Revista comemorativa da ADL - 60 anos

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Edição comemorativa do aniversário de 60 anos da Associação Diacônica Luterana (ADL) Afonso Cláudio — Espírito Santo | ABRIL DE 2016 Revista ADL 60 anos.indd 1 23/03/2016 14:03:34

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Edição comemorativa do aniversár io de 60 anos da Assoc iação Diacônica Luterana (ADL)

A f o n s o C l á u d i o — E s p í r i t o S a n t o | A B R I L D E 2 0 1 6

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ExpedientePublicação comemorativa do aniversário de 60 anos da Associação Diacônica Luterana (ADL)

ENDEREÇOAv. Valdemiro Nitz, 285 – Serra Pelada, Afonso Cláudio – Espírito Santo – Cep: 20.603-000Telefone: (27) 3735-7060www.adl.org.br

CONTATOSSecretaria: [email protected] financeiro, Superintendência e Secretaria: (27) 3735-7060Equipe Pedagógica: (27) 99821-7060

REDES SOCIAIS twitter.com/adluteranafacebook.com/associacaodiaconicaluteranayoutube.com/atividadesADLinstagram.com/adluterana

CONTEÚDOContatus Comunicação(27) 3089-4100

EDITORARita Diascanio

REPÓRTERESDinah Lopes e Lyvia Justino

EQUIPE DE APOIO PARA PESQUISAAlzira RatundeAlex Reblim BraunNivaldo Geik VolzPaulo Jahnke Siegmund BergerValdemar HolzWilla Buecker

EDITORAÇÃO ELETRÔNICABios(27) 3222-0645

FOTOGRAFIAArquivos da ADLFotos cedidas pelos entrevistados

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SUMÁRIO

Editorial

Mensagem do Presidente

Mensagem do Pastor Sinodal

Entrevista com o Superintendente

Artigos

História

Objetivos, Programas e Projetos

Exemplos de Oportunidades

Infraestrutura e Equipe

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No ano em que a Associação Diacônica Lute-rana (ADL) completa 60 anos, o tema da Igre-ja Evangélica de Confissão Luterana no Bra-sil – IECLB propõe: “Pela graça de Deus, livres

para cuidar”. Uma feliz coincidência! É o que a história da ADL demonstra.

Na meditação do Mensageiro Diacônico, em 1972, o pastor Gustavo Schünemann escreveu: “No Cristianismo, o amor ao próximo é sempre resposta, eco, manifestação de gratidão ao amor de Deus”. Foi este desejo profundo de res-ponder ao amor de Deus que levou o pastor Artur Schmidt e sua esposa Käthe a perceberem a necessidade da formação diaconal, em Serra Pelada, município de Afonso Cláudio (ES), cujo início oficial data de 22 de fevereiro de 1956. “O objetivo era conduzir jovens a Jesus Cristo, fortalecê-los na fé e des-pertar-lhes o amor pelo serviço na Igreja para que mais tar-de pudessem servir ao seu Senhor na comunidade, num au-têntico espírito diaconal-missionário” (pastor Rodolfo Gaede).

O serviço ou o cuidado de amor que vê o ser hu-mano enfermo, solitário, excluído, caído, almeja devolver e manter a dignidade que recebeu de Deus. Esse serviço, que criou corpo com a atual ADL, é fruto da grande sen-sibilidade para com as necessidades das pessoas no con-texto capixaba.

O pastor Schmidt, bem como as tantas lideranças que o sucederam nessa instituição, viram e continuam vendo a necessidade desse serviço de amor. Afinal, vive-mos num contexto em que irmãs e irmãos nossos estão até mesmo com o semblante desfigurado. Essa visão ultrapassou as fronteiras do contexto capixaba. Ou seja, a sensibilidade e o cui-dado de amor em resposta ao amor de Deus por seus filhos e suas fi-lhas tornaram-se semente bendi-ta que o Espírito Santo de Deus esparramou por toda a IECLB. Não por acaso, portanto, o ter-mo Diaconia e, principalmente, as ações diaconais constam no coração do Plano de Ação Mis-sionária da IECLB – PAMI.

A ADL despertou um núme-ro incontável de jovens para servir e cuidar em espírito diaconal. Carre-

EDITORIAL

60 anos da ADLgam a marca da ADL lideranças engajadas em presbité-rios, atuantes na política, no ensino, na música, na visita-ção em asilos e orfanatos, onde pessoas aguardam a mão que ampara e o abraço que sustenta. Expressivo e signi-ficativo para toda a IECLB também é o rol de jovens que, tendo passado pela vivência comunitária-diaconal da ADL, ingressaram no Ministério com Ordenação.

Ademais, o papel da formação na ADL foi funda-mental para que a IECLB tomasse a decisão de nomear e incluir a ação diaconal no Ministério com Ordenação. Por-tanto, impulsos para o que a Diaconia é hoje na IECLB vie-ram não somente pela história da ADL, mas a ADL e sua história estão no alicerce da importância e da atuação dia-conal em nossa Igreja, bem como na nossa contribuição sobre Diaconia onde participamos.

Por ocasião dos 45 anos da ADL, sua diretora, Vera Nunes, observou: “A ADL sempre se manteve com doações e coletas, constituindo-se em testemunho da solidarie-dade de muitos”. Inicialmente, foi a solidariedade das co-munidades do Estado do Espírito Santo que deu suporte para a manutenção da instituição. No período da Região Eclesiástica I, o apoio incluiu as comunidades dos Distri-tos Eclesiásticos Rio de Janeiro e São Paulo.

Hoje, a ADL está no coração da IECLB, pois uma das ofertas nacionais da nossa Igreja é destinada para essa instituição. E a ADL agradece por esse apoio: é uma alegria sermos mencionados em todas as celebrações da nossa Igreja neste dia. Mais uma vez somos gratos pela oferta

nacional destinada para a manutenção das nos-sas atividades.

Pela sua morte e ressurreição, Cristo nos liberta, envolve, transfor-

ma, sustenta e nos coloca sob os impulsos da gratidão. Pela gra-ça de Deus, livres para cuidar! É gratidão que molda a vida e se expressa no serviço ou cui-dado diaconal. Por tudo que a ADL representa nesse serviço de amor na IECLB, nós louva-

mos o nosso Deus.

Nestor Paulo FriedrichPastor Presidente da IECLB

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Revista da ADL | 60 ANOS

A Associação Diacônica Luterana – ADL tem pres-tado um serviço importante para as comunida-des e para sociedade de uma forma geral. Ao proporcionar essa formação não formal, contri-

bui para que a sociedade seja mais humanizada, com olhar a partir da sensibilidade, e que as comunidades também tenham mais qualidade. Nossos ex-alunos têm mostrado isso na história, porque onde estão, na sua grande maioria, fazem a diferença.

Há alguns anos, a instituição passou por um período de crise, tanto financeira como de rumo. Com muito esfor-ço e ajuda de muitos, foi possível impedir que ela fechasse suas portas. Na medida em que foi trabalhando para se re-cuperar, a ADL também foi se redescobrindo, percebendo a sua necessidade e dinamizando ações para tornar-se no-vamente uma instituição forte.

Para isso, contamos com o apoio de muitas pessoas, principalmente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, do Sínodo Espírito Santo a Belém e das Uniões Pa-roquiais no seu entorno. Por não receber recursos públicos constantes, exceto por meio de projetos e emendas parla-mentares, a ADL depende de doações e de um bom geren-ciamento dos recursos.

Hoje, com sua credibilidade consolidada e oferecen-do uma formação diferenciada nas áreas de música (regên-cia de coral, domínio de instrumentos musicais, musicalização), Educador Social e Cuidador de Idosos, a ADL permite que os jovens concludentes se sintam despertados em seus dons e façam da Diaco-nia, como prática cristã, seu nor-teador de vida.

Avançamos muito, mas sabemos que os desafios são inerentes ao trabalho desenvolvido na ADL. Um des-ses desafios é a viabilização da construção de um Lar de Idosos, unindo teoria e prática visando preparar os jovens para atender aos idosos. A população brasileira está enve-lhecendo, e os idosos tendem a ser um número expressivo, demandando atenção especial também de forma crescen-te. Por isso, sabendo do alcance social proporcionado por serviços de atendimento a esse público, a ADL está se an-tecipando aos fatos, planejando um espaço que, ao mesmo tempo, abrigue os idosos e capacite os seus alunos para atendê-los como cuidadores.

O outro desafio que se impõe é a preparação de jovens para auxiliarem no trabalho pastoral na IECLB. O acúmulo de tarefas faz com que Ministros e Ministras não deem conta do seu trabalho, necessitando de um apoio para estudos bíblicos, visitação a idosos e doentes, supor-te no Ensino Confirmatório e Encontro com Crianças. En-tendemos que a ADL pode contribuir, preparando e dis-ponibilizando jovens qualificados para essa missão tão importante na IECLB.

Tanto o Lar de Idosos como a preparação dos jovens para as ações pastorais são projetos que estão sendo elabo-rados e gestados dentro da ADL. Porém, para alcançar esses objetivos, precisamos de apoio que certamente virá de mui-

tas mãos e muita fé. Assim, poderemos vencer os de-safios e realizar os nossos projetos de inegável

relevância para as comunidades, para a so-ciedade e para a Igreja Luterana.

Emerson LauvrsPresidente da ADL

MENSAGEM DO PRESIDENTE

Os desafios dos novos projetos

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A juventude é uma fase de transição em nos-sas vidas, em que o mundo passa a ser ques-tionado – às vezes de forma até rebelde – e começamos a pensar em nosso futuro. É um

período importante para a formação do caráter e da perso-nalidade. Não é à toa que muitas empresas, por exemplo, utilizam de propaganda exclusivamente voltada a esse pú-blico para “fazer a cabeça” de seus futuros consumidores.

É intrigante pensarmos como jovens são atraídos até mesmo para a prática do terrorismo, que atualmente tem utilizado amplamente as redes sociais para o recru-tamento às suas causas. Trata-se, porém, de um reflexo da falta de perspectivas e de esperança de milhões de jo-vens mundo afora.

Mudar a mentalidade das pessoas pelo argumento e pelo convencimento faz parte da vida. A própria Bíblia incentiva a mudança de vida e de pensamento. O após-tolo Paulo escreveu aos romanos: “Não vivam como vi-vem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a Deus.” (Rm 12.1).

No tempo de Paulo, os romanos mantinham seu im-pério pela força e pela lei. Quem questionasse, era perse-guido e até condenado à morte. Assim aconteceu com Je-sus, que foi morto por pregar a liberdade, a paz e o amor como o maior mandamento de todos, sem se prender a leis que dominaram e escravizaram. O apóstolo Pau-lo, entendendo a mensagem cristã, escreve que devemos mudar o pensamento e o jeito de viver, sim, mas para o bem comum, e para fazer a vontade de Deus e o que é agradável a ele.

Nesta direção, a Associação Diacônica Luterana – ADL também tem o compromisso de mudar a mente dos seus alunos, oferecendo formação complementar ao En-sino Médio com o intuito de inspirar os jovens ao exercício do protagonismo, por meio dos cursos de Liderança Co-munitária, Liderança em Música, Educação Social e Cui-dador da Pessoa Idosa.

Com isso, a instituição incentiva a prática da lide-rança e do voluntariado, promove a reflexão sobre os di-reitos humanos, fomenta o trabalho diaconal e o respei-to com as pessoas idosas, possibilita o domínio básico de música e a prática do canto, além de oferecer a participa-ção em grupos de artes cênicas, artesanato, danças fol-clóricas e cultivo de produtos naturais.

É a ADL “fazendo a cabeça” dos jovens e transfor-mando mentes para a sua inserção na sociedade e vivên-cia da ética, da cidadania e do protagonismo juvenil, tendo em vista a valorização do ser humano e a preservação do meio ambiente, sem perder a confessionalidade luterana e os valores da fé cristã.

Parabenizo o pastor Siegmund Berger com toda a sua equipe e a diretoria, pela iniciativa de contar a his-tória da ADL com a publicação desta revista. Resgatar a nossa história é resgatar a nossa identidade e a nossa cidadania. É olhar para o passado e aprender com as ex-periências vividas, olhar para o presente e localizar onde vivemos, e olhar para o futuro para planejar a missão da Igreja e direcionar para onde vamos, mostrando para nos-

sos jovens um mundo cheio de esperança para a prática do bem comum.

Joaninho BorchardtPastor sinodal do Sínodo

Espírito Santo a Belém

MENSAGEM DO PASTOR SINODAL

Fazendo a cabeça

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Trabalhamos com

dois opostos: primeiro,

o materialismo e o

capitalismo que levam

ao individualismo. O

segundo oposto é a

vivencia de fé. Não

acreditamos em uma

fé individualizada”.

ENTREVISTA

Uma instituição à prova de fronteiras e do tempoSuperintendente da ADL, o pastor Siegmund Berger fala dos desafios atuais e do futuro da instituição. Para ele, a sustentabilidade ao longo do tempo vem da capacidade de adaptar-se às transformações sociais. “Somos uma instituição aberta. Recebemos alunos luteranos e também de outras religiões sem restrição”, afirma o pastor, dizendo que o objetivo é ser útil para a sociedade.

Como o senhor avalia a trajetória da ADL e como ela sobreviveu e mantém-se ativa mesmo diante de tan-tas transformações nestes 60 anos?Siegmund Berger – A ADL se sustentou justamente porque está em constante contato com as comunidades. Se ela se afasta da sociedade, perde o seu próprio objetivo. A sus-tentabilidade da ADL é esta: é a captação de alunos que se interessam em vir para cá fazer esta formação diferencia-da. Hoje, existem muitos lugares que oferecem formação, mas as pessoas continuam preferindo vir para cá, pelo dife-rencial que oferecemos. Temos um contato mais forte com a comunidade luterana, mas mantemos elos com outras denominações religiosas também. Somos uma instituição aberta. O nosso objetivo é ser útil à sociedade.

Quanto à sustentabilidade financeira, buscamos sem-pre apoio. Por exemplo, no fim de 2014, os pais nos ajudaram

Ao longo dos seus 60 anos, a ADL é procurada pelo interesse em uma formação diferenciada para os alunos

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com a doação de tinta. Em 2016, vão nos ajudar com cerâmica para reves-

tir as salas. As festas que promovemos também têm participação maci-

ça, atraindo até sete mil pessoas por edição. Temos apoio da IECLB com

uma coleta anual e projetos. Somos apoiados pelo Sínodo Espírito Santo

a Belém, que nos socorre nas dificuldades e ajuda a manter a ADL com

uma coleta anual (10% das doações de envelopes das festas da colheita e

1,5% das contribuições dos membros). Também temos projetos apoiados

pelo Governo do Estado do Espírito Santo e sempre recorremos a Emen-

das Parlamentares de deputados amigos da nossa instituição. Além disso,

temos sido apoiados com algumas doações da Obra Gustavo Adolfo e de

amigos residentes na Alemanha que financiam alguns projetos para a ADL.

