Revista Computação
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7/24/2019 Revista Computao
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ComputaoRevista da
Sociedade Brasileirade Computao
Brasil9
/ 2015
INTERNETDAS COISASNs, as cidades, os robs, os carros:
Tudo conectado!
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MUITAENERGIA
EDITORIAL
Lisandro Zambenedetti Granville
Presidente da Sociedade Brasileira
de Computao
Desde a eleio ocorrida durante o
CSBC 2015, temos a honra de dar
continuidade ao excelente trabalho
realizado pela gesto anterior, que
contou com a liderana do proessor Paulo Roberto
Freire Cunha. Agradecemos pela confiana dada
nova diretoria e firmamos o compromisso de bus-car azer o melhor para nossos associados e socie-
dade em geral.
Para este novo binio, trabalharemos com muita
energia em prol das demandas da comunidade da
Computao, sabendo que existem importantes de-
safios pela rente. Entre os nossos objetivos esto es-
truturar aes polticas e coordenar atividades entre
as vrias reas da SBC, a fim de alcanar objetivosglobais; interagir melhor com a indstria, j que esta
entrou de vez na pauta das discusses; e apereioar
os eventos promovidos pela SBC, que tanto contri-
buem para o crescimento do setor no Pas.
Somado a isso, investiremos em meios de valori-
zar ainda mais nossos associados, estimular novas
associaes e aprimorar a comunicao com essa
gerao de estudantes e profissionais consumidora
rpida e voraz de inormaes, que vivencia uma
cultura centrada em redes sociais. Precisamos ouvi-
-la e aprender sobre como podemos melhorar.
Por fim, convidamos a prestigiar esta edio da
Computao Brasil, que destaca justamente um
assunto bem presente nos novos tempos: a Internet
das Coisas. Boa leitura!
NO MAIS RECENTE CONGRESSO DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPUTAO
(CSBC 2015), REALIZADO NO MS DE JULHO
EM RECIFE (PE), INICIAMOS UMA NOVA
GESTO NA DIRETORIA DA SBC.
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EXPEDIENTE
ComputaoRevista da
Sociedade Brasileira
de Computao
Brasil29
04/ 2015
Diretoria:
Presidente | Lisandro Zambenedetti Granville (UFRGS)
Vice-Presidente | Thais Vasconcelos Batista (UFRN)Diretora Administrativa |Renata Galante (UFRGS)
Diretor de Finanas | Carlos Ferraz (UFPE)
Diretor de Eventos e Comisses Especiais |Antnio Jorge Gomes Abelm
(UFPA)
Diretor de Educao |Avelino Francisco Zorzo (PUCRS)
Diretor de Publicaes | Jos Viterbo Filho (UFF)
Diretora de Planejamento e Programas Especiais |Cludia Motta (UFRJ)
Diretor de Secretarias Regionais |Marcelo Duduchi (CEETEPS)
Diretora de Divulgao e Marketing |Eliana Silva de Almeida (UFAL)
Diretor de Relaes Proissionais |Roberto da Silva Bigonha (UFMG)Diretor de Competies Cienticas |Ricardo de Oliveira Anido (UNICAMP)
Diretor de Cooperao com Sociedades Cienticas |Raimundo Jos de
Arajo Macdo (UFBA)
Diretor de Articulao de Empresas |Srgio Castelo Branco Soares (UFPE)
Editora Responsvel | Eliana Silva de Almeida (UFAL)
Editor convidado da edio | Hyggo Almeida (UFCG)
Os artigos publicados nesta edio so de responsabilidade dos autores
e no representam necessariamente a opinio da SBC.
Giornale Comunicao Empresarial
Fone: (51) 3378.7100 - www.giornale.com.br
Fotos: Arquivo SBC
www.sbc.org.br
Caixa Postal 15012
CEP: 91.501970 Porto Alegre/RS
Av. Bento Gonalves, 9.500 - Setor 4 Prdio 43412 Sala 219
Bairro Agronomia - CEP: 91.509900 - Porto Alegre/RS
Fone: (51) 3308.6835 | Fax: (51) 3308.7142
E-mail: [email protected]
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ndice
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Agenda
Apresentao Internet das Coisas: Tudo conectadoPor Hyggo Almeida
Big Data: Um novo desaio nossa portaFabio Porto, Artur Ziviani e Eduardo Ogasawara
Analytics: Dados e atenoNazareno Andrade
Coisinhas da Internet das CoisasPaulo Licio de Geus, Andr Grgio e Bruno Melo
Cuidando da nossa sade
Danilo F. S. Santos e Aldenor F. Martins
Revolucionando a indstriaMarcelo Abreu
Viabilizando um Mundo AcessvelCristiano Andr da Costa
Passado, Presente e Futuro:wearablese Internet das CoisasRicardo Lus Ohta, Mrcia Ito, Ademir Ferreira da Silva, AlcioPedro Delazari Binotto e Fbio Latu Gandour
Internet das Coisas nas Nuvensito Ocampos
Redes VeicularesAntonio Alredo F. Loureiro
Sensores conectados em redeAndr Aquino
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AGENDA
XI Workshop Anual do MPS (Wamps 2015)Curitiba PR eventioz.com.br/e/xi-workshop-anual-do-mps--wamps-2015-pagina-em-cons
DEZEMBRO1 a 3
III Escola Regional de Informtica de Gois (ERIGO 2015)
Goinia GO erigo.net.br/
DEZEMBRO
4 a 5
VIII Escola Potiguar de Computao e suas Aplicaes(Epoca 2015)Caic RN eventos.irn.edu.br/epoca2015
DEZEMBRO14 a 16
X International Workshop on Variability Modelling ofSoftware-intensive Systems (VaMoS 2015)Salvador BA vamos2016.org
JANEIRO27 a 29
VII Computer on the BeachFlorianpolis SC www.computeronthebeach.com.br
ABRIL8 a 10
XVI Escola Regional de Alto Desempenho do Estado do RioGrande do Sul (Erad-RS 2016)So Leopoldo RS www.unisinos.br/erad
ABRIL13 a 15
XII Escola Regional de Banco de Dados (ERBD 2015)Londrina PR www.cross.dc.uel.br/erbd2016
ABRIL13 a 15
IV Seminrio Nacional de Incluso Digital (SEnid 2016)Passo Fundo RS senid.up.br
ABRIL18 a 20
XIV Congresso de Engenharia de udio (AES Brasil 2016)So Paulo - SP aesbrasil.org/congressos
MAIO16 a 19
XII Simpsio Brasileiro de Sistemas de Informao(SBSI 2016)
Florianpolis SC sbsi2016.usc.br
MAIO17 a 20
XXXVI Congresso da Sociedade Brasileira de Computao(CSBC 2015)Porto Alegre - RS www.sbc.org.br/csbc2016
JULHO4 a 7
VII Seventh Latin-American Symposium on DependableComputing (VII LADC 2016)Cali COL www.unicauca.edu.co/ladc2016
OUTUBRO26 a 28
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porHyggo Almeida
TUDO CONECTADOASSUNO PREDOMINANE NO CSBC 2015, AINERNE DAS COISAS O EMA DESA EDIO DACOMPUAO BRASIL.
APRESENTAO| Internet das Coisas
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AINERNE DE UDO, toda observada, tudo co-
nectado: ns, as cidades, os robs, os carros.... Es-ses oram respectivamente os temas do CSBC 2015
e o ttulo do painel de encerramento do congresso
e de palestras nos diversos eventos satlites do CSBC. Pode-se
dizer que 2015 oi o ano da Internet das Coisas.
Do ingls Internet o Tings (Io), a Internet das Coisas reere-
-se integrao de objetos sicos e virtuais em redes conectadas
Internet, permitindo que coisas coletem, troquem e armaze-
nem uma enorme quantidade de dados numa nuvem, em queuma vez processados e analisados esses dados, gerem inorma-
es e servios em escala inimaginvel. Apontada como uma
revoluo tecnolgica iminente e com mercado mundial esti-
mado em 1,7 trilho de dlares em 2020 (idc.com, 2015), a Io
gera impacto em todas as reas, incluindo indstria, eletrnica
de consumo, sade, e, de maneira transversal, na orma como a
sociedade consome inormao.
A empolgao atual com Io ruto da convergncia de diver-
sas tecnologias. Em primeiro lugar, a miniaturizao e popula-
rizao de sensores viabilizam a coleta e transmisso de dados,
com estimativa de mais de 40 bilhes de dispositivos conectados
em 2020 (ABI Research, 2013). al conectividade viabilizada
pelo avano das redes sem fio, tornando onipresente o acesso e a
transmisso dos dados para a Internet.
Dados coletados, dados enviados, dados armazenados! O mer-cado de computao em nuvem deve alcanar mais de 120 bi-
lhes de dlares em 2018 (Forbes, 2015), o que se justifica acil-
mente ao se imaginar os 44 zettabytes (trilhes de gigabytes) de
dados manipulados diariamente no mundo em 2020 (emc.com,
2014). Big Data e Analytics passam a ser termos indispensveis
nas discusses das grandes empresas: como transormar os da-
APRESENTAO| Internet das Coisas
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dos em inormao relevante para o usurio? Como apresentar a
inormao de orma eficaz e eficiente?A inormao estar disponvel em qualquer lugar, a qualquer
momento, em qualquer situao, de orma integrada s ativida-
des do cotidiano, no seu relgio, pulseira, culos, wearables. Por
outro lado, segurana e privacidade passam a ser as principais
preocupaes: tudo conectado, tudo acessvel, tudo observado!
Para esta edio da Revista Computao Brasil, convidamos
especialistas da academia e da indstria em algumas das reas
que compem a Internet das Coisas, dos sensores aos vestveis,exaltando a convergncia como o principal ator de sucesso de
Io. Para echar com chave de ouro, alguns artigos voltados para
aplicaes de Io, nas reas de sade, indstria e acessibilidade.
Boa leitura! Boas estas! Boas coisas!
HYGGO ALMEIDA
Possui doutorado em
Engenharia Eltrica pela
Universidade Federal de
Campina Grande (2007),
mestrado (UFCG - 2004) e
graduao (UFAL - 2002) em
Cincia da Computao.
bolsista de produtividade doCNPq e proessor adjunto do
Departamento de Sistemas
e Computao da UFCG. Coordena projetos de P&D em
cooperao com empresas do setor industrial no Laboratrio de
Sistemas Embarcados e Computao Pervasiva.
diretor da Unidade Embrapii CEEI-UFCG.
