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Ano XII | Nº 156 | Agosto de 2018 REVISTA DA ARQUIDIOCESE DE VITÓRIA - ES

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Ano XII | Nº 156 | Agosto de 2018

REVISTA DA ARQUIDIOCESE DE VITÓRIA - ES

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PARTES QUE A GENTE VÊ OU NÃO VÊ

EDITORIAL

Às vezes a gente diz que seria bom colocar-se no lugar do outro. É, pode

acontecer que a visão mudasse seja de uma parte ou de outra. Mas, mais do

que isso, talvez seja importante olhar o outro com a certeza de que vemos

apenas partes, fragmentos da pessoa, o outro é muito mais de que aquilo

que se vê. É possível que nem seja necessário colocar-se no lugar do outro,

até porque nunca seria exatamente a mesma situação, a mesma realidade,

ninguém consegue estar no lugar de ninguém.

Então, vamos lá, viaje pelas matérias desta edição sabendo que são

fragmentos de quem olhou e escreveu, outros poderão ser percebidos por

você e outros...,ah, outros... basta saber que eles existem, mesmo se não

perceptíveis.

Boa leitura!

Maria da Luz Fernandes

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Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela – Repórter: Andressa Mian / 0987-ES – Conselho Editorial:

Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Vander Silva, Lara Roberts – Colaboradores: Pe. Andherson Franklin,

Arlindo Vilaschi, Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Fr. José Moacyr Cadenassi- Revisão de texto: Yolanda Therezinha

Bruzamolin – Publicidade e Propaganda: [email protected] – (27) 3198-0850 Fale com a revista

vitória: [email protected] – Projeto Gráfico e Editoração: Blend Criativo - Designer: Gustavo Belo -

Impressão: Gráfica e Editora GSA – (27)3232-1266.

37 ECONOMIA POLÍTICA

38 VIVER BEM

LIÇÕES DE FRANCISCO31

30 PENSAR

28 CAMINHOS DA BÍBLIA

41 MUNDO LITÚRGICO

42 FAZER BEM

33 ENTREVISTA

45 PERGUNTE A QUEM SABE

46 ACONTECE

SUGESTÕES 20

ARQUIVO E MEMÓRIA 23

05 REPORTAGEMO Morro visto por quem mora lá

13 ATUALIDADEFake news e a política

11 PAUTA LIVREVida na área rural

16 IDEIASOlhar as superfícies

24 DIÁLOGOS

27 CATEQUESEO caminho da vida e o caminho da morte

Quando o jovem pergunta

19 ESPITIRUALIDADEExercícios espirituais de Santo Inácio Loyola

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REPORTAGEM

vitória | 05

O que existe nos morros

para além daquelas notí-

cias comumente divulga-

das sobre violência, tráfico de dro-

gas e operações policiais? Quem

conta são moradores e agentes de

projetos sociais de Bairro da Penha,

São Benedito, Jaburu, Jesus de

Nazaré e Piedade.

Uma moradora da Piedade disse

durante a conversa: “todo o mundo

ficou falando e se dizendo preocu-

pado com quem estava indo embo-

ra e ninguém se preocupou com

quem ficou e vai continuar ali. E isso

prejudicou, foi aonde eu me senti

presa, não só pela minha família,

mas por todos, a comunidade é a

minha família”. A moradora se refe-

ria às famílias que após três assassi-

natos seguidos na comunidade

abandonaram suas casas, e foram

embora do bairro e viraram notícia.

Mas esses abandonos, que também

acontecem nos outros morros,

segundo os moradores são pessoas

que, na maioria dos casos, de algu-

ma forma têm algum familiar envol-

vido no tráfico ou por morarem mui-

to próximo das “bocas” (locais onde

acontece a venda das drogas).

Ouvir os moradores é uma expe-

riência única. Antes e depois dos

conflitos, sejam eles entre trafican-

tes ou entre estes e a polícia, a vida continua ‘normal’. Em todos, os mora-

dores dizem que existem regras de convivência, muitas delas nascidas de

acordos tácitos que deixam a vida correr normal. Há unanimidade de que

a grande ameaça à normalidade da vida é a aproximação ou chegada da

força policial ou conflitos entre traficantes de outros locais. Mas o que é

vida normal nas comunidades dos morros? Na Piedade, por ainda estar

muito viva a experiência dos assassinatos, normalidade é a resistência e

a união de todos que em nada foi abalada: “um grito de socorro de um

filho se tornou de todos porque só nós sabemos o que vivemos lá”, “A gen-

te aprendia desde cedo a se unir em volta de tudo que tinha no morro.

Não tínhamos água encanada nem luz, mas desde sempre os mais velhos

nos ensinaram a aprender a se ajudar e é isso que o morro da piedade é,

cada qual o que tinha partilhava com o outro”. Quando nenhum lazer exis-

tia a comunidade limpou uma área, fez um campo e criou um time de fute-

bol. Lá organizavam campeonatos e subiam para ver os jogos dos filhos e

parentes e partilhar a comida (polenta doce, canjicão e o famoso mocotó

que até hoje se alguém falar que vai ter campeonato, o panelão de moco-

tó tem que estar lá no canto).

O MORRO VISTO POR QUEM MORA LÁ

Piedade

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06 | vitória

A capela São Francisco foi construída porque os

Vicentinos acompanharam o esforço da comunidade

para fazer encontros de catequese e círculos bíblicos

debaixo de uma molenbá (figueira africana) quando

não tinha um lugar adequado. Aos poucos outras inici-

ativas foram sendo criadas: roda de samba em cima

de uma pedra ou num poeirão, capoeira que reúne as

crianças e adolescentes, quadrilha que os moradores

re-inventam, caminhadas do círculo bíblico que

envolvem toda a comunidade reunida numa casa.

Essas são as iniciativas da comunidade para manter a

união, mesmo sem nenhum apoio do poder público,

sem ter um espaço para isso.

E foi assim também agora. No meio ao conflito a

comunidade se uniu “Quando as crianças me pergun-

taram e agora o que a gente faz e o que vai acontecer,

para onde nós vamos. Eu respondi: 'vocês precisam

sonhar e acreditar que é possível'. Aos adultos eu dizia

'vamos permanecer nas nossas casas, cuidar delas. Se

à noite a gente tiver medo vamos descer juntos com

roupa do corpo, as crianças com cobertores e todos

unidos dormir na quadra. De manhã nós subimos, ajei-

tamos nossas casas e se de noite a gente tiver medo,

descemos de novo, todos juntos’ disse uma liderança.

É assim que a comunidade reage permanecendo uni-

da, celebrando junto, sendo apoio uns para os outros e

se alguém precisar todos vão ajudar.

As comunidades dos morros Jaburu, Bairro da

Penha e São Benedito também falam de união, mas ali

a união foi conquistada a duras penas; as comunida-

des eram rivais entre si. Com o surgimento de vários

projetos sociais e organizações comunitárias foram

surgindo lideranças entre eles e criaram o Fórum Bem

Maior. “As primeiras reuniões eram quase no grito, no

tapa, era falta de diálogo mesmo, de você não saber

discordar do outro, de ouvir uma crítica”, disse uma

pessoa que acompanhou esse primeiro momento.

Mas aos poucos as lideranças amadureceram e perce-

beram que 'a união faz a força' e que quando unidos,

todos saem ganhando “As comunidades foram apren-

dendo com elas mesmas até chegar na época do orça-

mento participativo quando elas perceberam que bri-

gando entre si nenhuma delas levava nada. Então, pas-

saram a se unir e foi lindo de ver quando essas comuni-

dades, que eram rivais, começaram a abrir mão de uma

coisa por outra comunidade. O melhor exemplo foi apo-

io dado pelas comunidades de Itararé, São Benedito e

Consolação apoiando e viabilizando a construção de

uma creche no Jaburu”.

Essa união cresceu entre todas as instituições da

região que eles chamam de Território do Bem, envol-

vendo os coletivos (pequenos grupos que se reúnem

em prol de uma questão -empreendedorismo – juven-

tude – discussão sobre a violência), as 8 escolas, orga-

nizações como o Atelier de Ideias, o SECRI e o Instituto

João XXIII, sem esquecer que ali impera o tráfico e, às

vezes, tem que haver, não um acordo, mas um diálogo

para que eles entendam que o trabalho que os projetos

desenvolvem não pode ser realizado com medo.

Território do Bem é o conjunto de comunidades (São

Benedito, Penha, Itararé, Bonfim, Consolação, Jaburu,

Floresta e Engenharia) que se reúnem no Fórum Bem

Maior onde são discutidos os interesses da região e

fazendo o trabalho de integração, pois entendem que a

divisão territorial feita pelo governo da cidade obedece

a características que não levam em conta o contexto

local. O Fórum Bem Maior trabalha para derrubar as

barreiras territoriais, levantar os problemas e trabalha

junto para superar. “Esta visão política do Fórum é fun-

damental e otimiza muito o trabalho dos projetos dos

agentes que atuam aqui, a minha vida como padre foi

muito facilitada por essa articulação”. (pe. Kelder

Brandão, pároco de Santa Tereza de Calcutá).

Os jovens que se formaram em curso superior são

REPORTAGEM

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de pensar alternativas naquele

contexto e acreditam que o traba-

lho que realizam é para oferecer

opções. O ponto de partida é a rea-

lidade concreta. Todos sabem que

os moradores precisam conviver

com o tráfico “É claro que não dá

para dizer que eles não se mistu-

rem porque eles moram ali, eles

convivem, eles estão ali todo o dia,

eles vão dormir e acordar naquele

local. Eu digo para eles não preci-

sam ser seus amigos, mas quando

você passar diga bom dia, boa tar-

de, boa noite porque o respeito é

automático e aquela pessoa vai

ficar invisível para eles”.

apontados como motivo de orgu-

lho da comunidade e, só por isso,

tornam-se incentivo para outros.

