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Publicação da AssociaçãoPaulista de Medicina

Edição nº 572 – Outubro de 2006

REDAÇÃOAv. Brigadeiro Luís Antônio, 278

Cep 01318-901 – São Paulo – SPFones: (11) 3188-4200/3188-4300

Fax: (11) 3188-4279E-mail: [email protected]

Diretores ResponsáveisNicolau D’Amico Filho

Roberto Lotfi Junior

Editor ResponsávelUlisses de Souza – MTb 11.459–SP

EditoraLuciana Oncken – MTb 46.219–SP

RepórteresAdriana Reis

Carla NogueiraLeandro de Godoi

Ricardo BalegoPriscilla Ferreira

ColaboradorJorge Taciba (ilustrações)

Editor de ArteLeandro Deltrejo

Projeto e Produção GráficaCubo Editorial e Notí[email protected]

Fotos: Osmar BustosRevisora: Thais Oncken

Secretaria: Rosenaide da SilvaAssistente de Comunicação:

Fernanda de Oliveira

ComercializaçãoDepartamento de Captação

e Marketing da APMFones: (11) 3188-4200/3188-4300

Fax: (11) 3188-4293

Periodicidade: mensalTiragem: 30 mil exemplares

Circulação: Estado de São Paulo(Inclui Suplemento Cultural)

Portal da APMwww.apm.org.br

APRESENTAÇÃORoberto Lotfi Jr.Nicolau D’Amico Filho

Fazer esta edição foi uma satisfação muito grande para toda a equipe daRevista da APM. A nossa intenção, ao escolher a pauta, foi mostrar o médicona sua essência, o que está além do profissional. Nada melhor do que retratarsuas histórias de vida por meio de perfis. A nossa produção acabou indo alémdo espaço que temos aqui. Mas nos comprometemos a publicar, nas próximasedições, as matérias que preparamos com tanta dedicação para você, nossoleitor, em comemoração ao Dia do Médico. Aliás, parabéns pelo seu dia!

A nossa peregrinação começou com o professor Dr. Darcy Villela Itibe-rê que, aos cem anos, nos recebeu com muita simpatia, abrindo sua casa eexpondo sua memória, por meio da qual resgatamos um pouco mais dahistória da Associação Paulista de Medicina que, neste mês de novembro,encerra as comemorações de seus 75 anos.

Continuando o nosso passeio, fomos até as Minas Gerais para falar dePedro Nava, símbolo da memorialística brasileira, o escritor mineiro de-dicou boa parte de sua vida à medicina.

Voltando a São Paulo, apresentamos a trajetória do médico Daniel deMiranda, que está entre os poucos médicos negros do País.

O Monte Everest seria nosso próximo ponto de parada. Fomos até ocume com a médica Ana Elisa Boscariolli e ficamos diante do rosto do céu,juntamente com ela, que foi a primeira mulher a chegar lá.

Deixamo-nos envolver pela música e pela simpatia do médico e maestroSamir Rahme, que se apresenta todos os meses nos hospitais de São Paulo,levando um pouco de alegria aos médicos e pacientes.

Aproveitamos para voltar aos duros tempos da ditadura, numa tentativade reencontrar Boanerges de Souza Massa. Onde está o Boanerges? Suabiografia como “desaparecido político” é baseada em dados da repressão.

Chegou a sua vez de embarcar nesta viagem. Você pode começar quandoquiser, por onde quiser, é só folhear as páginas a seguir.

Nicolau D’Amico Filho e Roberto Lotfi Jr.Diretores de Comunicação

Uma viagem

3 Apresentação

4 Editorial

6 DIA DO MÉDICO - ESPECIAL

Boanerges de Souza Massa

12 Darcy Villela Itiberê

16 Benefícios da fé

20 Ana Elisa Boscarioli

28 Família Hungria

30 Serviços da APM

40 Francesco Antonio Viscomi

42 Samir Rahme

46 Orquestra do Hospital

Albert Einstein

50 Pedro Nava

54 Daniel de Miranda

58 Agenda Cultural

60 Agenda Científica

62 Produtos & Serviços

64 Classificados

CONTEÚDO

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Comemoramos, em 18 de outubro, mais um Dia do Médico. Trata-se deuma data emblemática que, por seu sentido especial, sempre nos leva àreflexão, nos estimula a fazer um balanço do que somos e do que almejamos.

Ser médico é muito mais do que uma profissão, é uma missão. Talvezaté mais do que uma missão...É um compromisso de amor à vida,particularmente à vida dos nossos pacientes.

Porém, muitos são os problemas que enfrentamos no cotidiano dosistema de saúde, seja na área pública ou no segmento privado. Remune-ração vil, falta de condição adequada para o exercício da profissão,formação insuficiente e tantos outros. Revertê-los com brevidade é o desa-fio. Mas qual seria o caminho mais curto para atingir tal objetivo?

Infelizmente, está se confundindo quantidade com qualidade e, hoje,somos campeões mundiais em número de faculdades de medicina. Esteano, ultrapassamos a China! Na contramão, encontramos uma incríveldificuldade para novas vagas de residência médica e para qualificação evalorização das faculdades já abertas.

Felizmente, temos reconhecido nosso valor por aqueles que mais importan-tes são para nós, os pacientes. Recente pesquisa do Ibope atesta que somosconsiderados, pela população, a instituição de mais credibilidade no Brasil.

Há cerca de quatro anos, nesta mesma publicação, neste mesmo espa-ço, o então presidente da Associação Médica Brasileira, meu amigo JoséLuiz Gomes do Amaral, escreveu um artigo que até hoje simboliza muitobem aquilo que nós sentimos a esse respeito. Dizia ele, logo de saída:“Vemos que não somos poucos, porém, poderíamos ser muito mais. E sefôssemos muitos, tanto poderia ser alcançado. E muito mais cedo”.

Zé Luiz, como carinhosamente o chamamos, nos conclama a falar altopara chegar aos que se negam a escutar, a mostrar a luz aos que pouco querem

Dias melhores para os médicos epara os pacientes

enxergar, a trabalhar para mudar a postura dos insensíveis e a jamais desistir.A oferecer ao coletivo, sempre, a nossa contribuição individual.

Realmente, o caminho para um presente e para um futuro melhorespassa por nossa união, por nossa capacidade de arregimentar novos solda-dos para enfrentar os desafios diários da medicina. Não podemos ficartransferindo para colegas ou para entidades uma tarefa que é, em primeirainstância, de nossa total responsabilidade: a de brigar por dias melhores.

Temos de trabalhar ininterruptamente, para mostrar aos incrédulos eindiferentes que é possível mudar. Precisamos provar aos insatisfeitos que,se as coisas não vão bem, eles também são co-responsáveis quando dei-xam de participar, de lutar, para ficar apenas criticando.

O mundo moderno exige de todos uma intensa qualificação individu-al, mas também uma grande capacidade de interação com a sociedade etrabalho em grupo. Exemplos na história antiga e recente nos mostramclaramente a capacidade que muitos líderes tiveram de mudar situaçõesdesfavoráveis com a obstinação de lutar por grandes ideais.

Temos um grande ideal, isto é, mudar o perfil da saúde no nosso paíse, com isso, exercer nossa cidadania. Contribuir decididamente parainiciar um ciclo de maior desenvolvimento, no qual princípios reais dosbrasileiros têm de ser contemplados: valores éticos morais da sociedadeatual e um atendimento à saúde equânime e integral.

Ser médico é intervir também socialmente. E, de forma cirúrgica, quandonecessário, para extirpar da vida pública, do meio privado, o tecidoruim. Agora, num momento em que podemos definir os rumos do Brasil,por intermédio do voto, é uma boa hora para assumir essa responsabili-dade. Esse é o ideal do associativismo médico e todos necessitamos serlíderes desta grande empreitada.

DIRETORIA ELEITA - DIRETORIA 2005-2008Presidente: Jorge Carlos Machado Curi1º Vice-presidente: Florisval Meinão2º Vice-presidente: Paulo De Conti3º Vice-presidente: Donaldo Cerci Da Cunha4º Vice-presidente: Luís Fernando PeixeSecretário Geral: Ruy Y. Tanigawa1º Secretário: Renato Françoso Filho

DIRETORESAdministrativo: Akira Ishida; AdministrativoAdjunto: Roberto de Mello; 1o Patrimônio eFinanças: Lacildes Rovella Júnior; 2o

Patrimônio e Finanças: Murilo RezendeMelo; Científico: Alvaro Nagib Atallah;Científico Adjunto: Joaquim Edson Vieira;Defesa Profissional: Tomás Patrício Smith-Howard; Defesa Profissional Adjunto:Jarbas Simas; Comunicações: NicolauD´Amico Filho; Comunicações Adjunto:Roberto Lotfi Júnior; Marketing: RonaldoPerches Queiroz; Marketing Adjunto: ClóvisFrancisco Constantino; Eventos: Hélio Alvesde Souza Lima; Eventos Adjunto: FredericoCarbone Filho; Tecnologia da Informação:Renato Azevedo Júnior; Tecnologia da

Silvana Maria Figueiredo Morandini; 4o

Diretor Distrital Sorocaba: Wilson OlegárioCampagnone; 5o Diretor DistritalCampinas: João Luiz Kobel; 6o DiretorDistrital Ribeirão Preto: João CarlosSanches Anéas; 7o Diretor DistritalBotucatu: Noé Luiz Mendes de Marchi; 8o

Diretor Distrital São José do Rio Preto:Pedro Teixeira Neto; 9o Diretor DistritalAraçatuba: Margarete de Assis Lemos; 10o

Diretor Distrital Presidente Prudente: EnioLuiz Tenório Perrone; 11o Diretor DistritalAssis: Carlos Chadi; 12o Diretor DistritalSão Carlos: Luís Eduardo Andreossi; 13o

Diretor Distrital Barretos: Marco AntônioTeixeira Corrêa; 14o Diretor DistritalPiracicaba: Antonio Amauri Groppo

CONSELHO FISCALTitulares: Antonio Diniz Torres, Braulio deSouza Lessa, Carlos Alberto Monte Gobbo,José Carlos Lorenzato, Tarcísio Eloy Pessoade Barros Filho. Suplentes: KrikorBoyaciyan, Nelson Hamerschlak, ReinaldoAntonio Monteiro Barbosa, João Sampaio deAlmeida Prado.

Informação Adjunto: Antonio Ismar Marçal Menezes;Previdência e Mutualismo: Alfredo de Freitas SantosFilho; Previdência e Mutualismo Adjunto: Maria dasGraças Souto; Social: Nelson Álvares Cruz Filho; SocialAdjunto: Paulo Cezar Mariani; Ações Comunitárias:Yvonne Capuano; Ações Comunitárias Adjunto:Mara Edwirges Rocha Gândara; Cultural: Ivan de MeloAraújo; Cultural Adjunto: Guido Arturo Palomba;Serviços Gerais: Paulo Tadeu Falanghe; ServiçosGerais Adjunto: Cristião Fernando Rosas; EconomiaMédica: Caio Fabio Camara Figliuolo; EconomiaMédica Adjunto: Helder de Rizzo da Matta; 1o DiretorDistrital São Caetano do Sul: Delcides Zucon; 2o

Diretor Distrital Santos: Percio Ramon Birilo BeckerBenitez; 3o Diretor Distrital São José dos Campos:

Associação Paulista de MedicinaFiliada à Associação Médica Brasileira

SEDE SOCIAL:Av. Brigadeiro Luís Antônio, 278 – CEP 01318-901

São Paulo – SP – Fones: (011) 3188-4200/3188-4300

EDITORIAL

Jorge Carlos Machado CuriPRESIDENTE DA APM

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Onde estáBoanerges?

ona Laura Massa e seu marido,Francisco de Souza Massa, to-

cavam um bar na pequenina Ajicê, dis-trito de Rancharia com pouco mais demil habitantes, e acalentavam um so-nho. Ver o filho Boanerges retornar aolugarejo, em um carrão, devido à bem-sucedida profissão de médico.

O filho havia saído de perto deles ain-da garoto. Foi para Avaré, cidade ondenasceu, morar com parentes e fazer ocurso de admissão. Formou-se profes-sor e contador. Passou a pagar seus es-tudos trabalhando. Entrou em duas dasmais famosas e exigentes faculdadesbrasileiras: Medicina da USP e Direitoda USP. Cursou as duas ao mesmo tem-po. Colou grau como médico em de-zembro de 1965, e como advogado, emjunho do ano seguinte.

Francisco de Souza Massa morreu em1966, ano seguinte ao da formatura deBoanerges como médico. Dona Lauramorreu seis anos depois, mas não viu ofilho chegar com o carrão sonhado. Naúltima vez que esteve em Ajicê, che-gou de ônibus e carregava apenas umamaleta. Era o ano de 1968. Voltou paraSão Paulo. Foi também a última vez quedona Laura viu o filho e, provavelmen-te, muitos dos amigos.

Hoje, Boanerges de Souza Massa é ape-nas um nome na lista dos formados de

1965 da Faculdade de Medicina da USPe do arquivo do terceiro andar das Arca-das do Largo de São Francisco, a maisfamosa faculdade de Direito do país. NoConselho Regional de Medicina (Cre-mesp), a sua matrícula, a de número132.390, nunca mais foi atualizada.

O decreto 2.318, assinado em setembro

de 1997 pelo então presidente da Repú-blica, Fernando Henrique Cardoso, re-conheceu o médico como “desaparecidoou morto em razão de participação ematividades políticas, no período de 1961a 15 de agosto de 1979”.

Boanerges de Souza Massa é umnome hoje, sem muita referência, na

Na Medicina da USP, o nome de Boanerges é encontrado apenas em arquivo de ex-alunos

DIADOMÉDICO-ESPECIAL

Foto: Arquivo pessoal / Osmar Bustos

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7lista de “desaparecidos políticos”, massua história, pinçada aqui e ali é, comcerteza, enredo para livros e filmes.

Aluno prodígioFreqüentar os cursos de medicina e

de direito ao mesmo tempo na USP nãoé para qualquer um. Mas Boanerges feztudo isso, além de, na época de estu-dante, participar de movimentos polí-ticos, até ser militante da AçãoLibertadora Nacional (ALN), a maisexpressiva organização de luta armadaque atuou no período de 1960 a 1970,em combate ao regime militar instala-do no Brasil em 1964.

Visado pelo governo militar e pelaReitoria da USP, Boanerges, escolhidoorador da turma de medicina, teve odiscurso censurado. Com cópias do tex-to, posicionou-se na entrada do TeatroMunicipal de São Paulo, local da cola-ção de grau, e deu conhecimento a to-dos os convidados sobre o que haviapreparado para o discurso vetado, que

tinha como título: “Um copo d’água eum prato de comida”.

Anos antes, participou de uma dele-gação de estudantes que foi aos EstadosUnidos se encontrar com o presidenteJohn Kennedy, por meio de um pro-grama que visava divulgar a “Aliançapara o Progresso”, projeto norte-ame-ricano de ajuda aos países da AméricaLatina. Os jornais divulgaram. “Dededo em riste, estudante de Avaré ques-tiona o presidente dos Estados Unidossobre sua ingerência em países pobres”.Era Boanerges, e o estudante de Avaréera uma alusão ao período em que fez osecundário naquela cidade.

O discurso de Boanerges, censuradopela USP, fez parte de uma tese de dou-torado apresentada ao curso de Lingüís-tica da Unicamp, que tem como título“O sujeito subversivo: uma leitura datragicidade”. A autora analisa três tre-chos do discurso escrito em 26 de de-zembro de 1965. São os seguintes: 1)“Nós sabemos, tranqüilamente, que oBrasil não é um país rico. Poderá vir aser isso; tem tudo para ser isso; mas nãoé”. 2) “...do inimigo mais cruel que pos-samos conceber: A MISÉRIA. E esteinimigo existe e todos sabem que eleexiste. E todos sabem que o dia em queele for exterminado, cessa essa guerraimpiedosa”. 3) “Este potencial resultan-te (da somatória das contradições) vaiaumentando dia a dia, até que um dia,que esperamos não esteja muito distan-te, seja tão forte, ao ponto de poder cor-tar os pulsos do gigante (sic) que sufocao nosso país, e então podemos dizer emvoz alta e para que todos ouçam: O Bra-sil é um país rico. O Brasil é um paíslivre. O Brasil vive em paz”.

Boanerges chegou a exercer a medi-cina por cerca de seis anos até desapa-recer na clandestinidade. Trabalhou e

fez residência no Hospital das Clínicas.

Médico dos terroristasBoanerges é considerado, ainda hoje,

por grupos de direita com sites na In-ternet, como “o médico da ALN”. Onome dele é citado na morte, em 8 demaio de 1969, do investigador de polí-cia de São Paulo, José de Carvalho, atin-gido com um tiro em assalto à União deBancos Brasileiros, em Suzano. TakaoAmano, um dos militantes da ALN,responsável pelo assalto, foi baleado nacoxa. Ele foi levado a um hospital deSão Paulo, onde foi operado por Boa-nerges. A ação, considerada na épocaespetaculosa pela imprensa, rendeu aomédico uma notoriedade nacional. Umcartaz com 11 pessoas, consideradas

O bar dos pais de Boanerges, em Ajicê,em 1951

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Boanerges, à direita, ao lado do paiFrancisco e do irmão Ciro, em 1951

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“terroristas” pelo governo, foi distri-buído em todo o país com o título “Pro-cura-se”. Para operar Takano,integrantes da ALN fizeram prisionei-ros todos os funcionários do hospital(médicos, enfermeiros, administrati-vos etc) até terminar a cirurgia.

A biografia de Bonaerges como “desa-parecido político” é baseada em dadosda repressão. Não há foto. Diz, no início,que ele vivia na clandestinidade desdeque prestou socorro a Francisco Gomes,irmão de Virgílio Gomes da Silva, inte-grante da ALN, que comandou o grupoque seqüestrou o embaixador americanono Brasil, Charles Elbrick.

Há ainda uma citação de uma proezade Boanerges no livro “Casa das Meni-nas”, romance de Inácio Araújo. Dizum trecho, segundo crítica publicada

na Folha de S. Paulo pelo jornalistaNelson de Sá. “O capitão Lamarca fezuma operação plástica, foi num hospi-tal aqui no largo Marechal Deodoro,em Santa Cecília. Ainda lembro o nometodo do médico, era Boanerges de Sou-za Massa. O Lamarca era um persona-gem fascinante, naquele momento: acensura aos jornais ainda não era com-pleta, e ele era percebido como umaespécie de Robin Hood. Essa operaçãoplástica foi feita ali, debaixo do narizda repressão. Logo depois, a coisa fica-ria bem mais brava”.

Treinamento de guerrilhaRelato em livros e entrevistas de mi-

litantes da ALN que sobreviverammostram que Boanerges foi, com com-panheiros de organização, fazer treina-mento em Cuba, em 1971. Ele saiu doBrasil como um dos “Sete do GrupoMarighella”, o mais perseguido pelarepressão. O grupo tinha esse nome emalusão a Carlos Marighella, fundador eprincipal dirigente da ALN.

Em Cuba, Boanerges uniu-se a ou-tros 27 militantes da ALN, em umaação de dissidência que culminou coma fundação do Movimento de Liberta-ção Popular (Molipo). O médico teriasido um dos principais articuladoresda idéia de dissidência.

Consta que a maioria dos militantesdo Molipo morreu ou desapareceu aochegar ao Brasil. Onze deles teriam sidoexecutados seqüencialmente, o que le-vou órgãos de segurança e até entida-des ligadas à esquerda a acatarem a teseque havia um informante entre eles.Como ninguém nunca mais teve notí-cias de Boanerges, ele chegou a ser osuspeito de delatar os companheiros.Essa tese nunca foi comprovada.

Entrevista feita pela professora daUniversidade Federal Fluminense, De-nise Rollemberg, com o ex-militante daALN, Domingos Fernandes, pôs maislenha na fogueira. Em certo trecho daentrevista, Domingos diz: “É. Tantoque eles em Cuba...Eu fui me encon-trar com eles num quartel do exércitocubano, porque eles já estavam saindodo treinamento...um médico, que di-zem que está vivo até hoje...” - a entre-vistadora interrompe e pergunta. “OBoanerges?”. E Domingos confirma.“O Boanerges. Eu fui me encontrar...”

Herói, traidor, terrorista? A história de Boanerges não tem fi-

nal. A própria Comissão de Familia-

res de Mortos e Desaparecidos

Políticos diz, em dossiê feito em 1996,

que a situação de Boanerges não havia

sido esclarecida. Consta que estava

preso, em 21 de junho de 1972. A Co-

missão afirma que ele “estava preso,

chegou a ser visto por outros presos

políticos, mas a sua prisão nunca foi

assumida pelos órgãos repressivos e

nem saiu versão oficial. Não se for-

mou convicção no grupo sobre o que

de fato ocorreu com ele”.

Mas é na pequenina Ajicê que nasce o

repúdio a essa interpretação, que macu-

la o nome do garoto prodígio, que saiu

do lugarejo à procura de novos horizon-

tes para a sua admirável inteligência.

O jornalista José Maria de Lima, da

Folha de S.Paulo, foi um dos mais ar-

dorosos defensores da versão heróica

de Boanerges (leia à página 10). Não

admitia a acusação feita ao amigo de

infância. Lima morreu sem conseguir

descobrir o que aconteceu com o médi-

co Boanerges de Souza Massa. �

Parte do livro de formados daFaculdade de Direito da USP. Únicareferência a Boanerges na escola. Elecolou grau em 1966

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Conheci José Maria de Lima, “Zé”, quan-do fui trabalhar na Folha de S.Paulo. Tínha-mos muita coisa em comum. Eu nasci emRancharia, São Paulo, e ele morou muitotempo em Ajicê, distrito de Rancharia.Nossas histórias, portanto, tinham perso-nagens comuns. Mutuávamos as particula-ridades da vida no bar “Sujinho”, que ficavano prédio ao lado do jornal, na Barão deLimeira. Quando chegávamos, o “Portu-ga”, dono do boteco, estendia uma canetae guardanapos de papel. Ele sabia que issoera necessário para “conversar” com oJosé Maria, que, acometido de cisticerco-se, fez uma cirurgia na cabeça e ganhouuma surdez precoce antes dos 30 anos.

