Revista coaching brasil edicao 27 ago 2015 gratis

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Revista Coaching Brasil Ed. 27 agosto 2015 Edição grátis para degustação. Para assinar acesse http://revistacoachingbrasil.com.br/assine/escolha-o-plano

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Editorial

Caro leitor,

o ser humano adora delimitar temas, assuntos, conceitos, regiões, países e, com o Coaching não poderia ser diferente.Por isso, esta edição está dedicada a discutir as fronteiras do coaching. Onde se inicia o território Coaching e onde ele termina, dando início a outro território, distinto dele?Neste desafio, fomos buscar pessoas especiais para contribuir com nossas reflexões. Káritas Ribas, habitualmente presente em nossas páginas, Maria Angélica Carneiro, que também já nos brindou com grandes textos e Amilton Aires, que estréia em nossas páginas. Cada um trará uma abordagem distinta para o tema. Esperamos que você desfrute deste rico material preparado com muito carinho.

Esta edição também dá início a uma nova seção: Coaching de Carreira, sob a batuta de Maurício Sampaio, coach especializado em carreira, um dos principais formadores de profissionais nesta área.Nosso leque de seções está se ampliando, seguindo um cuidadoso planejamento.

Eliana Dutra segue com a seção Papo Rápido, abordando de forma direta um ponto importante.

Ana Paula Barros estréia na já consagrada seção “Eu, cada vez melhor”, com uma provocação muito interessante. Ana Paula chamou nossa atenção com seus textos na internet. Com extremo bom humor, aborda questões complexas com leveza, incluindo sacadas inesperadas.

Marcello Árias continua nos trazendo riquíssimo material sobre Filosofia, ampliando nossa visão sobre como o homem foi elaborando seu pensamento através dos séculos. Desta vez, Spinoza. O filósofo dos afetos. Sabedores que somos da importância que as emoções tem sobre nossas decisões, será interessante refletir novamente se quem comanda nosso agir é o racional ou o emocional. Façam suas apostas.

Tenha uma excelente leitura,

Luciano Lannes Editor

Luciano LannesEditor

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ExpedienteRevista Coaching Brasil

Publicação mensal da

Editora Saraswati

ano III – num. 27 – Agosto 2015

Diretor e Publisher

Luciano S. Lannes

[email protected]

Projeto gráfico e editoração

Estúdio Mulata

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www.estudiomulata.com.br

Projeto de Site

Mind Design

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Editora Saraswati

www.editorasaraswati.com.br

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Coaching Brasil estarão disponíveis no site

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dos autores.

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são de idéias e conceitos.

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6 Um Outro Olhar - Cláudia MIranda Gonçalves

8 Papo Rápido - Coach, que líder é este? - Eliana Dutra

10 Dossiê - O que cai dentro do foco do Coaching - Maria Angélica Carneiro

14 Dossiê - Cuidado com o Furor Curandis - Amilton Aires

18 Dossiê - As fronteiras do Coaching - Káritas Ribas

22 Coaching Executivo - Coaching Executivo e o paradigma clínico- Liana Gus Gomes

26 Finanças para Coaches- Empregado ou Empregador? - Cristiana Crespo

30 Coaching de Carreira - Oportunidades e Premissas - Maurício Sampaio

34 Filosofia e Coaching - Coaching, emoção e Spinoza - Marcello Árias Danucalov

38 Para Refletir - Mudança ou transformação? - Janete Zalcsztajn

40 Eu, Cada Vez Melhor - Ensaio mental - Ana Paula Barros

44 Como comecei - Lívia Borges

46 Para mim foi assim - Maria Ollila

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Um outro olhar

Maria nos traz o seguinte tema nesta edição:Um jovem cliente me procurou para fazer um coaching de carreira. Disse estar insatisfeito com seu trabalho, perdido, sem motivação para continuar em seu atual emprego. Ao longo de sua carreira de quatro anos, passou por quatro em-presas e já estava pronto para partir de seu atual emprego também. Ele se colo-cou como objetivo conseguir uma carreira em que consiga prestígio, dinheiro e admiração dos outros. Como ajudar este jovem?

Querida Maria, muito obrigada por par-ticipar desta coluna e trazer um assun-to tão em pauta! Acho que o tema de (in)satisfação na carreira atualmente só perde para a crise! Primeiramen-te, precisamos deixar nossas próprias ideias sobre carreira de lado para po-dermos nos conectar com esse jovem. Quais são os elementos que chamam a atenção neste caso?O primeiro elemento que me chama atenção é o estado atual dele em rela-ção ao trabalho. O que o deixa perdido? No que estar perdido é diferente de al-gum outro momento em que não esta-va? Quais as consequências? O segundo elemento que se sobressai é ter quatro empresas em quatro anos. Será isso um padrão? Se sim, a serviço de que está este padrão? O que ele pode identificar como distinções e se-

melhanças em cada uma das quatro si-tuações? Problemas com chefe? Problemas com colegas? Dificuldades com seu papel? O terceiro e o quarto elementos po-tencialmente estão emaranhados: o que ele quer profissionalmente com o trabalho e o que ele quer pessoalmen-te com o trabalho. Estas podem ser partes distintas dele que têm ambições antagônicas ou conflitos! Pode ser que as emaranhadas não lhe permitam re-fletir sobre o que pode ser uma boa re-lação com o trabalho. O quinto elemento que veria nessa equação é o futuro emprego. Como este futuro emprego se relaciona com os demais elementos? Quais são seus receios? Teme que algum padrão se re-pita? Se a relação dele com sua carreira mudar, quem será afetado?

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Claudia Miranda GonçalvesCoach e consultora sistêmica, articulista do Estadão e [email protected]

Uma carreira, uma profissão, represen-ta uma parte substancial de nossa ativi-dade cotidiana e representa atualmen-te uma identidade. Trocar de função ou de empresa é mais do que simples-mente deixar de fazer X para fazer Y ou simplesmente fazer X em outro lugar. Muitos usam o nome da empresa em que trabalham quase como um sobre-nome. Criamos nossas tribos, nossa lin-guagem própria, piadas...então, mudar de carreira ou de empresa é mais que trocar X por Y. Implica muitas vezes em desenvolver uma nova parte da identi-dade pessoal/profissional. Implica em fazer Happy Hours com outras pessoas, falar de outros assuntos, vestir-se de novo jeito. Portanto, estas mudanças devem ser bem cuidadas.Entender o que significam prestígio, quanto de dinheiro, e o que é admira-ção dos outros podem também dar pis-tas sobre como é a relação deste clien-te com o trabalho, com sua ambição e como ele se vê chegando lá. Quem ele deve se tornar para atingir estes objetivos?Vemos também que este jovem fala do que ele vê para si na carreira, mas não aborda o que ele tem a dar! Dado que o trabalho é uma forma de estabelecer-mos uma relação de troca sistêmica, o que ele dará em troca?Se a visão dele for autocentrada, como será a relação dele com o trabalho e com dificuldades? Qual pode ser o efeito disto na empre-sa em que for trabalhar?Os elementos deste tema e mais es-

pecialmente a relação entre eles pode ampliar a visão deste seu cliente e quem sabe ajudá-lo a sair de padrões viciosos. As perguntas mais provocati-vas quem sabe possam ajudá-lo a en-tender com o que ele está disposto a se comprometer e quem ele deve ser – colocar empenho e intenção – para ter êxito.Estamos sempre acostumados a pen-sar a partir de nosso padrão pessoal, criando nossos pilotos automáticos. As perguntas que possibilitam o cliente a adotar novos pontos de vista para si mesmo o ajudam a ver novas possibili-dades, não só em termos de funções, mas em termos de postura e da relação dele com o trabalho. Quem ele precisa ser hoje para viabili-zar suas metas futuras?Por outro lado, gosto da ideia de pro-vocar ainda um pouco mais profunda-mente o cliente. Quando ele espera que o trabalho trouxesse prestígio, dinheiro e admiração, quem é respon-sável por ele (cliente)? Claro que todos nós trabalhamos em troca de dinheiro, mas quando projeto que o trabalho deve trazer prestígio e admiração de outros, talvez esteja delegando a res-ponsabilidade de conquistar tal pres-tígio e admiração através de meu es-forço. O que gera este prestígio? Estou disposto a me comprometer e fazer o que seja necessário? Espero que de algum modo, as ideias aqui apresentadas possam ajudar a você e seu cliente a navegar este tema tão complexo quanto delicado!

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Eliana Dutra CEO da Pro-Fit

Master Coach pela International Coaching Federation

[email protected]

Papo Rápido

Coach? Que líder é este?

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No novo milênio, o que é ser um líder? O que ele faz, que os outros não fazem? E o que não faz, que os outros fazem? Kenneth Blanchard, autor de diversos livros sobre liderança e moti-vação disse, em uma de suas palestras, que: “Não existem líderes naturais”. Eu, pessoalmente, concordo.Acredito que os chamados “líderes naturais” são autoritários e com sede de poder. O líder do novo milênio tem uma visão de um mun-do melhor para a sua empresa, sabe comunicar esta visão de forma a inspirar os seus colaboradores e entende que seu papel é ser o coach, o mentor, o treinador. Assim vamos analisar 3 tipos de chefe. Só um deles irá sobreviver e manter viva a sua organização.

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Suponha que esta organização seja um time de futebol. Todos estão jogan-do quando o treinador percebe a necessidade de uma mudança tática, a qual precisa informar ao time. O primeiro tipo chama os jogadores. Eles largam a bola (o cliente) e vão até a beirada do campo para falar com ele. Enquanto isto, o time adversário (a concorrência) está marcando o gol. Este tipo na empresa, quando chama o colaborador, espera que este largue tudo e venha correndo. O segundo ouviu falar que é importante focar no cliente. Assim, quando chama os jogadores para informar a mudança de tática, eles, primeiro aca-bam a jogada e, então, largam a partida e vão até a beirada do campo para falar com o treinador. Este já é mais moderno. Primeiro é o cliente. Mas, se o colaborador está fazendo qualquer outra tarefa, ele tem a expectativa que esta atividade seja interrompida para que ele, chefe, seja atendido.O que ele ainda não percebeu é que esta interrupção gera retrabalho e consequentemente perda de tempo.E, enquanto isto, o time adversário faz mais um gol.

O terceiro entendeu que para dar foco no cliente é importante ir mais fun-do, ver o jogador e suas jogadas como mais importante que ele próprio. Assim, quando o treinador chama os jogadores, estes esperam uma parada de bola para, só então, ir até a beirada do campo para falar com ele. Este tipo na empresa sabe que se contratou aquela pessoa para fazer alguma tarefa, ela é fundamental para o bom atendimento do cliente (direta ou indiretamente). Ele sabe que o foco é no cliente. Então, quando ele chama o seu colaborador, espera só ser procurado quan-do a tarefa tenha sido terminada. E esta expectativa foi informada aos seus colaboradores. Concluindo, não existe o líder natural, porque o verdadeiro líder é aquele que sabe que desenvolvimento leva tempo, que durante o jogo se diverte vendo seu time atuar com perfeito sincronismo e que sabo-reia o desenvolvimento do todo e de cada um. Ele não tem sede de poder, ele tem sede de ver sua visão realizada através das pessoas.

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Maria Angélica Carneiro, PCCCoach, mentora e supervisora, palestrante,

consultora e coordenadora doPrograma de Formação de Coaches do EcoSocial.

“Meu talento é inspirar pessoas a entrarem em contato com a sua essência”.

[email protected] Dossiê

Como coach, mentora e super-visora de coaches, sempre me surpreendo quando alguém da área me fala que determinados temas devem ser encaminha-dos para a terapia ou que o co-ach não trabalha com medos, sentimentos ou emoções.Considero perigosa esta exclu-são. Afirmações como estas são verdadeiros tabus em coaching. Minha pergunta é sempre: por-que não? Afinal, quem define os limites é o cliente. É ele quem determina e conduz o ritmo da contradança.Tratar medos e emoções em terapia e em coaching tem di-ferença sim, o melhor dos mun-dos é quando o cliente opta pe-las duas condutas, mas o coach deve evitar determinar a priori, sem antes fazer uma explora-ção de significados, intenciona-lidades de resultados e expec-tativas desejados pelo cliente.O coach, assim como o psicote-

rapeuta trabalham a natureza humana, suas questões e temas de autoconhecimento, como no caso do coaching de desenvol-vimento, onde aparecem refle-xões mais profundas, dilemas e questões mais amplas no âm-bito das emoções, não importa se o tema for profissional e ou pessoal, porém, em intensida-de diferente do psicoterapeuta que tem como foco atuar com estes temas em profundidade.