Alguns passaram pelos projetos,

entraram na UFES e se formaram

como Alzirenes e que cursou Servi-

ço Social e hoje trabalha no SECRI

e outros que passaram pelo proje-

to de Judô, envolveram-se com o

tráfico de droga, “voltaram atrás”

como disse um professor de proje-

to e estão formados, trabalhando

com paisagismo e na Petrobras.

Professores e membros de pro-

jetos expressam-se de maneira

diferente, mas convergem no pen-

samento de que há necessidade

REPORTAGEM

vitória | 07

Um dos professores do projeto e

o pároco da região entendem que

o tráfico seduz “lá (no tráfico), no

momento em que eles chegam são

incentivados, eles são estimula-

dos, às vezes são valorizados, com-

pensados, eles recebem responsa-

bilidades e isso a comunidade e as

Igrejas precisam aprender”, disse o

pe. Kelder. Eles veem isso quando

chegam, os perigos e as dificulda-

des só aparecem depois.

Antes, depois e até durante os

conflitos, os projetos continuam,

as atividades continuam “Por

todas as situações que já ocorre-

ram neste território não há um

Jesus de Nazaré

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REPORTAGEM

08 | vitória

risco ou perigo das instituições

não funcionarem. Pelo contrário

há necessidade das próprias famí-

lias que a gente esteja lá, que os

projetos funcionem, que as portas

estejam abertas. Se fechar os pro-

jetos as mães precisam ficar em

casa pra tomar conta da criança,

de olho no jovem para que não

saia pra rua”. Os conflitos, porém,

afetam sim a rotina. As crianças

têm medo dos policiais e, ao

mesmo tempo, acham que aquilo

é o máximo do poder. Um dia os

policiais chegaram no SECRI para

tomar água e a pessoa que foi

atender pediu que eles não mos-

trassem as armas para não assus-

tar as crianças, e eles responde-

ram: “nós estamos fazendo nosso

trabalho, nós somos polícia”.

Quando eles entraram as crianças

colocaram as mãos na cabeça e

pediam pelo amor de Deus para

eles não atirarem. Este é um exem-

plo de como a instituição policial

é percebida dentro desse territó-

rio.

“A gente tem situações de

alguns adolescentes ou jovens

que têm seu envolvimento com a

criminalidade, mas se você per-

gunta o que ele quer, poucos vão

lhe dizer que querem chegar no

mais alto nível do tráfico de dro-

gas, eles querem ser policiais para

amedrontar como estão sendo

amedrontados”, disse uma lide-

rança.

O mesmo medo acontece no

Bairro Jesus de Nazaré. A comuni-

dade também tem regras de convi-

vência com os traficantes, que são

moradores do bairro e ali têm suas

famílias. Os desafios são seme-

lhantes às comunidades do Territó-

rio do Bem, como falam lideranças

religiosas e comunitárias. A comu-

nidade propõe as ações no contex-

to, isto é, levando em conta a exis-

tência do tráfico e o medo das pes-

soas com relação à ação policial.

Segundo as lideranças ouvidas, o

tráfico não impede as atividades,

em contrapartida as ações policiais

amedrontam e quebram a rotina. A

presença da policia intimida e

assusta, mesmo aqueles que acre-

ditam que a polícia faz seu papel. A

quadra do bairro, por exemplo, é

usada por uns e outros; cultos, mis-

sas, palestras, atividades esporti-

vas e tráfico. Os moradores apren-

deram a conviver com isso ““a vida

é normal porque os traficantes são

radicados ali, eles têm família lá e

eles sustentam essas famílias. Por

isso ninguém entrega porque se

eles forem presos não entra dinhe-

iro naquelas casas”.

Também ali a rotina é afetada

apenas durante os conflitos,

depois tudo continua normal.

As atividades das Igrejas e orga-

nizações, a escolinha de futsal

(Projeto Eu Acredito em Mim)

cinema e teatro na quadra, pro-

jeto mão na massa, jiu jitsu e capo-

eira, encontro de vinil, cursos ofer-

tados pela AJUDES (Associação

dos Servidores do poder Judiciá-

rio do Espirito Santo) que tem pro-

gramado para agosto um curso de

corte e costura para mulheres

donas de casa que não têm

emprego fixo.

Apesar de convivência a comu-

nidade gostaria que o tráfico não

existisse e por isso, se empenha

em criar alternativas para afastar

os jovens do tráfico “a gente pro-

cura oferecer outras alternativas

porque a gente sabe que o cami-

nho do tráfico é difícil de sair.

Quem entra sabe coisas que eles

não querem que se saiba, então é

difícil sair. A maioria morre ou é

presa”.

Ao contrário do Fórum Bem Mai-

or, que se organiza politicamente

em busca do bem de todo o ter-

ritório, em Jesus de Nazaré a orga-

nização comunitária está ligada à

política partidária, e isso é apon-

tado pelas lideranças como um

empecilho aos projetos. Quando

um grupo luta para conseguir

algum bem o outro tenta derrubar

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dades sejam convincentes para as novas gerações e que essas 'periferias

existenciais', como disse padre Kelder usando as palavras do Papa Fran-

cisco sejam re-evangelizadas: “... e para falar do lugar de Igreja (os trafican-

tes) são pessoas que precisam ser reconhecidas para poderem serem evan-

gelizadas ou re-evangelizadas, porque muitos nasceram nas nossas pias

batismais, eles se desviaram e nós não soubemos cultivar a fé. É nosso

dever agora ir ao encontro dessas pessoas que estão nessas periferias exis-

tenciais”.

REPORTAGEM

vitória | 09

para impedir que esse leve o mérito

e o reconhecimento da comunida-

de.

Também neste bairro o medo da

polícia fica evidente. “A banda da

polícia militar foi tocar o ano pas-

sado na festa da comunidade, os

dois lados ficaram com medo: a

comunidade perguntando se eles

iam subir o morro e foi preciso expli-

car que seria na quadra que fica na

base do morro e que as armas deles

eram flauta, trompete etc... e eles

(banda) também perguntando se

poderia alguém chegar com arma e

tentar fazer-lhes algum mal.

E como então olhar para essa rea-

lidade e ir além de estabelecer

regras de convivência que permi-

tem a comunidade crescer e incluir

a todos? Um líder do Bairro Jesus de

Nazaré disse que os traficantes

pedem para colocar os filhos nos

projetos. O padre Kelder confirmou

que esses pedidos também aconte-

cem no Território do Bem “eu ouvi

de um gerente que me diz ia

olhando nos meus olhos, 'padre eu

não quero que os meus filhos

tenham a vida que eu tenho', pra

mim não era um traficante que

estava falando era um pai de famí-

lia”.

Então que o território do bem seja

o território de todos os bairros. Que

as iniciativas positivas das comuni-

Maria da Luz Fernandes Jornalista

São Benedito

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Esse modelo acaba por gerar endi-

vidamento dos camponeses. Alia-

das à depressão, o montante de

dívidas favorece o suicídio como

forma trágica de se libertar desse

contexto. E ainda, devido à falta de

informação e conhecimento, os tra-

balhadores buscam o álcool como

escape, prejudicando o quadro

depressivo.

Entender essa associação é fun-

damental para as políticas públi-

cas de proteção da saúde dos tra-

balhadores, sobretudo aos agricul-

tores, se efetivem. Além do uso de

equipamentos de proteção indivi-

dual e medidas coletivas. Embora a

conscientização seja de extrema

relevância na intervenção sobre os

suicídios, restrições normativas

também são interessantes. Quan-

do as condições do trabalho não

estão ergonomicamente adequa-

das os prejuízos são para toda a

sociedade. Visto que quando uma

pessoa ligada intimamente a

alguém comete suicídio em torno

de seis a dez pessoas são afetadas

de alguma forma.

Patrícia Jacob

Pós-graduada em Psicologia

PAUTA LIVRE

Com o aumento da população

mundial e a crescente demanda

por alimentos, têm ocorrido

mudanças no tipo de agricultura o

que requer um sistema complexo,

que envolve cultivo, transporte,

estocagem e processamento de

produtos agrícolas, o que faz exigir

um rendimento maior em cada

uma dessas etapas e também um

controle mais eficiente nos dife-

rentes vetores de diversas doen-

ças.

Para tanto, têm sido empregados

diferentes agrotóxicos que, apesar

de eficientes, geralmente acar-

retam problemas conhecidos.

Fazendo com que ocorra um con-

sumo excessivo de agrotóxicos nos

países em desenvolvimento, prin-

cipalmente na América Latina e, na

maioria dos casos, não existe con-

trole eficaz sobre a venda e o uso

desses produtos; os equipamentos

de proteção não são usados roti-

neiramente, não há monitora-

mento da exposição ocupacional e

o diagnóstico dos casos de intoxi-

cação é difícil, pois os sintomas são

co-muns a várias doenças. O Brasil

é o terceiro mercado e o oitavo mai-

or consumidor de agrotóxicos por

hectare no mundo, sendo os herbi-

cidas e inseticidas responsáveis

A INTERRUPÇÃO DAVIDA NA ÁREA RURAL

por 60,0% dos produtos comercia-

lizados no país.

A depressão é um

achado constante dentre os suici-

das. A associação entre exposição

à agrotóxica e o surgimento de pro-

blemas mentais tem se mostrado

já bem estabelecida. Como as

taxas de suicídio aumentaram em

áreas rurais no Brasil, postulou-se

que a exposição a pesticidas pode

desempenhar um papel neste fenô-

meno.

Pesquisas recentes descrevem

que o uso de agrotóxicos, como os

organofosforados, aumentam as

chances de depressão dos agricul-

tores. A situação é ainda mais grave

levando-se em conta que boa parte

dos trabalhadores rurais inicia sua

vida laboral ainda na infância, o

que aumenta seu tempo de exposi-

ção a agrotóxicos. Além disso, o

silêncio dos agricultores sobre o

tema agrava o quadro. Esse cenário

é ainda mais depreciativo pelas

condições econômicas nas quais se

dá, visto que, muitos trabalhado-

res rurais têm a família envolvida

no trabalho, no qual não é protegi-

do por qualquer lei laboral. De

outro lado, os produtores devem se

planejar para que sobrevivam com

o dinheiro ganho ao longo do ano.