Ele me chamava de boiadeiro. Mas tam-bém era um bom caipira, pois sua irmã,casada com fazendeiro, sempre morou emAjicê. Era neste paraíso rural, ao lado debois, galinhas e vacas, que ele arrumavafatos que compunham seus causos. E ar-rumou também uma cisticercose, que tan-to mal lhe causou.

Às vezes, ele se mostrava impotente di-ante dos fatos que o rodeavam. Conside-rava-se frustrado por não conseguir, devidoa sua surdez, investigar o paradeiro de umamigo, de Ajicê, que, ainda adolescente,saiu do distrito para estudar em São Paulo.Esse amigo, médico e advogado, foi dura-mente perseguido pelo governo militar nos“anos de chumbo” e desapareceu. Cha-mava-se Boanerges de Souza Massa.

O “Zé” me convenceu de uma coisa.Boanerges era um gênio. Cursou ao mes-mo tempo a Medicina na USP (períodointegral) e Direito na USP (Largo de SãoFrancisco). Ou seja, duas das mais exigen-tes escolas do país.

Quando o José Maria teve o problemada cisticercose, foi levado ao Hospital dasClínicas, a fim de fazer a cirurgia na cabeça.

Ele estava na maca, no corredor, aguardandooportunidade para ser operado, quando foireconhecido por Boanerges, que fazia resi-dência naquele local. Diante do estado deses-perador do amigo, que corria risco de morte,Boanerges levou a maca até o centro cirúrgicoe fez com que ele fosse operado. Sobroupara o jornalista, além da surdez e dificuldadena postura do corpo, a gratidão eterna ao mé-dico amigo que salvou a sua vida.

José Maria dizia que a última informaçãoque a família teve de Boanerges foi a de queele estava na França. Depois, ninguém maissoube nada. Um fato intrigava o jornalista. Eleafirmava que o médico nunca mais deu notí-cias à mãe, dona Laura, que, antes de mor-rer, ficou seis anos aguardando umamanifestação do filho. “Se ele estivesse vivo,com certeza teria ligado para saber da mãe.Ele dava muito valor para essas coisas e paraa família”, dizia José Maria, ao me convencera tentar investigar o paradeiro de Boanerges.

Eu sabia o quanto era importante para oJosé Maria ter notícias do amigo. Por isso, fuiatrás de informações. Uma delas dizia queBoanerges teria voltado ao Brasil e estariaclinicando em Taubaté. Fiz um rastreamentonos consultórios da cidade e nada do Boa-nerges. Fui até o pessoal do Comitê Brasilei-ro pela Anistia, que costumava terinformações sobre presos políticos e mili-tantes que haviam desaparecido na luta con-tra o regime militar.

A informação que me deram foi angustian-te: “Ulisses, esqueça esse caso, pois Boa-nerges esteve em Cuba e voltou ao país comum grupo do Movimento de Libertação Po-pular (Molipo). Todos do grupo foram mor-tos, menos ele, e isso leva a crer que eledelatou os companheiros em troca da sualiberdade”, explicou o advogado da Anistia.Ponderei que achava isso muito fantasioso,pois o José Maria, amigo de Boanerges, teria“n” razões para duvidar dessa acusação.

Quando narrei isso ao “Zé”, sua fisionomia

foi do estupefato ao raivoso em uma únicafeição. “Você acreditou nisso?”, perguntou-me cerrando os dentes e bamboleante(devido ao seu problema de postura). Aslágrimas vieram do fundo da alma. “Zé”era, apesar de tanto sofrimento, uma pes-soa dócil, solidária e amiga.

José Maria de Lima aposentou-se naFolha de S.Paulo e morreu anos depois.Voltei para Rancharia, mas acompanhei asua desditosa luta contra doenças, que in-sistiam em amargar a sua vida. Teve câncerno intestino. Foi operado. Os rins nãoagüentaram tanta adversidade e pifaram. Ahemodiálise judiou muito. Para limpar osangue, ele atravessava São Paulo três ve-zes por semana no carro da Irene, suadedicada esposa, ou até num táxi. Fez trans-plante. Houve rejeição. “Zé” suportou tudoisso com heroísmo.

Quando José Maria padecia de vilãs en-fermidades, li em uma matéria de páginainteira no Jornal da Tarde, que havia chega-do ao Brasil o francês Olivier Ledoit, quese dizia filho de Bonaerges de Souza Mas-sa. Na reportagem, ele afirmava ter certe-za que o pai estava morto, mas que gostariade obter informações sobre o seu passa-do. Não conseguiu nada.

José Maria e Boanerges já devem tercolocado em dia essa história que ficoumal contada aqui na Terra.

O JORNALISTA E O MÉDICO

Jornalistas Ulisses de Souza e JoséMaria Lima (à dir.), em Ajicê, em 1981

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DEPOIMENTOS DE EX-COLEGAS

A Revista da APM obteve tardia-mente as listas das turmas de 1965 dasFaculdades de Medicina e de Direitoda USP. Só foi possível contatar umpequeno número de ex-colegas da Me-dicina. Por isso, publicamos apenas trêsdepoimentos. A pergunta era a mesmapara todos: Como era o Boanerges naépoca de estudante?

“Homem das viagens”“Talvez seja esta a oportunidade de

enaltecer o nome de um caipirinha, hu-milde, que se formou em medicina edireito no mesmo ano, ambos pela USP,e que adorava as poesias de Augustodos Anjos. Foi por sua causa que nossaturma viajou à Europa (90 dias) nas fé-rias do 5º ano e no ano seguinte aosEstados Unidos (60 dias), completa-mente sem custos. Graças ao seu espí-rito empreendedor, estendeu essapossibilidade a outras escolas, ficandoconhecido como o “homem dasviagens”. Como tinha ideais políticos di-vergentes do governo da época, teve oseu discurso de formatura censuradopela Reitoria”.

Iglair PinhoIglair PinhoIglair PinhoIglair PinhoIglair Pinho, anestesiologista, pro-fessor titular da FMABC, 69 anos

“Boanerges pode ser definido comouma pessoa, no mínimo, contraditória. Deum lado bastante inteligente, de outro, umpouco desajeitado e aparentemente comdificuldades de lidar com algumas coisas prá-ticas da vida. Ele se lançou na políticaestudantil como candidato a presidente doCentro Acadêmico Oswaldo Cruz(CAOC). Os alunos do 5º ano eram tradi-cionalmente os candidatos a este cargo. Suaexperiência até então tinha sidoorganizar uma excursão com os colegasde classe para os Estados Unidos, junta-mente com vários professores que foramconvidados para dar um aspecto mais oficiale formal à excursão, para que não se pen-sasse que fosse apenas turismo. De ma-neira surpreendente, ele conseguiu apoiode um grande número de grandes compa-nhias farmacêuticas americanas, que paga-ram a viagem aérea, alugaram carros paragrupos de 5 e 6 alunos e estadia. Foi umaexcelente oportunidade para nós, certa-mente a primeira viagem para fora do país ea primeira de avião para a maioria dos estu-dantes. Organizou também uma viagem comseus colegas a diversos países da Europa,de navio e na Europa, de carro ou ônibus.Não participei, mas soube que também foibem sucedida.

Sua campanha eleitoral foi feita principal-mente nos corredores do CAOC, com a

“Boanerges de Souza Massa era uma pes-soa muito inteligente, acima da média, idea-lista, comunista declarado, era umrevolucionário e um poeta. Na fase de estu-dante, era uma boa pessoa, um batalhador,trabalhava para sobreviver e estudar. A meta

colaboração de seus colegas de chapa e sim-patizantes. Seu oponente era Eduardo Man-zano, também da mesma turma. Manzano(com sua namorada e futura esposa Helo-ísa) era reconhecidamente um ativista soci-al, com grandes preocupações em relaçãoao desenvolvimento e bem estar das pes-soas desamparadas, tanto do ponto de vis-ta médico, como social. De Boanerges,não fiquei sabendo muito em relação a suasposições naquele momento.

Um episódio muito marcante e até pito-resco foi o desfecho desta disputa. Tendoperdido a eleição para Manzano, Boaner-ges, da mesma maneira que Lutero, publi-cou no mural do CAOC uma carta, na qual,entre outras coisas, se confessava marxistae pedia desculpas a uma colega por tê-laenganado e não ter mencionado sua ten-dência política.

Boanerges saiu de evidência e só ouvi-mos falar dele bem mais tarde quando trou-xe uma pessoa ferida a um hospital eobrigou outro colega a operá-lo.

Depois disso entrou para a clandestini-dade e muito pouco se ouviu falar dele. Nãosoube como e quando desapareceu.

Era muito inteligente, provavelmente deorigem humilde, mantinha ótimas relaçõescom os demais colegas, com os quais man-tinha boa convivência”.

PPPPPaulo A. Abrahamsohnaulo A. Abrahamsohnaulo A. Abrahamsohnaulo A. Abrahamsohnaulo A. Abrahamsohn

dele sempre foi a política, a revolução mar-xista. Na nossa formatura fizemos uma via-gem à Europa, organizada e liderada peloBoanerges, que conseguiu patrocínio comlaboratórios farmacêuticos”.

YYYYYoji Koji Koji Koji Koji Kashiwagiashiwagiashiwagiashiwagiashiwagi, cirurgia geral, 66 anos

Meta: a política

CAOC

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Memória Viva

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ra uma tarde quente e ensolara-da, aquela terça-feira, 19 de se-

tembro de 2006, quando batemos àporta de uma casa no Jardim Europa,zona sul de São Paulo, com a missão deresgatarmos parte importante da histó-ria da Associação Paulista de Medici-na (APM). Quase cinqüenta anos antes,em 1956, Darcy Villela Itiberê estavaprestes a assumir a presidência desta as-sociação para o biênio 1957-1958. Suacampanha estava a pleno vapor e eranotícia nos jornais da época, em espe-cial no periódico A Gazeta. Seu oposi-tor era Mario Degni.

Ao chegarmos, na hora marcada, o fi-lho de Darcy, José Luiz, de 71 anos, jáestava a nos esperar. Com cordialidade,

Darcy Villela Itiberê conta um pouco das memórias quemarcam seus 100 anos de vida

apresentou-se e nos convidou a entrar.Parecia que estávamos voltando no tem-po. A casa antiga não tem muros altoscomo as vizinhas, é acolhedora e nemprecisaria quem nos convidasse a entrar.Uma sala espaçosa, cheia de móveis eobjetos antigos, fotos de todas as épo-cas. Não há sinal de tecnologia ou mo-dernidade por ali, nem mesmo umatelevisão. A decoração guarda, com ele-gância, um tempo que se foi.

Somos convidados a entrar mais umpouco. Passamos por uma longa escadaque leva até o andar de cima do sobra-do. De um lado, a porta da cozinha; deoutro, a que leva à biblioteca. Sentadoem uma poltrona, ali está ele: DarcyVillela Itiberê, do alto dos seus 100

anos. Simpático, ele se levanta com umpouco de dificuldade para nos cumpri-mentar. Estende as mãos e lança umolhar curioso. Senta-se.

Sabe que somos da Associação Pau-lista de Medicina. Nem preciso fazer aprimeira pergunta e ele já está respon-dendo. “A Associação estava sendo fun-dada quando eu entrei”, recorda-se. Naépoca, em 1932, voltava a São Paulo,depois de estudar Medicina na Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro, ondese formou. Depois, especializou-se emurologia lá mesmo, trabalhando comoassistente do professor Jorge Gouveia.“Ele era um grande cirurgião”, faz ques-tão de dizer.

Quando chegou a São Paulo, foi tra-balhar para o serviço do professorBenedito Montenegro, no SanatórioSanta Catarina e na Santa Casa de SãoPaulo. Era ano da Revolução, 1932,e Darcy foi combatente médico naregião de Barretos.

Com uma memória espetacular, lem-bra que não havia especialistas em uro-logia na época em que chegou a São Paulo.As pessoas procuravam tratamento no

O médico foi combatente naRevolução de 32

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LUCIANA ONCKEN

LEANDRO DE GODOI

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Rio de Janeiro, com seu professor, queacabou indicando o aluno para váriosde seus pacientes paulistas. Darcy aten-dia a uma clientela selecionada. Até re-centemente, guardava os prontuários dosmilhares de pacientes que atendeu du-rante 60 anos. Durante seu período deatividade, atuou na clínica urológica doHospital Santa Catarina.

A partir de sua associação à APM,passou a se envolver cada vez mais nasatividades da entidade, onde ocupou di-versos cargos, nas gestões de Jairo Ra-mos e de Benedito Montenegro, comquem trabalhava no Santa Catarina. “Eutinha muita paixão pela associação. Che-guei a ocupar todos os cargos e sempreprocurei dar o melhor desempenho”.

Na APMEm 1936, ele ocupou seu primeiro

cargo na instituição, como 2o secretá-rio na presidência de Enjolras Vampré.A partir daí, foi vice-presidente, presi-dente do Conselho Deliberativo doDepartamento de Previdência, presi-dente da diretoria executiva deste mes-mo departamento, presidente, por trêsvezes, do departamento de Urologia,delegado das assembléias da APM e daAMB e, na segunda gestão de Jairo Ra-mos, secretário geral.

O auge veio de 1956, quando foi con-vidado a suceder Jairo Ramos, que jáhavia sido presidente por duas vezescom desempenho destacado. Sua res-ponsabilidade era grande como candi-dato da situação. E a disputa foi acirradacom o cirurgião vascular Mario Deg-ni, que acabou assumindo a gestão pos-terior, de 1959 a 1960.

O periódico A Gazeta, de 27 de no-vembro de 1956, uma terça-feira, pu-blicou entrevista com o candidato DarcyVillela Itiberê, então com 50 anos. No

dia anterior, havia publicado a entrevis-ta de seu oponente. O jornal dedicaraquase meia página a cada um deles.

“Por aí, os meus colegas podem verque é respeitável a minha folha de ser-viços à Associação e à classe”, diziaDarcy na reportagem, após apresentaros cargos que já havia ocupado na enti-dade. “Esta é a minha credencial maisimportante para merecer os votos cons-cientes dos médicos do Estado de SãoPaulo. Quero prometer pouco, para re-alizar muito. Nada de promessas aci-ma das minhas possibilidades”.

Viver mais de cem anos talvez não es-tivesse em suas promessas. Mas Darcyvem vivendo e realizando muito, tantona vida profissional, como na associati-va, e na vida familiar. Tem dois filhos,José Luiz, médico que não exerce a pro-fissão, preferiu se dedicar à fazenda dafamília, e Maria Cecília, que se dedica àmúsica como docente da Escola de Mú-sica da Fundação Magda Tagliaferro.Tem seis netos e 13 bisnetos.

Sobre um dos móveis da biblioteca,um álbum de fotografia de seu aniver-sário de 100 anos, comemorado em

A história de vida de Darcy Itiberê já foi contada em livro

A Gazeta, de 1956, entrevista o médico sobre eleições na APM

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junho deste ano. Com as mãos frágeis,mostra com orgulho as fotos dele po-sando com as netas. Sorri. O filho JoséLuiz abre uma gaveta, onde cuidadosa-mente estão guardados os recortes dejornal dos tempos em que ele presidiu aentidade. Darcy pega um recorte, lêsem óculos a manchete de A Gazeta:“Vence as eleições por 290 votos o pro-fessor Darcy Villela Itiberê”. E soltanovamente uma risada.

Ainda na reportagem de A Gazeta, Iti-berê fala sobre suas propostas para a ges-tão. Entre elas, ações junto à Previdência,uma preocupação também de MarioDegni. Havia necessidade de aumentaros benefícios aos médicos junto ao ór-gão, como aumento no auxílio-doença eauxílio-hospilar, buscando melhorar aassistência à saúde dos médicos. Na épo-ca, só havia convênios com o Hospitaldas Clínicas. Os dois candidatos preten-diam trabalhar nesta frente.

Um dia após as eleições, em 29 de

novembro, exatamen-te na data em que aAPM comemorava 26anos, saiu o resultadoque apontava a vitóriado urologista sobre ocirurgião vascular. Amatéria da qual o dou-tor Darcy leu a man-chete dizia da suavantagem sobre Deg-ni: “O pleito decorreudentro da máxima cor-dialidade, em ambien-te acadêmico. Com avotação total da capi-tal já apurada, esta ma-drugada, e comvotação de 1.046 mé-dicos do interior doEstado, pode-se adian-tar que o professorDarcy Villela Itiberê venceu o pleitopor uma diferença de mais ou menos300 votos”.

O médico enfrentaria, em sua gestão,uma situação financeira complicada.Houve um aumento de despesas, semaumento correspondente de receita. Foifeita uma campanha entre os sócios,intitulada “Campanha da redenção eco-nômica da APM”, com o objetivo deangariar fundos.

O seu programa contava com outraspropostas, como fomentar a cultura eas atividades sociais. Sua intenção eracriar programas que fizessem com queo sócio freqüentasse a sede da entida-de. A questão científica também erauma de suas preocupações. Para ele, eraimportante criar condições para a edu-cação continuada e para que os profis-sionais da época tirassem o título deespecialista. E, por fim, Darcy lutavapela socialização da medicina. Para ele,os médicos estavam perdendo espaço esendo marginalizados nas instituições

governamentais. Sendo assim, eramnecessárias ações que coibissem esseprocesso, como projetos para regula-mentação da atividade, da carga horá-ria e salários dos profissionais.

Na visita daquela terça-feira, o mé-dico ancião lembra da sua atividadeprofissional. Foi professor titular dacadeira de Cirurgia Urológica da Fa-culdade de Medicina de Sorocaba, ati-vidade que exerceu por muitos anos.Também foi médico do serviço de uro-logia da caixa da Light, depois do IA-PFESP. Recebeu o título delivre-docente pela Faculdade de Medi-cina do Rio de Janeiro, com distinçãoem todas as provas, em 1937. Foi mem-bro de bancas examinadoras de concur-sos da Cadeira de Clínica Urológica daFaculdade de Medicina da Universida-de de São Paulo (FMUSP).

O decano da medicina recebeu vári-os prêmios na APM por seus trabalhospublicados. Recebeu os prêmios ACCamargo e Honório Líbero. Em 1999,

José Luíz, filho de Darcy

Jornal da época cobre eleição na APM, vencida por Itiberê

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aos 93 anos, foi homenageado pela So-ciedade Brasileira de Urologia do Riode Janeiro, por sua atuação em prol daespecialidade.

FamíliaDarcy Villela Itiberê é paulistano de

origem portuguesa. Conta que o avô erafundador de uma fábrica de chapéus. Avontade de ser médico surgiu ainda nainfância. Não era um esportista. Sem-pre gostou de estudar, ler, especialmen-te Machado de Assis, de sair com amulher e a família em encontros socais.“Eu gostava mesmo era de ganhar prê-mios”, revela. A sua biblioteca ocupaduas enormes estantes. Há coleções emcapa dura. E muitas edições de Macha-do e de Jorge Amado.

Apesar da dedicação à vida profissi-onal e associativa, Darcy dedicava-semuito à família. Casou aos 27 anos,cedo para um médico. “Minha vidasocial e médica foi um sucesso absolu-to”, garante. Lembra com carinho daesposa, Aida, com quem viveu mais de50 anos. Foi aos 84 anos que ela partiu.Isso, no início dos anos 1980.

Durante a visita a sua casa, o médicofaz questão de que a enfermeira nosacompanhasse até o andar de cima do

sobrado. Toda a casa, especialmente asparedes da biblioteca, é forrada de lem-branças. São fotos da família. Uma telacom seu retrato pintado. Outra, comAida. Diplomas, certificados, prêmi-os. No andar de cima, em sua homena-gem, a enfermeira Lúcia, que oacompanha há quase 15 anos, fez de umquarto uma espécie de Museu, ondependurou todas as homenagens nas pa-redes. Entre as relíquias, móveis doséculo XIX e do início do século XX.

A tradição é algo que tem peso para afamília Villela Itiberê.

Na casa, mora só Darcy e Lúcia. Nosturnos, também se revesam Isaías eCristiano. Lúcia conta que, todos osdias, Itiberê sobe e desce a escada dosobrado. Sempre arrumado. Tambémtodos os dias, atravessa a rua para ir àIgreja São José. Os filhos o cercam comcarinho. José Luiz acompanhou toda aentrevista, sempre auxiliando o pai alembrar suas histórias. Já a filha MariaCecília chegou ao final da entrevista,feliz por estarmos ali prestando umahomenagem ao seu pai.

No dia da visita, Darcy Villela Itibe-rê havia acabado de receber o convitepara a homenagem na Associação Pau-lista de Medicina. Disse que não sabese vai. “Ele sempre diz isso, mas acabaindo”, entrega o filho.

Enquanto conversávamos, de vez emquando o nosso ancião parava, sorria,como quem lembra de outras passagensde sua vida. O olhar se perdia no espaço.Parecia olhar ao longe, certamente ondenão podemos enxergar. Era um riso gos-

toso, terno, de boas lembranças. �

O médico sempre foi fã dos escritores Jorge Amado e Machado de Assis

Darcy Itiberê recebeu várias homenagens em sua carreira médica

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HADRIANA REIS

Benefíciosda fé

ouve um tempo, na história da

humanidade, em que os fenô-

menos eram explicados exclusivamen-

te sob o aspecto mágico. Tudo aquilo

que o homem via, mas não conseguia

compreender, era justificado como algo

transcendental. Isso incluía a busca por

respostas a nossas doenças. A religião

foi, portanto, importante para que o

homem desse seus primeiros passos no

entendimento sobre o mundo. A huma-

nidade se transformou e, com o passar

do tempo, experimentou, fez descober-

tas e criou técnicas. Aprendeu a reali-

zar as pesquisas que trouxeram

explicações racionais para nossas dú-

vidas. Pouco a pouco, deixou de lado o

conhecimento que não pudesse ser

comprovado cientificamente. A Medi-

cina também evoluiu, ficou mais pre-

cisa e pôde salvar mais vidas.