Isso tudo é resultado e advém da nossa fé. Quando fazemos um

trabalho que vai ao encontro ao que Deus espera de nós e quando faze-

mos da Diaconia a verdadeira prática de amor, Deus coloca a mão. Nós

temos que fazer a nossa parte e incentivar as pessoas para que façam

a parte delas. Deus espera de nós um olhar diferenciado e uma prática

diferenciada para com a sociedade, que hoje é alicerçada no individua-

lismo, onde as tecnologias nem sempre estão a serviço do ser humano

e da criação de Deus, mas estão apenas a serviço do capital.

Como o senhor analisa o momento atual da ADL e como ela está sintonizada com a sociedade contemporânea? Houve alguma mu-dança na abordagem da fé diante de um mundo tão materialista e consumista como o de hoje?Siegmund Berger – Trabalhamos com dois opostos. Primeiro, o materia-

lismo e o capitalismo que levam ao individualismo. Incentivamos os jovens

a dividirem, serem solidários, respeitosos, onde o dinheiro não é o alvo de

tudo. Para nós, o voluntariado é importante e valorizado. O segundo oposto

é a vivência de fé. Não acreditamos numa fé individualizada, mas sim numa

fé coletiva. Deus é Deus para mim, para você e para os outros. Por isso,

esse assunto é muito importante. A fé das pessoas deve ser tratada com

responsabilidade e respeito. Não somos mercadores da fé. Os mercadores

de fé usam todos os artifícios possíveis para que as pessoas sejam coop-

tadas com o objetivo final de extorqui-las em busca do recurso financeiro.

Na ADL, trabalhamos a humildade diante de Deus, o respeito à na-

tureza e ao ser humano, mostrando que a fé é o motivador para que seja-

mos todos diáconos no dar comida aos que têm fome, dar água aos que

têm sede, vestir o nu, visitar os doentes, acolher o forasteiro, visitar os en-

carcerados e sepultar os mortos. Isso claro, sem assistencialismo. A práti-

ca da Diaconia é ensinar a “pescar” e estar junto na luta para que todos te-

nham espaço e instrumentos para realizar a “pesca” de forma sustentável.

O que os alunos esperam ou procuram na ADL?Siegmund Berger – Eu acho que eles procuram uma formação de vida

porque nós não temos nenhum curso oficial. Atuamos no contratur-

no escolar. Aqui, eles têm formação básica para a vida. O que ajuda

muito é o ensino da música, que desperta o interesse deste público.

Também oferecemos a formação na área de educador social e esta-

mos empreendendo uma nova ideia de cuidador de idosos. Temos a

sensibilidade de perceber o que pulsa na sociedade e de canalizar as

nossas atividades para isto.

O grande desafio é a ADL continuar sendo esta instituição que se adapta à realidade constantemente”.

Os alunos buscam uma formação para a vida

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Sabemos que faltam pessoas para cuidar de idosos e, futuramen-

te, queremos construir um lar de idosos e dar formação para que os jo-

vens possam desempenhar essa função. Como não oferecemos cursos

profissionalizantes oficialmente, o que executamos aqui serve de tram-

polim. Nossos alunos podem usar esta experiência e formação para o

seu trabalho e vida profissional. Eles sabem que a formação que obtêm

aqui é uma base para mais adiante. Temos exemplos de ex-alunos que

participaram de seleção para emprego e foram escolhidos por terem

esta formação diferenciada. Por isso, entendemos que oferecemos uma

formação para a vida.

Quais são os maiores desafios e as perspectivas da ADL para o futuro?Siegmund Berger – O grande desafio é a ADL continuar sendo esta ins-

tituição que se adapta à realidade constantemente. Pode ser que che-

gue um momento em que vigore a Escola Viva do governo estadual e

inviabilize o nosso trabalho neste formato atual. Teremos que reinven-

tar um novo formato. Hoje, nossos alunos estudam à noite na escola

convencional para cumprir o conteúdo exigido pelo Ministério da Edu-

cação e, durante o dia, têm as aulas complementares na ADL, em sis-

tema de contraturno.

O nosso desafio é ter esta sensibilidade de perceber as mudan-

ças e adaptar a instituição sem perder o próprio objetivo, que é o nosso

trabalho a partir da fé, do envolvimento com a comunidade, do olhar di-

ferenciado para a sociedade e a natureza, da formação ética do ser hu-

mano. Isso é imutável. É a nossa base. Se sairmos disto, estamos saindo

fora daquilo que foi o objetivo da fundação da ADL.

Aonde a ADL deve avançar mais e quais ajustes necessários para que ela continue cumprindo a sua missão?Siegmund Berger – Nós temos que avançar na titulação de filantro-

pia. Fazemos filantropia porque nenhum aluno cobre o seu real cus-

to dentro da ADL. Realizamos um trabalho de apoio aos nossos jovens

que o governo não tem capacidade para fazer. Então, deveríamos ter o

apoio do governo e precisamos nos preocupar com isso. A titulação de

filantropia nos ajudaria na manutenção desse trabalho, porque a cada

ano que passa mais jovens nos procuram e dizem que não têm recur-

sos financeiros para contribuir. Outra necessidade é como viabilizar a

construção e instalação do lar de idosos. Agora, especificamente para

a Igreja, um desafio é preparar jovens para serem apoiadores nas pa-

róquias. Nossos ministros não dão conta do trabalho pastoral. Muitas

demandas surgem constantemente. Por isso, seria importante que pu-

déssemos oferecer uma formação específica para esta área, ou seja,

para o trabalho eclesiástico.

A ADL atende principalmente jovens do meio rural e da agricul-tura familiar. Qual a principal contribuição que ela dá para es-tes jovens? De que forma ela impacta também na família des-tes jovens?Siegmund Berger – A principal contribuição é a preocupação com a na-

tureza, com o que ela tem, o aproveitamento do que ela oferece e a sus-

Quando fazemos um trabalho que vai ao encontro ao que Deus espera de nós, Deus coloca a mão”.

Atendendo alunos sem condições de pagar pela formação, a ADL realiza eventos para captação de recursos, tendo boa participação das comunidades

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tentabilidade. Mostramos que é importante dar prioridade

ao que é natural e evitar produtos químicos. No momen-

to em que eles entendem este processo e têm consciência

que a química faz mal, eles percebem que o que aprende-

ram em casa, com o pai e a mãe, tem valor. Eles passam a

olhar para seu próprio espaço, dão importância para ele e

têm a oportunidade de resgatar os seus valores. Também

promovemos muitos cursos em parceria com o Serviço Na-

cional de Aprendizagem Rural – Senar, que dão suporte às

atividades no campo.

A ADL tem alguma estratégia específica para abor-dar as questões rurais com este público?Siegmund Berger – Temos o trabalho voltado para a agroe-

cologia e a saúde natural. Mostramos as maneiras que a

própria agricultura pode ter de alternativas de combate e

prevenção de algumas doenças. Com as alternativas exis-

tentes na agricultura, há a substituição do agrotóxico por

outras opções para tornar a planta sadia, e consequente-

mente, dá-se a preservação da vida e da natureza.

Há uma forte vinculação da ADL com o povo pomera-no, que tem uma presença muito marcante principal-mente no município de Afonso Cláudio. Que contribui-ção a ADL oferece para este povo e para a preservação de sua cultura?Siegmund Berger – Temos em parceria com a comuni-

dade um grupo de danças folclóricas, que é uma das for-

mas de trabalharmos esta parte cultural. Preservamos

uma boa parte da culinária (pão de milho = brote, por

exemplo) e respeitamos o jeito pomerano de as pessoas

serem. Não induzimos os jovens a abandonar suas raí-

zes. Preservamos certos costumes dentro da religiosida-

de pomerana. Tentamos preservar isso para que os alu-

nos sintam que a ADL é uma extensão de sua família na

parte cultural e religiosa.

Do ponto de vista pastoral, esta atividade com jovens também favorece a descoberta de vocações?Siegmund Berger – Na realidade, aqui, os jovens se des-

cobrem vocacionados por causa de toda a nossa meto-

dologia de ensino. Esse pulsar vocacional não é só para

áreas pastorais. Nós conseguimos fomentar o despertar

de dons em diversas áreas. O próprio trabalho que de-

senvolvemos é um despertar de dons quando em conta-

to com idosos, jovens, crianças com deficiência, pessoas

em situação de risco social, mulheres, comunidade, tra-

balho eclesiástico, música e outros. Isso tudo pulsa, con-

tribui para acordar o dom que estava adormecido. Mui-

tos se sentem vocacionados pela Teologia. Às vezes, os

pais estimulam os filhos com essa ideia. Aqui, sedimen-

tam ou descobrem que não é isto que querem e desco-brem que sua vocação não é para lidar com o ser huma-no. Portanto, além de despertador vocacional, somos também clareadores de dons.

Como o senhor vê a ADL daqui a dez anos?Siegmund Berger – Dinâmica, com um lar de idosos, fazendo a interação dos idosos com os jovens, conti-nuando sendo sensível com toda a questão da realida-de. Acho que ela está no rumo certo porque tem sen-sibilidade de se moldar. Os princípios são preservados, mas a ADL deve se moldar para a realidade. As ava-liações e o planejamento são necessários para a ADL, permitindo menor medo de arriscar para novas dire-ções e fazendo com que os projetos sempre estejam em movimento.

Eu a vejo daqui a dez anos com os princípios e va-lores preservados, mas com mais qualidade na forma-ção e no despertar de dons. Se você olhar toda a histó-ria da ADL, ela teve altos e baixos. Quando teve poucos alunos é porque se distanciou dos seus valores e da co-munidade. Quando recuperamos isso, o número de alu-nos cresceu.

Sonhamos com muito afinco o futuro da ADL. De-sejamos que ela seja sempre de grande referência para o Sínodo Espírito Santo a Belém e para a IECLB. Desejamos continuar sendo uma casa de formação complementar para centenas de adolescentes, na qual possam encontrar formação musical de qualidade, vivências artísticas, estu-do da educação cristã, Diaconia, sustentabilidade de vida e das práticas sociais.

Além da construção de um centro para acolhimen-to de pessoas idosas, a ADL ainda possui o sonho de tor-nar o curso de música e educação social em formações técnicas reconhecidas. Esse sonho não pode ser longín-quo. Isso é demanda já, agora.

ENTREVISTA

Os estudantes já desenvolvem nas inserções atividades com idosos. Próximo passo é criar um centro de acolhimento

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Jesus compara o Reino de Deus com uma grande lavoura. Como sabe-mos, a lavoura demanda muito trabalho e exige o engajamento de mui-tas pessoas. É por isso que Jesus pede a seus discípulos: “Rogai ao Se-nhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mt 9.38).

O grande volume de trabalho no Reino de Deus deve-se ao fato de ha-

ver “multidões aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9. 36).

Como no tempo de Jesus, também hoje há muitas pessoas aflitas, desorienta-

das, doentes, carregadas de ansiedade, deprimidas, famintas, ameaçadas, fu-

gitivas e forçadas à migração. Essas pessoas clamam por ajuda tal qual o cego

Bartimeu: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim” (Mc 10.46-52).

É por isso que existe na Igreja de Cristo o ministério da misericórdia, ou

da cura, ou da Diaconia. Este ministério significa serviço de cuidado e de cura

das pessoas.

Diaconia, porém, é mais do que a realização de algumas boas obras. No

seu sentido mais profundo, Diaconia é o que o próprio Cristo realiza em favor

da humanidade: “o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para

servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10. 45). Portanto, a Diaconia

é, em primeiro lugar, Diaconia de Deus, realizada através da vida, morte e res-

surreição de seu Filho. É o serviço de resgate e cura da humanidade.

Durante o seu ministério terreno, Jesus deu abundantes amostras do

resgate de pessoas, curando-as, acolhendo-as e defendendo sua dignidade.

No seu ensinamento, desdobrou esse serviço nas seguintes atividades: dar

de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir a quem

está nu, acolher as pessoas forasteiras, visitar os doentes e as aprisionadas

(Mt 25.31-46). Chamou essas atividades de Diaconia (Mt 25.44).

O ministério diaconal existe por causa da Diaconia de Deus e está a seu

serviço, ou seja, a serviço do resgate e da cura de pessoas. O próprio Jesus con-

vida as pessoas que o seguem a inspirar-se no seu ministério de serviço: “por-

que eu vos dei o exemplo para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo

13.15). A Igreja, no seguimento a Cristo, é chamada ao serviço. A Diaconia não

é apenas um departamento da Igreja. Toda Igreja é essencialmente diaconal.

A ADL, em sua história de 60 anos de atividades, tem atentado a este cha-

mado e tem sido um testemunho vigoroso de engajamento na lavoura de Deus.

Ela tem exercitado a Diaconia de formas distintas, ao acolher, ano após ano,

jovens das comunidades, proporcionando-lhes acesso ao estudo; ao preparar

pessoas para o serviço de colaboração nas comunidades; ao preparar pessoas

para o exercício da cidadania a partir dos valores mais caros da fé cristã, como

a ética e a solidariedade; ao encaminhar pessoas para a formação teológica e

a preparação para o exercício de um dos ministérios na IECLB.

Cabe agradecer a Deus por esta rica trajetória da ADL e também expres-

sar gratidão às pessoas e entidades que ajudam a ADL a cumprir sua missão.

ARTIGO

Diaconia: um chamado para o serviço

RODOLFO GAEDE NETO

Ex-aluno, ex-Professor e ex-Diretor da ADL; graduado, mestre e doutor em Teologia pela Faculdades EST em São Leopoldo/RS; e atual coordenador do Bacharelado em Teologia da Faculdades EST

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Sou o caçula de 12 filhos de um casal de agricultores, analfabetos e descendentes de pomeranos, da região de São João do Garra-fão, em Santa Maria de Jetibá (ES). Chegar à oitava série na Esco-la Família Agrícola foi uma conquista. Mesmo diante da distância,

das dificuldades financeiras, da falta de prioridade das famílias pomeranas aos estudos e da ausência de políticas públicas, o meu desejo era continuar estudando. A esperança surgiu quando conheci a Associação Diacônica Lu-terana – ADL, onde fiz o curso Diaconal de 1995 a 1997.

Foi um divisor de águas na aquisição de princípios e no despertar para a vocação diaconal. A ADL me ensinou a valorizar a família, a Igreja, a natu-reza, a vida em sociedade e o próximo. Dali, parti para outros saltos nos es-tudos e nas atividades religiosas. Entre 1998 e 1999, fiz o curso de Extensão Diaconal pela Escola Superior de Teologia – EST, no Rio Grande do Sul, e in-gressei na Comunhão Diaconal – COD, que trabalha em prol do próximo na perspectiva da Diaconia transformadora. A COD foi muito importante na op-ção pelo Ministério Diaconal, tendo sido ordenado em 2005.