APRESENTAO| Internet das Coisas
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OS SENSORES SO APLICADOS INTERNET DAS COISAS PARA
O FORTALECIMENTO DE SISTEMAS URBANOS EM GERAL.
porAndr Aquino
SENSORES CONECTADOSEM REDE
ESPECIAL | Internet das Coisas
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R
EDES DE SENSORES SEM FIO (RSSFs) so dis-
positivos de sensoriamento com poder de proces-
samento e comunicao limitados e com restries
energticas, uma vez que so muitas vezes alimen-tados por baterias. Quando utilizadas em conjunto, as RSSFs
uncionam como um grande sistema distribudo, autnomo
e cooperativo. Essas redes permitem verificar uma variedade
de enmenos que so descritos por algumas grandezas si-
cas, como temperatura, presso e umidade. Recentemente,
o conceito de RSSFs est sendo ampliado devido incluso
de grandezas abstratas, como captura de aces, ris ou digi-
tais, lugares visitados e registrados no oursquare, localizaode um veculo numa malha viria, localizao de indivduos
numa multido etc.
Existem diversas aplicaes onde as RSSFs e a Internet das
Coisas so utilizadas para o ortalecimento de sistemas ur-
banos em geral. Podemos citar dierentes solues para a in-
tegrao de veculos inteligentes capazes de interagir entre
si para compartilhar inormaes de acidentes ou conges-
tionamentos; o monitoramento ambiental visando ao moni-toramento da qualidade do ar, praias ou rios e previso de
catstroes; e a automao de prdios permitindo, assim, a
concepo de ambientes inteligentes.
Algumas aplicaes no mbito de transportes urbanos inteli-
gentes que utilizam a Internet das Coisas como base vm sur-
gindo a cada dia. O servio de assistncia aos motoristas, para
a deteco colaborativa de colises, visa inormar a um maiornmero de veculos nas proximidades a ocorrncia de uma
coliso. Nesse caso, os dados de sensoriamento so as coor-
ESPECIAL| Internet das Coisas
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denadas da coliso, velocidade dos veculos de uma avenida
indicando uma desacelerao brusca, aglomerado de veculos
parados ou dados inormados por passageiros em redes so-
ciais ou aplicativos de navegao. Os dados coletados por essaaplicao podem ser disponibilizados ou processados por di-
erentes plataormas, como o sistema embarcado no prprio
carro, o celular dos ocupantes, ou at mesmo um servio em
nuvem. odos os atores envolvidos, celulares, carros, sem-
oros etc. precisam interoperar por intermdio da Internet
como proposto pela Internet das Coisas.
Com o advento de veculos com capacidade de sensoriamento
e comunicao, estudos, resultados e inovaes em sistemasde transportes inteligentes vm se consolidando. Uma orma
barata e escalvel de sensorear objetos de trnsito o uso de
etiquetas RFID (Radio-Frequency IDentification). A legisla-
o brasileira j prev a incorporao de etiquetas RFID aos
carros, acilitando assim a implementao de sistemas como
rastreamento, contagem de veculos e pagamento automtico
de pedgios (siniav.net). A simples contagem de veculos per-
mite aplicaes tais como identificao de congestionamentos,controle de vagas em estacionamentos, mensurao de pbli-
co em eventos e identificao de fluxo de veculos em vias. O
rastreamento, por sua vez, permite a identificao de rotas,
que podem ser utilizadas para conhecer os hbitos dos moto-
ristas e assim melhorar o fluxo de veculos. Alm disso, o ras-
treamento permite a identificao de congestionamentos e at
mesmo a identificao de inraes por excesso de velocidade(atravs da anlise do tempo de passagem entre dois pontos).
Outro tema bastante importante e que vem sendo tratado com
ESPECIAL| Internet das Coisas
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muita ateno em todas as eseras sociais o monitoramen-
to ambiental. Esses cenrios representam as aplicaes mais
tradicionais em RSSFs, no entanto a crescente necessidade
de integrao dessas aplicaes com a sociedade exige umaimediata interoperabilidade das RSSFs com a Internet. Al-
guns exemplos imediatos so a disponibili-
zao de dados da qualidade do ar no celular
dos cidados, um alarme de enchente na
SmartV ou celular dos moradores perto de
uma rea de risco, ou a disponibilizao de
inormaes em escala micro, coletadas in
loco, para os grandes centros de previso dotempo, que em geral s possuem inorma-
es macro obtidas de satlites. Uma aplica-
o bastante til, apesar de uturista, seria
utilizarmos dierentes sensores de qualidade
do ar embutidos nos nossos teleones celulares, a fim de ali-
mentar com inormaes micro um grande sistema de coleta
de dados que, combinado com os dados das estaes de mo-
nitoramento, teria uma maior preciso e eficcia quanto aospontos de riscos. Nessa aplicao, a convergncia de todo o
sistema, ou seja, sensores dos celulares, estao de monito-
ramento e central de coleta de dados deve ser realizada pela
Internet viabilizada pela Internet das Coisas.
Por fim, temos os ambientes inteligentes cuja concepo
acarreta em srios desafios tecnolgicos que englobam desde
novos sensores e dispositivos embarcados at aplicaes queexecutem num browser ou celular. Nesses ambientes, de or-
ma geral, identificamos a necessidade da utilizao de dispo-
A crescentenecessidade deintegrao dessasaplicaes com asociedade exige
umaimediatainteroperabilidade dasRSSFs com a Internet.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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sitivos e sistemas embarcados para permitir a automatizao
e gerenciamento da energia eltrica, gua ou gs consumidos
em uma casa ou prdio, controle e programao de Vs e
aparelhos de som, controle e previso de dierentes perfis deiluminao e em algumas regies a previso de aquecimento
da gua para banho. A base para todo o processo de automa-
o inteligente de ambientes so as RSSFs. Em seguida, en-
contramos os sistemas embarcados que utilizam as inorma-
es coletadas para controlar as dierentes coisas do prdio.
Finalmente, necessria a utilizao de um sistema para
gerenciar e monitorar todo o ambiente.
Com os exemplos apresentados anteriormente, a proposta deInternet das Coisas o ponto-chave para a incluso dessas
coisas na Internet permitindo a sua interoperabilidade. Por
outro lado, todas essas coisas para compor suas aplicaes
necessitam de aes de sensoreamento de grandezas sicas
e/ou abstratas por intermdio das RSSFs, o que a torna indis-
pensvel para a Internet das Coisas e vice-versa.
ANDR AQUINO | Possui graduao em Cincia da Com-
putao pela Universidade Federal de Alagoas UFAL (2001),
mestrado e doutorado em Cincia da Computao pela Uni-
versidade Federal de Minas Gerais (2003/2008). bolsista deprodutividade do CNPq nvel 2 e proessor adjunto da UFAL,
onde coordena o grupo de pesquisa SensorNet. Atua na rea
de Cincia da Computao, com nase em Sistemas Distribu-
dos, mais especificamente, Redes de Sensores Sem Fio.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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porAntonio Alfredo F. Loureiro
RedesVeiculares
A TENDNCIA ATUAL PROVER OS VECULOS E AS
ESTRADAS COM RECURSOS PARA GERAR UMA VIAGEM
MAIS SEGURA E EFICIENTE E TORNAR O TEMPO DOS
PASSAGEIROS NA ESTRADA MAIS AGRADVEL.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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A
MOBILIDADE permeia a sociedade moderna,
que depende de sistemas de transporte baseados
em dierentes tipos de veculos e inraestruturas
de comunicao. Nesse cenrio, avanos recentesnas tecnologias da inormao e comunicao podem contri-
buir decisivamente para oerecer uma melhor qualidade de
vida s pessoas. Devido a esses avanos, o conceito de veculo
em rede tem recebido ateno especial em todo o mundo. A
tendncia atual prover os veculos e as estradas com recur-
sos para azer com que a inraestrutura de transporte seja
mais segura e mais eficiente e tornar o tempo dos passagei-
ros na estrada mais agradvel. Neste contexto, mais segurosignifica ornecer ao motorista e passageiros
inormaes sobre congestionamentos, aci-
dentes, condies das estradas, desvios pos-
sveis, condies climticas e de localizao
de instalaes tais como postos de gasolina e
restaurantes. Mais eficiente significa aumen-
tar a capacidade de vazo das estradas, redu-
zir o congestionamento e a poluio, reduziro tempo de viagem e tornar esse tempo mais
previsvel, diminuir os custos operacionais
dos veculos e criar logsticas mais eficientes.
Finalmente, mais agradvel significa ornecer
acesso Internet, inormaes de publicidade, orientao so-
bre o caminho a seguir na estrada, baixar arquivos e bate-pa-
po. Essas aplicaes so exemplos tpicos de um Sistema deransporte Inteligente (IS), cujo objetivo melhorar a efi-
cincia, segurana e prazer em sistemas de transporte atravs
do uso de novas tecnologias de inormao e comunicao,
principalmente aquelas baseadas em dispositivos de sensoria-
mento.
Um componente importante de um IS a rede que permite
Como a soluo deum problema umproduto, a aplicaodos princpios deengenharia garante
a construo doproduto dentrodos prazos e custosplanejados.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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a troca de inormaes entre os veculos denominada VANE
(Vehicular Ad hoc Network)ou simplesmente uma rede vei-
cular. Uma VANE um caso especial de uma rede mvel ad
hocna qual os veculos, equipados com dispositivos de pro-cessamento, sensoriamento e comunicao sem fio, podem
criar uma rede ao se moverem ao longo de estradas. Utilizan-
do a comunicao sem fio, veculos podem se comunicar com
outros veculos ou com alguma rede de comunicao sem
fio (por exemplo, redes de teleonia celular) e ter acesso In-
ternet. Uma rede veicular ser um passo undamental para a
construo de sistemas de transporte inteligentes.