Quando o coach está trabalhan-do aspectos pontuais, como no caso de um coaching skill ou te-mas relacionados ao coaching de performance, frequente-mente as emoções e questões existenciais aparecem com me-nos profundidade. Coaching pressupõe mudanças de dentro para fora, que se ex-pressam em comportamentos observáveis. Trata-se de um processo que explora e ajuda o

“O que cai dentro do foco do

Coaching?”

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cliente a identificar os motivos in-trínsecos ao seu tema de trabalho em coaching, mas não fica por aí, o cliente entende e caminha para uma mudança desejada de futuro. Mas seja qual for o modelo de coa-ching requerido, a questão ou o mo-tivo que o cliente traz requer uma busca de significado, o que esta por trás do tema, muitas vezes é a ver-dadeira questão do coaching.

É muito raro o cliente trazer o tema de coaching explícito. Explicitar o que está encoberto já é coaching, principalmente quando se trata de um coaching de desenvolvimento, o motivo aparente, nem sempre é a razão do que o trouxe até o coaching e sim o sintoma de um incomodo. Muitas vezes a raiz do “problema” é nebulosa até para o cliente, que diz: “eu sei o que quero, sei o que tenho que fazer, mas não faço!” O coach já inicia o processo buscando a identi-ficação desta pergunta, que chama-mos de contratação da questão. Vamos ver como isso acontece à luz de um caso. Um cliente trou-xe como tema: “preciso fazer uma transição de carreira”.Na busca do entendimento e do significado deste tema tão amplo “fazer uma transição de carreira” surgiram as seguintes informações: o cliente, um profissional do merca-do financeiro, atuando há 5 anos na mesma função, sentia-se desmoti-vado e não reconhecido, acumulava funções de outras pessoas e outras áreas extintas da organização, sem obter o mérito devido. - O que seria “obter o mérito de-vido?”, perguntou o coach. - Ser promovido, elogiado, estar claro para todos que sou o res-ponsável pelo sucesso e resulta-dos que entrego. - Qual o seu sentimento? - Sinto-me depreciado e, muitas vezes, tenho que lembrar os pa-res e superiores sobre o meu es-

paço de atuação. - Como você faz isso? O cliente relatou que era muito assertivo com uns e pouco com outros, o que acabava gerando um desconforto nas relações. Mais uma vez, na busca do signifi-cado sobre o “desconforto nas rela-ções”, o coach se deparou com a se-guinte informação: “recentemente recebi um convite de um ex-chefe, para trabalhar em outra empresa, me senti intimidado, percebi que gostava do que fazia, sabia fazer bem feito, acabei indicando uma colega e convenci o meu ex-chefe que a moça era melhor que eu”. - O que o motivou a fazer isso? Perguntou o coach. - Medo de me arrepender, res-pondeu o cliente. - O que você gostaria de dar foco nesta sessão? - Saber me vender internamente. - O que te impede?- Acho que me perco, às vezes sou duro demais e outras vezes per-missivo demais. Sempre erro o tom, nunca sei quando acerto, só percebo depois que não devia ter falado isso ou aquilo.- Então vamos resumir: qual a questão que você gostaria de tra-balhar nesta sessão? - Saber me vender internamente. - Qual a sua expectativa neste processo? - Entender o que me impede de me colocar adequadamente. - Como vamos perceber se você chegou ao resultado desejado? - Se eu tiver algumas ideias do que fazer ou não fazer para bali-zar as relações.- Então, algumas ideias seriam os indicadores de resultados, é isso?Percebam que o coach estava indo e vindo à busca do tema, do real in-comodo do cliente. Explorar o tema na busca do seu significado não é só necessário para clarear e obje-tivar a conversa de coaching, como

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também trazer o motivo ou o querer presente, mola pro-pulsora para acessar o desejo de uma mudança. Até aqui podemos perceber que coaching é um trabalho de parceria, uma conversa de iguais onde o coach é res-ponsável pelo processo e o cliente pelo conteúdo.- Inicialmente você falou em “transição de carreira” como este tema se conec-ta com o “saber me vender internamente”?- Acho que transição de car-reira aparece quando eu penso que minhas perspec-tivas internas são pequenas. Rota de fuga, mas quando eu recebi o convite do meu ex--chefe, percebi que eu preci-so me vender mais adequa-damente, preciso mostrar o meu potencial. - E o que o impede?- Medo de não ser bomsuficientemente. - Fale-me mais deste medo, como ele aparece? - Quando eu penso em fazer a transição é como se ela fosse a solução para resolver o que não consigo resolver comigo e com as pessoas. - Como você lida com isso? - Fico esperando que as pes-soas me reconheçam, sinto injustiçado, mal reconhecido. - O que acaba aparecendo? - Acho que escondo minha in-satisfação, ora de forma agres-siva ora bonzinho demais. - Qual o custo para você? - Fico amargurado, fico colo-cando a culpa nos outros, na

verdade não sei lidar com a minha insatisfação. -Como as pessoas reagem? - Ninguém sabe da minha insatisfação, me acham com-petitivo. Já me falaram que nunca sabem como eu vou reagir. O clima fica ruim. - E o que você quer fazer sobre isso? - Gostaria de ter relações mais equilibradas na empre-sa e ser mais feliz e menos insatisfeito.

Agora voltamos a nossa per-gunta inicial: coach trabalha medos e sentimentos? De que forma? O que aconte-ceria se o coach não apro-fundasse na pesquisa das motivações intrínsecas ao tema e trabalhasse apenas com o “saber me vender in-ternamente”? Pragmatica-mente poderíamos dizer que um coach iniciante trabalharia um plano de ação, focado nas possíveis ações de fazer isso ou aquilo, seria este talvez mais um modelo de consulto-ria do que de coaching, além de ser de baixa sustentabili-dade, por não estar ancorado no querer do cliente. E aí vem a pergunta: até onde ou quanto aprofundar? Até que ambos percebam onde está ancorado o verda-deiro motivo ou o querer do cliente. Podemos dizer que presença é a competência que dá o limite a esta pergun-ta. Descobrir o que segura e mantém o cliente no impasse. Ajuda-lo a descobrir suas

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crenças, valores, sentimen-tos e padrões mentais, a per-ceber sua história e decidir construir uma nova história. Olhar pra dentro de si e per-ceber o que dentro de si está segurando o comportamen-to externo manifesto. Este caminho tem rumo e direção definidos. Ao elucidar sua verdadeira questão subjacen-te às suas crenças e modelos mentais o cliente poderá de-finir um novo começo.Em processo paralelo, ao mesmo tempo em que o cliente muda, o coach tam-bém se transforma. Confor-me a psicologia relacional diz, “nós enxergamos aquilo que conhecemos”.

Como supervisora e mento-ra, muitas vezes percebo que o coach se debate com seus próprios medos. Medo de não estar à altura do clien-te, medo de não ser bom o suficiente, medo de não dar conta e daí vai…O coach precisa se perceber para separar o que é dele e o que é do cliente. Os coaches mais iniciantes tem apego ao processo, muitas vezes com medo de não estar fazendo

coaching, ou mesmo não sa-ber como lidar com temas intrínsecos como o medo do cliente. Ou o medo de cair no outro extremo, de dar solu-ção e ser consultor.

Ajudar o coach a perceber o processo paralelo que está ocorrendo entre o seu medo e o medo do cliente é o traba-lho de mentoria e supervisão. Todo têm medos, todos nós vivemos processos paralelos, frutos de nossas projeções. Projeções são salutares, den-tro dos limites para se esta-belecer uma relação de con-fiança, necessária para o bom andamento do processo. O segredo é não deixar estas projeções que ocorrem pe-los processos de transferên-cia e contratransferência, se tornarem simbióticas e gera-rem uma relação de depen-dência. Coaches mais madu-ros e experientes percebem quando se engancham em situações deste tipo, reto-mando para um estado de presença e consciência.E como desenvolver a capa-cidade de entender a lingua-gem das emoções e senti-mentos de nossos clientes?

Através do real interesse pelo outro, que nasce de um processo de escuta ativa, de presença e, principalmente, do estofo de se colocar no lugar do outro - da empa-tia! De ajudá-lo a ir à fonte e conduzi-lo para o novo lugar por ele desejado, na medida de suas possibilidades.

Bene Brown, estudiosa das conexões humanas, descreve a empatia como uma metáfo-ra do quarto escuro, somente quem conhece esta escuridão pode entrar nela e conduzir para a luz aquele que ainda se encontra na escuridão.A empatia nasce, portanto, no caminho do meio, na ela-boração consciente, das si-tuações vividas e percebidas pelo coach, disponibilizadas como inspiração para um processo a serviço das ne-cessidades do cliente.

“Caminhante, são teus passos o caminho... Caminhante, não

há caminho se não o fizeres no seu caminhar....”

Antonio Machado (poeta espanhol, sintetiza a singeleza do Tao).

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Amilton AiresCoach ontológico, psicanalista e consultor

[email protected]

Dossiê

Cuidado com o Furor Curandis

Nesta edição vamos discutindo as fron-teiras do coaching, que muitas vezes não estão delineadas de forma clara pelas diferentes escolas e esferas de atuação dos profissionais da área. Os dilemas apa-recem a cada novo coachee, a cada nova demanda que se apresenta, e algumas de nossas dúvidas independem de nossa formação e atuação profissional prévias. Quando pensamos em fronteiras, pen-samos por exemplo na fronteira entre o coaching e o aconselhamento, entre o coaching e o mentoring, e para alguns de nós, entre o coaching e as diversas tera-pias disponíveis.Há, porém, algo comum à maioria dessas atividades, que pode acometer todos os profissionais, coaches ou não: O que Freud, após 24 anos de prática psica-nalítica, em 1919 denominou como “Furor Curandis”. Algo que fala so-bre nossa onipotência, sobre nos-sos desejos, sobre nossa vaidade, e sobre nosso narcisismo. Freud dis-cute os perigos do Furor Curandis em seu texto “Linhas de progresso na terapia psicanalítica”, colocando em xeque alguns conceitos já desenvol-vidos e praticados pelos psicanalistas, e os alerta para o perigo de ceder à tenta-ção de colocar a cura de sintomas de seus pacientes como objetivo do tratamento. Na verdade, o texto busca conscientizar o analista de seu papel de investigar e trazer certos fatos à tona durante o trata-mento, e não ceder aos dois furores ine-rentes à prática: o furor investigativo, que nada acrescenta ao paciente se feito à sua forma mais exaustiva e menos conclusiva, e ao furor de cura, que projeta no pacien-

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te desejos do próprio analista, e cria soluções que estão aquém do saber do próprio paciente. Por fim, acaba por discutir a eficácia de tal método, e propõe ao analista man-ter seu posicionamento de neutra-lidade a qualquer custo.A este ponto alguns podem estar se questionando por que escolho o viés da psicanálise para falar em coaching. Em primeiro, minha formação e prática psicanalítica antecederam minha formação em coaching. Em segundo, porque a psicanálise se aproxima em muitos aspectos do coaching, e especial-mente da minha linha de trabalho em coaching ontológico. Em am-bas as práticas trabalhamos a par-tir de uma demanda trazida pelo cliente, a partir do seu discurso e especialmente da sua linguagem. Da mesma forma, estes processos envolvem desejos do cliente, e o desejo do profissional de trabalhar aqueles desejos.Não direcionar o cliente não só é aconselhável, mas prova-se como conduta extremamente eficaz em ambos os processos. Não po-demos nos esquecer que há um profissional em prática, que por mais neutro e estudioso, continua sendo um ser humano em intera-ção com outro ser humano. Além de controlar seus ímpetos de di-recionar o cliente, recomenda-se também a abstinência, que mal interpretada pode levar o profis-sional a pensar que a prática exi-ge distância instransponível entre profissional e cliente. Abstinência fala sobre abster-se de atender a todos os desejos projetados do cliente sobre o profissional, e seu desejo de que a solução seja cons-truída por este.

