empresas, neste contexto torna‐se uma questão de sobrevivência a administração do ônus tributário. 

 2. DESENVOLVIMENTO 

 2.1 Gestão Tributária   

Entende‐se como gestão tributária o processo de gerenciamento das operações relativas aos tributos com o objetivo de gestão, planejamento e controle tributário em uma determinada empresa.  

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Para Oliveira et. al (2012, p.19):  

“Pode entender gestão tributária como: Especialização administrativa que  tem como principais objetivos o estudo da teoria e aplicação prática dos princípios e normas básicas da legislação tributária; Ramo  da  administração  responsável  pelo  gerenciamento  dos tributos  incidentes  nas  diversas  atividades  de  uma  empresa,  ou grupo  de  empresas,  adaptando  ao  dia  a  dia  empresarial  as obrigações tributárias, de forma a não expor a entidade às possíveis sanções, fiscais e legais ou apurar o valor justo do tributo”.  

Sua  área  de  atuação  é,  basicamente,  o  setor  de  impostos  das  empresas, outrossim os demais departamentos que tenham influência nos fatos onde há incidência de impostos devem ter suas operações controladas com enfoque na gestão tributária. 

O dia a dia empresarial deve ser adaptado às obrigações tributárias para evitar possíveis sanções fiscais e apurar o justo valor do imposto de forma legal. 

Tem como objetivos principais o estudo e a aplicação dos princípios e normas básicas da legislação tributária. 

A Gestão Tributária tem como objetivos mais específicos: 

 Identificar  e  corrigir  possíveis  erros  de  interpretação  e  execução  no cumprimento das obrigações e rotinas fiscais na empresa.  

 Evitar ônus e contingências fiscais (multas e sanções) que poderiam ser evitados dentro da legalidade, assim como o pagamento indevido de tributos. 

 Através de estudos da legislação fiscal e tributária implementar formas lícitas de economia e melhor forma de aproveitamento dos créditos fiscais.  

As principais funções e atividades da gestão tributária podem ser classificadas da seguinte forma: 

Apuração  com exatidão do  resultado  tributável  (para empresas  optantes pelo  lucro  real)  de  determinado  exercício  fiscal  com  base  na  legislação pertinente; 

Identificar  e  orientar  sobre  o  registro  contábil  das  provisões  relativas  a impostos a recolher; 

Escrituração dos documentos fiscais em livros fiscais próprios ou registros auxiliares; 

Preenchimento de guias de recolhimento informando o setor responsável pelo pagamento sobre o valor e prazos de recolhimento; 

Emitir  e  providenciar  entrega  aos  órgãos  competentes  dos  formulários estabelecidos pela legislação competente; 

Orientação fiscal para todas as unidades da empresa, sejam filiais, fábricas ou departamentos, assim como das sociedades coligadas e controladas; 

Orientação, treinamento e constate supervisão dos funcionários do setor de impostos.  

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Neste contexto observa‐se que a gestão tributária é uma ferramenta tão ou mais importante que qualquer outro tipo de gestão estratégica, pois, independente do porte ou ramo de atividade da empresa a gestão tributária pode e deve ser utilizada por todos os  agentes  e  é  de  vital  importância  que  se  faça  a  gestão  de  todas  as  operações  da empresa,  para  controle  de  recolhimento  de  impostos  e  para  evitar  recolhimento desnecessário destes. 

 2.1.1 Tributos  

Os  tributos  representam  uma  parcela  importante  dos  custos  das  empresas, senão a maior. Devido à globalização torna‐se uma questão de sobrevivência a correta administração  do  ônus  tributário,  tornando  imprescindível  a  adoção  de  um  sistema econômico legal.  

Para se planejar é necessário conhecer alguns conceitos e a legislação que cerca o planejamento tributário.  

Amaro (2014, p. 47) traz a seguinte definição para tributo: “Tributo é a prestação pecuniária não  sancionatória de ato  ilícito,  instituída em  lei  e devida ao Estado ou a entidades não estatais de fins de interesse público”. 

No  Estado  de  Direito,  a  dívida  de  tributo  foi  estruturada  como  uma  relação jurídica, na qual a  imposição é  totalmente regulamentada por  lei, o tributo, então, é uma prestação que deve ser exigida conforme a legislação pertinente, dessa forma os indivíduos contribuem para o custeio das despesas coletivas. 

No  Brasil  a  Lei  nº  5.172  de  25  de  outubro  de  1966,  denominada  Código Tributário  Nacional  (CNT),  norteia  os  tributos  sua  aplicabilidade,  extensão,  alcance, limites,  direitos  e  deveres  dos  contribuintes,  atuação  dos  agentes  fiscalizadores  e demais normas tributárias. 

 No Art. 3° do Código Tributário Nacional o tributo é conceituado da seguinte forma: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória em moeda ou cujo valor ela se possa  exprimir  que  não  constitua  sanção  por  ato  ilícito  instituída  em  lei  e  cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” 

Fabretti (2015, p. 106) ainda elucida esse entendimento: “Analisando esse artigo pode‐se  resumir  o  conceito  de  tributo,  afirmando  que  é  sempre  um  pagamento compulsório em moeda, fato que concretiza a extinção da obrigação tributária”. 

O Art. 4º do Código Tributário Nacional define que a natureza jurídica específica do  tributo  é  determinada  pelo  fato  gerador  da  respectiva  obrigação  tornando irrelevantes  para  a  qualificação  da  mesma,  fatores  como  a  denominação  e  demais características  formais  adotadas  pela  lei  e  a  destinação  legal  do  produto  da  sua arrecadação. 

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 impõe limites ao poder de tributar através de princípios e normas. No Art. 150, I vamos encontrar a limitação sobre a origem legal dos tributos, o Princípio da Legalidade, o qual determina que um tributo não existe se não houver lei que o estabeleça, sendo assim o credor da obrigação tributária, somente poderá exigi‐lo se houver lei que o estabeleça. 

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“Art.  150.  Sem  prejuízo  de  outras  garantias  asseguradas  ao  contribuinte,  é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 

I ‐ exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; [...]” (BRASIL, 1988). O fato gerador é a concretização da hipótese de incidência tributária prevista 

por  lei  de  forma  abstrata,  e  após  a  concretização  da mesma  faz  nascer  a  obrigação tributária.  

A  ocorrência  do  fato  gerador  faz  nascer  a  obrigação  principal  de  natureza pecuniária para o contribuinte como por exemplo: prestar um serviço (ISS), fazer circular mercadorias (ICMS), receber renda (IR), e etc. 

O Sistema Tributário Nacional, no que se  refere às espécies de  tributos, está estruturado de forma a permitir ao Estado a cobrança de: 

 

Impostos:  que  independente de qualquer  contraprestação do  estado em favor do contribuinte, decorrem de situação geradora; 

Taxas:  são  totalmente  vinculadas  à  utilização  efetiva  ou  potencial  de serviços públicos específicos e divisíveis, por parte do contribuinte; 

Contribuições  de  melhoria:  são  cobradas  quando  obras  públicas  trazem benefícios aos contribuintes. 

Percebe‐se que independente da espécie ao qual pertence o imposto, a taxa ou a  contribuição,  a  natureza  jurídica  é  determinada  pelo  fato  gerador  que  é  a concretização da hipótese prevista por lei gerando a obrigação de pagar tributo.  2.1.2. Formas de Tributação sobre o Lucro 

O ponto crucial para um bom planejamento tributário é a escolha da forma de tributação  mais  vantajosa  para  empresa  levando  em  consideração  as  operações  da mesma e os regimes de tributação permitidas pela legislação.  

Os regimes são baseados na forma de apuração do lucro, no qual incide imposto de renda e contribuição social sobre o lucro. 

 A incidência do imposto de renda das pessoas jurídicas ocorre na medida em que  a  empresa  auferir  renda,  ganhos  e  lucro.  Independente  da  forma de  tributação escolhida  a  legislação  determina  a  antecipação  do  imposto  de  renda  mensal  ou trimestralmente. 

No  Brasil  existem  cinco  situações  distintas  em  que  as  empresas  podem  ser enquadradas  pela  legislação  tributária  em  relação  ao  resultado  apurado:  Simples Nacional, Imunes/Isentas, Lucro Arbitrado, Lucro Presumido e Lucro Real. 

Simples  Nacional:  é  um  regime  compartilhado  de  arrecadação,  cobrança  e fiscalização de tributos aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. No Simples  Nacional  em  uma  única  guia  são  cobrados  todos  os  impostos  de  forma compartilhada. 

Imunes  e  isentas:  estas  entidades  estão desobrigadas  ao pagamento de  IR  e CSLL; 

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Lucro Arbitrado: o arbitramento do lucro ocorre quando a pessoa jurídica não cumpre  com  obrigações  acessórias,  invalidando  a  escrituração  contábil,  tornando impossível o cálculo dos tributos pelas vias normais; 

Lucro Presumido: é uma  forma de  tributação simplificada para determinação da base  de  cálculo do IRPJ e  da CSLL das  pessoas  jurídicas  não  obrigadas  à  apuração do lucro  real.  O  lucro  é  calculado  considerando  apenas  as  receitas  das  empresas, presumindo  um  percentual  de  lucro  sobre  a  receita  auferida,  sendo  essa  a  base  de cálculo  presumida  e  sobre  essa  base  de  cálculo  é  aplicado  o  percentual  referente  a cobrança  do  imposto.  Como  estratégia  é  mais  utilizado  nas  empresas  com  maior lucratividade.  

Lucro Real: essa forma de tributação tem como base de cálculo o lucro contábil, sendo mais utilizado em empresas com resultado equilibrado. Onde a base de cálculo para apuração do IRPJ é o  lucro contábil,  acrescido de ajustes  (positivos e negativos) requeridos pela legislação fiscal. Nesse regime, ainda incidem duas situações:  Prejuízo Fiscal  e Base  de  Cálculo Negativa  de CSLL, nas  quais  não  haverá  incidência de IRPJ e CSLL.  Existem algumas vantagens em comparação ao Lucro Real, no que  se refere  a  obrigações  acessórias,  para  as  empresas  optantes  pelo  Lucro  Presumindo podendo,  por  exemplo,  efetuar  a  escrituração  do  livro  caixa  em  substituição  a escrituração contábil.  2.2. Planejamento Tributário  

O  Planejamento  Tributário  vem  se  consolidando  como  ferramenta imprescindível  na  gestão  de  tributos.  Tendo  como  principal  objetivo  determinar  o regime  tributário  que  melhor  se  enquadra  à  empresa  levando  a  uma  economia  de tributos,  reduzindo  os  custos  de  operação  e  buscando maximizar  os  resultados  das empresas. 

Para Chaves (2010, p. 5) “o planejamento é o processo de escolha de ação, não simulada,  anterior  à  ocorrência  do  fato  gerador,  visando  direta  ou  indiretamente  à economia de tributos”. 

O planejamento tributário é um conjunto de sistemas legais que visam diminuir o  pagamento  de  tributos,  ou  seja,  o  objetivo  é  diminuir  o  desembolso  referente  a tributos por parte das empresas. 

Antes  da  ocorrência  do  fato  gerador  do  tributo,  o  chamado  planejamento tributário  preventivo,  produz  a  elisão  fiscal,  ou  seja,  a  redução  tributária  dentro  da legalidade. Um mal planejamento pode levar a uma evasão fiscal, denominada crime de sonegação  fiscal,  que  é  a  redução  da  carga  tributária  descumprindo  determinações legais. 

Ao iniciar o planejamento tributário, deve ser feita uma revisão fiscal, na qual o profissional deve aplicar os seguintes procedimentos: 

1. Identificar  a  origem  de  todas  as  transações  realizadas  pela  empresa, através de um levantamento histórico, escolhendo a ação que trará menos ônus para os fatos futuros; 

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2. Analisar  se  houve  recolhimento  a  maior  ou  cobrança  indevida  de tributos após a verificação da ocorrência de todos os fatos geradores dos mesmos; 

3. Verificar a existência de ação fiscal sobre os fatos geradores descaídos, já que os créditos constituídos após cinco anos são indevidos; 

4. Calcular  e  analisar  anualmente  qual  a  forma  de  tributação  menos onerosa para a empresa; 

5. Identificar  se  existem  créditos  fiscais  não  aproveitados  pela  empresa através  do  levantamento  do  montante  dos  tributos  pagos  nos  últimos  cinco  anos. Surgindo  a  necessidade,  o  profissional  pode  ainda  adotar  outros  procedimentos considerados importantes para o planejamento do trabalho. 

É também planejamento tributário o atendimento às resoluções do Conselho Federal de Contabilidade, dessa forma o profissional deve estar atento para os efeitos tributários diretos e indiretos evitando assim penalidades graves. 

Um programa de trabalho com procedimentos específicos deve ser feito para cada  empresa  de  acordo  com  cada  realidade,  já  que  nem  sempre  o  planejamento tributário é igual para os contribuintes, ainda que possuam as mesmas características.  

Desse  modo  torna‐se  necessária  uma  gestão  empresarial  consciente  dessas obrigações  tributárias,  integrando métodos  constantes  de  avaliação  e  apuração  dos impostos,  reduzindo  desta  forma  o  risco  de  pagar  multas,  impostos  e  taxas desnecessários. 

Portanto,  para  se  obter  um  bom  planejamento  tributário,  é  necessária  uma soma de conhecimentos, tais como contábil e jurídico. Contábil, pois além de intimidade com  legislação  fiscal,  o  profissional  identificara  com  mais  facilidade  no  processo operacional da empresa os fatos geradores. E o conhecimento jurídico, através deste se consegue  identificar  na  legislação  tributária  as  oportunidades  para  reduzir  a  carga tributária.  2.2.1 A importância do Planejamento Tributário 

O  Planejamento  Tributário  é  necessidade  básica  para  todos  os  contribuintes sejam  eles  pessoas  físicas  ou  jurídicas.  Desse  modo  é  necessário  um  trabalho  de reconhecimento da situação do contribuinte, a fim de se planejar suas atividades, com o objetivo de reduzir os custos referentes a tributos ou até encontrar uma forma legal de não incidência de impostos sobre essas atividades. 

Uma carga tributária elevada, traz à tona a necessidade de um planejamento tributário a fim de reduzir os custos com tributos. O alto índice de tributos é um dos fatores da mortalidade precoce das empresas no Brasil, mas não somente a alta carga tributária contribui para isso, a falta de planejamento tributário faz com que algumas empresas  paguem  mais  tributos  que  o  necessário,  diminuindo  os  lucros  e  a competitividade das mesmas. 

A redução dos custos é estratégia que mais tem sido utilizada nos dias atuais em todo mundo  globalizado.  O  Planejamento  tributário  como  estratégia  de  redução  de custos vem sendo utilizado em todas as fases da cadeia de valores do ciclo produtivo e comercial,  assim,  sem  dúvida,  tem‐se  obtido  um  melhor  resultado  diante  de  uma economia  instável,  com  altas  taxas  de  tributação  como  a  brasileira,  um  dos  mais 

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significativos  instrumentos que as  empresas dispõem, para que possam  reduzir  seus custos  tributários,  sem  afrontar  as  diversas  legislações  que  regulamentam  os  mais diversos tributos. 

Um Planejamento Tributário bem gerido traz à tona uma ótica muito ampla, a qual ultrapassa a visão de minimização de tributos objetivando ainda a maximização do valor econômico das empresas.  

Segundo Calijuri et. al  (2011, p. 01) “O planejamento tributário, cujo objetivo mais conhecido é a minimização dos tributos, representa uma ótica muito restrita do que deve se considerar realmente planejamento tributário dotado de visão de gestão”. 

Desse  modo,  deve‐se  aplicar  técnicas  gerenciais  que  visem  projetar  as operações  da  empresa  com  o  objetivo  de  conhecer  as  obrigações  e  os  encargos inerentes  a  cada  uma  das  alternativas  legais,  através  de meios  lícitos  para  que  seja adotada a que possibilite a anulação, redução ou aditamento do ônus fiscal. 

Na existência de um planejamento  tributário, o administrador procura meios lícitos para reduzir os custos ou a incidência do tributo, através da escolha planejada de alternativas menos onerosas de tributação amparadas por lei. 

É  de  suma  importância  que  o  planejamento  tributário  seja  feito  com conhecimento  especifico  das  leis  de  tributos,  estudando  a  viabilidade  jurídica  e econômica para criar procedimentos que visem a diminuição do ônus tributário. 

 2.2.3. Finalidades do Planejamento Tributário  

Numa  economia  globalizada,  torna‐se  uma  questão  de  sobrevivência empresarial a correta administração do ônus tributário, sendo esta imprescindível para a continuidade da empresa no mercado. 

Oliveira  et  al.  (2012,  p.  23)  contextualiza  “A  economia  de  impostos  sem desrespeitar  a  legislação  tributária é,  com certeza,  a principal  finalidade de um bom planejamento tributário evitando perdas desnecessárias para a empresa”. 

Grande parte da somatória dos custos e despesas, se não mais da metade desse valor é representada pelos tributos. Assim, é indispensável a adoção de um sistema de economia de tributos dentro da legalidade. 

São finalidades do planejamento tributário: 

Evitar a incidência do fato gerador do tributo, através de mudanças na forma de tributação, entre outras alternativas; 

Reduzir o montante do tributo, sua alíquota ou reduzir a base de cálculo do tributo, encontrando formas licitas nas quais seja possível evitar o pagamento parcial ou total de impostos ou tributos; 

Retardar  o  pagamento  do  tributo,  adiando  o  seu  pagamento,  sem  a ocorrência da multa, ou seja, conhecer as situações de postergação do recolhimento dos impostos permitidas por lei; 

Preparar a empresa para  investimentos  futuros,  já que uma empresa com um controle e um planejamento eficazes demonstra equilíbrio em seus resultados, estando assim preparadas para novos investimentos. 

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Um Planejamento  tributário  estratégico  objetiva  desenvolver  suas  atividades preventivamente  com  enfoque  na  economia  de  tributos,  procurando  atender  as possíveis  formas  de  legislação  fiscal,  projetando  de  forma  clara  os  atos  e  fatos administrativos deixando transparentes para todos os envolvidos os ônus tributários em cada uma das opções legais. 

 2.2 Elaboração do Planejamento Tributário 

 O primeiro passo para um bom planejamento é a escolha do regime tributário 

que  melhor  se  enquadra  na  empresa.  Os  mais  utilizados  no  Brasil  são:  o  Simples Nacional, o Lucro Presumido e o Lucro Real, que deverão ser escolhidos de acordo com as atividades desenvolvidas. Cada regime tributário possui uma legislação própria que define todos os procedimentos a serem seguidos a fim de definir um enquadramento mais adequado. 

O  próprio  Fabretti  (2015,  p.  9)  já  citado,  menciona  que  “O  planejamento tributário preventivo (antes da ocorrência do fato gerador do tributo) produz a elisão fiscal, ou seja, a redução da carga tributária dentro da legalidade” 

Dessa forma, entende‐se que o planejamento tributário é o estudo das formas legais na condução das operações das entidades, antes da ocorrência do fato gerador, assim o contribuinte tem a possibilidade de opção pela forma menos onerosa. 

O que não se deve confundir com sonegação fiscal. Planejar é escolher, entre duas ou mais opções lícitas, a que resulte no menor tributo a pagar. Sonegar por sua vez, é se utilizar de meios ilegais para deixar de recolher o tributo devido, como fraude, simulação, dissimulação etc. e ainda toda ação ou omissão dolorosa que tende a impedir ou retardar total ou parcialmente o reconhecimento por parte da autoridade fiscal da ocorrência do fato gerador e da obrigação principal. 

Existem  três  tipos  de  planejamento  tributário,  classificados  de  acordo  seus objetivos: 

A) Planejamento que tem por objetivo a anulação do ônus fiscal – para alcançar este objetivo, o planejamento tributário deve articular o empreendimento ou atividade econômico‐mercantil, mediante o emprego de estrutura e forma‐jurídica – que sejam capazes de impedir a concretização das hipóteses legais de incidências tributárias. 

B) Planejamento que tem por objetivo a redução do ônus fiscal – para atingir este objetivo, o planejamento tributário deve organizar o empreendimento ou atividade econômico‐mercantil, mediante a utilização de estrutura e formas‐jurídicas – que venha a  possibilitar  a  concretização  de  hipóteses  legais  de  incidências  tributárias,  cujas consequências resultem num ônus fiscal menor. 

C)  Planejamento  que  tem  por  objetivo  o  adiamento  do  ônus  fiscal  –  para alcançar este objetivo, o planejamento tributário deve arquitetar o empreendimento ou a atividade econômico‐mercantil, mediante a adoção de estrutura e formas‐jurídicas – que venha a possibilitar uma das seguintes situações: deslocamento da ocorrência do fato gerador; procrastinação do lançamento ou pagamento do imposto. 

Os elementos do Planejamento  tributário  são encontrados dentro da própria legislação, através do sistema de tributação que a empresa está inserida, compreende 

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os elementos do próprio tributo a ser cobrado, utilizando de técnicas administrativas (planejamento) e contábeis  (demonstrativos) para que possam ser feitos orçamentos relativos à área fiscal da organização, com a finalidade de obter através de meios legais ou incentivos fiscais a redução da carga tributária. 

O  planejamento  tributário  deverá  ser  iniciado  com  revisão  fiscal,  onde  o profissional deve aplicar os seguintes procedimentos: 

 1. Fazer o levantamento histórico da empresa, identificando a origem de todas 

as transações efetuadas, e escolher a ação menos onerosa para os fatos futuros;  2.  Verificar  a  ocorrência  de  todos  os  fatos  geradores  dos  tributos  pagos  e 

analisar se houver cobrança indevida ou recolhimento maior;  3. Verificar se houver ação fiscal sobre fatos geradores decaídos, pois os créditos 

constituídos após cinco anos são indevidos;  4.  Analisar,  anualmente,  qual  a  melhor  forma  de  tributação  do  Imposto  de 

Renda  e  da  contribuição  sobre  o  lucro,  calculando  de  que  forma  (simples,  real  ou presumido) a empresa pagará menos tributo; 

 5. Levantar o montante dos tributos pagos nos últimos dez anos, para identificar se existem créditos fiscais não aproveitados pela empresa;  

6. Analisar os casos de incentivos fiscais existentes, tais como isenções, redução de alíquotas etc.; 

7.  Analisar  qual  a  melhor  forma  de  aproveitamento  dos  créditos  existentes (compensação ou restituição). 

Após  todas  estas  etapas  e  análises  será  produzido  o  planejamento  com procedimentos a serem adotados para reduzir a carga tributária. 

Os principais documentos necessários para o Planejamento Tributário são:  

 Legislação Tributária (Constituição, CTN etc.);    Documentação contábil da empresa; 

 Livros Contábeis e Fiscais e Guias de Recolhimentos e Declarações de 

 Rendimentos.  

2.3 O Papel do Contador na Gestão do Planejamento Tributário  

  A  gestão  tributaria  deve  ser  executada  de  forma  independente  da Contabilidade. Mas, em determinadas empresas, em especial nas de pequeno e médio porte  o  cargo  de  gestor  de  tributos  é  executado  pelo  próprio  contador,  já  que  seu conhecimento  na  área  contábil  será  fator  relevante  para  o  sucesso  na  execução  da função.   Na  elaboração  do  planejamento  tributário  o  profissional  contábil  torna‐se essencial na tomada de decisões referentes à situação tributária da organização, pelo fato de poder fornecer uma visão real da empresa.   Conforme descreve Oliveira et al. (2012, p. 22): 

 

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A  despeito  da  grande  importância  de  todas  as  supracitadas atribuições,  o  contador  na  função  de  gestor  tributário  tem principalmente nas atividades de planejamento tributário a grande oportunidade  de  dar  enormes  contribuições  à  alta  direção  da empresa.  

Devido as constantes mudanças na legislação brasileira, as normas tributárias sofrem  alterações  quase  que  diárias,  o  que  afeta  diretamente  as  operações  nas empresas, nas quais os empresários desconhecem a legislação. É nesse momento que a figura do Contador se faz necessária. 

 A  Contabilidade  torna‐se  uma  ferramenta  de  gestão  indispensável,  na condução do bom desempenho da rotina empresarial, através de registros e controle das operações econômicas e financeiras, de contas a pagar ou a receber, analisando os impactos que mutações ocasionaram no patrimônio. 

Os  documentos  e  as  demonstrações  contábeis  elaborados  sob  a responsabilidade da  contabilidade  são utilizados  frequentemente pelo mercado para obtenção de informações acerca da saúde financeira das entidades.  

O contabilista é peça fundamental na elaboração e execução do planejamento tributário.  Afinal,  ele  comanda  uma  série  de  operações  internas  da  empresa, normalmente sendo responsável por múltiplos controles, conciliações e apurações de impostos.  Além  disto,  ele  coopera  ou  coordena  equipes  internas,  sabendo  de deficiências e pontos críticos que podem gerar falhas na execução do planejamento. 

O  contador  na  função  de  gestor  tributário  aplica  seus  conhecimentos  sobre legislação  do  tributo  a  ser  reduzido,  para  que,  partindo  desse  pressuposto  possa planejar antecipadamente a melhor alternativa na condução das operações da empresa.  

Ainda que não esteja atuando diretamente como gestor tributário, o contador pode contribuir para que haja uma boa gestão dos tributos, podendo a contabilidade ser  de  grande  utilidade  enquanto  setor  de  apoio  administrativo  atuando  em conformidade  com  os  objetivos  estratégicos  da  empresa,  fornecendo  informações através dos  relatórios e demonstrações contábeis e ainda atuando na  implantação e condução de seus sistemas de informação de acordo com as necessidades dos usuários da empresa. 

 3.  CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 O estudo demonstra a importância da elaboração e gestão de um planejamento 

tributário adequado para cada empresa. Enquanto ferramenta para a gestão de tributos, o  planejamento  tributário  analisa  as  informações  geradas  pela  empresa,  tornando possível  anteceder‐se  a  fatos  passiveis  de  impostos  evitando‐os  e  possibilitando  um enquadramento fiscal adequado. 

Demonstrou‐se que, ao ser utilizado corretamente, o planejamento tributário com  uma  correta  gestão  tem  inúmeras  consequências  benéficas  como  redução  e isenção de impostos, evitando pagamentos desordenados e pagamento desnecessário de tributos.     . 

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O  planejamento  tributário  não  deve  ser  confundido  com  sonegação  de impostos. Já que o planejamento tributário se caracteriza como uma forma legal que busca  a  redução  do  ônus  tributário  e  tem  se  demonstrado  uma  ferramenta imprescindível na gestão dos tributos nas empresas. 

A falta de planejamento tem consequências desastrosas para a administração das empresas. Por não utilizarem essa ferramenta muitas empresas têm comprometido sua permanência e competitividade no mercado. Já que, a carga tributária brasileira é pesadíssima,  comprometendo  diretamente  as  atividades  nas  empresas,  por  onerar significativamente seus custos de produção e serviços. 

Sendo assim, a empresa que utiliza o planejamento tributário como ferramenta na gestão dos  tributos,  tem um diferencial  competitivo na economia de  tributos, na redução  de  riscos  fiscais  e  no  atendimento  as  exigências  do  fisco  que  devido  a constantes mudanças na legislação tributária tem se tornado cada vez mais numerosas e complexas, desta forma reduzindo seus custos e consequentemente aumentando seus lucros, que é o objetivo das entidades com fins lucrativos. 

REFERÊNCIAS   AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 20ª Ed. São Paulo. Saraiva, 2014.    BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. 05 de out de 1988. Disponível em:  <  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>.  Acesso em: 10 Ago 2016 às 15:26.  BRASIL, Código  Tributário  Nacional.  Lei  5.172  25  de  out  de  1966.  Disponível  em:  < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm>.  Acesso  em:  08  Ago  2016  às 19:31.  CALIJURI, M.S.S.; LOPES, A.B. Gestão Tributaria. Uma abordagem multidisciplinar. São Paulo. Atlas, 2011.  CHAVES,  Francisco  Coutinho. Planejamento  Tributário  na  Pratica.  Gestão  Tributaria Aplicada. 3ª Ed. São Paulo. Atlas, 2014.   FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária. 15ª Ed. São Paulo. Atlas, 2015.  OLIVEIRA, L.M.; CHIEREGATO R.; JÚNIOR, J.H.P.; GOMES, M.B. Manual de Contabilidade Tributária: textos e teses com respostas. 11ª Ed. São Paulo. Atlas, 2012. 

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ÍNDICE DE OBESIDADE INFANTIL EM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE PÚBLICA DE MANAUS. 

 Otavio de Melo Matos5 

Sandra Beltran Pedreros6 

 RESUMO 

 O índice de obesidade infantil tem aumentado significativamente em muitos países e no Brasil  a  situação acompanha essa  realidade,  sendo  considerada uma epidemia. Mas, será que em Manaus, a obesidade apresenta a mesma epidemiologia que no resto do Brasil? Decorrente dessa problemática, esta pesquisa tem como objetivo geral; Analisar aspetos epidemiológicos da obesidade  infantil  nos  alunos do ensino  fundamental  da rede pública de Manaus. Por meio dos seguintes objetivos específicos; Calcular o IMC como parâmetro para definir o estado nutricional dos alunos; Estimar o Percentual de Gordura dos alunos; Avaliar a qualidade nutricional dos alunos e Comparar os dados por gênero e idade. Para o desenvolvimento desta pesquisa foi utilizado o método científico indutivo, tipo de pesquisa bibliográfica e descritiva, de caráter qualitativo e de campo.  A População é composta pelos alunos da Rede Pública de Manaus. Como amostra, foram selecionados aleatoriamente 360 alunos de ambos os gêneros com idades entre 7 e 12 anos.  Os  resultados  evidenciam  que  sua  grande  maioria  se  encontra  dentro  da classificação média segundo os protocolos validados para IMC e percentual de gordura. Entretanto,  níveis  de  abaixo  do  peso  e  não  recomendado para  IMC  e  percentual  de gordura apresenta um nível de desnutrição entre os escolares.  PALAVRAS‐CHAVE: Obesidade Infantil, Educação Física, Epidemiologia.   

ABSTRACT 

The rate of childhood obesity has increased significantly in many countries and in Brazil the situation is accompanied by this reality and is considered an epidemic. But, is it that in Manaus, obesity presents the same epidemiology as in the rest of Brazil? Due to this problem, this research has as general objective; To analyze the epidemiological aspects of childhood obesity among elementary school students in the public school of Manaus. Through the following specific objectives; Calculate the BMI as a parameter to define the nutritional status of the students; Estimate the students' Fat Percentage; Evaluate the nutritional quality of students and Compare the data by gender and age. For the development  of  this  research  was  used  the  inductive  scientific  method,  type  of bibliographic and descriptive research, qualitative and field. The Population is composed by the students of the Public Network of Manaus. As a sample, 360 students of both 

                                                            5 Licenciado em Educação Física, Esp. em Fisiologia do Exercício. Faculdade La Salle Manaus; [email protected] 6 Professora Dra. Pesquisadora da Faculdade La Salle Manaus, AM.

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genders with ages between 7 and 12 years were randomly selected. The results show that  most  of  them  are  within  the  average  classification  according  to  the  validated protocols  for  BMI  and  Percentage  of  Fat.  However,  levels  of  underweight  and  not recommended  for BMI and Percentage of  Fat present a  level of malnutrition  among schoolchildren.  KEYWORDS: Childhood Obesity, Physical Education, Epidemiology.  1. INTRODUÇÃO    A obesidade é considerada em muitos países desenvolvidos um grave problema de saúde pública, uma epidemiologia global. No Brasil, não é diferente, aliada a uma expansão da globalização e ao progresso do país, revertendo o problema de desnutrição pelos problemas de excesso de peso e suas comorbidades. Os países da América Latina estão em estágios diferentes, onde os mais pobres ainda enfrentam os problemas com altos índices de desnutrição e baixos índices de obesidade, enquanto nos países ricos, os índices de desnutrição estão em declínio e a obesidade em ascensão (VITOLO, 2015). 

São elevados os riscos de óbitos prematuros na infância e adolescência oriundos de  doenças  cardiovasculares,  esses  dados  estão  comprovados  estatisticamente. Crianças e Adolescentes obesos possuem 80% de probabilidade de se tornarem adultos obesos (BRASIL, 2010). 

O  índice  de  obesidade  infantil  tem  aumentado  significativamente  em  muitos países  e  no  Brasil  a  situação  acompanha  essa  realidade,  sendo  considerada  uma epidemia. Mas, será que em Manaus, a obesidade apresenta a mesma epidemiologia que  no  resto  do  Brasil?  Decorrente  dessa  problemática,  esta  pesquisa  tem  como objetivo analisar aspetos epidemiológicos da obesidade  infantil nos alunos do ensino fundamental da rede pública de Manaus; Calcular o IMC como parâmetro para definir o estado nutricional dos alunos; Estimar o percentual de gordura dos alunos; Avaliar a qualidade nutricional dos alunos e Comparar os dados por gênero e idade.  

A concentração das classes mais pobres nas cidades parece expandir o flagelo da obesidade quando se observa seu crescimento no contexto da pobreza pela prática de alimentação barata, pobre em nutrientes e fibras, mas excessivamente calórica muito mais  acessível  que  frutas,  verduras,  laticínios  e  carnes,  o  que  favorece  o  aumento excessivo de peso de crianças e adolescentes. É evidente a falta de prevenção por meio de orientações sobra à importância de uma educação alimentar e a atividade física nos meios  de  comunicação,  nas  escolas,  nas  comunidades  e  no  ambiente  familiar (MENDONÇA, 2014).  2. DESENVOLVIMENTO  2.1 Excesso de Peso e Obesidade Infantil   

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A obesidade é considerada em muitos países desenvolvidos um grave problema de saúde pública, uma epidemiologia global. No Brasil, não é diferente, aliada a uma expansão da globalização e ao progresso do país, revertendo o problema de desnutrição pelos problemas de excesso de peso e suas comorbidades. Os países da América Latina estão em estágios diferentes, onde os mais pobres ainda enfrentam os problemas com altos índices de desnutrição e baixos índices de obesidade, enquanto nos países ricos, os índices de desnutrição estão em declínio e a obesidade em ascensão (VITOLO, 2015). 

A obesidade é considerada uma patologia de caráter multifatorial que resulta de um histórico  familiar, biológico, econômico,  social,  cultural, psicológico, a  restrição à prática esportiva e até uma questão de políticas (MENDONÇA, 2014). 

 Dados da OMS  indicam que uma em cada dez crianças no mundo apresenta  obesidade.  No  Brasil,  a  Sociedade  Brasileira  de Endocrinologia e Metabologia – BSEM – identificou que o número de crianças  obesas  triplicou  nas  últimas  décadas,  sendo  que  um  em cada três está acima do peso, de acordo com dados do  IBGE. Nos adolescentes, em cada dez, dois estão acima do peso (MENDONÇA, 2014 p. 65).  

A concentração das classes mais pobres nas cidades parece expandir o flagelo da obesidade quando se observa seu crescimento no contexto da pobreza pela prática de alimentação barata, pobre em nutrientes e fibras, mas excessivamente calórica muito mais  acessível  que  frutas,  verduras,  laticínios  e  carnes,  o  que  favorece  o  aumento excessivo de peso de crianças e adolescentes. É evidente a falta de prevenção por meio de orientações sobre à importância de uma educação alimentar e a atividade física nos meios  de  comunicação,  nas  escolas,  nas  comunidades  e  no  ambiente  familiar (MENDONÇA, 2014). 

Segundo a autora citada acima, a medida do peso corporal é o  indicador mais simples e de maior acessibilidade para a verificação da diminuição da adiposidade. Em crianças e adolescentes, considera‐se essa perda de peso relativa. 

O consumo alimentar tem sua relação com a obesidade não somente quanto ao volume,  mas  também  em  relação  à  composição  e  a  qualidade  do  que  ingerem  na alimentação. Os padrões  alimentares  vêm  sofrendo modificações  constantemente,  o que contribui para o contínuo aumento de adiposidade nas crianças. 

Vitolo (2015) diz que as crianças obesas apresentam altura maior em comparação às crianças não obesas. Essa situação gera na família uma falsa impressão que ela será mais alta em comparação as outras crianças da mesma idade. É necessário alertar que a  obesidade  e  a  causadora  dessa  aceleração  do  crescimento,  que  inclui  também  a aceleração da maturação óssea e o adiantamento da puberdade.  

Crianças com percentual de gordura maior que 33% possuem uma predisposição a risco de problemas cardiovasculares. Quando apresentam um percentual de gordura abaixo de 20%, o risco e mínimo de problemas cardiovascular (ABESO, 2009). 

Outro método muito utilizado para o diagnóstico da obesidade é o  IMC. É um método antropométrico, que utiliza as medidas de peso e altura (peso/altura²) muito utilizada  em  serviços  públicos  de  saúde.  É  utilizado  e  aceito mundialmente,  sendo  a 

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técnica  de  melhor  aplicabilidade  principalmente  em  estudos  populacionais  pela facilidade e padronização de obtenção de dados e pelo baixo custo (VITOLO, 2015). 

Vale  ressaltar  que  o  IMC,  em  casos  específicos,  pode  não  refletir  a  real classificação de adiposidade do indivíduo. Exemplificando, um adolescente com IMC 21 e 30% de gordura, se for sedentário. O oposto também é encontrado em adolescente com alto nível de massa muscular pode apresentar um alto índice de IMC sem ter um alto índice de adiposidade.  2.2 Fatores de Risco Relacionados à Obesidade Infantil  

São elevados os riscos de óbitos prematuros na infância e adolescência oriundos de  doenças  cardiovasculares,  esses  dados  estão  comprovados  estatisticamente. Crianças e Adolescentes obesos possuem 80% de probabilidade de se tornarem adultos obesos (BRASIL, 2010). 

O  excesso  de  peso  e  de  gordura  corporal  apresenta  uma  grande  ameaça  à qualidade de vida e a longevidade de indivíduos obesos. E riscos maiores de cardiopatias coronarianas,  hipercolesterolemia,  hipertensão,  diabetes  melito  e  alguns  tipos  de câncer (HEYWARD, 2013). 

Seguindo  as  referências  do  autor,  relata  no  extremo  oposto,  indivíduos  com déficit  de  peso  e  baixa  porcentagem  de  gordura  tendem  a  ser  malnutridos.  Essas pessoas estão expostas a altos índices de risco de desenvolverem desequilíbrios fluidos eletrolíticos, osteoporose e osteopenia, fraturas ósseas, degradação muscular, arritmias cardíacas, morte súbita entre outras.  2.3  A  Importância  da  Educação  Física  para  a  Diminuição  dos  Índices  de  Obesidade Infantil  

 O nível de conhecimento de crianças em idade escolar modifica a relação entre 

obesidade  e  práticas  alimentares  saudáveis.  Isso  leva  a  suspeita  de  que  as  crianças quando tem acesso às informações sobre nutrição e a importância de atividade física, as  mesmas  começam  a  ter  sabidamente  práticas  mais  saudáveis  (VITOLO,  2015). Salientando  a  importância  do profissional  de  Educação  Física,  principalmente na  sua prática profissional no ambiente escolar. 

Acreditamos que se deve ter um grande  investimento de  início na 

escola,  com  a  abordagem  de  conhecimentos  significativos 

relacionados  à  cultura  corporal  do movimento,  bem  como  com  a 

orientação para o desenvolvimento de hábitos saudáveis em relação 

à vivência corporal das atividades físicas e esportistas. Nesse caso, o 

professor deve buscar alertar e conscientizar os alunos, desde cedo, 

para a  importância de se preservar, manter e melhorar sua saúde 

(FINCK, 2011 p. 70). 

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Dessa forma, cremos também que a espontaneidade, o prazer, a naturalidade e a liberdade  de  escolha  são  extremamente  importantes  para  a  aquisição  de  hábitos saudáveis com a contribuição do professor de Educação Física.  

Na fase escolar, a Educação Física e o esporte são fundamentais e 

necessários, pois, é nesse período da vida que as vivências dessas 

atividades  poderão  contribuir  para  a  sedimentação  de  valores 

referentes  à  importância  e  aos  benefícios  que  o  indivíduo poderá 

adquirir com a prática de exercícios de forma regular, tanto para a 

manutenção como para a melhoria da saúde (FINCK, 2011 p. 140).   

As  atividades  físicas  realizadas  pelas  crianças  da  escola  e  as  brincadeiras desenvolvidas em casa, contribuem para a regulação do peso corporal. O tempo em que a  criança  assiste  à  televisão  ou  estar  jogando  vídeo  game,  apresenta‐se  como  um indicador de se inatividade física e tem influência da prevalência de obesidade (VITOLO, 2015). 

A atividade física planejada melhora a condição física e é essencial e 

eficaz quando concomitante com tratamento dietético da perda de 

peso. É um processo de conquista para que a criança e adolescentes 

sedentários  aceitem  como  parte  do  tratamento.  Deve  estar  de 

acordo  com  as  capacidades  individuais  de  cada  criança  e  ter 

completa aceitação para o sucesso (MENDONÇA, 2014 p.145). 

O  tratamento  dietético  para  uma  criança  obesa  necessita  de  um acompanhamento multidisciplinar com médicos pediatras, nutricionistas, psicólogos e profissionais de Educação Física. Essa equipe multiprofissional atuará para tratar todos os  fatores  etiológicos  da  obesidade.  É  importante  que  a  família,  participe  desse processo, principalmente os pais, e que  também adotem um estilo de vida  saudável facilitando o tratamento (MENDONÇA, 2014). 

  Segundo a autora acima, atividades devem ser adaptadas às condições físicas e fisiológicas  de  cada  criança,  quando  bem  orientados,  preservam  o  tecido  muscular (massa magra) e auxiliam a aumentar a taxa metabólica para auxiliar na perda de peso corporal.  

A atividade física é ao longo prazo uma ótima estratégia para a manutenção do peso  corporal  e  redução  do  percentual  de  gordura,  altamente  prejudicial  à  saúde, preservando a massa muscular isenta de gordura (GUEDES e GUEDES, 1998). 

 2.4. Características da Pesquisa  

Para o desenvolvimento desta pesquisa foi utilizado o método científico indutivo permitindo uma análise da pergunta, que de uma situação particular, ajudou a realizar uma inferência ou generalização. O tipo da pesquisa bibliográfica, de caráter descritivo, já  que  busca  descrever  as  características  do  fenômeno,  aspetos  epidemiológicos  da obesidade infantil nos alunos do ensino fundamental da rede pública de Manaus (GIL, 2007). 

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Também  se  caracteriza  por  ser  uma  pesquisa  qualitativa,  onde  o  pesquisador compreende,  interpretar  e  comparar  as  informações  e  dados  coletados. Quanto  aos procedimentos técnicos trata‐se de uma pesquisa de campo já que selecionou um grupo especifico de sujeito que podem sofre mudanças durante o estudo (JUREMA, 2012). 

 2.4.1. População e Amostra  

A população compunha‐se por alunos, de ambos os sexos, com idades entre sete e  doze  anos,  matriculadas  nas  séries  do  ensino  fundamental  1  da  Rede  Pública  de Manaus. Como amostra foram selecionadas por conveniência escolas dos Bairros São Jose e Ouro Verde, Escola Municipal E. M. Inaneide Cunha Marques e E. M. Raimunda Barroso Ramires,  sendo que para  cada  idade entre 7 e 12 anos  respectivamente, 30 pertencentes ao sexo masculino e 30 ao sexo feminino, totalizando 360 alunos.  2.4.2. Amostragem  

A coleta dos dados foi realizada tanto durante as aulas de Educação Física quanto nos horários destinados aos professores responsáveis pela turma, nos locais e horários a  elas  destinados,  mediante  as  autorizações  dos  gestores  das  instituições.  Os questionários  foram  entregues  pelo  próprio  pesquisador,  sendo  recolhidos imediatamente após o seu preenchimento.   

O  instrumento  de  coleta  de  dados  utilizado  foi  elaborado  pelo  próprio pesquisador.  Trata‐se  de  um  questionário  composto  por  um  cabeçalho  contendo  as seguintes  informações:  Idade,  Sexo,  Peso,  Altura,  IMC  e  %  de  Gordura.  Além  de  7 questões abertas e fechadas, correspondentes a informações de hábitos alimentares, esportivos.   2.4.3. Análise dos dados  

A  análise  das  informações  foi  realizada  sob  a  forma  de  estatística  descritiva inferencial,  para  cada  afirmativa  foi  calculada  uma média.  Para  tanto,  uma  base  de dados foi construída no Excel, onde cada pergunta do questionário corresponde a uma variável  analisada.  Com  a  matriz  de  dados  pronta,  foi  usada  a  ferramenta  tabela dinâmica  do  Excel  e  calculadora  científica  para  cruzar  as  variáveis  e  calcular  os parâmetros  estatísticos  das  medidas  de  tendência  central.  Os  resultados  foram comparados por gênero e idade. 2.5. RESULTADOS DA PESQUISA  2.5.1. Índice de massa corporal (IMC)  

O estado nutricional das crianças demonstra que sua grande maioria se encontra dentro  do  peso  normal  segundo  a  classificação.  Entretanto  outras  porcentagens  de grande  importância evidenciam cuidados. Para a  faixa etária de 7, 8, 9 e 10 anos do gênero feminino para cada sem encontram abaixo do peso. Indivíduos com déficit de 

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peso e baixa porcentagem de gordura  tendem a  ser malnutridos. Para os  índices de obesidade  com  maior  porcentagem,  os  alunos  de  10  anos  do  gênero  masculino apresentam a maior porcentagem 26,7%. Essas pessoas classificadas como abaixo do peso estão expostas a altos  índices de  risco de desenvolverem desequilíbrios  fluidos eletrolíticos, osteoporose e osteopenia, fraturas ósseas, degradação muscular, arritmias cardíacas, morte súbita entre outras (HEYWARD, 2013). (Tabela 1)   Tabela 1. Estado Nutricional para Gênero e Idade. 

Estado Nutricional  

Gênero 

Idade (anos) 

7  8  9  10  11  12 

Abaixo do Peso Feminino  46,7%  30%  30%  30%  23,3%  20% 

Masculino  20%  33,3%  23,3%  36,7%  33,3%  43,3% 

Peso Normal Feminino  46,7%  43,3%  46,7%  43,3%  53,3%  56,7% 

Masculino  60%  46,7%  56,7%  33,3%  36,7%  53,3% 

  Sobrepeso 

 

Feminino  3,3 %  16,7%  13,3%  16,7%  20%  13,3% 

Masculino  6,7%  13,3%  6,7%  3,3%  26,7%  3,3% 

Obesidade Feminino  3,3%  10%  10%  10%  3,3%  10% 

Masculino  13,3  6,7%  13,3  26,7%  3,3%  0% 

 Uma ferramenta muito utilizada para o diagnóstico da obesidade é o IMC. É um 

método antropométrico, que utiliza as medidas de peso e altura (peso/altura²) muito utilizada em serviços públicos de saúde e. É utilizado e aceito mundialmente, sendo a técnica  de  melhor  aplicabilidade  principalmente  em  estudos  populacionais  pela facilidade e padronização de obtenção de dados e pelo baixo custo (VITOLO, 2015). Uma ótima ferramenta para os profissionais de Educação Física Escolar utilizarem em suas avaliações  físicas  com seus alunos, entretanto essa avaliação deve  ser  realizada com frequência e com intencionalidade, muitos profissionais realizam o diagnostico no início das aulas e entram no esquecimento em relação à  importância desses dados para o combate a obesidade e a desnutrição dentro do ambiente escolar.  2.5.2. Percentual de gordura   

Para  os  resultados  de  Percentual  de Gordura,  outra  vez  a  grande maioria  dos alunos se encontra nos níveis médio segundo a classificação. Entretanto, para os alunos com 7 anos de ambos os gêneros se encontram classificados com índices baixos e não recomendados de gordura com mais de 30% da amostra. Para o nível com porcentagem elevada  para  taxa  de  gordura  corporal  fica  para  os  alunos  com  10  anos  do  gênero masculino. Com mais de 20% de classificados com índices altos e obesos. (Tabela 2) 

Outra ferramenta muito utilizada para o diagnóstico de obesidade infantil são os Índices de Percentual de Gordura Corporal. Crianças com percentual de gordura maior que 33% possuem uma predisposição a risco de problemas cardiovasculares. Quando 

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apresentam um percentual de gordura abaixo de 20%, o risco e mínimo de problemas cardiovascular (ABESO, 2009). 

