REVISTA DA ARQUIDIOCESE DE VITÓRIA -...
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Ano XII | Nº 156 | Agosto de 2018
REVISTA DA ARQUIDIOCESE DE VITÓRIA - ES
PARTES QUE A GENTE VÊ OU NÃO VÊ
EDITORIAL
Às vezes a gente diz que seria bom colocar-se no lugar do outro. É, pode
acontecer que a visão mudasse seja de uma parte ou de outra. Mas, mais do
que isso, talvez seja importante olhar o outro com a certeza de que vemos
apenas partes, fragmentos da pessoa, o outro é muito mais de que aquilo
que se vê. É possível que nem seja necessário colocar-se no lugar do outro,
até porque nunca seria exatamente a mesma situação, a mesma realidade,
ninguém consegue estar no lugar de ninguém.
Então, vamos lá, viaje pelas matérias desta edição sabendo que são
fragmentos de quem olhou e escreveu, outros poderão ser percebidos por
você e outros...,ah, outros... basta saber que eles existem, mesmo se não
perceptíveis.
Boa leitura!
Maria da Luz Fernandes
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37 ECONOMIA POLÍTICA
38 VIVER BEM
LIÇÕES DE FRANCISCO31
30 PENSAR
28 CAMINHOS DA BÍBLIA
41 MUNDO LITÚRGICO
42 FAZER BEM
33 ENTREVISTA
45 PERGUNTE A QUEM SABE
46 ACONTECE
SUGESTÕES 20
ARQUIVO E MEMÓRIA 23
05 REPORTAGEMO Morro visto por quem mora lá
13 ATUALIDADEFake news e a política
11 PAUTA LIVREVida na área rural
16 IDEIASOlhar as superfícies
24 DIÁLOGOS
27 CATEQUESEO caminho da vida e o caminho da morte
Quando o jovem pergunta
19 ESPITIRUALIDADEExercícios espirituais de Santo Inácio Loyola
REPORTAGEM
vitória | 05
O que existe nos morros
para além daquelas notí-
cias comumente divulga-
das sobre violência, tráfico de dro-
gas e operações policiais? Quem
conta são moradores e agentes de
projetos sociais de Bairro da Penha,
São Benedito, Jaburu, Jesus de
Nazaré e Piedade.
Uma moradora da Piedade disse
durante a conversa: “todo o mundo
ficou falando e se dizendo preocu-
pado com quem estava indo embo-
ra e ninguém se preocupou com
quem ficou e vai continuar ali. E isso
prejudicou, foi aonde eu me senti
presa, não só pela minha família,
mas por todos, a comunidade é a
minha família”. A moradora se refe-
ria às famílias que após três assassi-
natos seguidos na comunidade
abandonaram suas casas, e foram
embora do bairro e viraram notícia.
Mas esses abandonos, que também
acontecem nos outros morros,
segundo os moradores são pessoas
que, na maioria dos casos, de algu-
ma forma têm algum familiar envol-
vido no tráfico ou por morarem mui-
to próximo das “bocas” (locais onde
acontece a venda das drogas).
Ouvir os moradores é uma expe-
riência única. Antes e depois dos
conflitos, sejam eles entre trafican-
tes ou entre estes e a polícia, a vida continua ‘normal’. Em todos, os mora-
dores dizem que existem regras de convivência, muitas delas nascidas de
acordos tácitos que deixam a vida correr normal. Há unanimidade de que
a grande ameaça à normalidade da vida é a aproximação ou chegada da
força policial ou conflitos entre traficantes de outros locais. Mas o que é
vida normal nas comunidades dos morros? Na Piedade, por ainda estar
muito viva a experiência dos assassinatos, normalidade é a resistência e
a união de todos que em nada foi abalada: “um grito de socorro de um
filho se tornou de todos porque só nós sabemos o que vivemos lá”, “A gen-
te aprendia desde cedo a se unir em volta de tudo que tinha no morro.
Não tínhamos água encanada nem luz, mas desde sempre os mais velhos
nos ensinaram a aprender a se ajudar e é isso que o morro da piedade é,
cada qual o que tinha partilhava com o outro”. Quando nenhum lazer exis-
tia a comunidade limpou uma área, fez um campo e criou um time de fute-
bol. Lá organizavam campeonatos e subiam para ver os jogos dos filhos e
parentes e partilhar a comida (polenta doce, canjicão e o famoso mocotó
que até hoje se alguém falar que vai ter campeonato, o panelão de moco-
tó tem que estar lá no canto).
O MORRO VISTO POR QUEM MORA LÁ
Piedade
06 | vitória
A capela São Francisco foi construída porque os
Vicentinos acompanharam o esforço da comunidade
para fazer encontros de catequese e círculos bíblicos
debaixo de uma molenbá (figueira africana) quando
não tinha um lugar adequado. Aos poucos outras inici-
ativas foram sendo criadas: roda de samba em cima
de uma pedra ou num poeirão, capoeira que reúne as
crianças e adolescentes, quadrilha que os moradores
re-inventam, caminhadas do círculo bíblico que
envolvem toda a comunidade reunida numa casa.
Essas são as iniciativas da comunidade para manter a
união, mesmo sem nenhum apoio do poder público,
sem ter um espaço para isso.
E foi assim também agora. No meio ao conflito a
comunidade se uniu “Quando as crianças me pergun-
taram e agora o que a gente faz e o que vai acontecer,
para onde nós vamos. Eu respondi: 'vocês precisam
sonhar e acreditar que é possível'. Aos adultos eu dizia
'vamos permanecer nas nossas casas, cuidar delas. Se
à noite a gente tiver medo vamos descer juntos com
roupa do corpo, as crianças com cobertores e todos
unidos dormir na quadra. De manhã nós subimos, ajei-
tamos nossas casas e se de noite a gente tiver medo,
descemos de novo, todos juntos’ disse uma liderança.
É assim que a comunidade reage permanecendo uni-
da, celebrando junto, sendo apoio uns para os outros e
se alguém precisar todos vão ajudar.
As comunidades dos morros Jaburu, Bairro da
Penha e São Benedito também falam de união, mas ali
a união foi conquistada a duras penas; as comunida-
des eram rivais entre si. Com o surgimento de vários
projetos sociais e organizações comunitárias foram
surgindo lideranças entre eles e criaram o Fórum Bem
Maior. “As primeiras reuniões eram quase no grito, no
tapa, era falta de diálogo mesmo, de você não saber
discordar do outro, de ouvir uma crítica”, disse uma
pessoa que acompanhou esse primeiro momento.
Mas aos poucos as lideranças amadureceram e perce-
beram que 'a união faz a força' e que quando unidos,
todos saem ganhando “As comunidades foram apren-
dendo com elas mesmas até chegar na época do orça-
mento participativo quando elas perceberam que bri-
gando entre si nenhuma delas levava nada. Então, pas-
saram a se unir e foi lindo de ver quando essas comuni-
dades, que eram rivais, começaram a abrir mão de uma
coisa por outra comunidade. O melhor exemplo foi apo-
io dado pelas comunidades de Itararé, São Benedito e
Consolação apoiando e viabilizando a construção de
uma creche no Jaburu”.
Essa união cresceu entre todas as instituições da
região que eles chamam de Território do Bem, envol-
vendo os coletivos (pequenos grupos que se reúnem
em prol de uma questão -empreendedorismo – juven-
tude – discussão sobre a violência), as 8 escolas, orga-
nizações como o Atelier de Ideias, o SECRI e o Instituto
João XXIII, sem esquecer que ali impera o tráfico e, às
vezes, tem que haver, não um acordo, mas um diálogo
para que eles entendam que o trabalho que os projetos
desenvolvem não pode ser realizado com medo.
Território do Bem é o conjunto de comunidades (São
Benedito, Penha, Itararé, Bonfim, Consolação, Jaburu,
Floresta e Engenharia) que se reúnem no Fórum Bem
Maior onde são discutidos os interesses da região e
fazendo o trabalho de integração, pois entendem que a
divisão territorial feita pelo governo da cidade obedece
a características que não levam em conta o contexto
local. O Fórum Bem Maior trabalha para derrubar as
barreiras territoriais, levantar os problemas e trabalha
junto para superar. “Esta visão política do Fórum é fun-
damental e otimiza muito o trabalho dos projetos dos
agentes que atuam aqui, a minha vida como padre foi
muito facilitada por essa articulação”. (pe. Kelder
Brandão, pároco de Santa Tereza de Calcutá).
Os jovens que se formaram em curso superior são
REPORTAGEM
de pensar alternativas naquele
contexto e acreditam que o traba-
lho que realizam é para oferecer
opções. O ponto de partida é a rea-
lidade concreta. Todos sabem que
os moradores precisam conviver
com o tráfico “É claro que não dá
para dizer que eles não se mistu-
rem porque eles moram ali, eles
convivem, eles estão ali todo o dia,
eles vão dormir e acordar naquele
local. Eu digo para eles não preci-
sam ser seus amigos, mas quando
você passar diga bom dia, boa tar-
de, boa noite porque o respeito é
automático e aquela pessoa vai
ficar invisível para eles”.
apontados como motivo de orgu-
lho da comunidade e, só por isso,
tornam-se incentivo para outros.
Alguns passaram pelos projetos,
entraram na UFES e se formaram
como Alzirenes e que cursou Servi-
ço Social e hoje trabalha no SECRI
e outros que passaram pelo proje-
to de Judô, envolveram-se com o
tráfico de droga, “voltaram atrás”
como disse um professor de proje-
to e estão formados, trabalhando
com paisagismo e na Petrobras.
Professores e membros de pro-
jetos expressam-se de maneira
diferente, mas convergem no pen-
samento de que há necessidade
REPORTAGEM
vitória | 07
Um dos professores do projeto e
o pároco da região entendem que
o tráfico seduz “lá (no tráfico), no
momento em que eles chegam são
incentivados, eles são estimula-
dos, às vezes são valorizados, com-
pensados, eles recebem responsa-
bilidades e isso a comunidade e as
Igrejas precisam aprender”, disse o
pe. Kelder. Eles veem isso quando
chegam, os perigos e as dificulda-
des só aparecem depois.