Atualmente, as montadoras de veculos tm abricado auto-mveis com literalmente dezenas de processadores, centenas
de sensores, interaces de comunicao sem fio e sistemas de
navegao. Esses recursos viabilizam a coleta, processamento
e transmisso de vrios dados, tais como condies de rena-
gens, existncia de obstculos e alarmes de velocidade acima
do permitido. Alm de coletar as mais variadas inormaes,
os veculos podem interagir com a inraestrutura das rodovias
obtendo inormaes de trego e melhorando as condiespara o condutor tomar decises. Desta orma, a rede veicular
nos ornece um ambiente pereito para coletar dados atravs
de sensores. A combinao de redes veiculares e de sensores
apresenta uma enorme oportunidade para dierentes aplica-
es em larga escala, como preveno de acidentes, roteamen-
to de trego, monitoramento ambiental, redes sociais basea-
das em localizao, veculos eltricos e veculos autnomos.De ato, as redes veiculares tero um papel undamental na
evoluo da Internet das Coisas, estabelecendo uma associa-
o, que est se tornando cada vez mais ubqua, entre o mun-
do digital e o mundo sico na sociedade moderna, onde a
mobilidade tem um papel de destaque.
Na ltima dcada, a capacidade computacional e de comu-
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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nicao de dispositivos de sensoriamento aumentou imen-
samente, seguindo rigorosamente a lei de Moore. Por outro
lado, o custo de produo desses dispositivos diminuiu bas-
tante, permitindo a sua prolierao em uma escala no vistanem imaginada anteriormente. Atualmente, algumas previ-
ses chegam a apontar que dentro de apenas cinco anos te-
remos milhes podendo chegar a bilhes desses dispositivos
espalhados pelo planeta. Alm disso, a mobilidade dessa clas-
se de elementos computacionais torna as redes veiculares uma
soluo de Internet das Coisas muito mais flexvel e eficaz e
mais barata do que as redes de sensores tradicionais ormadas
por elementos estticos.A integrao de redes veiculares com a Internet das Coisas
permite obter inormaes de uma dada entidade sica (e.g.,
estado de um semoro rente, condies da estrada) quanto
social (e.g., atividade de uma pessoa) tanto no ambiente m-
vel (veculo) quanto no ambiente fixo e, a partir da, projetar
dierentes tipos de servios e aplicaes. A Internet das Coisas
pode ser usada para ampliar a capacidade de processamento e
de sensoriamento de veculos. Isso ser undamental quandotivermos aplicaes que dependem de dados que esto ora
do veculo. Por exemplo, a Internet das Coisas torna possvel
rastrear a localizao de um veculo, monitorar seu movi-
mento e prever a sua localizao utura. No entanto, somente
esses dados no sero suficientes para resolver vrios proble-
mas importantes. Considere o caso de veculos eltricos. Em
um determinado momento, um desses veculos pode desejarcompetir por energia eltrica para recarregar sua bateria e/ou
clula. Nesse cenrio, ser importante monitorar a quantidade
de energia do veculo, a previso de quando ser necessrio
recarregar a bateria considerando as condies de trego e de
meteorologia na rota prevista para se chegar ao destino (que
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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ANTONIO ALFREDO F. LOUREIRO| proessor
titular do Departamento de Cincia da Computao
da UFMG e Pesquisador 1A do CNPq. Possui douto-
rado em Cincia da Computao pela University o
British Columbia, Canad. Em 2000, estabeleceu um
dos primeiros grupos de pesquisa no Brasil na rea deredes de sensores, Io e computao ubqua, reas de
sua atuao.
implica tempo de viagem e, consequentemente, na disponi-
bilidade de encontrar um posto aberto ou no), e os locais
e tempos estimados para recarregar a bateria. Note que a re-
soluo desse problema depende de dados coletados por sen-sores no veculo e na Internet das Coisas, bem como em um
processamento cooperativo nos dois ambientes. O sucesso da
viso de mobilidade no uturo depender do sucesso da inte-
grao de redes veiculares e da Internet das Coisas. Oportuni-
dades no altam! Escolha a sua!
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
19/5819 / 58
porTito Ocampos
INTERNET DAS
COISASNAS NUVENS
A COMPUTAO EM NUVEM UM DOS PRINCIPAIS MEIOS DE
SERVIO, INFRAESTRUTURA, PLATAFORMA DE SOFTWARE E
ANLISE DE DADOS DA INTERNET DAS COISAS.
ESPECIAL | Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
20/5820 / 58
OMPUAO EM NUVEM uma das tecnologias mais im-
portantes do mundo dos negcios atualmente. Com um mercado
global que deve alcanar 120 bilhes de dlares em 2018 (Forbes,
2015), Computao em Nuvem e Internet das Coisas caminhamjuntas para estabelecer um novo cenrio de tecnologia mundial.
A Internet das Coisas demanda Computao em Nuvem em
diversos nveis de servio, incluindo inraestrutura, plataorma,
sofware e anlise de dados. Em um mundo com bilhes de dis-
positivos gerando dados, sero necessrios servios escalveis,
robustos e de alta disponibilidade para armazenar, processar,
personalizar e entregar inormaes de alto valor agregado para
os clientes, a qualquer momento, em qualquer lugar.Inraestrutura como Servio (Inrastructure as a Service - IaaS)
dever ir muito alm da proviso de computao e de armaze-
namento em servidores. oda a inraestrutura de Internet das
Coisas pode ser virtualizada, criando acesso onipresente a todos
os dispositivos atravs de uma nica interace. Voc quer testar
um sofware que recupera dados de mil sensores de tempera-
tura e exibe a inormao resultante em um smartwatchde um
determinado abricante? Virtualize! Inraestruturas de cidadesinteligentes inteiras podero ser virtualizadas, criando um mer-
cado inimaginvel para plataormas, sofware e anlise de dados.
Em 2015, o mercado global de IaaS deve alcanar 16,5 bilhes de
dlares (Gartner, 2015).
No nvel de Plataorma como Servio (Platorm as a Service
- PaaS), interoperabilidade a chave. PaaS de propsitos espe-
cficos tornaro o acesso a inormaes de reas diversas, taiscomo sade, governo, indstria de manuatura, independentes
dos tipos de dispositivos, protocolos utilizados e seus abricantes,
criando uma camada de abstrao para a implantao de Inter-
net das Coisas em ambientes heterogneos. Imagine comprar
sensores diversos, implantar em sua brica e direcionar os dados
para um endereo em nuvem. Pronto! A partir da, seu sofware
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
21/5821 / 58
de apoio tomada de deciso j pode se beneficiar das inorma-
es e servios da sua PaaS. O mercado global de PaaS deve al-
canar 14 bilhes de dlares em 2017 (IDC, 2013).
Em uma poca de dispositivos clientes cada vez mais leves e ver-steis, Sofware como Servio (Sofware as a Service SaaS)se
torna um dierencial. Novas tecnologias que permitam o desen-
volvimento de SaaS de orma integrada a dispositivos portteis e
vestveis sero criadas, de orma cada vez mais transparente e efi-
ciente para os desenvolvedores. Segundo estimativas, Cloud Apps
sero responsveis por 90% do total de trego de dados mveis
em 2019 (Forbes, 2015).
Anlise de dados como servio (Analytics as a Service -AaaS) completa o pacote de servios indispensveis In-
ternet das Coisas que sero providos pela computao
em nuvem. Com a enorme quantidade de dados ar-
mazenados, analis-los uma atividade que demanda
muitos recursos, o que tem tudo a ver com computa-
o em nuvem. No exemplo da brica, at mesmo a gerao
dos grficos e relatrios estatsticos sobre os dados de produo
coletados pelos sensores seria provida pela nuvem. O mercadoestimado de AaaS para 2020 de mais de 23 milhes de dlares
(marketsandmarkets.com, 2015), mesmo considerando que um
modelo de negcio recente e ainda em maturao.
Mas a computao em nuvem para a Internet das Coisas tam-
bm traz muitos desafios. Como sempre, segurana e privacidade
esto entre os principais. Com os mais de 1,6 zettabytes de dados
traegados globalmente em 2015, cerca de 133 exabytes por ms,quanto de inormao pode ser gerada? Como garantir o acesso
autorizado aos dados, servios e inormaes? Qual o poder dos
provedores com tanta inormao passvel de ser processada e
cruzada? Pode-se argumentar que atualmente muita inormao
sensvel j armazenada em servidores ao redor do mundo. Po-
rm, a quantidade de dados e a possibilidade de descoberta de
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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conhecimento a partir destes dados atingir uma escala nunca
antes vista na Histria.
Alm de privacidade e segurana, inraestruturas de computao
em nuvem devero atingir cada vez mais um nvel de interaceamigvel ao usurio final. Mecanismos de sel-servicesero indis-
pensveis, assim como gerenciamento e balanceamento de car-
ga, bilhetagem e anlise de trego e utilizao. Usar sistemas de
computao em nuvem ser to simples quanto ler um e-mail ou
acessar redes sociais.
Uma soluo j adotada por muitas empresas a implantao de
nuvens privadas. Estima-se que o mercado de nuvens privadas
dever atingir 69 bilhes de dlares em 2018 (tbri.com, 2015).Solues baseadas em OpenStack so atualmente as mais utiliza-
das, como a Fusion Cloud, da Huawei.
Computao em nuvem atualmente j possui seu mercado esta-
belecido, mas ter na Internet das Coisas um grande aliado para
massificao e popularizao nos prximos anos. A Internet das
Coisas, por outro lado, depende de computao em nuvem para
se consolidar, ganhar escala e se tornar uma realidade nos di-
versos setores da economia, incluindo a indstria e a eletrnicade consumo. O casamento destas duas gigantes pode se tornar a
maior (r)evoluo tecnolgica da histria!
TITO OCAMPOS| bacharel em Inormtica pelo IM/UFRJ
e trabalha h 15 anos em projetos na rea de telecomunicaes.
Desde 2014 atua como gerente do Centro de Pesquisa e Desen-volvimento da Huawei do Brasil. Interconectado com os demais
centros de P&D da Huawei no mundo, os principais ocos de
pesquisa do centro de P&D no Brasil so projetos em eleco-
municaes, Internet das Coisas, Computao em Nuvem, Big
Data e Redes geis de Computadores.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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porFabio Porto, Artur Ziviani e Eduardo Ogasawara
BIG DATA:UM NOVO DESAFIO NOSSA PORTA
O PRINCIPAL DESAFIO NA REA DE INTERNET DAS COISAS A COLETA,
TRANSMISSO, PROCESSAMENTO E ANLISE DE DADOS, JUNTAMENTE
COM A EXTRAO DE INFORMAES RELEVANTES.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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H
grandes desafios na Internet das Coisas ligados s
expectativas relacionadas ao imenso volume de dis-
positivos envolvidos e de dados gerados por estes.