Tabela 2. Índice de Percentual de Gordura para Gênero e Idade. 

 

É  de  extrema  importância  o  profissional  de  Educação  Física  estar  utilizando  o maior  número  de  ferramentas  possíveis  para  a  realização  de  avaliação  física,  para  a obtenção de dados que comprovem a fidedignidade das informações coletadas. Para as avaliações  no  ambiente  escolar  isso  não  é  diferente,  é  importante  ter  informações fisiológicas, nutricionais e  limitações  físicas de seus alunos, para que o planejamento seja embasado dentro das necessidades desses escolares.  2.5.3. Resultado da análise das perguntas  2.5.3.1. Quantas Refeições faz durante o dia? 

Em relação às refeições realizadas diariamente, nas faixas etárias de 7, 8 10, 11, 12 anos de ambos os gêneros,  e para os  com  idade de 9 anos do gênero masculino obtiveram porcentagem entre 66,7% a 93,4 para a realização de refeições de 3 a 4 por dia. Para as meninas com 9 anos, 43,3% para 5 ou mais refeições por dia. Fato que pode ser contribuinte para os mais de 13% de nas classificações de sobrepeso e altos índices de gordura corporal exposto nas tabelas acima.  

O consumo alimentar tem sua relação com a obesidade não somente quanto ao volume,  mas  também  em  relação  à  composição  e  a  qualidade  do  que  ingerem  na alimentação. Os padrões  alimentares  vêm  sofrendo modificações  constantemente,  o que contribui para o contínuo aumento de adiposidade nas crianças.  2.5.3.2. Você convive com pessoas acima do peso ou obesas? 

Classificação   

Gênero 

Idade (anos)

7 8 9 10 11  12 

Não Recomendado Feminino 20% 6,6% 13,3% 10% 3,3%  6,6%

Masculino 16,7% 0% 0% 0% 0%  0 

Baixo Feminino 33,3% 23,3% 16,7% 10% 13,3%  3,3%

Masculino 16,7% 23,3% 0% 6,6% 10%  20%

Médio Feminino 33,3% 50% 56,7% 63,3% 73,3%  76,7%

Masculino 43,3% 73,3 70% 63,3% 76,7%  80%

Alto Feminino 3,3% 10% 13,3% 13,3% 10%  6,6%

Masculino 13,3% 3,3% 30% 13,3% 6,6%  0% 

Obeso Feminino 10% 10% 0% 3,3% 0%  6,6%

Masculino 10% 0% 0% 16,7% 6,6%  0% 

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A maioria  dos  alunos  de  todas  as  faixas  etárias  e  gêneros  não  convivem  com pessoas  acima  do  peso  ou  obesas.  Porém,  índices  entre  26%  a  40%  devem  ser considerados. Os pais, a família de modo geral possui grande importância na construção da personalidade e costume dos seus dependentes. É importante que a família, participe desse  processo,  principalmente  os  pais,  e  que  também  adotem  um  estilo  de  vida saudável facilitando o tratamento (MENDONÇA, 2014).  2.5.3.3. Participa das aulas de Educação Física? 

A grande maioria dos alunos participa efetivamente das aulas de Educação Física na escola, fato que contribui grandemente para o combate a obesidade e excesso de peso para as crianças. Entretanto, nas idades entre 9 e 12 anos de ambos os gêneros, em média  20%  dos  alunos  não  participam  das  aulas  por  não  terem  professores  de Educação Física e que a escola não oferece espaço para atividades por ser um espaço alugado.  Atividades  devem  ser  adaptadas  às  condições  físicas  e  fisiológicas  de  cada criança, quando bem orientados, preservam o tecido muscular (massa magra) e auxiliam a aumentar a  taxa metabólica para auxiliar na perda de peso corporal  (MENDONÇA, 2014). 

 2.5.3.4. Pratica algum esporte fora da escola?  

A  grande  maioria  dos  alunos  participantes  da  pesquisa  não  participam  de atividades  físicas  ou  desporto  fora  do  ambiente  escolar.  Fatores  como  a  idade, segurança, e a promoção de atividades eficientes para a sociedade para essas crianças não existam. Essa porcentagem vai de 63,3% a 100% de acordo com a  faixa etária e gênero. Os alunos com 9 anos de ambos os gêneros são os que mais praticam esportes fora do ambiente escolar com 36,7%, com frequência semanal de 3 a 5 vezes. A atividade física é ao  longo prazo uma ótima estratégia para a manutenção do peso corporal e redução do percentual de gordura, altamente prejudicial à saúde, preservando a massa muscular isenta de gordura (GUEDES e GUEDES, 1998).   2.5.3.5. Quais seus alimentos preferidos?  

Foi  de  comum  acordo  em  todas  as  faixas  etárias  e  gêneros  que  os  alimentos preferidos citados foram: frutas, carnes, feijão, sanduiches e pizza.  É satisfatório ter a ciência que as crianças tomem gosto de alimentos saudáveis como as frutas,  feijão e carnes.  Entretanto  o  gosto  por  alimentos  altamente  calóricos  e  de  baixo  custo  é preocupante.  

A concentração das classes mais pobres nas cidades parece expandir o flagelo da obesidade quando se observa seu crescimento no contexto da pobreza pela prática de alimentação barata, pobre em nutrientes e fibras, mas excessivamente calórica muito mais  acessível  que  frutas,  verduras,  laticínios  e  carnes,  o  que  favorece  o  aumento excessivo de peso de crianças e adolescentes. É evidente a falta de prevenção por meio de orientações sobre à importância de uma educação alimentar e a atividade física nos 

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meios  de  comunicação,  nas  escolas,  nas  comunidades  e  no  ambiente  familiar (MENDONÇA, 2014). 

 2.5.3.6. Com que frequência consome cada alimento?  

 

O  gráfico  vem  a  esclarecer  a  questão  anterior,  o  arroz,  feijão,  carnes  e  frutas fazem  parte  da  alimentação  diária  das  crianças.  A  salada  continua  sendo  a  vilã  da alimentação  infantil,  nessa  pesquisa  fato que  teve  certa  comprovação. Dessa  forma, cremos também que a espontaneidade, o prazer, a naturalidade e a liberdade de escolha são  extremamente  importantes  para  a  aquisição  de  hábitos  saudáveis  com  a contribuição do professor de Educação Física.  2.5.3.7. Seus pais ou responsáveis  lhe estimulam a se alimentar de frutas, verduras e legumes?  

Em todas as idades e gêneros os pais ou responsáveis com medias acima de 90% estimulam seus dependentes em ingerirem, frutas, verduras e legumes. O que contribui grandemente  o  desenvolvimento  de  forma  saudável  dessas  crianças.  O  nível  de conhecimento  de  crianças  em  idade  escolar  modifica  a  relação  entre  obesidade  e práticas  alimentares  saudáveis.  Isso  leva  a  suspeita  de  que  as  crianças  quando  tem acesso às  informações sobre nutrição e a  importância de atividade  física, as mesmas começam  a  ter  sabidamente  práticas  mais  saudáveis  (VITOLO,  2015).  Salientando  a importância  do  profissional  de  Educação  Física,  principalmente  na  sua  prática profissional no ambiente escolar.  

 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS  

 Conclui‐se que a obesidade  infantil  não apresenta  a mesma epidemiologia em 

alunos do Ensino Fundamental de Rede Pública de Manaus. Os resultados evidenciam que  sua  grande  maioria  se  encontra  dentro  da  classificação  media  segundo  os protocolos validados para  IMC e Percentual de Gordura. Entretanto, níveis abaixo do peso não é recomendado tanto para o IMC quanto Percentual de Gordura apresenta um 

90%

50%

15%

30%

0%

50%

100%

Todo dia Sò fim de semana Nunca Pocas VezesArroz; Feijão; Carnes e Frutas Sanduiches e Pizzas Salada Doces e Refrigerantes

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nível de desnutrição entre os escolares. Alguns casos de obesidade e excesso de peso foram identificados, porém, em números não tanto significativos. 

Em relação a qualidade nutricional, os alunos se alimentam com maior frequência durante a semana de alimentos ricos em proteínas e vitaminas presentes nos alimentos como o feijão, frutas e carnes. Esses mesmos alimentos são os preferidos das crianças. A ingestão de doces, pizzas e sanduiches fica restrito aos finais de semana, em alguns casos  poucas  vezes.  O  vilão  da  alimentação  infantil  continua  sendo  a  salada,  sendo consumida poucas vezes ou nunca pelas crianças.  

 

REFERÊNCIAS  ABESO. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Disponível em: <http://www.abeso.org.br > Acesso em 7 de out. 2016.   BRASIL.  Ministério  da  Saúde,  Instituto  Brasileiro  de  Geografia  e  Estatística  IBGE. Antropometria  e  estado  nutricional  de  crianças,  adolescentes  e  adultos  no  Brasil, 2010.  FINCK, S. C. M. A Educação Física e o Esporte na escola: cotidiano, saberes e formação. Curitiba: Ibpex, 2011.  GIL, Antônio Carlos: Métodos e técnicas de pesquisa social, 5ed, São Paulo, 2007.  GUEDES,  D.  P.,  GUEDES  J.  E. Prevalência  de  Sobrepeso  e Obesidade  em  Crianças  e Adolescentes do Município de Londrina, PR. Motriz, v.4, n.1, p.18‐25, 1998.  HEYWARD, VIVIAN H. Avaliação Física e Prescrição de Exercícios: técnicas avançadas. 6 ed. – Porto Alegre: Artmed, 2013.  JUREMA, Jefferson; QUEIROZ, Walace: Metodologia Cientifica: Seu conteúdo da melhor forma, Manaus, AM: UEA, 2012.  MENDONÇA,  REJANE  TEIXEIRA.  Obesidade  Infantil  e  na  adolescência  –  São  Paulo: Rideel, 2014.  VITOLO, MÁRCIA  REGINA. Nutrição  da  gestação  ao  envelhecimento.  2  ed.  –  Rio  de Janeiro: Rubio, 2015. 

 

 

 

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A GESTÃO DO CAPITAL INTELECTUAL COMO A NOVA VANTAGEM COMPETITIVA PARA AS 

ORGANIZAÇÕES: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO 

Profº. MSc. Naêde Lima de Souza da Rocha7  

RESUMO  

O artigo aborda a questão da importância da gestão do capital intelectual na construção da vantagem competitiva das organizações. O principal objetivo é visualizar a gestão do capital intelectual como patrimônio construtivo das organizações modernas em relação ao mercado globalizado. A gestão do capital  intelectual será apresentada como fator eminente do sucesso estratégico empresarial. O capital intelectual, parece assumir, de forma crescente, a função de principal ativo das organizações, pois é ele, efetivamente, que permite que a informação se transforme em conhecimento. Vive‐se um momento de  importante  transição  do  ambiente  econômico,  onde  a  gestão  proativa  do conhecimento adquire um papel  central para a competitividade  tanto das empresas, como  dos  países.  O  Capital  Intelectual manifesta‐se  em  todas  as  ações  da  vida,  nas decisões e até mesmo na sobrevivência da espécie humana, e é a partir de bem pouco tempo que as organizações e seus administradores vêm percebendo a sua influência e suas  implicações  nos  resultados  empresariais.  Os  ativos  intangíveis,  como  as qualificações dos funcionários, a tecnologia da informação e os incentivos à inovação, por  exemplo,  podem  desempenhar  papel  preponderante  na  criação  de  valor  para  a empresa. Neste contexto  são apresentados diversos estudos de caráter exploratório, utilizando  se  como método  a  pesquisa  bibliográfica  e  concluindo  sobremaneira  com base no confronto de tais modelos que no contexto atual, em que os mercados forçam as empresas a entrar numa dinâmica de inovação permanente, a gestão estratégica do capital intelectual constitui o ativo mais valioso, residindo nele, normalmente, as fontes de vantagem competitiva para as organizações.  PALAVRAS‐CHAVE:  Gestão  do  Conhecimento;  Capital  Intelectual;  Estratégia Competitiva; Ativos Intangíveis.  

 ABSTRACT 

 The article addresses the issue of the importance of intellectual capital management in building the competitive advantage of organizations. The main objective is to visualize the  management  of  intellectual  capital  as  a  constructive  patrimony  of  modern organizations  in  relation  to  the  globalized  market.  The  management  of  intellectual 

                                                            7 Professor de ensino Superior (Faculdade La Salle Manaus), Bacharel em Administração de 

Empresas pela UNIP /AM, Especialista ‐ (MBA), em Gestão das Organizações e Serviços (UFAM), 

Especialista em Gestão Pela Qualidade Total (UFAM), Especialista e Mestre em Engenharia da 

Produção (UFAM). 

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capital will be presented as an eminent factor of strategic business success. Intellectual capital  seems  to  increasingly  assume  the  role  of  organizations'  main  asset,  since  it effectively enables information to become knowledge. There is a moment of significant transition from the economic environment, where management Proactive approach to knowledge  acquires  a  central  role  for  the  competitiveness  of  both  companies  and countries. Intellectual Capital manifests itself in all actions of life, in the decisions and even  in  the  survival  of  the human  species,  and  it  is  from a  very  short  time  that  the organizations and their administrators are perceiving its influence and its implications in the  business  results.  Intangible  assets,  such  as  employee  qualifications,  information technology and incentives for innovation, for example, can play a key role in creating value for the company. In this context, several exploratory studies are presented, using as a method the bibliographic research and concluding on the basis of the confrontation of such models that in the current context, in which markets force companies to enter a dynamic of permanent innovation, strategic management Of the intellectual capital is the most valuable asset, usually residing in the sources of competitive advantage for the organizations.  KEYWORDS: Knowledge Management; Intellectual capital; Competitive Strategy; Intangible Assets.  1. INTRODUÇÃO 

  O artigo destina‐se a desenvolver estudos de caráter exploratório, utilizando se 

da pesquisa bibliográfica visando avaliar a importância da gestão do capital intelectual na construção da vantagem competitiva das organizações. A gestão do conhecimento e suas possibilidades de  socialização para  a  formação do  conhecimento organizacional entre outros itens vêm somar para intenção instigante do artigo.  

Para a consecução do objetivo geral, os objetivos específicos visam confrontar os  modelos  de  gestão  do  capital  intelectual  como  patrimônio  construtivo  das organizações modernas em relação ao seu planejamento estratégico e a formação da base para a sustentação estratégica no mercado altamente competitivo, característico do mundo globalizado. Objetiva‐se ainda, repensar os processos e o fomento à formação do conhecimento organizacional no ambiente empresarial, sobretudo em relação ao seu impacto nas estratégias funcionais, permitindo que o gestor estratégico consiga almejar vantagem competitiva e aumento de solidez nas estruturas internas da organização. 

O estudo tem como justificativa, o fato de que as sociedades contemporâneas e  o  sistema  internacional  como  um  todo  estão  passando  por  processos  de transformações  sociais,  econômicas,  políticas  e  culturais  extremamente  rápidos  e profundos que põe definitivamente em questão as teorias e os conceitos, os modelos e as soluções anteriormente considerado eficazes para diagnosticar e resolver as crises econômicas, políticas e sociais que afetam os Estados Nacionais, as organizações e as pessoas  como  um  todo.  A  pobreza  extrema  em  uma  parte  bastante  significativa  da população  mundial,  o  agravamento  aparentemente  irreversível  das  desigualdades sociais  em  praticamente  todos  os  países,  a  degradação  ambiental  e  a  ausência  de 

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soluções concretas para qualquer um desses problemas, deixa claro que o que está em crise é o próprio modelo civilizacional na sua totalidade. O paradigma da modernidade é um dos maiores desafios do nosso tempo.        

Neste  início  de  terceiro  milênio  as  organizações  se  multiplicam  com  uma velocidade sem precedentes e a necessidade de bem administrá‐las cresce na mesma proporção. A multiplicidade de objetivos a que se propõem as modernas administrações vai muito além daquelas que existiam durante o predomínio da organização industrial. Administrar hoje significa enfrentar múltiplos e complexos desafios, significa resolver problemas  que  exigem  um  conhecimento multidisciplinar,  diversificado  e  com  forte conteúdo  ético.  As  rápidas  transformações  vivenciadas  pelo  mundo  atual  trazem  à discussão  a  dinâmica  das  interações  entre  os  seres  humanos,  as  organizações,  as sociedades  e  o  meio  ambiente,  sendo  essa  dinâmica  marcada  por  paradoxos, contradições, desafios, ameaças e oportunidades.   

Atualmente  observa‐se  que  três  tendências  têm  acelerado  essas transformações econômicas, políticas, sociais e culturais em escala global: a globalização crescente  da  economia,  o  fluxo  de  informações  alavancado  pela  explosão  das comunicações e a matriz tecnológica, impulsionada pela Revolução Técnico‐Científica. Na esfera organizacional estas tendências estão levando as organizações a se voltarem para seus processos de negócio, uma vez que as distâncias temporais e espaciais ficaram menores e menos significativas, obrigando as organizações a serem mais dinâmicas e como uma visão holística dos processos competitivos.  

No mundo contemporâneo, caracterizado pela mundialização do capitalismo e pelos  fluxos  de  informação  que  se  assentam  na  emergência  de  um  conjunto  de indústrias  que  participam  da  onda  contemporânea  de  novação  tecnológica,  as organizações  são  constantemente desafiadas a adaptar‐se às mudanças,  levando em conta as expectativas dos clientes, as estratégias competitivas, os avanços tecnológicos, as políticas governamentais e as condições momentâneas da economia e da sociedade. Tal  transformação  tem  como  pano  de  fundo  os  avanços  tecnológicos  que  rompem fronteiras,  limites  de  tempo  e  distância,  transpondo  barreiras  sociais,  culturais  e políticas, tornando o mundo mais integrado e, ao mesmo tempo, multifacetado.  

Estar preparado para essas mudanças deixou de ser um mero conforto exigido por empresas com uma gestão mais rígida e equacionada. As mudanças ocorrem numa velocidade  equivalente  à  da  disputa  do  mercado  globalizado.  Dessa  maneira,  o importante não é fabricar necessariamente o melhor produto do mercado, a empresa deve ser competitiva, ágil, cativar clientes, buscar as vulnerabilidades dos concorrentes, garimpar oportunidades, entre outras coisas essenciais à sua sobrevivência. Conseguir combinar todas essas atividades sem o domínio das informações que circulam interna e externamente à empresa é algo impossível, mesmo para uma microempresa. Acessar, analisar e compreender este conjunto de dados tem me mostrado ponto fundamental para gestão eficaz de qualquer organização. 

De acordo com Magnoli (2003), a atual Revolução da Informação assenta‐se na emergência de um conjunto de indústrias que participam da onda contemporânea de inovação tecnológica. Ela movimenta uma gama crescente de mercadorias. A revolução da informação possibilita um salto na unificação do mercado mundial. A globalização 

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dos mercados financeiros deflagrada a partir do início dos anos de 1990 não poderia ter sido  fruto  apenas  das  ideias  econômicas  liberais.  Para  se  tornar  realidade,  o supermercado mundial das finanças necessitou de uma base tecnológica, fornecida pela Revolução da Informação. 

Para Magnoli  (2003)  a  globalização não  suprimiu os  Estados Nacionais  e não eliminou as fronteiras políticas e as rivalidades estratégicas. Ao contrário, acentuou a busca por poder e riqueza em escala planetária. No espaço globalizado contemporâneo, emergem  novas  potências  econômicas  e  se  reorganizam  as  relações  entre  os  focos tradicionais  de  poder.  Ao mesmo  tempo,  sob  o  impacto  de  uma  Revolução  Técnico Científica (Terceira Revolução Industrial), todo o processo produtivo se transforma. As repercussões dessas mudanças nas  regiões  industriais,  nas economias urbanas e nas estruturas de emprego constituem verdadeiros cataclismos. Um mundo está morrendo e um outro está nascendo. 

Assim, a nova visão empresarial, voltada para a era do conhecimento, requer uma  mudança  na  forma  como  se  devem  perceber  as  organizações.  O  paradigma anterior,  de  um modelo  contábil  puramente mecanicista,  com  atenção  centrada  no valor  patrimonial,  tende  a  ser  substituído  por  outro  de  valor mais  real,  baseado  no Capital  Intelectual,  dando  transparência  às  empresas,  ao  seu  pessoal,  investidores  e analistas,  além  de  constituir  um  modelo  que  tende  a  ser  padrão  para  todas  as organizações, inclusive aquelas sem fins lucrativos.  A organização do futuro terá uma relação  mais  próxima  com  seu  pessoal  e  com  a  valorização  de  ativos  intelectuais, redimindo‐se  do  período  em  que,  em  prol  da  concorrência  desmedida,  rasgou  os contratos  sociais  com  seus  colaboradores  e  perdeu  o  senso  de  valor  do  seu  capital humano.  

Quanto à metodologia, neste trabalho, optou‐se por fazer uma revisão da literatura acerca  do  tema  tratado  com  abordagem  de  natureza  qualitativa.  O  método  de abordagem adotado  foi o  indutivo que, de acordo  com Lakatos & Marconi  (2007),  a aproximação  dos  fenômenos  caminha,  geralmente,  para  planos  cada  vez  mais abrangentes,  indo  das  constatações  mais  particulares  às  leis  e  teorias.  Quanto  aos meios, a pesquisa se enquadra como bibliográfica; quanto aos fins, se classifica como exploratória  e  explicativa,  objetivando  contribuir  para  uma  visão  contemporânea  e holística do tema abordado.     

 

2. DESENVOLVIMENTO  

2.1.  A  Gestão  do  Conhecimento  e  do  Capital  Intelectual  e  seu  Impacto  na Moderna Gestão Organizacional  

O  conceito  de  gestão  do  conhecimento surgiu  nas  organizações  no  início  da década de 90, e segundo Karl Sveiby (1998), a gestão do conhecimento não é apenas um modo  de  eficiência  operacional,  mas  sim  parte  da  estratégia  empresarial contemporânea. Ela trata da prática de agregar valor à informação e distribuí‐la, tendo como objetivo central o aproveitamento dos recursos existentes na empresa. Prioriza o capital humano, proporcionando a criação de novas ideias e processos, identificando, 

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captando,  distribuindo,  compartilhando  e  alavancando  o  conhecimento.  Implica, portanto, a adoção de práticas gerenciais compatíveis com os processos de criação e aprendizado individual e organizacional. A Gestão do Conhecimento objetiva maximizar e  alavancar  o  potencial  humano  nas  organizações,  tornando‐as  mais  eficazes  e competitivas (PONCHIROLLI; FIALHO, 2005). 

Para  Drucker  (2002),  as  mudanças  na  economia  mundial,  vivenciadas  nas últimas décadas que culminaram com completa a globalização da economia, vêm sendo retratadas por muitos autores consagrados, estudiosos dessa transformação, como um período de transição da passagem de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento  (ou  pós‐industrial),  onde  os  recursos  econômicos  tradicionais  (terra, capital  e  trabalho)  juntam‐se  ao  conhecimento  racional  de  sua  utilização,  alterando sobremaneira, a estrutura econômica das nações e principalmente, a forma de atribuir valores ao ser humano, único detentor do conhecimento.  

Segundo  Wernke  (2002),  uma  vez  que  a  capacidade  de  adquirir  e desenvolver  conhecimentos  é  inerente  ao  ser  humano,  isto  diferencia este recurso econômico dos demais fatores de produção, pois o conhecimento é um recurso  ilimitado,  além  disso,  diferentemente  dos  recursos  naturais  que  se exaurem  com  o  tempo,  os  quais  representavam  a  base  da  sustentação  da sociedade industrial, o conhecimento é não‐subtrativo. Na era da informação, o conhecimento tornou‐se a principal commodity (mercadoria) e alavancador do resultado  da  atividade  econômica,  a  inteligência  organizacional  (pessoas inteligentes  trabalhando  de  forma  inteligente)  deixou  de  ter  um  papel secundário, para assumir o papel principal nas entidades.  

A  informação  e  o  conhecimento  diferem  dos  demais  recursos econômicos, porque podem ser utilizados sem, contudo, serem consumidos e por  outro  lado  o  custo  da  sua  produção  independe  do  nível  de  atividade  da entidade, ou seja, do número de pessoas que irão se beneficiar do seu uso. Pode‐se concluir que o conhecimento vem se somar aos recursos básicos (fatores de produção), indispensáveis para o desenvolvimento contínuo da Economia, não como  um  substituto  e  sim  como  um  agente  interativo  básico  para  o  atual processo de mudança da situação econômica global (KAYO et al., 2008). 

Um dos pontos fundamentais na Gestão do Conhecimento é a liderança. No mundo moderno gerir conhecimento, como capital intelectual, sem valorizar o ser humano e motivá‐lo, é o mesmo que aplicar dinheiro em ação sem valor. A Gestão de Conhecimento, ao utilizar o capital intelectual, deve definir como fator preponderante a velocidade e o encantamento com a novidade dos benefícios. Passou a época, demorada e enfadonha, das circulares, dos comunicados, das mensagens  via  telex,  etc.  Hoje,  somos  movidos  pelas  mudanças  dentro  das próprias mudanças, cuja única certeza é a mudança. Portanto, os processos da Gestão de Conhecimento de modo algum poderão ser lentos; devem ser ágeis, embora refletidos e amadurecidos (CORDEIRO, 2002). 

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No  século  XX,  na  maioria  das  empresas,  as  vantagens  competitivas  sempre eram  baseadas em fatores clássicos de produção, capital, equipamentos (maquinário), trabalho e terra. O conhecimento ainda não tinha o valor e a importância que tem hoje, tornando‐se  fundamental  nas  organizações  em  termos  de  estratégia  para  que  a organização possa ganhar competitividade.  Hoje pode‐se se dizer que o Conhecimento é  novo  fator  de  produção  e  gerador  de  riqueza  e  competitividade.  Segundo  Toffler (1998), o que se tem é a substituição da força física pelo conhecimento. O conhecimento é o substituto último de todas as formas de produção. 

Matos e  Lopes (2008), reconhecem a crescente preocupação das empresas em gerir seus conhecimentos, fato que amplia as ações e estratégias  ligadas à Gestão do Conhecimento.  Ponchirolli  (2003,  p.  11)  alerta  que:  “a  necessidade  de  Gestão  do Conhecimento é uma realidade em nossos dias, contudo, a prática dela é uma ficha que ainda  não  caiu  para  muitas  organizações”.  Promover  a  Gestão  do  Conhecimento constitui‐se como uma  importante alternativa no estabelecimento de uma estratégia diferenciada  para  buscar  diferenciais  competitivos.  O  conhecimento  tácito  é  o mais valioso e o mais difícil de se  transmitir, a questão é que o conhecimento tácito é que, por  estar  vinculado  diretamente  as  pessoas,  é  difícil  de  ser  absorvido  por  uma organização inteira. 

O conhecimento tácito é o conhecimento adquirido no dia‐a‐dia do contexto de trabalho. Composto de métodos e processos específicos ações aplicadas para encurtar decisões, resolver problemas e garantir a satisfação dos clientes. Dentre os desafios que surgem  destaca‐se  aquele  relativo  ao  desenvolvimento,  propagação  e  incorporação deste saber na cultura da organização, mas a prioridade vai para o desafio de minimizar as  perdas  que  ocorrem  quando  os  detentores  deste  tipo  de  conhecimento  são transferidos, promovidos, vão para outra organização, ou morrem. Já o Conhecimento explícito é o conhecimento formal, que é fácil  transmitir entre  indivíduos e grupos. É freqüentemente codificado em fórmulas matemáticas, regras, especificações, e assim por diante, é  capaz de promover a inovação e o desenvolvimento de novos produtos (PONCHIROLLI ; FIALHO, 2005). 

Para  Ponchirolli  e  Fialho  (2005),  traçar  estratégias  significa  o  processo  de entrelaçamento de tudo o que é preciso para administrar uma organização. Neste novo século, torna‐se essencial que as empresas focalizem as estratégias nas competências essenciais  intelectuais  e  de  serviços  e  alavanquem  as  estratégias  baseadas  em conhecimento. O contexto empresarial atual, com suas drásticas transformações, clama pela reflexão e discussão de vários temas desafiadores, alguns deles encarados como essenciais à sobrevivência das organizações. Esta nova era,  sempre acompanhada de locuções adjetivas como “da  informação”,  “do conhecimento” ou “da comunicação”, mostra a relevância do conhecimento como fator capital à prosperidade organizacional . 

Matos  e  Lopes  (2008),  afirmam  que  na  sociedade  do  conhecimento,  os trabalhadores  do  conhecimento  desempenham  um  papel  central.  O  componente intelectual assumiu a supremacia, em detrimento do antigo modelo físico. É urgente e indispensável  modificar  as  formas  hierárquicas  ultrapassadas  e  cerceadoras  da criatividade.  A  criação  de  um  ambiente  organizacional,  com  base  na  gestão  do 

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conhecimento,  traz  a  necessidade  de  uma  profunda  sinergia  entre  três  dimensões organizacionais:  infra‐estrutura,  pessoas  e  tecnologia.  A  ênfase  no  conhecimento pressupõe  a  necessidade  de  sua  gestão  nas  organizações.  Nesse  sentido,  fala‐se  de Gestão do Conhecimento. O  investimento em Gestão do Conhecimento se  traduz na busca pela harmonia e coerência entre as variáveis que compõem essas dimensões. 

Comentando  as  três  dimensões  da  organização  da  era  do  conhecimento,  a primeira,  a  da  infraestrutura,  busca  criar  um  ambiente  propício  à  gestão  do conhecimento,  envolvendo  variáveis  como  estrutura  organizacional,  estilo  gerencial, cultura organizacional,  visão holística.  A  segunda,  a de pessoas,  é  caracterizada pela busca  da  aprendizagem  constante,  pelo  incentivo  à  criatividade,  à  inovação  e  ao compartilhamento  do  conhecimento,  pela  valorização  da  intuição  e  ainda  pela consciência da existência e da necessidade de se trabalharem os modelos mentais, assim como se viabilizar a descoberta deles. Por último, a dimensão tecnologia refere‐se ao suporte às atividades relacionadas à gestão do conhecimento.  

Para Kayo et al.,  (2008) algumas  iniciativas são fundamentais para elaborar e instituir  um programa de Gestão do Conhecimento:  analisar que  conhecimentos  são valiosos para a organização; garantir que não haja barreiras à difusão deles, utilizando facilitadores; criar processos para que os conhecimentos cheguem às atividades do dia‐a‐dia;  projetar uma  infraestrutura que permita  ter  acesso a  esse  conhecimento  com facilidade. O capital humano,  segundo Ponchirolli  (2003), é muito mais  importante e significativo do que a soma do patrimônio de uma organização. As empresas necessitam perceber  que  os  seres  humanos,  em  seu  trabalho,  não  são  apenas  pessoas movimentando ativos – eles próprios são ativos que podem ser valorizados, medidos e desenvolvidos como qualquer outro ativo da corporação. 

 2.2. A gestão do capital intelectual como vantagem competitiva nas organizações 

 Na era de conhecimento, a fonte de valor para produtos como computadores, 

software,  telefonia  celular,  os  farmacêuticos  e  até mesmo  os  produtos  de  consumo habituais, foram alterados de conteúdos físicos a outros associados com conhecimento. O principal agente transformador dos produtos e serviços, não se trata de nenhum ativo comumente  encontrado  nas  demonstrações  contábeis,  e  sim  em  um  tipo  de  ativo, pouco estudado e discutido na Contabilidade, mas que a cada dia vem se transformando no  principal  fator  produtivo,  estamos  falando  do  “Ativo  Intelectual”  ou  “Capital Intelectual” (CORDEIRO, 2002).   

A Gestão do Conhecimento (GC) pode ser entendida, basicamente, como “a arte de gerar valor a partir de bens intangíveis da organização” (SVEIBY, 1998, p. 18). Ou seja, sua função é gerar riqueza e valor a partir do gerenciamento de elementos que estão fora do contexto habitual de terra, capital e mão de obra, visão esta compartilhada por Drucker (1993, p. 62). Neste enfoque a Gestão do Conhecimento tem a função de apoiar e  orientar,  a  partir  de  um  planejamento  estratégico  que  inclui  a  informação  e  o conhecimento, a melhor forma de capitalizar o conhecimento organizacional. 

No quadro de crescente globalização, a economia confronta as empresas com inúmeros desafios, já não chega produzir, as premissas atuais assentam no acesso ao 

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conhecimento como condição para se atingir a produtividade e a competitividade. Neste sentido, o conhecimento é a informação que ao ser usada pela mente humana permite a  tomada  de  decisão  em  determinado  contexto  e  a  gestão  do  conhecimento organizacional, entendida como a “gestão do saber”, dentro da organização, utilizando novas  tecnologias,  passa  pela  capacidade  que  a  organização  tem  para  identificar  e codificar  conhecimento,  estimular  o  seu  desenvolvimento  e  facilitar  a  sua  aplicação (SILVA, 2003). 

No entanto, as organizações sempre procuraram e valorizaram o conhecimento, a novidade está no reconhecimento de que o conhecimento é um ativo que é necessário gerir com a mesma atenção dedicada aos demais ativos. É preciso cultivar um clima de inovação e criatividade, que permita a formação de conhecimento, o qual deve poder ser incutido na cultura organizacional, nos valores e nas crenças, levando à disseminação do conhecimento e à inovação. Este patrimônio intelectual pode ser usado, mas torna‐se propriedade das organizações apenas quando é disponibilizado voluntariamente a seu favor. Nessa altura, passamos então a falar de capital intelectual (SILVA, 2003).  

De acordo com Wernke (2002) a Gestão do Capital Intelectual deve verificar se cada indivíduo da organização está a aplicar o seu saber em benefício desta, pois se não existirem fatores que propiciem a aplicação do conhecimento, de nada vale o saber de cada indivíduo. Se for possível a gestão do capital intelectual de uma forma auditável e certificável,  a  qualidade  terá  um  dinamismo  controlado  e  as  organizações  poderão avaliar e  controlar  a  capacidade de  inovação do  seu  capital  intelectual. A adoção de sistemas  de  certificação  de  gestão  do  capital  intelectual  é  por  isso  um  instrumento essencial  de  avaliação  da  capacidade  de  inovação  e  de  promoção  de  garantias  de qualidade. 

Antunes (2002, p. 22) divide o Capital Intelectual em três grupos principais: a) Recursos Humanos; b) Recursos Intelectuais; e, c) Propriedade Intelectual.  

     a) Recursos Humanos  (Capital Humano): Os  recursos humanos oferecem à entidade sua perícia e suas capacidades, incluiu as experiências coletivas, habilidades e conhecimento geral dos empregados. A companhia com muita facilidade pode perder este  tipo  de  capital,  portanto,  a  administração  deve  adotar  uma  política  efetiva  de preservar patrimônio de tal preciosidade.  

  b) Recursos  Intelectuais: Os  recursos  intelectuais  são as descrições de  certo tipo de conhecimento para o qual a companhia possui um direito de propriedade que pode ser comercializado; esses bens representam as fontes de inovações pelas quais as companhias tornam possível operar no mercado.      

  c)  Propriedades  Intelectuais:  As  propriedades  intelectuais  são  recursos intelectuais  protegidos  legalmente,  isso  inclui  patentes,  direito  autorais,  marcas registradas, segredos comerciais e outros tipos de propriedades intelectuais.  

Para Antunes  (2002), a  fonte primária da produção do Capital  Intelectual é o Capital  Humano,  pois  o  processo  de  converter  recursos  humanos  em  recursos intelectuais  e,  posteriormente,  em  propriedades  intelectuais.  Diversos  fatores constituem  o  Capital  Intelectual,  tais  como:  marca,  patente,  canal  de  distribuição, relacionamento cliente e fornecedores, marketing, etc., sendo que o ponto que mais preocupa os estudiosos é o capital humano e seus reflexos na vida da empresa. Não se 

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têm uma definição abrangente do que seja Capital Humano, porém pode ser dizer que o Capital Humano é o  instrumento  criador do Ativo Organizacional;  sendo que Ativo Organizacional seria o mesmo que Propriedades Intelectuais.  

Hoje, a tecnologia se impõe cada vez mais refletindo mudanças e buscando o diferencial do capital intelectual no âmbito organizacional, para construções de novas estruturas e práticas do trabalho que superem os limites da inovação, do aprendizado e da  geração  de  novos  conhecimentos  obtendo  uma  vantagem  competitiva  e diferenciada. A evolução tecnológica demanda o aprendizado contínuo da organização, o  capital  intelectual  é  o  maior  responsável  pela  distinção  das  empresas  no  que  se referem ao seu conhecimento coletivo adquirido, as suas inovações, aos seus valores e as motivações das pessoas que as integram. Estas tecnologias exigem das organizações sucessivas  adaptações  em  suas  estruturas,  a  fim  de  acompanharem  a  evolução  no âmbito organizacional (WERNKE, 2002).   

Segundo Brooking (1996; apud ANTUNES, 2002, p. 78) o Capital Intelectual pode ser conceituado como: “(...) uma combinação de ativos intangíveis fruto das mudanças nas áreas da  tecnologia da  informação, mídia e  comunicação, que  trazem benefícios intangíveis para as empresas e que capacitam seu funcionamento”. Dentro do ambiente organizacional, verifica‐se, então, o ser humano como difusor do conhecimento. O qual é destacado como o principal gerador de riquezas e agregador de valor aos produtos e serviços.  

Para  Antunes  (2002)  capacitar  essa  mão‐de‐obra  formada  pelo  Capital Intelectual  e  saber  a  forma mais  eficiente  de motivá‐la  e  gerenciá‐la,  vêm  sendo  o grande  desafio  para  as  organizações  no  atual  cenário  tecnológico. De modo  geral,  a importância do elemento humano nas empresas é incontestável e cresce cada vez mais as  discussões  em  torno  desta  questão.  Reconhecer,  investir  e  reter  o  seu  capital intelectual é, sobretudo, valorizar a sua capacidade, o seu potencial humano como fator determinante para se obter a distinção no cenário organizacional.   

 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS  

É incontestável a contribuição do capital intelectual na geração de valor para os produtos e serviços fornecidos pelas empresas. A gestão deste capital é primordial, pois, uma vez que, estruturado e disseminado pode‐se garantir ainda mais os conhecimentos na organização. O intelecto profissional cria boa parte do valor de uma empresa, seus benefícios  são  visíveis  imediatamente  nos  desempenhos  e  resultados  por  ela alcançados.  O  conhecimento  tornou‐se  um  recurso  econômico  proeminente  –  mais importante que a matéria‐prima; mais importante, muitas vezes, que o próprio dinheiro. A  gestão  do  Capital  Intelectual  nas  organizações  é  mais  uma  tentativa incontestavelmente de identificar e mensurar os ditos ativos intangíveis que, enquanto não mensurados, resultam em parte no desconhecimento do valor patrimonial real das empresas (Capital Próprio). 

O capital intelectual tem mudado a visão de diversas empresas com seu valor imensurável,  levando  as  mesmas  a  indagar  sobre  a  sua  importância  e  conduzindo naturalmente a se pensar sobre a necessidade de torná‐lo cada vez mais essencial nas 

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organizações. A fim de obter o diferencial no âmbito organizacional, vêm desafiando os administradores  para  sua  gestão  em  aplicar  todo  esse  universo  de  informações  e conhecimento  na  estrutura  física  organizacional.  A  gestão  empresarial  nesta  era  da informática  e  de  informações  impõe  novos  paradigmas,  seu  principal  objetivo  é conscientizar as pessoas para a importância de elevar o conhecimento e quantificá‐lo como parte do patrimônio da empresa, desafiando a todos para a sua aplicação e seu verdadeiro valor na atual realidade das organizações. 

 Para  STEWART,  o  capital  intelectual  corresponde  ao  conjunto  de conhecimentos  e  informações,  encontrado  nas  organizações,  que  agrega  valor  ao produto e/ou serviços, mediante a aplicação da inteligência e não do capital monetário, ao empreendimento. Já para EDVINSSON e MALONE 5 (1988, p.19), “é um capital não financeiro que representa a lacuna oculta entre o valor de mercado e o valor contábil. Sendo, portanto, a soma do Capital Humano e do Capital Estrutural”. Dessa maneira, o valor da empresa é o somatório do capital intelectual mais o capital físico, representados pelos  ativos  tradicionais  da  empresa.  Em  suma,  os  desafios  da  gestão  do  capital intelectual não se restringem apenas aos administradores, o desafio é notado no setor contábil. O qual destaca a representação do capital intelectual no balanço patrimonial da organização, incluindo as competências do funcionário nos ativos intangíveis.  

Em seu livro “Capital Intelectual”, EDVINSSON e MALONE, comparam o Capital  Intelectual a uma árvore (1998: p.28).  

 [...]  as  partes  visíveis  da  árvore,  tronco,  galhos  e  folhas, representam a empresa conforme é conhecida pelo mercado e expressa pelo processo contábil. Os frutos produzidos por essa árvore representam os lucros e os produtos da empresa. As raízes, massa que está debaixo da superfície, representam o valor oculto, nem sempre relatada pela contabilidade. Para que a árvore floresça e produza bons frutos, ela precisa ser alimentada por raízes fortes e sadias [...].  

 A metáfora é perfeita. Revela que existe uma realidade por detrás da aparência, 

que o visível e o aparente são apenas um aspecto da realidade.  E assim desmistifica o conceito de valor. Se o capital  intelectual representa a 

massa enterrada da raiz da árvore visível, ou, usando uma outra imagem conhecida, o iceberg gigante escondido embaixo da superfície que se encontra emersa; supondo que represente 2/3 ou mais do valor real das empresas, então nos defrontamos não somente com uma distorção no setor de investimentos, mas com uma verdadeira crise que se estende por toda a economia.  

Estes estudos são fundamentais como instrumento para os executivos em suas decisões.  Diante  disto  nota‐se  que,  o  trabalhador  do  conhecimento  é  contribuinte indispensável  neste  processo  decisório,  pois,  como  agentes  multiplicadores  de conhecimentos, disseminam toda sua cultura, suas ideias e suas habilidades aos valores da empresa. 

  

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REFERÊNCIAS   

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KAYO, Eduardo Kazuo; KIMURA, Herbert; CORRÊA, André Luis Metzker; LOSHIDA, Pamella  Lie  Konno.  Janeiro,  2005.  Avaliação  e  gestão  de  ativos  intangíveis. Fundo  Mackenzie  de  Pesquisa.  Disponível  em <http://www4.mackenzie.com.br/7594.html> Acesso em 20 de maio 2008.  LAKATOS,  Eva Maria; MARCONI, Marina  de  Andrade.  Fundamentos  de Metodologia Científica. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.    MAGNOLI,  Demetrio.  Globalização:  Estado  Nacional  e  Espaço  Mundial.  São  Paulo: Moderna, 2003.   MATOS,  Florinda;  LOPES,  Albino.  Gestão  do  capital  intelectual:  A  nova  vantagem competitiva das organizações. Comportamento Organizacional e Gestão, 2008, vol. 14, n.º 2, 233‐245.    PONCHIROLLI,  Osmar.  A  importância  do  capital  humano  na  gestão  estratégica  do conhecimento  sob  a  perspectiva  da  teoria  do  agir  comunicativo.  Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ‐ Tese de Doutorado em Engenharia de Produção, 2003.  PONCHIROLLI,  Osmar;  FIALHO,  Francisco  Antonio  Pereira.  Gestão  estratégica  do conhecimento como parte da estratégia empresarial. Curitiba (PR): Rev. FAE, v. 08, nº 1, p. 137/138, jan./jun., 2005.   

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SILVA, Wellington Diolice Felix da. Introdução à gestão da informação. Campinas, SP: Editora Alínea, 2003.   STEWART, Thomas A . Capital intelectual: A nova vantagem competitiva das empresas. 8. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998.   SVEIBY,  Karl  Erik.  A  Nova  Riqueza  das  Organizações:  gerenciando  e  avaliando patrimônios de conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1998.  TOFLER, A. Powershift: as mudanças do poder. São Paulo: Record, 1998.  WERNKE,  Rodney.  As  considerações  acerca  dos  métodos  de  avaliação  do  capital intelectual. Revista Brasileira de Contabilidade: nº 137. set./out. 2002. p. 23‐39.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A UTILIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NÃO FORMAIS COMO METODOLOGIA DE ENSINO NO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA FACULDADE LA SALLE‐MANAUS 

 Ellen Jane Lima de Melo8 

Paulio Idelio da Silva Filho9  Elizângela da Rocha Mota10 

 RESUMO 

 Na educação contemporânea exige‐se diferentes plataformas de ensino para promover aprendizagem integral e significativa, o que inclui utilizar outros espaços de educação como os espaços não formais de ensino (museus, planetários, casa de ciências etc). Além disso, pensar pedagogicamente nessas plataformas envolve uma prática diferenciada do  professor  que  envolve  base  científica  e  comprometimento  no  ensino  e  na aprendizagem. Partindo desse pressuposto, adotou‐se como estratégia metodológica a visita  técnica em diferentes espaços não‐formais na  cidade de Manaus, na disciplina Educação,  Escola  e  Sociedade, ministrada  no  5  período  do  curso  de  licenciatura  em Educação  Física  da  Faculdade  La  Salle.  Assim,  evidencia‐se  nesta  pesquisa  o  uso  de espaços  não‐formais  de  educação  como  estratégia  metodológica  para  promover aprendizagem ativa e significativa. Como resultado, observou‐se interesses pelos alunos e  mudanças  de  perspectivas  sobre  esses  espaços,  em  especial  os  museus, ressignificações  de  conteúdos  didáticos,  ampliação  da  cultura  amazônica  e comprometimento enquanto profissionais da educação.  PALAVRAS‐CHAVE: Educação, Espaço não‐formal, Educação Física. 

 ABSTRACT 

 In  contemporary  education  different  educational  platforms  are  required  to  promote integral and meaningful learning, which includes using other educational spaces such as non‐formal teaching spaces (museums, planetariums, science houses, and other similar places.). Thinking pedagogically in these platforms involves a differentiated practice of the  teacher  that  involves  scientific  basis  and  commitment  in  teaching  and  learning. Starting from this point, it was planned to offer such reflections epistemologically and to  promote  technical  visits  in  different  non‐formal  places Manaus  city,  through  the discipline  “Education,  School  and  Society”,  taught  in  the  5th  period of  the  licentiate 

                                                            8 Graduanda  no  curso  de  Licenciatura  em  Educação  Física  da  Faculdade  La  Salle/Manaus. [email protected] 9  Graduando  no  curso  de  Licenciatura  em  Educação  Física  da  Faculdade  La  Salle/Manaus. [email protected] 10 Professora Orientadora: Graduada em Psicologia pela Uni Norte, Pós‐Graduação em Psicologia Organizacional pela Uni Norte, Pós‐Graduação em Psicologia Jurídica pela Fametro, Mestre em Educação  em  Ciências  na  Amazônia  pela  Universidade  do  Estado  do  Amazonas  (UEA). [email protected]

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course in Physical Education at La Salle University.  So, the use of non‐formal educational places  as  a  methodological  strategy  to  promote  active  and  meaningful  learning  is evidenced in this research. As a result, interest and perspectives on these spaces were observed,  especially museums,  re‐significations  of  content  previously  worked  in  the classroom,  expansion  of  the  Amazon  culture  and  commitment  as  educational professionals.  KEYWORDS: Education, non‐formal places, Physical Education. 