Antes, depois e até durante os
conflitos, os projetos continuam,
as atividades continuam “Por
todas as situações que já ocorre-
ram neste território não há um
Jesus de Nazaré
REPORTAGEM
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risco ou perigo das instituições
não funcionarem. Pelo contrário
há necessidade das próprias famí-
lias que a gente esteja lá, que os
projetos funcionem, que as portas
estejam abertas. Se fechar os pro-
jetos as mães precisam ficar em
casa pra tomar conta da criança,
de olho no jovem para que não
saia pra rua”. Os conflitos, porém,
afetam sim a rotina. As crianças
têm medo dos policiais e, ao
mesmo tempo, acham que aquilo
é o máximo do poder. Um dia os
policiais chegaram no SECRI para
tomar água e a pessoa que foi
atender pediu que eles não mos-
trassem as armas para não assus-
tar as crianças, e eles responde-
ram: “nós estamos fazendo nosso
trabalho, nós somos polícia”.
Quando eles entraram as crianças
colocaram as mãos na cabeça e
pediam pelo amor de Deus para
eles não atirarem. Este é um exem-
plo de como a instituição policial
é percebida dentro desse territó-
rio.
“A gente tem situações de
alguns adolescentes ou jovens
que têm seu envolvimento com a
criminalidade, mas se você per-
gunta o que ele quer, poucos vão
lhe dizer que querem chegar no
mais alto nível do tráfico de dro-
gas, eles querem ser policiais para
amedrontar como estão sendo
amedrontados”, disse uma lide-
rança.
O mesmo medo acontece no
Bairro Jesus de Nazaré. A comuni-
dade também tem regras de convi-
vência com os traficantes, que são
moradores do bairro e ali têm suas
famílias. Os desafios são seme-
lhantes às comunidades do Territó-
rio do Bem, como falam lideranças
religiosas e comunitárias. A comu-
nidade propõe as ações no contex-
to, isto é, levando em conta a exis-
tência do tráfico e o medo das pes-
soas com relação à ação policial.
Segundo as lideranças ouvidas, o
tráfico não impede as atividades,
em contrapartida as ações policiais
amedrontam e quebram a rotina. A
presença da policia intimida e
assusta, mesmo aqueles que acre-
ditam que a polícia faz seu papel. A
quadra do bairro, por exemplo, é
usada por uns e outros; cultos, mis-
sas, palestras, atividades esporti-
vas e tráfico. Os moradores apren-
deram a conviver com isso ““a vida
é normal porque os traficantes são
radicados ali, eles têm família lá e
eles sustentam essas famílias. Por
isso ninguém entrega porque se
eles forem presos não entra dinhe-
iro naquelas casas”.
Também ali a rotina é afetada
apenas durante os conflitos,
depois tudo continua normal.
As atividades das Igrejas e orga-
nizações, a escolinha de futsal
(Projeto Eu Acredito em Mim)
cinema e teatro na quadra, pro-
jeto mão na massa, jiu jitsu e capo-
eira, encontro de vinil, cursos ofer-
tados pela AJUDES (Associação
dos Servidores do poder Judiciá-
rio do Espirito Santo) que tem pro-
gramado para agosto um curso de
corte e costura para mulheres
donas de casa que não têm
emprego fixo.
Apesar de convivência a comu-
nidade gostaria que o tráfico não
existisse e por isso, se empenha
em criar alternativas para afastar
os jovens do tráfico “a gente pro-
cura oferecer outras alternativas
porque a gente sabe que o cami-
nho do tráfico é difícil de sair.
Quem entra sabe coisas que eles
não querem que se saiba, então é
difícil sair. A maioria morre ou é
presa”.
Ao contrário do Fórum Bem Mai-
or, que se organiza politicamente
em busca do bem de todo o ter-
ritório, em Jesus de Nazaré a orga-
nização comunitária está ligada à
política partidária, e isso é apon-
tado pelas lideranças como um
empecilho aos projetos. Quando
um grupo luta para conseguir
algum bem o outro tenta derrubar
dades sejam convincentes para as novas gerações e que essas 'periferias
existenciais', como disse padre Kelder usando as palavras do Papa Fran-
cisco sejam re-evangelizadas: “... e para falar do lugar de Igreja (os trafican-
tes) são pessoas que precisam ser reconhecidas para poderem serem evan-
gelizadas ou re-evangelizadas, porque muitos nasceram nas nossas pias
batismais, eles se desviaram e nós não soubemos cultivar a fé. É nosso
dever agora ir ao encontro dessas pessoas que estão nessas periferias exis-
tenciais”.
REPORTAGEM
vitória | 09
para impedir que esse leve o mérito
e o reconhecimento da comunida-
de.
Também neste bairro o medo da
polícia fica evidente. “A banda da
polícia militar foi tocar o ano pas-
sado na festa da comunidade, os
dois lados ficaram com medo: a
comunidade perguntando se eles
iam subir o morro e foi preciso expli-
car que seria na quadra que fica na
base do morro e que as armas deles
eram flauta, trompete etc... e eles
(banda) também perguntando se
poderia alguém chegar com arma e
tentar fazer-lhes algum mal.
E como então olhar para essa rea-
lidade e ir além de estabelecer
regras de convivência que permi-
tem a comunidade crescer e incluir
a todos? Um líder do Bairro Jesus de
Nazaré disse que os traficantes
pedem para colocar os filhos nos
projetos. O padre Kelder confirmou
que esses pedidos também aconte-
cem no Território do Bem “eu ouvi
de um gerente que me diz ia
olhando nos meus olhos, 'padre eu
não quero que os meus filhos
tenham a vida que eu tenho', pra
mim não era um traficante que
estava falando era um pai de famí-
lia”.
Então que o território do bem seja
o território de todos os bairros. Que
as iniciativas positivas das comuni-
Maria da Luz Fernandes Jornalista
São Benedito
10 | vitória
vitória | 11
Esse modelo acaba por gerar endi-
vidamento dos camponeses. Alia-
das à depressão, o montante de
dívidas favorece o suicídio como
forma trágica de se libertar desse
contexto. E ainda, devido à falta de
informação e conhecimento, os tra-
balhadores buscam o álcool como
escape, prejudicando o quadro
depressivo.
Entender essa associação é fun-
damental para as políticas públi-
cas de proteção da saúde dos tra-
balhadores, sobretudo aos agricul-
tores, se efetivem. Além do uso de
equipamentos de proteção indivi-
dual e medidas coletivas. Embora a
conscientização seja de extrema
relevância na intervenção sobre os
suicídios, restrições normativas
também são interessantes. Quan-
do as condições do trabalho não
estão ergonomicamente adequa-
das os prejuízos são para toda a
sociedade. Visto que quando uma
pessoa ligada intimamente a
alguém comete suicídio em torno
de seis a dez pessoas são afetadas
de alguma forma.
Patrícia Jacob
Pós-graduada em Psicologia
PAUTA LIVRE
Com o aumento da população
mundial e a crescente demanda
por alimentos, têm ocorrido
mudanças no tipo de agricultura o
que requer um sistema complexo,
que envolve cultivo, transporte,
estocagem e processamento de
produtos agrícolas, o que faz exigir
um rendimento maior em cada
uma dessas etapas e também um
controle mais eficiente nos dife-
rentes vetores de diversas doen-
ças.
Para tanto, têm sido empregados
diferentes agrotóxicos que, apesar
de eficientes, geralmente acar-
retam problemas conhecidos.
Fazendo com que ocorra um con-
sumo excessivo de agrotóxicos nos
países em desenvolvimento, prin-
cipalmente na América Latina e, na
maioria dos casos, não existe con-
trole eficaz sobre a venda e o uso
desses produtos; os equipamentos
de proteção não são usados roti-
neiramente, não há monitora-
mento da exposição ocupacional e
o diagnóstico dos casos de intoxi-
cação é difícil, pois os sintomas são
co-muns a várias doenças. O Brasil
é o terceiro mercado e o oitavo mai-
or consumidor de agrotóxicos por
hectare no mundo, sendo os herbi-
cidas e inseticidas responsáveis
A INTERRUPÇÃO DAVIDA NA ÁREA RURAL
por 60,0% dos produtos comercia-
lizados no país.
A depressão é um
achado constante dentre os suici-
das. A associação entre exposição
à agrotóxica e o surgimento de pro-
blemas mentais tem se mostrado
já bem estabelecida. Como as
taxas de suicídio aumentaram em
áreas rurais no Brasil, postulou-se
que a exposição a pesticidas pode
desempenhar um papel neste fenô-
meno.
Pesquisas recentes descrevem
que o uso de agrotóxicos, como os
organofosforados, aumentam as
chances de depressão dos agricul-
tores. A situação é ainda mais grave
levando-se em conta que boa parte
dos trabalhadores rurais inicia sua
vida laboral ainda na infância, o
que aumenta seu tempo de exposi-
ção a agrotóxicos. Além disso, o
silêncio dos agricultores sobre o
tema agrava o quadro. Esse cenário
é ainda mais depreciativo pelas
condições econômicas nas quais se
dá, visto que, muitos trabalhado-
res rurais têm a família envolvida
no trabalho, no qual não é protegi-
do por qualquer lei laboral. De
outro lado, os produtores devem se
planejar para que sobrevivam com
o dinheiro ganho ao longo do ano.
ATUALIDADE
vitória | 13
FAKE NEWS E A POLÍTICA:UMA MENTIRA PERIGOSA
primeiro você ouve dizer alguma coisa e acaba passan-
do isso para a frente, já Fake News são notícias falsas cri-
adas por um determinado grupo para influenciar a po-
pulação sobre um determinado tema.
