revista do couro

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Transcript of revista do couro

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Revista do Couro | ABQTIC

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Revista do Couro | ABQTIC

Jornalista Responsável: Michel Pozzebon

Reg. profissional: MTB 14315 [email protected]

Assessoria de Marketing e Vendas: Evelise de Oliveira

Reg. profissional: 5712/12/[email protected]

Tel: (51) 96441600Diagramação e Arte-final:

Camila da Costa [email protected]

sumáRIo

EnTRElinhAsEDiTORiAlPáginAs DOuRADAsMEiO AMBiEnTEnOTíCiAsMERCADOMODAEMPREsAsgEsTãOTECnOlOgiAABqTiCPARA lER

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Conselho ConsultivoClecio EggersAthos schuck

Dieter lehmannluiz Mario leuck

Francisco Alziro gomesEtevaldo Zilli

Adroaldo MigliavaccaJosé Fernando BelloAntonio Adolfo Klein

lauro KrugPaulo Rezende

Valmor TrevisanAlexandre Finkler

Carlos guilherme KieferJose Waldir Dilkin

Vilmar Trevisan

Regina Cánovas TeixeiraVice-Presidente

Roberto KamelmanPresidente

Katia streit2º secretário

Michele Erhardt1º secretário

Valmor Trevisan1º Tesoureiro

Alexandre Finkler2º Tesoureiro

Conselho Técnico Científicogustavo Fink - diretor

Mauri Barbierisamuel Cansi MachadoRoberto luis hartmann

luis Carlos FerrariDaniel Cesar Bierende

luciano AgostiniTatiana linkKarl luersen

Marina MoreiraEdinéa T. R. gonçalves

Janete schneiderMariliz guterrezDieter lehmann

Ademir D. de VargasMarcos lelling

Publicação e DivulgaçãoRegina Cánovas Teixeira

Aline Dresch

Relação internacional e nacionalZulfe Biehl

Ricardo Beckerluiz Augusto Krug Zugno

Relações Associadosgildomar Jorge da silva

Pedrinho giacomoliCristiano Velho

Ricardo sommerFrancisco Masutti

Jorge Andrade

Diretor socialJorge schroer

Marcelo luis schenkel

CoremaMarcelo Zilles

Carlos ZimmermannAntonio Mattielo

lisiane MetzPedro stumpisabel Claas

Conselho FiscalVilmar Trevisan

Jose Valdir DilkinAdolfo KleinDiretoria de Moda

Vitor Fasologerusa giacomolli

Dir. Projetos e Rel. com Entidadeshugo springer

Diretoria de gestão e Planejamento

Fernando geib

sócios honoráriosAlberto sofiaClécio Eggers

Dieter lehmanngeorg valet

Diretoria de MarketingCarlos Kolling

Vice-PresidênciasPlanalto médio e Oeste Catarinense: luis

sérgio nunes CostaAlto Taquari: Felipe Magedanz

Paraná: Jose Alex garciaFranca: henrique Alexandre Brando e

larisa leal Ramosnorte/nordeste: Elcid lemos

Minas gerais: José Vilmar V. Castrogoias: lourival Ponchio

Ms: Fabrício CastelliCuiaba MT: humberto Fuentes

Associação Brasileira dos químicos e Técnicos da indústria do CouroRua gregorio de Mattos, 182,

Estância Velha - Rs - 93600-000Fones: (51) 3561-2761 | (51) 3561-2250

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Revista do Couro | ABQTIC

EnTRElInhAs

A preocupação com o estado do meio am-biente não é recente, mas foi nas ultimas três décadas do sé-

culo XX que ela entrou definiti-vamente na agenda dos governos de muitos países e de diversos segmentos da sociedade civil or-ganizada. Na atualidade, o meio ambiente é um tema que ganhou as ruas, os auditórios, a imprensa e faz parte do vocabulário de po-líticos, empresários, administrado-res, líderes sindicais, dirigentes de ONGs e cidadãos de um modo geral. No âmbito empresarial, essa preocupação ainda é mais recen-te, embora não faltassem empre-sas e entidades empresariais que buscassem práticas ambiental-mente saudáveis, mesmo quando o assunto apenas começava a des-pertar interesse fora dos círculos restritos de especialistas e das comunidades afetadas diretamen-

te pelos problemas ambientais. A globalização dos problemas ambientais é um fato incon-testável e as empresas estão, desde a sua origem, no centro desse processo.

No Brasil, o crescimento da economia impõe a construção de infraestrutura para atender a diferentes setores da socie-dade com inevitáveis impactos ambientais. Merece destaque o desafio da construção de infraestrutura rodoviária, fer-roviária e energética em áreas sensíveis como a Mata Atlânti-ca ou mesmo a Amazônia. Mais do que nunca o tema desenvol-vimento sustentável está pre-sente na vida diária da socieda-de. Portanto, faz-se necessário aprimorar a nossa visão sistê-mica de ações que irão pro-porcionar melhor qualidade de vida aos cidadãos.

O setor de curtumes já inse-riu a variável ambiental no seu processo, atuando de forma efetiva e sustentável, na pro-dução de produtos e serviços para a sociedade.

A Revista do Couro através de ações de divulgação de boas práticas e novas tecnologias na área ambiental, presentes em mais esta edição, desempenha um papel importante na socie-dade.

Regina Cánovas TeixeiRa

viCe-PResidenTe e diReToRa de PubliCações abQTiC

2010/2011

Globalização dos problemas ambientais é incontestável

Rua Graça Aranha, 215 - Bairro Bom Jardim - Ivoti - RS - BrasilFone/Fax: 55 51 3563.3146 - E-mail: [email protected]

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"Mais do que nun-ca o tema desenvol-vimento sustentável está presente na vida diária da sociedade. "

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Revista do Couro | ABQTICRevista do Couro | ABQTIC

EdIToRIAl

Todos os dias, nós técnicos somos ins-tigados a produzir o melhor couro, ao menor preço, o mais

limpo possível. Seja quando for-mulamos, quando observamos o esgotamento de um banho, quando medimos a quantidade de resíduo sólido gerado, o ren-dimento da matéria-prima ou a emissão de um exaustor, esta-mos aplicando conhecimentos relacionados à gestão ambiental. Já há muito que os temas am-bientais não podem ser dissocia-dos da produção de couros.

Entretanto, hoje em dia não basta fazer certo, é preciso mos-trar que faz certo, ou como diz o ditado: “à mulher de César não basta ser honesta, ela precisa pa-recer honesta”. Quero com isto dizer que nós precisamos divul-gar as boas práticas adotadas pelo nosso setor, para que pos-samos ser reconhecidos como um segmento sustentável, afinal, somos um processo reciclador por natureza, transformando um

sub-produto da cadeia da car-ne em produto nobre, de valor agregado. Em 08 de junho ocor-re no CTCouro o III Fórum Am-biental do Setor Couro, apoia-do pela ABQTIC. Neste evento, assim como no XIX Encontro Nacional de Franca, teremos a oportunidade de divulgar as boas práticas e também trocar conhecimentos técnicos sobre as novas tecnologias, que entre outras coisas, trazem também vantagens ambientais.

A ABQTIC, em seu site, vem promovendo enquetes para pe-dir a opinião do associado sobre temas de interesse para palestras, artigos na Revista do Couro, e demais atividades da Associação. Na primeira enquete, sobressaí-ram temas como meio-ambien-te, moda, substâncias restritas e gestão da produção. Na segunda enquete, que está no ar, pede-se especificamente dentro da área ambiental, quais assuntos inte-ressam mais. Participe, acesse o site e indique os seus interesses, pois é assim que a ABQTIC po-

derá conduzir seu planejamento para a visão do associado.

Esta edição da Revista do Cou-ro, cujo tema é meio-ambiente, traz artigo sobre substâncias restritas, do Dr. Cambpell Page, que foi palestrante do Fórum Ambiental na edição do ano passado. Controle de emissões atmosféricas e tecnologias para tratar resíduos sólidos também são abordados em artigos. Gos-taria de chamar atenção à notí-cia da página 16, sobre a visita de funcionários de uma empresa de calçados à central que recebe os resíduos desta fábrica. É este tipo de ações, que já são feitas, que devem ser mais divulgadas. Nas páginas douradas, a entre-vista com a Dr. Flavio Jeckel, nos explica como funcionam as leis ambientais que precisamos ob-servar para uma atuação respon-sável de nossas empresas.

Boa leitura!MaRCelo Zilles

diReToR da CoReMa

As boas práticas adotadas pelo setor

"Já há muito que os temas ambientais não podem ser dissociados da produção de couros."

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Revista do Couro | ABQTICRevista do Couro | ABQTIC

págInAs douRAdAs

Flávio Bernardo Jeckel, especialista em Direito Ambiental:

A evolução ambiental nos curtumes é realPoR MiChel PoZZebon (TexTo e foTos)

ColaboRação de CoReMa

A manutenção do meio am-biente atrelado ao desenvolvi-mento sustentável, é neste foco a atuação do advogado, espe-cialista em Direito Ambiental, Flávio Bernardo Jeckel (fotos). Porto-alegrense, colorado e hamburguense de coração, Jeckel concedeu entrevista à Revis-ta do Couro em seu escritório no Centro de Novo Hamburgo,

onde expõe parte de sua coleção particular de 25 bengalas. Flávio contou sobre sua trajetória aca-dêmica e profissional, comentou a evolução do Direito Ambiental no País e detalhou como está a adequação dos curtumes à legis-lação ambiental.

Revista do Couro - Conte um pouco sobre a sua tra-

jetória acadêmica e profis-sional.

Flávio Bernardo Jeckel - Sou bacharel e licenciado em Quími-ca e formado em Ciências Jurídi-cas e Sociais – Direito. Conclu-ído o curso de Direito, prestei concurso público à carreira do Ministério Público Estadual e do Poder Judiciário Estadual. Apro-vado, simultaneamente, nos dois

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Revista do Couro | ABQTIC

págInAs douRAdAs

concursos, optei pelo ingresso na Magistratura.

RC - De onde veio a inspi-ração para advogar na área ambiental?

Jeckel - Na década de oitenta, a imprensa noticiava com des-taque a poluição do Rio Tietê, na capital paulista, e, também, a mortandade de peixes no Rio Piracicaba. Com esse cenário ambiental, tive a oportunidade de defender cinco curtumes que operavam em Novo Hamburgo, talvez na primeira ação civil pú-blica que tratou do lançamento de efluentes líquidos no corpo receptor. No Tribunal de Justiça a decisão foi favorável aos curtu-mes. Considerada como “leading case” (decisão que tenha consti-tuído em regra importante, em torno da qual outras gravitam e que cria o precedente, com força obrigatória para casos futuros), a matéria está publicada na revista de jurisprudência do Tribunal de Justiça e na Revista Ambiental. A decisão foi determinante para a minha atividade profissional na área, pois interessa a todos a manutenção do meio ambiente sadio através de desenvolvimen-to sustentável.

RC - Como o senhor viu a evolução do Direito Ambi-ental na sociedade brasilei-ra? Quando começou-se a falar sobre isto, e qual a cronologia ou os princípios marcos desta evolução?

Jeckel - O marco fundamen-tal é a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente – Lei n.º

6.938/81. Nessa lei estão os prin-cípios ambientais, tanto que foi albergada pela Constituição de 1988. A partir daí, foram editadas leis e regulamentos com profu-são. Desponta, então, a figura de mestre Paulo Affonso Leme Ma-chado, o inspirador e precursor da doutrina ambiental brasileira. De todos os princípios, além da prevenção, o principal é o da precaução, que examina, em li-nhas gerais, o risco de ocorrên-cia ambiental.

RC - E o setor de curtumes como se comportou frente a esta evolução?

Jeckel - No Estado, o setor de curtumes foi o que mais evoluiu. Na década de oitenta, a maioria dos curtumes não possuíam o sistema secundário de tratamen-to de efluentes. Por isso, foram alvos de multa pesada pelo De-partamento do Meio Ambien-te do Estado. Na Justiça tive a oportunidade de reduzir a mul-ta de dois curtumes para 10%. Depois, participei de reunião no Gabinete do então Secretário da Saúde e Meio Ambiente do Estado, Dr. Antenor Ferrari, que acabou por reduzir a multa em 10% para todos os integrantes do setor curtidor.

Hoje, a evolução é real. Alguns curtumes fazem o reciclo das águas, sem lançar efluentes no corpo receptor. Ora, o princípio da precaução está atendido.

RC - Quais as principais leis que um curtume precisa observar?

Jeckel - Não há lei principal, os

curtumes devem observar as leis federais, estaduais e municipais, bem como os regulamentos e as resoluções editadas em função dessas leis. Por exemplo, quanto aos efluentes, a obediência aos parâmetros fixados na Resolução CONSEMA n.º 128/2006 é fun-damental. Já sobre os ARIPs (ater-ros de resíduos industriais peri-gosos) e as Centrais de Resíduos, para implantá-los e operá-los, as disposições das NBRs (normas brasileiras) da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) são relevantes. Além, é lógico, das condições e restrições fixadas na Licença de Operação. Por fim, so-bre a emissão gasosa – odor – e a sonora, possuem leis específicas, com atenção às leis municipais, mais restritivas. Para a ocorrên-cia de odor, a avaliação deve ser feita junto à fonte geradora e não no ponto de recepção. É que há a possibilidade de que o odor seja gerado por outra fonte.

RC - Quais cuidados prin-cipais o senhor aconselharia ao responsável técnico de um curtume?

Jeckel - A adoção de processo e procedimento de acordo com as regras, condições e restrições, fixadas na licença de opera-ção. O registro de qualquer ir-regularidade em livro próprio é importante, como de resto a comunicação ao gestor admi-nistrativo da empresa. Para evi-tar problema e a imposição de multa, sugiro comunicar, no caso no Rio Grande do Sul, à FEPAM (Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roes-

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sler) com o envio de proposta – projeto – para sanar a irregu-laridade, com procedimento e prazo para a execução.

