revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do...

74
revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da comunicação Brasília volume 1 número 1 1.° semestre/75

Transcript of revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do...

Page 1: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da

comunicação

Brasília volume 1 número 1 1.° semestre/75

Page 2: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

O correio demorou dez meses para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro.

Ocaso realmente aconteceu, mas já faz um pouco de tempo.

Dom José I, rei de Portugal, escreveu para o Brasil comunicando o casamento de sua filha Maria.

Quando a carta chegou, a princesa já estava para dar à luz: e logo depois nascia dom João VI.

Isso se deu no século dezoito quando as cartas ainda andavam de caravela ou a cavalo.

De lá para cá, as coisas mudaram: a cegonha manteve o tempo, mas o correio começou baixar o seu.

Vieram as primeiras inovações. Vieram os selos {o Brasil foi o segundo país do mundo a selar suas cartas). Veio o telégrafo. Veio a regularização final do serviço. Veio a república. Veio o automóvel. Veio o avião.

Hoje o correio tem 312 anos e está mais ágil do que nunca.

Cuidando da técnica para quebrar seus próprios recordes.

Inventando coisas como o àerograma, um papel de carta que já vem selado.

Criando o Vôo Noturno entre as capitais. Um correio a jato que entrega suas cartas em 24 horas no máximo.

Instituindo o Serca, Serviço de Correspondência Agrypada, para cuidar do transporte de malotes.

Aumentando o número de caixas de coleta.

Multiplicando as agências pra todo mundo andar menos.

Especializando o pessoal. Modernizando o equipamento. Fazendo o diabo.

O correio não quer mais saber de atrasos. Hoje você pode ter certeza que a cegonha não vai chegar- antes do convite.

A nâo ser que os noivos também tenham resolvido andar depressa.

rlrCORR€IO< EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS

Vnaiada ao Ministério das Canumcaçóes

Page 3: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

com Sl$.~~

03 NOV W94

Setor cia Documenlaçi abepec revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da

comunicação

expediente Volume 1 Número 1 - l.o Semestre/75

Editores

José Salomão David Amorim Blasio H. Hickmann

Redação e Administração

Departamento de Comunicação Universidade de Brasília Caixa Postal, 15/2846 Telefone (0612)72-0000 Ramal 2459 70000 Brasília, DF-Brasil

Diretoria da ABEPEC

Presidente, José Salomão David Amorim Vice-Presidente, Ubirajara Silva l.o Secretário, Marlene Campeio Kruger l.o Tesoureiro, Antônio Fausto Neto 2.o Tesoureiro, Francisco E. Ponte Pierre

Conselho Deliberativo

Blasio H. Hickmann José C. Alencar Araripe Lélio Fabiano dos Santos Raimundo da Costa Viana Roberto Emerson Benjamin Sinval Medina

Conselho Fiscal

Luiz de Queiroz Campos Erasmo Nuzzl Osvaldo Acursi

Circula duas vezes por ano Distribuição gratuita para sócios Preço da assinatura: Cr$ 30,00 Número avulso: Cr$ 18,00

PEDE-SE PERMUTA/EXCHANGE DESIRED

sumario Pequeno histórico da abepec 2

Apresentação 3

UNESCO

Propostas para um programa internacional de pesquisa sobre a comunicação 6

UNESCO

Políticas y planeamiento de Ia comunicación 36

OTHON JAMBEIRO

Personalidade básica e cultura de massa 60

JOSÉ MARQUES DE MELO

O impasse estrutural e as soluções utópicas 65

Plano de atividades da abepec para 75 68

Page 4: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

pequeno histórico da abepec

A idéia de criação de uma entidade na- cional que reunisse pessoas e instituições diretamente ligadas ao Ensino e à Pesquisa da Comunicação, em nosso país, consubs- tanciou-se durante os trabalhos da IV Se- mana de Estudos de Jornalismo, realizada em São Paulo, no período de 15 a 19 de maio de 1972, e promovida pelo Departa- mento de Jornalismo e Editoração da Es- cola de Comunicações e Artes da Univer- sidade de São Paulo.

Ficou patenteada, durante aquele certa- me, a necessidade de uma coordenação en- tre as entidades que se dedicam à forma- ção de profissionais para os meios de co- municação social, no sentido de se definir padrões pedagógicos e científicos adequa- dos à realidade brasileira, bem como de estimular a pesquisa científica como instru- mento capaz de incorporar as Escolas de Comunicação ao processo de desenvolvi- mento regional.

Refletindo os anseios dos participantes da IV Semana de Estudos de Jornalismo, o Prof. José Marques de Melo, Coordenador do Departamento de Jornalismo e Editora- ção da ECA/USP, tomou a iniciativa de convocar os dirigentes das Escolas e Depar- tamentos de Comunicação ali presentes pa- ra uma reunião informal, onde aqueles pro- blemas poderiam ser debatidos objetivamen- te. Sob a sua presidência, a reunião reali- zou-se no dia 18 de maio de 1972, com a participação de cerca de 20 instituições.

Decidiu-se, nessa ocasião, criar a ASSO- CIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA DA COMUNICAÇÃO (ABE- PEC), entidade civil, sem fins lucrativos. Para elaborar o Estatuto da Associação foi formada uma comissão, integrada pelos se- guintes professores: Lélio Fabiano dos San- tos (Diretor da Faculdade de Comunicação da ÚCMG), José Mendonça (Chefe do De-

partamento de Comunicação da UFMG) e Fernando Cortes Muzzi (Chefe do Depar- tamento de Comunicação da UFJF).

A discussão e aprovação do Estatuto o- correu, no Rio de Janeiro, nos dias 22 e 23 de julho, na Casa Nossa Senhora da Paz (era Ipanema), quando se realizou a Assembléia Geral de Constituição da ABE- PEC e a eleição da primeira Diretoria, assim formada: Presidente — Lélio Fabia- no dos Santos (UCMG), Vice-Presidente — Fernando C. Muzzi (UFJF), 1.° Secretário — Antônio Fausto Neto (UCMG), 2° Se- cretário — José Carlos de Lery Guimarães (UFJF), 1.° Tesoureiro — Emerson de Al- meida (UCMG) e 2.° Tesoureiro — Adilson Zappa (UFJF). Conselho Fiscal: José Mar- ques de Melo (USP), Frederic M. Litto (USP) e Sebastião M. Bonato (FIAM).

Em julho de 1973, realizou-se, cm Belo Horizonte, o 7 Congresso Brasileiro de En- sino e Pesquisa da Comunicação, reunindo cerca de 300 pessoas, entre professores, es- tudantes, profissionais e pesquisadores.

O II Congresso teve como sede a cida- de de Fortaleza em julho de 1974. Nessa ocasião, a Assembléia Geral elegeu a se- gunda Diretoria da Associação, assim for- mada: Presidente — José Salomão David Amorim (UnB), Vice-Presidente — Ubira- jara Silva (UnB), l-0 Secretário — Marlene Campeio Krüger (CEUB), 1.° Tesoureiro — Antônio Fausto Neto (UnB), 2° Tesourei- ro — Francisco Eduardo Ponte Pierre (UFG). O Conselho Deliberativo ficou assim constituído: Blásio H. Hickmann (UFRGS), José C. Alencar Araripe (UFCE), Lélio Fabiano dos Santos (UCMG), Raimundo da Costa Viana (FUMA), Roberto Emerson Benjamin (UCPE) e Sinval Medina (USP). O Conselho Fiscal ficou integrado por Luiz de Queiroz Campos (UFCE), Erasmo Nuzzi (ECCL) e Osvaldo Acursi (FIAM).

abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75

Page 5: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

apresentação

Este é o primeiro número da RE- VISTA ABEPEC. Quanto ao seu lançamento, queremos registrar ape- nas duas observações.

1) Realização de uma idéia anti- ga e renovada, ela será um podero- so instrumento de estímulo ao en- sino, à pesqusa e à integração de pessoas e instituições que atuam na área da comunicação social.

2) Pretende seguir uma orienta- ção editorial firmemente comprome- tida com os problemas de conheci- mento, discussão e análise da reali- dade brasileira. Tal atitude corres- ponde à necessidade de libertação de modelos forâneos, até agora acei- tos sem maiores considerações, mas que se revelam inadequados, nos seus esquemas conceituais e nos seus mé- todos, a um diagnóstico apropriado dos nossos próprios problemas.

Neste número de estréia transcre- vemos dois importantes relatórios da UNESCO dedicados a temas de não menor relevância. O primeiro artigo formula propostas para um programa internacional de pesquisas sobre a comunicação. Destaca a ne- cessidade urgente de concentrar e coordenar as investigações sobre a informação e suas funções na socie- dade, para compreender bem o pro- cesso de comunicação, suas relações

com o desenvolvimento econômico, social, cultural, bem como o fato de que constitui um instrumento bá- sico para a formulação de políticas e estratégias nacionais e internacio- nais da comunicação.

Não é um falso problema: corres- ponde a uma necessidade profunda, sentida em numerosos países: a de utilizar de maneira adequada a co- municação como instrumento de superação do seu atraso e da sua po- breza. Esta deverá ser, sem sombra de dúvida, uma das preocupações centrais de governos, professores, pesquisadores e profissionais de Co- municação nos próximos anos. Sua urgência se impõe, a partir da cons- tatação de que os meios de comuni- cação não vêm sendo utilizados, nos diferentes países, para atender às necessidades sociais prioritárias des- ses mesmos países.

Um dos fatores responsáveis seria a falta de políticas nacionais de co- municação ou a existência de polí- ticas que contemplam apenas aspec- tos parciais da comunicação. Tais políticas, quando existem, têm sido elaboradas a partir de uma ética par- ticularista ou privatista, não coinci- dente com o interesse público.

Uma política global, coerente, de- veria responder a questões básicas

abepec, vol. 1 - n." 1 - 1.° semestre/75

Page 6: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

como estas: que funções devem ter os meios de comunicação na socie- dade? Como deveriam estar estru- turados para atender a essas funções? Quem deve controlá-los? Qual deve ser o seu conteúdo? Como alcançar a todas as camadas da sociedade e como fazer para que as mensagens sejam corretamente utilizadas?

O outro, estreitamente vinculado ao primeiro, trata de políticas e pla- nejamento da comunicação. O esfor- ço para o estabelecimento de uma política nacional de comunicação, que possa ser concretizada em leis e planos de ação governamentais, tem como pressuposto o conhecimento da realidade em que se vai atuar, na correta identificação dos problemas existentes e de medidas que permi- tam saná-los.

Esta é uma tarefa reservada aos estudiosos, nos centros de ensino e investigação. Compete-nos, assim, fornecer as bases para a implantação de políticas.

Em termos latino-americanos, o Brasil é, sem dúvida, o país onde se concentra, hoje, maior número de pesquisas e é razoável supor um au- mento substancial da produção nos próximos anos, uma vez que as es- colas vão, pouco a pouco, liberando as energias até agora aplicadas na im- plantação de sistemas de ensino e já acumularam suficiente experiência para o desenvolvimento da pesquisa-

No entanto, a pesquisa entre nós tem-se caracterizado por uma rela- tiva dispersão, pouco intercâmbio e ausência de um planejamento que permita estabelecer um quadro de prioridades.

Em conseqüência, observam-se dis- torções, com uma concentração da produção em algumas áreas, enquan-

to outras, importantes, ainda não mereceram a devida atenção.

Um plano de pesquisas em nível nacional deveria, em princípio, con- templar todos os aspectos do siste- ma de comunicação: sua estrutura, controle, recursos, apoio, os siste- mas e as formas de produção, o conteúdo das mensagens, sua distri- buição, consumo, utilização e conse- qüências.

Os dois artigos acima menciona- dos e publicados neste número são o resultado da reflexão de alguns dos maiores especialistas mundiais em matéria de comunicação, reuni- dos em ocasiões diferentes pela UNESCO, para discutir os proble- mas de políticas nacionais e de pes- quisa em comunicação.

Othon Jambeiro, da Universidade Federal da Bahia, escreve sobre "Per- sonalidade Básica e Cultura de Mas- sa". Analisa as influências da cha- mada cultura de massa na formação da personalidade do indivíduo que, antes de receber o impacto desses meios, é decisivamente influenciado pelos chamados grupos primários. Estes, por sua vez, são profunda- mente atingidos pela cultura de mas- sa. São, inclusive, mediadores da in- fluência daqueles veículos sobre a personalidade da criança. No mo- mento seguinte — explica o Autor — a pressão é dupla: direta e indi- reta. A autoridade paterna e mater- na entra em decadência, benefician- do os modelos da cultura de massa, com os quais, passivamente, a gera- ção jovem se identifica.

José Marques de Melo, Diretor de Ensino da Faculdade Ibero-America- na de Letras e Ciências Humanas, de São Paulo, chama a atenção do leitor para a contribuição do livro de Alberto Dines — O Papel do

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75

Page 7: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

Jornal — ao estudo das repercussões da crise da imprensa no Brasil. Ao mesmo tempo, porém — porquanto o Autor, para analisar a situação ge- ral do jornalismo brasileiro, se ba- seia na reformulação do Jornal do Brasil, por sua vez inspirada nos pa- drões norte-americanos — Marques de Melo passa a discordar. Conside- ra utópico — nas atuais condições — o projeto de Dines, opondo-lhe cer- rada argumentação.

A Revista ABEPEC apresenta ain- da, no seu número de lançamento, um pequeno histórico da Associa- ção Brasileira de Ensino e Pes- quisa da Comunicação e transcreve o programa de atividades da atual Diretoria da entidade para 1975.

Esperamos encontrar boa acolhi- da. Bem assim, contamos com a co- laboração e as sugestões dos amigos que nos lerem.

abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75

OS EDITORES

Page 8: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

propostas para um programa internacional de pesquisa sobre a comunicação

PREFACIO

O rápido desenvolvimento da tecnolo- gia da comunicação no último decênio, a difusão mundial dos transistores, o de- senvolvimento da televisão, as novas téc- nicas da composição em alta velocidade, a comunicação por satélites e, atualmen- te, a transmissão da televisão por cabo e os sistemas de gravação magnetoscó- pica deram dimensões totalmente novas à possibilidade de trocar idéias e dados, transformando a estrutura de uma socie- dade. Tem-se admitido a "revolução da comunicação" como uma promessa alen- ladora de novas soluções para uma di- fusão universal da educação e para o desenvolvimento nacional, desde que se- jam capazes de aprender como se de- vem utilizar os novos instrumentos que estão à nossa disposição; ao mesmo tem- po, manifestaram-se certas inquietudes ante o perigo de uma decadência dos valores culturais e da imposição de pau- tas estrangeiras por parte dos poucos países que, na prática, são capazes de dominar os grandes meios de informa- ção.

Nos últimos trinta anos, o que se co- nhece como "investigações sobre a co- municação", foi buscando às apalpade- las seu caminho e seu próprio campo cie ação; faz dez anos que chegou o momen- to de crise, no qual todos os que se o-

UNESCO

Traduzido por Leda Goss

cupavam dela deram-se conta de que não sabiam para onde ir. Hoje, o lugar que ocupam os grandes meios de informação, na sociedade, não deixa nenhuma dúvida cobre as perguntas que se devem formu- lar e sobre a urgência com que devem set respondidas. Conforme a maneira de utilizá-los, os grandes meios de informa- ção podem ser instrumentos de enrique- cimento espiritual, de coesão e progres- so nacional, e de compreensão e paz en- tre os povos, mediante um conhecimen- to mais exato e mais perfeito da vida dos demais, ou transformar-se num novo ópio do povo, degradante aos costumes e ins- trumento de dominação cultural. A esco- lha implica uma decisão deliberada da política que se deve seguir e que, por sua vez, deve ser orientada pelos resul- tados da investigação.

Estas considerações levaram a Confe- rência Geral da UNESCO, na 15.a reunião de novembro de 1968, a autorizar o Di- retor Geral a empreender um programa de investigação a longo prazo e a fo- mentar o estudo do papel e das reper- cussões dos grandes meios de informa- ção na sociedade moderna. Uma reunião do peritos, convocada pela UNESCO em Montreal, em junho de 1969, recomendou que a UNESCO empreendesse "um impor- tante estudo internacional das repercus- sões atuais e futuras da informação na relação entre as sociedades e os gru-

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75

Page 9: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

pos sociais em evolução, e sobre os In- divíduos que os compõem", com o obje- tivo de encontrar a maneira para que os grandes meios de informação sirvam melhor às necessidades da sociedade presente e futura. Estas recomendações foram aprovadas pelz Conforônoia Corr.i da UNESCO, que, na XVI reunião, de novembro de 1970, autorizou o Diretor Geral "a estimular as investigações, den- tro do limite dum programa internacional sobre a influência da informação na so- ciedade".

O presente documento propõe critérios que se poderiam adotar para um progra- ma internacional de pesquisa sobre co-

municação. Dentro desse limite geral, con- vidam-se os Estados membros (ou grupos de Estados membros) e seus órgãos de investigação, universidades, organizações profissionais o meios de informação, a organizarem programas de Investigação de especial importância para seus in- teresses e a porem em comum os re- sultados, como parte de um programa de cooperação internacional. A UNESCO es- tá disposta, com a ajuda de um grupo internacional de especialistas, a formular ulteriores sugestões, orientações e en- trosamentos, e a encarregar-se de coor- denar o intercâmbio e a difusão dos re- sultados da investigação.

INTRODUÇÃO:

A COMUNICAÇÃO NA SOCIEDADE E A NECESSIDADE DE INVESTIGAR

O presente estudo é destinado às pes- soas encarregadas de formular políticas aos planejadores, aos profissionais dos meios de informação, às instituições uni- versitárias e aos Investigadores das dife- rentes disciplinas às quais concerne o papel da comunicação na sociedade, e, mais especialmente, às que se ocupam em geral das investigações sobre a co- municação em todos os Estados membros da UNESCO. Propugna uma mobilização total do esforço cooperativo de investiga- ção e dos recursos que se devem desti- nar, com urgência, à solução dos proble- mas da comunicação na sociedade1.

Necessidade da investigação

Na sociedade moderna, as "indústrias de informação" converteram-se em ins- thuições muito importantes. Esta impor-

tância estende-se a muitos níveis da so- ciedade. Os grandes meios de informa- ção2 utilizam recursos humanos, financei- ros e materiais e, se consideramos a to- talidade de suas operações, podem re- presentar uma parte multo importante da economia de um país.

Cada dia tomam-se em todo mundo de- cisões sobre a orientação e o programa dos órgãos de Informação. Mas, em que se baseiam essas decisões? Infelizmen- te nem sempre estão presentes, na men- te dos que tomam as decisões, as ne- cessidades da população e as exigências do desenvolvimento nacional.

Nalguns campos a situação é extrema- mente grave para aqueles que se inte- ressam por manter o caráter democráti- co da sociedade. Assim, no que diz res- peito às informações diárias, a concen- tração progressiva da propriedade e do controle causou já uma diminuição' das

abepec, vol. 1 - n.° 1 - 1.° semestre/75

Page 10: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

fontes de notícias. O problema que deve ser debatido é o de saber se se coloca ou não à disposição dos cidadãos uma gama suficiente de informação e de opi- niões que lhes permitam participar inte- ligentemente na vida da sociedade demo- crática. O acesso aos meios de infor- mação e a participação do público no processo de tomada de decisões são a- penas dois dos numerosos exemplos que poderiam ser dados para ilustrar a im- portância dos sistemas de informação nas nossas sociedades.

É evidente que nada daquilo que tem importância social deve ser desconheci- do. Surgem, porém, outras questões: quem dirige e controla os sistemas de informação? A que interesse estes ser- vem? De que recursos dispõem? Qual a natureza da sua produção? Quais ?.ão as necessidades que satisfazem? Quais são, em conjunto, as conseqüências finais de seu funcionamento? Não são estas mais que algumas das questões gerais que de- veriam figurar no centro de todo pro- grama de investigação em matéria de comunicação.

Para essas perguntas há muitas res- postas preconcebidas que deram origem às que se poderiam chamar "mitologias" sobre o funcionamento dos grandes meios de informação. Devem ser combatidas com a investigação, assim como muitos dos postulados básicos em que funda- mentam sua ação os responsáveis pela orientação dos órgãos de informação. Uma das coisas mais importantes que pode conseguir a investigação é conver- ter o implícito em explícito e dar ao po- vo consciência da natureza e das conse- qüências que estão contidas nesses pos- tulados básicos subjacentes em suas a- tividades. Tal análise crítica é muitas ve- zes o primeiro passo de uma transfor- mação construtiva.

Em suma, necessitamos conhecimentos que somente nos pode dar a investiga- ção, para poder formular uma política ade-

quada em matéria de comunicação. O ideal seria basear essa política em um conhecimento "total" (quer dizer, no fun- cionamento dos órgãos de informação considerados em todo seu contexto so- cial, econômico e político) e nas neces- sidades "públicas" e não no conhecimen- to "parcial" e nas necessidades "priva- das", como oucede atualmente a miúde.

É importante não assimilar as noções de "política da comunicação" e "plane- jamento da comunicação" à coação, cen- sura e "dirigismo superior". Pelo con- trário, ambas devem tender a proteger a liberdade de expressão e garantir o a- cesso à informação dentro do limite de sistemas que sejam compatíveis com as necessidades do desenvolvimento nacio- nal

Parece haver uma compreensão cada vez maior entre as pessoas encarrega- das de formular as políticas e as estra- tégias do desenvolvimento, da importân- cia que tem a investigação científica em todos os aspectos do desenvolvimento aue não sejam econômicos, tecnológicos G ecológicos. Em diferentes países do mundo fracassaram muitos programas de desenvolvimento porque se realizaram projetos sem levar em conta os fatores sociais, políticos, culturais e de comu- nicação.

O problema principal consiste geral- mente no fato de que os governos não conhecem bem a natureza do processo da comunicação na sociedade e sabem muito pouco dos meios de ação e da orientação dos sistemas públicos e pri- vados da comunicação. Por isso muitas vezes não foram capazes de estabelecer sistemas adequados às verdadeiras ne- cessidades do desenvolvimento. O pre- sente informe trata sobretudo de propor à'; pessoas encarregadas de formular po- líticas um programa de investigação com- posto dos projetos de investigação em matéria de comunicação que pareçam ser

8 abepec, vol. 1 - n." 1 - 1.° semestre/75

Page 11: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

mais úteis para o desenvolvimento na- cional.

Que interesse podem ter os governos crri cpoiar esses trabalhos de investiga- ção? A resposta a esta pergunta vai im- plícita na primeira parte deste docu- mento. Convém, entretanto, indicar ra- pidamente algumas de suas vantagens:

1. Em muitos países a investigação so- bre a comunicação pode proporcio- nar um panorama da estrutura da informação na cociedade de que ainda não so dispõe. Podem mos- trar como estão distribuídos e se utilizam os órgãos de informação e as mensagens, quais são as gran- des influências que se exercem nas correntes de informação e de opi- nião, quais são os fatores restriti- vos que se precisam fazer para che- gar a camadas mais importantes da sociedade, como procederão os en- carregados do desenvolvimento pa-

ra a:lcançar esses setores e como se pode conseauir uma utilização "om duplo sentido" da informação, etc.3

2, Um governo que possua esses da- dos poderá melhorar consideravel- mente sua política e ajustar seus planos e operações de desenvolvi- mento de maneira muito mais pre- cisa do que hoje. Trabalhos de in- vestigação eficazes podem ajudar os governos a estabelecer uma ordem adequada de prioridade, a utilizar estratégias eficazes e a re- duzir o número de descontentes, me- lhorando e explorando seus recur- sos em matéria de comunicação pa- ra obter os melhores resultados. Os conhecimentos científicos podem fa- cilitar a elaboração de políticas per- tinentes em matéria de comunica- ção e a criação de instituições e métodos perfeitamente adaptados às necessidades do desenvolvimento.

Do que tipo de investigação necessitamos?

As investigações sobre a comunicação são essencialmente um campo cuja pro- blemática requer a utilização de muitas disciplinas. Mas quem aborda os conhe- cimentos técnicos, os conceitos, as teo- rias e os métodos próprios de suas dis- ciplinas não pode mais limitar-se a con- tinuar utilizando muito tempo suas pró- prias Q limitadas estruturas de referência. O novo enfoque há de ser interdiscipli- nar; psicólogos, sociólogos, especialistas em educação, antropólogos, economistas, críticos literários, tecnólogos e outros muitos especialistas devem participar de equipes que concentrem sua atenção em zonas de problemas concretamente de- terminados. Por isso, freqüentemente é necessário reexaminar muitos dos mode- los do processo de comunicação que po- dem ter sido muito úteis nos primeiros passos do desenvolvimento da ciência, mas que não parecem oferecer agora mais que um marco de referência muito limitado para que a investigação futura seja frutuosa. Por exemplo, é provável que os modelos tomados diretamente das ciências físicas e naturais já não sejam completamente utilizados. A investigação dirigida somente para um ou outro as- pecto da comunicação não só conduziu a erros, mas também a um desequilíbrio geral de todo o campo da investigação. Adotar um enfoque global não implica, por exemplo, dizer que não serve de na- da que os psicólogos estudem os proble- mas específicos à percepção, à lingua- gem, ao desenvolvimento cognoscitivo, etc. Implica, entretanto, que numa esfe- ra científica interdisciplinar, os diferen- tes investigadores devem trabalhar em torno de um plano comum e perseguindo um único propósito, que é o de precisar e intensificar nossa compreensão dos fe- nômenos sociais de vital importância.

Não nos propomos a acrescentar mais

alepcc, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75

Page 12: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

material ao amontoado de dados díspa- res acumulados até agora pelas inves-

tigações sobre a comunicação. A con-

cepção individualista e essencialmente

fragmentária do passado não permitiu

utilizar da melhor maneira possível os

escassos recursos, nem lograr a continui- dade da investigação, nem estabelecer um corpus dos conhecimentos acumula- dos, o que era essencial para a com- preensão adequada do complexo dos pro- cessos sociais, econômicos e técnicos.

Em suma, a investigação deveria estar

motivada por duas considerações predo-

minantes; cobrir todos os aspectos do

processo da comunicação considerado

como um fenômeno global e colocar o

estudo dos meios de informação e do

processo de comunicação em geral den-

tro de um marco mais amplo, que seja,

por sua vez, social, político e econô-

mico. Somente desta maneira é possível evitar a fragmentação e os desequilíbrios

do passado. Controle, propriedade, apoios,

recursos, produção, apresentação, con- teúdo, disponibilidade, divulgação, con-

sumo, utilização, influência e conseqüên-

cias são aspectos que podem ficar in- cluídos dentro do limite geral da inves-

tigação.

Convém assinalar que a investigação

deve ser orientada para os problemas B

as políticas. É desnecessário voltar a rea- nimar estéreis debates baseados numa falsa dicotomia, opondo investigação "pu-

ra" e "aplicada". Faz falta levar mais

além a necessidade de um aperfeiçoa-

mento no terreno teórico e buscar uma

metodologia melhor, mas o mais impor-

tante é que a investigação esteja orien-

tada para a solução de problemas so-

ciais. Não há nenhuma razão para que

se considerem incompatíveis os propó-

sitos teóricos, práticos e normativos.

Para um programa Internacional de Investigações sobre a comunicação

A UNESCO se propõe a fomentar a co-

operação de seus Estados membros em um vasto programa de investigações so- bre a comunicação, quo deverá ser le- vado a termo durante os próximos qua- tro anos e que, possivelmente, se es- tenderá durante todo o Segundo Decê- nio para o Desenvolvimento. Os dois prin- cipais temas do programa estão essen- cialmente orientados para problemas. Ca- da um deles centraliza a atenção no es- tudo de uma matéria de caráter geral e sugere orientações, ao mesmo tempo que oferece um amplo marco dentro do qual se devem desenvolver os estudos mais especializados, dando assim am- pla liberdade à iniciativa individual e fa- cilitando ao mesmo tempo um enfoque sistemático e coordenado de um domí- nio determinado.

O primeiro tema, que leva o título ge-

ral de "Planejamento da mudança so- cial: relação entre comunicação e desen- volvimento; políticas nacionais e estraté- gias da comunicação", exige investiga- ções nacionais coordenadas em nível nacional, mas procurando a comparabili- dade transnacional desses estudos e per- mitindo também que os resultados da ex- periência dum país possam ajudar a ou- tro país a elaborar seus planos de de- senvolvimento e sua estratégia de comu- nicação. Por isso a primeira parte des- te documento oferecerá especial interes- se para as pessoas encarregadas de for- mular políticas e para os administrado- res (dos ministérios que se ocupam do desenvolvimento econômico, da informa- ção, da comunicação, da educação, da cultura, da agricultura, da saúde, etc), para os que trabalham nos diferentes meios de informação, para as organiza- ções de investigação e para as pessoas que fazem investigações sobre a comu- nicação.