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ATUALIDADE

vitória | 13

FAKE NEWS E A POLÍTICA:UMA MENTIRA PERIGOSA

primeiro você ouve dizer alguma coisa e acaba passan-

do isso para a frente, já Fake News são notícias falsas cri-

adas por um determinado grupo para influenciar a po-

pulação sobre um determinado tema.

Exemplifico melhor, logo após o assassinato da

vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), começaram

a surgir uma série de postagens/mensagens nas redes

sociais, principalmente no Facebook e no Whatsapp,

difundindo informações falsas sobre a parlamentar,

desde envolvimento com a facção criminosa Comando

Vermelho a um suposto envolvimento com o falecido

traficante Marcinho VP. Geralmente essas postagens

são publicadas por perfis falsos (robôs programados

para isso) e que depois acabam sendo compartilhadas

pelo restante da população.

O hábito de falar mal dos outros está presente na so-

ciedade desde os primórdios da humanidade. São vári-

as as palavras indicadas pelo dicionário que estão rela-

cionadas a esse tipo de atitude: maldizer, detração, fo-

foca, boato, rumor etc. Todo o cuidado é pouco, pois

um simples boato pode acabar com reputações, pro-

vocar conflitos e até mesmo provocar a morte.

No livro A Detração: breve ensaio sobre o maldizer

de Leandro Karnal, o autor enumera várias histórias, in-

clusive algumas da Bíblia, para demonstrar como o há-

bito de falar mal dos outros está presente desde os pri-

mórdios da humanidade. O recurso é utilizado como

uma maneira de prejudicar os rivais e uma forma de es-

tabelecer alianças, mas com o advento da internet e a

popularização das redes sociais, o boato extrapola os

espaços regionais e ganha proporções até então ini-

maginadas.

Um dos casos mais graves aqui no Brasil acabou en-

volvendo a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, que

foi linchada por dezenas de pessoas na cidade de Gua-

rujá. A tragédia aconteceu por ela ter sido confundida

com o retrato-falado de uma suposta sequestradora

de crianças. Recentemente, na Índia, uma multidão

matou 7 pessoas depois que rumores espalhados pelo

Whatsapp indicavam que estranhos estariam seques-

trando crianças. Foi-se comprovado depois que as his-

tórias eram falsas.

Já Fake News, nomeada a palavra do ano pelo dicio-

nário em inglês da editora britânica Collins, são as notí-

cias falsas, publicadas e divulgadas de modo a enga-

nar o público, atendendo a algum interesse escuso.

Assim, qual a diferença entre boato e Fake News? No

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ATUALIDADE

14 | vitória

Foi-se comprovado que esse artifício também foi

utilizado para persuadir os eleitores britânicos em

relação ao Brexit (plebiscito que decidiu a saída do

governo britânico da União Europeia). Por conta disso o

Google e o Facebook estão procurando uma forma de

impedir que Fake News se disseminem nas suas

plataformas, pois esse é um problema cada vez mais

presente na nossa sociedade.

Recentemente, pesquisadores do MIT (Massachusetts

Institute of Technology), no estudo The spread of true and

false news online, publicado no dia 09 de março de 2018,

identificaram que a chance de uma notícia falsa ser

repassada é 70% maior do que a de notícias verda-

deiras.

O estudo identificou ainda que o compartilhamento

de notícias falsas independe do quanto a pessoa utilize

as redes sociais ou há quanto tempo ela é usuária desses

aplicativos. Os indivíduos compartilham as notícias

falsas por essas serem mais inusitadas do que as

verdadeiras. Além disso, foi constatado que notícias

falsas que falavam sobre política tiveram propagação

mais intensa, se espalhando três vezes mais do que

notícias falsas sobre outros assuntos.

Esse é um dado alarmante, pois estamos mais

propensos para divulgar notícias falsas, muito por conta

do seu conteúdo e do tipo de mensagem que é criada.

Para além disso, existe toda uma estrutura organizada

que desenvolve e dissemina essas informações em prol

de um objetivo específico. Ou seja, devemos estar cada

vez mais atentos para acabar não compactuando,

mesmo que sem querer, com esses interesses escusos.

Seguem alguns procedimentos que você pode adotar

antes de compartilhar uma informação pela qual você

não tem certeza sobre a sua veracidade (dicas forne-

cidas pela Agência Lupa em parceria com o Canal Futura

no site http://fakeounews.org/):

Notícias falsas costumam apelar para a emoção e às crenças pessoais;

Leia além da manchete. Se um título provocativo chamou sua atenção, pense alguns segundos sobre ele. Trata-se de algo realmente possível?

As notícias falsas ganham muita força em meio a catástrofes naturais e episódios de extrema violência, como atentados terroristas.

Busque outras fontes de informação.

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ATUALIDADE

vitória | 15

São atitudes simples, mas que devem ser praticadas em be-

nefício da sociedade. Dessa maneira podemos evitar que gru-

pos com interesses obscuros tenham a sua mensagem divulga-

da e compartilhada nas redes sociais. Nesse período eleitoral

você vai começar a receber uma série de pedidos de amizades,

principalmente no Facebook, de perfis que são criados para dis-

seminar Fake News, fique atento.

Lembre-se que uma das principais características da inter-

net, a possibilidade do anonimato, acaba sendo utilizada para

propagar esse tipo de mensagem e podemos ser a pessoa que

neutraliza ou que amplifica esse conteúdo. Lembre-se que um

presidente extremista foi eleito utilizando essa estratégia, que

o povo britânico votou a favor da saída do Brexit e se arrepen-

deu depois e que o próximo presidente do Brasil pode ser eleito

sem que a gente conheça de verdade quais eram as suas inten-

ções. Todo cuidado é pouco.

Publicitário e professor no CentroUniversitário Faesa

Felipe Tessarolo

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16 | vitória

um mundo saturado de complexi-Ndades surgem, a toda hora, seduto-

ras explicações e soluções, tidas co-

mo científicas e embasadas neste ou naquele

conhecimento, que se vendem como “profun-

didades”. Até ficou comum dizer quando se

quer elogiar um especialista ou palestrante

neste ou naquele assunto que ele foi muito

profundo! Também, ao contrário, quando se

quer diminuir a importância do que foi dito se

diz que a pessoa foi superficial ou rasa. Ou se-

ja, a noção de profundidade é empregada co-

mo se entendimentos consistentes e verda-

deiros viessem de profundidades. No entanto,

o cultivo dessa noção de profundidade pode

exatamente nos distanciar das questões a se-

rem vistas e entendidas.

Decerto a cada dia se avolumam as informa-

ções que nos são derramadas sobre as cabe-

ças, a cada dia se adensam os conflitos de que

somos revestidos, a cada dia se impregnam

em nossos rostos os medos os mais variados,

e por isso, entende-se essa descrença no que

está bem diante dos nossos olhos, e a busca

PROFUNDIDADES?QUE NADA!

IMPORTA OLHARAS SUPERFÍCIES.

IDEIAS

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IDEIA

por possíveis outras razões que se esconderiam

sabe-se lá onde, e que apenas quem é dado às pro-

fundidades poderia acessar. Compreende-se tam-

bém a busca quase desesperada dessas respostas

que se nos apresentam como se tivessem sido aces-

sadas lá daquelas dimensões da vida que a nós,

pobres comuns, são interditadas.

Cai, então, como uma luva, dada nossas carências

e inseguranças, essas explicações que se arvoram

em entendimentos profundos, de realidades pro-

fundas, que nos colocam em contato com o eu pro-

fundo, e etc. e tal. Como nos levam a crer que essas

profundidades não nos são acessíveis sem os espe-

cialistas (a rede globo usa e abusa de especialistas

que confirmam sua linha editorial) depositamos

sobre eles nossas mais ternas confianças. Produzi-

mos com eles, para nós, doces verdades que nos

enredam. Verdades que afirmam ainda mais as ditas

profundidades e nos colocam cada vez mais distan-

tes de nós mesmos, da vida, do mundo e das saídas

do labirinto onde nos encontramos. Os muros que

nos cercam têm frestas, mas deixamos de procurar

neles as saídas porque nos disseram que há saídas

secretas, misteriosas, portais escondidos lá nos sub-

terrâneos. Se essas lições de profundidades, destar-

te, trazem umas receitas aliviadoras de angustias,

não nos restabelecerão a visão e a lucidez, nem nos

farão mais corajosos nas transformações a que

somos chamados, seja as de nós mesmos, ou as do

mundo.

Vale a pena pensar que somos constituídos pelo

fluxo das forças, energias, tensões e poderes que se

dão no mundo e nele circulam o tempo todo. Não

somos senão o encontro em movimento constante des-

sas forças. Assim, não há um dentro que se possa aces-

sar. Só existe um dentro que é na verdade uma dobra

do fora, do mundo. (Blanchot, Foucault e Deleuze bem

exploram essa questão do fora). Não existe profundi-

dade nas realidades senão aquela que é uma compli-

cação da superfície. A sílaba “pli” de muitas palavras

significa exatamente dobra. Dobrado é igual a plissa-

do. Uma coisa complicada não é uma coisa com cama-

das, umas superficiais e outras profundas. Uma coisa

complicada é uma coisa dobrada. Logo, explicar é des-

dobrar.

Mas, se sobram assessores de profundidades, fal-

tam-nos propositores do fora, do mundo (como Jesus

Cristo que nos convidava a olhar as coisas, o tempo, as

flores, os campos, os animais, as pessoas...). Proposi-

tores que nos chamem à transformação daquilo que

não pode mais ser tolerado e que está bem à vista de

quem quiser ver (quem tem olhos pra ver...). As coisas

não têm fundo, mas superfícies que se dobram sobre

superfícies. E se alguém quiser encontrar profundida-

des, disso ou daquilo, haverá de se treinar na observa-

ção do mundo do qual todos são parte, e manter os

olhos bem abertos para o que o cerca.