Afastou-se daquilo que não provinha

da Ciência. Alguns profissionais come-

çam, agora, a refazer este caminho. Não

Profissionais da Medicinaelaboram estudos paracomprovar a influência daespiritualidade na saúde docorpo e da alma Sérgio Oliveira: “paciente que acredita em algo maior reage melhor à doença”

mais para obter uma explicação dos fe-

nômenos, já que isso os métodos cien-

tíficos se incumbiram de fazer. A

intenção é perceber o homem em sua

dimensão integral, ou seja, o lado fisio-

lógico e também o espiritual. Esses

médicos se dedicam a estudar de que

forma a relação de seus pacientes com

o transcendental tem influenciado sua

saúde. Em outras palavras, eles procu-

ram responder para si mesmos: a fé in-

terfere na saúde da pessoa?

O surpreendente, segundo estes pro-

fissionais, é que a resposta tem sido

positiva, nos mais diferentes tratamen-

tos e até mesmo na prevenção. O pri-

meiro ponto foi constatar que a pessoa

ligada a uma religião leva, geralmente,

uma vida mais saudável, porque os pre-

ceitos e dogmas acabam a afastando de

certos vícios, como o cigarro e a bebi-

da alcoólica. “Ao seguir uma religião,

essa pessoa não fuma nem bebe exage-

radamente. Sabemos, por exemplo, que

o cigarro é o principal causador de

morte por problemas do coração”, afir-

ma o cardiologista Edmar Santos, da

Sociedade Brasileira de Cardiologia.

“Isso”, destaca o médico, “vale não

somente para quem segue uma religião,

mas para qualquer um que adote um

comportamento semelhante”. “É que,

normalmente, estes hábitos mais sau-

dáveis acabam vindo a quem vive sob

os preceitos de uma religião”, explica.

Sinal de esperançaMas não é apenas uma vida mais sau-

dável que a ligação com o espiritual pro-

porciona. Outro ponto fundamental é a

Tema é pesquisa em projeto

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relação que a pessoa com fé desenvol-

ve com a própria vida e o modo como

encara a morte. “O paciente que acre-

dita em algo maior reage melhor à do-

ença, porque sua postura é de

esperança. Emocionalmente, a pessoa

fica mais tranqüilizada e isso acaba fa-

vorecendo o tratamento”, defende o

médico neurocientista Sérgio Felipe de

Oliveira, que desenvolveu estudos

nessa área. Ele também idealizou o

projeto UniEspírito – Universidade

Internacional de Ciências do Espírito,

que pretende unir os profissionais de

diferentes localidades, interessados

em realizar pesquisas e estudos sobre

o tema.

Oliveira já palestrou em inúmeros

cursos a médicos interessados no assun-

to – inclusive para a APM, na regional

de Araçatuba, em 2004 – e acredita que

a Medicina caminha para esse entendi-

mento multilateral do ser humano, in-

cluindo o lado espiritual. “A própria

OMS (Organização Mundial da Saúde)

já incluiu a espiritualidade entre os as-

pectos que determinam a qualidade de

vida. O médico que ignorar isso ficará

desatualizado”, afirma.

Nos Estados Unidos, onde essa dis-

cussão é mais antiga, já existem cursos

de Medicina e Espiritualidade em qua-

se todas as universidades. Grande par-

te das pesquisas realizadas naquele país

mostra a influência da religião: 95% da

população crê em Deus e 57% reza ao

menos uma vez por dia. Segundo esses

estudos, os médicos norte-americanos

são menos religiosos que a população

em geral. Outro dado foi constatar, num

grupo de 272 pacientes da terceira ida-

de, que aqueles que iam às igrejas pelo

menos uma vez por semana tinham 50%

menos falecimentos por doenças coro-

nárias, enfisema e suicídio e 75% me-

nos de morte por cirrose.

No Brasil, ainda não há dados tão

precisos, mas algumas pesquisas já co-

meçam a surgir. Uma delas foi a disser-

tação de mestrado do psiquiatra

Frederico Carneiro Leão, que verificou

a influência da espiritualidade no tra-

tamento de pessoas com deficiências

mentais. Ao acompanhar um grupo de

pacientes assistidos pela instituição

Casas André Luiz, Leão comprovou o

efeito positivo das práticas espirituais

como terapia complementar. “Essas

práticas não competem com a ação

médica e o tratamento convencional, é

bom mencionar, mas caminham em

harmonia”, explica.

Vida em grupoAlém dos benefícios no tratamento

Projeto inclui espiritualidade entre aspectos que determinam a qualidade de vida

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de doenças, os médicos têm identifica-

do que o envolvimento espiritual tam-

bém tem resultados positivos na

prevenção. O fato é que, segundo eles,

normalmente a pessoa que segue uma

religião adquire uma motivação psíqui-

ca e uma interação social que levam ao

bem-estar. “Esse comportamento, a

possibilidade de conviver com um gru-

po e de se sentir acolhido por ele dimi-

nui a chance de depressão”, aponta o

cardiologista Edmar Santos. Em casos

mais extremos, pode-se dizer que a es-

piritualidade diminui as chances de um

suicídio, porque a crença em algo mai-

or deixa as pessoas mais preparadas

para as adversidades da vida, que cer-

tamente virão.

No Hospital das Clínicas de São Pau-

lo, por exemplo, a capela recebe paci-

entes, médicos, enfermeiros e

familiares diariamente. Aos fins de se-

mana, são celebrados cultos ecumêni-

cos e missas e há sempre um padre de

plantão para confortar e dar apoio a

quem procura. “Nossa atuação não é

puramente religiosa. Damos um apoio

humano, psico-religioso, procuramos

prestar assistência aos enfermos e a to-

dos os que cuidam do paciente”, afir-

ma padre Anísio Baldessin, que faz este

trabalho no hospital há 14 anos, desde

que foi ordenado.

Segundo o neurocientista Oliveira,

para que a fé tenha efeito real sob o

indivíduo, é necessário que seu envol-

vimento com a espiritualidade não

seja “um processo de barganha”. “É

preciso que a pessoa busque alicerces

existenciais que permitam o autoco-

nhecimento”, acredita. Ele também

destaca o papel do médico em fazer

com que a pessoa não abandone o tra-

tamento. “A espiritualidade deve es-

tar agregada a outros itens. É uma

integração de sistemas”.

Estudiosos do tema concordam que

os médicos, de modo geral, estão mais

abertos hoje para entender a formação

integral de seus pacientes, respeitando

O neurocientista Sérgio Felipe

de Oliveira defende que o médico

valorize a fé de seu paciente. “A

população brasileira não dissocia

Ciência de religião. Basta a pessoa

enfrentar uma doença que ela pro-

cura um hospital e uma igreja. É

da cultura do brasileiro. O fato de

haver capelas dentro dos hospitais

é mais uma mostra disso”, afirma.

e lidando melhor com seus aspectos

religiosos, o que é considerado um avan-

ço. Esses profissionais reconhecem

também a dificuldade em ultrapassar

os preconceitos gerados pelo assunto,

até mesmo por conta de algumas tenta-

tivas de se descobrir, com pesquisas, a

eficácia da oração sobre os pacientes.

“O problema é que essas pesquisas que

se pretendiam científicas tinham sérios

problemas de premissas. Queriam pro-

var que a pessoa reagia melhor ao tra-

tamento quando alguém orava por ela.

O que podemos dizer é que, talvez, o

fato de essa pessoa saber que rezavam

pela sua recuperação trouxesse mais

tranqüilidade”, afirma Santos. E é exa-

tamente para evitar que profissionais

mal-intencionados se apropriem desse

trabalho, que Santos defende maior

envolvimento dos médicos com o as-

sunto. “Há um vasto campo a ser pes-

quisado e é preciso desenvolver mais

estudos sobre a medicina e a espiritua-

lidade. Não podemos nos negar a pes-

quisar isso”.

A questão, para eles, não é provar a

existência de algo maior que interfira

na vida humana, nem defender que to-

dos têm o destino traçado. O que im-

porta, mais uma vez, é promover a

saúde e prolongar a vida. E se, para isso,

a espiritualidade surge como um bene-

fício extra, ela não deve ser ignorada.

Como resume o cardiologista Santos,

“para nós, médicos, o milagre é a pró-

pria vida. Lidar com isso é maravilho-

so. Não preciso ver mais do que já vejo:

ajudar uma criança a nascer, ver o sor-

riso do idoso. Trabalhar diretamente

com isso já é o milagre em si”. �

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6 No rosto do céu

- E

CARLA NOGUEIRA

LUCIANA ONCKEN

stou aqui.

Foi com esta frase curta

que a cirurgiã plástica Ana Elisa Bos-

carioli, 40 anos, premiou sua longa jor-

nada até o “rosto do Céu”, como é

conhecido, no Tibete, o Monte Everest,

situado na Cordilheira do Himalaia (en-

tre o Nepal e o Tibete - China).

Cerca de onze horas antes, havia se

iniciado o ataque ao cume (como é

chamada a caminhada final até o pon-

to mais alto da montanha). Era noite

de 18 de maio deste ano, por volta de

23 horas. A lua cheia fazia o cenário

na “morada das neves”. Seu brilho

Ana Elisa Boscarioli, especialista em cirurgia plástica,consegue ampliar seu limite e chega ao cume do Everest, omonte mais alto do planeta

clareava o caminhar daqueles peque-

nos grandes heróis.

O percurso, feito pela face sul da

montanha, o lado do Nepal, parecia

sem fim. Para quem estava ali, cada

passo já era uma vitória. Ventos de alta

velocidade passavam de 100 km/h, a

temperatura média era de 60o C negati-

vos. Faltavam lugares seguros para hi-

dratação, alimentação e descanso.

Obstáculos mínimos diante do objeti-

vo maior: suplantar o desafio de chegar

ao pico da montanha mais alta do pla-

neta, a 8.850 metros de altitude. “A sen-

sação térmica era de muito frio.

Ficamos horas sem comer e sem beber

água. A falta de oxigênio durante a es-

calada dificulta o raciocínio, tudo é

muito difícil. Não pensei em desistir

em momento algum”, relata Ana, a pri-

meira mulher brasileira a chegar lá.

Os montanhistas contam com uma

proteção extra. A religiosidade da mon-

tanha é algo latente. Os sherpas (guias),

antes de iniciarem a expedição com os

montanhistas, vão ao monastério onde

o Dalai Lama ora pela segurança e pro-

teção do ataque ao cume e pede licença

O Everest tem 8.850 metros de altitude

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à montanha. Mas também é preciso

uma boa dose de determinação. E isso

não faltou para Ana Elisa. “Lá era pre-

ciso muita força de vontade para não se

deixar abater. O tempo “mina” muito

a resistência física e psicológica da pes-

soa. Vi muitos homens fortes indo em-

bora chorando porque não agüentaram

o dia-a-dia da montanha”.

Entre as dificuldades apontadas pela

médica estão, dividir a barraca com

mais duas pessoas, homem ou mulher,

e as necessidades fisiológicas que mui-

tas vezes tinham de ser feitas dentro das

barracas por causa das condições cli-

máticas. Eles tinham de fazer água, des-

congelando o gelo, cozinhar em

fogareiro. “Acabamos nos adaptando à

falta de banho, privacidade e descon-

forto. Afinal, estamos ali para cumprir

um objetivo.”

- Estou aqui.Frase curta que precisava ser dita para

se acreditar naqueles 15 minutos que

ela permaneceria ali sentada. Tempo

para se recompor do cansaço físico e

emocional. Ana Elisa estava lá, mas

para chegar lá foram anos de preparo,

dias de caminhada, ausência de vida

pessoal e profissional. Todo o preparo

físico e psicológico, o sacrifício pesso-

al, para apenas alguns minutos de gló-

ria. É o preço do sonho. Do desafio

alcançado. Da meta atingida.

Mas não é hoje que ela se aventura

por aí. Ana Elisa é daquele tipo de pes-

soa que precisa de adrenalina. Que tem

não só espírito de aventura, mas que se

joga de corpo e alma nos desafios que o

esporte impõe. Esportista desde criança,

Para escalar e tocar o “rosto do céu”, a médica preparou-se durante seis anos

A “morada das neves” abriga os visitantes do monte Everest

Suplantando obstáculos

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já praticou natação, ginástica olímpica,

atletismo, corridas de aventura, ciclis-

mo e triatlon. Nem é preciso muita pers-

picácia para perceber isso em seu tipo

físico, em seu jeito agitado.

Para estar ali, Ana Elisa demorou seis

anos até escalar o seu sonho. Passou por

outros treinamentos, como o curso re-

alizado na companhia do amigo mon-

tanhista, Vitor Negrete (veja BOX),

com a Grade VI. Estudou fisiologia em

altitude. Participou do curso de escala-

da em rocha. Para ganhar experiência

em alta montanha, começou a ir às

montanhas da América do Sul, na Bolí-

via e Argentina. Em 2003, guiada por

Negrete, conquistou o primeiro grande

marco, ao chegar ao topo do Monte

Aconcágua, por meio da Via Direta da

Rota dos Polacos. Ali, também deixou

a sua marca de primeira brasileira a

conquistar o feito.

Os montanhistas têm que vencer o cansaço e o silêncio da montanha

Já com o Everest, o primeiro encon-

tro foi em 1999, quando participou de

um trekking e viu o monte do acam-

pamento base. “Foi paixão à primeira

vista. Olhei para cima e vi o cume, não

resisti à tamanha beleza. A partir daí,

escalá-lo passou a ser o sonho da minha

vida”, dispara, entusiasmada.

- Estou aqui.Sim, Ana estava lá. Mas chegar lá sig-

nifica ter de voltar. E aí é que o cuida-

do tem de ser redobrado, já que os

grandes acidentes acontecem na desci-

da. Era preciso retornar com seguran-

ça. Vencer o cansaço e o silêncio (a falta

de oxigênio impede que os montanhis-

tas conversem entre si). “Os sherpas (os

guias) estavam preocupados com a pos-

sibilidade do tempo piorar e pegarmos

alguma tempestade na volta”, relata.

Era preciso voltar carregando tudo,

os equipamentos, a alimentação, o ci-

lindro, a roupa. Enfrentar o frio. “Por

uma defesa psicológica, procurava não

saber muito qual era a temperatura. Só

Ana Elisa mostra fotos de montanhas que já escalou

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Foto: Arquivo pessoal

Foto: Osmar Bustos

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sabia que estava muito frio. O proble-

ma é a sensação térmica provocada pe-

los ventos que passam de 100km/h”.

Frio que as várias camadas de roupas,

tentam segurar. A mochila que Ana

Elisa carregava pesava 18 quilos. Era

preciso levar tudo de volta e mais a ex-

periência daquela manhã. Só que, ao

contrário dos equipamentos, a alegria

de chegar ao cume do Monte Everest

parecia deixar tudo mais leve.

- Estou aqui.E para estar ali, Ana Elisa teve de

deixar a rotina profissional e familiar.

Teve de ficar ausente da sua vida ao lado

do marido, Lamberto, e da filha, Fran-

cesa. Teve de se ausentar de seu con-

sultório, da vida de seus pacientes. E

nessa história, foram 60 dias.

Ela garante que tem o apoio da famí-

lia e dos amigos. “Meu marido é meu

apoio sempre e cuida da nossa filha

quando estou nas atividades de esporte

e ação. Ele fica orgulhoso com tudo o

que tenho conseguido, tanto na área

profissional, como na esportiva”, des-

taca com alegria, mas deixa escapar a

preocupação e o receio que marido tem

quando ela está fora.

Do lado profissional, Ana Elisa

programou todas as consultas e cirur-

gias para serem realizadas antes da sua

partida. Além de contar com o apoio

constante da assessora de imprensa

Sueli Rumi, grande amiga, com quem

mantém comunicação direta pelo te-

lefone satelital, inclusive para saber

de seus pacientes.

“Ser médica sempre, em qualquer

lugar, em qualquer momento. Mas tam-

bém somos seres humanos e merece-

mos, como todos, fazermos aquilo que

nos dá prazer. O esporte de ação, para

mim, é uma válvula de escape, onde

posso descarregar o estresse, ter adre-

nalina e enfrentar muitos desafios. Es-

tes fatores fazem parte da minha vida.

Gosto muito disso tudo”, evidencia

com garra.

Ventos que passam de 100 km/h são um dos principais obstáculos

O peso dos equipamentos e das roupas é compensado pela alegria de subir ao topo

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- Estou aqui.Ana Elisa esta lá, mas muito antes

disso, esteve em Igarapava, cidade do

interior de São Paulo, onde nasceu.

Morou em Juquiá. Aos dois anos, com

os pais João e Terezinha, com os irmãos

Ana Paula, Sérgio e José Pedro, mu-

dou para Campinas. Passou lá a infân-

cia e adolescência e a juventude e

estudou medicina, na Faculdade de Me-

dicina da Universidade de Campinas

(Unicamp). “Desde pequena desejei ser

médica”, faz questão de declarar. Com

habilidade manual, interessou-se pela

cirurgia plástica.

Atualmente, Ana divide-de entre São

Paulo, Americana e Campinas, nas dez

horas diárias de dedicação à profissão,

mas ainda encontra tempo para admi-

nistrar a casa e cuidar da filha. “O fato

de você lidar com vários assuntos ao

mesmo tempo acaba sendo um preparo

psicológico para a montanha. Assim

como ir até a montanha também faz

com que o meu lado psicológico se for-

taleça para a medicina”, filosofa.

- Estou aqui.Ana Elisa podia ter dito qualquer

outra frase: “Eu consegui”, “Cheguei”.

Mas nenhuma melhor do que “estou

aqui” para definir aquele momento da

sua vida. “Estou aqui” é simples e não

encerra nada. Dizer “estou aqui”, foi

como dizer “estou viva”. É pensar:

“hoje estou aqui, mas quero estar em

tantos outros lugares”.

Sim, Ana Elisa estava lá, mas este é

só o segundo dos sete marcos que ela

quer atingir. Ana Elisa tem uma meta,

chegar aos sete cumes das sete mais al-

tas montanhas dos sete continentes.

“Estou super feliz e orgulhosa de reali-

zar o meu sonho. Não acho que o ser

humano seja ilimitado, mas nós conse-

guimos ampliar os limites”. Qual o li-

mite de Ana Elisa Boscarioli? “O limite

só acontece quando a coisa passa de

desafio para um risco incontrolável.

Acho que todos temos, sim, um limite,

seja ele físico ou psicológico. Mas se eu

disser que eu não quero mais, estou

mentindo”, confessa.

Ana Elisa continua querendo, até di-

zer pelo menos mais cinco vezes, no

topo do mundo, esta curta e simples frase:

- Estou aqui. �

Ana Elisa dedica dez horas diárias à profissão

A médica foi a primeira brasileira a chegar ao topo do Everest

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Osmar Bustos

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Tributo a Vitor Negrete

com seu amigo e parceiro de montanhismo,Rodrigo Raineri”, conta Sueli. Mas Vitor nãoseguiria o conselho da assessora.

O brasileiro pediu ao sherpa que o aguar-dasse no acampamento, a 8.300 metros dealtitude, e seguiu sozinho, como havia pla-nejado. Cansado, pediu ajuda ao guia. De-pois de atingir o cume, Vitor levou seis horaspara descer cerca de 200 metros. Foi, en-tão, resgatado pelo sherpa Ang Dawa, comajuda de Pechumbi, o outro sherpa da ex-pedição brasileira. Conseguiram retornar aoacampamento 3. Foi hidratado, recebeuoxigênio, foi aquecido com suco morno.Conversou com os sherpas. O montanhistaestava extremamente cansado e não resis-tiu. Morreu no dia seguinte, 19 de maio,mesmo dia em que Ana atingiria o cume.

Sueli recebeu a notícia da morte de Vitorpor meio de Rodrigo. “Tive de ser forte.Segurar para não comentar com Ana queestava descendo o Everest”. A segurança daatleta era prioridade.

“Quando soube do Vitor, liguei pro mari-do de Ana e combinamos de não comentarnada até que ela estivesse numa altitudesegura. Mas a Ana percebeu que tinha algode errado e me ligou no dia seguinte, doacampamento 4 (a cerca de 8 mil metros) ede cara perguntou do Vitor. Eu apenas dis-se: não tenho notícias boas”.

- Você está enganada. Ele não morreu. OVitor é imortal – respondeu à amiga.

Vitor está lá, no colo do Everest, chama-do no Nepal de Sagamartha, ou Deusa Mãedo Universo. É lá que ele repousa.

O Brasil perdeu, este ano, mais precisa-mente em maio, o montanhista Vitor Ne-grete. Amigo e guia da médica montanhistaAna Elisa Boscarioli

Os dois tiveram uma relação forte de ami-zade. Ana aprendeu com Vitor a desafiar omedo e conquistar o pico do Monte Everest.Vitor era o ídolo de Ana. Sua maior inspiração.

Naquele 18 de maio, enquanto Ana faziao seu trajeto de ataque ao cume pela facesul da montanha, Vitor estava do outro lado,na face norte, “despedindo-se” do seu mai-or prazer na vida: o montanhismo. Ana, noNepal. Vitor, no Tibet. Ana, a caminho derealizar o seu grande sonho. Vitor, a cami-nho de eternizar o seu legado.

No Brasil, a assessora de imprensa eamiga de Vitor e Ana, Sueli Rumi, acompa-nhava as duas expedições dos dois brasilei-ros, via telefone satelital, e recebeu as últimaspalavras do brasileiro. Sueli estava divididaentre a alegria de ver Ana atingir seu objeti-vo e a sensação de que havia alguma coisade errado com Vitor.

- Daqui a pouco vou sair – comunicouà assessora.

“Falei com ele mais ou menos uma horaantes dele atacar o cume. Ele ainda estavano acampamento 3 (onde morreria no diaseguinte)”, relembra emocionada.