A coleta, a transmisso, o processamento e a an-lise de dados em larga escala, bem como a extrao de inorma-
o relevante nesse contexto, tambm se apresentam como um
grande desafio na rea de Internet das Coisas para os prximos
anos. Para dimensionar a magnitude destas expectativas, estudos
recentes do IDC estimam para 2020 um mercado global ligado
Internet das Coisas de 4 trilhes de dlares, envolvendo a exis-
tncia de mais de 25 bilhes de dispositivos e sistemas inteligen-
tes conectados gerando mais de 50 trilhes de GBs de dados, umvolume que deve ser processado de alguma orma aproximada-
mente 10 vezes mais do que atualmente presenciamos em 2015.
Para refletirmos sobre os desafios no processamento deste gran-
de volume de dados produzidos, precisamos caracterizar sua
natureza. Primeiramente, ontes de dados em Internet das Coisas
produzem dados em alta requncia e com baixo contedo in-
ormacional. Por exemplo, podemos citar o monitoramento de
pacientes, em um contexto de apoio sade, no qual um sistemabaseado em sensores captura, continuamente, inormaes sobre
o estado do paciente, tais como: requncia cardaca, temperatura
e presso, alm da identificao do paciente e a sua localizao.
Um agente de monitoramento recebe essas inormaes e rea-
ge com mensagens a outros objetos, quando o comportamen-
to observado apresenta cenrios ora do estado normal. Neste
exemplo, podem-se observar vrios elementos importantes docontexto de Internet das Coisas. Inicialmente, a identificao da
onte de inormao, juntamente com sua localizao espao-
-temporal, aparece de orma ubqua com as variveis monitora-
das. Em seguida, aes a serem tomadas a partir das inormaes
recebidas dependem de sua relevncia para o receptor. Requer-se
ento que se possa expressar, de modo declarativo, os cenrios de
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ESPECIAL| Internet das Coisas
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interesse para tomada de deciso. Aes derivadas da interpre-
tao de dados produzidos por sensores ocorrero no encontro
dos dados monitorados com os critrios de interesse expressos
pelos receptores. Deriva-se desta ltima a necessidade da seleoe armazenamento de dados na Internet das Coisas para avaliao
de seu interesse pelos mltiplos agentes de recepo e ao. Dado
o grande nmero de sensores produzindo continuamente inor-
maes, bem como o volume de dados por eles gerados, a detec-
o amostral dos dados aparece como undamental para que seja
vivel seu armazenamento e avaliao de registros de interesse. O
desafio apresenta-se em conceber uma arquitetura escalvel tanto
no tratamento de transaes de produo de dados quanto na-quele de interpretao e ao sobre esses dados, de orma inteira-
mente distribuda. Um exemplo nesta direo o sistema S-Store
[Meehan et al. 2015], desenvolvido sobre o HBase, que oerece
alta escalabilidade e processamento de grande volume de transa-
es em memria.
Esse desafio culmina na demanda pela descoberta de conheci-
mento a partir desses dados (KDD) [sai et al. 2014]. O proces-
so geral de KDD na Internet das Coisas engloba as atividadesde seleo, pr-processamento, minerao de dados e anlise de
dados. Pela perspectiva dos aplicativos, a maior parte das tecno-
logias em KDD oi projetada para execuo em um sistema cen-
tralizado. Em uno disso, essas no so diretamente capazes de
manipular os dados produzidos pela Internet das Coisas. De ato,
essas limitaes so tpicas de cenrios de Big Data. Uma das
principais aes para superar tais limitaes consiste em reduzira complexidade dos dados. al reduo ocorre tanto por meio de
reduo de dimensionalidade quanto pelo seu volume. Considere
o exemplo de monitoramento da sade previamente apresentado.
Imagine que um mdico deseja identificar se um paciente apre-
senta uma determinada doena. O conjunto de dados monitora-
dos pode ser muito amplo e h uma necessidade de preparao
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ESPECIAL| Internet das Coisas
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dos dados coletados. Para tanto, az-se uso de anlise de com-
ponentes principais (PCA), mtodos de seleo de atributos e
transormao de dados (discretizao, alisamento), amostragem
e agregao para reduo e sntese dos dados. Posteriormente,pode-se azer uso de dierentes mtodos de minerao (classifi-
cao, agrupamento, padres requentes) para corroborar as hi-
pteses levantadas pelo mdico. Em uno da complexidade dos
problemas tratados, os cenrios tpicos de Internet das Coisas
comumente demandam uma composio ordenada de dierentes
mtodos de minerao (classificao, agrupamento, padres re-
quentes).
Neste sentido, fica claro que estamos em ace de mais uma gran-de (r)evoluo na computao impulsionada pela Internet, e po-
tencializada pela integrao de dispositivos rede. A autonomia
na produo de dados retira a restrio da capacidade humana
como agente da produo de dados e gerao de conhecimento
para tomada de deciso. Nesse novo contexto, novos compo-
nentes computacionais sero necessrios, bem como revisitados
sero aqueles hoje tidos como estado da arte. Parece que o termo
Big Data ganha uma nova dimenso como uma nova Cincia deDados.
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Referncias Bibliogrficas
Atzori, L., Iera, A., Morabito, G., Te Internet o Tings: A Survey,
Computer Networks, vol. 54, pp. 2787-2805, 2010.
Chen, M., Mao, S., Liu, Y., Big Data: A Survey, Mobile Network Appli-
cations, vol. 19, pp. 171-209, 2014.
Meehan, J., atbul, N., Zdonick, S., et al., S-Store: Streaming Meetsransaction Processing, Proc. o Very Large Databases, vol. 8, no. 13,
Hawaii, USA, 2015
Porto, F., Ziviani, A., Cincia de Dados, III Seminrio de Grandes Desa-
fios da Computao no Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Setembro de 2014.
sai, C.-W., Lai, C.-F., Chiang, M.-C., Yang, L. ., Data Mining or Inter-
net o Tings: A Survey, IEEE Communications Surveys & utorials, vol.
16, no. 1, 2014.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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FABIO PORTO | tecnologista do Laboratrio Nacional
de Computao Cientfica (LNCC) do MCI, onde coordena
o Laboratrio DEXL, no desenvolvimento de pesquisa e
inovao na rea de gerncia e anlise de grandes volumesde dados. Obteve o doutorado em Inormtica em 2001,
pela PUC-Rio, com perodo sanduche no INRIA, Frana.
Realizou estgio ps-doutorado na EPFL, Sua, entre 2004
e 2006. associado da SBC e da ACM, e scio-undador da
start-up DBS2.
ARTUR ZIVIANI | tecnologista snior do Laboratrio
Nacional de Computao Cientfica (LNCC), onde um dos
coordenadores do grupo de P&D MARIN (Mecanismos e
ARquiteturas de eleINormtica). Possui mestrado em Eng.
Eltrica pela COPPE/UFRJ e doutorado em Computao
pela Universit Paris VI, Sorbonne Universits, Frana.
associado da SBC, membro afiliado da Academia Brasileirade Cincias (ABC) e membro Snior da ACM e do IEEE.
EDUARDO OGASAWARA | proessor do Centro
Federal de Educao ecnolgica Celso Suckow da Fonseca(CEFE/RJ), onde lidera o Grupo de Pesquisa em Cincia
de Dados. em doutorado em Engenharia de Sistemas e
Computao pela COPPE/UFRJ. membro da SBC, ACM,
INNS, IEEE e realiza pesquisas na rea de Banco de Dados.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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ANALYTICS:DADOS EATENO
O CONCEITO DE ANALYTICS NA INTERNET DAS COISAS
BASEIASE NA CONSTANTE GERAO DE DADOS.
por Nazareno Andrade
ESPECIAL| Internet das Coisas
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SEE DA NOIE, subo na balana, que mede meu
peso, massa muscular e se conecta na rede sem fio para
salvar as medies na nuvem. Enquanto como algoantes de sair, verifico o histrico de minhas medies
no smartphone ao mesmo tempo que ele toca msica no som
da sala. Configuro com o smartphone quais luzes da casa
devem ficar acesas na minha ausncia, checo mais uma vez
a lotao e nvel de poluio medidos por
sensores na praa em que vou correr, e saio
me certificando de que meu smartwatch tembateria para monitorar meu exerccio.
Este exemplo de Internet das Coisas no
cotidiano de algum interessado em sade
ressalta uma perspectiva undamental na
Internet das Coisas: as coisas nos geram dados;
novos dados, dados de mais ontes e muitas
vezes dados em fluxo contnuo. Smartphones atualmente
possuem entre cinco e dez sensores que geram dados emormato numrico, de coordenadas geogrficas, em udio,
vdeo e otografias. Dispositivos de smart homes e smart cities
cada vez mais esto disponveis e ornecendo dados em fluxo
contnuo.
Comumente, a presena desses dados cria a necessidade de
novos mecanismos para aproveit-los de maneira eficaz. Por
exemplo, alm de saber a leitura de meu peso atual, h valor
em entender qual a tendncia desse nmero no tempo, ou emrelao com outras variveis: estou emagrecendo? H uma
relao entre os dias que realizo mais exerccio segundo medido
pelo meu smartphone e as medies de peso da minha balana
COISAS CRIAM DADOS
A presena desses
dados cria anecessidade denovos mecanismospara aproveit-los demaneira eicaz.
ESPECIAL | Internet das Coisas
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inteligente? Para responder a estas perguntas, tipicamente
precisamos de um modelo e da comunicao dos resultados
deste modelo de maneira visual. Precisamos de analytics.
DADOS PEDEM MODELOSAnalytics, anlise de dados ou Cincia de Dados so os termos
atualmente utilizados para definir a interseo entre a Cincia
da Computao, Estatstica e Visualizao de Dados aplicados.
ipicamente, modelos de Estatstica e Minerao de Dados so
utilizados em sistemas computacionais para detectar padres e
realizar previses com base em dados vindos de ontes diversas,
como sensores, redes sociais e logs de sistemas online. ipica-
mente, comunicar um grande nmero de valores e variveis,assim como suas relaes e o resultado de modelos de maneira
tabular ou textual muito ineficiente. Nossos crebros so muito
mais eficientes na leitura de ormas em imagens do que no pro-
cessamento de texto e, portanto, a coneco de visualizaes
uma etapa essencial da anlise de dados.