Ao aceitar o chamado de Deus, sabia que não seria fácil e jamais pode-ria me acomodar frente às injustiças. Sou grato pela oportunidade de servir. Em abril de 1999, fui para o Agreste Pernambucano, no município de Grava-tá, para a Ação Diaconal do Projeto “O Caminho”. Passei por experiências pe-las quais tive vontade de desistir, mas o meu ministério sempre falou mais alto. Presenciei assassinatos, consumo e tráfico de drogas entre crianças e adolescentes, jovens sendo baleados e morrendo no colo das próprias mães, esposa esfaqueando o próprio companheiro, nascimento de bebê no carro a caminho do hospital, sepultamentos de recém-nascidos, prostituição e vio-lência. Enfim, situações que me fizeram mais forte para lutar pela justiça.

O trabalho foi se estruturando no intuito de mudar o drama da reali-dade local. Em 2002, com o interesse de adolescentes e jovens, iniciou-se a formação da Comunidade Luterana Nordestina. Em janeiro de 2005, o proje-to “O Caminho” transformou-se na Associação Luterana Pro Desenvolvimen-to e Universalização dos Direitos Sociais – Pro Ludus o Caminho, que hoje é coordenada por mim.

Ela atua junto à comunidade luterana na mobilização comunitária e formulação de políticas públicas e atendimento de crianças e adolescentes. Vários estudantes da ADL já foram voluntários no local, bem como jovens da Alemanha e da Suécia. Essa interação desperta os jovens da comunida-de a estudarem também na ADL, um processo iniciado com dois adolescen-tes em 2015.

Acredito que o desafio da Igreja é ser diaconal e missionária em to-das as dimensões de sua atuação, o que me faz impulsionar a divulgação do Evangelho e da ação diaconal como alicerces de edificação da vontade de Deus por meio da sua Igreja em todos os lugares e na transformação do mundo. Nesta dimensão, acredito que a ADL é o espaço para despertar vo-cações para servir.

ARTIGO

Despertando vocações

DAVI HAESE

Ministro da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Gravatá (PE), integrante do Grupo Coordenador da Região Missionária Luterana Nordeste e Belém, membro dos Conselhos Municipais da Criança e Adolescente, Assistência Social e da Paz de Gravatá

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Page 13: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

60 anos de históriae compromisso com

os valores cristãos

HISTÓRIA

Corria o ano de 1956, quando, no dia 22 de fevereiro, foi inaugurada uma das mais impor-tantes instituições de formação da Igreja Evan-gélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB: a Escola Bíblica Evangélica Luterana do Espírito Santo ou Bibelschule, cravada no bucólico dis-trito de Serra Pelada ou também chamado de Lagoa, área rural do município de Afonso Cláu-dio (ES) habitada por descendentes dos imi-grantes alemães e pomeranos.

Atualmente denominada Associação Diacô-nica Luterana – ADL, a instituição completou 60 anos no início de 2016 com uma trajetória mar-cada pela contribuição à qualificação diaconal

da Igreja, ao desenvolvimento comunitário e ao acesso a uma educação diferenciada para vá-rias gerações de jovens do meio rural do Espíri-to Santo e de outros estados.

Funcionando no contraturno escolar dos seus alunos, ela oferece um conteúdo comple-mentar voltado para a formação humana e re-ligiosa, criando bases para um futuro profissio-nal sustentado pela ética, pelo respeito e pelos valores cristãos. Calcula-se que nestas seis dé-cadas, cerca de 1.400 alunos tenham passado pela ADL. Muitos deles, hoje, são pastores, diá-conos, líderes comunitários, empresários e pro-fissionais de diversas áreas.

13Revista da ADL | 60 ANOS

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Page 14: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

HISTÓRIA

Idealizadores

A escola foi fundada pelo pastor Artur Schmidt e sua

esposa e catequista Käthe Schmidt, que empreenderam

os esforços com o apoio dos membros da Igreja Lutera-

na e das comunidades para tornar realidade o seu proje-

to. O casal veio da Alemanha para as atividades pastorais

no Brasil, mas ao chegar no Estado esbarrou na carência

de pessoas capacitadas para atuar na Igreja por causa da

precariedade das escolas no interior, onde ainda hoje se

concentra boa parte dos luteranos.

A então Escola Bíblica Evangélica Luterana surgiu

com a missão de preencher esta lacuna, de formar lide-

ranças comunitárias com espírito diaconal e também ele-

var o nível de conhecimento dos membros das Igrejas e

colonos da zona rural. A primeira turma foi composta por

12 jovens do interior capixaba.

Começavam ali os passos iniciais do que se tornou

um importante centro de formação diaconal para homens

na IECLB, mas sem excluir as mulheres que, até então, já

contavam com a Casa Matriz de Diaconisa, localizada em

São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, e destinada especifi-

camente para o público feminino.

Os jovens, a maioria filhos de agricultores, recebiam

orientação bíblico-teológica e eram preparados para o aten-

dimento das paróquias e comunidades. Inicialmente, foi ofe-

recido um curso de dois anos para a capacitação pré-dia-

conal. Aos alunos que se destacavam era apresentada a

possibilidade de continuar os estudos de formação diaco-

nal. Numa época de poucos recursos, a escola teve como

sede a velha casa pastoral da paróquia de Serra Pelada. A

antiga paróquia da comunidade era utilizada como salas de

aula, enquanto o paiol foi adaptado para servir de dormitório

dos rapazes e o sótão da escola para abrigar as mulheres.

Alunos da primeira turma da ADLAlfredo Böhning (Santa Maria de Jetibá); Arnaldo Bautz, Ervino Schuwanz, Helmute Töpfer, Valder-mar Holz e Franz Uhlig (Lagoa Serra Pelada, Afon-so Cláudio); Lourival Jastrow (filial Barra de Lagoa, Afonso Cláudio); Cristiano Küster (filial de Ribeirão da Costa, Afonso Cláudio); Teodoro Garbrecht (filial de Alto Lagoa, Afonso Cláudio), Siegfried Seibel, Bruno Seibel e Norberto Berger (Laranja da Terra).

PRIMEIRA TURMA

Em 6 de julho de 1958: na sede da Escola Bíblico Evangélica Luterana, alunos e comunidade luterana de Serra Pelada

Em 1956: o paiol da antiga paróquia da comunidade luterana foi adaptado para funcionar como dormitório

Em 1962: Käthe Schmidt dando aula de catequese na Escola Bíblica

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Page 15: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

Educação básica e diferenciadaApesar da finalidade de formar colaboradores dia-

conais para as comunidades e de visar a uma formação específica para o diaconato, a Escola Bíblica Evangélica Lu-terana do Espírito Santo também já ofereceu uma educa-ção básica. O currículo escolar era abrangente, incluindo disciplinas como Português, Matemática, História e Geo-grafia, Alemão, Inglês, Música, Teatro, Esporte; matérias específicas da Igreja – estudo da Bíblia, Catecismo, Histó-ria Eclesiástica, entre outras; e estágio em comunidades e instituições diaconais e sociais.

Com o passar do tempo, foi crescendo a procura pela instituição, que ampliou o número de alunos, cons-truiu nova sede, adaptou os seus objetivos e conteúdos programáticos aos desafios surgidos e trocou de nome até chegar à atual ADL. Mesmo distante da sede da Igre-ja Luterana no país, em São Leopoldo (RS), a ADL tornou--se uma instituição diferenciada e respeitada dentro da IECLB, despertando o interesse dos jovens para as ativi-dades da Igreja. De 1956 a 1998, a entidade preparou uma legião de homens e mulheres para o diaconato na IECLB.

Lançamento da fundação da Casa de Irmãos em Serra Pelada, no dia 2 de junho de 1963

Professores e alunos da Escola Bíblica

Obras de construção da atual sede da ADL

Visita do governador Carlos Lindenberg à Escola Bíblica, em 23 de outubro de 1960

A partir de 1999, a Escola Superior de Teologia, hoje denominada Faculdades EST, em São Leopoldo, as-sumiu a responsabilidade de formação para o diaconato, cabendo à ADL redefinir a sua missão para o preparo de lideranças comunitárias com enfoque diaconal. A entida-de continuou sendo um centro importante de incentivo a vocações para a Faculdades EST e também para os tra-balhos comunitários. Muitos dos ex-alunos da ADL estão engajados como voluntários em suas comunidades ao mesmo tempo em que exercem suas profissões. Outras assumiram um ministério na Igreja ou em instituições e projetos apoiados por ela.

A ADL também, ao longo dos anos, tornou-se um polo de promoção e disse-minação cultural e artística, criando possibilidades para que jovens da área rural ti-vessem acesso a atividades musicais, de teatro, de audio-visual, de dança alemã e po-merana, entre outros, tendo como critérios a qualidade e as reflexões sobre fé, huma-nismo e responsabilidade so-cial e religiosa.

Revista da ADL | 60 ANOS 15

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Page 16: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

HISTÓRIA

Em 1951, o pastor nascido na Alemanha, Artur Gustav Schmidt, veio

para o Brasil com o objetivo de assumir um pastorado no Espírito Santo. Ele

estudou Teologia na cidade de Neuendettelsau, onde se formou em 1951. Nes-

se mesmo ano, também casou-se com a alemã e catequista Käthe Scheuchl (Käthe Schmidt), que o acompanhou em suas missões pastorais.

Ao chegar no Brasil, o casal passou um curto período de adaptação na

Paróquia de Jequitibá, em Santa Maria de Jetibá (ES). Depois, foi para a Paró-

quia de Santo Antônio, em Minas Gerais, e em 1955 transferiu-se para a Pa-

róquia de Serra Pelada, em Afonso Cláudio (ES). Em suas atividades, o pastor

Schmidt sentiu a necessidade de promover a Diaconia no país, o que levou-o

a fundar uma Escola Bíblica em 1956, em Serra Pelada, tendo o apoio de Kä-

the, que atuou como professora da instituição.

Se dividindo entre as funções de pastor da paróquia e diretor-pre-

sidente e professor da ADL, Artur Schmidt ficou em Serra Pelada por 19

anos, até que em 1970 pediu seu desligamento definitivo, alegando can-

saço e problemas de saúde. Junto com sua esposa, retornou à Alemanha,

onde continuou a atividade de pastor e o apoio à ADL, contribuindo para a

construção do seu novo prédio e para o pagamento das despesas da esco-

la. Artur Schmidt faleceu em 25 de junho de 2012, na cidade de Augsbur-

go, aos 87 anos.

O casal Artur e Käthe Schmidt atuou em Serra Pelada por

19 anos. Ele se dividia entre as funções de pastor da paróquia

e presidente e professor da ADL. Ela atuou como catequista e professora

Artur Gustav Schmidt: um homem e o seu ideal

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Page 17: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

Memórias e muita dedicação

Maria Kalk foi

para a ADL a

convite do pastor

Artur Schmidt,

tendo atuado

como cozinheira

da instituição por

40 anos.

Vizinha da ADL, Maria Kalk é saudosista ao contar suas histórias

Maria Kalk (próxima à janela) e a enfermeira da Escola Bíblica, Adelia Krause de Santo Antônio

Vizinha à sede da ADL, em Serra Pelada, uma mulher de 80 anos costuma receber visitas de alunos para ouvir as histórias da institui-ção. Maria Kalk trabalhou como cozinheira da ADL entre 1960 e 1998. Ao longo de quase 40 anos, viu de perto as transformações da entida-de, como a construção da sua nova sede, o período de crise na déca-da de 80 que quase levou ao fechamento da ADL e o restabelecimen-to de sua força educadora mantida até hoje.

Por ter acompanhado toda esta trajetória, Maria Kalk é uma fonte de pesquisa. Nascida em Itarana, ela foi para a ADL a convite do pastor Artur Schmidt, que ia a cavalo realizar cultos naquele município e in-sistiu para que seus pais a deixassem trabalhar na entidade. “Cheguei aqui quando a instituição funcionava numa pequena casa com paiol, tinha somente duas camas e muito pouco espaço”, lembra. No início, ela fazia de tudo um pouco, limpava, lavava e passava roupa, cozinha-va e até tirava leite da vaca, aproveitando a sua experiência na roça.

Maria tinha 25 anos quando ingressou na ADL e, até então, não sabia ler e nem escrever. Foi alfabetizada na instituição e passou a ler a Bíblia. Ali, também aprendeu sobre o cuidado com a água para não desperdiçá-la e a importância dos alimentos para a saúde. “Isto sem-pre foi ensinado para os alunos e funcionários”, reforça. Na cozinha, Maria Kalk tinha uma ajudante surda e muda, chamada Renilda Bor-cadt. Esta, não pôde ser alfabetizada porque, na época, não havia pro-fessores capacitados na linguagem Libras. Renilda trabalhou na ADL por 31 anos, até se aposentar.

Hoje, Maria Kalk diz ser muito grata por tudo o que aprendeu e pela forma como foi tratada pela instituição. Por causa da idade

avançada, ela só vai à ADL em dias de evento. Com emoção, fala da homenagem que recebeu nas comemorações dos 50 anos da en-tidade: “Fui homenageada pelo apoio e dedicação à ADL”, observa.

Revista da ADL | 60 ANOS 17

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Page 18: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

HISTÓRIA

DEPOIMENTOS

Inácio Felberg, um dos fundadores

O meu marido, Inácio Felberg, ajudou na fundação da ADL e atuou como voluntá-

rio. Trabalhou como professor e foi responsável pelo internato da instituição já na primeira turma de 12 alunos. O Inácio era como um filho para o pastor Schmidt. Os dois se conheceram em Minas Gerais, na comunidade de Santo Antônio, onde o pastor atuou ao chegar no Brasil. Quando mudou--se para Afonso Cláudio e decidiu construir a ADL, Schmidt chamou o Inácio para vir junto. Ele veio servir a comunidade e, aos poucos, assumiu ou-tras tarefas paralelas.

Eu o conheci nesta época, quando ele trabalha-va na paróquia de Serra Pelada. Ficamos casados de 1972 a 1999, quando ele faleceu, e tivemos quatro fi-lhos. Três passaram pela ADL. Trabalhamos com muito suor, mas com muito amor. Em 1959, ele também foi para Alemanha, onde estudou dois anos aperfeiçoan-do-se em Diaconia. Inácio também foi juiz de paz por 18 anos no cartório de Serra Pelada, ajudando a fazer casamentos e resolvendo muitas encrencas na comu-nidade. Ele faleceu em 1999, quando tinha 74 anos”.

Joana Felberg, 68 anos de idade, esposa de Inácio Felberg

O diácono Inácio Felberg, na década de 1960, realizava a cavalo o atendimento nas comunidades luteranas da região

Joana Felberg

Inácio Felberg lecionando

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Page 19: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

Humanização da sociedade

Conheço a ADL há cerca de 45 anos. Já exer-ci os cargos de vogal, presidente e vice-pre-

sidente da instituição, que é de grande importância para a sociedade. Além de uma formação diferen-ciada, ela resgata e ensina valores essenciais para uma convivência respeitosa em família e socieda-de. A formação busca um olhar diferenciado, onde o critério não é o econômico, mas a humanização e a busca de práticas que refletem uma sociedade mais sensível para consigo mesma.