Se são poucas as estratégias seguras, nessa luta de

libertação, um substrato precisa estar sempre pre-

sente nas mentes e corações, e precisa ser afirmado a

cada momento, em cada situação, fazendo de meras

atividades cotidianas verdadeiros acontecimentos

jubilosos: a ligação (ou religação) autêntica, genuína,

vibrante com a vida.

Padre, psicólogo e Mestre em

Psicologia Institucional

Dauri Batisti

vitória | 17

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ESPIRITUALIDADE

vitória | 19

EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA

FEITO NO DIA-A-DIA

Reitor do Santuário Nacional

São José de Anchieta

Nilson Marostica si

Trata-se, pois, de uma metodologia de desen-

volvimento espiritual, proposta por Santo Iná-

cio.

A finalidade dos Exercícios Espirituais (EE), pode ser

resumida em três grandes metas: - ser uma “escola de

oração”; - desenvolver as condições humanas e espiri-

tuais para que o exercitante possa tomar uma decisão

importante na sua vida; - ser uma ajuda para a pessoa,

na sua liberdade, discernir o que mais a conduz para

Deus.

Os EE podem ser praticados na modalidade de um

“RETIRO ESPIRITUAL”. Retirando-se a casa de retiros. A

outra é: “EXERCÍCIOS NA VIDA COTIDIANA” (EVC). Neste

caso, sem se afastar de seus afazeres diários, você po-

derá fazer os exercícios no dia a dia.

Santo Inácio percebeu que algumas pessoas não po-

diam dedicar trinta dias corridos aos EE, não podiam

se retirar de seus afazeres. Santo Inácio dá a opção de

fazer os EE dedicando uma hora de seu dia à oração,

que será, preferencialmente, no início do dia, em ambi-

ente silencioso que possibilite a concentração de todo

o seu ser.

Outro fator importante é um acompanhante espiri-

tual, com o qual você irá partilhar os momentos mais

significativos de sua caminhada espiritual e receber

ajuda para discernir os próximos passos.

Em cada semana se repete os mesmos passos, mu-

dando, apenas o texto bíblico da meditação. Contudo,

se determinado texto despertou em você moções

significativas, livremente, você poderá retomá-lo em

outros momentos.

No domingo, você deverá fazer uma “repetição” dos

momentos mais significativos dos exercícios da sema-

na que passou. No domingo você poderá tomar como

matéria de sua oração um dos trechos bíblicos da litur-

gia dominical.

Santo Inácio de Loyola nos chama atenção para a ge-

nerosidade: “muito aproveita entrar neles com grande

ânimo e generosidade para com seu Criador e Senhor.

Ofereça-lhe todo seu querer e liberdade, para que

Deus se sirva, conforme Sua vontade, tanto de sua pes-

soa, como de tudo o que tem”.

A você que se dispõe a esta caminhada espiritual, de-

sejo pleno êxito!

"Entende-se, por Exercícios Espirituais, qualquer modo de examinar a

consciência, meditar, contemplar, orar vocal ou mentalmente e outras

atividades espirituais." Inácio de Loyola

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20 | vitória

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SUGESTÕES

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cultura de cidades tradicionais, como é caso de Santa Leopoldi-Ana, guarda muito da formação da identidade capixaba. Por lá

passava boa parte dos produtos agrícolas da região montanhosa

do Estado do Espírito Santo que desciam pelo rio Santa Maria da Vitória

em direção à capital, fato que, além do clima mais frio, possivelmente con-

tribuiu para que muitos imigrantes fixassem residência naquele local.

Para quem quer dar um passeio por essa história, basta visitar o Museu

do Colono, localizado próximo de onde ficava o porto e onde era feito o

comércio de diversos produtos.

Inaugurada em 1969, a casa conta com centenas de peças vindas de mui-

tas partes do mundo. Entre elas, encontram-se móveis, fotografias, uten-

sílios e instrumentos musicais de século XIX.

Por meio do acervo é possível viajar pelo tempo e se encontrar com um

passado cheio de belezas, bem como contemplar a história de um povo

forte que ajudou a desenvolver a cultura e a economia do Estado do Espí-

rito Santo.

O casarão de dois andares onde está instalado, é tombado pelo patri-

mônio histórico e boa parte das obras expostas pertenciam a família Holz-

meister, tradicional na região.

Depois de algum tempo fechado para ser reformado, o museu está nova-

mente de portas abertas para os visitantes. Até o acervo sofreu reparos,

foram restauradas cerca de mil peças que relembram momentos dos colo-

nos em nosso solo.

Referência no Estado, o museu recebe visitas de quarta-feira a domingo,

sempre de 9h às 17h e feriados de 8h às 12h. Grupos podem agendar tele-

fonando para 3266-1250.

SUGESTÕES

vitória | 21

Alessandro GomesProfessor

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ARQUIVO E MEMÓRIA

vitória | 23

No dia 23 de fevereiro de 1985, atra-

vés de um decreto foi criado o

IFTAV – Instituto de Filosofia e

Teologia da Arquidiocese de

Vitória. Iniciava-se um novo tempo

na formação dos futuros padres da

Província Eclesiástica do Espírito

Santo. Para dar solenidade a esse

fato, foi celebrada, na capela do

Carmo no Centro de Vitória, missa

solene presidida pelo Núncio

Apostólico, Dom Carlo Furno, con-

ce l e b ra d a p e l o s B i s p o s d a s

Dioceses do Espírito Santo. O pri-

meiro diretor do Instituto de

Filosofia e Teologia foi o Padre

Rubens Duque, o segundo padre

Ivo Ferreira de Amorim e o terceiro

padre Hugo Scher.

Nos seus primeiros anos o IFTAV

funcionou no antigo Colégio do

Carmo mas com o aumento do

número de Seminaristas, sua sede

mudou-se para um prédio situado

ao lado da Igreja São Gonçalo na

Cidade Alta em Vitória. Em 2017, foi

inaugurado um novo prédio, bem

maior e moderno, que fica ao lado

do Seminário Nossa Senhora da

Penha, na Praia de Santa Helena,

para atender a formação dos nos-

sos seminaristas e também dos lei-

gos.

Giovanna Valfré Coordenação do Cedoc

Padre Artur Juliati dos Santos e seminaristas em aula no IFATV. O primeiro a esquerda, Dauri Batisti, hoje padre e colunista da revista Vitória e ao seu lado, Edvalter Andrade, hoje bispo de Floriano, no Piauí.

O Núncio Apostólico Dom Carlo Furno e Dom Silvestre Scandian, cortam a fita inaugurando o IFTAV.

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DIÁLOGOS

24 | vitória

m jovem aproximou-se Ude mim e me pergun-

tou: o que é preciso para

ser ordenado presbítero da Igreja

Católica? Eu me voltei para o

jovem e lhe disse: trata-se de uma

pergunta que exigirá de nós dois

um bom tempo. Porém, vou ser

breve e lhe apontarei o que me

parece sumamente importante,

entre tantas coisas, para que um

jovem alcance este ideal.

A primeira coisa que se exige é:

que ele seja homem e profunda-

mente humano, equilibrado ou

seja, que manifeste em sua vida

um bom equilíbrio homeostático.

Ele, é evidente, precisa ser um

homem de fé. Fé como Dom de

Deus, correspondido, isto é, que

tenha acolhido a Pessoa de Jesus

Cristo em sua vida e tenha um ver-

dadeiro encanto por Jesus e sua

Igreja. É evidente, também, que

este encanto é fruto de uma cres-

cente correspondência ao Amor de

Deus manifestado cotidianamente

no Evangelho, em Jesus! Isto se

aperfeiçoa no confronto diário

com a Palavra de Deus, no seminá-

rio, “Casa de Conversão” e preparo

do jovem vocacionado ao sacerdó-

cio. Nesta “Casa” ele aprende a ser

gente como Jesus, crescendo

como gente, como Jesus, humano,

profundamente humano e de

Deus. O progresso se torna mais

sólido e veloz quando a família

tenha sido este lugar de humaniza-

ção e de fé correspondida.

Esta é a coluna vital e fundamen-

tal para que alguém seja presbíte-

ro: humano e totalmente de Deus!

Aos poucos, em sua caminhada,

ele vai percebendo o que significa

ser humano como Jesus e total-

mente de Deus. A Igreja o convida,

não o obriga, mas convida a ofere-

cer-se totalmente ao Senhor na

Igreja de Cristo. Ele ao escolher

este jeito de viver totalmente de

QUANDO O JOVEM PERGUNTA

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DIÁLOGOS

vitória | 25

Arcebispo Metropolitano de Vitória

Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc.

Deus, renuncia ao direito de constituir família, porque seu coração deve

estar livre, indiviso como o Coração de Cristo, todo do Pai e, por isso, todo da

Igreja para a humanidade, fazendo parte de um presbitério evangelizador,

anunciando e celebrando em comunhão. Ele se torna homem de comunhão,

humano e totalmente de Deus!

O Seminário, “Casa de conversão”, é o lugar onde o jovem entra em apren-

dizado e discernimento, buscando qual a vontade de Deus sobre a sua vida.

Sua escolha deve ser consciente, livre e responsável. Ser presbítero da Igreja

Católica no Rito Romano é um estilo de vida, um caminho diferente e

somente para quem recebeu o convite de Deus para essa missão sagrada. É

missão para poucos! Evangelizar é missão de todos os cristãos seguidores

de Jesus Cristo! O presbítero católico é um cristão chamado a fazer as vezes

de Cristo, cabeça da Igreja! Poucos são os chamados para essa missão indis-

pensável na vida da Igreja!

Para exercer bem sua missão o presbítero precisará ter uma sólida forma-

ção espiritual como discípulo missionário, uma excelente formação

intelectual, em suma, como presbítero da Igreja, deve ser como a Igreja e na

Igreja para a humanidade, perito em humanidade. Por isso, ele é homem das

relações humanas do entendimento e do diálogo, contribuindo para a cultu-

ra do encontro.