O montanhista brasileiro ainda avisou àamiga que atacaria o cume sem sherpa (guia)e sem oxigênio de emergência. “Falou tam-bém que estaria sem telefone porque suabateria estava acabando. Perguntei a ele arazão desta decisão e aconse-lhei que ele comentasse isso

Ana Elisa no Dedo de Deus:um tributo a Vitor Negrete

Foto: Arquivo pessoal

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6 ADRIANA REIS

- O que você quer ser quan-

do crescer?

- Médico.

A convicção pela escolha da ativida-

de profissional chega cedo aos médicos

da família Hungria. Eles são fisgados

pela paixão que tem atravessado gera-

ções, há quase cem anos. Medicina cor-

re no sangue deles. É como se fizesse

parte da herança genética. A profissão

tem seduzido a família desde o começo

do século passado. O primeiro médico

da família Hungria formou-se em 1912.

O mais novo, concluiu o curso em

2002. São quatro gerações de médicos,

que aprendem com seus antecessores a

admirar o ofício como a uma arte.

O primeiro a se tornar médico na fa-

mília foi José Soares Hungria, em 1912.

Mas, para entender sua história, é pre-

ciso antes voltar no tempo, para os anos

de 1820, quando dois irmãos húngaros

decidiram deixar seu país – que ainda

vivia sob domínio do império Austro-

Para a família Hungria,escolha pela Medicina é umapaixão que passa de avô parapai, de pai para filho...háquatro gerações

Húngaro – e vieram para Brasil. Foram,

provavelmente, dos primeiros húnga-

ros a se estabelecer por aqui. Um deles

foi para Minas Gerais e o outro, para o

interior de São Paulo, onde constituiu

família e adotou o novo sobrenome que

lembrava sua terra natal. É dele que des-

cende José Soares Hungria.

Sua habilidade com trabalhos manu-

ais e sua criatividade para inventar en-

genhocas fizeram com que os colegas,

ainda na infância, o apelidassem de “en-

genheiro”. Mas, assim que chegou à

idade adulta, escolheu outra profissão

para seguir, a Medicina.

Hungria se formou em 1912, casou-

se com uma bela moça, por quem se

apaixonara, e foi morar na cidade dela,

Tietê, no interior de São Paulo. Era um

respeitado cirurgião geral e atendia a

todas as vilas e comunidades da região.

Quatro anos mais tarde, decidiu mudar-

se para a capital e passou a trabalhar na

Santa Casa de Misericórdia, onde per-

maneceu até o fim de sua vida. Uma

placa num dos corredores do hospital

homenageia sua memória e explicita os

anos de dedicação ao ofício: 1912-1962.

Hungria teve seis filhos, quatro deles

homens. Aquele que carregava o nome

do pai também se sensibilizou com a

causa e, no final da década de 1930, in-

gressou na Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo. Formou-se

em 1943 e, assim como seu pai, tam-

bém se tornou cirurgião geral. Após

oito anos, José Soares Hungria Filho

decidiu especializar-se em ortopedia,

o que mudaria a trajetória profissional

da família dali por diante. A exemplo

de seu progenitor, dedicou-se até o fim

da vida à Santa Casa de Misericórdia,

aposentando-se em 1998.

A essa altura, Hungria Filho já havia

prosseguido a história da família, dei-

xando um herdeiro na Medicina para

seguir os seus passos. Mais velho de

oito irmãos, José Soares Hungria Neto

também se descobriu apaixonado pela

profissão do pai e do avô. Ele lembra

que, em 1965, quando começou na

Medicina, não havia muitas possibili-

dades de profissão. “Tínhamos de es-

colher entre essa, o Direito e a

Engenharia. Era por eliminação”, diz.

Mas não foi uma decisão forçada nem

Está nosangue

José Otavio, José Soares Filho e Mauricio Hungria

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pressionada. “Fui amadurecendo aos

poucos, nunca me senti na obrigação

de escolher a Medicina, porque era tra-

dição entre nós”, afirma.

Se o caminho como médico ele já ha-

via traçado, mais difícil foi decidir pela

especialização. “O que me chamou a

atenção na Ortopedia era saber que es-

tava consertando, refazendo e devolven-

do a função. Cada fratura é diferente. A

rotina não é tão freqüente”. Ele chegou

a questionar se era mesmo apto para a

profissão, especialmente no primeiro dia

em que se deparou com sangue. “Não

podia ver, até desmaiei”, confessa, di-

vertindo-se. “Hoje é quase o contrário,

não posso passar sem ver”, exagera.

Hungria Neto relembra com carinho

o modo como todos na casa de seu pai e

avô falavam da Medicina. Passavam a

idéia de que é prazeroso, nunca um far-

do. Foi por isso, na opinião dele, que a

decisão de seguir o mesmo caminho foi

algo natural. Hungria Neto foi traba-

lhar no mesmo hospital do pai e eram

comuns as confusões envolvendo os

dois médicos. “Era um tal de procurar

pelo meu pai, quando era comigo, ou

vinha paciente dele para eu atender. O

mais confuso era o fato de ele ter Filho

no nome, mas eu ser o filho dele”, con-

ta. Ainda hoje, ele diz que aparecem

pacientes que se lembram de seu pai e

até de se avô ali, na mesma Santa Casa.

De seu primeiro casamento, por si-

nal, com uma médica, Hungria Neto

teve dois filhos: José Otávio Hungria e

Maurício Soares Hungria. Mais uma

vez, a saga se repetia. Ao chegar o perí-

odo de vestibular, o mais velho, Otá-

vio, hoje com 35 anos, decidiu que

queria seguir os passos do pai. “Foi fá-

cil escolher, era o assunto da minha

casa, da casa do meu avô. Fluía”, resu-

me. Também pesou na decisão a certe-

za que ele tinha de não querer ser

advogado nem engenheiro. “Ainda no

ginásio, procurei olhar outros exemplos

de profissões, a partir dos pais dos

meus colegas, o que só me deu certeza

de que era a Medicina que eu queria”.

Otávio formou-se na USP, em 1995, e

também copiou do pai a dedicação à

Ortopedia. E, claro, a escolha pela Santa

Casa como local de trabalho.

A tradição já estaria mantida nessa

geração, mas coube ao caçula, Maurí-

cio, hoje com 30 anos, interromper o

ciclo de passar a Medicina de pai para

um filho apenas. Por que não acompa-

nhar os passos do irmão? Sim, nesse

caso, o fascínio pela profissão não se-

duziria apenas o mais velho. Ele bem

que tentou seguir uma nova estrada.

“Na adolescência, comecei a procurar

outras possibilidades dentro da área de

biológicas. Cheguei a cogitar química

e até engenharia genética. Mas não teve

jeito”, relembra.

Não foi um caminho fácil, reconhece.

Foram três tentativas até conseguir uma

vaga na universidade. Novos tempos, a

Medicina é cortejada por muitos e seu

acesso é cada vez mais difícil. “Um dia,

meu pai chegou e me perguntou: ‘você

realmente gosta disso ou está sendo in-

fluenciado por mim e por seu irmão?’

Confirmei que era isso que eu queria e

então ele me deu todo o apoio”, afirma.

Hungria Neto e seus filhos são unâni-

mes em reconhecer o peso que carre-

gam por continuar uma carreira que

começou há tantos anos, com seus an-

tepassados. “Levar este sobrenome é

uma grande responsabilidade. Às vezes,

na faculdade, algum colega me pergun-

tava o que meu pai ou meu avô fariam

pra resolver determinado caso. É como

se também carregássemos todo o conhe-

cimento acumulado deles”, desabafa

Maurício. Mas eles também têm, de

sobra, um orgulho estampado no rosto

por dar continuidade a isso. De que-

bra, ainda podem partilhar experiênci-

as, operar juntos, trocar informações

sobre os casos, pedir conselhos...Tudo

em família, e dando o exemplo para,

quem sabe, uma nova geração não re-

comece a história toda, mais uma vez.

Ao construir a trajetória de sua família,

esses profissionais ajudam a escrever

também um pouco da história da pró-

pria Medicina no Brasil. �

O avô, Dr. José Soares Hungria

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as edições números 566 (abril/

2006) e 568 (junho/2006) da

Revista da APM, o leitor pôde conhe-

cer um pouco mais dos trabalhos de-

senvolvidos pelos departamentos de

Serviços e de Previdência & Mutualis-

mo da entidade. Nas reportagens, que

falaram da importância dos serviços

prestados pela Associação Paulista de

Medicina (APM), ficou claro que, para

o associado, os funcionários desta Casa

são verdadeiros anjos que agilizam e

facilitam a vida do médico.

São muitos os procedimentos, mais

de 160, entre trâmites burocráticos jun-

to aos órgãos públicos, serviços de re-

cursos humanos no consultório, defesa

profissional, seguros, planos de saúde,

parcerias. Tudo com a intenção de evi-

tar que o sócio se depare com filas in-

termináveis e burocracias que o façam

perder o seu precioso tempo. Nesta re-

portagem, descrevemos boa parte des-

ses serviços prestados pela APM. E,

cá entre nós, caro leitor, você acredita

que tudo isto custa apenas R$ 50 por

mês para quem é associado?

Assessoria contábil eadministrativa

Um dos mais recentes serviços pres-

tados pela entidade é o de Contabilida-

de. Com valores consideravelmente

APM oferece maisde 160 serviços

N abaixo da média praticada no merca-

do, a APM passa a disponibilizar servi-

ços como:

• Aberturas e alterações de empresas

• Encerramentos e legalizações de

empresas

• Escrituração fiscal

• Apuração de impostos e consulto-

ria tributária

• Assessoria fiscal e trabalhista com

todas as rotinas de folha de pagamento

(pessoa física e jurídica)

• Escrituração e elaboração da conta-

bilidade fiscal e gerencial

• Planejamento tributário

• Análise econômico-financeira,

entre outros.

Biblioteca e DVDtecaTotalmente informatizada, com aces-

so à Internet, pesquisa on-line na Bire-

me, Medline e Lilacs, a Biblioteca da

APM congrega mais de 40 mil títulos

disponíveis para consulta. Livros raros,

literatura médica, romances, jornais

médicos antigos, enfim, tudo o que pro-

fissional precisa para executar estudos

aprofundados. Além disso, conta ainda

com uma admirável DVDteca, com

vários clássicos do cinema mundial.

ClassificadosClassificados on-line é um espaço

reservado aos associados da APM para

divulgar e consultar, gratuitamente,

anúncios em diversas categorias: alu-

guel de salas, casas, apartamentos, com-

pra e venda de imóveis e equipamentos,

entre outros. Para participar, basta pre-

encher um formulário no Portal da

APM. Os anúncios estarão no ar den-

tro de 48 horas. Já na Revista da APM,

o médico tem direito a um anúncio clas-

sificado por edição, de acordo com a

disponibilidade de espaço.

CertidõesAgiliza a retirada de diversos tipos

de certidões. Entre os serviços da área

estão: Atestado de Antecedentes; Cer-

tidões de Exercício Profissional, de

Protestos (10 cartórios), Negativa da

Justiça do Trabalho, Negativa da Re-

ceita Federal e Quinzenária e Vintená-

ria; Distribuidor Cível - Executivos

Fiscais, Municipais e Estaduais, Cíveis

e de Família e Distribuidor Criminal;

Justiça Federal.

Cadastro Nacional dosEstabelecimentos deSaúde (CNES)

Desde 2000, o Ministério da Saúde

vem formando um banco de dados dos

estabelecimentos de saúde atuantes no

país, o CNES. A partir de novembro

de 2003, a pasta tornou obrigatória a

inclusão deste número no contrato fir-

mado entre os profissionais da saúde e

as operadoras. A APM realiza este ca-

dastro com valores muito aquém do

mercado, além de dar toda orientação

necessária. De 2005 até hoje, a entida-

de já efetuou mais de 900 cadastros. O

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serviço está disponível, tanto para mé-

dicos da capital, como para os profissi-

onais do interior.

Departamento de Trânsito(DETRAN)

Este é um dos conjuntos de serviços

mais solicitados pelos associados da

APM. Inclui todos os processos junto

ao órgão. Estão inclusos:

• 1º emplacamento - auto e moto (in-

clusive para deficiente físico)

• 2as vias da Carteira Nacional de

Habilitação - São Paulo – Capital (in-

cluindo registro e renovação) do Certi-

ficado de Registro de Veículo (CRV),

do Certificado de Registro e Licencia-

mento de Veículo (CRLV), do DPVAT

- Seguro Obrigatório (incluindo resti-

tuição), de Placas por furto ou perda e

do IPVA

• Alteração de dados no DETRAN

• Baixa de veículo

• Bloqueio de CRV

• Carta Internacional de Habilitação

• Certidão Negativa de Furto

• Desbloqueio de CRV e de IPVA (in-

cluindo pagamento, retificação de pla-

cas ou códigos de município e

restituição em caso de duplicidade)

• Extrato e recurso de multa

• Isenção de IPVA para deficiente físico

• Levantamento de multa

• Licenciamento de veículo, reboque,

moto e camioneta

• Mudança de combustível e de nome

na C.N.H

• Projeto Polvo

• Quitação de veículo

• Regularização de veículo furtado ou

localizado sem placa

• Remarcação de chassi (furto ou co-

lisão)

• Restituição de multa; solicitação de

fotograma

• Transferência de outro Estado ou

Município e de proprietário (auto e moto)

• Cópia autenticada do CRLV pelo

DETRAN

Defesa profissionalA Assistência Jurídica é um impor-

tante serviço para o médico. Lá, ele

conta com diversos advogados que tra-

balham na prevenção, orientação e de-

fesa dos associados da APM, quando

acusados de má prática da medicina no

exercício profissional.

Quem tem direito à Assistência

Jurídica?

Todos os associados da entidade em

dia com as suas trimestralidades.

Qual é a abrangência do serviço?

Defesa do associado, quando citado

judicialmente em processo civil de ca-

ráter indenizatório, envolvendo dano

moral e/ou material; quando estiver na

condição de réu em processo criminal;

quando notificado sobre a abertura de

sindicância e/ou processo ético-profis-

sional pelo Conselho Regional de Me-

dicina do Estado de São Paulo. Aí estão

inclusas, ainda, orientações jurídica e

verbal nas áreas cível, criminal e ética,

além de medidas preventivas por meio

de artigos, fóruns e palestras. Em casos

específicos, há a possibilidade de ser

acompanhado por advogado, quando

convocado para depor.

Existe alguma restrição?

O atendimento estará sempre vincu-

lado ao exercício da profissão, quando

apontada a má prática da medicina.

Qual o prazo para procurar o serviço?

O tempo determinado nunca deve ser

superior à metade do prazo para apre-

sentação da defesa. Por exemplo, se ele

tiver 15 dias para apresentar a defesa,

deverá procurar a assistência num pra-

zo nunca superior a 07 dias.

Quem arca com as despesas e custas

processuais?

O associado. A APM o auxiliará, ar-

cando única e exclusivamente com os

honorários advocatícios.

Na APM, qual área deve ser

procurada?

O Departamento de Defesa Profissi-

onal, no 3º andar da entidade.

Eventos científicosA APM realiza eventos em diver-

sas áreas de atuação científica, visan-

do à atualização profissional do

médico associado, que participa das

atividades gratuitamente e recebe cer-

tificado de participação. Na agenda

mensal, estão listados, em média, 25

atividades, nas mais diversas especi-

alidades e sub-especialidades médi-

cas. Todos os eventos são realizados

pelos departamentos científicos e co-

mitês multidisciplinares da APM,

com o respaldo das sociedades de es-

pecialidades vinculadas à entidade.

PrefeituraA APM disponibiliza aos associados

diversos serviços ligados à Prefeitura

de São Paulo. São eles:

• 2ª via de Inscrição do Imposto So-

bre Serviço (ISS)

• 2ª via de IPTU

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• Alteração de dados do ISS

• Cancelamento do ISS

• Certidão negativa de ISS/IPTU

• Correção de DARM; inscrição do ISS

• Levantamento de débito ISS/IPTU;

mudança de dados no IPTU

• Pagamento de TRSD (taxa do lixo

residencial e não-residencial)

• Pagamento do ISS e IPTU (atrasados)

PublicaçõesA APM edita diversas publicações

para seus associados. São elas:

• Revista da APM: com periodicida-

de mensal, registra as principais ações

da entidade, traz informações sobre

política médica, cobertura dos princi-

pais eventos da área de saúde, perfis,

entrevistas com personalidades do se-

tor, atualidades, além de divulgar agen-

das científica e cultural da APM e

classificados dos médicos associados.

• Suplemento Cultural: mensal, é en-

cartado na Revista da APM e traz o

que há de melhor na literatura brasilei-

ra escrita por profissionais médicos. São

poesias, crônicas, contos, perfis, ilus-

trações e muita arte.

• São Paulo Medical Journal: bimestral,

publica, em inglês, artigos de renoma-

dos profissionais. É abrangente e

congrega artigos de todas as especia-

lidades médicas. É indexada nas bases

de dados Lilacs (www.bireme.br),

Medline e SciELO e proporciona di-

vulgação imediata dos textos, contri-

buindo para o desenvolvimento da

pesquisa cientifica.

• Diagnóstico & Tratamento: trimes-

tral, publica artigos escritos, baseados

nas melhores evidências científicas,

todos devidamente indexados nas ba-

ses de dados Lilacs.

Serviços de recursoshumanos

Inscrições, alterações, cálculo, folha

de pagamento, registros são alguns dos

serviços de Recursos Humanos que a

APM disponibiliza aos associados:

• Alteração no CEI/CMA

• Atualização de livro e carteira

• Cadastro no PIS

• Calculo de INSS/FGTS

• Férias (documentação e cálculo)

• Inscrição no CEI/CMA

• Registro de Empregados

• Folha de Pagamento

Vigilância sanitáriaAlvarás, receituários e termos de con-

sulta são alguns dos serviços sobre Vi-

gilância Sanitária que a APM presta.

Confira:

• Alvará de Funcionamento Invasi-

vo e Não-Invasivo

• Receituário amarelo

• Receituário azul

• Receituário retinóides

• Receituário talidomida

• Renovação de alvará de funciona-

mento invasivo

• Renovação de alvará de funciona-

mento não-invasivo

• Termo de consulta

• Vigilância Sanitária (bairros corres-

pondentes).

Visto consular epassaporte

Visando facilitar a vida do associado

que pretende viajar ao exterior, a APM

cuida de todo o processo de obtenção

de visto para países como México, Ca-

nadá, República Tcheca e Rússia. A

entidade solicita, ainda, passaportes

junto à Polícia Federal.

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ParceriasSempre pensando no melhor para seus

associados, a APM tem buscado parce-

rias à altura do que os médicos do Esta-

do de São Paulo merecem. Confira!

1 - American Express - Cartão de cré-

dito business APM

O que é?

O Cartão exclusivo para Associados

APM, além de servir como carteirinha

de identificação da APM, oferece como-

didade ao Associado APM, permitindo

que as parcelas da contribuição associa-

tiva sejam quitadas nesse novo cartão.

Ele é exclusivo para os Associados

APM e é isento de taxa de anuidade

por toda a vida, oferece encargos de fi-

nanciamento reduzidos, ferramentas de

controle de gastos, promoções exclusi-

vas com parceiros em serviços e equi-

pamentos, além de toda a credibilidade

de uma marca de prestígio.

Benefícios:

- Anuidade gratuita por toda a vida

Este é um benefício muito especial,

válido também para os cartões adicionais.

- Dining Program

Jantares-cortesia em restaurantes se-

lecionados de São Paulo, quantas vezes

desejar, basta estar acompanhado de

uma pessoa pagante e fazer sua reserva.

- Entretenimento Express

Com um simples telefonema, ou aces-

sando a um site, você adquire ingressos

dos melhores espetáculos, shows e teatros

em sua casa, com toda a comodidade.

- Membership Rewards®

Suas compras valem pontos que po-

dem ser trocados por recompensas, de

assinaturas de revistas a milhas em

companhias parceiras. Os pontos acu-

mulados no programa nunca expiram e

você pode acumular para resgatá-los

por uma infinidade de recompensas.

Para Associados APM, a primeira anui-

dade desse programa é gratuita.

- Assistência Emergencial Gratuita

Em situações de emergência, os car-

tões American Express® disponibili-

zam gratuitamente profissionais para

efetuar reparos hidráulicos, elétricos e

serviços de chaveiro, dentro do limite

de cobertura, além de outros serviços a

preços tabelados.

2 - Brastemp / Cônsul

Quais são os benefícios?

Descontos especiais e pagamento em

até 10x sem juros, frete grátis para todo

Brasil, comodidade e segurança para

comprar e ótimas condições de paga-

mento. Código da campanha: APM01.

Outras informações:

(11) 2121-0099

www.brastemp.com.br/apm ou

www.consul.com.br/apm

3 - Bradescovida - seguro de vida (se-

guro de vida básico e assistência funeral)

O que é?

Este serviço possibilita aos associados

a contratação de benefícios complemen-

tares com desconto especial e com taxas

inferiores às taxas de mercado.

Quem tem direito?

Todo associado com até 65 anos pos-

sui automaticamente seguro no valor

R$ R$ 2.500,00 para morte natural,

mais assistência funeral (sem custo).

Associados acima de 65 anos têm segu-

ro de R$ 500,00 para acidentes pesso-

ais mais assistência funeral.

Assistência Funeral: tem por objeti-

vo amparar a família do segurado, or-

ganizando totalmente o funeral

(padrão luxo).

Reembolso Funeral: para os casos em

que os beneficiários não utilizam o ser-

viço no ato do falecimento do segura-

do, a família recebe reembolso de até

R$1.500,00. O pedido pode ser feito

até seis meses depois do óbito.

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O perfil do cálculo considerou uma

pessoa com idade de até 55 anos. Os

custos, apresentados pelas seguradoras

Porto Seguro e Itaú, são relacionados

ao produto individual, portanto, estão

sujeitos a re-enquadramentos de custos

por faixa etária. No caso do produto

oferecido pela APM, não existe re-en-

quadramento por faixa etária.