10 abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75

Page 13: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

O segundo tema de investigações tem como título geral "Os grandes meios de informação e a imagem que tem o ho- mem da sociedade" corresponderia dire- tamente à ação cooperativa multinacio- nar de institutos que praticam investiga- ções sobre a comunicação e facilitaria um enfoque comparativo intercultural das muitas matérias que se relacionam com esse tema universal. Assim, pois, a se- gunda parte do presente documento te- rá especial interesse para os institutos, fundações e organizações de investiga- ção, nacionais e internacionais, que de- cidam financiar investigações importanles.

O entrosamento entre os dois tipcs de enfoque é uma necessidade para a in- vestigação que se pode denominar "in- vestigação sobre as estruturas interna- cionais da comunicação". Isto não cons- titui em si um programa, mas compre-

ende uma série de elementos importan- tes de ambos os programas. A terceira parte destaca a necessidade de estudar a "circulação internacional da comunica- ção", as redes não nacionais que a con- trolam, os processos que implica, assim como determinar a verdadeira significação desses fenômenos, considerados do pon- to de vista nacional e do ponto de vis- ta internacional.

O estudo é concluído com algumas propostas de ação prática, destinadas aos Estados membros da UNESCO (e às suas instituições de investigação, órgãos de informação e ministérios competentes) e às associações profissionais e fundações internacionais chamadas a participar nes- tes programas vitais de investigação so- bre a comunicação e a coordenar seus esforços dentro da estrutura de uma a- ção cooperativa.

: PARTE

A COMUNICAÇÃO E O PLANEJAMENTO DA MUDANÇA SOCIAL

(Relação entre a comunicação e o de- senvolvimento; políticas nacionais e es- tratégias da comunicação)

O limite lógico deste programa de in- vestigação é a seqüência do processo de planejamento. Numa sociedade em evo- lução, a formulação da política e o pla- nejamento da comunicação devem cons- tituir um processo dinâmico que tenha sempre em conta as necessidades mutá- veis dos instrumentos de comunicação adequados a essa sociedade. Ter-se-á em conta também o que são verdadeira- mente esses instrumentos, com suas pos- sibilidades e limitações, assim como os efeitos econômicos, sociais e morais de seu desenvolvimento e de sua utilização. Esse processo deve ser considerado co-

mo parte do plano de desenvolvimento nacional.

Somente se pode fazer um plano da comunicação de maneira realista, dentro do limite de políticas da comunicação re- conhecidas como adequadas às estruturas políticas e sociais e às necessidades de comunicação da sociedade. Uma das exi- gências principais de uma política eficaz de comunicação é que seja aplicada à totalidade do processo de comunicação e não somente ao conceito limitado de in- formação.

O processo de planejamento

O processo de planejamento de comu- nicação num país encerra as seguintes

atividades:

abepec, vol, 1 - n.01 - 1.° semestre/75 11

Page 14: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

1. Compilação de dados básicos e aná- lise sistemática das características do país, relativamente à densidade de população, limitações geográficas da comunicação, variedade de estru- turas sociais, ecologia e agricul- tura, transportes, comunicações, mo- bilidade de população, eletrificação, capacidade industrial, capacidade de mão-de-obra, etc.

2. Elaboração de um inventário dos re- cursos atuais em matéria de comu- nicação (descrito no anexo I), no qual figurem os meios de informa- ção modernos e tradicionais, e se analise a diversidade das atuais es- truturas da comunicação. Nesse in- ventário deve figurar também o es- tudo do público e da maneira co- mo utilizar os instrumentos de co- municação, etc.

3. Análise critica das políticas atuais (ou de carências dessas políticas) da comunicação que tenha em con- ta aspectos tais como a proprie- dade, os centros de decisão, as estruturas, etc.

4. Análise crítica das necessidades de comunicação de cada sociedade, es- pecialmente com relação ao con- texto social e às estruturas a- tuais em matéria de comunicação, e com o uso que se faz dos instru- mentos de comunicação.

5. Análise do que representa a comu- nicação em todos os aspectos dos planos e programas do desenvolvi- mento nacional, a fim de determi- nar as necessidades dos progra- mas no terreno da comunicação e a capacidade de comunicação in- dispensável para a execução do pla- no. Deve-se conciliar essas necessi- dades com os meios e a capaci- dade de que se dispõe.

6. Análise das limitações que influem no desenvolvimento e nas estrutu- ras da comunicação.

7. Definição dos propósitos e objeti- vos das futuras políticas de comu- nicação. Estudo das necessidades futuras e projeção das possíveis es- tratégias e das estruturas concebí- veis para a preparação de métodos diferentes, tendo em conta as ne- cessidades de pessoal, equipe, capi- tal, investigação e formação, na me- dida correspondente aos valores e acs objetivos da sociedade.

8. Analise da importância econômica, social, cultural e educaitiva das pos- síveis estratégias e estruturas da comunicação e, com base no inte- resse maior ou menor que apresen- tará, seleção das necessárias para pôr em prática os planos e progra- mas.

9. Programação do desenvolvimento ge- ral dos sistemas de comunicação com uma seqüência lógica que cor- responda às necessidades que se supõe existirem nas atuais e fu- turas condições, com um aspecto da política e do planejamento do desenvolvimento nacional.

Resulta, pois, evidente que a formu- lação das estratégias da comunicação re- quererá uma investigação constante e perseverante da evolução das necessida- des em relação à política nacional. Po- deria criar-se um conselho nacional da política de comunicação, composto por dirigentes e administradores, e assesso- rado por pessoas que se ocupem dos diferentes aspectos da comunicação e per investigadores, que atuasse como ór- gão de coordenação e assessorasse so- bre o planejamento o ministro responsá- vel pelo desenvolvimento econômico e social do país.

Deverão participar nos trabalhos de in- vestigação equipes constituídas nos ser- viços de informação, nas universidades e nos ministérios, assim como investiga- dores individuais que se encarreguem de projetos e pesquisas concretas. A coor-

12 abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° seinestre/75

Page 15: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

denação desse esforço de investigação em nível nacional e a distribuição dos modernos recursos financeiros entre os institutos de investigação seria uma das funções essenciais desse conselho nacio- nal. Convém destacar, a este respeito, que os investigadores são poucas vezes responsáveis pela formulação de políticas ou execução de pianos: sua contribuição no trabalho do conselho consistiriai em reunir e tratar, sistematicamente, de dados sobre todos os aspectos da comunica- ção, a fim de estabelecer as bases so- bre as quais os encarregados de formu- lar a política e os administradores pu- dessem fundamentar suas decisões.

Que tipo de dados podem compilar-se? Que tipo de projetos de investigação se necessita essencialmente nesse progra- ma funcional de investigação?

Compilação de dados e formulação do Inventário

Em primeiro lugar, pode-se supor que na maioria dos países existe já grande quantidade de dados básicos reunidos pelos escritórios do censo, os serviços de estatística, os serviços geográficos e geológicos, os ministérios de educação, agricultura, saúde, etc. A seleção dos da- dos tomados dessas fontes, assim como o cotejo dos adequados para o planeja- mento da comunicação junto com uma segunda análise desses dados do ponto de vista da comunicação, serão aspectos importantes da investigação neste domí- nio. Os dados sobre os sistemas de co- municaição somente terão verdadeiro sen- tido quando estiverem correlacionados com a estrutura demográfica e física do país.

A elaboração de um inventário dos re- cursos de cada país em matéria de co- municação, com o fim de estabelecer um quadro completo das correntes de co- municação na sociedade, é o ponto de

partida de todos os demais estudos so- bro os diferentes fatores que regem o processo de comunicação. Esse inventá- rio proporcionará as bases estatísticas para o estudo da dinâmica do sistema. Sem esse esquema de conjunto, os tra- bslhos de investigação carecerão de porspectiva e as decisões sobre política estarão baseadas numa apreciação su- perficial da situação.

Esse inventário deve ser qualitativo e quantitativo. O anexo I contém uma ex- posição detalhada de sua estrutura óti- ma, tanto do ponto de vista nacionai, co- mo para a comparação entre países. É importante que figurem nele dados em- píricos, de caráter estatístico e descritivo sobre o seguinte:

1. Instituições de produção e distribui- ção, aspectos financeiros, pessoal, equipe, difusão e alcance, classifi- cadas por meio de informação (rá- dio, tv, imprensa, etc); formas de

publicidade, etc). administração (pública, privada, etc), procedência da receita (licenças,

2. Produção dessas instituições calcu- lada no espaço e no tempo e clas- sificada em grandes categorias (no- tícias, recreio, educação, publicida- de, etc).

3. Consumo, medido segundo o "tem- po dedicado aos meios de informa- ção" e classificado segundo as va- riáveis demográficas da sociedade.

Na maioria dos países dispõe-se de da- dos sobre muitos desses aspectos da es- trutura da comunicação, mas raramente são reunidos para formar um quadro com- pleto da totalidade dos recursos do país nessa matéria. Por exemplo, em alguns países, embora seja fácil encontrar estatís- ticas da difusão, não há dados completos sobre a estrutura econômica dos meios de informação que seriam importantíssi- mos para o estudo crítico das políticas atuais de comunicação.

abcpec, vol. 1 - n." 1 - 1.° semestre/75 13

Page 16: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

Análise crítica das atuais políticas de comunicação

As atuais políticas de comunicação po- dem considerar-se essencialmente como séries de normas estabelecidas para o- rientar a ação dos órgãos de comunica- ção. Quer sejam de propriedade priva- da ou corporações públicas, quer sejam de serviços que dependem diretamente dos poderes públicos, é raro que sua po- lítica esteja formulada oficial e publica- mente; os princípios em que se inspiram são normalmente tácitos e não explícitos e poucas vezes abarcam todos os possí- veis comportamentos da instituição. Em todo caso, obedecem a uma política, de uma forma ou de outra.

Em muitos países, a pergunta que se deve formular é a seguinte: Qual a natu- reza dessa política e como está ligada à política geral do desenvolvimento do pais?

Como as políticas da comunicação não são em geral explícitas, a investigação te- rá que identificá-las, utilizando procedi- mentos indiretos para torná-las explícitas.

Uma vez compilada a informação so- bre fatores, tais como a propriedade, fon- tes de financiamento, funcionamento: e decisões sobre a política que deverá se- guir (e que se tomam diariamente nos diferentes níveis dos meios de informa- ção), o seguinte passo importante da in- vestigação será analisar o conteúdo das mensagens emanadas de tais instituições. A regularidade da orientação de seu con- teúdo ajudará a identificar os objetivos reais da política da comunicação. Essa análise permitiria descobrir as tendências da opinião e da informação, que poderiam ser comparadas depois com as políticas declaradas e com os objetivos do desen- volvimento nacional. Por conseguinte, a- qui, a investigação pode indicar se a po- lítica atual da comunicação corresponde à política de desenvolvimento, ou se não tem relação com ela ou a contradiz.

É importante assinalar que existem po-

líticas da comunicação não somente nos grandes meios de informação, mas tam- bém em atividades de comunicação sis- temática entre pessoas, tais como a di- vulgação agrícola, a educação sanitária, quo estão regidas por certa forma de po- lítica que influi no processo da comuni- cação.

Como parte do programa de investiga- ções sobre a comunicação deve-se estu- da:, em relação com as atuais políticas da comunicação, as seguintes questões:

a) Quem são os proprietários das ins- tituições dos grandes meios de in- formação? São nacionais, estrangei- ros?

b) Qual a forma dessa propriedade? Há dispersão ou concentração? Há empresas que possuem diversos meios de informação? Há empresas organizadas sobre bases anônimas ou sobre bases nominativas?

c) Qual é a fonte de recursos? Em sua maior parte comercial, oficial, ou de ambos os tipos e, neste último ca- so, em que proporções? Os fundos procedem somente da publicidade ou há outros elementos, tais como subvenções, incentivos fiscais, etc?

d) Que origem têm os fundos? Nacio- nal, estrangeira? Há uma fonte pre- dominante de recursos?

e) Quem decide, no meio de informa- ção considerado, o que se comuni- cará e a forma em que se difun- dirá, quer dizer, proprietários, dire- tores, especialistas?

f) Que valores reconhecem os proprie-

tários, diretores e especialistas dos meios de informação e qual a sua atitude no que diz respeito ao de- senvolvimento?

g) Quem toma as decisões de "publi- car ou não publicar" e de "dar im- portância ou não dar importância" e em que normas ou critérios se ba- seiam para fazê-lo?

14 abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75

Page 17: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

h) Em comparação com os profissionais de outras atividades, como se re- muneram os profissionais dos meios de informação?

i) Qual o método para contratar, qual o tipo de formação (oficial ou não oficial) dos profissionais dos meios de informação, e de que modo pa- recem influir esses fatores em seu comportamento com respeito à co- municação diária?

No estudo crítico do conteúdo da In- formação e com o fim de lograr uma Indicação maiis completa dos laços en- tre a política de comunicação enunciada e a praticada, parecem ser mais impor- tantes as seguintes esferas de uma aná- lise:4

a) A Informação está ou não orientada para o desenvolvimento ou para o subdesenvolvimento? Natureza e pro- porções da informação ("importante ou trivial").

b) Função de adaptação: Que tipo de normas e valores "ensinam" à po- pulação os órgãos de informação e em que medida seu papel está vin- culado com o desenvolvimento: co- mo estimulam ou desestimulam o pú- blico para que tenha certos compor- tamentos?

c) Integração: Os órgãos de Informa- ção contribuem ou não para a coe- são da sociedade e a unidade na- cional?

d) Espírito de inovação: Os órgãos de informação incitam os auditórios ao conformismo ou ao espírito de Ino- vação?

e) Compatibilidade: Os órgãos de In- formação proporcionam ao público mensagens adaptadas à sua cultu- ra e às suas tradições ou tentam orientá-lo para outras direções (va- lores Implícitos na televisão e his- torietas cômicas, notícias, etc.)?

f) Mercantilismo: Os órgãos de Infor- mação incentivam o povo — por

meio da publicidade, das notícias e outros materiais — a ter comporta- mentos irracionais em matéria de consumo? Se assim é, quais são as conseqüências prováveis disso no desenvolvimento?

A análise crítica das políticas atuais da comunicação tem um propósito prin- cipal: aijudar a formular outras que res- pondam melhor às necessidades da so- ciedade. Mas, quais são essas necessida- des em matéria de comunicação? Esta já é outra questão a que somente pode res- ponder a investigação.

Análise das necessidades da sociedade em matéria de comunicação

Os especialistas de psicologia social, os sociólogos e os antropólogos do mun- do Inteiro já realizaram milhões de estu- dos sobre a estrutura e os modos de vida de diferentes sociedades. Mas mui- to poucos foram levados a termo, com uma "ótica da comunicação" para pôr acima de tudo atenção no comportamen- to nesta matéria dos indivíduos e dos grupos que formam a sociedade, em suas necessidades reais de uma Infor- mação que enriqueça suas vidas cotidia- nas e nas redes tradicionais por ondo passam as correntes de Informação.

Para que as novas tecnologias de co- municação se adaptem à sociedade e para que a elaboração das políticas e dos programas responda às necessidades ca população, fazem falta Investigações interdisciplinares muito mais detidas. De- ve-se criar para as estruturas da comu- nicação novos modelos ou sistemas de comunicação de pessoa a pessoa, asso- ciados aos modernos meios de grande Informação para dar um quadro multo mais completo de como se realizam efe- tivamente a comunicação e a difusão dos diferentes tipos de informação.

Veja-se um exemplo do tipo de ques-

abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75 15

Page 18: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

toes que merecem ser examinadas num estudo interdisciplinar dessa índole: nu- ma sociedade em que a tradição oral é muito viva (como são muitas na África), qual é a influência dessa tradição nas estruturas atuais da comunicação?

A informação de massas se adapta a essa tradição? Isto foi levado em conta na forma e no conteúdo dos novos meios de informação? Sua existência modifica essa tradição e a estrutura da comuni- cação? (Respondendo a perguntas como estas, poder-se-á criar um "estilo" de ra- diodifusão que não seja copiado do ou- tro país).

Cada sociedade tem uma cultura pró- pria, cujos valores devem ter a supre- macia no planejamento do desenvolvi- mento nacional. Mas a cultura não é coi- sa estática, nem um simples vestígio de um passado tradicional. As estruturas presentes devem ser estudadas em rela- ção com o passado e com o futuro tec- nclógico.

Há outro ponto de vista importante do qual se examinará as necessidades em matéria de comunicação. Deve-se exami- nar no aspecto inverso, isto é, compro- var que o elemento "comunicação" figura em todas as partes dos planos e pro- gramas do desenvolvimento nacional.

Para isto faz falta examinar essas par- tes, ao mesmo tempo no que se refere ao setor público como privado da eco- nomia, e analisar as necessidades de to- dos os tipos que precisam ser satisfei- tas para que o plano possa ser levado à prática.

Os planos de desenvolvimento se divi- dem, usualmente, em programas e proje- tos. Estes devem ser examinados detalha- damente, anotando-se as atividades ne- cessárias para apoiá-los. Das diversas partes do plano (por exemplo, agricultu- ra, moradia, transporte, saúde, cultura, educação, indústria, etc.) deve-se tirar, em termos quantitativos, todas as neces- sidades em matéria do comunicação:

tc-mpo de emissão, páginas impressas, pa- pel, metragem de filme, pessoal empre- gado, estruturas institucionais, capacida- do das redes, sistemas de distribuição, etc, as quais se somarão logo para com- pará-las com a capacidade do atual sis- tema de comunicação. Esta operação a- judará a identificar e quantificar a desi- gualdade existente entre as necessidades e as possibilidades, e assinalará os cam- pos que requerem o sistema, e se deve desenvolver com freqüência para as ta- refas do desenvolvimento que se realizem efetivamente. Estes são os elementos de informação em que se apoiará a conse- cução de novos sistemas.

Análise dos fatores restritivos do desenvolvimento da comunicação

Antes que se possa definir uma polí- tica nacional e elaborar um plano na- cional de comunicação, a investigação terá que dar uma resposta a toda uma série de questões. O problema pode re- duzir-se ao das limitações — internas ou externas ao país — que influirão na po- lítica e nas orientações possíveis do de- senvolvimento da comunicação.

Os obstáculos mais simples que se de- vem estudar em nível nacional são:

a) As limitações de caráter econômico ao desenvolvimento dos órgãos de informação, nível de inversões no setor da comunicação que é possível alcançar dentro do plano econômico nacional; pessoal capacitado e ou- tros recursos humanos de que se dispõe; política de importação e ex- portação de equipamento e de ma- terial, tal como papel, etc.

b) Problemas de infra-estrutura conexos, tais como o caráter e a capacida- de das redes de telecomunicação, a eletrificação, os serviços de conser- vação, a capacidade da indústria na- cional de produzir materiais de in-

16 abcpec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75

Page 19: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

forrr.ação, como os apcreilics de te- levisão, rádio, etc.

c) Limitações de índole social e polí- tica: grupos lingüísticos, nível de ai- fabetização; antagonismos religiosos. étnicos, etc.

Há outros fatores limitativos poderosos que influem, por assim dizer, do exterior, na política nacional. Podem reunir-se sob o nome genérico de "fatores limitafvos extranacionais" e, ainda que se devam determinar no plano naclonaf, requerem ser estudados por especialistas da comu- nicação, no plano internacional. (Tratar- se-á mais detidamente este ponto na terceira parte do presente documento, que trata de problemas, tais como as normas técnicas, o poder monopolírtico da inver- são, o direito de autor e executor, a a- tribuição de freqüências de serviços tele- gráficos e das agências internacionais de informação, a composição do tráfego inlernacional das comunicações, radiodi- fusão e televisão estrangeiras, etc.)

Papel de I & D no estabelecimento dos programas de comunicação

Os resultados de todas as etapas pre- cedentes do processo de I & D podem servir de base para formular políticas de comunicação mais realistas e dentro de cujo limite se poderão estabelecer pro- gramas em matéria de comunicação. Po- dem servir de guia para conceber mode- lon de estratégias que sirvam para tirar partido do sistema de comunicação, com o propósito de atingir os objetivos fixados e salvaguardar os valores da nação.

A estratégia utilizará macroprogramas, concebidos com propósitos específicos, que interessam ao desenvolvimento; quer dizer, teleducação, difusão de informa- ções sobre o planejamento familiar, mé- todos oficiosos de educação de adultos, etc, associando a miúde vários meios ou instrumentos de comunicação. Esses

programas compreenderão muitas vezes um grande número de projetos, cada um dos quais aproveitará estruturas institu- cionais e redes de comunicação distintas, o que obrigará a coordená-las, tanto na clapa da concepção como na da execu- ção, Esta coordenação da administração do tais projetos multidimensionais ó um dos aspectos mais importantes do proces- 6C de planejamento em matéria de comu- nicação; outro aspecto essencial é a apre- sentação de uma série de estratégias ap- ■as a resolver os problemas da comuni- cação, trabaltio que somente poderá ter êxito se confiado a equipes interdiscipli- nares. Essas equipes deverão recorrer, de saída, aos serviços de sociólogos, psicó- logos, lingüistas, educadores, administra- dores, técnicos dos meios de informação e da análise de sistemas, economistas, informadores e especialistas em investi- gações sobre a comunicação, trabalhando de comum acordo para que se tenham em conta todos os aspectos essenciais dos projetos.

O trabalho da recente missão de pla- nejamento em matéria de comunicação que foi à Indonésia é um exemplo da maneira como uma equipe interdiscipli- nar pode efetuar uma seleção entre as es- traíógias possíveis. Pediu-se que identi- ficasse os problemas inerentes às políti- cas ou à política de inversões que con- vinha examinar para os diversos aspectos da tecnologia da comunicação5 no cam- po da educaçãoB e descobrir os proble- mas críticos que determinariam a formu- lação das linhas de ação possíveis. Era de prever que se trataria de uma série de opções entre duas possibilidades: au- tonomia nacional e regional; língua co- mum ou dialetos locais; centralização ou descentralização dos órgãos de informa- ção; prioridade em matéria de inversões no rádio ou na televisão; comunicações por via terrestre ou por satélite; desenvo'- virrente rural ou urbano; propagação por onda média ou por faixa de freqüência

abepec, oi. 1 - n.01-1.° semestre/75 17

Page 20: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

tropical; construção de novas redes ou modernização das antigas para convertê- las em funcionais; ensino direto ou com participação dos alunos; etc. As diver- sas maneiras de associar esses elemen- tos (e muitos outros) depois de uma aná- lise esquemática da informação obtida, giaças a um extenso programa de inves- tigação, podem permitir que o Governo da Indonésia formule um certo número do estratégias racionais possíveis (modelos de comunicação no terreno da educação) entre as quais poderá escolher as que ofereçam uma solução mais eficaz aos problemas do desenvolvimento da edu- cação.

Quando se propõem novas estratégias, são muitas vezes necessários micropro- jetos experimentais para determinar, me- diante a investigação, a eficácia relativa de vários enfoques possíves. A investiga- ção é o aspecto mais importante des- ses projetos experimentais: há de condu- zir a uma análise crítica de todas as eta- pas da concepção, da experimentação e da realização dos projetos, assim como das atividades complementares que le- vam consigo. Não se deve pensar apenas na sua eficácia; pensar-se-á também em identificar seus efeitos inesperados. Du- rante este processo de concepção, ba- seado na investigação, poder-se-ão estu- dar as necessidades de pessoal, de ma- terial, de recursos financeiros, de meios de formação, de trabalhos de investiga- ção, etc. Em seguida, utilizando dados comparáveis inerentes aos diversos mo- delos, programas e projetos, se poderá escolher entre as estratégias aptas pa- ra o desenvolvimento em matéria de co- municação.

Falta encontrar um método completo e sólido para a tomada de decisões no que diz respeito à elaboração dos pro- gramas de comunicação. Entretanto, efe- tuam-se atualmente, numa escala limi- tada, certos trabalhos iniciais necessá- rios para a elaboração de um modelo

teórico, e esse método será o resultado de um programa sistemático de investi- gação sobre a eficácia e os efeitos dos órgãos de informação, duma análise crí- tica das políticas nacionais de comunica- ção e estudos científicos sobre os aspec- tos econômicos da comunicação consi- derados do ponto de vista do desenvol- vimento nacional.

A decisão e a escolha das soluções possíveis estarão, sem dúvida, condicio- nadas por uma avaliação sistemática das inovações em função dos diversos fato- res: de caráter econômico, social, educa- tivo, cultural, político e tecnológico, pon- derados com a ajuda de dados sobre fa- tos, obtidos em etapas anteriores ao pro- cesso de planejamento (veja mais acima).

Vejamos um exemplo: um estudo re- cente levado a cabo pela UNESCO, a pedido do Governo da índia, em convênio com a FAO e a OMS e em consulta com a OIT, mostra sobretudo que o emprego da televisão para dar informações sobre o planejamento familiar a educadores sa- nitários oferece vantagens do ponto de vista educativo e social, mas não é van- tajoso do ponto de vista estritamente fi- nanceiro. Em troca, o emprego do m^s- mo meio de comunicação num programa de ensino de matemática e ciências, des- tinado às escolas secundárias, oferece um grande interesse, tanto dos pontos de vista social, educativo e técnico, como de ponto de vista financeiro. Do mesmo modo, um programa televisionado de e- ducação de grupos femininos de zonas urbanas e um programa por televisão de ecucação agrícola para grupos de agri- cultores desejosos de adaptar-se à revo- lução verde em certas regiões rurais de grande densidade de população, não têm interesse sob os mencionados pontos de vista a menos que as emissões de que se trata estejam adaptadas ao auditório do ponto de vista cultural. Esta classe de informações, obtidas gra- ças à coordenação das investigações e

18 abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75

Page 21: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

à cooperação, são necessárias para os planejadores do desenvolvimento, a fim de dar-lhes a conhecer as investigações que se devem realizar e a ação que se deve empreender. Esses dados não se podem recolher nem correlacionar a não ser mediante uma ação interdiscipli- nar análoga à que realizou a equipe de especialistas da índia.

Para ponderar os diversos fatores do exemplo citado foi preciso basear-se es- sencialmente em juízos de valor subjeti- vo. Os especialistas de investigações so- bre comunicação facilitarão aos plane- jadores meios muito mais objetivos e científicos para apreciar a eficácia rela- tiva dos métodos possíveis para resol- ver os problemas de comunicação.

Talvez, definitivamente, o único enfo- que possível seja utilizar técnicas de aná- lise de sistemas. A maneira de aprovei- tá-las para resolver os problemas de co- municação nos países em vias de de- senvolvimento será atualmente o objeto de um estudo pormenorizado. Entretan- to, convém advertir que se se quer re- correr à análise de sistemas seria desas- troso para o planejamento do desenvol- vimento, em matéria de comunicação, que a tendência da calculadora para dar pre- ferência a informações que se cifram facilmente produzisse desvio similar na análise de sistemas. Os valores morais, as considerações de caráter social e a tradição não devem ficar descuidados no processo da tomada de decisões para o desenvolvimento.

A necessidade de um programa

contínuo de Investigação

A medida que se concluem os planos e programas haverá necessidade de ava- liar de novo, constantemente, os proces- ses de execução e seus efeitos. O desen- volvimento por etapas do conjunto dos sistemas de comunicação será também uma tarefa ininterrupta, adaptada às ne- cessidades em que se baseia a política nacional presente e futura. Essa mesma política será necessariamente estudada de novo e reavaliada por outros investi- gadores e planejadores. O conselho de política de planejamento, cuja criação foi proposta, desempenhará um papel vigi- lante, de conselheiro e de coordenador dentro do limite mais amplo da política nacional de desenvolvimento, velando pa- ra que prossiga a análise crítica do sen- tido profundo da comunicação na socie- dade.

A política de comunicação evolui cons- tantemente; o estabelecimento de pro- gramas de comunicação se transforma em um processo dinâmico e as investi- gações sobre a comunicação devem pros- seguir para que isto possa ser assim. É, pois, urgente constituir um grupo de cien-

tistas interessados na comunicação e ca-

pazes de empreender a vasta tarefa de

investigação necessária. A formação e a

mobilização destes investigadores ocupa-

rão um lugar importante nas políticas e

programas nacionais de comunicação.

II PARTE

OS MEIOS DE INFORMAÇÃO E A IMAGEM QUE TEM O HOMEM DA SOCIEDADE

A segunda proposta para um progra- ma multinacional de investigação em ma- téria de comunicação chamaria a aten-

ção do mundo para o estudo de um só domínio, de caráter mais universal. Esse programa, que exigiria um estudo inter-

abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75 19

Page 22: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

disciplinar, estaria orientado no sentido de criar laços dos institutos de investi- gação que poderiam assim coordenar e comparar seus estudos dentro do limite de um tema geral, quo seria "Os meios de informação e a imagem que o homem forma da sociedade".