 1. INTRODUÇÃO  

Na educação  contemporânea exige‐se diferentes plataformas de ensino para promover uma aprendizagem integral e significativa, bem como recursos diversos para contemplar  as  diferentes  cognições  presentes  em  uma  sala  de  aula.  Além  disso,  as instituições  de  ensino  necessitam  de  um  educador  com  perfil  inovador,  também chamado de pesquisador, reflexivo, aquele educador que inova sua metodologia por se responsabilizar significativamente com a aprendizagem de seus alunos, além de sair da sua zona de conforto, mesmo diante das inúmeras dificuldades ou empecilhos, para uma prática diferenciada no cotidiano acadêmico. Como afirma Oliveira e Gonzaga  (2011, p.19),  “a  pesquisa  está  relacionada  com  a  educação  nas  universidades,  partindo  de aproximações  importantes  como:  a  necessidade  de  senso  crítico,  o  questionamento permanente, a capacidade de projeto próprio e a habilidade reconstrutiva”. Além disso, ensinar  somente no espaço da  sala de  aula pode  ser  considerada uma prática ainda tradicional ou mecânica, pois há outros espaços de educação que são fontes de muita informação  e  socialização,  além  de  promover  o  desenvolvimento  social  e  cognitivo. Esses espaços são denominados de não‐formal (museus, teatros, planetários etc), como descreve Oliveira e Gonzaga (2011, p. 29): 

  A educação em ciências nos dias de hoje não pode mais se ater ao contexto  estritamente  escolar.  Esta  afirmação,  cada  vez  mais presente entre educadores em ciências, enfatiza o papel de espaços de educação não formal, como museus de ciências e tecnologia, para a alfabetização científica dos indivíduos.  

Partindo  deste  pressuposto  conceitual,  no  desenvolvimento  da  disciplina Educação,  Escola  e  Sociedade  oferecida  no  5  período  do  curso  de  Licenciatura  em Educação  Física  na  Faculdade  La  Salle/Manaus  desenvolve‐se  dentre  as  diversas metodologias de ensino e avaliação, a vista técnica em espaços não‐formais de ensino na  cidade  de  Manaus/Am  como  ferramenta  ao  processo  de  aprendizagem  dos acadêmicos.  

O uso dos espaços não‐formais contribui também para a formação do sujeito histórico,  pois  a  educação  é  um  processo  de  humanização,  possibilitando  que  os indivíduos se insiram na sociedade humana, historicamente construída e em construção (PIMENTA  e  ANASTASIOU,  2014).  É  comum  em  todos  os  semestres,  alguns  alunos 

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descreverem que desconheciam o local visitado, bem como sua história, sendo esta uma oportunidade para sua construção social e amazônica. 

A sociedade está em constante mudança  juntamente com as  ferramentas de trabalho, com as diferentes maneiras como as pessoas se relacionam, com as diversas formas  de  aprendizagem,  ou  seja,  são  tantas  opções  que  cercam  o  indivíduo  na atualidade  que  cabe  ao  professor  compreender  essas  diferentes  subjetividades  no contexto acadêmico e elaborar métodos para se adaptar e evoluir em conjunto com o aluno em prol da aprendizagem. 

O professor, por sua vez, age diretamente como agente motivacional de seus alunos e para isto, é necessário que este identifique os instrumentos de ação pedagógica para ativar a automotivação dos educandos, tornando‐os mais criativos e eficazes no decorrer do seu desenvolvimento. A motivação contribui como um fator que afeta o começo,  a  durabilidade  e  ainda  a  intensidade  no  ato  de  ensinar  e  na  relação  do aprender, e isso permite que os indivíduos assumam seu compromisso na relação. 

Desse  modo,  esse  trabalho  busca  demonstrar  uma  proposta  metodológica realizada  na  Faculdade  La  Salle/Manaus  no  ano  de  2016  referente  a  utilização  de espaços não‐formais para a aquisição de conhecimento e assimilação de aprendizagem utilizando a participação e a ressignificação dos conteúdos estudados em sala de aula e experenciados  na  prática.  Além  de  incentivar  os  licenciando  em  Educação  Física diferentes plataformas de ensino.  2. DESENVOLVIMENTO  2.1 Educação Física e os Espaços não‐formais  

A  Educação  Física  tem  ampliado  sua  área  de  atuação,  saindo  dos  espaços normalmente utilizados como escolas e academias, e contribuindo há alguns anos em setores  como  a  indústria,  a  saúde  pública  e  lugares  onde  há  promoção  da  saúde. Conforme Brendrath (2010, p.287):  

A Educação Física nas últimas décadas tem passado por uma enorme revolução conceitual a respeito de suas teorias e de suas formas de atuação.  De  uma  formação  centrada  para  a  atuação  no  cenário escolar, ela passou a formar profissionais aptos a atuarem em áreas específicas da saúde pública com grande enfoque na perspectiva e promoção  da  saúde,  da  mesma  maneira  os  campos  de  atuação profissional  se  expandiram  atingindo  setores  que  até  então  não eram ocupados por esses profissionais.  

 Essa  ampliação  no  campo  de  atuação  deve‐se  graças  às  inúmeras  pesquisas 

científicas que tem demonstrado o quanto é importante o indivíduo está em constante atividade física. Porém, há um campo onde esse profissional pouco atua ou não tem uma formação adequada para fazer uso dos espaços não‐formais de educação. Desta forma,  há  uma  oferta  de  espaço  para  que  outros  profissionais  atuem  nesse  grande campo em expansão. 

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Na  compreensão  de  Cazzeli  (2005),  existem  três  âmbitos  de  ensino  e aprendizagem que são relevantes no contexto educacional, são os espaços de educação, denominados de formal (a escola), não‐formal (museus, centros de ciências, planetários, zoológicos,  jardins  botânicos,  parques  nacionais  entre  outros),  e  informal  (internet, revista especializadas, televisão etc). 

No  caso  dos  espaços  não‐formais,  sua  utilização  contribui  para  um desenvolvimento global e cognitivo do acadêmico, bem como a inserção do mesmo no processo formativo científico. Considerando as inúmeras possibilidades e benefícios que esses espaços propiciam, Rocha e Fachín‐Terán (2010, p. 44), descrevem que “não pode‐se negar à escola a utilização desses espaços como um importante recurso para o ensino de  Ciências,  a  despeito  de  toda  a  dificuldade  que  esta  instituição  possa  enfrentar  à realização desse ensino”.  

Os espaços não‐formais contribuem positivamente e qualitativamente para o cenário  educativo  não  apenas  por  apresentarem novos  sujeitos  para  o  aprendizado, desenvolvendo  ações  que  enfatizam  a  necessidade  de  adquirir  conhecimento  sobre esses lugares e ampliar os espaços educativos, mas também por envolver a sociedade para  que  se  tenha  consciência  sobre  esses  Patrimônios  e  suas  responsabilidades  na preservação, valorizando atividades que se refiram a cultura em geral.  

A formação superior em Educação Física ainda necessita ampliar o discurso  sobre  seus  domínios,  formas  e  locais  de  atuação,  tendo como parâmetro a evolução da sociedade e as novas necessidades reais de um país em expansão, dentre eles o modelo de Educação Não‐Formal e suas metas e objetivos específicos (BRENDATH, 2010, p.297) 

 O uso dos espaços não‐formais como instrumento na formação dos graduandos 

em Educação Física é importante, desperta o interesse da cultura local, suas histórias, suas memórias, vivencias essas que os acadêmicos nunca os haviam visitados, além de contribuírem para uma formação mais crítica e reflexiva, tendo uma educação por meio da pesquisa criando bases metodológicas que desenvolvam a capacidade de aprender a aprender,  tornando  os  acadêmicos  mais  competentes.  Conforme  a  UNESCO:  “O Patrimônio Cultural é de  fundamental  importância para a memória, a  identidade e a criatividade dos povos e a riqueza das culturas”. 

 a. Professores, escola e comunidade 

 O processo do sistema educacional no Brasil vem sofrendo alterações ao longo 

dos anos, impulsionado pelo desenvolvimento das tecnologias que surgem com rapidez, as  escolas  podem  utiliza‐las  para  proporcionar  aos  alunos  uma  oportunidade  de pesquisar sobre os patrimônios culturas de sua cidade e usar como estratégia para a formação social e diversidade cultural.  

 A pesquisa é um produto cultural ligado essencialmente à escola. De outra parte, a pesquisa é uma forma de aprender, e, como a escola 

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é um espaço de aprendizagem, essa escola precisa se  transformar em um espaço de pesquisa (GALIAZZI, 2005, p.18).   

 A educação não‐formal pode aproximar, ainda mais, a comunidade da escola, obtendo resultados surpreendentes, não apenas no campo educacional com a aquisição de novos conhecimentos,  mas  da  formação  humana  de  forma  global.  Esta  nova  proposta  de ensino para a Educação Física é uma aliada significativa na construção de novos métodos e uma alternativa complementar ao modelo tradicional, gerando melhorias no convívio comunitário. 

Nesse  contexto,  as  escolas  que  abrem  as  portas  à  comunidade  e  oferecem projetos  sociais  fundamentados  em modelos  não‐formais,  apresentando  oficinas  de esporte e cultura, tendem a fortalecer o vínculo entre escola e comunidade e auxilia na melhoria da qualidade de ensino, além de diminuir as mazelas no entorno das escolas. 

 A ideia é privilegiar jovens em situações de vulnerabilidade social. A natureza  do  trabalho  é  educativa  e  transformadora,  pretendendo modificar  as  relações  jovem‐escola,  jovem‐jovem  e  jovem‐comunidade, mantendo‐os  em  atividades  nos  finais  de  semana  e oferecendo‐lhes  novas  oportunidades  de  inclusão  sociocultural. Além  de  integrar  jovens  e  comunidades,  a  oferta  de  atividades esportivas,  artísticas  e  culturais  ajuda  na  socialização  e  contribui para a reconstrução da cidadania (NOLETO, 2004, p.48). 

 O  professor  de  Educação  Física  sendo  parte  deste  processo  terá  destaque 

importante neste cenário para que compreendamos essa proposta educacional. Será o mediador  das  ações  ali  estabelecidas  e  responsável  por  apresentar  a  comunidade  o modelo  não‐formal,  através  dos  projetos  já  citados.  Faz  parte  de  suas atribuições/diretrizes oferecer a possibilidade de conhecer o Brasil, suas diversidades e características culturais, de diferentes grupos sociais que convivem no nosso território. 

Ressalta‐se  ainda,  que  o  educador  esteja  alinhado  com  uma  fundamentação teórica que o direcione, por isso a prática pedagógica deve ser planejada e alinhada aos objetivos pedagógicos de uma educação com qualidade, garantindo que os conceitos utilizados na  realização das aulas  sejam compreendidos, desenvolvidos e executados pelo  aluno.  É  de  grande  importância  que  o  professor  nesse  processo  de  contínua avaliação, consiga de forma clara e objetiva, expor as ideias e conceitos relacionados aos conteúdos  trabalhados.  Segundo  Gallahue  (2003,  p.  22)  “o  desenvolvimento  é  um processo contínuo que se inicia na concepção e cessa com a morte”.  b. Procedimentos Metodológicos  

Considerando  a  relevância  científica,  social  e  acadêmica  dos  espaços  não‐formais  é  que  a  visita  técnica  tornou‐se  uma metodologia  qualitativa  e  contínua  no desenvolvimento da disciplina Educação, Escola e Sociedade a cada semestre, uma vez que no escopo da ementa busca‐se fomentar o processo educacional na atualidade, bem como  a  importância  do  desenvolvimento  do  professor  e  sua  habilidade  docente  no 

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processo  de  ensino  e  aprendizagem.  No  entanto,  para  a  execução  da  visita  técnica, foram necessários primeiramente trabalhar os seguintes conceitos em sala de aula:  

 1) Educação científica; 2) Os espaços de educação (formal, não‐formal e informal);  3) O desenvolvimento necessário para a utilização dos espaços não‐formais.   Posteriormente,  os  acadêmicos  foram divididos em grupo e  foi  realizado um 

sorteio  dos  espaços  a  serem  visitados  (Museu  do  Seringal  Vila  Paraíso,  Casa Museu Eduardo Ribeiro, Passo da Liberdade, Parque Senador Jefferson Pérez, Usina Chaminé, Parque do Mindú, Teatro Amazonas, Palacete Provincial, Bosque da Ciência, Reserva Florestal Adolpho Ducke e Palácio Rio Negro). Foi solicitado dos acadêmicos, por meio de seminário o registro da visita, enfatizando os aspectos históricos do local e os meios de associa‐lo à educação escolar.    

Importante  considerar  que  os  museus,  especificamente,  são  repletos  de histórias, ricos em cultura e proporcionam uma forma dinâmica de aprendizagem sobre diversos  temas,  como por exemplo, a  cultura, a história, até mesmo por que muitas pessoas  não  conhecem  os  espaços  culturais  da  região  amazônica  ou  não  tiveram  a oportunidade de conhecê‐los. Desta forma, iremos apresentar características de alguns espaços não‐formais visitados pelos acadêmicos na cidade de Manaus.  2.3.1 Museus do Seringal Vila Paraíso 

 O  museu  do  Seringal  é  extremamente  interessante,  reúne  uma  bagagem 

histórica sobre a região Amazônica, incluindo principalmente a economia amazonense durante o ciclo da borracha, a vida e os costumes em um seringal. 

Durante a visita técnica (Figura 1), com o auxílio de uma guia, os acadêmicos foram descobrindo os objetos e os móveis da época áurea da borracha, relacionando‐os com os da atualidade, percebendo a diferença das gerações, desde as vestimentas, os costumes, as relações intrapessoais etc. 

O  interessante  desta  visita  foi  compreender  as  dificuldades  dos  seringueiros (operários),  para  se  manter  no  trabalho,  além  das  condições  econômicas,  sociais, emocionais e de produção. A relação entre seringueiros e seringalistas era de poder, de escravidão, pois quem detinha toda a riqueza produzida era o barão da borracha. O ciclo da borracha foi um momento na história do Brasil que retrata um período da economia e da sociedade do país, sendo relacionado com a extração e comercialização da  borracha.  Foi  no  centro  da  região  Amazônica  que  este  ciclo  teve  início,  gerando grande  expansão  da  colonização,  trazendo  crescimento  para  as  cidades  de Manaus, Porto Velho e Belém. 

Histórias  como  essa  dentro  de  uma  sala  de  aula,  muitas  vezes  passam despercebidas pelos alunos, promover um alinhamento entre teoria e prática pode e deve ser uma maneira eficaz para gerar a aprendizagem significativa, aproximando e estabelecendo relações saudáveis entre professores e alunos. 

 

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              Figura 1: Museu do Seringal Fonte: MOTA (2016). 

     

   

 

 

 

2.3.2 Paço da Liberdade  É uma das diversas edificações integrante do Patrimônio histórico do Município 

de Manaus promulgado pela lei nº 565 de 26 de maio de 1956, faz parte do sítio histórico da cidade e um dos mais importantes símbolos da riqueza do período áureo da borracha. O Paço da Liberdade foi construído para ser  inicialmente o Palácio da Presidência da Província no  final do século XIV. Com o apogeu do ciclo da borracha e as crescentes mudanças urbanísticas ocorridas na  cidade de Manaus, posteriormente passou a  ser sede do Governo do Estado no qual ficou conhecido como o Palácio do Governo. 

Nesse  espaço  físico  encontram‐se  dois  prédios  imponentes  com  marcante simbolismo na política local: O Palácio Rio Branco e o Paço Municipal.  Para a coleta de dados foi necessário fazer visitas aos locais para melhor conhecer suas histórias,  fotografá‐los,  transcrever  e  textualizar  as  informações  ali  recebidas,  para posteriormente apresentá‐las aos alunos do curso de Licenciatura em Educação Física, conforme Figura 2, 3 e 4 abaixo. 

O Palácio Rio Branco foi durante décadas a casa da Assembleia Legislativa do Amazonas  (ALE),  passando  neste  período  por  reformas  para  manter  sua  aparência histórica e arquitetônica. Com a construção de uma nova sede, a Assembleia Legislativa desapropriou o prédio e no ano de 2010, sob orientação da Secretaria de Cultura, passou a ser chamado Centro Cultural Palácio Rio Branco. Hoje é aberto para visitação e abriga uma  biblioteca  que  dispõe  de  um  rico  material  relacionado  à  história  política  do Amazonense, com acervo físico e digital.  

 

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O  Paço Municipal  durante  décadas  abrigou  o  Poder  Executivo  do Município, sendo  sede  da  Prefeitura  de Manaus.  Com a mudança da  sede da  Prefeitura  para  o bairro da Compensa o prédio passou por uma reforma e revitalização, hoje é aberto ao público com o nome Paço da Liberdade Museu da Cidade, é dividida em salas amplas que  abrigam  seções  onde  há  exposições  de  obras  de  diversos  artistas  locais  onde destacam‐se quadros, pinturas e esculturas. Dentre outras seções destacam‐se a sala onde  havia  reuniões  do  poder  executivo  e  diversos  quadros  com  fotos  dos  antigos prefeitos da  cidade. O espaço  também conta  com a  sala de arqueologia onde  foram descobertos  fragmentos  funerários  de  povos  nativos  que  contam  um  pouco  da civilização indígena de Manaus.  

 

 

 

 

 Figura 2: Palácio Rio Branco                        Fonte: FILHO (2016)                                    

Figura 3: Hall de entrada Palácio Rio Branco

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: FILHO (2016)                                              

Figura 4: Paço Municipal

 

 

 

 

 

 

   Fonte: MELO (2016)  

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2.3.3 Parque Senador Jefferson Pérez  

O parque foi construído em homenagem a um dos grandes políticos do Estado do Amazonas entre os anos de 1988 a 2008, além de fazer referência à Belle Epóque, como era conhecida a cidade de Manaus no período áureo da borracha. Foi construído no centro de Manaus, onde anteriormente era ocupado por favelas em palafitas, após aterramento  parcial  dos  cursos  de  água.  Estruturalmente,  o  parque  apresenta  na entrada, uma estrutura de ferro com mais de 10 metros de altura, possui desenhos que lembram os pavilhões do Mercado Adolpho Lisboa, enquanto que o piso é o mesmo presente  no  Largo  de  São  Sebastião,  representando  o  Encontro  das  Águas.  Figuras metálicas espalhadas pelo Parque retratam vários símbolos do auge do ciclo da borracha em Manaus, como bondes elétricos, casais de namorados vestidos à caráter, chafariz das Quimeras, a praça do avião, fonte de ferro, espelhos d´água etc. No parque ainda encontram‐se  parque  infantil,  orquidário,  trilhas,  um  volume  grande  de  árvores  e trepadeiras;  e uma estátua do  Senador  Jefferson Pérez  confeccionada em bronze. O parque está localizado entre a Manaus Moderna e Sete de Setembro (SANTOS, 2014).  2.3.4 Usina Chaminé  

Inicialmente  foi  construída  em  1910  coma  a  finalidade  de  ser  usina  de tratamento de esgotos da cidade. Entretanto, foi tombada como Monumento Histórico do  Amazonas  em  1988,  e  reformada  em  1993  como  Centro  de  Artes  Chaminé  para abrigar a Pinacoteca do Estado, com exposições temporárias. Em 2002 o prédio recebeu nova reforma, já como Usina Chaminé, e foi reaberto como parte das ações do Programa de  Preservação  da  Natureza  da  Memória  Cultural  e  Histórica  do  Amazonas.  Com características neo‐renascentistas, o prédio possui ao lado direito uma chaminé de 24 metros, construída com tijolos compactos refratários, coroada por um chapeló em ferro moldado. Por  isso,  ficou conhecido como Chaminé  (Figura 5). A Usina dispõe em sua área interna salas para exposições permanentes e temporárias, além do Espaço Criança com projeção de filmes, oficinas infantis, teatro de fantoche, oficina de reciclagem etc.  Em sua aérea externa há uma arena para espetáculo (SECRETARIA DE CULTURA, 2001).   

 

 

 

 

Figura 5: Usina Chaminé Fonte: Carla Lima/Janderson Soares 

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2.3.5 Museu Casa Eduardo Ribeiro  

O Museu Casa Eduardo Ribeiro retrata a história pessoal, militar e administrativa do maranhense, considerado o grande transformador da capital amazonense ‐ Eduardo Gonçalves Ribeiro. Foi adquirido por particulares depois de sua morte e pelo Governo da União Federal,  em 1961 e em 2002  foi  cedido ao Estado por meio de  comodato, através da Secretaria de Estado de Cultura, para os fins específicos de recuperação da memória da cidade e da história da medicina.  

A casa procura recriar o modo de vida de Eduardo Gonçalves Ribeiro no período final do século XIX e início do século XX, época em que o mesmo viveu. Na casa é possível encontrar utensílios típicos nos padrões dos anos 1890/1900 da cidade de Manaus e inclui  também  objetos  de  uso  pessoal,  equipamento  de  trabalho,  vestuário  e  lazer, acervo textual, documentos digitalizados de caráter pessoal e profissional de Eduardo Ribeiro.  Ainda  na  casa,  também  está  instalada  a  sede  da  Academia  Amazonense  de Medicina,  fundada  em  1980,  na  qual  podem  ser  encontradas  informações  sobre  a história da medicina no Amazonas, disponibilizadas em linguagem digital (SECRETARIA DE CULTURA, 2001). 

Todos  esses  espaços  visitados  por  grupos  específicos  de  acadêmicos  foram posteriormente sociabilizados em sala de aula, em forma de seminário. De acordo com os  relatos  dos  acadêmicos,  as  visitas  possibilitaram  observar  o  quanto  é  necessário explorar o campo da educação não‐formal, pois são espaços ricos em conhecimento que estimula a pesquisa, oferece um leque de oportunidades para se fazer associação entre a contemporaneidade e a história do Amazonas, o que muitas vezes são desconhecidos pelos  próprios  acadêmicos.    Retrataram  claramente  que  a  visita  ofereceu  uma aprendizagem muito significativa, justamente pelo fato de vivenciar na prática a relação entre teoria e prática de forma lúdica, prazerosa e científica.   3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 A motivação por planejar diferentes metodologias de aprendizagem manifesta‐

se  como  uma  questão  central  na  formação  de  professores,  o  que  demonstra  uma postura  crítica  e  científica  no  cerne  da  atividade  pedagógica,  além  de  sinalizar  a importância  da  formação  contínua. Assim,  utilizar  espaços  além da  sala  de  aula,  em especial  os  museus  são  estratégias  muito  relevantes  para  gerar  aprendizagem significativa, afetiva, científica em torno de várias disciplinas do corpo pedagógico, de forma multidisciplinar, como é o caso da Educação Física.  Considerando que o ser humano é movido por necessidades, interesses e estímulos, o acadêmico deverá ser movido, impulsionado a ressignificar tudo aquilo que aprende, é necessário estar consciente que tudo o que faz é para o seu bem e não somente porque o professor está passando ou por ser uma disciplina obrigatória da escola. E essa atitude 

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autônoma de ressignificação de conceitos, quem precisa despertar nos acadêmicos é o professor.  

Os  licenciados  em  Educação  Física  têm  a  possibilidade  de  ampliar  e/ou complementar  sua  didática,  ser  mais  reflexivo,  propor  diferentes  metodologias. Também há necessidade de apresentar esses espaços não‐formais a seus alunos para que  cresçam  desenvolvendo  a  criticidade,  autonomia,  fortemente  vinculado  a alfabetização  científica,  aprender  de  forma  mais  significativa  e  que  desperte  no acadêmico a preocupação em relacionar o contexto social em que vive. 

A partir desta perspectiva, saber programar esta atividade é fundamental para a integração e sucesso da proposta, desmistificando a ideia da visita ser considerada um passeio em que apenas se levam os alunos para andar e brincar.   REFERÊNCIAS  BENDRATH, Eduard Angelo. Escola, Educação não‐formal e a formação do profissional de  Educação  Física.  Motrivivência  Ano  XXII,  nº  35,  p.  286‐300,  dez.2010,  UFSC. Disponível em: http://periodicos.ufsc.br. Acesso em: 09 Fev. 2017.  CAZELLI, Sibele et al. A relação museu‐escola: avanços e desafios na (re) construção do conceito de museu. In: Atas da 21º Reunião Anual da ANPED, Caxambu, 1998.   GALLAHUE,  David  L.;  OZMUN,  John  C.;  GOODWAY,  Jackie  D.  Compreendendo  o desenvolvimento motor:  bebês,  crianças,  adolescentes e adultos.  7.ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.  GALIAZZI, Maria do Carmo. A pauta do professor na sala de aula com pesquisa. Revista Eletrônica  do Mestrado  em  Educação  Ambiental,  vol.14,  p.  18‐36,  jan.  a  jun.  2005. Fundação Universidade Federal do Rio Grande.   NOLETO, Marlova Jovchelovitch. Abrindo Espaço: educação e cultura para a paz. 3 ed.  Brasília: UNESCO, 2004. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org. Acesso em: 10 Fev. 2017.   PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Docência no Ensino Superior. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2014.  ROCHA,  Sônia  Cláudia  Barroso  da;  FACHÍN‐TERÁN,  Augusto.  O  uso  de  espaços  não‐formais  como  estratégia  para  o  ensino  de  ciências.  Manaus:  UEA/Escola  Normal Superior/PPGEECA, 2010.  SANTOS, Marcos. Parque Senador  Jefferson Péres, área verde no Centro de Manaus. Amazonas  e  Mais,  ago,  2014.  Disponível  em:  http://www.amazonasemais.com.br. Acesso em: 12 fev. 2017.  

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SECRETARIA DO ESTADO DE CULTURA. Disponível em: http://www.cultura.am.gov.br/. Acesso em: 12 fev. 2017.  SILVA, Ana. L. F. da; CZERNISZ, Eliane C. da S.; PERRUDE, Marleide R. da S. Orientações da  UNESCO  para  a  educação  Brasileira:  Educar  para  o  consenso.  Disponível  em: http://www.estudosdotrabalho.org. Acesso em: 09 Fev.2017.   UNESCO. Representação da Unesco no Brasil. Patrimônio Cultural no Brasil. Disponível em: http://www.unesco.org. Acesso em: 10 Fev.2017. 

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PARADIPLOMACIA LOGÍSTICA: UM ESTUDO DAS AÇÕES INTERNACIONAIS DO GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS AO GERIR A LOGÍSTICA DE SEU TERRITÓRIO. 

  Julianny Carvalho de Oliveira Costa11 Ana Nubia dos Santos de Oliveira12 

 RESUMO 

 Este  trabalho  foi  elaborado  com  o  objetivo  de  analisar  as  ações  paradiplomáticas utilizadas pelo Governo do Estado do Amazonas para promover o desenvolvimento da logística  em  seu  território,  a  partir  de  uma  pesquisa  de  campo  às  entidades governamentais  e  instituições  relacionadas  com  a  área  de  desenvolvimento  e  de logística  que  buscam  CTI’s  (Cooperações  Técnicas  Internacionais)  como  alternativas para as estratégias. Este método utilizado pelos governos e instituições traz crescimento significativo para os Estados que decidem investir nessa área, de forma a perceber que os atores que participam do Sistema Internacional são interdependentes e se utilizam da  barganha  e  de  constrangimentos  para  obter  benefícios  de  forma  racional  e atendendo aos interesses pessoais. A partir da coleta de dados bibliográficos sobre os benefícios que o setor de logística pode trazer aos Estados que nela investe, sobre o que a  sociedade  internacional  e  os  teóricos  das  Relações  Internacionais  falam  da Paradiplomacia  focada  no  desenvolvimento  regional  e  sobre  as  leis  que  permitem realizar tal diplomacia,  irá se analisar como a Paradiplomacia é utilizada pelos órgãos institucionais do Governo do Estado e qual a receptividade e consequências da aplicação desta diplomacia. Como método auxiliar, a pesquisa de campo com os responsáveis pelo planejamento estratégico e administração das instituições governamentais relacionadas a Paradiplomacia e a logística, irá apontar as ações utilizadas e os objetivos futuros para a área de Paradiplomacia logística.  PALAVRAS‐CHAVE:  Paradiplomacia  Logística,  Governo  do  Estado  do  Amazonas, Desenvolvimento Regional.  

ABSTRACT  

This monograph was developed with the objective to analyze the paradiplomacy actions used by the Amazonas State Government to promote the logistics development in your territory, from a field research in the government agencies and institutions associated with  the  development  and  logistics  areas  who  seek  ICT's  (International  Techniques Cooperation) as alternatives to the strategies. This method used by governments and institutions brings significant increment for the states who decide invest in this areas, so 

                                                            11 Bacharel em Relações Internacionais pela Faculdade La Salle Manaus – Am. 12 Professora e Coordenadora da Faculdade La Salle Manaus. Doutoranda em Educação pela Universidade do Minho, Portugal; Mestre em Administração pela UFSC, Especialista em Engenharia Econômica, Graduada em Economia, Administração e Licenciada em Matemática.

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as to realize that participants actors in the International System are interdependent and are using the bargain and the constraints for rational benefits and personals interests. From te collections of bibliographic data about the benefits that the logistic sector can brings  to  the states who  invested  in  it, about what  the  international  society and  the International Relationships theorists  talk about paradiplomacy who focus on regional development and about the laws who allow realized this diplomacy, going to analyze how the paradiplomacy is used by the institutional organs of the states governments and how  is  the  receptive  and  consequences  to  the  application  of  this  diplomacy. As auxiliary method, the field research with the persons who is responsible by the strategic planning  and  administration  government  institutions  associated  with  paradiplomacy and logistic, this going to point the actions used and the future objectives for the logistic paradiplomacy area.  KEYWORDS:  Paradiplomacy  Logistic;  Amazonas  State  Government;  Regional Development. 

1.0 INTRODUÇÃO 

 A  globalização  inseriu  mudanças  nas  diversas  esferas  políticas,  sociais  e 

econômicas  nos  países.  A  inserção  das  multinacionais  no  território  nacional,  das organizações internacionais no mundo e o acesso à informação e à cultura de todos os países, modificou a  forma de conduzir  a política e a economia doméstica. Depara‐se atualmente  com  uma  interdependência  dos  países  com  o  sistema  internacional  no momento de conduzir suas ações e tomar decisões. As deliberações políticas locais são tomadas tendo como base aquelas de cunho internacional, tornando a diplomacia uma ferramenta impulsionadora para tomadas de decisões.  

O Brasil adota diversificadas formas de diplomacia, sendo a mais comumente praticada  aquela  por  meio  do  Ministério  das  Relações  Exteriores  –  instância  maior federativa  vista  como  referência  em  assuntos  internacionais  e  diplomáticos  –  no entanto, esta forma de diplomacia convencional vem sido readaptada por um fenômeno chamado  Paradiplomacia.  Esta,  por  sua  vez,  é  a  diplomacia  realizada  pelos  Estados subnacionais que buscam por meio das articulações internacionais desenvolverem a sua região.  

Este trabalho busca, portanto, associar as visões da situação regional e local com as de  alcance  global,  utilizando  como  ferramenta  a Paradiplomacia.  Seu estudo poderá oportunizar a compreensão de como as práticas das relações internacionais se efetivam e auxiliam o Estado do Amazonas por meio de ações paradiplomáticas que visem  o  desenvolvimento.  Visto  que  o  Amazonas  é  um  Estado  fronteiriço,  fator facilitador para as negociações com outros países, a aliança através da Paradiplomacia tende a atrair investimentos mais vultosos na região, se comparado com investimentos internos.  

Tendo em vista também que a logística é um grande desafio para o Estado, a Paradiplomacia  pode  auxiliar  na  busca  do  desenvolvimento  regional  por  meio  de 

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soluções  internacionais,  seja  através  da  atração  de  investimentos  ou  nos  exemplos encontrados em outros países disposto a compartilhar suas experiências. 

A  Paradiplomacia  logística  aqui  apresentada  acaba  por  ser,  por  tanto,  uma ponte  entre  os  desafios  a  serem  vencidos  e  as  ações  rápidas  para  o  crescimento  e desenvolvimento  econômico  de  um  determinado  território.  No  caso  do  Estado  do Amazonas, um grande desafio a ser vencido pelo seu governo seria a sua mobilidade interna e a escassa acessibilidade ao resto do país, pois, apesar de haver instituições e programas federais especializados na área de logística, como o Instituto de Pesquisa em Transporte ‐ INTRA, o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento ‐ BIRD e  o  Plano  Nacional  de  Logística  e  Transportes  ‐  PNLT,  as  particularidades  da  região dificultam a aplicação de projetos. 

 2.0 DESENVOLVIMENTO 

 2.1 Os Efeitos da Globalização e a Inserção de Novos Atores no Sistema Internacional  

A interação entre os Estados Soberanos e o Sistema Internacional é um fator antigo dentro dos estudos das Relações Internacionais, no entanto, este convívio se intensificou com a globalização e após as Guerras Mundiais. O novo cenário internacional criado após as grandes guerras intensificou a integração e interdependência entre os Estados Soberanos e novos atores, conforme expõe Seitenfus (2011), ocorreu uma mudança não prevista pelo Tratado de Vestefália, na qual a conciliação entre os Estados ligados pela globalização se fazia necessário para o desenvolvimento e fortalecimento das Nações.

Com esta nova ordem do Sistema Internacional, novos atores denominados nas Relações Internacionais como atores não estatais (Saldanha, 2011, p.314) – tais como “as organizações internacionais, os Estados [subnacionais], as corporações transnacionais e até mesmo os indivíduos” –, tiveram maior participação nas tratativas internacionais e maiores interações entre eles e entre os antigos atores, pois se tornaram atuantes, segundo Esther Barbé (2013), passando a exercer influência no Sistema Internacional de forma autônoma ao mobilizar recursos para atingir seus objetivos, fato que os caracteriza como ator internacional. A globalização foi o início de toda essa transformação, pois por meio da adaptação dos Estados Soberanos com esta nova interligação entre eles e outros atores que se iniciou uma nova forma de pensar e de resolver embates, acordos, parcerias e demais ferramentas do Direito Internacional para o relacionamento entre atores:

 O  declínio  da  antiga  ordem  internacional,  que  tradicionalmente esteve  articulada  ao  redor  do  conceito  da  divisão  do  mundo  em Estados‐Nações  plenamente  soberanos,  foi  causado,  sobretudo, pelas  transformações  conceituais  que  originam  a  globalização.  Os tratados de livre comércio, por exemplo, têm produzido um impacto 

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regional diferenciado, que necessita de estratégias próprias para a sua compreensão. (CASTELO BRANCO, 2009, p. 54) 

 A  interação  com  o  sistema  internacional  forçou  Estados  Soberanos  a  se 

adequarem  à  agendas  no  âmbito  global.  Temas  diversificados  –  tais  como  meio ambiente,  terrorismo,  crise  econômica,  saúde,  direitos  humanos,  entre  outros  –receberam destaque e, por meio dos novos atores internacionais passaram a pressionar os  Estados  Soberanos  a  adotarem  tratados  internacionais,  acordos  bilaterais  ou multilaterais,  ou mesmo  formularem  políticas  públicas  internas,  das  quais  o mundo considerou necessário ter no plano de governo de cada chefe de Estado. A incorporação destes  temas  nas  agendas  dos  Estados  Soberanos  deve‐se  a  pressão  mundial  e  a necessidade  de  inclusão  no  sistema  internacional,  pois,  caso  haja  uma  revoga  na adaptação  às  novas  regras  e  necessidades  internacionais,  há  um  encadeamento  de processos de desligamento do Estado às suas relações internacionais, enfraquecendo‐o e isolando‐o, além de, possivelmente, enfraquecer outros Estados devido a participação conjunta no Sistema Internacional. 

De acordo com Mello  (2003), as mudanças nas  relações  internacionais  foram decorrentes de três processos de transformações desencadeados pela globalização: o desenvolvimento  do  direito  internacional;  as  corporações  internacionais  que  atuam como  entidades  transnacionais;  e  o  crescimento  da  atuação  das  Organizações Internacionais e Organizações Não‐Governamentais.  

A busca por integração e cooperação com os novos atores foi uma ferramenta encontrada  pelos  Estados  para  sanar  problemas  regionais  por  meio  de  auxilio internacional,  o  crescimento  das  Organizações  Internacionais  e  Organizações  Não Governamentais  modificou  o  método  de  se  relacionar  internacionalmente.  A abrangência e constância com que os Estados se utilizam de tais ferramentas, acaba por desenvolver polos de autoridade (Keohane & Nye, 1989), os quais são delegados pelos próprios Estados. Deste modo, o Estado conscientemente sede parte da sua soberania para que outro autor possa atuar em seu território ao realizar cooperações que visem complementar fracos elementos regionais.  

Todas estas mudanças e  a  inclusão de novos  atores modificaram o papel  do Estado nos moldes estruturais do Sistema Internacional anteriores ao século XXI, pois atualmente, apesar do Estado continuar exercendo sua soberania, ele está cada vez mais subordinado as exigências internacionais. Ao mesmo tempo em que as Nações passaram a  ter  mais  opções  para  solucionar  seus  problemas  internos,  também  passaram  a disputar espaço e poder no Sistema Internacional com outros atores. 

 (...)  fenômeno  globalização  e  o  consequente  acirramento  da competição internacional, ao mesmo tempo em que impulsionaram o avanço dos processos de integração regional, alteraram os papéis, tanto dos governos nacionais quanto os dos subnacionais. (GOMES FILHO, 2011, p.24) 

   

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2.1.1 O Sistema Internacional Interligado pela Interdependência Complexa  

Em  complemento  às  antigas  teorias  das  Relações  Internacionais,  a Interdependência  Complexa,  elaborada  por  Keohane & Nye  (1989),  busca  analisar  e descrever a nova estruturação do cenário internacional. Esta é uma importante teoria para a compreensão de como os novos atores se relacionam e os motivos pelo quais os levam a inserção nas relações com os antigos atores. O que difere esta corrente teórica das demais, além da abordagem atual e de uma compreensão mais próxima à realidade pós‐mundo globalizado, está no fato de descrever o Sistema Internacional e os atores por meio de cooperações, em um meio anárquico movido a interesses e extremamente competitivo, mesclando as teorias do Realismo e Neoliberalismo. 

Conforme Saldanha (2011), a interdependência mescla duas antigas teorias das Relações  Internacionais:  a  Realista  e  a  Idealista‐Liberal.  Em  consenso  com  a  Teoria Realista, admite‐se que o Estado é o protagonista no cenário internacional, um palco tão competitivo e anárquico que pode gerar hostilidades e incentivar a guerra, pois, há um conflito iminente de interesses entre os anseios do Estado‐soberano quando ele se relaciona com outros atores internacionais ao buscar benefícios. Porém, utilizando‐se de conceitos idealistas e analisando os acontecimentos internacionais, esses estudiosos questionaram os motivos pelos quais, então, os Estados não entravam mais em guerras, e obtiveram diversas respostas:  

a)  os  Estados  compreenderam  que  o  conflito  traria  ganhos,  porém  também traria perdas que, por vezes, eram maiores;  

b)  se  as  relações  entre  os  atores  passassem  a  serem  feitas  por  meio  de cooperações,  haveria  a  possibilidade  de  se  obter mais  ganhos,  além  de  prover  uma abertura  para  futuras  negociações  que  poderão  aumentar  ainda  mais  o  hall  de benefícios;  

c)  não  são  mais  os  Estados  os  únicos  atores  internacionais,  eles  atuam  em conjunto com outros atores, os quais surgem como figuras conciliatórias e que evitam a eclosão de novas guerras. 

Conforme  afirmam Mariano  & Mariano  (2001)  As  mudanças  provindas  com essas relações trouxeram consigo dois efeitos:  

1) a globalização  ‐ associada a: a) à difusão do capitalismo por meio de uma economia  de  escala  crescente,  b)  ao  rápido  e  progressivo  acesso  aos  meios  de comunicação e informação, e c) ao avanço da tecnologia que acelera os itens anteriores de forma a otimizá‐los e aumentar sua propagação no sistema;  

2)  o  regionalismo  –  nomenclatura  utilizada  nos  estudos  das  Relações Internacionais para indicar a insurgente acordos bilaterais ou multilaterais entre novos atores visando o desenvolvimento no território em que estão inseridos.  

Sobre essas mudanças do cenário internacional, a Interdependência Complexa afirma  que  os  atores  atuais  estão  ligados  e  dependentes  entre  si  em  uma  rede  de relações  indissolúveis,  firmadas,  provavelmente,  durante  as  grandes  expedições  em busca de novas mercadorias e acumulação de capital. Os atores do sistema internacional do  século  XXI  são,  por  tanto,  mutuamente  dependentes,  pois  as  forças  externas provindas  de  diversas  relações  no  sistema  internacional  podem  produzir  efeitos 

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semelhantes – por vezes até mesmo diferentes, mas de forma  interligada – sobre os próprios  atores,  mesmo  que  eles  estejam  em  regiões  distintas  do  globo.  Conforme Keohane & Nye (1989, p.10): 

Comumente, dependência  significa um Estado que é determinado ou afetado significativamente por forças externas. Interdependência, mais  simplesmente  definida,  significa  dependência  mútua. Interdependência  na  política  mundial  refere‐se  a  situações caracterizadas pelos efeitos recíprocos entre países ou entre atores em diferentes países. (Traduzido pelo autor) 

Pela  primeira  vez  nas  Relações  Internacionais,  explica‐se  como  um acontecimento  político  ou  econômico  pode  afetar  o mundo  inteiro.  De  acordo  com Castelo Branco (2009), é através de forças externas estruturais que estão interligadas por  redes  internacionais  de  forma  interdependente  que  acontecimentos  regionais influenciam o mundo inteiro. A globalização, por tanto, é uma forma de expressão da interdependência,  que  faz  a  ponte  entre  os  acontecimentos  de  um  local  a  outro;  é através dela que se tem acesso a informações do mundo todo, mas também que obriga os atores – principalmente os Estados – a participarem das relações internacionais. 

A troca de informações, ou a globalização puramente, não caracterizam por si a interdependência,  é  necessário  que durante  as  relações  internacionais  impliquem‐se custos, ou constrangimentos – constraints – recíprocos, como aponta Keohane & Nye (1989).  Estes  custos  não  são  para  uma  aplicação  justa  ou  simétrica,  é  utilizado  para proteger  os  atores  que  visam  sua  segurança,  mas  acaba  por  consequentemente interligar aqueles com os quais se firma relações, tornando‐os dependes. Aqueles com quem se  firma  relações  também  firmam com outros atores,  gerando uma  cadeia de interdependência, e os que não possuem relações diretas onde há o constraints,  são chamadas relações de interconexão – interconnectedness. Nos tratados internacionais é possível observar nitidamente os constraints de uma relação, mas também se pode observar em costumes e demais variedades de relações que podem vir a ocorrer entre dois ou mais atores internacionais. 

Para  conseguir  obter  benefícios  é  necessário  utilizar‐se  do  poder  para posteriormente barganhar nas negociações de ganhos. De acordo com Kehone & Nye (1989,  p.11),  o  poder  atuante  das  relações  entre  os  atores  está  relacionado  com os resultados que suas ações internas e externas têm sobre outros atores. Resultados os quais são potencialmente medidos através de uma dupla análise sobre a resposta do ator influenciado: se ele é sensível ou vulnerável à situação que está sob análise. 

A  estrutura  que  intermedeia  os  fatos  entre  o  poder  dos  atores  no  sistema internacional, a política dos atores e sua economia, são os regimes internacionais. De acordo com a interdependência complexa, o poder do sistema internacional, a política utilizada pelos atores envolvidos e a economia em escala, afeta o sistema global. Os regimes são utilizados para se ter uma forma justa de constraints, adquirindo assim certa autonomia: 

  

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 Os  regimes  são  definidos  como  conjuntos  de  arranjos governamentais  formais  ou  informais  que  afetam  as  relações  de interdependência,  por  meio  dos  quais  os  governos  regulam  e controlam as relações transnacionais e interestatais. São resultado da  criação  ou  aceitação  de  procedimentos,  regras  ou  instituições para determinados tipos de atividades (ESTRE, 2012, p.30) 

 2.2 Paradiplomacia  

Diante das transformações trazidas pela globalização, o fim da Guerra Fria e pela Interdependência  Complexa,  novas  formas  de  relacionamento  entre  os  atores internacionais  são  deparadas  no  novo  cenário  apresentado  aos  países. O  tradicional relacionamento bilateral  passou a  criar  diversificações,  e os  limites do  Estado‐Nação foram  alterados,  passou‐se  a  miscigenar  as  relações  domésticas  e  as  relações internacionais, ao ponto da divisão entre o global e o local ser hoje uma linha tênue e volátil.  O fim das guerras, acompanhado do avanço técnico‐científico, impulsionou para que  a  bipolaridade  descentralizasse  o  sistema  mundial,  dando  espaço  a  arranjos regionais, ao passo que a globalização aumentava a sensação de vulnerabilidade dos países e a regionalização criou uma proteção e o fim da sensação de isolamento.  

Com  isso,  foi  natural  o  surgimento  de  “estruturas  plurais  de  autoridades” (Gomes  Filho,  2011,  p.  35),  ou  seja,  o  surgimento  de  outros  atores  que  passaram  a exercer influência no meio internacional, mas ainda interligados de alguma forma aos únicos atores do Direito Internacional com capacidade jurídica para firmar tratados: os Estados‐Nações. Com isso, dividiu‐se didaticamente o novo cenário internacional entre os atores nacionais soberanos – os Estados – e os atores não estatais ou subnacionais – qualquer entidade que participe e influencie no cenário internacional, tendo o poder de modificar a atuação de outros atores, mas sem o poder legal para realizar tratados. 

A multidimensionalidade do sistema‐mundo (Gomes Filho, 2011, p.45) permitiu que  microunidades  dos  Estados‐Nações  passassem  a  tomar  conhecimento  sobre  as tratativas  do  cenário  internacional  e  construir  políticas  locais  baseadas  na  política externa  do  país,  ou,  por  vezes,  construir  uma  política  internacional  independente daquela  tomada  pelo  governo  central,  o  qual  a  microunidade  está  vinculada.  Essas interações dos entes não estatais com o meio internacional produzem um impacto na política externa dos Estados nacionais que varia de acordo com dois fatores, segundo Keppler (2014, p.3):  

 (...) primeiro, as diferenças em termos das estruturas domésticas, as quais  são  entendidas  como  arranjos  normativos  e  organizacionais que  formam  o  Estado;  e  segundo,  refere‐se  ao  grau  de institucionalização  internacional, que reflete na extensão com que os assuntos específicos são regulados por acordos bilaterais, regimes multilaterais e/ou organizações internacionais.  

 

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Ocasionalmente,  com  o  estreitamento  de  relações  entre  os  países,  há  um crescente entrelaçamento entre agendas, assuntos, temas e planos entre as nações, o que reflete em seus atores não estatais, no caso os estados subnacionais. Estes entes não centrais acabam por realizar “uma diplomacia paralela ao governo central” (Cezário &  Leandro,  2006,  p.2),  fenômeno  reconhecido  pelo  nome  de  Paradiplomacia, nomenclatura que fortalece a propagação dessa atividade. 

 Dessa forma, pode‐se deduzir que a globalização, como fenômeno de transformação do cenário internacional, tem contribuído para dar maior  protagonismo  às  unidades  governamentais  subnacionais.  A participação  dos  governos  subnacionais  no  campo  das  relações internacionais,  em  grande  parte,  pode  ser  entendida  como resultante do processo da globalização em países democráticos, uma vez  que  há  espaços  para  a  condução  de  suas  ações  externas,  de forma  não  totalmente  subordinada  aos  seus  governos  nacionais centrais. (GOMES FILHO, 2011, p. 36) 

 O modo como as subnações se comportam no meio internacional e quais áreas 

elas escolhem, são  fenômenos que chamam a atenção de diversos pesquisadores do Sistema  Internacional.  Porém,  ainda  há  assuntos  a  serem  debatidos  como:  as  ações paradiplomáticas  são  viáveis?  Se  sim,  estão  em  consentimento  legal  com  o  país?  O Direito  Internacional  prevê  a  participação  destes  novos  atores  nas  relações internacionais, incluindo as suas possibilidades de atuação e os seus limites? 

 2.2.1 Fatores Condicionantes das Ações Paradiplomáticas  

O  desenvolvimento  da  globalização,  o  fim  da  Guerra  Fria  e  a  integração  de agendas  internacionais  com  a  política  externa  contribuíram  também  para  o enfraquecimento da soberania dos Estados, principalmente em questões econômicas. As  nações  priorizaram  as  questões  internacionais  em  detrimento  de  interesses particulares  internos  e  se  burocratizaram  para  fortificar  o  cumprimento  da  política externa em cadeia. A incapacidade de promover os interesses particulares internos fez com que seus entes subnacionais tomassem para si a responsabilidade de promover a sua região, seja buscando cooperações com outros entes subnacionais ou com o próprio meio internacional. 