4 - Drograria Onofre

O que é?

Os associados recebem, sem custo, o

Cartão APM - Onofre personalizado,

que pode ser usado em qualquer filial

da rede. Além do cartão, o médico re-

Outras coberturas e valores para associados com até 65 anos:

Valores de Coberturas (Importância Segurada) Prêmio Mensal

R$ 50.000,00 R$ 43,07

R$ 70.000,00 R$ 60,29

R$ 100.000,00 R$ 86,15

R$ 150.000,00 R$ 129,22

R$ 200.000,00 R$ 172,30

O prêmio mensal será cobrado junto à trimestralidade da APM.

Confira os dados comparativos entre custos para seguro de vida:

Capital Custos Mensais

Imp. Segurada APM Porto Seguro Itaú

R$ 50.000,00 R$ 43,08 R$ 80,31 R$ 79,15

R$ 70.000,00 R$ 60,30 R$ 111,89 R$ 109,27

R$ 100.000,00 R$ 86,15 R$ 159,26 R$ 154,45

R$ 150.000,00 R$ 129,22 R$ 238,20 R$ 229,76

R$ 200.000,00 R$ 172,30 R$ 317,15 R$ 305,07

aos associados da APM (plano especial

Safira), com preço bem abaixo do mer-

cado. Além disso, os associados con-

tam com uma equipe de gerentes de

previdência privada específica, que

prestam atendimento personalizado. O

associado pode escolher pelo plano de

Renda Fixa ou pelo plano Multi 20. Veja

o quadro comparativo e as vantagens:

6 - Semp Toshiba

O que é?

O objetivo deste convênio com a

APM é a implantação de um programa de

venda de todos os produtos da SEMP

TOSHIBA em condições especiais para

os associados, com redução no preço, que

pode variar de 8% a 15% sobre

os valores de mercado divulgados na pá-

gina www.semptoshiba.com.br/

apm, focado nos seguintes diferenciais:

• Configurações e preços promocionais

• Formas de pagamentos com finan-

ciamento próprio ou cartão AMEX

• Variedade de ofertas

• Loja virtual com tabela de preços

atualizada

• Entrega do produto em até 20 dias

cebe selos adesivos, que podem ser co-

lados nas receitas, estendendo o bene-

fício para familiares.

Quais são os benefícios

• Desconto mínimo de 30% na com-

pra de qualquer medicamento

• Cheques pré-datados para 30 dias

• Parcelamento, em todos os cartões

de créditos, em 3x sem juros, nas com-

pras acima de R$ 90,00

• As compras na perfumaria valem pon-

tos que podem ser trocados por prêmios

5 - Santander Banespa - previdência

privada

O que é?

O Santander oferece plano exclusivo

Pela APM

Taxa de carregamento: 0,5%

Taxa de administração do fundo: 2%

Plano único mínimo: R$ 1.000,00

Plano mensal: R$ 100,00

Direto no Santander

Taxa de carregamento: no mínimo 3%

Taxa de administração do fundo: 3,2%

Plano único mínimo: R$ 50.00,00

Plano mensal: R$ 100,0036

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• Transporte do produto para o ende-

reço indicado pelo consumidor sob res-

ponsabilidade da Semp Toshiba Info.

7 - Sul América - Seguros Saúde

O que é?

Trata-se de uma apólice coletiva por

adesão, administrada pelo Access Clu-

be de Benefícios junto à Sul América,

em convênio com a APM, que dá di-

reito, ao associado, a um seguro-saúde

diferenciado.

Garante muito mais tranqüilidade

aos momentos de lazer e descanso,

como em viagens pelo Brasil (em todos

os planos) e pelo exterior (no plano

Executivo). Inclui serviços diversos

como: remoção inter-hospitalar do se-

gurado, transporte e retorno de acom-

panhantes, recuperação de bagagens e

motorista substituto (conforme condi-

ções contratuais).

Benefícios:

Valores até 40% abaixo dos pratica-

dos no mercado.

8 - Unimed Paulistana

O que é?

O acordo com a Unimed Paulistana

oferece aos associados a chance de fe-

char contratos coletivos por adesão.

Benefícios:

São cobertos, sem limites, consultas

e tratamentos, exames complementa-

res, atendimento em Prontos-Socorros

(urgência e emergência) e internações

hospitalares. O associado conta com

cinco tipos de planos diferentes: refe-

rência, padrão, integral, supremo e ab-

soluto. Sãp mãos de 50 hospitais

credenciados, espalhados por diversas

regiões da cidade de São Paulo. Para o

médico do interior são oferecidos dois

planos, um básico e outro, especial.

9 - Playtech - consultório musical

O que é?

Os médicos associados à APM têm

um tratamento diferencial na PlayTe-

ch, uma das maiores lojas de instru-

mentos musicais de São Paulo. A

PlayTech acredita que quem cuida com

tanta dedicação da saúde das pessoas,

merece atenção especial na hora de es-

colher instrumentos musicais. Confi-

ra as vantagens exclusivas:

• Visita Programada: o associado en-

tra em contato com a PlayTech e marca

a data e o horário mais convenientes

para visitar as lojas.

• Experimentação de instrumentos:

showroom especial para os associados,

segundo as suas preferências de instru-

mentos, para que possam, assim, expe-

rimentar à vontade.

• Acompanhamento: para tornar a

visita mais agradável e proveitosa, o

associado será acompanhado durante

todo o tempo.

Endereços das Lojas:

• Rua Teodoro Sampaio, 912

Pinheiros – São Paulo – SP

Fone: (11) 3088-0006

• Av. Engenheiro George Corbisier, 100

Metrô Consolação – São Paulo – SP

Fone: (11) 5012-2039

• Rua Santa Efigênia, 250

Centro – São Paulo

Fone: (11) 3225-0505

Mais informações:

www.playtech.com.br/abzc/apm.htm

Parcerias em negociação1 - Intel

A APM e a Intel estão assinando um

acordo de cooperação que possibilita-

rá obter o apoio desta empresa, que é

uma das maiores empresas de tecnolo-

gia no mundo em ações que objetivam

maior adequação de produtos e servi-

ços de informática ao perfil do associa-

do APM. Benefícios possíveis:

• Aumentar o poder de influencia da

APM junto a fabricantes de computado-

res para obter produtos e condições dife-

renciados para a comunidade médica

• Trabalhar em conjunto para estru-

turar ofertas mais completas para os

associados, que podem incluir outros

fornecedores com produtos relaciona-

dos ao uso de computadores como, por

exemplo, conexão de acesso à internet,

portais de conteúdo e financiamento de

equipamentos.

• Utilizar a equipe Intel - seu ‘know-

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how’ e contatos - em projetos da APM

que visam maior e melhor uso da tecno-

logia na área de saúde, tanto no estado de

São Paulo quanto no âmbito nacional.

• Participação da Intel em eventos da

Associação.

• Ter acesso às novas plataformas de

tecnologia da Intel em primeira mão,

trabalhando em conjunto em valida-

ções e provas de conceito de novos equi-

pamentos voltados para a área médica.

Nota: Este acordo está em vias de ser

formalizado e as equipes das duas orga-

nizações já estão trabalhando juntas em

atividades que, dentro em breve, terão

seus resultados transformados em be-

nefícios que serão disponibilizados aos

nossos associados.

2 - Central X

Oferta especial do HiDoctor para asso-

ciado. Software exclusivo para a APM,

que inclui, além dos benefícios de um pro-

grama médico, guidlines, acesso a progra-

mas médicos via site linkados em todas as

sociedades de especialidade, com desen-

volvimento constante dentro das necessi-

dades dos associados. Os benefícios deste

software serão oferecidos exclusivamen-

Para outras informações, entre em contato:

- Departamento de Comunicações: (11) 3188.4278 ou [email protected]

- Departamento de Serviços: (11) 3188.4272/4273/4274 ou [email protected]

- Defesa Profissional: (11) 3188.4207 ou [email protected]

- Unidade de Publicações: (11) 3188.4211 ou [email protected]

- Departamento de Marketing: (11) 3188.4258 ou [email protected]

Fique sócio:Apresentamos aqui apenas alguns dosserviços e parcerias que a APM ofere-ce para seus associados. O que vocêestá esperando para economizar tem-po e dinheiro? Ligue para: 3188-4224,ou entre em nosso site:www.apm.org.br

te aos associados. Haverá ainda um des-

conto médico de 15% no preço de licenci-

amento de versão do produto. �

SERVIÇO

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erca de dois meses. É um tempoainda muito pequeno para se ava-

liar como preencher o hiato criado namedicina brasileira com a ausência domédico Francesco Antonio Viscomi.

Vítima de um acidente vascular cere-bral, ocorrido no dia 14 de agosto, o gine-cologista permaneceu internado em estadograve no Hospital Sírio Libanês por umasemana. Na madrugada do dia 21 de agos-to, aos 57 anos, acabou não resistindo.

Nascido em Cantazarro, região itali-ana da Calábria, em 1949, veio com ospais para o Brasil ainda pequeno, aosquase seis anos de idade. Em São Paulopassaria o resto de sua vida.

Formou-se em medicina pela Univer-sidade Estadual Paulista Júlio de Mes-quita Filho – Unesp, em Botucatu, e seespecializou em Ginecologia e Obste-trícia na residência médica, realizadano Hospital do Servidor Público de SãoPaulo (Iamspe). Durante esse período,em plena década de 1980, apaixonou-se pela Endoscopia Ginecológica.

A pós-graduação, realizada na Europa,em 1989, proporcionou o conhecimentoque o tornaria um dos pioneiros da vide-ocirurgia no Brasil. De lá, trouxe aindaum dos primeiros equipamentos para serealizar o procedimento no país.

Anos mais tarde, pela mesma Unesp,viria a se tornar doutor em Ginecolo-gia, defendendo com maestria a tese“Correlação dos achados laparoscópicos

e histológicos na endometriose”.Durante sua carreira, ministrou e su-

pervisionou cursos da área em diver-sos locais do país, entre hospitais einstituições de ensino, da simples atua-lização à pós-graduação. Atualmente,coordenava o curso de GinecologiaMinimamente Invasiva no Instituto deEnsino e Pesquisa do Hospital SírioLibanês, na capital paulista.

Suas técnicas contribuíram de formadecisiva para o aprimoramento e utili-zação dos conceitos onde a intervençãoé feita com maior precisão no diagnósti-co e o mínimo de seqüela no tratamen-to. Também foi um dos primeiros a fazeruso da cirurgia laparoscópica e do laserpara tratamento da endometriose.

Havia assumido, neste ano, a presi-dência da Sociedade Brasileira de Vi-deocirurgia (Sobracil), cargo que jáocupara antes na Sociedade Brasileirade Endoscopia Ginecológica e Endo-metriose (Sobenge). Era, ainda, mem-bro da Sociedade Mundial deEndometriose, Sociedade Internacio-nal de Endoscopia Ginecológica e daAssociação Americana de Ginecologis-tas Laparoscopistas.

Militância pela saúdeSempre envolvido com a saúde das

mulheres, Francesco tinha como bandei-ra o estudo e combate à endometriose,problema ainda pouco divulgado e queacomete cada vez mais mulheres no país.

A partir disso, criou o Instituto Vis-comi, centro dedicado especialmenteà pesquisa, ensino e atendimento a es-sas pacientes; idealizou também o ser-viço Endometriose Consultoria eOrientação (ECO).

O “Tchesco”, tratamento carinhoso

dispensado pelos amigos, era aindaconsiderado pelos mesmos “um lídernato, mestre por natureza, carismáti-co e empreendedor”.

A Sobenge prestou homenagem pós-tuma ao seu ex-presidente no dia 28 desetembro, durante seu IV Congresso Bra-sileiro, realizado no Rio de Janeiro. Ahomenagem se estendeu também ao úl-timo Congresso Paulista de Cirurgia,realizado na primeira semana de outu-bro, onde, inclusive, o médico Antoniode Giovanni fez questão de lembrar doamigo que partiu. “Ele foi um estudio-so contumaz, dono de invejável didáti-ca, e ao mesmo tempo dono de nada,pois tudo que sabia passava adiante”,disse aos presentes, emocionado.

Francesco Viscomi foi um daquelespioneiros que, mesmo tendo sua cami-nhada interrompida, deixaram um ca-minho a ser trilhado. Um dos motivospelos quais ele sempre será lembrado. �

Morre Francesco AntonioViscomi, pioneiro da vídeo-cirurgia no Brasil

Antes da ida,a missão cumprida

CRICARDO BALEGO

DIADOMÉDICO-ESPECIAL

EDITAL DE CONVOCAÇÃO(05/10/2006)

Ficam convocados os senhores membrose sócios da Sociedade Paulista dePneumologia e Tisiologia para se reunirem,no próximo dia 25 de novembro de 2006,na SPPT (R. Machado Bittencourt, 205 -térreo - Vila Clementino - São Paulo/SP) para:

1 - Assembléia Geral Ordinária, às 9h30,em primeira convocação, e às 10h, emsegunda convocação, com a seguinte pauta:

a) Relatório das Atividades da Diretoriado ano de 2006;

b) Aprovação das alterações estatutáriase regulamentos da SPPT.

São Paulo, 5 de outubro de 2006.

Rafael StelmachRafael StelmachRafael StelmachRafael StelmachRafael StelmachPresidente da Sociedade Paulista de

Pneumologia e Tisiologia

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uase ninguém estranhou quan-

do, em 1995, Samir Rahme

teve uma conversa séria com a profes-

sora de piano de sua filha. Precisava de

umas aulas de harmonia, contraponto

e percepção musical. Queria estar pre-

parado para o vestibular do final da-

quele ano. Enfrentaria a concorrência

de candidatos bem mais jovens, muitos

deles com ampla formação teórica e

prática. Era difícil o desafio, mas Sa-

mir decidiu encarar. Afinal, estudar

música sempre esteve em seus planos

e, desde muito novo, já era uma de suas

paixões. A família teve um certo receio,

embora não lhe negasse apoio. Isso por-

que Samir, naquele momento, já era um

clínico geral com certa estabilidade na

profissão. O consultório ia muito bem,

obrigado, e a vida financeira já estava,

de certo modo, equilibrada. Passado o

sufoco do período de provas, parentes

e amigos comemoraram: Samir con-

quistara o último lugar para o curso de

Regência e Composição da Unesp. Era

dele a derradeira das 20 disputadas vagas.

Para Samir, era o recomeço de uma vida

acadêmica, 15 anos depois de concluir

os longos seis anos do curso de Medicina

na Universidade Federal de Juiz de

Fora. Não importava, estava feliz.

O que ninguém imaginava naquele

momento – mas que logo pôde notar –

era o modo como a música faria dele

um médico ainda mais sensível. E como

Samir faria uso dessa música para pro-

porcionar o bem-estar a médicos, paci-

entes e todos os profissionais dentro dos

QADRIANA REIS

Samir Rahme buscou na música o aprimoramento da sensibilidade que o trabalhode médico exige

Samir estudou música sem deixar o consultório médico

Entre oestetoscópioe as partituras

DIADOMÉDICO-ESPECIAL

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hospitais. Como poucos, Samir conse-

guiu unir suas duas vocações em prol

do mesmo objetivo: promover a saúde,

do corpo e do espírito. Ele criou e co-

ordena a Orquestra do Limiar, forma-

da por um grupo de 12 jovens

instrumentistas de cordas que, junto de

seu regente, apresenta um repertório de

compositores consagrados pelos hospi-

tais de São Paulo. É o conhecido pro-

grama Música nos Hospitais, da

Associação Paulista de Medicina.

Sensibilidade de médicoNão foi fácil a vida de estudante de

música para alguém que já carregava as

responsabilidades de um médico com

consultório próprio. O curso era feito à

tarde, entre as duas e as seis horas. En-

tão, logo cedo ele já estava no trabalho,

para atender os primeiros pacientes. À

noite, depois da aula, costumava retor-

nar para mais algumas consultas. O tra-

jeto entre a faculdade e o trabalho era

feito de moto, único meio de transporte

que lhe garantia agilidade para fugir do

trânsito sempre caótico da cidade.

A vontade de estudar música Samir

carregava desde os 14 anos. “Fui o

sócio-fundador mais jovem do Pró-

música de Juiz de Fora, um projeto

que levava concertos de câmara à ci-

dade e que era coordenado por Ar-

naldo Estrela”, conta este mineiro,

filho de árabes. Foi em sua cidade

natal que Samir teve contato com ins-

trumentos diversos, dentre os quais a

flauta transversal, que ele tomou

como companheira. A convivência

com os músicos despertou nele a von-

tade de seguir carreira, mas, como não

havia curso superior para música em

Juiz de Fora, acabou optando por ou-

tra profissão que também lhe saltava

aos olhos: a Medicina. O estetoscó-

pio, dado de presente pelo médico da

família quando ainda tinha dez anos

de idade, foi o incentivo simbólico

que ele precisava para ingressar na

carreira de doutor.

Tratamento humanizadoDurante os 15 primeiros anos da pro-

fissão, Samir procurou aplicar, na prá-

tica, um tratamento mais pessoal com

seus pacientes. Ele é seguidor da Medi-

cina Antroposófica – que tem por prin-

cípio a busca por uma atuação mais

viva, artística e integrada, que atenda

ao homem nas dimensões do corpo,

mente e espírito. Samir buscou, na

música, o aprimoramento da sensibili-

dade que seu trabalho exige. “Gostaria

de falar ao pé do ouvido do médico:

nossa profissão exige que se aumente a

capacidade de percepção. Precisamos

perceber o outro não apenas no diag-

nóstico clínico, corpóreo, mas também

no anímico e no espiritual”, defende

Samir. “E nós só conseguimos esse apri-

moramento se tivermos ligação com

algum tipo de arte. Pode ser a música, a

pintura, a literatura. O importante é que

seja de forma ativa”, acredita.

Para Samir, a música funciona para

dar suporte em sua profissão, como

uma espécie de alimento, e para expan-

dir sua capacidade de se relacionar com

o outro. “Vejo a arte como principal

meio para nutrir a alma”, afirma. Samir

Samir coordena a Orquestra do Limiar, que se apresenta em hospitais

“Para meu pai, que era imigran-

te e que chegou ao Brasil sem nada,

para fazer a vida aqui, foi uma gran-

de alegria ver o filho formado mé-

dico”, emociona-se Samir. A festa

de formatura foi um evento ines-

quecível para todos: na cerimônia,

foram os pais que subiram ao palco

para entregar aos filhos o merecido

diploma.

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sente que o engajamento artístico é que

lhe dá forças para que continue defen-

dendo os ideais como médico. “Dei-

xar-se envolver pela arte é um conselho

que dou. Tenho muitos amigos que pin-

tam ou escrevem. A arte, assim como a

Medicina, é muitas vezes um caminho

solitário, mas que deve ser seguido.

Falo por mim: hoje sou muito menos

rabugento por causa da música”, rele-

va, com o permanente sorriso estam-

pado no rosto.

Num mundo de informações em ex-

cesso, mas de pouca formação, como

ele mesmo diz, cabe muitas vezes ao

médico levar conforto à população, que

sofre com tantas carências. “Vivemos

tempos difíceis. Nós, médicos, somos,

em muitas situações, o ponto final de

busca de significados. É uma grande

responsabilidade. E é fácil enxergar

isso: basta olhar para uma fila de aten-

dimentos do Hospital das Clínicas, por

exemplo, para perceber essa carência e

ter uma idéia da grandiosidade deste

trabalho”, observa Samir.

Apesar de conhecer bem todos os efei-

incluir composições que agradem e que

gerem uma identificação do público.

“Tocamos sempre para um grupo hete-

rogêneo, com profissionais mais velhos

e mais novos. E sei o quanto é dura a

vida dos meus colegas, então, faço ques-

tão de os vê-los relaxados”, diz.

O concerto começa com uma música

do movimento barroco. Depois, segue

por algum clássico, normalmente mais

conhecido do público. Em seguida, a

apresentação atravessa o limiar do eru-

dito e vai para o popular. “É o que cha-

mo de geografia musical. Tocamos algo

mais próximo, como um baião, que leva

à aproximação do público”, explica

Samir. Há ainda canções imortais,

como Yesterday, dos Beatles, que sem-

pre emociona.

A certa altura da apresentação, Samir

pede licença ao público para apresen-

tar Miguilim, composição própria ins-

pirada no personagem clássico de João

Guimarães Rosa, o escritor mineiro de

incontestável talento e que, por sinal,

também era médico. Pensando bem, há

muito em comum entre Samir e o per-

sonagem Miguilim, que vai além da

mineirice. A curiosidade em conhecer

o outro, a mente aberta para descobrir

o novo e, acima de tudo, a sensibilida-

de os aproxima. Samir leva a música a

sério e a transforma em fonte de inspi-

ração para cumprir sua sina como mé-

dico. Não importa em qual profissão,

se na Medicina ou na regência da or-

questra, procura afastar a doença e le-

var o bem-estar. Cumpre, desta forma,

sua saga nesta eterna busca dele – e de

toda a humanidade – por uma vida de

saúde plena. �

Samir: “quero que a orquestra seja um momento especial em hospitais”

E por que tocar nos hospitais?

“A música tem a capacidade de

fazer as pessoas mergulharem

dentro de si mesmas e de olharem

em volta. Ela permite essas via-

gens e proporciona esses momen-

tos de relaxamento aos médicos,

pacientes e profissionais da saú-

de”, diz Samir.

tos positivos da música, Samir não en-

cara essas apresentações como um tra-

tamento complementar. “Não tenho

nenhuma ambição terapêutica com a

orquestra. Apenas quero que seja um

momento especial para o público”.

A poesia de MiguilimA escolha do repertório é sempre

muito cuidadosa. Durante os 60 minu-

tos de apresentação, Samir procura

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ito e meia da noite em ponto.