Noutro aspecto, é indispen-sável a interação entre o res-ponsável técnico e o operador do sistema, com o objetivo de adequar as medidas ambientais. Insisto que as irregularidades e as medidas ambientais sejam do-cumentadas.

RC - O senhor acha que os curtumes brasileiros estão

bem preparados para aten-der a legislação ambiental em vigor?

Jeckel - Objetivamente, de-pende da gestão administrativa, ambiental e da capacidade finan-ceira de cada empresa. Uma em-presa de porte financeiro, como as nacionais e multinacionais, dis-põe de recursos para adequar-se às exigências ambientais. Já uma empresa de menor porte, tem dificuldade para esse fim. A res-posta exige o exame da tipolo-gia e do caso específico, mas, os curtumes, às vezes com esforço financeiro desmesurado, têm atendido as medidas ambientais.

RC - Existem perspectivas de grandes mudanças na legislação que rege o tema ambiental?

“Interessa a todos a manutenção do meio ambiente sadio através de desen-volvimento susten-tável”.

“Hoje, a evolução é real. Alguns cur-tumes fazem o re-ciclo das águas, sem lançar efluentes no corpo receptor. Ora, o princípio da pre-caução está aten-dido”.

Jeckel - Para a indústria as leis atendem a finalidade. O que po-derá acontecer é a adequação de algum regulamento, por conse-quência de inovação tecnológica e a constante exigência ambien-tal da sociedade. As mudanças mais urgentes dizem respeito à flora, como está acontecendo com o Código Florestal, e aos agrotóxicos.

RC - Como está a legisla-ção brasileira em compara-ção com a de outros países?

Jeckel - Se não está avançada, atende as exigências de aplica-ção no território nacional.

RC - Qual a relação entre o Ministério Público e a FE-PAM, e o que afeta o nosso ramo?

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“Em suma, no que acompanho desde o início da década de oitenta, o setor cur-tidor é o que mais evoluiu na adequa-ção dos procedimen-tos industriais no Estado”.

Jeckel - A pergunta pode ser melhor avaliada pelos próprios gestores dos curtumes, que es-tão no dia-a-dia em contato com o Ministério Público e a FEPAM. Trata-se de duas instituições com competências distintas e definidas em lei.

A dificuldade que vejo nos órgãos dessas instituições, é dis-tinção entre o que seja impacto ínfimo, médio e significativo, cir-cunstância que terá efeitos di-versos, isso quando da ocorrên-cia de irregularidade. Num caso e noutro, poderá gerar apenas multa ou, ainda, a prática de ilíci-tos, cível ou criminal.

RC - Como o senhor anali-sa a responsabilidade das empresas no tocante aos diversos ARIPs, centrais de resíduos e na possível recu-peração das áreas?

Jeckel - A pergunta deve ser vista sob a ótica administrativa, cível e criminal. Nos ARIPs de cada empresa, a responsabilidade é sempre do empreendimento, de seu gestor, do responsável técnico, do operador do aterro, e de outras pessoas que de qual-quer tenham contribuído para a ocorrência do fato. Quanto

às centrais, o primeiro cuidado dos usuários, é verificar se a or-ganização está licenciada pelo órgão ambiental. A responsabili-dade recaí sobre o empreende-dor e seus assessores, como, por exemplo, o responsável técnico e o operador. Na área cível, na ocorrência de fato na central, a responsabilidade recai sobre o empreendedor, segundo a lei. Todavia, como acontece com frequência, a falta de recursos do empreendedor, o encargo tem

sido exigido aos usuários. Aqui, também cabe mencionar a res-ponsabilidade direta das autori-dades ambientais que exercem a controladoria externa ambiental, as Prefeituras e a FEPAM, mas, cada caso, deve ser examinado concretamente.

Em suma, no que acompanho desde o início da década de oi-tenta, o setor curtidor é o que mais evoluiu na adequação dos procedimentos industriais no Estado.

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mEIo AmBIEnTE

Com um apelo cada vez mais sustentável e socialmente res-ponsável, as empresas vêm buscando alternativas para o reaproveitamento de resíduos industriais. E no setor do couro não é diferente. Um empreendi-mento paulista desenvolveu um processo que permite utilizar o resíduo de couro na fabricação de tijolos com melhor isolamen-to térmico e que podem substi-tuir os blocos convencionais na construção civil. "Fiz uma capa-citação na área de curtumes o que me gerou novas ideias para o problema dos resíduos. Isso me motivou a pesquisar manei-ras de aproveitar o que seria descartado", disse o engenheiro e proprietário da Couroecol de Franca/SP, Emar Garcia Junior.

Segundo o empresário, só na cidade de Franca, onde se en-contra um dos maiores pólos calçadistas do País, são desti-

Sustentabilidade e responsabilidade ambiental

Resíduos do couro utilizados como matéria-prima para a produção de tijolos

nados ao aterro industrial local cerca de 100 toneladas por dia de aparas e outros resíduos de couro descartados na fabrica-ção de calçados. "Este material contém 17 tipos diferentes de produtos químicos usados para processar o couro cru e que são destinados a aterros. A maioria destes aditivos são nocivos ao meio ambiente e à saúde", salien-tou Garcia Junior.

O processo desenvolvido pela empresa francana, e que foi im-plementado com recursos pró-prios, consiste no trituramento de resíduos da indústria e adição de um aglutinante, que neste caso é feito à base de água e não po-luente. O aglutinante já foi paten-teado pelo empreendimento. A massa que resulta deste processo é transferida para moldes, pren-sada e transferida para o proces-so de secagem, conhecido como cura. Este procedimento é feito

ao ar livre, o que evita a emissão de gases como o que ocorre na secagem industrial em fornos.

Na prensagem convencional a água contida na massa é retira-da pela alta pressão, carregando produtos químicos utilizados no processo de fabricação do cou-ro, entre eles o cromo, o enxofre e o alumínio. "No nosso proces-so, paramos de prensar antes de começar a sair água. Este pro-cedimento visa a manter alguns dos químicos, como o cromo, que dão durabilidade ao bloco", explica Garcia Junior.

Outro diferencial dos tijolos produzidos a partir dos resíduos do couro é que estes blocos são até 50% mais leves que os conven-cionais de concreto, sendo isolan-tes térmicos e com eficiência de 40% no isolamento acústico.

De acordo com Garcia Junior, ao utilizar os blocos de resídu-os, o custo nas obras diminuirá, visto que não será necessário fa-zer os acabamentos convencio-nais, as paredes podem receber apenas uma camada de massa acrílica para impermeabilizá-las. "O valor do tijolo feito a partir de resíduos é o mesmo valor do bloco convencional, ou seja cer-ca de R$ 1. Para cada bloco de 2,3 kg são necessários 2,3 kg de resíduos para produzi-lo, con-cluiu o empresário.

Com informações da Revista Sustentabilidade

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Revista do Couro | ABQTIC

noTíCIAs

A Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul - Sindicato do Couro Associados (AICSul) repassou ao Ministério Público nesta quinta-feira, 26 de maio, um relatório de 170 pági-nas onde informa que todas as medidas previstas em um proto-colo de intenções firmado com o MP foram cumpridas. O acor-do previa uma série de ações que deveriam ser adotadas para garantir que os curtumes asso-ciados à entidade adequassem as operações quando estas apre-sentassem irregularidades am-bientais. Pelo termo, a entidade se comprometeu a orientar os filiados a corrigir os problemas identificados nas empresas.

Curtumes cumprem acordo e regularizam operações no Vale dos Sinos

Para o promotor regional de Defesa do Meio Ambiente, Daniel Martini, que mediou a confecção do acordo, chama a atenção que a AICSul trabalhou junto aos associados para buscar o licen-ciamento de todos os empreen-dimentos, “mantendo vigilância sobre a vigência das licenças am-bientais e das responsabilidades técnicas dos empreendimentos do setor, fomentando e auxilian-do, sobretudo as empresas de menor porte, a regularizarem--se perante o órgão ambiental competente”. Segundo Martini, está comprovado nos documen-tos apresentados “que a entida-de se empenhou para resolver o problema histórico dos resíduos sólidos do setor dos curtumes, outrora um grave problema para o meio ambiente em razão do armazenamento inadequado”. Hoje, conforme o Promotor, não se encontra, ordinariamente, re-síduos de couro expostos em local inadequado ou causando poluição dos recursos hídricos.

“A entidade cumpriu o que se dispôs a fazer”, diz o presiden-te da AICSul, Moacir Berger de Souza. Segundo ele, “a participa-

ção do setor como um todo foi muito importante, e se alguém estava de alguma forma despre-ocupado com os problemas am-bientais, com certeza acordou”. As medidas foram executadas no prazo de 90 dias, fixado para implementação das ações no protocolo assinado.

Somente para um dos pontos os curtumes solicitaram um pra-zo maior para execução, que se refere à avaliação da água e do solo. Pelo documento, a AICSul sugeriu que a verificação seja re-alizada pelo exame das Planilhas Trimestrais de Resíduos Sólidos Industriais Gerados e pelas có-pias dos Manifestos de Trans-portes de Resíduos exigidas nas Licenças de Operação emitidas pela Fundação Estadual de Pro-teção Ambiental (Fepam).

A AICSul vai continuar tra-balhando em dois pontos: na criação de uma certificação ambiental para as empresas li-gadas à entidade que cumpram as normas ambientais e mante-rá a orientação aos associados quanto à avaliação e correção de eventual passivo ambiental.

Fonte: Ministério Público do RS

14noTíCIAs

No dia 14 de abril comemo-raram 25 anos de formatura os alunos da turma do ano de 1986 do Curso Técnico em Curti-mento - Habilitação Plena do Centro Tecnológico do Couro (CT Couro - Senai) de Estância Velha. O jantar, na sede da Asso-ciação Brasileira dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro (ABQTIC), foi gentilmente ofe-recido pela ATC do Brasil.

Técnicos completam 25 anos de formatura

Turma de 1986 do Curso Téc-nico em Curtimento - Habilita-ção Plena, do Centro Tecnológi-co do Couro Senai de Estância Velha.

Foto atual da turma de 1986 do Curso Tecnico em Curtimen-to ( Foto de Rafael Schaefer);

Os visitantes podem conferir calçados criados pelos mestres do setor coureiro-calçadista da região

O Museu Nacional do Calçado, localizado no Campus I da Uni-versidade Feevale (Av. Dr. Mau-rício Cardoso, 510, Novo Ham-burgo), está com nova exposição em seu espaço destinado a mos-

Mestres do calçado são temas de exposição do MNC

tras temporárias. Alusiva à 9ª Semana Nacional de Museus, que tem como tema “Museus e Memória”, a mostra Calçados – seus mestres e memórias conta com criações dos grandes mes-tres do setor coureiro-calçadista da região: Ruy Chaves, De Nicola e José Maria Carrasco Menna.

O Museu Nacional do Calçado

recebe visitantes, de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h e das 19h às 22h, e, aos sábados, das 8h30min às 12h. A entrada é gra-tuita. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3584-7101

Fonte: Feevale

15noTíCIAs

O governo do Estado do Rio Grande do Sul, através do Conse-lho de Desenvolvimento Econô-mico e Social (CDES), instalou, no dia 11 de maio, a Câmara Temáti-ca do Setor Coureiro Calçadista, que visa propor medidas para o desenvolvimento do setor, assim como apresentar propostas para serem debatidas junto ao Gover-no Federal, no que se refere às exportações.

A Câmara será formada por seis conselheiros representantes da sociedade civil e integrantes das secretarias da administração estadual. A atuação do órgão será através de três eixos: ino-

vação tecnológica e formação de mão-de-obra, política fiscal e cambial e implementação de me-didas para garantir a competitivi-dade do setor.

Conforme Raul Klein, vice--presidente da Abicalçados e integrante da Câmara, esta ini-ciativa pode contribuir com dis-cussões entre o setor e o Es-tado, objetivando identificar as dificuldades que tiram a compe-titividade da indústria, tanto em âmbito interno quanto externo. ´´A expectativa é muito gran-de. Agora temos que reunir os participantes do cluster courei-ro calçadista para agregar mais informações sobre suas neces-sidades e encaminhar soluções junto ao Governo do Estado´´, sustentou Klein.

Fonte: Site Abicalçados

RS instala Câmara Temática do Setor Coureiro Calçadista

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Revista do Couro | ABQTIC

noTíCIAs

O ministro do Desenvolvimen-to, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, disse hoje que a Política de Desenvol-vimento Produtivo (PDP), que terá medidas de desoneração de impostos para a indústria, deve sair "na virada do primeiro para o segundo semestre". Entre as me-didas que devem compor a PDP, o ministro citou a desoneração dos bens de capital (máquinas e equipamentos) e a redução de impostos e encargos trabalhistas.

"Vai haver, sim, redução de en-cargos (trabalhistas) e tributos. Não posso dar um prazo, mas acredito que, na virada do pri-meiro para o segundo semestre, essas medidas serão anunciadas", afirmou, após participar do semi-nário Brasil do Diálogo, da Pro-

dução e do Emprego, na capital paulista. "Estão em estudo, mas podem ter certeza de que serão tomadas, medidas de curtíssimo prazo, como a redução de en-cargos e tributos, especialmente sobre a folha de pagamento, mas também sobre bens de capital e sobre investimentos."

Ao falar sobre a taxa básica de juros, o ministro disse que a Se-lic ainda não pode ser reduzida, porque a "ameaça inflacionária" ainda está presente na conjuntu-ra atual. "A taxa de juros não é movida pelo desejo da gente. É claro que todo mundo quer uma taxa de juros baixa, e eu tenho certeza de que inclusive o pre-sidente do Banco Central, Ale-xandre Tombini, também quer", afirmou. "Mas temos hoje uma

conjuntura ainda com uma certa ameaça inflacionária, e a taxa de juros está refletindo este mo-mento. Isso vai mudar e tenho certeza de que ao longo do se-gundo semestre vamos ter uma realidade melhor."