Posto que o trabalho de coaching se baseia na linguagem, é impor-tante falarmos sobre linguagem e como isso se relaciona com nosso trabalho. Ferdinand de Saussure, linguista suíço que elevou a lin-guística ao patamar de ciência au-tônoma, desenvolveu a linguística no campo dos signos e criou a se-miologia. Na semiologia distingue-se a lín-gua da fala, e para as palavras, separa significante e signifi-cado, porém mantendo-os como dois lados da mesma moeda. Enquanto a língua é im-posta e carrega a cultura e os valores da sociedade, a fala é um ato particular, e incorpora fatores externos que influenciam a expressão de cada indivíduo. É através da fala que podemos transmitir pen-samentos, sentimentos e exterio-rizar desejos e necessidades. No caso da palavra, o significado reside no plano do conteúdo, e o significante no campo das associa-ções, ou seja, no plano da forma. O significante se desenvolve a partir de uma cadeia de sons, e muitas vezes desloca-se e afasta-se do significado. Por exemplo, o signi-ficado de chuva é o mesmo para todos. Entretanto, para alguns, a palavra chuva remete a recorda-ções afetivas, como por exemplo o dia em que conheceram o amor de suas vidas. Neste caso, o sig-nificante “chuva” toma outra for-ma, e remete ao amor. Ainda sobre a linguagem, há um trabalho fundamental desenvolvi-do por Rafael Echeverria, intitula-do “Ontología del Lenguaje”. Em sua introdução, Echeverria chama

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a atenção para o que denomina “atos da fala”. Devemos nos lem-brar que muito do que ouvimos e falamos vem de interpretações geradas por nossas observações e, portanto, sujeitas a um ponto de vista, ou o que se chama de “do-mínios explicativos”. As afirmações são o maior exemplo deste ato lin-guístico baseado em interpreta-ções. Afirmações e declarações são atos poderosos que tem o poder de mudar o mundo, de resignificar relações e alterar o fluxo das coisas. Qual a importância da ontologia da linguagem e da linguística em nos-so trabalho de coaching? Se trabalhamos por uma demanda formulada pelo discurso do clien-te, nosso trabalho está na investi-gação e ampliação de sua deman-da a partir da fala e dos significan-tes. Sendo assim, se recebemos do cliente afirmações e declarações, devemos trabalhar com pergun-tas, num processo organizado. De-vemos nos concentrar em formular perguntas poderosas que gerem reflexões suficientemente profun-das em nossos clientes para que possam enxergar, a partir de seus domínios explicativos, formas de explorar seu autoconhecimento e perceber suas potencialidades. Relacionando isto com o Furor de cura, a questão é como formular perguntas poderosas que provo-quem reflexões a partir do universo e domínio do cliente, e não do pro-fissional. Falando em significantes, devemos pensar em como percor-rer a “cadeia sonora” dos significan-tes, e extrair deles o significante fundamental, chave do discurso.

Ainda no campo da linguagem, resta uma observação final sobre as interpretações. Frases e jargões mal interpretados ou fora de con-texto podem ser determinantes no insucesso de uma empreita-da. Quando falamos em clientes, podemos facilmente imaginar diversos jargões ligados ao aten-dimento de suas expectativas: “O cliente em primeiro lugar”, “Sua satisfação garantida ou seu dinhei-ro de volta”, “Alinhamento com o cliente”, “Encantar os clientes”. Aqui, devemos tomar o cuidado de não tomar nada disso ao pé da letra, sem a devida interpretação, a ponto de nos transformamos em ferramentas de satisfação, sob o perigo de ceder à pressão do clien-te a qualquer custo.Nosso trabalho é ajudar o clien-te, através de uma escuta ativa e focada em sua linguagem, e de intervenções pontuais e ampliado-ras, na construção de um discurso coerente com suas necessidades, potencialidades e limitações. Mas qual é o problema em querer “curar” o cliente?Neste caso, prefiro uma resposta curta: O cliente não busca cura.Sim, esta é uma afirmação espe-cialmente influenciada pela prá-tica da psicanálise, mas pode ser tomada também no coaching, de influência psicanalítica ou não. O cliente procura aprender sobre si mesmo, conhecer seus potenciais e limites, conviver bem com eles, e a partir disto construir soluções sustentáveis baseado em si mes-mo. Seria um trabalho muito mais fácil dar-lhe conselhos, soluções

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baseadas em cases de sucesso, formatá-los à nossa própria ima-gem e desejos, mas neste caso es-taríamos respondendo as nossas demandas (lembram-se dos do-mínios explicativos?). Na verdade, estaríamos respondendo a nossas piores demandas: ao medo de não agradar o cliente, ao medo de nos vermos como incapazes de resol-ver seus problemas, ao medo de sermos vistos como profissionais limitados, e a nossa impossibilida-de de lidar com nossas frustrações.Não podemos nos esquecer em nenhum momento que, o que está em jogo é a demanda do cliente, e não a nossa. Muitos processos po-dem levar a soluções frustrantes para o coach, aquém das possibili-dades que enxergava ou sonhava para seu cliente, mas ainda assim, devemos entender que o sucesso do processo está justamente em mantermos nossa neutralidade, e exercitar nossa abstinência para que tudo o que surja do processo seja do próprio cliente.Há, porém, perguntas que po-dem restar para fecharmos este texto (perguntas inspiradas tam-bém em minha releitura do texto de Freud citado acima): - Devemos deixar que o cliente lide sozinho com os pontos que assinalamos? - Não podemos dar-lhe outro auxí-lio, além de estimulá-lo? - Não podemos ajudar de alguma maneira que o cliente se coloque em situação mental favorável à solução de seu conflito?Sim, naturalmente não podemos

nos esquecer de que o cliente nos procura por supor que em nós existe um saber que vai beneficiá--lo. Além disto, sabemos que o que ele pode conseguir depende, também, de uma combinação de fatores externos. Sendo assim, al-gumas concessões serão feitas, de acordo com o caso e com a indivi-dualidade do cliente, desde que não sejam a tônica do processo.

O processo de coaching é traba-lhoso, e a parte mais árdua do tra-balho deve ser feita pelo coachee. Qualquer profissional que, talvez pela grandeza de seu coração, por sua vontade de ajudar, ou por seu conhecimento específico em determinado campo, oferece ao cliente tudo o que ele idealiza des-te coach, comete um erro perigoso que terá como resultado algo dife-rente do esperado ao final de um processo de coaching. Ao fazê-lo, não lhe damos mais forças para en-frentar seus fantasmas, mas sim, reforçamos seu comportamento de busca de apoio e solução exter-na. Devemos nos recusar em trans-formar o coachee em nossa pro-priedade privada, e deixá-lo o mais rapidamente possível apoderar-se de si mesmo e seguir com seus po-tenciais e limites, conhecendo, res-peitando, e lidando corretamente com cada um deles. Devemos levá--lo a um processo autônomo, que jamais permita que nos tomem como inspiração ou busquem asse-melhar-se a nós. Como conclusão sugiro: Deixemos a cura para os médicos.

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Káritas RibasFilósofa, Coach Ontológica, Mestre em Biologia-

Cultural, Psicanalista, fundadora do Instituto Appana, consultora com experiência de mais de 20 anos no

desenvolvimento de lideranças, [email protected]

Dossiê

As Fronteiras do CoachingAntes de abordar propriamente as fron-teiras do Coaching, quero propor um olhar um pouco mais cauteloso para o conceito de fronteira, para seus significa-dos mais comuns e para outras palavras que apesar de parecerem sinônimos, po-dem se distanciar deste. Os conceitos in-variavelmente remetem a outros, que vão fazendo entre si conexões infinitas.Limite é uma destas palavras, que não raro é empregada como sinônimo de fronteira apesar de não o ser, ou melhor, de podermos cair no risco de reduzi-la ao empregarmos essa substituição, apesar da relação entre elas.Pela definição Aristotélica, limite é “o últi-mo ponto de uma coisa, ou seja, o primeiro ponto além do qual não existe parte algu-

ma da coisa e aquém do qual estão todas as partes dela” e, portanto, para falarmos sobre os limites do Coaching, teríamos que definir o que coaching é. Haveria que se definir extremidades, descontinuida-des, territórios e términos, especialmente se pensarmos quão próxima da referência de fim ou esgotamento ela está.O filósofo Kant diz que “limite sempre pressupõe um espaço que está além de certa superfície determinada e que a inclui em si; a fronteira, porém, não pre-cisa disso”, o que nos leva para uma pos-sibilidade de expansão do significado de fronteira para um espaço móvel, plástico, que se molda em relação ao contexto e se adequa às demandas históricas. Pensemos, nesse texto, limites como pon-

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tos finais que restringem e fron-teiras como campos separados de outros por membranas que permi-tem fluxos e passagens, zonas de vizinhança. A fronteira entre mar e areia na praia exemplifica essa transição irregular, inconstante, orgânica e bailarina, um local indis-cernível entre um e outro.As “profissões de ajuda” estão invariavelmente nas fronteiras e fazem vizinhança com a profissão de coach. Querer ajudar o outro é uma das assertivas mais presentes entre os estudantes de coaching com os quais me relaciono e cer-tamente está entre as grandes motivações para a escolha dessa profissão.Meu alerta vai no sentido de uma distorção da palavra ajuda. Em nos-sa cultura, ao pensarmos em ajuda, quase que na maior parte do tem-po pensamos em fazer pelo outro, resolver pelo outro. Quando peço ajuda para trocar uma lâmpada, por exemplo, não raro aquele que ouviu o pedido, imediatamente troca a lâmpada por mim. Decorre dessa atitude a exigência da gra-tidão daquele que foi ajudado ao que ajudou, mesmo que a ajuda não tenha sido na mesma direção do pedido. Não é raro ouvirmos “fiz tudo o que pude por ele e as-sim mesmo ele não reconheceu...” ou “fulano pede ajuda e depois faz o que quer...”, como se o ato de pe-dir ajuda correspondesse imediata

e diretamente a aceitação de qual-quer ato do outro em sua direção.Uma das coisas que separa a pro-fissão de coach das demais profis-sões de ajuda é certamente seu método, que difere de outros, as-sim como eles diferem entre si. O que separa um médico de um fisio-terapeuta e este de um educador físico? O objeto de intervenção, apesar de ser o mesmo é visto sob ângulos distintos. Esses profis-sionais tem distinções específicas que fazem parte de seu campo de atuação e de seus domínios expli-cativos, porém nada impede que um médico prescreva atividades fí-sicas aos seus pacientes, o que nos leva de volta às fronteiras.O que faz um psicólogo, um ana-lista, um professor, um mentor, um conselheiro, um consultor, um filósofo, que pode diferir do que faz um coach? O que fazemos en-quanto coaches que não pode ser apropriado por quaisquer dessas profissões? Temos delegado aos psicólogos o estudo dos fenômenos psíquicos com foco em intervenções que solucionem seus eventuais pro-blemas e possibilitem mudança de comportamento. Como existem inúmeras linhas de psicologia, exis-tem pressupostos muito diferen-tes de conduta em cada uma delas e o ponto comum que pode uni-las é a busca de uma vida boa por par-te dos clientes.

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O orador grego Antífon, contem-porâneo do filósofo Sócrates, en-sina a liberdade e a facilitação da existência, vê a felicidade como harmonia consigo mesmo, paz, se-renidade e tranquilidade da alma que ignora a perturbação. Antífon prega o evitamento às tensões múltiplas, o pensamento isento de contradições, sem guerras in-teriores nas quais o psiquismo vê-se fragilizado e o corpo pade-ceria das consequências. Vejo que tanto terapeutas como coaches fazem fronteira com esse pensa-mento. Podemos perceber que a membrana fronteiriça, nesse caso, mais permite do que impe-de, mais possibilita que restringe o contato entre as disciplinas e os profissionais atuantes.O coach individual, assim como a maior parte dos profissionais de ajuda faz seu atendimento indivi-dualizado em locais privados, fa-zendo uso da escuta qualificada e do questionamento para que seu cliente atinja seus objetivos. Nesse ponto percebo a proximidade, a vizinhança, a fronteira do coaching com os aspectos clínicos.Dizem-se clínicas as atitudes metodológicas e o conjunto de procedimentos que partem das observações dos fenômenos, emitem hipóteses e determinam procedimentos subsequentes, ou seja, a clínica não se limita à

área médica ou psicoterapêutica, mas abrangeria as metodologias na qual o essencial é a comunica-ção entre as partes envolvidas no processo e fatores subjetivos são privilegiados. É o caso dos pro-cessos de coaching.Outra fronteira possível surge quando observo a origem grega da palavra amigo. Sendo os filóso-fos os amigos da sabedoria, os que procuram a sabedoria, mas não a possuem, amigo indicaria uma in-timidade competente e uma con-dição de possibilidade do próprio pensamento, uma categoria viva, como afirma o filósofo Deleuze. A amizade, como vista na Anti-guidade, é um sistema relacional que permite a escolha, a liberda-de eletiva e reflexiva. É uma re-lação não institucionalizada, um modo de vida que privilegia o “entre”, rica na preocupação com o outro. Segundo o escritor fran-cês Michel Tournier, não pode ha-ver amizade sem reciprocidade, o que implica uma relação, uma partilha de ideias.Aristóteles dedicou dois capítu-los de sua obra Ética a Nicômaco à amizade que considerava indis-pensável à vida e, que dizia ser uma espécie de virtude. Amigo é o que pratica o bem para benefício do outro. Aqui, a concordância não é sinônimo de amizade. A afeição seria um sentimento, enquanto a

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amizade seria um estado. O filóso-fo enfatiza a importância da amiza-de a si mesmo dizendo que o me-lhor amigo de alguém é o próprio.Amizade, amicitia em latim, tem a mesma etimologia que amor. Am-bos derivam da raiz am, que no la-tim popular designa mãe (amma) e ama (mama). E é exatamente nesse ponto que quero propor minha contribuição: se o coa-ching busca se constituir numa ferramenta de articulação e in-clusão de diferentes enfoques e disciplinas, é imprescindível que pensemos no amar como consti-tutivo do humano. Segundo Humberto Maturana, a vida humana só se faz possível a partir da confiança no amor que é a aceitação do outro como le-gítimo outro na convivência. As interações sociais humanas, caso inequívoco dos processos de co-aching, serão tão mais bem suce-didas quanto mais essa aceitação se fizer presente. Citando nova-mente Maturana, “nosso proble-ma é que confundimos domínios, porque funcionamos como se todas as relações humanas fos-sem do mesmo tipo, e não são” e portanto é nossa responsabilida-de ética definirmos o domínio de nossa interação como coaches.Poder atuar amorosamente sig-nifica, nesse contexto, a compre-ensão e o respeito pela liberdade

e autonomia de nosso cliente, es-forçando-nos para que este gere aprendizado, desenvolva suas ca-pacidades, numa relação colabora-tiva de aceitação mútua, na qual as relações de poder, de comando, de controle, de autoridade ou de do-minação ficam excluídas.A alteridade ganha novo contor-no, pois não se trata apenas da distinção da diversidade ou da diferença que constitui um ou-tro. Apesar das dificuldades que abrangem a compreensão que se tem do que denominamos outro, podemos fazer um contorno sa-tisfatório que é capaz de orientar nossa atuação profissional.Quero afirmar que as fronteiras do coaching são as fronteiras do amor.