No entanto, não apenas por estes motivos os entes subnacionais engajam‐se no meio  internacional,  é  de  entendimento  comum  entre  os  estudiosos  da  área  que  a formação  do  Estado  também  contribui  para  o  engajamento  destes  atores  no  meio internacional,  pois  existem  aqueles  Estados  que  dispõem  condições  favoráveis  a inserção pela sua formação desburocratizada,  tanto em questões  formais, quanto na sua jurisdição, na sua política e na economia. Conforme salientado por Soldatos (2011, p.50) “quanto mais descentralizado for o sistema federativo de um país, menores serão as possibilidades de conflitos entre o governo central e suas unidades federadas, como também mais racional será o processo.”. Por vezes, as relações dos entes subnacionais chegam a ser sintomáticas, dependendo muito da abertura do Estado para a realização das ações e da política externa desenvolvida. 

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É evidente, por tanto, que existem motivações internas e externas para que um ente  subnacional  atue no meio  internacional,  como  também ele  pode  se  inserir  por vontade própria. Para Gomes Filho  (2011, p. 58) existem  três  fatores  condicionantes para os atores tomarem a  iniciativa paradiplomática, de acordo com o Tabela 1, que segue:  Tabela 1: Principais fatores condicionantes da Paradiplomacia subnacional 

CAUSAS EXTERNAS: INTERDEPENDÊNCIA COMPLEXA INTERNACIONAL

Regionalização da economia (Ex: Nafta e UE)

Crescente globalização da Economia

Crescente globalização das comunicações

Crescente transnacionalização das relações internacionais

CAUSAS RELACIONADAS AO NÍVEL INTERNO DO ESTADO-NAÇÃO

Ineficiências de políticas nacionais

Assimetrias entre as unidades subnacionais

Problemas com o processo de construção da nação

Incertezas constitucionais e institucionais com relação a quem possui jurisdição sobre a política externa

Domesticação da política externa

CAUSAS RELACIONADAS AO NÍVEL DA UNIDADE SUBNACIONAL

Percepções e realidades subnacionais diferentes

Regionalismo e/ou Nacionalismo

Expansão da burocracia e competição entre diferentes elites governamentais

Crises socioeconômicas e necessidade de apoio internacional (recursos, investimento, comércio, etc)

Motivação eleitoral

O fenômeno do “metooism” ou do “eu também”

       Fonte: Gomes Filho (2011, p.58)  

As causas externas são aquelas impulsionadas pela interdependência complexa entre  as  nações  e  “estão  associados  a  mudanças  ocorridas  no  cenário  político‐econômico internacional” (Gomes Filho, 2011, p.59), ocorre, por tanto, uma integração entre os assuntos domésticos e externos, modificando também a responsabilidade dos atores envolvidos: (i) a formação de blocos econômicos proporcionou uma integração econômica  maior  e  facilitou  a  participação  internacional  principalmente,  mas  não somente, de Estados transfronteiriços com nações do mesmo bloco; (ii) a globalização da economia permitiu a criação de instituições econômicas desvinculadas ao Estado, as próprias  empresas  nacionais  possuem uma  facilidade maior  em  se  relacionar  com o meio internacional menos burocrático; (iii) a globalização das comunicações possibilitou que diversos atores tivessem acesso ao conhecimento, a possibilidades e alternativas diferentes  daquelas  impostas  pelo  Estado;  (iv)  por  fim,  as  próprias  relações internacionais, que possuem cada vez mais caráter transnacional, são preferidas entre os atores que buscam um meio anárquico para diminuir  a burocracia das  relações e aumentar a fluidez das negociações. 

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As  causas  internas,  as  que  acontecem  impulsionadas  pelo  Estado  soberano, estão muito ligadas a reações das subnações à política externa e interna, a vinculação da ação paradiplomática com a domesticação da política externa e a abrangência de áreas  da  low  politics  nesta  política:  (i)  quando  a  política  nacional  não  consegue satisfazer, em curto ou médio prazo, os interesses dos entes subnacionais, estes buscam alternativas  externas  de  qualidade  maior  do  que  aquelas  oferecidas  pelo  governo nacional;  (ii) a assimetria entre as unidades subnacionais demonstra a  ineficiência do governo em aplicar políticas igualitárias ou específicas a diferentes regiões de forma a garantir equidade entre suas subnações, com isso, os entes menos favorecidos tendem a  buscar  apoio  internacional  para  desenvolver  áreas  deficitárias;  (iii)  o  processo  de construção da nação também incentiva para que seus entes subnacionais que discordam com  a  formação  ou  sua  política  busquem  externamente  soluções  para  problemas internos, ou o processo de construção da nação pode ainda inferir sobre a jurisdição em relações paradiplomáticas, facilitando suas ações ou não, podendo os entes nacionais serem atores principais das relações ou mediadores (Hocking, 2004, p.89); (iv) a falta de definição jurídica sobre a possibilidade de se realizar ações paradiplomáticas também incentiva  que  elas  sejam  executadas  (pois  na  ausência  de  jurisdição  não  existem limitantes para as ações), além disso, as incertezas de como será conduzida a política externa,  se  ela  incluirá  o  anseio  das  minorias  ou  não,  também  impulsiona  atores subnacionais  a  tomarem  frente  em  relações  internacionais;  (v)  do  mesmo modo,  o contrário também é passível, uma política externa que consegue atingir todas as suas subnações também possibilita a participação delas no meio internacional, pois se tem a confiança de que será conduzida de forma harmoniosa com o governo central ou mesmo induzida por ele. 

A terceira causa levantada por Gomes Filho (2011) diz respeito ao nível com que estas unidades subnacionais se sentem, se expressam, se veem, como pensam e como agem nos meios locais e globais, gerando desta forma, demandas sociais para descobrir novas oportunidades e respostas para áreas deficitárias e problemáticas: (i) dentre estas percepções  de  si,  os  entes  subnacionais  a  obtém  comparando‐se  com demais  entes subnacionais  do  seu  país,  buscando  sanar  desigualdades  provocadas  pela  política interna através das relações internacionais; (ii) como este ente subnacional se insere na sua  região,  ou  mesmo  diante  de  políticas  relacionadas  a  blocos  econômicos  ou  de caráter externo previsto pela política interna, também influencia a tomar a frente em relações  internacionais  para  solucionar  problemáticas  que  acontecem  dentro  do território subnacional; (iii) a burocratização dificulta a resolução rápida de problemas sintomáticos de uma região, se há embargos para resolução de problemas são buscadas alternativas, estas, por vezes,  são encontradas no meio  internacional;  (iv) do mesmo modo  que  a  burocratização,  a  competição  entre  elites  governamentais  retardada  a solução para as problemáticas de entes subnacionais que possuem força política menor a outros entes o que também incentiva a busca por resoluções em meios externos; (v) as  crises  socioeconômicas,  por  sua  vez,  refletem muito  a  particularidade de  regiões, muito  comum  em  países  com  grandes  dimensões  territoriais,  pois  a  política  interna buscará  soluções  para  crises  socioeconômicas  que  afetam  a  nação,  mas  não  irá  se predispor  de  esforços  de  igual  tamanho  para  solucionar  crises  regionais;  (vi)  a 

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Paradiplomacia também pode ocorrer por um tempo curto, como em casos de eleições, na qual ações de alcance internacional são realizadas já com o intuito de promover uma campanha  eleitoral;  (vii)  por  fim,  a  “síndrome‐do‐eu‐também”  (Gomes  Filho,  2011, p.62), o metooism, reforça ações paradiplomáticas, pois, ao ente subnacional perceber outros entes realizarem Paradiplomacia dentro do mesmo país e lograrem resultados positivos com seus esforços, eles se sentem inclinados a adotar estas práticas. 

O  êxito  das  relações  paradiplomáticas,  por  sua  vez,  depende  que  o  governo central atue cada vez mais em níveis múltiplos, conforme salienta Keating (2004, p.65): um deles seria o contexto econômico e funcional, a colaboração entre o governo central e as unidades subnacionais para que haja um alinhamento entre a política externa e interna; o outro diz respeito a manter sob o controle do governo central o conhecimento e intervenção das relações internacionais que ocorrem em seu território; e, por fim, o atendimento  ao  interesse  dos  empreendedores  locais,  que  buscam  colaboração transfronteiriça como meio de escapar do controle do Estado, ou receber benefícios a mais.  Hocking  (2004,  p.96)  expõe  ainda  que  “a  conquista  dos  objetivos  em  um determinado  nível  de  atividade  política  exige  a  capacidade  de  operar  nos  outros”, inferindo  que  o  controle  do  governo  central  necessita  ser  de  todo  o  seu  território, interconectado  e  interdependente  para  que  as  relações  subnacionais  possam  estar condizentes  com  a  sua  política  externa,  tendo  inclusive  negociadores  internacionais engajados tanto na política internacional quanto nacional, buscando uma diplomacia de “multicamadas” e um equilíbrio entre os interesses nacionais e regionais. 

 2.2.2 Paradiplomacia na Amazônia Brasileira.  

A percepção da atuação da Amazônia no meio internacional é histórica, segundo Moreira (2013, p.109), visto desde a sua ocupação com objetivos de exportar matérias‐primas  para  outros  países  até  a  utilização  de  ferramentas  paradiplomáticas  como alternativa para o desenvolvimento local. Esta percepção histórica da região amazônica também é um método de análise do fenômeno da Paradiplomacia que ocorre na região, visto  que  há  uma  consequência  no  processo  de  correlação  de  forças  nacionais  e estrangeiras que ocorreram na  região ao  longo dos anos, principalmente no ciclo da borracha, onde a Amazônia teve grande destaque na política e na economia do país. 

 Ou seja, historicamente a região já possui certa vocação à atuação vinculada ao cenário internacional. Tal tendência veio a se fortalecer com o aprofundamento do processo globalizador em tempos mais recentes. As ações dos governos subnacionais vieram a se somar à feição  cooperativista  da  região,  permeada  por  uma  ideia  de desenvolvimento baseada em um sistema de mercado dependente de  “alianças  estratégicas  entre  atores  sociais  e  diferentes organizações de cooperação internacional no âmbito local, nacional e internacional”. (MOREIRA, 2013, p.110‐111) 

 Além  da  questão  histórica,  a  própria  região  sofre  pressões  sociais  para  a 

reversão  do  isolamento  em  relação  ao  governo  central,  forçando  a  busca 

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transfronteiriça  por  soluções  apaziguantes  e  adaptativas  à  política  externa  nacional. Cooperações amazônicas com países de fronteiras foram os mais acentuados, visto a percepção  de  singularidades  similares  entre  os  países  da  região  –  problemas econômicos,  sociais  e  ambientais,  seu  posicionamento  geográfico,  suas  grandes extensões  territoriais,  o  pequeno  número  de  fronteiras  vivas,  a  pequena  densidade populacional,  entre  outros  (Moreira,  2013,  p.120‐126)  –.  Por  isso  o  intercâmbio  sul‐americano possui vínculos mais sólidos na região amazônica: pelo compartilhamento histórico de seus interesses comuns e de suas similitudes. 

 Paridades como a intensa troca comercial entre cidades com grandes parques  industrial  (Manaus  e  Puerto  Ordaz,  respectivamente)  e concentração  de  importantes  recursos  energéticos,  hídricos  e  de biodiversidade  levaram  a  que  o  Itamaraty  cogitasse  ampliar  o Mercosul  para  aquela  região,  fenômeno  que  o  mesmo  autor denominou  como uma estratégia  de  “virada  ao  norte” da política externa brasileira. (MOREIRA, 2013, p. 121) 

 A participação do Itamaraty e do Ministério das Relações Exteriores na Região 

Norte fez‐se cada vez mais necessária conforme o avanço nas políticas paradiplomáticas exercidas pelos governos locais, tanto que instalou‐se um Escritório de Representação do  Itamaraty na Região Norte do Brasil  (ERENOR), o qual atualmente encontra‐se na cidade de Manaus  e  está  vinculado  a  ações  da  Superintendência  da  Zona  Franca  de Manaus (SUFRAMA) – tais como a realização de estudos informativos sobre o comercio exterior da região, treinamentos de funcionários do governo e auxílio na realização de eventos (MOREIRA, 2013, p.123).  

Outra  instituição  do  governo  federal  para  tratar  de  assuntos  amazônicos  diz respeito  ao  órgão  consultivo  denominado  como  Comissão  Permanente  para  o Desenvolvimento e Integração da Faixa de Fronteira e a sua Subcomissão Permanente da Amazônia e da Faixa de Fronteira, ambas vinculadas ao Senado Federal. A Comissão tem  por  objetivo  principal  “integrar  e  coordenar  as  ações  conjuntas  e  permanentes entre municípios,  estados  e  União  no  que  tange  ao  aperfeiçoamento  da  gestão  das políticas públicas para o desenvolvimento da  faixa  de  fronteira”  (MOREIRA,  2013,  p. 116), enquanto a sua subcomissão concentra‐se no desenvolvimento econômico e social nas  fronteiras  dos  estados  amazônicos,  na  criação  de  infraestruturas,  nas  questões indígenas e internacionais que interligam nove estados brasileiros e sete estrangeiros. 

São  atribuídos  diversos  fatores  para  esta  emergência  acentuada  de  ações paradiplomáticas  brasileiras  amazônicas  no  atual  século,  segundo  Moreira  (2013)  e Gomes Filho (2011), dentre eles estão: 

a) “A  ineficiência  da  diplomacia  brasileira  em  acompanhar  as  rápidas transformações  nas  instâncias  paradiplomáticas  amazônicas  como  uma  das consequências impostas pelo processo da globalização” (Moreira, 2013, p. 124) 

b) A busca de promoção do desenvolvimento econômico e social no exterior c) Relacionamentos históricos fronteiriços privilegiados 

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d) Desenvolvimento reativo em relação a política brasileira, que tornou a região assimétrica,  sendo  necessário  adaptar‐se  e  criar  aparatos  administrativos  para aumentar a influência política interna e externa. 

Os  poucos  registros  oficiais  sobre  a  Paradiplomacia  na  Amazônia,  apesar  da observação histórica e atual do fenômeno, faz necessário a continuidade em abordar o tema,  visto  que  apesar  das  relações  entre  o  Governo  do  Estado  do  Amazonas  e  o governo central brasileiro serem harmoniosas. Conforme exposto por Moreira (2013), a aura de preservação e conservação da região faz com que a Paradiplomacia ocorra de forma espontânea,  com a ausência do poder  central na maioria delas e  com poucos registros  oficiais,  tornando  necessário,  conforme  aponta  Gomes  Filho  (2011),  o aprofundamento  de  estudos  na  área  e  a  institucionalização  de  administração governamental especificamente dedicada. 

 São inúmeras as denominações utilizadas conforme a sua forma, o seu conteúdo, o  seu objeto ou o  seu  fim, citando‐se as seguintes: convenção,  protocolo,  convênio,  declaração,  modus  vivendi, protocolo, ajuste, compromisso, etc., além das concordatas, que são os atos sobre assuntos religiosos celebrados pela Santa Sé com os Estados que têm cidadãos católicos. Em todas essas denominações, o  dado  que  se  enfatiza  é  a  expressão  do  acordo  de  vontades, estipulando  direitos  e  obrigações,  entre  sujeitos  de  direito internacional. (ACCIOLY, 2009, p.132) 

 A  responsabilidade  pelos  tratados  firmados,  por  tanto,  diz  respeito  ao  ente 

celebrador, obrigando a manter compromissos assumidos e de reparar qualquer mal causado durante o tempo de celebração. Por isso, considera‐se os Estados soberanos internacionalmente responsável por todo ato, omissão ou negligência correspondente a um tratado celebrado por ele ou por seu representante, mesmo se tais ações forem baseadas no  seu direito  interno, pois a norma versa sobre a prevalência de  tratados internacionais sobre as leis soberanas. Quando atos contrários às obrigações do Estado são executados por seus funcionários, é consagrado pela prática, de acordo com Accioly (2009,  p.350),  que  aquele  deve  igualmente  se  responsabilizar  por  haver  uma transgressão de competência (por parte do funcionário) desconhecida de seu governo central por falta de controle ou da execução de sua soberania sobre a sua população dentro do seu território. 

 A razão da ressalva é clara: o estrangeiro não é obrigado a conhecer exatamente  os  limites  da  competência  do  funcionário.  Mas  se  a incompetência é manifesta, o Estado não deve responder pelo ato de seu agente, que, então, evidentemente, não o representava; além disso,  em  tal  caso,  o  estrangeiro  poderia,  de  alguma  sorte,  ter escapado  ao  abuso  de  poder  do  funcionário.  (ACCCIOLY,  2009,  p. 350)  

Conforme  relatado pelo autor acima mencionado, não é a obrigação entre o contratante  conhecer a  competência  jurídica para executar o  tratado –  visto que  tal 

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competência  varia  conforme  Carta Magna  de  cada  país  –,  por  este motivo,  cabe  ao Estado  responsabilizar‐se  pelas  ações  de  sua  população  também  no  exterior.  No entanto, se o flagrante de incompetência jurídica for feita pela parte lesada, o Estado é isento  de  qualquer  responsabilidade  prevista  no  tratado.  A  prática  de  extrapolar  as competências  no  funcionalismo  público  é  recorrente  nas  relações  paradiplomáticas, pois  é  utilizado  o  desconhecimento  do  estrangeiro  para  atingir  os  objetivos  dos governos subnacionais. 

Depende, por tanto, do Estado soberano ser cúmplice de seus membros para que  haja  uma  responsabilidade  conjunta.  Se  o  Estado  não  impedir  atos  ilícitos  ou compactuar com eles, ele assumirá a culpa e se responsabilizará, por isso é necessário a harmonia entre os atos do governo central e dos Estados  subnacionais para evitar a culpa da responsabilidade por tratados que não correspondem a política externa do país ou ao direito interno. De acordo com Michelmann (1990, p.311) dependerá do contexto legal e institucional para que as ações de governos não centrais na esfera internacional possam vir a ocorrer de forma dolosa ou não ao próprio Estado, ou seja, o conjunto geral de leis e a Carta Magna da nação é onde “estarão delineadas as fronteiras legais do que é permitido ou proibido para essa categoria de governos não centrais” (ibdem). 

 c. Logística de Transporte no Estado do Amazonas 

 Na região amazônica, o modal mais utilizado é o hidroviário devido ao número 

de vias fluviais existentes. Este modal é responsável pela interligação de 90% (Carvalho Filho,  2014,  p.  126)  entre  os  municípios  do  Amazonas,  sendo  o  principal  meio  de transporte de cargas e passageiros. 

 No  caso  da  Amazônia,  muitos  fatores  contribuem positivamente  para  a  maior  utilização  desse  tipo  de transporte,  tais  como:  disponibilidade  de  rios  navegáveis; condição  geográfica  de  planície  da  região;  precariedade  e ausência de estradas que geram dependência das populações em  relação  ao  transporte  fluvial.  Se  bem  exploradas,  as hidrovias  amazônicas  podem  causar  grande  impacto  com  o surgimento de polos de desenvolvimento e maior integração nacional. (MELLO & SILVA, 2003, p. 30).  

 Tecnologias  estão  sendo  modificadas  para  atender  as  necessidades  da população  em  relação  ao  transporte  fluvial.  Despertou‐se  para  a  importância  da navegação entre os municípios distantes, graças ao impulso do comércio na região e por se  ter  a  maior  bacia  hidrográfica  do  mundo,  o  desenvolvimento  por  meio  dos  rios refletiu‐se  no  desenvolvimento  tecnológico  de  transportes,  com  a  construção  de embarcações adequadas a realidade amazônica. Recentemente, iniciou‐se a separação do  transporte de passageiros e do  transporte de carga  (Carvalho Filho, 2014, p.126), reduzindo o tempo de viagem, os custos e garantindo maior segurança para quem utiliza este modal (seja para transportar carga ou para se locomover).  

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Porém, apesar de este ser o modal mais utilizado no Estado, a navegação ainda é custosa para empresas, governos e sociedade civil, isto é decorrente, de acordo com Antonaccio (2014, p. 160) pela baixa quantidade de incentivos para o desenvolvimento das hidrovias. O próprio modal rodoviário, em constaste com o restante do país, possui poucos incentivos, sendo menos utilizado do que o transporte fluvial. As alternativas de escoamento por meio rodoviário ainda são por meio da BR‐174 que interliga a cidade de Manaus com o Estado de Roraima, e por meio de algumas estradas estaduais, porém estas não possuem estrutura para transportar grandes quantidades de cargas devido suas condições, do mesmo modo que ocorre com a BR‐319, que interligaria Manaus ao Estado de Rondônia, onde há trechos que impossibilitam o tráfego (Antonaccio 2014, p.160). 

 (…) Interiorizar rodovias no Amazonas e na Amazônia será necessário para a realização de desenvolvimento econômico. Entretanto, fazê‐lo  sem  respeito  à  floresta  é  uma  completa  estupidez  ambiental, social  e  econômica.  Precisamos  encontrar  e  realizar  este  meio termo, pois o nada fazer é danoso para o país. (ROCHA, 2014, P. 39) 

 Outro modal muito utilizado na região é o aeroviário e que, apesar de ser o mais 

rápido e com maior capacidade de interligar dinamicamente os municípios do Estado, também é o mais custoso. Porém, o alto valor agregado tem dificultado melhorias na logística  integral  deste  modal,  mesmo  quando  se  trata  de  voos  internacionais,  as companhias aéreas realizam rotas de alto custo e com pouca demanda (SORIA, 2014, p.88). 

O último,  porém, um dos mais  importantes modais de  logística,  o  infoviário, refere‐se a cadeia de tecnologia de informação. O uso da tecnologia e da globalização a favor  da  logística  auxilia  desde  o  início  da  cadeia  de  produção  até  o  seu  destino, utilizando‐se de marketing, softweres e aparelhos avançados para conseguir diminuir o tempo e o custo de transporte.  

Quando se abordam novas oportunidades de negócio vislumbra‐se um impacto positivo na saúde econômica do país. Neste cenário, dentre as muitas oportunidades que  surgem,  ganha  força  o  everywhere  commerce:  nele  o  consumidor  pode  efetuar compras  de  qualquer  lugar  onde  esteja  utilizando  a  comunicação móvel.  (MELLO  & SILVA, 2003, p. 49) 

O Amazonas, porém, ainda é dependente da existência de outros modais para se  realizar  uma  logística  de  outcomes  to  incomes.  Em  um  ambiente  internacional competitivo,  a  interligação  e  a  mobilidade  são  os  pontos  chaves  para  se  buscar  o crescimento econômico, seja de uma empresa, de uma região ou de um país. O domínio da  tecnologia  e  das  inovações  possibilita,  por  tanto,  a  aceleração  da  economia  e  o desenvolvimento dos demais modais da logística. 

Um importante fator do Amazonas a ser considerado, o qual está relacionado com a logística de transporte e com a economia do Estado, é o Polo Industrial de Manaus (PIM). O polo possui um faturamento aproximado de U$40 bilhões ao ano e responsável por quase 67% do PIB estadual, considerando que o Amazonas possui o 6º maior PIB 

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brasileiro,  é  evidente  a  influência  do  PIM  em  todas  as  áreas  relacionadas  com  a economia  local,  conforme  dados  coletados  por  Rocha  (2014,  p.24),  o  autor  ainda acrescenta:  

No  contexto  regional,  quando  se  fala  no  faturamento  do  Polo Industrial  de  Manaus  (PIM)  ou  no  PIB  do  Amazonas  existe  uma celebração. Tal celebração é positiva, mas deveria ser seguida por uma  reflexão  sobre  a  necessidade  imperativa  de  ampliação  da produção  industrial,  por  meio  de  bases  sólidas,  amparadas  por condições de fatores de infraestrutura, de pessoas e de capacidade tecnológica.  

 O autor supracitado, revela ainda a necessidade de conhecermos a logística do 

Amazonas  e  de  utilizar  esta  ferramenta  (o  PIM)  a  favor  do  desenvolvimento  de infraestruturas de transporte e de transporte logístico. Se uma pequena porcentagem do faturamento do PIB, o qual está diretamente relacionado com o PIM, fosse destinado ao  investimento  da  logística,  seria  possível  investir  bilhões  ao  ano  para  atender  as necessidades da população, do governo e das empresas. 

 Isso não tem nenhuma relação com a distância física. A logística do PIM não é complicada pela distância. A complicação é a burocracia do intricado arcabouço legal, como diferentes órgãos conjugada com uma infraestrutura precária e serviços caros. (ROCHA, 2014, p. 27) 

 É compreensível para os estudiosos da área que o local no globo, atualmente, 

não prejudica a logística ou as relações comerciais. Exemplo disto é a China, a qual se tornou competitiva internacionalmente e conseguiu otimizar seus processos logísticos, entregando cargas mais eficientemente e com qualidade, quando comparada a outros países. Esta mudança de estagnação para diferenciação internacional, demonstra haver possibilidades  para  que  o  Amazonas  seja  um  Estado  tão  competitivo  quanto  outros brasileiros, ou mesmo quanto a outros países. O real problema do Amazonas, segundo Rocha  (2014,  p.28‐29)  é  a  baixa  acessibilidade  e  a  complexidade  burocrática  para  a movimentação das cargas que circulam no território.   

A carência de logística é imensa em todos os sentidos, não apenas nos meios de transporte. Estende‐se às comunicações, à energia e, principalmente,  ao  necessário  fomento  para  explorar racionalmente,  com  agregação  de  valor  e  verticalização  da produção,  os  nossos  recursos  naturais,  sejam  minerais  ou  da biodiversidade (plantas, peixes, óleos e resinas, etc.). Com o advento da teoria neoliberal e a defesa do Estado mínimo Hayekk (1977), que passou a predominar a partir dos anos 90, essa situação se agravou. A consequência imediata foi o desmonte de praticamente todos os instrumentos  de  promoção  da  produção,  tanto  no  plano  federal quanto estadual. (ACRE, 2014, P. 118) 

 

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Para que haja mudança neste quadro, Rocha (2014, p.27) afere o mesmo que demais estudiosos sobre a logística brasileira: é necessário que órgãos de fiscalização e administração invistam na logística do estado, que haja interesse por parte de todos os atores envolvidos para cooperativamente mudarem esta realidade. Os vazios logísticos da Amazônia (Keppler, 2014, p.164) – que são: as distâncias continentais; o acesso difícil; as  condições  ambientais  inóspitas;  falta  de  do mínimo  de  investimento;  transporte, mobilidade e comunicação rudimentar; solos  fracos  (alagados, areais,  lamaçais, etc.); áreas de proteção ambiental extensas; e o comércio inter‐amazônico fraco – precisam ser trabalhados e estudados com mais afinco, partindo, como dito anteriormente, do interesse de cooperação e de ação conjunta entre entidades envolvidas e interessadas no desenvolvimento da logística no Estado do Amazonas.  

 2.4 Metodologia 

 A pesquisa em questão trata de dois temas incipientes, tanto para as Relações 

Internacionais  quanto  para  a  Administração,  que  é  a  Paradiplomacia  e  a  Logística. Apesar da rara existência de teorias que as amparam, a experiência com o fenômeno denota uma expressão positivista dos temas, conforme escreve Severino (2007, p.109), e,  consequentemente,  um  caso  de  Fenomenologia,  pois  a  pesquisa  parte  de  um “conhecimento  fatual  (aquele  das  ciências  fáticas  ou  positivas)  e  funda‐se  num conhecimento originário (o de ciências eidéticas) de natureza intuitiva (…).” (Severino, 2007, p. 114), o que  fundamenta grande parte do conhecimento sobre as  temáticas, bem como a afirmação da tradição fatual, analisando a sua complexidade e sua atuação. Por este motivo, analisou‐se qualitativamente a população pesquisada, pois fez‐se uma ampla interpretação do fenômeno da Paradiplomacia e da logística, tendo o processo e as ações como enfoque.  

O  universo  pesquisado  foram  as  ações  paradiplomáticas  realizadas  pelo Governo  do  Estado  do Amazonas  e  como  sua  população  aquelas  que  se  dirigem  ao desenvolvimento da logística do Estado em amostragem. A interpretação do universo e da população ocorreu de forma descritiva e indutiva, conforme exposto por Severino (2007), quanto a estudos fenomenológicos, correlacionando às ações que o Governo do Estado do Amazonas toma para desenvolver a logística em seu território. 

A pesquisa em campo foi conduzida por meio de entrevistas onde buscou‐se uma  interação entre as  instituições pesquisas a  fim de  “apreender o que os  sujeitos pensam, sabem, representam, fazem e argumentam” (Severino, 2007, p. 124) sobre a temática,  de  acordo  com  suas  experiências  profissionais.  Foram  realizadas  com  um grupo que diretamente ou  indiretamente  trabalham com a Paradiplomacia de  forma decisória nas diversas entidades governamentais, como também com uma empresa de transporte  logístico  que  tem  grande  influência  regional.  Utilizou‐se  como  técnica entrevistas  não  diretivas,  onde  colheu‐se  “informações  dos  sujeitos  a  partir  do  seu discurso  livre”.  (Severino,  2007,  p.125),  e  foram  escutadas  todas  as  colocações  dos entrevistados,  intervindo  apenas  quando  solicitado  ou  para  estimular  o  depoente  a discursar. Na entrevista foi exposto a temática e, quando solicitado, explicado o conceito de Paradiplomacia,  além disso abordou‐se  sobre as principais  relações da  instituição 

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com o meio internacional, sobre os tipos de cooperações firmadas com outros atores internacionais, a participação do governo federal na relação dessas instituições com o meio internacional, sobre o interesse do desenvolvimento da logística no Amazonas e sobre a possibilidade de ele ocorrer por vias da Paradiplomacia. Coletou‐se, por tanto, os  tipos  de  ações  paradiplomáticas  que  já  foram  desenvolvidas  por  instituições governamentais, bem como os participantes nestas ações, e a influência de cada uma destas instituições no desenvolvimento da logística do Amazonas. Todas as entrevistas foram gravadas –  conforme permissão do entrevistado – permitindo, desta  forma, a comparação entre as atividades desenvolvidas por cada uma das instituições.  

Foram entrevistados: o  senhor Álvaro Castelo Branco, Mestre em Direito das Relações Internacionais e Advogado da União; um representante da Secretaria Executiva Adjunta de Relações Internacionais, vinculada ao órgão governamental intitulado como Secretaria de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Amazonas; o senhor Jorge Campos, Doutor em Logística e Presidente do Conselho Regional de Administração; um representante da empresa Transportes Bertolini Ltda.; um  representante  da  Secretaria  de  Infraestrutura  do  Estado  do  Amazonas;  e  um representante  da  Unidade  Gestora  de  Projetos  Especiais  do  Governo  do  Estado  do Amazonas. 

Durante  a  coleta  de  dados  da  pesquisa  em  campo,  juntou‐se  informações bibliográficas  e  documentais  que  puderam  responder  parte  do  problema  desta pesquisa,  conforme  o  avanço,  havendo melhorias  na  realização  da  pesquisa  quando associada aos dados coletados com as entrevistas. Os objetivos específicos da pesquisa, por sua vez,  foram alcançados em parte no referencial  teórico deste  trabalho,  tendo sido plenamente explorados no decorrer da coleta de dados.  

Estes  métodos  foram  utilizados  para  conseguir  obter  uma  fundamentação teórica  pluralista  da  pesquisa,  demonstrando  que  a  Paradiplomacia  logística  é  uma forma de Cooperação Técnica Internacional (CTI) que traz crescimento significativo para os Estados que decidem investir nessa área. Quando este investimento é realizado por vias internacionais, afirma‐se na experiência o que foi dito na teoria: que os atores que participam do Sistema Internacional são interdependentes e se utilizam da barganha e de  constrangimentos  para  obter  benefícios  de  forma  racional  e  atendendo  aos interesses pessoais. 

 2.5 Análise e apresentação dos Resultados  2.5.1. Leis que Amparam as Ações Paradiplomáticas  

Conforme exposto no referencial teórico, os Estados federados brasileiros não possuem  autonomia  internacional,  não  podem  representar  o  Brasil  em  relações internacionais, pois, conforme exposto na Constituição de 1988, a federação é a única com  capacidade  jurídica  para  exercer  tal  atuação.  Porém,  na  prática,  o  alcance internacional  dos  entes  federados  tem  aumentado  conforme  o  avanço  da interdependência  e  da  globalização,  pois  as  fronteiras  são  muito  mais  diluídas,  se comparadas aos séculos passados.  

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A ausência de leis que amparam as atuações paradiplomáticas isentam o país de responderem legalmente por atos informais de seus entes federados, o que acaba por não produzir nenhuma obrigação quando há relações diretas com o meio internacional. Por isso, entende‐se que atuam duas forças políticas internas do Brasil sobre a atuação paradiplomática:  a  força  centrípeta  centralizadora e  regulatória,  que busca  controlar todas  e  quaisquer  ações  internacionais  não  legitimando  ações  que  fujam  destas premissas; e uma força centrífuga contrária que entende não se pode exigir do governo central assumir toda a responsabilidade pelo desenvolvimento da nação, e é motivada por várias necessidades de inserção internacional como as assimetrias entre os entes federados, a pouca dedicação do governo central com os interesses regionais, a busca de desenvolvimento econômico com reduções burocráticas, entre outras. 

Por isso, a regulamentação das ações paradiplomáticas é um fator importante para a redução de choques entre essas duas forças e para o aumento da cooperação entre o governo central e os entes federados, de forma a realizar uma política externa congruente. Do mesmo modo, é importante salientar que tal regulamentação garantirá segurança jurídica durante os compromissos assumidos pelas unidades federadas para elas  e  para  o  Estado,  além de,  potencializar  os  benefícios  por meio de  respaldo dos compromissos. Prazeres (2004, p. 309) aponta alternativas que possam viabilizar essa atuação externa de modo responsável:   

As  alternativas  (…)  parecem  girar  em  torno  (i)  da  própria possibilidade de reforma constitucional que rompa o monopólio do Estado federal em matéria de atuação externa; (ii) da representação dos interesses das unidades federadas através dos mecanismos de diplomacia  federativa,  desenvolvidos  pelo  MRE;  (iii)  dos  ajustes complementares assumidos pelo MRE, através dos quais se indique uma unidade federada brasileira como agente executor do referido ajuste; (iv) da possibilidade (ainda que meramente paliativa) de as unidades  federadas  se  utilizarem  de  agentes  privados  como intermediários  para  assumirem  compromissos  de  Direito Internacional Privado.  

 2.5.2. Acordos Realizados por meio do Direito Internacional Privado  

De acordo com Prazeres (2004, p. 305) uma solução paliativa para que as forças políticas internas (centrípetas e centrífugas) não entrem em choque, para que não haja conflito entre as tomadas de decisões no meio externo, e para que os entes federados continuem se relacionando internacionalmente seria a realização de acordos de Direito Internacional  privado,  o  qual  seriam  celebrados  por  partes  jurídicas  da  área  (como empresas, fundações e associações), e se submeteriam a ela. A validade jurídica de um instrumento  celebrado  entre  estas  partes  seria  mais  aconselhável  caso  houvesse  a oportunidade  de  cooperação  e  caso  o  “estado  federado  possa  contar  com  algum intermediário de direito privado para a consecução de seus objetivos” (Prazeres, 2014, p. 305). Keating (2004, p.55) reafirma o exposto por Prazeres, ao dizer que: 

 

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Algumas  regiões  buscam  construir  um  modelo  distinto  de desenvolvimento, baseado na existência de vínculos estreitos entre o governo e empresas privadas, o reconhecimento de um interesse territorial mútuo e  a  conseguinte  inserção da  região na economia 

global (Traduzido pelo autor)   

Na entrevista realizada com Álvaro Castelo Branco, também foi exposto sobre as  realizações  de  tratativas  internacionais  por meio  do Direito  Privado  no Brasil.  Ele afirma que há uma maior facilidade para que os entes federados brasileiros enveredem por  este  caminho,  em  vez  de  buscarem  atuações  diretas  internacionais  e  acabarem entrando em conflito com o governo central. O maior exemplo desta relação, segundo ele,  é  a  empresa  Coca‐Cola,  uma  empresa  transnacional  que  se  constituiu  em  uma empresa nacional (criando personalidade jurídica brasileira, seguindo a regulamentação e com atuação certificada e autorizada no território) e pode participar de licitações ou cooperar em projetos, não só de aportes financeiros, mas em qualquer tipo de atividade. 

Aos demais casos, em que a empresa privada não tenha personalidade jurídica brasileira, Álvaro Castelo Branco, aponta que a cooperação financeira é regulamentada por convênios locais, desde que o aporte não seja de regulamentação e que os entes federados levem um projeto ao governo central para autorização. 

O Governo do Estado do Amazonas passou por experiências nesse modelo ao criar um Conselho Gestor do Programa Estadual de Parcerias Público‐Privadas, por meio do  Decreto  nº  31,  de  11  de  setembro  de  2011,  para  atender  demandas  externas  e internas e realizar acordos com empresas privas. Dentre as propostas as competências deste  comitê  estavam:  aprovações  de  projeto;  fiscalização  de  execução  de  políticas público‐privadas;  fixar  diretrizes  para  atuação  de  representantes;  realizar  atas  de reuniões  e  fazer  serem  publicadas  no  Diário  Oficial  do  Estado;  estabelecer procedimentos  para  a  avaliação  e  acompanhamento  de  contratos.  No  entanto,  o Governo Mello (2015) extinguiu a unidade e delegou suas atividades a outros órgãos governamentais. 

 2.5.3. Projeto de Lei 98/06 sobre Aplicação de Normas Internacionais 

 A Proposta Legislativa do Senado Federal nº 98 de 2006 procurou adequar as 

normas  sobre  relações  e  acordos  internacionais  a  realidade  da  Paradiplomacia.  Ela buscou  a  integração,  eficácia  e  aplicabilidade  de  atos  governamentais  de  entes federativos  com  o  governo  central,  de  forma  harmônica.  Para  isso,  ela  sugeriu reformulação  nas  normas  gerais  de  aplicação  dos  tratados  internacionais,  de  sua aplicação,  inclusive  tributária,  e,  sugeriu  também,  uma  legislação  que  amparasse  o direito de tratados regionais e de integração. Em seu artigo 12 e 13, defendeu ações paradiplomáticas harmônicas:  

Art.12. Os Estados, os Município e o Distrito Federal poderão, no âmbito de suas competências constitucionais, negociar e celebrar convênios com subunidades políticas ou administrativas estrangeiras mediante prévia autorização do Ministério das Relações Exteriores. 

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No  entanto,  em  2009,  a  Comissão  de  Relações  Exteriores  e  Defesa Nacional considerou a  lei  complementar prejudicial  à política externa brasileira e  rejeitou por inconstitucionalidade. Quanto aos artigos supracitados, a comissão declarou que não ser válido os pressupostos do artigo 12, pois o tipo de tratado firmado com outro Estado violaria  os  princípios  do  Direito  Internacional  Público  e  desgastaria  à  imagem internacional do país, estando fadadas a não serem cumpridas. Quanto ao artigo 13, declarou‐se  que  tal  regra  contrariaria  a  disposição  constitucional  de  atribuir,  com exclusividade,  ao  Presidente  da  República  a  submissão  de  tratados  à  aprovação congressional, além de não haver necessidade da participação de outros Ministérios no processo de ratificação de tratados. Apesar do projeto de lei não ter sido aceitado, ele foi  um  importante  marco  para  a  Paradiplomacia,  inclusive  instigou  a  sociedade  a procurar conhecer a matéria. 

 2.5.4. Instituição Auxiliar a Atuação Paradiplomática Amazonense 

 A criação de Secretarias de Relações Internacionais auxiliou para que técnicos 

da  área  pudessem  atuar  de  forma  responsável  e  juridicamente  legal  no  meio internacional, reduzindo assim o conflito entre as forças centrípetas e centrífugas, além de direcionar funcionários governamentais para atuações cooperativas com o governo central e para atuações mais profissionais no meio internacional. 

O Estado do Amazonas, por sua importância em questões de fronteiras, com o desenvolvimento  do  Polo  Industrial  de  Manaus  e  por  tentativas  de  redução  de assimetrias,  instaurou  a  Secretaria Adjuntas  de  Relações  Internacionais  (SEARI),  hoje vinculada  à  Secretaria  de  Estado  de  Planejamento,  Desenvolvimento,  Ciência, Tecnologia e  Inovação. De acordo com o  representante entrevistado, A SEARI é uma secretaria  definida  como  secretaria  meio,  pois  auxilia  as  demais  secretarias  e  ao Governador, atendendo a demanda de outras áreas que tenham  ligação com o meio internacional.  Estas  demandas  podem  provir  da  sociedade,  de  instituições governamentais, de empresas estrangeiras ou locais, ou até mesmo do próprio gabinete do governador. 

 2.5.5. Identificação de Ações Paradiplomáticas no Estado do Amazonas  

Contrariando as  leis  locais, muitos entes  federados brasileiros ainda mantêm relações  internacionais, pois a ausência de  legislação  sobre o  tema  também permite para a atuação no meio internacional, visto que não há qualquer impedimento jurídico, além daqueles já citados.  

Do  mesmo  modo,  o  Governo  do  Estado  do  Amazonas  realiza  ações paradiplomáticas  com  uma  certa  frequência.  De  acordo  com  a  entrevista  com  o representante da SEARI, as demandas de atuação internacional podem vir do próprio governo  federal,  onde  os  funcionários  são  convidados  para  reuniões  e  agendas internacionais  para  tratar  de  assuntos  relativos  a  região  dentro  do  âmbito  do MERCOSUL, do Itamaraty, ou em uma reunião de comissão de vizinhança com países fronteiriços ao Estado. Estas demandas atendem diversas áreas da região (econômica, 

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social, cultural, entre outras) e dependem dos objetivos estabelecidos ou pela federação ou pelo ente  internacional envolvido. Porém tais solicitações  também podem vir dos próprios entes federados, conforme exposto pelo entrevistado o governo do Amazonas recebe embaixadores, autoridades, representantes de organizações internacionais, de bancos  internacionais, entre outros atores  internacionais, os quais  têm  interesse em investir  no  Estado  ou  realizar  cooperações.  É  evidente,  que  grande  parte  está relacionada  com  o  PIM,  mas  a  cooperação  entre  atores  fronteiriços  tem  crescido paulatinamente  após  a  criação  do  Núcleo  de  Cooperação  de  Fronteiras  vinculada  a SEARI. 

O Estado do Amazonas, de acordo com a pesquisa de campo realizada, obedece a  legislação  e  realiza  licitações  e  convênios  com  entidades  internacionais,  apenas quando  estas  possuem  personalidade  jurídica  brasileira,  ou  quando  buscam financiamentos  e,  nesse  caso,  há  participação  da  federação  como  órgão  validador. Conforme  exposto  pelo  representante  da  SEARI,  o  governo  trata  com  negociações internacionais de financiamento (como o banco mundial ou banco interamericano) por meio de reuniões, geralmente com a participação de dirigentes que vêm até o Estado, e são  verificadas  as  oportunidades  do  empréstimo  –  as  condições,  as  taxas  de financiamento,  o  prazo,  as  cláusulas  contratuais  –,  sem que haja  o  envolvimento da união. Porém, a partir do momento que o Estado decide que quer  tomar o dinheiro emprestado  e  que  a  instituição  tem  a  possibilidade  de  conceder,  submete‐se  a apreciação  da  união  para  aprovação  por  meio  do  congresso,  o  qual  ratificará  essa autorização. Primeiramente o banco central dá essa autorização e o congresso o ratifica. Isso, de acordo com o representante, é uma questão técnica e política, muitas vezes muito mais política do que técnica, pois se o Estado não honrar os seus compromissos, ou seja, se ele ficar inadimplente, quem honrará esse financiamento será a União. 

De  acordo  com  outro  entrevistado,  representante  da  Unidade  Gestora  de Projetos  Especiais  (UGPE),  o  governo  estadual  não  tem  assessoria  de  unidades  do governo  federal,  apesar  de  a  AFEPA  ter  o  objetivo  de  assessorar  as  relações internacionais  de  entes  federativos  quando  buscam  financiamento,  os  entrevistados apontam desconhecimento sobre o órgão ou afirmam não ter a necessidade de buscar este tipo de assessoria, pois todas as ações são realizadas diretamente, ou delegada por outros órgãos do próprio governo federal,  tendo encontrado na pesquisa apenas um caso  de  envolvimento  da  SAF.  No  entanto,  não  se  pesquisou  se  outros  órgãos  do governo  do  Estado  do  Amazonas  ou  se  o  próprio  governador,  busca  instituições  de assessoria  vinculadas  ao  Ministério  das  Relações  Exteriores  para  realizar  tratativas internacionais, seja de qualquer gênero.  

Houve apenas um caso na pesquisa em que foi exposto sobre a participação do governo federal como órgão assessor às relações internacionais dos entes subnacionais. Neste programa a SAF – Secretaria de Assuntos Federativos da Presidência da República –  acompanha  a  implantação  do  projeto  em  todo  o  Brasil,  pois  esta  implantação  é realizada por técnicos do governo federal e técnicos da Itália. Porém, não cabe a este trabalho  aprofundar  sobre  tal  assunto,  nem  tão  pouco  os  efeitos  destas  interações internacionais, se atendo apenas aos objetivos da pesquisa que, apesar de perpassarem por esta questão, não se atem a ela. 

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 2.5.5.1. Programa Brasil Próximo 

 O único exemplo pesquisado em que se percebeu a participação assessoria do 

governo  federal,  foi  no  programa  Brasil  Próximo,  no  qual  visa  o  desenvolvimento sustentável da região do Alto Solimões, por meio de  investimento em diversas áreas (como energia, água,  infraestrutura e outros). Neste programa a SAF – Secretaria de Assuntos  Federativos  da  Presidência  da  República  –  acompanha  a  implantação  do projeto em  todo o Brasil,  pois esta  implantação é  realizada por  técnicos do  governo federal e técnicos da Itália. 

O  objetivo  deste  programa  é  construir  uma  rede  com  a  Itália  de  políticas, oportunidades  e  intervenções  para  acompanhar  os  processos  endógenos  de desenvolvimento sustentável, propiciando melhoria de vida para a população brasileira. No  Amazonas,  elabora‐se  um  projeto  sobre  manejo  florestal  sustentável  que possibilitará o fornecimento de madeiras amazônicas certificadas  

 2.5.5.2. PROSAMIM  

O PROSAMIM, Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus, concebido em 2003, é um exemplo de cooperação internacional paradiplomática de sucesso, que ocorreu  por  meio  de  financiamento  com  o  BID  em  2006  e,  mais  atualmente  da Cooperação  Andina  de  Financiamento  (CAF),  e  tem  como  propósito  solucionar problemas ambientais, urbanísticos e sociais que afetam a população de Manaus que vivem em rotas de inundação. Até fevereiro de 2012, o programa beneficiou mais de 60 mil pessoas, construiu cerca de 2 mil moradias, 130km de rede de esgoto, construiu 7 parques em áreas verdes e já revitalizou 5 igarapés da cidade. O Programa continua em expansão  e  com  a  parceria  com  o  BID  e  é  referência  mundial  de  desenvolvimento sustentável. 

 2.5.5.3. UNAIDS  

Este é um exemplo de cooperação entre o governo do Estado do Amazonas e uma  organização  internacional.  Por  meio  da  UNICEF,  o  programa  UNAIDS,  visa combater,  com  o  auxílio  dos  governos  estaduais,  a  transmissão  do  vírus  HIV, empoderando instituições governamentais a se responsabilizarem, junto com a UNICEF, a informar a população do Amazonas sobre os meios de contágio e prevenção, além de promover que métodos preventivos sejam acessíveis a toda população, principalmente aquelas  mais  afetadas  da  região  metropolitana  e  aquelas  que  detém  pouco conhecimento sobre o assunto. 

Periodicamente, as instituições governamentais parceiras do programa enviam relatórios  sobre  a  atuação  do  programa,  evidenciando  as  conquistas  e  expondo  as dificuldades encontradas para a realização dos objetivos. 