Pode-se ver, facilmente, que muitos dos problemas de investigação que entram dentro deste limite estão intimamente li- gados com os estudos que se considera adequado realizar para ajudar cs países a elaborar sua política e seus planos na matéria. A "qualidade multinacional'' desse segundo programa encontraria sua expressão na cooperação que se esta- beleceria entre os institutos para deter- minar os campos de investigação e asse- gurar a comparabilidade dos resultados dos estudos a longo prazo sobre a tota- lidade do processo de comunicação em corto número de países.

Na primeira parie, observamos quo, a sociedades diferentes correspondem sis- temas de informação diferentes e que produzem para o consumidor "lotes" do informação. Acrescente-se a isto que os membros de uma mesma sociedade utili- zam o que está à sua disposição de di- ferentes maneiras e segundo sua posi- ção na sociedade. Estudar-se-ão, pois, os meios de informação não isoladamente, mas do duplo ponto de vista: da manei- ra como operam e da maneira como se utilizam, e tudo isso conjuntamente com outras instituições, colocando-as em seu contexto social. O que facilitará, por e- xemplo, ao público e contribuirá, em conseqüência, para determinar atitudes e seus valores, sofrerá a influência de toda uma série de fatores de caráter econômi- co, político, profissional e tecnológico. Além disso, o uso que fará o consumi- dor daquilo que se lhe proporciona e a influência que isso exercerá sobre ele dependerão também de condições alheias aos meios de informação, que serão da caráter familiar, escolar, sócio-econômico.

etc. Para compreender bem o papel que desempenha a informação, devemos es- tudar a totalidade do processo de comu- nicação, pondo especial atenção em fa- tores que exercem uma influência direta ou determinante:

a) o que os meios de informação pro- porcionam ao público;

b) o uso que faz o público daquilo que se lhe proporciona.

Da massa de informações que podem criar ou apresentar os profissionais da informação somente algumas coisas se produzem e se oferecem ao público e é evidente que o que se lhe proporciona ou dar os meios de informação segundo as meios de informação e segundo os países. Mas é também evidente que o que se o- fereco não é deixado ao mero azar. Na verdade, os fatores que determinam todo o processo e criação, seleção, produção, apresentação, etc, estão no âmago mes- mo do nosso estudo.

Se queremos facilitar as comparações interculturais válidas, teremos de estu- dar os meios de informação segundo as seguintes rubricas:

I) História e desenvolvimento II) Propriedade, controle e financia-

mento III) Organização e estrutura IV) Sistemas de valores V) Modos de operar

Esto enfoque global nos permitirá si- tuar a informação dentro dos contextos nrcionais, políticos, econômicos e sociais apropriados. Nosso estudo se estenderá, assim, às relações dinâmicas entre os meios de informação e entre esses meios e outras instituições, incluídos os pode- re? públicos, assim como os recursos dis- poníveis (incluídos os recursos humanos) e a tecnologia. Tratará também das ideo- logias e dos valores profissionais de in- formação. É interessante assinalar a este respeito que os grandes meios de infor- mação preenchem muitas funções que não pertencem à informação propriamen-

20 abepec, vol. 1 - n." 1 - 1.° semestre/75

Page 23: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

te dita. Todo conflito entre funções dife- rentes (por exemplo, realização de be- nefício frente à criatividade) entram tam- bém dentro desta parte do nosso estudo. "A que interesses servem os meios de informação?" É uma pergunta que se de- ve formular tanto a respeito do produtor como do consumidor.

A isto deve-se acrescentar a retroa- ção da informação e a participação do público na política e na produção da in- formação, já que estas questões são um fator decisivo para a democratização da informação.

Uma parte desses dados já está nos textos e documentos, ainda que para cer- tos assuntos financeiros e de controle não seja sempre fácil obter os dados necessários. Devem-se realizar consultas bem definidas, dentro e fora dos órgãos de informação, e realizar uma observa- ção direta quando se trata de estudar a organização, a estrutura e o modus ope- randi de certos meios de informarão de- terminados. O produto do processo de criação, seleção, apresentação, etc. é o que nos chega, por meio de ondas, aos nossos receptores de televisão e nas páginas de nossos jornais e revistas. Deve-se analisar o conteúdo desses meios de informação.

Não resta dúvida de que o terreno e os métodos de análise desses conteúdos estarão de certo modo determinados pe- la natureza, finalidades e pelos objetivos dos diferentes projetos que entrem nes- se limite geral do programa. Mas, em suma, tudo o que informa sobre o con- teúdo da informação (não somente o material de informação propriamente di- to; será objeto de análise. Este será concebido como o estudo daquilo que se pode chamar a programática dos meios de informação. O que se apre-

senta ao público? Que problemas e que questões se devem escolher? Como se deve defini-los? O que se omite? O que se sublinha e se destaca? O que se a-

prova e o que se desaprova? Quem se associa a quê? Q que se justifica? Es- tas são algumas das perguntas que se podem formular se se quer determinar co- mo os meios de informação estruturam o debate na sua totalidade e criam o marco dentro do qual nascem e se de- senvolvem as idéias e as atitudes. Os ti- pos de artigos e de ação, de aconteci- trentos, de situações, de apresentação, de contexto, de interpretação, de expli- cação e de avaliação são outros tantos temas de estudo, nesta forma de análise do conteúdo da informação, que irão a- lém da análise quantitativa tradicional.

O conteúdo do "produto" não é de modo algum o término do processo de informação. Não é a mesma coisa exis- tência que utilização e, como dissemos já, o homem "escolherá" entre o que se lhe oferece e utilizará o produto que es- colhe em função de suas necessidades e de sua situação. Pode-se considerar este aspecto particular do estudo do processo de informação como a ação que consiste em focalizar a análise na relação que existe entre a cultura engen- drada pelos meios de informação e ou- tras culturas locais. (Este enfoque não impedirá estudar a população em geral; na realidade, convirá, sem dúvida nenhu- ma, realizar uma investigação geral para identificar os diversos grupos culturais a fim de estudá-los mais intensamente). Aí também a investigação irá mais além do que os métodos quantitativos que se utilizam normalmente para avaliar as es- truturas de exposição e de consumo. O principal da investigação nesta etapa te- rá por objeto o uso e a significação e, para perseguir este objetivo, será neces- sário estudar essas questões profunda- mente, utilizando, na medida do neces- sário, as técnicas experimentais e os métodos de observação direta.

Passaremos, em seguida, da etapa do que se oferece ao que se utiliza e co- mo se utiliza. O que se percebe? Como

abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75 21

Page 24: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

se percebe? O que se compreende? Que funções se preenchem? Que objetivos se alcançam? A que se dá forma? Q que se reforça? O que se modifica? Como reage a experiência dos meios de infor- mação sobre as outras reiações e expe- riências para produzir essas "imagens" que nós formamos da sociedade e do próximo, e que são o centro mesmo de nossos estudos?

Daremos em seguida dois exemplos tirados de esquemas de projetos glo- bais e deste programa multinacional:

Exempio A — Projeto referente ao noticiário de televisão

É um projeto cuja execução exige três ou quatro anos e está orientado para estudar comparativamente a produção e a utilização das notícias televisionadas em diferentes países selecionados. O trabalho constará das seguintes rubri-

cas: I) História e evolução do organismo

de rádio e televisão. II) Relações entre o organismo de rá-

dio e televisão e outros organismos de comunicação (incluídos os poderes pú- blicos e os demais meios de informa-

ção). III) Organização e estrutura: a) do organismo de rádio e televisão; b) do serviço do jornal televisio-

nado. IV) Relação entre os serviços dentro

do organismo. V) Recursos e tecnologia. VI) Modus operandi no jornal televi-

sionado. VII) Fontes de informação. VIII) Pessoal, recrutamento, valores,

ideologia da profissão. IX) Conteúdo: a) boletim de informa-

ção; b) assuntos correntes; c) outros meios de informação (o mesmo que a).

X) Auditório: a) tipos de comporta^

mento no que diz respeito à televisão e aos demais meios de informação; b) fon- tes de informação, avaliação e credibili- dade percebida; c) significado e utiliza- ções, conhecimento e aptidões, etc.

A investigação dos antecedentes e do contexto geral (quer dizer do I ao VII) consistirá particularmente em estudar os documentos, mas comprovando-os me- diante entrevistas e observação dire- ta. A análise do conteúdo, tipo de uma emissão de Informação (do VI ao IX) se- rá acompanhada do estudo detido de um dado período — se fosse possível o mesmo período para todos os países — da observação direta e uma análise do conteúdo. Os estudos corresponden- tes sobre os auditórios (X) compreende- rão uma enquete, entrevistas intensivas, a observação de grupos reduzidos e a experimentação.

(Observar-se-á que a totalidade do processo da informação fica assim a- bifcngido, que o estudo se situa dentro do limite social mais amplo, que é mul- tinacional e comparativo e que deve a- bordar a questão de um ângulo inter- disciplinar e multimetodológico).

Não se deve afirmar que o presente estudo poderia se estender a outros meios de informação e a outros países. Tiraríamos dele elementos que nos per- mitiriam comparar o processo de infor- mação e os fatores que o governam nos diterentes países. Permitir-nos-ia também verificar como, no que diz respeito a certos temas escolhidos, este processo acompanha a representação intelectual do tema que trata dos habitantes des- ses países.

Exempio B — A informação e a cultura do adolescente

Este projeto de quatro anos teria um ponto de partida diferente e se empre- enderia de outro nível.

22 abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75

Page 25: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

Centrar-se-ia a atenção no adolescente e se examina o papel dos meios de informação na formação da sua cultura. Interessar-se-ia preferentemente pelo pa- pel que desempenham os meios relati- vamente novos, inspirados na música "pop", nas indústrias da moda e espe- cificamente concebidos para os adoles- centes, que se denominam em geral, em inglês, "pop media".

O projeto foi concebido para ser le- vado à prática num país (do Oeste), mas poderia ser facilmente adaptado para ser aplicado comparativamente noutros paí- ses. Seria particularmente interessante, por exemplo, estudar a importação e os efeitos dos produtos culturais "pop" do Ocidente sobre as culturas das socieda- des em vias de desenvolvimento. Seria também proveitoso examinar as ramifi- cações econômicas e políticas destes "intercâmbios".

Como no exemplo anterior, se estuda- ria a história, a evolução, a propriedade, o controle, o financiamento, a organiza- ção, a estrutura e os princípios direto- res das atividades gerais dos setores da indústria da informação escolhidos. Dar- se-ia especial atenção às interpenetra- çoes (nos níveis nacionais e internacio- nais) da propriedade financeira e do controle entre os diversos setores de que se tratasse (o conflito entre o ren- dimento e a criatividade deve ser tam- bém estudado detidamente).

Quanto às "utilizações", seria neces- sário realizar um estudo intensivo no li- mite de uma comunidade determinada que trataria destas três questões fun- damentais:

a) Até que ponto a cultura do adoles- cente é própria dum grupo de idade de- terminada e até que ponto há diferenças claras entre o lazer e a maneira de u- tilizar os meios de informação do adulto e do adolescente?

b) Até que ponto se pode dizer que há subgrupos diferentes dentro das ca-

abepec, vol. 1 - n." 1 - 1.° semestre/75

tegorias "adolescentes" e "adultos"? c) Até que ponto estas diferenças en-

tre os grupos e em seu interior estão em relação com o lugar que ocupam e no papel que desempenham no comple- xo das comunicações interpessoais, cria- das, sobretudo, pela vizinhança e pela classe social?

Esse estudo se poderia realizar desta maneira:

Primeira etapa: Sondagens na popula- ção adulta e adolescente em quatro zo- nas escolhidas de uma cidade (por e- xemplo).

Segunda etapa: Estudos baseados na observação e estudos quase experimen- tais entre adolescentes de um determi- nado meio.

O investigador abarcaria no seu ques- tionário os seguintes pontos:

1) Lugar que ocupam os sujeitos den- tro da rede de interações sociais coti- dianas. Entrariam aqui fatores tais como a atitude frente à escola e a integração no grupo dos "iguais".

2) Distribuição do tempo que o traba- lho ou a escola deixam livre (se utiliza- ria também o método de pedir aos inte- ressados que levassem um relatório do seu emprego de tempo).

3) A preferência por um ou outro meio de informação e diferente maneira de utilizá-lo.

As pesquisas já realizadas permitem pensar que há pelo menos três catego- rias gerais de utilização:

a) as utilizações ligadas ao meio; b) as utilizações ligadas à formação e

ao desempenho de papéis presentes ou previstos (representação desses papéis, informação sobre o comportamento so- cial);

c) as utilizações diversas (evasão da vida cotidiana, diversões, etc).

Conviria também descobrir, nos adul- tos e nos adolescentes, a imagem que formam certos subgrupos de adoles- centes (como "Hippies" e os "Hells An-

23

Page 26: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

gels". Conviria ver também a relação existente entre essas Imagens e os "pop media".

Terceira etapa: Consistiria também em estudos mediante a observação direta. Estes métodos seriam necessários para captar os aspectos mais fundamentais da utilização dos meios de Informação e que não se podem conhecer pelo método clássico das entrevistas. Os estudos d3 observação seriam efetuados no meio quo os adolescentes Indicassem como mais familiar para eles (quer dizer, "dan- clngs", discotecas, clubes de jovens, ba- res, etc.) Utllizar-se-iam também méto- dos discretos, assim como entrevistas "abertas" gravadas.

O material escolhido sobre a base das estruturas conhecidas do consumo se a- nalisará bem detidamente. Dar-se-á par- ticular atenção à apresentação de cer- tas Imagens-chave (autoridade, êxito, a- ventura sentimental, profissão, distrações, outros grupos, relações entre grupos, etc). Estudar-se-á o conteúdo das in- formações sobre os adolescentes (distin- guindo as daquelas que se fazem para os adolescentes).

Muitos outros projetos de pesquisa construídos de maneira análoga, sobre assuntos Importantes, dentro de dife- rentes países, poderão ser também ade- quados a este programa geral. Por e- xemplo, num certo número de países rnanlfestou-se Inquietude acerca das re- lações que existem entre a cultura en-

gendrada pelos meios de informação e a cultura de origem local. Um projeto de investigação (multo adequado para um estudo comparativo transcultural) consis- tiria em estudar a evolução e as mu- danças na cultura pelos meios de Infor- mação, num longo período de tempo, em vez das modificações da cultura locat, para ver que relações existem entre e- las.

Esse projeto exigiria um estudo dos especialistas de comunicação e de seus vslores e normas (pessoais ou institucio- nsis), dos meios materiais da informa- ção e das estruturas de utilização, do comportamento e atitudes dentro do país (por melo de métodos de análise de grupo, análise de conteúdo, da informa- ção, sondagens, a observação direta), entre os especialistas de comunicação, os grupos selecionados e os diversos públicos.

Estes importantes estudos comparati- vos, a longo prazo, e a coordenação en- tre eles não são coisa fácil de realizar. Exigem a cooperação entre os investi- gadores e as instituições na concepção, na execução e na análise comparativa final, quer dizer, de um extremo a ou- tro do processo de investigação. Algu- mas sugestões práticas que podem con- duzir até à particularlzação dos meca-

nismos de enfoque coordenado e cole-

tivo figuram na IV parte do presente do-

cumento.

III PARTE

INVESTIGAÇÃO SOBRE AS ESTRUTURAS

INTERNACIONAIS DA COMUNICAÇÃO

Nos momentos atuais, todo o futuro das comunicações internacionais está decisivamente influenciado pelo que é,

na realidade, uma revolução tecnológica. Por um lado, a difusão direta, mediante os satélites, oferece imensas posslblli-

24 abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75

Page 27: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

dades para a expansão dos meios de informação além dos limites geográficos, políticos, ideológicos e culturais; por outro lado, graças a procedimentos co- mo os cassetes, os discos virgens, o fac-símile ou a televisão por cabo, os cidadãos de muitos países vêem esten- der-se consideravelmente suas possibi- lidades de escolha por meio de um sis- tema internacional de comercialização que opera quase independentemente da capacidade nacional de produção. As conseqüências e efeitos (sociais políti- cos, jurídicos, culturais, comerciais, edu- cacionais) dessas possibilidades tecno- lógicas são de enorme importância para a formulação das políticas nacionais de informação.

Quais são as possibilidades e as li- mitações das redes internacionais de co- municação? Quais os obstáculos que se cpõem à "livre circulação da informa- ção"? O que representa realmente um intercâmbio de informação, num plano de igualdade, e o que representa uma 'canalização" num só sentido do mundo industrialmente desenvolvido para os paí- ses em vias de desenvolvimento? Qual deve ser a política nacional relativa à "autonomia cultural" destinaria a prote- ger a frágil estrutura das culturas autóc- tones contra a intrusão em massa da in- formação estrangeira? Onde está a li- nha divisória entre um "filtro de prote- ção" e uma política "isolacionista" e ne- fasta que privará o país das relações culturais do mundo "universal"?

Os estudos que fazem falta para for- mular as políticas nacionais (I parte), sobretudo aquelas que se referem ao in- ventário de dados básicos (Anexo I), subminístrariam uma grande quantidade de dados sobre a importância e a ex- portação das informações, quer dizer, sobre o que sucede nos extremos da canalização. A reunião e a análise com- parativa desses dados poderia permitir que se determinassem as estruturas e

as tendências de circulação da informa- ção. Do mesmo modo, os estudos rea- lizados dentro do tema "Os meios de informação e a imagem que tem o ho- mem da sociedade" (II parte) poderiam tratar muito bem do interesse cultural das informações importadas e de sua in- fluência na transformação das normas e dos valores. Mas, o que sucede dentro da "canalização"? Qual é a forma das redes? Quais são os fatores que reg^m a circulação da informação nessas re- des? São questões que se devem res- ponder com estudos internacionais, com o objetivo de formar o quadro geral den- tro do qual os estudos locais poderiam, logicamente, se encaixar.

Vários organismos internacionais co- meçam a estender suas atividades a es- tes importantes campos. Assim, o Insti- tuto Internacional de Radiotelevisão fez empreender estudos sobre a circulação e as tarifas dcs satélites e sobre a ven- da e a distribuição das emissões televi- sionadas. A UNESCO se propõe a fazer estudos análogos sobre a forma e o con- trole dos intercâmbios internacionais de emissões televisionadas sobre as redes de agências de notícias e os intercâm- bios enrte elas, sobre as emissões da rádio e televisão para o estrangeiro, no mundo inteiro (assim como sobre o que contribuem essas estruturas à compre- ensão internacional). Este último estudo dá um exemplo interessante de uma das maneiras de conceber a investigação in- ternacional.

Foi proposto produzir "um mapa anota- do" que assinalasse os países que difun- dem emissões, em que línguas, com que destino, durante quanto tempo, para ter uma visão de conjunto das formas da radiodifusão em escala mundial. Além disto, um estudo de casos concretos, que trataria no começo de apenas um pais, indicaria o conteúdo das emissões difun- didas do exterior para esse país e o conteúdo das emissões do- país, com

abepec, vol. 1 - n." 1 - 1.° semestre/75 25

Page 28: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

destino ao estrangeiro, durante essg mesmo período de tempo. Seria suma- mente interessante empreender, com os mesmos métodos, estudos de casos a- nálogos (preferivelmente durante o mes- mo período de tempo) porque com Isso se conseguiria completar o estudo das estruturas Internacionais com toda uma série de análises detalhadas.

Há outras questões que podem dar lunar a pesquisas no plano Internacio- nal, e são as que se referem à elabora- ção de acordos Internacionais e das po- líticas regionais. Assim, os acordos so- bre o direito de autor e o direito de e- xecução tendem a estimular, por melo do leis sobre o direito de autor e de convenções Internacionais sobre o direi- to do autor, o controle da distribuição dos livros e outras formas de proprie- dade Intelectual e artística que favorecem mais aos países industrializados que aos países em vias de desenvolvimento. O estudo crítico dos efeitos destas conven- ções permitiria aos conselhos nacionais, encarregados de formular políticas de in- formação, recomendar uma ação diplo- mática adequada.

As questões da atribuição de freqüên- cias para o rádio e a televisão e a trans- missão das ondas ultracurtas, da co- municação de um ponto a outro por meio de satélite, que são também objeto de acordos internacionais, requerem novas investigações críticas. As normas técni- cas a que estão submetidos os mate- riais dos sistemas de comunicação (por exemplo, a televisão, os cassetes, as fi- tas magnéticas, os fonógrafos, etc.) e o problema da medida em que essas nor- mas tendem a exercer um controle ex- clusivo sobre os aspectos maiteriais e intelectuais dos sistemas, exigem uma análise crítica profunda que seria de grande interesse para os países que quisessem adotar uma estratégia de in- formação na qual interviessem essas inovações tecnológicas. (Uma vez ado-

tado o sistema técnico determinado de informação, a magnitude dos recursos In- vestidos nele constitui uma força pode- rosa que condiciona as opções futu- ras da evolução do sistema). Fazem fal- ta novos estudos críticos, a nível na- cional e internacional, sobre as fontes e as estruturas eventuais de controle, tento internas como externas que levem consigo as decisões de inversão no to- cante aos materiais e ao sistema de co- municação.

A UNESCO, durante o presente exer- cício bienal, empreende estudos em muitos desses campos. Fará um estudo comparativo das políticas de informação seguidas em um certo número de paí- ses europeus. Um "questionário" muito completo destinado a avaliar os aspec- tos econômicos da informação será en- saiado em outros países em coopera- ção com os governos, os órgãos de in- formação e os estabelecimentos de en- sino.

É provável que investigações dessa índole somente possam organizá-las o coordená-las às organizações Internacio- nais e regionais. Assim, além da cola- boração que se deve estabelecer entre or institutos nacionais de Investigação, a cooperação e a coordenação das pes- quisas sobre a Informação a nível in- ternacional devem ser mais estreitas se se quer evitar a duplicação de esforços e obter resultados ótimos. Isto implica uma colaboração ativa entre as insti- tuições internacionais (UNESCO, UIT, etc), os organismos profissionais inter- ricxionais que trabalham nesse campo (melhor, o Instituto Internacional de Rá- dio e Televisão, o Instituto Internacional da Imprensa, o Conselho Internacional do Filme e da Televisão, a Associação Internacional de Investigações sobre In- formação, etc.) e outras organizações internacionais que se ocupam geralmen- te de ciências sociais, mas que se inte- ressam também pelos problemas da in-

26 abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75

Page 29: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

formação (por exemplo, o Conselho In- ternacional de Filosofia e Ciências Hu- manas, o Conselho Internacional de Ci- ências Sociais, etc. — todas são or- ganizações não governamentais que mantêm relações de consulta com a UNESCO) para formar a lista das

questões internacionais e procurar que

sejam examinadas.

Para não desperdiçar esforços, neces-

sitamos saber "quem faz o que se faz",

bem como trocar dados e os resultados

da investigação. Com este objetivo, criou-se já um reduzido número de cen- tros regionais de documentação e de in- formação, especialmente encarregados de fazer investigações sobre a informa- ção, e formou-se o embrião de um in- tercâmbio de informação entre esses centros. À medida que estes centros se desenvolvem, poderão constituir as fon- tes mais importantes de informação para os governos e para os organismos de investigação dos países situadas nas regiões a que eles servem.

IV PARTE

MEDIDAS PRATICAS PROPOSTAS

O Programa Internacional de Investiga- ções, em matéria de comunicação, pro- posto nas seções anteriores do presen- te documento, exige investigações nos níveis nacional, multinacional e interna- cional. Já se tratou na III parte de al- guns métodos que seria possível empre- gar para conseguir uma melhor coorde- nação no nível internacional. Os dois primeiros níveis de investigação, o na- cional e o multinacional exigem um es- tudo mais detido.

A Investigação no nivel nacional

É evidente que um esforço de coope- ração, destinado a estabelecer um pro- grama integrado e a longo prazo de in- vestigações em matéria de comunicação, que servisse para os dirigentes, como a- quele que se propôs, não pode ser pos- to em prática sem que os governos re- conheçam sua necessidade e sem que so decidam a tomar parte ativa na ela- boração de suas estruturas, de sua co-

ordenação e no financiamento da inves- tigação.

O número e o tipo de instituições que se ocupam de investigações em matéria de comunicação varia consideravelmente de um país para outro. Freqüentemente os vínculos estruturais que os unem não estão bem definidos. Os departamentos de produção e de investigação dos ór- gãos de informação, os professores de ciências sociais das universidades, os serviços de investigação dos ministérios de desenvolvimento econômico, de infor- mação, de comunicação e de educação, os serviços de estatística, etc, devem coordenar seus esforços e dirigi-los pa- ra o estudo que se faça da totalidade do processo de comunicação. Quais são as medidas práticas possíveis que se po- dem tomar para realizar essa coordena- ção e essa orientação?

Do imediato, cada governo deveria criar um conselho nacional da política de informação, que estaria especialmen- te encarregado de organizar, coordenar e controlar o programa de investigação.

abepec, vol. 1 - n." 1 - 1.° semestre/75 27

Page 30: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

Esse conselho poderia ter caráter con- sultivo a ser encarregado de apresentar seguidamente informes aos organismos responsáveis pela tomada de decisões; poder-se-ia também cometer-lhe funções executivas. Em principio, deveria estar constituído por dirigentes da política, administradores, jornatistas e investigado- res especializados em informação. Estes últimos poderiam constituir um subgru- po, quer dizer, um "comitê de investi- gação sobre a comunicação, que seria interdisciplinar e estaria encarregado de coordenar todos os aspectos da formu- lação da política em matéria de comu- nicação que se relacionem com a inves- tigcção. Se não se cria um organismo nacional para o desenvolvimento e a in- vestigação sobre comunicação, ou não se encarrega oficialmente dele um or- ganismo já existente, não se poderá, cer- tamente, nem coordenar nem levar a ter- mo as investigações necessárias.

Em muitos países, o conjunto da es- trutura científica em matéria de comu- nicação é possível que seja atualmente demasiado fraca para realizar as inves- tigações necessárias. Pode ser que não haja suficientes instituições capazes de levar a cabo um trabalho prático, ou que faltem investigadores bem preparados. Pode ocorrer que não haja nenhuma re- lação institucional entre os organismos de investigação e os serviços governa- mentais, ou entre os organismos de in- vestigação e as instituições de financia- mento. Esses aspectos poderiam cair dentro da competência do conselho na- cional. O "peso" do conselho, que re- forçaria os laços entre a investigação, a política de informação e o desenvolvi- mento nacional, poderia fazer com que se obtivesse mais facilmente os recursos necessários, por sua vez, para a cria- ção e o funcionamento dos organismos e das unidades de investigação sobre os meios de informação, para pôr em prática os programas a longo prazo ne-

cessários para o planejamento da co- municação em seu sentido mais amplo.

As comissões nacionais da UNESCO poderiam desempenhar aqui um papel importante. Um certo número delas já criou comissões de informação,8 algumas das quais propagam ativamente as idéias ligadas à investigação e à política da comunicação enunciadas no programa da UNESCO.

Assim, no que diz respeito à propos- ta de formar inventários dos recursos em matéria de comunicação, que é de inte- resse direto para os programas de in- vestigações nacionais e internacionais, a UNESCO pode ajudar a preparar o "questionário" básico. Por outra parte, as comissões nacionais, em cooperação com os serviços nacionais de planeja- mento, os serviços de estatística, os con- selhos científicos, as associações pro- fissionais e os organismos de investiga- ção de seus países poderiam servir de instrumento para reunir os dados nacio- nais procedentes de diversas fontes e para reagrupá-los com fins de tratamen- to e de comparação em escala regional e internacional. Este último aspecto — isto é, produzir dados comparáveis, com o objetivo de estabelecer índices de de- senvolvimento e modelos de sistemas de informação — já está previsto dentro do programa a longo prazo da UNESCO. Mas não se pode realizar com êxito sem a plena cooperação dos organismos na- cionais.

O Escritório de Estatística da UNESCO já tem desempenhado um papei impor- tante, recolhendo os dados relativos à informação, comunicados pelos Estados membros para o Anuário Estatístico da UNESCO (publicado cada ano) e a pu- blicação Uinformation à travers le Monde — World Coinmunicatlon.9 Todavia, se se quer examinar o processo completo de comunicação no nível internacional, deve- se pensar em outros aspectos quantita- tivos e qualitativos dos meios de infor-

28 abepec, vol. 1 - n." 1 - 1.° scmestre/75

Page 31: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

mação nacionais. Assim, efetuando in- vestigações para formar um inventário com fins de planejamento nacional (co- mo se propõe no Anexo I), dar-se-á tam- bém um passo Importante para a cons- tituição de um quadro mais completo dos sistemas de comunicação no mundo.

A UNESCO está disposta a oferecer aos Estados membros dados e assistên- cia no que diz respeito à normalização internacional das estatísticas sobre co- municação.

