Revista Contraste

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Revista realizada como trabalho final da disciplina de Editoração Gráfica, turma de 2014/1, do curso de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV)

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O Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação – PRADIME vem presentear seus cursistas com a Revista Contraste. Produzida por estudantes do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa, esta revista, além de dar visibilidade às ações ensinadas e aprendidas em seus campos de práticas nas salas de aulas, permite àquele que a conhece, pensar a vida, as pessoas, os lugares... Foi por isso que solicitamos à professora de Editoração Gráfica, Laene Mucci Daniel, quem coordenou a produção da Revista Contraste, que nos autorizasse apresentar este trabalho aos nossos cursistas do PRADIME. Nosso desejo aqui é conciliar formação com... formação...

A concepção da formação continuada do PRADIME associa-se à ideia de transformação, na perspectiva de que os cursistas inscritos, ao refletirem sobre os conhecimentos tratados nos módulos, possam, na dinâmica do seu trabalho, modificar suas atitudes, ideias, conteúdos, estratégias metodológicas, projetos e/ou formas inovadoras de organizar e operacionalizar o trabalho da gestão.

Eis, então, o sentido de apresentarmos a Revista Contraste para nossos cursistas. Esta Revista traz uma forma inovadora de expressão, documentação histórica e transmite ideias, sentimentos, culturas, modos de vida e percepções acerca do mundo. Alia trabalho jornalístico com arte. E, pelas imagens mostra a sua textualidade mais profunda do cotidiano das cidades e seus contrastes. Cada foto tem sua razão absoluta e o conjunto de todas elas nos leva a um real e a uma realidade. Tal como uma representação que dependerá da união e da interligação de fatores sociais que se juntam para preencher espaços da história. Aquilo que não entendemos, ou que não está, muitas vezes, claro, se torna completo com a relação e o correr dos acontecimentos. Uma relação de preenchimento com o real e com a história, não sendo meras cópias da realidade, mas a semelhança e diferença em um mesmo espaço.

Colocamos a Revista Contraste ao olhar de nossos cursistas, crendo que suas imagens e a textualidade têm muito a dizer para o conteúdo do nosso trabalho e seu redimensionamento no sentido da mudança da vida das pessoas e das instituições. Pensar a cidade e a vida cotidiana: esse é o sentido do trabalho aqui realizado... o próprio conteúdo do nosso trabalho no PRADIME.

Boa leitura, caros cursistas! Maravilhosas viagens nestas imagens e sua relações com nosso trabalho!

GRAÇA FLORESTA - Coordenadora do PRADIME

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As mãos refletem a vida. A experiência deixa marcas que, nas mãos, se convertem em linhas. Alguns acham que conseguem ler as mãos, outros as usam para expressar sua visão de mundo. As mãos criam, as mãos destroem, as mãos trabalham e as mãos brincam.

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Foto: Pedro Lavigne

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Sérgio Grupioni tem 23 anos e há seis vive de seu artesanato, fazendo peças delicadas que possuem uma beleza e simbolismo característicos. “Minha mão é essencial, é dela que vem o meu trabalho. Isto que eu faço é com as mãos, e não teria jeito de ser feito de outra maneira, sem ela eu não conseguiria fazer minha arte.”

Ângelo José de Carvalho tem 52 anos, é professor de português na escola estadual Effie Rolfs e editor de texto na editora UFV. “Tudo que faço utilizo a mão, seja para o lazer ou para o trabalho, para tocar violão, fazer carinho na esposa e filhas”. Para Ângelo, a mão é uma das partes mais importantes do corpo e não consegue se imaginar sem ela.

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Diariamente são servidas mais de 5.000 refeições nos restaurantes universitários da Universidade Federal de Viçosa, de acordo com dados da Divisão de Alimentação. Júlia Costa (24) trabalha no Multiuso, restaurante universitário. A importância de todo o corpo é muito grande, mas as mãos desempenham um papel de destaque no dia a dia. Sem elas, não seria possível Júlia ter seu emprego, nem servir as pessoas que passam por lá.

A.M (52) era dependente do crack. No auge de sua juventude, chegou a ficar dias sem aparecer em casa, meses vivendo para a droga. Ele saiu de uma tenebrosa situação, que afeta mais de 1,2 milhões de brasileiros (IBGE 2012), e com ajuda da família se tratou e voltou a viver. A aliança na sua mão esquerda é sinal de que ele venceu: hoje é casado, pai de dois filhos e tem um longo caminho pela frente.