 2.5.5.4. Agendas Internacionais 

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 De acordo com o Relatório de Ação Governamental da SEARI, disponibilizado 

por representante da Secretaria de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência Tecnologia  e  Inovação,  o  Governo  do  Estado  participa  de  diversas  agendas internacionais como a Conferência RIO +20, feiras internacionais (como a EXPOCOMER e  Navalshore),  além  de  também  atuar  como  parceira  da  Superintendência  da  Zona Franca de Manaus na organização da Feira Internacional do Amazonas, a qual visa atrair diversos investidores para o Estado. 2.5.6. Identificação de Desenvolvimento para a Logística no Estado do Amazonas 

 De acordo com entrevista realizada com o representante da Bertoli e levando 

em  consideração  o  que  CAXITO  (2014)  diz  sobre  a  necessidade  do  envolvimento conjunto entre autoridades do governo, as empresas logísticas e a sociedade para que programas de desenvolvimento logístico sejam efetivos, o Estado do Amazonas ainda está dando seus passos inicias e longe de uma cooperação efetiva a longo prazo para a mudança do quadro de “atraso”. 

Esforços vem sido feitos por ambos os atores envolvidos, com sugestões para desenvolvimento  dos  modais  de  transporte  logístico  em  cada  área  do  Amazonas. Quanto  ao  modal  fluvial,  a  sazonalidade  de  navegação  de  alguns  rios  dificulta  a navegabilidade durante todo o ano. De acordo com Benchimol (2014, p.69‐70) 

 A  solução  seria  a perenização dos  rios,  um  sistema de  interligação para fazer com que a drenagem fosse retida em algumas localidades e com isso formasse um sistema de navegação permanente. Vejamos, teria que ser feito um sistema de retenção de água, isto quer dizer, reservatórios, em que a navegação pudesse ser realizada todo tempo, não só no verão, mas também no inverno, como feito na antiga União Soviética,  no  Rio  Volga,  entre  São  Petersburgo  e Moscou.  Existem umas dez ou quinze retenções de água permitindo a navegação o ano inteiro,  além  do  que  produz  energia  com  esse  aproveitamento  de águas. Esta seria uma solução muito custosa porque o problema não é de um só rio e sim de toda uma bacia hidrográfica, com centenas de  rios  que  impedem  a  navegação  durante  o  regime  das  secas. Portanto  o  que  poderia  ser  feito  é  escolher  dois  ou  três  rios  que concentrem  maior  densidade  populacional  e  realizar  um  trabalho nesses rios. 

Porém de acordo com Carvalho Filho (2014, p. 126), apesar das adversidades existentes, muitos operadores de transporte  logístico continuam a  investir na região. Porém, é necessário o investimento do governo para que possa ter qualidade no serviço, ou mesmo  aumentar  as  alternativas  de  tráfegos  hidroviários.  O  autor  aponta  que  é necessário implantar novas hidrovias, realizar manutenção naquelas existentes (através de sinalização, dragagem e balizamento), regulamentar a atividade para a garantia dos direitos e deveres dos operadores de transporte logístico e, se possível, a criação de um órgão responsável por políticas públicas voltadas para a navegação no território. 

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Quanto ao modal rodoviário, todos os entrevistados salientaram a importância da finalização de obras na BR‐319, inclusive, o representante da UGPE, sinalizou que o governador tem remetido propostas ao governo federal para vencer a  luta contra os ambientalistas,  por  meio  do  isolamento  dos  400km  restantes  para  asfaltamento  e utilização da estrada com cercas e câmeras de monitoramento, além de construção de passagens para animais por baixo da estrada e por pontes aéreas por meio das árvores. O  representante  da  Bertolini,  por  sua  vez,  salientou  a  importância  da  infraestrutura logística tem, pois traz desenvolvimento econômico, não só com o transporte, mas com a própria população que procura se beneficiar economicamente e pessoalmente com as estradas. 

O  Dr.  Jorge  Campos,  em  entrevista,  sugere  incentivos  para  o  término  da construção da BR‐080 que liga Manaus a Brasília, pois esta rodovia, além de interligar Manaus  ao  restante do Brasil  (o que  ainda não é  possível  por  este modal),  também interliga a capital com municípios do interior que não tem acesso por este modal. 

De  acordo  com  entrevista  com  o  representante  da  UGPE,  há  políticas  de integração  com o  interior do estado por meio das  rodovias,  exemplo disso é a atual duplicação da AM‐070 que  liga Manaus a Manacapuru. Esta duplicação oportunizará aumento no fluxo de cargas pesadas para o interior e incentivará o comércio na região. 

O modal aeroviário, por sua vez, é o que mais apresenta desenvolvimento de tecnologia. Em entrevista, o representante da empresa Bertoli expôs que, por meio de financiamento da Eletrobrás e da cooperação entre a empresa, o exército brasileiro e a empresa AIRSHIP, estão  inovando com a construção de protótipos de dirigíveis,  com custos menores do que as operações realizadas por aviões e um pouco maior que o do modal rodoviário, só que a redução para mais da metade do tempo de transporte com cargas  a  longa  distância,  tem  tornado  esta  inovação  um  grande  diferencial  para  o mercado.  Estes  transportes  conseguirão  carregar  o  peso  de  até  4  carretas, oportunizando integração comercial com o interior. 

Rocha (2014, p.40), por sua vez sugere “a construção de aeroportos regionais em cada uma das microrregiões do Amazonas, com a utilização de pistas no rio para hidroaviões  e  pistas  em  solo  para  aviões  convencionais”.  Esta  sugestão,  se  acatada, poderá  servir  igualmente  de  alternativa  viável  e  acessível  para  a  integração  com  o interior do Estado. 

 Também  é  importante  considerar  o  aeroporto  de  Manaus  nesta pauta  de  obras.  A  ausência  de  uma  segunda  pista  no  Aeroporto Eduardo Gomes é uma restrição de segurança relevante. Caso uma aeronave enfrente problemas mecânicos e fique parada na pista do aeródromo, o aeroporto precisará ser fechado até que o problema seja sanado. (ACRE, 2014, p. 41) 

 Em  entrevista  com o  representante  da UGPE,  declarou‐se  existir  um projeto 

federal  para  reformar  e  construir  aeroportos  no  interior  do  Estado,  todos  eles  com certificação para receber transporte de cargas comerciais em todos os horários, tanto voos diurnos quanto noturnos. 

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 2.4.  Ações paradiplomáticas do Governo do Estado do Amazonas para Desenvolver a 

Logística  

Atingindo o objetivo da pesquisa, foi analisado em documentos bibliográficos e nas  entrevistas  ações  conjuntas  com  órgãos  internacionais  que  viabilizam  o desenvolvimento da logística no território amazonense.  

De  acordo  com  o  Dr.  Jorge  Campos,  o  Amazonas  possui  uma  série  de particularidades que é comum da região amazônica e devem ser consideradas, mas elas não  possuem  a  atenção  necessária  por  parte  dos  órgãos  federais,  decorrente  dos interesses  da  política  partidária,  e,  por  causa  disso,  trava‐se  o  desenvolvimento.  O Amazonas  ainda  não  aprendeu  a  gerenciar  esta  situação  de  maneira  a  vencer  seus desafios,  reduzindo a disfunção burocrática  imposta pela  federação e a centralização dos processos. Exemplo disto é o PIB do Amazonas, no qual 77.7% está centralizado em Manaus, por  tanto há uma riqueza muito grande centralizada na capital, enquanto o interior  do  Amazonas  possui  uma  pobreza  generalizada.  Para  mudar  essa  realidade precisamos mudar a nossa gestão e a nossa logística e, para isso deve‐se entender o viés político e os interesses envolvidos no processo.  

Tanto  de  acordo  com  o  depoimento  do  Dr.  Jorge  Campos,  quanto  com  o depoimento do representante da SEARI, é um erro construir infraestrutura logística sem pensar no que se quer transportar ou sem pensar no desenvolvimento econômico da região, pois não haveria razão em dispender recursos para construção e manutenção se não houvesse um retorno econômico para as entidades envolvidas. Por isso, antes de se pensar em infraestrutura logística deve‐se perguntar o que se quer transportar e qual é a  identidade econômica de cada município do Amazonas. Esta  identidade econômica ainda é algo em formação no Amazonas, porém o Dr. Jorge Campos aponta que está muito  próxima  ao  desenvolvimento  do  setor  primário,  principalmente  ao  que  diz respeito sobre a biotecnologia, pois o conhecimento da população sobre produtos da Amazônia já é extenso, falta atribuir valor a eles de maneira sustentável, pois produtos com  valores  agregados  têm  uma  grande  demanda  no  mercado  e  necessitam  de exportação. Caracterizando‐se o produto, poder‐se‐á identificar o veículo e, por meio dele, o modal de transporte mais adequado para escoamento.  

Conforme exposto pelo  representante da UGPE, a  logística é  tratada como o Custo  Amazônico  por  aqueles  que  aqui  negociam,  pela  dificuldade  de  acesso internacional e nacional. Por tanto, deve‐se considerar a logística desde a elaboração dos projetos de  infraestrutura, pois,  se até os materiais para a  realização destes  são comprados fora do Estado, precisa considerar o tempo de transporte para reduzir os riscos e prejuízos. Do mesmo modo, todas as demais pessoas que investem no Estado têm que considerar o Custo Amazônico, o qual é repassado a toda sua população. O representante afirma ainda que o governo do Estado do Amazonas tem feito um esforço muito grande para vencer a questão da logística. Porém, todas as saídas dos Estados são todas gerenciadas pelo governo federal (por rodovias federais), cabendo ao Amazonas buscar cooperação e incentivar o interesse no desenvolvimento da região.  

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Quanto  à  questão  paradiplomática,  os  representantes  das  instituições governamentais  confirmaram  celebrar  convênios  de  financiamento  com  bancos mundiais ou empresas privas, além de termos de cooperações técnicas e memorandos de entendimento com diversos entes internacionais para a identificação do know how e posterior apresentação à federação e estudo de possibilidade de parcerias.  

 2.6.1. “Corredor Bioceânico” ou “Hidrovia Transoceânica”  

Está em desenvolvimento no âmbito da IIRSA (Iniciativa para a Infraestrutura e Integração Sul‐americana) um projeto em cooperação  com o Brasil,  Peru,  Equador e Bolívia, o qual visa integrar seus eixos de transporte, energia e comunicação. Além desta integração  multimodal  de  logística,  será  possível  conectar  os  oceanos  Pacífico  e Atlântico,  atendendo  com  mais  rapidez  as  demandas  de  exportações  dos  países envolvidos. 

 Os projetos que viabilizam esta conexão receberam o nome de eixes multimodais interoceânicos, (…) pressionando por uma necessidade crescente das cidades fluviais da Amazônia, conforme denominou a IIRSA  –  Iniciativa  para  a  Infraestrutura  e  Integração  Regional  Sul‐americana. (…) No entanto, de qualquer maneira, os eixos multimodais de conexão interoceânica são um avanço que facilitou, ou ao menos despertou a  expectativa  de  conexão  com  os  oceanos  através  da  logística multimodal. Assim,  tanto Equador quanto o Peru,  implementaram processos de construção de rodovias, modernização aeroportuária, formação de portos,  (…) e sobretudo a expectativa de conectar os oceanos através da rede fluvial amazônica” (SORIA, 2014, p. 85‐86) ‐ Traduzido pelo autor.  

 

Segundo  Tapajós  (2014,  p.  146‐147)  os  objetivos  específicos  para  atender  o proposto são:  

 a) melhorar a navegabilidade com obras de dragagem dos rios que compõem o 

sistema hidroviário; b)  instalar um sistema de informações de navegação, que complemente as  já 

existentes, de tal maneira que venha a melhorar a segurança da navegação em todos os trechos navegáveis; 

c)  instalar  uma  rede  de  equipamentos  ligados  a  satélites,  que  permitam informar  em  tempo  real  o  nível  dos  rios  em  pontos  considerados  estratégicos, disponibilizando  as  partes  interessadas  (navegantes),  as  condições  de  navegação esperadas, visando melhorar o conhecimento da hidrologia dos rios em estudo; 

d)  estabelecer  sistemas  de  manutenção  e  monitoramento  das  obras  de dragagem, os sistemas de ajuda a navegação e a rede de equipamentos, de tal forma a assegurar as condições de navegabilidade do sistema; 

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e) implantar um plano de monitoramento de tal forma a assegurar as condições de navegabilidade da hidrovia, a fim de determinar as melhores condições de navegação permanente  e  as  oportunidades  de  novos  serviços  de  dragagem  e  outros  aspectos vinculados ao Estado da hidrovia; 

f) estabelecer uma empresa concessionária, que possa gerenciar o projeto, de tal  forma  que  acompanhe  as  diversas  fases  do  projeto,  sua  implantação  e  sua manutenção permitindo normalizar a navegação nos diversos trechos das hidrovias em estudo.  

 A proposta é defendida pelo Dr. Jorge Campo, o qual diz ser preciso obter uma 

infraestrutura de transporte para que toda a produção do Estado do Amazonas e toda a produção do Mato Grosso (nesse caso, ele refere‐se a soja que é transportada pelo Rio Madeira) seja exportada para o Pacífico, o que é possível de realizar por meio do projeto. Além  disso,  o  projeto  também  oportunizará  uma  maior  integração  com  os  países fronteiriços  ao  Estado,  e,  consequentemente  a  chegada  no  oceano  Pacífico,  o estreitamento de relações com a Índia e com a China, que além de fazerem parte do BRICS, representam 60% do mercado consumidor do mundo. Quanto a viabilidade da proposta, Tapajós (2014, p.150) aponta o que segue: 

 A proposta do corredor “bioceânico”  internacional,  torna‐se viável levando  em  consideração  os  dados  comparativos  entre  a  rota tradicional, entre o país de origem a China via oceano Atlanticismo, rio Amazonas e tendo como destino final a cidade de Manaus, mas especificamente o Super Terminais versus os dados comparativos do corredor “Bioceânico” entre a China – Oceano pacífico – Porto de Callao (PERU) – Pucallpa (Peru) – Ucayali  (PERU) –  Iquitus (Peru) – Tabatinga  (Brasil  –  Rio  Solimões  e  Amazonas  –  Manaus  (Porto Privado), todos no Brasil. O  custo  do  contêiner  de  40  pés  via  corredor  internacional  (via navegação de longo curso), tem o custo estimado de US$ 5,920.00, com o tempo médio de navegação 35 a 40 dias. Já o custo estimado para  o  mesmo  tipo  de  contêiner  no  corredor  “Bioceânico” internacional é de US$5,000.00, com o tempo médio de navegação de longo curso e interior de 25 dias.” (Acre, 2014, p. 150) 

 Há  um  grande  interesse,  por  tanto,  de  empresas  para  a  concretização  deste 

projeto,  a  exemplo  a  entrevistada  Bertolini  afirmou  ter  realizado  reuniões  com representantes do Peru e estudando cooperações do transporte de carga provindo da China, diminuindo o  tempo e o  custo de viagem. Do mesmo modo, há  interesses de órgãos  governamentais  –  como  a  Superintendência  da  Zona  Franca  de Manaus  e  a Secretaria  de  Planejamento,  Desenvolvimento,  Ciência,  Tecnologia  e  Inovação  –  em iniciar  negociatas  com  os  países  envolvidos  no  projeto  para  que  possa  fomentar  o desenvolvimento da região. No entanto, todas as decisões sobre o projeto estão sido tomadas  pela  federação,  com  a  participação  de  representantes  federais  quando  há 

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reuniões com as delegações dos países afetados pelo projeto, centralizando todas as decisões. 

 2.6.2. O “Anel Leste”, a Duplicação da AM‐010 e o Porto de Itacoatiara  

O estudo para a duplicação da AM‐010, que interliga Manaus a Itacoatiara, tem sido  realizada pelo governo do Estado do Amazonas, o qual  tem estudado conseguir financiamento  por  meio  da  CAF  até  2017.  Esta  duplicação,  em  conjunto  com  a construção de um grande porto em Itacoatiara e de um novo anel viário fazem parte de um projeto intitulado “Anel Leste”. 

O projeto foi elaborado por técnicos da Secretaria de Infraestrutura do Estado do Amazonas, além de outros técnicos do governo, com a finalidade de reduzir o fluxo de cargas transportadas nas ruas de Manaus. Para isto, pretende‐se construir um anel viário a Leste de Manaus interligado ao PIM que será responsável pelo transporte de cargas destinadas ao Polo ou para exportação. Duplicando‐se a AM‐010, será possível utilizá‐la  como conexão com o Porto de  Itacoatiara escoando por  Inter modalmente, deste modo, os produtos que serão destinados à exportação (a longa distância ou de cabotagem), além de descongestionar o tráfego urbano de Manaus. 

A  empresa  entrevista  Bertolini  demonstra  conhecimento  sobre  o  projeto  e também está desenvolvendo um seu, de acordo com o representante entrevistado, para desafogar o transito de suas carretas na cidade. Para isso, ela pretende fazer mais uso do seu Porto Autorizado (um porto para cabotagem, regulamentado pela Secretaria de Fazenda do Estado) e de modais hidroviários, como utilização de empurradores e balsas para transporte de containers para transportar entre outros portos da cidade. Com isto ela  planeja  reduzir  o  percurso  e  quantidade  de  carretas  na  cidade  e  contribuir  para redução  do  engarrafamento  e  do  excessivo  tráfego  de  veículos  de  grande  porte  na cidade.  

O representante da UGPE afirmou já ter sido realizados reuniões com a CAF para estudar  a  viabilidade  de  financiamento  do  Projeto  “Anel  Leste”,  quando  esta  se comprometer ao financiamento, a UGPE será o órgão responsável por enviar uma Carta Consulta ao Ministério do Planejamento. Com o envio desta carta, será agendada uma reunião com os técnicos do governo do Amazonas e o ministério para explicar o objetivo do projeto e seus custos para cada uma das partes (estadual, federal e da instituição de fomento).  Neste  caso  de  ação  paradiplomática  em  que  visa  o  financiamento  e empréstimo, o governo federal entra como avalista do projeto, após sua autorização é que poderá ser feita a tomada de empréstimo.  

 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS   

A Paradiplomacia é uma alternativa viável para a redução de assimetrias e de burocracias impostas pelo governo federal, além de permitir o conhecimento sobre o que  o  Sistema  Internacional  pode  oferecer  à  sua  região.  Contudo,  ela  possui  vários entraves no Brasil – se comparar com a atuação paradiplomáticas de outras federações – que impedem a expansão da prática, como a legislação que impede a celebração de 

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acordos internacionais por parte de unidades subnacionais, ou mesmo pela ausência de uma legislação que verse sobre o tema, visto que a prática paradiplomática é conhecida pelos funcionários do governo em todas as suas esferas. Além disto, o Brasil agrava o problema  pela  falta  de  programas  e  projetos  de  Estado,  desvinculadas  ao  partido governante  da  época,  e,  por  este motivo,  a maioria  dos  acordos  internacionais  com entidades subnacionais têm um prazo médio de quatro anos, gerando um problema de continuidade nas ações de desenvolvimento. Como o próprio tema da Paradiplomacia ainda é incipiente, a busca para melhorar a sua atuação na região do Amazonas também é deveras escassa.  

Quanto ao desenvolvimento da logística, é evidente pelas pesquisas realizadas que  existem  muitos  cientistas  da  área  que  buscam  alternativas  e  soluções  para  os entraves  atuais.  Porém,  poucos  abordam  soluções  por  meio  de  cooperações internacionais,  seja  para  financiamentos  ou  para  compartilhamento  de  tecnologia  e conhecimento. O governo do Amazonas,  em contrapartida, por  sua histórica  relação com  o  meio  internacional,  atua  naturalmente  em  ações  paradiplomáticas  para  o desenvolvimento da mobilidade urbana ou para o da infraestrutura logística. Ficou claro, em todas as entrevistas realizadas, o pleno conhecimento por parte dos funcionários do governo  sobre  os  tipos  de  ações  paradiplomáticas  (ainda  que  alguns  não  tenham identificado por este nome), as maneiras de realizá‐las e a  legislação vigente sobre a atuação  internacional  de  entes  subnacionais,  principalmente  no  que  diz  respeito  a aquisição de empréstimos. 

A  Paradiplomacia  exercida  por  atores  governamentais  como  forma  de desenvolver a  logística de seu território tem sido utilizada com maior  frequência por parte  dos  governantes  do  Estado  do  Amazonas.  Ela  é  escolhida  como  alternativas viáveis,  rápidas  e menos  burocráticas  para  atender  as  demandas  sociais,  políticas  e econômicas da região. Todos os entrevistados demonstraram ser importante investir na logística e que a utilização da diplomacia com o exterior de forma desvinculada é uma ferramenta  útil  para  reduzir  assimetrias  e  burocracias,  acelerando  o  processo  de desenvolvimento do território amazonense. 

Como  descrito  anteriormente,  para  que  o  desenvolvimento  da  logística  no Estado  do  Amazonas  ocorra  é  necessário  a  cooperação  entre  empresas,  governo  e sociedade. As empresas são as mais interessadas, buscam investir de forma maciça no Estado, pois observam as oportunidades comerciais e naturais da região e, apesar de possuírem demanda para a concretização de seus projetos, muitas vezes são barradas por entraves governamentais. A sociedade amazonense, por sua vez, foi questionada nas entrevistas pela ausência na participação política decisória sobre questões logísticas de seu interesse, apesar de exigir o desenvolvimento da logística, principalmente para o interior do Estado. O governo do Amazonas, em contrapartida, entendeu o valor que tem para ele e sua população o investimento no setor de logística, mas ainda não deu o valor exigido pelo setor, atuando em pontos específicos – como a logística de transporte ou no desenvolvimento da infraestrutura de um modal de transporte –, sem formular um  plano  Estadual  para  desenvolver  a  logística  de  seu  território  e  aumentar  a competitividade  econômica  da  área.  Enquanto  estes  três  atores  não mudarem  seus erros – o que resultará em um grande esforço e demandará muito tempo – não será 

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possível envolver um quarto ator, os entes internacionais, para atuar em conjunto ou em resposta às ações dos primeiros. Sendo assim, a Paradiplomacia Logística ainda é tão incipiente na região quanto os próprios temas que carregam o seu nome.  REFERÊNCIAS  ACCIOLY,  Hildebrando  (Org.). Manual  de  direito  internacional  público.  17ªEd.  São Paulo: Saraiva, 2009.  ACRE,  Belisário  (org.).  Desafios  Logísticos  na  Amazônia  Continental.  Manaus: Associação PanAmazônia, 2014.  ANTONACCIO, Gaitano. Os Meios de Transporte na Economia do Amazonas. In: ACRE, Belisário  (org.).  Desafios  Logísticos  na  Amazônia  Continental.  Manaus:  Associação PanAmazônia, 2014.  BENCHIMOL,  Saul.  Desafio  Logístico  para  o  Desenvolvimento  Regional.  In:  ACRE, Belisário  (org.).  Desafios  Logísticos  na  Amazônia  Continental.  Manaus:  Associação PanAmazônia, 2014.  CARVALHO  FILHO,  Claudomiro.  Importância  de  Priorizar  o  Transporte  Fluvial  para Superar Desafios Logísticos na Amazônia. In: ACRE, Belisário (org.). Desafios Logísticos na Amazônia Continental. Manaus: Associação PanAmazônia, 2014.  CASTELO  BRANCO.  Álvaro  Chagas  Castelo. Paradiplomacia &  Entes  Não‐Centrais  no cenário Internacional. Curitiba: Juruá, 2009.   CAXITO,  Fabiano  (coord.).  Logística:  um  enfoque  prático.  2ª  Edição.  São  Paulo,  SP: Editora Saraiva, 2014.  CEZÁRIO,  Gustavo  de  Lima;  LEANDRO,  Tainá.  A  Paradiplomacia  na  Perspectiva  da Cooperação Internacional.  Brasília, 2006  ESTHER BARBÉ APUD RESTREPO VELEZ 2013 ESTRE, Felipe Bernado. Poder, Interdependência e desigualdade. Trabalho de conclusão de curso (mestrado em 2011) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.  GOMES FILHO, Francisco Gomes. A Paradiplomacia Subnacional no Brasil: Uma Análise da  Política  de  Atuação  Internacional  dos  Governos  Estaduais  Fronteiriços  da Amazônia. Tese de doutorado em 2011. Universidade de Brasília.  

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DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS PROFESSORES NA PRÁTICA DOCENTE  

Professor Mestre Carlos Alberto Almeida da Silva13  

RESUMO  O objetivo deste artigo é expor as dificuldades encontradas pelos docentes do Ensino Superior  no  Brasil,  focalizando  o  despreparo  dos  profissionais  do  Saber,  fruto  do inadequado  preparo  intelectual  e  inexperiência  em ministrar  aulas.  Não  obstante,  o artigo  aborda  os  óbices  constantes  dos  universos  das  competências  técnicas, pedagógicas e políticas, ausentes em considerável parcela dos docentes atuais no país. De outra forma, buscou‐se abordar a falta de  interação entre docentes e discentes e detalhes  sobre  habilidades  cognitivas  e  habilidades  afetivas,  muito  ausentes hodiernamente nas salas de aula.   PALAVRAS‐CHAVE: Docentes. Competências. Habilidades.  

ABSTRACT  The objective of this article is to expose the difficulties encountered by Higher Education teachers in Brazil, focusing on the lack of preparation of Knowledge professionals, due to  inadequate  intellectual  preparation  and  inexperience  in  teaching  classes. Nevertheless,  the  article  addresses  the  obstacles  in  the  universes  of  technical, pedagogical  and  political  competences  that  are  absent  in  a  considerable  part  of  the current teachers in the country. Otherwise, we tried to address the lack of interaction between teachers and students and details about cognitive abilities and affective skills, which are very absent in classrooms.  

KEYWORDS: Teachers. Competences. Abilities.  1. INTRODUÇÃO  

O Brasil passou a existir, de fato, com determinada identidade, a partir da vinda da  Família  Real,  no  início  do  Século  XIX,  onde  passou  a  ser  sede  do  Reino  Unido  a Portugal e Algarves, o que caracterizou o fim do período colonial.  

Segundo  Castro  (1990),  posteriormente,  iniciou‐se  a  instalação  da  cultura europeia,  com estabelecimento de  instituições de ensino, e a  vinda dos pensadores, estudiosos, professores e os estrategistas portugueses. 

Lima  (1996)  concluiu  que  as  escolas  criadas  então  seguiam  o  modelo  das universidades francesas, com a valorização excessiva das ciências exatas e tecnológicas, 

                                                            13 Professor de Graduação e Pós-Graduação na Faculdade La Salle/Manaus

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em detrimento das ciências humanas e biológicas. O objetivo era a profissionalização do aluno, inserindo‐lhe competências para exercer determinadas atividades.  

Imperava, de acordo com Masetto  (2012), e  isto praticamente até a segunda metade do século XX, a máxima: quem sabe, automaticamente, sabe ensinar. Não havia, então, a valorização da carreira do profissional do Ensino, e não havia a mentalidade da importância do profissional que transmite conhecimento. Hoje, no 2º decênio do Século XXI, os profissionais do Ensino, do Saber, do Conhecimento, estão se conscientizando que a docência exige, como todas as profissões, capacitação profunda. 

Atualmente, o mundo está vivendo momentos dinâmicos, pois após o  fim da Guerra Fria e com o advento da Globalização, os temas envolvendo elevada tecnologia, com a rapidez impressionante da troca e acesso à Informação, exigem, cada vez mais, pessoas que pensem.  

Já não basta saber fazer. Tem que entender, sintetizar, avaliar, comparar. Hoje, o mercado de trabalho exige competência intelectual. Ouve‐se muito nesse mercado a máxima, consoante Azenha (1995): faça, com sabedoria e saiba o porquê está fazendo e para que serve. Não se impõe mais dados na mente das pessoas. O mundo não tolera mais que  se  saiba, por  saber. Que  se decore,  apenas para guardar dados.  Se não  se pensar na  correlação de dados, o dado é  inútil.  É  a  era do  conhecimento,  conforme Silveira (2003). Há que se conhecer, para compreender, visando aplicar, com o fito de analisar, o que vai levar à síntese e finalmente, à avaliação, segundo Bloom (1974).  

O Brasil precisa de professores que gostem de aprender e ensinar. E que saibam fazer isso. Todas as carreiras se iniciam na sala de aula. E a base de todo o conhecimento é transmitido ou guiado pela figura de destaque no processo educacional: o professor, que, atualmente, deve exercer um papel diferente na Sociedade Educacional, segundo Demo (2005).  

Por sorte, pessoas bem‐intencionadas, dotadas de elevado espírito de inclusão social e buscando otimizar o Ensino no Brasil, estudaram e concluíram que a docência no  Ensino  Superior  exigia  elevado  grau  de  profissionalismo  e,  para  alcançar  este objetivo, havia que se destacar, no Profissional do Saber e do Ensino, três competências vitais  para  o  exercício  pleno  da  profissão,  segundo Masetto  (2012):  a  Competência Técnica, a Competência Pedagógica e a Competência Política.  

Este  artigo  irá  abordar  as  dificuldades  oriundas  da  ausência  dessas competências e a relativa carência de o professor conhecer bem os seus alunos, assim como a falta de preparo intelectual deste profissional do Saber.  

Isto compõe o cerne das dificuldades encontradas pelos professores na prática docente. 

 2. DESENVOLVIMENTO  

 2.1. As Competências do professor  

O  que  ocorre  atualmente  no  Brasil?  Encontra‐se,  com  bastante  facilidade, pessoas, que exercem a profissão de professor, apenas com uma ou nenhuma profissão na  área  que  ensina:  como  exemplo,  existem  diversos  lecionadores  de  Matemática 

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formados  como Analistas de Sistemas  Júniores,  e professores de  Literatura, que não possuem ao menos curso superior. E estes casos são encontrados em muitas faculdades pelo país. Estas pessoas se sujeitam a trabalhar por quantias muitas vezes inferiores ao que o mercado paga aos docentes.  

 2.1.1.   A Competência Técnica  

No Brasil,  infelizmente existem muitos profissionais bem‐intencionados e que se dedicam a ministrar aulas, mesmo sem o menor embasamento técnico e pedagógico. E são mal remunerados. Logo, é mais vantagem para determinadas faculdades contratá‐los que os profissionais de docência. E tal situação reduz as opções de trabalho para os docentes e isto conduz à desmotivação em se preparar eficazmente.  

Masetto  (2012)  indica  que  alcançar  o  nível  básico  de  Competência  Técnica exige,  antes  de  tudo,  experiência  produtiva  de  vida  no  exercício  profissional  dos assuntos a que se quer ensinar, transmitir conhecimentos.  

Aliado a isto, há que se possuir determinada gama de conhecimentos de campo, adquiridos em bacharelados. No entanto, tais atributos têm que estar sustentados por atualizações constantes.  

Por  outro  lado,  é  essencial,  também,  que  o  docente  seja,  de  verdade,  um pesquisador,  que  reflita  sobre  os  assuntos  que  deseja  transmitir,  que  acumule  boas experiências pessoais e as tragam para a sala de aula, que estude e se dedique a adquirir, cada vez mais, conhecimentos.  

 2.1.2.  A Competência Pedagógica 

 A  Competência  Pedagógica  (ou  Andragógica,  quando  focada  em  adultos)  é, 

ainda, uma das mais difíceis de ser encontrada nos lecionadores existentes no país. O desconhecimento  da  importância  dos  parâmetros  da  Pedagogia,  por  parte  dos candidatos a docentes, é o primeiro obstáculo para a formação completa do professor profissional nesta competência. 

Masetto  (2012) ensina que os professores  têm que dominar quatro eixos do processo ensino‐aprendizagem, no contexto da Competência Pedagógica: o Processo Ensino‐Aprendizagem,  o  professor  como  Conceptor  e  Gestor  de  Currículo,  a Compreensão da Relação professor‐aluno e aluno‐aluno e a Teoria e Prática básicas da tecnologia educacional. 

Com relação ao Processo Ensino‐Aprendizagem, observa‐se que os professores, de maneira  geral,  focam  seus  esforços  em que os  alunos  aprendam  conhecimentos, informações, dados e desenvolvam‐se intelectualmente.  

Por outro lado, Bireaud (1995) informa que há professores que pensam que os adultos do Ensino Superior, por serem adultos, já se encontram comprometidos com a sociedade e que, portanto, não necessitam de conhecimentos alheios às meras aulas. Conclui‐se  que  estes  profissionais  não  sabem,  corretamente,  ensinar,  transmitir conhecimentos, conquistar o interesse real e produtivo dos alunos. 

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Silva  (2016),  afirma que  em qualquer  nível  educacional  é  lícito  supor  que os mestres devem ter a certeza do que se deve aprender, de que modo deve‐se aprender significativamente e como aprender a aprender. 

Grosso  modo,  uma  minoria  de  docentes  dedicados  e  esclarecidos  alcançam estes  objetivos,  porque  estudam,  pesquisam  e  acreditam  na  docência,  e  acreditam principalmente em si mesmos. (DEMO, 2005). 

Com relação ao professor como conceptor e gestor de currículo, observa‐se no país,  hoje  e  sendo  muito  comum,  mestres  ministrando  várias  e  variadas  matérias, estanques  entre  si.  O  profissional  não  faz  correlações  entre  as  mesmas  e  algumas escolas não se utilizam das transversalidades entre as matérias.  

Conforme  Sacristán  (2000),  há  que  se  conhecer  o  currículo  dos estabelecimentos  de  ensino.  Na  esmagadora  maioria  das  vezes,  os  professores  são contratados para ensinar Português, por exemplo, e não acompanham o que se ensina sobre Literatura. Na verdade, ainda se pensa que os alunos já conhecem outras matérias e que somente a que está se ensinando é a melhor ou a mais importante. 

É essencial que o profissional do Saber tenha a consciência e a convicção que a formação profissional e de cidadania dos alunos envolve a produção e a reprodução do conhecimento e que nada que se aprende é um conhecimento isolado. Moraes (2006) analisa  que  as  escolas  estão  voltadas,  ou  pelo  menos  devem  estar  voltadas,  para intensificar  a  pesquisa,  valorizar  o  conhecimento,  abordando,  também,  os  valores culturais, sociais, políticos, econômicos e ambientais. E tudo isso só será possível com a perfeita interação entre os docentes e os discentes, onde, em um ambiente de sala de aula deve existir a completa interação e todos aprendam a aprender. (BLOOM, 1974). 

O  terceiro  eixo  do  processo  ensino‐aprendizagem,  no  contexto  das Competências Pedagógicas, refere‐se à relação professor‐aluno e aluno‐aluno. 

Atualmente,  comprova‐se  que o método de  entrar  em  sala  de  aula,  falar  ou escrever  por  minutos  a  fio,  sem  questionar  os  alunos,  sem  perceber  como  estão recebendo as informações, sem concretizar diálogo, tem que ser atualizado, mudado, evoluído. Moraes (2006) informa que os alunos, hoje, em todos os níveis educacionais, dispõem de acesso à todas informações possíveis, no campo da Educação, por meio da internet e das redes sociais. Logo, o aluno vai preferir acessar o Google do que perder tempo em sala de aula com um professor que nem ao menos lhe dirige um olhar, uma pergunta, não lhe dá atenção. 

E,  atualmente,  os  alunos  interagem  entre  si  por  meio  das  redes  sociais  e adquirem  conhecimento  e  dados,  mesmo  que  sem  embasamento  científico.  E  esta prática  se  acentua  quando  o  professor  não  atinge  a  plenitude  da  arte  de  ensinar. (BARBOSA, 2009). 

A  escola  moderna,  atualizada,  exige  que  o  mestre  seja  um  facilitador  do aprendizado. Que seja um orientador das atividades que irão proporcionar aquisição de cultura, para os alunos e para os professores.   

Atualmente,  segundo Azenha  (1995),  é  importante que os mestres  interajam com os alunos e ambos construam e reconstruam novos conhecimentos.  

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O  quarto  eixo  do  processo  ensino‐aprendizagem  se  refere  ao  domínio  da tecnologia educacional, o que significa que o professor tem que ter a posse da teoria e da prática no contexto da matéria que ministra. 

Considerando  que,  infelizmente,  ainda,  no  Brasil,  existe  real  carência  de professores  profissionais,  mas  existem  pessoas  bem‐intencionadas,  mas,  mal preparadas, tal parâmetro ainda está longe do considerado aceitável. 

A  tecnologia  dinâmica  e  expressa  que  o mundo  vê  atualmente  exige  que  os docentes  busquem,  à  luz  de  Masetto  (2012),  se  utilizar  de  estratégicas  formas  de desenvolver  as  aulas,  com  dinâmicas  produtivas,  eficazes  e  eficientes;  aproximar  os alunos entre si, corroborando para a interação e convivência plena; motivar as pesquisas em grupo e incentivar a utilização dos meios disponíveis pela tecnologia (computador, internet, data show) em sala de aula. 

O professor  tem que estar  focado nas atualidades do mundo. E,  trazendo as técnicas para a sala de aula, irá proporcionar, com certeza, o despertar do interesse do aluno. E manterá o interesse. 

Atualmente, o emprego simples do quadro‐negro e do giz, que foram vitais até cerca de trinta anos, é simplório e causa repulsa a um jovem aluno que dispõe de acesso à  internet pelo aparelho  celular ou  tablet  (objetos  relativamente baratos e  fáceis de comprar). Na verdade, a gama de opções que um professor dispõe para dinamizar as aulas  é  extensa.  E  muito,  muito  produtiva.  Há  que  se  acreditar  na  tecnologia.  De verdade. (MORAES, 2006). 

 2.1.3 A Competência Política  

Outra Competência essencial para compor o escopo de um bom professor é a Competência Política. 

O professor é, antes de tudo, um cidadão, eleitor, contribuinte. Ou seja, esse profissional  do  Ensino  é  e  tem  que  estar  completamente  envolvido  em  conhecer  o mundo que o cerca. 

Tem que ter posicionamentos claros sobre a Sociedade, a Educação, a Cultura, o Mercado de Trabalho. E tem que possuir ou adquirir competente visão de futuro para o destino dos alunos. 

É claro que se poderia abordar os projetos do governo com relação ao acesso às universidades,  a  situação  do  mercado  de  trabalho  para  os  alunos  dependentes  de necessidades especiais, o grande número de faculdades particulares baratas, cursos à distância no Brasil e no exterior e muito mais. 

Por  outro  lado,  é  importante  que  o  professor  divulgue  assuntos  de  ética comportamental,  como  por  exemplo,  a  nociva  prática  de  contratar  terceiros  para confeccionar os Trabalhos de Conclusão de Cursos dos alunos, ou a criminosa mania de se comprar diplomas para ascender a cargos no serviço público. 

Também é  indispensável que os mestres transmitam aos alunos as  iniciativas governamentais de reduzir a exclusão social e eliminar as ideias de preconceitos racial e de gênero. 

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E, também, o professor tem que acompanhar a situação do desemprego no país, indicar  os  estados  ou  regiões  que  estão  a  oferecer  mais  vagas  de  trabalho  para  a profissão que o aluno escolher. 

O professor, de  fato, deve ser o elo entre o mundo acadêmico e a  selvagem realidade após a formação. Ele, o mestre, é que vai armar os alunos para a  luta pela sobrevivência.   2.2. Comunicação entre Professor e Alunos  

Moraes (2006) orienta que o docente tem que entender que possui em sala de aula 20, 30, 40 pessoas, diferentes, que buscam vários objetivos e que deve cuidar de cada uma individualmente, atentando para o desempenho nas provas e durante as aulas para melhorar ou modificar o procedimento. Há que se conscientizar que não se pode deixar ninguém para trás. E tem que se comunicar com todos. 

A  atitude mais  importante da humanidade que motivou o Amor  e  o Ódio:  a Comunicação.  Como  seres  sociais,  as  pessoas  são  o  que  são  graças  à  Comunicação, seguindo a equação, transmissor, aquele que emite visual, oral ou digitalmente, uma mensagem; o receptor, aquele que recebe a mensagem: e,  finalmente, a mensagem, conjunto que perfaz o campo de trabalho do professor. (SILVEIRA, 2003). 

Masetto  (2012)  demonstra  que  há  que  haver  comunicação,  na  essência  da palavra,  entre  os  docentes  e  os  discentes  em  sala  de  aula.  E  sempre.  A  ferramenta utilizada  é  a  Linguagem.  Tem‐se  que  cuidar  do  emprego  correto  e  adequado  dessa ferramenta com características que a tornam única para a espécie humana. Os animais, ditos irracionais, não se diferenciam, por exemplo, pela linguagem. Um cachorro inglês vai se comunicar perfeitamente com um cachorro da Sibéria. 

Lakatos  (2010)  ensina  que  uma  das  condicionantes  vitais  para  o  correto emprego  da  linguagem  em  sala  de  aula  é  a  Clareza,  que,  em  muitos  casos,  não  é observada  por  parte  dos  professores  em  aula.  E  assim,  cria‐se  dificuldade  no aprendizado  dos  discentes. Deve‐se  falar  com  tranquilidade,  embasado nos  próprios conhecimentos e evitando‐se,  sempre, passar  informações das quais não se conhece absolutamente nada. Quanto mais complicado o linguajar, mais difícil a absorção por parte dos alunos. 

Freire (1967), orienta que os mestres devem conhecer o perfil de cada aluno. Se jovens, saber como é a estrutura familiar, onde vivem, do que gostam. Se adultos, qual a experiência de vida, onde trabalham, como vivem. 

Outra abordagem é a acessibilidade ao professor. Passe um e‐mail. Responda aos e‐mails recebidos. Atenda as ligações telefônicas. Aceite as críticas e mude o slide e aprenda a ministrar aulas, conforme as características da turma. 

De outra forma, o professor tem que ser educado com os alunos. E, também, justo. Não se deve criar, em sala de aula, privilégios. Nada mais desmotivador em aula que alunos privilegiados conseguirem coisas que os comuns não conseguem. Isto destrói a confiança no professor. E, jamais, nunca mesmo, tenha ligações íntimas com alunos.  

O senso de justiça dos mestres também é uma atitude sempre buscada pelos alunos. Há que se premiar a quem fez, e bem feito, algo muito superior à média, e, com 

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a mesma intensidade e oportunidade, sancionar aqueles que fugiram dos parâmetros da ética e dos bons costumes. (BARBOSA, 2009). 

Assim,  é  vital  que  haja  compreensão  entre  alunos  e  professores  para  a conivência com os limites de ambos. O papel fundamental dos professores é focado na valorização dos alunos. De todos os alunos. Há que se acreditar que os alunos, nossos alunos, vão nos oferecer muito mais esperança do que possamos esperar. 

E a vida vai agradecer aos nossos esforços.   

2.3. Habilidades Cognitivas  Bloom  (1974)  ensina  que  as  habilidades  cognitivas,  isto  é,  voltadas  para  o 

conhecimento  a  ser  adquirido,  devem  ser  desenvolvidas  pelos  professores.  E  se classificam em Conhecimento, Compreensão, Aplicação, Análise,  Síntese e Avaliação. Para desenvolver as habilidades relativas ao Conhecimento, o professor deve mostrar aos alunos o que se quer que seja memorizado, guardado na memória para posterior reprodução.  É  como  a  pessoa  saber  seu  próprio  nome  e  data  de  nascimento.  São informações básicas, relativamente simples, que farão parte, no futuro, do escopo de ideias  para  se  atingir  outros  níveis  de dados  conhecidos.  Para  tal,  o mestre  pode  se utilizar de soletrar palavras, informar datas e fatos, citar nomes, descrever episódios e apresentar vocábulos. Nestes procedimentos, caberá aos alunos, escrever, várias vezes e repetir consigo ou com outros colegas para fixar na memória o dado. Como exemplo, Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil em 1500. Fixa‐se o nome do descobridor e o ano da descoberta. 

Para facilitar a memorização, o professor pode utilizar de meios auxiliares de aula como, por exemplo, mostrar um filmete que apresente a Descoberta do Brasil para fixar nomes e datas históricas. 

Para se atingir ao nível da Compreensão, o que possibilita ao aluno interpretar o que foi ensinado sem relação com outras informações, há que se demonstrar em sala como entender estas explicações. O professor, então, irá ensinar fatos, dados, fórmulas e  buscará  que  o  aluno  entenda  e  conclua.  Como  exemplo,  o  professor  escreve  no quadro: o Brasil  foi descoberto em 1500. O aluno vai concluir que o Brasil é um país jovem. 

Com  relação  ao  nível  da  Aplicação,  o  aluno  emprega  a  informação  em  um contexto diferente do aprendido. Neste caso, o professor poderia, por exemplo, ensinar que o português Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil em 1500, quando buscava o caminho para as Índias. Daí o aluno iria inferir que Portugal era uma potência marítima na época, pois proporcionava grandes navegações e que estava precisando incrementar os negócios, buscando caminhos alternativos para chegar às Índias. 

Para atingir este patamar, o professor poderia ministrar vários conhecimentos ligados, mas diferentes, para facilitar a condução do pensamento dos alunos. 

Com relação ao nível da Análise, na qual o aluno tem que examinar e dividir as informações em partes para melhor entende‐las, o professor poderia, como exemplo, ensinar  os  processos  ocorridos  na  Expansão Marítima europeia,  no  Século  XV  e  XVI, focando Portugal e Espanha. Daí se fosse solicitado ao aluno, por exemplo: analisar, à 

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luz de  fatores geográficos e políticos,  a descoberta do Brasil,  o  aluno poderia  tentar responder sob duas vertentes: quanto à Geografia, a existência do Oceano Atlântico, as correntes marítimas que já eram conhecidas etc. E com relação à vertente política, o aluno  poderia  descrever  a  importância  de  Portugal  na  época,  o  domínio  árabe  no caminho para as Índias, e a disputa com a Espanha etc. 

Com  relação  ao nível  da  Síntese, mais  complexo,  o  aluno deverá  criar  novas ideias se utilizando o que  já foi ensinado. Por exemplo, hipoteticamente, o professor ensina  que  as  potências  mundiais  possuem  grandes  áreas  territoriais  e  numerosa população. Daí o aluno infere que o Brasil é uma potência. 

E  com  relação  ao  mais  exigente  intelectualmente  dos  níveis,  a  Avaliação,  o professor  pode  ensinar  que  durante  o  Império  Napoleônico  ocorreu  a  invasão  de Portugal. O que o aluno poderia avaliar? Que, assim, a Família Real veio para o Brasil, que, a partir daí, deixou de ser colônia e com acesso aos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade ocorreu a Independência do Brasil.  Grosso modo, neste trabalho, o aluno concluiria que o Brasil é livre, hoje, graças, também, a Napoleão Bonaparte. 

Assim  sendo,  para  atingir  os  níveis  das  habilidades  cognitivas  de  Bloom,  o professor tem que conhecer tais teorias. Partindo deste conhecimento, o mestre deverá se utilizar da sensibilidade e competência para ensinar aos alunos. E, também, deverá investir em obrigar os alunos a pensarem, raciocinarem, inferirem. (BLOOM, 1974).  2.4. Habilidades Afetivas  

A  hierarquia  de  Bloom  (1974),  no  tocante  às  habilidades  afetivas  é  muito interessante. Partindo‐se do pressuposto que as habilidades afetivas estão relacionadas à  complexa  interação do  eu  com o outro,  há que  se  cuidar para exercer  com muito profissionalismo didático essas habilidades em sala de aula. 

Iniciando‐se pela Receptividade, o que vai conferir aos alunos a capacidade de trabalhar  sob  novas  ou  determinadas  situações,  o  professor  tem  que,  inicialmente, lançar desafios aos paradigmas dos alunos, jovens, acostumados com a velha escola do bê‐á‐bá. Há que  instigar  a  capacidade de  trabalhar  com dados novos, e motiva‐los a responderem,  aceitarem  a  informação.  Esta  predisposição,  alcançada,  proporcionará facilidades ao aluno no convívio futuro. Cabe ao professor, então, criar métodos para incentivar a participação dos alunos em sala de aula. 

A Resposta é uma habilidade que confere ao aluno a capacidade de se interessar por uma situação e nela querer intervir. Para alcançar este objetivo, o professor deve instigar, desafiar os alunos a se posicionarem a respeito do assunto ou tema abordado. Tem‐se  que  convencer  os  alunos  a  mostrarem  suas  posições,  interpretações, colocações, respeitando‐se, evidentemente, as possibilidades e limitações de cada um e mantendo a sala em completa atenção e respeito ao posicionamento do colega.  