Investigação comparada regional e multinacional

Na II parte do presente documento propõe-se estabelecer um programa mul- tinaclonail de Investigações comparadas com o tema "A Informação e a Idéia que o homem tem da sociedade". Já se fez referência ao fato de que multas das atividades dos organismos de Investiga- ção sobre os meios de Informação, ori- entados à prestação de serviços, são pouco adequadas para entrar neste pro- grama. Mas também é duvidoso que em sua forma atual as universidades e os demais estabelecimentos de ensino supe- rior representem estruturas Ideais para realizar este tipo de investigações, da- da a estrutura vigente nesses organis- mos. É de lamentar que, em geral, as políticas relativas ao financiamento da pesquisa nas universidades estejam an- tes de mais nada subordinadas às exi- gências do ensino que se dá aos alunos que buscam um diploma e à obtenção de qualificações de investigação por parte dos graduados. O financiamento da investigação em todas as ciências sociais se faz geralmente a curto prazo e tem um caráter individualista; freqüen- temente sua condição básica é a Idéia tradicional que tem o professor universi- tário médio da combinação ideal de en- sino e de pesquisa. Nestas condições, o

estudo a longo prazo. Integrado s inter- discipllnar, que exige o programa esbo- çado na II parte, é praticamente Impos- sível.

É difícil falar em termos de estruturas Ideais, mas pode-se recomendar, sem va- cllação, que todas as pessoas em conoi- ções de influenciar a política de Investi- gação (administradores, conselheiros em meios de Informação, fundações, associa- ções profissionais, etc.) debatam ao menos as questões seguintes, antes de formular sua política de Investigação: Qual é o melhor destino que se deve dar aos recursos para resolver deter- minados problemas sociais?

Neste programa se destacam, assim, três linhas de ação:

a) Estabelecer vínculos de colaboração entre os organismos especializados de investigações sobre a comunicação que já dispõem dos recursos financeiros e intelectuais, necessários para tais estudos interdlsclplinares a longo prazo, basea- dos no trabalho de equipe, com o obje- tivo de empreender programas parale- los, baseados num esquema comum. Atualmente há poucos organismos desta classe no mundo e cada um sabe o que fazem os demais. Esta cooperação en- tre organismos deveria ser reforçada pe- las Instituições Internacionais e pelas as- sociações profissionais. Programas de investigações em comum bem sucedidos poderiam obter mais facilmente o apoio dos organismos de financiamento. b) Faz falta um número maior desses ornanismos especializados de Investiga- ções sobre a comunicação, tanto para o desenvolvimento nacional como para a Investigação internacional. Uma vez definidas as tarefas de Investigação e as "lacunas" institucionais que não as deixam levar a cabo, será preciso criar organismos especializados, capazes de realizar o trabalho necessário. Em al- guns casos é possível pedir a assistên- cia técnica e o assessoramento interna-

abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75 29

Page 32: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

cionais ou bilaterais para ajudar a esta- belecer as estruturas institucionais apro- priadais e a formar o pessoal de inves- tigação necessário. A UNESCO está dis- posta a prestar para tanto seu concur- so. c) Nalguns casos pode ser necessário que esses organismos especializados de investigação sobre a informação assu- mam uma função regional, que consis- te em prestar apoio aos centros nacio- nais, facilitando-lhes um assessoramen- to especializado suplementar que não encontrariam facilmente no lugar (ou substituindo-os onde não existam), é

muito difícil encontrar hoje planejadores da informação e analistas de sistemas de comunicação qualificados, assim como organizadores de investigação criativa capazes de adaptar os métodos e as técnicas de pesquisa ao ambiente cultu- ral e às condições locais. Os cen- tros regionais de investigação e de planejamento poderiam ajudar os con- selhos nacionais de poKtica e de in- vestigação, colocando à disposição dos países esses especialistas, encarregados de trabalhar com as "equipes nacionais" o de formar os seus homólogos dentro dessas equipes. As reuniões regionais, dedicadas à política da comunicação, que se devem celebrar em breve deveriam estudar urgentemente a necessidade de criar esses centros regionais de investi- gação sobre comunicação e de propor medidas adequadas para isso.

Em resumo, este deveria ser, logi- camente, o caminho para lançar e levar à prática este programa internacional de investigação:

a) Que os governos, os órgãos de infor- mação e as instituições despertem para a necessidade urgente das in- vestigações sobre comunicação.

b) Ação das comissões nacionais da

UNESCO e outros organismos para fazer compreender bem esta neces- sidade de investigação aos ministé-

rios responsáveis pelo desenvolvi- mento econômico e social e pela formulação das políticas.

c) Criação em cada país de um conse- lho nacional que ajude a coordenar as investigações necessárias.

d) Dotação de recursos de desenvolvi- mento para a investigação sobre co- municação como parte integrante do planejamento do desenvolvimeno na- cional.

e) Análise das possibilidades do país em matéria de investigação (para os tipos de investigação necessários) e, se fosse o caso, criação de organis- mos capazes de empreender as inves- tigações requeridas.

f) Coordenação, por meio das organiza- ções internacionais e das associa- ções profissionais, das investigações sobre as estruturas e as políticas dos meios de informação internacionais.

g) Ações em comum empreendidas pe- los organismos internacionais e bila- terais, organismos de financiamento, etc, com o objetivo de alcançar que a comunicação internacional se- ja convenientemente estudada e de ajudar aos países a estabelecer ou a desenvolver as estruturas institu- cionais necessárias para a investiga- ção sobre comunicação.

h) Criação de redes internacionais e na- cionais para a compilação e o inter- câmbio de dados sobre a comuni-

cação. i) Estabelecer vínculos de cooperação

entre os institutos nacionais de in- vestigação para fomentar as inves- tigações internacionais que tenham por tema "Os meios de informação e a idéia que o homem tem da so- ciedade".

j) Criação de centros regionais espe- cializados na investigação e no pla- nejamento em matéria de comunica- ção para ajudar a pôr em prática e a coordenar os programas nacionais e regionais.

30 abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75

Page 33: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

NOTAS

1 _ Foi elaborado pela Secretaria da UNESCO com a ajuda de um grupo Internacional de consultores sobre as Investigações acerca da comunicação, que se reuniu em Paris, en- tre 19 e 26 de abril de 1971 (Veja-se o Anexo II).

2 — Ao dizer grandes meios de Informa- ção, entende-se todas as indústrias que propor- cionam serviços ou produtos para os grandes meios de comunicação. Figuram entre eles Oi jornais, as revistas, os livros, o rádio, a tele- visão, os discos, as fitas magnéticas, os cas- setes, os livros em quadrinhos, a publicidade externa e, por correspondência, as grandes re- des das agências de noticias, as cadeias de microondas, etc.

3 — As Investigações sobre a comunica- ção podem também desempenhar um papel ca- pitai, indicando a maneira de ativar a comu- nicação nos setores da sociedade onde maior falta faz "estimular o desenvolvimento" e que são precisamente aqueles nos quais a partici- pação nos assuntos públicos é mais limitada. Isto é o que sucede com a população rural em muitos países.

4 — A análise do conteúdo não bastará pa- ra determinar todos os fatores e deverá ir acompanhada de uma comprovação das pre- ferências do público pelos diversos meios de comunicação e mensagens. Além disso, a in- vestigação que comparasse os sistemas de va- lores do público com os comunicados pelos órgãos de informação estabeleceria um para- lelo importante para o estudo.

5 — Rádio; televisão; telex e difusão ele- trônica de informações Impressas.

6 — Escolas primárias e secundárias; en- sino superior infra e extramuros; formação de pessoal docente e sua readaptação no exercí- cio; educação dos adultos rurais, orientação profissional, criação de um ambiente cultural, cívico e educativo favorável ao desenvolvi- mento.

7 — Centros de Documentação para a In- vestigação sobre a Comunicação: Center for Mass Communication Research, University of Leicester, United Kingdom; The East-West Center, Honolulu, Hawall; Scandinavian Com- munication Documentation Center, Swedish Broadcasting Corporation, Stockholm; Cen- tre Internacional d'Eselgnement Superleur de Journaiisme, Strasbourg; Asian Mass Commu- nication Research and Information Centre, Singapure; Centro Internacional de Estúdios Superiores de Periodismo para América La- tina, Quito, Equador; University of the Phi- iippines, Quezon City.

8 — Tendo em conta a crescente impor- tância da informação no desenvolvimeno nacio- nal — possível que outras também queiram criar subcomissões dessa Índole.

9 — Primeira edição em 1950; revisada em 1951, 1956, 1964; a revisar em 1972.

10 — No questionário estatístico da UNES- CO sobre os meios de informação (STC/ Q/703, março de 1970) figura uma lista dos conteúdos por categorias.

ANEXO I

INVENTARIO DE DADOS BÁSICOS PARA A INVESTIGAÇÃO EM MATÉRIA DE COMUNICAÇÃO

Entre as estatísticas básicas sobre os meios de informação que figuram no A- nuário Estatfstico da UNESCO e nos pro- gramas de investigação sobre informa-

ção que tratam dos processos, subsiste uma lacuna. No interesse da investiga- ção, do pfanejamento e da formulação de políticas da comunicação, faz falta

abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1,° semestre/75 31

Page 34: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

preencher esta lacuna, elaborando esta- tíscas secundárias e facilitando mais informação básica sobre as instituições, os informadores, o conteúdo da informa- ção, a composição da clientela e sobre a Importância e a utilização dos diver- sos meios de informação. Em conse- qüência, o inventário aqui proposto não está destinado somente a facilitar esta- tísticas do tipo tradicional. É recomen- dado Incluir nele, sempre que possível, dados sobre o comportamento profissio- nal, assim como dados que descrevam o conteúdo da informação.

O inventário descritivo dos diversos aspectos da comunicação de massa não se deve formar de uma só vez e de for- ms definitiva, mas há de ser atualizado a intervalos regulares com o objetivo de Indicar as tendências e as mudanças. As tendências devem ser assinaladas junto com os novos dados e devem ser registradas sempre que conveniente.

A coleta de dados para esse inventá- rio far-se-á forçosamente, sobretudo em nível nacional, mas é indubitável que facilitará também uma base útil para compilar os dados indispensáveis à in- vestigação a nível internacional. A es- te respeito, é provável que organiza-

ções internacionais, como a UNESCO, organizem uma compilação de dados nacionais, recolhidos com o objetivo de constituir um inventário internacional de fatos básicos comparáveis em matéria de comunicação de massa.

O Inventário que se propõe mais a- diante divide-se em três partes (I — sistemas de produção e de difusão; II — conteúdo da Informação; III — consumo e utilização), compreendendo cada par- te uma proposta relativa às estatísticas básicas quantitativas e algumas seções compltementares (com dados não quan- titativos e propostas de investigações complementares).

O inventário que se propõe não con-

tém mais que os indicadores Importan- tes de caráter geral e pretende menos ser completo que formular sugestões. Naturalmente, os Indicadores, pelo pró- prio caráter geral, deverão ser precisa- dos e adaptados às necessidades na- cionais particulares.

Lista de indicadores

1 — SISTEMAS DE PRODUÇÃO E DE DISTRIBUIÇÃO

Nívei A — Dados quantitativos essenciais sobre:

1. Financiamento dos meios de Infor- mação, em dinheiro (orçamento anual) e distribuído segundo:

— o meio de informação (rádio, tele- visão, agências de notícias, etc).

— o sistema de propriedade (privada, do Estado, de uma organização; na- cional, estrangeira. Internacional)

— as fontes de receita (propaganda, assinaturas, venda, subvenção, etc).

2. O pessoal medido em número de empregados (segundo os diferentes cargos e o nível de formação), ten- do em conta:

— o melo de informação; — a forma de propriedade de que se

trate. 3. Volume da produção e da distribui-

ção dos diversos meios de Informa- ção e o grau de sua concentração, medido segundo:

a) o número de emissoras e de emis- sões de rádio ou de televisão e pro- gramas, o número de jornais, revis-

tas, etc; b) a superfície impressa, á tiragem, as

horas de transmissão, etc;

c) a porcentagem de população a que podem chegar os sistemas de distri-

buição; d) o número de receptores de rádio o

de televisão, lugares de cinema, etc;

32 abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75

Page 35: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

e) quantia de patentes e preço dos jor- nais por número, etc, em relação ao ganho médio por habitante, se- gundo:

— o meio de informação, — a forma de propriedade do meio de

informação do qual se trate.

Nível B — Caracteres essenciais não quantitativos dos meios de informação nacionais (e internacionais) no que diz

respeito a:

1. a condição jurid!ca; 2. o sistema de propriedade, de con-

trole e de financiamento; 3. a estrutura orgânica, a gerência e a

administração; 4. o equipamento (meios técnicos, co-

mo impressoras, estúdios, etc):

5. as condições de distribuição (servi- ços de correios, características geo- gráficas da distribuição nas diversão regiões do país e em relação à sua população);

6. a formação do pessoal (natureza da formação, ilnstitutos de formação, etc).

Nível C — Investigações que podem completar os dados básicos sobre:

a) a situação econômica e social dos "informadores";

b) o processo de tomada de decisão no que diz respeito à produção de in- formações; programação, revisão de textos, métodos de cômputo do pú- blico;

c) os sistemas de valores reais dos "informadores";

d) os códigos deontológicos — como se cumprem na prática;

e) o papel dos informadores na socie- dade (visto por eles próprios e pe los demais);

f) as motivações que estimulam a en- trar na profissão;

g) os critérios aplicados à seleção de pessoal e o sistema de acesso.

II — CONTEÚDO DA INFORMAÇÃO

Nível A — Dados quantitativos essenciais sobre:

1. O conteúdo da informação, medido em espaço e em tempo, segundo as classes de conteúdo que podem ser universalmente aceitas, isto é, cate- gorias referentes a: a) a origem da documentação (na-

cional, estrangeira, etc); b) o autor (jornalista, especialista,

homem político, etc); c) o assunto (assuntos internos, de

política estrangeira, de econo- mia, de cultura, etc);

d) o objetivo (informação pura, edu- cação, diversões, publicidade,

etc); e) o público ao qual se dirige (crian-

ças, donas - de - casa, juventude, etc; nacional, regional, interna- cional).

(Parece conveniente elaborar uma "clas- sificaição" das categorias ao nível interna- cional tendo em conta os sistemas exis- tentes).^

As indicações (a-e) dar-se-ão para: — cada meio de informação; — cada forma de propriedade.

Nível C — Investigações aptas a completar os dados básicos sobre:

1. a análise do conteúdo referente a: a) os valores (morais, estéticos, cul-

turais); b) a imagem (nacional, racial, pro-

fissional, etc); c) a maneira de apresentar o as-

sunto (de um só ponto de vista ou de múltiplos pontos de vista).

2. Legibilidade e inteilgibilidade da in- formação em relação ao nível de ins- trução do público ao qual se dirige.

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 33

Page 36: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

III — CONSUMO E UTILIZAÇÃO

Nivel A — pados quantitativos essenciais sobre:

1. O tamanho do público em relação à população e aos grupos de popula- ção que se atingem efetivamente com os meios de informação (separada- mente ou em conjunto).

2. A composição de cada público, me- dida em porcentagem da clientela total dos meios de informação (se- paradamente ou em conjunto).

3. A freqüência dos períodos de expo- sição aos diferentes meios de infor- mação, medidos em intervalos de tempo.

4. A duração da exposição aos meios de informação, medida em unidades de tempo.

5. A utilização especifica segundo os diversos tipos de conteúdo (confira II — Conteúdos).

6. O "não público". Características e descrição dos grupos de população

aos quais não chegam os meios de informação, ou que permanecem pas- sivos no que diz respeito a certos meios particulares, ou a certos ti- pos de programas (por exemplo, pro- gramas dedicados à informação, à educação, à cultura, etc).

Nivel C — Investigações aptas a completar os dados básicos sobre o público:

1. As preferências pelos diversos meios de informação e pelos conteúdos da informação (credibilidade, interesse,

etc). 2. As preferências dadas aos diversos

meios de informação segundo suas funções (informação, expressão de o- piniões, diversões, etc).

3. A imagem dos diversos meios de in- formação no público (imagem espe- cífica dos jornais, estações de rádio, etc, ou de um meio de informação

determinado).

ANEXO II

GRUPO DE CONSULTORES PARA A INVESTIGAÇÃO SOBRE COMUNICAÇÃO

19-26 de abril de 1971 Lista de participantes

Dr. Luis Beitrán Diretor do Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas Centro Interamericano de Desenvolvi- mento Rural e Reforma Agrária Caixa Postal 14592 BOGOTÁ — Colômbia

Dr. S. O. Biobaku Vice-Chanceler da Universidade de La- gos LAGOS — NIGÉRIA

Dr. Nabil Dajani Ministério de informação da Universida- de Americana de Beirut BEIRUT-LÍBANO

Prof. James Halloran Diretor do Centro de investigações so- bre Comunicação da Universidade de Leicester LEiCESTER — REINO UNIDO

Prof. Tomo Martelanc Faculdade de Sociologia, Ciência Po-

34 abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75

Page 37: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

lítica e Jornalismo da Universidade de Liubliana LUIBLIANA — IUGOSLÁVIA

Dr. Kaarle Nordenstreng Diretor de Investigação e Planejamento a longo prazo Companhia Finlandesa de Radiodifusão Helsinki, 26 FINLÂNDIA

Dr. Walery Plsarek Diretor do Centro do Investigações so- bre a Imprensa Rynek Glowny 23/11 CRACÔVIA — POLÔNIA

Dr. Y. V. L. Rao Diretor do Centro Asiático de Grandes Meios de Comunicação, Informação e Investigação (AMIC)

Hotel Ming Court Tangiin Road SINGAPURA — 10

Sr. Plerre Schaeffer Diretor do Serviço de Investigação da Radiodifusão e Televisão Francesa Centro Bourdan 5, Avenue du Recteur Poincaré PARIS XVI — FRANÇA

Prof. Dallas Smythe Professor para estudos de graduados Universidade de Saskatchewan REGINA — CANADA

RELATOR Dr. Elisabeth Noelle-Neumann Diretor do Institut für Demoskopie ALLENSBACH — REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA

abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75 35

Page 38: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

políticas y planeamiento de Ia comunicación*

UNESCO

ai Director General "a ayudar a los Es- tados Miembros a formular sus políticas relativas a los grandes médios de infor- mación". (2)

1.3 — Como ei asunto es nuevo y de gran importância, ei primer paso para Ia acción futura es dilucidar de qué se tra- ta- La Reunión de Expertos en Políticas y Planeamiento de Ia Comunicación se convoco para que Ia Organización y sus Estados Miembros pudiesen adquirir una clara comprensión de Io que significan Ias políticas y ei planeamiento nacionales de Ia comunicación.

1.4 — La finalidad de Ia reunión era determinar Ias consideraciones que susci- tan el interés dei público por Ia comu nicación, definir el alcance y los limites de Ias políticas y dei planeamiento de Ia comunicación, e indicar Ias formas en que pueden llevarse a Ia práctica en el ní- vel nacional. Reconociendo Ias grandes di- ferencias en Ia situación social y econômi- ca así como en los sistemas políticos a través dei mundo. Ia reunión no trato de proponer un solo método, sino de indicar los factores fundamentales que había de considerar dentro dei contexto concreto de cada país. En vista de Ia novedad dei te- ma. Ia reunión quiso limitarse a una ini- ciación y procuro evitar en esta etapa de- masiada complejidad en ei nível concep- tual y excesivo detalle en Ias cuestion?s prácticas, dejando para futuros estúdios u- na exploración más detallada de Ias com- plicaciones dei proceso de planeamiento.

1.5 — Asistieron a Ia reunión 21 parti- cipantes de 20 países (3) que represen-

* Informe da reunião de peritos, realizada pela UNESCO em Paris, de 17 a 28 de julho de 1972, sobre o tema "Políticas e planejamento da comunicação".

1 — PREFACIO

1.1 — "La principal idea nueva que ca- racteriza el programa de Ia información es Ia de una política nacional de Ia co- municación cuya concepción original y sus importantes consecuencias se exponen con claridad en Ia introducción ai capítu- lo. La inclusión de esa idea en el Sector termina ei movimiento que, comenzando con el planeamiento de Ia educación hace doce anos, ha orientado progresivamente Ias diferentes partes dei programa bacia Ia promoción de una sistematización de Io"; esfuerzos nacionales en Ias esferas de com- petência de Ia Unesco en función de fints determinados, es decir de una política que forma parte integrante de una planifica- ción sintética dei desarrollo total. Con ello, el último sector en ei que aún no ha- bía intervenido Ia que he titulado Ia "*• sistencia técnica política" se encuentra en Io sucesivo abierto a una acción en pro- fundidad de Ia Organización, comparable a Ia que se desarrolla en grados diferentes de interiorización en los demás sectores. Es evidente que ei actual Proyecto de Pro- grama no constituye sino un primer paso en ese sentido y que los progresos serán lentos y difíciles. Pero merece scnalar-sc el hecho mismo de ese primer paso, ya que se trata de una innovación que puede te- ner considerables consecuencias". (1)

1.2 — La importância de un método pla- nificado para Ia comunicación en Ia so- ciedad y Ia necesidad de políticas nacio- nales de comunicación fueron temas cen- trales de Ias deliberaciones de Ia 16a. reunión de Ia Conferência General de Ia Unesco en 1970. La Conferência autorizo

36 abepec, vol. 1 - n." 1 - 1.° scmestre/75

Page 39: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

taban a una amplia gama de especialida- des: radiodifusión (directivos, productores y formadores, tanto de empresas públicas como privadas); prensa y agencia de no- ticias, aplicación de Ia comunicación ai desarrollo rural; tecnologia de Ia educación, administración gubernamental con referen- cia especial ai planeamiento de Ia comuni- cación; investigaciones sobre los médios de información; economia, tratamiento de da- tos, etc.

1.6 — Fue elegido Presidente ei Prof. Ka- arle Nordenstreng. La Unesco nombró ei Relator (Dr. Henry Cassirer). Después de un debate general en sesión plenária so- bre los princípios y problemas fundamen- tales, 11 grupos de trabajo estudiaron di- ferentes aspectos dei asunto y sus infor- mes se analizaron y se unificaron en Ias últimas sesiones plenárias.

1.7 — Este informe refleja unicamente los puntos fundamentales examinados en Ias sesiones plenárias. A princípios de 1973, aparecerá en Ia serie "Etudes et do- cuments d'information — Reports and Pa- pers in Mass Communication" una publi- cación más detallada que incluirá mu- chas de Ias consideraciones más prácticas sobre formulación de políticas y mecanis- mos de planeamiento (contenidas tanto eu los documentos de trabajo de Ia reunióa como en los informes redactados por los grupos de trabajo). Mientras tanto, se es- pera que si este documento llega a ma- nos de los encargados de formular Ia po- lítica relativa a asuntos de comunicación y a los funcionários de los ministérios de planeamiento dei desarrollo econômico y social, despertará su interés y les ayuda- rá a comprender Ia importância de Ia co- municación dentro de todo ei proceso dei desarrollo econômico y social.

2 — EL PROBLEMA

2.1 — La comunicación es indispensable

para ei esfuerzo dei hombre por mejorar Ia calidad de Ia vida. Afecta a su produc- tividad, a su expresión personal y a sus necesidades y vínculos sociales.

2.2 — En los países menos industrializa- dos, Ia principal tarea es aumentar Ia par- ticipación de Ia población en los asuntos econômicos y nacionales, mejorar sus cono-

cimientos teóricos y prácticos, fundirlos en un sentimiento nacional y permitirles en- contrar su identidad cultural y personal en ei esfuerzo encaminado ai desarrollo nacional. Sin Ia comunicación, sin ei pleno empleo de los modernos médios de infor- mación junto con formas más tradiciona- les de comunicación social, hay poças es- peranzas de alcanzar objetivos urgentes en un curto tiempo especialmente cuando en ei esfuerzo participan muchos millones de personas. En Ia actualidad, los encargados de Ia política y los ciudadanos de esos paí- ses han de prestar suma atención a Ia fun- ción que Ia comunicación desempena hoy dia en Ia sociedad y estudiar en qué forma Ia comunicación puede contribuir mejor a todos los aspectos dei desarrollo nacio- nal.

2.3 — En los países más industrializados. Ia tecnologia de Ia comunicación está en ei centro de una revolución que trastor- na muchas instituciones existentes. Puede permitir que cada 'ciudadano disfrute o carezca de oportunidades más baratas y variadas de escoger Io que desea ver, es- cuchar o leer, y de expresar sus opiniones a los demás, pero tambiém pone en peli- gro valores sociales y modos de vida tra- dicionales.

2.4 — Todos los países, tanto desarrolla- dos como en vias de desarrollo, participan en debates y problemas prácticos de largo alcance que no solo afectan a los médios futuros de Ia comunicación humana sino a Ia naturaleza de Ia sociedad misma. Sin embargo, hasta ei presente, no se reconoce Io suficiente que Io que hace falta son políticas y planes consecuentes que pue- den abarcar todas Ias esferas principales en Ias que Ia comunicación reviste gran importância. Los benefícios que pueden obtenerse de considerar como un todo Ias diferentes actividades de comunicación de Ia nación y de proyectarlas en ei futuro en función de Ias necesidades de Ia socie- dad y dei indivíduo justlfican un esfuerzo vital y urgente.

2.5 — Ninguna sociedad puede existir sin Ia comunicación. Sin embargo, en ei mundo contemporâneo, los médios de in- formación a causa de su rápido crecimien- to y de su profunda penetración asumen una nueva función. Se han constituído en instrumentos esenciales de Ia sociedad para organizarse a si misma, juntamente con Ias instituciones y Ias vias políticas y admi-

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 37

Page 40: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

nistrativas. Los médios de coraunicación forman hoy parte dei "gobierno" de Ia so- ciedad, entendiendo por gobierno no solo Ia función ejecutiva, sino ei instrumento para Ia participación democrática en los asuntos públicos. La comunicación se ha convertido en un asunto de importância y de preocupación públicas.

2.6 — Los encargos de formular Ia polí- tica reconocen cada vez más que, ai asig- nar los recursos naturales y sociales, ias políticas orientadas hacia ei futuro ya no pueden permitirse ignorar por más tiempo Ia dimensión de Ia comunicación. En ma- téria de "productividad", presenciamos, es- pecialmente en Ias naciones altamente in- dustrializadas, que Ia atención se va des- plazando de Ia producción y distribución de "energia" a Ia de "información". Una parte cada vez mayor dei producto nacio- nal bruto se dedica a actividades que de- penden esencialmente de Ia existência de una infraestructura de comunicación. Las industrias de Ia comunicación y de Ia ges- tión, ei tratamiento y Ia transformación de Ia información están en rápido crecimiento. En algunos países. Ia industria de los mé- dios de información puede producir por si sola ei 30/o dei producto nacional bruto, Io que representa más que Ia contribucióa de muchos de los tipos tradicionales de actividad industrial. Incluso los países me- nos desarrollados, están mucho más orien- tados hacia Ia información en Ia organiza- ción en que alcanzaron un nivel compa- rable de desarrollo y de edificación na- cional.

2.7 — Si no se adopta un "critério global" de Ia comunicación ni se examinan las po- líticas actuales y futuras de comunicación y, cuando proceda, se traducen en planes, se puede incurrir facilmente en despilfar- ros. Como Ia comunicación es tan obvia- mente penetrante se acepta con demasiada frecuencia que Ia comunicación efectiva ocurre de una manera espontânea y necesa- ria. Sin embargo, ei proceso de Ia comu- nicación humana en Ia sociedad moderna puede fallar porque depende mucho actual- mente de numerosos factores técnicos, ma- teriales, jurídicos y orgânicos, que se deri- van de las políticas oficiales y que exigen una participación directa dei público.

2.8 — Tanto Ia sociedad como ei indiví- duo necesitan mayor coherencia entre las políticas y las actividades de los diferen- tes subsistemas de comunicación junto con

políticas y planes que garanticen Ia diver- sidad. Es inevitable que haya tensiones y contradiciones, que con frecuencia son más fáciles de reconciliar en una sociedad de abundância con vias de comunicación y de educación más diversas. Sin embargo, bajo las restriciones de escasos recursos, una po- lítica de comunicación coherente adquiere una importância particular. No se trata de buscar una sola política, sino un marco para diferentes políticas, adaptadas a las condiciones concretas de cada sociedad y a las necesidades de su población.