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Como ponto de contraste, as Quatro Pilastras funcionam como uma fron-teira que separa o ambiente acadê-mico do restante de Viçosa. De um lado, a cidade organizada, tida como exemplo. Do outro, a cidade caótica, que carece de cuidado.

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9Foto e legenda: Matheus Filipe

Na Antiguidade, mais precisamente na Grécia Antiga, a população intelectual se reunia na Ágora, local em que sábios e filósofos se encontravam para disseminar conhecimentos aos mais jovens. No Colégio de Aplicação Coluni da Universidade Federal de Viçosa, há um espaço que nos remete arquitetonicamente à ideia de Ágora. O local é utilizado sistematicamente para diversas atividades, como exposições, mostra de vídeos, apresentações musicais, comemorações oficiais da escola, performances tea-trais e até mesmo aulas tradicionais, onde professores aproveitam o espaço para realizar debates e discussões com as turmas.

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Na UFV, são produzidos por mês cerca de 48 toneladas de resíduos sólidos, reco-lhidos diariamente pela Divisão de Manu-tenção. Além disso, a universidade conta com uma empresa terceirizada de limpeza geral, responsável por deixar o campus em bom estado. No centro da cidade, o recolhimento também acontece uma vez por dia, mas a proporção de lixo é maior. Segundo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE, empresa responsável pela coleta de lixo, o problema de superlotação de lixeiras se deve ao horário errado em que os cidadãos descartam o lixo. Uma das providências tomadas, desde 2010, foi o uso de containers, que ainda assim não conseguem evitar a superlotação.

Foto e legenda: Jorge Oliveira

“Cratera” é como os moradores chamam o buraco que atrapalha o tráfego de veículos há quase um mês na Rua dos Passos, uma das mais movimentadas do centro de Viçosa. Segundo Raimundo Guimarães, chefe do Departamento de Obras do munícipio, a licitação já foi feita e dentro de, no máximo, 30 dias o buraco será tapado. Na UFV não há nem tempo de ter buracos, uma vez que as vias são recapeadas regularmente, garantindo a qualidade da circulação.

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Em Viçosa, só há um lugar aberto ao público de forma gratuita para a prática de esportes: o espaço do Departamen-to de Educação Física da UFV que conta com uma infraestrutura para várias modalidades e atende viçosenses e estudantes. Na cidade há vários clubes priva-dos que selecionam seu público. Um exemplo é a Praça de Esportes, o único espaço que era aberto ao público e ago-ra pertence à prefeitu-ra, e permite a entrada exclusiva de familiares dos funcionários municipaisl. Isso mostra o descaso com o lazer, uma vez que, se não houvesse o espaço da universidade, não haveria local para os moradores praticarem esportes gratuitamente na cidade.

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Foto e legenda: Guilherme Queiroz

Na universidade, apesar da ausência de semáforos e da pouca sinalização, nota-se um trânsito ordenado, com respeito ao limite de velocidade, à faixa de pedestres e à mão única. Na contramão, está o trânsito bagunçado do centro de Viçosa. Pelas ruas e avenidas, os veículos correm para disputar passagem, desrespeitam filas e preferências em cruzamentos, e não param para os pedestres, que se arriscam atravessando entre os automóveis e fora da faixa.

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O contraste do dia e da noite é bem marcante. A rotina diurna é diferente da noturna. Tal diferen-ça pode ser percebida no ambiente, nos lugares e nas atitudes das pessoas: um local que era de passagem se torna um local de permanência, uma estudante compenetrada e focada se torna uma festeira que adora beber, o brilho do sol dá es-paço ao da lua e das estrelas. Cada período com seu charme, cada qual com suas preferências.

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13Foto e legenda: Bianka Rodrigues

“Quando os gato saem, os ratos fazem a festa”. Quando o sol se vai, a lua traz o mistério e o misticismo da noite. Quem durante o dia passa despercebido, à noite aparece com um brilho no olhar e usa a escuridão como máscara para que se permita ser o que quer. Quem era apenas mais um na correira diurna, se transforma à noite, e como uma gata, rouba a cena e vai ao encontro do seu bando nas ruas.