Problemas deixados de lado, é

hora de se concentrar. Enquanto o ma-

estro acerta as partituras do repertório

a ser ensaiado, os músicos fazem o que

deve ser feito: preparam seus instru-

mentos, ajeitam a cadeira, relaxam o

corpo jogando os ombros para trás, sol-

tando o maxilar e o pescoço. O som dos

instrumentos mistura-se, provocando

um ruído agradável, uma espécie de

pré-música. O leve toque da batuta na

estante é o sinal para que todos fiquem

em silêncio. A atenção, agora, está nas

mãos do regente, que passa a comandar

a entrada dos músicos. E assim, os sons

se completam de forma harmoniosa, le-

vando aos ouvidos uma música que

envolve, emociona, surpreende.

Toda semana, desde 1989, o ritual se

repete: 54 músicos reúnem-se para os

ensaios regulares. O repertório, eclético,

Há Música na MedicinaCordas, sopro, metais. Uma sala de cirurgia? Um hospital? Ou uma orquestra? Mudam-seos instrumentos, mantém-se a paixão

O

ADRIANA REIS começa com compositores clássicos,

como Mozart, passa pelos musicais

da Broadway e vai até representan-

tes da MPB contemporânea. Tudo

seria parecido com o trabalho de

qualquer outro grupo, não fosse um

detalhe: a Orquestra Experimental

do Hospital Israelita Albert Einstein

é formada, exclusivamente, por pro-

fissionais da área da saúde – a maior

parte deles, médicos.

Mais do que passatempoO trabalho surgiu quase por acaso, a

princípio, sem a intenção de se tornar

profissional. Era o fim da década de

1980 quando o cirurgião pediatra, Jac-

ques Pinus, percebeu que muitos de seus

colegas eram apaixonados por música,

como ele. E mais: que passavam as ho-

ras livres dedicando-se a tocar algum

instrumento. Por que não juntar esses

médicos para que mostrem seus talentos?

Orquestra do Einstein é formada por profissionais da área da saúdeFo

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Foi o que ele se perguntou. O interesse

foi imediato e a festa de fim de ano do

Albert Einstein passou a ficar concor-

rida: um número grande de médicos

queria se apresentar.

Jacques Pinus era um deles. A músi-

ca, de certa forma, sempre esteve pre-

sente na vida deste médico. Ainda

moleque, estudou piano e violão. Ler

partitura tornou-se algo natural para ele.

Na juventude, foi tomado pela vocação

da Medicina e o gosto pela música fi-

cou adormecido. Ingressou na faculda-

de e estudou até se tornar um pediatra.

A habilidade com as mãos fez dele um

cirurgião de renome. A vida corrida na

profissão levou Jacques Pinus a esco-

lher um instrumento portátil, que ele

pudesse carregar consigo sem grandes

dificuldades. Foi assim que decidiu es-

tudar flauta transversal. Naquele mo-

mento, ele ainda não imaginava que o

som doce e delicado de sua flauta inte-

graria uma orquestra. Menos ainda que

ele seria o responsável por idealizar

este projeto.

O fato de descobrir tantos talentos

entre seus colegas o instigou e ele deci-

diu procurar por um maestro que pu-

desse organizá-los em forma de uma

orquestra. Fez o convite a Nasari Cam-

pos, um experiente profissional, que

rapidamente aceitou a missão. Seu pri-

meiro grande desafio foi criar um gru-

po uniforme a partir de instrumentos

tão diversificados. “O início era muito

complicado. Havia médicos tocando

diferentes instrumentos, como violão,

sax, acordeom. Não era o ideal para

formarmos uma orquestra tradicio-

nal”, relembra Jacques Pinus. Nasari

Campos teve de usar sua habilidade

para iniciar o projeto. “Acabei orques-

trando duas músicas com dificuldades

diferentes. Uma orquestração bem fá-

cil para aqueles instrumentos, e outra

de dificuldade média para fazer um tes-

te. É experimental em razão do instru-

mental nada acadêmico ou regular de

uso de uma orquestra sinfônica”, con-

tou o maestro, naquela ocasião.

E já que não seria possível criar uma

orquestra convencional, o jeito foi

adaptar o repertório para a formação

de músicos que estavam no grupo. “O

impressionante foi descobrir tanta gen-

te boa. O nível dos nossos músicos era

realmente alto. E tem ficado cada vez

melhor”, elogia Jacques Pinus. Outro

fato que surpreendeu foi o modo como

todos os médicos-músicos encararam

o trabalho da Orquestra. Em nenhum

momento a tarefa foi vista como um

simples passatempo. “Eles levaram

para a Orquestra o mesmo profissiona-

lismo que já tinham em seus trabalhos

como médicos”, afirma Pinus.

Sinfonia de bips e celularesCom essa dedicação, o resultado não

demorou a aparecer. A cada apresentação,

A maioria dos músicos é formada por médicos

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47Médicos-músicos encaram o trabaçhocom seriedade

Foto: Assessoria de Imprensa / Hospital Israelita Albert Einstein

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os aplausos eram intensos e calorosos.

O repertório podia ser algo erudito e

complexo como Mozart ou algum co-

nhecido musical da Broadway. Até

mesmo uma canção de Tom Jobim. O

público se emocionava e, na propagan-

da boca a boca, não parava de aumen-

tar. Logo, a Orquestra passou a tocar

em locais maiores, como o Teatro Mu-

nicipal, a Sala São Paulo, o Teatro São

Pedro, o Sérgio Cardoso e o Teatro do

clube A Hebraica. Seus músicos tam-

bém começaram a viajar para divulgar

o projeto em outras cidades, como a

inesquecível participação no Teatro

Municipal de Pouso Alegre, Minas

Gerais. Depois de tantas apresenta-

ções, o amadurecimento do trabalho

da Orquestra resultou na gravação de

um CD, ao vivo, durante um show re-

alizado no Atrium do Hospital Israe-

lita Albert Einstein. O grupo também

tem dois DVDs gravados ao vivo no

Teatro Municipal de São Paulo e na

Sala São Paulo. Cresceu a responsabi-

lidade, mas também a satisfação de

cada um dos envolvidos.

E como médico é médico 24 horas

por dia, o maestro Nasari Campos logo

teve de se acostumar com um som nada

convencional para uma orquestra: o

toque dos bips, avisando que o dever

chama. “Durante os ensaios, é comum

o barulho dos bips e celulares, que são

instrumentos extras de nossa orques-

tra”, brinca o maestro. Ele já constatou

que não há ensaio em que algum médi-

co não precise deixar a Orquestra para

atender um paciente. Faz parte do ofí-

cio. Mesmo assim, é comum que o pro-

fissional retome seu lugar na Orquestra

assim que a urgência é atendida.

Tamanho comprometimento com

este trabalho musical impressiona,

ainda mais, quando se sabe que a Or-

questra de Médicos do Einstein tem

caráter beneficente. Ou seja, nenhum

de seus integrantes recebe para se apre-

sentar. E, de tanto tocar por aí, muitos

dos médicos começam a ser reconhe-

cidos e, às vezes, durante uma consul-

ta, o paciente não resiste e pergunta

sobre o repertório ou a agenda de shows.

Jacques Pinus lembra que, após uma

entrevista dada ao programa do Jô So-

ares, ganhou popularidade entre seus

pacientes. “Uma de minhas pacientes,

certa vez, perguntou se eu estudava

flauta para melhorar meu trabalho

como cirurgião. Disse a ela que era o

contrário”, diverte-se.

Os benefícios da música na Medici-

na e vice-versa são, aliás, uma unani-

midade na opinião dos participantes.

“A música é um complemento para a

Medicina”, confirma Pinus. Ele desta-

ca a capacidade de abstrair e relaxar por

meio da música, algo extremamente

necessário para um profissional com

tantas responsabilidades e atribulações,

como o médico. “A Medicina é uma

profissão massacrante. Por isso, é im-

portante manter uma atividade comple-

mentar como essa. Mesmo com tanto

trabalho, conseqüência do profissiona-

lismo da Orquestra, digo que é a reali-

zação de um sonho”, declara Pinus.

“Hoje, sempre que ouço uma música,

já me imagino tocando. Recomendo a

todos os colegas”, completa. A Orques-

tra está aberta a novos participantes.

Basta resgatar aquele velho instrumen-

to no fundo do armário, desenferrujar

as técnicas musicais adquiridas no pas-

sado e retomar o fôlego para muitas

apresentações. �

Para Pinus, “a música é um complemento da medicina”

SERVIÇO

Orquestra Experimental de Músicos

do Hospital Israelita Albert Einstein

Ensaios: quartas-feiras, às 20h30

Contato: Cirurgião pediatra

Jacques Pinus

Tel.: (11) 3747-3007

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RICARDO BALEGO

“E

O médico queressuscitavaos mortos

ste médico tem o dom esté-

tico de, pela escrita, ressus-

citar os mortos”. Assim Carlos

Drummond de Andrade apresentou aos

leitores brasileiros aquele que, prova-

velmente, tenha sido o maior memori-

alista deste país: Pedro Nava.

Homem com intensa produção poé-

tica, literária e médica, teve sua exis-

tência esvaída por decisão própria

numa noite de 1984. Embora existam

muitas especulações, não é possível afir-

mar sua real motivação.

Quase 81 anos antes, vinha ao

mundo no dia 5 de junho de 1903,

devidamente amparado no número

179 da rua Direita, em Juiz de Fora,

Minas Gerais.

Em 1910, junto com os pais José Pe-

dro da Silva Nava, médico cearense, e

a mineira Diva Mariana Jaguaribe da

Símbolo da memorialística brasileira, o mineiro PedroNava também dedicou boa parte de sua vida à medicina

Silva – a Sinhá Pequena –, segue pela

primeira vez para o Rio de Janeiro. No

ano seguinte, no entanto, a morte do

patriarca obriga a mãe grávida e os fi-

lhos a voltarem para a cidade natal.

O pequeno Nava logo retornaria ao

Rio, ficando com os tios até concluir o

internato no colégio Pedro II, em 1920.

No ano seguinte, vai para a capital

mineira ingressar na Faculdade de Me-

dicina de Belo Horizonte – atual Facul-

dade de Medicina da UFMG.

Na mesma época, conhece seu ami-

go Carlos Drummond e passa a inte-

grar o Grupo Estrela, que também

reunia intelectuais como Ciro dos An-

jos, Gregoriano Canedo e João Alphon-

sus. Não demora a colaborar com seus

poemas em “A Revista”, ícone do mo-

vimento modernista mineiro.

Nas artes gráficas, ilustrou a obra

“Macunaíma”, de Mário de Andrade,

e “Roteiro Lírico de Ouro Preto”, de

Afonso Arinos, além das capas de seus

próprios livros.

Uma década depois, escreve “O de-

funto”, poema que, mais tarde, seria pu-

blicado na antologia “Poetas Brasileiros

Bissextos Contemporâneos”, organiza-

da por Manuel Bandeira, arrancando

elogios do escritor Pablo Neruda.

Em 29 de junho de 1943, casa-se com

Antonieta Penido e o casal vai morar

na rua da Glória, 190, local onde Pe-

dro se manteve até o dia de sua morte.

Somente em fevereiro de 1968 come-

çou a redigir suas memórias, aos 64

anos. Até 1972 só havia publicado poe-

mas esparsos – a chamada poesia bis-

sexta –, ano em que foi lançado “Baú

de Ossos”, seu primeiro volume me-

morial. Vieram depois mais cinco vo-

lumes publicados em vida: “Balão

Cativo” (73), “Chão de Ferro” (76),

“Beira-mar” (78), “Galo-das-trevas”

(81) e “O Círio Perfeito” (83). O séti-

mo, “Cera das Almas”, estava pratica-

mente acabado quando morreu e seria

publicado de maneira póstuma.

Por suas obras, Nava recebeu diversos

Foto: Ateliê EditorialDIADOMÉDICO-ESPECIAL

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prêmios, entre eles o da Câmara Brasi-

leira do Livro, da União Brasileira de

Escritores e da Associação Paulista dos

Críticos de Arte.

Chegou a pintar quadros, “uns seis

ou sete”, segundo ele próprio. Assumi-

damente, seu estilo emprestava traços

de outros artistas, motivo pelo qual se

autodenominava um “ótimo plagiário”.

Van Gogh, Tarsila do Amaral e Cândi-

do Portinari teriam sido algumas de

suas “vítimas”.

No entanto, a originalidade Nava

guardou para seu particular processo de

criação literária: em folhas duplas, de

um lado datilografava suas anotações,

e do outro desenhava bonecos e anota-

va as eventuais correções. Esses escri-

tos viriam servir de inspiração para a

produção, mais tarde, de seus livros.

Sua obra memorialística reconstituiu,

de forma minuciosa, aspectos familia-

res e de sua ascendência familiar, resga-

tando ainda passagens vividas por conta

da medicina e das artes; conseqüente-

mente, acabou por reproduzir um retra-

to fiel da sociedade brasileira da época.

Poucos anos antes de encerrar sua

vida, confinado em seu apartamento no

Rio, justificou a opção pela tardia pro-

dução textual. “Essa minha entrada na

velhice, o meu isolamento progressi-

vo, em parte criado por mim mesmo,

porque cada vez menos gosto da com-

panhia dos outros, implica numa intros-

pecção que resultou nessa necessidade

de escrever memórias”.

Vocação médicaNava se formou na saudosa turma

de 1927 da Faculdade de Medicina

da UFMG, da qual também fez parte

o jovem Juscelino Kubitscheck, gran-

de amigo do poeta e futuro presidente

da República.

A fim de custear seus estudos, já no

primeiro ano conseguiu um emprego

na Secretaria de Higiene e Saúde Pú-

blica de Minas Gerais. Ali, não era

muito bem visto pelo fato de freqüen-

tar lugares como o Bar Estrela e Bar

do Ponto, onde se concentravam poe-

tas e boêmios.

Após sua colação de grau – a cuja

cerimônia faltou por não ter um terno

apropriado –, foi designado para com-

bater uma epidemia de tifo que aco-

metia a população de Taquaraçu, na

época ainda distrito da cidade mineira

de Caeté. Na volta dessa viagem, teve

a certeza de que aqueles dias sob o sol

forte, a cavalo e a base de comida indi-

gesta lhe renderam mais do que todos

os anos de faculdade. Agora era real-

mente um médico.

Experiência semelhante teve quando

atuou em Monte Aprazível, noroeste

paulista. Assumiu o controle sanitário

da cidade, zona endêmica de malária, e

trabalhou como parteiro, clínico-geral

e em pequenas cirurgias.

Foi outro período de muito traba-

lho, mas também de muito aprendi-

zado para Nava. Em meio à falta de

recursos, foi ali que descobriu o quan-

to uma conversa com os pacientes

pode ser reveladora.

Embora sua atuação na medicina te-

nha se dado por décadas na área sanitá-

ria, colaborou também de forma

decisiva para o desenvolvimento da

Reumatologia no país. Ajudou a fundar

Fotos: Ateliê Editorial

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e presidiu a sociedade brasileira da

especialidade.

Na Policlínica Geral do Rio de Ja-

neiro, montou seu ambulatório na área,

ao mesmo tempo em que promoveu os

encontros no histórico anfiteatro, espa-

ço para discussão e atualização médi-

ca, que contava com profissionais de

diversas escolas e serviços.

Em sua volta definitiva ao Rio de

Janeiro, tornou-se chefe do serviço

de hospitais da municipalidade, di-

rigindo o Hospital Carlos Chagas e o

Departamento de Assistência

Hospitalar. Tornou-se livre-docente

em Clínica Médica e recebeu o títu-

lo de “honoris causa” da Faculdade

de Medicina de Barbacena (MG).

Em seus mais de 50 anos de profis-

são, o médico Pedro Nava teve uma atu-

ação profissional incontestável,

obtendo por isso reconhecimento e tí-

tulos em diversas partes do mundo.

Última noiteNa noite de um domingo, 13 de maio

de 1984, uma bala calibre 32, dispara-

da por ele próprio, dissipou as idéias

do médico-escritor.

Terminava de escrever um discurso

que pronunciaria ao receber o título de

Cidadão Fluminense, em 23 daquele

mês. Mostrou-o à Antonieta e jantou.

Logo depois, a esposa passou-lhe um

estranho telefonema, que o deixou ca-

lado e pensativo – acredita-se que te-

nha ouvido obscenidades vindas de uma

voz masculina.

Por volta das 22h, Nava saiu sem avi-

sar à mulher e foi visto na rua, próxi-

mo ao seu apartamento, aparentemente

abatido. Às 23h30, ouviu-se o disparo

do seu velho revólver.

Coincidentemente – ou não –, em

1975, durante a feitura de seu terceiro

livro, redigiu uma carta-testamento,

que foi enviada aos amigos Carlos

Drummond, Plínio Doyle, José Na-

buco e Afonso Arinos, além de seus

dois médicos.

Sua única exigência era que o docu-

mento fosse guardado e lido somente

após sua morte, trato que perdurou

pelos próximos nove anos. Entre os

pedidos, estavam o de um funeral sim-

ples e sem flores, a recusa de qual-

quer tipo de homenagem da

Policlínica do Rio de Janeiro, de onde

acabou saindo de forma desafeta, e a

maneira exata como seu corpo deve-

ria estar disposto no caixão.

O fato é que Pedro Nava decretou

seu próprio fim e, a partir daquele

momento, não mais poderia ressusci-

tar os mortos. �

Pedro Nava, quando jovem, à sombra de bananeiras

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m homem negro, de jaleco

branco, segue pelos corredo-

res da Santa Casa de Misericórdia de

São Paulo, entra no centro cirúrgico.

Alguém o interpela:

- O senhor sabe a que horas o mé-

dico chega?

A pergunta é rotineira na vida do

Caminhando paraa igualdade

O médico Daniel de Miranda faz parte das estatísticas querevelam pouco espaço para as pessoas negras e de baixarenda no ensino superior no Brasil, em especial, na Medicina

PRISCILLA FERREIRA

U

médico Daniel de Miranda, já habitua-

do ao estranhamento dos pacientes que,

em geral, não estão acostumados a se-

rem atendidos por médicos negros. E

isso acontece porque menos de 1% dos

estudantes de medicina no Brasil são ne-

gros. Menor ainda é a porcentagem dos

que conseguem o diploma. Daniel era o

único na turma de formandos de 2003,

da Faculdade de Medicina da Santa Casa

de Misericórdia de São Paulo.

E foi também o único médico negro

que vi transitando pelo hospital en-

quanto aguardava pela entrevista. Mar-

camos para as 13 horas. Iríamos

aproveitar o horário de almoço, único

tempo livre na agenda do residente em

passagem pelo Pronto Socorro. Cin-

qüenta minutos depois, reconheci Da-

niel vindo em minha direção. Um rapaz

de 27 anos, pele negra, sorriso amigo.

Calmamente, se aproxima, pede descul-

pas e explica o motivo do atraso: uma

paciente com trauma grave.

TrajetóriaDaniel nasceu no bairro do Jabaqua-

ra, na zona Sul de São Paulo. Foi cria-

do por uma tia, Maria da Silva de

Miranda, que o adotou junto com o ir-

mão mais novo e, até hoje, supre a au-

sência dos pais biológicos. Foi ela quem

primeiro reconheceu sua vocação.

“Eu sempre quis ser médico. Nun-

ca me imaginei fazendo outra coisa na

vida. Desde pequeno tive certeza de que

era isso. Minha mãe fez um curso técni-

co de enfermagem e, às vezes, precisava

me levar ao hospital com ela. Eu adora-

va! Acho que isso ajudou a estimular em

mim o desejo de ser médico”, revela.

Apesar da vocação, faltava dinheiro.

A mãe adotiva sabia que o sonho do

filho custaria caro e que seria impor-

tante ele estudar em escola particular

para, no futuro, enfrentar o concorrido

vestibular. Com o salário de auxiliar

de enfermagem, passou a custear os pri-

meiros anos de estudo do garoto. Mas,

na quinta série de ensino fundamental,

Maria teve que tirá-lo do colégio. A

DIADOMÉDICO-ESPECIAL

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escola pública seria a única opção. Os

sonhos do menino poderiam terminar

ali. Mas Daniel conseguiu uma bolsa

de estudos integral mediante um acor-

do fechado com a escola: estudaria pela

manhã e trabalharia no período da tar-

de, na própria escola.

A estratégia deu tão certo que ele ape-

lou para o mesmo argumento quando

ingressou no ensino médio, convencen-

do o diretor da escola de que era mere-

cedor de uma bolsa de estudos. Apesar

da bolsa – motivo de imensa alegria sua

mãe – foi nessa época que o então garo-

to de 15 anos sofreu, pela primeira vez,

o preconceito racial.

A história, apesar de inocente, revela

um racismo velado. Na sala de aula,

um colega branco chegou a questionar

o professor sobre suas notas, indignado

com o fato de Daniel ter tirado notas

melhores que as dele.

- Como um moleque como ele pode ti-

rar notas melhores – questionou o garoto.

O médico se lembra do episódio com

tristeza. “Pelo jeito que ele falou, era

como se fosse inadmissível que eu ti-

vesse mais êxito do que ele. Mas essa é

a única recordação que eu tenho de dis-

criminação explícita”, recorda-se.

Início de outra jornadaCom o fim dos estudos regulares,

Daniel foi em busca de um cursinho

preparatório. Mais uma vez, não tinha

dinheiro para pagar o curso e candida-

tou-se às provas de conhecimento para

tentar uma bolsa. Estudou com afinco

e se preparou para o grande momento.

Só que, às vésperas do vestibular, sen-

tiu medo e quase desistiu. “Cheguei a

pensar em prestar para engenharia quí-

mica. Estava inseguro, com medo de

não conseguir passar, como se a medi-

cina não fosse pra mim”, relembra.