Concretamente, os modelos mais comuns no contexto de
analytics podem ser divididos em cinco tipos. Modelos de regres-so buscam entender que atores tm impacto em uma varivel
de interesse, e possivelmente prever valores uturos para essa
varivel. Um modelo deste tipo pode, por exemplo, afirmar se o
novo tipo de treinamento que passei a azer no ltimo ms me
proporciona maior perda de peso que o anterior, considerados os
demais atores que tambm variaram entre os dois meses. Pode
tambm estimar que peso terei em duas semanas caso mantenha
o treinamento e demais atores relevantes constantes.Modelos de classificaouncionam de maneira semelhante,
porm lidam com entender ou prever uma varivel que descreve
a que categoria um item pertence. Aplicaes recentes de moni-
ESPECIAL | Internet das Coisas
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Ao pedir ao smartphoneindicaes de locaispara visitar, ele poder
usar um modelo derecomendao paracombinar informaes deminha localizao atual.
toramento de atividade sica usam modelos de classificao para
identificar via acelermetro se o usurio est andando, correndo
ou dentro de um veculo. Aqui, o modo de transporte a varivel
de interesse.Um modelo de recomendao busca prever quais itens devem
ser oerecidos a um usurio em um dado momento. Por exem-
plo, ao pedir ao smartphone indicaes de locais para visitar, ele
poder usar um modelo de recomendao para
combinar inormaes de minha localizao
atual, meu histrico de movimentao, pree-
rncias e dados climatolgicos para recomendar
que h um parque prximo que eu provavel-mente no conheo.
Um agrupamento um modelo que iden-
tifica padres de semelhana e dierena entre
itens de interesse, criando grupos coesos e dis-
tintos entre si. Por exemplo, considerando o
histrico de consumo de energia obtido atravs de smart meters,
possvel identificar quais os principais cinco grupos de consu-
midores segundo seu padro de consumo.Por fim, um modelo de visualizaotransorma inormaes
numricas, de ligaes e espaciais em ormas e smbolos que per-
mitem que seres humanos compreendam padres na inormao
original de maneira rpida e eficiente. Uma visualizao de uma
linha de tendncia de meu peso, da distribuio geogrfica dos
locais recomendados para que eu visite ou uma representao
visual da srie temporal de meu consumo de energia so unda-mentais ao entendimento dos exemplos dados at agora.
ESPECIAL | Internet das Coisas
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NAZARENO ANDRADE| proessor do Departamento de
Sistemas e Computao da UFCG, onde coordena projetos noLaboratrio Analytics e no Laboratrio de Sistemas Distribu-
dos. Atua principalmente nas reas de Computao Social, Vi-
sualizao e Minerao de Dados, e Computao e Msica.
ecnlogo em elemtica pelo IFPB e Doutor em Engenharia
Eltrica pela UFCG. Foi visiting scholarda University o Britsh
Columbia e da Delf University o echnology.
QUESTES PRTICASNo Laboratrio Analytics da UFCG, temos trabalhado em v-
rias aplicaes na interseo entre Internet das Coisas e a anlise
de dados. Entre as aplicaes, h o uso de smartphones e cme-ras para contribuir no monitoramento do transporte pblico, e
plataormas de sensores que nos permitam acessar dados sobre
espaos pblicos tanto para planejamento quanto para o desen-
volvimento de aplicaes utilizando, por exemplo, a API da Praa
da Bandeira.
Julgamos a partir dessa experincia que h duas questes pr-
ticas relacionadas ormao de nossos profissionais na Compu-
tao que merecem discusso. A primeira no tocante orma-o em Analytics que permita ao profissional compreender desde
aspectos computacionais e de rede, passando pela criao de mo-
delos matemticos e estatsticos com os dados, at a criao de
visualizaes de dados combinando habilidades computacionais
e de design. Essa ormao eminentemente multidisciplinar e
sua relevncia merece ateno de nossos cursos de Computao.
Em segundo lugar, a necessidade de lidar com a privacidade dosdados coletados e processados aponta a necessidade de discus-
ses slidas sobre esse tpico em nossas graduaes. Atentemos
para esses dois pontos, e as oportunidades na unio de Internet
das Coisas e Analytics sero muitas e ruteras.
ESPECIAL | Internet das Coisas
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COISINHAS
DA INTERNET DAS COISAS
O AVANO DA TECNOLOGIA NOS OBRIGA A REFLETIR SOBRE A
SEGURANA DOS DISPOSITIVOS QUE ESTAMOS
CONECTANDO INTERNET.
porPaulo Licio de Geus, Andr Grgio e Bruno Melo
ESPECIAL| Internet das Coisas
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AS COISAS ESO CHEGANDO NA INERNE. E agora?Pode-se imaginar que a Internet das Coisas esteja abrindo caminhopara um cenrio como os do filme Minority Report ou mesmoda Skynet no filme Exterminador do Futuro, em que as mquinasdesafiam o controle do planeta, humanos includos. Enquanto taisantasias no se materializam, o controle parece estar em nossasmos. Ser?A disseminao de dispositivos que podem ser remotamente
controlados ou prover inormaes via Internet dispara nova corrida
para a parcela de vidos por novidades tecnolgicas. Luzes podem
ser acesas usando o celular; banheira com gua j quente aguardan-
do o dono cansado chegar para seu relaxamento; o cheiro do cacom po resco preparado autonomamente ajudando no despertar.
Passo a passo, nossas casas vo ficando espertas quase que sem se
perceber.
O modismo tambm ubquo, contaminando todos a terem
suas coisas na Internet das Coisas: ateno a bebs e animais de esti-
mao, alarmes de incndio no alarmantes, msica e iluminao
ambiente sintonizada com o estado de esprito do ouvinte em sua
casa. Para qualquer coisa, h um dispositivo que a coloquena Internet, tornando-a acessvel para controle do smar-
tphone ou do assistente digital domstico. A vida, que j era
superexposta na Internet tradicional por meio das redes
sociais, est agregando a Internet em cada um de seus as-
pectos. Smart home, smart cities, smart world.
Os problemas comeam quando a inraestrutura que
torna possvel o uncionamento da Internet das Coisas co-mea a raquejar. Recentemente, problemas na nuvem da
Amazon fizeram com que os controladores domsticos
Alexa/Echo no mais interpretassem os comandos de voz
ordenados por seus usurios. Luzes no oram acesas (nem
apagadas), msicas no oram tocadas, o ca no ficou
ESPECIAL| Internet das Coisas
A vida, que j erasuperexposta naInternet tradicionalpor meio dasredes sociais, estagregando a Internet
em cada um de seusaspectos. Smarthome, smart cities,smart world.
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pronto, itens no oram adicionados s listas de compras... enfim,
um caos para os adotantes precoces de tecnologias, especialmente
para os que j criaram dependncia desses novos brinquedinhos!
Quando a casa esperta ficar de mal conosco ou os raios csmicosestiverem agressivos s junes semicondutoras, se no houver re-
dundncia no mundo tradicional a Internet das Coisas comear a
nos controlar.
Entretanto, quando a euoria dos gadgets passar, os benecios
da Internet das Coisas para o mundo moderno ficaro mais claros.
Aplicaes com maior retorno socioeconmico j so vislumbra-
das, como deteco de perdas e vazamentos na distribuio de gua,
monitoramento de agentes ambientais prejudiciais vida, sistemasadaptativos para alta eficincia no uso de energia nos servios pbli-
cos, trego sem congestionamentos graas ao crowd sourcing dos
veculos etc. Alguns sensores e atuadores para tais aplicaes j esto
disponveis, mas ainda com pouca disseminao.
Antes da maturidade da tecnologia, temos que refletir sobre a
segurana dos dispositivos que estamos conectando Internet. ais
dispositivos podem armazenar e transmitir inormaes altamente
sensveis sobre seus usurios, como hbitos de chegada e sada emcasa, locais por onde a pessoa correu, passeou com sua criana ou
animal de estimao e, mesmo hoje, geladeiras j avisam da alta
de algum alimento, em breve tambm azendo automaticamente o
pedido de reposio ao e-supermercado. Essas inormaes nos ex-
pem completamente, podendo nos colocar merc de um grande
irmo invisvel.
Isto, aliado ao uso de equipamentos de prateleira na montagemdos dispositivos vendidos como Internet das Coisas, tem o potencial
de permitir a completa violao de qualquer privacidade, uma vez
que vulnerabilidades nos equipamentos usados abre uma gama va-
riada de pontos de ataque. Segurana nunca oi um produto embala-
do, mas um processo contnuo, j dizia Bruce Schneier nos anos 90.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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Esse processo comea no projeto de hardware e sofware e deve se
estender da especificao dos requisitos implementao e testes de
produto, permeando cada ase do ciclo de vida de desenvolvimento.
Como processo, deve envolver tambm a educao dos desenvol-
vedores e abricantes, que na nsia de entregar produtos ao merca-
do esto cometendo os mesmos pecados de segurana do passado,
quando computadores pessoais e servidores tornaram a Internet
uma grande oportunidade de negcios. Pior, a alta de conscincia
de segurana por parte de desenvolvedores e usurios pode levar a
uma retomada de ataques como o revirar do lixo (dumpster diving):
um atacante vasculhando lixo eletrnico da Internet das Coisas pode
encontrar uma echadura esperta descartada contendo a localizaoda casa onde ela atuava, bem como os horrios de circulao de seus
moradores. A imaginao o limite.
Alm da conscientizao, como adicionar mais segurana Inter-
net das Coisas? Primeiramente, preciso eleger e melhor conhecer
as possibilidades de ataques, permitindo o monitoramento e de-
teco dos mesmos. Estudos vm sendo desenvolvidos no mbito
de comunicao segura no nvel de redes entre as representaes
digitais das coisas, principalmente na proteo contra ataques deNegao de Servio. Alm disso, tambm az-se necessria
uma abordagem de segurana nos nveis mais prximos s
aplicaes e suas semnticas especficas, como, por exem-
plo garantir que uma coisa s acessada por outra coisa ou
pessoa que possuir autorizao para tanto, assim como con-
trolada apenas pelos seus legtimos responsveis. Uma coi-
sa conectada Internet deve ser capaz de detectar ataques
contra si prpria e mesmo de isolar-se de outras coisas, de
orma a preservar a integridade do ecossistema em que est
inserida e evitar danos maiores. Como consequncia, pode-
ro ser propostas solues eficazes e especialmente talhadas
para proteo da Internet das Coisas e de seus usurios.