Referências Bibliográficas: ABBAGNANO, N. Dicionário de Fi-losofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007. DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é a filosofia? São Paulo: Editora 34, 1992. MATURANA, H. R.; VERDEN-ZOL-LER, G. Amar e Brincar: Fundamen-tos Esquecidos do Humano. São Paulo: Palas Athena, 2004. 264p. ONFRAY, M. Contra-história da Fi-losofia: as sabedorias antigas. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

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Como psicóloga e coach executivo o tema da mu-dança comportamental sempre me inquietou. Por-que mudamos? Existe mudança sem reflexão? Qual a contribuição que as teorias psicológicas podem trazer ao Coaching Executivo ?Para tanto, inicialmente gostaria de trazer algumas definições de Coaching.“Coaching é um relacionamento de ajuda construído na base da confiança e que se utiliza de um processo de descoberta objetivando auxiliar o coachee a des-cobrir seu foco, identificar ações a serem tomadas e assumir responsabilidades sobre seus resultados. É uma conversa (entre coach e coachee ou equipe) orientada a ação e focada em resultados.

Liana Gus GomesPsicóloga, Coach Executivo e Empresarial, com

formação e certificação da ABRACEM; Didata em Formação pela ABRACEM

[email protected]

Coaching Executivo

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Coaching Executivo e o

Paradigma Clínico“Qualquer mudança real e duradoura só terá condições de se concretizar se espalhar luz

pela profunda estrutura subjacente da superfície do fenômeno”Manfred F.R. Kets de Vries (2007)

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“ Executive Coaching Forum“Coaching é uma parceria entre um coach executivo e um gestor que se propõe elevar sua per-formance profissional, a da sua equipe e da organização para a qual trabalha. O processo de Coaching estimula a capacidade das pessoas de se reinventarem e encontrarem alternativas vá-lidas, apesar das restrições do contexto em que atuam”. Rosa Krausz, 2007 Como se pode observar não existe uma unicidade nas defi-nições. Na busca de identificar elementos comuns, Hamilin, Ellinger & Beattie (2009) condu-ziram um estudo (meta análise) com 36 definições de Coaching existentes na literatura acadê-mica. O resultado deste levanta-mento concluiu que “Coaching é um processo de ajuda e facilita-ção que possibilita ao indivíduo, grupos/times e organizações adquirirem novas habilidades e/ou aprimorar habilidades, competências e performance existentes. É um processo que primeiramente (mas, não exclu-sivamente) acontece em uma relação de ajuda e facilitação entre o Coach e o Executivo (ou gestor) e que capacita o Executi-vo (ou gestor) a atingir objetivos pessoais-profissionais-organiza-cionais para melhorar a perfor-mance organizacional.”

De acordo com um estudo do Corporate Leadership Council (2003) o Coaching Executivo con-tribui na melhora das capacida-des gerenciais através da experi-mentação de novas abordagens que habilita o executivo a lidar de forma diferente com as difi-culdades de performance, dele-gando mais e “libertando-o” para pensar mais estrategicamente.E acrescenta, “O Coaching tem se mostrado um processo que aumenta a performance e a eficácia através da eliminação de padrões de comportamento inúteis” (Ozkan, 2007).

Segundo Stout-Rostron (2014) o Coach Executivo encoraja seu cliente a pensar sobre si mesmo e desenvolver uma maior clare-za sobre seus comportamentos conscientes e inconscientes que podem influenciar na sua performance no trabalho. O Coaching Executivo se baseia em um relacionamento dinâmi-co entre Coach e Coachee e em como os resultados destas re-flexões impactam no indivíduo, nas equipes e na organização.E como conduzir este processo tão delicado e poderoso como o Coaching que lida com a vida das pessoas, seus valores, crenças, atitudes e comportamentos ?Quais as bases conceituais que o sustenta ?

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Segundo Wilkins (2000, 2003), o Coaching é um campo trans-disciplinar influenciado por uma variedade de práticas profissio-nais, onde existe uma série de abordagens, tendo a maioria delas fortes raízes na Psicologia.Neste sentido, gostaria de ex-plorar um destes paradigmas que nos auxilia a entender o comportamento humano, o Pa-radigma Clínico. Gostaria de ressaltar, no entan-to, que este não esgota a enor-me variedade de perspectivas do funcionamento humano que se reflete no complexo pro-cesso do Coaching Executivo. Ainda estamos longe de ter um único modelo ou abordagem que explique completamente o comportamento humano, suas relações e o complexo ambiente organizacional.

Segundo De Vries através des-tas “lentes” do Paradigma Clíni-co podemos aprender a exami-nar padrões de comportamen-tos repetitivos que acabam se tornando disfuncionais e des-vantajosos, podendo, assim, au-xiliar os executivos em uma das suas tarefas mais importantes : a própria mudança. Teorias que creem que só o que vemos com clareza (o conscien-te) tem valor, tem se mostrado falhas para entender os com-portamentos humanos nas or-ganizações. Ignorar fenômenos de profundidade podem custar “caro” às organizações.

Mas afinal o que é o Paradigma Clínico ? Seguem algumas de suas premissas :O que você vê não é necessaria-mente o que você tem: Muito do que acontece está além da consciência consciente.Não somos seres humanos ra-cionais: Existem forças ocultas e inconscientes que influen-ciam o comportamento. Com-portamentos irracionais são um padrão bastante comum nas organizações.Somos influenciados pelo nosso sistema de necessidades bási-cas: Estas necessidades deter-minam nosso caráter e criam o triângulo de nossa vida mental: cognição, emoção e comporta-mento. Para influenciar o com-portamento, tanto a cognição como as emoções devem ser le-vadas em consideração.Todos temos um lado sombrio: Todos temos (e os líderes da mesma forma) um lado de “som-bra”, ou seja, uma zona fora de nossa consciência.Somos produto do nosso pas-sado: Somos a soma total dos resultados de nossas relações nas fases iniciais de nossas vidas e de nossa carga genética e, em função da importância destas experiências nos primeiros es-tágios de nossas vidas, tende-mos a repetir certos padrões de comportamento. Existe uma continuidade entre o passado e o presente. Sob esta perspecti-va, o Paradigma Clínico “aplica-

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do” ao Coaching Executivo pode contribuir para o entendimento do papel assumido pelos execu-tivos (conscientemente ou não) e suas relações e complemen-taridades nas relações organi-zacionais nas quais estão inse-ridos. Através destas “lentes clínicas” os executivos podem ir mais fundo no entendimento das ambiguidades inerentes aos processos de mudança. A perspectiva clínica habilita os indivíduos a melhor analisar seus comportamentos e decidir o que deve ser mantido e o que não funciona mais, através do questionamento, do diálogo e da reflexão. Empoderados da capacidade de se autopercebe-rem e de melhor se conhece-rem, os executivos podem, mais facilmente, entrar na desafiado-ra jornada inerente a qualquer processo de mudança.O processo de Coaching Execu-tivo, neste sentido, pode ser te-rapêutico, mas não é terapia.O segredo, segundo Peltier

(2010) é integrar o pensamento analítico/dinâmico sem “patolo-gizar” o cliente ou a relação. O objetivo é pensar analiticamen-te e agir proativamente.

Coaches Executivos devem ter clareza de seu papel e das fron-teiras entre Coaching e Terapia, tendo sempre em mente o prin-cípio: “Do no harm “, princípio filosófico (aplicado à ética médi-ca) da não-maleficência, ou seja, que sua atuação não cause da-nos ou riscos desnecessários à pessoa/equipe com a qual está trabalhando.Porém, como ressaltado ante-riormente, o Coaching Execu-tivo requer o entendimento e domínio de outros campos do conhecimento, tais como: de-senvolvimento organizacional, liderança, comunicação, apren-dizagem, pensamento sistêmi-co. Além disto, o Coach Executi-vo deve ter uma boa experiência organizacional e uma aguçada capacidade de se auto conhecer.

Bibiografia:BENNET, John L.; BUSH, Mary Wayne. Coaching for Change.New York: Routledge, 2014.IVES, Iossi. What is Coaching ? An exploration of conflicting paradigms. International Journal of Evidence Based Caoching and Mentoring, vol 6. Agosto, 2008KETS DE VRIES, Manfred F. R.; KONSTANTIN, Korotov; FLORENT, Elisabeth. Experiências e técnicas de coaching: a formação de líderes na prática. Porto Alegre: Bookman, 2009KETS DE VRIES, Manfred F.R.; GUILLÉN, Laura; KOROTOV,Kostantin; FLORENT-TREACY, Elizabeth. The Coaching Kaleidoscope: Insights from the Inside. New York: Palgrave Macmillan, 2010KONSTANTIN Korotov, FLORENT-TREACY Elizabeth, KETS DE VRIES Manfred F.R. Tricky Coaching: Difficult Cases in Leardership Coaching. New York: Palgrave Macmillan, 2012KRAUSZ, Rosa R. Coaching Executivo. São Paulo: Nobel, 2007.PELTIER, Bruce. The Psychology of Executice Coaching – Theory and Application. Second Edi-tion. New York: Taylor & Francis Group, 2010. STOUT-ROSTRON, Sunny. Business Coaching International : Transforming Individuals and Organi-zations. Second Edition. London: Karnac Books, 2014

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Essa inquietação é motivo de angustia para muitas pessoas que tem o sonho de ter um próprio nego-cio. Você já se pegou entre o dilema de pedir a con-ta para deixar a rotina de trabalho ou buscar uma trajetória diferente com flexibilidade de horário? Ter conquistado uma posição confortável num car-go executivo e sentir infeliz com a pressão e o peso das responsabilidades? Ou frustrado de ter investi-do tempo em parcerias e negócios sem retornos? Quem sabe, ainda, você está naquela fase da vida se questionando e ouve uma voz interna: - O que está errado comigo? Quem sou Eu? Quais os meus valores? Quais são os meus limites? O que devo fa-zer agora para me sustentar?

EMPREGADOOU

EMPREENDEDOR?COMO SUSTENTAR ESSE INVESTIMENTO?

Finanças para Coaches

Cristiana CrespoContadora, Coach Executiva e Financeira, Facilitadora

de Treinamentos com foco em Liderança e Gestão, Pós Graduada em Dinâmica dos Grupos pela SBDG ,

Associada a ABRACEM.Apaixonada pelo tema de contabilidade e finanças

[email protected]

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Na visão de Rudolf Steiner (1861-1925) um filósofo aus-tríaco, educador e artista, prin-cipal responsável pela ciência humanista que deu base a An-troposofia, as fases do desen-volvimento do Ser Humano estão vinculadas ao aprender. Começa com o nascer da iden-tidade, depois lutar na auto afirmação dos potenciais com as fases emotiva, racional e consciente para transformar em habilidades, quando posterior-mente tornar-se sábio com auto desenvolvimento para libertar o pensar, sentir e querer nas fases imaginativa, inspirativa e intui-tiva. Essa é curva do amadure-cimento intelectual e espiritual.Diante dessas afirmações é co-mum encontrar pessoas se re-posicionando no mercado de trabalho, seja por iniciativa pró-pria ou involuntária, ainda em carreiras distintas da atual. A chave do sucesso é considerar o fator tempo e dinheiro como coisas diferentes, quando so-mamos essas duas riquezas, nasce o conceito de prosperi-dade. É a utilidade que damos ao tempo e ao dinheiro que nos faz sentir mais ricos e dar senti-do a vida e independe do papel que se ocupa, seja como Empre-gado ou Empreender. O fato é que o tempo mal aproveitado pode custar muito dinheiro, por outro lado uma boa dedicação

de tempo ao corpo e a mente pode gerar benefícios, sem ne-cessariamente custar algo.