O ministro disse ainda estar confiante em relação às negocia-ções com a Argentina para libe-rar produtos retidos na frontei-ra. "Espero que a gente chegue a um acordo de curto prazo que possa liberar tanto os carros ar-gentinos que estão na fronteira quanto os produtos brasileiros que estão parados na Argentina", afirmou. "Estou otimista quan-to a isso. Acho que há uma boa vontade dos dois lados e vamos chegar a um bom acordo."

Fonte: G1

Pimentel: desoneração fiscal sairá na virada do semestre

Conhecer o local para onde são destinados resíduos de empresas coureiro-calçadistas de Dois Ir-mãos, foi o que motivou a visita de um grupo de funcionários da indústria de calçados Wirth à Pre-servar – Tratamento e Recicla-gem de Resíduos Ltda no início de março. A atividade foi desenvolvi-da com o objetivo de esclarecer a um grupo de funcionários, sobre a importância de enviar para a Re-ciclar os resíduos corretamente separados e ainda divulgar o des-tino dos mesmos, que são envia-dos periodicamente pela empresa, como explica Daniela Frohlich, técnica de segurança do trabalho da Wirth. A ação foi organizada

Usina de reciclagem:uma aula sobre reaproveitamento

pelo setor de Segurança, Saúde e Meio Ambiente da empresa.

A Preservar foi criada há cer-ca de 18 anos por um grupo de empresas coureiro-calçadistas de Dois irmãos, preocupadas com o destino correto dos resíduos, evitando a contaminação do solo, segundo destaca Jerri Moneghetti, técnico de segurança do trabalho da Wirth. Além dos resíduos só-lidos gerados pela Wirth, a Pre-servar recebe resíduos de outras três indústrias do setor. “A Wirth envia em média 40 toneladas/mês e a Preservar recebe no geral uma média de 110 toneladas mensais, afirma a técnica.

Papel, papelão, plásticos, aparas

de couro, pó de varrição, pó com água, resíduo têxtil e sucatas de ferro são alguns dos resíduos des-tinados pela Wirth à Preservar. “Nosso objetivo foi esclarecer aos funcionários o que é o trabalho da Preservar para desenvolver outra visão quanto ao meio-ambiente e melhorar nossa separação de lixo” destaca Daniela.

Os funcionários gostaram da ini-ciativa. “Foi importante conhecer a Preservar, pois até então não en-tendíamos muito bem porque éra-mos cobrados pela empresa para separar o lixo”apontou Cláudio de Moraes, funcionário da matriz.

Fonte: Jornal O Diário, 25/03/2011

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Revista do Couro | ABQTIC

Após o sucesso da edição 2010 de SIMAC & TANNING TECH, tanto em termos de quantidade quanto de qualidade dos operadores internacionais presentes e das cifras de negó-cios conseguidas, já estão abertos os trabalhos para a organi-zação da edição 2011 destas duas exposições consideradas as mais importantes do mundo em máquinas e tecnologia para as indústrias do calçado, artefatos de couro e curtume.

Este ano, SIMAC e TANNING TECH serão realizadas de 18 a 20 de outubro, em Bolonha, sempre simultaneamente à edição de outono de Lineapelle.

Para a edição de 2011, estão previstas diversas novidades des-tinadas a destacar cada vez mais a unicidade das duas exposições líderes no calendário de eventos internacionais do setor, novi-dades estas que contribuirão para caracterizar ulteriormente a identidade de SIMAC e TANNING TECH, como autênticas feiras – oficinas de inovação e das tecnologias sustentáveis re-conhecidas no âmbito internacional.

Mantendo a sua conotação de 'vitrine de feiras' anual das máquinas e tecnologias para a indústria calçadista e de arte-fatos de couro, SIMAC estenderá a sua oferta contemplan-do um aspecto fundamental que é o aprofundamento. Para os operadores internacionais presentes na feira começa, então, a organização das novas oficinas dedicadas a temas tecnológicos imprescindíveis para quem produz bens de consumo como calçados e artefatos de couro, em qualquer parte do mundo. Um exemplo? “Personalização do produto aplicado aos calça-dos”, argumento de grande importância que será tratado tam-bém no “Congresso mundial sobre personalização do produ-to” a ser realizado em novembro na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos.

Evolução na TANNING TECH. É verdade que as máquinas em funcionamento voltarão a ser protagonistas na feira de 2012. É igualmente verdadeiro que isso permitirá à edição deste ano fazer uma mudança estrutural que não é só para empresas e visitantes. Nos estandes de representação de to-das as melhores empresas de máquinas e produtos químicos para curtimento, os operadores internacionais poderão en-contrar à sua disposição os técnicos mais preparados que da-rão respostas às exigências tecnológicas ligadas ao processo de tratamento do couro.Esta feira caracterizar-se-á por reu-niões e mesas redondas nas quais serão tratados argumentos fundamentais relativos à sustentabilidade ambiental, à redução do uso de energia e à otimização e contenção do consumo.

Então, até logo. Vemos-nos em Bolonha, de 18 a 20 de ou-tubro, em SIMAC & TANNING TECH, pontos de referência imprescindíveis para estarmos sempre um passo adiante.

SIMAC & TANNING TECH: Trabalhos em andamento para a edição 2011

noTíCIAs27

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noTíCIAs

Tem o presente a intenção de prestar esclarecimentos ao que diz respeito a Responsabilida-de Técnica, tema este, de suma importância tanto para os pro-fissionais de química, como para as empresas que necessitam da prestação deste serviço.

Toda empresa química pre-cisa ter um profissional da quí-mica habilitado perante o CRQ para se responsabilizar por suas operações. Este profissional é chamado de Responsável Técni-co (RT). Necessariamente, o RT deve ser indicado pela empresa quando esta apresenta seu pedi-do de registro no CRQ ou quan-do a vaga precisa ser preenchida. A aceitação ou não do profissio-

Responsabilidade Técnica Questões Pertinentes

TexTo do dR. daRio da silva oliveiRa JunioR, diReToR JuRídiCo CRQ/5ª Região

nal da química indicado é atribui-ção exclusiva do CRQ.

A exigência feita pelo CRQ é embasada no artigo 27 da Lei nº 2.800, combinado com artigo 1º da Lei nº 6.839/80. É importante entender que, mais do que uma exigência legal, a manutenção de um RT é uma garantia, que a empresa dá à sociedade, de que seus produtos ou serviços estão sendo produzidos/executados sob supervisão de um profissio-nal habilitado.

A Responsabilidade Técnica por uma empresa assumida for-malmente por um profissional da química implica o correto exercício da profissão, o que já é obrigação em qualquer situação,

mas, também é um endosso de sua autoridade e autonomia na área técnica.

Daí deriva o dever do RT de to-mar suas decisões técnicas com isenção e sem influências de pres-sões de qualquer natureza por parte da empresa, para resguardar os demais empregados, os consu-midores, a sociedade, o meio am-biente, e a própria empresa.

Com base em critérios como porte da empresa, localização geográfica, linha de produtos in-dustrializados ou serviços que presta, o CRQ pode exigir que o RT exerça sua função em tempo integral, ou aceitar que ele atue como autônomo, prestando as-sistência durante um determina-do número de horas ao longo da semana. A formalização da indi-cação se dá com a apresentação, pela empresa, de um documento chamado Termo de Responsa-bilidade Técnica, assinado pelo profissional indicado. Caso esse profissional for atuar como au-tônomo, a empresa deverá apre-sentar o contrato de prestação de serviço.

Importante ressaltar que, o RT de nível médio pode ser responsável por empresas que possuam atividades produtivas. No entanto, devido às limitações impostas pelo artigo 20 da Lei nº 2.800, diversos fatores são leva-dos em consideração na análise da indicação: porte da empresa,

Lembre-se: a responsabilidade

é sua!

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noTíCIAs

complexidade do processo quí-mico, grau de risco, toxicidade das matérias-primas e produtos, geração de efluentes, etc.

Ao aceitar o encargo de um RT, o profissional deve ter plena ci-ência da importância do seu car-go. Uma vez que responde não só pela qualidade e segurança de um ou mais produtos ou serviços, mas também pela precisão das in-formações que chegam ao consu-midor. A função, portanto, deve ser vista como um sinônimo de auto-nomia na tomada de decisões que envolvam esses aspectos.

Nenhum profissional pode simplesmente “assinar” por uma empresa; ele deve, sim, exercer de fato a função, por tal motivo,

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sempre que possível, a fiscaliza-ção é feita durante o horário em que o responsável técnico de-clara que estará presente. Caso fique caracterizado que ele não vem comparecendo à empresa, terá de responder a um proces-so ético que pode, como infor-mado anteriormente, resultar na aplicação de multas e na suspen-são do exercício profissional por até um ano.

Se a empresa pela qual res-ponde causar danos tanto aos demais funcionários quanto aos consumidores dos seus produ-tos, o RT estará sujeito, junta-mente com a empresa, a respon-der a processos civis e criminais. No âmbito do CRQ, constatada

a sua negligência no desempe-nho da função, poderá ter sus-penso por até um ano o direito de exercer a sua profissão.

Por fim, salienta-se que sem-pre que um RT deixar de prestar serviço a uma empresa ao qual está ligado, o mesmo deve, infor-mar seu afastamento ao CRQ. Essa comunicação deve ser feita por escrito, no prazo de 24 ho-ras, conforme exige o artigo 350 do Decreto-Lei nº 5.452.

Portanto, quando for convidado a exercer a RT, faça-a com segu-rança e autoridade, mesmo que isto custe um serviço ou lote de produto. Lembre-se: a responsa-bilidade (Técnica) é sua!

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Visitantes do mundo inteiro buscaram novi-dades na Fimec 2011

A 35ª Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equi-pamentos – Fimec 2011, realiza-da entre os dias 12 e 15 de abril com total sucesso nos pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo, recebeu a visitação de um gran-de número de profissionais inte-ressados nas novidades apresen-tadas pelos expositores.

Empresários, técnicos, desig-ners e representantes de mais de 40 países, ligados ao comple-xo do couro e calçado, estive-ram presentes ao segundo maior evento mundial do setor. A Fi-mec também é vista como fonte de pesquisa para os profissionais interessados em conhecer o que de mais moderno é produzido.

Dirigida a profissionais do complexo do couro e calçado, a Fimec é respaldada pela parceria das principais entidades do se-tor, onde se destacam a ABECA – Associação Brasileira de Estilis-tas de Calçados e Afins; ABQTIC – Associação Brasileira de Quí-micos e Técnicos da Indústria do Couro; ABRAMEQ – Associação

noTíCIAs

Lançamento do Guia do Couro Seta

Brasileira das Indústrias de Má-quinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins; ACI-NH/CB/EV – Asso-ciação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hambur-go, Campo Bom e Estância Velha; AICSul – Associação das Indús-trias de Curtume do Rio Grande do Sul; ASSINTECAL – Associa-ção Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Cal-çados e Artefatos; CICB – Cen-tro das Indústrias de Curtumes do Brasil; IBTeC – Instituto Bra-sileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos; e Universi-dade Feevale.

Fimec 2012 antecipa data A FIMEC terá a sua edição de

2012 antecipada em três sema-nas com relação à data anterior-mente prevista, e acontecerá de 20 a 23 de março. "Atenta a to-das as movimentações do setor e do mercado mundial, a Fenac, promotora do evento ao lado das principais entidades do cou-ro e calçado e da Prefeitura de Novo Hamburgo, vem observan-

do as tendências e a velocidade com que a moda se modifica, e a necessidade de acompanhar as transformações do mundo dos negócios. Portanto, atendendo a um grande número de solicita-ções de visitantes e também de inúmeros expositores, realizamos uma análise detalhada do calen-dário mundial de feiras e épocas apropriadas para os lançamentos da nossa indústria. Por isso, esta-mos antecipando em três sema-nas a realização da Fimec 2012", destacou o diretor-presidente da Fenac, Elivir Desiam.

Este alinhamento de datas se-gue as tendências de mercado e também acompanha a movi-mentação ocorrida por parte de outros eventos. "É inegável que atualmente as indústrias estão, cada vez mais, antecipando suas coleções, e para isto necessitam buscar com mais velocidade suas parcerias para investimentos em matéria-prima e maquinário", acrescentou Desiam.

Fonte: Assessoria de Imprensa FENAC/FIMEC

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noTíCIAs

Trumpler

Buckman Basf / Marcare

Pulcra Tanac

Equipe Units com clientes

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noTíCIAs

Evento Clariant

Tanquímica Evento Dystar

Stahl Carioca

Killing

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Gemata

American Chemical NBN

MK Erretre

Lançamento do Guia do Couro

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noTíCIAs

Reuniões semanais estão sen-do realizadas na sede da ABQTIC em Estância Velha, pela Comissão Organizadora do XIX Encontro Nacional, para intensificar os preparativos relacionados a pro-gramação técnica, definição de temas e palestras e exposição de posters. As empresas patro-cinadoras no evento deste ano são: Basf, Clariant, Stahl, Novo-zymes, Buckman, Lanxess, Tanac , TFL e CICB.

Além disso, para dar andamento as questões que envolvem a orga-nização do evento, recentemente estiveram em Franca, Alexandre Finkler, integrante da Comissão

ABQTIC preparada para a realização do XIX Encontro Nacional de Franca

Nos dias 7 e 8 de outubro próximos, a ABQTIC promove o XIX Encontro Nacional da classe com o tema central: Inovações no processamento de couros.

Organizadora e a secretária, Fer-nanda Schallenberger. O objetivo foi o de ultimar contatos com o Hotel Dan Inn, local onde será realizado o evento. Ficou decidi-do com a direção do hotel que a secretaria do evento, apresen-tação de palestras e posters fi-carão concentrados no auditório que tem capacidade para abrigar 1.200 pessoas.