Uma coisaconectada Internet deve sercapaz de detectarataques contra si
prpria e mesmode isolar-se deoutras coisas.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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ESPECIAL| Internet das Coisas
A Internet das Coisas ainda no autossuficiente para controlar
a humanidade, mas se os desenvolvedores e usurios no prestarem
ateno em coisinhas de segurana muitas vezes negligenciadas,
acabaremos chegando l.
PAULO LCIO DE GEUS | Possui graduao e mestrado em
Engenharia Eltrica pela Universidade Estadual de Campinas
(1979/1985) e doutorado em Computer Science - University o
Manchester (1990). proessor associado da Universidade Esta-
dual de Campinas. em experincia em Cincia da Computao,
com nase em eleinormtica, atuando em segurana compu-
tacional, poltica de segurana, segurana em cloud, anlise com-
portamental de malware.
ANDR GRGIO | pesquisador na Diviso de Segurana de
Sistemas de Inormao do Centro de ecnologia da Inormao
Renato Archer e Colaborador no Instituto de Computao da
Universidade Estadual de Campinas. doutor em EngenhariaEltrica (rea: Computao) pela Unicamp, com perodo sandu-
che na University o Caliornia, Santa Barbara. Atua em P&D
na rea de Segurana Computacional, principalmente em deesa
contra cdigos maliciosos.
BRUNO MELO | mestrando em Segurana Computacional
pelo Instituto de Computao da Universidade Estadual de Cam-
pinas (UNICAMP). Possui graduao em Cincia da Compu-
tao pela Universidade Federal de So Carlos (UFSCar), com
perodo sanduche na Hostra University, em Nova York, EUA.
Pesquisa aspectos de segurana ligados Internet das Coisas,
com oco na camada de aplicao.
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7/24/2019 Revista Computao
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WEARABLESE INTERNET DAS COISAS
porRicardo Lus Ohta, Mrcia Ito, Ademir Ferreira da Silva,Alcio Pedro Delazari Binotto e Fbio Latuf Gandour
O CONCEITO DE WEARABLE COMPUTINGPERMITE
NOVAS FORMAS DE INTERAO ENTRE HUMANOS E
COMPUTADORES, ATRAVS DE UM PEQUENO COMPUTADOR
PROGRAMVEL.
ESPECIAL| Internet das Coisas
PASSADO, PRESENTE E FUTURO:
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7/24/2019 Revista Computao
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O
conceito de computao vestvel, do ingls wearable
computing, to abrangente que dependendo da
definio pode-se incluir at mesmo objetos muito
antigos. Por exemplo, se a definio algo a ser uti-lizado junto ao corpo e possui capacidades de processar inorma-
es, o primeiro wearableseria o anel de baco chins da dinastia
Qing do sculo XVII.
Porm, a definio mais apropriada para a computao vestvel
oi a criada por Steve Mann na dcada de 1970, assumindo que
a Computao vestvel permite novas ormas de interao entre
humanos e computadores, atravs de um pequeno computador
programvel usado junto ao corpo do usurio, que est sempreligado, disponvel e acessvel.
O desenvolvimento da microeletrnica disponibilizou duas un-
cionalidades essenciais para
a criao destes dispositivos
vestveis: grandes capacida-
des computacionais em volu-
mes pequenos providos por
SoCs, System-on-Chip, aliadoa baixo consumo de energia,
da ordem de mW/W. Outro
aspecto importante oi o au-
mento de uncionalidades com
a diminuio de custos, permi-
tindo que estes dispositivos se
tornassem acessveis para boaparte da populao.
O IDC[1] estima que este ano sero vendidos entre 45,7 a 72,1
milhes de wearables, atingindo a marca entre 126,1 a 155,7 mi-
lhes de unidades em 2019, o que demonstra o quo presentes
esto em nosso cotidiano. Assim como outros dispositivos de In-
ternet das Coisas, verifica-se tendncia de crescimento explosivo
ESPECIAL| Internet das Coisas
Vemos que o conceitode computaovestvel se expandiu
e incorporou-seao conceito deInternet das Coisasprincipalmentepela ubiquidadede conexo com aInternet.
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nos prximos anos.
Vemos que o conceito de computao vestvel se expandiu e in-
corporou-se ao conceito de Internet das Coisas principalmente
pela ubiquidade de conexo com a Internet, cada vez mais pre-sente graas s redes sem fio. Somam-se a isso as diversas un-
cionalidades que a conexo on-line prov, como acesso enor-
me variedade de contedo (redes sociais, notcias, previso do
tempo, atualizaes automticas, entre outros). Neste cenrio,
prevemos que existiro ao menos trs estgios para computao
vestvel:
Wearables 1.0:Estgio atual, no qual vestimos dis-
positivos grandes o suficiente para serem vistos comodispositivos externos, com cerca de 3 cm em sua maior
dimenso. Os exemplos tpicos so os relgios inteligentes, cu-
los de realidade virtual e medidores para atividades sicas e
cuidados da sade, como sensores de batimento cardaco, me-
didores de presso sangunea, oxigenao etc. Esses dispositivos
utilizam as tradicionais baterias como ontes de energia.
Wearables 2.0:Prximo estgio, na qual os dispositivos
diminuiro consideravelmente de tamanho, para ordem
de unidades de mm. Sero acessrios populares nas ves-
timentas, utilizando ontes alternativas de energia, com o con-
ceito de energy harvesting. Exemplos disso so fibras geradoras
de eletricidade esttica[2], termoeltrica e vibrao[3].
Wearables 3.0:Integrao imperceptvel e ubqua entredispositivo e usurio. No ser to bvio saber se o usu-
rio est ou no utilizando algum dispositivo, uma vez
que estar integrado ao seu corpo. Utilizaro tcnicas similares
a equipamentos mdicos j existentes, porm com uncionali-
dades adicionais. Um caso tpico sero lentes de contatos inteli-
gentes, que permitiro medir em tempo real a glicose e a pres-
so intraocular[4].
1.
2.
3.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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Devido prpria natureza de utilizao, as tecnologias wearables
atualmente possuem o objetivo de obter dados relevantes ao
usurio, cuja aplicao imediata na rea de sade. Bem-estar,
fitness, nutrio e at mesmo algumas aplicaes na medicinapossuem algum tipo de dispositivo comercial beneficiando os
seus usurios. A anlise dos dados destes sensores agrega valor
aos servios de sade, pois podem prevenir doenas ou monito-
r-las de orma mais eetiva.
Ainda existem desafios a serem superados para os wearables
no se tornarem apenas uma tecnologia de nicho. Por exemplo,
enquanto estiverem na condio de objetos visveis, precisam
atender aos mesmos requi-sitos de design de adornos
tradicionais (anis, pulseiras,
culos, relgios), ou seja,
devem expressar de alguma
orma a personalidade do
indivduo. Afinal, no estaro
no bolso da cala ou dentro
de uma bolsa, como um ce-lular. ambm, boa parte dos
componentes eletrnicos ain-
da so direcionados a celula-
res, no sendo necessariamente os mais adequados para os weara-
bles. Existe a questo de mudana de hbitos: por que o usurio
carregaria diariamente a bateria do relgio, se normalmente se
preocupa com isto uma vez a cada dois anos ou mais? Requisi-tos tcnicos que necessitam de mudanas de comportamento
para operao do dispositivo podem aetar negativamente o en-
gajamento do uso destas tecnologias por um longo tempo, sem
contar que alguns tipos de dispositivos tm o smartphone como
o principal concorrente em muitas uncionalidades, ou ainda
podem no ser socialmente bem aceitos, tocando nas questes
de privacidade, como aqueles que possuem cmeras e/ou mi-
croones. Na literatura cientfica, resumidamente, so apontadoscomo desafios:
As tecnologiaswearables atualmentepossuem o objetivode obter dadosrelevantes ao usurio,cuja aplicao
imediata na rea desade.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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Os aspectos de hardware, como durao da bate-
ria, peso, conectividade;
O engajamento e reteno de usurios pela utili-
dade provida e no apenas pela inovao tecnol-
gica em si;
A interoperabilidade, segurana e padres para
promov-la;
Sofwares para contextualizao e insights dosdados gerados;
A eetividade e preciso dos dados, relevante em
aplicaes da sade;
O custo quando direcionado a aplicaes popula-
cionais;
Questes de privacidade e ticas, por exemplo, em
aplicaes de realidade aumentada.
I.
II.
III.
IV.V.VI.VII.
Porm, solucionados alguns desses desafios, ao que tudo indica,
no uturo, teremos uma integrao ntima entre wearablese os
nossos corpos. Estes sero a nossa nova interace com o mundo,acilitando o acesso a inormaes internas (Eu estou bem?) e/
ou externas (Quem esta pessoa mesmo?). Muito provavel-
mente existir uma conexo prxima entre os wearables e im-
plantes como a interace crebro-mquina, o que aumentaria ain-
da mais o potencial deste tipo de tecnologia. Mas isto j assunto
para outro artigo.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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RICARDO LUIS OHTA | pesquisador do grupo de Cinciae ecnologia Industrial (Industrial echnology and Science) da
IBM Research - Brasil desde outubro de 2012. Possui graduao e
mestrado em Engenharia Eltrica pela Escola Politcnica da USP e
Mstre Spcialis em Gerenciamento de Manuatura e Microele-
trnica pela cole Nationale Suprieure des Mines de Saint-Etienne
CMP Georges Charpak.
MRCIA ITO | mdica (EPM - UNIFESP), tecnloga em pro-
cessamento de dados (FAEC-SP), doutora e mestre em engenharia
eltrica (EPUSP). pesquisadora da IBM Research Brazil, proes-
sora de ensino superior III da FAEC-SP e Proessora Visitante
do Departamento de Inormtica em Sade da EPM/UNIFESP.
Coordenadora da Comisso Especial de Computao Aplicada a
Sade da SBC. em experincia na rea de Cincia da Computaoe Inormtica Mdica.