Segundo Gustavo Cerbasi, para as pessoas que sentem falta de tempo ou dinheiro o que falta é a organização pessoal para definir como investir esses re-cursos. Como conquistar reali-zação pessoal e manter a satis-fação em momentos de adap-tação? Uma boa receita para se sustentar ao longo prazo é fazer planos com uma agenda mais disciplinada, visando ter mais tempo para atividades que interessam e paralelamen-te planejar o uso inteligente do dinheiro para investir no que realmente fará a diferença no futuro, lembrar-se de incluir como investimento os cursos de aperfeiçoamento profissio-nal é essencial para se susten-tar na era do conhecimento. O conceito de sustentabilidade surgiu em 1972 e trouxe embu-tidos os aspectos econômicos, sociais e ambientais, para suprir necessidade do presente sem afetar outras gerações, a hu-manidade caminha em passos lentos para encontrar soluções que atenda a complexidade dos sistemas e da interdependên-cia que nos une no nível macro. Pense agora, como seria se no seu micro sistema pessoal ser ecologicamente sustentável?

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No que você precisa investir para se preparar para o futuro dese-jado? Nas suas relações sociais o que você tem feito para se engajar com pessoas que inspiram na mu-dança? E no ambiente profissional o que te impede de romper os li-mites? Afinal de contas, lidar com as mudanças e improvisar signifi-ca visar, criando alternativas para solucionar problemas e construir novos cenários. Que recompensas você alcançará com essas ações?Vamos avaliar as diversas altera-ções econômicas das últimas dé-cadas, que exigem das pessoas enorme capacidade de adaptação e criatividade para manter o or-çamento familiar. Enquanto nos anos 90 a ordem do dia era gastar imediatamente o salário no super-mercado, em contas e despesas para evitar a desvalorização diária, na década seguinte, a alta dos ju-ros torna muito mais viável gastar o mínimo e poupar o máximo. Em

seguida, uma estabilidade econô-mica propicia nova mudança de comportamento das famílias, com possibilidades de financiamentos mais longos para compra de bens duráveis e aumento significati-vo do consumo. Por outro lado, nos últimos 12 meses segundo as pesquisas o IBGE o número de trabalhadores por conta própria chegou a 21,9 milhões, alta de 4,9% em relação ao ano anterior e de acordo com Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) foram fechadas mais 62.000 postos de trabalho, afetando vários setores da economia, e se novas vagas não forem geradas, essas pessoas vão pressionar o índice de desempre-go, afirmação do coordenador de trabalho e rendimentos do IBGE

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mensagem que recebi des-sa amiga, com o seguinte texto:- Eu estava aqui com os meus botões e me veio no pensamento algumas ques-tões dos casos em que as pessoas vêm desesperadas buscar minha ajuda. Elaboro a proposta que é aceita no primeiro momento e logo depois, quando vou agen-dar a primeira sessão, re-cebo alegações tais como, “precisamos juntar mais dinheiro”. Sinto-me frustra-da com o preconceito em torno do investimento para o desenvolvimento pessoal e profissional. O que será que faz com que as pessoas achem que por um milagre, jeitinho ou tempo conse-guirão resolver sozinhas a questão?Assim, juntas entendemos que a fórmula mágica ain-da não foi descoberta e por essa razão, ter foco, ser determinado nas es-colhas, para investir com inteligência é desenvolver continuamente a perspicá-cia para se defender contra as oscilações tanto da eco-nomia, quanto ter poder de sustentação emocional para Ser empreender ou Ser empregado, garantido a paixão por servir como fonte de inspiração e trans-formação.

#ficaadica: “A vida não ofe-rece promessa nem garan-tias, apenas possibilidades e oportunidades.”

Ciamar Azeredo. Entenden-do que o crescimento dos índices de desemprego é recorde, não há vagas, em-preender para sobreviver indica que é uma das alter-nativas mais utilizadas com opção para voltar à ativa, e muitos profissionais têm se posicionado em carreira solo. Vale ainda, considerar que o aumento da expecta-tiva de vida e o planejamen-to financeiro passam a en-volver uma nova cultura de investimento, poupança e gastos levando em conta a qualidade de vida e consci-ência de sustentabilidade.Agora para refletir sobre investimentos, quero con-siderar a seguinte equação, F= R<E, ou seja, felicidade tem resultado vinculado com as (E) expectativas, quanto maiores forem as expectativas, comparadas a (R) realidade alcançada, menor é a felicidade, para encontrar o equilíbrio anali-sar as alternativas possíveis para gerar valor agregado e construir novos hábitos.

Para saber qual é o seu perfil de investidor, quero destacar os 3 principais ti-pos no mercado financeiro: Conservador, Moderado e Arrojado. Ter um perfil con-servador significa que pre-fere segurança para não ter surpresas desagradáveis, evita se arriscar mesmo que o retorno seja maior, altos e baixos mexem com suas emoções. No perfil

moderado pode buscar alter-nativas que propiciam um re-torno mais elevado e está dis-posto a correr um pouco mais de risco com suas aplicações, já no perfil arrojado privile-gia a rentabilidade e é capaz de correr grandes riscos para que seu investimento renda o máximo possível. Para sim-plificar, na hora de optar por um investimento tenha sem-pre em mente que quanto maior a rentabilidade prome-tida maior o risco de perder a quantia aplicada. Partindo dessa base financeira com relação ao seu perfil, é ade-quado comparar o seu grau de tolerância, a fim de tomar a decisão que estiver mais compatível com a sua fase de vida, se empoderar é saber discernir entre as possibilida-des, tendo consciência que ameaças e oportunidades es-tão por todos os lados. Fazer escolhas estratégicas implica em abrir mão de algumas coi-sas temporariamente para ce-lebrar futuramente.

Uma amiga atuou nos últimos 5 anos como consultora co-mercial de uma empresa mul-tinacional e, com as mudanças organizacionais foi desligada do mundo coorporativo em 2012. Diante da situação im-prevista, resgatou seu sonho e a formação como psicóloga, buscou especialização na área de orientação vocacional e segue sua trajetória de forma autônoma.O incentivo para escrever so-bre esse tema chegou com a

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Antes de ir direto ao ponto e contribuir com você, leitor da Revista Coa-ching Brasil, eu gostaria de agradecer publicamente o convite para escre-ver uma série de seis artigos, aonde eu vou discorrer sobre as tendências desse nicho, as teorias que embasam o tema e sobre as ferramentas de aplicação em coaching de carreira.Nesse primeiro artigo quero te convidar para uma reflexão sobre as opor-tunidades e as premissas quando o assunto é carreira, aonde você pode atuar e quais são as diferentes metodologias existentes para contribuir nesse processo de ajuda. Minha ideia é que você ao longo desses artigos desenvolva uma visão geral sobre o tema, ganhe sustentação teórica e téc-nica para atuar frente aos desafios de contribuir com carreiras de sucesso.Hoje vivemos em um país e em um mundo aonde o índice de insatisfação com o trabalho chega a números assustadores. Parece que um desânimo geral tomou conta. São pesquisas atrás de pesquisas desvendando o que já é possível ver e sentir a “olho nu”- o descontentamento geral em relação a profissão e a carreira.

Maurício SampaioFundador do Instituto MS de Caoching de Carreira.

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Coaching de Carreira

Coaching de Carreira: Oportunidades e Premissas

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Uma pesquisa recente realizada pelo ISMA (International Stress Manage-ment Association), que é um orgão sem fins lucrativos e que estuda o stress no ambiente de trabalho, reve-lou que 80% da população brasileira, ativa no trabalho, está infeliz. Mui-tos querem mudar de emprego para melhorar a qualidade de vida, outros querem crescer na própria empresa e não sabem como fazer isso. Muitos querem ter o próprio negócio e não conseguem ver qual é o caminho cer-to, sem contar que uma grande parte dos profissionais que já estão se apo-sentando e não têm a menor ideia do que fazer depois disso.Uma outra pesquisa da Revista Exa-me revela números ainda mais alar-mantes, a pesquisa considera outros critérios mais abrangentes e mostra que o número de insatisfeitos no tra-balho chega a 87%, isso só no Brasil.Agora olha só isso, uma estatística mundial que é a mais assustadora de todas, cerca de 90% dos trabalhado-res no mundo estão infelizes, segun-do uma pesquisa do Instituto Gallup. O que era um bate-papo de corredor nos escritórios, em bares com os ami-gos passou a ser posts em redes so-ciais também. A palavra carreira virou um tema expressivo no mundo virtu-al, segundo análise feita pela Gauge, consultoria especializada em comu-nicação digital - 12% das citações da palavra referem-se a questões profis-sionais dos próprios usuários de mí-dias sociais. Foram analisadas 1.638 citações no Orkut, Twitter, Facebook e Blogs. Entre os que discutem o as-sunto na rede, 21% procuram dicas

para conseguir um emprego, o salario 17% e pessoas indecisas com a pro-fissão 8%. As pessoas estão cada vez mais buscando informações e solu-ções para essas e outras questões.As bruscas mudanças dos últimos anos nas relações globais, impulsiona-das pelo desenvolvimento acelerado da tecnologia e da internet, fez surgir várias opções de desenhar uma carrei-ra, escolher uma profissão desejada e de empreender. Nos tornamos seres globais! Essa modificação acabou criando um leque de opções e desejos por parte da população profissional. Por exem-plo, para quem sempre sonhou tra-balhar fora do país nunca ficou tão simples, por outro lado quem sonha-va com apenas um chefe, hoje possui mais de três, em diferentes cantos do mundo. Assim como nascem os empreende-dores físicos que instalam empresas locais, nascem, também, os empre-endedores virtuais, com empresas virtuais e com acesso mundial. Todo essa teia de relacionamento e situa-ções faz florescer uma demanda enor-me por uma visão mais guiada para o futuro e para o sucesso rápido. O planejamento de carreira passa a ser uma estratégia necessária nesse novo cenário. Porém, poucas pessoas são capazes de elaborar e executá-lo de forma assertiva e organizada, sendo assim, o mercado para o coaching, es-pecificamente para o profissional co-ach de carreira, está se tornando um grande diferencial.Apesar de o processo de coaching es-tar sendo praticado há vinte anos ou

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mais, o coaching de carreira apenas avançou nos últimos anos em seus experimentos e práticas, principal-mente no Brasil. Esta metodologia, recente, para ajudar as pessoas a atingirem seus objetivos em sua carreira e desenvolverem compe-tências e habilidades específicas profissionalmente, vem se tornan-do mais popular agora! Os fatores pelos quais isso está ocorrendo é a possibilidade das pessoas terem mais liberdade para escolher o estilo de vida que de-sejam, contarem com mais opções na hora de escolherem suas profis-sões, de desenharem suas carreiras e de estabelecerem planejamentos de vida a médio e longo prazo. Antes, porém, de entrar em maior detalhes sobre o assunto, vamos entender as principais diferenças entre os serviço prestados com a mesma finalidade - a de contribuir

com a trajetória profissional das pessoas. Falar de carreira e pro-fissão não é algo novo, esse tema começou a ganhar campo após a primeira guerra mundial. De lá pra cá surgiram vários estudos, pesqui-sas e tentativas de se encontrar a forma perfeita de contribuir com o sucesso alheio, várias metodolo-gias foram desenvolvidas para dar conta desse desafio. A seguir você pode observar na tabela abaixo, as mais utilizadas hoje em dia por di-ferentes profissionais. Lembrando que não existe a melhor e nem a pior, e sim uma utilização adequa-da para cada caso e momento pro-fissional correto.Esse quadro tem suma importância, não só com referencia teórica, mas como mercadológica. Nas maioria dos meus atendimentos, que su-peraram a barreira das cinco mil horas durante os últimos dez anos,

eu quase sempre fui questionado sobre essas diferenças e isso é mui-to bom, pois só podemos exercer de fato o processo de coaching de carreira, a partir do entendimentos das diferentes abordagens.O coaching de carreira é uma es-pecialização, um nicho muito pro-missor da atividade de coaching. Muitos são os problemas relativos quando o assunto é carreira e vai desde a escolha de uma profissão, que se inicia dentro do ambiente escolar, mais propriamente dito do Ensino Médio, passando pela etapa de desenvolvimento de carreira, até o pré e pós carreira, a aposen-tadoria. Abaixo apresento algumas áreas em que um coach de carreira podem atuar, cada qual com suas características e demandas. Eu ba-tizei esses áreas como recortes de oportunidades em coaching de car-reira, são eles:

Coaching Vocacional(Coaching para escolha profissional)

Coaching de Carreira para Universitários

Coaching para Job SearchingCoaching para o primeiro emprego

Coaching para Geração Y

Caching para EmpreendedoresCoaching para Transição de Carreira

Coaching para Desenvolvimento de CarreiraCoaching para Descarilhamento de Carreira

Coaching para ExpatriadosCoaching para Aposentadoria

Coaching para Esportistas

ATIVIDADE CAREER COACHING

ACONSELHAMENTO DE CARREIRA

CONSULTOR DE CARREIRA

MENTORING DE CARREIRA

ORIENTAÇÃO VOCACIONAL E PROFISSIONAL

FOCO PRESENTE/FUTURO PASSADO / PRESENTE PRESENTE / FUTURO PRESENTE / FUTUROPASSADO / PRESENTE /

FUTURO

DINÂMICARESULTADOS

RÁPIDOSPROCESSOS

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

APRENDIZAGEM REFLEXÕES E AÇÕES

MÉTODO PERGUNTASPERGUNTAS, RESPOSTAS E

SUGESTÕESPERGUNTAS E

RESPOSTASPERGUNTAS,

RESPOSTAS E OPINIÕESPERGUNTAS E

RESPOSTAS

ASSESSMENTAPROPRIADO OU PADRONIZADO

PADRONIZADO PADRONIZADO ALGUMAS VEZES ESPECÍFICOS EM OV E OP

RESULTADOS CURTO PRAZO MÉDIO PRAZO LONGO PRAZOCURTO A LONGO

PRAZOLONGO PRAZO

RESPONSÁVEL CLIENTE CONSELHEIRO CONSULTOR MENTORING / CLIENTE ORIENTADOR / CLIENTE

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Em cada subnicho de carreira é muito importante que o coach tenha conhecimento sobre as teorias que embasam o desenvolvimento vocacional, digo isso pelo fato de que fazer coaching de carreira não significa só a aplicação de ferramentas, mas o conhecimento mais profundo de como um ser humano se desenvolve nas dife-rentes etapas de uma vida profissional, quais outros aspectos impactam direta-mente nessa trajetória, conforme mostra Edgar Shein, um dos maiores pesquisa-dores sobre o tema em sua publicação Career Dynamics:

Partindo do gráfico apresentado podemos entender que as principais premissas sobre a construção de uma carreira são:- Uma carreira não está pautada somente na vida-do-trabalho ou somente uma sequência de empregos;- Uma carreira é constituída de desenvolvimento humano, psicológico e social; - Uma carreira é um processo continuo durante a vida;-Uma carreira não deve estar focada a somente uma escolha presente, mais a um universo conceptual futuro;- Uma carreira demanda das pessoas um esforço de renovação continuada, adaptação às mudanças internas (biológicas e orgânicas), mudanças de mercados, tecnologias e do contexto socioeconômico;- Uma carreira decorre de interações de fatores internos e externos a pessoa;-Uma carreira depende de certas tendências: personalidade, aptidões, interesses, motivações, valores;- Uma carreira sofre influências e pressões externas: flutuações do mercado de trabalho, demandas culturais, família e amigos.

Lembre-se que lidar com a carreira de ser humano é algo de extrema importância, que o entendimento, que vai além das ferramentas, é obrigatório para que os resultados se materializem e para que o processo de coaching de carreira seja um sucesso.

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Marcello Árias DanucalovDoutor em Ciências (Psicobiologia), Filósofo

e Coach OntológicoConsultor em Comportamento Humano,

Ética, Neurobiologia e Relações HumanasFundador do Espaço Marcello Árias –

Aprimorando MentesContato: [email protected]

Filosofia e Coaching

Spinoza, um homem fora de seu tempo

Imagine-se conduzindo uma reunião de trabalho quando um de seus colaboradores começa a versar sobre acontecimentos que envolveram ele e um ges-tor do departamento onde você ocupa um cargo de liderança. A emoção gradativamente vai se-questrando-o, e dentro de pou-co tempo os demais colegas de trabalho presentes na reunião passam a demonstrar certo des-conforto com a situação. Qual se-ria a sua atitude? De que maneira você acredita que um líder coach deveria proceder em ocasiões onde a emocionalidade passa do estado latente para a mais franca expressão? Como você acredita que os afetos devam ser encarados no ambiente de tra-

balho? E em encontros formais de Coaching, qual deve ser o pro-cedimento do facilitador quando a emocionalidade do cliente se torna soberana? Há quatrocen-tos anos ainda não existia o que chamamos atualmente de mun-do corporativo. Todavia, seques-tros emocionais dessa ordem já se manifestavam, ainda que em outras esferas. Nesta época, onde a crença na racionalidade atingia seu ápice, um homem ousou problematizar os afetos como poucos haviam feito an-teriormente. O nome desse ho-mem? Baruch Spinoza. Spinoza (1632 – 1677) é um autor do século XVII. Sua vida foi breve e suas contribuições para o pen-samento humano foram grandio-sas, apesar de ter vivido somente quarenta e cinco anos. Spinoza

Coaching, Emoção e Spinoza

Um olhar sobre os afetos Parte 1

“Todo filósofo tem duas filosofias: a sua e a de Spinoza”Henry Bergson

passou praticamente toda a sua vida na cidade de Amsterdã, na Holanda. Nascido no seio de uma família de judeus religiosos que foram expulsos de Portugal pela inquisição, Spinoza teve uma só-lida formação teológica estabe-lecida no judaísmo, ainda que te-nha se tornado célebre pelo fato de seu pensamento se afastar sobremaneira do pensamento monoteísta religioso. Suas ideias são fundadas no materialismo, sua Filosofia contradiz sua for-mação teológica, e sua vida nega as expectativas que sua comuni-dade lhe outorgou. Percebe-se que muito além das escrituras religiosas, Spinoza teve contato com outros pensadores que o le-varam a ter ideias na contramão de sua formação judaica. Dentre os temas pelos quais Spinoza

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nutriu interesse durante sua curta vida pode-se destacar: matemática, mecâni-ca, gramática, hermenêutica, literatura clássica, história, literatura política e literatura espanhola. Os autores que constavam de sua biblioteca particular na época de sua morte eram: Cícero, Virgílio, Sêneca, Plínio, Julio César, Oví-dio, Aristóteles, Tácito e principalmente Hobbes e Descartes. Como todo gênio, Spinoza foi um ho-mem verdadeiramente à frente de seu tempo. Apesar de ser dotado de gran-de cultura e lucidez, Spinoza ganhou a vida exercendo um trabalho muito sim-ples, polidor de lentes para telescópios. Desta forma, ajudou muitas pessoas a enxergar com mais clareza os mistérios do universo. Coincidentemente, sua Fi-losofia também ajudou muitas pesso-as a investigar e compreender melhor seus universos interiores. Um homem que mergulhou no interior do ser em busca da compreensão de como os afe-tos influenciam o comportamento, foi também alguém que ajudava pessoas a olhar para as estrelas. Sua obra mais conhecida é Ética à Ma-neira dos Geômetras, e um dos aspec-tos mais importantes deste texto é a profundidade com a qual investiga os afetos, muito diferente das aborda-gens concedidas pelos filósofos idea-listas como Platão e sua comitiva. To-davia, a proposta idealista foi de certa forma chancelada pelo senso comum, e os afetos foram, consequentemen-te, tratados com relativo desprezo nas instituições e organizações, quer sejam elas de caráter educacional ou corpo-rativas. Nas escolas, por exemplo, mui-to se fala de fórmulas matemáticas, reações químicas e organelas celula-res, e pouco ou quase nada se discute a respeito de ciúmes, orgulho, raiva, inveja e mágoa, o que, convenhamos,

são os aspectos que mais desafios nos impõem em nossas trajetórias existen-ciais pela vida. No mundo do trabalho a afirmação de que “este lugar não é um ambiente propício para manifestação de emoções e paixões” é quase um lu-gar comum. Somos assim, privados de uma discussão mais aprofundada so-bre os aspectos da vida que mais nos influenciam e condicionam, e com isso apequenamos as relações humanas por partirmos do pressuposto de que nossa razão é soberana e que por este motivo somos livres para escolher a melhor das vidas. Spinoza, resgatando pensamen-tos antigos como os de Demócrito e dos estoicos, sai em defesa dos afetos propondo uma reconciliação entre pai-xões e razão ao afirmar que não somos livres, mas se investigarmos nossos afetos com auxílio da razão poderemos obter pequenos “graus de liberdade”. Qualquer semelhança com a Inteligên-cia Emocional de Daniel Goleman talvez não seja mera coincidência, mas este é um assunto para uma próxima coluna.Segundo Spinoza afeto é uma interpre-tação que o corpo concede a uma mo-dificação que lhe é imposta. O efeito é algo objetivo, por exemplo, uma aula ruim inviabiliza a aquisição de conhe-cimento, mas pode também participar da depressão, da tristeza e da raiva do aluno que se disponibilizou a ouvi-la. Nossos corpos manifestam por meio dos afetos a objetividade das decor-rências que o mundo determina sobre eles. Além disso, ainda que os efeitos objetivos sejam similares em todos os corpos, os afetos serão sempre singu-lares, particulares, privados. Toda sen-sação é consequência de encontros com o mundo que nos rodeia, e essas sensações não se equivalem, pois para Spinoza, existem algumas que são boas – alegradoras - e outras que são ruins

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- entristecedoras. O encontro que me alegra pode te entristecer e vice versa. Para Spinoza, um processo de Coaching bem sucedido, provavelmente patroci-naria relações humanas mais saudáveis e profícuas. Spinoza afirma que a vida é manifesta em um conjunto de relações do corpo vivente com outros corpos. Sendo assim, viver, nada mais é do que relacionar-se com o mundo ao redor, pessoas, objetos, contextos, circunstân-cias. Um corpo sempre viverá melhor na dependência direta da qualidade com que se relaciona com o mundo. E para você caro/a leitor/a?:As relações que você tem mantido com o mundo têm lhe concedido efeitos predominantemente positivos ou ne-gativos?Quando eu tinha dezoitos anos de idade, minha irmã, que contava vinte e dois, resolveu morar em Fernando de Noronha com seu recém-adquirido marido. Desde pequenos os dois so-nhavam com isso, pois tinham sido “contaminados” com a esperança de encontrar um paraíso na Terra onde só existissem encontros alegradores. Os responsáveis por essa contaminação? Christopher Atkins e Brooke Shields, os atores do famoso filme A Lagoa Azul. Prepararam “a fuga”. Venderam seus pertences. Organizaram as mochilas e lá se foram fugindo do mundo em busca do paraíso perdido. Três meses depois estavam de volta. Tristes. Feri-dos em suas almas. O mundo do qual fugiam também os acompanhara em sua fuga. O mundo também estava em Fernando de Noronha! No paraíso ti-nha gente. Gente fina. Não tão fina. E de uma grossura estupenda também! E os encontros com o mundo “paradisía-co” surtiram os mais diferentes afetos, desde os mais alegradores até os mais lamentáveis. Triste constatação; gran-de lição de vida já intuída por Spinoza. Onde há mundo, há encontros, e onde

há encontros há afetos. Hoje, passados mais de trinta anos dessa aventura, mo-ram em Praia Grande mesmo. E você, controla seus afetos?Você já pensou na gigantesca quantida-de de estímulos a que somos submeti-dos a cada instante? Nossa consciência não consegue dar conta da desmesura-da cifra de excitações com os quais so-mos constantemente bombardeados. Pense na roupa que você está vestindo agora. Você a estava sentido antes que eu chamasse a sua atenção para este fato? Provavelmente não, apesar de a roupa estar lhe afetando ininterrup-tamente. Assim como a roupa, neste exato momento seu corpo está sendo afetado por milhares de estímulos: tá-teis, auditivos, visuais, cinestésicos, ol-fativos. Todavia, muitos deles não atin-gem a consciência e são processados a nível subconsciente. As constantes modificações do corpo prescindem de nossa consciência. Na realidade, nosso cérebro gasta muito mais energia para impedir que estímulos atinjam nos-sa consciência do que o oposto. Basta lembrar que uma crise de epilepsia é fruto de uma atividade aumentada das células cerebrais, que em estados de atividade normal são mantidas “desli-gadas”. Logo, nosso sistema nervoso está constantemente sendo inibido e nossa atenção invariavelmente dire-cionada para ínfimas partes do todo que nos afeta. Por mais que possamos acreditar que damos conta de perceber tudo que se passa ao nosso redor, isso é neurofisiologicamente impossível. Nos-so cérebro precisa de foco, e para focar em algo ele precisa desativar outras re-giões que competiriam com o foco atu-al. Todavia, se focarmos por muito tem-po em algo, é possível que criemos um hábito de somente perceber este algo. E este algo é invariavelmente transfor-mado em uma emoção, alegradora ou entristecedora. Uma emoção habitual!