2.9 — En muchos países, los encargados de Ia política se enfrentan con múltiples dilemas que a menudo toman Ia forma de controvérsias entre ei ideal y Ia realidad, que han de resolver bajo ei epígrafe de "política de comunicación". Damos algu- nos ejemplos de los dilemas que han de tener en cucnta los encargados de formu- lar y de planificar a política de comunica- ción. a) ( Como reconciliar ei derecho a Ia

libre información con ei derecho dei indivíduo a su vida privada?

b) i Como compaginar ei derecho dol indivíduo a tener acceso a toda Ia cul- tura mundial con ei derecho de las culturas nacionales a resistir a su de- saparición por influencias extranjeras?

c) ; Como establecer ei derecho humano a Ia "igualdad de acceso a Ia infor- mación" cuando los médios tienden a orlentarse hacia las ciudades y Ia lagu- na existente en matéria de información entre países desarrollados y en vias de desarrollo tiende a ensancharse?

d) Idealmente, los médios deben ser los lazos de Ia sociedad y vehículos abier- tos de cultura, educación, información y ocupación dei tiempo libre, pero en Ia realidad los médios se consideran a menudo como empresas comerciales o como instrumentos políticos.

e) Por una parte, se sostiene que los mé- dios de información reflejan los valo- res y las normas de Ia sociedad y por otra se ve que imponen valores y que embotan Ia sensibilidad dei público ha- cia Ia violência y ei desenfreno-

f) Si bien las posibilidades tecnológicas sugieren un amplio aumento dei nú- mero de cauces de información, allí donde esa proliferación se ha realizado, a menudo ei resultado ha sido Ia "unani- midad de todos los cauces en ei nível inferior" de contenido.

38 abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75

Page 41: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

g) Puesto que se reconoce que los trans- misores de información son los "media- dores" de Ia sociedad moderna j como puede corregirse Ia falta cada vez mayor de compenetración entre esos transmisores y Ias necesidades reales de los grupos sociales a los que sirven? I Aportan realmente Ias definiciones comerciales de noticias y de valores culturales una contribución positiva a Ia verdadera compresión de Io que pasa en ei mundo?

h) Si bien existe actualmente Ia posibili- dad técnica de una distribución más amplia de mayor variedad de informa- ciones que nunca y de un intercâmbio mucho más rápido de datos, así como una aceleración dei desarrollo j como puede armonizarse esto con Ias posi- bilidades de "contaminación mental'', es decir, Ia inutilidad de gran parte de esa masa de Información para muchos públicos? í Será necesario crear médios institucionales para traducir datos bru- tos a términos comprensibles y utiliza- bles?

i) Se considera que ei satélite de comu- nicaciones ofrece Ia posibilidad dei libre acceso a Ia información y a Ia educa- ción en una escala internacional, pero igualmente puede servir de base para un "nuevo colonialismo de informa- ción" y un "imperialismo cultural" si rapidamente no desapareceu Ias ten- dências bacia Ia comunicación en un solo sentido.

j) En Ia mayor parte de los pueblos y de los países existe un deseo innato de médios de información que ofrezcan 1^ máxima diversificación de opiniones y puntos de vista y, sin embargo, en ei mundo moderno. Ia tendência econô- mica parece apuntar hacia Ia concen- tración de propiedad y a Ia reducción de los cauces de expresión. Quizá los médios de comunicación dei mundo moderno puedan ofrecer una forma posible de establecer un diálogo "ho- rizontal" dentro y a través de Ia so- ciedad ya que seguramente falta en ei momento actual. Sin embargo. Ias es- tructuras de los médios actuales se han desarrollado a partir de sistemas con- cebidos para efectuar una corriente de información y de persuasión vertical desde ei vértice hasta Ia base de Ia sociedad.

k) Por último, dada Ia importância de los médios de información como un

cemento que liga Ia estructura social, Ia necesidad de una política para su utilización y de un planeamiento de sistemas funcionales debe armonizarse con ei temor ai dirigismo autocrático, ia necesidad de cauces para expresar publicamente divergências, ei deseo de participación dei público y Ia necesidad de "médios de comunicación" más de de una mera "transmisión de informa-

2.10 — Dominar Ia influencia de Ia mo- derna tecnologia de Ia comunicación, uti- lizar más ampliamente Ias posibilidades de Ia comunicación en beneficio de Ia socie- dad y para Ia satisfación de Ias necesida- des personales, dar ancho campo a Ia ex- presión creadora de Ia mente humana, tales son los problemas planteados que solo po- drán satisfacerse mediante políticas delibe- radas de comunicación y un cuidadoso planeamiento de Ia comunicación cuando se considere necesario y apropiado. Como ha senalado ei Secretario General de Ias Naciones Unidas, Sr Kurt Waldheim:

"La incapacidad para afirmar Ia supre- macia de Ia política sobre Ia tecnolo- gia es un fenômeno alarmante y cada vez más peligroso dei mundo moderno. Con harta frecuencia, los encargados dei desarrollo futuro de Ia tecnologia conocen insuficientemente ei alcance de Ias consecuencias políticas, econômi- cas y sociales de sus decisiones. Este peligro también existe en ei sector de Ia comunicación. A menos que se su- prima este peligro, ei progreso futuro en ia esfera de Ia comunicación puede tener consecuencias iraprevisibles e in- deseables desde una perspectiva nacio- nal e internacional más amplia. A me- nudo, tales consecuencias solo pueden modificarse ulteriormente a un costo considerable, si es que se consigue' (28 de marzo de 1972).

3 — LA COMUNICACIÓN EN LA SOCIEDAD

3.1 — En general, se entiende por comu- nicación ei proceso de transporte y de transmisión entre lugares y personas. Para Ias autoridades encargadas dei planeamien- to, esto significa de ordinário ei transporte de mercancias y de personas por tierra, água y aire y Ia transmisión de mensajes por

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 39

Page 42: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

médio de Ias telecomunicaciones. La reu- nión reconoció Ia importância de este con- cepto amplio para su propia consideración de Ia comunicación social (por ejeraplo, Ia falta de carreteras puede subrayar Ia im- portância de Ia radiodifusión que llega ,1 su público independientemente de los ser- vicios de transporte terrestre. La electrifi- cación tiene una influencia directa sobre Ia recepción de Ia televisión, y los servicios postales sobre Ia distribución de publicacío- nes y de materiales audiovisuales).

3.2 — Sin embargo, induciría a confusión tomar ei concepto amplio de Ia comunica- ción como base para un debate sobre Ia co- municación en Ia sociedad tal como Ia con- cibió Ia reunión. Sus preocupaciones parti- culares fueron Ia capacidad de información que necesita Ia sociedad para funcionar eficazmente y Ia circulación de información a través dei tejido social.

3.3 — La comunicación social comprende tanto ei contacto interpersonal y Ia comu- nicación "mediata" en Ia que los servicios técnicos u otros intermediários transmiten Ia información. La comunicación social pue- de producirse espontaneamente entre perso- nas o puede estar organizada y transmiti- da por cauces institucionales- Estos com- prenden no solo los médios de información sino también otras instituciones encargadas de Ia transmisión de información (agentes políticos, servicios de extensión, animado- res culturales, educadores, servicios socia- les) y puedcn estar administrados por cl Estado (gobierno, instituciones públicas, ad- ministraciones nacionales y locales) u or- ganismos no gubernamentales (empresas pri- vadas, cooperativas, asociaciones, etc). Ade- más pueden estar financiadas total o par- cialmente con ingresos comerciales o con fondos públicos, derechos de licencias u otros recursos. Como Ia política y ei pla- neamiento de Ia información requieren di- mensiones mancjables de Ia comunicación solo están indirectamente relacionados con Ia comunicación espontânea y se concen- tran en los sistemas organizados de comu- nicación.

3.4 — La capacidad de información exis- tente en una sociedad depende en parte de su infraestruetura de telecomunicación. En general, ásta ha sido Ia preocupación pri- mordial de los encargados de instalar y ex- plotar Ias redes de comunicación. Sin em- bargo, debido a Ia idea de que esas redes deben financiarse por si solas, si no ren- dir benefícios, ha habido Ia tendência a

S3pVpiS303U S8J B UÇIDUajE S0U3UI JBJSSid

de los sectores de Ia comunicación social que, si bien ofrecen ei mismo interés para ei público, tienen menos posibilidades de ser remuneradores en términos monetários.

3.5 — Entre los diferentes subsistemas de comunicación. Ia reunión presto espe- cial atención a todos los médios de comu- nicación que requieren una infraestruetura técnica. Estos incluyen no solo los que ge- neralmcnte se denominan médios de infor- mación (prensa, agencias de noticias, radio, televisión, cine) sino también edición, tele- comunicaciones (inclusive ei telefono), tra- tamiento y transmisión de datos, así como grabaciones, cassettes y otras tecnologias nuevas.

3.6 — La corriente de comunicación.

La comprensión de Ia comunicación mo- derna debe ir más alia dei modelo verti- cal caduco, es decir, dei concepto de Ia circulación en un solo sentido. Es tan im- portante conocer Io que Ia población de- sea hacer con los médios de comunicación como saber Io que los médios deben ha- cer por Ia población. La corriente de co- municación debe considerarse como un pro- ceso multilateral en ei que no solo uno puede comunicar con muchos sino uno con otro y muchos con uno e muchos con mu- chos.

3 7 — En ei caso ideal una persona debe poder transmitir a otras preguntas y pro- blemas inmediatos precisos surgidos de su ocupación, su vida familiar o su curiosidad intelectual, y debe poder recibir respuestas a tales preguntas por un cauce de comu- nicación apropiado. Los gobiernos comu- nican con Ia población, pero Ia población también busca Ia comunicación con ei go- bierno. La población de una región de un país desea hacerse escuchar en otros luga- res y aportar su propia cultura y sus pun- tos de vista a Ia escena nacional e interna- cional. Las personas buscan expresarse por los cauces de comunicación, y diferentes grupos sociales requieren Ia comunicación con ei resto de Ia población.

3.8 — La corriente de comunicación a tra- vés de las fronteras nacionales adquiere una importância particular en una era en Ia que Ia tecnologia permite una difusión ca- da vez mayor de los programas y en Ia que ei aumento de los costos y de los re- cursos de produeción tienden hacia una con- centración de Ia produeción en menor nú- mero de centros. Mantener Ia corriente

40 abepec, vol. 1 - n." 1 - 1.° semestre/75

Page 43: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

"multilateral" de comunicación en esas nue- vas dimensiones internacionales es un pro- blema de particular interés para ei mun- do contemporâneo.

Funciones sociales de Ia comunicación

3.9 — La conciencia de Ias funciones ge- nerales y a veces contradictorias de Ia co- municación, es un requisito prévio para que los encargados de formular Ia políti- ca hagan un análisis más preciso de los efectos potencialmente positivos o negati- vos que pueden ejercerse con un empleo deliberado de Ia comunicación. En gene- ral, Ia reunión reconoció que, en toda sociedad, Ias principales funciones sociales de los médios de comunicación son Ias si- guientes:

3.9.1 — Información

Todo ei mundo tiene que tomar cotidia- namente decisiones y que asumir respon- sabilidades que exceden de Ias posibili- dades inmediatas de su observación y su contacto personal. Tanto si es un joven labrador como un alto funcionário, requiere "información" sobre cuanto ocurre en tor- no a él y sobre Io que puede ocurrir en ei futuro. Busca senales de los peligros in- minentes e indicaciones sobre oportunida- des remuneradoras- La tarea básica de los médios de comunicación es pues informai- le, ayudarle a mantenerse ai dia en un mundo en rápida evolución, donde los acontecimientos en una parte dei globi pueden tener repercusiones en su país. Pa- ra desempenar su función de transmitir mensajes, senalar peligros o descubrir con- diciones (Ia vigilância dei médio ambiente), los médios de comunicación deben tener acceso ai gênero de información que afecta de un modo vital a Ia existência de los indivíduos en Ia sociedad, mientras que ei indivíduo a su vez pedirá acceso a esta in- formación utilizando los médios de comu- nicación. Por Io tanto, una función pri- mordial de los médios de comunicación de- be ser Ia traducción, para poner Ia infor- mación obtenida de fuentes especializadas (meteorólogos, estadistas, investigadores ci- entíficos, etc.) en forma accesible y com- prensible hasta un punto que sea útil para ei hombre de Ia calle y dei campo. En vis- ta de Ia enorme cantidad de información que aparece cada dia, los médios de comu-

nicación han de actuar como filtros. Los critérios que determinan Ia selección, l.i difusión y Ia presentación de Ias informa- ciones condicionan considerablemente Ia influencia y Ia utilidad de estas.

3.9.2 — Participación social

La participación social no es idêntica a Ia socialización y Ia integración. Tiene un componente activo. La comunicación puede realzar Ia participación personal activa en ei íncesante proceso de ha- cer, mantener y mejorar Ia sociedad nacio- nal y Ia existência pacífica de Ia comu- nidad internacional. Pero también, en otras condiciones, puede ejercer Ia función con- traria de impulsar Ia no participación y Ia pasividad. En este contexto, algunos parti- cipantes concedieron primordial importân- cia a Ia promoción, por médio de los mé- dios de información, de normas y valores básicos que pueden ser comprendidos y adoptados por todos. Se estimo que, para funcionar satisfactoriamente, Ia sociedad requiere Ia formación de una conciencia social basada en Ia comprensión y en Ia aplicación de esas normas no solo por sus miembros actuales sino también por los recién llegados, ya sean ninos o inmigran- tes. Se considero que Ia socialización por médio de Ia adopción de valores comunes era una función primaria de los médios de comunicación. Otros concedieron mayor importância a Ia necesidad de diversidad y de elección personal, aunque no estaban menos interesados en Ia conservación dei vínculo social.

3.9.3 — Conservación e innovación

"Con frecuencia se pide a los médios de información que contribuyan a Ia pre- servación de Ias tradiciones y Ias cul- turas, que recuerden Ias realizaciones y los valores dei pasado y que de esa manera realcen Ia identidad nacional y Ia confian- za social. Sin embargo, ei crecimiento de ia sociedad requiere innovación y los mé- dios de información tienen también Ia fun- ción de presentar otras ideas y valores po- sibles.

3.9.4 Funciones culturales

Los médios de comunicación son una for- ma de expresión cultural por derecho propio, así como vehículos para Ia trans- misión de otras formas culturales. Con

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 41

Page 44: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

frecuencia, constituyen ei único tipo de comunicación cultural accesible a Ia masa de Ia población. Por consiguiente, su fun- ción social consiste en realzar Ias culturas tradicionales y abrir Ia mente a nuevas for- mas y estilos enlazando ei pasado nacional con Ias dimensiones mundiales de Ia cultu- ra humana. En este contexto Ia distracción y ei recreo asumen una importância parti- cular.

3.9.5 — Gobierno

El gobierno no puede funcionar sin co- municación con los ciudadanos en gene- ral y con sus propios órganos administra- tivos en los niveles central y local. Una de Ias funciones sociales esenciales de Ia comunicación consiste en proporcionar cau- ces para una corriente incesante de infor- mación, instrucción, opinión y participa- ción activa desde ei gobierno hacia ei pue- blo y viceversa, así como entre los dife- rentes servicios gubernamentales.

3.9.6 — Administración

La administración, tanto si es de servi- dos oficiales como de empresas indus- triales y comerciales requiere una corriente constante de información para orientar su funcionamiento hacia Ia vasta escena so- cial, para coordinar su acción y para co- municar continuamente con su propio per- sonal. Una sociedad moderna y compleja de industrialización y postindustrialización, en Ia que Ias administraciones públicas de- sempenan un papel cada vez mayor, no puede funcionar sin sistemas de comunica- ción. La administración de Ia industria. Ia agricultura, Ia educación y los servicios so- ciales depende de Ia acción concertada de funcionários dispersos por todo ei pais. La comunicación es esencial para mantener en marcha Ia máquina.

3.9.7 Asuntos econômicos

La comunicación desenpena una función vital en los asuntos econômicos- Los mé- dios de comunicación son empresas eco- nômicas por si mismos y pueden actuar como estimulantes de Ia agricultura y ei comercio, Ia formación de personal y b orientación profesional. La influencia de Ia comunicación sobre Ia produción, gracias a Ia información difundida y ei efecto de su explotación comercial, son funciones so-

ciales esenciales de Ia comunicación que no se limitan a los circuitos constituídos di- rectamente en empresas comerciales (telefo- no, telex, etc), sino que abarcan también Ia información presentada en los médios electrónicos e impresos de gran distribu-

3.9.8 Educación

Los médios de comunicación son educa- tivos tanto si se conciben para ello co- mo em caso contrario, ya que Ia pobla- ción siempre aprende de ellos. Aportan conocimientos y forman valores. Aplicados directamente, pueden inculcar determina- das aptitudes o conocimientos prácticos. En Ia medida en que se les asignen tareas pe- dagógicas particulares, los sistemas de co- municación pueden realizar funciones en sectores en los que hay lagunas de los sis- temas educativos regulares. Tanto si se uti- lizan deliberadamente para ello, o simple- mente a causa de su existência misma, los médios de comunicación estabelecen siste- mas paralelos de educación para los ciuda- danos, que frecuentemente se interesan más profundamente y facilmente por ellos que por Ias institucioncs regulares de instruc- ción que forman parte de sistemas dei pa- sado.

4 — POLÍTICAS Y PLANEAMIENTO

4.1 — Las políticas de comunicación son series de princípios y de normas estahle- cidos para orientar ei comportamiento de los sistemas de comunicación. Su orien- tación es fundamental y a largo plazo, aunque pueden tener consecuencias opera- tivas de importância a corto plazo. Se mol- dean en ei contexto dei concepto general que tiene Ia sociedad de Ia comunicación. Como emanan de las ideologias políticas, de las condiciones sociales y econômicas dei país y de los valores en que se basan esas ideologias, procuran ligar todos esos ele- mentos a las necesidades reales y las opor- tunidades futuras de "comunicación".

4.2 — De las políticas actuales a las fu- turas.

4.2.1 — En toda sociedad existen políticas de comunicación, aunque con fre- cuencia pueden estar latentes y disgre- gadas más bien que claramente articuladas

42 abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° scmestre/75

Page 45: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

y armonizadas. Por consiguiente, Io que se propone no es algo radicalmente nuevo, si- no más bien una declaración explícita y una formulación deliberadamente prospec- tiva de Ias prácticas ya establecidas gene- ralmente en Ia sociedad. De este modo, Ia elaboración de Ias políticas de comunica- ción procede simultaneamente dei análisis y ei reconocimiento de Ias prácticas existentes y de Ia formulación de nuevos princípios y normas adaptados a Ia consecución de objetivos futuros deseables. La mezcla de Ia experiência pragmática dei pasado y Ia mirada hacia adelante puede conducir a Ias sociedades a nuevos princípios y nor- mas.

4.2.2 — Las políticas de comunica- ción pueden ser muy generales, en Ia naturaleza de los objetivos y princípios de- seables, o pueden ser más concretas y prácticamente oblígatorias. Pueden existir o formularse en diversos niveles. Pueden es- tar incorporadas en Ia constitución o en Ia legislación de un país, en Ia política na- cional general, en las orientaciones de las administraciones, en los códigos profesiona- les de ética, así como en Ia constitución y ei fundionamiento de determinados sister mas de comunicación, tanto gubernamenta- les como no gubcrnamentales. Pueden tener dimensiones mundiales, regionales, naciona- les o subnacionales.

4.3 — Clarificación y armonización

4.3.1 — La reuníón se interesó par- ticularmente por las frecuentes contradi- ciones de las políticas de comunicación actuales. Las medidas de política nacio- nal de comunicación suelen redactarse en múltiples ministérios y organismos. Un organismo de telecomunicaciones puede o- cuparse de Ia política y los planes de de- sarrollo dei telefono y dei telégrafo (ín- cluyendo, por ejemplo, ei importante tema de Ia asignación de frecuencias), pero Ia radiodifusión a menudo depende de una organización por completo independiente o de un ministério de información y radio- difusión que puede ocuparse además a su vez de otros sectores de Ia industria edito- rial, tales como Ia prensa. Los ministérios de educación y cultura se ocupan de gran variedad de actividades audiovisuales y editoriales, mientras que Ia rama judicial puede ocuparse de problemas de derecho de autor, difamación y libelos. La industria cinematográfica puede ser controlada por ei gobierno en diferentes grados. Los mi-

nistérios de ciência y tecnologia, así como los que se ocupan dei desarrollo dei comer- cio y de Ia industria, tienen políticas y actividades que influyen de manera im- portante en Ia forma y disponibilidad dei equipo que constituye Ia base técnica de los médios de información. Por su parte, los ministérios de asuntos exteriores pue- den interesarse por los aspectos internacio- nales de las comunicaciones, como los con- vênios sobre ei establecimiento y ei fun- cionamiento de servicios y ei intercâmbio internacional de noticias y de materiales para programas. En muchos casos, las ra- mas militares dei gobierno, por gran com- plejídad de sus necesidades de comunica- ciones, ejerce una influencia importante so- bre las estrueturas nacionales de las comu- nicaciones. Al mismo tiempo, existen nu- merosas empresas de comunicación no gu- bernantales (diários, companías cinema- tográficas, organizaciones de radiodifusión, etc), que tienen sus propias políticas y planeamiento, aunque puedan funcionar dentro dei âmbito de las políticas oficiales.

4.3.2 — Sucede con harta frecuen- cia que cada uno de esos planeamientos, formulación de ^olíti035» preparación de sistemas y actividades operativas de estos se realizan independientemente. La dupli- cación de servicios y de personal puede ser Ia regia más bien que Ia excepción, ya que organismos y organizaciones con ne- cesidades similares actúan inconscientemen- te o a veces intencionadamente, sin pen- sar en Ia gran cantidad de esfuerzos con- currentes. Las autoridades de educación instalan un sistema de interconexión TV pa- ra sus propios fines, mientras que los ser- vicios de correos y telégrafos tienden una red de largo alcance de telefones y telé- grafos con múltiples canales y que abar- can muchos de los mismos emplazamientos. El servicio de extensión agrícola capacita y sostiene un numeroso personal local co- mo parte de un programa baseado en los médios de información, mientras que ei programa dei organismo sanitário cuenta con un personal que presta un servicio si- milar a Ia misma población.

4.3.3 — Además de esos casos muy evidentes de falta de coordinación exis- ten problemas igualmente importantes, pe- ro más delicados, que surgen ai inten- tar poner práttica políticas incompatibles. Por ejemplo, una política de balanza de pagos destinada a limitar Ia importación de produetos manufacturados extranjeros

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 43

Page 46: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

puede oponerse en parte a una política pa- ra incrementar rapidamente Ia existência de médios de información.

4.3.4 — Al mismo tiempo que Ias actividades de comunicación y Ia res- ponsabilidad de establecer Ias políticas se van dispersando cada vez más en Ia es- 'ruetura gubernamental, en muchos países aumenta Ia proporción de fondos públicos que se invierte en Ia comunicación. Por consiguiente, Ia participación directa de Ia sociedad en Ias empresas de comunicación va creciendo, pero su capacidad para ad- ministrar eficazmente esa inversión va de- creciendo. Es necesario adaptar un nuevo critério global de Ia comunicación e idear nuevas formas de administración coordi- nada.

4.4 — El método global

4.4.1 — En el curso de su desarrol- lo, los médios se han relacionado en cierta forma entre si desde los puntos de vista tácnico, econômico, administrativo, operativo, de su contenido, de su formato y de su referencia recíproca. A menudo, esas relaciones existen por razones históricas (por ejemplo, Ia administración común que con frecuencia existe entre servidos pos- tales y telecomunicaciones) o como resul- tado de cierto grado de planejamiento (por ejemplo. Ia creación deliberada de servicios de televisión como extensión di! los servicios existentes de radio). Pero en esos casos, el planeamiento suele ser limi- tado y pragmático, determinado por razo- nes de conveniência más que como resul- tado de una evaluación general de todas Ias estratégias de comunicación. El hecho de que esas relaciones ya existan puede tender a reducir el despliegue de nuevos médios y a limitar su utilidad. Por tanto, deben tenerse en cuenta en todo método planeado e integrado.

4.4.2 — Otra preocupación de Ias políticas de comunicación se refire a Ias interrelaciones entre los médios de in- formación y otros sistemas de comunica- ción: su agrupamiento deliberado para contribuir a conseguir objetivos importan- tes. A ese respecto, deben analizarse dife- rentes razones para su fisión: ventajas eco- nómicas, mayor eficiência administrativa, idoneidad y pertinência para alcanzar fina- lidades de desarrollo declaradas. Por ejem- plo, puede ocurrir que sea economicamente ventajoso combinar los servicios de noti-

cias de radio y de televisión, para que puedan compartir un grupo común de pe- riodistas y de fuentes de noticias, o que Ia impresión de diário, revistas y publlca- ciones periódicas se administre con mayor eficácia utilizando imprentas comunes. En el terreno administrativo, puede ser que Ias emisiones de radio y televisión o los ser- vicios postales y los de telecomunicación puedan reducir sus costos compartiendo una administración común. Las finalidades dei desarrollo pueden requerir que los servicios de radiodifusión y los de extensión agríco- la trabajen conjuntamente en Ia produeción de programas y en Ia recepción comunal de emisiones para los médios rurales.

4.4.3 — Como es natural, el mis- mo análisis requiere examinar las des- ventajas inherentes a ciertas interrelaciones entre los médios de comunicación. La pro- piedad o Ia gestión comunes pueden obs- taculizar el desarrollo de canales de infor- mación verdaderamente distintos; compar- tir los servicios técnicos puede también producir similaridades de política editorial.

4.4.4 — Por consiguiente, gran par- te dei proceso de planeamiento consiste en evaluar los prós y los contras que se derivan de relaciones de trabajo más es- trechas. Esta labor puede resultar muy difícil cuando se presentan problemas de contenido, política editorial, formato y pre- sentación.

4.4.5 — Ese método global puede, aunque obligatoriamente, Uevar consigo una complejidad de tecnologia cada vez mayor. En los países en vias de desarrollo. Ia principal preocupación será evitar pro- mover Ia tecnologia hasta un grado en que el país no pueda dominaria, no solo desde el punto de vista econômico, sino sobre todo desde el punto de vista humano. Las políticas deben procurar que Ia tecnologia permanezea ai servicio dei hombre para Ia introdueción y el desarrollo de los mé- dios de comunicación. El principal proble- ma no suele ser Ia tecnologia. La instala- ción, el funcionamiento e incluso el sosteni- miento dei equipo se va simplificando ca- da vez más y puede establecerse un plan para un desarrollo ordenado si existe una previsión realista de las necesidades y dei tiempo necesario para Ia formación dei personal técnico. La experiência ha demos- trado que las verdaderas dificultades resi- den en Io que puede denominarse Ia "in- tegración social" de Ia tecnologia. La tec-

44 abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75

Page 47: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

nología lleva consigo un ritmo de trabajo, un estilo de producción e incluso un con- tenido concreto que con frecuencia se han tomado de países muy industrializados, pero que no se ajustan necesariamente a Ia cultura y ai modo de vida dei país en ei que se introducen. La población de los países en vias de desarrollo necesita adap- tar Ia tecnologia importada a sus propias necesidades y a sus propias situaciones.

4.5 — Nuevas perspectivas en Ia tecnologia de Ia comumcación

4.5.1 — La eficácia de muchos pro- gramas de desarrollo destinados a pres- tar servicio ai público puede aumentar considerablemente si se complementan con actividades de comunicación organizadas- Si bien ese empleo de los médios de comu- nicación puede aumentar ei costo total de un proyecto determinado, con frecuencia permite extender ei servicio a mayor núme- ros de personas, con lo que se reducirá ei costo per capita, o bien mejorar ia cali- dad dei servicio prestado a un costo pro- porcionalmente menor. Por ejemplo, ei ob- jetivo de extender Ias oportunidades de ensenanza superior a una fracción mayor de Ia población exigiria por ei método or- dinário construir mayor número de recin- tos de universitários, pero también podría conseguirse estableciendo un sistema de co- municación que enlace a los estudiantes, los profesores y los recursos didáticos, por ejemplo, "Ia universidad abierta". Con mu- cha frecuencia. Ia reorganización de los recursos existentes pero subutilizados, pr^- duce importantes ganâncias de productivi- dad; por ejemplo, ei empleo de los servi- dos de radiodifusión comercial durante ho- ras de poça escucha a fin de distribuir ma- terial visual pedagógico para su registro y ulterior retransmisión en Ias escuelas, pue- de ser menos costoso que instalar servicios separados de radiodifusión educativa para transmisión en tiempo real, particularmen- te cuando hacen falta múltiples canales.

4.5.2 — El rápido desarrollo de Ia tecnologia de Ia comunicación hace es- pecialmente importante que los posibles usuários se mantengan ai dia. Lo que ayer era imposible técnica o economicamente, puede serio hoy y muy atractivo manana. La introducción de ia televisión en zonas de población muy dispersa, poço interesan- te desde ei punto de vista econômico por transmisión terrestre, puede ser factible utilizando satélites de radiodifusión; los

costosos sistemas de televisión educativa de canales múltiples, que requieren una proporción dei espectro de frecuencias, pue- den ser asequibles gracias a los sistemas de televisión por cable, que proporciona- ran gran cantidad de canales a un costo razonable sin utilizar ei espectro de la- diodifusión.