Exemplifico melhor, logo após o assassinato da
vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), começaram
a surgir uma série de postagens/mensagens nas redes
sociais, principalmente no Facebook e no Whatsapp,
difundindo informações falsas sobre a parlamentar,
desde envolvimento com a facção criminosa Comando
Vermelho a um suposto envolvimento com o falecido
traficante Marcinho VP. Geralmente essas postagens
são publicadas por perfis falsos (robôs programados
para isso) e que depois acabam sendo compartilhadas
pelo restante da população.
O hábito de falar mal dos outros está presente na so-
ciedade desde os primórdios da humanidade. São vári-
as as palavras indicadas pelo dicionário que estão rela-
cionadas a esse tipo de atitude: maldizer, detração, fo-
foca, boato, rumor etc. Todo o cuidado é pouco, pois
um simples boato pode acabar com reputações, pro-
vocar conflitos e até mesmo provocar a morte.
No livro A Detração: breve ensaio sobre o maldizer
de Leandro Karnal, o autor enumera várias histórias, in-
clusive algumas da Bíblia, para demonstrar como o há-
bito de falar mal dos outros está presente desde os pri-
mórdios da humanidade. O recurso é utilizado como
uma maneira de prejudicar os rivais e uma forma de es-
tabelecer alianças, mas com o advento da internet e a
popularização das redes sociais, o boato extrapola os
espaços regionais e ganha proporções até então ini-
maginadas.
Um dos casos mais graves aqui no Brasil acabou en-
volvendo a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, que
foi linchada por dezenas de pessoas na cidade de Gua-
rujá. A tragédia aconteceu por ela ter sido confundida
com o retrato-falado de uma suposta sequestradora
de crianças. Recentemente, na Índia, uma multidão
matou 7 pessoas depois que rumores espalhados pelo
Whatsapp indicavam que estranhos estariam seques-
trando crianças. Foi-se comprovado depois que as his-
tórias eram falsas.
Já Fake News, nomeada a palavra do ano pelo dicio-
nário em inglês da editora britânica Collins, são as notí-
cias falsas, publicadas e divulgadas de modo a enga-
nar o público, atendendo a algum interesse escuso.
Assim, qual a diferença entre boato e Fake News? No
ATUALIDADE
14 | vitória
Foi-se comprovado que esse artifício também foi
utilizado para persuadir os eleitores britânicos em
relação ao Brexit (plebiscito que decidiu a saída do
governo britânico da União Europeia). Por conta disso o
Google e o Facebook estão procurando uma forma de
impedir que Fake News se disseminem nas suas
plataformas, pois esse é um problema cada vez mais
presente na nossa sociedade.
Recentemente, pesquisadores do MIT (Massachusetts
Institute of Technology), no estudo The spread of true and
false news online, publicado no dia 09 de março de 2018,
identificaram que a chance de uma notícia falsa ser
repassada é 70% maior do que a de notícias verda-
deiras.
O estudo identificou ainda que o compartilhamento
de notícias falsas independe do quanto a pessoa utilize
as redes sociais ou há quanto tempo ela é usuária desses
aplicativos. Os indivíduos compartilham as notícias
falsas por essas serem mais inusitadas do que as
verdadeiras. Além disso, foi constatado que notícias
falsas que falavam sobre política tiveram propagação
mais intensa, se espalhando três vezes mais do que
notícias falsas sobre outros assuntos.
Esse é um dado alarmante, pois estamos mais
propensos para divulgar notícias falsas, muito por conta
do seu conteúdo e do tipo de mensagem que é criada.
Para além disso, existe toda uma estrutura organizada
que desenvolve e dissemina essas informações em prol
de um objetivo específico. Ou seja, devemos estar cada
vez mais atentos para acabar não compactuando,
mesmo que sem querer, com esses interesses escusos.
Seguem alguns procedimentos que você pode adotar
antes de compartilhar uma informação pela qual você
não tem certeza sobre a sua veracidade (dicas forne-
cidas pela Agência Lupa em parceria com o Canal Futura
no site http://fakeounews.org/):
Notícias falsas costumam apelar para a emoção e às crenças pessoais;
Leia além da manchete. Se um título provocativo chamou sua atenção, pense alguns segundos sobre ele. Trata-se de algo realmente possível?
As notícias falsas ganham muita força em meio a catástrofes naturais e episódios de extrema violência, como atentados terroristas.
Busque outras fontes de informação.
!
!
!
!
ATUALIDADE
vitória | 15
São atitudes simples, mas que devem ser praticadas em be-
nefício da sociedade. Dessa maneira podemos evitar que gru-
pos com interesses obscuros tenham a sua mensagem divulga-
da e compartilhada nas redes sociais. Nesse período eleitoral
você vai começar a receber uma série de pedidos de amizades,
principalmente no Facebook, de perfis que são criados para dis-
seminar Fake News, fique atento.
Lembre-se que uma das principais características da inter-
net, a possibilidade do anonimato, acaba sendo utilizada para
propagar esse tipo de mensagem e podemos ser a pessoa que
neutraliza ou que amplifica esse conteúdo. Lembre-se que um
presidente extremista foi eleito utilizando essa estratégia, que
o povo britânico votou a favor da saída do Brexit e se arrepen-
deu depois e que o próximo presidente do Brasil pode ser eleito
sem que a gente conheça de verdade quais eram as suas inten-
ções. Todo cuidado é pouco.
Publicitário e professor no CentroUniversitário Faesa
Felipe Tessarolo
16 | vitória
um mundo saturado de complexi-Ndades surgem, a toda hora, seduto-
ras explicações e soluções, tidas co-
mo científicas e embasadas neste ou naquele
conhecimento, que se vendem como “profun-
didades”. Até ficou comum dizer quando se
quer elogiar um especialista ou palestrante
neste ou naquele assunto que ele foi muito
profundo! Também, ao contrário, quando se
quer diminuir a importância do que foi dito se
diz que a pessoa foi superficial ou rasa. Ou se-
ja, a noção de profundidade é empregada co-
mo se entendimentos consistentes e verda-
deiros viessem de profundidades. No entanto,
o cultivo dessa noção de profundidade pode
exatamente nos distanciar das questões a se-
rem vistas e entendidas.
Decerto a cada dia se avolumam as informa-
ções que nos são derramadas sobre as cabe-
ças, a cada dia se adensam os conflitos de que
somos revestidos, a cada dia se impregnam
em nossos rostos os medos os mais variados,
e por isso, entende-se essa descrença no que
está bem diante dos nossos olhos, e a busca
PROFUNDIDADES?QUE NADA!
IMPORTA OLHARAS SUPERFÍCIES.
IDEIAS
IDEIA
por possíveis outras razões que se esconderiam
sabe-se lá onde, e que apenas quem é dado às pro-
fundidades poderia acessar. Compreende-se tam-
bém a busca quase desesperada dessas respostas
que se nos apresentam como se tivessem sido aces-
sadas lá daquelas dimensões da vida que a nós,
pobres comuns, são interditadas.
Cai, então, como uma luva, dada nossas carências
e inseguranças, essas explicações que se arvoram
em entendimentos profundos, de realidades pro-
fundas, que nos colocam em contato com o eu pro-
fundo, e etc. e tal. Como nos levam a crer que essas
profundidades não nos são acessíveis sem os espe-
cialistas (a rede globo usa e abusa de especialistas
que confirmam sua linha editorial) depositamos
sobre eles nossas mais ternas confianças. Produzi-
mos com eles, para nós, doces verdades que nos
enredam. Verdades que afirmam ainda mais as ditas
profundidades e nos colocam cada vez mais distan-
tes de nós mesmos, da vida, do mundo e das saídas
do labirinto onde nos encontramos. Os muros que
nos cercam têm frestas, mas deixamos de procurar
neles as saídas porque nos disseram que há saídas
secretas, misteriosas, portais escondidos lá nos sub-
terrâneos. Se essas lições de profundidades, destar-
te, trazem umas receitas aliviadoras de angustias,
não nos restabelecerão a visão e a lucidez, nem nos
farão mais corajosos nas transformações a que
somos chamados, seja as de nós mesmos, ou as do
mundo.
Vale a pena pensar que somos constituídos pelo
fluxo das forças, energias, tensões e poderes que se
dão no mundo e nele circulam o tempo todo. Não
somos senão o encontro em movimento constante des-
sas forças. Assim, não há um dentro que se possa aces-
sar. Só existe um dentro que é na verdade uma dobra
do fora, do mundo. (Blanchot, Foucault e Deleuze bem
exploram essa questão do fora). Não existe profundi-
dade nas realidades senão aquela que é uma compli-
cação da superfície. A sílaba “pli” de muitas palavras
significa exatamente dobra. Dobrado é igual a plissa-
do. Uma coisa complicada não é uma coisa com cama-
das, umas superficiais e outras profundas. Uma coisa
complicada é uma coisa dobrada. Logo, explicar é des-
dobrar.
Mas, se sobram assessores de profundidades, fal-
tam-nos propositores do fora, do mundo (como Jesus
Cristo que nos convidava a olhar as coisas, o tempo, as
flores, os campos, os animais, as pessoas...). Proposi-
tores que nos chamem à transformação daquilo que
não pode mais ser tolerado e que está bem à vista de
quem quiser ver (quem tem olhos pra ver...). As coisas
não têm fundo, mas superfícies que se dobram sobre
superfícies. E se alguém quiser encontrar profundida-
des, disso ou daquilo, haverá de se treinar na observa-
ção do mundo do qual todos são parte, e manter os
olhos bem abertos para o que o cerca.
Se são poucas as estratégias seguras, nessa luta de
libertação, um substrato precisa estar sempre pre-
sente nas mentes e corações, e precisa ser afirmado a
cada momento, em cada situação, fazendo de meras
atividades cotidianas verdadeiros acontecimentos
jubilosos: a ligação (ou religação) autêntica, genuína,
vibrante com a vida.