A ADL visa à promoção da vida de forma ple-na e tem avançado a passos largos nos últimos dez anos, incentivando um olhar criterioso para uma pro-dução sustentável com respeito à natureza e qua-lidade de vida. O próximo passo será a construção de um lar para o acolhimento de pessoas idosas. É marcante estar junto, não apenas como Diretoria, mas ajudando com tempo, ideias, e, sobretudo, in-centivando e divulgando o trabalho realizado pela ADL, o que não deixa de ser um complemento do exercício do meu Ministério Pastoral”.

Lourival Ernesto FelhbergVice-presidente da ADL,

teólogo e advogado – Itaguaçu (ES)

Espiritualidade e solidariedade

Além de pastor na região, fui professor e di-retor da ADL de 1993 a 1996. Nasci no mu-

nicípio de Itueta, em Minas Gerais, e cheguei à ADL aos 14 anos para cursar o ginásio. Na sequência, fiz o segundo grau em Ituiti e Teologia em São Leo-poldo (RS).

A convite do pastor Helmar, retornei à ADL em 1993. Neste retorno, ficou combinado que eu atuaria como pastor nas paróquias de Alto Jabu-ticabas, em Itarana, e São João do Garrafão, em Santa Maria de Jetibá (ES), além de dar aula de Bí-blia e Diaconia na ADL e assumir a diretoria, res-pondendo por tudo: currículo, ingresso de alunos, eventos e finanças.

Foi uma experiência muito marcante na mi-nha vida. Percebi a importância da instituição para as pessoas, abrindo oportunidades para que jovens tivessem acesso ao estudo. Hoje, tudo é infinita-mente mais fácil, mas, naquela época, os jovens do interior tinham na ADL a única possibilidade de estudar. A instituição acolhia esses adolescentes e providenciava tudo o que eles precisavam no in-ternato para poderem estudar.

Uma prova da competência da ADL está no fato de que muitos estudantes prosseguiram os es-tudos, tornando-se pastores ou profissionais, empre-sários ou lideranças consideradas referências em

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várias áreas. A vida comunitária que a ADL propor-ciona me marcou muito. Ali, os estudantes, profes-sores, funcionários e diretores fazem as refeições juntos e realizam reuniões para definir atividades e aparar as arestas naturais da convivência em grupo. É também uma vida voltada para a espiritualidade, num clima de Diaconia e solidariedade entre todos.

Hoje, passados 20 anos desde em que atuei como diretor, fico feliz em verificar que a ADL, que passou por momentos de dificuldades, encontra--se estruturada e continua prestando educação

e formação de qualidade aos jovens. Aproveito para elogiar o pastor Siegmund Berger, que com habilidade, coragem e determinação tomou deci-sões importantes para manter a ADL funcionan-do de acordo com a filosofia e o propósito para os quais foi criada”.

Rodolfo GaedePastor, ex-diretor da ADL, mestre e doutor em Teologia, professor da Faculdades EST para mestrado e doutorado em Teologia e coordenador do Bacharelado em Teologia

DEPOIMENTOS

Criação da COD, um fato histórico

Um momento importante na ADL foi a criação, em 31 de outubro de 1976, da Comunhão de Obreiros Diaconais (COD), hoje cha-

mada de Comunhão Diaconal. Fundada por um grupo de Serra Pelada e de São Leopoldo (RS), ela visa fortalecer a comunhão entre os integran-tes, estimular a formação constante e o vínculo com a Igreja. Eu fui res-ponsável pela elaboração da ata, que considero histórica.

Ao longo dos anos e até hoje, muitos ex-estudantes da ADL foram e vão estudar Teologia em São Leopoldo e, agora, também Musicoterapia. Isto deve-se ao diferencial na formação educacional na ADL. A instituição possibilita uma convivência muito rica entre os jovens. Até hoje, tenho uma ligação forte com famílias que conheci e fiz amizade na ADL, sendo padri-nho de vários filhos de ex-alunos.

A instituição também dá oportunidades aos jovens, em grande par-te filhos de pomeranos do interior, de viverem e conviverem no interna-to, recebendo um estudo diferenciado. Outro destaque é a formação dia-conal. A ADL sempre se empenhou nesta formação, revelando lideranças para diferentes ministérios da Igreja Luterana. Por onde se vá Brasil afo-ra, encontram-se lideranças diaconais formadas na ADL.

A instituição marcou muito a minha vida. Nela, tive a minha pri-meira atividade profissional. Nasci e formei-me catequista no Rio

Grande do Sul. Com 23 anos, fui para Afonso Cláudio, para atuar na então Fundação Diacônica Luterana (FDL) e dar aula em Ser-ra Pelada”.

Remi KleinEx-professor da ADL e atualmente professor de graduação, mestrado e doutorado de Teologia e pró-reitor de Ensino e

Extensão na Faculdades EST, em São Leopoldo (RS)

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Page 21: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

DIRETORES EM 60 ANOS

1956-1970Pastor Artur Schmidt

Março/1970 aSetembro/1975

Pastor Ervino Schmidt

1993-1996Pastor Rodolfo

Gaade Neto

1997- 2003Vera Nunes

Outubro/1975 a maio/1979

Pastor Joachim Dürkop

2° Semestre de 1979 a 1983

Pastor Orlando Stelter

1986-1992Pastor Helmar Rölke

1983-1985Pastor Henrique Seick

Fevereiro a setembro/2004

Marcélia Klitzke(Interina)

Desde outubro/2004 –

AtualmentePastor Siegmund Berger

PRESIDENTE: Emerson Lauvrs

Pastor da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Afonso Cláudio (ES).

VICE-PRESIDENTE:Lourival Ernesto Felhberg

Pastor da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Palmeira de Santa Joana, Itaguaçu (ES).

TESOUREIROJonathan Felberg

Taxista em Afonso Cláudio (ES).

VICE-TESOUREIROVanildo Ott

Agricultor em Afonso Cláudio (ES).

SECRETÁRIOSidney Retz

Pastor da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em São Sebastião, Santa Maria de Jetibá (ES).

VICE-SECRETÁRIOValdeci Foester

Pastor da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Santa Maria de Jetibá (ES).

VOGAL ALorivaldo Kunn

Empresário em Domingos Martins (ES).

VOGAL BGenira Kuhn Pothin

Agricultora em Domingos Martins (ES).

Conselho Fiscal

TITULARESNelson Nass, agricultor em Laranja da Terra (ES); Jeremias Piontkowsky, agricultor de Itaguaçu (ES); e Nivaldo Geick Völz, pastor da Paróquia Evangélica

de Confissão Luterana em Santa Teresa (ES).

SUPLENTESAdemilson Lemke, empresário de M. Floriano (ES); Omar Hollunder, agricultor em Afonso Cláudio (ES);

e Ervino Reetz, de Serra Pelada, Afonso Cláudio (ES).

DIRETORIA ATUAL

A atual Diretoria da ADL foi eleita no dia 7 de março de 2015, em

Assembleia Extraordinária, para um mandato de quatro anos:

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Page 22: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

HISTÓRIA

Linha do tempo1956

1979

1995

1999

2005

2007

MARÇO

A FDL passa a denominar-se Associação Diacônica Lutera-na – ADL. Como curso regu-lar profissionalizante, o Cur-so Diaconal passa a formar obreiros diaconais. Os estu-

dantes fazem, paralelamente, dois cur-sos: Diaconal na ADL e 1° ou 2° graus nas escolas Elvira Barros (até a 8ª série) e Joaquim José Vieira (2º grau).

A ADL passa a oferecer apenas o Cur-so Diaconal e 2º grau, elevando a ida-de de seus alunos e sintonizando com os objetivos da casa: o aluno já esta-va mais maduro para fazer a opção pelo serviço diaconal.

A ADL deixa de formar obreiros e obreiras diaconais para o Ministé-rio Ordenado, mas continua forman-do líderes diaconais em nível médio. A ADL inicia o Curso de Agropecuária

com enfoque em Agroecologia. Porém, percebeu-se que a maioria dos jovens preferia o curso Diaconal, fechando as-sim o curso técnico por falta de alunos.

O Curso Diaconal passou a ser cha-mado Curso de Lideranças, com duas ênfases – Diaconal e Catequética.

DIA24

DIA25

1968

FEVEREIRO

Inauguração do prédio pró-prio da FDL em Serra Pelada.

DIA25

1970

MARÇO

O pastor Artur Schmidt e sua esposa Käthe Schmidt pe-dem desligamento da FDL,

alegando problemas de saúde, e re-tornam para a Alemanha.

DIA31

FEVEREIRO MARÇO

SETEMBRO

Inaugurada a Escola Bíblica Evangélica Luterana do Es-pírito Santo, em Serra Pe-

lada, no município de Afonso Cláu-dio (ES). O evento teve a presença do Cônsul da Alemanha na época, Dr. La-bastille Meyer, 14 pastores e um con-junto de trombonistas de São Leo-poldo (RS), além de apresentações de filme, teatro e música.

Iniciada a aula com 12 alu-nos. Quatro meninas tam-bém foram admitidas como

alunas.

A Assembleia Geral da pa-róquia aprova a construção de um prédio de dois anda-

res para a moradia do pastor, acomo-dação dos diretores e uma parte da Escola Bíblica.

Realizada a Conferência Pastoral que elegeu Sieg-mund Wanke como o novo

Pastor Regional, durante a inaugu-ração da Escola Bíblica.

DIA22

DIA1º

DIA30

DIA23

22

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Page 23: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

1958

1963

1960

2008 2012 2015

1961

JUNHO

Realizado o lançamento da pedra fundamental para a construção da nova sede da

Escola Bíblica.

A ADL redefine a formação de lide-ranças com ênfases em Diaconia e acrescenta as formações de lideran-ças com ênfases em Música e Ca-tequese.

O Curso de Liderança Comunitária ocorre em quatro anos, sendo os três primeiros de formação comum e o quarto com opções de ênfase especí-fica: Diacionia, Catequese ou Música.

É oferecida nova proposta de forma-ção: nos três primeiros anos, o Cur-so de Liderança Comunitária tem en-foque para a Diaconia, Catequese e Música e outras práticas artísticas e sociais. No quarto ano, três capaci-tações: Educação Social; Cuidador da Pessoa Idosa; e Liderança Musical.

DIA2

1965

MARÇO

A Escola Bíblica é registrada oficialmente como Fundação Diacônica Luterana – FDL.

Inácio Felberg é ordenado como pri-meiro diácono da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.

DIA14

1967

MARÇO

Aquisição de três lotes na Praia de Ita-parica (Vila Velha).

Foi fundado o Ginásio Diacô-nico Luterano, ampliando a oferta dos cursos: Magisté-

rio, Técnico com Contabilidade; Enfer-magem, Diácono-aspirante; Cateque-se; e Sub-diácono.

DIA1º

DEZEMBRO

A construção é concluída e inaugurada pelo presiden-te da IECLB na época, pas-

tor Friedrich Wüstner.

Com a fundação da Ordem Caritati-va dos Diáconos Evangélico-Lutera-nos no Brasil, a instituição de Ser-ra Pelada torna-se a primeira casa de formação de diáconos na IECLB.

É adquirida a propriedade em Serra Pelada com recursos da Comunida-de Evangélica de Augsburg am Nor-drand (Alemanha).

DIA6

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Page 24: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

OBJETIVOS, PROGRAMAS E PROJETOS

ESPIRITUALIDADE

Formação cristã para a cidadania

Preparar os jovens para atitudes transformadoras baseadas na fé cristã, na ética e na cidadania é a razão da existência da ADL, que atua sintonizada com os anseios do seu público. Dos 70 alunos de 14 a 18 anos que estu-dam na instituição, cerca de 90% são do meio rural, filhos de pequeno agricultores descendentes de alemães e po-meranos de comunidades de luteranos do interior capi-xaba e também dos estados de Mato Grosso do Sul, Per-nambuco, Rio de Janeiro e Pará.

De acordo com o superintendente da ADL, pastor Siegmund Berger, o objetivo da instituição está alinhado com aqueles que buscam a formação humana, os valo-res, o acompanhamento e o desenvolvimento de lideran-ças nas comunidades e o compromisso com a sociedade.

“Vivemos numa sociedade que impõe um individualismo muito grande. A gente trabalha na contramão do sistema para ter um olhar diferenciado para a sociedade de uma forma coletiva”, frisa.

A ADL oferece cursos de formação em Lideran-ça Comunitária, Liderança em Música, Educação Social e Cuidador de Idosos, todos tendo como pilares a valori-zação humana, comunitária e artística. Entre aulas práti-cas e teóricas com conteúdos transversais, os estudantes aprendem a história da Igreja, a leitura e interpretação da Bíblia, os cuidados com a saúde e com o meio ambiente, a comunhão de mesas e a divisão do alimento, os direitos humanos, e, sobretudo, a ter respeito e ser solidário com o próximo de acordo com os princípios do cristianismo.

Alunos e professores em procissão religiosa no cruzeiro de Serra Pelada

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Para isto, as atividades curriculares incluem ações voluntárias em instituições filantrópicas como Lar dos Idosos, Casa do Menino, Apae, creches e hospitais. Sem-pre orientados por um educador social, eles contam his-tórias, fazem brincadeiras e trabalhos manuais, cantam e tocam instrumentos, leem a Bíblia, apresentam peças teatrais e dão suporte a campanhas realizadas pelas en-tidades visitadas.

Segundo a educadora social e catequista da ADL, Al-zira Ratunde, estas ações contribuem para o contato com a realidade e o exercício do voluntariado, que é muito va-lorizado pela instituição e base para uma educação cris-tã. Chamadas de inserções voluntárias, estas visitas tam-bém contribuem para a integração e a espiritualidade do público atendido pelas entidades filantrópicas.

Para garantir efetividade nas ações, os alunos apre-sentam um projeto prático na conclusão de cada curso, podendo ser de voluntariado, liderança, música ou ou-tros trabalhos onde exercitam o que aprenderam. Desta forma, eles são estimulados a praticar os conhecimentos adquiridos, seja através da continuidade dos estudos ou se transformando em lideranças em suas comunidades.

ALOJAMENTO E CONTRATURNOFuncionando em regime de internato, onde os alu-

nos estudam e têm alojamento e refeições, a ADL ofere-ce educação não-formal em sistema de contraturno. Por meio de uma parceria com a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Elvira Barros, no distrito de Ser-ra Pelada, em Afonso Cláudio, os estudantes fazem as matérias obrigatórias do Ministério da Educação, à noi-te: Português, Matemática, História, Geografia e outras disciplinas oficiais.

Curso de Liderança Comunitária (1.600 horas)Com três anos de duração, promo-ve vivências e práticas da lideran-ça comunitária e do voluntariado.