Que tal, meu caro jovem? Essa vocação exige valentia, coragem, despoja-

mento, aventura da fé e da esperança. Quem estiver apegado a algum valor

secundário não deve arriscar-se! Haveria outras coisas a lhe dizer, ainda,

mas acredito que já dê para você pensar. Sou feliz em ser padre. Vale a pena

apostar em Jesus e sua Igreja!

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CATEQUESE

vitória | 27

O CAMINHO DA VIDA EO CAMINHO DA MORTE

Doutor em Ciência da Religião

Edebrande Cavalieri

ste é o título do primeiro ca-Epítulo do Catecismo pre-

sente nas primeiras comu-

nidades cristãs logo após a morte

do Senhor. Chamava-se Didaqué,

pois fora escrito em grego e se desti-

nava principalmente para as comu-

nidades da Palestina e da Síria. Este

documento permite um mergulho

na vida das primeiras comunidades,

para conhecer sua maneira de ser e

viver. Retrata de maneira impressio-

nante a tradição viva dessas comu-

nidades.

Permite-nos saber como era feita

a iniciação cristã, como eram as cele-

brações e como os cristãos se orga-

nizavam e viviam em comunidade.

Sua preocupação central era esta-

belecer uma orientação para os cris-

tãos que viviam em ambiente pa-

gão, a fim de não serem explorados

ou manipulados por aproveitadores

disfarçados de profetas. A perseve-

rança na fé estava alicerçada na ins-

trução do Senhor pregada pelos

apóstolos.

O primeiro capítulo da Didaqué

apresenta dois caminhos: o da vida

e o da morte. Não parte de nenhuma

doutrina, nenhuma lei, nenhuma

norma. Indica a existência de dois

caminhos para as pessoas da comu-

nidade.

O caminho da vida está marcado

pelo amor a Deus acima de tudo e o

amor ao próximo como a si mes-

mo. Ter Deus como centro do nosso

amor implica em renunciar a toda

idolatria. Amar a Deus não se reduz

a ir à Igreja todos os domingos.

O amor a Deus se completa de ma-

neira radical com o amor ao próxi-

mo, que não é um amigo ou seme-

lhante, mas o diferente, o inimigo,

o distante. Diz o texto que também

os pagãos amam seus amigos e

iguais. O cristão deve ser capaz de

amar os inimigos, os que lhe batem

na face.

E termina o caminho da vida com

a questão da solidariedade. É pre-

ciso dar sem pedir nada em troca. A

fé não se fortalece numa vida mer-

cantil de barganhas e trocas de fa-

vores. A solidariedade é o caminho

que nos conduz na fé e nos fortale-

ce e isso está expresso na capaci-

dade de distribuir e partilhar os

bens que recebemos, pois “o Pai

quer que seus bens sejam doados a

todos”. O amor ao próximo assim

se torna concreto e assim nos apro-

xima ainda mais ao Amor a Deus.

O amor a Deus

se completa de

maneira radical

com o amor ao

próximo.

‘‘

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CAMINHOS DA BÍBLIA

28 | vitória

cristão, iluminado no ba-Otismo pela Luz de Cristo

Ressuscitado é o vaso no

qual Deus, que fazer resplandecer

essa imensa Luz para o mundo inte-

iro. De modo que, todos ao virem

os cristãos reconheçam o imenso

poder de Deus, que em cada um tra-

balha, fazendo com que na fragili-

dade do coração humano a Luz de

Cristo manifeste toda a sua força.

Por isso, cada cristão, chamado a

ser discípulo missionário é convi-

dado a reconhecer a sua vocação

como portador da Luz de Cristo,

não contando somente com as su-

as fragilidades, mas, colocando a

sua total confiança no poder de De-

us. De modo que, brilhe a Luz de

Cristo no coração, na vida, nas ati-

tudes, nas escolhas e no amor con-

creto que nasce nas mãos de cada

filho e filha de Deus. A fim de que

todos reconheçam a força do amor

divino que se espalha e entra na his-

tória dos homens, por meio dos va-

sos de barro que são os corações da-

queles que a Cristo abraçaram e se-

guiram como seus discípulos mis-

sionários.

Na vida de cada discípulo de Cris-

to, apesar das fraquezas e limita-

ções, Deus deseja fazer sempre bri-

lhar a Luz de Seu amor e Sua graça.

É o desejo de Deus tocar as realida-

des humanas, marcando-as com o

seu amor de Pai, capaz de reconhe-

cer as necessidades de seus filhos e

filhas. Essa missão é depositada

hoje nas mãos de todos os que são

chamados a ser discípulos de Cris-

to, convidados a seguirem os pas-

sos do Senhor, levando-O a todos

nos vasos de barro dos próprios

corações. Nesse sentido, todas as

passagens dos Evangelhos são bas-

tante diretas, pois, indicam a forma

de Jesus agir e reconhecer as

necessidades de todos aos seu

redor, de maneira especial dos

sofredores. Em todos os momen-

tos, Jesus apresenta como deveria

ser vivida a verdadeira religião, ou

seja, o que significava ser fiel a

Deus e professar a fé. Segundo a

Lei, todo judeu deveria guardar e

repousar no dia de sábado, como

um dia consagrado ao Senhor.

Momento no qual cada um recor-

dava e fazia memória dos grandes

feitos divinos, principalmente por

ter sido liberto da escravidão pelo

poder e amor de Deus. Desse

modo, o sábado era um dia consa-

grado à religião, isto é, um dia de

oração, de louvor e de agradeci-

mento a Deus, no qual nenhum tra-

balho deveria ser realizado. Sendo

assim, segundo a Lei, quando

Jesus realizava a cura de alguém,

ou se colocava diante de alguém

em situação de necessidade, ele

descumpria a Lei, sendo reprovado

por todos os que estavam ao seu

redor. Todavia, ao recordar o

"TRAZEMOS ESSE TESOURO EM VASOS DE BARRO"

(2COR 4,6) - SEGUNTA PARTE

Como apresentado na edição de Julho, a reflexão do texto de Paulo aos Coríntios apresenta o tesouro que é o pró-

prio Cristo, carregado nos vasos de barros, isto é, no coração dos cristãos. Nessa segunda parte refletiremos sobre

a vivência da fé e a missão de cada um chamado a levar ao mundo o grande tesouro que é o próprio Salvador.

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A compaixão será a marca

da vida daqueles que

celebram e vivem a Fé,

não somente no dia

consagrado ao Senhor,

mas, em todos os

momentos da vida.

‘‘

CAMINHOS DA BÍBLIA

vitória | 29

aspecto fundamental pelo qual o sábado foi consagra-

do, isto é, como um dia da ação divina que liberta, salva

e cura os seus filhos e filhas, Jesus dá um sentido pro-

fundo às suas ações. Ou seja, é a indicação da Lei de que

todos mantenham o sábado como um dia da recorda-

ção da ação libertadora de Deus, isto é, de Sua mão

poderosa que salva o seus filhos e filhas. Sendo assim,

salvar a vida, curar os doentes libertar os cativos, salvar

os que estão em situação de necessidade é missão de

todos os que professam a Fé. Ao responder aos que o

acusavam, Jesus dá uma indicação clara para todos os

que desejavam e ainda hoje desejam segui-Lo como

seus discípulos e discípulas. Isto é, a postura de Jesus

abre espaço para iluminar como deve ser vivida a Fé

professada pelos cristãos, que tem no Domingo o dia

consagrado ao Senhor.

Sendo assim, chamados a carregar o tesouro que é

Cristo nos vasos de barro dos corações, os cristãos en-

contram nas passagens dos Evangelhos indicações de

como devem viver a Fé. Ou seja, de como viver a verda-

deira religião, cumprindo o preceito, no dia consagra-

do ao louvor a Deus, na escuta de Sua Palavra e parti-

lha do Corpo e Sangue de Cristo. De fato, todos os cris-

tãos são convidados por Deus a levarem o Seu Filho pe-

las estradas do mundo, ainda tão marcado por tama-

nhas contradições e violência. Mas, para que isso acon-

teça é preciso que todos reconheçam que guardar o

preceito não é simplesmente ir à missa ou à celebra-

ção da Palavra, mas, sobretudo, viver a compaixão, a

caridade, o serviço e a partilha, principalmente na dire-

ção dos que mais precisam e sofrem. Desse modo, a

Luz de Cristo brilhará vivamente nos vasos de barro

que são os corações dos cristãos, chamados, pela gra-

ça de Deus a serem discípulos de Cristo. A compaixão

será a marca da vida daqueles que celebram e vivem a

Fé, não somente no dia consagrado ao Senhor, mas,

em todos os momentos da vida. Desse modo, a verda-

deira religião acontece, quando a escuta da Palavra e

a profissão de Fé se tornam modo de vida e a vida, por

sua vez, é iluminada pela Palavra acolhida e pela Fé

professada.

Professor de Sagrada Escritura no

IFTAV e Doutor em Sagrada Escritura

Pe. Andherson Franklin

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PENSAR

30 | vitória

Foto

: A

ndre

ssa M

ian

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LIÇÕES DE FRANCISCO

vitória | 31

LIÇÕES DE FRANCISCO

vitória | 31

PEREGRINAÇÃO ECUMÊNICAPARA A CIDADE DE CALVINO

o final do mês de junho deste ano, o Papa NFrancisco realizou uma viagem definida por

ele mesmo como “peregrinação ecumênica

a Genebra” para celebrar os 70 anos do Conselho Mun-

dial das Igrejas, que hoje representa mais de 500 mi-

lhões de cristãos, com 345 comunidades em 110 paí-

ses. Desde o início deste século vêm sendo promovi-

dos encontros reunindo as grandes famílias cristãs

compostas de ortodoxos, católicos, anglicanos e pro-

testantes (incluindo pentecostais ou evangélicos) e

em 2007 realizou-se no Quênia o Primeiro Forum Glo-

bal Cristão objetivando uma só mesa de diálogo entre

as religiões. Os setores mais conservadores e funda-

mentalistas das grandes famílias cristãs foram críticos

ferrenhos deste encontro.