A habilidade da Valorização é muito empregada em situações em que o grupo decide pelo ponto A e o aluno quer o ponto B. Há que se convencer a turma a aceitar a posição da maioria. Isto é o cerne da Democracia. E tem que ser ensinado desta forma. Ouvir o grupo e defender as ideias do grupo, mesmo contrariando as próprias ideias. 

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Dessa concordância, surge o valor da Lealdade a uma posição, fruto do compromisso assumido pelo grupo. 

A Organização, como habilidade afetiva, levará o aluno a criar valores próprios sobre outros conceitos já ensinados e com hierarquia harmônica. Nesse ponto, o aluno já  deverá  estar  amadurecido no desenvolvimento  em  sala  de  aula. Dessa  forma,  ele demonstrará que já sabe fazer ilações concretas e não apenas repetir dados ensinados. Cabe ao professor instigar a capacidade mental dos alunos, com questões que exijam o raciocínio e não apenas a repetição de dados. 

A habilidade do Complexo de Valores, que é o grau mais complexo e intricado, exige atenção maior do professor, pois, neste degrau, o aluno deverá julgar situações com comportamentos coerentes e consistentes, fruto de experiências pessoais. 

O docente, neste caso, poderá lançar mãos de métodos de trabalho que exijam a completa análise e avaliação por parte do aluno, em questionamentos inéditos que o obriguem  a  estudar  e  pesquisar  com  propriedade  e  com  profundidade.  Há  que  se ensinar a aprender, mesmo. (BLOOM, 1974). 

 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS  

As  dificuldades  encontradas  pelos  professores  na  prática  docente  estão relacionadas a deficiente capacidade técnica, reduzida capacidade pedagógica e mínima capacidade política, características essenciais para a formação de bons educadores. 

Ser um bom professor exige muita dedicação por parte desse profissional do Ensino e  ele  tem  que  refletir,  estudar,  aprofundar  conhecimentos,  conhecer  a  profissão,  e conhecer os alunos. 

O  professor  tem  que  buscar  a  interação  total  com  os  alunos  e motivá‐los  a interagirem entre  si  à  luz  da dinâmica das  aulas  e  isto  se  alcança desenvolvendo os parâmetros da habilidade cognitiva e afetiva. 

Um bom professor tem que estudar muito para dominar a matéria que leciona. E tem que possuir visão de conjunto para conhecer cada um dos alunos da turma da escola ou da faculdade. E se comunicar com esses alunos. 

E,  fundamentalmente,  tem  que  aprender  a  ministrar  aulas  produtivas  e frutíferas.  

O Brasil  não  seria uma Nação  sem as escolas.  E estas  seriam apenas prédios vazios e inúteis sem o conjunto Professor‐Aluno‐Conhecimento. 

Professor! Estude, para aprender! E aprenda, para ensinar!   

REFERÊNCIAS  

ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA  DE  NORMAS  TÉCNICAS  (ABNT).  NBR  6023:  Informação  e documentação‐Referências‐ Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.  AZENHA, M da G. Construtivismo: de Piaget a Emília Ferreiro. 4. ed. São Paulo: Ática, 1995. 

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AS PERSPECTIVAS DE TRABALHO DOS REFUGIADOS AMBIENTAIS HAITIANOS EM MANAUS: UM ESTUDO NO PERÍODO DE 2010 A 2015. 

 Denise Helena de Melo Coelho14 

Ana Nubia dos Santos de Oliveira15 RESUMO 

 Este trabalho teve como questão central: “Quais as áreas de trabalho que os Haitianos ocupam atualmente no Amazonas, particularmente no município de Manaus”?   Teve como objetivo geral analisar a situação dos haitianos no acesso ao mercado de trabalho, e  identificar  as  áreas  ocupadas  atualmente  pelo  grupo  de  indivíduos  pesquisados.  E como objetivos específicos apresentar os motivos pelos quais os Haitianos vieram ao Brasil,  os  dados  sobre  o  mercado  de  trabalho,  e  investigar  o  nível  de  qualificação profissional dos haitianos que residem na cidade, tendo como tema “As perspectivas de trabalho  dos  refugiados  ambientais  haitianos  no  Brasil:  uma  estudo  em  Manaus, Amazonas, no período de 2014 a 2015.” A relevância desse tema está em compreender a situação socioeconômica desses refugiados e contribuir para a reflexão da situação dessa população, que demanda maior atenção do poder público e da sociedade civil. Foi uma  pesquisa  de  cunho  descritivo  numa  abordagem  qualitativa.  Os  resultados demonstram que há necessidade de implantação de políticas públicas para atender a essa população, pois o mercado de trabalho não é promissor, e muitos desses sujeitos são  expoliados  de  seus  direitos.    Nesse  contexto,  a  situação  pode‐se  complicar  em termos  de  aumentar  os  problemas  sociais  já  existentes  na  nossa  realidade.  Faz‐se, portanto,  necessário  a  criação  de  políticas  públicas  para  atender  essa  parcela  da população,  ensejando  ações  pontuais,  seja  do  governo  seja  de  instituições  privadas, para amenizar a situação precária dos haitianos, visto que a condição de refugiados lhes assegura, através de legislação nacional e internacional, direitos sociais de proteção à vida.   PALAVRAS‐CHAVE: Refugiados ambientais; Haitianos no Amazonas Mercado de Trabalho no Amazonas.  

ABSTRACT  This work has as central question to answer "What are the areas of work that Haitians currently occupy in Amazonas, particularly in the city of Manaus"? The objective is to analyze the situation of Haitians in accessing the labor market, and identify the areas currently occupied by the group of individuals surveyed. And has as specific objectives to present the reasons why Haitians came to Brazil, including data on the labor market, 

                                                            14 Graduada em Relações Internacionais na Faculdade La Salle Manaus. 15 Professora e Coordenadora da Faculdade La Salle Manaus. Doutoranda em Educação pela Universidade do Minho, Portugal; Mestre em Administração pela UFSC, Especialista em Engenharia Econômica, Graduada em Economia, Administração e Licenciada em Matemática.

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and investigate the level of professional qualification of Haitians residing in the city, with the theme "The job perspectives of environmental refugees Haitians in Brazil: A study in Manaus, Amazonas, in the period of 2014 to 2015." The relevance of this theme is to understand  the  socio‐economic  situation  of  these  refugees  and  to  contribute  for reflection  of  this  population  situation,  which  demands  special  attention  from  the government  and  civil  society  .  It  was  a  descriptive  nature  of  a  qualitative  research approach. The results shows that there are needs to implement public policies to meet this  population,  because  the  labor  market  is  not  promising,  and  many  of  these individuals are pillaged for their rights. In this context, the situation may be complicated in  terms  of  increasing  the  social  problems  existing  in  our  reality.  Therefore,  it  is necessary to create public policies to serve this population, allowing for specific actions, whether  the  government  or  private  institutions  to  mitigate  the  Haitians  precarious situation, as the refugee status ensures them through national and international  law, social rights to protect life.  KEYWORDS:  Environmental  Refugees;  Haitians  in  Amazonas  Labour  Market  in Amazonas  1. INTRODUÇÃO  

A  questão  dos  refugiados  advindos  de  países  periféricos,  assolados principalmente pelas guerras tornou‐se um problema mundial. Vários Estados acolhem esses refugiados buscando dar assistência e emprego dentro das possibilidades de cada um. Dentre os refugiados encontram‐se os haitianos, que com o sismo ocorrido no ano de 2010, de magnitude 7Mw, atingiu principalmente a Península de Tiburon e a capital Porto Príncipe. 

A  República  do  Haiti  é  um  país  que  historicamente  já  passou  por  diversas catástrofes naturais,  e que desde então vem  tentando  reconstruir  sua  infraestrutura física  e  econômica,  sendo  considerada  frágil  e  vulnerável.  Passando  por  terremotos, tsunamis  e  furacões,  o  país  trava  uma  batalha  para  tentar  sobreviver,  já  que  sua principal atividade econômica é a agricultura, e esta é nitidamente afetada por questões climáticas. 

A destruição das cidades resultou na falta de alimentos, água, medicamentos, energia  elétrica,  gasolina  e  tantos  itens mais  necessários  para  se  viver.  A  população haitiana ainda tem que enfrentar a cólera. Medrano, responsável da ONU no combate a cólera no Haiti, ressalta que é preocupante as pessoas pensarem que a epidemia de cólera no Haiti esteja resolvida mas, a verdade, é que o país não tem condições para combatê‐la. Os países que mais receberam imigrantes haitianos desde o terremoto de 2010,  foram  Estados  Unidos,  Brasil,  países  do  Caribe  como  Bahamas,  República Dominicana, Ilhas Turcas e Caicos, Cuba, Venezuela e a França, muito devido ao idioma. 

Com incentivo do governo brasileiro, milhares de carteiras de trabalho foram emitidas com caráter de urgência para atender a demanda da população haitiana recém chegada  ao  Brasil.  Com  essa  medida,  os  refugiados  ambientais  que  aqui  se estabelecerem, podem trabalhar de forma legalizada em todo o território nacional. 

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Os  haitianos  que  tiveram Manaus  como  porta  de  entrada  ao  Brasil,  em  sua maioria, tinham como destino as cidades do centro‐oeste e do sul do país. As grandes capitais como São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte eram os destinos almejados, mas por falta de condições financeiras de seguir viagem, uma parte desses Haitianos ficou em Manaus, e aqueles que obtiveram contratação por parte de empresários da indústria de outros  estados,  deram continuidade a  seus planos. No Amazonas,  particularmente a cidade  de  Manaus,  apesar  de  possuir  um  polo  industrial  e  serviços  variados  com melhores condições econômicas que outros municípios, os haitianos sentem grandes dificuldades em encontrar emprego, especificamente na capital, aonde se concentra a maioria dos postos de trabalho do Estado. Sendo assim, buscam formas diversas, como até mesmo a informalidade, a fim de conseguirem recursos financeiros necessários para seu  sustento,  e  ainda  enviar  remessas  de  dinheiro  para  familiares  que  passam necessidades em seu país.   

 Para compreender a situação no mercado de trabalho dos refugiados haitianos em nosso estado, a pesquisa tem como questão central “Quais as áreas de trabalho que os  Haitianos  ocupam  atualmente  no  Amazonas,  particularmente  no  município  de Manaus”? Buscando como objetivo geral analisar a situação dos haitianos no acesso ao mercado de trabalho, e  identificar as áreas de trabalho ocupadas atualmente. Tendo como objetivos específicos apresentar os motivos pelos quais os Haitianos vieram ao Brasil,  os  dados  sobre  o  mercado  de  trabalho,  e  investigar  o  nível  de  qualificação profissional dos haitianos que residem na cidade. 

Estudar  esse  tema  considera‐se  relevante  para  compreender  a  situação socioeconômica desses refugiados e contribuir para a reflexão da situação da população de países espoliados seja por questões econômicas, sociais e principalmente catástrofes naturais, como é o caso do foco do estudo. Não se tem muita bibliografia a respeito pelo fato de ser um acontecimento recente na história, entretanto, demanda atenção dos poderes públicos do mundo inteiro e da sociedade mundial.  

Portanto  constata‐se  que  esta  pesquisa  é  uma  oportunidade  de  aprofundar questões que envolvem os refugiados ambientais haitianos no Brasil, especialmente no Amazonas, o que têm demandado novas medidas por parte de ONG's, como também do Governo Federal, a fim de atender às necessidades dos imigrantes recém‐chegados. 

Dentre todos os aspectos que envolvem a migração de refugiados haitianos no estado do Amazonas, o trabalho é certamente o foco principal de busca dessas pessoas, portanto,  existe  a  necessidade  de  analisar  e  compreender  como  os  profissionais  de origem  haitiana  se  encaixam  no  mercado  de  trabalho  amazonense.  Para  isto,  este trabalho busca  esclarecer  quais  as  razões  e  de que  forma os  haitianos  chegaram ao Brasil, e como está sendo essa nova realidade tanto para refugiados haitianos, quanto para o Brasil, particularmente a cidade de Manaus, que também vem se adaptando à esta nova condição.  

Assim,  espera‐se  que  este  trabalho  possa  colaborar  para  o  progresso  de questões  voltadas para os haitianos no mercado de  trabalho em Manaus,  levando o conhecimento dos fatos a sociedade amazonense, construir com dados que possam ser utilizados pela comunidade acadêmica, e atrair a atenção dos detentores de decisão, seja no âmbito federal, estadual ou municipal. 

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 2. DESENVOLVIMENTO  2.1 Refugiados ambiental  

Após um cenário internacional marcado por guerras sangrentas, em especial a Segunda Guerra Mundial (CALEGARI, 2012), a qual ceifou milhares de vidas, dilacerando famílias e não colocando a vida e o bem‐estar do ser humano como premissa maior, a Organização das Nações Unidas  foi  criada  com o  intuito de preservar a paz entre os países, proporcionando estabilidade para que todos pudessem desfrutar de condições básicas  e  fundamentais  para um desenvolvimento  justo e  igual  à  todas  as nações,  e principalmente, proteger a população que se manteve refém desses conflitos, passando por situações de perseguição de cunho religioso, político e racial ao longo da história (RAMOS, 2011). 

Tendo em vista todos esses acontecimentos, a Organização das Nações Unidas criou  vários  mecanismo  para    proteger  a  segurança  mundial,  sendo  uma  delas,  a Declaração  sobre  o  Direito  ao  Desenvolvimento  de  1986,  podendo  ser  considerada como um marco para a história da humanidade, pois vem carregada de dispositivos que garantem a proteção dos meios para o desenvolvimento do  ser humano, através de acordos  e  convenções  assinados  entre  Estados,  onde  além  dos  direitos  básicos  e fundamentais  (religião,  raça, opinião política,  sexo e  língua),  resguardam também os direitos econômicos, políticos, sociais, direitos civis e culturais, que são primordiais para o progresso de uma sociedade, e consequentemente trazem as condições necessárias para  unificar  as  possibilidades  de  crescimento,  tanto  físico  quanto  psíquico  da população (ONU, 1986). 

Com a necessidade de ultrapassar as barreiras do que já demandava atenção e posicionamentos por parte dos Estados, a Organização das Nações Unidades trouxe à sociedade  internacional  um  tema  crescente  em  diversas  pautas.  Diferente  de solicitações de refúgios ocasionados por guerras e diversos tipos de perseguições, os Refugiados Ambientas são enquadrados como migrantes que saem dos seus países em busca de refúgio em países diversos, devido à  ocorrência de catástrofes naturais que vem ocorrido com maior frequência na história humanidade (BUENO, 2012). 

Essas  catástrofes  que  abalam  diversas  civilizações  são  o  resultado  de  um conjunto de ações praticadas pelo homem, como a evolução industrial, o aumento de veículos automotores e a produção de energia, a emissão de gases poluentes como o metano,  dióxido de  carbono  (CO2)  e  o  óxido nitroso. A  existência  desses  gases  vem crescido em escalas alarmantes e preocupantes para a proteção do Planeta Terra como um  todo,  já  que  essa  prática  adquirida  pelo  homem durante  sua  existência  impacta diretamente no aquecimento global, ocasionando uma série de consequências nocivas para o planeta, e notadamente para àqueles que aqui habitam. Portanto, a humanidade tem  sofrido  fortes  consequências  como  o  aquecimento  global,  tempestades, avalanches, descongelamento de geleiras, tsunamis, terremotos, tornados e elevação do nível dos oceanos. 

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Apesar dessa problemática ser cada vez mais difundida e estudada, ainda faltam leis e jurisprudência, em diversos Estados, que definam com maior precisão o conceito de um refugiado ambiental, a fim de normatizar o conjunto de direitos e deveres que esses indivíduos passam a ter, igualmente aos estrangeiros considerados refugiados por outras causas, logo após adentrarem um país estrangeiro. 

Como  foi o  caso dos  refugiados ambientais haitianos que, após o  terremoto ocorrido em 2010, começaram a vir para o Brasil onde tiveram sua entrada negada, justamente  por  falta  dessas  informações  pautadas  à  luz  da  Legislação  Brasileira, impossibilitando  o  fornecimento  da  ajuda  imediata  a  qual  aqueles  haitianos necessitavam. 

 2.1.1 Tipos de Refugiados    De forma a melhor retratar a condição e situação de um Refugiado, interligando os  Estados  com  normas  estabelecidas mediante  a  preceitos  de  proteção  a  diversos aspectos  relacionados  a  vida,  foi  estabelecida  a  Convenção  de  1951  relativa  aos refugiados.  Este  acordo  veio  para  definir  conceitos  e  orientar  a  comunidade internacional  de  como  deveria  se  tratar  pessoas  consideradas  refugiadas  como destacado abaixo. 

a. Convenção de 1951 Relativa aos Estudos dos Refugiados Artigo 1.(A.2)” Que, em consequência de acontecimentos ocorridos antes de l 

de  Janeiro  de  1951,  e  receando  com  razão  ser  perseguida  em  virtude  da  sua  raça, religião, nacionalidade, filiação em certo grupo social ou das suas opiniões políticas, se encontre fora do país de que tem a nacionalidade e não possa ou, em virtude daquele receio, não queira pedir a proteção daquele país; ou que, se não tiver nacionalidade e estiver fora do país no qual tinha a sua residência habitual após aqueles acontecimentos, não possa ou, em virtude do dito receio, a ele não queira voltar. “ 

A Convenção de 1951, resguardava os direitos de pessoas que se encontravam nas condições já citadas, mediante a acontecimentos ocorridos antes de 1  janeiro de 1951, o que com o passar dos anos gerou uma lacuna, pois surgiram outros episódios semelhantes aos descritos anteriormente na Convenção. Portanto, a Organização das Nações Unidas elaborou o Relatório de 1967 Relativo ao Estatuto dos Refugiados, que ampara e assegura os direitos de refúgio a pessoas que sofreram perseguições após 1 de  janeiro  de  1951.  O  Relatório  de  1967  obriga  os  países  signatários  a  formularem dispositivos legais nas leis de seu países, promovendo linguagens e condutas parelhas  entre os Estados e a Organização das Nações Unidas. 

a. Relatório 1967 Relativo ao Estudo dos Refugiados Artigo  3  “Os  Estados  Membros  no  presente  Protocolo  comunicarão  ao 

Secretário Geral da Organização das Nações Unidas o texto das leis e dos regulamentos que promulgarem para assegurar a aplicação do presente Protocolo”.  

De acordo com a Agência da ONU para Refugiados ‐ ACNUR, em cumprimento ao Relatório de 1967, que faz parte da Convenção de 1951, a qual o Brasil é signatário, foi  criada  em  1997  a  lei  de  refúgio  de  Brasil  (n.  9.474/97),  e  em  seguida,  o  Comitê Nacional para os Refugiados ‐ CONARE, sendo composto pelos seguintes Ministérios: 

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Ministério da Justiça, que o preside; Ministério das Relações Exteriores, que exerce a Vice ‐ Presidência;  Ministério do Trabalho e do Emprego;  Ministério da Saúde;  Ministério da Educação;  Departamento da Polícia Federal;  Organização não‐governamental, que se dedica a atividade de   assistência e de proteção aos refugiados no País – Cáritas Arquidiocesana de São Paulo e Rio de Janeiro; e Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR, com direito a voz, sem voto. 

Estes por sua vez, através de uma ação conjunta, tem como principais objetivos: ‐ Comitê Nacional para os Refugiados – CONARE ‐ analisar o pedido sobre o reconhecimento da condição de refugiado; ‐  deliberar  quanto  à  cessação  “ex  officio”  ou  mediante  requerimento  das 

autoridades competentes, da condição de refugiado; ‐ declarar a perda da condição de refugiado; ‐ orientar e coordenar as ações necessárias à eficácia da proteção, assistência, 

integração local e apoio jurídico aos refugiados, com a participação dos Ministérios e instituições que compõem o Conare; e 

‐ aprovar instruções normativas que possibilitem a execução da Lei nº 9.474/97. Segundo  o  próprio  CONARE,  até  outubro  de  2014  foi  registrado  o 

reconhecimento  de  7.289  refugiados  de  81  nacionalidades  diferentes,  sendo  Síria, Colômbia, Angola e República Democrática do Congo as mais comuns. O Brasil vem se mostrando um ator no cenário internacional muito empenhado em desempenhar um bom  papel  no  que  diz  respeito  a  elaboração,  normatização  e  aplicação  das  leis referentes aos refugiados,  já que segundo a própria ACNUR o número de pedidos de refúgio ao Brasil tem aumentado consideravelmente nos últimos anos.  2.1.2 Legislação ACNUR  

De acordo com documentos extraídos do site da ONU, o alto comissariado das Nações Unidas, através da Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR),  tem  a  importante  tarefa  de  representar  a  ONU  em  diferentes  Estados  do mundo,  conduzindo  e  coordenando  diversas  ações  a  fim  de  solucionar  problemas referentes aos refugiados e os Estados.  

Para  alcançar  seus  objetivos,  a  ACNUR  trabalha  diretamente  com  entidades governamentais,  não‐governamentais  e  internacionais.  Assim,  promove  ações  que buscam  resguardar  o  direito  do  refúgio  a  qualquer  pessoa,  de  forma  imparcial,  sem nenhum tipo de preconceito ou distinção, fazendo valer a Convenção das Nações Unidas Relativo ao Estudo dos Refugiados de 1951 e ao Protocolo de 1967. 

Para que a ACNUR possa desenvolver seus principais objetivos no que concerne as  soluções  de  problemas  envolvendo  refugiados,  foi  criado  O  Comitê  Executivo (ExCom), onde com a ajuda de vinte ou vinte cinco Estados membros das Nações Unidas, ou  de  qualquer  outra  agência  especializada,  buscam  auxiliar  o  Alto  Comissariado, presidido por António Gutiérrez, no desempenho de suas obrigações de acordo com o Estatuto da Agência, como também verificar se o uso dos fundos estão sendo aplicados de forma adequada nos projetos propostos. O Comitê Executivo reúne‐se uma vez ao ano em Genebra na Suíça, onde com a colaboração de todos os membros delimita‐se 

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um  tema,  e  elabora‐se  medidas  para  controle  e  solução,  que  são  apreciadas  pelo Terceiro  Comitê,  que  cuida  das  questões  sociais,  humanitárias  e  culturais.  Além  do encontro anual entre os Estados membros do ExCom, são realizadas consultas ao longo do  ano,  para  que  possam  tratar  de  outros  assuntos  relevantes  e  que  precisem  de atenção especial. 

 2.2 Haitianos  

O Haiti (República do Haiti), é um país localizado em uma ilha no mar do Caribe, sendo colônia da França do século XVIII até o início do século XIX. Este espaço de terra foi descoberta por Cristóvão Colombo em 1492, e após conflitos com a França por sua posse, acabaram por dividi‐la em duas partes, o que conhecemos hoje por República Dominicana (colônia da coroa Espanhola) e  Haiti ( colônia da coroa Francesa) (FREITAS, 2010). 

Após  a  conquista  do  Haiti,  os  franceses  passaram  a  explorar  aquela  região, produzindo açúcar em grande escala, café e produtos agrícolas tropicais. O comércio de escravos africanos também foi característica marcante naquela colônia. Essas atividades rendiam à França um grande estímulo ao crescimento de suas riquezas, tornando São Domingos uma das colônias mais prósperas e lucrativas de todos os tempos.    Reportando‐se a Freitas (2010) o final do século XIX a cidade de São Domingos foi palco da primeira revolução em busca da independência de um Estado do continente americano,  onde  uma  população  que  se  mesclava  entre  uma  maioria  de  negros escravizados, e uma minoria de negros libertos, mulatos e brancos (ricos e pobres), eram submetidos à viver de acordo com a regras do Código Negro, que era formado por um  conjunto  de  regras  que mediando  as  relações  entre  senhores  e  escravos.  A  grande maioria dessas medidas eram benéficas apenas para os senhores que possuíam posses, o  que  veio  a  revoltar  a  maioria  da  população,  levando  em  1  de  janeiro  de  1804  à Independência.  

Rodrigues (2008) complementando as ideias do autor acima, destaca que o Haiti herdou da colonização francesa a língua, portanto o francês tornou‐se  a língua oficial daquele país por muito tempo. Entretanto nas últimas duas décadas o crioulo, língua de origem africana, que era somente utilizada nos terreiros de Vodu pelos haitianos, tomou força, reafirmando a identidade cultural daquele povo. A prática do Vodu era proibida por alguns regimes ditatoriais, o que reprimia tanto a religião, quanto o desabrochar do crioulo. Somente em 2003 o Vodu foi reconhecido como religião, e o crioulo caminha com mais força para se tornar a língua oficial do povo haitiano. 

O Haiti, no que se refere à situação climática, vem sofrendo historicamente com desastres naturais, que colaboram para a proliferação da calamidade e pobreza. Em 12 de  janeiro de 2010, a população haitiana  sofreu  com um dos piores acontecimentos ambientais de toda a sua história, um terremoto de magnitude entre 7.0 e 7.3 na escala Richter, tendo seu epicentro a apenas 25 km da capital Porto Príncipe, atingindo cidades em um  raio  de  45  km. O  terremoto devastou  várias  cidades Haitianas, matando em torno de 300 mil pessoas. 

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Anteriormente ao acontecimento deste  terremoto, o Haiti passou por outras catástrofes naturais em anos anteriores,  como o Furacão  Jeanne em 2004;  Furacões Jean e Noel em 2007; Tempestades Tropicais Fay e Gustav, e Furacão JK em 2008. Estes são exemplos de alguns acontecimentos que antecederam a última grande ocorrência, e mostra que  aquele país já vem lutando contra estas condições há tempos. Sabe‐se também que o Haiti já era assolado pela pobreza antes mesmo desses acontecimentos ambientais, o que só veio a dificultar o combate às consequências oriundas da grande catástrofe, tanto é, que até os dias atuais a população haitiana convive com um surto de cólera que mata cada vez mais pessoas. 

A incidência de desastres ambientais no Haiti, é resultado de um histórico de desmatamento  de  degradação  de morros,  encostas  e  planícies,  que  vem  ocorrendo desde  a  descoberta  daquelas  terras  pelos  espanhóis,  e  se  prolongado  após  a independência,  tornando  o  país  cada  vez  mais  vulnerável  a  desastres  intensivos, provocando  grande  potencial  de  impacto  e  consequentemente  mais  mortes  e destruição. Esse tipo de acontecimento impacta fortemente na economia Haitiana,  já que a mesma tem como característica principal a agricultura. Com a forte incidência de tempestades, furacões e terremotos, fica inviável a produção de alimentos, já que estão relacionados diretamente ao clima, segundo Calavitti (2012). 

 2.2.1 A Migração dos Haitianos  

O  processo  de  migração  haitiana  para  outros  países,  vem  acontecendo massivamente  desde  2010,  quando  acorreu  o  terremoto  que  atingiu  a  capital  Porto Príncipe, como já abordamos anteriormente. Para (COTINGUIBA, 2014), um expressivo número de haitianos chegou, e tem chegado ao Brasil, através dos estados do Acre e Amazonas como as principais portas de entrada ao país.  

Após o abalo sísmico sofrido em terras haitianas, as condições de sobrevivência tornaram‐se  ainda mais  difíceis  e  precárias  para  a  população,  tendo  em  vista  que  a infraestrutura já estava comprometida, foi totalmente destruída e o país por não possuir uma  situação  econômica  favorável  para  grandes  obras  e  reparos,  gerou  maiores problemas em relação a falta de saneamento básico, saúde e segurança.  

Uma das  grandes  consequências pós‐terremoto,  foi  o  aumento dos  casos de cólera,  o  que  vêm  atingindo  fortemente  toda  a  população  haitiana, multiplicando  o número de óbitos. Com o intuito de colaborar para a retomada da ordem, e amenizar as consequências do terremoto, o Brasil passou a enviar um contingente maior de oficiais militares do exército para incorporar à Minustah (  Intervenção Humanitária no Haiti), que é presente naquele país desde 2004, mas a princípio atuava como mantenedores da paz, em detrimento a crise social econômica e política, que antecederam o fim do mandato do presidente Jean‐Bertrand Aristide, como afirma (GABAGLIA, 2012). 

A permanência de tropas militares brasileiras em missão de paz no Haiti, além de  firmar  um  papel  importante  de  colaboração,  também  alimenta  a  vontade  dos haitianos  de  migrar  para  o  Brasil.  E  para  (MAGALHÃES,  2014)  esse  evento  de identificação  com  tropas  militares  já  tinha  sido  notado  anteriormente,  durante  a ocupação  dos  exércitos  Francês  e  Americano.  De  acordo  com  o  autor  acima 

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mencionado,  a  migração  haitiana  para  o  Brasil  e  outros  países  tem  sido  divulgada, debatida,  analisada  e  criticada  de  uma  forma  recente  no  contexto  geral  da  história. Porém, as migrações haitianas para os Estados Unidos, França, Canadá e Bahamas  já acorriam desde meados do século XX, afinal, a situação econômica e política do Haiti nunca foi favorável para o desenvolvimento de uma sociedade com muitas perspectivas de desenvolvimento para sua população. 

 2.2.2 Haitianos no Amazonas  

Após o terremoto ocorrido no Haiti em 2010, o Brasil foi incluído nas rotas de haitianos. Existem diversas teorias para tentar explicar esse acontecimento, onde umas se  referem à presença de  tropas militares brasileiras em terras haitianas  (Minustah), onde o contato e a ligação entre os dois povos foi eminente, e outra diz respeito a um suposto convite do governo brasileiro aos haitianos (FERNANDES, 2014). 

A grande maioria dos Haitianos que vieram ao Brasil, utilizaram dos serviços de atravessadores bolivianos, conhecidos como Coiotes, onde, segundo (LAURORE, 2013) recebiam trezentos dólares por pessoa para entrar  ilegalmente no país. As principais entradas  ao  país  eram  o  estado  do  Acre,  especificamente  a  cidade  de  Brasiléia,  no Amazonas, as cidades de Tabatinga e Manaus. De acordo com  (FERNANDES, 2014) a cidade  de  Brasiléia  se  prontificou  a  ajudar  os  haitianos  recém‐chegados  com  a montagem  de  abrigos  e  o  fornecimento  de  suprimentos  de  condições  básicas.  Posteriormente  os  imigrantes  haitianos  começaram  a  receber  a  documentação necessária  para  permanecer  no  Brasil,  como  o  Cadastro  da  Pessoa  Física  (CPF),  e  a Carteira de Trabalho, o que possibilitaria o trabalho em outros estados do país. 

A  primeira  intenção  do  governo  brasileiro  era  de  receber  esses  haitianos  na condição  de  refugiados,  contudo  a  legislação  vigente  na  época  não  previa  o  refúgio nesse caso. A Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951 e ratificado no ordenamento jurídico brasileiro pela lei n 9.474, de 22 de julho de 1997, estabelece a citada lei, em seu artigo 1º, que “será reconhecido como refugiado todo indivíduo que: I  ‐  devido  a  fundados  temores  de  perseguição  por  motivos  de  raça,  religião, nacionalidade,  grupo  social  ou  opiniões  políticas  encontre‐se  fora  de  seu  país  de nacionalidade e não possa ou não queira acolher‐se à proteção de tal país; II ‐ não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias descritas no inciso anterior; III ‐ devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.” 

Como alternativa a falta de legislação que amparasse a imigração dos haitianos para o Brasil,  foi criado em caráter de emergência, o visto humanitário, por meio da Resolução  97  do  Conselho  Nacional  de  Imigração  (CNIg).  A  princípio,  o  período  de vigência dessa resolução seria de dois anos, mas esta vem sido prorrogada até os dias de hoje. Segundo o site Portal Brasil, essa modalidade de visto está sendo expedida na embaixada do Brasil em Porto Príncipe (Haiti) e em Quito (Equador). 

Os haitianos recém‐chegados à Manaus necessitam de auxílio no que se refere a  assistência  jurídica  e  orientação  para  a  retirada  de  documentos  junto  aos  órgãos 

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federais  competentes.  Segundo  o  padre  Paulo  Barausse,  cerca  de  30  haitianos  são atendidos por dia no projeto Pró‐Haiti, que foi criado em fevereiro de 2012 por padres jesuítas  com  a  finalidade  de  facilitar  o  acesso  de  Haitianos  ao  Centro  de  Direitos Humanos  da  Arquidiocese  de  Manaus.  Especificamente  na  cidade  de  Manaus,  no Amazonas,  os  Haitianos  são  orientados  por  redes  da  igreja  católica,  como  a  Rede Scalabriniana, Caritas, Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Manaus e Capuchinhos, como também ajudas oriundas de outras igrejas e voluntariados. 

 2.3 Mercado de Trabalho   

A macroeconomia tem como objetivo analisar o comportamento das unidades econômicas,  onde  as  famílias,  consumidores  e  empresas  são  objeto  de  estudo,  de acordo com (TROSTER e MOCHÓN, 2002). 

O  mercado  de  trabalho  faz  parte  da  estrutura  básica  macroeconômica,  que segundo Vasconcellos e Garcia (2012, p.2) compõe‐se de cinco mercados: “Mercado de bens  e  serviços,  Mercado  de  trabalho,  Mercado  monetário,  Mercado  de  títulos, Mercado de divisas”.       Dessa forma podemos verificar a importância do mercado de trabalho na economia ocidental, já que interfere diretamente na vida dos trabalhadores, indústrias  e  serviços.  Por  isso,  torna‐se  necessário  compreender  quais  os  fatores presentes  nesse  mercado,  e  como  este  se  modifica  através  das  interações  entre elementos. 

Para (TROSTER e MOCHÓN, 2002) o equilíbrio entre a oferta e a demanda por trabalho, determinam o salário e o nível de emprego, sendo um fator preponderante para a distribuição de renda e manutenção da economia, ou seja, podem resultar em um  quadro  de  prosperidade  econômica,  como  também  desencadear  fortes  crises.    Resultados do mercado também refletem na procura e demanda por um tipo particular de trabalho. Por exemplo, Dornbusch, Fischer e Begg (2003, p. 76) dizem que 

  Ao  ganhar  um  torneio,  Tiger  Woods,  um  extraordinário jogador de golfe, ganha mais em um fim de semana do que um professor ganha o ano inteiro. Estudantes de economia podem esperar  ganhar  mais  do  que  estudantes  de  filosofia.  Um trabalhador  não‐qualificado  na  União  Europeia  ganha  mais que um trabalhador não‐qualificado na Índia.  

É  notável  que  pessoas  mais  qualificadas,  com  altos  níveis  de  educação  e experiência ganham mais, esses fatores estão diretamente  ligados ao que os autores denominam  por  capital  humano.  Fatores  como  gênero  e  etnia  ainda  interferem  no salário de trabalhadores, fazendo referência aos autores citados acima. A maioria dos países europeus ainda vivenciam esta realidade. Pode‐se analisar de várias formas este fenômeno,  como  procurar  compreender  se  isto  é  fruto  fundamentalmente  de discriminação, ou se estes possuem diferentes condições para realizar o trabalho, como nível de educação, experiência e habilidades em geral. 

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O  mercado  de  trabalho  passou  por  várias  transformações  que  afetaram diretamente a realidade do trabalhador. Segundo Venturi e Mattei (2008, p.685)  

 O  processo  de  globalização  e  reestruturação  produtiva provocou  um  aumento  considerável  do  desemprego,  o surgimento de novas formas de contratação, mais flexíveis e inseguras,  e  também  uma mudança  de  inserção  da mulher nesse mercado de trabalho modificado.   

 O século XX foi marcado por uma série de mudanças desse contexto. O declínio do  modelo  de  produção  fordista,  fez  com  que  países  capitalistas  buscassem  novas alternativas para dissolver os problemas em suas estruturas econômicas. A globalização e  a  reestruturação  produtiva  incentivaram  a  competitividade  entre  as  empresas, fazendo com que estas buscassem soluções tecnológicas a fim de diminuir os custos de produção e profissionais cada vez mais especializados. 

Essas mudanças estruturais  trouxeram a necessidade de adaptação por parte dos  trabalhadores,  que  passaram  a  ser  multifuncionais  e  mais  qualificados,  como também sugiram exigências de melhor organização de produção para que se atingisse as  metas  impostas.  Uma  forma  de  incentivo  aos  funcionários  é  a  vinculação  de bonificações aos salários, conforme o desempenho de produtividade. 

Uma  das  novas  medidas  usadas  como  alternativa  para  essas  questões  é  a flexibilização  do  trabalho,  que  segundo  os  autores  citados  acima,  caracteriza‐se  por trabalho  temporário,  trabalho  em  tempo  parcial,  terceirização  e  emprego  informal, tendo como objetivo aumentar a competitividade desejada pelas empresas. Contudo, também  é  um  fator  que  desencadeia  a  instabilidade  e  insegurança  para  os trabalhadores. A flexibilização e automação do trabalho tornaram‐se fortes aliados ao desemprego. 

Como resposta à crise do mercado de trabalho, o mercado informal veio como alternativa ao desemprego, que também apresenta suas dificuldades como os baixos salários, desproteção e mais precariedade no ambiente de trabalho.(VENTURI e MATTEI, 2008) ainda relatam que o setor de trabalho informal seria composto por empregados domésticos, autônomos, e pequenos negócios com até cinco empregados, buscando o sustento em condições precárias. 

Quando  o  cenário  econômico  está  vivenciando  uma  crise,  toda  a  classe trabalhadora pode ser afetada, até os trabalhadores com salários mais altos. As redes televisivas ganham muito dinheiro com publicidade, e com isso, fazem o pagamento dos direitos de transmissão aos clubes de futebol, ou seja, é um ciclo. Se houver uma crise, e  as  empresas  decidirem  que  reduzirão  os  investimentos  em  publicidade, consequentemente a rede de televisão terá menos capital para repassar para os clubes e isso poderá afetar os salários dos jogadores. 

Uma crise também pode gerar o desemprego, que segundo Troster e Mochón (2002, p.352)  

 

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Devido a suas consequências sociais e seus efeitos que podem incidir  sobre  grupos  sociais  muitos  definidos  (jovens  sem experiência  de  trabalho, mulheres  e  pessoas maiores  de  45 anos), é especialmente grave, e a maioria dos governos deve dedicar grandes quantidades de dinheiro para remediar suas consequências.   

A taxa de desemprego de uma determinada região é medida pela porcentagem de pessoas desocupadas em relação ao total da população ativa. No caso do Brasil, quem fornece dados mais completos sobre a taxa de desemprego é o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que define como desempregada toda pessoa de 16 ou mais anos que, durante a semana de referência, isto é, a semana em que se fez a pesquisa, esteve  procurando  trabalho,  ou  seja,  que  tenha  tomado  medidas  para  procurar trabalho,  segundo os  autores  citados  acima.  Como pode‐se  constatar  o  desemprego pode trazer muitos problemas, esses podem ser de cunho social, político e econômico. 

Existem tipos diferentes de desemprego, denominados de desemprego sazonal, desemprego cíclico, desemprego friccional e desemprego estrutural. O primeiro surge por variações na demanda de trabalho em determinada época do ano. Setores como os da  agricultura  e  o  turismo  são  afetados  todos  os  anos,  no  caso  da  agricultura  por questões  climáticas que  interferem no desempenho das  colheitas,  e no  turismo que sofre recessão nos períodos de baixa estação. 

O desemprego cíclico está relacionado diretamente com o ritmo de atividade econômica. Durante os períodos de alta atividade econômica as ofertas de emprego são maiores, e durante a recessão as ofertas de emprego caem, aumentando as taxas de desemprego. Já o desemprego friccional é composto por pessoas que saíram de seus antigos empregos em busca de melhores oportunidades, seja um melhor emprego em sua cidade, ou áreas mais  ricas. Também faz parte desse grupo aquelas pessoas que forma demitidas por  suas  antigas  empresas passarem por  crises, mas possivelmente uma boa parte dessas pessoas retornará ao mercado de trabalho. 

O  desemprego  estrutural  tem  relação  com  a  falta  de  qualificação  requerida pelas empresas, que demandam a força de trabalho.  Isto se deve, muitas vezes, pela inovação tecnológica e automação que exigem novos conhecimentos e experiências dos candidatos. 

Estudos sobre o desemprego, apontam que este é fruto do funcionamento do mercado  de  trabalho.  Os  economistas  explicam  que  o  fato  de  os  empregadores desejarem salários elevados é um dos  fatores que  levam ao desemprego, e que essa condição é alimentada pelo governo que estipula um salário mínimo, como também por pressão de sindicatos. 

 2.3.1 Contexto do trabalho em Manaus, no Amazonas 

  O mercado de trabalho, segundo Parkin (2008, p.528), “ é o mercado no qual as 

pessoas ofertam e as empresas demandam serviços da força de trabalho”. O equilíbrio do mercado de trabalho ocorre quando a quantidade demandada é igual à quantidade 

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ofertada de trabalho, gerando assim uma estabilidade. Parkin diz ainda que a busca de emprego  é  a  atividade  de  procurar  um  emprego  aceitável  e  que  estão  ativamente procurando por um.   Segundo (FERREIRA e BOTELHO, 2014), o Estado do Amazonas, é responsável por 1,6% do PIB brasileiro, representando um total de 51 bilhões reais de lucro. Esses resultados  lavaram o Amazonas a figurar como o sexto maior PIB per capita em uma escala nacional, segundo dados de 2011 do IBGE. 

O  estado  do  Amazonas  tem  suas  principais  atividades  econômicas  divididas entre  os  setores  primário,  secundário  e  terciário. O  setor  primário  é  composto  pela agricultura, onde se cultiva cana‐de‐açúcar, cereais,  soja, outros produtos da  lavoura temporária, cítricos, café e outros produtos da lavoura permanente; a pecuária, com a criação de bovinos, outros animais vivos, produtos de origem animal, criação de suínos, aves,  silvicultura,  exploração  florestal  e  pesca.  O  setor  secundário  é  composto  pela indústria extrativa mineral; indústria de transformação; indústria de construção civil e serviços industriais de utilidade pública. E por último, o setor terciário, que corresponde ao  comércio  e  serviços  de manutenção e  reparação;  transportes  e  armazenagem de correio; serviços de alojamento e alimentação; atividades imobiliárias e aluguel; serviços prestados  às  empresas;  serviços  prestados  às  famílias  e  associativos;  serviços  de informação;  intermediação  financeira;  seguros  e  previdência  complementar; administração;  saúde  e  educação  públicas;  saúde  e  educação  mercantis  e  serviços domésticos. 

Os setores  terciário e secundário,  representam a maior  fatia do PIB  (Produto Interno Bruto) do estado do Amazonas,  segundo dados da SEPLANCTI  (Secretaria de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), conforme abaixo:  Figura 1: Produto Interno Bruto

 Fonte: SEPLANCTI (2015)     Figurando  assim,  nos  dados  acima,  como  fontes  de  renda  dominantes  da população amazônica o setor de serviços (Terciário) e o setor secundário, que por sua vez,  engloba  a  maioria  da  população  que  busca  constantemente  por  novos 

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conhecimentos, através de cursos técnicos, ofertados por diversas instituições de ensino existentes no Estado, tanto públicas quanto particulares, como o Sebrae, Cetam, Fucapi e mais. Afim de se especializar, para atingir a demanda que as empresas solicitam com a finalidade de compor o quadro necessário de trabalhadores, conforme (REIS, 2014). 

Destaca ainda que o Polo Industrial de Manaus sempre sofreu com a escassez de mão de obra qualificada, na produção de produtos, principalmente no polo de duas rodas,  eletrônicos  e  plástico.  Essa  deficiência  é  mais  agravada  com  a  ausência, principalmente,  de  profissionais  das  áreas  de  engenharia  e  tecnologia,  que  exigem conhecimentos  técnicos mais  específicos,  embora  a  falta  de  profissionais  ocorra  em diversos setores. Em virtude desses fatos, as empresas acabam diminuindo as exigências profissionais para o preenchimento das vagas, e em contrapartida optam por oferecer aos  funcionários  contratados,  treinamentos  para  desenvolver  as  habilidades necessárias. 

Segundo (PAZ, 2010), o cenário atual é fruto de deficiências de aprendizagem no ensino básico e fundamental, que impossibilita aos estudantes de cursos técnicos e superiores assimilarem de forma desejável os conteúdos ali ministrados,  já que esses necessitam obter conhecimentos prévios de conteúdos básicos, para seguir seus cursos com qualidade e êxito.  

Para  tentar preencher essa  lacuna, e melhorar a posição ocupada pelo Brasil como o segundo país que produz mais esforço para empregar no mundo, dentro de uma análise a 42 países, o Governo Federal criou em 2011 o PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Este programa busca oferecer oportunidade a uma grande parcela da população, que não possui recursos financeiros de custear cursos técnicos que são necessários para ingressar no mercado de trabalho. 

Apesar  das  dificuldades  encontradas  quanto  a  admissão  de  mão  de  obra qualificada no Amazonas, os indicadores mostram que o setor secundário é o que mais emprega, com 61.843 admissões, seguido do comércio com 46.018, enquanto o setor que  menos  admitiu  foi  a  Extrativa  Mineral  com  191  admissões,  segundo  dados  da SEPLANCTI de 2013.  

O desenvolvimento industrial da região amazônica é fator preponderante para a  preservação  dos  recursos  naturais  existentes  ali  em  grande  escala,  tema  de  forte discussão e preocupação no mundo. De acordo com (FERREIRA e BOTELHO, 2014), o aquecimento global colocou a Amazônia como foco nos mais importantes debates de desenvolvimento econômico. Afirmam ainda que a preservação dos recursos naturais da floresta amazônica não se trata mais de uma questão particular, e sim uma questão global. 

Um dos fóruns mundiais mais importantes para tratar de questões climáticas é a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável Rio + 20, onde conta  com  a  presença  dos  principais  líderes mundiais,  afim  de  estipularem metas  e desenvolverem projetos para diminuir a emissão de gases de efeito estufa no planeta. Esta  Conferência  trouxe  expectativas  de  comprometimento  por  parte  dos  governos, atores sociais e econômicos, que através de uma agenda denominada Economia Verde e  Inclusão  Social  Produtiva,  buscam  trazer  soluções  viáveis  para  os  eixos  temáticos: 

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Desenvolvimento  Rural  Sustentável;  Recursos  Naturais  e  Soberania  Alimentar  e Produção e Recurso Sustentável (FERREIRA e BOTELHO, 2014).  2.4. Metodologia  

A proposta da pesquisa, é explorar o tema sobre refugiados e compreender a ciência,  que  conforme  explica  Köche  (2011),  essa  ciência  alerta  no  sentido  da curiosidade do homem, e o leva a ser testemunha de fatos e compreender a realidade por trás dessa vivência na sociedade. Assim, o autor, buscou atender ao Tema através de uma Metodologia Básica e aplicada, visto que, atualmente muito têm‐se falado sobre os Refugiados, não só no Brasil como no Mundo. Conforme explica Gil (2006) pesquisa básica  objetiva  gerar  conhecimentos  novos,  úteis  para  o  avanço  da  ciência,  sem aplicação  prática  prevista.  Envolve  verdades  e  interesses  universais.  Assim,  o pesquisador  busca  satisfazer  uma  necessidade  intelectual  pelo  conhecimento,  e  sua meta é o saber. (CERVO; BERVIAN, 2002) 

A  pesquisa  apresentou  quanto  ás  técnicas  de  Abordagem,  a  Pesquisa Qualitativa,  o  que  segundo  Minayo  (2008,  p.9)  “[…]  trabalha  com  o  universo  de significados, motivos,  aspirações,  crenças,  valores e atitudes  […]”. O que possibilitou analisar as reais motivações e aspirações dos refugiados haitianos e, se suas expectativas iniciais  em  relação  ao mercado  de  trabalho  na  realidade  de Manaus,  no  estado  do Amazonas, foram concretizadas. 