Padre, psicólogo e Mestre em
Psicologia Institucional
Dauri Batisti
vitória | 17
ESPIRITUALIDADE
vitória | 19
EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA
FEITO NO DIA-A-DIA
Reitor do Santuário Nacional
São José de Anchieta
Nilson Marostica si
Trata-se, pois, de uma metodologia de desen-
volvimento espiritual, proposta por Santo Iná-
cio.
A finalidade dos Exercícios Espirituais (EE), pode ser
resumida em três grandes metas: - ser uma “escola de
oração”; - desenvolver as condições humanas e espiri-
tuais para que o exercitante possa tomar uma decisão
importante na sua vida; - ser uma ajuda para a pessoa,
na sua liberdade, discernir o que mais a conduz para
Deus.
Os EE podem ser praticados na modalidade de um
“RETIRO ESPIRITUAL”. Retirando-se a casa de retiros. A
outra é: “EXERCÍCIOS NA VIDA COTIDIANA” (EVC). Neste
caso, sem se afastar de seus afazeres diários, você po-
derá fazer os exercícios no dia a dia.
Santo Inácio percebeu que algumas pessoas não po-
diam dedicar trinta dias corridos aos EE, não podiam
se retirar de seus afazeres. Santo Inácio dá a opção de
fazer os EE dedicando uma hora de seu dia à oração,
que será, preferencialmente, no início do dia, em ambi-
ente silencioso que possibilite a concentração de todo
o seu ser.
Outro fator importante é um acompanhante espiri-
tual, com o qual você irá partilhar os momentos mais
significativos de sua caminhada espiritual e receber
ajuda para discernir os próximos passos.
Em cada semana se repete os mesmos passos, mu-
dando, apenas o texto bíblico da meditação. Contudo,
se determinado texto despertou em você moções
significativas, livremente, você poderá retomá-lo em
outros momentos.
No domingo, você deverá fazer uma “repetição” dos
momentos mais significativos dos exercícios da sema-
na que passou. No domingo você poderá tomar como
matéria de sua oração um dos trechos bíblicos da litur-
gia dominical.
Santo Inácio de Loyola nos chama atenção para a ge-
nerosidade: “muito aproveita entrar neles com grande
ânimo e generosidade para com seu Criador e Senhor.
Ofereça-lhe todo seu querer e liberdade, para que
Deus se sirva, conforme Sua vontade, tanto de sua pes-
soa, como de tudo o que tem”.
A você que se dispõe a esta caminhada espiritual, de-
sejo pleno êxito!
"Entende-se, por Exercícios Espirituais, qualquer modo de examinar a
consciência, meditar, contemplar, orar vocal ou mentalmente e outras
atividades espirituais." Inácio de Loyola
20 | vitória
PA
SSE
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SUGESTÕES
cultura de cidades tradicionais, como é caso de Santa Leopoldi-Ana, guarda muito da formação da identidade capixaba. Por lá
passava boa parte dos produtos agrícolas da região montanhosa
do Estado do Espírito Santo que desciam pelo rio Santa Maria da Vitória
em direção à capital, fato que, além do clima mais frio, possivelmente con-
tribuiu para que muitos imigrantes fixassem residência naquele local.
Para quem quer dar um passeio por essa história, basta visitar o Museu
do Colono, localizado próximo de onde ficava o porto e onde era feito o
comércio de diversos produtos.
Inaugurada em 1969, a casa conta com centenas de peças vindas de mui-
tas partes do mundo. Entre elas, encontram-se móveis, fotografias, uten-
sílios e instrumentos musicais de século XIX.
Por meio do acervo é possível viajar pelo tempo e se encontrar com um
passado cheio de belezas, bem como contemplar a história de um povo
forte que ajudou a desenvolver a cultura e a economia do Estado do Espí-
rito Santo.
O casarão de dois andares onde está instalado, é tombado pelo patri-
mônio histórico e boa parte das obras expostas pertenciam a família Holz-
meister, tradicional na região.
Depois de algum tempo fechado para ser reformado, o museu está nova-
mente de portas abertas para os visitantes. Até o acervo sofreu reparos,
foram restauradas cerca de mil peças que relembram momentos dos colo-
nos em nosso solo.
Referência no Estado, o museu recebe visitas de quarta-feira a domingo,
sempre de 9h às 17h e feriados de 8h às 12h. Grupos podem agendar tele-
fonando para 3266-1250.
SUGESTÕES
vitória | 21
Alessandro GomesProfessor
ARQUIVO E MEMÓRIA
vitória | 23
No dia 23 de fevereiro de 1985, atra-
vés de um decreto foi criado o
IFTAV – Instituto de Filosofia e
Teologia da Arquidiocese de
Vitória. Iniciava-se um novo tempo
na formação dos futuros padres da
Província Eclesiástica do Espírito
Santo. Para dar solenidade a esse
fato, foi celebrada, na capela do
Carmo no Centro de Vitória, missa
solene presidida pelo Núncio
Apostólico, Dom Carlo Furno, con-
ce l e b ra d a p e l o s B i s p o s d a s
Dioceses do Espírito Santo. O pri-
meiro diretor do Instituto de
Filosofia e Teologia foi o Padre
Rubens Duque, o segundo padre
Ivo Ferreira de Amorim e o terceiro
padre Hugo Scher.
Nos seus primeiros anos o IFTAV
funcionou no antigo Colégio do
Carmo mas com o aumento do
número de Seminaristas, sua sede
mudou-se para um prédio situado
ao lado da Igreja São Gonçalo na
Cidade Alta em Vitória. Em 2017, foi
inaugurado um novo prédio, bem
maior e moderno, que fica ao lado
do Seminário Nossa Senhora da
Penha, na Praia de Santa Helena,
para atender a formação dos nos-
sos seminaristas e também dos lei-
gos.
Giovanna Valfré Coordenação do Cedoc
Padre Artur Juliati dos Santos e seminaristas em aula no IFATV. O primeiro a esquerda, Dauri Batisti, hoje padre e colunista da revista Vitória e ao seu lado, Edvalter Andrade, hoje bispo de Floriano, no Piauí.
O Núncio Apostólico Dom Carlo Furno e Dom Silvestre Scandian, cortam a fita inaugurando o IFTAV.
DIÁLOGOS
24 | vitória
m jovem aproximou-se Ude mim e me pergun-
tou: o que é preciso para
ser ordenado presbítero da Igreja
Católica? Eu me voltei para o
jovem e lhe disse: trata-se de uma
pergunta que exigirá de nós dois
um bom tempo. Porém, vou ser
breve e lhe apontarei o que me
parece sumamente importante,
entre tantas coisas, para que um
jovem alcance este ideal.
A primeira coisa que se exige é:
que ele seja homem e profunda-
mente humano, equilibrado ou
seja, que manifeste em sua vida
um bom equilíbrio homeostático.
Ele, é evidente, precisa ser um
homem de fé. Fé como Dom de
Deus, correspondido, isto é, que
tenha acolhido a Pessoa de Jesus
Cristo em sua vida e tenha um ver-
dadeiro encanto por Jesus e sua
Igreja. É evidente, também, que
este encanto é fruto de uma cres-
cente correspondência ao Amor de
Deus manifestado cotidianamente
no Evangelho, em Jesus! Isto se
aperfeiçoa no confronto diário
com a Palavra de Deus, no seminá-
rio, “Casa de Conversão” e preparo
do jovem vocacionado ao sacerdó-
cio. Nesta “Casa” ele aprende a ser
gente como Jesus, crescendo
como gente, como Jesus, humano,
profundamente humano e de
Deus. O progresso se torna mais
sólido e veloz quando a família
tenha sido este lugar de humaniza-
ção e de fé correspondida.
Esta é a coluna vital e fundamen-
tal para que alguém seja presbíte-
ro: humano e totalmente de Deus!
Aos poucos, em sua caminhada,
ele vai percebendo o que significa
ser humano como Jesus e total-
mente de Deus. A Igreja o convida,
não o obriga, mas convida a ofere-
cer-se totalmente ao Senhor na
Igreja de Cristo. Ele ao escolher
este jeito de viver totalmente de
QUANDO O JOVEM PERGUNTA
DIÁLOGOS
vitória | 25
Arcebispo Metropolitano de Vitória
Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc.
Deus, renuncia ao direito de constituir família, porque seu coração deve
estar livre, indiviso como o Coração de Cristo, todo do Pai e, por isso, todo da
Igreja para a humanidade, fazendo parte de um presbitério evangelizador,
anunciando e celebrando em comunhão. Ele se torna homem de comunhão,
humano e totalmente de Deus!
O Seminário, “Casa de conversão”, é o lugar onde o jovem entra em apren-
dizado e discernimento, buscando qual a vontade de Deus sobre a sua vida.
Sua escolha deve ser consciente, livre e responsável. Ser presbítero da Igreja
Católica no Rito Romano é um estilo de vida, um caminho diferente e
somente para quem recebeu o convite de Deus para essa missão sagrada. É
missão para poucos! Evangelizar é missão de todos os cristãos seguidores
de Jesus Cristo! O presbítero católico é um cristão chamado a fazer as vezes
de Cristo, cabeça da Igreja! Poucos são os chamados para essa missão indis-
pensável na vida da Igreja!
Para exercer bem sua missão o presbítero precisará ter uma sólida forma-
ção espiritual como discípulo missionário, uma excelente formação
intelectual, em suma, como presbítero da Igreja, deve ser como a Igreja e na
Igreja para a humanidade, perito em humanidade. Por isso, ele é homem das
relações humanas do entendimento e do diálogo, contribuindo para a cultu-
ra do encontro.
Que tal, meu caro jovem? Essa vocação exige valentia, coragem, despoja-
mento, aventura da fé e da esperança. Quem estiver apegado a algum valor
secundário não deve arriscar-se! Haveria outras coisas a lhe dizer, ainda,
mas acredito que já dê para você pensar. Sou feliz em ser padre. Vale a pena
apostar em Jesus e sua Igreja!