A programação oficial iniciará na sexta-feira à noite, com aber-tura e coquetel e o sábado será dedicado a programação técnica com palestras e debates. Também está previsto almoço de confra-ternização e à tarde Assembléia

Geral para eleição da nova dire-toria ABQTIC Gestão 2012/2013. A organização de visita técnica ainda está sendo discutida pelos organizadores. O encerramento será no sábado à noite.

Durante a estada em Franca, Alexandre Finkler foi entrevis-tado pela jornalista Jussara Café, do programa Valores, da Nova TV Franca, em que destacou os objetivos e importância do evento para a área do couro. Alexandre e Fernanda também realizaram visitas e contatos em empresas da cidade e na Escola Senai Bagueira Leal para divulga-ção do encontro.

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mERCAdo

O empresário Clecio Eggers, ex--presidente da Aicsul e com vasta experiência no mercado interna-cional de couros, foi o palestrante da entidade gaúcha no início de maio. Eggers destacou que a ofer-ta mundial de couros é inelástica, e portanto, as empresas do setor estão obrigadas a trabalhar dentro desta conjuntura.

Eggers destacou que a oferta mundial de couros atualmente é de 230 milhões de couros/ano e 87% do abate mundial está dis-tribuído entre 10 países. China dispõe de 40 milhões de couros ano, seguida pelo Brasil com 36 milhões. Atrás vem Estados Uni-dos com 33 milhões, Mercado Comum Europeu com 28 mi-

Oferta de couros é inelástica no mundo

lhões e Índia alcançando os 27 milhões. Argentina dispõe de 12 milhões de couros seguida pela Austrália com 8 milhões, Rússia com 7 milhões, México com 6 milhões e Colômbia com 4 mi-lhões de couros/ano.

Segundo Clecio Eggers, nos úl-timos anos não está ocorrendo aumento de oferta de couros, a maioria dos mercados perma-necem estáveis ou em queda. “Aumentos de demanda de cou-ros não são compensados com aumento de oferta de couros. A oferta é estanque em nossa ativi-dade” destacou o dirigente.

Na opinião do empresário, a produção bovina no Brasil e conseqüente maior nível de aba-

tes, poderia ser alcançada com maior produtividade na pecuária. Entretanto, a expansão e avanço das áreas de produção pecuária sobre a Amazônia é controlada.

Para Clecio Eggers o caminho do setor é a valorização cada vez maior dos produtos de cou-ro. Atualmente a distribuição do uso do couro está em 55% para calçados, 20% em móveis e esto-famentos, 10% em automóveis e 15 % em outros setores como bolsas, vestuário e artefatos. Destaca que considera válido todo o tipo de promoção com o objetivo de valorizar o couro e seus produtos.

Lembrou ainda que a China re-presenta um mercado potencial atual e futuro, em se tratando de consumo de produtos de couro. Disse que atualmente 30% dos carros chineses utilizam revesti-mento interior em couro. Além disso, 300 milhões de consumi-dores chineses tem alto poder aquisitivo, o que é um ponto muito importante também a ser considerado. Já um maior con-sumo de couros no Brasil para exportação de manufaturados torna-se impeditivo pela conjun-tura nacional, com valorização do real, sistema tributário e cus-to Brasil que tornam os produ-tos brasileiros produzidos aqui mais caros.

Redação: Evelise de Oliveira/ABQTIC

Clécio Eggers, segundo à esquerda, foi recebido pela direção da Aicsul e Roberto Kamelman, presidente da

ABQTIC, também prestigiou

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mERCAdo

Aumento de custos, defasagem cambial e ‘Custo Brasil’ comprome-tem rentabilidade da indústria bra-sileira do couro

As exportações brasileiras de couros contabilizaram US$ 190,2 milhões em abril, com o embar-que de 34,8 mil toneladas neste mês. A receita representa prati-camente o mesmo valor apura-do em fevereiro e aumento de 19% em relação ao mesmo mês de 2010, segundo cálculos do Centro das Indústrias de Cur-tumes do Brasil (CICB), basea-do no balanço da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Já o total acumulado de cou-ros e peles no primeiro quadri-mestre foi de US$ 684 milhões, crescimento de 23% em receita quando comparado aos quatro meses do ano passado e de 4% no volume embarcado de peças.

“Aparentemente foi um resul-tado positivo. Mas isso apenas na aparência. O mercado inter-no não absorve mais volume

EXPORTAÇÕES DE COUROS MOVIMEN-TARAM US$ 190,2 MILHÕES EM ABRIL

do produto por estar saturado, obrigando os curtumes a con-centrarem seu foco nas expor-tações, sofrendo, assim, e cada vez mais, os efeitos nocivos da defasagem cambial”, explica o presidente do CICB, Wolfgang Goerlich (foto).

Segundo o executivo, o aumen-to nos custos da matéria-prima em reais, quando transformada em dólares, acaba por eliminar a rentabilidade dos curtumes, provocando prejuízos às empre-sas exportadoras. “Este cenário pode se agravar ainda mais nos próximos meses, devido ao con-tínuo enfraquecimento dos pre-ços no mercado mundial, o que será dramático para a indústria do couro”, adverte Goerlich.

A adversa política cambial é agravada por outros fatores como a elevada carga tributária, o aumento das taxas de juros e de contribuições sociais, aliados à excessiva burocracia, ausência de uma política de crédito para capital de giro e o ‘apagão logís-tico’, observa o executivo.

Apesar de tantos desafios, Wolfgang Goerlich salienta o es-forço da indústria brasileira do couro para manter mercados duramente conquistados, e abrir novas frentes para aumentar a participação do couro brasileiro nos negócios internacionais.

Como exemplo, o presiden-te do CICB destaca iniciativas como o programa Brazilian Le-ather, realizado em associação com a Apex-Brasil – Agência Brasileira de Promoção de Ex-portações e Investimentos, que divulga e promove o couro na-cional em eventos, feiras e mis-sões.

O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil também promove ações como o II Fórum Internacional de Couro, realiza-do durante a Couromoda, em

Fonte: Secex/MDCI/CICB

Wolfgang Goerlich, presi-dente do CICB.

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mERCAdo

janeiro deste ano, e os preparati-vos para o I Congresso Mundial do couro, que está programado para novembro deste ano, no Rio de Janeiro, finaliza o presi-dente da entidade.

China e Hong Kong, Itália e Estados Unidos continuam sendo os principais destinos do couro nacional; Brasil também aumenta embar-ques para Alemanha, Coréia do Sul, México, Vietnã e For-mosa

De janeiro a abril de 2011, os principais mercados do couro brasileiro foram a China e Hong Kong, com US$ 206,4 milhões (30,2% de participação e aumen-to de 11%); Itália, com US$ 153 milhões (22,4% de participação e elevação de 13%); Estados Uni-dos, com US$ 78,18 milhões (11,4% e crescimento de 40%); e Alemanha (US$ 26,27 milhões, 3,8%, aumento de 48%).

Neste primeiro quadrimestre, Coréia do Sul, com US$ 23,82 milhões (3,5% e 138%), México (US$ 22,25 milhões, incremento de 40%), Vietnã (US$ 18,9 mi-lhões, elevação de 38%), Taiwan (Formosa, US$ 15,84 milhões, 103%) e Holanda (US$ 12,23 milhões, 4%) foram importantes destinos das exportações brasi-leiras.

Entre outros países que au-mentaram as aquisições do pro-duto nacional figuram a Noruega (US$ 11,68 milhões, 48%), Indo-nésia (US$ 11 milhões, 22%), Portugal (US$ 9 milhões, 88%), Hungria (US$ 9 milhões, 111%) e África do Sul (US$ 8,8 milhões, 31%).

O Relatório do CICB informa no balanço das vendas externas de couros dos estados brasilei-ros no primeiro quadrimestre, em relação ao acumulado do ano passado, a retomada da li-derança do Rio Grande do Sul (US$ 160,42 milhões, 23,5% de participação) como maior ex-portador nacional, seguido por São Paulo (US$ 154,31 milhões,

Fonte: Secex/MDCI/CICBFonte: Secex/MDCI/CICB

22,6% de participação), Paraná (US$ 75,33 milhões, 11%) e Cea-rá (US$ 62,45 milhões, 9%).

Os demais estados no ranking nacional são Goiás (US$ 45,5 milhões), Bahia (US$ 42,9 mi-lhões), Minas Gerais (US$ 39,36 milhões), Mato Grosso do Sul (US$ 31,5 milhões), Mato Gros-so (US$ 30 milhões) e Santa Ca-tarina (US$ 14,88 milhões).

Ranking dos estados exportadores de janeiro a abril de 2011

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Estilista defende uso de couro em coleção

ale ougaTa

A estilista Patricia Viera abre a temporada de desfiles verão 2012 da maior bolsa de negó-cios da América Latina, o Senac Rio Fashion Business, às 16h, no salão nobre do Copacabana Pala-ce. Conhecida pelo primor e téc-nica em trabalhar com o couro, Patricia não se abala com a po-lêmica dos útimos tempos que tomou conta das redes sociais: o uso de pele animal na confec-ção de roupas e acessórios. Ela esclarece que só usa o couro do animal cuja carne será consumida. "Minha matéria prima é um sub-produto", disse ela, defendendo a ideia de que uma vez o animal abatido, ele deve ser utilizado por várias indústrias, inclusive a têxtil.

Inspirada pela Espanha, a es-tilista buscou a figura de "uma mulher latina, sensual, cuidada e forte" para executar as muitas capas, mangas soltas, babados e franjas que devem desenhar a coleção. Aliás, questionada sobre quem são as mulheres que ves-tem Patricia Viera, ela responde: "uma mulher normal que traba-lha, é super antenada e não abre mão de um produto de qualida-de. Trabalho com qualidade é o DNA da minha marca".

E se na moda um dos desafios que os criadores têm é o de in-cutir desejo em seus clientes, Patricia sempre começa uma co-

leção "tentando descobrir o que minha compradora quer e ainda não sabe. Meu critério desven-dar o universo da mulher".

Desmistificar a imensidão do universo feminino não é a úni-ca tarefa para ela, seja no verão ou no inverno "opto pelo couro. Ele é minha preferência, o que é sempre um desafio".

A falta de reconhecimento é algo apontado por Patricia. "Falta o reconhecimento de que aqui temos de tudo, nosso artesana-to, nossa cultura. Por outro lado, sobra criatividade, nosso país é muito rico em fontes de inspira-ção", disse ela.

Focada nos negócios, o Fashion Business foi o caminho lógico a ser percorrido. "Meu foco é o comercial. No Fashion Business o retorno é imediato porque ali você tem todos os comprado-res e o objetivo da marca hoje é esse".

Mesmo com os olhos voltados aos números, o desfile de Patri-cia Viera é a celebração da so-fisticação. A direção fica a cargo de Andrea Dellal, irmã da estilis-ta, o stylist assinado por Felipe Veloso, acessórios em prata por Guerreiro e os maiôs feitos por Lenny Niemeyer. Isso sem falar a locação, o luxuoso hotel Copa-cabana Palace.

Fonte: http://moda.terra.com.br/modacarioca/verao/2012/noticias/0,,OI5139855-EI17964,00-Estilista+defende+uso+de+couro+em+colecao.html

"No meio de tanta po-lêmica em torno de uso de peles (exóticas ou não) na confecção de roupas e calçados, eis aqui um belo exemplo de profissional que usa nossa maravilhosa matéria prima, subpro-duto, e a transforma em objeto de desejo de todos!

Certamente esses ata-ques de pseudo eco(não)lógicos já passou dos limi-tes.

Patricia Viera conhece muito bem nosso setor e o resultado de suas cole-ções mostram qualidade, beleza e sofisticação... com couro!"

Vitor Fasolo

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A Couro Design Store, espe-cializada em estofados de couro, está com mostra especial de lan-çamento da Coleção 2011 de Es-tofados Salvatore. No showroom localizado na Avenida Dom Pedro II, 904, em Porto Alegre, a loja mostra em ambientes criados pelo arquiteto João Carlos Ben-to, as criações dos três estúdios responsáveis pela coleção de pol-tronas e estofados da grife que só produz peças em couro.

A coleção 2011 da Salvatore tem como criadores os desig-

ners Izabel Cristina Ferreira Bra-dasch e Florence Stutz Töws, da If Projetos de Design, com sede em Curitiba/PR; Mariana Betting Ferrarezi e Roberto Hercowitz, da em2 Design, do Rio de Janei-ro/RJ, e Flavio Borsato e Mau-ricio Lamosa, do Estúdio Bola, também de São Paulo/SP.

A diretora da Couro Design Sotre, Maria Cristina Enzwei-ler, enfatiza que a nova coleção traz em suas criações o que há de mais atual no cenário mundial em conceitos de design. O con-

Couro Design Store apresenta Coleção 2011 dos Estofados Salvatore

forto e a sensação de aconche-go são as prioridades na criação. No design, as tendências são tra-duzidas por bases em madeira, detalhes de costura e elemen-tos de linguagem artesanal que transmitem conforto e trazem calor aos ambientes. A coleção trabalhou ainda o design de pe-ças mais orgânicas e envolventes, cujas bases recuadas parecem fa-zer o estofado flutuar, sendo um convite ao sentar.

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Um item importante dentro da política de sustentabilidade ambiental trata de processos de curtimento/recurtimento de couros totalmente livres de me-tais, internacionalmente chama-dos de “Metal Free”.

Antes de tudo devemos enten-der exatamente o que isso quer dizer. Existe alguma confusão quanto à nomenclatura quan-do se fala deste tipo de couro. Couros chrome-free, metal-free, wet-white e bioleather são coi-sas distintas.

Chrome-free é aquele couro que foi curtido sem cromo, mas não necessariamente sem metal. Ele pode ter sido feito com al-gum produto orgânico ou outro metal, como Titânio ou Zircônio. Portanto, nem todo couro chro-me-free é necessariamente me-tal-free. Curtimento wet-white é qualquer curtimento que produ-za cores claras. Não quer dizer que seja metal-free.