O ataque mais duro contra o Conselho Mundial de

Igrejas visa a prática ecumênica. Aumenta no mundo

atual o clima de intolerância religiosa, já vivida e sofri-

da pela humanidade nos séculos XVII e XVIII. As Guer-

ras de Religião não foram suficientes para mostrar ao

mundo o péssimo exemplo dado pelos cristãos.

Corre-se o risco de repetirmos na atualidade novas

guerras de religião com muito derramamento de

sangue.

A Igreja Católica sempre olhou com bons olhos o tra-

balho do Conselho Mundial das Igrejas; antes Paulo VI

e João Paulo II estiveram nesta organização cristã.

Francisco em Genebra toma como tema do discurso a

Carta de Paulo aos Gálatas, especialmente a indicação

de se “caminhar segundo o Espírito”. Para ele, “é

preciso escolher a lógica do serviço e avançar no per-

dão” e “inserir-se na história com o passo de Deus”.

Toda vez que se escolhe andar conforme a mentalidade

mundana, da direção da carne ao invés da direção do

Espírito, de cultivo dos próprios interesses, fatalmente

qualquer comunidade religiosa cairá em divisões e cis-

mas. Não é pelo medo da excomunhão que se garante a

unidade, mas pelo testemunho do amor fraterno.

Os dias atuais testemunham para a história a infil-

tração da mentalidade mundana que divide as Igrejas.

É preciso ser de Jesus, antes de ser de direita ou esquer-

da. Para nós brasileiros, em tempos de tantas divisões,

a tendência a se transportar esta mentalidade para den-

tro das comunidades é muito grande. Segundo o Papa,

o mundo atual é marcado por divisões que dilaceram o

tecido social afetando os mais pobres e mais fracos.

Uma das primeiras tarefas a ser atacada é a remoção

de toda e qualquer forma de proselitismo. Este é o lado

sombrio para o diálogo. É excludente, intolerante e ca-

minho contrário do encontro e do diálogo. Segundo

Francisco, todo cristão deveria ser “peregrino que bus-

ca a unidade e paz”. Sua presença na cidade de Calvino

demonstrou isso. Por isso, o desenvolvimento do ecu-

menismo deve ser desenvolvido no caminhar, no rezar

e no trabalhar juntos.

Doutor em Ciência da Religião

Edebrande Calalieri

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ENTREVISTA

vitória | 33

Como se deu a passagem para se criar o IFTAV e como

foi sua experiência?

Edebrande - A primeira experiência começou com um

convite do pe. Geraldo (Dom Geraldo Lyrio Rocha), que

era reitor do Seminário Nossa Senhora da Penha, para

ser professor de algumas disciplinas de filosofia à noite

no Seminário em Santa Helena. Dar aula à noite não foi

uma boa experiência do ponto de vista do magistério

porque os alunos trabalhavam o dia inteiro, trabalho

pesado na construção civil e à noite estavam cansa-

dos. Como professor eu me sentia um tanto quanto fra-

cassado. Nessa época pe. Geraldo estava em Roma e o

diretor do Seminário era o padre Rubens Duque. Foi

feita uma reunião com Dom Aldo, Dom Silvestre, o

padre Duque e o administrador da Arquidiocese de Vitó-

ria que era o pe. Ayrola Barcelos e me perguntaram se

eu toparia ajudá-los a melhorar a formação presbite-

ral. Foi aí que se deu a primeira mudança na formação

dos estudantes de filosofia que passaram a estudar

Ele é membro do Conselho Editorial da Revista Vitória, é articulista e também o 'curinga' de plantão. Desta vez, ele é

o entrevistado e fala sobre o 'nascimento' do Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória, que ajudou

a fundar. Ele é Edebrande Cavalieri, doutor em Ciências da Religião, o "conselheiro" do Conselho Editorial.

Edebrande Cavalieri

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ENTREVISTA

34 | vitória

pela manhã, tendo então outra

estrutura de seminário.

Então você é o autor dessa mu-

dança?

Edebrande - Eu participei da tran-

sição atuando tanto na visão

antiga de formação, que era os

seminaristas inseridos no mundo

do trabalho, uma ideia forte na épo-

ca, para um estudo mais metodo-

lógico, mais rigoroso, não mais

inseridos no mundo do trabalho,

mas no mundo da pastoral. O

IFTAV, Instituto de Filosofia e Teolo-

gia, começou a funcionar em 1985,

fruto dessa mudança e com o desa-

fio de criar um caminho mais eficaz

para a formação dos presbíteros

do Espírito Santo. Na minha avalia-

ção hoje, isso foi muito positivo, foi

um passo muito corajoso de dois

personagens: Dom Silvestre e Dom

Aldo. Eles arriscaram e bancaram

dentro de um clima de muita

pobreza. Eu lembro que a mensali-

dade era feita assim: somava-se o

que se gastou durante o mês e divi-

dia pelos seminaristas, era um

rateio das despesas.

Além dos bispos que deram todo o

apoio, quem acompanhava o pro-

cesso no dia a dia?

Edebrande - No dia a dia tinha o

padre Rubens Duque como figura

central, ele era reitor. Junto com

ele os padres, Antônio Lute, Arthur

Juliatti, Arnóbio Cruz, Tarcísio Cali-

man, Humberto Wutyz, Carlos de

São Mateus, as irmãs Nilza e irmã

Regina e o apoio administrativo da

Mitra, através do pe. Ayrola.

Como se dava a escolha dos pro-

fessores. Certamente não tinha

tantos professores de filosofia e

teologia em Vitória. Tinha profes-

sor para todas as disciplinas?

Edebrande - Eu conversava muito

com padre Geraldo e padre Duque

sobre as escolhas das pessoas sem

nenhum prejuízo. Nós tínhamos

uma pobreza também no campo

do magistério. Então muitos pro-

fessores eram convidados e vi-

nham de fora para aulas intensivas,

como frei Moser, Dom Fernando

Figueiredo, Pedrinho Oliveira.

Daqui tínhamos alguns professo-

res da universidade que acolhiam o

convite como uma honra e com pra-

zer. Tínhamos pe. Antonio Lute e

pe. Arthur Juliatti, Dom Mauro e

Dona Ruthe Albuquerque, que era

presbiteriana. Quando recebemos

uma visita apostólica eles reconhe-

ceram como importante que essa

formação dos presbíteros tivesse

professores de outras Igrejas.

Eu até perguntava para padre

Geraldo, a gente pode dizer isso? E

ele respondia, nós devemos dizer

isso.

Esse esquema foi até qual momen-

to, quando se deu a nova virada?

Edebrande - Essa virada aconte-

ceu quando os seminaristas de

Cachoeiro também se integraram

ao IFTAV. O sentimento de unidade

da província ficou muito forte. E aí

Dom Luiz Mancilha Vilela teve um

papel chave. Na hora que assumiu

a diocese de Cachoeiro de Itape-

mirim, ele disse: vamos ficar em

Vitória. Mas, o salto vai se dar

exatamente quando o Instituto

começa a formar alunos que vão

para Roma fazer mestrado e vol-

tam capacitados. O investimento

de Cachoeiro, Vitória e São Mateus

no quadro de docentes foi ponto

chave e a grande virada na forma-

ção, isso já sob a direção do pe.

Hugo Scheer no IFTAV e uma infra-

estrutura mais adequada.

Ao mesmo tempo, isso não foi uma

perda? Deixar de ter professores

que vinham de centros maiores e

com outras experiências?

Edebrande - Foi uma perda sim, e

nós tentamos compensar isso sem-

pre com seminários e com as cha-

madas semanas teológicas, elas

vieram trazendo essa complemen-

tação, com temas e isso enrique-

ceu muito e supriu essa falta.

Você ficou no Instituto até o mo-

mento em que a filosofia foi para o

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ENTREVISTA

vitória | 35

Salesiano. Como você avalia essa

mudança?

Edebrande - É uma questão difícil

de ser respondida. O fato da filoso-

fia e a teologia estarem no mesmo

espaço, dá uma contribuição maior

à formação, eu ainda hoje defendo

isso. Por outro lado, há o valor de os

alunos terem o diploma de nível

superior, que eu também defendo.

Mas o IFTAV não tinha condições de

credenciar uma faculdade, então a

saída era a faculdade Salesiana e

eu atuei e ajudei a realizar isso.

Acho que foi importante, mas acho

que a gente também perde nesse

processo.

Tem um aspecto que eu esperava

que acontecesse, mas não aconte-

ceu. Eu esperava que no momento

em que os seminaristas fossem

estudar numa faculdade privada,

eles teriam uma inserção maior no

mundo acadêmico universitário,

eu imaginava os seminaristas con-

vivendo com as diversas áreas aca-

dêmicas, seria um enriquecimen-

to, mas o que a gente tem perce-

bido é que os alunos seminaristas

acabaram se fechando no próprio

mundo e não conseguiram estabe-

lecer essa ponte com as outras

áreas do conhecimento.

Se fechar no mundo deles mesmos

não é uma forma de não confron-

tar pensamentos?

Edebrande - Acho que sim, acho

que é o medo do confronto. Eu

acho profundamente que é medo,

porque eu trabalho nos dois mun-

dos, o universitário e o religioso e a

Igreja atual carece um pouco

daquele estimulo dado pelo

Concilio Vaticano II, a inserção,

aquilo que Paulo VI tanto falava, a

relação com o mundo da cultura,

co m o m u n d o d o t ra b a l h o .

Seminaristas dialogando com o

mundo plural. Isso seria funda-

mental para a formação.

Está na hora de mais uma mu-

dança na formação?

Edebrande - Essa pergunta é insti-

gante. Para o mundo de hoje, sim.

O mundo de hoje é um mundo de

maior complexidade, só que a

gente não tem muita clareza e

cada vez menos clareza temos

sobre o caminho. A gente não sabe

onde vai dar. Acho que às vezes a

gente se acovarda diante dele.