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Foto e legenda: Ana OliveiraDurante o dia os estudantes car-regam mochila, livros e enfren-tam o trânsito de pedestres e de veículos. O tênis nos pés marca a caminhada rumo aos estudos que normalmente acontecem em um mesmo trajeto, com novos per-sonagens e novas ações. A noite é para descontrair. A mochila é deixada de lado e os estudantes procuram festejar, se divertir. É a recompensa pelos esforços. É a hora de comemorar, de farre-ar, a hora de fazer a festa.

Foto: e legenda: Gustavo Pires

De dia, uma floricultura como outra qualquer. De noite, as flores se juntavam à cultura e ao lazer num ambiente de festa, música ao vivo, bebida e comida. Essa inusitada combinação fez com que o estabelecimento, que abriu em 2009, ficasse conhecido na cidade. Tal contraste criativo foi tão bem visto que mesmo deixando de ser uma floricultura em setembro de 2013, o local permaneceu com plantas e flores, à pedido do público, além do típico clima de bar e restaurante.

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O céu fascina a humanida-de desde seus primórdios. A noite era uma lembrança constante do mundo des-conhecido em que vivía-mos, compondo uma tela que dava asas à imagina-ção dos homens. Hoje, a noite já não é tão escura quanto antes, mas, claro ou escuro, o céu ainda nos encanta com as mesmas formas, com os mesmos mistérios – desvendados ou não – e com os mesmos símbolos de antes

Foto e legenda: Erick Coelho

Durante o dia um lugar calmo, apenas um caminho qual-quer, de passagem. De noite, durante uma sessão de cine-ma, o gramado fica cheio de casais, fa-mílias e amigos, tor-nando-se um lugar para relaxar. Con-traste do vazio com o cheio, de um local de passagem para um de permanência.

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Pardo, negro, ruivo, branco, índio: é fácil notar como esta-mos inseridos em uma socie-dade complexa, plural, diversa e contrastante. E Viçosa agre-ga uma universidad,e que é a concentração de todas essas características inseridas no contexto local. Os 17 mil es-tudantes são formados pelos mais diferentes grupos étnicos com seus costumes, culturas, crenças e valores.

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Page 19: Revista Contraste

SIFIQUEOs traços de Egídia Vendrame remetem a uma cultura indígena, que, no entanto, não a caracteriza - Egídia é, na verdade, filha de pai japonês e mãe italiana. É interessante como o resultado dessa miscigenação provo-cou na estudante de arquitetura referências a determinadas obras de José de Alencar, autor que teve muita importância na construção da figura indígena como representante do território nacional. Victor Brandão é, também, estudante de arquitetura e descendente de família italiana. Apesar disso, sua pele branca grifada por sardas reflete características muito distintas das de sua colega de curso. Essa riqueza de traços e cores desenha uma diversidade que, nas palavras de Gilberto Freyre, é tesouro e razão da sensualidade brasileira.

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Foto e legenda: Taiane Souza

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18Foto e legenda: Ana Carolina Leão

Foto e legenda: Patrícia Freitas

Vanessa Carvalho e Ronald Gonçalves, estudantes de Química, trazem na pele o considerado por muitos o mais simples dos con-trastes e talvez o mais marcante historicamente analisando: o negro e o branco. Mesmo a cor de Ronald sendo considerada por muitos como um negro “mais claro”, quando está ao lado da namorada, sua cor torna-se mais mar-cante.. O contraste do ca-sal caracteriza de maneira significativa a história do nosso país e é um dos fato-res principais quando o assunto é diversidade. Devido à implantação de cotas raciais nas institui-ções federais de ensino, esse contraste será cada vez mais evidenciado no ambiente acadêmico.

Em uma cidade universitária encontramos pessoas com estilos de vida muito di-ferentes: os popularmente chamados de nerds e os festeiros. Os nerds preferem passar seus dias estu-dando, lendo, se dedi-cando à vida acadêmica, contrastando com aque-les que preferem cair na farra, sair nos finais de semana com os amigos e se divertir. Mesmo os nerds também tem seu momento de festejar. Para eles, nada melhor do que jogar RPG e Ma-gic, fazer Cosplay ou mesmo passar a madru-gada vendo animes com seus amigos.