Formação em Música (400 horas)Com um ano de duração, proporcio-na conhecimentos teóricos e práti-cos da música sacra e popular, ins-

trumentos melódicos, harmônicos e rítmicos (flauta, violão, teclado, per-cussão, piano e outros), além do con-tato com a regência e canto coral. Formação em Cuidador de Idosos (360 horas) Com seis meses de duração, capa-cita para a prestação dos cuidados integrais ao idoso.

Formação em Educação Social (360 horas)Com seis meses de duração, ins-trumentaliza jovens para atuar como Educadores Sociais em projetos sociais com crianças, jovens e adultos, e utilizar ins-trumentos pedagógicos e artís-ticos para atuação com públicos vulneráveis.

CURSOS OFERECIDOS PELA ADL

Espiritualidade e meditações na capela da ADLNas inserções voluntárias, os alunos visitam doentes em hospitaisAluno no coral da ADL

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OBJETIVOS, PROGRAMAS E PROJETOS

TRADIÇÃO

Identidade com a música

Grupo Cantando, em 1962 Estudantes que integram o Grupo de Metais

Nos três primeiros anos na ADL, jovens aprendem notas musicais e a tocar instrumentos

Quem mora ou transita no entorno da sede da ADL, em Serra Pelada, ouve de longe o ecoar dos sons emitidos pelas flautas, trombones e grupos musicais e coral, num repertório que vai de hinos religiosos da Igreja Luterana às músicas clássicas e sacras. Ali, adolescentes, que raramen-te teriam acesso ao ensino da música, aprendem a cantar e tocar instrumentos, despertando os seus dons com os sons.

A música é uma tradição inerente à ADL e um dos principais motivos para despertar o interesse dos jovens a estudarem na instituição. Assim como a grade curricular dispõe de aulas de Bíblia, boas maneiras, história da Igre-ja, Diaconia e educação cristã, também oferece aulas de música, canto, coral, regência e prática em pelo menos um dos três instrumentos musicais – flauta, violão ou teclado.

A música exerce uma grande influência no ser hu-mano, atingindo o emocional sem passar pelo senso crí-tico ou pelo critério do certo ou errado. Por esta razão, a instituição aproveita a música como apoio na formação dos jovens como seres humanos com boa personalidade, utilizando um repertório selecionado e focado no coletivo, na responsabilidade humana e na religiosidade.

Nos três primeiros anos, os alunos aprendem a lei-tura das notas musicais e a tocar flauta. Depois, eles preci-

sam dominar pelo menos um instrumento. Como resultado, a ADL tornou-se uma referência na cultura musical, obtendo grande visibilidade. A instituição conta com grupos de trom-bonistas, flautistas e regentes de coro, formados por estu-dantes e constantemente convidados para eventos no Esta-do. Das aulas da ADL, também já saíram músicos famosos

como Jameica Mansur, ex-Dallas Company, e Rafael Belling,

que tornou-se um expoente da música em São Paulo com

mestrado na Unicamp.

Atualmente, a responsabilidade de ensinar música

aos alunos da instituição cabe ao professor e coordenador

do Departamento de Música, Douglas Kalke, licenciado em

Educação Musical. Falando do ambiente interno da ADL, ele

diz que “a música move tudo aqui. A todo momento, tem

um sopro. Ela é tão importante que os jovens veem outros

colegas tocando e também se motivam a fazer o mesmo”.

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O Coral Vozes da Esperança existe há mais de 20 anos e já gravou cinco CDs

Douglas Kalke explica que a música na ADL não visa à profissio-nalização, embora desperte muitos talentos ou sirva de ferramenta para os que vão trabalhar na Igreja. O ob-jetivo é mesmo uma educação dife-renciada. Segundo o professor, é fei-ta uma reflexão com alunos sobre a mensagem passada pela música. Por isto, há a preocupação com um re-pertório de qualidade e que permi-ta uma formação mais humanista e cidadã dos alunos.

Coral Vozes da Esperança – Existe há mais de 20 anos. Formado por 40 participantes, entre alunos, pro-fessores e colaboradores da ADL, tem como regente Douglas Kalke. O coral participa de eventos em todo o país e tem cinco CDs gravados, com músicas sacras e populares.

Grupo de Dança Alemã “Land Der Wasserfälle” (Terra de Cachoeiras) – Surgiu em 1987 e, hoje, é formado por filhos dos fundadores do grupo. São alunos e jovens de Serra Pelada.

Núcleo Audiovisual Lagoa – Criado em 2010, a partir do envolvimento da ADL com a Mostra Capixaba de Audiovisual – MCA. O Núcleo criou e coordena o Cineclube Lagoa, que

exibe curtas e longas metragem na ADL e região.

Coro de Metais “PommerBlosas” – Criado em 2011, é formado por alunos da ADL com aptidão para trombone, trompete, tuba e seme-lhantes. O objetivo é manter a tra-dição musical da cultura pomerana.

Teatro do Oprimido Fazendo Arte – A partir de 2009, com o apoio do ex--aluno William Berger, foi adotada a metodologia do Teatro do Oprimido.

Artes plásticas – As artes plásticas sempre foram um importante ins-trumento para a instituição. O ensino do artesanato, da produção de velas, das pinturas, dos bordados, das cola-

gens e de outras artes incentivam a criatividade, o aprendizado e o sen-so artístico. Em 2015, recebeu R$ 20 mil por meio do edital 002/2015, da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo, com a finalidade de enriquecer as atividades do grupo.

Grupo de flautistas – Reúne 12 alu-nos na execução de flautas doces, sopranos, contralto, tenor e baixo.

Grupo da Saúde Popular – Reali-za oficinas de curta duração com os alunos sobre produção de chás, massoterapia, relaxamento, plan-tio e cuidados de horta medicinal. Também realiza caminhadas eco-lógicas para observação e intera-ção com o meio natural.

A ADL tem um calendário de eventos musicais que já são conhecidos em todo o Estado.

Cantatas natalinas – Apresentadas em dezembro pelo coral Vozes da Esperança, em Igrejas Luteranas, pre-feituras e centros culturais em todo o Estado.

Semana de Canto – Acontece sempre no feriado de Corpus Christi.

Recital – É realizado em dezembro, em diferentes lo-cais, para mostrar o resultado do trabalho com os alu-nos: grupos de flauta e trombones, além do piano, vio-lão, teclado e coral.

Cursos nas comunidades – Uma vez por mês, profes-sores e alunos de música da ADL ajudam no traba-lho musical e participam de encontros e cultos da Igreja em todo o Estado.

GRUPOS E ATIVIDADES ARTISTICAS E CULTURAIS DA ADL

CALENDÁRIO MUSICAL

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Page 28: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

OBJETIVOS, PROGRAMAS E PROJETOS

Semana de Canto: palco para a música e a diversidade

Anualmente, sempre no feriado de Corpus Christi, o am-biente musical da ADL chega ao seu ápice. Cerca de 150 pes-soas de todas as idades e religiões se deslocam de vários mu-nicípios capixabas e de outros estados para participar de um dos mais tradicionais eventos realizados pela instituição, a Se-mana de Canto, que acontece desde 1966.

Consagrada como uma grande oficina e um espaço aber-to a todas as idades e credos, o evento tem por objetivo formar lideranças musicais da Igreja Luterana e demais religiões. A pro-gramação é vasta, incluindo palestras e oficinas de canto, reper-tório, interpretação, composição, técnica vocal, musical, flauta doce, educação musical para crianças e saúde do músico, entre outros. Além da formação de um coral durante o evento, também são realizadas apresentações diversas, transformando a sema-na num grande palco de performances musicais para iniciantes ou talentos já consagrados.

“A Semana de Canto é uma rede de troca de conhecimen-tos, promovendo diálogos entre diferentes áreas como a Teo-

logia, a Diaconia, a arte plástica, a dança, o teatro, o canto, a composição, a música popular e a música erudita, além

da saúde como a musicoterapia, a fonoaudiologia e a fisioterapia”, define Vinícius Ponath, que foi coordena-dor do Conselho de Música do Sínodo para represen-tar a União Paroquial Grande Vitória e teve participa-ção ativa na organização da Semana por vários anos.

Participantes em apresentação na

Semana de Canto

Formação em Bíblia e música com Pastor Erich Ruff, em 1960. Este é o primeiro registro de atividade de canto na instituição

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Page 29: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

CULTURA

No mundo das artesA ADL tornou-se uma marca em acesso à cultura e

ao desenvolvimento artístico para os seus alunos. Na ins-tituição, eles também desenvolvem atividades de teatro, dança, folclore e produção audiovisual, contribuindo para uma formação humanista e complementar ao que as es-colas oficiais não proporcionam.

Somando-se à sua tradição musical, a ADL vem se destacando no audiovisual, acumulando prêmios em níveis estadual e nacional. Os trabalhos dos alunos realizados pelo Núcleo Audiovisual Lagoa já faturaram seis prê-mios em concursos, mostras e festivais, sen-do o de maior destaque o curta “A Sétima Arte sobe o Morro”, vencedor de um prê-mio do Ministério da Cultura.

Conforme o educador social, Alex Reblim, responsável pelo pro-jeto premiado, foram produzidos dois curtas-metragens em duas co-munidades tradicionais localizadas em áreas mais elevadas de Afon-so Cláudio: os pomeranos residen-tes na comunidade rural da Mata Fria

(Francisco Corrêa) e um grupo de capoeira no bairro São Vicente, na zona urbana. Os próprios participantes do Núcleo coordenaram e executaram parcialmente o projeto, desde roteiro, gravação até a montagem e edi-ção final, mostrando suas percepções sobre os mora-dores desses locais.

Por meio do Núcleo, a ADL oferece a formação em produção de roteiros audiovisuais, fotografia, filmagens e montagem. Como resultado, em 2010, foi criado o Cineclu-

be, que também vem dinamizando o cinema em Ser-ra Pelada, envolvendo a comunidade no entor-

no da instituição. Alex Reblim explicou que a intensão é utilizar o audiovisual como

linguagem de divulgação, reflexão e la-zer, extrapolando os limites da ADL.

A cada dois meses, o Cineclu-be exibe um longa ou curta-metra-gem para moradores da região, assim como já promoveu festival de filmes

de curtíssima duração feitos por no-vos meios de comunicação digital, como

os celulares.

Estudantes em atividade de aulas de audiovisual

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Page 30: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

OBJETIVOS, PROGRAMAS E PROJETOS

DRAMATURGIA

Transformação com o Teatro do Oprimido

Alunos ensaiando teatro nos primeiros anos de funcionamento da instituição

Desde 2009, a prática de exer-cícios, jogos e técnicas do Teatro do Oprimido faz parte das atividades educativas da ADL, contribuindo para alinhar ainda mais os objeti-vos da entidade ao evangelho liber-tador de Jesus Cristo e à formação de jovens conscientes e críticos do seu papel na transformação social. A adoção desta metodologia da dra-maturgia, que tem cunho político e li-bertário, resultou na criação do Gru-po de Teatro do Oprimido Fazendo Arte. Formado por alunos e profes-sores da ADL, ele tornou-se fa-moso e, hoje, realiza apresen-tações até fora do Estado.

A ligação da institui-ção com o Teatro do Opri-mido, criado pelo teatrólo-go brasileiro Augusto Boal e mundialmente conheci-do, começou por uma ofi-cina realizada pelo ator, ex--aluno e ex-professor da ADL, William Berger, hoje doutorando em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Na época, o resultado imediato foi a introdução de uma nova disciplina nos três anos do curso de for-mação de Lideranças Comunitárias oferecido pela ADL. Chamada Corpo em Expressão, a matéria passou a ser ministrada ao lado de uma outra disciplina, denominada Contação de Histórias. As duas usam técnicas teatrais para a instrumentalização dos alunos e também para o trabalho com grupos, instituições e comunidades da IE-CLB e parceiros.

Após a oficina, William Berger também foi contra-tado pela ADL como professor e diretor do Grupo de Tea-tro do Oprimido Fazendo Arte, que ele mesmo ajudou a fundar na entidade. Desde esta época, as atividades in-

tensificaram-se, multiplicando as apresentações do Tea-tro Oprimido em eventos, instituições e espaços públicos de vários municípios.

Supervisionados por William Berger, os alunos co-meçaram a replicar as oficinas para comunidades pome-ranas tradicionais, jovens descendentes de negros e ita-lianos. Os temas são variados, como direito à educação, violência juvenil e contra a mulher, autoritarismo, me-mória e ancestralidade pomerana, a mulher na comuni-dade, as drogas, o racismo e o preconceito, entre outros.

Aula de teatro na ADL nos dias atuais

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Page 31: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

Ao entrar nas instalações da ADL, é

comum ver alunos trabalhando em hortas

medicinal e agroecológica nas áreas exter-

nas da entidade. São aulas práticas sob a

orientação do professor Gilmar Hollunder,

filho de pequeno agricultor, ex-aluno da

instituição e hoje responsável pelo setor

de Saúde Popular e Agroecologia do De-

partamento de Desenvolvimento Comuni-

tário da instituição.

Gilmar estudou na ADL de 1994 a

1996, quando existia o curso de Agricul-

tura Alternativa e Saúde Popular. Retor-

nou em agosto de 2010, com o objetivo de

resgatar o trabalho da agricultura alter-

nativa que havia se perdido.

Desde então, ele vem se dedicando

a ensinar aos alunos da ADL a mudar a relação de pro-

dução com a terra, por meio de práticas alternativas que

combinam saúde, qualidade dos alimentos e preservação

ambiental. Já em 2010, Hollunder iniciou o trabalho da

Horta Medicinal na entidade e, em 2013, começou o pro-

jeto Horta Agroecologia por meio de um convênio da ADL

com a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimen-

to, Aquicultura e Pesca – SEAG/ES e FLD.

As aulas ganharam novo impulso. Hoje, os alunos têm

uma hora por dia de atividades práticas, em especial com o

manejo de hortas e os cuidados com a terra, seguindo os prin-

cípios da agricultura orgânica. O objetivo é incentivar a pro-

dução e o consumo de verduras saudáveis. Para isto, os estu-

dantes aprendem o preparo de compostos orgânicos, a partir

do aproveitamento de sobras de alimentos, para adubos nas

hortas e outros plantios, dispensando os aditivos químicos.

Já a disciplina Saúde Popular aborda a relação en-

tre alimentos orgânicos e saúde, assim como os cuidados

com a prevenção de doenças e a necessidade do consu-

mo da água, incentivando os alunos a ingerirem líquido.

Durante as aulas, que sempre interligam o conteúdo

das disciplinas ao meio ambiente, é abordado o problema

dos recursos hídricos, frisando que muitas pessoas não

AGRICULTURA E SAÚDE

Mudando a relação de produção com a terra

têm acesso à água. Como atividade prática, os alunos fa-zem visitas a propriedades rurais onde existem nascen-tes preservadas, para que eles possam entender esta re-lação entre natureza e água, o que pode vir a ser inclusive um potencial turístico da região.