CATEQUESE
vitória | 27
O CAMINHO DA VIDA EO CAMINHO DA MORTE
Doutor em Ciência da Religião
Edebrande Cavalieri
ste é o título do primeiro ca-Epítulo do Catecismo pre-
sente nas primeiras comu-
nidades cristãs logo após a morte
do Senhor. Chamava-se Didaqué,
pois fora escrito em grego e se desti-
nava principalmente para as comu-
nidades da Palestina e da Síria. Este
documento permite um mergulho
na vida das primeiras comunidades,
para conhecer sua maneira de ser e
viver. Retrata de maneira impressio-
nante a tradição viva dessas comu-
nidades.
Permite-nos saber como era feita
a iniciação cristã, como eram as cele-
brações e como os cristãos se orga-
nizavam e viviam em comunidade.
Sua preocupação central era esta-
belecer uma orientação para os cris-
tãos que viviam em ambiente pa-
gão, a fim de não serem explorados
ou manipulados por aproveitadores
disfarçados de profetas. A perseve-
rança na fé estava alicerçada na ins-
trução do Senhor pregada pelos
apóstolos.
O primeiro capítulo da Didaqué
apresenta dois caminhos: o da vida
e o da morte. Não parte de nenhuma
doutrina, nenhuma lei, nenhuma
norma. Indica a existência de dois
caminhos para as pessoas da comu-
nidade.
O caminho da vida está marcado
pelo amor a Deus acima de tudo e o
amor ao próximo como a si mes-
mo. Ter Deus como centro do nosso
amor implica em renunciar a toda
idolatria. Amar a Deus não se reduz
a ir à Igreja todos os domingos.
O amor a Deus se completa de ma-
neira radical com o amor ao próxi-
mo, que não é um amigo ou seme-
lhante, mas o diferente, o inimigo,
o distante. Diz o texto que também
os pagãos amam seus amigos e
iguais. O cristão deve ser capaz de
amar os inimigos, os que lhe batem
na face.
E termina o caminho da vida com
a questão da solidariedade. É pre-
ciso dar sem pedir nada em troca. A
fé não se fortalece numa vida mer-
cantil de barganhas e trocas de fa-
vores. A solidariedade é o caminho
que nos conduz na fé e nos fortale-
ce e isso está expresso na capaci-
dade de distribuir e partilhar os
bens que recebemos, pois “o Pai
quer que seus bens sejam doados a
todos”. O amor ao próximo assim
se torna concreto e assim nos apro-
xima ainda mais ao Amor a Deus.
O amor a Deus
se completa de
maneira radical
com o amor ao
próximo.
‘‘
CAMINHOS DA BÍBLIA
28 | vitória
cristão, iluminado no ba-Otismo pela Luz de Cristo
Ressuscitado é o vaso no
qual Deus, que fazer resplandecer
essa imensa Luz para o mundo inte-
iro. De modo que, todos ao virem
os cristãos reconheçam o imenso
poder de Deus, que em cada um tra-
balha, fazendo com que na fragili-
dade do coração humano a Luz de
Cristo manifeste toda a sua força.
Por isso, cada cristão, chamado a
ser discípulo missionário é convi-
dado a reconhecer a sua vocação
como portador da Luz de Cristo,
não contando somente com as su-
as fragilidades, mas, colocando a
sua total confiança no poder de De-
us. De modo que, brilhe a Luz de
Cristo no coração, na vida, nas ati-
tudes, nas escolhas e no amor con-
creto que nasce nas mãos de cada
filho e filha de Deus. A fim de que
todos reconheçam a força do amor
divino que se espalha e entra na his-
tória dos homens, por meio dos va-
sos de barro que são os corações da-
queles que a Cristo abraçaram e se-
guiram como seus discípulos mis-
sionários.
Na vida de cada discípulo de Cris-
to, apesar das fraquezas e limita-
ções, Deus deseja fazer sempre bri-
lhar a Luz de Seu amor e Sua graça.
É o desejo de Deus tocar as realida-
des humanas, marcando-as com o
seu amor de Pai, capaz de reconhe-
cer as necessidades de seus filhos e
filhas. Essa missão é depositada
hoje nas mãos de todos os que são
chamados a ser discípulos de Cris-
to, convidados a seguirem os pas-
sos do Senhor, levando-O a todos
nos vasos de barro dos próprios
corações. Nesse sentido, todas as
passagens dos Evangelhos são bas-
tante diretas, pois, indicam a forma
de Jesus agir e reconhecer as
necessidades de todos aos seu
redor, de maneira especial dos
sofredores. Em todos os momen-
tos, Jesus apresenta como deveria
ser vivida a verdadeira religião, ou
seja, o que significava ser fiel a
Deus e professar a fé. Segundo a
Lei, todo judeu deveria guardar e
repousar no dia de sábado, como
um dia consagrado ao Senhor.
Momento no qual cada um recor-
dava e fazia memória dos grandes
feitos divinos, principalmente por
ter sido liberto da escravidão pelo
poder e amor de Deus. Desse
modo, o sábado era um dia consa-
grado à religião, isto é, um dia de
oração, de louvor e de agradeci-
mento a Deus, no qual nenhum tra-
balho deveria ser realizado. Sendo
assim, segundo a Lei, quando
Jesus realizava a cura de alguém,
ou se colocava diante de alguém
em situação de necessidade, ele
descumpria a Lei, sendo reprovado
por todos os que estavam ao seu
redor. Todavia, ao recordar o
"TRAZEMOS ESSE TESOURO EM VASOS DE BARRO"
(2COR 4,6) - SEGUNTA PARTE
Como apresentado na edição de Julho, a reflexão do texto de Paulo aos Coríntios apresenta o tesouro que é o pró-
prio Cristo, carregado nos vasos de barros, isto é, no coração dos cristãos. Nessa segunda parte refletiremos sobre
a vivência da fé e a missão de cada um chamado a levar ao mundo o grande tesouro que é o próprio Salvador.
A compaixão será a marca
da vida daqueles que
celebram e vivem a Fé,
não somente no dia
consagrado ao Senhor,
mas, em todos os
momentos da vida.
‘‘
CAMINHOS DA BÍBLIA
vitória | 29
aspecto fundamental pelo qual o sábado foi consagra-
do, isto é, como um dia da ação divina que liberta, salva
e cura os seus filhos e filhas, Jesus dá um sentido pro-
fundo às suas ações. Ou seja, é a indicação da Lei de que
todos mantenham o sábado como um dia da recorda-
ção da ação libertadora de Deus, isto é, de Sua mão
poderosa que salva o seus filhos e filhas. Sendo assim,
salvar a vida, curar os doentes libertar os cativos, salvar
os que estão em situação de necessidade é missão de
todos os que professam a Fé. Ao responder aos que o
acusavam, Jesus dá uma indicação clara para todos os
que desejavam e ainda hoje desejam segui-Lo como
seus discípulos e discípulas. Isto é, a postura de Jesus
abre espaço para iluminar como deve ser vivida a Fé
professada pelos cristãos, que tem no Domingo o dia
consagrado ao Senhor.
Sendo assim, chamados a carregar o tesouro que é
Cristo nos vasos de barro dos corações, os cristãos en-
contram nas passagens dos Evangelhos indicações de
como devem viver a Fé. Ou seja, de como viver a verda-
deira religião, cumprindo o preceito, no dia consagra-
do ao louvor a Deus, na escuta de Sua Palavra e parti-
lha do Corpo e Sangue de Cristo. De fato, todos os cris-
tãos são convidados por Deus a levarem o Seu Filho pe-
las estradas do mundo, ainda tão marcado por tama-
nhas contradições e violência. Mas, para que isso acon-
teça é preciso que todos reconheçam que guardar o
preceito não é simplesmente ir à missa ou à celebra-
ção da Palavra, mas, sobretudo, viver a compaixão, a
caridade, o serviço e a partilha, principalmente na dire-
ção dos que mais precisam e sofrem. Desse modo, a
Luz de Cristo brilhará vivamente nos vasos de barro
que são os corações dos cristãos, chamados, pela gra-
ça de Deus a serem discípulos de Cristo. A compaixão
será a marca da vida daqueles que celebram e vivem a
Fé, não somente no dia consagrado ao Senhor, mas,
em todos os momentos da vida. Desse modo, a verda-
deira religião acontece, quando a escuta da Palavra e
a profissão de Fé se tornam modo de vida e a vida, por
sua vez, é iluminada pela Palavra acolhida e pela Fé
professada.
Professor de Sagrada Escritura no
IFTAV e Doutor em Sagrada Escritura
Pe. Andherson Franklin
PENSAR
30 | vitória
Foto
: A
ndre
ssa M
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LIÇÕES DE FRANCISCO
vitória | 31
LIÇÕES DE FRANCISCO
vitória | 31
PEREGRINAÇÃO ECUMÊNICAPARA A CIDADE DE CALVINO
o final do mês de junho deste ano, o Papa NFrancisco realizou uma viagem definida por
ele mesmo como “peregrinação ecumênica
a Genebra” para celebrar os 70 anos do Conselho Mun-
dial das Igrejas, que hoje representa mais de 500 mi-
lhões de cristãos, com 345 comunidades em 110 paí-
ses. Desde o início deste século vêm sendo promovi-
dos encontros reunindo as grandes famílias cristãs
compostas de ortodoxos, católicos, anglicanos e pro-
testantes (incluindo pentecostais ou evangélicos) e
em 2007 realizou-se no Quênia o Primeiro Forum Glo-
bal Cristão objetivando uma só mesa de diálogo entre
as religiões. Os setores mais conservadores e funda-
mentalistas das grandes famílias cristãs foram críticos
ferrenhos deste encontro.