Já o bioleather, termo mui-to utilizado, nada mais é que um curtimento metal-free com exigências adicionais quanto à restrição de produtos. Além do cromo, também deve ser isento de nonilfenol, azo-corantes, for-maldeído, entre outros.

A tecnologia deste novo pro-cesso, desenvolvida e incremen-tada principalmente devido a resoluções da Comunidade Eu-ropéia e USA, em resposta ao problema decorrente de reciclo de automóveis. Restrições legais quanto aos níveis de cromo es-tão sendo postas em prática, a níveis que impossibilitam a uti-

lização de cromo como agente curtente.

O Cromo é um dos metais uti-lizados na indústria do couro. O sucesso do curtimento ao cro-mo não veio gratuitamente, há diversas razões para tal. Os re-sultados obtidos são excelentes, consegue-se obter couros ma-cios e com elevada temperatura de retração. Do mesmo modo, o processo de curtimento com cromo é simples e mundialmen-te conhecido e utilizado.

Os atuais requisitos das indús-trias transformadoras, como a indústria calçadista, de artefatos e automotiva levam ao desenvol-vimento de tecnologias de pro-cessos que não causem danos ao meio ambiente, que minimizem as emissões à atmosfera, que reduzam a geração de resídu-os e da carga orgânica lançada nos efluentes. A utilização des-te novo tipo de couro promo-ve grande diferencial nos seus produtos. Os couros curtidos ao Cromo utilizados no estofamen-to dos automóveis, quando inci-nerados, transformam o Cromo (+3) em Cromo (+6) e neste estado de valência, é altamente tóxico principalmente devido ao seu comportamento oxidante.

No Brasil já existe uma legis-lação forte e atuante no que se refere aos controles de efluen-tes e do farelo ou serragem das rebaixadeiras e aparas do recor-te das peles curtidas ao Cromo. Ainda não acontece um proces-so de reciclo dos estofamentos automotivos conforme o padrão europeu, mas chegaremos lá.

Certamente ainda não existe um nível tecnológico que propi-cie a substituição total do Cro-mo por elementos não-metais e nem há tal necessidade. Quanto ao estofamento automotivo, ou a qualquer outro produto con-feccionado com couro curtido/recurtido ao cromo e que venha a ser queimado/reciclado, deverá respeitar essa nova tecnologia.

Por ora podemos citar várias vantagens técnicas no utilizo desta tecnologia:

O couro deixa-se enxugar muito bem;

É facilmente rebaixado;Não apresenta grandes va-

riações na espessura do couro após o rebaixe

Temperatura de retração do couro em torno de 82°C (deve-mos ainda melhorar a tempera-tura de retração para chegar a 100°C);

Couro está livre de todo e qualquer tipo de metais pesados;

Flexibilidade no que diz respei-to aos processos subsequentes de recurtimento, tingimento e engraxe, podendo ser utilizado processo com várias classes de produtos tanantes;

Processo diferenciado;Coloração muito clara (quase

branco), o que facilita a produção de couros brancos e tons pastéis;

Proporciona tingimento de to-nalidades mais vivas e uniformes. Fontes:Il Corriere dela SeraOpinião MagazinePulcra Especialidades Químicas LtdaPolivinyl

Couros “Metal-Free” e “Bioleather”viToR fasolo

[email protected]

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EmpREsAs

Em abril último a TFL do Brasil Indústria Química Ltda., localiza-da em São Leopoldo, RS, passou com sucesso pelo processo de re-certificação das normas ISO 9001:2008 e ISO 14001:2004.

A auditoria de 4 dias de du-ração, foi realizada pelo órgão certificador BSI Management Systems, e teve como principal objetivo reavaliar a conformida-de do sistema de gestão da qua-lidade e meio ambiente.

O sistema é uma ferramenta de gestão que mantém a TFL do Brasil focada em seus principais objetivos: a satisfação do clien-te e o compromisso ambiental. E para alcançá-los, a empresa segue a política abaixo descrita: Fornecer produtos e serviços com excelência para a indústria do couro através de pesquisa e desenvolvimento, buscando su-perar a expectativa dos nossos clientes; Introduzir melhorias contínuas nos produtos e pro-cessos almejando a qualidade dos mesmos, a redução dos im-pactos ambientais, a prevenção da poluição, a interação com a comunidade e a satisfação dos acionistas e atender aos requi-sitos legais, da organização e à evolução das Normas ISO 9001 e ISO 14001.

TFL do Brasil recebe re-certificação das normas ISO 9001 e 14001

O objetivo da TFL é propor-cionar aos seus clientes serviços e produtos de alta qualidade. Para garantir esse objetivo, a TFL estabelece um Sistema de Ges-tão da Qualidade de acordo com a norma ISO 9001 nas principais unidades do grupo na Argentina, Brasil, China, França, Índia e Itá-lia

As certificações das unidades demonstram o compromisso da TFL com a satisfação do cliente e a entrega de excelência em todas as áreas de operações, de todo o mundo. E esta conquista é o resultado de toda a empresa

trabalhando em conjunto e de forma eficaz no desenvolvimen-to e manutenção do seu Sistema de Gestão da Qualidade.

A TFL acredita que atender a crescente demanda de clientes no mais alto nível de qualidade é vital para o sucesso futuro das empresas em qualquer tipo de negócio. Por isso, a TFL tem demonstrado seu compromis-so com a qualidade e a melho-ria contínua do seu sistema de gestão obtendo com sucesso o registro em todas as suas plantas produtivas.

Gestão da Qualidade da TFL no mundo

Engenheiro Mauri Barbieri e a equipe técnica da TFL

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EmpREsAs

O grupo de especialidades quí-micas LANXESS concluiu com êxito a aquisição da DSM Elastô-meros. As autoridades antitrus-te concederam as aprovações necessárias. A transação entrará em vigor legal e financeiramente em 1º de maio de 2011.

A LANXESS está pagando € 310 milhões pelo negócio de elastômeros da empresa holan-desa Royal DSM N.V.. A DSM Elastômeros produz a borracha sintética de monômero etileno--propileno-dieno (EPDM), sob a marca Keltan. A LANXESS está financiando a aquisição com a li-quidez existente.

A DSM Elastômeros, com sede em Sittard-Geleen na Holanda, tem cerca de 420 funcionários em todo o mundo. A DSM opera uma unidade de EPDM, com ca-pacidade anual de 160 mil tonela-das métricas em Sittard-Geleen. Outra unidade de EPDM, com capacidade de cerca de 40 mil toneladas métricas por ano, está localizada em Triunfo, no Brasil. A LANXESS planeja mudar a sede dos negócios combinados de EPDM de Marl (Alemanha) para Sittard-Geleen.

"A conclusão bem sucedida da aquisição deste negócio de elastômeros é mais um marco

em nosso caminho para o cres-cimento", ressalta o presidente da LANXESS no Brasil, Marcelo Lacerda. "Começaremos agora a integração desta atividade ao grupo e, com muita satisfação, acolher os novos funcionários na família LANXESS."

A unidade de negócios Tech-nical Rubber Products (TRP) da LANXESS, liderada por Guen-ther Weymans, vende seus pro-dutos de EPDM sob a marca Buna PE. A LANXESS atualmen-te produz EPDM em seus sites em Marl, na Alemanha, e Orange, nos Estados Unidos.

Lanxess conclui aquisiçãoda DSM Elastômeros

formação de seus alunos. Os visitantes conheceram

toda a estrutura da MK, desde os laboratórios de Pesquisa & Desenvolvimento, Controle de Qualidade e Aplicação Técnica, passaram pelas plantas de reação líquida, de pós e de polimeriza-ção, e também conheceram os

Alunos da Escola de Curtimento visitam a MKsistemas de tratamento que per-mitem que a fábrica opere em circuito fechado, sem emissão de efluentes.

Segundo a Gerente de Pesquisa & Desenvolvimento, Rejane Pai-va, que apresentou as instalações da MK aos alunos, “é importante para os futuros profissionais das indústrias de curtumes conhe-cerem como são desenvolvidos, produzidos e analisados os insu-mos que eles utilizam.” A Orien-tadora Pedagógica da Escola de Curtimento, Professora Rosinha Ost, destacou a importância deste tipo de atividade para os alunos e parabenizou a organi-zação da MK, “que visivelmente está crescendo e cada vez mais dedicada a levar tecnologias ao mercado.”

Os alunos e professores do Módulo II do Curso Técnico de Curtimento do Centro Tecnoló-gico do Couro – SENAI de Es-tância Velha visitaram as instala-ções da MK Química, em Portão. A atividade faz parte das ações programadas com a Escola Téc-nica para complementação da

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EmpREsAs

De 12 a 15 de Abril, concomi-tante a FIMEC, a TFL do Brasil recebeu profissionais de toda a América Latina para o lançamen-to da Cartela TFL de Tendências e Cores Primavera-Verão 2012 e apresentação da nova coleção de artigos de couro.

Para criar os artigos apresen-tados durante o evento a equipe técnica inspirou-se na Cartela TFL de Tendências e Cores, mas o foco do trabalho se deu no upgrading das peles, no melhora-mento da classificação das mes-mas. A elaboração de soluções que visam a simplificação e oti-mização dos processos também foi fundamental no desenvolvi-mento dos materiais.

Eventos de Lançamento das Cartelas TFL de Tendências e Cores

Além das tendências e artigos, a TFL apresentou uma coleção exclusiva de bolsas e calçados femininos desenvolvidos pelo estilista Marco Bender, e bolsas masculinas, pelo fabricante Ben-nesh.

Concluído o trabalho do pri-meiro semestre, a equipe da TFL já se prepara para o segun-do evento do ano, previsto para 18 e 19 de agosto. Neste serão lançadas as tendências, cores e artigos para a estação Outono--Inverno 2012/13.

As Cartelas TFL de Tendências e Cores, Primavera-Verão 2012 e Outono-Inverno 2012/13, es-tão disponíveis no website da empresa: www.tfl.com.

JBS

Couroquímica

Curtume Ritter e Star Export

Curtume Moderno Artigos por TFL, calçados e bolsa por Marco Bender

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EmpREsAs

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gEsTão

9º. CAPÍTULO: A necessária definição de Competitividade e Complexidade para os Curtu-mes

-Para onde caminha o mundo dos negócios

O Novo Curtume-NC deve ser entendido como uma or-ganização plenamente capaz de promover a sua Sustentabilida-de sob uma visão Plena, ou seja, aquela que atende às suas cinco dimensões, a Política, a Econô-mica, a Social, a Tecnológica e a Eco-Ambiental.

A incorporação pelo Novo Curtume-NC desta visão sis-têmica de sustentabilidade trás consigo responsabilidades e encargos organizacionais que à medida de sua efetivação, vão tornando a sua gestão cada vez mais complexa.

Nos capítulos anteriores, as considerações e proposições elaboradas sobre esta nova visão de negócios identificada como O Novo Curtume-NC, preocupa-ram-se em identificá-lo pela sua estrutura sistêmica, que à me-dida de sua evolução, torna-se também cada vez mais complexa.

Sistemas e Complexidade são como dois irmãos gêmeos, ou seja, quando os Sistemas se de-senvolvem e crescem, a Comple-xidade segue o mesmo caminho.

Este comportamento organi-zacional dos Sistemas e da Com-plexidade deles decorrentes, está intimamente ligado a uma condição nem sempre perce-bida pelos gestores e pelos de-mais membros dos curtumes:

Eles são Simultâneos, ou seja estão inter-relacionados de tal maneira que, quando os Siste-mas manifestam a sua evolução e aperfeiçoamento, a Complexi-dade também avança e automa-ticamente evolui.

Quando olhamos para os cur-tumes sob uma visão de Siste-ma, podemos definí-los como:

“Um conjunto de elementos interdependentes que interagem com objetivos comuns forman-do um todo, e onde cada um dos elementos componentes com-porta-se, por sua vez, como um sistema cujo resultado é maior do que o resultado que as uni-dades poderiam ter se funcio-nassem independentemente”. ( WIKIPÉDIA - ALVAREZ, 1990, p. 17).

Com relação ao conceito de Complexidade, O Mini Aurélio nos ajuda a definir esta carac-terística dos Sistemas, quando nos coloca que este fator é: “ A qualidade do que é complexo, ou seja, que abrange ou encerra muitos elementos e ou, diversas partes, o que pode resultar em uma sensação de confusão, com-plicação ou de ser intrincado para aquele que os observa e os utiliza.

O tema Complexidade não é uma coisa incomum ou do aca-so, pois ele, por sua emergência, vem sendo estudado por es-pecialistas em comportamento e gestão organizacional e está se tornando um tema de cres-cente obrigatoriedade para os gestores em todas as organiza-

ções, entre as quais está o Novo Curtume-NC.

Entre aqueles está o pesquisa-dor Edgar Morin, que torna-se leitura necessária e obrigatória dos gestores, à medida que o tempo avança e o conceito de sustentabilidade Plena torna-se uma realidade imprecindível e irreversível.

É oportuno lembrar que o termo Sustentabilidade é utiliza-do convencionalmente quando a sociedade e as organizações que a estruturam, entre os quais es-tão os curtumes, referem-se a este termo quando manifestam as suas preocupações e propó-sitos de avanços de suas ações relacionadas às questões eco--ambientais.

Esta diretriz ou visão redu-cionista do termo abandona o fundamento sistêmico da Sus-tentabilidade o que no longo prazo certamente se mostra-rá insuficiente para promover a longa vida dos curtumes.

-Afinal o que é Competitivida-de sob a visão dos curtumes?

Sob a visão dos curtumes, a Competitividade é a característi-ca ou capacidade organizacional destes, de desenvolver e alcan-çar a sua missão negocial, e por consequência a sua Visão, com mais êxito que os outros curtu-mes ou organizações de produ-tos equivalentes ou substitutivos identificados como “as outras organizações competidoras ou as concorrentes”.