Quanto aos objetivos, a pesquisa  foi descritiva, pois segundo Gil  (2006, p.44) “têm  como  objetivo  primordial  a  descrição  das  características  de  determinada população ou  fenômeno  [...]”,  ou  seja,  caracterizar  os  sujeitos  que  fizeram parte  do estudo. Para proceder esta pesquisa foram identificados vinte sujeitos que responderam os questionários visando identificar fatores que influenciaram as relações desse grupo com  o  mercado  de  trabalho.  A  análise  descritiva  foi  realizada  através  de  tabelas  e representadas  em  gráficos,  observando  o  percentual  das  respostas  às  questões formuladas. 

Em razão, da identificação de fatores como, falta de conhecimento da região, da língua, e das condições do mercado de trabalho, consequentemente reforçando a sua vulnerabilidade,  tornando‐se muitas  vezes,  explorados  pelos  empregadores,  seja  em termos  de  salários  seja  em  horas  de  trabalho  muito  além  da  legislação  vigente,  a pesquisa caracteriza‐se como explicativa, e contribuiu para explicitar o objeto de estudo qual seja, o mercado de trabalho disponível aos refugiados Haitiano, fenômeno inserido no processo imigratório. Segundo Gil (2006, pp. 44‐45), “uma pesquisa explicativa pode ser  a  continuação  de  outra  descritiva,  posto  que  a  identificação  de  fatores  que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado”. 

Quanto ao procedimento, este estudo foi realizado de forma fundamental, pois busca o conhecimento sobre o objeto de pesquisa, que é identificar as perspectivas dos imigrantes haitianos em relação ao mercado de trabalho em Manaus.  Também, possui caráter  de  pesquisa  bibliográfica,  segundo  o  autor  referendado  acima,  a  principal vantagem nesse tipo de pesquisa “reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar 

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diretamente”  (ibid,  p.65). Dentre os principais de autores que deram suporte para a análise dos dados, destacamos: Callegari (2012); Ramos (2011), Bueno (2012); Freitas (2012); Rodrigues (2008). 

O  estudo  também  foi  de  campo  e  deu‐se  através  da  aplicação  de  (20) questionários com (15) questões semiestruturadas, no intuito de identificar o perfil dos sujeitos pesquisados como  também as áreas de  trabalho em que estão  inseridos. As questões possibilitaram ir além dos documentos, como também conhecer a ótica dos sujeitos. Esse tipo de questionário “proporciona respostas de maior profundidade” e ao mesmo tempo “facilita o tratamento e análise da  informação, exigindo menos tempo” como defende Sousa e Baptista (2011, p. 91). 

O  universo  de  estudo  foi  um  grupo  de  mais  de  1.500  haitianos  chegados  à Manaus  a  partir  2010  quando  ocorreu  a  catástrofe  sismológica  no  Haiti,  sendo  que Amostra foi de 20 Imigrantes, situados na Paroquia de São Geraldo, no Bairro N.S. das Graças.  Para a coleta das informações, os sujeitos foram abordados de forma individual, no Centro de Convivência da comunidade Haitiana em Manaus. Para tanto, as visitas ao referido  local,  foram  realizadas  no  mês  de  outubro,  e  concluídas  as  aplicações  dos instrumentos no mesmo mês. 

As tabulações foram realizadas em Excel, onde através de gráficos dinâmicos, com  legendas  dividindo  os  itens  através  de  cores  e  em  valores  percentuais  que demonstram os resultados coletados em cada questão. Os resultados também foram exibidos em forma de tabelas que informam a quantidade total de entrevistados, e o número de respostas obtidas por cada alternativa. As análises foram feitas baseadas nos resultados encontrados nos gráficos, o que remete a realidade dos fatos.  

Este  estudo  teve uma  limitação  em  relação  a  várias  questões,  entre  estas,  a confiança dos haitianos em participar de qualquer pesquisa relacionada a estudos dessa problemática,  isto  porque  sentiam‐se  intimidados  e  desconfiados  nas  abordagens.  A língua também foi fator preponderante nessa relação, tendo em vista que muitos não falam e nem compreendem claramente a língua portuguesa. Uma outra situação é que nem  sempre  os  objetivos  da  pesquisa  são  explicitados,  no  caso  deste  estudo,  não tivemos  tanta  resistência  por  terem  sido  consultados  anteriormente  e  explicado  a finalidade do trabalho, antes da aplicação do instrumento. 

 2.5 Análise de Resultados  

Neste  capítulo  apresenta‐se  os  dados  coletados  a  partir  das  entrevistas  com  os sujeitos respondentes, através de tabelas e gráficos, para maior compreensão do estudo proposto 

 2.5.1 Perfil  2.5.1.1 Gênero  

Baseado nos questionários realizados, foram obtidos à nível de gênero, que 90% são do sexo masculino e 10% são do sexo feminino, caracterizando uma maior migração 

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de homens em busca de melhores condições de vida para si, como também para seus familiares no Haiti. 

 2.5.1.2 Faixa Etária  Quanto a faixa etária dos entrevistados, 57% dos haitianos possuem entre 21 a 30 anos e 43% têm entre 31 a 40 anos, e, o que caracteriza uma parcela da população haitiana de indivíduos considerados de jovens à meia idade, que desejam construir suas vidas, estudando e desenvolvendo‐se profissionalmente na cidade de Manaus.  2.5.1.3 Grau de Escolaridade  Quanto ao grau de escolaridade dos sujeitos entrevistados, 52% ensino médio completo, 19% ensino técnico, 14% ensino superior cursando, 10% ensino superior ou mais, e 5% ensino fundamental completo. O que caracteriza uma maioria de haitianos com ensino médio completo.  Gráfico 1: Grau de Escolaridade 

   2.5.2 Mercado de Trabalho 

2.5.2.1 Área de trabalho que atuava em seu país 

Conforme  o  resultado  da  pesquisa  quanto  a  área  de  trabalho  que  os  sujeitos entrevistados  atuavam  no  Haiti,  62%  representa  os  que  trabalhavam  no  comércio, vendas e afins, 19% educação, 14% como eletricistas, e 5% serviço domésticos. 

Gráfico 2 – Áreas de Trabalho no Haiti 

Total; Ensino Fundamental completo; 1; 

5%

Total; Ensino Médio 

completo; 11; 55%

Total; Ensino Superior 

cursando; 3; 15%

Total; Ensino Superior ou mais; 2; 10%

Total; Ensino Técnico; 3; 15%

Grau de Escolaridade

Ensino Fundamentalcompleto

Ensino Médiocompleto

Ensino Superiorcursando

Ensino Superior oumais

Ensino Técnico

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2.5.2.2 Situação de Trabalho em Manaus  

Quanto à situação de trabalho referente aos entrevistados, 50% responderam que sim, estão trabalho, e 50% não estão trabalhando. Demonstrando que metade dos indivíduos estão desempregados. 

 2.5.2.3 Área de Trabalho em Manaus  

Baseando‐se  nos  resultados  adquiridos  nos  questionários,  40%  dos  haitianos chegados  à  Manaus  trabalham  na  construção  civil,  10%  no  distrito  industrial,  10% entregador, 10% frentista, 10% pintor, 10% tradutor e 10% no turismo. Desta  forma, constata‐se  uma  variedade  de  funções  exercidas  pelos  indivíduos,  contudo  a predominante é na construção civil.  Gráfico 3 – Áreas de Trabalho em Manaus 

65%

20%

10%

5%

Áreas de Trabalho no Haiti

Comércio, vendas e afins

Educação

Eletricista

Serviço doméstico

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  2.5.2.4 Cidade de destino  

De acordo com as respostas colhidas no questionário, 65% tinha como cidade de destino Manaus, 15% buscavam qualquer cidade brasileira, 10% Rio de Janeiro, e 5% São Paulo. Esses dados indicam que a maioria dos entrevistados escolheram a cidade de Manaus,  contudo,  uma  considerável  parcela  não  tinha  preferência  por  uma  cidade específica.        Gráfico 4 – Cidade de destino 

  2.5.2.5 Acesso ao mercado de trabalho em Manaus  

Baseado nos resultados do questionário realizado, quanto o acesso ao mercado de  trabalho em Manaus, 52% dos entrevistados consideram difícil, 24% muito difícil, 

40%

10%10%

10%

10%

10%

10%

Área de trabalho em Manaus

Construção Civil

Distrito Industrial

Entregador

Frentista

Pintor

Tradutor

Turismo

5%

65%

15%

10%5%

Cidade de destino

Brasília

Manaus

Qualquer cidade brasileira

Rio de Janeiro

São Paulo

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19% fácil, e 5% fácil. O que demonstra que a maioria dos haitianos possuem dificuldades em adquirir um emprego nesta cidade. 

  

2.5.2.6 Dificuldades no acesso ao mercado de trabalho em Manaus   

Quanto  aos  resultados obtidos  no questionário  referentes  as  dificuldades  no acesso  ao  mercado  de  trabalho  em  Manaus,  30%  não  sentiram  dificuldades,  25% tiveram dificuldades com o idioma, 20% empregadores disseram que não há vagas, 10% promessas  não  foram  cumpridas  pelo  empregador,  5%  dos  haitianos  entrevistados relataram que não  recebiam contato dos empregadores após as entrevistas, 5% não recebiam  salário  há  três  meses,  5%  preconceito.  Os  dados  revelam  uma  percepção variada dos haitianos em relação aos motivos que os impedem de conseguir trabalho nessa cidade. 

 Gráfico 5 ‐ Dificuldades no acesso ao mercado de trabalho

  

2.5.2.7 Área em que gostaria de atuar  

Os  dados  coletados  no  questionário  apontam que  quanto  a  área  em que  os entrevistados gostariam de atuar na cidade de Manaus, 25% responderam construção civil,  15% eletricista,  10%  administração,  10% qualquer  trabalho  5% pesquisador  em ciências  sociais,  5%  saúde,  5%  turismo,  5%  mecânico  de  refrigeração,  5%  designer gráfico ou técnico em informática, 5% chefe de cozinha, e 5% comércio. Esses dados demonstram que a maioria dos indivíduos desejam trabalhar na construção civil, porém, existe uma considerável variação nas áreas desejadas 

25%

20%30%

5%5%5%

10%

Dificuldades no acesso ao mercado de trabalho em Manaus

Dificuldade com o idioma

Empregadores dizem que não hávagas

Não

Não recebia contato dosempregadores após as entrevistas

Não recebia salário há três meses

Preconceito

Promessas não cumpridas peloempregador

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Gráfico 6 – Área que gostaria de atuar 

 

 

 

 

 

 

 

2.5.2.8 Faixa salarial dos entrevistados empregados  

Os dados coletados no questionário indicam que quanto a faixa salarial obtida pelos entrevistados que se encontram empregados, 90% responderam que recebem até 2 salários mínimos, e 10% até 2 a 4 salários. Esses dados indicam que a maioria dos sujeitos possuem baixo rendimento. 

2.5.2.9 Faixa salarial desejável      A faixa salarial desejada pelos entrevistados, 30% responderam de 2 a 4 salários mínimos, 25% até 2 salários mínimos, 25% de 10 a 20 salários mínimos, e 20% de 2 a salários mínimos. Esses dados caracterizam que os salários obtidos atualmente estão abaixo do esperado.  

10%

5% 5%

25%

5%15%5%

5%

5%

10%

5%

5%

Área em que gostaria de atuarAdministração

Chefe de cozinha

Comércio

Construção civil

Designer gráfico ou técnico eminformáticaEletricista

Mecânico de refrigeração

Música

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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Gráfico 7 – Faixa salarial desejável

2.5.2.10 Obtenção de carteira de trabalho e dificuldades para adquiri‐la  

Quanto a obtenção da carteira de trabalho e possíveis dificuldades para adquiri‐la,  100%  dos  entrevistados  responderam  que  possuem  carteira  de  trabalho,  e  não tiveram dificuldade em obtê‐la.  3. CONSIDERAÇÕES FINAIS  

O abalo sísmico de magnitude de 7.0 a 7.3 na escala Richter ocorrido em 12 de janeiro de 2010 no Haiti,  foi fator fundamental na escolha do Brasil como destino de fuga de milhares de haitianos da situação de calamidade que aquele país apresentava, o  que  os  coloca  em  uma  condição  peculiar  de  refúgio,  visto  que  está  relacionado  a fatores ambientais. 

Apesar do Haiti já possuir um alto índice de migrações de seus nacionais para outros países, visto que aquele país  já  sofria com problemas políticos, econômicos e sociais, o Brasil não era considerado uma opção de destino para os migrantes, já que os haitianos  buscavam  potências  mais  desenvolvidas  economicamente,  como  Estados Unidos  e  França.  Porém,  esses  países  aumentam  cada  vez mais  as  barreiras  para  o recebimento de imigrantes estrangeiros, os levando a buscar outras alternativas. 

O exército brasileiro se fez presente em terras Haitianas através da Minustah (Intervenção Humanitária no Haiti) desde 2004, onde atuavam como mantenedores da paz, o que gerou uma proximidade entre brasileiros e haitianos. A reciprocidade entre nações, e principalmente, a simpatia que o povo haitiano criou por aqueles soldados, serviu  como  incentivo para a busca de haitianos pelo Brasil. Com a chegada de uma quantidade cada vez maior de nacionais do Haiti ao país, o governo brasileiro passou a tomar  medidas  legais  para  acolher  aquelas  pessoas,  o  que  também  viabilizou  o crescimento da entrada de haitianos no país. 

Total; Até 2 salários 

mínimos; 5; 25%

Total; De 10 a 20 salários 

mínimos; 5; 25%

Total; De 2 a 4 salários 

mínimos; 6; 30%

Total; De 4 a 10 salários 

mínimos; 4; 20%

Faixa salarial desejável

Até 2 salários mínimos

De 10 a 20 salários mínimos

De 2 a 4 salários mínimos

De 4 a 10 salários mínimos

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Durante a pesquisa de campo e a partir dos dados coletados, pode‐se observar que a maioria dos indivíduos tinha pouco conhecimento sobre o Brasil, como também não  sabiam  exatamente  qual  seria  sua  cidade  de  destino.  A maior  preocupação  era conseguir entrar no país, e a travessia era um serviço pago a atravessadores clandestinos bolivianos,  vulgarmente  conhecidos  como  coiotes,  que  recebiam  cerca  trezentos dólares por pessoa para realizar este  trajeto. A entrada dos haitianos no país se deu através  das  cidades  de  Brasiléia,  no  Acre  e  Tabatinga,  no  Amazonas.  A  partir  daí  os deslocamentos para outras cidades ou estados eram feitos por ônibus e outros veículos. 

 Os primeiros chegados a cidade de Manaus tiveram o acolhimento de pastorais da  igreja  católica,  principalmente  a  paróquia  de  São  Geraldo,  onde  apesar  das dificuldades,  tinham abrigo,  alimentação  e  intermediação  com o  governo  e  a  polícia federal. Os haitianos que chegaram nos anos seguintes tiveram mais facilidade, pois em sua  maioria  já  tinham  contato  com  conhecidos  na  cidade,  sendo  devidamente orientados,  como  também  tiveram mais  facilidades  para  a  retirada  de  documentos como  a  carteira  de  trabalho,  indispensável  a  contratação  no  mercado  de  trabalho legalmente no país. A pesquisa de campo realizada, mostrou que 100% dos indivíduos entrevistados não teve qualquer dificuldade para adquirir o documento. 

Apesar das facilidades de regularização com os órgãos federais, a realidade na cidade de Manaus mostrou‐se mais difícil do que o esperado, visto que dificuldades com o idioma português, insucesso nas entrevistas, falta de feedback dos entrevistadores e preconceito foram relatados como principais itens que dificultam o acesso ao mercado de trabalho em Manaus, por parte dos haitianos. 

Dos sujeitos participantes da pesquisa, a maioria reside na região centro‐sul da cidade, principalmente no bairro de São Geraldo, que teve sua paróquia como abrigo dos primeiros haitianos chegados à Manaus, e ainda hoje é um local de encontro para quem busca informações, reuniões, confraternizações e até para exposição de produtos à venda, como foi possível verificar durante as visitas ao referido  local. Praticamente todos esses residem em imóveis alugados, já que muitos estão desempregados, e os que estão empregados não recebem salários que sejam suficientes para adquirir moradia própria. A maioria dos haitianos residentes em Manaus são do gênero masculino, em busca de melhores condições financeiras para enviar remessas de dinheiro para seus familiares que ficaram no Haiti. 

 Os  resultados  obtidos  na  pesquisa mostram  que  poucos  foram  aqueles  que receberam algum tipo de incentivo, seja de instituições públicas ou privadas, a fim de adquirirem algum conhecimento ou desenvolver habilidades que os favorecessem na concorrência  no  mercado  de  trabalho.  Constata‐se  que  a  dificuldade  com  a  língua portuguesa é um fator que atrapalha o entendimento, e muitas vezes, é posto como uma barreira para contratantes, como dá abertura para a ação de empregadores mal‐intencionados, que abusam da fragilidade dessas pessoas, os obrigando a trabalhar por horas elevadas, e até passarem meses sem receber seus salários, como foi indicado por um dos entrevistados. 

Dos 20 indivíduos que participaram da pesquisa, apenas a metade se encontra empregada, e esses atuam na construção civil, postos de gasolina, auxiliares de entrega, e  no  distrito  industrial.  Apenas  um  dos  indivíduos  contratados  recebe mais  de  dois 

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salários  mínimos,  este  atua  como  tradutor.  Em  sua  maioria  possuem  ensino  médio completo e ensino médio técnico, poucos são os que tem formação superior, e atuavam em  seu  país  na  área  comercial,  na  educação  e  como  eletricista.  Apesar  das características de trabalho que exerciam em seu país de origem, as condições impostas pelo mercado de trabalho de Manaus, os obriga a aceitar qualquer tipo emprego, muitas vezes até em condições precárias. 

Os resultados da pesquisa de campo mostram que a preferência de trabalho da maioria dos entrevistados, diverge das áreas em que atuavam em seu país. A área de maior preferência para trabalhar em Manaus é a construção civil, tendo em vista que este foi o setor que mais empregou essa população. Durante as construções para copa do mundo, foi o período em que mais contrataram operários haitianos para compor o quadro das construtoras, contudo, com o término das obras, muitos deles voltaram ao desemprego, e passaram a buscar empregos nessa área, visto que encontraram mais facilidades para contratação. Apesar da maioria possuir escolaridade em nível médio, os que possuem ensino superior, também atuam em áreas que exigem menos qualificação, já que não há outra alternativa. 

Com as dificuldades apresentadas no acesso ao mercado de trabalho na cidade de Manaus, alguns haitianos passaram a executar trabalhos informais em busca de fonte de  renda,  atuando  como  vendedores  ambulantes  em  diversos  pontos,  como  em cruzamento de vias, e também em pequenas barracas pelas ruas da cidade. 

Nesse  contexto,  a  situação  pode‐se  complicar  em  termos  de  aumentar  os problemas sociais já existentes na nossa realidade. Faz‐se, portanto, necessário a criação de políticas públicas para atender essa parcela da população, ensejando ações pontuais, seja do  governo  seja de  instituições  privadas,  para  amenizar  a  situação precária dos haitianos.  

A sociedade civil também precisa se manifestar no apoio e na conscientização da  população,  na  tentativa  de minorar  as  questões  de  preconceito  tão  presente  na realidade  dos  haitianos.  Com  isso  pode‐se  constatar  que  há  necessidade  premente dessa  situação  ser  superada  ou  minimizada,  lembrando  que  os  direitos  humanos  e sociais  dos  refugiados  que  estão  inseridos  no  solo  brasileiro,  sejam  atendidos  e preservados.  REFERÊNCIAS  BEGG, David K. H, FISCHER, Stanley, DORNBUSCH, Rudger. Introdução à economia: para cursos de Administração, Direito, Ciências Humanas e Contábeis. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.  CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.  COLAVITTI, Fernando. O Clima. Revista Ciência e Saúde Coletiva. Publicado em 06/2012. DisponíveL no site http://www.scielo.br/scielo. Acesso em 15/03/15.  

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CONTROLE INTERNO: A IMPORTANCIA DO CONTROLE INTERNO PARA O GERENCIAMENTO DO ATIVO IMOBILIZADO CONFORME A NOVA CPC 27 

 Gizela Craveiro de Souza Carvalho16 

Silfarnn Demétrio de Araújo17 RESUMO 

 O campo empresarial passa por constantes modificações, seja para tratativas na gestão da  empresa,  seja  para  atender  conformidades  e  adequar  o  modo  de  produção  ou serviço, ou estar de acordo com as legislações que regem os setores. Para atender essas mudanças e continuar crescendo no mercado os gestores devem apoiar‐se a um corpo administrativo e operacional qualificado, bem como, introduzir na empresa um sistema de  gerenciamento,  normas  e  políticas  administrativas  para  auxiliarem  no desenvolvimento  de  seus  processos  e  alcançar  os  objetivos  da  empresa.  Este  artigo busca  demonstrar  a  importância  do  controle  interno  para  gerenciamento  do  ativo imobilizado  conforme  a  nova  CPC  27. O  ativo  imobilizado  é  de  grande  valia  para  as empresas,  trata‐se  dos  bens  adquiridos  para  auxiliarem  no  desenvolvimento  das atividades  da  organização,  representando  uma  das  riquezas  da  organização.  Dessa forma  é  necessário manter  um  controle  nos  registros  quanto  ao  reconhecimento  e mensuração,  catalogando  os  itens  de  acordo  com  a  data  e  o  custo  na  aquisição,  a depreciação,  bem  como  o  controle  físico,  identificando  por  meio  de  plaquetas eletrônicas os itens do ativo imobilizado, no intuito de atender a alta administração com dados atualizados e precisos para uma tomada de decisão ou composição de dados para financiamentos ou empréstimos.   Palavras‐chaves: Ativo Imobilizado, Controle Interno e Controle Físico. 

 ABSTRACT 

 The  business  branch  goes  through  constant  changes,  whether  for  dealings  in  the company's management  to meet  compliance  and  adjust  the mode  of  production  or service, or to comply with the laws that govern the sectors. To meet these changes and to continue increasing in the market the managers must support a qualified operating and administrative body, as well as the company management system, standards and administrative policies to assist in the development of your processes and achieve the objectives of the company. This article seeks to demonstrate the importance of internal 

                                                            16 Pós Graduando do curso de Auditoria Contábil, Fiscal e Tributária da Faculdade La Salle Manaus. E‐mail: [email protected] 17 Mestre em Gestão e Auditoria Ambiental pela Faculdade Leon na Espanha. Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade São Lucas. Especialista em Informática na Educação pelo Centro Federal de Educação Tecnológica. E‐mail: [email protected] 

 

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control in the management of the fixed assets according to the new Civil Procedure Code n0 27. The fixed assets is of great value to companies, these are the goods purchased to assist in the development of the activities of the Organization, representing one of the wealthes of the organization. Following this pattern it is necessary to maintain a control in the records regarding recognition and measurement, cataloguing the items according to the date and the cost on acquisition, depreciation, as well as the physical control, identifying through electronic platelets fixed items, in order to meet senior management with updated and accurate data to make decisions or compose data for funding or loans.  Key‐words: Fixed asset, internal control and physical control.  1. INTRODUÇÃO  

O mundo corporativo está cada vez mais competitivo, sobreviver as crises e manter as empresas no patamar de concorrência garantindo seu sucesso requer o apoio de equipes engajadas  formando um time de valor. Para  isso as empresas necessitam contar com profissionais habilitados a desenvolverem seu trabalho da melhor maneira possível, possuir um bom sistema integrado, ter políticas de controle interno, e seguir tais políticas buscando atender as necessidades da empresa. 

O artigo tem como problemática mostrar quais as vantagens que a nova CPC 27 do controle interno do ativo imobilizado pode trazer a empresa? 

O objetivo geral desta pesquisa será demonstrar as vantagens que a nova CPC 27 do controle  interno do ativo  imobilizado pode  trazer a empresa uma empresa de bebidas, como objetivos específicos, identificar a necessidade de se aplicar o controle interno para gerenciamento do ativo mobilizado; verificar se estar sendo cumprindo as normas  do  CPC  27  para  melhor  controle  dos  ativos;  enfatizar  o  uso  adequado  do controle  interno no gerenciamento do ativo  imobilizado visando  as  vantagens que o mesmo oferece a entidade. 

Esta  pesquisa  justifica‐se  por  considerar  que  uma  organização  sem  um controle  interno principalmente no gerenciamento dos ativos, podem adquirir  sérios problemas, os registros contábeis da empresa não estarão de acordo com a realidade em que ela vive. O ativo imobilizado da empresa é um indicador que reflete se ela está saudável para receber investimentos de terceiros, e sendo empresas da modalidade S.A suas  ações  no  mercado  financeiro  estarão  bem  valorizadas,  assim  aumentando  o patrimônio e mantendo seu valor no mundo organizacional. 

Traz como contribuição a nível acadêmico o enriquecimento das informações aos futuros profissionais que atuarão na gestão de controle do ativo imobilizado afim de oferecer dados confiáveis para consulta.  

Para a sociedade visa assegurar uma empresa sólida, com conduta adequada para administrar seu negócio, mantendo seu nome reconhecido no mercado de bebidas na cidade de Manaus. 

Em sua metodologia traz uma abordagem qualitativa e documental apoiada na análise e coleta de dados a partir dos registros apresentados por uma empresa de bebidas. 

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2. DESENVOLVIMENTO   2.1. Ativo Imobilizado 

  Na  constituição  de  qualquer  empresa  faz‐se  necessário  aquisição  de  um 

imóvel para sediar a empresa se for o caso, comprar máquinas e equipamentos para fabricação do produto fim, comprar veículos, móveis e utensílios que serão utilizados no desenvolvimento das atividades dessa organização. 

Estes  itens  de  posse  da  empresa,  devem  ser  identificados,  controlados  e conservados afim de permanecerem servindo os interesses da empresa. 

Conforme  Guerra  (2015,  p.65)  o  ativo  imobilizado  “corresponde  aos  bens corpóreos destinados a manutenção da entidade” 

Completando este conceito Padoveze (2014, p.265), diz que “todos os bens e direitos  adquiridos  para  fazer  face  à  operacionalidade  da  empresa,  ou  seja,  todos aqueles  itens que são necessários para que a empresa desenvolva as atividades para que ela foi criada” 

Temos  a  compreensão  que  o  ativo  imobilizado  é  um  recurso  destinado  a manutenção da empresa, sendo ela a responsável em registrar e controlar seu ativo.  

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC 27, no item 6, caracteriza o ativo imobilizado como item tangível que: 

(a) É mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e 

(b) Se espera utilizar por mais de um período. Nesse entendimento Iudícibus (2013, p.275), define o ativo imobilizado como 

“todos os bens de permanência duradoura, destinados ao  funcionamento normal da sociedade  e  de  seu  empreendimento”  o mesmo  destaca  ainda  como  itens  do  ativo imobilizado:  terrenos,  obras  civis,  máquinas,  veículos,  benfeitorias  em  propriedades arrendadas, direitos sobre recursos naturais, etc. A estrutura do ativo sofreu mudanças com o decorrer dos anos, bem como teve que se adequar aos padrões internacionais atendendo as mudanças conforme apresentada pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC 27 ‐ Ativo Imobilizado, de acordo com a nova contabilidade a estrutura atual do ativo é a seguinte:  

           

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Quadro 1 – Comparativo na Estrutura do Ativo  

ATIVO – ESTRUTURA INICIAL  ATIVO – ESTRUTURA ATUAL 

Ativo Circulante Ativo Realizável a Longo Prazo Ativo Permanente Investimentos Imobilizado Diferido 

Ativo Circulante Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo Investimento Imobilizado Intangível 

Fonte: Pesquisa de campo: Conselho Federal de Contabilidade, 2016.  2.1.1. Reconhecimento e Mensuração do Ativo Imobilizado  

Todos direitos de bens corpóreos devem ser inseridos para imobilização, mas como saber o momento certo e a necessidade para tal ocasião, se tais itens devem ser reconhecidos e mensurados como ativos imobilizados, os autores abaixo esclarecem. 

Mendes (2012, p.21), afirma que o reconhecimento do ativo imobilizado dar‐se‐á  “quando  forem prováveis os benefícios econômicos  futuros para a empresa em função  dele;  e  quando  seu  custo  puder  ser  mensurado  com  certo  grau  de confiabilidade”. 

 Tal argumento vai de acordo com a nova CPC 27, item 7 na qual determina que o custo de um  item de ativo  imobilizado deve ser  reconhecido como ativo se, é apenas se: 

(a) For provável que futuros benefícios econômicos associados ao

item fluirão para a entidade e;

(b) O custo do item puder ser mensurado confiavelmente. Quando se trata de confiabilidade sugere a comprovação fiscal por meio de 

nota  fiscal  descrevendo devidamente o  item,  data  de  aquisição,  seu  valor unitário  e impostos nele embutidos. 

Malacrida  (2011,  p.266),  declara  que  o  reconhecimento  inicial  de  um ativo imobilizado é “pelo custo, equivalente ao seu preço à vista na data da aquisição, se o prazo de pagamento excede os prazos normais de crédito, a diferença entre o preço à vista e o total de pagamentos deve ser reconhecida como despesas com juros durante o período”. Nesse caso o custo do  item deve ter seu valor  justo atribuindo aos  juros numa conta de resultado. 

Quanto a mensuração do ativo  imobilizado Malacrida  (2011, p.266),  sugere “que deve incluir os custos incorridos inicialmente para adquirir ou construir um item do ativo imobilizado e os custos necessários para que o ativo esteja em condições de uso no processo operacional da empresa”. Na mensuração do ativo imobilizado leva‐se 

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em conta todos os custos envolvidos na aquisição do item até o momento de colocá‐lo em funcionamento. 

De  acordo  com  Mendes  (2012,  p.21),  “um  item  do  imobilizado  deve  ser inicialmente  mensurado  pelo  seu  custo”.  Tal  custo  deve  compreender  os  seguintes elementos: 

a) Seu  preço  de  aquisição,  acrescido  de  impostos  de  importação  e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois deduzidos os descontos comerciais e abatimentos; 

b) Quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e condição necessárias para o mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração; 

c) A estimativa inicial dos custos de desmontagem e remoção do item e de restauração  do  local  (sítio)  no  qual  este  está  localizado.  Tais  custos  representam  a obrigação em que a entidade incorre quando o item é adquirido ou como consequência de  usá‐lo  durante  determinado  período  para  finalidades  diferentes  da  produção  de estoque durante esse período. 

Segundo o Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado (item15), “um item do ativo imobilizado que seja classificado para reconhecimento como ativo deve ser mensurado pelo seu custo”. 

Fica bem esclarecido que tais custos não se tratam apenas do preço unitário do item, como antes se fazia, hoje pode‐se incorporar ao custo do item desde o gasto com o frete para fazer o mesmo chegar a empresa, até desembolso com a montagem do equipamento afim de deixa‐lo pronto para o uso.    2.1.2.  Custos no reconhecimento de itens do ativo imobilizado   

Quando  falamos  de  custos  vem  em  mente  todo  e  qualquer  montante monetário  pago  pela  aquisição  ou  construção  de  um  bem  ou  serviço,  assim  faz‐se necessário o registro do mesmo para avaliações futuras. 

Padoveze (2014, p.267) ressalta que “como todo ativo, os imobilizados devem ser avaliados pelo custo de aquisição menos ICMS, PIS e Cofins recuperáveis.” O autor ainda relata que “no Brasil, além do valor de compra ou construção, eles podem sofrer o  processo  de  correção  monetária,  quando  obrigatório  por  lei”.  Os  impostos mencionados devem ser retirados do custo de aquisição do  item, pois a empresa vai recuperá‐los em algum momento do exercício, assim não sendo justo incorporá‐los ao valor do imobilizado. 

Mendes (2012, p.22), conclui que “em linhas gerais, são custos de um item do imobilizado todos os gastos necessários e ocorridos até a chegada do bem na empresa ou  até  que  atinja  as  condições  operacionais  pretendidas”.  Exemplo  de  custos diretamente atribuíveis: 

a) Custos de instalações e montagem de equipamentos; b) Honorários profissionais; c) Custos de testes de equipamentos; d) Custo de frete; 

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e) Custo de seguro. Foi a partir da Lei 11638/07 quando a contabilidade se alinhou aos padrões 

internacionais que pôde‐se contemplar as atribuições de outros custos à aquisição dos imobilizados, pois entende‐se que são custos necessários para permitir a exatidão do funcionamento dos equipamentos. 

 2.2. Depreciação do Ativo Imobilizado  

De acordo com Ribeiro (2014, p. 241), “A depreciação é a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo de sua vida útil”, o autor esclarece que nem todo item adquirido sofre depreciação, “quando a empresa adquire um bem de duração não  superior  a  um  ano,  o  valor  gasto  na  compra  desse  bem  não  estará  sujeito  à depreciação,  devendo  ser  contabilizado  diretamente  como  despesa  operacional,  na data em que foi adquirido”. 

As empresas precisam registrar a desvalorização, o desgasto do item, é através da depreciação que se pode apurar tal valor a diminuir. A depreciação nada mais é, que um cálculo matemático praticado para se chegar a estimativa de valor a mitigar a vida útil e o custo do bem.  

Neste  sentido  Silva  (2013,  p.116),  informa  quando  deverá  ocorrer  a depreciação, “quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens  físicos  sujeitos  a  desgaste  ou  perda  de  utilidade  por  uso,  ação  da  natureza  ou obsolescência”. 

De acordo com Guerra (2015, p.67), “a depreciação do imobilizado deve ser calculada com base na vida útil dos bens, seu valor depreciável é o valor de custo de um ativo menos o seu valor residual”.  

Completando  esta  definição  Padoveze  (2014,  p.271),  define  a  depreciação como “a perda de valor dos bens pelo uso, desgaste, ou obsolescência, é a forma de se diminuir o valor dos bens imobilizados, portanto, uma avaliação redutora de ativos”. 

Toma‐se  como  vida  útil  o  tempo  de  durabilidades  que  o  ativo  imobilizado representa para a empresa, tal período deve seguir uma lógica quanto ao seu desgaste. As empresas podem definir a vida útil baseando‐se em parâmetros de comparações com equipamentos similares, ou ainda, de acordo com a estimativa de produção que espera‐se atingir com aquele bem. 

De acordo com Mendes (2012, p.47 apud CPC 27 e IAS 16), “os bens do ativo imobilizado, com algumas exceções, têm um período limitado de vida útil econômica”. Dessa  forma, o custo de  tais bens do ativo  imobilizado deve ser alocado de maneira sistemática aos exercícios beneficiados por seu uso no decorrer de sua vida econômica. 

Ainda conforme Mendes (2012, p.48) os principais critérios contábeis para a depreciação de bens do ativo imobilizado são: 

a) A depreciação deve ser ajustada no resultado do exercício; b) A vida útil econômica estimada do ativo imobilizado deve ser revisada ao 

menos anualmente; c) A depreciação de um ativo  imobilizado deve  cessar quando o ativo é 

classificado como mantido para venda ou na data de sua baixa; 

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d) O método de depreciação utilizado deve refletir o padrão de consumo pela empresa dos benefícios econômicos futuros, entre outros. 

Assim entende‐se que a empresa deve minunciosamente averiguar seus ativos imobilizados  de  acordo  com  suas  características  técnicas  para  definir  sua  vida  útil  e depreciá‐lo de forma coerente enquanto lhe for cabível. 

Segundo  o  Pronunciamento  Técnico  CPC  27  –  Ativo  Imobilizado  (item30), “após  o  reconhecimento  como  ativo,  um  item  do  ativo  imobilizado  deve  ser apresentado  ao  custo  menos  qualquer  depreciação  e  perda  por  redução  ao  valor recuperável acumuladas”. 

Para  a  prática  da  depreciação  as  entidades  podem  aplicar  uma  taxa determinada  de  acordo  com  a  Normativa  SRF  nº162/98  Receita  Federal  conforme abaixo: 

 

Fonte: Padoveze, (2014).

 2.2.1. Redução Do Valor Recuperável Do Ativo Imobilizado – Impairment  

Traduzido  do  inglês  “impairment”  significa  deterioração,  dano, enfraquecimento. 

De  acordo  com Mendes  (2012,  p.29)  impairment  na  linguagem  contábil  é “declínio no valor de um ativo ou dano econômico”. Este deverá ser aplicado a todos os ativos ou conjunto de ativos relevantes relacionados a todas as atividades da empresa. 

Para que possa mensurar o valor real dos itens com relação ao valor praticado no mercado e feito o impairment, cálculo realizado para revisar o valor do ativo e deixa‐lo a um valor real nos registros contábeis afim de um controle confiável. 

Neste ponto Ribeiro  (2014,  p.232)  esclarece  a necessidade de  reavaliar  um bem, “é efetuada para atualizar o valor contábil do bem ao valor justo, ou seja, ao valor pelo qual o bem pode ser negociado no mercado”, este parecer vai de acordo com o que é permitido por Lei, observe a leitura da CPC 27. 

 O Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado (item63), informa que “para  determinar  se  um  item  do  ativo  imobilizado  está  com  parte  de  seu  valor irrecuperável, a entidade aplica o CPC 01 – Redução ao valor recuperável de ativos”. 

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Esse pronunciamento determina como a entidade deve revisar o valor contábil de seus ativos, como determinar seu valor recuperável e quando reconhecer ou reverter perda por redução ao valor recuperável. 

Na  busca  de manter  um  controle  favorável  em  seus  ativos  imobilizados  as empresas devem realizar a recuperação dos valores de preferência uma vez a cada ano. Uma vez mantendo os valores desses itens atualizados tem uma importância a frente de  requerer  empréstimos  e  financiamentos  com  bancos  ou  investidores,  pois transparecerá  segurança  com  o  tratar  dos  ativos  imobilizados,  mantendo  um  valor correto e não super faturado. 

Malacrida  (2011,  p.270 apud  artigo  183,  parágrafo  3º  Lei  no  6.404/76),  “a companhia  deverá efetuar,  periodicamente,  análise  sobre  a  recuperação dos  valores registrados no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam”: 

I – registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de  interromper  os  empreendimentos  ou  atividades  a  que  se  destinavam ou  quando comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse valor; ou 

II – revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização. 

Ainda de acordo com Malacrida (2011, p.175), a redução ao valor recuperável de  ativos  tem  como  objetivo  “assegurar  que  os  ativos  não  estejam  registrados contabilmente por um valor superior àquele passível de ser recuperado por uso ou por venda”. Evitando um superfaturamento no valor do imobilizado, garantindo um valor para venda justo e fortalecendo a veracidade da organização em suas negociações.  2.3. Controle Interno  

A contabilidade traz em sua essência a preocupação com o controle dos dados empresariais,  ou  seja,  o  controle  do  Patrimônio.  As  apurações  desses  controles  são realizadas com a aplicação de técnicas dos fundamentos contábeis.  

De acordo com Attie (2012, p.148), “o controle interno compreende o plano de  organização  e  o  conjunto  coordenado  dos  métodos  e  medidas,  adotados  pela empresa, para proteger seu patrimônio, verificar a exatidão e a fidedignidade de seus dados  contábeis,  promover  a  eficiência  operacional  e  encorajar  a  adesão  à  política traçada pela administração”. 

O  controle  interno  pode‐se  dizer  que  é  um  conjunto  de  técnicas  contábeis aplicada nos setores da empresa afim de mantê‐lo organizados com dados confiáveis para a tomada de decisão. 

Segundo  Crepaldi  (2013,  p.464),  “pode‐se  inferir  que  o  controle  interno representa em uma organização o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com o  objetivo  de  proteger  os  ativos,  produzir  dados  contábeis  confiáveis  e  ajudar  a administração na condução ordenada dos negócios da empresa”. 

O  controle  interno é de  suma  importância para a organização, pois  através dele será possível identificar onde e como está sendo empregado o capital, se a empresa tem um retorno positivo, ou se precisa tomar medidas para mitigar riscos. 

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Em consonância com as afirmativas acima Almeida (2012, p.63), destaca que “os  objetivos  podem  ser  classificados  como  controles  contábeis  e  controles administrativos”, exemplificados abaixo. 

Controles  contábeis:  sistema  de  conferencia,  aprovação  e  autorização; segregação de funções; controles físicos sobre ativos; auditoria interna. 

Controles administrativos: análises estatísticas de  lucratividade por  linha de produtos;  controle  de  qualidade;  treinamento  de  pessoal;  estudo  de  tempos  e movimentos; análise das variações dos valores orçados e os incorridos.  2.3.1 Controle Do Ativo  

Guerra (2015, p.25), “controlar um ativo é ter o poder de restringir o acesso de  terceiros  a  esses  benefícios, mesmo que  não  se  tenha  a  propriedade  legal  desse ativo”. Guerra ainda explica que “ao determinar a existência de um ativo, o direito de propriedade não é essencial. Por exemplo, um imóvel objeto de arrendamento é um ativo,  desde  que  a  entidade  controle  os  benefícios  econômicos  provenientes  da propriedade e arque com os riscos respectivos”. 

É importante destacar que as entidades devem manter um controle interno, independentemente de seu porte ou ramo de atividade, obedecer normas e diretrizes seguindo um planejamento no processo das atividades é de  fundamental  relevância, pois assim poderá assegurar a confiabilidade da existência do seu ativo e a segurança dele nas dependências da empresa. 

Segundo Malacrida (2011, p.303), “os controles internos, em sentido amplo, correspondem a todos os processos com o objetivo de proteger os ativos, assegurar que todas as operações sejam devidas e adequadamente registradas pela contabilidade e que as políticas e diretrizes da empresa sejam obedecidas”. 

Para a contabilidade não é diferente, ela mesmo é uma ferramenta de controle interno  nas  empresas  pois  apoiadas  em  seus  fundamentos  poderá  assegurar  a fidedignidade dos registros declarados pelas empresas. 

Malacrida  (2011,  p.304),  salienta  “em  relação  ao  imobilizado,  os  controles internos devem possibilitar o correto acompanhamento dos bens como data e valor de aquisição, vida útil, taxa de depreciação, valor residual, se houver”. 

Mendes (2012, p. 106), alerta para o uso de registros extra contábeis afim de “identificar os bens, determinar a data e o custo de aquisição, assim como os posteriores acréscimos e baixas parciais a eles referentes, para efeito fiscais e de auditorias”. 

O controle do ativo imobilizado deverá ocorrer para evitar possíveis desgastes da  contabilização,  além  de  minimizar  erros  e  fraudes,  dando  credibilidade  nas informações geradas na empresa, o departamento de patrimônio é o responsável em pôr na prática os planejamentos de controles que dizem respeito ao ativo imobilizado. 

Neste sentido Longo (2015, p.56), menciona que o risco no controle “depende da eficácia dos controles planejados e implementados pela administração que estão em funcionamento  para  monitorar  os  riscos  identificados  que  podem  afetar  as demonstrações financeiras”. 

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No entanto Longo chama a atenção ao dizer que “os riscos no controle podem ser reduzidos, mas não são totalmente eliminados porque existem limitações inerentes ao funcionamento dos controles  internos”. O autor faz essa analogia uma vez que os controles são realizados por pessoas, os indivíduos são propícios a erros, mesmo que não intencional. Um exemplo desse risco é abordado por Gurgel e Francischini (2013, p.49): 

 As  compras  de  ativos  são,  portanto,  de  grande  responsabilidade.  Um  erro  qualquer levará a empresa a ter de suportar, por tempo elevado, as consequências da aquisição equivocada.  Podemos comprar equipamentos em sua última fase de desenvolvimento tecnológico e, logo a seguir, os fabricantes estarão lançando um novo e revolucionário modelo, que poderá  ser  adquirido  pelo  concorrente,  deixando  nossa  empresa  em  uma  situação competitiva difícil.  

Fica  claro  a  importância  de  se  manter  um  controle  rígido  com  os  ativos imobilizados, mantendo a atenção nos processos de compra dos equipamentos através de  análises  da  real  necessidade  e  vantagens  desses  produtos,  pensando  sempre  na contrapartida custo verso benefício. 

 2.3.1.1 Controle Físico  

De  acordo  com  Gurgel  e  Francischini  (2013,  p.13)  “as  unidades  do  ativo imobilizado, desde que possível, deverão ser numeradas quando  instaladas, a  fim de facilitar  sua  identificação.  Se, porventura,  isso não  tiver  sido  feito desde o  início das operações,  poderá  ser  realizado  à  medida  que  os  inventários  físicos  forem programados”. 

Em  concordância  Mendes  (2012,  p.105),  destaca  que  “na  maioria  das empresas,  o  controle  de  bens  do  ativo  imobilizado  é  feito  mediante  a  afixação  de plaquetas  de  identificação,  às  quais  são  atribuídos  números  que  obedecem,  tão somente, à ordem cronológica de aquisição”. 

O controle físico é essencial para assegurar que os bens da empresa estejam realmente  em  seu  poder,  dentro  dos  departamentos  ao  qual  foi  designado  para desempenho das atividades. É recomendável que a entidade faça de tempo em tempo levantamento de seus ativos através de inventário patrimonial e inventário físico. 

Desse modo Malacrida (2011, p.308), ressalta para a importância do controle físico da seguinte maneira “também deve haver o controle físico do imobilizado para verificar se este é de propriedade da empresa ou de terceiros, assim como sua existência e o estado em que se encontra”. Esta observação chama a atenção ao empresário para saber  quais  imobilizados  pertencem  realmente  a  sua  empresa  e  quais  estão  na  sua empresa na forma de comodatado e no qual em algum momento deverá ser devolvido a terceiros. 

Crepaldi (2013, pg.477), salienta quanto ao acesso ao ativo afim de atender um controle  físico “a empresa deve  limitar o acesso dos  funcionários a seus ativos e 

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estabelecer controle físico sobre esses”. Cabe destacar que o acesso aos ativos pode se dar de forma direta (fisicamente) ou indireta, por meio da preparação de documentos que autorizam sua movimentação. 

Alguns exemplos de controles físico:  

Local fechado; 

Ativos identificados com etiquetas ou placas numeradas; 

Documentos assinados com autorização para circulação do ativo; 

Inventario físico periódico; 

Controle de baixa dos bens; 

Termo de responsabilidade pela guarda do bens, dentre outros. Essas  iniciativas  de  controle  de  acesso,  identificação  e  circulação  do  ativo 

imobilizado  aumenta  a  segurança,  evitando  furtos,  mal  uso,  garantindo  um  melhor cuidado para com os bens da empresa.  

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS  

A respeito do controle interno para o gerenciamento do ativo imobilizado os autores citados nesse artigo trazem em seus conceitos embasamentos bem relevantes e esclarecedores para os gestores levarem em consideração a importância deste grupo no desenvolvimento das atividades e na composição de  informações do  interesse da empresa. 

O artigo  traz uma abordagem sucinta dos cuidados que o controle no ativo imobilizado deve receber, tais como reconhecimento, mensuração, análise dos custos, depreciação, aplicação do impairment, obedecendo a legislação internacional a partir do  que  gere  o  Pronunciamento  Técnico  ‐  CPC27  que  trata  diretamente  com o  ativo imobilizado. 

Uma  organização  aplicando  as  nuancias  a  respeito  do  controle  dos  ativos imobilizados, implantando na empresa um setor de patrimônio para ser responsável por estes controles e observâncias da legislação, obterá vantagens competitivas a frente de outras  empresas que permanecem no  comodismo não acreditando na  relevância do ativo  imobilizado  para  composição  da  riqueza  da  empresa,  vantagens  como  saber  o valor real dos ativos na oportunidades de buscar empréstimos e receber investimentos, evitar compras de equipamentos que não contribuirão com os objetivos da empresa, mitigar  possíveis  erros,  fraudes  e  até  mesmo  o  furto  de  seus  ativos  imobilizados, contribuindo para o livramento de concordada e consolidando suas atividades para o futuro. 

  

REFERÊNCIAS  

ALMEIDA, Marcelo  Cavalcanti.  Auditoria:  um  curso moderno  e  completo.  8.  ed.  São Paulo: Atlas, 2012.   