O ataque mais duro contra o Conselho Mundial de
Igrejas visa a prática ecumênica. Aumenta no mundo
atual o clima de intolerância religiosa, já vivida e sofri-
da pela humanidade nos séculos XVII e XVIII. As Guer-
ras de Religião não foram suficientes para mostrar ao
mundo o péssimo exemplo dado pelos cristãos.
Corre-se o risco de repetirmos na atualidade novas
guerras de religião com muito derramamento de
sangue.
A Igreja Católica sempre olhou com bons olhos o tra-
balho do Conselho Mundial das Igrejas; antes Paulo VI
e João Paulo II estiveram nesta organização cristã.
Francisco em Genebra toma como tema do discurso a
Carta de Paulo aos Gálatas, especialmente a indicação
de se “caminhar segundo o Espírito”. Para ele, “é
preciso escolher a lógica do serviço e avançar no per-
dão” e “inserir-se na história com o passo de Deus”.
Toda vez que se escolhe andar conforme a mentalidade
mundana, da direção da carne ao invés da direção do
Espírito, de cultivo dos próprios interesses, fatalmente
qualquer comunidade religiosa cairá em divisões e cis-
mas. Não é pelo medo da excomunhão que se garante a
unidade, mas pelo testemunho do amor fraterno.
Os dias atuais testemunham para a história a infil-
tração da mentalidade mundana que divide as Igrejas.
É preciso ser de Jesus, antes de ser de direita ou esquer-
da. Para nós brasileiros, em tempos de tantas divisões,
a tendência a se transportar esta mentalidade para den-
tro das comunidades é muito grande. Segundo o Papa,
o mundo atual é marcado por divisões que dilaceram o
tecido social afetando os mais pobres e mais fracos.
Uma das primeiras tarefas a ser atacada é a remoção
de toda e qualquer forma de proselitismo. Este é o lado
sombrio para o diálogo. É excludente, intolerante e ca-
minho contrário do encontro e do diálogo. Segundo
Francisco, todo cristão deveria ser “peregrino que bus-
ca a unidade e paz”. Sua presença na cidade de Calvino
demonstrou isso. Por isso, o desenvolvimento do ecu-
menismo deve ser desenvolvido no caminhar, no rezar
e no trabalhar juntos.
Doutor em Ciência da Religião
Edebrande Calalieri
ENTREVISTA
vitória | 33
Como se deu a passagem para se criar o IFTAV e como
foi sua experiência?
Edebrande - A primeira experiência começou com um
convite do pe. Geraldo (Dom Geraldo Lyrio Rocha), que
era reitor do Seminário Nossa Senhora da Penha, para
ser professor de algumas disciplinas de filosofia à noite
no Seminário em Santa Helena. Dar aula à noite não foi
uma boa experiência do ponto de vista do magistério
porque os alunos trabalhavam o dia inteiro, trabalho
pesado na construção civil e à noite estavam cansa-
dos. Como professor eu me sentia um tanto quanto fra-
cassado. Nessa época pe. Geraldo estava em Roma e o
diretor do Seminário era o padre Rubens Duque. Foi
feita uma reunião com Dom Aldo, Dom Silvestre, o
padre Duque e o administrador da Arquidiocese de Vitó-
ria que era o pe. Ayrola Barcelos e me perguntaram se
eu toparia ajudá-los a melhorar a formação presbite-
ral. Foi aí que se deu a primeira mudança na formação
dos estudantes de filosofia que passaram a estudar
Ele é membro do Conselho Editorial da Revista Vitória, é articulista e também o 'curinga' de plantão. Desta vez, ele é
o entrevistado e fala sobre o 'nascimento' do Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória, que ajudou
a fundar. Ele é Edebrande Cavalieri, doutor em Ciências da Religião, o "conselheiro" do Conselho Editorial.
Edebrande Cavalieri
ENTREVISTA
34 | vitória
pela manhã, tendo então outra
estrutura de seminário.
Então você é o autor dessa mu-
dança?
Edebrande - Eu participei da tran-
sição atuando tanto na visão
antiga de formação, que era os
seminaristas inseridos no mundo
do trabalho, uma ideia forte na épo-
ca, para um estudo mais metodo-
lógico, mais rigoroso, não mais
inseridos no mundo do trabalho,
mas no mundo da pastoral. O
IFTAV, Instituto de Filosofia e Teolo-
gia, começou a funcionar em 1985,
fruto dessa mudança e com o desa-
fio de criar um caminho mais eficaz
para a formação dos presbíteros
do Espírito Santo. Na minha avalia-
ção hoje, isso foi muito positivo, foi
um passo muito corajoso de dois
personagens: Dom Silvestre e Dom
Aldo. Eles arriscaram e bancaram
dentro de um clima de muita
pobreza. Eu lembro que a mensali-
dade era feita assim: somava-se o
que se gastou durante o mês e divi-
dia pelos seminaristas, era um
rateio das despesas.
Além dos bispos que deram todo o
apoio, quem acompanhava o pro-
cesso no dia a dia?
Edebrande - No dia a dia tinha o
padre Rubens Duque como figura
central, ele era reitor. Junto com
ele os padres, Antônio Lute, Arthur
Juliatti, Arnóbio Cruz, Tarcísio Cali-
man, Humberto Wutyz, Carlos de
São Mateus, as irmãs Nilza e irmã
Regina e o apoio administrativo da
Mitra, através do pe. Ayrola.
Como se dava a escolha dos pro-
fessores. Certamente não tinha
tantos professores de filosofia e
teologia em Vitória. Tinha profes-
sor para todas as disciplinas?
Edebrande - Eu conversava muito
com padre Geraldo e padre Duque
sobre as escolhas das pessoas sem
nenhum prejuízo. Nós tínhamos
uma pobreza também no campo
do magistério. Então muitos pro-
fessores eram convidados e vi-
nham de fora para aulas intensivas,
como frei Moser, Dom Fernando
Figueiredo, Pedrinho Oliveira.
Daqui tínhamos alguns professo-
res da universidade que acolhiam o
convite como uma honra e com pra-
zer. Tínhamos pe. Antonio Lute e
pe. Arthur Juliatti, Dom Mauro e
Dona Ruthe Albuquerque, que era
presbiteriana. Quando recebemos
uma visita apostólica eles reconhe-
ceram como importante que essa
formação dos presbíteros tivesse
professores de outras Igrejas.
Eu até perguntava para padre
Geraldo, a gente pode dizer isso? E
ele respondia, nós devemos dizer
isso.
Esse esquema foi até qual momen-
to, quando se deu a nova virada?
Edebrande - Essa virada aconte-
ceu quando os seminaristas de
Cachoeiro também se integraram
ao IFTAV. O sentimento de unidade
da província ficou muito forte. E aí
Dom Luiz Mancilha Vilela teve um
papel chave. Na hora que assumiu
a diocese de Cachoeiro de Itape-
mirim, ele disse: vamos ficar em
Vitória. Mas, o salto vai se dar
exatamente quando o Instituto
começa a formar alunos que vão
para Roma fazer mestrado e vol-
tam capacitados. O investimento
de Cachoeiro, Vitória e São Mateus
no quadro de docentes foi ponto
chave e a grande virada na forma-
ção, isso já sob a direção do pe.
Hugo Scheer no IFTAV e uma infra-
estrutura mais adequada.
Ao mesmo tempo, isso não foi uma
perda? Deixar de ter professores
que vinham de centros maiores e
com outras experiências?
Edebrande - Foi uma perda sim, e
nós tentamos compensar isso sem-
pre com seminários e com as cha-
madas semanas teológicas, elas
vieram trazendo essa complemen-
tação, com temas e isso enrique-
ceu muito e supriu essa falta.
Você ficou no Instituto até o mo-
mento em que a filosofia foi para o
ENTREVISTA
vitória | 35
Salesiano. Como você avalia essa
mudança?
Edebrande - É uma questão difícil
de ser respondida. O fato da filoso-
fia e a teologia estarem no mesmo
espaço, dá uma contribuição maior
à formação, eu ainda hoje defendo
isso. Por outro lado, há o valor de os
alunos terem o diploma de nível
superior, que eu também defendo.
Mas o IFTAV não tinha condições de
credenciar uma faculdade, então a
saída era a faculdade Salesiana e
eu atuei e ajudei a realizar isso.
Acho que foi importante, mas acho
que a gente também perde nesse
processo.
Tem um aspecto que eu esperava
que acontecesse, mas não aconte-
ceu. Eu esperava que no momento
em que os seminaristas fossem
estudar numa faculdade privada,
eles teriam uma inserção maior no
mundo acadêmico universitário,
eu imaginava os seminaristas con-
vivendo com as diversas áreas aca-
dêmicas, seria um enriquecimen-
to, mas o que a gente tem perce-
bido é que os alunos seminaristas
acabaram se fechando no próprio
mundo e não conseguiram estabe-
lecer essa ponte com as outras
áreas do conhecimento.
Se fechar no mundo deles mesmos
não é uma forma de não confron-
tar pensamentos?
Edebrande - Acho que sim, acho
que é o medo do confronto. Eu
acho profundamente que é medo,
porque eu trabalho nos dois mun-
dos, o universitário e o religioso e a
Igreja atual carece um pouco
daquele estimulo dado pelo
Concilio Vaticano II, a inserção,
aquilo que Paulo VI tanto falava, a
relação com o mundo da cultura,
co m o m u n d o d o t ra b a l h o .
Seminaristas dialogando com o
mundo plural. Isso seria funda-
mental para a formação.
Está na hora de mais uma mu-
dança na formação?
Edebrande - Essa pergunta é insti-
gante. Para o mundo de hoje, sim.
O mundo de hoje é um mundo de
maior complexidade, só que a
gente não tem muita clareza e
cada vez menos clareza temos
sobre o caminho. A gente não sabe
onde vai dar. Acho que às vezes a
gente se acovarda diante dele.