É oportuno lembrar que “as

O Novo Curtume - NCTema Básico I -Avançando

no Conceito deCurtume“ Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam”

Salmo 127:1PoR feRnando geib

37gEsTão

outras organizações competido-ras” tem surgido como fornece-doras de produtos equivalentes ou produtos substitutivos ao couro nos mercados fornecedo-res, baseando as suas estratégias no fornecimento de materiais laminados sintéticos derivados da petroquímica.

O progresso tecnológico da petroqímica nos últimos anos tem oportunizado o desen-volvimento e a geração destes materiais anteriormente referi-dos, com desempenho funcional quase equivalente ao de couro, colocando estes fornecedores na condição de ofertadores de “produtos substitutivos” para as organizações que tradicional-mente consomem couros pro-cessados, como são as fábricas de calçados, os produtores de artefatos e produtos assemelha-dos e as fábricas de estofados.

Avançando no tema podemos colocar também que a Competi-tividade dos Curtumes baseia--se na capacidade destes em satisfazer vantajosamente as necessidades e expectativas dos seus mercados, dos seus clientes atuais e potenciais e das demais partes interessadas, aos quais estes servem, no seu mercado claramente objetivado de acor-do com a sua visão e missão, para a qual foi criada, mesmo convivendo com concorrentes e fornecedores de produtos substitutivos.

A Competitividade é um fator prioritário e altamente consi-derado no contexto da econo-mia de mercado. Neste sentido, a Competitividade Empresarial significa também a obtenção de uma rentabilidade igual ou supe-rior aos rivais no mercado.

Se a rentabilidade de um cur-tume numa economia aberta, é inferior à dos seus rivais, em-bora tenha com que pagar aos seus trabalhadores, fornecedo-res e acionistas e demais partes

interessadas – o governo através de impostos- a médio ou longo prazo estará debilitada até che-gar a zero e tornar-se negativa. Este é o perfil comportamental da não Sustentabilidade econô-mica.

Este declínio econômico afeta progressivamente as demais di-mensões da Sustentabilidade, de modo que ao se esgotar este fator, o curtume entra em colap-so, e desaparece.

Lembramos que esta regra não afeta somente os curtumes. Ela se aplica à todas as demais organizações que atuam nos mais diversos segmentos econô-micos.

-Complexidade e Eficácia or-ganizacional dos curtumes

A Complexidade é um fator que não é fácil de se definir, pois ele aborda e descreve o mun-do onde as organizações, entre as quais estão os curtumes, as pessoas convivem, o que torna esta descrição uma tarefa bas-tante dificil de se desenvolver, principalmente porque as or-ganizações normalmente não se preocupam ou não se deram conta que esta ação deve ser constante.

Assim, avançando neste funda-mento, e direcionando-o para o tema básico que estamos de-senvolvendo identificado como o Novo Curtume-NC, pode-mos colocar ser a Complexida-de não é um conceito teórico e sim um fato. Corresponde à mul-tiplicidade, ao entrelaçamento e à contínua interação da infinida-de de sistemas e fenômenos que compõem o mundo natural e dos negócios onde o Novo Cur-tume-NC se insere. Os sistemas complexos estão dentro de nós e a recíproca é verdadeira. É pre-ciso, pois, tanto quanto possível entendê-los para melhor convi-ver com eles.

As Manifestações da Comple-xidade nos curtumes

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gEsTão

1ª. Exemplo:=O primeiro passo da visão

da Complexidade nos curtumes indica que conhecimentos sim-ples não ajudam a conhecer as propriedades e capacidades do conjunto dos recursos disponi-bilizados para produzir.

Esta constatação lógica no entanto, tem consequências não tão simples, pois o curtu-me deve ser entendido como “ mais do que a soma dos seus processos produtivos, máquinas e demais recursos de produção que o constituem”. Nesta con-dição, O todo é mais do que a soma de suas partes.

Curtumes em que os níveis de qualidade e de produtividade são elevados enquadram-se nesta qualificação..

=A segunda face da Comple-xidade dos Curtumes revela-se pelo fato de que mesmo existin-do um curtume com máquinas e demais recursos produtivos, nem sempre a qualidade desse ou daquele couro pode expres-sar-se na sua plenitude, pois esta fica inibida por não-qualidades ou não conformidades. O todo dos processos produtivos, por desperdícios e imprecisões as mais diversas que acontecem, acaba gerando esta condição, ou seja, os couros não-con-formes são os que adquirem a importância e passam a chamar a atenção dos gestores do cur-tume. Inverte-se então a lógica anteriormente expressa quando então, “ o todo é normalmente menor do que a soma de suas partes”.

Estas duas observações no modo de olhar o processo pro-dutivo do curtume mostram serem conflitantes ou opostas entre si. Esta é a manifestação da Complexidade, que deve ser do domínio integral dos seus gesto-res.

Porém, mesmo sendo confli-

tantes elas convivem e estão inseridas no processo produtivo cotidiano destas empresas.

2º. Exemplo:Esta etapa da Complexida-

de é a mais difícil de entender por nossa estrutura mental. Ela diz que: “ o todo é ao mesmo tempo maior e menor do que a soma de suas partes” .

Assim, nos curtumes os cou-ros não são processados ao acaso. A produção é organizada pois existe uma programação de produção que define a se-quencialidade dos lotes de pro-dução.

A programação que se mani-festa por esta sequência é uma unidade “sintética” na qual cada lote de couro contribui para o conjunto do que é produzido. Portanto, quando programa-mos, é a programação que tem máxima importância. Se um lote atrasa, é este lote que passa a assumir importância maior que os restantes lotes programados.

Ao adotarmos uma postura mais investigativa, as oportuni-dades para identificar e descre-ver outra situações do dia-a-dia dos curtumes se multiplicam e nos demonstram claramente o que podemos chamar de “a complexidade em ação”.

Por outro lado é de vital im-portância, e isto ficou demons-trado nos exemplos descritos, que por trás de uma disfarça-da, não percebida e minimizada não conformidade, escondem--se fatores de extrema Com-plexidade que por não serem assim considerados, acabam se tornando “vícios” destruidores da “saúde da produtividade e da qualidade” do curtume.

Os riscos da não consideração e da minimização dos efeitos da Complexidade

A Complexidade é uma ar-madilha para os gestores dos curtumes, pois ela atua como

um camaleão, ou seja, de modo disfarçado e com a “ cara” de não-conformidades usuais e ro-tineiras nos curtumes, levando ao perigoso hábito de serem atacadas com “remédios” de quase nenhuma efetividade so-bre esta característica dos siste-mas de produção.

Por outro lado, esta caracte-rística dos sistemas produtivos traz para o gestores uma sen-sação de desconforto e de im-potência, pois ações são desen-volvidas e os resultados são de pouquíssima efetividade.

Este comportamento não pode ser criticado, pois este fa-tor inibidor da qualidade e pro-dutividade nos curtumes, veio à discussão mais recentemente, sendo portanto um tema novo neste ambiente organizacional que estamos descrevendo .

Avançando nestas conside-rações sobre a Complexidade, podemos colocar também que sistemas de gestão utilizados nos curtumes, como os basea-dos na Qualidade, também estão na “mira” da Complexidade. Isto representa dizer que esforços gerenciais de melhoria podem estar sendo desenvolvidos mas seus resultados poderão ser pouco significativos, e assim, le-var ao descrédito estas inicia-tivas.

A regra pois é aprender a conviver com a Complexidade de modo a minimizar os poten-ciais danos que ela pode trazer para os curtumes.

Saber viver com a Complexi-dade é uma habilidade gerencial cada vez mais necessária para os gestores dos curtumes e esta qualificação é fator fundamental para o sucesso do Novo Curtu-me-NC.

Quem viver, verá !

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TECnologIA

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Otimização da Hidrólise Enzimática de Re-síduos de Couro Cromados Utilizando-se Projetos Fatoriais Cruzados

Prof. Ms. Carlos atalla Hidalgo Hijazin1

aline tonial siMões2

1 PROF. MS. CARLOS ATALLA HIDALGO HIJAZINMestre em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais pela UFRGS (2003). Professor do ensino médio, técnico e professor titular da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre, onde é orientador de projeto IC. Tem experiência na área de Engenharia Química, com ênfase em Processos Industriais de Engenharia Química.Rua Marechal José Inácio da Silva, n° 355, Bairro Passo D’Areia, Porto Alegre – RS – Brasil.E-mail:[email protected]

2 ALINE TONIAL SIMÕESBolsista de Iniciação Científica e graduanda do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre.E-mail:[email protected]

ResumoCom a crescente preocupação

com o desenvolvimento de tec-nologias limpas, que busquem o desenvolvimento sustentável, a hidrólise enzimática de resídu-os de couro cromado mostra--se como uma alternativa viável. Esta pesquisa teve o objetivo de, através do processo de hidrólise enzimática de resíduos de couro wet blue, obter uma solução de proteína hidrolisada com baixo teor de cromo e um resíduo só-lido remanescente rico em cro-mo além da busca do ajuste óti-mo dos parâmetros do sistema, através da utilização de projetos fatoriais cruzados, de forma a maximizar o seu desempenho e minimizar custos. De acordo com os resultados encontrados, concluimos que a enzima pepsi-na hidrolisa o resíduo de couro wet blue, demonstrando que o processo de hidrólise enzimá-tica é possível. A ‘torta de cro-mo’ e o colágeno hidrolisado obtidos nesta pesquisa poderão ser reutilizados com diversas fi-

nalidades, como por exemplo na indústria de cosméticos, contri-buindo assim com o desenvolvi-mento sustentável.

Palavras-chave: hidró-lise, enzima, pepsina, de-senvolvimento sustentável, projeto fatorial.

AbstractWith the growing worry about

development of clean technol-ogy, that view sustainable devel-opment, the enzymatic hydroly-sis seem viable alternative. The goal of this search was, whit the enzymatic hydrolysis process of wet blue leather residues, get a hydrolyzed protein solution whit low chrome and a remaining solid residue rich in chrome, and found a great adjustment of the system parameters to maximize it’s performance and minimize costs. According to the found-ed results, conclude that the enzyme pepsin hydrolyses the wet blue leather residue, show-ing that the enzymatic hydroly-

sis process is possible. The “pie of chrome” and the hydrolyzed collagen got in this search may be reused whit many views, con-tributing so whit sustainable de-velopment.

Key-words: Hydrolysis, en-zyme, pepsine, sustainable devel-opment, factorial design.

IntroduçãoO crescimento da população

mundial e seu estilo de vida cada vez mais consumista têm trazido demandas por bens de consumo essenciais ao dia-a-dia das pessoas, como por exemplo os calçados e bolsas feitos de couro; assim também crescem os rebanhos animais, para que o mercado e a indústria de couro mundial possam ser supridos. O mercado coureiro cresceu entre os anos de 1970 e 2000, princi-palmente nos países em desen-volvimento, e até início dos anos 90 também em países desen-volvidos (GUTTERRES, 2005). Entretanto, esta indústria utiliza

TECnologIA

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grandes volumes de água e subs-tâncias químicas nos seus pro-cessos de transformação de pele crua ou salgada em couro, e gera também uma enorme quantida-de de resíduos sólidos e efluen-tes líquidos (RODRIGUEZ et al., 2008.). Segundo Hijazin (2003), a preocupação crescente com o meio ambiente fez com que os curtumes passassem a receber abordagens dos órgãos ambien-tais, devido precisamente a essas quantidades de resíduos que são gerados por eles.

A partir da crescente preocu-pação global com a quantidade de resíduos sólidos gerados pe-las atividades humanas, estudos científicos têm buscado cada vez mais produzir tecnologias cha-madas limpas, ou seja, que pos-sam unir os objetivos econômi-cos e produtivos aos interesses ambientais, apresentando me-lhor aproveitamento energético, do ar, da água e das matérias-pri-mas e sempre visando minimizar, não gerar e/ou reciclar os resí-duos provenientes dos proces-sos de produção (GUTTERRES, 2005). O desenvolvimento de processos tecnológicos que per-mitam a utilização de material biológico para fins industriais, chamados de biotecnologias, é um exemplo dessa crescente demanda pelas clean-ups1. Com o desenvolvimento, produção e aplicação de enzimas, por exem-plo, a biotecnologia tem propi-ciando o surgimento de vários produtos no mercado mundial

1 Clean-ups: estratégias limpas. Quan-do utilizadas em resíduos cromados, diminuem a periculosidade e o conse-qüente impacto ambiental dos mesmos. Fonte: Hijazin, 2003, p.11.

(GUTTERRRES, 2005). Estudos já apontam que estas proteínas podem funcionar como solu-ções alternativas para o trata-mento dos resíduos de couro. A hidrólise enzimática pode ser utilizada no tratamento de apa-ras e farelos de couro para pro-duzir colágeno hidrolisado; esse colágeno resultante possui habi-lidade de formar gel, proprieda-des de absorção de água e óleo, adesividade e pode ser usado em cosméticos, na preparação de adesivos, como agente encap-sulante, dentre outras utilidades (GUTTERRES, 2005). Assim, a hidrólise enzimática de resídu-os de couro wet blue se justifica como uma alternativa que mere-ce ser pesquisada.

Este artigo apresenta os resul-tados finais de pesquisa científica intitulada “Otimização do pro-cesso de hidrólise enzimática de resíduos de courto wet blue com a utilização de projetos fatoriais cruzados”. O objetivo geral é co-laborar com a busca de soluções alternativas para a destinação de resíduos de couro cromados. Os objetivos específicos são ob-ter como produtos de hidrólise uma solução de proteína hidroli-sada com baixo teor de cromo e um resíduo sólido remanescente rico em cromo, chamado ‘torta de cromo’, bem como achar o ajuste ótimo dos parâmetros do sistema de forma a maximizar o seu desempenho e minimizar custos através de um planeja-mento estatístico adequado.