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E hábitos tendem a nos impedir de pen-sar. Lição de sabedoria para coaches.

Quais são os hábitos do seu coachee?Quais são os seus?

Quais são alegradores e funcionais? Quais são entristecedores e

disfuncionais?

A ignorância sobre a nossa presença no mundo é incomensurável e desmedida, e neste aspecto, Filosofia e Neurociên-cia tendem a concordar. Como somos fruto de nossas relações com a nature-za, para que pudéssemos compreender a forma como chegamos a ser quem so-mos teríamos que ter uma noção exata de nossa trajetória, compreendendo todos os nossos afetos e tendo cons-ciência de todos os efeitos que os ori-ginaram. Isso é impossível, e Spinoza já era suficientemente lúcido para se opor a esta pretensão. Sendo assim, pode-se afirmar que Spinoza é fundamentação filosófica básica da psicanálise, e antes dela, do profícuo pensamento de Niet-zsche. Atualmente, não são poucos os neurocientistas que se encantam com o pensamento spinozano, e Antônio Damásio pode ser uma leitura agrada-bilíssima para aqueles que se encantam pelo tema das emoções.Spinoza, diferente de Kant - que co-nheceremos em breve em outro tex-to - não acredita que seja possível ao homem deliberar na contramão de seus afetos, de seus desejos, de suas emoções. Sendo materialista, Spinoza tem que aceitar que o corpo não pode deliberar na contramão do próprio cor-po, pois isso seria uma contradição do ser, - neste caso o corpo -, decidir agir

na contramão de seus desejos. Para você que acredita ser detentor de uma total liberdade deliberativa vale à pena embrenhar-se por uma reflexão. Pense nos milhões de atividades fisiológicas que você não controla. Atividades car-díacas, respiratórias, enzimáticas, imu-nológicas, hormonais, gástricas etc. Por que seria diferente para os trilhões de conexões sinápticas que ocorrem sem que você tenha consciência disso? “O Eu não é senhor em sua própria casa”, assevera Freud algum tempo depois de Spinoza e Nietzsche já terem zombado da crença na razão. Pense bem leitor/a, quem controla o seu pensamento ago-ra? Quem controla o seu pensamento durante o dia? O pensamento nasce de forma espontânea. Você pensa aquilo que você sente. Seu pensamento é pro-duto de seus afetos, e como você não escolhe os seus afetos, não pode dizer--se livre. Entendeu? Na Filosofia, Spinoza influenciou Niet-zsche, Deleuze, Foucault, entre outros, e todos esses filósofos provavelmente concordariam que um coach que afirme facilitar processos de Coaching onde a razão é soberana, estaria cometen-do uma falácia argumentativa. E você caro/a leitor? O que pensa disso? De que maneira um coach poderia tra-balhar os aspectos emocionais que emergem em si mesmo e em seu co-achee durante os encontros de Coa-ching? Em nossa próxima coluna pro-meto dar continuidade nos pensamen-tos aqui suscitados. Spinoza nos dará algumas dicas preciosas para que pos-samos entender melhor nossos afetos e lidar melhor com os afetos daqueles que nos rodeiam.

Sugestões de leitura e pesquisaDAMÁSIO, A. Em busca de Espinosa: Prazer e dor na ciência dos sentimentos. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.ROCCA, M.D. Psicologia metafísica de Spinoza. In: GARRET D (Org.). Spinoza. Aparecida/SP: Editora Ideias e Letras, 2011. p.245-332.SPINOZA, B. Ética. Demonstrada segundo a ordem geométrica. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.Aulas de Marilena Chauí e Clóvis de Barros Filho disponíveis no youtube.

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Janete ZalcsztajnConsultora de Coaching com Mapa de Eneagrama 360º,

Mentora e [email protected]

Para Refletir

Eis a questão:

O que é mudança? Mudança é o ato ou efeito de mudar, de dispor de outro modo.Podemos ir mais além. O significado de mudar é evoluir, mudar dá trabalho, sair da zona de conforto cansa, tira o sosse-go e assusta. Não se trata mais de “mu-dar”! Há várias ferramentas efetivas de mudança pessoal. Em sua grande maio-ria, permitem mudar um comportamen-to por um tempo, mas o padrão por trás do comportamento se mantém. E desta forma, a causa permanece presente, gerando um efeito semelhante através de um comportamento “aparentemen-te” diferente. Algumas até parecem ter solucionado o problema por um tempo, até que o padrão emerge mais podero-so que nunca.Num mundo em extrema mudança, o maior risco que corremos é ficarmos esperando para ver o que vai aconte-cer, nunca é tarde demais para mudar o caminho de sua vida. A mudança é ne-cessária, com certeza é uma evolução, é ameaçadora! Entretanto todos querem mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si próprio.O ser humano, na verdade está em “cri-se”, não pode mais continuar fazendo

as coisas do jeito que ele fazia. Além disso, essa “crise”, sinaliza encontrar um equilíbrio adequado para ele.Na verdade é criar um novo paradigma, não é mais uma questão de mudar, sim de “transformar”.A transformação, por conseguinte, é a passagem de um estado para outro, começa internamente com sua essên-cia do “ser”.

O que é transformar? Passar por mudanças ou modificar--se. Nesse caso a eficácia é bem maior, começa no autoconhecimento do ser humano. Na realidade o autoconhe-cimento não é simples, começa no nosso interior, se conhecendo e per-cebendo as nossas limitações e blo-queios. Está relacionado com nossa capacidade de introspecção de olhar-mos para dentro de nós, percebermos o que sentimos e pensamos, na verda-de sabemos muito pouco a nosso res-peito, a nossa necessidade é reapren-der a aprender quem somos.No processo de transformação o que está bloqueado no ser humano, com autoconhecimento fará aprender o aco-lhimento, sem julgamento prévio, antes de confrontar com os outros, a criar um novo espaço para seu processo de apren-

Mudança ou Transformação?“As borboletas me fazem lembrar que na vida tudo se transforma”

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dizagem. O ser humano, é o primei-ro “motor da ação”, necessita da autoconfiança, autodeterminação, tem se permitir o olhar para dentro de “si mesmo” para reconhecer o verdadeiro “ser”. Além disso pre-cisa ser proativo nessa busca dos desafios, aprender a aprender a passar nas “crises” externas.Na verdade a “transformação pes-soal” no comportamento faz o in-divíduo despertar gradualmente para o “ser”, a sua essência, largan-do a condição de “prisioneiro” do traço de personalidade, com uma nova percepção, conduzido a uma nova visão e propósito. O indivíduo ganha um novo sen-tido na sua vida, no processo de “mudança” em cada traço de per-sonalidade, necessárias ao pro-cesso de “transformação” de ex-pressão de toda a personalidade, formada pela soma dinâmica das diversas expressões de cada traço em dado momento.

O que é personalidade?Conforme pesquisa, é o conjun-to de características psicológicas que determinam os padrões de pensar, sentir e agir, ou seja, a in-dividualidade pessoal e social. Podemos ainda, complementar: é um conjunto de características ou traços que diferencia os indiví-duos. A personalidade envolve os aspectos: cognitivos, afetivos, fi-siológicos e morfológicos de uma pessoa, resultando num padrão de comportamento no qual determi-na os contextos de sua vida como o pensamento, e outros atributos.Eis as questões: Você conhece sua personalidade? Você sabe quem você é? E quem você não é? Quanto eu lembro quem eu sou? Quanto eu projeto uma imagem verdadeira? Aumen-ta os seus problemas e não vê saí-

da para nada acreditando que não há caminho? Como eu me prendo aos modelos e padrões atuais? Quanto de energia eu dedico para pensar em novas possibilidades?A energia inconsciente nos leva a uma vida automatizada, assim às repetições. A partir da tomada de consciência a possibilidade de es-colha no que queremos para a nos-sa vida. A prática da observação e percepção, estará sempre em mo-vimento para tomar consciência dos seus pensamentos e emoções. Como posso me relacionar com os outros? E ter uma visão estraté-gica de empreendedorismo? E o mais importante ainda, não sabe fazer a sua transformação?

Khristian Paterhan em seu li-vro “Eneagrama, um caminho para sucesso individual e profis-sional”: - quando conhecer sua personalidade integral, consi-derando-se cada um dos seus “eus”,você conhecerá todas as nuances desse artista que é o seu “ser”, assim poderá manifes-tar toda a sua beleza, poder e luz na sua existência.Na vida temos que aprender com o sucesso e o fracasso. O melhor ingrediente, o autoco-nhecimento, nos ensina estas competências para esta transformação.Lao Tsé em seu li-vro do caminho e a virtude: “Os que chegam ao conhecimento de sua verdadeira essên-cia, ganham a tranquilida-de completa”.E você leitor, está preparado para começar sua “transforma-ção”? A cada segundo é tempo para sair dessa “crise interior”, assim poderá mudar o mundo!

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Ana Paula Barros Coach de Vida e Carreira

O segredo do sucesso é ajudar outras pessoas a terem sucesso

[email protected]

Eu, cada vez melhor

Hoje eu convido você a fazer uma pe-quena viagem.Acomode-se de maneira relaxada, des-cruze as pernas, deixe seus braços li-vres, mãos viradas para cima sobre os joelhos. Respire profundamente, e ex-pire lentamente. Repita este procedi-mento duas ou três vezes.Aliás, uma observação importante: continuar respirando enquanto você lê todo este artigo é altamente recomen-dável - e pode ser muito producente também. Agora imagine uma grande tela mental, e mergulhe nas cenas que aqui serão descritas.

Ensaio Mental

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Cena 1:Você chega ao consultório do seu dentista. Na sala de espera, depara-se com pessoas aflitas, roendo as unhas. Ao cumprimentar a recepcionista, percebe que, por algum motivo, ela não é uma pessoa de sorriso fácil. Ao contrário, ela tem um sorriso RPM: aquele assim, meio de lado e já saindo (de cena). Você pensa que ela não deve estar tendo um bom dia, e abstrai. No local, não há música ambiente para acalmar os nervos dos pacientes impacientes, apenas aquele som de fundo do motorzinho. O barulho irritante e insistente invade seus tímpanos de maneira extremamente indelicada, sem pedir permissão para entrar. Os ânimos se exaltam. Quando o dentista aparece no cor-redor com sua ficha em mãos e abre a boca para chamar seu nome, você, boquiaberto, nota que lhe faltam alguns dentes da fren-te. Ao se transportar para esta cena e co-meçar a conversar com o dentista, ele sen-te seu nervosismo, e percebe que você não tira os olhos das suas “janelinhas”. Então ele prontamente se justifica dizendo que, embora exerça a profissão há três décadas, nunca sentiu necessidade de consultar um colega de profissão para tratar seus dentes. Rapidamente você aplica em si mesmo uma sessão SWOT, na busca frenética por con-seguir neutralizar a ameaça de ter que se submeter àquele dentista maluco. Você co-meçar a suar, e tenta se lembrar dos pontos de EFT que um colega se ofereceu para lhe ensinar naquele congresso, e você achou que era besteira, que nunca precisaria usar. Você desesperadamente bate no ponto da sobrancelha, bate no ponto abaixo do olho, bate na região entre o nariz e a boca. E bate em retirada.

Cena 2:Após meses relutando, você finalmente resolve começar a se alimentar de maneira mais adequada. Como coach, você tem pesquisado tudo sobre qualidade de vida, equi-líbrio, alta performance. Aliás, como coach, você anda pesquisando sobre tudo. Chega o dia da sua consulta com aquela nutricionista famosinha, que andou aparecendo em todos os congressos online gratuitos aos quais você assistiu, e que teve a sorte de escrever para a revista mais incrível de coaching do Brasil. Você se pergunta “nossa, como ela conseguiu?” mas logo volta o foco para seu ob-jetivo principal bem definido: conquistar uma alimenta-ção mais balanceada, que lhe proporcione mais qualida-de de vida e viabilize uma conexão mais alinhada com o seu eu, com sua essência. Você chega ao consultório da nutricionista. Na entrada há uma mesa de madeira de de-molição bem comprida, decorada com flores da estação. Ao olhar mais atentamente, avista docinhos diversos: brigadeiros, beijinhos, bichos de pé. Até cajuzinhos tem! Você sente uma leve tontura, reflexo do açúcar entrando em seu organismo através da sua íris. Mas que doce visão! Você esfrega os olhos, e eis que a Dra Nutri aparece para tirá-lo daquele estado de hipnose. Ela se aproxima, você estica a mão para cumprimentá-la. Ela confidencia a você, bem baixinho, que nunca fez dieta na vida, e que a vida é bem mais leve para quem não pega tão pesado. Ela admi-te estar cerca de 15 quilos acima do peso, e pede a você uma receita (ou ferramenta de coaching) para se sentir menos culpada. E pede também uma receita de bolo de chocolate, por que não?!