Você imagina se no meio dos

Apóstolos a covardia imperasse?

Eles ficariam fechados em Jeru-

salém!

Se padre Jorge Campos, hoje

reitor do Seminário chamasse

você como padre Geraldo (Dom

Geraldo) quando você iniciou, o

que você proporia?

Edebrande - O que eu proporia?

Eu avançaria para esse diálogo

com o mundo de maneira mais for-

te. Eu diria vamos aprender a dia-

logar com esse mundo. É um

mundo que às vezes a gente pensa

que é ameaça, mas tem muitas por-

tas aí para entrar. O Deus desco-

nhecido que o Apóstolo Paulo fala,

está em muitos lugares, falta a

Igreja hoje acreditar nisso. Eu daria

um salto maior. Proporia e me dis-

poria a fazer isso para alargar esse

campo formativo, uma igreja que

seja aberta ao diálogo, aberta às

diferenças, aberta ao mundo, à plu-

ralidade. Uma formação para que

se pudesse dialogar com esse mun-

do. Acho que falta diálogo.

Como seria a resposta à “Igreja

em saída” do Papa Francisco, no

campo da formação?

Edebrande - A proposta é essa: vai

para o mundo, saia daqui deste

cantinho, desça esse monte e vá

para o mundo.

Maria da Luz Fernandes Jornalista

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ECONOMIA POLÍTICA

Futebol é coisa para macho' habita o imaginá-

rio social e se torna um peso que afeta – ainda

que de maneira diferente – crianças de ambos

os sexos. Aos meninos, que apreciam o prazer da práti-

ca do esporte, é imposto desde as peladas de rua a

regra segundo a qual a bola pode passar mas o adver-

sário tem que ficar. Já adultos e exercendo as mais dis-

tintas profissões, muitos dos que continuam aprecian-

do a prática regular do futebol, man-

têm uma relação direta entre o

esporte e a afirmação da virilidade

via a agressão – mesmo quando

limitada ao verbal.

No âmbito do futebol profissio-

nal, ainda que crescente o número

de mulheres com excepcional habi-

lidade e competência, o machismo

se afirma de forma ampliada. Por

um lado, através do espaço diferen-

ciado que as versões masculina e feminina do esporte

têm nos meios de comunicação e nas prioridades das

entidades que o organizam. Por outro, nas diferenças

salariais que são ainda maiores que em outras áreas.

Essa lamentável realidade vem se ampliando tam-

bém no âmbito das torcidas. As duas últimas copas

trouxeram exemplos que ilustram o quanto as mulhe-

res são desrespeitadas fora do campo do maior torneio

futebolístico mundial.

Na copa de 2014, no Brasil, a Presidenta do País foi

vergonhosamente agredida por ofensas ecoadas em

coro na abertura do evento. Parcela considerável do

público presente composta em sua quase totalidade

por pessoas que compõem o topo das pirâmides de ren-

dimentos e de escolaridade dos brasileiros, xingaram a

principal mandatária da República. Xingamentos

jamais utilizados para homens ocupantes da presidên-

cia, independentemente de sua legitimidade ou popu-

laridade.

Na copa da Rússia, o desrespeito à mulher foi para as

ruas. Imagens de pessoas do mesmo segmento de ren-

dimentos a que só tem acesso no máximo 1% da popu-

lação, refletiram o machismo prevalecente na socieda-

de brasileira.

O que isso tem a ver com economia política? Tudo,

absolutamente tudo. Os indicado-

res de violência contra a mulher –

em todas suas formas e conteúdos

– é mais do que eticamente deplo-

rável. Tratar a mulher de forma desi-

gual na economia é desperdiçar

talento e competência de mais de

50% da população do País.

Rever o comportamento ético do

qual temos que ser críticos é dever

de todos na sociedade e de forma

especial das famílias, das escolas, das igrejas e dos mei-

os de comunicação de massa. Necessário se faz que

nesses espaços privilegiados de interação social seja

entendido e praticado o princípio de que, lugar de

mulher é onde ela quer:

Prática que tem nos esportes - e de forma especial no

futebol – um instrumento de grande potencial trans-

formador. Que se incentive – mas do que respeite - a

opção feminina de estar na torcida, no campo e em

toda a rede de institucionalidade do futebol.

O convívio social e o desempenho econômico muito

têm a ganhar.

COPA E MACHISMO

Professor de Economia

[email protected]

Arlindo Villaschi

‘‘As duas últimas copas

trouxeram exemplos

que ilustram o quanto

as mulheres são

desrespeitadas fora

do campo

vitória | 37

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VIVER BEM

38 | vitória

vida está boa, metas e planos atingi-Ados, mas parece que assim mesmo fal-

ta alguma coisa. Já parou para pen-

sar um pouco nisto? A expectativa de vida do

brasileiro aumentou, a geração que vai viver

mais de cem anos já nasceu e está aí aquela ge-

ração dos que têm mais de cinquenta anos e es-

peram mais do que cuidar dos netos e lembra-

rem de histórias antigas em casa.

Está na hora de criar mais histórias, sempre.

A META É...

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Já pensou que está na hora de experimentar coisas

novas, que o motivem no seu dia a dia e que sejam no-

vos desafios?

As opções estão aí. Veja algumas:

Que tal reviver os tempos em que praticava esportes

em uma das muitas equipes de esportes masters que

existem? O pessoal do basquete se reúne semanalmen-

te através da Associação dos Veteranos e Amigos do

Basquete no ES para jogar e até mesmo participar de

campeonatos, o Vôlei Máster Capixaba faz o mesmo.

Para quem gosta dos benefícios saudáveis da nata-

ção, clubes como o Álvares Cabral, em Vitória e o Liba-

nês em Vila Velha recebem em suas piscinas várias pes-

soas da terceira idade. O mesmo pode-se dizer dos gru-

pos de natação na praia e os de canoa havaiana em

Camburi e na Praia da Costa.

Se antes você não tinha o costume de praticar

VIVER BEM

vitória | 39

nenhum esporte, não tem problema. Existem várias

opções para quem deseja aprender. A escola de surf

em Jacaraípe, Moulin Surf, tem entre seus alunos

jovens de mais de 60 anos que desejam aprender a sur-

far. Já na praça do Papa, no primeiro domingo no mês,

o projeto Anjos da Bike ensina pessoas de qualquer

idade a andar de bicicleta.

Mas se esporte não é o que lhe atrai, que tal apren-

der a tocar um instrumento musical, a pintar, dançar,

ou um novo idioma?

Aprender coisas novas é um ótimo exercício para o

cérebro, previne doenças como Alzheimer, nos livra do

tédio e ainda ajudam a aumentar nosso ciclo de ami-

zades.

Então, aceita o desafio de elaborar novos planos?

Criar novas metas? Não pare nunca, aproveite sempre

as infinitas possibilidades que a vida nos proporciona.

Vander Silva

Professor e jornalista

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vitória | 41

MUNDO LITÚRGICO

A ACLAMAÇÃO DETODO UM POVO

Parte integrante da oração eucarística, esta aclama-

ção situa-se no conjunto ritual chamado de memorial

(consagração), após a invocação do Espírito Santo

sobre os dons de pão e vinho e a narrativa da institui-

ção. É denominada de aclamação memorial, pois evo-

ca a realidade e a eficácia sempre atual do mistério pas-

cal de Cristo.

A Igreja, povo de Deus, por meio desta fórmula ritual,

perenemente anuncia a vitória de Cristo sobre o mal e

a morte, na força da sua ressurreição, e assume tal rea-

lidade como causa e sentido de sua vida e missão no

mundo. Ao completar com o “Vinde, Senhor Jesus!”, é

expressado o profundo desejo de que em Cristo tudo

seja consumado, como abertura à parusia.

Todas as aclamações litúrgicas, e em particular as

que pertencem à oração eucarística, são ainda mais

valorizadas em sua originalidade e função ministerial

quando cantadas. O canto brota da experiência pro-

funda do texto, seja por parte do compositor que criou

a melodia, como por parte da assembleia que aclama

cantando. Lembrar que a melodia é a serva do texto, e

não o contrário.

Do ponto de vista simbólico e musical é valoroso con-

servar, durante toda a oração eucarística, nas partes

cantadas pela assembleia, a mesma tonalidade, para

expressar a unidade da Igreja celebrante: um só povo

que bendiz o único Deus e Pai, através do único media-

dor e intercessor Jesus Cristo. Na Eucaristia, um só pão

e um só cálice: corpo e sangue como expressão do

amor indivisível do Senhor.

A atitude corporal de cantar em pé a aclamação

memorial indica a realidade de ressurreição integrada

e vivida pela assembleia dos eleitos, mediante a graça

batismal, a qual é sinal vivificante da Páscoa de Cristo.

Estar em pé é símbolo de, com Cristo, estar ressusci-

tado!

Em uníssono, seja a aclamação memorial a aclama-

ção de todo um povo que já vive a dinâmica de novos

céus e nova terra!

OFMCap

Fr. José Moacyr Cadenassi

as circunstâncias da vida, quando alguém Nexperimenta uma grande alegria, pessoal ou

coletivamente, vibra de inúmeras formas, em

palavras e expressões, as quais podem até culminar

numa grande festa. Assim também ocorre no plano da

liturgia cristã, e particularmente na ação litúrgica da

Eucaristia, que é, por excelência, a vivência das

alegrias pascais. Por isso, de forma decisiva e exultan-

te, a assembleia comunica, em ação de graças, o

sentido da fé celebrada:

Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!

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FAZER BEM

Por toda positividade que espalha no campus, Herman

Gordon, um faxineiro da Universidade de Bristol, no Reino

Unido, ganhou uma viagem para visitar a família na Jamaica.

Estudantes fizeram uma vaquinha com a intenção de

ajuda-lo e a sua mulher a visitar a família no país de origem

deles. O presente veio acompanhado de uma nota assinada

pelos "Estudantes de Bristol", agradecendo pela "energia

positiva" dele .