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19Foto e legenda: Laira Carnelós

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“O que eu mais gosto é Stoner Rock e Post-Metal”, declara Marcelo Zinato. Juliana Campos retruca dizendo “eu prefiro MPB”. Ele pos-sui um estilo nomeado como headbanger, po-rém frequentemente é chamado de “me-taleiro”. Ela, com seu estilo alternativo e natural, por muitos é tachada como “bicho grilo”. Ao considerar-mos as especificidadesque compõem a diver-sidade cultural, perce-

bemos a necessidade de cada grupo de ser reconhecido e diferenciado em seu meio. O meio universitário cria a possibilidade de debate e interação de ideias, que talvez não seja possível ou tão intensa em outros ambientes.

Em Viçosa, a diversidade ultrapassa as quatro pilastras. Sergio Grupioni, estudante das Ciências Sociais, é uma pessoa que tem contato diário com a comunidade e está sempre no calçadão, trabalhando e vendendo seus artesanatos. Na cidade, já

é um rosto conhecido por estar constantemente no mesmo local baten-do papo com os clientes e qualquer pessoa que queira se aproximar. Ele percebe o quão importan-te é a convivência com os chamados “nativos” (nas-cidos em Viçosa). E essa linda menina vestida de Brasil fica envergonhada de ser recebida com uma flor. Ela mal sabe que ainda pode ser mais uma “flor” da grande diversi-dade que é a UFV.

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Sr. Quack vai ao toalete

O objetivo das fotolegendas é re-portar, nos banheiros da cidade, diferentes tipos de contrastes: econômicos, de personalidade, políticos, de classes sociais, etc. Para criar um laço entre as foto-grafias, retratamos sempre um elemento em comum, no caso o vaso sanitário. Além disso, em todos os diferentes banheiros há um pato de borracha (Sr. Quack) para evidenciar como o mesmo objeto se encaixa de maneiras distintas em cada ambiente.

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Banheiro de funcionários do prédio da Prefeitura Municipal de Viçosa. No edifício concentram-se as diversas se-cretarias municipais (de Saúde, de Políticas Sociais, da Educação, etc), a Controladoria Interna, a Assessoria de Comunicação, o Instituto de Planejamento do Município e a Procuradoria Geral do Município. Estes departamentos são ocupados por trabalhadores em sua maioria concursados.

Foto e legenda: Núbya Fontes

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Page 24: Revista Contraste

22Fim de tarde com jogo da seleção na Copa do Mundo é certeza de bar lotado na esquina da Av. Santa Rita com a Padre Serafim, e a clientela não decepciona: comparece em peso para não deixar dúvidas de que futebol e cerveja fazem a combi-nação preferida de gran-de parte dos brasileiros e brasileiras durante esses trinta dias a cada quatro anos. A multidão de torcedores/clientes

Um espaço que é só de alguém pro-vavelmente terá seu cheiro, seu jeito, sua cara. É exatamente desse jeito no banheiro de Taiane Souza, estudante de 19 anos: muitos perfumes, hidra-tantes e escovas de cabelo sobre a pia, lixo decorado, caneca do Pateta para guardar escovas. Assim como ela, tudo é delicado, limpo, muito fofo. Dá vontade de ficar, de conhecer a dona pra quem nunca a viu, de tomar banho, de ter um banheiro assim.

Foto e legenda: Ingrid Carraro

Foto e legenda: Cleomar Marinque se forma faz a expressão “banheiro de bar” causar arrepios - “o dos homens é sempre mais sujo” diz o proprietário - mas ora, que diferença isso faz quando o que menos se quer é passar tempo em qualquer lugar que não seja em frente aos televisores onde a bola está rolando?

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O banheiro úmido e sombrio localizado no porão de uma república estudantil deu ori-gem a um rumor de que ele é assombrado. Mas Valfrides Junior, um dos moradores da casa, garante que a história não é verdade. O banheiro é assim apenas por descaso, já que ele não é o mais usado.

Em um local de chegadas e partidas como a rodoviária de Viçosa, muitas pessoas passam atrasadas, sem tem-po para reparar ou perceber qualquer coisa que esteja pre-sente ali. O banheiro está lá, apenas para que o passageiro passe por ele como passa pela rodoviária. Mas não é um am-biente que os passageiros tem vontade de frequentar. Mesmo tendo que pagar pelo seu uso, o passageiro não desfruta das melhores condições. O exemplo evidenciado é o oferecimento de detergente ao invés de sabonete líquido para lavar as mãos.

Foto e legenda: Mariana Diniz

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Foto e legenda: Ingrid Carraro

Foto e legenda: Ana Clara Assis

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Qualidade de vida abrange o bem-estar físico, mental, emocional e psicológico.