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ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.  CENTRAL,  Planalto.  In:  __________.  Lei  Nº11.638,  de  28  de  dezembro  de  2007. Disponível  em:  <http://www.planalto.gov.br//ccivil_03/_ato2007/lei/l11638.htm>. Acesso em 30 de jun. 2016.  CPC,  Comitê  de  Pronunciamentos  Contábeis.  In:__. Pronunciamento  técnico  CPC  27 ativo  imobilizado.  Disponível  em:  <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos‐Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=58>. Acesso em: 28 de jun. 2016.  CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria contábil: teoria e prática. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013.  GUERRA, Luciano. A nova contabilidade: convergência ao padrão  internacional. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2015.  GURGEL, Floriano do Amaral; FRANCISCHINI, Paulino G. Administração de materiais e do patrimônio. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013.  IUDÍCIBUS, Sergio de (Org.). Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.  LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 5. ed. 4. reimpr. São Paulo: Atlas, 2010.  LONGO, Claudio Gonçalo. Manual de auditoria e revisão de demonstrações financeiras. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2015.  MALACRIDA,  Mara  Jane  Contrera  (Org.).  Fundamentos  da  contabilidade.  São  Paulo: Saraiva, 2011.  MENDES, Wagner. Manual do ativo imobilizado. 1.ed. São Paulo: IOB, 2012.  PADOVEZE,  Clóvis  Luís. Manual  de  contabilidade básica:  contabilidade  introdutória  e intermediária. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2014.  RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Intermediária. 4. ed. 2. reimp. São Paulo: Saraiva, 2014. RFB,  Receita  Federal  do  Brasileira.  In:_____________________________.  Instrução Normativa  SRF  162/98  –  Taxa  de  depreciação.  Disponível  em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=15004&visao=anotado>. Acesso em: 30 de Jun. 2016.  SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2013. 

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CONTROLE PATRIMONIAL E O DESCASO DAS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS.  

Rodrigo Carvalho da Silva18 Silfarnn Demétrio de Araújo19 

 RESUMO 

 Atualmente o tema controle patrimonial tem sido pouco abordado por parte do corpo administrativo das empresas, a escassez de materiais relatando a respeito do controle patrimonial  é  notória.  Uma  vez  que  a  contabilidade  brasileira  vem  passando  por profundas  alterações  em  sua  legislação,  com  adequação  ao  padrão  contábil internacional, e sendo o ativo imobilizado um dos itens inseridos nessa mudança, este estudo veem com o intuito de conscientizar as organizações para a importância de um controle patrimonial adequado. Sabe‐se que toda entidade visa  lucros, crescimentos, ampliação  de  seus  negócios,  consolidação  de  suas marcas  nos  diversos mercados,  o interno e o externo. O uso de capital de terceiros nas empresas para impulsionar suas atividades,  e  fazê‐la  ganhar  margens  competitivas,  cativando  seus  clientes  é  uma realidade no mercado competitivo nos dias de hoje, mas ter o retorno significativo dos seus dividendos nem sempre acontece. Talvez o erro dos empresários e administradores não  obterem  esse  retorno  considerável,  não  que  estejam  presentes  somente  nos gargalos de produção ou na logística de seus produtos/serviços, mas a inobservância no tratamento do controle patrimonial está fazendo com que a organização não consiga se desenvolver.  O  artigo  apresenta  vertentes  de  autores  em  relação  ao  controle patrimonial, bem como o ativo imobilizado que é o objeto de estudo, abordagens de métodos  para  aplicar  no  controle  dos  ativos  imobilizados  desde  sua  aquisição, depreciação e baixas realizadas, apontando as vantagens a serem alcançadas com um controle  patrimonial  adequado  e  possíveis  prejuízos  a  serem  adquiridos  com  o descumprimento do controle patrimonial em uma organização.   PALAVRAS‐CHAVES: Controle, Ativo Imobilizado, Relevância do Controle.  

ABSTRACT  

Currently the subject asset control has been less discussed by administrative body of corporations, the scarcity of materials has been reported about the asset control and the  equity  control  it’s  notorious.  Once  the  brazilian  accounting  standarts  has  been through  deep  transformations  in  its  legislation  trying  to  fit  international  account pattern, but also has been immobilized by one of the itens inserted in this change, this 

                                                            18 Pós Graduando do curso de Auditoria Contábil, Fiscal e Tributário da Faculdade La Salle Manaus. E‐mail: [email protected] 19 Mestre em Gestão e Auditoria Ambiental pela Faculdade Leon na Espanha. Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade São Lucas. Especialista em Informática na Educação pelo Centro Federal de Educação Tecnológica. E‐mail: [email protected]

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study has the goal to teach organizations the importance of a pattern when the subject it is equity control. It is known that every entity aims to profit, to increase, to expand the business, and to consolidate the brands in diferents markets, the external and the internal. The use of third‐party capital in the corporations to boost the activities and to make competitive margins, captivating their custumers it’s a reality nowadays, but have significant return if dividends doesn’t always happens. Maybe the error of businessmen and the administrators do not obtain such returns, also in the failure of asset control is causing the organization might not be able to develop. This article presents the aspects of its authors in a relation to asset control, as well the property which is the object of study,  approaches  to  apply  in  control  of  assets  restrained  from  your  acquisition, depreciation and  low held, pointing out the advantages to achieve with property the asset control, also possible losses to be acquired with the breach of equity control in a organization.  KEYWORDS: Control, Permanent assets, Control Relevance.   1. INTRODUÇÃO   

O mundo corporativo está cada vez mais competitivo,  sobreviver as crises e manter as empresas no patamar de concorrência garantindo seu sucesso requer o apoio de equipes engajadas  formando um time de valor. Para  isso as empresas necessitam contar com profissionais habilitados a desenvolverem seu trabalho da melhor maneira possível, possuindo um bom sistema integrado, ter políticas de controle interno, e seguir tais políticas buscando atender as necessidades da empresa.  

O artigo tem como problemática o controle patrimonial e o descaso dado pelas organizações.  

O objetivo geral desta pesquisa será demonstrar o controle patrimonial e sua relevância para as organizações. E como objetivos específicos, identificar a necessidade de se aplicar o controle patrimonial, verificar se está sendo usadas as normas do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), N°27 para melhor controle dos ativos, enfatizar o uso adequado do controle  interno no gerenciamento do ativo  imobilizado visando as vantagens  que  o  mesmo  oferece  a  entidade.  Além  disso,  é  dado  um  enfoque  nos descasos que algumas organizações dão sobre o controle patrimonial. 

O  estudo  justifica‐se  por  considerar  que  uma organização  sem um  controle interno principalmente no gerenciamento dos ativos, podem adquirir sérios problemas, nos registros contábeis da empresa, não estarão de acordo com a realidade em que ela vive. O ativo  imobilizado da empresa é um indicador que reflete se ela está saudável para receber investimentos de terceiros, e sendo empresa da modalidade S.A suas ações no mercado  financeiro  estarão  bem  valorizadas,  assim  aumentando  o  patrimônio  e mantendo seu valor no mundo organizacional.  

Traz como contribuição a nível acadêmico o enriquecimento das informações aos futuros profissionais que atuarão na gestão de controle patrimonial enfatizando o ativo imobilizado afim de oferecer dados confiáveis para consulta.  

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Para a sociedade visa assegurar informações de dados do controle patrimonial, com uma  conduta  adequada para  administrar  seus  negócios, mantendo  seus  nomes reconhecidos  no mercado  em  geral  e  proporcionando  ofertas  de  emprego  em  uma organização sólida.  

Em sua metodologia traz uma abordagem qualitativa e documental apoiada na análise  e  coleta  de  dados  a  partir  dos  registros  apresentados  pelas  organizações  e observação do desenvolvimento das atividades relacionadas ao ativo imobilizado.   2. DESENVOLVIMENTO  2.1. Controle, Controle Patrimonial E A Relevância Do Controle Nas Organizações.  

As organizações têm se deparado com um mercado cada vez mais competitivo, para acompanhar a evolução desse cenário é necessário um bom “jogo de cintura”, para isso  é  de  suma  importância  os  empresários  estarem  cercados  de  um  time  de  valor, apoiado  com  tecnologias  adequadas  para  o  desenvolvimento  das  atividades  de  seu negócio.  Contudo,  para  alcançar  esta  realidade  devemos  manter  o  controle,  pois  é indispensável,  quando  se  trata  de  controle  nas  organizações,  falamos  do  controle patrimonial, que compõem a riqueza da empresa, seu ativo imobilizado, a relevância do controle  nas  organizações  deve  ser  de  fundamental  interesse  de  seus  proprietários, afinal são eles que receberão o retorno em forma de lucro, mantendo assim seu negócio estabilizado  no mercado.  A  elaboração  de  controles  Patrimoniais  tem  como  objetivo evitar  o  abuso  de  poder,  o  erro,  a  fraude  e  principalmente,  a  falta  de  eficiência  e eficácia, que são  fundamentais para as empresas resguardem os seus ativos, e desta forma assegurem a fidelidade e integridade dos registros, através das demonstrações, de  informações  e  relatórios  contábeis,  conhecendo  efetivamente  a  realidade  da empresa, com esse procedimento estabeleçam e conheçam quais os compromissos da alta  direção,  para  que  orientem  e  estimulem  a  organização  na  sua  estrutura  e funcionalidade,  e  comuniquem  as  diretrizes  administrativas,  onde  os  controles patrimoniais servem como facilitador para a compreensão de todos na entidade. 

O controle patrimonial aborda um desmembramento de responsabilidades para  se  obter  um  controle  eficaz,  sua  abrangência  nos  níveis  estratégico,  tático  e  operacional,  assim  como  a  inserção  do  controle  em  cada  um  destes  níveis. O estratégico pensa no controle permanente e continuo voltado pra o  futuro, o tático  segue  à  risca  tudo  o  que  foi  planejado  e  o  operacional  formaliza  os  objetivos  e procedimentos  proposto.  Com  isso  teremos  uma  contabilidade  como  ferramenta  de controle e de uma importância significativa para ter tratamento de dados confiáveis que retratem um cenário claro da situação patrimonial e administrativa da empresa.   2.2. Controle  

A contabilidade traz em sua essência a preocupação com o controle dos dados empresariais, ou seja, o controle do Patrimônio. A apuração desses controles é realizada com a aplicação de técnicas dos fundamentos contábeis.  

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Segundo  Rios  (2013,  p.196),  controle  é  “verificação,  vigilância,  exame  de certos atos ou certos fatos; Orientação fiscalizadora”. 

De acordo com Attie (2012, p.148), “o controle interno compreende o plano de  organização  e  o  conjunto  coordenado  dos  métodos  e  medidas,  adotados  pela empresa, para proteger seu patrimônio, verificar a exatidão e a fidedignidade de seus dados  contábeis,  promover  a  eficiência  operacional  e  encorajar  a  adesão  à  política traçada pela administração”. 

Em consonância com as afirmativas acima Almeida (2012, p.63), destaca que “os  objetivos  podem  ser  classificados  como  controles  contábeis  e  controles administrativos”, exemplificados abaixo: 

Controles  contábeis:  sistema  de  conferencia,  aprovação  e  autorização; segregação de funções; controles físicos sobre ativos; auditoria interna. 

Controles administrativos: análises estatísticas de  lucratividade por  linha de produtos;  controle  de  qualidade;  treinamento  de  pessoal;  estudo  de  tempos  e movimentos; análise das variações dos valores orçados e os incorridos. 

Como vimos nos comentários acima, a contabilidade traz em sua essência a busca  pelo  controle  é  essencial  para  uma  boa  gestão,  podendo  ser  implantado  em qualquer área da empresa, para assim poder controlar melhor sua atividade. A função do controle e criar um padrão dentro da empresa, para que as pessoas envolvidas no processo possam seguir. Por tanto o objetivo maior de ser criar controles e alcançar as expectativas desejadas pela alta direção.  2.3 Controle Patrimonial  

De acordo com Ribeiro  (2013, p.15), “o patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa, avaliado em moeda”. 

O objetivo da contabilidade de acordo com Padoveze (2014, p.3), é “o controle do patrimônio, tal controle é feito através de coleta, armazenamento e processamento das informações oriundas dos fatos que alteram essa massa patrimonial”. 

Desse modo a contabilidade é uma ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, através de seus fundamentos pode dar confiabilidade nas demonstrações contábeis. 

No  Brasil,  a  contabilidade  vem  passando  por  um  processo  intenso  de mudanças, com a adoção gradativa das normas internacionais de contabilidade, as quais sofreram mudanças significativas e ainda continuam sendo alvo de novas alterações. Malacrida (2011, p.2). 

Mediante esse cenário de mudanças as organizações devem observar o que diz o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), importante órgão regulamentador que  atualmente  fez  convergência  da  contabilidade  brasileira  para  padrões internacionais. 

Num  sentido mais  completo Martins  e  Campos  (2011,  p.6)  afirmam  que  o “patrimônio  pode  ser  conceituado  como  conjunto  de  bens,  valores,  direitos  e obrigações de uma pessoa física ou jurídica que possa ser avaliado monetariamente e que seja utilizado na realização de seus objetivos sociais”. 

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Neste sentido Bernardes (2012, p.10) define controle patrimonial como “uma forma pela qual as organizações gerenciam todos os bens móveis e imóveis adquirido de  variadas  formas  (compra,  doação  etc.).  São  eles  os  mobiliários,  equipamentos, computadores,  veículos,  terrenos,  prédios,  entre  outros  e  que  são  utilizados  como recursos  para  que  essa  organização  atinja  seus  objetivos  ou  metas  planejadas  na execução de seus serviços ou linha de produção”. 

O controle patrimonial pode ser entendido como a administração dos bens e direitos  das  empresas,  registrado  adequadamente  de  acordo  com  as  normas estabelecidas pela empresa no intuito de preservar a confiabilidade no conhecimento dos itens de posse da organização. 

Um controle patrimonial bem estabelecido requer a aplicação de 03 etapas bem delineadas: 

A) Controle  administrativo:  Treinamento  de  pessoal,  implantação  de normas, procedimentos e políticas com o intuito de estabelecer maneiras de controle mediante a aplicação da legislação; 

B) Controle  Contábil:  Realização  dos  registros  dos  bens  como, reconhecimento, mensuração, depreciação, redução do valor recuperável, entre outros procedimentos afins; 

C) Controle  Físico:  Identificação  por  meio  de  plaquetas  ou  etiquetas eletrônicas, inventário, restrição ao acesso dos bens, auditorias internas. 

No controle patrimonial de uma organização, as realizações de tais princípios são feitas através da aquisição, depreciação, aplicação de baixa, transferência ou venda, codificação ou emplaquetamento do bem entre outros métodos para manter o controle do patrimônio.  

 2.3.1 Custos das Aquisições 

 Mendes (2012, p.21), afirma que o reconhecimento do ativo imobilizado dar‐

se‐á  “quando  forem prováveis os benefícios econômicos  futuros para a empresa em função  dele;  e  quando  seu  custo  puder  ser  mensurado  com  certo  grau  de confiabilidade”. 

Tal argumento vai de acordo com a nova CPC 27, item 7 na qual determina que o custo de um item de ativo imobilizado deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se: 

(a) for provável que futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão para a entidade e; 

(b) o custo do item puder ser mensurado confiavelmente. Quando se trata de confiabilidade sugere a comprovação fiscal por meio de 

nota  fiscal  descrevendo devidamente o  item,  data  de  aquisição,  seu  valor unitário  e impostos nele embutidos. 

Malacrida  (2011,  p.266),  declara  que  o  reconhecimento  inicial  de  um ativo imobilizado é “pelo custo, equivalente ao seu preço à vista na data da aquisição, se o prazo de pagamento excede os prazos normais de crédito, a diferença entre o preço à 

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vista e o total de pagamentos de ser reconhecida como despesa com juros durante o período”. 

Quanto a mensuração do ativo  imobilizado Malacrida  (2011, p.266),  sugere “que deve incluir os custos incorridos inicialmente para adquirir ou construir um item do ativo imobilizado e os custos necessários para que o ativo esteja em condições de uso no processo operacional da empresa”. 

Mendes  (2012,  p.21),  “um  item  do  imobilizado  deve  ser  inicialmente mensurado pelo seu custo”. Tal custo deve compreender os seguintes elementos: 

a) seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e  impostos não  recuperáveis  sobre  a  compra,  depois  deduzidos  os  descontos  comerciais  e abatimentos; 

b)  quaisquer  custos  diretamente  atribuíveis  para  colocar  o  ativo  no  local  e condição necessárias para o mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração; 

c) a estimativa  inicial dos custos de desmontagem e  remoção do  item e de restauração  do  local  (sítio)  no  qual  este  está  localizado.  Tais  custos  representam  a obrigação em que a entidade incorre quando o item é adquirido ou como consequência de  usá‐lo  durante  determinado  período  para  finalidades  diferentes  da  produção  de estoque durante esse período. 

Segundo o Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado (item15), “um item do ativo imobilizado que seja classificado para reconhecimento como ativo deve ser mensurado pelo seu custo”. 

Fica bem esclarecido que tais custos não se tratam apenas do preço unitário do item, como antes se fazia, hoje pode‐se incorporar ao custo do item desde o gasto com o frete para fazer o mesmo chegar a empresa, até desembolso com a montagem do equipamento afim de deixa‐lo pronto para o uso. 

 2.3.2 depreciações 

 Depreciar significa quantificar a parcela pelos desgastes naturais que o bem 

sofre ao logo do seu uso, isso gera uma diminuição na composição do seu valor. Segundo Viceconti e Neves (2013, p.93), “depreciação representa o desgaste 

ou a perda da capacidade de utilização (vida útil de bens tangíveis ou físicos pelo uso, por causas naturais ou por obsolescências tecnológicas)” 

Ribeiro  (2014,  p.240),  “depreciação  é  a  alocação  sistemática  do  valor depreciável de um ativo ao logo da sua vida útil”. 

Vida útil nesses termos significa o tempo que aquele item terá serventia para auxiliar o desenvolvimento das atividades operacionais da organização. 

Nas organizações faz‐se necessário depreciar o bem para este apresentar um valor de acordo com seu desgaste, assim, tributando a parcela referente ao desgaste pelo seu uso. 

A Contabilização dar‐se‐á pelo reconhecimento a débito de uma despesa ou custo  em  contrapartida  com o  credito  em uma  conta  retificadora  do  ativo.  Velter  e Missagia (2011, p.377), conforme quadro abaixo. 

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2.3.3 baixas por vendas ou transferências   Mendes  (2012,  p.  83  apud  Pronunciamento  Técnico  CPC  27  e  a  Norma 

Internacional IAS 16), “o valor contábil de um item do ativo imobilizado deve ser baixado por  ocasião  de  sua  alienação;  quando  não  há  expectativa  de  benefícios  econômicos futuros com a sua utilização ou alienação”. Ainda segundo o Mendes, os ganhos e perdas decorrentes  da  baixa  de  um  item  do  ativo  imobilizado  devem  ser  reconhecidos  no resultado de sua competência. 

De acordo com Ribeiro (2014, p.233), “os bens do ativo imobilizado podem ser baixados em decorrência de alienação (venda, desapropriação, perecimento, extinção, desgastes,  obsolescência,  exaustão,  liquidação  ou  ainda  quando  não  houver expectativas de benefícios econômicos futuros com sua utilização ou alienação)”. 

Quando  um  item  não  apresentar  mais  expectativas  de  benefícios  para  a entidade, ela pode se dispor do bem através da baixa e sua contabilização, seja por meio de venda ou transferência para outra entidade.  2.3.4 Controle Físico 

 Mendes (2012, p.105), destaca que “na maioria das empresas, o controle de 

bens do ativo imobilizado é feito mediante a afixação de plaquetas de identificação, às 

Quadro 1 - Contabilização

(1) 6.000,00 6.000,00 (2) 6.000,00 (1)

30.000,00 (2) 6.000,00

No Balanço Patriminial

Ativo Circulante

Imobilizado

Veiculos 30.000,00

(‐) depreciação Acumulada Veiculos (6.000,00)

Fonte: Velter e Missagia, (2011).

Despesa de Depreciação Depreciação Acumulada

Veiculos Resultado do Exercicio

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quais  são  atribuídos  números  que  obedecem,  tão  somente,  à  ordem  cronológica  de aquisição”. 

Malacrida  (2011,  p.308),  ressalta  para  a  importância  do  controle  físico “também  deve  haver  o  controle  físico  do  imobilizado  para  verificar  se  este  é  de propriedade da empresa ou de terceiros, assim como sua existência e o estado em que se encontra”. 

O controle físico é essencial para assegurar que os bens da empresa estejam realmente  em  seu  poder,  dentro  dos  departamentos  ao  qual  foi  designado  para desempenho das atividades. É recomendável que a entidade faça de tempo em tempo levantamento de seus ativos através de inventário patrimonial e inventário físico. 

Crepaldi (2013, pg.477), chama a atenção quanto ao acesso ao ativo afim de atender um controle  físico “a empresa deve  limitar o acesso dos  funcionários a seus ativos e estabelecer controle físico sobre esses”. Cabe destacar que o acesso aos ativos pode  se  dar  de  forma  direta  (fisicamente)  ou  indireta,  por  meio  da  preparação  de documentos que autorizam sua movimentação. 

Alguns exemplos de controles físicos: 

Local fechado; 

Ativos identificados com etiquetas ou placas numeradas; 

Documentos assinados com autorização para circulação do ativo; 

Inventario físico periódico; 

Controle de baixa dos bens; 

Termo de responsabilidade pela guarda dos bens, dentre outros.  

2.4. A Relevância Do Controle Patrimonial Nas Organizações  

Segundo Pereira (2012, p.23 apud Futida 2011, p.29), “o controle elaborado de  forma  planejada,  proporcionará  os  seguintes  benefícios:  no  patrimônio  de  uma empresa  trará  como  benefícios:  a  manutenção  do  patrimônio  em  boa  ordem, manutenção  e  controle  de bens  produtivos  e  administrativos  que  possam atender  a empresa  de  forma  racionalizada,  proteção  do  capital  pela  mau  uso  dos  bens, minimização  da  carga  tributária  pela  recuperação  de  impostos,  adequação  do imobilizado técnico com melhoria da capacidade produtiva”. 

O  CPCON  (2016),  aponta  alguns  pontos  de  benefícios  em  se  aplicar  a reavaliação e o controle patrimonial nas empresas são eles: 

Uma  relação  sempre  atualizada  do  inventário  dos  bens  favorece  as empresas em momentos de venda desses bens e também fusões, pois estes estarão com seu valor real; 

Melhor controle da depreciação, garantindo deduções fiscais corretas, fazendo a empresa economizar com impostos; 

Obter maiores garantias bancarias: a realização do laudo de avaliação patrimonial  por  um  profissional  qualificado  garante  uma  solidez  da  definição  do patrimônio e o aumento do patrimônio líquido. 

Analisando estes pontos a empresa certamente buscará manter um controle dos ativos  imobilizados, sua visão quanto ao valor de seus bens serão outros a partir 

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desse estudo. Uma empresa não cresce apenas fabricando e vendendo seus serviços e produtos,  a  manutenção  interna  da  organização  é  a  mola  mestra  para  o desenvolvimento empresarial e solidez no mercado competitivo. 

Ainda no gancho da importância do controle patrimonial, quanto ao auxílio de softwares uma explanação interessante é de Martins e Campos (2011, p.151): 

     O sistema de planejamento e controle normalmente utilizado no  gerenciamento  de  empreendimento  é,  sem  dúvida,  a essência da metodologia. Não fora o advento desse sistema, baseado no desenvolvimento das técnicas do caminho críticos, seria,  para  o  gerente  de  empreendimentos,  muito  difícil  o controle,  que  as  vezes  atinge  centenas  de  atividades  inter‐relacionadas que ocorrem simultaneamente.  

 Ressaltando essa importância para o controle do patrimônio, seja os itens do 

ativo imobilizado que é a principal análise deste artigo, com a implantação de sistemas de  gerenciamento,  inclusive  para  micro  e  pequenas  empresas,  as  vantagens  são inestimáveis, pois o administrativo da empresa contará com o apoio de  informações filtradas com margem de erro bem pequena. É claro que para isso é necessário também pessoas bem treinadas no manuseio operacional para alimentar este sistema. 

Adail  (2014),  em  seu  artigo  12 dicas  importantes  para melhorar  o  controle patrimonial,  faz  abordagem de dicas  valiosas para aumentar o  controle dos  bens do ativo imobilizado, são elas: 

1. Atribua  responsabilidades  internas:  Em  linhas  gerais,  é  importante atender 3 graus de responsabilidade (controle, salvaguarda e uso); 

2. Conheça a legislação pertinente: O pronunciamento contábil referente ao ativo imobilizado é o CPC‐27, que é uma interpretação da norma internacional IAS 16; 

3. Classifique as contas corretamente no Balanço Patrimonial; 4. Controle os bens de forma individualizada; 5. Avalie corretamente os custos; 6. Fique  atento  ao  tratamento  contábil  de  softwares  ligados  ao 

imobilizado; 7. Mensure os eventos ocorridos que possam impactar os ativos; 8. Controle os tributos a recuperar; 9. Tenha atenção redobrada aos materiais destinados à obras; 10. Controle as peças de reposição de equipamentos; 11. Efetue inventários periódicos de forma independente; 12. Elabore um manual de normas e procedimentos.  

2.5. Descaso No Controle Patrimonial  

É  muito  comum  se  deparar  com  empresas  que  não  efetuam  o  controle patrimonial, empresas de pequeno e médio porte são as mais frequentes, mas existem 

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organizações  de  grande  porte  que  negligenciam  a  importância  do  controle  do patrimônio e acabam adquirindo prejuízos, até mesmo abrindo concordata. Geralmente administradas por seus próprios donos que não visam à  importância da aplicação de sistema de integração, mão de obra qualificada, segregação nos setores e controle de seus bens. 

De acordo com o Site Guia da Carreira (O Controle Patrimonial e as Empresas, 2016), “O fato é que a grande maioria dos profissionais de administração de empresas desconhece   o valor verdadeiro das empresas que gerenciam”. 

O  CPCON  (2016),  faz  uma  abordagem  fundamental  quanto  ao negligenciamento do controle do patrimônio, e destaca alguns deles: 

O  não  registro  de  um  determinado  bem  na  contabilidade  pode caracterizar  em  alguns  casos  omissão  de  receita.  Omissão  de  receita  no  Brasil  é considerada uma contravenção que pode gerar um processo de autuação fiscal; 

Além  dos  problemas  fiscais,  pode  também  trazer  problemas  como desvio, desaparecimento e até furto; 

Outro  caso que pode ocorrer  é  a  defasagem do  ativo  imobilizado  da empresa.  Como  os  imóveis  não  estão  sendo  constantemente  reavaliados,  pode acontecer que seu valor aumente e a contabilidade não tome conhecimento. No caso de uma venda ou fusão por exemplo: o comprador pode pagar um preço menor que o valor real do imóvel. 

O Descaso quanto ao controle do patrimônio de uma organização de acordo a abordagem  acima  pode  ser  uma  catástrofe,  abrindo  margem  para  recebimento  de multas, fiscalizações frequentes por órgãos reguladores, prejuízos no momento de uma venda, desconfiança no mercado, deixando a empresa sem credibilidade e o receio de impotencialidade quanto à segurança de seus bens. 

Em uma outra linha de análise quanto ao descaso com o controle patrimonial pode‐se destacar inobservância na aquisição de bens patrimoniais. 

Para  Martins  e  Campos  (2011),  “bens  patrimoniais,  como  equipamentos, merecem  atenção  especial  dos  gestores,  em  face  da  sua  complexidade  que, muitas vezes, exige estudos detalhados”. Martins e Campos complementam dizendo “não é fácil  chegar  a  uma  conclusão  firme  sobre  as  vantagens  e  desvantagens  de  um equipamento  em  relação  a  outro  concorrente,  havendo  somente uma oportunidade para se acertar. O erro pode levar a empresa à falência”. 

Não  há  dúvidas  que  a  falta  de  controle  no  momento  da  compra  de  bens patrimoniais,  pode  trazer  serias  consequências  à  empresa.  Se  não  forem  levantados estudos a respeito do equipamento, não saberá se este terá um emprenho favorável no desenvolvimento das atividades da organização. 

 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS  

O estudo foi desenvolvido com o intuito de oferecer um material relevante a respeito  do  controle  patrimonial,  com  abordagens  conceituadas  por  autores conhecedores  dos  fundamentos  contábeis,  dando  um  suporte  fidedigno  para  a 

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realidade  do  que  é  o  controle  patrimonial,  demonstrando  sua  importância  e consequências da não aplicabilidade nas organizações. 

O patrimônio em si é um conjunto de valores que somado a outros formam o bem maior da entidade, devendo ter um tratamento especial e apurado, uma base de dados  consistente  de  forma  organizada,  concisa  e  sistemática  do  ativo  imobilizado, propiciando  controle  sobre  os  investimentos  futuros,  reduzindo  custos  e  gerando benefícios  a  entidade.  É  comum encontrarmos nas organizações deficiência  em uma área  tão  importante  como  a  gestão  de  ativos  imobilizados,  por  isso  é  importante conscientizar  seus  gestores  quanto  a  sua  relevância.  O  sucesso  no  controle  está diretamente relacionado com o grau de envolvimento do seu gestor. O perfil deve ser de criticidade na busca de eventuais ocorrências que prejudique a atividade operacional da  empresa,  e  ao  mesmo  tempo  possua  bom  senso  na  resolução  dos  problemas encontrados no dia a dia. 

Este artigo apresenta relevância a respeito do controle patrimonial, com foco nos ativos imobilizados e ajuda a evidenciar a importância do controle do patrimônio, a fim de evitar fraudes e erros e reduzindo custos. 

  

REFERÊNCIAS  

ADAIL,  Willians.  In:____________________________.  Comunidade  ADM.:  12  Dicas Importantes  para  Melhorar  o  Controle  Patrimonial.  Disponível  em: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/12‐dicas‐importantes‐para‐melhorar‐o‐controle‐patrimonial‐cpc27‐ativo‐imobilizado/76051>.  Acesso  em  17  de Ago.2016.  ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.  BERNARDES, José Francisco. Administração patrimonial. 1. ed. Florianópolis: Imprensa Universitária, 2012  CARREIRA, Guia da.  In:_________. O Controle Patrimonial e as Empresas. Disponível em:  <http://www.guiadacarreira.com.br/educacao/controle‐patrimonial‐empresas/>. Acesso em 16 de Ago. 2016.  CPC,  Comitê  de  Pronunciamentos  Contábeis.  In:__. Pronunciamento  técnico  CPC  27 ativo  imobilizado.  Disponível  em:  <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos‐Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=58>. Acesso em: 28 de Jun. 2016.  CPCON,  Soluções  Corporativas.  In:__________________.  Controle  Patrimonial  nas Empresas:  Por  que  fazer?  Disponível  em:  <http://www.cpcon.eng.br/gestao‐patrimonial/gestal/controle‐patrimonial‐porque‐fazer/>. Acesso em:16 de Ago. 2016.  

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CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria contábil: teoria e prática. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013.  MALACRIDA, Mara  Jane  Contrera  (Org.). Fundamentos  da  Contabilidade.  São  Paulo: Saraiva, 2011.  MARTINS. Petrônio G.; CAMPOS. Paulo Renato. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. 3. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2011.  MENDES, Wagner. Manual do ativo imobilizado. 1. ed. São Paulo: IOB, 2012.   PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de Contabilidade Básica: contabilidade introdutória e intermediária. 9. ed. 2. reimp. São Paulo: Atlas, 2014.  PEREIRA,  Paulo  Antônio.  In:________.  TCC  –  Implantação  de  Controle  do  Ativo Imobilizado:  adequação  às  novas  leis  contábil.  Belo Horizonte,  2012. Disponível  em: <http://www.sinescontabil.com.br/monografias/artigos/IMPLANTACAO‐DE‐CONTROLE‐ATIVO‐IMOBILIZADO.pdf>. Acesso em: 28 de Ago. 2016.  RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.  RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Intermediária. 4. ed. 2. reimp. São Paulo: Saraiva 2014.  RIOS, Dermival Ribeiro. Grande Dicionário Unificado da Língua Portuguesa. São Paulo: DCL, 2013.  VELTER, Francisco; Missagia. Luiz Roberto. Manual de contabilidade: teoria e mais de 650 questões. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. VICECONTI, Paulo Eduardo Vilchez; NEVES, Silvério das. Contabilidade avançado e análise das demonstrações financeiras. 17. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2013  

 

 

 

 

 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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NORMAS EDITORIAIS  

A  Revista  Científica  AMAZÔNIA,  VIDA  E  CONHECIMENTO  de  orientação pluralista, publica trabalhos científicos de colaboradores nacionais ou internacionais que  apresentem  contribuições  originais  relacionadas  às  diversas  áreas  do conhecimento contempladas pela mesma. 

 CONSELHO EDITORIAL 

 Editor Responsável Prof. Dr. Alvimar D’Agostini – FSC (Faculdade La Salle – Manaus) Profº Dr. Cledes Atonio Casagrande (Centro Universitário La Salle ‐ Canoas) Profº Dr. Dércio Luiz Reis (Universidade Federal do Amazonas / FAPEAM) Profª Dra. Jussará Gonçalvez Lummertz (Faculdade La Salle ‐ Manaus) Profº Dr. Luis Fernando Garcés Giraldo (Universidad La Salle, Medellín ‐ Colômbia) Profº Dr. Manuel Javier Amaro Barriga (Universidad La Salle de México) Profº Dr. Paulo Fossatti (Centro Universitário La Salle ‐ Canoas) Profº Dr. Rosseval Galdino Leite (INPA ‐ Manaus) Profª Dra. Sandra Beltran Pedreros (Faculdade La Salle ‐ Manaus) Profº Dr. Wagner Cabral Pinto (IDAAM ‐ Manaus)  Av. Dom Pedro I, N° 151, Bairro Dom Pedro, Manaus (AM), CEP: 69.040‐040 Fone: 

(92) 3655‐1200.  E‐mail: [email protected]  POLÍTICAS  • Foco do Periódico 

 Amazônia, Vida e Conhecimento é uma publicação científica interdisciplinar da 

Faculdade La Salle Manaus (AM), Brasil, que se propõe divulgar a produção científica de  qualidade  e  de  relevância  social  desenvolvida  por  acadêmicos  dos  cursos  de graduação e pós‐graduação, professores e pesquisadores de diferentes Instituições de ensino e pesquisa, nacionais e  internacionais, sob a  forma de artigos,  revisões, resenhas, resumos   e notas científicas, com o objetivo de promover o progresso da ciência  e  da  tecnologia,  propiciando  um  diálogo  entre  os  diferentes  campos  da educação  profissional.  São  particularmente  bem‐vindas  as  contribuições  que realizam interface com a tríade Amazônia, Vida e Conhecimento. 

 • Regulamento para a publicação 

 Os textos submetidos à revista são avaliados por membros do Conselho Editorial e 

por dois pareceristas ad hoc, através do Sistema de Apreciação Sigilosa por Pares. Os avaliadores seguirão os critérios estabelecidos nas diretrizes de avaliação da revista e dispõem  de  autoridade  plena  para  decidir  pela  publicação.  No  caso  de  aceite  com 

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reservas,  a  publicação  estará  condicionada  à  alteração  do  texto  com  relação  aos comentários  recebidos  pelos  avaliadores.  Independentemente  da  decisão  sobre publicação a equipe editorial enviará ao autor retorno sobre avaliação de seu texto. 

Os artigos que necessitam correções são encaminhados aos autores para revisão. A versão corrigida deve ser encaminhada ao Editor no prazo de quinze dias (15 dias). Uma  carta  de  encaminhamento  deve  detalhar  as  correções  efetuadas.  Nessa  carta, recomendações não incorporadas ao texto devem ser explicadas. 

 • Periodicidade  

 A Revista Científica Amazônia, Vida e Conhecimento é de periodicidade semestral 

e aceita artigos em fluxo contínuo, exclusivamente pelo e‐mail indicado na Revista, nos idiomas português, inglês e espanhol. 

 • Política de acesso 

 A revista parte do princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento 

científico  ao  público  proporciona  a  democratização  do  mesmo,  o  enriquecimento cultural e desenvolvimento científico e tecnológico. Por isso adota a política de acesso livre ao seu conteúdo. 

 Normas para a publicação  

 Como  parte  do  processo  de  submissão,  os  autores  são  obrigados  a  verificar  a 

conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores. 

1. O arquivo de submissão deve estar em formato Microsoft Word, Open Office ou RTF e ter, no máximo, 2 MB. A fonte deve ser Times New Roman, tamanho 12, espaço duplo. As páginas devem estar configuradas em tamanho A4, com margens  de  3  cm.  As  páginas  e  as  linhas  devem  ser  numeradas  de  forma continua. 

2. O artigo deve ser acompanhado de uma carta de submissão indicando que: 

a) os dados contidos no trabalho são originais e precisos;  

b) todos os autores participaram do trabalho de forma substancial e estão preparados para assumir responsabilidade pública pelo seu conteúdo;  

c) a  contribuição  apresentada  à  Revista  não  foi  previamente  publicada  e nem está em processo de publicação,  no  todo ou em parte,  em outro veículo de divulgação;  

3. A extensão máxima para artigos e revisões é de 30 páginas (ou 7500 palavras, excluindo a folha de rosto), dez páginas (2500 palavras) para Notas Científicas e cinco páginas para outros tipos de contribuições. 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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4. Citações devem ser feitas conforme o sistema autor‐data. 

a) Citações diretas curtas (até 3 linhas) devem ser apresentadas com “aspas duplas”, no corpo do texto, seguidas da indicação da fonte (Autor, ano, p.). 

b) Citações diretas  longas  (mais de 3  linhas)  devem  ser  apresentadas em fonte  tamanho 10, espaço  interlinear 1,0 e  recuo de 4  cm na margem esquerda, seguidas da indicação da fonte (Autor, ano, p.). 

c) Citações no texto com um autor (Sabedot, 2006); dois autores (Prata e Locatelli,  2006);  três  ou mais  autores  (Silva  et  al.,  1999).  No  caso  dos nomes dos autores fazerem parte da frase, apenas o ano da publicação deve vir entre parênteses. Quando houver, no mesmo ano, mais de um artigo de mesma autoria, deve‐se acrescentar  letras minúsculas após o ano  (ex.:  Corseiul  et  al.,  2000a;  2000b).  Quando  houver mais  de  uma citação dentro de um mesmo parêntese, estas devem ser apresentadas em ordem cronológica (ex.: Bacon, 1984; La Salle, 1988; Lise et al., 1993; Souza et al., 2000). 

5. Referências Bibliográficas devem ser apresentadas no final do texto em ordem alfabética de autor. Se a referência está disponível na internet o endereço de acesso (URL) deve ser informado. Todos os autores da obra devem  ser  citados.  As  citações  de  trabalhos  publicados  em  eventos científicos não poderão ultrapassar 10% do total de referências citadas. Não serão aceitas citações de resumos ou de relatórios não publicados.  

6. Figuras e tabelas deverão já estar inseridas no texto. 

a) Tabelas:  deverão  ser  numeradas  consecutivamente  com  algarismos arábicos  e  antecedidas  pelo  título.  Deverão  apresentar  legendas explicativas e estar de acordo com as normas de apresentação tabular. São permitidas até cinco tabelas por artigo. Utilizar espaço simples e a função “tabela” para digitar a tabela. As tabelas podem ser carregadas como arquivos separados OU inseridas no corpo do manuscrito. 

b) Figuras:  gráficos,  fotografias,  desenhos,  esquemas,  fórmulas, modelos, etc., deverão ser acompanhadas de legendas explicativas, estar inseridas no texto e ser numeradas consecutivamente em algarismos arábicos. São limitadas a sete em artigos. Cada figura deve ser carregada em arquivo separado  e  estar  em  formato  gráfico  (JPG  ou  TIFF).  Deve  ser  de  alta qualidade e com resolução de 300 dpi. Para  ilustrações em bitmap, uti lizar 600 dpi. 

7. Formato e Estilo do artigo a ser entregue 

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a)  Folha  de  rosto:  Esta  página  deve  conter  o  título,  nome  completo  (sem abreviaturas),  endereços  institucionais  completos  e  endereços eletrônicos  dos  autores.  Os  nomes  das  instituições  não  devem  ser abreviados. Usar um asterisco (*) para indicar o autor correspondente.  

Título: Centralizado, com a primeira letra maiúscula. Deverá estar de acordo com o conteúdo do artigo, levando em consideração o caráter da revista, com, no máximo, 20 palavras. 

Título em uma segunda língua: versão do título em inglês ou espanhol (caso o artigo tenha  sido  redigido  em  inglês  ou  espanhol,  deve  ser  uti  lizada,  obrigatoriamente,  a versão em português). 

Autor(es): nome por extenso, sem abreviaturas, centralizado. Para vários autores, todos  os  nomes  em  sequência  separados  por  vírgula  e  número  em  sobrescrito  para indicar a filiação Institucional.  

Filiação  institucional:  indicar  titulação,  departamento,  instituto  ou  faculdade  e universidade ou instituição de vínculo, endereço completo e e‐mail de contato. 

b)  Corpo  do  manuscrito.  O  corpo  do  manuscrito  deve  ser  organizado  da seguinte  forma:  Título,  Resumo,  Palavras‐Chave,  Introdução, Desenvolvimento (onde poderão constar Procedimentos Metodológicos, Discussão e Resultados), Considerações Finais, Referências Bibliográficas, Legendas de  figuras e Tabelas. Para  submissões em  língua estrangeira, incluir título, resumo e palavras‐chave em português; artigos em língua portuguesa  ou  espanhola,  incluir  título,  resumo  e  palavras‐chave  em inglês.  

As  Notas  Científicas  são  redigidas  separando  os  tópicos  (isto  é:  Introdução, Procedimentos Metodológicos, Discussão e Resultados) em parágrafos, mas sem incluir os títulos das seções. Notas Científicas, como no caso do artigo, também devem conter: Título, Nomes e endereços institucionais e eletrônicos dos autores, Resumo, Palavras‐Chave e os tópicos do artigo completo incluindo título em inglês, abstract e keywords. São permiti das até três figuras e duas tabelas. 

Título: Centralizado, com a primeira letra maiúscula. Deverá estar de acordo com o conteúdo do artigo, levando em consideração o caráter da revista, com, no máximo, 20 palavras. 

Resumo:  deverá  conter  entre  150  e  250  palavras,  e  consistir  na  apresentação concisa de cada parte do trabalho, destacando objetivo(s), metodologia, resultados e conclusões.  Parágrafo  único  escrito  em  tamanho  de  fonte  11  e  espaço  entre  linhas simples. 

Palavras‐chave: entre 3 a 5 palavras ou expressões curtas que identifiquem o conteúdo do artigo. Utilizar, preferencialmente, palavras‐chave que não façam parte do título. 

Abstract: Versão do resumo para a língua inglesa. Caso o trabalho seja escrito em inglês, deve constar um resumo em português. 

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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Keywords: Palavras‐chave em inglês. Tal como no item anterior, se o trabalho for escrito em inglês, deverão ser apresentadas palavras‐chave em português. 

Introdução: Enfatizar o propósito do trabalho e  fornecer, de forma sucinta, o estado  do  conhecimento  sobre  o  tema  em  estudo.  Especificar  claramente  os objetivos ou hipóteses a serem testados. Não incluir resultados ou conclusões e não utilizar subtítulos na Introdução. 

Desenvolvimento: Esta seção deve ser organizada cronologicamente e explicar os procedimentos realizados, de tal modo que outros pesquisadores possam repetir o  estudo.  O  procedimento  estatístico  utilizado  deve  ser  descrito  nesta  seção. Procedimentos‐padrão devem ser apenas referenciados. As unidades de medidas e as suas abreviações devem seguir o Sistema Internacional. Equipamento específico utilizado  no  estudo  deve  ser  descrito,  indicando  o modelo. Material  testemunho (amostra  para  referência  futura)  deve  ser  depositado  em  coleção  científica  e informado no manuscrito. 

Aspectos  éticos  e  legais:  Para  estudos  que  exigem  autorizações  especiais (Comitê de Ética ‐ CONEP, IBAMA, CNTBio, INCRA/FUNAI, EIA/RIMA, outros) informar o  número do protocolo  e  a  data  de  aprovação.  É  responsabilidade  dos  autores  o cumprimento da legislação específica relacionada a estes aspectos. 

A discussão deve ter como alvo os resultados obtidos. Evitar mera especulação. Entretanto,  hipóteses  bem  fundamentadas  podem  ser  incorporadas.  Apenas referências  relevantes  devem  ser  incluídas.  As  conclusões  devem  conter  uma interpretação  sucinta  dos  resultados  e  uma  mensagem  final  que  destaque  as implicações científicas do trabalho. As conclusões podem ser apresentadas como um tópico separado ou incluídas no final da seção Discussão. 

Considerações  Finais/Conclusão:  As  conclusões  e/ou  resultados  devem apresentar os dados obtidos com o mínimo julgamento pessoal. Não repetir no texto toda a informação contida em tabelas e figuras. Não apresentar a mesma informação (dados) em tabelas e figuras simultaneamente. 

Referências  Bibliográficas:  Todos  os  autores  da  obra  devem  ser  citados.  As citações de trabalhos publicados em eventos científicos não poderão ultrapassar 10% do  total  de  referências  citadas.  Não  serão  aceitas  citações  de  resumos  ou  de relatórios não publicados. Veja os exemplos: 

a) Livro 

LEITÃO, M. 2011. La Saga Brasileira. A longa luta de um povo por sua moeda. Rio de Janeiro: Record, 476p. 

b) Capítulo de Livro 

SABEDOT, S. 2006. A sustentabilidade dos recursos naturais não renováveis. In: S.  Sabedot;  A.  Toaldo;  R.  Penna.  (Org.).  Conhecimento,  Sustentabilidade  e Desenvolvimento Regional. Canoas: Unilasalle, p. 107‐121. 

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c) Artigo 

CROCHÍK, L.; FRELLER, C. C,; DIAS, M.A.L.; FEFFERMANN, M.; 4NASCIMENTO, R. B.; CASCO, R. 2009. Atitudes de professores em relação à educação inclusiva. Psicologia, Ciência e Profissão, 29(1): 40‐59. 

d) Tese ou Dissertação 

BELTRAN‐PEDREROS, S. 2012. Mercúrio em componentes bióticos e abióticos em ecossistema  de  várzea,  Lago  Manacapuru,  Amazônia  central.  Tese  (Doutorado  em Ciências Pesqueiras nos Trópicos) Universidade Federal do Amazonas, 108p. 

e) Publicação Eletrônica 

NORRBOM, A. L. Fruit fly (Diptera: Tephritidae) faunal statistics. Disponível em: Acesso em: 12 dez. 2001. 

f) Trabalho em Evento 

SILVA,  R.N.;  OLIVEIRA,  R.  1996.  Os  limites  pedagógicos  do  paradigma  da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPE, 4, 1996,  Recife,  PE.  Anais  (on‐line),  Recife,  UFPE‐PROPESQ,  1996.  Disponível: http://www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. 

g) Documento Técnico 

WITT, P. B. R. (Coord.). 2008. Plano de Manejo: Unidade de Conservação Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger. Porto Alegre: SMAM, 221p. 

 

 

 

 

    

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 REVISTA CIENTÍFICA AMAZÔNIA, VIDA E CONHECIMENTO 

 

 

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DECLARAÇÃO DE DIREITO AUTORAL  

Ao Conselho Editorial 

Eu,_____________________________________________________________, autorizo a publicação do texto (citar o título) na Revista Científica Amazônia, Vida e Conhecimento, de minha autoria/responsabilidade, caso seja aceito para publicação. Declaro que esta contribuição é original, que não está sendo submetida a outro editor para publicação e que os direitos autorais sobre ela não foram anteriormente cedidos à outra pessoa, física ou jurídica.  

Declaro que  transfiro  à Revista o direito de publicação na  versão  impressa e digital,  não  podendo  reclamar,  em  qualquer  época  ou  sob  qualquer  pretexto, qualquer remuneração ou indenização. 

Assim sendo, firmo que a presente declaração é expressão absoluta da verdade e me responsabilizo  integralmente, em meu nome e de eventuais coautores, pelo material apresentado.  

1. Nome completo: ____  

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DAS RESPONSABILIDADES DO(S) AUTOR(ES)  

As afirmações e opiniões expressas nos artigos são de inteira responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Conselho Editorial responsável pela publicação da Revista Científica Amazônia, Vida e Conhecimento. 

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