Uma menina de apenas 9 anos, com paralisia cerebral se tornou uma

heroína. Lexie Comeau-Drisdelle, de Dartmouth, Nova Escócia, que não

anda e não fala, se fez ouvir quando viu seu irmãozinho de apenas um

ano em perigo. Leeland, como é chamado, caminhou sozinho até a pis-

cina e pulou, Lexie gritou como nunca antes e alarmou todos em sua

casa, que rapidamente conseguiram socorrer seu irmão.

“Você não precisa andar, falar e ter todos os seus sentidos. Você pode

se fazer ouvir, e você ainda pode ajudar. E sim, ela salvou a vida dele”,

disse a avó de Lexie, Nancy Comeau-Drisdelle.

O ator Will Smith tem tudo o que ele

sempre quis, mas revelou que encontra a

verdadeira felicidade ajudando os outros.

Aos 48 anos, junto com sua esposa, Jada

Pinkett Smith, fundou a Will e a Jada Smith

Family Foundation para beneficiar o

desenvolvimento de comunidades

urbanas, projetos educacionais para

jovens e crianças carentes e suas famílias.

“Eu quero fazer o bem. Eu quero que o

mundo seja melhor porque eu estou

aqui”, disse Smith.

O craque da seleção campeã da

Copa do Mundo 2018, Kylian Mbappé,

vem marcando gols dentro e fora de

campo. O jovem, de apenas 19 anos,

anunciou que vai doar seu salário

após cada jogo internacional. O

jovem jogador acredita que não deve-

ria ser pago para representar seu país

e o dinheiro doado por ele vai para

uma instituição de caridade que orga-

niza atividades esportivas para crian-

ças com deficiências.

Gols para a caridade Ajudar os outros é que te faz feliz

Estudantes juntam dinheiro para

presentear faxineiro com viagem de férias

Menina com paralisia ajuda a salvar irmãozinho

42 | vitória

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vitória | 43

FAZER BEM

Prova de amor à profissão e ao próximo. O médico Jaime

Andrade fez o posto de saúde na comunidade de Moitas, no

Ceará, para atender crianças e adultos carentes que tinham

que viajar, sempre que precisavam de atendimento médico.

Em um ano, o projeto Aprendendo a Pescar, como foi

batizado pelo médico, beneficiou cerca de 3.200 crianças.

Jaime, que é pediatra, atende às crianças e pais inclusive

em seus dias de folga, quando o posto estava fechado,

prova de que o projeto é mais do que um trabalho como

outro qualquer.

O bullying é um problema global, mas a Holanda vem mostrando que com o direcionamento certo, pode

ser praticamente solucionado. Nas escolas primárias, as crianças são ensinadas desde os 4 anos a fazerem

um sinal de "pare" com as mãos quando não gostam de uma situação ou quando acham que algum colega

ultrapassou algum limite e são estimuladas a logo conversar com um adulto sobre a situação. Além disso,

mudanças na legislação e a orientação sobre como lidar com conflito desde a primeira infância são dois dos

fatores que levaram a Holanda a ter um alto índice de crianças que consideram seus colegas de escola

"legais".

“Aqui ninguém implica com ninguém. A gente respeita as diferenças e até rimos delas. Acho que isso é

reflexo da educação que recebemos nas escolas e em casa desde muito cedo”, diz Faye, de 14 anos, aluna de

uma escola secundária em Amsterdã.

Médico faz posto de saúde para

atender crianças carentes

Programa adotado na Holanda reduziu o bullying pela metade

Professoras em situação de rua ensinam inglês em plataforma online

Uma plataforma brasileira, o Soulphia, é um projeto social que combina aulas de inglês com

empoderamento de mulheres em situação de risco.

Os criadores da plataforma tiveram a percepção de que as mulheres em situação de rua, ou em abrigos,

estavam menos relacionadas com drogas ou qualquer tipo de vício e muito mais com limitações, como por

questões raciais ou por conta de histórias de abusos. E então tiveram a iniciativa de oportunizá-las a

trabalhar com a habilidade natural de falar inglês, treiná-las e inseri-las em uma plataforma digital e dar

início às aulas virtuais com alunos de todo o mundo.

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vitória | 45

QUAL A DIFERENÇA ENTRE BEATO E SANTO?

A diocese que pretende instaurar um processo de beatificação deve obter a devida licença da Congregação para a Causa dos Santos a quem compete conceder o nihil obstat (nada obsta) para que se inicie tal processo. A partir desse momento, o “candidato aos altares” recebe o título de SERVO DE DEUS. Ouvidas as testemunhas, analisados os escritos e comprovada a fama de santidade, o processo é enviado à Congregação para a Causa dos Santos. Tendo-se concluído que o “candidato” praticou virtudes em grau elevado e até mesmo heroico, ele recebe o título de VENERÁVEL.

O tribunal diocesano deverá prosseguir seu trabalho examinando os milagres atribuídos à sua intercessão. A Congregação para a Causa dos Santos submete esses estudos ao parecer de cientistas, médicos, teólogos e outros especialistas, em Roma. Se for constatada a autenticidade do milagre, o

Dom Geraldo Lyrio RochaArcebispo emérito de Mariana

assunto é levado à apreciação do Papa a quem cabe aprovar a beatificação. Em geral, a solenidade da beatificação se faz por um delegado do Papa, no lugar onde viveu o BEATO. Sendo assim, ele passa a ter culto público nos lugares onde viveu.

Para a canonização, requer-se novo milagre. Uma vez comprovado pelas instâncias da Congregação para a Causa dos Santos, o Papa decreta a inscrição do “candidato” no catálogo dos santos e, assim, com a solenidade da canonização, o(a) SANTO(A) é elevado(a) às honras dos altares, apresentado como modelo de vida para todos os cristãos, invocado como intercessor por todos os fiéis e merecedor do culto de toda a Igreja. Enquanto o culto aos beatos é restrito aos lugares diretamente ligados à sua vida e sua história, o culto aos santos se estende a toda a Igreja e empenha diretamente a autoridade do Sumo Pontífice.

A história da Igreja no Espírito Santo até 1958 e da Arquidiocese de Vitória vai ser contada em exposição que fica-

rá na Praça da Catedral de 11 de agosto a 8 de setembro.

A visita será das 15h às 21h e vai proporcionar uma viagem no tempo para conhecer os personagens, identificar

as construções das diferentes épocas e lembrar os acontecimentos que mais marcaram a sociedade.

Uma maneira interessante de mergulhar no passado e sentir orgulho de ser Igreja.

EXPOSIÇÃO SENSORIAL E IMERSIVA

ACONTECE

De 1 a 8 de setembro acontece o CEAR, Congresso Eucarístico Arquidiocesano, que encerra as comemorações do

jubileu de 60 anos de criação da Arquidiocese.

A Abertura será às 17h do dia 1º de setembro, sábado. No domingo, 2 de setembro, Catequese Eucarística às 15h.

De segunda-feira, 3 de setembro a sexta-feira, 7 de setembro, catequeses, confissões e missa a partir das 16h.

Sábado, 8 de setembro, dia da padroeira a missa de encerramento acontece às 17h na Praça da Catedral e às 19h

Procissão do Santíssimo Sacramento.

Tema: Nova sociedade no lavar dos pés: Eucaristia.

Lema: Corações e mãos estendidos.

A programação completa estará disponível em todas as comunidades.

A Arquidiocese convida todos a participar deste momento importante.

I CONGRESSO EUCARÍSTICO ARQUIDIOCESANO

PERGUNTE A QUEM SABE

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PARA QUE SERVEM OS COLCHÕES MAGNÉTICOS?

TÊNIS DE RODINHAS PREJUDICAM AS CRIANÇAS?

Tênis de rodinhas prejudicam as crianças, sim. Por elas estarem em constante uso dos mesmos em momentos cotidianos, acabam utilizando esses calçados em situações adversas e sem proteção, o que pode ocasionar fraturas, entorses de tornozelo, etc. Devido ao fato das rodas serem da região do

Esses colchões baseiam-se na formação de um campo magnético devido à sua estrutura, formada por ímãs. Tal campo ajudaria a prevenir doenças por ter efeito antioxidante, melhorar a qualidade do sono e a circulação sanguínea. Embora ainda faltem estudos conclusivos sobre o real benefício do colchão magnético, a teoria magnética é, por outro lado, bem estabelecida.

Pelo uso diário de aparelhos eletrônicos, eletrodo-mésticos, até mesmo as construções civis, eles

Fabrício Nascimento Almeida Ortopedista da GlobalMed Vitória

Fabrício Nascimento Almeida Ortopedista da GlobalMed Vitória

promovem um desbalanço magnético em nós todos os dias. Aparelhos de TVs mais antigos são afetados pelo colchão (de acordo com a proximidade). PCs e tablets também podem ser afetados.

Lembrando que uso do colchão magnético está contraindicado para portadores de marcapasso, devido à possibilidade de atuação do imã sobre o gerador. E, de modo nenhum, o uso desses colchões substitui qual-quer tratamento medicamentoso.

calcâneo, para deambular, as crianças precisam ficar nas pontas dos pés. E isso as leva a pisarem de forma errada, provocando diversos problemas, como alteração no equilíbrio da coluna, encurtamento do tendão do calcanhar, escoliose e esporão de calcâneo.

A história da Igreja no Espírito Santo até 1958 e da Arquidiocese de Vitória vai ser contada em exposição que fica-

rá na Praça da Catedral de 11 de agosto a 8 de setembro.

A visita será das 15h às 21h e vai proporcionar uma viagem no tempo para conhecer os personagens, identificar

as construções das diferentes épocas e lembrar os acontecimentos que mais marcaram a sociedade.

Uma maneira interessante de mergulhar no passado e sentir orgulho de ser Igreja.

CAMPANHA PARA A IGREJA-IRMÃ DE LÁBREA

PERGUNTE A QUEM SABE

ACONTECE

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