Você imagina se no meio dos
Apóstolos a covardia imperasse?
Eles ficariam fechados em Jeru-
salém!
Se padre Jorge Campos, hoje
reitor do Seminário chamasse
você como padre Geraldo (Dom
Geraldo) quando você iniciou, o
que você proporia?
Edebrande - O que eu proporia?
Eu avançaria para esse diálogo
com o mundo de maneira mais for-
te. Eu diria vamos aprender a dia-
logar com esse mundo. É um
mundo que às vezes a gente pensa
que é ameaça, mas tem muitas por-
tas aí para entrar. O Deus desco-
nhecido que o Apóstolo Paulo fala,
está em muitos lugares, falta a
Igreja hoje acreditar nisso. Eu daria
um salto maior. Proporia e me dis-
poria a fazer isso para alargar esse
campo formativo, uma igreja que
seja aberta ao diálogo, aberta às
diferenças, aberta ao mundo, à plu-
ralidade. Uma formação para que
se pudesse dialogar com esse mun-
do. Acho que falta diálogo.
Como seria a resposta à “Igreja
em saída” do Papa Francisco, no
campo da formação?
Edebrande - A proposta é essa: vai
para o mundo, saia daqui deste
cantinho, desça esse monte e vá
para o mundo.
Maria da Luz Fernandes Jornalista
ECONOMIA POLÍTICA
Futebol é coisa para macho' habita o imaginá-
rio social e se torna um peso que afeta – ainda
que de maneira diferente – crianças de ambos
os sexos. Aos meninos, que apreciam o prazer da práti-
ca do esporte, é imposto desde as peladas de rua a
regra segundo a qual a bola pode passar mas o adver-
sário tem que ficar. Já adultos e exercendo as mais dis-
tintas profissões, muitos dos que continuam aprecian-
do a prática regular do futebol, man-
têm uma relação direta entre o
esporte e a afirmação da virilidade
via a agressão – mesmo quando
limitada ao verbal.
No âmbito do futebol profissio-
nal, ainda que crescente o número
de mulheres com excepcional habi-
lidade e competência, o machismo
se afirma de forma ampliada. Por
um lado, através do espaço diferen-
ciado que as versões masculina e feminina do esporte
têm nos meios de comunicação e nas prioridades das
entidades que o organizam. Por outro, nas diferenças
salariais que são ainda maiores que em outras áreas.
Essa lamentável realidade vem se ampliando tam-
bém no âmbito das torcidas. As duas últimas copas
trouxeram exemplos que ilustram o quanto as mulhe-
res são desrespeitadas fora do campo do maior torneio
futebolístico mundial.
Na copa de 2014, no Brasil, a Presidenta do País foi
vergonhosamente agredida por ofensas ecoadas em
coro na abertura do evento. Parcela considerável do
público presente composta em sua quase totalidade
por pessoas que compõem o topo das pirâmides de ren-
dimentos e de escolaridade dos brasileiros, xingaram a
principal mandatária da República. Xingamentos
jamais utilizados para homens ocupantes da presidên-
cia, independentemente de sua legitimidade ou popu-
laridade.
Na copa da Rússia, o desrespeito à mulher foi para as
ruas. Imagens de pessoas do mesmo segmento de ren-
dimentos a que só tem acesso no máximo 1% da popu-
lação, refletiram o machismo prevalecente na socieda-
de brasileira.
O que isso tem a ver com economia política? Tudo,
absolutamente tudo. Os indicado-
res de violência contra a mulher –
em todas suas formas e conteúdos
– é mais do que eticamente deplo-
rável. Tratar a mulher de forma desi-
gual na economia é desperdiçar
talento e competência de mais de
50% da população do País.
Rever o comportamento ético do
qual temos que ser críticos é dever
de todos na sociedade e de forma
especial das famílias, das escolas, das igrejas e dos mei-
os de comunicação de massa. Necessário se faz que
nesses espaços privilegiados de interação social seja
entendido e praticado o princípio de que, lugar de
mulher é onde ela quer:
Prática que tem nos esportes - e de forma especial no
futebol – um instrumento de grande potencial trans-
formador. Que se incentive – mas do que respeite - a
opção feminina de estar na torcida, no campo e em
toda a rede de institucionalidade do futebol.
O convívio social e o desempenho econômico muito
têm a ganhar.
COPA E MACHISMO
Professor de Economia
Arlindo Villaschi
‘‘As duas últimas copas
trouxeram exemplos
que ilustram o quanto
as mulheres são
desrespeitadas fora
do campo
vitória | 37
VIVER BEM
38 | vitória
vida está boa, metas e planos atingi-Ados, mas parece que assim mesmo fal-
ta alguma coisa. Já parou para pen-
sar um pouco nisto? A expectativa de vida do
brasileiro aumentou, a geração que vai viver
mais de cem anos já nasceu e está aí aquela ge-
ração dos que têm mais de cinquenta anos e es-
peram mais do que cuidar dos netos e lembra-
rem de histórias antigas em casa.
Está na hora de criar mais histórias, sempre.
A META É...
Já pensou que está na hora de experimentar coisas
novas, que o motivem no seu dia a dia e que sejam no-
vos desafios?
As opções estão aí. Veja algumas:
Que tal reviver os tempos em que praticava esportes
em uma das muitas equipes de esportes masters que
existem? O pessoal do basquete se reúne semanalmen-
te através da Associação dos Veteranos e Amigos do
Basquete no ES para jogar e até mesmo participar de
campeonatos, o Vôlei Máster Capixaba faz o mesmo.
Para quem gosta dos benefícios saudáveis da nata-
ção, clubes como o Álvares Cabral, em Vitória e o Liba-
nês em Vila Velha recebem em suas piscinas várias pes-
soas da terceira idade. O mesmo pode-se dizer dos gru-
pos de natação na praia e os de canoa havaiana em
Camburi e na Praia da Costa.
Se antes você não tinha o costume de praticar
VIVER BEM
vitória | 39
nenhum esporte, não tem problema. Existem várias
opções para quem deseja aprender. A escola de surf
em Jacaraípe, Moulin Surf, tem entre seus alunos
jovens de mais de 60 anos que desejam aprender a sur-
far. Já na praça do Papa, no primeiro domingo no mês,
o projeto Anjos da Bike ensina pessoas de qualquer
idade a andar de bicicleta.
Mas se esporte não é o que lhe atrai, que tal apren-
der a tocar um instrumento musical, a pintar, dançar,
ou um novo idioma?
Aprender coisas novas é um ótimo exercício para o
cérebro, previne doenças como Alzheimer, nos livra do
tédio e ainda ajudam a aumentar nosso ciclo de ami-
zades.
Então, aceita o desafio de elaborar novos planos?
Criar novas metas? Não pare nunca, aproveite sempre
as infinitas possibilidades que a vida nos proporciona.
Vander Silva
Professor e jornalista
vitória | 41
MUNDO LITÚRGICO
A ACLAMAÇÃO DETODO UM POVO
Parte integrante da oração eucarística, esta aclama-
ção situa-se no conjunto ritual chamado de memorial
(consagração), após a invocação do Espírito Santo
sobre os dons de pão e vinho e a narrativa da institui-
ção. É denominada de aclamação memorial, pois evo-
ca a realidade e a eficácia sempre atual do mistério pas-
cal de Cristo.
A Igreja, povo de Deus, por meio desta fórmula ritual,
perenemente anuncia a vitória de Cristo sobre o mal e
a morte, na força da sua ressurreição, e assume tal rea-
lidade como causa e sentido de sua vida e missão no
mundo. Ao completar com o “Vinde, Senhor Jesus!”, é
expressado o profundo desejo de que em Cristo tudo
seja consumado, como abertura à parusia.
Todas as aclamações litúrgicas, e em particular as
que pertencem à oração eucarística, são ainda mais
valorizadas em sua originalidade e função ministerial
quando cantadas. O canto brota da experiência pro-
funda do texto, seja por parte do compositor que criou
a melodia, como por parte da assembleia que aclama
cantando. Lembrar que a melodia é a serva do texto, e
não o contrário.
Do ponto de vista simbólico e musical é valoroso con-
servar, durante toda a oração eucarística, nas partes
cantadas pela assembleia, a mesma tonalidade, para
expressar a unidade da Igreja celebrante: um só povo
que bendiz o único Deus e Pai, através do único media-
dor e intercessor Jesus Cristo. Na Eucaristia, um só pão
e um só cálice: corpo e sangue como expressão do
amor indivisível do Senhor.
A atitude corporal de cantar em pé a aclamação
memorial indica a realidade de ressurreição integrada
e vivida pela assembleia dos eleitos, mediante a graça
batismal, a qual é sinal vivificante da Páscoa de Cristo.
Estar em pé é símbolo de, com Cristo, estar ressusci-
tado!
Em uníssono, seja a aclamação memorial a aclama-
ção de todo um povo que já vive a dinâmica de novos
céus e nova terra!
OFMCap
Fr. José Moacyr Cadenassi
as circunstâncias da vida, quando alguém Nexperimenta uma grande alegria, pessoal ou
coletivamente, vibra de inúmeras formas, em
palavras e expressões, as quais podem até culminar
numa grande festa. Assim também ocorre no plano da
liturgia cristã, e particularmente na ação litúrgica da
Eucaristia, que é, por excelência, a vivência das
alegrias pascais. Por isso, de forma decisiva e exultan-
te, a assembleia comunica, em ação de graças, o
sentido da fé celebrada:
Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!
FAZER BEM
Por toda positividade que espalha no campus, Herman
Gordon, um faxineiro da Universidade de Bristol, no Reino
Unido, ganhou uma viagem para visitar a família na Jamaica.
Estudantes fizeram uma vaquinha com a intenção de
ajuda-lo e a sua mulher a visitar a família no país de origem
deles. O presente veio acompanhado de uma nota assinada
pelos "Estudantes de Bristol", agradecendo pela "energia
positiva" dele .