Mas, hoje, Daniel sabe que estava

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Daniel Miranda faz atendimento naSanta Casa / SP

enganado. Tomou coragem e prestou

duas provas: da Faculdade de Medicina

da Universidade de Campinas (Uni-

camp) e Ciências Médicas da Santa Casa

de São Paulo. A primeira notícia foi a

aprovação na Santa Casa, que deixou o

futuro médico felicíssimo. A falta de di-

nheiro, dessa vez, foi resolvida com um

empréstimo da avó para fazer a matrí-

cula e dar entrada no pedido de bolsas

de estudos. Anualmente, a Santa Casa

oferece uma cota de suas vagas para es-

tudantes de baixa renda. E Daniel ficou

com uma delas. Só mais tarde o jovem

ficou sabendo que havia passado tam-

bém na Unicamp, na terceira lista. A

notícia tardia acabou decidindo o seu

futuro. Hoje é formado pela Santa Casa

e residente da mesma instituição.

Logo nos primeiros dias de aula, Da-

niel percebeu que só a bolsa não seria

suficiente. Era preciso custear o curso,

que exigia livros e materiais caros –

além, é claro, da dedicação exclusiva aos

estudos. Virou plantonista de cursinho

e se dividia entre as aulas de Medicina e

os plantões de dúvidas dos vestibulan-

dos de química, durante três horas por

dia, de segunda a sábado. Com o tempo,

foi promovido a professor e deu aula até

o início do sexto ano da faculdade.

Após a formatura, serviu o Exército

durante um ano, como médico da Ma-

rinha, em São Paulo. A residência em

Cirurgia Vascular representa a concre-

tização de um sonho de criança. Mas

não é a reta final. Daniel ainda preten-

de fazer mestrado e doutorado para le-

cionar em Universidade. “Quero

incentivar a paixão dos médicos pelo

ofício em si, e não apenas pelo confor-

to financeiro que a profissão pode tra-

zer”. No mundo real e com os pés

fincados no chão, Daniel vive agora

outra realidade, não menos dura, mas

com perspectivas melhores: sobrevive

com o salário de R$ 1.400,00 pago aos

residentes, e faz plantões para comple-

mentar a renda.

Primeiro membro da família a con-

cluir um curso superior, o jovem sabe

que é exceção e agradece as oportuni-

dades que recebeu. Sabe que a dificul-

dade dos negros e dos pobres de viver

plenamente sua vocação profissional –

seja medicina, engenharia, direito, ar-

tes etc - tem raiz na história do Brasil.

“Não dá pra negar que existe uma desi-

gualdade social muito grande no país e

que isso se reflete na distribuição das

oportunidades profissionais”, conside-

ra o médico.

Apesar disso, Daniel é contra a polí-

tica de cotas para minorias no vestibu-

lar. Para ele, o único jeito de o governo

interferir nessa trajetória injusta é in-

vestindo na educação fundamental. Ele

acredita que se brancos, negros e índi-

os tivessem uma boa formação desde

cedo, chegariam ao vestibular em pé de

igualdade. O futuro cirurgião defende,

ainda, que nada se conquista sem uma

boa dose de empenho pessoal de cada

cidadão. “Minha mãe sempre me disse

que eu teria que ser o melhor em tudo o

que fizesse para que ninguém jamais

duvidasse da minha capacidade. Tudo

o que eu consegui foi com muita luta.

Estou cansado de ver pessoas acomo-

dadas que passam a vida culpando o

mundo pelo fracasso pessoal”, alfineta.

Fim da entrevista. Daniel tem pres-

sa. Lá vai ele, pelos corredores do hos-

pital. Homem negro, jaleco branco, leva

um sorriso nos lábios e um estetoscó-

pio no peito, além do coração de mais

um médico brasileiro. �

Nota: Daniel de Miranda foi en-

trevistado em 2004 quando era R1

de Cirurgia Vascular na Santa Casa

de Misericórdia de São Paulo.

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DIADOMÉDICO-ESPECIAL

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TTTTTango Argentinoango Argentinoango Argentinoango Argentinoango Argentino

Prof. Carlos Trajano

3a feira: 17h às 18h30

Valor mensal: R$ 20,00 (casal) e R$ 10,00

(individual) para sócios da APM e R$ 70,00

(casal) e R$ 40,00 (individual) para não sócios.

Danças FolclóricasDanças FolclóricasDanças FolclóricasDanças FolclóricasDanças Folclóricas

Prof. Carlos Trajano

2ª feira: 10h às 11h30.

Valor mensal: R$ 10,00 para sócios da

APM e R$ 35,00 para não sócios

Dança terap iaDança terap iaDança terap iaDança terap iaDança terap ia

Prof. Carlos Trajano

4ª feira: 10h às 11h30.

Valor mensal: R$ 10,00 para sócios da

APM e R$ 35,00 para não sócios

PPPPPiano Erudito e Piano Erudito e Piano Erudito e Piano Erudito e Piano Erudito e Popularopularopularopularopular

(aulas com agendamento até as 17h)(aulas com agendamento até as 17h)(aulas com agendamento até as 17h)(aulas com agendamento até as 17h)(aulas com agendamento até as 17h)

Prof. Gilberto Gonçalves

3ª feira: 9h às 17h

Valor mensal: R$ 45,00 para sócios da

APM e R$ 150,00 para não sócios.

Pintura sobre tela / Desenho /Pintura sobre tela / Desenho /Pintura sobre tela / Desenho /Pintura sobre tela / Desenho /Pintura sobre tela / Desenho /

ColagemColagemColagemColagemColagem

Profa. Cláudia Furlani

4ª feira: 9h às 12h, 14h às 17h ou 18h às 21h

5ª feira: 10h às 13h, 14h às 17h

Valor mensal: R$ 45,00 para sócios da

APM e R$ 140,00 para não sócios.

ESCOLADEARTES CHÁ COM CINEMA

Desde 1997, a APM promove des-

contração, cultura e lazer nas tardes

de quinta-feira. Exibições de fil-

mes, seguidas de chá da tarde com

sorteio e música ao vivo. Auditório

da APM. Ingressos: alimentos

não-perecíveis doados a entida-

des assistenciais. Reservas de

lugares devem ser feitas às segun-

das-feiras que antecedem ao evento.

CLÁSSICOS DO CINEMA

16/11– quinta - 14h

Tarde Demais para esquecer

114min., EUA, 1957.

Direção: Leo Maccarey, com

Cary Grant.

30/11 – quinta - 14h

Como era verde o meu vale

119 min., EUA, 1941.

Direção: John Ford.

CINE-DEBATEProjeção mensal de um filme temá-

tico relacionado ao cotidiano das

pessoas. Após a exibição do filme,

especialistas convidados analisam

e debatem com a platéia. Entrada

franca. Coordenação: Wimer Bo-

tura Júnior (psiquiatra).

24/11 – sexta - 20h

Nosso Querido Bob

100 min., EUA, 1991.

Direção: Frank Oz., com Bill Mur-

ray, Richard Dreyfuss e elenco.

Debate: o ingresso de uma pessoa

em uma família fatalmente gera al-

terações no sistema. Como evitar

que o inevitável desequilíbrio ini-

cial cause danos irreversíveis?

Grandes nomes da música erudita,

nacional e internacional, apresentam-

se na APM toda última quarta-feira

do mês.

25/10 - quarta - 20h30

Orquestra Antunes Câmara

MÚSICA EM PAUTA

AGENDA CULTURAL

Paulo Autran completa sua nona-

gésima montagem teatral com:

O AVARENTO, de Moliére

Trata-se de uma das últimas e geni-

ais comédias desse incrível autor.

Conta de forma hilariante a tragé-

dia de Harpagon, personagem ob-

cecada por valores superficiais. Em

uma caixa enterrada no jardim,

além das suas adoradas moedas,

Harpagon sufocou também todos

os seus valores e princípios éticos

perdidos. Não consegue enxergar

a felicidade tão próxima dele no

amor dos filhos e respeito dos ami-

gos, parentes e empregados. É uma

triste figura dominada pelo medo e

por uma ambição vazia que o leva-

rá à infelicidade e à solidão.

Teatro Cultura Artística - Sala Es-

ther Mesquita (1150 lugares) - Rua

Nestor Pestana, 196, Consolação.

Fone: (11) 3258-3344. Horário:

Quinta / Sexta / Sábado às

21h e Domingo às 18h. Tempora-

da: até 26 de novembro de 2006.

Preço Normal: de R$ 30,00 a R$

80,00 - Desconto de 20% para mé-

dicos associados, com direito

a um acompanhante.

TEATRO COM DESCONTO

INFORMAÇÕES E RESERVAS(11) 3188-4301 / 4302

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Revista da APM Outubro de 2006

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AGENDA CIENTÍFICA

NOVEMBRO • Qual a formação necessária parao médico da aviação segundo aAgência Nacional de AviaçãoCivil

Mesa Redonda: São estas asMesa Redonda: São estas asMesa Redonda: São estas asMesa Redonda: São estas asMesa Redonda: São estas asdoenças mais freqüentes nosdoenças mais freqüentes nosdoenças mais freqüentes nosdoenças mais freqüentes nosdoenças mais freqüentes nosaeronavegantes? Paeronavegantes? Paeronavegantes? Paeronavegantes? Paeronavegantes? Por quê?or quê?or quê?or quê?or quê?• Barotraumatismo – Helena

Peixoto• Cardiovascular - Vânia Melhado• Osteomuscular - João Castro• Psiquiátrica - Fábio Goffi• A Medicina de Aviação segundo

a União Européia - Francisco deOliveira

10/11 – sexta – 9hMesa Redonda: Medicina doMesa Redonda: Medicina doMesa Redonda: Medicina doMesa Redonda: Medicina doMesa Redonda: Medicina dov ia j an tev i a j an tev i a j an tev i a j an tev i a j an te• Gripe aviária e o risco de

pandemia - Marcos Boulos• Gripe aviária - impacto na

aviação – Paulo Magalhães• Risco de pandemia - plano

brasileiro – Dirciara GarciaMesa Redonda:Mesa Redonda:Mesa Redonda:Mesa Redonda:Mesa Redonda:Aconselhamento médicoAconselhamento médicoAconselhamento médicoAconselhamento médicoAconselhamento médicopara o viajantepara o viajantepara o viajantepara o viajantepara o viajante• Destino Brasil - Marcos Boulos• Destino Europa - Helena

BarriosMesa Redonda: DiminuindoMesa Redonda: DiminuindoMesa Redonda: DiminuindoMesa Redonda: DiminuindoMesa Redonda: Diminuindoo desconforto a bordoo desconforto a bordoo desconforto a bordoo desconforto a bordoo desconforto a bordo• Hipóxia e baixa umidade - João

Castro• Baixa umidade - Paulo

DemenatoMesa Redonda: ProgramasMesa Redonda: ProgramasMesa Redonda: ProgramasMesa Redonda: ProgramasMesa Redonda: Programasde segurança para álcool ede segurança para álcool ede segurança para álcool ede segurança para álcool ede segurança para álcool eoutras drogasoutras drogasoutras drogasoutras drogasoutras drogas• Palestra: Álcool e outras drogas -

Melchor Antunano• Programa da Embraer para

álcool e drogas - Carlos Santos• Programa da FRB para álcool e

drogas - Heber MathiasMesa Redonda: O que fazerMesa Redonda: O que fazerMesa Redonda: O que fazerMesa Redonda: O que fazerMesa Redonda: O que fazerpara aumentar a segurançapara aumentar a segurançapara aumentar a segurançapara aumentar a segurançapara aumentar a segurançapara o trabalhador dapara o trabalhador dapara o trabalhador dapara o trabalhador dapara o trabalhador daempresa aérea?empresa aérea?empresa aérea?empresa aérea?empresa aérea?• Acidentes de trabalho no

pessoal aeronáutico de terra noreduto – Ana Hall

• Motivos de incapacidadedefinitiva no aeronauta – HelenaPeixoto

• Protocolos de admissão deaeronauta e de pessoal de terra– Margarida Lima

• Assembléia da SociedadeBrasileira de MedicinaAeroespacial

11/11 – sábado – 9hFórum de EnsinoFórum de EnsinoFórum de EnsinoFórum de EnsinoFórum de EnsinoPalestra: O Ensino da Medicina

Departamento de Acupuntura21/11 – terça – 20hReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f ica• Qi gong - meditação e

exercícios para a saúde - Dr. RuyTanigawa/ Dr. Luiz Sampaio

Departamento de Cancerologia23/11 – quinta – 19h111ª Jornada de111ª Jornada de111ª Jornada de111ª Jornada de111ª Jornada deCancerologia da APMCancerologia da APMCancerologia da APMCancerologia da APMCancerologia da APMCâncer GástricoOrganização: Agliberto Oliveira/Célia Oliveira/ Alice Garcia/Renato Samea• Epidemiologia do câncer gástrico

nas diversas regiões do mundo edo Brasil. Epidemiologia, fatorese comportamentos

• Diagnóstico das lesões iniciais: háindicações de rastreamentopopulacional e de gruposindividualizados?

• Novos métodos de diagnóstico• Tratamento cirúrgico: indicações

específicas das diversasmodalidades

• Tratamento sistêmico: o que háde novo?

• Discussão

Comitê Multidisciplinar deCitopatologiaCurso de Câncer VCurso de Câncer VCurso de Câncer VCurso de Câncer VCurso de Câncer Vulvoulvoulvoulvoulvo-----VVVVVag ina lag ina lag ina lag ina lag ina lOrganização/ Coordenação: Profa.Dra. Suely Alperovitch/ Profa. Dra.Lúcia Carvalho/ Profa. Dra. KarlaDantas31/11 – quinta - 19h• Generalidades - Dra. Elizabeth

Leão• Exame cito-histopatológico -

Dra. Carla Kemp• Conduta atual - Dr. Ronaldo

Costa

Departamento de Coloproctologia06/11 – segunda – 9hReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f ica• Atualização no tratamento da

constipação idiopática

Controle de Qualidade Hospitalar– CQH09 e 10/11 – quinta e sexta - 8h30Curso: Gestão de ProcessosCurso: Gestão de ProcessosCurso: Gestão de ProcessosCurso: Gestão de ProcessosCurso: Gestão de Processos(Mapas de Processo)(Mapas de Processo)(Mapas de Processo)(Mapas de Processo)(Mapas de Processo)• Análise e transformação

organizacional• A organização e as partes

interessadas

• Mapa de relacionamento:compreendendo as questõescríticas do hospital

• Identificando e desenhando osprocessos-chave do hospital

Comitê Multidisciplinar de DorJornadas de DorJornadas de DorJornadas de DorJornadas de DorJornadas de DorOrganização: Dr. Rubens Bergel08/11 – quarta – 20hModelos de AtendimentoModelos de AtendimentoModelos de AtendimentoModelos de AtendimentoModelos de AtendimentoMédico em Dor CrônicaMédico em Dor CrônicaMédico em Dor CrônicaMédico em Dor CrônicaMédico em Dor CrônicaCoordenação: Joannis Liontakis• Equipe multidisciplinar em

fibromialgia - Dra Thais Pato• Medicina ou medicinas?

Concepção bio-médica e bio-psico-social - Dr. Rubens Bergel

• Avanços recentes em recursosmedicamentosos - Dr. Luiz Valle

23/11 - quinta – 20hLombalgia, Lombociatalgia eLombalgia, Lombociatalgia eLombalgia, Lombociatalgia eLombalgia, Lombociatalgia eLombalgia, Lombociatalgia eSíndrome Pós-LaminectomiaSíndrome Pós-LaminectomiaSíndrome Pós-LaminectomiaSíndrome Pós-LaminectomiaSíndrome Pós-LaminectomiaCoordenação: Dr. Valter Cescato• Fibromialgia: concepção e

terapêutica - Dr. Sidarta Dias• Visão do ortopedista - Dr. José

Forni• Lombalgia, lombociatalgia e

síndrome pós-laminectomia:visão do neurocirurgião - Dr.Arthur Poetscher

• Lombalgia, lombociatalgia esíndrome pós-laminectomia: umasomatização? implicaçõesterapêuticas - Dr. Rubens Bergel

Sociedade Brasileira de MedicinaAeroespacialI I I Congresso Brasi leiro deII I Congresso Brasi leiro deII I Congresso Brasi leiro deII I Congresso Brasi leiro deII I Congresso Brasi leiro deMedicina AeroespacialMedicina AeroespacialMedicina AeroespacialMedicina AeroespacialMedicina AeroespacialI Encontro Luso-Brasi leiroI Encontro Luso-Brasi leiroI Encontro Luso-Brasi leiroI Encontro Luso-Brasi leiroI Encontro Luso-Brasi leirode Medicina de Aviaçãode Medicina de Aviaçãode Medicina de Aviaçãode Medicina de Aviaçãode Medicina de AviaçãoOrganização: Paulo Magalhães/Vânia Melhado/ Carlos Gerk Fº/Paulo Demenato/ Luiz Demenato09/11 – quinta – 9h• Palestra: Capacitação médica

especial para piloto - MelchorAntunano

• Aspectos fisiológicos doorganismo humano no espaço -Farhad Sahiar

• Teleconferência – A realidade damedicina espacial no dia-a-dia domédico brasileiro - ThaisRussomano

Mesa Redonda: Quais são osMesa Redonda: Quais são osMesa Redonda: Quais são osMesa Redonda: Quais são osMesa Redonda: Quais são osrequisitos necessários pararequisitos necessários pararequisitos necessários pararequisitos necessários pararequisitos necessários paraformar o médico emformar o médico emformar o médico emformar o médico emformar o médico emexaminador?examinador?examinador?examinador?examinador?• Aspectos aero-médicos da

aviação comercial - MelchorAntunano

Aeroespacial na Wright StateUniversity - Farhad Sahiar• Novas especialidades - Ernani

Rolim• Realidades do ensino na

Universidade Gama Filho -Carlos Gerk • Laboratóriode microgravidade PUC-RS -Thaís Russomano

• Necessidade da formação - JorgeCuri

Departamento de Medicina deFamília e Comunidade14/11 – terça – 19h30Reunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaModerador: Dr. Marcelo LevitesVia WEBCAM: Prof. Wes Fabb -Austrália• Foco no aprendizado, a

contribuição da Medicina deFamília

Departamento de Medicina Físicae Reabilitação25/11 – sábado – 8h30Jornada PJornada PJornada PJornada PJornada Paul ista de Medicinaaul ista de Medicinaaul ista de Medicinaaul ista de Medicinaaul ista de MedicinaFís ica – Sexual idade eFís ica – Sexual idade eFís ica – Sexual idade eFís ica – Sexual idade eFís ica – Sexual idade eReab i l i t açãoReab i l i t açãoReab i l i t açãoReab i l i t açãoReab i l i t ação

Departamento de NeurologiaXIV Simpósio Brasileiro deXIV Simpósio Brasileiro deXIV Simpósio Brasileiro deXIV Simpósio Brasileiro deXIV Simpósio Brasileiro deSonoSonoSonoSonoSonoVIII Congresso PVIII Congresso PVIII Congresso PVIII Congresso PVIII Congresso Paulista deaulista deaulista deaulista deaulista deSonoSonoSonoSonoSonoV Simpósio Internacional deV Simpósio Internacional deV Simpósio Internacional deV Simpósio Internacional deV Simpósio Internacional deSonoSonoSonoSonoSono17/11 – sexta – 8h30Coordenação: José Mol, SueliRossini• Obesidade e bruxismo – Vera

Kogler e Maria de Luca• Obesidade e sono – Marlene

Monteiro• Insônia e transtornos alimentares

- Kátia LoureiroCoordenação: Sandro BlasiEspósito, Maria Lúcia Bulgari• Trabalho e distúrbios do sono -

Nancy Inocente• Sono e acidentes: o papel das

ONGs - Salomão Rabinovich• Sono e trabalho em turno -

Daniela UgaCoordenação: Jolene Oliveira,Nancy Julieta Inocente• Conseqüências crônicas da

insônia - Nely De Marchi• Estresse e sono - Maria Moreira• Insônia: visão psicossomática –

José RiechelmannCoordenação: José CarlosRiechelmann, Milene Bertolini• Mães de bebês com insônia –

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Programação para LeigosPrograma Educação para SaúdeCoordenação: DrCoordenação: DrCoordenação: DrCoordenação: DrCoordenação: Dr. Severiano. Severiano. Severiano. Severiano. Severiano Atanes Atanes Atanes Atanes AtanesNettoNettoNettoNettoNetto08/11 – quarta – 14h22/11 – quarta – 14h

Narcolepsia para PacientesCoordenação: Suel i Ross in i ,Coordenação: Suel i Ross in i ,Coordenação: Suel i Ross in i ,Coordenação: Suel i Ross in i ,Coordenação: Suel i Ross in i ,Eduardina TEduardina TEduardina TEduardina TEduardina Tenenbojmenenbojmenenbojmenenbojmenenbojm18/11 – sábado – 8h30• Aspectos neuropsicológicos nanarcolepsia – Mirleny Moraes• Atividade física como promotora de bem-estar – Ana Coelho e Luciana Lorenzini• Mecanismos de enfrentamento nanarcolepsia – Heloísa Rovere• Tratamento: papel da farmácia hospitalar– Auricélia Silva

Programa para Portadores de Insônia eFamiliaresCoordenação: Cláudia Hara, AnaCoordenação: Cláudia Hara, AnaCoordenação: Cláudia Hara, AnaCoordenação: Cláudia Hara, AnaCoordenação: Cláudia Hara, AnaC o e l h oC o e l h oC o e l h oC o e l h oC o e l h o18/11 – sábado – 14h• Causas da insônia – Priscila Junqueira• Mudança de hábitos e insônia – JoleneOliveira• Orientações para controlar a insônia –Célia Rocha

OBSERVAÇÕES1 .1 .1 .1 .1 . Os sócios, estudantes, residentes e

outros prof iss ionais deverãoapresentar comprovante de categoriana Secretaria do Evento, a cadaparticipação em reuniões e/ou cursos.

2.Favor conf irmar a real ização2.Favor conf irmar a real ização2.Favor conf irmar a real ização2.Favor conf irmar a real ização2.Favor conf irmar a real izaçãodo Evento pelo telefone: (11)do Evento pelo telefone: (11)do Evento pelo telefone: (11)do Evento pelo telefone: (11)do Evento pelo telefone: (11)3 1 8 8 - 4 2 5 2 .3 1 8 8 - 4 2 5 2 .3 1 8 8 - 4 2 5 2 .3 1 8 8 - 4 2 5 2 .3 1 8 8 - 4 2 5 2 .