4.5.3 — Al mismo tiempo, tiene una importância primordial, particularmente en los países en vias de desarrollo pero también en los sectores financiados por ei estado en otros países (por ejem- plo, en educación), utilizar ai máximo los médios disponibles que puedan explotarse a menos costo. Se senaló especialmente que Ia radiodifusión tiene un gran potencial no utilizado en muchos países que debería ex- plorarse a fondo. Se senaló que con frecuen- cia Ia radio está insuficientemente financia- da, dotada de escaso personal y subutiliza- da, en países donde llega a Ia mayoría de Ia población, mientras que ai mismo tiempo se hacen inversiones importantes en Ia televisión y otras técnicas de comu- nicación que no podrán llegar a un públi- co comparable durante mucho tiempo to- davia.

4.6 — Necesidad de flexibilidad y de diversidad

4.6.1 — Esto indujo a Ia reunión a senalar que Ias políticas y ei planea- miento no deben identificarse solamente con Ia dirección centralizada, sino que deben considerarse como ei marco para ei desarrollo racional de ias múltiples activi- dades de comunicación en toda Ia sociedad. Deben además dar cabida a diferentes en- foques, permitir Ia flexibilidad y Ia inno- vación y ofrecer ancho campo a Ia capa- cidad de creación. No tienen que descartar necesariamente Ias estructuras y Ias prácti- cas existentes solo porque procedan dei pasado. Solo será necesario modificadas si se consideran inadecuadas para los objetivos futuros.

4.6.2 — Deben aplicarse diferentes políticas a diferentes médios. Los mé- dios de Ia radiodifusión, que utilizan fre- cuencias dei domínio público, no deben equipararse con ias empresas periodísticas ni con Ias iniciativas no gubernamentales que utilizan médios electrónicos en el ní- vel local (por ejemplo, televisión por ca- ble) o para industrias especializadas (por ejemplo, producció" de discos). Se subrayó

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 45

Page 48: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

este punto no solo con miras e salvaguar- dar Ia libertad personal de expresión y de acceso a los médios, sino también porque Ia tecnologia de Ia comunicación cambi.i con tanta rapidez que cualquier intento de prever todo mediante Ias políticas y ei pla- neamiento puede bloquear ei desarrollo y retrasar Ia comunicación.

4.7 — La política requiere autoridad

4.7.1 — Sin estar en desacuerdo con esta preocupación por Ia flexibili- dad y Ia capacidad de creación, otros parti- cipantes destacaron no obstante, Ia funda- mental importância de políticas firmes y efectivas para asegurar Ia autêntica liber- tad y diversificación de Ia comunicación. Así se ha reconocido desde hace mucho tiempo en numerosos países. Ejemplos de ello son ei establecimiento de organizacio- nes de radiodifusión, cuya constitución les impone y les permite servir imparcialmen- te a diferentes tendências de opinión y nor- mas sociales; los reglamentos aplicables a Ias telecomunicaciones que permiten un acceso equitativo a los diferentes usuários; Ias disposiciones jurídicas que protegen Ia libertad y Ia responsabilidad de Ias empre- sas de prensa y los periodistas; y Ias polí- ticas encaminadas a que los médios de in- formación sean accesibles a Ias poblaciones que se verían privadas de ellos si da única guia fueran Ias consideraciones econômicas dei mercado.

4.7.2 — Esas políticas oficiales son particularmente importantes en una era en Ia que Ias consideraciones tecnológi- cas y econômicas pueden tender a una mayor concentración de Ias empresas de comunicación. No solo existe una concen- tración de cada uno de los médios, sino que se producen importantes fusiones de médios en virtud de Ias cuales una sola em- presa dirige actividades de radio, prensa, grabaciones y otras actividades de comuni- cación. Proteger Ias empresas de pequeno y médio tamano, posibilitar que el público tenga acceso a los médios de información y garantizar Ia función de servicio de Ias comunicaciones, requiere tanto políticas oficiales como planeamiento. Los proble- mas que ha planteado recientemente Ia te- levisión por cable, que parecia un campo favorable para múltiples empresas no re- guladas, constituyen un ejemplo de como Ia necesidad de políticas se impone incluso en sociedades que tradicionalmente proen- ran limitar Ia intervención oficial en ta esfera de Ias comunicaciones-

4.8 — Planeamiento

4.8.1 — Más allá de Ias políti- cas se encuentra el planeamiento estraté- gico que determina Ias distintas formas de conseguir objetivos a largo plazo y esta- blece el marco de referencia para el planea- miento operacional a corto plazo. El pla- neamiento estratégico traduce los objetivos generales de Ia política de comunicación en metas cuantitativas y métodos sistemáticos. Como Ias decisiones concernientes a Ia apli- cación y a Ias estrueturas de Ias tecnologias de comunicación han de ejercer efectos du- rante muchos anos, es importante que se tomen en el marco de un plan estratégico a largo plazo. Por ejemplo. Ia introdueción de Ia televisión eu un país o el estabeleci- miento progresivo de una red terrestre de comunicaciones y Ia eventual utilización de Ia comunicación por satélite; Ia creación de industrias dei papel, de Ia imprenta o electrónicas, todo ello puede determinar el futuro a largo plazo de Ia comunicación en un país. Analogamente, Ias decisiones relativas ai régimen jurídico. Ias finanzas y Ias responsabilidades públicas de los mé- dios de comunicación pueden también con- dicionar en tal medida Ias prácticas futuras que haya que tomarias no solo teniendo en cuenta Ias políticas generales, sino tam- bién dentro dei marco de un planeamien- to estratégico que procure encaminar ei desarrollo de Ia comunicación hacia los fi- nes deseables de Ia sociedad y ai misrno tiempo evitar toda duplicación y despilfar- ro econômico indébidos.

4.8.2 — Debido a Ias diversas tra- diciones, ideários y aspiraciones de Ias diferentes sociedades, no se considero po- sible en esta etapa establecer modelos ge- neralizados para Ia elaboración de planes estratégicos en el sector de Ia comunicación (y por consiguiente para mecanismos de planeamiento operacional), aunque se sugi- rió que el futuro trabajo de investigación se oriente hacia esa posibilidad. En gene- ral. Ia reunión tomo nota de dos posicio- nes diamentralmente opuestas entre Ias que cada país puede escoger posiciones interme- dias: — La intrusión dei planeamiento en los

servicios de comunicación exclusivamen- te cuando Ia aparición de nuevas tec- nologias requiera reglamentación y de- finición, o cuando se necesitan amplios y nuevos servicios de comunicación que una economia de mercado no proporcio- naria;

46 abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75

Page 49: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

— El planeamiento integrado y centraliza- do dei sector de comunicacion en todas sus dimensiones como una parte esencial dei proceso político y de edificación es- tatal.

4.8.3 — En realidad, ei planeami- ento estratégico de Ia comunicacion se efectuará bajo ciertas sujeciones que ac- túan en mayor o menor grado de todas Ias sociedades. Una dificultad que encuentraa los planes estratégicos a largo plazo son los rápidos câmbios en Ia tecnologia y en Ias actitudes de los usuários. Otra dificul- tad es que los fines, los objetivos y Ias fun- ciones sociales de Ia comunicacion pueden requerir modificaciones en unas condiciones econômicas y sociales en evolución. Una tercera dificultad procede de que Ia comu- nicacion inevitablemente implica una com- binación de iniciativas públicas y persona- les. Con gran frecuencia se presentan múl- tiples objetivos. Los médios de comunica- cion no proporcionarán simplemente un scrvicio o un producto concreto, sino que tendrán que aceptar gran variedad de pe- ticiones desde los puntos de vista econômi- co, social, político y creador. Por consi- guiente, se han ideado procediraientos de planeamiento para atender esta variedad de objetivos y para tener en cuenta los adelantos tecnológicos futuros.

4.8.4 —< Al mismo tiempo, ^e su- brayó que esas sujeciones no deben consti- tuir un argumento hasta ei punto de que los gobiernos y Ias empresas de los médios de información menosprecien o rechacen Ia importância dei planeamiento estratégico, ya que de otra forma se plantearía una situación en Ia que se contraen obligacio- nes a largo plazo sin tener debidamente en cuenta sus consecuencias. Esas decisiones requieren un examen público y una elección deliberada y no pueden dejarse por com- pleto a Ia iniciativa de los ingenieros, los juristas u otros especialistas.

4.8.5 — Existen decisiones de pla- neamiento estratégico vital que afectan directamente ai planeamiento operacional: los proyectos a corto plazo con repercusio- nes de largo alcance, tales como los que atanen a Ia formación y a Ia investigación, a Ia integración de Ias comunicaciones en Ia educación, a Ia creación de centros de formación profesional, ai establecimiento de facultades de comunicacion en Ias insti- tuciones docentes, a Ias disposiciones, no solo para ei erapleo de Ia tecnologia en Ia

educación, sino también para inculcar una mejor comprensión de Ia comunicacion y Ia capacidad de expresarse por médio de Ia tecnologia moderna, todo ello requiere con- traer obligaciones básicas que serán efec- tivas en los anos venideros. La definición de los critérios para aplicar esas decisiones de planeamiento, que están estrechamente ligados a los critérios aplicados a Ias políti- cas de comunicacion, constituye un requisi- to prévio esencial para todo esfuerzo de planeamiento estratégico de Ia comunica- cion.

4.8.6 — El planeamiento operacio- nal traduce Ias políticas y los planes estratégicos en movilización de recursos ma- teriales y humanos, en estrueturas adminis- trativas y operacionales, en categorias de produeción de programas y en formas de intervención que van más allá dei proceso de producción-distribución (coordinación con otros organismos, recepción, retorno de información). Ese planeamiento abarca Ia contratación y Ia formación de personal y Ia cooperación con especialistas o institu- ciones que pueden prestar servidos esen- ciales (institutos tecnológicos, industria, ser- vidos de estadística e investigación, etc).

4.8.7 — El planeamiento estratégico y operacional es un proceso continuo y no meramente Ia redacción de pla- nes que se consideran definitivos- Mientras que se aplica un plan se está preparando ei siguiente y existe un retorno continuo de información entre esta preparación y ia ejecución real en función de Ia evolución de Ias necesidades y Ias tecnologias. Eviden- temente, eso constituye una responsabilidad primordial de Ia "administración" pero a su vez esta necesita el asesoramiento y Ia orientación de los planificadores profesio- nales de Ia comunicacion.

4.9 — Relación reciproca entre políticas y planeamiento

4.9.1 — En teoria, seria muy satis- factorio que Ia acción se desarrolla su- cesivamente con arreglo a Ias etapas indica- das: políticas, estratégias, planeamiento ope- racional, presupuesto. Sin embargo, en Ia realidad, el planeamiento y Ia aplicación operacional pueden preceder a Ia formula- ción de políticas. La aparición de nuevas tecnologias, particularmente notable en Ia esfera de Ia comunicacion. Ias iniciativas de potentes empresas, tanto públicas como privadas y engendradas en el exterior, y

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 47

Page 50: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

Ias necesidades inmediatas de Ias redes de comunicación para extender su influencia y mejorar su calidad, conducen a acciones en Ias que nunca se han tenido en cuenta los efectos a largo plazo. Con frecuencia, los ingenieros y los organismos reguladores no comprenden que sus decisiones, toma- das dentro de un contexto limitado para al- canzar fines inmediatos, pueden determi- nar ei futuro de Ia comunicación durante los decênios futuros. Si ei planeamiento operacional y Ias políticas no se coordinan, pueden producirse considerables despilfarros y conflictos.

4.9.2 — La reunión discutió de- tenidamente esa relación entre los diferen- tes aspectos de Ias políticas y dei planea- miento en los niveles central y operacio- nal, así como Ias sujeciones que Ias políti- cas y ei planeamiento de Ia comunicación pueden imponer en diferentes sociedade».. La primera conclusión fue poner en guardiã contra una excesiva subdivisión. Se recono- ció que Ia administración regional requierc Ia división dei trabajo y de Ias responsabi- lidades pero no en detrimento de Ia acción efectiva e innovadora. La innovación re- quiere romper con los compartimientos tra- dicionales, intelectuales y administrativos. Esto es particularmente importante en ma- téria de comunicación.

4.9.3 — Por consiguiente, es ne- cesario avanzar cuidadosamente desde Ias prácticas presentes hacia Ias políticas futu- ras y Ias decisiones de aplicación prática. En este proceso, se requiere una retroacción continua entre los diferentes elementos de Ia cadena política-planeamiento-ejecución. Si los encargos de Ias políticas, Ias estraté- gias y ei planeamiento operacional están se- parados unos de otros en cada aspecto im- portante, los resultados serán probablemen- te contradictorios e incluso contraproducen- tes.

4.9.4 — Los participantes estima- ron que Ias políticas de comunicación eran en gran parte un asunto dei que debían o- cuparse los órganos centrales de un país, mientras que ei planeamiento y especial- mente ei planeamiento operacional, debía estar mucho más cerca dei funcionamiento de ias empresas de médios de información y, por consiguiente mucho más descentra- lizado. Refuerza esta opinión ei convenci- miento de que ei planeamiento operacional solo puede ser hecho por los que tienen Ia responsabilidad directa dei funcionamiento

de los médios de comunicación. No se ne- go Ia importância de Ias políticas de co- municación adoptadas en un órgano cen- tral. Sin embargo, otros participantes se preguntaron si esa división tenía en cuent.i Ia complejidad de los procesos de comu- nicación y Ia necesidad de incorporar Ias políticas ai funcionamiento de cada sub- sistema.

4.9.5 — Tampoco aqui es posible establecer un modelo general y Ia reu- nión considero que no podia examinar este aspecto detalladamente en esta fase dei conocimiento y Ia experiência. Sin embargo, es posible trazar ciertas directri- ces que pueden ser importantes para de- terminar los niveles en los que tendrán probablemente que formularse y aplicarse Ias políticas y ei planeamiento de Ia co- municación.

4.9.6 — El planeamiento implica Ia asignación de recursos para inversio- nes y funcionamiento. En Ia medida en que estos están sujetos a Ia dirección cen- tral y pública, se considero que ei planea- miento de Ia estratégia de comunicación puede ser parte dei planeamiento general social y econômico. Si esa función se con- fia a un Ministério de Información o a su equivalente, o Ias autoridades de tele- comunicación y postales, existe ei peligro de que Ia comunicación siga siendo ajena ai desarrollo socioeconómico global. Pue- den asignarse tareas concretas a los dife- rentes ministérios y organismos, encarga- dos no solo de Ia comunicación sino tam- bién de Ia educación. Ia agricultura, etc, pero como Ia comunicación requiere deci- siones fundamentales en Ias que se super- ponen Ias esferas de competência estable- cidas, no es probable que pueda iniciarse ei planeamiento y mucho menos empren- derse, si no es por Io menos ai nivel in- terministerial o de junta de planeamiento.

4.9.7 — Ahora bien, ei planeami- ento en ei nivel central no es solamente necesario para Ias autoridades públicas. Es también esencial para Ias empresas de co- municación dirigidas de manera centraliza- da, tanto si son públicas como de propie- dad privada. Esto entrana ei planeamiento de cada subsistema y Ia coordinación en- tre diferentes subsistemas (una red de ra- diodifusión y ei servicio de extensión agrí- cola pueden decidir centralizar sus esfuer- zos en ciertos sectores). Sin embargo, ese planeamiento central se reflejará también

AS abepec, vol. 1 - n." 1 - 1.° semestrc/75

Page 51: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

probablemente en ei planeamiento de uni- dades en ei nivel subnacional (estaciones locales, servicios regionales, organismos de producción, etc.) y de Ias redes que Ias unen.

4.9.8 — Lo anterior demuestra que tanto Ias políticas como ei planeami- ento tienen cabida en muchas iniciativas de comunicación que atienden a determi- nadas regiones de un país y que se crean como empresas que no persiguen fines geo- gráficos concretos (centros de producción de películas, empresas de producción de discos), como por colectividades provincia- les y locales que pueden tener sus propias responsabilidades, reglamentos e iniciativas con respecto a Ia comunicación dentro dei sector de su jurisdicción. Estas son dimen- siones evidentes para ei planeamiento des- centralizado de Ia comunicación en Ias que Ias políticas centrales de comunicación en- cuentran su reflejo práctico y necesitan formularse teniendo en cuenta objetivos concretos y locales.

4.9.9 — La comunicación no es sim- plemente un asunto de dimensiones na- cionales ni desde ei punto de vista tec- nológico ni desde ei punto de vista social. Las políticas y ei planeamiento de Ia co- municación dentro de un país no pueden formularse ni ponerse en práctica sin que tengan constantemente repercusiones inter- nacionales. En primer lugar, los Estados tienen que establecer sus políticas nacio- nales teniendo debidamente en cuenta ci- ertos acuerdos y normas internacionales ampliamente aceptados. En segundo lugar, una preocupación vital para los países es Ia comunicación deseable o indeseable con otros países, es decir. Ia corriente de in- formación hacia dentro y hacia fuera.

4.9.10 — La mayor parte de los países poseen servicios exteriores de ra- diodifusión y de relación con el público que plantean problemas esenciales en re- lación con sus objetivos, su control y sus recursos econômicos. La corriente de in- formación hacia dentro requiere prestar a- tención a aspectos tales como las fuentes y Ia calidad de los partes de noticias, Ia importación de películas y el efecto de Ia televisión extranjera, tanto si se trata de programas grabados como de transmisiones directas. En Ia actualidad existe un grave desequilíbrio en Ia corriente internacional dç noticias y de información, sobre todo con respecto a los países menos desarrol-

lados dei mundo. El establecimiento de es- trueturas y políticas adecuadas en los ni- veles nacional, regional e internacional de- biera ser una finalidad importante de las políticas nacionales de comunicación.

5 — PREOCUPACIONES Y NECESIDADES DE POLÍTICA Y DE PLANEAMIENTO

5.1 — Factores de interés en Ia formula- ción de políticas de comunicación

5.1.1 — Aunque Ia tarea de esta reunión no consistia en formular una determinada política de comunicación, se considero importante senalar los dife- rentes factores de interés en Ia formula- ción de políticas para que esta pueda rea- lizarse como un ejercicio sistemático.

5.1.2 — Formular políticas de co- municación requiere examinar, identificar y determinar: A. El alcance de los sistemas concretos

de comunicación (área geográfica, po- blaciones a las que se destinan).

B. Los princípios y normas, es decir, los valores que sirvem de base a Ia natu- raleza, las funciones y las necesidades de Ia sociedad y que orientan (o de- ben orientar) el comportamiento dei sistema de comunicación.

C. Los elementos manejables, tanto ma- teriales como humanos, de los sistemas de comunicación que constituyen los elementos componentes de las estraté- gias y dei planeamiento de Ia comu- nicación.

5.2 — Alcance de los sistemas de comu- nicación

5.2.1 — Las políticas pueden tener al- cance nacional, afectar a todos los países o ai menos interesar a diversos países de una región. Sin embargo, dentro de las polí- ticas nacionales o codo a codo con ellas, pueden ser igualmente importantes para determinados sectores de Ia poblacion (sec- tores geográficos determinados, o pobla- cion que posee características étnicas, lin- güísticas, laborales, etc. comunes). De ahí que Ia primera tarea consiste en determi- nar las características de Ia poblacion a-

abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75 49

Page 52: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

fectada por un sistema de comunicación y especialmente ei público ai que se desti- na. Este sector puede darse por conocido (por ejemplo, toda Ia nación es ei públi- co), pero con frecuencia un método glo- bal de ese gênero puede resultar ilusório y perjudicial para satisfacer Ias múltiples necesidades de comunicación de diferentes partes de Ia población. Puede ser necesa- rio tener en cuenta diversas minorias, o incluso mayorías, que en Ias condiciones existentes no tienen acceso adecuado a Ia comunicación (poblaciones rurales, muje- res). A ese respecto, es igualmente impor- tante considerar que grupos están actual- mente ai margen de Ias políticas de co- municación existentes. Los grupos que no forman parte dei público, o los públicos excluídos, pueden ser tan importantes pa- ra Ia política como los propios públicos presuntos.

5.3 — Critérios de valor

5.3.1 — Los sistemas de comuni- cación pueden entranar critérios de va- lor en dos sentidos diferentes: una serie de valores concierne a Ia estructura de un sistema de comunicación que jnevitable- raente tiene repercusiones en sus funcio- nes sociales y en ei contenido de sus men- sajes. Esos valores se ponen de manifiesto contestando a preguntas tales como: jes un sistema en uno o dos sentidos, fomen- ta Ias posibilidades de retroacción y de co- municación multilateral? ^cuál es su rela- tiva independência de Ias tensiones y pre- siones políticas y econômicas? jcómo reac- ciona a Ias divergências de intereses y de opiniones en Ia sociedad? La segunda serie de valores concierne a Ias corrientes de men- sajes dentro de un sistema de comunicación, es decir, a los critérios normativos en que se basa Ia selección y Ia formulación de mensajes.

5.3.2 — Puesto que cada vez se comprende mejor que los sistemas de comunicación no son sencillamente canales desde los centros de poder establecido ba- cia ei público en general considerado co- mo una "meta", debe preguntarse si los valores que rigen Ias estructuras de Ias ins- tituciones de comunicación permiten que ei público en general sea igualmente una fuente de comunicación, si esos valores respetan ei derecho dei indivíduo a co- municar, ofrecen ei acceso general ai sis- tema y facilitan Ia retroacción. Otro cri- tério de valor emana de Ia evaluación crí-

tica dei control de los sistemas de comu- nicación y dei servicio que pueden pres- tar a Ias numerosas minorias que consti- tuyen Ia mayoría de Ia opinión y de los intereses de Ia población.

5.3.3 — En gran parte puede de- cirse Io mismo sobre ei proceso de "fil- trado" que se produce normalmente en to- das Ias instituciones de comunicación cuan- do toman decisiones sobre qué informa- ción ha de difundirse, qué información no se publicará y en qué forma se presen- tará esa información.

5.3.4 — En Io que se refiere a los valores implicados en ei contenido real de ia corriente de información, cabe subrayar que Ias consideraciones de polí- tica solo pueden aplicarse a los mensajes que están (o deberían estar) destinados ai consumo dei público, como es normalmen- te característico de los médios de infor- mación, y a los tipos de datos de origen público, como sucede en ei intercâmbio de información entre bancos de datos. Otros mensajes tales como Ia correspondência privada y Ias llamadas telefônicas, están fuera dei alcance de Ias políticas de co- municación. Una consideración dei crité- rio de valor dei contenido no implica m sugiere un control detallado de ese con- tenido. La atención se concentra en Ia identificación y Ia determinación de los valores reflejados en Ia corriente a largo plazo de los mensajes.

5.3.5 — Los valores pertinentes pa- ra Ias políticas de comunicación deben e- manar de los valores básicos de Ia vida hu- mana, tal como se expresan en Ia Declara- ción de Derechos Humanos, se interpretan en función de Ias respectivas ideologias políticas y toman forma concreta en los valores que determinan Ia vida so- cial, econômica, educativa y cultural dei país. Esos valores no son fijos sino que cambian con Ia mutación constante de va- lores inherente a Ia evolución de Ias ne- cesidades sociales y de Ia opinión pública.

5.3.6 — Los critérios de valor pue- den también ser importantes para for- mular políticas sobre Ia relación entre sistemas de comunicación nacionales y ex- tranjeros. íCómo pueden protegerse y ex- presarse los valores (y culturas) naciona- les? (En qué valores se basa Ia actual cor- riente de información hacia ei país y des- de ei país? (Qué otros valores deben per-

50 abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75

Page 53: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

seguirse y en qué forma? iQué valores de- ben orientar los programas dedicados a o- tros países y ei intercâmbio y Ia difusión de un programa internacional?

5.3.7 — Al identificar y determi- nar los valores que implica Ia comuni- cación, habrá que considerar Ias funciones sociales de Ia comunicación (que se han enunciado en Ia Sección III. 13). Una con- sideración esencial para Ia determinación de los valores normativos es Ia influencia que ejerce Ia comunicación sobre Ia socie- dad y sus indivíduos. Como Ias funciones so- ciales de Ia comunicación implican nece- sidades de comunicación, Ia identificación y Ia determinación de valores para ei sis- tema de comunicación implica Ia conside- ración simultânea de valores sociales, fun- ciones sociales y nccesidades sociales.

5.4 — Elementos manejables

5.4.1 — Dentro de Ia corriente to- tal de comunicación habrá que deter- minar los elementos que pareceu más ade- cuados para Ia aplicación de políticas. Se propusieron como marco vários sectores distintos, aunque relacionados entre si, quedando entendido que esos sectores ha- brán de referirse a los critérios de valor antedichos y que tendrán repercusiones so- bre los aspectos dei proceso de comunica- ción que no son directamente manejables. Es evidente que una visión tan amplia contiene gran cantidad y diversidad de detalles, cuyo análisis requiere un volu- men impresionante de experiência, tiempo y recursos. En Ia práctica, no es posiblc formular y aplicar políticas a menos que se hayan determinado esferas importantes de interés. En cada caso debe hacerse Ia siguiente pregunta: iCuáles son los puntos de apoyo importantes y manejables donde Ia aplicación de Ias políticas de comunica- ción puede tener mayor influencia y efi- cácia a largo plazo}

5.4.2 — Como ya se há mencio- nado en otro contexto. Ia evaluación cri- tica dei control de los sistemas de comu- nicación es una preocupación eminente- mente estructural de Ias políticas de co- municación. Esto impone no solo sujecio- nes generales ai sistema de comunicación (consideraciones políticas, incentivos econô- micos, respuesta a Ias preferencias dei pú- blico, orientación hacia funciones sociales), sino también un análisis de los valores en los que se basa Ia adopción de deci-

siones en Ias propias instituciones de co- municación.

5.4.3 — Un segundo aspecto de Ia política relacionado con Ias estrueturas y Ia administración, se refiere a Ias ins- talaciones técnicas que permiten Ia pro- dueción, difusión y recepción de los men- sajes. Esos recursos pueden denominarse ei "equipo" de los sistemas de comunicación. El estúdio dei equipo no se limita ai co- nocimiento y Ia determinación de los mé- dios técnicos más adecuados para los fi- nes de un determinado sistema de comu- nicación. Los "recursos técnicos" pue- den también entranar Ia produeción. Ia importación y Ia venta de equipo. Ade- más, hay que tener en cuenta ciertos as- pectos de los recursos de comunicación ge- nerales dei país (infraestruetura técnica, por ejemplo, electrificación, transporte, etc.) en Ia medida en que están directa- mente relacionados con Ia creación y ei funcionamiento de servidos de comunica- ción.

5.4.4 — Un tercer aspecto son Ias estrueturas administrativas que rigen ca- da sistema de comunicación y Ia co- ordinación y ei planeamiento generales de Ia comunicación. Es esencial especificar e) tipo de control que requiere cada parte dei sistema, determinar Ias consideraciones administrativas predominantes (por ejem- plo, servicio público o comercial) y deter- minar Ia función de Ias instituciones gu- bernamentales, parlamentarias, administra- tivas y públicas de otro tipo- También es importante que los encargados de formu- lar Ia política investiguen cuáles son Ias líneas de mando y como responde ei sis- tema a Ia influencia y a ias reacciones de otras esferas de interés (por ejemplo, edu- cación, agricultura, asuntos culturales) asi como de los propios usuários o destina-

5.4.5 — El personal y Ia forma- ción para Ias instituciones de comuni- cación es igualmente una responsabilidad que no puede dejarse a Ia iniciativa in- dependiente. Cada país, como parte inte- gral de su política de comunicación, ha de prever qué tipo de profesionales debe formar, en qué número y en qué niveles. Solo de esa forma se puede conseguir ei equilíbrio entre Ia necesidad real de esos profesionales y Ias necesidades actuales y potenciales dei sistema de comunicación que han de hacer funcionar. Además, Ia

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 51

Page 54: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

formación no debe concentrarse exclusiva- mente en Ias técnicas de producción-distri- bución, sino que también debe tener de- bidamente en cuenta Ias necesidades dei país en investigadores y profesores en téc- nicas de comunicación.

5.4.6 — La economia por Ia que se rigen los sistemas de comunicación es una evidente preocupación para los encargaaos de Ia política. Esto comprende en priracr término los costos y benefícios «relativos de los gastos públicos en comunicación, pe- ro va más allá, porque incluso cuando no intervienen fondos públicos, Ia economia d? Ias empresas de comunicación tiene reper- cusiones en Ia economia dei país en su conjunto, así como una influencia directa sobre ei contenido y Ia función social de los médios de información. En efecto, mu- chos de los fines de Ias políticas de co- municación pueden alcanzarse gracias a medidas econômicas y financieras.

5.4.7 — Estrechamente ligadas a Io anterior, están Ias condiciones jurídicas que rigen Ias empresas de comunica- ción y que influyen en quienes pue- den ingresar en ellas o encontrar su ex- presión por rnedio de ellas. La evaluación y ei reconocimiento público de los dere- hcos, los deberes y los limites jurídicos e- xistentes son una de Ias bases para Ia ela- boración de Ias futuras políticas de co- municación. Más allá de Ia estruetura ju- rídica general están los problemas jurídi- cos concretos (derecho de autor y derc- cho de los ejecutantes, derecho internacio- nal, legislación laborai, imposición, etc).