Couro curtido ao cromoO processo de curtimento de

couro divide-se em três etapas principais, que são a ribeira, o curtimento e o acabamento. Na ribeira a pele é preparada mecâ-nica e quimicamente para o cur-timento. Quando o curtimento utiliza como agente curtente o cromo, produz um produto de cor azulada chamado de wet blue. A última etapa de curtimento, chamada de acabamento, é aque-la que confere as características de aspecto final, elasticidade e maciez ao couro. Nesta etapa há uma operação de rebaixamento, que serve para ajustar a espessu-ra do couro; é nela que os resí-duos ‘serragem de rebaixadeira’ (ou farelo de rebaixamento) são gerados (RIBEIRO, 2003). Essa serragem cromada é conside-rada um resíduo sólido tóxico, uma vez que está impregnada de sais de cromo (RODRIGUEZ et al., 2008.), e a ABNT NBR 10.004 classifica o cromo como resíduo perigoso – Classe I (FERRARI, 1998). Atualmente, o destino principal desses resíduos cro-mados está sendo os aterros de resíduos industriais perigosos (ARIP’s), onde a serragem per-manece de 300 a 500 anos até se decompor completamente (THEVES e BRAUN, 2010).

Conforme Ribeiro (2003), de-vido ao seu custo, sua facilidade de aplicação e também às pro-priedades que este confere ao couro, a maioria dos curtumes utiliza como agente curtente os sais de cromo. Este metal é o mais utilizado no curtimento em todo o mundo, e as caracterís-ticas que ele confere ao couro são: elasticidade, resistência ao

TECnologIA

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rasgamento, estabilidade hidro-métrica e grande versatilidade. O cromo utilizado no curtimen-to é o Cr III, normalmente sob a forma do sal sulfato básico de cromo [Cr(OH)(H2O)5]SO4 (HIJAZIN, 2003). Atualmente, a utilização de sais de cromo tri-valente para curtimento de cou-ro encontra-se em torno de 90% no Brasil e de 80% no mundo todo (THEVES e BRAUN, 2010).

HidróliseHidrólise é uma reação química

que acontece em um meio aquo-so, e na qual a água sofre dupla decomposição em um composto, fazendo com que um hidrogênio da molécula de água seja trans-ferido para um dos produtos, e que o grupo OH seja transferido para o outro produto. A hidró-lise de produtos naturais, como proteínas por exemplo, é um processo importante na química industrial, e muitas vezes pode ser realizada por via enzimática (MANO e SEABRA, 1969). Con-forme Barcza (S.A.), para que a reação de hidrólise ocorra mais rapidamente é indispensável a presença de um agente acelera-dor, qualquer que seja o mecanis-mo da reação; os mais importan-tes são álcalis, ácidos e enzimas. A obtenção de proteínas a partir da serragem cromada é viável; nela encontra-se o colágeno, que é uma proteína fibrosa consti-tuinte do tecido conjuntivo dos animais (RODRIGUEZ et al., 2008). Na hidrólise enzimática, a enzima extrai essa proteína do couro, separando-a no colágeno hidrolisado. Conforme Ribeiro

(2003), no processo de hidrólise enzimática de resíduos de couro curtido ao cromo, o uso de enzi-ma proteolítica ativa em tempe-ratura moderada faz com que as proteínas se solubilizem, e como a reação ocorre em pH alcalino, o cromo permanece insolúvel e pode assim ser separado.

EnzimasAs enzimas são proteínas que

reduzem a energia de ativação requerida numa reação, funcio-nando como catalisadores dos processos biológicos. Assim, aju-dam na aceleração da velocida-de das reações, e como tal são componentes fundamentais para a vida de plantas, de animais e de microorganismos (REDDY, 2007). O uso de enzimas apre-senta muitas vantagens quando comparada à maioria dos com-ponentes químicos utilizados atualmente nos processos indus-triais. Segundo Ribeiro (2003), elas são biodegradáveis - o que significa que são facilmente ab-sorvidas pela natureza -, além de que trabalham em tempera-turas baixas; podem ser usadas para substituir componentes químicos perigosos resultando em economia E diminuição da poluição. As enzimas são alta-mente específicas e então não produzem efeitos inesperados no processo de produção; bem como podem ser utilizadas no tratamento de resíduos bioló-gicos (NOVOZYMES, S.A. apud RIBEIRO, 2003, p.12).

A enzima utilizada nessa pes-quisa foi a pepsina, da marca Nu-clear, e é uma protease encontra-

da no suco gástrico, que segundo Freire e Lopes (1995) faz-se pre-sente no estômago de todos os vertebrados, exceto das carpas. As proteases, ou enzimas pro-teolíticas, catalisam a quebra das ligações peptídicas em proteínas sem participar da reação como reagentes ou produtos (RIBEIRO, 2003). Elas são muito importan-tes nos processos fisiológicos, além de que “possuem aplica-ção comercial, estando entre os três maiores grupos de enzimas industriais, sendo responsáveis por 60% da venda internacional de enzimas” (NOVOZYMES, S.A. apud RIBEIRO, 2003, p.12). Segun-do Zavareze et al. (2009), o uso de proteases específicas tem al-gumas vantagens, que seriam a especificidade, o controle do grau de hidrólise, as condições mode-radas de ação, a menor quantida-de de sal no hidrolisado obtido no final da reação e a possibili-dade que as enzimas geralmente têm de serem empregadas em concentrações muito baixas, sen-do desnecessária a sua remoção. Ainda, para Gutterres (2005), a utilização de enzimas nas várias etapas de produção em curtu-mes tende a aumentar, uma vez que a área de conhecimento das biotecnologias está em desenvol-vimento pleno, e “cabe explorar, aperfeiçoar e trabalhar com estas técnicas para substituir em mui-tos casos os produtos químicos, com vantagem de gerar efluentes biodegradáveis” (GUTTERRRES, 2005, p.8).

MetodologiaForam realizados 48 testes de

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hidrólise enzimática em labora-tório, com amostras de serragem de rebaixadeira provenientes do Curtume Bender (localizado em Estância Velha) e com o uso da enzima pepsina.

A figura 1 representa a serra-gem de rebaixadeira moída uti-lizada na hidrólise. O processo de cominuição dessa serragem deu-se utilizando-se um moinho de facas do Laboratório de Pro-cessamento de Resíduos, per-tencente ao Departamento de Engenharia Química da Universi-dade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Figura 1: Serragem de re-baixadeira moída.

As condições utilizadas nos testes, baseadas em estudos an-teriores de hidrólise enzimática e da enzima pepsina, foram: pH 2 e 3, concentração enzimática 0,5% e 1%, temperatura de 50°C e 60°C, e tempo de incubação de 3h e 4h, sendo que o volume de enzima adicionado em todos os testes foi de 2,5mL. Os tes-tes foram realizados da seguin-te maneira: primeiramente, uti-lizando-se um copo de Becker, media-se aproximadamente 5g (devidamente moída em moinho

de facas) de serragem em balan-ça analítica. Após, adicionavam-se 150mL de água destilada à ser-ragem, e esta amostra era co-locada para aquecer até a tem-peratura desejada, sob agitação constante (com o auxílio de um agitador magnético). Quando a temperatura esperada era atin-gida, media-se o pH inicial, e se este não estivesse ajustado em 2 ou 3, ocorriam duas situações: se o pH desejado fosse igual a 2, adicionava-se 50mL da solução tampão de KCl e HCl 0,2M; se o pH desejado fosse 3, adicionava--se gotas de Ca(OH)2 1M, até o pH=3 ser alcançado. Após o ajuste do pH, adicionava-se en-tão 2,5mL da enzima, previamen-te preparada em uma concentra-ção 0,5% ou 1%. Após a enzima ser adicionada, iniciava-se o tem-po de incubação de 3h ou 4h, em que a amostra continuava sob agitação e temperaturas cons-tantes. A imagem 2 representa os testes de hidrólise.

Figura 2: Testes de hidró-lise enzimática de resíduos de couro wet blue.

Ao final do teste de hidróli-se enzimática, a amostra era fil-trada a vácuo, utilizando-se uma

bomba de vácuo, um funil e um papel filtro; já a ‘torta de cromo’ (como chamamos o resíduo só-lido remanescente da hidrólise) que ficava retida no papel filtro era colocada em uma estufa à temperatura de 100°C duran-te 16h, para posteriormente ter sua massa final medida na balan-ça analítica, utilizando-se um pesa filtro para que o resíduo não absorve-se a umidade do ar. O hidrolisado era colocado sob re-frigeração até que fosse enviando juntamente com a ‘torta de cro-mo’ para análise em laboratório.

As imagens 3 e 4 representam, respectivamente, um teste de hi-drólise sendo filtrado a vácuo, e ‘tortas de cromo’ sendo coloca-das na estufa à 100°C.

Figura 3: Teste de hidrólise sendo filtrado a vácuo.

Figura 4: ‘Tortas de cro-mo’ secando em estufa à 100°C.

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Com a massa final medida, a eficiência do processo era cal-culada, utilizando-se a seguinte fórmula:

Figura 5: Fórmula da Efici-ência.

Fonte: AMARAL et al., 2007.

Em que:ε = Eficiência do processo;Ad = quantidade de amostra,

em gramas, na torta depois de seca;

Ai = quantidade de amostra, em gramas, na torta inicialmente incubada, em base seca;

0,13 = quantidade de sais de cromo presentes na amostra, em gramas.

Após o cálculo da eficiência de todos os 48 testes, o teste de melhor eficiência foi envia-do para análise em laboratório, para quantificar o teor de cro-mo total existente na ‘torta de cromo’ e no colágeno hidrolisa-

do. Ao final de todos os testes, foram realizadas análise e inter-pretação estatística da influência dos parâmetros na variável de resposta, com a utilização do projeto de experimentos fato-rial cruzado. Projetos de expe-rimentos são, segundo Ribeiro e Caten (2000), destinados a oti-mizar o planejamento, execução e análise de um experimento; ou seja, são destinados a maximi-zar o desempenho do sistema. Alguns experimentos envolvem estudo de dois ou mais fato-res, e se todas as combinações de níveis de fatores forem in-vestigadas, teremos um projeto fatorial. Experimentos fatoriais cruzados permitem que se ava-liem as interações entre os fato-res (RIBEIRO e CATEN, 2000). Neste estudo, os quatro fatores investigados foram: pH, tempe-ratura, tempo de incubação e concentração enzimática, e cada um desses fatores possuía dois níveis; portanto, ao todo houve 16 combinações entre fatores

Temperatura ºCTempo (h)

Conc. Enzim. %

pH 0,5 1 0,5 1 0,5 1 0,5 1

19,66 21,74 20,20 22,33 21,31 18,61 23,75 19,4820,38 23,37 21,25 23,60 20,00 22,71 19,98 19,6822,88 23,09 23,28 19,20 18,82 24,71 18,94 22,18

Total 62,92 68,20 64,73 65,13 60,13 66,03 62,67 61,34Média 20,97 22,73 21,58 21,71 20,04 22,01 20,89 20,45

21,34 20,52 24,01 21,31 19,74 22,30 23,66 18,7019,17 20,26 22,98 19,43 19,47 19,94 18,72 19,3424,68 22,89 23,72 22,39 24,17 21,53 23,50 22,51

Total 65,19 63,67 70,71 63,13 63,38 63,77 65,88 60,55Média 21,73 21,22 23,57 21,04 21,13 21,26 21,96 20,18

2

3

60°C 70°C3h 4h 3h 4h

e níveis. Assim, pudemos avaliar, por exemplo, as interações entre o fator pH=2 e o fator tempera-tura 60°C, ou então o fator pH 3 e o fator concentração enzi-mática 1%.

ResultadosA maior eficiência calculada en-

tre os testes de hidrólise foi da ordem de 24,71%, nas condições pH=2, 70°C, 3h e concentração enzimática 1%. A tabela 1 apresen-ta eficiências de todos os testes e médias de eficiência de todos os 16 níveis .

O hidrolisado e a ‘torta de cro-mo’ do teste de melhor eficiência foram enviados para análise no laboratório Greenlab Análises Clí-nicas e Toxicológicas e o teor de cromo em ambas as amostras foi quantificado. A metodologia utili-zada para análise do resíduo sólido cromado foi baseada no Standard Methods 3120-B, com leitura em espectro de emissão com plasma indutivamente acoplado, e para a umidade o método utilizado foi o

Tabela 1: Eficiências dos testes, em %.

Figura 3: Teste de hidrólise sendo filtrado a vácuo.

Figura 4: ‘Tortas de cromo’ secando em estufa à 100°C.

Com a massa final medida, a eficiência do processo era calculada, utilizando-se a seguinte

fórmula:

𝜀𝜀 – 𝐴𝐴𝑑𝑑 −𝐴𝐴𝑖𝑖 −

Figura 5: Fórmula da Eficiência. Fonte: AMARAL et al., 2007. Em que: ε = Eficiência do processo; Ad = quantidade de amostra, em gramas, na torta depois de seca; Ai = quantidade de amostra, em gramas, na torta inicialmente incubada, em base seca; 0,13 = quantidade de sais de cromo presentes na amostra, em gramas.

Após o cálculo da eficiência de todos os 48 testes, o teste de melhor eficiência foi enviado para análise em laboratório, para quantificar o teor de cromo total existente na „torta de cromo‟ e no colágeno hidrolisado. Ao final de todos os testes, foram realizadas análise e interpretação estatística da influência dos parâmetros na variável de resposta, com a utilização do projeto de experimentos fatorial cruzado. Projetos de experimentos são, segundo Ribeiro e Caten (2000), destinados a otimizar o planejamento, execução e análise de um experimento; ou seja, são destinados a maximizar o desempenho do sistema. Alguns experimentos envolvem estudo de dois ou mais fatores, e se todas as combinações de níveis de fatores forem investigadas, teremos um projeto fatorial. Experimentos fatoriais cruzados permitem que se avaliem as interações entre os fatores (RIBEIRO e CATEN, 2000). Neste estudo, os quatro fatores investigados foram: pH, temperatura, tempo de incubação e concentração enzimática, e cada um desses fatores possuía dois níveis; portanto, ao todo houve 16 combinações entre fatores e níveis. Assim, pudemos avaliar, por exemplo, as interações entre o fator pH=2 e o fator temperatura 60°C, ou então o fator pH 3 e o fator concentração enzimática 1%.