Na parte de alimentação, há o incentivo de se co-mer menos carboidratos e produtos industrializados para evitar diabetes, colesterol alto e outros problemas. Nas aulas, Hollunder fala dos alimentos mais destrutivos para vida e destaca a culinária alternativa.

Estudantes em aula de saúde popularw

O manuseio da horta reforça o incentivo à produção e consumo saudáveis

Revista da ADL | 60 ANOS 31

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Page 32: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

OBJETIVOS, PROGRAMAS E PROJETOS

Difusão de conhecimentos e geração de oportunidades

Há muitos anos conheço a importância so-

cial e educacional da ADL, com formação

para jovens e oferta de oportunidades para as pes-

soas que vivem no campo. Nosso envolvimento es-

treitou-se mais a partir de 2007, quando ingressei

como servidora pública na Secretaria de Esta-

do da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e

Pesca – Seag, com a tarefa de propor uma políti-

ca pública estadual para com a juventude do cam-

po. Entre tantas instituições com este foco, encon-

trava-se a ADL.

Formamos coletivos de jovens para, juntos,

elaborar um programa visando a um novo concei-

to que busca descobrir as fontes e as oportunidades

de diversificação do tecido social, econômico e cultu-

ral do mundo rural. Nesta concepção, o imóvel rural

passa a ser uma unidade produtiva, pluriativa, multi-

dimensional e multifuncional, e os jovens rurais, su-

jeitos de direitos.

Assim, criamos novas oportunidades e resga-

tamos a identidade cultural da juventude do campo,

com garantia de seus direitos sociais como parte da

conquista do desenvolvimento histórico da cidada-

nia universal. A ADL é protagonista desde a forma-

ção cristã até o fortalecimento comunitário, potencia-

lizando o repensar e o refazer de vidas.

No Programa Valorização da Juventude Rural,

o qual atuei desde a concepção, em 2007, até mar-

ço de 2015, a ADL foi parceira em cinco ações: For-

talecimento dos Núcleos de Jovens Rurais; Qualifi-

cação Social e Profissional; Arte do Saber; Unidade

Demonstrativa, Produtiva e Sustentável; e Cultura e

Juventude Rural.

A aposta consistia em discutir

a atualidade, um novo contexto da

ruralidade e os desafios frente

às transformações em cada

região. Realizamos eventos

de mobilização, organiza-

ção social e produtiva, de-

bates técnicos, viagens de

estudo, cursos, atividades

de lazer, esportivas e cul-

turais. Houve intercâmbios

com ações de cinema, mú-

sica, teatro e poesia, nas quais a ADL foi multiplica-

dora com os demais grupos coletivos.

Os jovens também foram qualificados para o

espírito empreendedor, o associativismo, a gestão de

organizações familiares e pequenos negócios, além

das novas técnicas de produção de alimentos segu-

ros e saudáveis. Foi oferecido acesso às novas tecno-

logias e informações. A ADL recebeu um laboratório

digital e de multimídia para ações locais de fomento

a novas técnicas e tecnologias da produção, dissemi-

nação de informações sobre mercado, custo, produti-

vidade e valor, por meio de cursos, seminários e en-

contros. Também foram realizadas ações de cultura,

esporte e lazer nas localidades rurais com o uso de

equipamentos e a instalação de salas de cinema, rá-

dios comunitárias, blogs e sites, entre outros.

Outra abordagem consistiu no estímulo à ini-

ciação científica, visando despertar no jovem a cons-

trução do raciocínio lógico, a explicação racional dos

fenômenos naturais, sociais e econômicos, a capaci-

dade de propor novas incursões nas práticas agríco-

las e zootécnicas, além de envolvê-lo na recuperação

e conservação do meio ambiente. A ADL foi contem-

plada com equipamentos.

Podemos afirmar com total convicção de que

os equipamentos cedidos e as formações realizadas

foram incorporadas ao cotidiano da ADL com serie-

dade e competência, associando conhecimentos teó-

ricos-científicos à prática da produção, especialmente

agroecológica, impulsionando o desenvolvimento sus-

tentável do meio rural e potencializando a difusão de

conhecimentos entre os jovens com reflexo na família

e na comunidade. Estamos coletivamen-

te, Seag e ADL, junto com outras im-

portantes entidades, permitindo

a elevação da nossa juventu-

de para um tempo de reco-

nhecimento e respeito”.

Célia KieferCoordenadora

Estadual de Relações

Institucionais da

Vice-governadoria do

Espírito Santo

DEPOIMENTO

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Page 33: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES

Abrindo novos caminhos para a vida

A ADL tem sido um campo de oportunidades para o desenvolvimento de jovens da área rural. São múltiplos os exemplos de pessoas que saíram da

roça para estudar na ADL e, depois, seguiram outros rumos na vida profissional, mas sem perderem a sua história e seus vínculos com

a ruralidade e a sua cultura.É o caso de Levi Tesch, ex-aluno da instituição que se

transformou num empresário, dono do supermercado e far-mácia Schwambach e da fábrica de pães Lekker, em Afon-so Cláudio (ES). Ele é taxativo quando diz que “se não fos-se a ADL, estaria trabalhando na roça até hoje e não teria passado da quarta série primária”.

Filho de pequenos agricultores da zona rural de La-ranja da Terra, Levi soube da ADL em 1976, através de um

vizinho, e viu ali a única possibilidade de continuar estudan-do. “Eu havia terminado a quarta série primária, que era o ní-

vel máximo que se conseguia chegar na escola da zona rural onde eu morava. Meus pais não tinham recursos para me man-

dar estudar fora, mas eu queria continuar. Foi quando soube que um vizinho iria para a ADL, e insisti para ir junto”, relembra.Ele passou na prova de seleção e conseguiu bolsa de estudo para man-

tê-lo na ADL de 1977 a 1983. “Durante a entrevista, eles viram que eu precisa-va de ajuda e uma senhora da Alemanha pagou os meus estudos em regime de internato. Roupas, alimentos, livros, cadernos, hospedagem, era tudo pago por esta mulher”, explica.

Desta forma, Levi realizou o seu sonho. À noite, estudava na Escola Es-tadual Joaquim José Vieira, em Serra Pelada, e durante o dia tinha aulas na ADL, de onde saiu como assistente diaconal. “Estes sete anos foram a base da minha vida. Aprendi música e sobretudo a ter formação religiosa, ética, respei-to pelas pessoas e leis. Dificilmente, alguém que passou pela ADL se envolve com corrupção”, explica.

O empresário também lembra, com orgulho, de ter trabalhado voluntaria-mente nas obras de expansão da ADL: “Fui auxiliar de pedreiro, fazia e carrega-va massa, lajotas e outros materiais”. Após concluídos os cursos, por indicação de Leonardo Back, um dos diretores da ADL na época, Levi Tesch estagiou na Cai-xa Econômica Federal, de onde saiu para ser funcionário no Bradesco. Foi quan-do casou-se aos 19 anos, desligou-se do banco e ingressou no ramo dos negó-cios, transformando-se em empresário. Atualmente emprega 220 pessoas em suas empresas.

Ele mantém os vínculos com a ADL, ajudando financeiramente e partici-pando das atividades da Igreja Luterana no município. Depois de casado, che-gou a formar um coral de dez pessoas, chamado Grupo Espaço, regido pela

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Page 34: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES

professora Matilde Ludcke. Além de percorrer o Espírito Santo e o Brasil para representar a instituição em eventos, o coral gravou o CD Diaconia, uma cole-tânea de hinos da Igreja Luterana. O grupo encerrou suas atividades em 2004, vários anos após a saída de Levi.

Professora

Outro exemplo veio da professora Ketrim Dafiny Enghert Bor-charddt, que até o final de 2015 foi responsável pelos internatos

da ADL e ensinou boas maneiras e flauta doce aos alunos do pri-meiro ano da instituição. Filha de agricultor e conhecedora das dificuldades de quem vive e sobrevive do campo, ela nasceu em Itaguaçu (ES) e estudou na ADL de 2007 a 2009.

Em 2009, por meio de um projeto de intercâmbio, foi es-colhida, junto com outros três alunos e três funcionários da Igre-

ja Luterana no Brasil, para uma viagem de um mês à Holanda, visando conhecer como funcionava a Igreja e o trabalho agríco-

la naquele país.Em 2010, Ketrim foi trabalhar numa serraria da família, onde ficou

por quatro anos, até reingressar na ADL como professora em 2013. Atual-mente, aos 24 anos, ela também é taxativa quando diz que, se não tivesse es-

tudado na instituição, dificilmente teria boas oportunidades. “Na ADL, se cuida da formação do ser humano como um todo”, afirmou.

CUIDADO COM O PRÓXIMO

Estou na ADL desde 2012, porque te-nho o sonho de estudar Teologia e ser

pastor. Aqui, tive contato com um mundo novo. Além das atividades bíblicas e musicais, gos-to da importância que a instituição dá aos cui-dados com as pessoas e à preocupação com o próximo. Aqui se faz com e para as pessoas. Não vivemos sozinhos e ajudamos uns aos ou-ros. Aprendi a viver melhor”.

Paulo Henrique NassAluno da ADL – Laranja da Terra (ES)

APOIO E DIREÇÃO Sou da Igreja Luterana. Vim para a ADL atraído pela música, pela educação so-

cial e pelas experiências com outras culturas, pessoas e opiniões. Valorizo muito o trabalho social da instituição, que não fica presa apenas ao ensinamento da Bíblia. Gosto das inserções voluntárias. Já participei de uma inserção no Abrigo Rainha Sílvia (RJ) e Lar Ebenezer (PR) e também realizei uma formação musical no Festival Internacional de Música Erudita e Po-pular. Em 2011, minha mãe faleceu. A ADL foi o apoio para mostrar a direção que eu deve-ria tomar na vida”.

Carlos Eduardo HolzAluno da ADL – Itarana (ES)

DEPOIMENTOS DE ALUNOS

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Page 35: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

Com a voz calma, jeito fraternal e beiran-do os 70 anos de idade, o advogado Valdemar Holz tem uma história de vida que sintetiza o potencial transformador da ADL para a realidade das pessoas da zona rural. Ele é filho de pequenos agricultores descendentes de pomeranos e alemães instalados na Barra do Empoçadinho, próximo à Serra Pelada, em Afonso Cláudio (ES).

Até os 10 anos, Valdemar só falava o po-merano e o alemão, idiomas praticados pelos pais dentro de casa e predominantes em sua comu-nidade. Foi nesta idade que o então menino tími-do da roça ingressou na ADL, depois que o pastor Artur Schmidt convenceu os seus pais a deixá--lo estudar. Valdemar foi aluno da primeira tur-ma de internos formada pela Escola Bíblica, que mais tarde viria a ser ADL. Ali, ele aprendeu a fa-lar e escrever em português. “Aprendi muita coisa. Era como um segundo grau, com aulas de Histó-ria, Geografia e outras. Os professores eram pas-tores”, lembra.

Depois da ADL, enquanto os demais colegas foram para o Rio Grande do Sul estudar Diaconia ou Teologia, Valdemar Holz optou por trabalhar no car-tório de Serra Pelada. “Meus pais não tinham condi-ções de me mandar para fora”, conta. Ele firmou-se na nova atividade e transformou-se no primeiro ta-belião que falava pomerano e alemão, conquistando a confiança de pessoas destas descendências: “Vinha gente até de outros municípios. Alguns chegavam a cavalo. Muitos também não falavam português. Eu atendia no cartório, conversava com eles, dava orien-tação. Foi uma forma de retribuir o que aprendi na Escola Bíblica”, relata, acrescentando que também se transformou no juiz de paz da comunidade e pre-sidente da paróquia.

Dali, Valdemar Holz foi para a Alemanha estu-dar Administração Hospitalar por indicação da Igreja Luterana em parceria com o governo alemão, visan-do à administração dos recursos daquele país que fo-

ram aplicados na construção do Hospital Evangélico de Domingos Martins. “Uma das exigências era que um brasileiro fizesse este acompanhamento, e eu fui indicado”, conta.

Quando retornou, Valdemar mudou-se para Domingos Martins, assumiu a construção e, de-pois, a administração do hospital, quando também decidiu cursar a faculdade de Direito. Ele foi ainda secretário municipal da Prefeitura por duas vezes, uma na pasta de Saúde e a outra na de Adminis-tração. Para Valdemar, a ADL abriu-lhe o campo de visão e as portas do mundo. Hoje, ele está aposen-tado e continua morando em Domingos Martins, onde tem por hábito registrar fatos que resgatam a história da ADL.

Resgate de um menino da roça

Aos 10 anos,

na ADL, aprendi a

falar português”.

Revista da ADL | 60 ANOS 35

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Page 36: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES

O casal Armando Saick e Maria Pa-gung, médico e farmacêutica respec-tivamente, também estudou na ADL entre 1972 e 1976. Descendentes de pomeranos, filhos de agricul-tores e originários da zona ru-ral do município de Vila Pavão, os dois viram na instituição a oportunidade de continuar os estudos, já que as escolas de sua região ofereciam no máxi-mo até a quarta série.

“A ADL era a chance de uma vida diferente. Era a chance de estudar e de crescer”, afirma Ar-mando Saick, que conheceu Maria Pa-gung quando eram alunos da entidade. Depois, os dois casaram-se e foram morar no Rio Grande do Sul para continuar estudando e trabalhando, entre 1976 e 1994.

Armando Saick cursou Medicina na Universida-de Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e fez residên-

cia médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Materno-Infantil Presiden-

te Vargas, em Porto Alegre. Maria, por sua vez, estudou Licenciatura

em Letras e Farmácia também na UFRGS. Em janeiro de 1994, o casal mudou-se para Santa Teresa (ES), onde hoje exerce suas atividades profissionais, na clínica Saúde Plena.

“A ADL abriu portas para um mundo até então desconhe-

cido. Quando fomos para lá, não sabíamos o que era um internato.

Aprendemos a conviver com colegas, a fazer atividades do dia a dia, como a lim-

peza das salas de aula, plantio de hortaliças e serviços de cozinha. Enfim, aprendemos a ser quem so-

mos hoje”, relata Maria Pagung. “Este começo foi fundamen-tal para nos dar o impulso inicial para seguir estudando e focado em um grande objetivo”, finaliza Armando Saick.

Chance para uma vida diferente

A PRÁTICA DA DIACONIAEstudei na ADL de 1999 a 2001. Foi um divisor de águas em minha vida. O meu mundo limitado passou a ter horizontes que apontavam para além das minhas ex-

pectativas. A convivência com os colegas e professores, o estudo das disciplinas e a inser-ção prática foram impactantes no meu desenvolvimento. Muito do que exerço hoje na atividade ministerial, a forma como concebo o mundo e a postura frente à vida, a ADL foi relevante nesse processo.