5.4.8 — La lista anterior no pre- tende ser exhaustiva- Se trata de una sim- ple indicación de diferentes aspectos que los encargados de formular Ia política de- ben tener en cuenta cuando concentren su atención en los sistemas de comunicación.

5.5 — Otros fadores de Ias politicas y ei planeamiento de Ia comuni- cación

5.5.1 — En este informe ya se ha senalado Ia necesidad de disponer de datos adecuados sobre ei sistema de co- municación. Hay que indicar ahora otros factores que han de tener en cuenta los encargados de formular Ia política.

5.5.2 — La función dei economis-

ta es crucial aunque limitada- El mis- mo se considera como un racionalista en ei proceso multidisciplinario de prepara- ción de Ia política y procura organizar y dar coherencia ai proceso. Su labor con- siste en contínuos esfuerzos para estimu- lar a los encargados de tomar una deci- sión a que adopten procesos organizados de adopción de decisiones y a que recur- ran a los datos básicos para cada decisión. Por consiguiente, su tarea consiste en pre- parar técnicas cada vez mejores para co- piar datos y analizar los Resultados en forma que puedan utilizarlos facilmente los encargados de tomar decisiones polí- ticas.

5.5.3 — El economista debe ser ca- paz no solo de evaluar Ias opciones po- líticas que otros le presenten, sino de am- pliar Ia gama de métodos potencialmente aplicables para conseguir un objetivo so- cial determinado. También se espera que defina Ias consecuencias en términos de costo y de benefícios de diversas series de objetivos y que trace estratégias de cos- tos mínimos para los encargados de for- mular Ia política, dada Ia gran diversi- dad de opciones factibles. Sin embargo, no puede esperarse que haga una selección definitiva entre Ias finalidades de Ia po- lítica y en muchos casos es incapaz de a- segurar por completo Ia calidad de Ia in- formación que le transmite ei sistema.

5.5.4 — Por consiguiente, a su vez necesita no solo datos mensurables re- lativos ai proceso econômico sino asimis- mo información sobre los juicios de valor y los objetivos deseables que Ia sociedad espera de Ia comunicación. Esa informa- ción, aunque en general no puede expre- sarse cuantitativamente, es esencial para Ia evaluación econômica dei sector de co- municación a fin de que se ajuste a Ias políticas economicosociales generales dei país, particularmente cuando se han for- mulado en un plan de desarrollo. Solo de esta manera pueden los economistas pres- tar Ia debida atención a objetivos tales como Ia integración nacional, Ia educa- ción. Ia cultura. Ia información, ei recreo, Ia sanidad y ia asistencia social.

5.5.5 — El especialista en ciências sociales puede aportar, una contribu- ción esencial para formular Ias políticas de comunicación, proporcionando informa- ción tanto cuantitativa como cualitativa sobre Ia estruetura de Ia sociedad así co-

!52 abepec, vol. 1 - n." 1 - 1.° semestre/75

Page 55: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

mo sobre ei contenido y Ia influencia ds los mensajes transmitidos por los sistemas de comunicación.

5.5.6 — Las investigaciones sobre comunicación cumplen cuatro fina- lidades:

— aportam datos básicos y resultados ge- nerales a los encargados de formular Ia política;

— ayudan a los planificadores a elaborar opciones para los encargados de for- mular Ia política;

— facilitan ei examen de los procesos de comunicación en toda Ia vida social dilucidando los derechos y princípios básicos de Ia comunicación social y hu- mana;

— evalúan los resultados y Ia influencia de las actividades de comunicación y devuelven información ai sistema.

5.5.7 — Sin embargo, esa evalua- ción y esa devolucíón no son solo res- ponsabilidad dei especialista en ciências sociales. Son igualmente esenciales Ia re- troacción espontânea (correspondência, 11a- madas telefônicas), las discusiones libres con grupos dei público y con servicios téc- nicos que utilizan Ia comunicación, así co- mo ei empleo directo de Ia tecnologia de Ia comunicación para dar a co-TOcer las reaccíones dei público (grabaciones sobre ei terreno, reportajes, utilización de cana- les de retroacción electrónica). Incluso, en ausência de especialistas calificados en ci- ências sociales, puede y debe establecerse alguna forma de evaluación y de retroac- ción si se quiere que Ia política sea dinâ- mica.

6 — EJECUCION

6.1 — La ejecución se refiere a las medidas necesarias para poner en prác- tica Ia preparación y Ia formulación de políticas de comunicación así como pa- ra traducirlas en planes estratégicos y opc- racionales. Es evidente que Ia reunión no podia indicar concretamente en qué for- ma debían abordar Ia ejecución los go- biernos y Ias empresas de comunicación. No solamente le falto tiempo para una tarea tan detallada, sino que Ia reunión no era competente para prescribir modelos

aplicables en todos los países, independien- temente de su sistema social y político y de su etapa particular de desarrollo de Ia industria y de comunicación. Por tanto, las discusiones versaron sobre tareas prác- ticas esenciales y sugerencias de acción qu-; se consldcraron de importância general.

6.2 — Participación en Ia formulación de Ia política de comunicación

6.2.1 — En respuesta a Ia pregunta; *fA quién le concierne Ia política de co- municación y su formulación?", Ia reunióü scnaló muchos niveles distintos:

6.2.2 — a) Organo ejecutivo. Como Ia comunicación traspasa las administra- ciones establecidas y es un factor po- lítico. Ia experiência en otras esferas indi- ca que Ia orientación básica de Ias polí- ticas y Ia coordinación necesaria para concretarse y traducirse en planeamiento, debe ser sancionada por Ias máximas au- toridades dei Estado. Como muchos mé- dios de información solamente son econô- micos si se aplican en gran escala y se in- tegran en ei proceso total de Ia comuni- cación social. Ia coordinación tiene que re- flejarse en toda Ia jerarquía política y ad- ministrativa. Esto raramente es posible a menos que se autorice desde arriba.

6.2.3 — b) Organos legislativos. Los órganos legislativos desempenan una im- portante función tanto por médio de las leyes relacionadas con asuntos de co- municación que pueden aprobar como mediante Ia asignación de recursos presu- puestarios. A menos que los legisladores comprendan Ia importância de Ia comuni- cación y que exista una estrecha coopera- ción con otros sectores, hay poças pers- pectivas de conseguir Ia coordinación ne- cesaria y de asegurar Ia función construc- tiva de Ia comunicación en Ia sociedad. Los órganos legislativos podrían examinar Ia utilidad de crear subcomisiones sobre políticas y planeamiento de Ia comunica- ción-

6.2.4 — c) Autoridades encargadas dei planeamiento social y econômico. La coordinación de los sistemas de comu- nicación, su integración 'en los objetivos sociales y econômicos dei país y Ia asig- nación de los importantes recursos necesa- rios para ei desarrollo racional de las in- fraestrueturas de comunicación requieren decisiones de las autoridades de planea- miento.

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 53

Page 56: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

6.2.5 — d) Los diversos ministérios y sus consejos de planeamiento. Este pun- to se refiere no solo a aquellos minis- térios directamente encargados de los n- cursos de comunicación y de su empleo sino a todos los otros ministérios que in tervienen en cualquier forma de comuni- cación y son usuários potenciales de los médios de comunicación (educación, agri- cultura, trabajo, sanidad, etc. así como los servidos técnicos y sociales que dependen de ellos o que funcionan con relativa in- dependência en sus esferas). La experiên- cia ha demonstrado que Ia integración de los médios de comunicación en importan- tes sectores, tales como Ia educación o Ia agricultura, puede seguir siendo marginal a menos que se estableza en ei planea- miento específico de esos sectores. Como ei Ministério de Finanzas influirá directa- mente en ei desarrollo y ei empleo de los médios de comunicación mediante Ias po- líticas fiscales y aduaneras debrá inter- venir igualmente en ei nivel dei planea- miento.

6.2.6 — e) Empresas de Comunica- ción. Comprenden en primer término los médios de información, pero también ei telefono y otras telecomunicaciones, ei al- macenamiento y Ia recuperación de datos, así como Ias industrias que producen el equipo necesario y pueden proporcionar "información" y "programas" a los siste- mas de médios de información.

6.2.7 — f) Organizaciones profesio- nales. Este punto se refiere a Ias orga- nizaciones cuyos miembros están directa- mente relacionados con los médios de co- municación (asociaciones profesionales, or- ganizaciones sindicales) así como a Ias or- ganizaciones que incluyen personal de ins- tituciones acadêmicas y de formación re- lacionadas con Ia comunicación.

6.2.8 — g) El ciudadano tiene un interés directo en Ias políticas de co- municación. Los valores y Ia selección que orientan Ia comunicación afectan a sus in- tereses personales. Es un comunicador por derecho propio y necesita acceso a los mé- dios con fines de participación y expre- sión. Debe estar en condiciones de bene- ficiarse de los servidos posibles de Ia co- municación (información objetiva, educa- ción, orientación y formación profesiona- les, empleo dei tiempo libre y necesidades culturales). El ciudadano puede influir en Ias políticas de comunicación de diferen-

tes maneras, tales como Ia representación. Ias organizaciones voluntárias interesadas directamente por los médios de informa- ción o que representan fuerzas sociales y culturales que buscan acceso a Ia comuni- cación. Ias formas de acción directas y los debates públicos (comprendidos los deba- tes por conducto de los médios de infor- mación). Los métodos para Ia participa- ción dei ciudadano variarán según Ias so- ciedades pero no puede negarse su impor- tância.

6.3 — El Consejo de Comunicación

6.3.1 —■ El Grupo Internacional de Consultores sobre Investigaciones en Matéria de Comunicación que asesoró a Ia Unesco en 1971 sobre sus programas de investigación relativos a Ia información y cuyo trabajo preparo Ia via para Ia reu- nión a que se refiere este informe, pro- puso Ia constitución de un Consejo de Po- lítica de Comunicación como un comienzo útil. La reunión acogió con agrado esta sugestión, pero sin que ello signifique que esa seria Ia única forma de realizar Ia tarea y de conseguir Ia participación pú- blica en Ia formulación de políticas. Otros comienzos útiles serían sin duda Ias dis- cusiones no oficiales, los debates públicos, Ias investigaciones acadêmicas y Ias explo- raciones parciales por Ias administraciones y Ias instituciones- Pueden determinar asi sectores prioritários y posiciones cruciales que podrían tener una gran influencia en los procesos de comunicación y crear un clima favorable entre el público y Ias au- toridades. Sin embargo, íe reconoció que si no se despeja el camino para su posi- ble aplicación, esas discusiones pueden ser relativamente estériles y conducir a una dispersión de esfuerzos. De ahí Ia impor- tância de que se cree un Consejo de Po- lítica de Comunicación.

6.3.2 — Ese Consejo puede ofrecer Ia primera oportunidad para reunir a personas interesadas y acoplar informa- ción de los múltiples sectores interesados. El Consejo podría asignar tareas de inves- tigación, cotejar informaciones y estimular discusiones preparatórias en muchos nive- les; ulteriormente podría elaborar políticas o asesorar sobre ellas ai gobierno y a Ias instituciones de comunicación.

6.3.3 — El Consejo de Política de Comunicación solo podrá funcionar efi- cazmente si tiene caracter estable y dis- pone dei presupuesto y el personal nece-

54 abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75

Page 57: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

sarios. Como Ias decisiones en matéria de comunicación pueden determinar Ia mar- cha de los acontecimientos para vários a- nos, es necesario prepararlas y examinar- las detenidamente. Esto requiere que ei Consejo de Comunicación tenga una esta- bilidad considerable aunque, por supuesto, pueda renovarse regularmente su composi- ción. Puesto que Ia investigación y Ia reu- nión de datos son procesos costosos que requieren especialistas y servidos apropia- dos, harán falta asignaciones econômicas especiales para que pueda encargarse a Ias instituciones acadêmicas, a los servicios e- conómicos y estadísticos y a otros orga- nismos que reunan y analicen Ia informa- ción requerida. Por su parte, el Consejo necesitará personal, oficinas y fondos.

6.3.4 — Por consiguiente, Ia cons- titución dei Consejo requiere importantes decisiones de política por parte de Ias au- toridades, decisiones que por si mismas plantearán problemas básicos sobre Ia im- portância y Ia función de Ias políticas dt comunicación. En cada caso habrá que e- xaminar si esas decisiones deberán ser to- madas por los órganos ejecutivos o los legislativos, si Ias finanzas procederán solo de fondos públicos o también de organi>- mos de comunicación e instituciones aca- dêmicas interesadas y si se podrán encon- trar recursos adicionales de fundaciones y organismos internacionales.

6.4 — Composición y funciones de un Consejo de Políticas de Comuni-

6.4.1 — La reunión examino dete- nidamente Ia jurisdición y Ia función dei Consejo de Política de Comuni- cación. Surgieron varias divergências de opinión, principalmente sobre Ia eventual importância de un marco obligatorio cen- tral de política para el funcionamiento de Ias empresas de comunicación. Muchos participantes consideraron que Ia función dei Consejo seria asesorar y que debería ser una tribuna para un diálogo y un co- tejo contínuos entre los dedicados a Ia co- municación, así como un organismo con- sultivo para Ias diferentes ramas de go- bierno. Sin embargo, algunos pensaron que existia el peligro de que un Consejo de ese gênero se convirtiera en una simple so- ciedad de discusión a menos que tuviese cierta autoridad normativa y pudiese e- jercer una influencia directa sobre el pla- ncamiento de Ia comunicación.

6.4.2 — En relación con esta con- trovérsia hubo desacuerdo sobre Ia com- posición dei Consejo. Algunos conside- raron que debía representar ampliamen- te ai gobierno y a los ciudadanos y estar en condiciones de consultar a expertos cuando Io necesitará. Otros estimaron que, para ser eficaz, el Consejo debería com- ponerse de especialistas en Ias diferentes matérias relacionadas con Ia comunicación. Hubo cierto temor de que si se concedia una función importante en el Consejo a Ias empresas de médios de comunicación, estas pudieran influir Ia política en su propio beneficio en lugar de en interês dei público. Por otra parte, tambiên se temió que si ias empresas de comunicación no in- tervenían directamente Io sufiaiente, ei Consejo no solo careceria de conocimien- tos profisionales sino que podría ser rela- tivamente ineficaz o convertir-se en un instrumento para el control de Ia libre comunicación. Se indico que los sectores comerciales y de otro gênero desconfiarían de Ia creación de otro "órgano regulador"- Esto sugirió Ia respuesta categórica de que el Consejo perderia su utilidad, para el li- bre intercâmbio de opiniones y de expe- riência y para encargar investigaciones, si se viera directamente implicado en asun- tos normativos. Por último. Ia reunión Ue- gó a Ia conclusión de que esos asuntos tendrían que decidirse en el nível nacio- nal.

6.4.3 — La reunión, sin Ia inten- ción de pronunciarse sobre Ia estructura de cada Consejo de Comunicación, expuso que sus principales funciones senan: — Promover análisis coherentes, racionales

y detallados de Ias políticas y los con- troles existentes y de los objetivos na- cionales de comunicación; determinar los derechos, los intereses. Ias obliga- clones y Ia interdependência de dife- rentes instituciones de comunicación dentro de Ia sociedad;

— Aumentar Ia eficácia de Ia aplicación y Ia inversión de recursos econômicos y materiales frecuentemente limitados, estableciendo prioridades y reduclendo Ias contradicciones internas;

— Proteger los derechos y los intereses de diferentes sectores que intervienen en empresas de comunicación proporcio- nando una tribuna para un debate y un esclarecimiento contínuos;

— Proporcionar un marco para prever los câmbios en Ia tecnologia de los médios

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 55

Page 58: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

de informacion, evaluando su utilidad para promover objetivos nacionales e internacionales y senalando sus posibles efectos nocivos;

— Identificar importantes problemas de Ia comunicación internacional que condi- cionan Ia política nacional y realizan una función escrutadora para prever importantes innovaciones tecnológicas en ia escena internacional que puedan ser tambien importantes como "saltos cuán- ticos" en ei planeamiento nacional de Ia comunicación;

— Asegurar Ia compatibilidad nacional con Ias normas internacionales;

— Permitir que Ia nación intervenga de manera consistente y coherente en los debates internacionales sobre asuntos d." comunicación y recomendar una acción diplomática apropiada en asuntos rela- tivos a Ia comunicación.

6.4.4 — Existen asuntos internacio- nales concretos que tienen una relación directa con Ia comunicación nacional y requieren una atención constante por parte de los servicios especializados. Sobre todo se prestará atención a: — Ia importância de Ias tarifas aduaneras,

postales y de transmisión que ejercen influencia sobre Ia libre circulación de Ia informacion y que tienen una signi- ficación econômica para ei país;

— Ias normas y especificaciones interna- cionales que afectan a Ia transferencia de equipo y de programas;

—■ los problemas relacionados con ei dere- cho de autor y los derechos de los in- térpretes, que guardan una relación di- recta con Ia posibilidad de transferen- cia de Ias produeciones;

— Ia circulación de informacion y de da- tos entre los diferentes países;

— Ia asignación internacional de frecuen- cias de radiodifusión y ei empleo de li comunicación por satélites.

6.4.5 — Por ejemplo, ei último pro- blema adquiere cada vez mayor impor- tância para los utilizadores de Ia co- municación pronto estarán en condicio- nes de transmitir programas directamente a los receptores comunitários y más adelan- te también a los receptores individuales. Pronto habrá que tomar decisiones sobre si hace falta para ello un sistema de sa- télites nacionales, si es necesaria Ia coope- ración con otros países o si es convenien- te cstablecer un sistema nacional o subna- cional para compartir ei equipo e incluso

para Ia programación conjunto. Después se determinarían Ias necesidades nacionales o regionales de frecuencias a fin de que Ia Conferência de Ia Unión Internacional de Telecomunicaciones haga asignaciones pari Ia radiodifusión por satélite.

6.4.6 — Para resolver esos probic- mas es necesario que Ia nación desple- gue una acción coordinada. La adopción y r.plicación de políticas de interés general requiere que diferentes organismos guber- namentales estén representados en Ias reu- niones y en los órganos reguladores inter- nacionales. También requiere relaciones in ternacionales entre Ias propias empresas de comunicación y los profesionales dedica- dos a Ia comunicación, que están agru- pados en diversas organizaciones y asocia- ciones regionales e internacionales. La fal- ta de coordinación entre quienes represen- tan ai país y Ia ausência de un método r.rmónico, hace con frecuencia más difícil alcanzar objetivo s y promover acuerdos internacionales racionales.

6.4.7 — El problema interesa tam- bién a Ia asistencia exterior. Con fre- cuencia se ofrece y se acepta Ia ayuda ex- tranjera en Ia esfera de Ia comunicación sin tener debidamente en cuenta Ia fun- ción de Ia comunicación en Ia sociedad, sus funciones sociales y Ia necesidad de po- líticas y planes coherentes. Un país no puede obtener benefícios de csa asistencia exterior a menos que haya definido su propia estratégia de comunicación. Al mis- mo tiempo, se ha comprobado que con fre- cencia los países donadores están poço ca- lificados para definir su asistencia en ma- téria de comunicación porque cllos mismos carecm de una experiência adecuada en políticas de comunicación encaminadas ai desarrollo nacional, y a menudo proporcio- nan equipo o ideas que no se ajustan a Ia capacidad dei país beneficiário para man- tenerlas y utilizadas.

6.4.8 — Por consiguiente, este ní- vel de relaciones internacionales hace in- tervenir en Ias políticas y ei planeamiento de Ia comunicación no solo a los ministé- rios directamente relacionados con Ia tec- nologia y Ias actividades de Ia comunica- ción, sino también a los de Relaciones Ex- teriores, Comercio, Asuntos Culturales y Jurídicos y a Ias autoridades encargadas de Ia ciência y de Ia tecnologia.

6.4.9 — En resumen, Ia aplicación

56 abepec, vol, 1 - n." 1 - 1.° semestre/75

Page 59: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

de Ias políticas y Ias prácticas de comu- nicación requiere una accion conjunta entre Ias que intervienen en los asuntos sociales, econômicos, científicos, educativos y exte- riores de un país. Sin embargo, su función no debe concebirse como un poder supe- rior instituído para controlar médios de información. Solo podrán tener êxito per- maneciendo en constante contacto y con-

sulta con Ias empresas de comunicación y con los ciudadanos, cuya participación di- recta en Ia formulación y aplicación de Ias políticas de comunicación es vital. Nada frustrará ni falseará más profundamente Ia corriente de Ia comunicación que Ia falta de respeto por Ia naturaleza de Ia propia comunicación y por Ia necesidad social de comunicar.

NOTAS

1) René Maheu: Introducoión ai Proyecto de Programa y de Presupuesto de Ia Unesco para 1973-1974, 17 C/5, párrafo 31.

2) Resolucion 4.21. 3) Véase Ia lista en Anexo. 4) Se considero que los siguientes documen-

tos tenían especial importância para los encargados de Ias políticas de comuni- cación: a) Cartr, de Ias Naciones Unidas. b) Declaración Universal de Derechos Hu-

manos. c) Resolucion 110 (II) aprobada ei 3 de no-

viembre de 1947, por Ia Asamblea Ge- neral de Ias Naciones Unidas conde- nando Ia propaganda destinada a pro- vocar o alentar, o susceptible de pro-

vocar o alentar cualquier amenaza a Ia paz, quebrantamiento de Ia paz o acto de agresíón.

d) El Tratado sobre ei Espado Ultraterres- tro de 1967.

e) El Convênio Internacional de Telecomu- nicaciones y su Reglamento de Radio- comunicaciones.

f) La Convención Universal sobre Derecho de Autor, Ia Convención de Berna y Ia Convención de Roma sobre Derechos Conexos.

g) Ei Acuerdo General de Aranceles Adua- neros y Comercio.

h) El Acuerdo de Ia Unesco para Ia Impor- tación de Objetos de Caracter Educati- vo, Científico o Cultural.

ANEXO

LISTA DE PARTICIPANTES

Expertos

Mr. J. d'Arcy, Presidente Multivision, 6, Rue Picot, Paris 16ème, France.

Mr. R. Aspinall, Unesco Regional Broadcast Training Expert, Institute of Mass Communication, University of Lagos, Nigéria.

Mr. R. Balakrishnan, Dircctor National Broadcasting Training Centre, Dewan Tunku Abdul Rahman, Jalan Ampang,

Kuala Lumpur, Malaysia.

Dr. L.R. Beltrán S., Director, IICA-CIRA, Apartado Aéreo 14592, Bogotá, Colômbia.

Mr. H. Cholmondeley, Project Co-or- dinator Mass Communication - Unesco/Project, Caribbean Region, United Nations Development Programme Brickdam, Georgetown, Guyana.

Mr. D.J- Cook, Executive Director,

abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75 57

Page 60: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

The Ontario Educational Communications Authority, Canada Square, 2180 Yonge Street, Toronto 295, Ontario, Canadá.

Dr. N.H. Dajani, Department of Mass Communication, American University of Beirut, Beirut, Lebanon.

Mr. N. Davey, Director, International Broadcasting Consultants, 35 Piccadilly, London, W.I, United Kingdom.

Dr. R. Güsten, Director, African Studies Centre, IFO — Institute of Economic Research, 8000 München 86, Poschingerstrasse 5, Federal Republic of Germany.

Dr. A.L. Horley, Director, Telecommunication Policy, Department of Health, Education and Welfare, Room 5400 N, 330 Independence Avenue S.W. Washington D.C. 20201 U.S.A.

Mr. G- Kossov, Head of Economic Department, Institute of Information on Social Science, Academy of Science?, 11 Frunze Street, Moscow, USSR.

Mr. C. Msonde, Head of Educational Department, Radio Tanzânia, P.O. Box 9191, Dar-es-Salaam, United Republic of Tanzânia.

Mr. E.C. Mutimer, Caribbean Film and Television Advisor, Unesco Mass Communication Project, United Nations Development Programme, Port-of-Spain, Trinidad and Tobago.

Dr. A.M. Natesh, Unesco Expert in Rural Broadcasting, United Nations Development Programme, P.O. Box 1966, Luzaka, Zâmbia.

Prof. K. Nordenstreng, Director, Institute of Journalism an Mass Com- munication, University of Tarapere, 33100 Tampere, Finland.

Prof- A.E. Opubor, Director, African Studies Centre, Michigan State University, E. Lansing, Michigan 48823, U.S.A.

Mr. B. Plazas, Manager, Plazas & Co. Ltd., Engineering and Economics Systems Consultants, Apartado Aéreo 12535, Bogotá, Colômbia.

Mr. A. Quarmyne, Unesco Chief Technical Adviser, (Educational Television and Production Centres in New Delhi and Poona),

c/o Unesco Chief of Mission, Unesco House, 40-B Lodi Estate, New Delhi 5, índia.

Mr. H. Sakamoto, Director, International Co-operation, Office of the President, Nippon Hoso Kyokai (Japan Broad- casting Corporation, 2-2-3 Uchisaiwai-cho, Chiyoda-ku, Tokyo, Japan.

Mr. L. Sargent, Unesco Regional Specialist, Communication Education, Caribbean Mass Communication Project, Apt. 106, 19 Oxford Road, Kingston 5, Jamaica.

58 abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75

Page 61: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

Dr.R. Schwass, 1818 H Street, N.W. Vice-President, Washington D.C. 20433, Hedlin, Menzies & Associates Ltd-, U.S.A. Economic Consultants, Acres, Unesco Secretariat 71 The Kingsway, Toronto 210, Ontario, Mr. M. Babic COM/ST Canadá. Mr. E. Becher COM/MCD

Mr. M. Botti EPAD Dr. T. Szecsko, Mr. H. Buzenet EPAD Director, Mr. S. Fanchette SHC/SS MRT (Mass Communication Research Mrs. F. Gallo COM/DBA Centre), Mr. F. Goodship COM/MCD Budapest VIU - Pollack M. tèr. Mr- A. Haemmerli EDA Hungary. Mr. A. Hancock COM/MCE

Mr. P. Lazar COM/DBA Rapporteur Mrs. M. Saulière EDS

Mr. W. Schwendler, PH Dr. H.R. Cassirer, Mr. J. Smyth EPAD International Consultant for Communi- Mr. L. Sommerlad COM/FF cation and Education, Mr. J. Willings COM/MCD 4, Place du Château, 74 Annecy, France.

United Nations and United Nations Specialized Agencies

International Bank for Reconstruction and Development (IBRD)

Mr. S. Futagami, Mass Media Specialist, Education Projects Department, IBRD (International Bank for Recons- truction and Development)

Ohservers (participating in working sessions)

Mr. F. Kahnert, OECD (Organization for Economic Cooperation and Development), Development Centre, 94 Rue Chardon-Lagache, Paris 16ème, France.

Mr. W. Seeger, Konrad Adenauer Stiftung, Bonn,

Federal Republic of Germany.

abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75 59

Page 62: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

personalidade básica e cultura de massa

A chamada cultura de massa, através, principalmente, dos comics, canções, cine- ma, televisão e fotonovelas, pressiona o indivíduo no sentido de afastá-lo da in- fluência dos grupos primários, oferecendo- lhe modelos "universais" de relações sociais e de integração na sociedade.

Para isso, ela se vale do volume de meios a sua disposição; da intensidade e rapidez com que suas mensagens chegam ao receptor; da pressão exercida sobre os próprios grupos primários; e da divulga- ção esquemática e repetitiva dos princí- pios morais, éticos e religiosos do "homem médio universal", isto é, do "homem co- mum a todos os homens".

Não se trata aqui de estabelecer a ori- gem da cultura de massa, nem se a pres- são por ela exercida é planejada e progra- mada para atingir determinados fins polí- ticos ou ideológicos. Neste trabalho, pre- teüde-se apenas analisar a constatação de um fato que parece evidente, sem, entretan- to, distribuir valores predeterminados aos

vários elementos da questão. Entenda-se por cultura de massa a fi-

losofia de vida caracterizada por uma "na- tureza a-nacional, a-estatal, egocentrista", cujos conteúdos essenciais são as necessida- des privadas de amor, felicidade, aventu- ras, liberdades e bem-estar, divulgadas sis- tematicamente pelos meios de comunicação de massa1.

São considerados grupos primários, a fa-

OTHON JAMBEIRO

mília, a comunidade e a escola, já que são estes grupos, marcadamente o primeiro de- les, que influenciam decisivamente a for- mação da estrutura de personalidade bási- ca do homem.

A base teórica do trabalho está na teo- ria de Abram Kardiner sobre a personali- dade, segundo a qual "as pessoas são o que são devido a se desenvolverem em de- terminadas condições",2 condições estas que ele vincula diretamente ao ambiente no qual o indivíduo inicia seu contato com o mundo exterior, isto é, a família.