ADEMIR FERREIRA DA SILVA|rabalha com a pesquisa de
tecnologias de wearables e Io na IBM Research Brazil. Possui gra-
duao em Engenharia Eltrica pela PUC-SP e em ecnologia em
Mecatrnica pela Faculdade SENAI. em 14 anos de experincia
atuando com automao para indstria eletrnica e bancria, alm
de trs anos em pesquisa aplicada para os segmentos de acessibili-
dade, health caree cidades inteligentes.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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ALCIO PEDRO DELAZARI BINOTTO| pesquisador da
IBM Research Brasil desde 2013. Possui Bacharelado (2000), Mes-
trado (2003) e Doutorado em Cincia da Computao (2011) pela
UFRGS em colaborao com a echnische Universitat Darmstadt,
Alemanha. Coundou duas startups nesta rea de telehealth(i9ac-
cess e UnitCare) e tambm realiza palestras para alunos da IEEE
sobre como projetos de pesquisa podem alcanar impacto na socie-dade e transormar o mundo.
FBIO LATUF GANDOUR| cientista Chee no laboratrio
da IBM Research Division do Brasil (RD), membro da Academia
de Cincias de New York e da Academia IBM de ecnologia. Na
IBM Brasil desde 1990, atuou nas reas de Engenharia de SW, Es-tratgia de Marketing, Desenvolvimento de Mercado e Desenho de
Solues. Em 2008 liderou o projeto para a construo do Brazilian
Research Lab, anunciado em 2010, consolidando a presena oficial
da IBM RD no pas.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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PorDanilo F. S. Santos e Aldenor F. Martins
CUIDANDO DANOSSA SADE
COLETAR INFORMAES SOBRE A SUA SADE
ATRAVS DE DISPOSITIVOS SENSORES CONECTADOS
EM CASA J UMA REALIDADE.
ESPECIAL| Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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N
O DOMNIO DA SADE, o nmero de aplica-
es e servios que podem ser criados com a In-
ternet das Coisas amplo. Podem-se ter servios
aplicados diretamente ao paciente, como, porexemplo, o uso de sensores corporais para monitoramento cont-
nuo; ou indiretamente, atravs da criao de ambientes assistidos
de convivncia (do ingls AAL -Assisted Ambient Living), onde
sensores e atuadores atuam ao redor do usurio, objetivando a
melhor qualidade de vida e a sade do mesmo. Por exemplo, sen-
sores podem avaliar a temperatura do ambiente para verificar se
esta compatvel com o estado atual de um paciente.
A possibilidade de se coletarem inormaes de sade atra-vs de dispositivos senso-
res conectados em casa j
uma realidade, longe do
tempo em que se ia arm-
cia medir a presso. Essas
inormaes so coletadas e
compartilhadas com a Inter-
net, permitindo um armaze-namento e anlise posterior.
Entretanto, isso realmente
acontece?
Uma pesquisa do Fundo
RockHealthmostra que metade dos dispositivos do FitBit j no
se encontram ativos. O FitBit abrica um dos mais amosos mo-
nitores de atividade na indstria, e j vendeu mais de 20 milhesde unidades. Outra pesquisa, da Endeavour Partners,estima
que 1/3 destes dispositivos so abandonados aps 6 meses de
uso. O que essas pesquisas mostram que esses dispositivos so
capazes de coletar dados de atividade sica, batimentos carda-
cos, gastos calricos e, bem, nada a mais do que isto. Ou seja, em
um curto espao de tempo, eles j no azem mais parte da vida
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ESPECIAL | Internet das Coisas
A possibilidade de secoletarem informaesde sade atravs dedispositivos sensoresconectados em casa j
uma realidade, longedo tempo em que seia farmcia medir apresso.
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do usurio. Isso ocorre em parte por essas inormaes serem co-
letadas e utilizadas apenas em um jardim echado (walled gar-
den)do abricante. Portanto, no basta apenas coletar os dados e
controlar esses dispositivos remotamente. Do ponto de vista dopaciente, necessrio compartilhar esses dados de maneira inte-
ligente, onde diversos servios e aplicaes remotas possam atuar
em beneficio de sua sade. Iniciativas como o HealthKit da Apple
ou Google Fit j viabilizam parte desse cenrio, mas ainda existe
um longo caminho pela rente.
Para que essas inormaes tenham relevncia e possam ser
utilizadas em prol da sade do paciente preciso estabelecer trs
premissas:
Facilitar a orma pela qual a inormao coletada;
ornar a inormao passvel de ser utilizada onde possa ser
relevante para o paciente.
Melhorar a qualidade da inormao que coletada e gerada.
Essas trs premissas mostram a necessidade de compartilhar
todas essas inormaes coletadas de maneira compreensvelpara os diversos servios, aplicaes e atores envolvidos. Por-
tanto, a interoperabilidade entre dispositivos e sistemas se torna
uma pea-chave para viabilizar o domnio de sade para a Inter-
net das Coisas.
Para viabilizar a interoperabilidade entre dispositivos de sa-
de, dispositivos de eletrnica de consumo e a integrao com a
Internet, alguns padres para a padronizao de dados de sadeso utilizados, como o HL7 e o IEEE 11073. O IEEE 11073 tem
um papel de destaque, pois o padro utilizado em comum para
a representao de dados de dispositivos de sade por diversas
entidades e runs da indstria, como o UPnP Forum, a Conti-
nua Health Alliance(CHA) e o IHE (Integrating the Healthcare
Enterprise).Essas duas ltimas entidades j trabalham h vrios
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ESPECIAL | Internet das Coisas
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anos com o objetivo de integrar servios e dispositivos de sade
de maneira padronizada, sejam dispositivos pessoais atravs da
CHA ou dispositivos clnicos atravs do IHE. odos esses grupos
e entidades tm o apoio de grandes empresas e indstrias inter-nacionais.
Em paralelo com essas iniciativas da indstria, vrios projetos
livres tambm oram desenvolvidos no contexto de Internet das
Coisas para a Sade. Projetos como o OneM2M Health traba-
lham com a integrao de dispositivos de sade e inraestruturas
de Internet das Coisas j existentes. J o projeto Antidote IEEE
11073 oerece uma implementao de reerncia do IEEE 11073
que pode ser utilizado por diversos dispositivos de sade. Outroprojeto interessante o OpenICE, o qual oerece um sistema de
reerncia para a integrao de ambientes clnicos conectados
com a Internet.
Em termos de tecnologias de transmisso, dois padres se
apresentam como viabilizadores para a Internet das Coisas para
Sade. O padro IEEE 802.15.6 a base para redes corporais sem
fio de baixo consumo, o que
viabiliza a criao de disposi-tivos sensores que podem mo-
nitorar pessoas em tempo real
de maneira no intrusiva. Ou-
tro padro, o IEEE 802.15.4j,
apresenta um adendo para que
redes pessoais de baixo consu-
mo tambm possam ser uti-lizadas por sensores mdicos
corporais. Essas duas novas
tecnologias prometem viabili-
zar um cenrio onde todos ns
seremos monitorados continuamente por profissionais de sade
em qualquer lugar e a qualquer momento.
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O principal objetivodesta revoluo simpliicar a formacomo a informao disponibilizadae aumentar avelocidade com a
qual ela pode serutilizada em prol dasade do paciente.
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Com isso, o principal objetivo desta revoluo simplificar
a orma como a inormao disponibilizada e aumentar a ve-
locidade com a qual ela pode ser utilizada em prol da sade do
paciente. Isto simplifica processos e custos, na medida em queetapas tornam-se desnecessrias. Como? Os avanos em Inter-
net das Coisas permitem que a indstria de sade diminua erros
associados a processos manuais, possibilitando a criao de siste-
mas automatizados, previamente configurados e planejados para
acilitar processos remotos que necessitem da interveno huma-
na. Em outro extremo, e em um uturo prximo, os chamados
Sistemas Fsico-Cibernticos atuaro para automatizar as tare-
as que possam oerecer maiores riscos ao paciente, viabilizandoos processos chamados de Human-in-the-Loop. Nesses proces-
sos, as aes do sistema so aplicadas diretamente no paciente, e
com a Internet das Coisas, a inteligncia do processo pode estar
implantada em uma inraestrutura remota na Internet.
DANILO F. S. SANTOS| Atua na rea de sistemas pervasivos
aplicados rea da sade desde 2010, sendo responsvel pelarea de tecnologia da Signove ecnologia S/A, atuando na defini-
o de novos produtos e sistemas relacionados ao monitoramen-
to remoto de pacientes. membro contribuidor em diversas en-
tidades, como Continua Health Alliance, UPnP Forum e ABN/
CEE-78. Possui mestrado em Engenharia da Computao e
doutorando em Cincia da Computao pela UFCG.
ALDENOR F. MARTINS| Possui mestrado e doutorado emEngenharia Eltrica pela UFCG. Atuou por mais de 15 anos em
projetos de cooperao com centros de pesquisa internacionais,
desenvolvendo novos conceitos e solues para sistemas mveis
e de telecom. Atualmente o CEO da Signove ecnologia S/A,
empresa que atua no desenvolvimento de novas tecnologias e
produtos na rea de sistemas pervasivos aplicados sade e bem-
-estar.
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REVOLUCIONANDOA INDSTRIAporMarcelo Abreu
A INDSTRIA DA INTERNET DAS COISAS VEM
REVOLUCIONANDO A INDSTRIA EM GERAL, COM
A EXPECTATIVA DE CHEGAR A 2020 COM UMMERCADO AVALIADO EM 320 BILHES DE DLARES.
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SEOR INDUSRIAL apontado como um dos principais
beneficiados pela Internet das Coisas. A chamada Industrial Inter-
net o Tings(IIo), definida como a aplicao de tecnologias de
Internet das Coisas em manuatura e seus processos, demanda aintegrao de grande parte dos conceitos e tecnologias que so ine-
rentes Internet das Coisas. Dentre eles, incluem-se sensoriamento
e atuao, computao em nuvem, grandes massas de dados e a ne-
cessidade de analis-los de orma automtica e sistemtica, alm de
novos mecanismos de segurana, privacidade e interace homem-
-mquina.
O mercado de IIo deve alcanar 320 bilhes de dlares at
2020, de acordo com relatrio da marketsandmarkets.com, comgrande impacto na rea de manuatura e, consequentemente, em
toda a sua cadeia produtiva. Enquanto a adoo de Internet das
Coisas por usurios finais pode ser influenciada inicialmente por
apelos menos urgentes, tais como moda, tendncia ou status, a ado-
o de IIo por indstrias uma questo de sobrevivncia no mer-
cado, pois influencia na qualidade de servio, reduo de custos,
produtividade etc. Isto torna o mercado de IIo praticamente in-
dependente da evoluo de Internet das Coisas para consumidoresfinais, denominada H-Io (Human-Io).