Além do aprendizado, do exercício da espiritualidade e do desenvolvimento, a ADL me deu a oportu-nidade de uma viagem com um grupo de alunos, acompanhados da Diretora, a comunidades na Alemanha. Depois de ordenado Diácono da IECLB e atuar em dois campos de atividade ministerial, tive outra experiên-cia maravilhosa com a ADL: atuei como educador social de 2011 a 2013. Foi gratificante fazer parte da mis-são da ADL na formação de jovens. A ADL tem como fundamento a ética cristã que é o amor e o cuidado ao próximo baseado nos ensinamentos de Jesus. Isto é a essência da Diaconia.

Desde a sua fundação, a ADL busca exercer seu testemunho e a prática da Diaconia em meio à so-ciedade. Portanto, a sociedade é beneficiada quando uma instituição visa capacitar seres humanos mais conscientes e potencializa a sua participação na construção de uma sociedade melhor”.

Vanderlei Boldt Bacharel em Teologia, Pós-graduado em Pedagogia Social e Ensino Religioso e Diácono da IECLB. Atua como Capelão no Hospital Estatual Dr. Jayme dos Santos Neves – HEJSN na Serra (ES)

DEPOIMENTO DE EX-ALUNO

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Page 37: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

O trabalho em equipe, o exercício da

democracia e um projeto com mulheres

da roça são algumas das experiên-

cias inesquecíveis para a ex-aluna,

ex-professora e ex-coordenado-

ra de projetos da ADL, Valdete

Berger, que carrega consigo a

maior lição aprendida no pe-

ríodo em que esteve na enti-

dade: o trabalho com amor e

dedicação, valorizando e respei-

tando o ser humano e a natureza.

Atualmente professora em

Vila Pavão (ES), onde também atua

como diácona ordenada na comunida-

de religiosa e realiza atividades voluntárias

com adolescentes, ela diz que tornou-se uma profis-

sional crítica, criativa e comprometida com o que faz. “Este

diferencial, eu devo à ADL”, ressalta Valdete, que é descen-

dente de alemães e pomeranos da região de Vila Pavão.

Ela foi estudar Diaconia na ADL em 1987 e, para-

lelamente, cursar Habilitação ao Magistério na escola pú-

blica Joaquim José, em Serra Pelada. Depois, atuou como

professora e coordenadora na instituição entre 1990 e

1996. Das recordações daquele período, fala com emoção

do projeto “Mulheres ajudam mulheres a se ajudar”, rea-

lizado pela ADL em parceria com a Alemanha. “Comecei

neste projeto quando era aluna do terceiro ano e continuei

por mais seis anos. O foco eram as mulheres trabalhado-

ras da roça e da vila de Serra Pelada, pro-

movendo encontros, oficinas e pales-

tras”, explica a professora.

Para ela, foram momentos

marcantes com a troca de expe-

riências, reflexões, desabafos e

tomada de consciência em re-

lação à violência doméstica e

ao machismo. Além de abrir

caminhos profissionais, Valdete

Berger diz que a ADL também

é responsável pela sua partici-

pação na Comunhão de Obreiros

Diaconais – COD, que integra pessoas

que passaram pela ADL (ES) e pelo Se-

minário Bíblico Diaconal (RS).

Enquanto aluna da ADL, ela diz que experi-

mentou o que é viver numa grande família, onde as regras

devem ser de fato respeitadas para que a casa funcione.

“Lembro das assembleias do Grêmio Estudantil, onde os

problemas eram resolvidos coletivamente com alunos e

professores. Isso me marcou muito e me ensinou o que é

democracia. Aprendi a gostar de política”, destaca.

Enquanto professora, o que mais recorda é o traba-

lho em equipe: “Nossa equipe semanalmente sentava na

sala dos professores, onde falávamos abertamente das

nossas alegrias e dificuldades. O tempo nunca foi impedi-

mento para que diretor e professores estivessem juntos

planejando, executando e avaliando as ações”.

Equipe, democracia e respeito

VIDA EM COMUNHÃO Estudei na ADL de 2010 a 2013, onde tive embasamento para ingressar na faculdade de Teologia em São Leopoldo (RS). A ADL foi o primeiro passo para realizar o meu sonho de ser pastor. Nela, conhe-

ci mais sobre a história da Igreja Luterana e convivi com pessoas de outros estados e culturas diferentes. Aprendi a viver em comunhão e a respeitar a diversidade. Vejo-a no futuro como uma casa que

vai formar cada vez mais lideranças para a Igreja Luterana. Ela a ajuda a refletir sobre a vida, a ser uma pessoa crítica enquanto cidadão e como lidar com os erros e acertos nossos e dos outros. A ADL incentiva a viver em sociedade, fazendo a diferença na comunidade e na vida das pessoas”.

Jeferson Buss Ex-aluno da ADL e atualmente estudante de Teologia em São Leopoldo (RS)

DEPOIMENTO DE EX-ALUNO

Revista da ADL | 60 ANOS 37

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Page 38: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES

Acolhida além das fronteirasA oportunidade de formação oferecida pela ADL já

extrapolou as fronteiras capixabas. A cada ano, cresce o interesse de alunos de outros estados. Atualmente, a entidade abriga estudantes do Mato Grosso, Rio de Janeiro e Pernambuco, entre outros.

Um exemplo é Vanessa Zanella Batschke, 17 anos, do Mato Grosso. Ela descobriu a instituição por intermédio de uma pastora de Santa Catarina, que ha-via estudado na ADL. “Aqui, eu gosto de conviver com as pessoas e do aprendizado nas áreas de educação, saúde e música”, ob-serva Vanessa, que pretende futuramente fazer a Faculdade de Teologia. Para ela, o curso da ADL dá uma base para atingir o seu objetivo de ser pastora, realizando in-clusive o sonho de seus pais. A estudante fez o primeiro ano na ADL em 2015 e dese-ja optar pela música no quarto ano.

Já Michele Pereira de Oliveira, 16 anos, veio do Rio de Janeiro e chegou à instituição num mo-mento difícil em sua vida. Ela conheceu o Abrigo Rainha Silva, que abriga mulheres em situação de risco social, e lá ficou sabendo da ADL. “Che-guei à ADL por meio de um pastor, que fez a su-gestão à minha mãe”, conta. Michele diz que era muito tímida e que foi muito bem acolhida na ADL, conseguindo, aos poucos, deixar a timidez para trás.

Ela enfatiza que, se não fosse a instituição, não teria a oportunidade de estudar música, uma desco-berta em sua vida. “A ADL faz as pessoas crescerem e tem um papel importante para mim”, ressalta, dizen-

do que, agora, está mais preparada para superar as adversidades devido à vivência na instituição. A estudante já sonha com uma faculdade de dan-ça e artes cênicas. “Na ADL, conheci e me apaixo-

nei pelo teatro”, afirma, frisando que no futuro vai olhar para trás, ver que foi bem enca-

minhada na vida e que tudo isto se deve à instituição.

O estudante José Felipe Fabia-no da Silva, 20 anos, é de Pernambu-co e em 2015 cursou o primeiro ano da ADL. O seu objetivo é adquirir base para

cursar Teologia. “A ADL é uma referência nacional”, frisa, informando que veio para a

entidade por orientação de um pastor que co-nhecia a instituição capixaba.

“Adiei a entrada na faculdade para ter esta base”, observa, adiantando que tam-bém pretende cursar Psicologia e Serviço

Social. “Gosto de ajudar as pessoas”, frisa. Na ADL, para ele, tem sido importante a vivên-

cia com as pessoas com suas diferentes histó-rias de vida. “Aqui, os jovens aprendem a viver e são

orientados para os desafios”, ressalta.

Alunos e professores (2014): estudantes capixabas e de outros estados

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Page 39: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

Instituição modelo com valores essenciais

A ADL escolheu trabalhar com nossos ado-lescentes e jovens, períodos muito vulnerá-

veis na vida das pessoas, pois são as fases de es-colhas decisivas para o futuro (profissão, formação, namoro) e para a vida cristã. Isto nos leva a pensar na instrução dos nossos jovens, o que a ADL vem fazendo muito bem ao longo dos seus 60 anos, aco-lhendo e integrando os futuros pastores, diáconos e catequistas com muito amor.

Esses estudantes chegam de toda parte, fi-cando fora de casa e sentindo falta da família e dos amigos. Porém, a instituição tem profissionais ca-pacitados para momentos de integração e de compartilhamento de um ombro amigo, de palavras de carinho e de incenti-vo. A ADL tem na sua essência a educação e, em virtude disto, a vejo como escola-modelo, com altos valores que precisam ser mantidos.

É aí que entra o traba-lho de parceria com a Oase do Sínodo Espírito Santo a Belém, madrinha com muita honra dessa instituição. Por meio de campanhas

de alimentos não perecíveis, materiais de higiene e limpeza, toalhas de mesa e roupas de cama, cola-boramos para a manutenção da ADL, além de ora-ções em seu favor, na certeza de que estamos au-xiliando na formação de cada estudante que trará retorno para as nossas comunidades e sociedade.

Na parceria ADL–Oase, muitos projetos já foram concretizados e muitos ainda poderão ser realizados. São duas instituições a serviço da IE-CLB, com muito orgulho. A Oase, por meio do seu lema, ‘Comunhão, testemunho e serviço’, sente--se responsável por esta instituição que o criador

nos confiou e, em troca, dela recebemos apoio para alegrar nossos encontros

com cantos, oficinas, palestras e apresentações teatrais. Como

mulheres da Oase, que Deus nos ajude a sermos jardinei-ras deste imenso jardim que é a ADL”.

Evanir Burzelaff BorchardtPresidente Sinodal da Ordem

Auxiliadora de Senhoras Evangé-licas – Oase

DEPOIMENTO DE PARCEIRO

PELO BEM DE TODOS E TODASMinha história na ADL começou quando eu tinha 14 anos. Sempre gostei de música, participava de muitos grupos em minha comunidade e buscava algo a mais para minha vida pessoal. Isto me mo-

tivou a ir para lá. Foram três anos no curso de Liderança Comunitária com ênfase em Diaconia. Na ADL, a convivência é o que mais nos ensina, desde lavar pratos até ajudar no jardim. Nas inserções

e assessorias em comunidades, conhecemos pessoas, lugares e compartilhamos saberes. Foi um tempo de mudança e crescimento em minha vida. Passei a dar valor às pessoas e não aos bens, a me preocupar e res-peitar, a cuidar e lutar pelo bem de todos. Além disso, tive a oportunidade de trabalhar como professora de flauta e de boas maneiras e na organização da casa. O momento mais marcante na ADL foi o inter-câmbio na Holanda. Se hoje sou o que sou, devo muito a esta casa, que me acolheu e me ensinou a viver. A ADL tem papel fundamental em minha vida. Muito obrigada!”

Roana Clara Gums Ex-aluna e estudante de Teologia na Faculdades EST, em São Leopoldo (RS)

DEPOIMENTO DE EX-ALUNA

Revista da ADL | 60 ANOS 39

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Page 40: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES

Juntas em favor da formação dos jovens

A Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangé-licas – Oase e a ADL mantêm uma relação

de parceria, pois sempre que possível os jovens da ADL participam dos nossos encontros com sua música. A Oase também participa e realiza cam-panhas para a instituição nas comunidades, visando angariar doações e acolhen-do os jovens enviados para estágio nestes locais.

A ADL é uma importan-te referência na formação de jovens e cativa-os com a mú-sica, além de incentivar uma melhor qualidade de vida de-les e das comunidades capi-xabas. Vejo um merecido re-conhecimento da ADL quanto à formação musical dos jovens que

por ela passam. Isto acrescenta muito na forma-ção dessas pessoas, que se sentem vocaciona-das a procurar uma formação teológica e profis-sional mais específica.

Que ela continue atuando com esse olhar diferenciado para a formação dos jovens,

principalmente na área da música. E que como a Oase, que procura ser

e espalhar o bom perfume de Cristo pelas comunidades, a

ADL também continue a ser o bom perfume de Cristo para todos os jovens que por ela passam”.

Rejane Beatriz Joahann Hagemann

Presidente da Oase Nacional

Marco educacional e em lideranças

A ADL é um marco educacional no muni-cípio de Afonso Cláudio, formando

lideranças através da educação. Diver-sas pessoas que passaram pela ADL, hoje, ocupam posições de desta-que na sociedade. Isto é fruto de uma educação mais ampla, que envolve caráter e responsabilida-de social. A instituição tem tam-bém uma interação muito grande com a comunidade. Os trabalhos desenvolvidos pela ADL com a cul-tura, a agricultura orgânica e a saú-de são extremamente importantes para o nosso município. A ligação com a música é expres-sada nos corais e nos trombonistas. A instituição con-tribui para o resgate e a preservação das culturas po-merana e alemã.

No campo da saúde, tem o trabalho de pre-venção ao câncer de pele. No meio rural, exerce uma

influência muito grande, especialmente na agri-cultura familiar e orgânica. A maioria dos

alunos da instituição são jovens da área rural, que são preparados

para exercer a liderança e ter uma nova relação com o cam-po. Eles aprendem a adminis-trar propriedades, a produzir alimentos mais saudáveis e a buscar novas alternativas de

renda, reforçando os seus vín-culos com o meio rural e buscan-

do qualidade de vida. Muitos alunos retornam para suas comunidades, onde

são multiplicadores dos novos conhecimentos, tor-nam-se líderes e contribuem para o desenvolvimen-to e fortalecimento das atividades rurais”.

Wilson BergerPrefeito Municipal de Afonso Cláudio

DEPOIMENTO DE PARCEIROS

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Page 41: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

Fé e ecumenismo

A ADL é um orgulho para a Paróquia Evan-gélica de Confissão Luterana de Serra Pe-

lada, onde a presença da instituição faz toda a di-ferença. É movimento! Como comunidade luterana, conseguimos ser uma Igreja mais jovem e viva. A espiritualidade perpassa os trabalhos da ADL jun-to com a comunidade local. Sempre quando a ADL ‘aparece’, o momento é para fortalecer a fé. Uma das contribuições para a Igreja Luterana é a capa-citação de lideranças musicais para atuar nas comunidades.

Também fortalecemos o ecu-menismo. A abertura ecumênica, com diversas celebrações ao pé da cruz no Morro do Cruzeiro, em Serra Pelada, e a Semana de Oração pela Unidade Cristã acontecem com as igrejas Ca-tólica e Luterana.

Na educação, com a ADL em Serra Pelada, os adolescentes conseguem cursar o ensino médio. Se

não tivéssemos os alunos da ADL, com toda certeza, não haveria aulas de ensino médio na Escola Elvira Barros, por existirem poucos estudantes na região.

No município, também temos muitos ou-tros impactos da ADL, com o trabalho dos alunos no Centro de Convivência dos Idosos e no hospital local, os projetos para o desenvolvimento susten-tável, o resgate à cidadania e a valorização huma-na. A contribuição na cultura local é significativa.