Uma menina de apenas 9 anos, com paralisia cerebral se tornou uma
heroína. Lexie Comeau-Drisdelle, de Dartmouth, Nova Escócia, que não
anda e não fala, se fez ouvir quando viu seu irmãozinho de apenas um
ano em perigo. Leeland, como é chamado, caminhou sozinho até a pis-
cina e pulou, Lexie gritou como nunca antes e alarmou todos em sua
casa, que rapidamente conseguiram socorrer seu irmão.
“Você não precisa andar, falar e ter todos os seus sentidos. Você pode
se fazer ouvir, e você ainda pode ajudar. E sim, ela salvou a vida dele”,
disse a avó de Lexie, Nancy Comeau-Drisdelle.
O ator Will Smith tem tudo o que ele
sempre quis, mas revelou que encontra a
verdadeira felicidade ajudando os outros.
Aos 48 anos, junto com sua esposa, Jada
Pinkett Smith, fundou a Will e a Jada Smith
Family Foundation para beneficiar o
desenvolvimento de comunidades
urbanas, projetos educacionais para
jovens e crianças carentes e suas famílias.
“Eu quero fazer o bem. Eu quero que o
mundo seja melhor porque eu estou
aqui”, disse Smith.
O craque da seleção campeã da
Copa do Mundo 2018, Kylian Mbappé,
vem marcando gols dentro e fora de
campo. O jovem, de apenas 19 anos,
anunciou que vai doar seu salário
após cada jogo internacional. O
jovem jogador acredita que não deve-
ria ser pago para representar seu país
e o dinheiro doado por ele vai para
uma instituição de caridade que orga-
niza atividades esportivas para crian-
ças com deficiências.
Gols para a caridade Ajudar os outros é que te faz feliz
Estudantes juntam dinheiro para
presentear faxineiro com viagem de férias
Menina com paralisia ajuda a salvar irmãozinho
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vitória | 43
FAZER BEM
Prova de amor à profissão e ao próximo. O médico Jaime
Andrade fez o posto de saúde na comunidade de Moitas, no
Ceará, para atender crianças e adultos carentes que tinham
que viajar, sempre que precisavam de atendimento médico.
Em um ano, o projeto Aprendendo a Pescar, como foi
batizado pelo médico, beneficiou cerca de 3.200 crianças.
Jaime, que é pediatra, atende às crianças e pais inclusive
em seus dias de folga, quando o posto estava fechado,
prova de que o projeto é mais do que um trabalho como
outro qualquer.
O bullying é um problema global, mas a Holanda vem mostrando que com o direcionamento certo, pode
ser praticamente solucionado. Nas escolas primárias, as crianças são ensinadas desde os 4 anos a fazerem
um sinal de "pare" com as mãos quando não gostam de uma situação ou quando acham que algum colega
ultrapassou algum limite e são estimuladas a logo conversar com um adulto sobre a situação. Além disso,
mudanças na legislação e a orientação sobre como lidar com conflito desde a primeira infância são dois dos
fatores que levaram a Holanda a ter um alto índice de crianças que consideram seus colegas de escola
"legais".
“Aqui ninguém implica com ninguém. A gente respeita as diferenças e até rimos delas. Acho que isso é
reflexo da educação que recebemos nas escolas e em casa desde muito cedo”, diz Faye, de 14 anos, aluna de
uma escola secundária em Amsterdã.
Médico faz posto de saúde para
atender crianças carentes
Programa adotado na Holanda reduziu o bullying pela metade
Professoras em situação de rua ensinam inglês em plataforma online
Uma plataforma brasileira, o Soulphia, é um projeto social que combina aulas de inglês com
empoderamento de mulheres em situação de risco.
Os criadores da plataforma tiveram a percepção de que as mulheres em situação de rua, ou em abrigos,
estavam menos relacionadas com drogas ou qualquer tipo de vício e muito mais com limitações, como por
questões raciais ou por conta de histórias de abusos. E então tiveram a iniciativa de oportunizá-las a
trabalhar com a habilidade natural de falar inglês, treiná-las e inseri-las em uma plataforma digital e dar
início às aulas virtuais com alunos de todo o mundo.
vitória | 45
QUAL A DIFERENÇA ENTRE BEATO E SANTO?
A diocese que pretende instaurar um processo de beatificação deve obter a devida licença da Congregação para a Causa dos Santos a quem compete conceder o nihil obstat (nada obsta) para que se inicie tal processo. A partir desse momento, o “candidato aos altares” recebe o título de SERVO DE DEUS. Ouvidas as testemunhas, analisados os escritos e comprovada a fama de santidade, o processo é enviado à Congregação para a Causa dos Santos. Tendo-se concluído que o “candidato” praticou virtudes em grau elevado e até mesmo heroico, ele recebe o título de VENERÁVEL.
O tribunal diocesano deverá prosseguir seu trabalho examinando os milagres atribuídos à sua intercessão. A Congregação para a Causa dos Santos submete esses estudos ao parecer de cientistas, médicos, teólogos e outros especialistas, em Roma. Se for constatada a autenticidade do milagre, o
Dom Geraldo Lyrio RochaArcebispo emérito de Mariana
assunto é levado à apreciação do Papa a quem cabe aprovar a beatificação. Em geral, a solenidade da beatificação se faz por um delegado do Papa, no lugar onde viveu o BEATO. Sendo assim, ele passa a ter culto público nos lugares onde viveu.
Para a canonização, requer-se novo milagre. Uma vez comprovado pelas instâncias da Congregação para a Causa dos Santos, o Papa decreta a inscrição do “candidato” no catálogo dos santos e, assim, com a solenidade da canonização, o(a) SANTO(A) é elevado(a) às honras dos altares, apresentado como modelo de vida para todos os cristãos, invocado como intercessor por todos os fiéis e merecedor do culto de toda a Igreja. Enquanto o culto aos beatos é restrito aos lugares diretamente ligados à sua vida e sua história, o culto aos santos se estende a toda a Igreja e empenha diretamente a autoridade do Sumo Pontífice.
A história da Igreja no Espírito Santo até 1958 e da Arquidiocese de Vitória vai ser contada em exposição que fica-
rá na Praça da Catedral de 11 de agosto a 8 de setembro.
A visita será das 15h às 21h e vai proporcionar uma viagem no tempo para conhecer os personagens, identificar
as construções das diferentes épocas e lembrar os acontecimentos que mais marcaram a sociedade.
Uma maneira interessante de mergulhar no passado e sentir orgulho de ser Igreja.
EXPOSIÇÃO SENSORIAL E IMERSIVA
ACONTECE
De 1 a 8 de setembro acontece o CEAR, Congresso Eucarístico Arquidiocesano, que encerra as comemorações do
jubileu de 60 anos de criação da Arquidiocese.
A Abertura será às 17h do dia 1º de setembro, sábado. No domingo, 2 de setembro, Catequese Eucarística às 15h.
De segunda-feira, 3 de setembro a sexta-feira, 7 de setembro, catequeses, confissões e missa a partir das 16h.
Sábado, 8 de setembro, dia da padroeira a missa de encerramento acontece às 17h na Praça da Catedral e às 19h
Procissão do Santíssimo Sacramento.
Tema: Nova sociedade no lavar dos pés: Eucaristia.
Lema: Corações e mãos estendidos.
A programação completa estará disponível em todas as comunidades.
A Arquidiocese convida todos a participar deste momento importante.
I CONGRESSO EUCARÍSTICO ARQUIDIOCESANO
PERGUNTE A QUEM SABE
PARA QUE SERVEM OS COLCHÕES MAGNÉTICOS?
TÊNIS DE RODINHAS PREJUDICAM AS CRIANÇAS?
Tênis de rodinhas prejudicam as crianças, sim. Por elas estarem em constante uso dos mesmos em momentos cotidianos, acabam utilizando esses calçados em situações adversas e sem proteção, o que pode ocasionar fraturas, entorses de tornozelo, etc. Devido ao fato das rodas serem da região do
Esses colchões baseiam-se na formação de um campo magnético devido à sua estrutura, formada por ímãs. Tal campo ajudaria a prevenir doenças por ter efeito antioxidante, melhorar a qualidade do sono e a circulação sanguínea. Embora ainda faltem estudos conclusivos sobre o real benefício do colchão magnético, a teoria magnética é, por outro lado, bem estabelecida.
Pelo uso diário de aparelhos eletrônicos, eletrodo-mésticos, até mesmo as construções civis, eles
Fabrício Nascimento Almeida Ortopedista da GlobalMed Vitória
Fabrício Nascimento Almeida Ortopedista da GlobalMed Vitória
promovem um desbalanço magnético em nós todos os dias. Aparelhos de TVs mais antigos são afetados pelo colchão (de acordo com a proximidade). PCs e tablets também podem ser afetados.
Lembrando que uso do colchão magnético está contraindicado para portadores de marcapasso, devido à possibilidade de atuação do imã sobre o gerador. E, de modo nenhum, o uso desses colchões substitui qual-quer tratamento medicamentoso.
calcâneo, para deambular, as crianças precisam ficar nas pontas dos pés. E isso as leva a pisarem de forma errada, provocando diversos problemas, como alteração no equilíbrio da coluna, encurtamento do tendão do calcanhar, escoliose e esporão de calcâneo.
A história da Igreja no Espírito Santo até 1958 e da Arquidiocese de Vitória vai ser contada em exposição que fica-
rá na Praça da Catedral de 11 de agosto a 8 de setembro.
A visita será das 15h às 21h e vai proporcionar uma viagem no tempo para conhecer os personagens, identificar
as construções das diferentes épocas e lembrar os acontecimentos que mais marcaram a sociedade.
Uma maneira interessante de mergulhar no passado e sentir orgulho de ser Igreja.
CAMPANHA PARA A IGREJA-IRMÃ DE LÁBREA
PERGUNTE A QUEM SABE
ACONTECE