As aplicaes em manuatura so inmeras. Um exemplo j
implantado em indstrias o suporte a instrues de manuatura,
utilizando sensores de rdiorequncia e dispositivos portteis para
garantir que atividades de calibrao, utilizao e manuteno se-
jam eetuadas de orma correta. Sensores/atuadores so colocados
em dispositivos diversos e, na medida em que atividades so reali-zadas, o estado da atividade como um todo alterado, azendo com
que outros sensores/atuadores indiquem os prximos passos. Com
isso, tem-se uma melhoria no processo de execuo das tareas e,
consequentemente, da operao da brica como um todo.
Outras aplicaes incluem o rastreamento de componentes e
produtos dentro da brica, viabilizando um mapeamento completo
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de qual componente estar na casa de cada cliente ao adquirir um
eletroeletrnico como, por exemplo, uma SmartV. Este inven-
trio dinmico vai permitir uma identificao em tempo real de
quais componentes geram mais problemas dentro de cada disposi-tivo, o que pode influenciar tambm na cadeia de ornecedores e na
logstica de distribuio das indstrias.
As aplicaes de IIo geram um impacto transversal na cadeia
produtiva, independentemente do tipo da indstria ou setor da
brica. A otimizao de processos internos com inormao com-
pleta sobre tempo de execuo, erros recorrentes e qualidade de
servio deve culminar em um dos grandes objetivos de IIo: exce-
lncia operacional. Contudo, vrios desafios surgem na implanta-o de sistemas de Internet das Coisas na indstria. Em primeiro
lugar, grande parte das solues de Internet das Coisas so baseadas
em interoperabilidade entre dispositivos, o que demanda uma pa-
dronizao que j vem sendo trabalhada por diversas organizaes
como Bluetooth SIG, UPnP etc. Porm, dentro de um ambiente de
brica, padres especficos para IIo podero ser necessrios, uma
vez que o ambiente inspito para conectividade, incluindo equi-
pamentos pesados, paredes reoradas, dentre outras caractersticasque tornam complicada a implantao de tecnologias utilizadas ao
ar livre por consumidores finais e seus smartphones.
Outro ponto importante a disponibilidade e a garantia de qua-
lidade de servio. A alta da conectividade momentnea, seja entre
dispositivos ou com a Internet, pode gerar eeitos colaterais em
todo processo produtivo, com atrasos e perdas em potencial. Um
dos pilares de Internet das Coisas, que a conexo com a inraes-trutura de computao em nuvem, passa a no ser algo to dispo-
nvel, uma vez que nas bricas, na grande maioria das vezes, no se
tem acesso a qualquer tipo de rede de conexo sem fio com a Inter-
net, seja por questes de segurana de inormao ou por questes
de intererncia do sinal sobre o equipamento.
Segurana tambm outro ator primordial e deve ser elevado a
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outro nvel de preocupao dentro de solues para IIo. Equipa-
mentos de manuatura so utilizados h dcadas e possuem selos de
qualidade e segurana compatveis com o alto custo de aquisio de
cada um deles. Colocar sensores em tais equipamentos, assim comoutilizartabletse smartphonesque oram abricados para o usurio
final, dentro de tais ambientes pode gerar implicaes sobre a segu-
rana do ambiente. O que acontece se um tablet cair no cho e gerar
ascas? E se um sensor/atuador, ao enviar um sinal para o tablet,
intererir na calibrao de um equipamento? Essas so questes
crticas da implantao de IIo que precisam ser levadas em conta,
demandando dispositivos de propsito especfico, tais como PDAs
intrinsicamente seguros e dispositivos vestveis que reduzam a pos-sibilidade de queda e no impactem a movimentao dos operrios.
A IIo j uma realidade, com um mercado promissor que traz
muitos desafios mas tambm grandes benecios. Enquanto bri-
cas inteiras no orem concebidas e construdas para IIo, o nosso
maior desafio inserir aos poucos as tecnologias em bricas exis-
tentes, buscando mitigar os riscos e obter os ganhos notrios que
viabilizaro investimentos em Full-IIo Factories.
MARCELO ABREU| gerente executivo do Venturus e lidera
150 profissionais jovens e inovadores. Sempre antenado com os
principais lanamentos, inovaes e tecnologias, principalmenteMobile, Io e Wearables, o executivo responsvel por projetos
de grandes empresas e indstrias nacionais e internacionais de
telecomunicao e mobilidade. No Venturus desde 2005, atual-
mente Key Account Managere tambm gerente de inovao do
Instituto.
ESPECIAL | Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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porCristiano Andr da Costa
VIABILIZANDO
UM MUNDOACESSVEL
HOJE, MAIS FCIL ADAPTAR A TECNOLOGIA S
PESSOAS DO QUE AS PESSOAS TECNOLOGIA.
ESPECIAL | Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
55/5855 / 58
INERNE DAS COISAS comea a mudar o cotidiano. No s
em reas como esporte, sade e de servios baseados em locali-
zao, mas tambm em reas talvez menos visveis ou destacadas
pela mdia. Neste artigo ressalto o impacto que a Internet das Coi-
sas potencialmente pode ter no dia a dia das pessoas com deficin-
cia. A aplicao das tecnologias nessa rea tem recebido pela comuni-
dade cientfica a denominao de acessibilidade ubqua ou do ingls
ubiquitous acessibility.
Acessibilidade tem muito a ver com a ideia de computao ubqua:
em vez de adaptar as pessoas tecnologia, az muito mais sentido
adaptar a tecnologia s pessoas. Pessoas com deficincia natu-ralmente tm dificuldade em interagir com a inraestrutura que
normalmente temos disponvel ao nosso redor. Geralmente nosso
entorno preparado sem perceber que algumas pessoas tm limi-
taes, seja de movimento ou de interao. Justamente para preen-
cher essa lacuna, os objetos inteligentes podem prestar uma grande
contribuio.
Os tablets esmartphones podem servir de interace entre as pes-
soas com deficincia e o ambiente em que se encontram. Atravsdesses dispositivos que j vm de brica com um conjunto de
sensores, permitindo a interao com objetos inteligentes, pos-
svel desenvolver aplicativos que permitam uma integrao mais
natural do usurio com o local em que se encontra. Um cego pode
por meio da voz interagir com seu dispositivo e conhecer melhor o
ambiente ao seu redor. Um usurio que tem restries de locomo-
o e se utiliza de uma cadeira de rodas pode, atravs do disposi-
tivo mvel, controlar o equipamento e interagir com servios para
os quais geralmente dependeria de outras pessoas.
Para tornar essas ideias mais concretas, apresento alguns cenrios
que j seriam viveis hoje em dia com a combinao da tecnologia
existente no dia a dia das pessoas com deficincia. Imagine Ma-
ria, uma tetraplgica que depende de uma cadeira de rodas para
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7/24/2019 Revista Computao
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se locomover. Maria tem a impossibilidade de mover os membros
ineriores e superiores. Para acilitar sua interao com o mundo a
seu redor, utiliza um tabletconectado sua cadeira de rodas. A in-
terao eita por meio da ala, dizendo comandos como Acelere,Pare, Vire direita ou Chame ajuda.
A cadeira tambm permite a interao com a residncia da Maria,
previamente preparada com sensores. Atravs de um leitor RFID
instalado na parte inerior da cadeira de rodas, e de etiquetas RFID
colocadas nas entradas dos cmodos da casa de Maria, possvel
saber a sua localizao exata e acionar aes automaticamente. Por
exemplo, quando Maria entra em casa e a luminosidade baixa, as
luzes do recinto so automaticamente ligadas. Da mesma orma,
toda vez que Maria deixa um ambiente da casa, aps algum pero-
do de tempo, programado pela prpria usuria, a luz apagada. As
opes disponveis em cada cmodo que so apresentados na tela
do tablet e acionados pela voz variam de acordo com o ambiente.
Por exemplo, na sala Maria consegue interagir com a V e com
o sistema de ar condicionado. No ambiente externo, Maria pode
usar o tabletpara consultar as rotas de acessibilidade. Por exemplo,pode ser til para descobrir onde h uma rampa ou qual a rota
mais acessvel at um determinado lugar.
Considere agora Joo, que cego de nascena e usa o smartphone
para ajudar na sua locomoo. O smartphone, atravs do giros-
cpio, detecta a direo e a velocidade do deslocamento do Joo
e inorma atravs de uma voz sintetizada ou de vibraes no apa-
relho a direo correta para o destino previamente determinado.
Alm disso, permite a interao com dierentes ambientes. Na casade Joo, permite ligar a televiso ou encontrar algum objeto, como
a carteira ou a chave de casa. Na rua, permite ajudar a encontrar
pontos de interesse ou se deslocar para um lugar especfico. Por
exemplo, em uma parada de nibus, o smartphone pode inormar
as linhas que passam naquele local e os horrios.
Esses dois exemplos citados do Joo e da Maria ilustram situaes
ESPECIAL | Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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que tm sido discutidas em projetos de pesquisa que esto em
desenvolvimento aqui na Unisinos. Atravs do Mobilab Labo-
ratrio de Mobilidade da universidade, alguns projetos tm sido
conduzidos nessa rea. Particularmente, o projeto Heestos temexplorado diversas possibilidades relacionadas com acessibilidade
e Io que j permitem, ao menos em laboratrio, explorar algumas
das uncionalidades citadas nos cenrios exemplos.
Nos prximos anos, possivelmente veremos muitas transorma-
es nessa rea. Assim como hoje o uso de wearablesna rea de
esporte muito requente, veremos tambm essa expanso em ou-
tros campos. Entendo que o uturo das pesquisas de acessibilidade
ubqua seja levar a Internet das Coisas, que hoje j praticamente
commodity, para o dia a dia das pessoas com deficincia.
CRISTIANO ANDR DA COSTA| proessor titular
da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e
bolsista de produtividade em desenvolvimento tecnol-
gico e extenso inovadora do CNPq. doutor em cincia
da computao pela Universidade Federal do Rio Gran-
de do Sul (UFRGS). Atuando no ensino superior desde
1997, atualmente o coordenador do programa de Ps-
-Graduao em Computao Aplicada (PIPCA) da Uni-
sinos.br) desde 2007.
ESPECIAL | Internet das Coisas
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7/24/2019 Revista Computao
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