3 .3 .3 .3 .3 . As programações estão sujeitas aalterações.

INFORMAÇÕES/INSCRIÇÕES/LOCAL:Associação Paulista de MedicinaAv. Brigadeiro Luís Antônio, 278Tel.: (11) 3188-4252 –Departamento de EventosE-mail: [email protected]: www.apm.org.br

ESTACIONAMENTOS:Rua Francisca Miquelina, 67(exclusivo para sócios da APM)Rua Genebra, 296(Astra Park – 25% de desconto)Av. Brig. Luís Antonio, 436(Paramount – 20% de desconto)Av. Brig. Luís Antonio, 289 (OriginalPark)

PPPPProfrofrofrofrof. Dr. Dr. Dr. Dr. Dr. Hel io de Souza Lima. Hel io de Souza Lima. Hel io de Souza Lima. Hel io de Souza Lima. Hel io de Souza LimaDiretor de Eventos

PPPPProfrofrofrofrof. Dr. Dr. Dr. Dr. Dr. Álvaro Nagib Ata l lah. Álvaro Nagib Ata l lah. Álvaro Nagib Ata l lah. Álvaro Nagib Ata l lah. Álvaro Nagib Ata l lahDiretor Científico

Eduardina Tenenbojm• Aspectos moleculares da relação

entre epilepsia e sono - MarlyRosinha

• Aparelhos orais no respiradorbucal – Rosana Albertini

Mesa RMesa RMesa RMesa RMesa Redonda – Pedonda – Pedonda – Pedonda – Pedonda – PesquisaesquisaesquisaesquisaesquisaCoordenação: Sérgio Nolasco,Sueli Rossini• Sono do trabalhador na

entressafra – Joseane Lima• Distúrbios do sono em

drogadictos – Adriana Peraro• Distúrbios em doenças crônicas

– Cristiana Corrêa• Sono do adolescente – Gema

de Mesquita• Sono e transtornos psiquiátricos

- Geisa de Angelis• Sono e deficiência mental –

Célia RochaWWWWWorkshop: Conversandoorkshop: Conversandoorkshop: Conversandoorkshop: Conversandoorkshop: Conversandosobre Narcolepsiasobre Narcolepsiasobre Narcolepsiasobre Narcolepsiasobre NarcolepsiaCoordenação: Carmen Proença,Heloísa Dal RovereCoordenação: Michele Dominici,Sylvia Joffily• Transtorno do déficit de atenção

e hiperatividade: avanços –Wimer Bottura Jr

• Epilepsia e sono – SandroEsposito

• Epilepsia durante o sono esonambulismo: como diferenciar?- Atíllio Melluso

Coordenação: Carlos Bein, LilianeLacerda• Fibromialgia e insônia – Bianca

Nazário• Dor e sono: contribuições

psicanalíticas - Sueli Rossini• Sono em nonagenários

institucionalizados – Ana CoelhoCoordenação: Daniela Uga, NelyDe Marchi• Qualidade de vida e de sono –

Carlos de Andrade• Epidemiologia dos distúrbios do

sono – Cláudia Hara• Polissonografia da doença de

Parkinson – Mônica de SouzaMesa Redonda - SonhosMesa Redonda - SonhosMesa Redonda - SonhosMesa Redonda - SonhosMesa Redonda - SonhosCoordenação: Adriana Peraro,Maria Nilza Moreira• Cognição e sonho - Sylvia Joffily• Grupos de sonhos – Marion

Gallbach• O tempo e os sonhos –

Therezinha Leite• Neurofisiologia do sono –

Agostinho RosaDebatedores: Joaquim Alho Fº eSueli RossiniCoordenação: Maria de Luca,

Luciana Lorenzini• Memória e atenção em

narcolepsia - Mirleny de Moraes• Narcolepsia - modelo canino -

Clara Inocente• Sonolência excessiva,

produtividade e impacto social -Heloísa Rovere

• Sonolência excessiva na clínica –José Mól

Coordenação: Joseane de Lima,Carlos Laganá de Andrade• Orientação de pacientes com

insônia - Lys Boas• Sonhos na atividade clínica –

Carlos Bein• Jung, sono e sonhos – Cecília

Grandke

18/11 – sábado – 8h30Coordenação: Gema de Mesquita,Kátia Loureiro• Distúrbios do sono na terceira

idade – Jolene Oliveira• Sono no idoso institucionalizado

– Maria Lucia Bulgari• A insônia no idoso - Joaquim

Alho FºMesa Redonda: Cl ínica eMesa Redonda: Cl ínica eMesa Redonda: Cl ínica eMesa Redonda: Cl ínica eMesa Redonda: Cl ínica eEnsino da Medicina do SonoEnsino da Medicina do SonoEnsino da Medicina do SonoEnsino da Medicina do SonoEnsino da Medicina do SonoCoordenação: Sung Joo,Therezinha Leite• Experiência no Instituto do Sono

de Belo Horizonte – DirceuCampos

• O ensino da Medicina do Sonona Universidade - RubensReimão

• Minha experiência em Medicinado Sono - Paulo Vaz de Arruda

Composição da Mesa: José Mól,Therezinha Leite, RubensReimão, Sueli Rossini, PauloArruda• Prêmio J.J. Barros e Prêmio

Marco Elizabetsky• Avanços em Polissonografia -

Agostinho Rosa• Doenças Neurológicas e

Compromentimento do Sono -Michele Dominici

Mesa Redonda: Avanços emMesa Redonda: Avanços emMesa Redonda: Avanços emMesa Redonda: Avanços emMesa Redonda: Avanços emMedicina do SonoMedicina do SonoMedicina do SonoMedicina do SonoMedicina do SonoCoordenação: Cristiana Corrêa,Mônica de Souza• Parassonias e epilepsias –

Michele Dominici• Polissonografia e distúrbios do

sono - Agostinho RosaDebatedores: Paulo Vaz de Arrudae Attílio MellusoCoordenação: Nancy JulietaInocente, Gema de Mesquita• Privação do Sono no

Adolescente - Maria Bulgari• Depressão no Idoso - Maria

Moreira• Distúrbios do Sono na Mulher –

Carmen ProençaCoordenação: Lys Boas, Geisa deAngelis• A polissonografia neonatal –

Kátia Schmutzler• Psicologia da cirurgia bariátrica –

Marlene Monteiro• O sono nas doenças de

Parkinson e Alzheimer – RubensReimão

• Distúrbios do sono no TDAH –Sérgio Nolasco

Apresentação de CasosApresentação de CasosApresentação de CasosApresentação de CasosApresentação de CasosClínicos/TClínicos/TClínicos/TClínicos/TClínicos/Temas Livresemas Livresemas Livresemas Livresemas LivresCoordenação: Nely De Marchi eWimer Bottura Jr.Coordenação: Reinaldo Gusmão,Vera Kogler• SAOS em crianças: como eu

trato – Reinaldo Gusmão• Respiração oral e SAOS:

prevenção e reabilitação –Milene Bertolini

• Papel do ORL na apnéia dosono – Sung Joo

Departamento de Nutrologia16/11 – quinta – 20hReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f ica• Aspectos gerais da terapia

nutrológica enteral e parenteral -Dra. Eline Soriano

Departamento de PatologiaClínica30/11 - quinta – 20hReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f icaReunião Cientí f ica• Antifungigrama: quando solicitar

e como interpretar - Dra.Angélica Schreiber

Comitê Multidisciplinar dePsicologia Médica25/11 – sábado – 8h30Jornada de Psicologia MédicaJornada de Psicologia MédicaJornada de Psicologia MédicaJornada de Psicologia MédicaJornada de Psicologia MédicaO Profissional de Saúde: Bem-Estar na Atividade Pessoal,Profissional, Cultural, Social eEspiritualCoordenação: Dra. Vânia deCastro Moreira• Estratégias de enfrentamento da

morte e do morrer – Dr. MarcoFigueiredo

• O caminho para atransformação: espiritualidade –Dr. Décio Natrielli

• Debate

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Produtos&

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AVISO: Quando não consta,o prefixo do telefone é 11.

SALAS – HORÁRIOS –PERÍODOSCONSULTÓRIOS – CONJUNTOS

ALUGAM-SECasa à av. Pacaembu, 981. 230m2 com 04vagas. Vários ambientes. Excelente paraclínica. R$ 5.700,00. Plantão no local. Fones(19) 9771-7747 e 3893-7394

Casa, Litoral Norte, cond. fechado. Moradada Praia, Boracéia. Rod. Rio-Santos, Km193. Temporadas e finais de semana. Fones8338-9075 e 4748-2944 (dr. Abel)

Chácara para fim de semana em Serra Negra –SP – com piscina, lago, galpão para churrasco,trilha de 10 a 17 pessoas. Fone 3082-1727(Eliete)

Período manhã e tarde em consultóriomobiliado com toda IE, situado à av. Paulista,648, cj. 913, 9º andar, próximo à estaçãoBrigadeiro do metrô. Fones 3289-1970 e3284-3793

Período ou integral, com toda infra-estrutura.Fones 3747-1382 e 8371-7967

Período à av. Faria Lima, ao lado do shoppingIguatemi. Clínica de alto padrão e completainfra-estrutura. Fones 3812-6092 e 3812-1926(das 8h às 17h)

Sala para psiquiatras, psicólogos, homeopatas,fisioterapeutas e fonoaudiólogos em clínicapróxima ao metrô Santa Cruz. Imóvel em ótimaconservação, localizado em rua tranqüila. Fone5573-3031 (Eliane)

Sala em sobrado localizado próxima aoshopping Butantã. Fone 3721-6613 (Berenice)

Sala para consultório. Edifício de alto padrão noItaim Bibi, ao lado do Pão de Açúcar. Decoraçãosofisticada. Secretária. Sist Wl-Fl. $ 400 dia.Fone 3707-1155

Sala ampla em casa para médicos ouprofissionais da saúde, com toda IE. Excelentepadrão e localização, em clínica com 08 anosde atividade no mesmo local. Jd. Anália Franco.Fones 6671-2969 e 6671-5883

Sala e/ou horário em consultório de altopadrão em Pirituba para médicos, fono oupsicóloga. Ótima demanda. Tudo incluso. Fone3904-9882 (enfermeira Magda)

Sala para área médica, por hora, período. 4horas semanais ou mensal. Vila Mariana,próxima ao metrô Ana Rosa. Fones 5539-3457e 8317-9739

Sala em clínica para médicos no bairroHigienópolis. Fone 3255-9213

Sala ampla em casa (sobrado) com IE,secretária e com estacionamento ao lado. Paramédicos e outros profissionais de saúde. VilaOlímpia. Fones 3044-5341 e 3845-1932(dra. Eliane ou dr. Fábio)

Sala em clínica montada à av. Angélica,próxima ao metrô Marechal Deodoro, comtelefone, wc privativo e comum, cozinha.Fone 3825-2904 (Maria do Carmo)

Sala em Santo André por período ou integral,clínica próxima ao Hospital e MaternidadeBrasil. Fones 4436-1318 e 4437-2541 (AnaCarolina)

Sala à r. Itapeva, com toda IE. Tratar de segundaà sexta-feira. Fone 3287-5878 (dra. Mirian)

Consultórios, período ou mensal c/ toda IE, fone,fax, secretária e serviços. Centro médicoOswaldo Cruz. Praça Amadeu Amaral, 47.Fone 3262-4430 (Daniela)

Horários em salas mobiliadas com secretárias,estacion. p/ clientes e possibilidade deatendimento a convênios pela clínica. Email:[email protected]. Fones 3064-4552,3060-8244 e 3088-4545

Período em consultório médico na área deginecologia e obstetrícia, mobiliado e com todaIE, na região da Vila Olímpia. Fones 3846-9022e 3846-5246

Salas ou meio período em clínica médica emMoema. 4ª travessa atrás do Shop. Ibirapuera(casa térrea) c/ ar, pabx, polimed, alvarásvigilância, sala peq. para cirurgia, estac. etc.Fones 5543-4369 e 9982-2543 (dr. Olivério)

Sala ou períodos para médicos em consultóriona Vila Olímpia. Casa bem localizada, recém-reformada. Imperdível. Fone 3841-9624(Ivone)

Sala p/ consultório c/ toda infra-estrutura. Al.dos Jurupis, 452, cj. 32. Fone 5051-0799(Valkiria)

Salas e/ou períodos em centro médico de altopadrão nos Jardins, próx. HC. Salas equipadasc/ toda IE. Funcionam de segunda a sábado.Fones 3064-4011 e 3082-0466 (Valdira/Daniel)

Sala em clínica médica na Vila Mariana, ao ladodo metrô Ana Rosa. Fone 5549-9622

Sala ou períodos em Perdizes para profissionaisda saúde. Fones 3871-2511, 3672- 0359 e9931-2713 (dra. Afra)

Sala para médicos, no período das 10h às 14h.R. Cotoxó, 611, 10º andar, cj. 105. Fones3873-5782 e 3871-5887

Sala em clinica de alto padrão, c/ infra-estrutura completa, no Jardim Paulista. Av.Brig. Luiz Antônio, 4277. Fones 3052-3377ou 3887-6831

Sala ou períodos para profissionais da saúde emclínica na Vila Mariana. Fones 5579-9493 e5572-8420

Sala (4x5m). Consultório em clínica paraqualquer especialidade. Ótima localização naVila Maria. R. Dias da Silva, 1289, esquina coma rua Curuçá. Fones 6954-7896 e 7354-6570

Sala ou período em clínica de alto padrão, comIE, secretária, estacionamento, telefone, fax, arcondicionado. Em funcionamento comdermato. Fone 3813-7872 (Jucinéia)

Sala para médicos, psicólogos e massagis-tas. Com secretária, telefone e estaciona-mento. Próxima ao Hospital São Paulo.Fone 5575-0014

Sala ampla por período de 04 horas.Localizada entre o Metrô Praça da Árvore eSanta Cruz. Possui estacionamento próprio.Fones 5594-5584 e 5594-7607 (Fátima)

Sala mobiliada com banheiro, em andarsuperior, para profissionais da saúde. Clínicamontada no Brooklin. Período de 04 horassemanais: R$ 300,00/mês. Fones 5096-3652e 5531-8494 (hc)

Sala para consultório por período à r. Vergueiro,próxima à estação Vila Mariana do metrô. Fones5049-1031 e 5087-4311

Sala ou período p/ cons. médico equipado,clínica c/ IE compl. Prédio comercial, c/segurança e estac. R. Vergueiro, próx. metrôVila Mariana. Fones 5575-7646 e 5575-3085(Denise)

Sala no Morumbi Medical Center. Próx. aoHosp. Albert Eintein, São Luiz, Darcy Vargas,Iguatemi. Prédio c/ segurança, ar cond.,laboratório, estacion. c/ manobrista. Fone3721-5666 (Esther)

Sala em Moema, com médica, preferencial-mente, psicólogo ou psiquiatra, das 8h às 15h.Fone 8131-7795 (Maurício)

Salas em consultório de alto padrão c/ infra-estrutura completa, na Aclimação. Fone3208-5546 (Cléo)

Salas para consultório, com IE montada, arcondicionado, recepcionista, som ambiente efácil acesso. Rua Estela, 471 Paraíso. Fones5571-0789 e 5575-3031 (Eunice)

Salas ou períodos em clínica de alto padrão,com toda IE. Próximas ao Hospital BeneficênciaPortuguesa. Fone 3284-8742

Salas p/ médicos e áreas afins, mensal ou p/período de 6h. Clínica de alto padrão, comtoda IE , próx. metrô Paraíso, Central Park e23 de maio. R. Estela, 455. Fones 5571-0190,5083-9468 e 5083-9469

Salas ou períodos, consult. alto padrão p/médicos e afins. R. Luiz Coelho, 308, entrePaulista e Augusta, c/ estac., próx. metrôConsolação. Fones 3256-8541 e 3259-9433

Salas, consult. médico c/ toda IE. R. Pio XI, Lapa.Integral, períodos, p/ horas. Inclusive p/psicólogas, fonoaudiólogas, nutricionistas.Fones 3644-4043 ou 3644-3274

Salas, clínica c/ infra-estrutura completa. Ótimopadrão, prédio novo. Períodos/integral,Aclimação, 20m do metrô Vergueiro. Fone3271-7007 (Elizabeth)

Vila Mariana, sala p/ médicos, dentistas,psicólogos. Período ou integral. Consultório c/toda infra-estrutura. Próximo ao metrô AnaRosa. Fones 5575-5170 e 9980-6436(Cristina)

Vila Mariana. Sala por período. Rua SenaMadureira, 80. Próxima à estação do metrôVila Mariana. Ótimo ambiente e estacionamentopara 10 carros. Fone 5083-6881

Terreno à av. Giovanni Gronchi, 6.800 (emfrente ao Shopping Jd. Sul), 20m de frente. Preçoa combinar. Fones 9593-3004 e 5533-0990(dr. José)

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Aptº Guarujá/Enseada. Cobertura p/ temporadase fins de semana. 02 quartos, c/ piscina,churrasqueira e 01 vaga gar. Fones 5573-9478e 9529-1968 (Sun)

Sala para prof iss ional de saúde, comsecretária e telefone, próxima ao metrôRepública. Fones 3338-0033 e 3361-8283(Mª Lucia ou Mª Julia)

Salas com toda IE no Tatuapé, ótimalocalização. Fone 8397-8470 (dra. Cristiane)

Salas por hora, mobiliadas. R$ 12,00 p/ hora.Clínica c/ 15 anos de funcionamento, com todaIE, atendimento, secretária, fone, fax etc. A partirde R$ 60,00 mensais. Fones 6236-7432 e9746-4928

Consultório Paraíso. Próximo ao metrô. 04 salasc/ ar condic., 03 banheiros, 02 vagas degaragem, fino acabamento. Ótima infra-estrutura. R. Maestro Cardim, 407, cj. 902. Fone3105-3038 (sr. Cláudio)

Consultório por período, dias, estacionamentopara médicos. Atende-se das 9h às 19h. Altopadrão. R. João Cachoeira. Fone 3168-8609(Sheila)

Clínica de alto padrão, com toda IE, no CampoBelo. R. Zacarias de Góis. Sala por período ouintegral. Horário das 9h às 18h. Já funciona comdermato, cirurgiões dentistas e psicóloga. Fone9996-3821 (Deise)

Sala ou períodos para consultório médicoequipado. Clínica de alto padrão, com IEcompleta, prédio comercial com segurança eestacionamento. R. Vergueiro. Próxima aometrô Vila Mariana. Fones 5575-3085 e5575-7646 (Denise)

Casa térrea c/ estacionamento, metrô Paraíso.Linda clínica, alto padrão. Recepcionista das 8hàs 20h. Toda IE, internet, recepção ampla c/jardim. Salas ou períodos para médicos. Fone5572-0299

Consultório com instalações amplas e modernas.Todo mobil iado (completo). 03 l inhastelefônicas, fax, todo informatizado, comestacionamento. Aluga-se por período. Fones3078-9057 e 3078-0078

Sala de 30m², à r. Itapeva, 366, cj. 44, emconsultório montado c/ toda IE, sala de esperae garagem privativa. Fones 3288-8180

Sala ou períodos em consultório para médicosou profissionais da saúde, à r. Alexandre Dumas(Chácara Sto Antônio). Fone 5183-7319 comSandra (3ª à 6ª, das 8h30 às 12h e das 13h30às 19h)

Sala p/ médicos e afins em sobrado na VilaMariana (r. Pedro de Toledo), com toda IE eamplo estacionamento. Fone 5579-3561

Sala p/ médicos ou psicólogos, período ouintegral, c/ toda IE, em rua tranqüila em Moema.Fone 5044-7147 (Ana Paula)

Salas p/ pediatria e especialidades da área, emfrente ao Hospital Samaritano. Fone 3667-5412/3826.2847 (Patrícia ou Francisca)

Sala de alto padrão em consultório no JardimPaulista. Fone 3887-6717 (Paula ou Rosely)

Casa nas imediações do Hospital São Paulo, àr. Napoleão de Barros. Já adaptado para clínicaou consultórios. Fone 3338-1825

Clínica médica em Santana, período ou mensal,c/ infra-estrutura completa para médicos epsicólogos. Fone 6979-7004 (Vânia)

Conjunto em centro comercial. R. PeixotoGomide, 515, cj. 152. Fone 3287-6103

Conjuntos 114/115, comercial no Itaim OfficeBuilding, à r. Bandeira Paulista, 662. Fones3253-8712 e 3284-0437

CLASSIFICADOS

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Aptº tipo flat com quarto, sala, cozinhaamericana, lavanderia, varanda e garagem, p/residente ou médico sozinho, ao lado do Hosp.São Camilo. Av. Pompéia. Condomínio R$120,00. Fones 3277-4299, 3277-8077 e2157-0048

Casa, Praia da Baleia – Litoral Norte, p/ 10pessoas, condomínio fechado. Férias e feriados.Fone: 9178-6473 ou 5181-9042

Sobrado c/ 04 salas amplas p/ consultóriomédico ou p/ psicólogos, edícula completa c/sala ampla, banheiro, cozinha etc. Vaga p/ 02carros. Fone 5571-9092 (Regina)

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Médico fisiatra para atuar em clínica de dor,ortopedia e reabilitação. Equipe multidisci-p l inar. Região da Casa Verde. Emai l :[email protected]. Fone 6236-7204

Clínica na Zona Norte necessita das seguintesespecialidades: endócrino, geriatra, dermato,pediatra, psiquiatra, reumato, mastologista,urologista (com aparelho de urodinâmica). Fone3531-6651 (Valdelice/Valéria)

Médico ultra-sonografista para região do ABCe SP. Fone 4438-0650 (Regiane)

Médica endocrionologista, com especialização,para atendimento em consultório. Clínica emSantana. Fone 6950-4227 (Patricia ou Cristina)

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