Educação, Saúde, Moradia, Mobilidade e Trabalho são elementos fundamentais para se viver bem. Observando nossa cidade, percebemos que isso é privilégio de poucos. E assim cada um vai se virando como pode...

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COTIDIANO

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COTIDIANO

Foto e legenda: Janine Lopes

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Em uma cidade que é referência na educação, crianças percorrem um longo trajeto em situações precárias para alcançar o apren-dizado escolar. Michele da Silva Pedro, de 5 anos, aluna da creche Rebusca, é uma delas. A instituição, que há 32 anos está na comu-nidade de Posses, em Nova Viçosa, incentiva seus alunos a irem em busca do melhor para suas vidas, considerando que a base para isso é a educação. Mesmo em meio as condições em que vive, Michele declara: “a escolinha é a melhor parte do meu dia.”

A Rua do Pintinho na cidade de Viçosa é conhecida por muitos

Foto e legenda: Shayene Martins

Foto e legenda: Laryssa Cristina

como favela. Apesar de ter casas simples, lá não há barracos ou esgoto a céu aberto, típicos das favelas. Ao contrário, seu espaço contém prédios, casas de pessoas da classes média e alta. Mariane Oliveira de 23 anos de idade, que mora na Rua do Pintinho desde o nascimento, é de classe média e co-nhece muitas outras pessoas de mesma condição financeira, afirma: “Mesmo com a má fama do morro do Pintinho, o considero um dos melhores lugares pra morar. Aqui todos se conhecem e se ajudam”.

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Até dezembro de 2013, segun-do dados do Denatran, Viçosa contava com aproximadamen-te 37 mil veículos emplacados, resultando na impressionante taxa de um veículo para cada dois habitantes. Somado ao número de veículos flutuantes e à infraestrutura precária, Viçosa vive um caótico cenário no trânsito. É comum pessoas, bicicletas, motos e carros dis-putarem espaço nas ruas.

A saúde pública em Viçosa não vai bem. O Hospital São Se-bastião no centro da cidade, que atende a população local e regional, conta com apenas dois médicos de dia e um plan-tonista à noite que não dá con-ta de atender a todos os casos de emergência. Perguntados se um paciente que tem plano de saúde tem algum “privilé-gio” sobre as pessoas que são atendidas pelo SUS, a resposta dos funcionários é negativa. Assim, é possível perceber que a saúde está péssima para to-dos, inclusive para quem paga um plano de saúde.

Foto e legenda: Ytalo Amarante

Foto e legenda: Sabrina Martins

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Fendas Tempo

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O tempo representa mudança, cria contrastes entre décadas ou apenas horas diferentes. Ele modifica as cidades, objetos, pessoas e conceitos. Passa e não espera por ninguém, mas tambem cria momentos que fi-cam na eternidade.

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Foto e legenda: Thalison Oliveira

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No Brasil, a paixão pelo fu-tebol é legado de família; pais levam os filhos para ver os jogos em estádios e concentrações, hábito que é reforçado na copa do mundo. Assim, de geração em geração, de tempos em tempos, o país do futebol sempre renova sua torcida, contando com o apoio de novos pequenos torcedores.

Às vezes nos deparamos com si-tuações incomuns. Há atividades e práticas que mudam a cada ge-ração e que por isso é raro ver algumas delas sendo feitas fora do contexto do qual estamos acos-tumados. Um exemplo disso é ver uma senhora jogando videogame.

Foto e legenda: João Negrelli

Foto e legenda: Ricardo Almeida

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Construído na década de 1850, o casarão do padre Manoel Inácio de Castro funcionou como o primeiro hospital da cidade até 1940. O casarão passa então a ser-vir de alojamento para estu-dantes, até a década de 1950, quando a família Maciel com-pra o imóvel e este passa a funcionar como consultório de dentista. Nos anos 2000 foi erguido o prédio que ocu-pa a parte de trás da casa e no ano de 2004 a fachada da casa foi tombada como pa-trimônio histórico de Viçosa.

O mesmo lugar pode ter aspectos distintos em dife-rentes horários e dias da semana. A avenida Ph Rolfs em horário de pico, em um dia de semana, costuma ser cheia e barulhenta, com trá-fego intenso. O mesmo local em um domingo a tarde pode se tornar calmo e deserto.