Você sente um desconforto na boca do estômago e co-meça a imaginar de que maneira irá conseguir digerir aquela situação inusitada. Aplica em si mesmo um Perdas e Ganhos. Conclui que se continuar ali somente irá perder tempo e ganhar calorias. Você coloca toda aquela situa-ção na balança. E o que realmente pesa é sua vontade crescente e iminente de fugir dali.

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Cena 3:Hoje é o dia da transmissão do seu pri-meiro Hangout. Você acorda entusias-mado, muito motivado - e um tanto an-sioso. A última vez que você falou para tanta gente foi na festa de amigo secre-to da empresa - sim, aquela empresa que você deixou para finalmente viver sua missão como coach, palestrante, consultor e escritor. Você liga a TV para dar uma relaxada, e então se dá conta de que sua casa está sem internet. Pega o telefone para ligar para o seu prove-dor e reclamar, mas não dá linha. Você se lembra de que adquiriu o combo cai-cai-balão: quando uma coisa cai, to-das as outras também caem (telefone, internet e TV a cabo), e só aí você se recorda de ter levado um tremendo ba-lão. A solução é entrar em contato com o provedor pelo celular. Você agenda a

visita do técnico. Ele milagrosamente aparece em sua casa em menos de uma hora. Ele adentra seu lar. Ao olhar para a mochila dele, você avista uma mar-mita preta. Mas... espere, é um celular StaTac! Você fica em estado de choque. Vocês começam a conversar. Ele admite não ter afinidade com essas coisas tec-nológicas. Você pergunta da rede, e ele começa a falar de pesca. Você fala de Wi-Fi, e ele agradece, mas diz que não bebe. Quando você questiona se o pro-blema não estaria no roteador, ele faz cara de retrato, muda para paisagem e perde a configuração. Você começa imaginar uma maneira eficaz de se li-vrar da conexão com o técnico, abortar o trabalho e se livrar daquela péssima impressão. Em seu RoadMap ideal, aquele cidadão jamais cruzaria sua linha do tempo.

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Você sentiu que houve uma cone-xão de qualidade? Ou apenas eram indivíduos focados em seus pró-prios interesses?Para que qualquer objetivo seja atingido, é necessário que as pes-soas envolvidas estejam olhando na mesma direção. Isto se aplica a uma família, a uma equipe, a uma sessão ou consultoria com seu cliente, a uma empresa, a um país. 

Outro ponto essencial para o seu sucesso, ainda dentro do tema co-nexões, é a sabedoria para pedir ajuda. Pessoas precisam de pessoas!Um professor precisa de profes-sor. Um psicólogo tem que fazer terapia. E é muito importante você entender que, seja você quem for (coach, empreendedor, empresá-rio, carreirista, estagiário, aposen-tado, consultor...) você também precisa ter um coach, um mentor.Alguém que esteja pelo menos um passo à sua frente, alguém que o ajude a quebrar seus próprios pa-radigmas, alguém que o estimule a ir além. Que o impulsione a so-nhar mais alto - e a focar, planejar e a entrar em ação para materiali-zar seus sonhos.Porque, como meu coach me ensi-nou, “aquilo que o trouxe até aqui não é o que o levará ao próximo nível”.

Espero vê-lo, em breve, num pró-ximo nível.

Agora eu peço para você começar a voltar a si. Sinta seu corpo, mexa seus pés, pernas, braços, pescoço. E vá retornando aos poucos para o momento presente, até você se sentir confortável para abrir os olhos e voltar à sua realidade atual.Como foi a experiência do ensaio mental? O que você viu, vivenciou, sentiu?Como seu corpo e mente reagiram ao fato de você estar lidando com profissionais que não colocam em prática sua própria teoria?

Muitos de nós estudamos demais, investimentos em cursos, pales-tras, livros, mas nos esquecemos de aplicar em nossas próprias vi-das, em nosso dia a dia, os ensina-mentos aprendidos.Focamos no “ter” e nos esquece-mos do “ser”.

E, ao descobrirmos algo novo, fre-quentemente pensamos em como terceiros (nosso cliente ou aque-las centenas de outras pessoas que queremos ajudar) poderiam aplicar aquela sacada em sua vida, antes mesmo de testarmos o novo conhecimento em nosso próprio benefício, e constatarmos se aqui-lo, de fato, funciona e traz resulta-dos concretos.

E qual foi a sua percepção sobre a qualidade do contato das pessoas que você encontrou nas situações ilustradas?

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Livia BorgesPersonal, Professional & Business

[email protected]

Com o comecei

Nossa evolução se dá todos os dias. Depois de alguns anos de análise, consegui entender e acei-tar que todos somos limitados em alguma coisa, que não pode-mos ser excelentes em tudo. E com isto compreendi que em al-gumas situações é fundamental ter humildade e procurar ajuda. E foi em uma fase de transição em minha vida que o Coaching apareceu. A intenção inicial era utilizar o processo para um dire-cionamento, um apoio em uma tomada de decisão difícil e aca-bou se tornando um propósito de vida. Aprendi com o processo de Coaching e com a minha forma-ção que precisamos estar abertos às mudanças e que autoconheci-mento é um dos segredos para se ter uma vida próspera.Há exatamente um ano atrás eu

tomava a decisão de deixar o mercado de trabalho como exe-cutiva de uma multinacional para apostar na minha carreira como Consultora, especialista em Ges-tão de Clientes. O cenário atual da economia não era muito pro-missor e sabia que o risco seria grande. Mas como aprendi tam-bém a ver as crises como oportu-nidades, resolvi apostar em mim e pagar para ver.Como mestre e doutora em Es-tatística, eu tinha deixado as sa-las de aula havia 1 ano, devido ao desgaste gerado por tentar ensinar para quem não tem in-teresse em aprender. Em uma sala de aula de faculdade, com 70 alunos, 20 entendiam o valor de estar ali, enquanto que os outros 50 imaginavam que ape-nas um diploma dali a 4 anos

E foi assim que começou...

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mudaria a vida deles. Aproveito este artigo para parabenizar a to-dos os colegas professores uni-versitários pela determinação e paciência na arte de ensinar nos dias de hoje.E foi na minha formação como Personal & Professional Coach, um ano depois de estar afastada das salas de aula, que as peças do meu quebra-cabeça começaram a se juntar. Hoje consigo compartilhar meu conhecimento e experiência, através do processo de Coaching, para pessoas que acreditam nelas mesmas, no seu potencial e no seu talento. É muito gratificante ver o resultado do seu trabalho es-tampado nas conquistas do outro, através de um trabalho contínuo de desenvolvimento, direciona-mento, visão de futuro e desco-berta de potencial. Aprendi que posso ser muito útil na sociedade em que estou inserida ajudando pessoas que pretendem evoluir.

Tenho um encantamento pelos livro desde criança. Fui uma pes-soa que li Pollyana, e tentava aplicar na minha vida sempre que possível, mas nem sempre con-seguia. Pollyana era uma menina que conseguia ver o lado positivo de tudo. Leitura que minha sábia mãe nos recomendou e que levei para a vida. Hoje quando estou em contado com meus coachees, sinto um orgulho de poder estar fazendo parte de um capítulo do livro da vida deles, onde eles es-tão na busca de melhorias. Durante toda a minha formação e

atuação como Coach, ficou claro que é fundamental uma integra-ção entre Autoconhecimento, Au-toestima e Autoresponsabilidade, o que gera segurança para seguir em frente e acreditar que sempre é possível mesmo quando temos vontade de desistir e voltar para o cenário anterior, onde tudo era mais confortável e fácil.Qualquer que seja nosso pro-pósito, precisamos ter foco, pla-nejamento, ação e aguardar os resultados. O aprendizado de um processo de Coaching pode ser utilizado na sua vida pessoal, profissional e espiritual. A minha interação com o publico duran-tes minhas aulas e palestras fi-cou muito mais dinâmica depois de estar ciente do que as pes-soas querem ouvir, de como elas querem ser tratadas e respeita-das. A minha convivência familiar e no trabalho e os meus relacio-namentos ficaram mais leves.Compartilho com vocês alguns benefícios do processo de Coa-ching na minha vida pessoal e profissional: me tornei autocon-fiante, aumentei minha autoesti-ma e minha resiliência, me senti plena em relação à minha vida pessoal e profissional. Foi um processo de intenso crescimento e evolução que recomendo a to-dos vocês que estejam abertos à descoberta de seus potenciais e melhoria de suas performances. Virar o jogo requer percepção, intenção e movimento. E quando temos um bom porquê, suporta-mos qualquer como.

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Maira OllilaGerente, Global Inovação, Liberty Mutual

Be the change you want to see in the [email protected]

Maira foi coachee de Livia Borges

Pra mim foi assim

Uma das aulas do meu bacha-relado me ensinou a escrever meus planos. Foi aí que decidi que um dia estaria trabalhan-do com negócios internacio-nais em uma empresa multina-cional na América Latina. Essa decisão veio fácil pra mim, mas parecia muito longe de onde eu estava. Eu estava estudando sem muito dinheiro, em uma pequena universidade longe da minha família e em um país onde não podia trabalhar, sem falar espanhol.Com o tempo os pontos foram se alinhando ou talvez eu fui selecionando os pontos que se alinhassem ao meu objeti-vo, é difícil saber. Só sei que em 2010, depois de terminar o bacharelado e um MBA em ne-gócios internacionais e já com uma noção do espanhol eu me vi trabalhando em uma multina-

cional com projetos na América Latina.Comecei com projetos peque-nos, mas com tempo já estava trabalhando com projetos no Brasil, Argentina, Chile, Ecua-dor, Colombia e Venezuela. Aprendi muito, conheci pessoas interessantes, consegui uma melhor fluência no espanhol e percebi que tinha chegado no meu objetivo do bacharelado.E agora? – pensei.

Sentia-me feliz por ter chegado onde estava, mas ainda sentia um pouco de vazio. É que na trajetória para alcançar meu objetivo, fiz algumas decisões que deixaram bagagens meio pesadas. Sentia o peso das ba-gagens, mas não sabia que elas existiam. Sentia o vazio das de-cisões, mas não sabia de onde vinha ou como solucioná-lo.

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Além disso, meu trabalho começou a passar por várias mudan-ças. Era incerto o futuro do departamento onde eu trabalhava. Eu não sabia se continuaría com a mesma posição e nem sabia se queria continuar com a mesma posição. Foi aí que encontrei minha coach. Sabia que naquele momento era essencial entender o que eu queria como próximo passo de carreira. Queria definir esse passo, mas diferente do primeiro objetivo, esse estava mais di-fícil. Parecia irônico que ao conhecer mais do mundo de negó-cios, minhas aspirações de carreira ficavam cada vez mais cin-zas e embaçadas. Encontrar o processo de coaching bem nesse momento foi um grande achado.

Começamos a conversar e fui vendo minha situação de uma maneira mais holística. Afinal, diferente da época da universi-dade, não podia focar tudo na carreira. Agora estava casada, responsável pelo meu próprio sustento financeiro e precisava pensar em um plano de vida mais completo, mais satisfatório. Em cada sessão aprendia um pouquinho mais sobre mim mes-mo. Em umas sessões descobri caraterísticas minhas que não sabia que existiam; em outras, aprendi a reconhecer caracterís-ticas que eu mesmo andava escondendo, mas saía de cada ses-são com um pouco mais de segurança. E segurança era exata-mente o que eu precisava naquele período de tanta mudança ao meu redor. Precisava saber, ou melhor, precisava acreditar que independente do momento de turbulência na empresa, eu iria conseguir pavimentar meu caminho rumo a um objetivo.

Passamos um bom tempo definindo esse objetivo, mas quando chegamos lá, estava claro pra mim que era lá mesmo onde que-ria chegar. Sabia quais das minhas características iam me aju-dar a chegar lá e quais eu precisava controlar um pouco mais para não deixar atrapalhar o processo. Os próximos passos foram quase automáticos. Voltei a volun-tariar, trabalho que enche minha vida de sentido. É difícil sentir vazio quando você encontra maneiras de ajudar as pessoas ao seu redor. Consegui passar um pouco mais tempo com minha família e mantive minha carreira no caminho que me satisfazia, incluindo financeiramente.

Esses são os produtos mais visíveis do meu processo de coa-ching, mas acho que o maior produto, apesar de muito valioso, não é tão tangível. Muitos pagam muito por ele. Outros nunca o encontram. Pra mim, o encontrei nas sessões de coaching: o autoconhecimento. E acho que com ele, fica mais fácil encarar as mudanças em nossas vidas.

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