Para Kardiner, as atitudes básicas com relação aos pais são as "instituições primá- rias" da sociedade e são elas que irão for- mar a estrutura de personalidade básica na

criança. Esta estrutura, por sua vez, atra-

vés do que ele chama de "sistema proje- tivo", irá condicionar, na personalidade em

formação, a percepção das "instituições se- cundárias" da sociedade.

Isto eqüivale a dizer que, modificando-ie

as relações familiares — as instituições pri-

márias que servem de base aos sistemas

projetivos — estes últimos seriam igualmen-

te alterados, já que, em sua base, estaria

sendo formada uma outra estrutura de per-

sonalidade básica, para substituir a origi-

nal. E, conseqüentemente, a percepção das

instituições secundárias passaria a ser con-

dicionada por fatores diversos dos anterio-

res, por efeito de um processo desencadea

60 abepec, vol. 1 - n." 1 - 1,° semestre/75

Page 63: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

do a partir da modificação das relações familiares.

Os sistemas projetivos são, pois, os ins- trumentos da estrutura da personalidade básica em seu processo cognitivo, uma vez que é por seu intermédio que o indivíduo, exercitando seu poder de percepção (um processo interpretativo dos estímulos rece- bidos e que tem como produto final uma significação), assimila os objetos sociais, de tal maneira que seus próprios processos de projeção e identificação não sejam con- triitiados.

Tal é também o pensamento de Ruy Coe- lho3 quando afirma que "para seu fun- cionamento eficiente, a regra necessita ser entendida e incorporada ao sistema psíqui- co total" e que "no núcleo da personali- dndi. encontra-se o ego, agente sintetiza- dor, capaz de refundir esses resíduos e assi- milá-los à própria essência."

Ressalve-se, contudo, a posição deste au- tor que não aceita a distinção de Kardi- ner entre instituições primárias e secundá- rias. Citando Dufrenne, diz ele que o "in- divíduo em formação se defronta com re- gras de conduta que lhe cabe assimilar. Estas regras não emanam, por projeção, de sua experiência infantil, mas existem obje- tivamente no comportamento dos adultos".

O que significa, para ele, que ao ser imaturo "todas as instituições se apresen- tam como primárias, pois que lhe são ex- teriores e lhe afetam a formação da per- sonalidade em maior ou menor grau. E para o adulto todas as instituições são se- cundárias, tendo sido vividas como expe- riência social e integradas às suas pautas de ação". Primário e secundário seriam, en- tão, apenas sinônimos de social cristaliza- do e não cristalizado.

De qualquer forma, parece haver um consenso sobre a importância decisiva da família, em primeiro lugar, e dos demais grupos sociais, depois, na formação da es- trutura de personalidade básica do indiví- duo. Quer como instituições primárias, quer come social cristalizado, é lícita a afirma-

ção de que as atitudes básicas com relação aos pais merecera um destaque especial no estudo da formação da personalidade.

Os grupos primários

Os grupos primários são, pois, mais im- portantes para a formação da personalida- de do indivíduo do que qualquer outro fator: é a partir das relações mantidas nestes ambientes que ele apreende o con- teúdo das mensagens recebidas — sejam na- turais ou artificiais, primárias ou secundá- rias, diretas ou indiretas — nunca as apre- endendo integralmente.

A integração do indivíduo nestes gru- pos afeta, inclusive, não só sua interpreta- ção do conteúdo da comunicação, como também, até certo ponto, sua escolha de assuntos para ler, ver ou ouvir.

Se ele, entretanto, está desintegrado nes- tes grupos, na família principalmente, isto é, se não há da parte dele disposições in- dividuais de comunicações com os demais membros do grupo, nem assentimento aos valores deles, tanto a escolha dos assuntos, como sua interpretação, poderão entrar em choque com as possíveis expectativas do

grupo. Evidentemente, não se pode precisar sob

que condições e a partir de que momento passa a haver esta indisposição de comuni- cação e o não assentimento aos valores do

grupo, especialmente se este grupo for a família.

Hcnry Lefcbvre4 dá uma pista sobre o assunto quando afirma que a família é a forma de dependência do indivíduo a uma estrutura social determinada, "estru- tura da qual nós sabemos que, em condi-

ções históricas, igualmente determinadas, se destaca do indivíduo e se opõe a ele, enquanto que ele se opõe a ela; mas, por isso, a família não desaparece".

A conclusão é clara: a partir do mo- mento em que há uma oposição mútua en- tre o indivíduo e a estrutura social e, sen-

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 61

Page 64: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

do a família "a forma de dependência" de- le a ela, passam a existir condições excep- cionais de choque entre o indivíduo e seu grupo primário principal — a família. En- tretanto, Lefebvre não esclarece que con- dições históricas são essas, nem o processo de seu surgimento.

De qualquer maneira, pode-se afirmar que o indivíduo, hoje, se liberta muito ce- do da influência direta da família, per- dendo nos meados da segunda década da sua vida a dependência quase absoluta que, em tempos passados, outros indivíduos conservavam por mais longo tempo.

Sabe-se, ademais, que a intensidade de dependência cresce à medida que a impor- tância da permanência no grupo aumenta para o indivíduo; e decresce à medida que as opiniões e atitudes envolvidas estão ra- dicadas em outro grupo ou desempenham funções importantes de satisfação de ne- cessidades para o indivíduo, porque o in- divíduo pertence e está relacionado não a- penas com os grupos primários, mas com muitos outros, variando bastante a impor- tância que cada um deles tem em deter- minado momento de sua vida.

Aí parece residir a raiz da questão, pois há neste relacionamento uma série de interrogações de indiscutível validade. Por exemplo: qual é a resposta do indivíduo quando precisa reagir a uma mensagem, dentro de múltiplos papéis, como membro de grupos de referência conflitantes? Co- mo os grupos primários se inter-relacionam entre si e com os grupos secundários? E como estes grupos são integrados no pro- cesso e na estrutura social abrangente?5

O que se sabe, até agora, é que suas percepções estão ajustadas às necessidades, valores, emoções e experiências passadas. Mas, em se tratando do homem, não há rigidez de regras nem normas que não pos- sam ser desrespeitadas. E o fato de a per- sonalidade ser um processo nunca concluí- do torna, quase sempre, qualquer previsão incerta.

Uma coisa, porém, parece certa: não

só a família é foroa de dependência a u- ma estrutura social determinada, como diz Lefebvre. Também o são a comunidade e a escola e os demais grupos secundários ds sociedade. A família é, entre eles, apenas a encarregada pelo sistema social de man- ter os primeiros contatos e integrar o re- cém-vindo à estrutura de que ela é parte. Cabe ao indivíduo estabelecer os contatos com outros grupos e, mais tarde, de posse de elementos esclarecedores de suas possi- bilidades e dos limites de suas atividades, assumir posições modificadoras ou não na sociedade.

Frise-se, contudo, que as possibilida- des e os limites do indivíduo não são in- determinados. São, antes, suas "condições sociais de existência, formas de proprieda- de e também maneiras de pensar, de agir e de sentir que foram elaboradas por sua classe a partir das bases materiais e das

relações sociais correspondentes".6

A cultura de massa

Temos estabelecido até agora que o indivíduo não é atingido por uma mensa- gem diretamente, como um membro anôni- mo e isolado de uma sociedade de mas- sa. Seu recebimento é, sempre, mediado pe- los grupos sociais aos quais pertence.

É possível afirmar-se, contudo, que, havendo desintegração do indivíduo na família — seu grupo primário principal ■— e, conseqüentemente, choque com as expec- tativas deste grupo, eíe pode ser atingido — se a desintegração já não foi uma con- seqüência de tê-lo sido anteriormente —■ por uma comunicação mais de acordo com as expectativas de outros grupos a que per- tença.

Em outras palavras: as mensagens da cultura de massa são mediadas pelos grupos primários, mas pode haver também uma comunicação entre ela e o indivíduo, me- diada por um ou mais grupos de objetivos diversos dos grupos primários, o que não

62 abepec, vol. 1 - n." 1 - 1.° semestre/75

Page 65: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

invalida, de qualquer forma, a afirmativa de que a família permanece como media- dora, pois, segundo Kardiner, as relações familiares são as instituições primárias que formam a estrutura de personalidade bá- sica do indivíduo.

Quando, portanto, as mensagens da

cultura de massa o atingem, ele já sofreu, pelo menos, a influência poderosa (estru- tural) do primeiro e principal grupo pri- mário — a família. A cultura de massa só pode, por conseguinte, pressionar o indiví- duo através desta mediadora primária. É impossível aquela chegar a ele antes desta.

O que pode ocorrer — e é a isto que

queremos chegar — é uma pressão dupla da cultura de massa: sobro o indivíduo, como elemento modificador do ambiente em que vive, no sentido de torná-lo, des- de cedo, seu aliado contra a estrutura fa-

miliar; e sobre a família, no sentido de desarticular sua estrutura e propiciar-lhe a iniciativa da formação de uma outra, por necessidade de sobreviver integrada.

Atingidos estes dois pontos, estariam, ao que parece, atingidos também os demais

grupos primários, já que o processo é glo- bal.

A pressão da cultura de massa sobre o indivíduo se faz, principalmente, pela fa- cilidade de acesso imediato a todo tipo de informação que ela lhe oferece, informa- ção esta que varia desde a frieza mais im- parcial da notícia, até a altíssima emocio- n?lidade das fotonovelas, passando pelas soluções fantásticas dos problemas nos comies e pela violência desmedida dos per- sonagens de filmes de TV e cinema.

Sobre a família, a cultura de massa descarrega, através dos mesmos veículos de comunicação — inclusive os comies, muito lidos pelos adultos — uma infinidade de sugestões para a consecução de uma felici- dade na qual, como diz Morin, em lugar da antiga separação, pai de um lado, mãe e filhos do outro, surge um novo esque- ma baseado no casal de um lado e filhos do outro.

O soberano masculino de antigamente, por imposição da cultura de massa, está perto do fim. Hoje ele está quase em pé de igualdade com a mulher. E a cada dia

desaparece a distância entre o chefe ex-

pressivo (a mãe) e o chefe instrumental (o pai), para dar lugar a uma chefia colegia- da que, se por um lado, transforma os todo-poderosos chefes de família em com-

panheiros afetuosos de suas esposas, por outro, torna difícil para a criança identi- ficar-se com aquele que seria seu modelo natural de ação.

Para Edgar Morin/ que analisou exaustivamente esta face do problema, a conclusão é uma só: "a decadência da imagem do pai e da mãe se dá em bene- fício, de um lado, de grandes autoridades paternais, como a nação, que é o Estado-

pai e Pátria-mãe, a Igreja, até mesmo o Partido e, de outro lado, dos modelos da cultura de massa".

No contexto, em função de crise ge- ral que abala, no mundo de hoje, estas "grandes autoridades", aparecem como os maiores beneficiados exatamente aqueles que, como dissemos atrás, vão informar a formação da personalidade do indivíduo — os modelos da cultura de massa.

Umberto Eco8 observa também o mesmo fato: "um dos elementos de crise para a civilização burguesa contemporânea é dado pela incapacidade, por parte do homem médio, de subtrair-se a sistemas de formas adquiridas que lhe são forneci- das de fora, que ele não conquistou atra- vés de uma exploração pessoal da realida- de. Doenças sociais, tais como o confor- mismo ou a heterodireção, o gregarismo e a massificação, são justamente fruto de li- ma aquisição passiva de standards de com- preensão e juízo, identificados como a "boa forma", tanto em moral quanto err política, em dialética como no campo da moda, ao nível dos gostos estéticos ou dos princípios pedagógicos".

Ora, se a decadência da imagem do pai e da mãe, embora ocasionem um me-

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 63

Page 66: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

lhor relacionamento entre ambos, beneficia os modelos da cultura de massa; e se o progresso verdadeiramente sensacional da ciência e da tecnologia destronou igual- mente a experiência dos velhos (não há mais sabedoria, diria Morin, numa consta- tação de profundidade), os modelos de conduta do indivíduo, notadamente na in- fância c na juventude, estão, irrecusável

mente, no comportamento dos heróis de filmes, de fotonovelas, dos comies, das canções.

O jovem de hoje, mais do que os a- dultos — mas também estes ■— parece vi- ver os limites estabelecidos pelas evasões projetivas, de um lado, e, de outro, pela imitação pura e simples do comportamen- to manifesto dos seus heróis.

NOTAS

1 — MORIN, Edgar. Cultura de Massa no Sé- culo XX. Rio de Janeiro, Forense, 1967.

2 — KARDINER, Abram. O Conceito de Perso nalidado Básica. In: F.H. Cardoso e O. lannl. Homem o Sociedade. São Pajlo. Nacional, 196C,

3 — COELHO, Ruy. Estrutura Social e Dinâmi- ca Psicológica. São Paulo, Ed. da USP, 1969.

4 — LEFEBVRE, Henry. O Conceito de Estrutu- ra om Marx. São Paulo, Ceupss da USP, 1969 (apostiiha).

5 — RiLEY, J. & RILEY M. Comunicação de Massa e o Sistema Social. In: Soclology Today. New York, Basic Books, 1961.

G — LEFEBVRE, H. op. clt. 7 — MORIN, Edgar, op. cit. C — ECO, Umberto, Obra Aberta. São Paulo,

Perspectiva, 1968.

64 abepec, vol. 1 - n.° 1 - 1.° semestre/75

Page 67: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

CRISE DA IMPRENSA BRASILEIRA:

o impasse estrutural e as soluções utópicas

A crise mundial do papel (aumento substancial do preço, crescimento progres- sivo da demanda e possibilidades de escas- sez do produto) constitui o elemento mo- tivador das reflexões de Alberto Dines so- bre as tendências da comunicação de mas- sa no mundo moderno, enfeixadas no seu novo livro O Papel do Jornal (Rio de Ja- neiro, Artenova, 1974).

Ex-editor-chefe do Jornal do Brasil, cargo que ocupou durante mais de dez a- nos, o autor escreveu o referido volume nos momentos que se seguiram ao seu a- fastamento da direção editorial daquele pe- riódico. Assim sendo, o livro assume um caráter de depoimento, no qual o experien- te jornalista dá forma sistemática a algu- mas das questões básicas que vêm inquie- tando profissionais, empresários e anun- ciantes, nos últimos anos. Todavia, trata- se de um documento objetivo e equilibra- do, onde não há lugar para o emocionalis- mo próprio dos relatos feitos nos desfe- chos de crises, como a que culminou com

o desligamento de Dines do JB. Dimensionando a crise do papel, fe-

nômeno que se agrava com as perspecti- vas de controle político dos recursos na- turais não renováveis, como é o caso do petróleo, por parte dos seus produtores, o autor destaca a problemática dos países em desenvolvimento cujas fontes de supri- mento da tecnologia c dos bens perecíveis que acionara a indústria jornalística en- contram-se no exterior. Isso o induz a re- pensar as fórmulas com que é feito o jor- nalismo contemporâneo nas chamadas eco- nomias de mercado (ou seja, capitalistas), advindo naturalmente um conjunto de so- luções hipotéticas que conduziriam a uma nova equação para a comunicação im- pressa.

JOSÉ MARQUES DE MELO

Do ponto de vista da situação in- ternacional, ainda bastante nebulosa, em decorrência das marcantes disparidades geoculturais, e também da falta de dados comparativos entre as áreas que integram o elenco dos países metropolitanos, o tra- balho de Dines pouco acrescenta aos es- tudos mais recentes produzidos nos EUA e na Europa, como os de Jean Jacques Servan-Schreiber (The Power to inform) e Jean Schwoebel (La Presse, le pouvoir et l' argent), que constituem, aliás, suas prin- cipais fontes a esse respeito.

A contribuição mais importante do autor é a tentativa de analisar as reper- cussões da crise global da imprensa no contexto da sociedade brasileira, sugerindo uma alternativa para elucidar o impasse. Tarefa, por sinal, a que se dedicou, utili- zando muito mais a experiência pessoal e o arcabouço de informações conjunturais a que teve acesso em virtude da privilegia- da posição de editor-chefe de um dos grandes jornais brasileiros, do que contan- do com a ajuda de dados estatísticos, es- tes praticamente inexistentes ou publica- mente inacessíveis em nosso país, no setor jornalístico.

Ura retrospecto das iniciativas de re- formulação dos padrões jornalísticos brasi- leiros mostra que elas foram tomadas ora com o objetivo de adaptar a imprensa à sistemática da produção industrial ora com a finalidade de neutralizar os efei- tos da concorrência que os veículos audio- visuais eventualmente ofereceram ao jornal diário. Dentro desse panorama, é interes- sante conhecer de perto as diretrizes que orientaram as mudanças ocorridas no Jor- nal do Brasil, para cuja implantação o autor desempenhou um papel especial.

Não obstante a modernização do jor-

abepec, vol. 1 - n.01 - 1.° semestre/75 65

Page 68: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

nalismo brasileiro (no sentido de incorpo- ração dos padrões norte-americanos resul- tantes do processo de industrialização in- tensiva da imprensa) tivesse sido iniciada no fim da década de 40 — episódio pa- ra o qual contribuíram Jornalistas como Pompeu de Souza, Carlos Lacerda, Sa- muel Wainer, Odilo Costa Filho, etc. —, na verdade o fato marcante, em termos de re- percussão nacional, foi a reforma do JB comandada por Alberto Dines a partir de 1962, pondo em execução muitas das ex- periências bem sucedidas na imprensa dos EUA e procurando seguir alguns postula- dos científicos construídos pelos analistas do fenômeno da mass communication.

O contacto com as pesquisas realiza- das por Lazarsfeld, Schramm, Klapper, etc- parece ter fascinado sobremodo o au- tor, pois na base das justificativas para as soluções adotadas no JB encontramos uma nítida presença daquelas diretrizes teóricas e metodológicas. De todos, porém, Schramm é o maior inspirador das atitu- des de Alberto Dines em relação às trans- formações que a imprensa dos países do terceiro mundo deve experimentar no sen- tido de contribuir para as tarefas do de- senvolvimento.

A proposta central do livro é a reor- denação da filosofia das empresas jorna- lísticas, comportando-se como organizações de natureza estritamente industrial e bas- tando-se economicamente com a venda do seu produto peculiar, ou seja, a informa- ção. A partir daí, Dines preconiza uma identificação visceral entre o jornal e seu público leitor, em função do qual seria de- finida a linha editorial (o que não exclui- ria a manutenção de um ecletismo ideoló- gico na esfera das matérias assinadas) e a partir do qual seria conduzida a política de captação de anúncios. É para um jor- nal dessa natureza que ele sugere altera- ções morfológicas (tamanho reduzido, me- nor número de páginas, conteúdo seletivo, cobertura desburocratizada, reportagem in- vestigativa, etc, etc-,). Contudo, a sua ca- racterística intrínseca seria a independên- cia editorial — a opinião do jornal jamais poderia ser objeto negociável.

Trata-se, em verdade, de um projeto utópico, dentro dos parâmetros que marcam a sociedade brasileira, hoje. Para que tal jornal viesse a se concretizar seria neces- sário fundamentalmente uma ampla circu- lação, cuja venda avulsa e assinaturas compensassem em parte a elevada tiragem, que, por sua vez, atuaria como elemento

catalisador de mensagens publicitárias ca- pazes de cobrir o custo de produção, tor- nando-o um negócio economicamente ren- tável. Ou seja, ele teria que ser um jor- nal de massa, circulando dentro dos lia- mes de um mercado crescente, dinâmico e competitivo. Entretanto, tais condições es- tão longe de se configurarem no Brasil de hoje, a não ser que ocorram modificações a curto prazo nos rumos da nossa política econômica. Isso significa dizer que o mercado consumidor do país é ainda bas- tante restrito, sobretudo no que se refe- re a produtos supérfluos (como é o caso da informação veiculada pelos grandes jornais), cujo acesso está circunscrito à eli- te, setor tradicionalmente beneficiário do progresso nacional. Para confirmar tal as- sertiva, basta examinar o volume das ti- ragens dos nossos jornais diários, cuja cifra é reduzidíssima se comparada a outros países, e que se mostra regressiva no plano local se a analisarmos em função da taxa de incremento demográfico, do aumento dos índices de escolarização e alfabetiza- ção de adultos, bem como do intenso pro- cesso de urbanização, nas últimas décadas.

^ Tais fatores, aliados naturalmente ao tênue crescimento da pequena faixa popu- lacional beneficiada pelo modelo de de- senvolvimento do país, atuaram no senti- do de elevar, por exemplo, a produção da imprensa utilitária, como é o caso do li- vro, do fascículo e das publicações espe- cializadas. No que diz respeito ao jornal, observa-se, ao contrário, um recrudescimen- to dos sintomas de depauperação, com o cessar do funcionamento de alguns veícu- los e as perspectivas de crise que se ante- põem a diversos outros, circunstâncias que não podem ser explicadas apenas em de- corrência dos fatores políticos que demar- cam a fisionomia da vida brasileira em a- nos recentes. ..

Na medida em que o cerne das pre- ocupações de Alberto Dines com as mu- danças indispensáveis ao jornal diário es- ta na crise mundial do papel, o seu pro- jeto afigura-se em certo sentido contradi- tório, pois a edição de um jornal de mas- sa (condição indispensável para lhe asse- gurar auto-sustentação política e econômi- ca) implicaria em tiragem elevada, o que aumentaria consideravelmente os custos de produção e da venda avulsa, em face do aumento galopante do preço do papel, so- bretudo num país como o Brasil, que de- pende em mais de 60% das importações desse produto.

66 abepec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestre/75

Page 69: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

Na presente conjuntura, a redução das tiragens talvez seja um recurso utili- zável pelos empresários do jornalismo co- mo forma de neutralizar o impacto avas- salador da elevação dos custos operacio- nais, principalmente numa fase de infla- ção aguda, não controlável nos reduzidos limites de uma economia periférica. É cer- to que o autor não desconhece inteira- mente as dimensões do quadro, pois ao su- gerir um jornal qualitativo ele afirma qu; este será necessariamente um jornal mais caro. Logo, será um jornal mais elitista (no sentido das possibilidades de consu- mo) do que os existentes atualmente no mercado. E, portanto, terá poucas condi- ções de sobreviver como empreendimento rentável, ou seja, dentro dos padrões de uma empresa capitalista, sem que comer- cialize ambos os objetos negociáveis — a informação e a opinião.

É preciso convir que o projeto de Al- berto Dines, configurado em grande par- te segundo a evolução das empresas jor- nalísticas norte-americanas, não constitui

um projeto -estruturalmente inviável. Ele c inviável historicamente, dentro dos atuais contornos do desenvolvimento econômico trilhado pelo país. Somente a expansão do mercado consumidor nacional, possibili- tando o acesso progressivo aos bens pro- duzidos, pela moderna tecnologia industrial, àqueles setores majoritários da população, que se vêm restringindo a um consumo de subsistência, poderá acelerar os mecanis- mos de transformação dos jornais diários, convertendo-os em instrumentos socialmen- te úteis para os leitores e retirando-os da atrofia funcional que os caracteriza de longa data. Ao invés de serem canais pau- tados pelo sensacionalismo noticioso, pela tendenciosidade política, pela evasão psi- cológica, eles terão que assumir um papel nitidamente utilitário, ou seja, tornarem- se veículos difusores de informações fide- dignas, criteriosamente selecionadas, a par- tir do seu valor social, e de opiniões eti- camente consistentes, a fim de orientarem o cidadão comum à tomada de decisões livres, que traduzam a sua participação integral na sociedade.

abepec, vol. 1 - n.0l - 1.° semestre/75 67

Page 70: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

plano de atividades da abepec

É o seguinte o plano de atividades da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa da Comunicação para 1975, elaborado no mês de novembro de 1974, em Brasília, pela Diretoria, em reunião conjunta com o Conselho Deliberativo:

1 — Edição de Boletim

2 — Lançamento da Revista ABEPEC

3 — Levantamento de recursos para edições monográficas 4 — Realização do III Congresso de Comunicação (ou Seminário) 5 — Campanha dos 300 sócios 6 — Ampliação das fontes de financiamento

7 — Proposta de projeto de pesquisa ao MEC sobre a situação do ensino de Comunica- ção no Brasil

8 — Distribuição de livros, revistas e outras publicações aos sócios 9 — Reconhecimento da ABEPEC como entidade de utilidade pública

10 — Aperfeiçoamento da estrutura administrativa da entidade 11 — Estudo de viabilidade de assessoria permanente ao MEC na área de Comunicação 12 — Estudo de viabilidade de realização do seminário nacional ou regional sobre Co-

municação e Planejamento 13 — Estudo de viabilidade de a ABEPEC participar do II PND como órgão articulador

de Programa de Treinamento e Pesquisa, em nível nacional, na área de Comunicação 14 — Propostas a embaixadas para visitas de professores estrangeiros ao Brasil 15 — Dinamização das atividades das Secretarias Estaduais e dos representantes de Escolas 16 — Criação da Secretaria Estadual do Rio de Janeiro e dinamização das atividades da

ABEPEC no novo Estado 17 — Elaboração do anteprojeto de Regimento da ABEPEC 18 ■— Intensificação de intercâmbio com instituições culturais nacionais e estrangeiras li-

gadas à Comunicação

19 — Criação de serviço de orientação e informação sobre bolsas de estudos no Brasil e no exterior

20 — Promoção das seguintes atividades culturais: 20.1 — Ciclo de Cinema, a ser realizado no I semestre, em colaboração com ,i

Secretaria Estadual e Escolas de Goiás, constando de exibição de filmes e palestras

20.2 — Ciclo de Palestras, a ser realizado no I semestre, tema a ser escolhido, em colaboração com a UnB e o CEUB, Brasília

68 abepec, vol. 1 - n.01 - 1,° semestre/75

Page 71: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

20.3 — Ciclo de Palestras ou Seminário, a ser realizado, em colaboração com a Secretaria Estadual e Escolas de Minas Gerais, sobre tema a ser escolhido, no I ou II semestre de 1975

20.4 — Ciclo de Palestras, a ser realizado no II semestre, em colaboração com Es- colas e a Secretaria Estadual do Rio Grande do Sul, sobre tema a ser esco- lhido na área de Comunicação/Cultura de Massa/Editoração

21 — Indicação de representantes para comparecer a Congressos, Seminários e outras pro- moções culturais para as quais a ABEPEC tenha sido convidada

22 — Oferecimento de assessoria técnica a órgãos do Governo, além do MEC, em assun- tos de Comunicação

23 — Estudos de viabilidade de promoção de cursos de atualização para sócios da cate- goria profissional.

abcpec, vol. 1 - n.0 1 - 1.° semestrc/75 69

Page 72: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

Composto e impresso na Escola Gráfica FEPLAM, em outubro de 1975, para a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa da Comunicação. Planejamento e supervisão gráfica de Blasio H. Hickmann

Page 73: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

melhores volantes

do mundo precisam do melhor

pneu do mundo

QOODfVEAR A serviço de sua segurança.

Page 74: revista da associação brasileira de ensino e pesquisa da ... · para entregar o convite do casamento. A cegonha acabou chegando primeiro. ... quando as cartas ainda andavam de caravela

étudoisto: Teleron Teieacre

Tefamazon AMA20NAS

Telaima Telepará

Teleamapá Telma

UARANKAO

Telepisa Tefeceará

CEAflA

Telern KjOGfWJOfDOHOBTE

Tdpa Telpe

PERNAMBUCO

Tdasa ALAGOAS

Telergipe Telebahia

BANM

Tdem^ MWASOEftÃiS ^^

lélest ESPiWTOSAMO

CTB WODf JANÍlflO

Telesp SAo PAULO

Telepar PARANÁ

S*NtACATABiNA

CRT ROGftANOÍOOSIA

lêlemat •MTOGftOSSO

Telegoiás OOAS

Tdebrasíüa .;!tDtfWi

Embratei

A Companhia Telefônica que lhe serve faz DDD, a cada telex. Na transmissão de dados, parte do Grupo TELEBRAS. fac-similes, rádio e televisão à longa distância.

A Embratei também. Na utilização pelos navios das estações Isto significa que toda vez que você dã um costeiras. Nas indústrias de equipamentos de

telefonema, faz um interurbano, assiste um telecomunicações que vão surgindo. E na programa de televisão em cadeia nacional ou formação de mão-de-obra especializada em internacional, manda um telex, você também está telecomunicações. _,-. „„i„ - . usando a TELEBRAS. Como você esta vendo.a TELEBRAS nao e

É ela que planeja, coordena e prove recursos só as Empresas que ela dirige, econômicos e financeiros para o desenvolvimento das nossas telecomunicações.

A TELEBRAS está levando as telecomunicações ao interior do pais.

E um trabalho de integração em que os próximos 5,10, 20 anos já estão devidamente - _. previstos e planejados. Você pode senti-lo a cada ^M ^B laeccmricaçoes tírasiieras;>.«. novo telefone, a cada nova cidade integrada ao ^^^^ vreuadaaoMnaem)aasCoronicaçte

fSi Telebrás