Além das apresentações musicais e do Teatro do Oprimido, anualmente, a

ADL realiza a Wurst Fest (Festa da Linguiça), tendo a parceria

da Associação dos Agriculto-res, do Grupo de Dança e da Escola Elvira Barros, visan-do manter viva a cultura po-merana”.

Paulo Marcos JahnkePastor da Paróquia Evangélica

de Confissão Luterana em Serra Pelada, em Afonso Cláudio

MINHA SEGUNDA E ETERNA CASAO bem mais precioso que aprendi em quatro anos de ADL: oferecer o que temos de melhor é estar em consonância com o próprio Evangelho de Jesus Cristo vivo em nossos dias. Na ADL, se constrói

uma família. E quando falo em família me refiro a seres dispostos a servir.A ADL me deu a oportunidade de fazer uma inserção voluntária em Rondônia, na Escola para a

Vida, onde atuei como professor de música para crianças humildes. Outro ponto marcante foram os es-tágios no Centro de Convivência em Laranja da Terra (ES), em nossa mais humilde forma de lidar com idosos. Agora estou em São Leopoldo (RS), cursando Teologia, para num futuro próximo ter o privilé-gio de anunciar esse Menino Jesus, que deve nascer todos os dias dentro de nossos corações”.

Gustavo Mundt KlugEx-aluno da ADL e atualmente estudante de Teologia na Faculdades EST (RS) – Laranja da Terra (ES)

DEPOIMENTO DE PARCEIRO

DEPOIMENTO DE EX-ALUNO

Revista da ADL | 60 ANOS 41

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Page 42: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

EXEMPLOS DE OPORTUNIDADES

Mãos estendidas à família Lüdtke

Fui professora de música da ADL durante 20 anos. Cheguei na

instituição quando tinha 11 anos. Eu morava na roça, meu pai faleceu e minha mãe, na época com 30 anos, ficou em dificuldade com os quatro filhos. Foi quando um pastor da localidade de Crisciú-ma, no município de Laranja da Terra (ES), aconselhou minha mãe a ir para a ADL com os filhos.

Fomos acolhidos e residi-mos nas dependências da institui-ção. Minha mãe trabalhou na cozinha. Eu e meus três irmãos estudamos lá. Um dos meus irmãos, o Josias, depois foi secretário da ins-tituição e trabalhou nela até falecer, em 1988.

Eu cursei três anos na Faculdade de Música do Espírito Santo – Fames. Neste período, eu dava

aulas de música na ADL e ia a Vitória uma vez por semana para estudar.

Deixei a ADL em 2009 e me ca-sei em 2010, indo morar em

Iúna (ES), onde hoje continuo como professora de música.

Todos estes fatos mostram a importância da ADL em minha vida. É como a minha segunda fa-

mília. Ali aprendi tudo sobre a vida. A instituição estendeu

as mãos para toda a minha famí-lia, numa ocasião vital para a sobre-

vivência de todos. Além disto, os alunos da ADL saem de lá com uma educação incrível”.

Matilde LüdtkeEx-aluna e ex-professora da ADL

ESPERANÇA NOS JOVENS DA ADLMinha filha, Veronica Kunn, 16 anos, está há um ano na ADL. Se eu soubesse que se-ria tão bom, já teria enviado-a antes. Ela já era educada, mas tornou-se ainda mais.

Conversa com as pessoas em voz baixa e com respeito, tem um jeito especial de tratar a mim e à mãe. Minha filha está no segundo ano do Curso de Liderança Comunitária. No quarto ano, ela de-verá fazer Cuidador de Idosos. Também está aprendendo música.

Eu e minha esposa atuamos em mutirões e organização de festas para ajudar a manter a ADL. Para mim, é uma grande alegria ver jovens juntos e fazendo este trabalho num mundo que a gente pensa que está perdido. Ficamos esperançosos com estes jovens”.

Lorivaldo Kunn Pai de aluna e empresário de Santa Isabel, Domingos Martins (ES)

DEPOIMENTO DE PAI

Há 60 anos nascia um sonho e com ele uma proposta transformadora que marcaria para sempre a vida de centenas de jovens e famílias. Parabéns, ADL, motivo de orgulho para todos os capixabas.

ADL:Orgulho para o Espírito Santo

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Page 43: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

INFRAESTRUTURA E EQUIPE

Espaço confortável abriga até 80 alunos em alojamento

A ADL não cobra mensalidades dos alunos, mas pede uma contribuição para auxiliar nas despesas com alimen-tação e energia. Se a família não tiver condições, é conce-dida a isenção e também buscado apoio financeiro de par-ceiros e doadores, a maioria das comunidades luteranas.

A Associação tem uma infraestrutura confortá-vel para abrigar até 80 alunos em alojamentos. Num espaço de mais de 36 mil metros quadrados, dos quais 3.361 são de área construída, a sede da entidade é um complexo com 38 quartos, oito salas de aulas, um salão (capela e auditório), uma sala de informática, uma sala de orientação social e diálogo, uma biblio-teca com mais de 11 mil livros e um refeitório para até 90 pessoas.

As instalações ainda contam com lavanderia, al-moxarifado, padaria e cozinha industriais, estufa com sis-tema hidropônico para produção de alface e outras ver-duras e uma moderna sala para cursos e degustação de cafés especiais. Já a área externa é formada por um am-plo pátio, jardim e campo de futebol para prática esportiva.

Além da formação complementar e da hospedagem, a instituição oferece aos alunos roupa lavada e seis refeições diárias. Divididos em masculinos e femininos, os quartos são compartilhados entre dois ou três estudantes e monitorados por um educador social. A ADL ainda possui uma proprieda-de rural de 13 hectares, em Serra Pelada. Além do cultivo de café e de frutas, o sítio possui maquinário para beneficiamen-to do café, realizando secagem, despolpamento e pilagem.

Alunos da turma de 2015

Há 60 anos nascia um sonho e com ele uma proposta transformadora que marcaria para sempre a vida de centenas de jovens e famílias. Parabéns, ADL, motivo de orgulho para todos os capixabas.

ADL:Orgulho para o Espírito Santo

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Page 44: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

ADL prepara-se para obter titulação de Oscip

A ADL está se preparando para obter a titula-ção de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Oscip, o que facilitará a captação de recur-sos e parcerias com instituições públicas e privadas em níveis municipal, estadual e federal.

Hoje, a instituição é reconhecida como de Utilidade Pública Municipal e Estadual pelas leis nº 853, de 16/06/1980, e nº 3.517, de 29/12/1982, respectivamente. Também está inscrita no Conse-lho Municipal de Assistência Social de Afonso Cláu-dio sob o número 010/1999 e no Conselho de Di-reito da Criança e do Adolescente do município de Afonso Cláudio sob o número 08/2013, além de ter o Título Municipal de Entidade Benemérita, conce-

dida pela Câmara Municipal de Afonso Cláudio no dia 31 de outubro de 2005.

A formação oferecida pela ADL é certificada ao aluno e está na categoria de “Curso Livre”, em conformidade com a lei nº 9394/96 e o Decreto nº 5.154/04. Já a manutenção da instituição acontece por meio de doações espontâneas, captação de re-cursos com a IECLB e organizações patrocinadoras. Os familiares e apoiadores dos estudantes também contribuem para o pagamento de despesas. As re-ceitas patrimoniais e coletas da IECLB são as prin-cipais responsáveis pela manutenção da ADL, que ainda realiza festas e tem a produção do seu sítio como reforço no caixa.

INFRAESTRUTURA E EQUIPE

ADL: 60 ANOS DE COMPROMISSO COM A FORMAÇÃO DOSJOVENS PARA VIVER E SERVIR A SOCIEDADE

Parabéns!

A equipe trabalha de forma apaixonada e integrada com os valores da ADL

Equipe pronta para ensinar, ajudar e compartilhar experiências

Muito mais do que um espa-ço físico, a ADL é formada por pes-soas. São elas que dão vida à insti-tuição e contribuem com a formação dos adolescentes. São 16 profissio-nais que atuam nas áreas de Supe-rintendência, Educação Social, Ad-ministrativo e Secretaria, atividades de manutenção, cozinha, padaria e lavanderia.

EQUIPEADMINISTRATIVO: Siegmund Berger (Superintendente e ministro pastor da IECLB), Cristiano Riam Berger (Se-cretário) e Everton Kalke (Coordena-dor administrativo).

EDUCADORES SOCIAIS: Alex Reblim Braun, Alzira Ratunde, Douglas Kal-ke, Emikellen Lauvrs, Gilmar Hol-

lunder, Rafael Pagung, Wendel Po-naht Blanck, Willa Buecker e Jeferson Buss (voluntário).

APOIADORES: Elzira Bragança Ham-mer (cozinheira chefe), Tereza Bes-serte Zibell (cozinha e lavanderia), Rosângela Manske Bragança (padaria e cozinha) e Rodrigo Bull e Zenil Po-tratz (manutenção e serviços gerais).

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Page 45: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

DEPOIMENTOS DE QUEM COLABORA E COLABOROU

Mudanças e alimento

Trabalho há 28 anos como cozinheira na ADL. Ela foi muito importante em minha vida, pois

me deu emprego num momento de grande necessi-dade. Eu e meu marido trabalhávamos na roça, quan-do ele ficou doente. Consegui este trabalho para sus-tentar a família. Depois de dois anos, a ADL me cedeu uma casa até eu ter condições de adquirir uma. Gra-ças a este trabalho, criei meus três filhos. Um é en-fermeiro em Vitória, o outro trabalha como pedreiro e minha filha é merendeira escolar em Afonso Cláudio.

Atuando na cozinha, vi muita mudança na ADL. Antigamente, os alunos eram mais tímidos. Hoje, são mais alegres. O alimento tornou-se mais farto e me-

lhor. A escola passou por crises, mas depois que o pastor Siegmund Berger assumiu, muita coisa mudou e melhorou. Hoje, a ADL é bem movimentada, com muito evento. Na Festa da Linguiça, realizada pelos mo-radores de Serra Pelada, produzimos cerca de 800 quilos de linguiça típica dos pomeranos e usamos o defumador da cozinha. Tenho mais amor pela ADL do que pela minha própria casa”.

Elzira Bragança HammerCozinheira da ADL, ex-trabalhadora rural e moradora de Serra Pelada

Um caminho diferente

Estudei na ADL entre 1989 e 1991 e, nela, tam-bém trabalhei como professora entre 1999 e

2000. Lecionei Catequese, Ética, Artes e Teatro. Coorde-nei o grupo de teatro, a oficina de artes e o Grupo Espa-ço, participando da gravação do CD ‘Um Caminho Dife-rente’, cujo nome foi para lembrar a proposta da ADL.

Não foi fácil ser professora da ADL e também estudante de nível superior. Durante os dois anos em que lecionei, eu fazia faculdade de Pedagogia em Co-latina com aulas presenciais e percorria diariamente 180 quilômetros, além de ser mãe e esposa. Mas te-nho muito orgulho de fazer parte desta história e ter incentivando os jovens a estudarem nesta instituição.

Minha filha Isabela Abel Gumz, 21 anos, es-tudou na ADL e, atualmente, o meu filho, Luiz Pau-

lo Abel Gumz, é aluno. A ADL prepara os jovens com projetos de vida. Esta formação faz todo o diferencial na minha personalidade, no meu tra-balho como pedagoga, mãe e mu-lher. As pessoas que passam pela ADL têm um diferencial que é funda-mental para a vida: olhar a pessoa na sua totalidade. Eu sou o que sou por cau-sa da ADL”.

Nilza Abel GumzDiácona da IECB, ex-aluna e ex-professora da ADL. Atualmente é pedagoga da EEEFM “Luiz Jouffroy”, em Laranja da Terra (ES)

ADL: 60 ANOS DE COMPROMISSO COM A FORMAÇÃO DOSJOVENS PARA VIVER E SERVIR A SOCIEDADE

Parabéns!

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Page 46: Revista comemorativa da ADL - 60 anos

TRADUÇÃO DA CARTA ENVIADA EM 2012

PELO PASTOR ARTUR SCHMIDT

Augsburgo, 14 de fevereiro de 2012.

Prezado Valdemar e família,

Está passando do tempo para responder a sua carta de 6 de novembro de 2011. Motivo

desse atraso foi além de tudo, a turbulenta época de Natal com passagem do ano, pro-

blemas de saúde para uma pessoa de quase 87 anos de idade, como também a dificul-

dade para leitura das escritas, que mesmo com uma lupa se torna difícil para mim. Caso

ainda não tenha feito, quero agradecer pelo lindo calendário que mandou. Você dedicou

tão apreciáveis saudações, que me alegram e me fazem bem.

Estou tão bem quanto é possível para uma pessoa da minha idade. Todos os dias ain-

da posso levantar e cuidar de mim sozinho. Almoço recebo da casa, o café da manhã e

lanche da noite eu mesmo faço. Para a residência, eu disponho de um serviço de limpe-

za. No mais, me valem os medicamentos para dominar o dia a dia.

Em 2011, tive quatro visitas do Espírito Santo, entre elas a Teresa SchwanzBurzlaff

e Anselmo Felberg. A próxima visita já está marcada, é a irmã de Madalena Kempin

de Califórnia, que se encontra a passeio na Alemanha. Além disso, mantenho bom

contato com o Pastor Siegmund Berger, que prezo muito como competente suces-

sor porque realiza o seu trabalho muito bem. Na próxima semana, dia 22 de fevereiro

2012, pode-se festejar em Lagoa o 56º aniversário da Escola Bíblica, respectivamen-

te FDL/ADL. Entrementes, os primeiros alunos das classes iniciais ainda vivos tam-

bém estão se aposentando. O que se deu daquele modesto e primitivo começo? Uma

Obra Educacional para utilidade da juventude do Espírito Santo e um auxílio para as

comunidades espiritosantenses. Deus derramou as suas Bênçãos sobre ela porque

por nosso empenho somente, éramos incapazes de realizá-la. Com isso, penso tam-

bém na minha querida esposa, que se empenhou cem por cento, como também no

Inácio Felberg e no casal Lourenço e Alvina Seibel. Não é de se esquecer da Dª Ma-

ria Kalk, a fiel colaboradora durante muitos anos.

Os 12 alunos da classe inicial vejo vivos na minha frente, eles são inesquecíveis! Mui-

tos de nossos alunos se tornaram multiplicadores quando transmitiram tudo aquilo

que aprenderam em Lagoa com sucesso para as suas famílias, como também para

os seus concidadãos e, com isto, se transformaram em depositários de Bençãos em

favor de muitos. Um deles se chama Valdemar Holz, que pode servir de Benção para

muitos. Isto fica especialmente claro através de seu filho Estevão, que se tornou um

exemplar empresário, proporcionando emprego e subsistência para muita gente, o que

é motivo de muita alegria para mim. Cordiais Bençãos com votos de boa saúde e bem-

-estar para você e sua família. Saudações. Vosso Pai da Escola Bíblica Artur Schmidt.

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