Foto e legenda: João Negrelli

Foto e legenda: Leonardo Gonçalves

Foto e legenda: Camila Santos

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O invisívelEles fogem do padrão imposto pela sociedade e são invisíveis. Não têm casa, não são chamados de bonitos, não são mais economicamente ativos, também são subjulgados e marginalizados pela sociedade. Esse é o cenário de quem observa a cidade com um olhar mais apurado, mais aberto e mais atento. Porque não é preciso procurar para enxergar essa situação, ela está no dia-a-dia do viçosense. Essas pessoas existem e estão envoltas no nosso cotidiano como meras coadjuvantes.

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Foto: Guilherme Pimenta

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Viçosa, com população es-timada em mais de 76 mil pessoas, já abriga entre 15 a 20% de pessoas acima dos 60 anos. Recentemente, a Câmara Municipal reali-zou audiência para discutir políticas públicas voltadas para os idosos. Muitos são os casos de violência que, mesmo com o estatuto do idoso, não chegam a ser de-nunciados. O abandono vem da sociedade em si, que não acolhe e despreza. Seu Cus-tódio Pereira (86), à direita

na foto, e Seu Heitor Ladeira (73) reclamam que o maior problema de ser idoso é a falta de respeito por parte da maioria das pessoas, além do descaso do poder público. Eles estão quase sempre na praça da Matriz. Você já os viu? Já os ouviu?

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sFoto e legenda: Mateus Dias

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Embriagado e sem ser notado, o homem dorme em meio ao fluxo intenso do centro da cidade. A cena que se repete frequentemente é um indício da ingestão abusiva do álcool, uma droga responsável pelo alcoolismo, doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é causada por predisposição genética e pelo ambiente sociocultu-ral. O preconceito e a falta de conhecimento dificultam a cura e excluem ainda mais o indivíduo que já se en-contra numa situação frá-gil. Segundo a comunidade Alcoólicos Anônimos (AA), é essencial que o doente compartilhe suas experi-ências. Para saber sobre locais e horários de reunião da AA em Viçosa, ligue no (31) 32247744 (Escritório de Serviços Locais de AA)

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qqq“Todo homem é maior que o seu erro”, o lema represen-

ta a APAC – Associação de Proteção e Assistência aos Condenados que promove atividades para que os pre-sos se readaptem melhor ao convívio social. Na APAC, os recuperandos, como são chamados, vivem em uma prisão diferente, onde têm a oportunidade de resgatar a dignidade, aumentar a auto-estima e a sensibilidade pela arte. Para chegar à APAC os condenados tem que mostrar bom comportamento e enviar um pedido solici-tando a transferência. Artesanato, música e teatro são algumas das formas de trabalhar com os “recuperan-dos” o que consta na atual Lei de Execução Penal 7.210 de 1984, que prevê a profissionalização dos condenados.

Seu Miguel (64) anda pelas ruas centrais de Viçosa, sempre desajeitado, de pijama e uma bengala improvisada, sem muitos recursos. Sem dentes, não sorri, tem vergonha de sua condição. É morador do bairro Posses, um dos mais pobres de Vi-çosa, com baixo índice de desenvolvimen-to humano. Promessas de asfaltamento e instalação de rede de esgoto ficaram, segundo os residentes, apenas na cam-panha eleitoral para prefeito. A falta de infraestrutura é denunciada pelos mora-dores. Seu Miguel conta que está acos-tumado com o descaso e reclama que a vida foi sempre muito difícil.

Foto e legenda: Mariana Balduci

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Foto e legenda: Jonathan Fagundes

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O Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação – PRADIME veio para a Universidade Federal de Viçosa como um espaço fértil de formação de profissionais da Educação Básica Pública. Compreende a formação continuada de dirigentes municipais, aos professores e técnicos que atuam nas Secretarias Municipais de Educação. Sua coordenação UFV está atendendo a mais de 600 municípios de Minas Gerais. Trata-se de uma iniciativa destinada aos dirigentes municipais de Educação a se apropriarem de um espaço de formação permanente, tendo em vista a troca de experiências, o acesso a informações e as ferramentas da gestão. O objetivo do curso é apoiar os dirigentes municipais de Educação na sua missão de garantir o direito de aprender de todos por meio do fortalecimento da gestão dos sistemas de ensino e das políticas educacionais. Configura-se como uma formação continuada, no sentido de tecerem, em conjunto, o fio condutor das mudanças efetivas na gestão administrativa, financeira e pedagógica dos sistemas de ensino.

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