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gravimétrico. Os resultados para a ‘torta de cromo’ estão expressos na tabela 2:

Cromo total ini-cialmente na ser-ragem

4,12%1

Cromo total final na torta

4,10%2

Tabela 2: Cromo total nas amostras de ‘torta de cro-

mo’.

A análise em laboratório apon-tou que 99,54%, ou 14.247 mg/kg, do cromo total inicial de 4,12% contidos na serragem de rebaixadeira continuaram no resíduo sólido ‘torta de cromo’ após a hidrólise. Já o hidrolisado apresentou 66mg/L de cromo total, o que equivale a 0,019% dos 4,12% de cromo total inicial no farelo de rebaixamento.

Na análise estatística, a variável de resposta mais significativa en-contrada foi a interação entre o pH e a concentração enzimática, conforme o gráfico 1 e a tabela 3.

Onde:Fator A = pHFator B = temperaturaFator C = tempo de incubaçãoFator D = concentração enzi-

máticaSQ = variânciaGDL = graus de liberdadeMQ = média quadradaFcalculado = MQ/erroFtab = probabilidade erro de

0,05%

A interação mais significativa foi entre o pH=3 e a concen-tração enzimática de 0,5%, com uma média de 22,10%, como apresentado na tabela 4:

ConclusõesComo o colágeno hidrolisa-

do apresentou um baixo teor de cromo, sua aplicabilidade nas indústrias de cosméticos, farma-cêutica, entre outras, poderá ser

Fonte SQ GDL MQ Fcalc FtabA 0,55 1 0,55 0,14 4,15B 8,28 1 8,28 2,07 4,15C 0,02 1 0,02 0 4,15D 0,3 1 0,3 0,07 4,15

AB 0,06 1 0,06 0,01 4,15AC 1,23 1 1,23 0,31 4,15AD 12,29 1 12,29 3,08 4,15BC 0,9 1 0,9 0,23 4,15BD 0,19 1 0,19 0,05 4,15CD 11,89 1 11,89 2,98 4,15

ABC 0,48 1 0,48 0,12 4,15ABD 0,58 1 0,58 0,14 4,15ACD 0 1 0 0 4,15BCD 0,08 1 0,08 0,02 4,15

ABCD 0,15 1 0,15 0,04 4,15Erro (R) 127,74 32 3,99 - -Total (T) 164,74 47 - -

Gráfico 1: pH x Concentração enzimática.

Fonte SQ GDL MQ Fcalc Ftab A 0,55 1 0,55 0,14 4,15 B 8,28 1 8,28 2,07 4,15 C 0,02 1 0,02 0 4,15 D 0,3 1 0,3 0,07 4,15

AB 0,06 1 0,06 0,01 4,15 AC 1,23 1 1,23 0,31 4,15 AD 12,29 1 12,29 3,08 4,15 BC 0,9 1 0,9 0,23 4,15 BD 0,19 1 0,19 0,05 4,15 CD 11,89 1 11,89 2,98 4,15

ABC 0,48 1 0,48 0,12 4,15 ABD 0,58 1 0,58 0,14 4,15 ACD 0 1 0 0 4,15 BCD 0,08 1 0,08 0,02 4,15

ABCD 0,15 1 0,15 0,04 4,15 Erro (R) 127,74 32 3,99 - - Total (T) 164,74 47 - -

Tabela 3: Interação entre as variáveis. Onde: Fator A = pH Fator B = temperatura Fator C = tempo de incubação Fator D = concentração enzimática SQ = variância GDL = graus de liberdade MQ = média quadrada Fcalculado = MQ/erro Ftab = probabilidade erro de 0,05%

A interação mais significativa foi entre o pH=3 e a concentração enzimática de 0,5%, com uma média de 22,10%, como apresentado na tabela 4:

Gráfico 1: pH x Concentração enzimática.

Tabela 3: Interação entre as variáveis.

estudada futuramente. No re-síduo sólido a análise apontou que o cromo ficou quase total-mente retido, ou seja, ela teve o seu cromo concentrado e apresentou pouquíssima perda de sua quantidade inicial após a hidrólise enzimática. Assim, esse resíduo poderá ser tratado qui-micamente para produzir um produto de cromo capaz de ser reaproveitado no curtimento.

Na análise estatística, utilizan-do-se os experimentos fatoriais

Tabela 4: Médias de eficiên-cias na interação entre pH x Concentração enzimática.

pH x Concentração enzimática

0,5 1

pH=2 20,87 21,73

pH=3 22,10 20,93

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cruzados, concluiu-se que, para este estudo especificamente, as condições ótimas de operação são a interação entre o pH=3 e concentração enzimática 0,5%.

De acordo com os resultados encontrados, conclui-se que a enzima pepsina hidrolisa o resí-duo de couro wet blue, demons-trando que o processo de hidró-lise enzimática é possível. Porém, são necessárias novas pesquisas com outros tipos e marcas de enzima, bem como outros pro-jetos experimentais estatísti-cos na busca de otimização do processo. A ‘torta de cromo’ e o colágeno hidrolisado obtidos nesta pesquisa poderão ser reu-tilizados com diversas finalida-des, contribuindo assim com o desenvolvimento sustentável.

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(Footnotes)1 Informação retirada de estudo realizado por AMARAL et al., 2007.

2 Análise realizada no laboratório Greenlab Análises Clínicas e Toxicológicas.

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Para sobreviver na indústria global de hoje, os curtumes de-vem cumprir rapidamente com um crescente conjunto de re-gulamentos e especificações comerciais. Entre esses regula-mentos e especificações se en-contram as restrições referentes ao uso de substâncias químicas consideradas perigosas ou tóxi-cas.

No mundo técnico da fabri-cação de couro a frase ‘Lista de Substâncias Restritas’, geralmen-te identificada pela abreviação “LSR”, é um tópico comum.

Existem diferenças entre os ti-pos de restrições e é importante que os curtidores entendam es-sas diferenças. Muitas são impos-tas legalmente por regulamentos nacionais ou internacionais e outras são estabelecidas como especificações pelas eco etique-tas e as marcas com orientação ecológica:

1) Restrições legais; por exemplo, nos países da União Eu-ropéia (UE), freqüentemente são o Regulamento UE 1907/2006 (REACH) e as suas Diretivas, que normalmente estabelecem a quantidade de uma substância restrita:

• em formulações químicas;• em artigos de consumo.

Como o curtidor fornece cou-ro que depois será utilizado na

Substâncias restritas no couro - quais os produtos químicos restritos?

Por Dr. Campbell PageTFL Leather Technology Ltd, Basel, Suíça

produção de itens de consumo, o verdadeiro impacto desses re-gulamentos no curtidor às vezes pode não ficar claro.

2) Especificações de Eco Etiquetas e marcas com orientação ecológica

Estas especificações não são regulamentos, mas fazem parte do contrato entre o curtidor e seu cliente. Normalmente, estas diferem dos Regulamentos por-que as especificações limitam as substâncias restritas:

• no couro

Testes para a identificação de substâncias restritas

Muitos curtidores passam as listas de especificações e méto-dos de teste para os seus forne-cedores de produtos químicos e normalmente solicitam que os mesmos garantam que os pro-dutos químicos estejam em con-formidade com as especificações entregues. O que geralmente as pessoas envolvidas não compre-endem bem é que as especifica-ções e os métodos de teste são específicos para couro. É preci-so entender que os métodos de teste para couro com freqüência não são apropriados para testar produtos químicos.

Quem desenvolve os mé-todos de teste para couro?

Freqüentemente, as listas de substâncias restritas mencionam

a Norma ISO ou EN a ser apli-cada ao fazer o teste. Entretan-to, devido ao rápido aumento do número de substâncias res-tritas, às vezes não existe uma norma que possa ser aplicada. Por isso, seguidamente vemos instruções breves como, por exemplo, “extração de solvente, GC-MS”. Outras simplesmente relacionam o método usado na análise de água, que ignora o as-pecto mais importante, ou seja, a etapa de extração do couro. O couro é uma matriz complexa e a extração deve ser validada por mais de um laboratório de tes-tes. Alguns testes de diferentes laboratórios têm mostrado di-ferenças muito grandes causadas pelos diferentes procedimentos de extração.

Muitos laboratórios de testes têm procedimentos internos próprios e até, fazer verificações através de uma comparação dos testes de vários laboratórios, é muito difícil validar um método. As Normas Internacionais são verificadas através de testes in-terlaboratoriais validados a fim de verificar que o procedimento do teste seja robusto e brinde resultados consistentes.

Como se estabelecem os limites de detecção?

Os limites de detecção nos testes devem estar baseados em testes interlaboratoriais que usem os melhores procedimen-

TECnologIA

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tos de teste disponíveis. O limite de detecção para os

procedimentos de teste preci-sam ser respeitados; recente-mente, tivemos 2 casos onde os limites foram reduzidos a níveis mais baixos do que aqueles que os procedimentos podem, de fato, medir. O limite de 30 mg/kg para as aminas aromáticas na Norma EN ISO 17234-1 foi ve-rificada em vários testes inter-laboratoriais. A técnica analítica exige uma extração do couro e também uma reação química para separar os corantes azo e formar as aminas. A complexa matriz resultante significa que a interferência das outras substân-cias extraídas na cromatografia é o fator chave no estabelecimen-to deste limite. Quando encon-tramos restrições que solicitam limites de 20 mg/kg com o co-mentário “queremos ter certeza que estamos abaixo do limite de 30 mg/kg exigido pela UE” ignora-se a lógica científica nos limites de detecção. Da mesma forma, a Norma EN ISO 17075 para Cr(VI) em couro explica claramente que 3 mg/kg é o índi-ce mínimo confiável de detecção para o procedimento, entretan-to, algumas restrições agora in-

cluem a exigência de um limite de detecção de 2 mg/kg e indi-cam o mesmo método de teste, mas isto não é possível!

O que são limites ambien-tais naturais?

Onde quer que estejamos sempre haverá traços de várias substâncias em volta de nós. A exigência de níveis excessiva-mente baixos de metais pesados, por exemplo, com freqüência podem estar muito perto ou até abaixo dos níveis encontra-dos na natureza. A indústria do couro utiliza peles e couros que foram expostos à natureza assim como à água de rios, e a indús-tria química usa matérias primas de grau técnico, portanto é claro que haverá níveis naturais de al-gumas substâncias restritas. Por exemplo, as exigências de que os níveis de chumbo (Pb) sejam in-feriores a 0,1 mg/kg com certeza farão com que esses níveis sejam mais baixos do que os níveis na-turais encontrados normalmen-te no meio ambiente.

Quais produtos químicos geram preocupação?

As LSRs variam de listas peque-nas até listas muito grandes com

muitas centenas de substâncias químicas diferentes. Entretanto, somente algumas substâncias são de verdadeiro interesse para o fabricante de couro.

A tabela abaixo, que contém algumas das substâncias restri-tas relevantes incluídas mais fre-qüentemente, oferece uma visão simplificada deste assunto. As substâncias restritas aparecem agrupadas junto a tipos químicos similares. A lista não é exaustiva, mas cobre aquelas substâncias que se encontram tipicamente nas solicitações do dia-a-dia na indústria curtidora. A relevân-cia de cada grupo de substân-cias para a indústria do couro calcula-se com base nas nossas experiências dos últimos anos. Incluem-se comentários breves a fim de facilitar o entendimen-to do histórico de cada tipo de substância restrita; os comen-tários estão especialmente fo-cados nas restrições impostas dentro da UE.

Para obter uma descrição mais detalhada sobre cada substância restrita queira por gentileza con-sultar as novas ECO Diretrizes da TFL para substâncias restritas, que já se encontra à disposição dos interessados.

Substância restrita / grupo

Relevância para o setor couro Comentários breves sobre a substância restrita

Corantes alergênicos e sensi-bilizantes baixa A maioria destes são (ou foram) corantes para materiais têxteis. normalmente, estes

corantes não se usam para tingir couro.

Aminas aromáticas de coran-tes azo baixa-média

A uE não permite quen em bens de consumo, se empreguem corantes azo que, ao serem divididos redutivamente formam qualquer uma das 22 aminas proibidas. hoje,

os corantes azo produzidos se baseiam em aminas não restritas.

Biocidas média-altaOs fungicidas são necessários para proteger as peles molhadas e o couro dos danos

produzidos por agentes biológicos durante a armazenagem e o transporte. Algumas eco etiquetas limitam os valores das emissões para uso automotivo e em móveis.

ácido bórico e tetraborato (bórax) média-alta

incluído na lista mais recente de substâncias que deve ser consultada por suspeita de elevada preocupação. Tem sido usada em desencalantes, em agentes de ajuste ph e de

penetração em formulações químicas para couro.

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Retardadores de chamas orgânicos bromados baixa Alguns produtos químicos orgânicos polibrominados são restritos. usados em plásti-

cos. insolúveis em água.Parafinas cloradas (cadeia curta, C10 – C 13, PCCC) baixa-média As PCCC têm sido usadas em engraxantes, mas, hoje se utilizam versões de cadeias

mais longas. Fenóis clorados (fenóis penta

clorados PCP; fenóis tetra clorados TeCP; e fenóis tri

clorados TCP )

baixa Foram usados em fungicidas no passado, mas atualmente não se empregam.

Cromo (Vi) alta Traços de Cr(Vi) podem se formar a partir de Cr(iii) se o processamento e armazena-gem de couro no curtume não se realizarem em condições redutoras

Dimetil fumarato baixa Tem sido empregado para fumigar containers de transporte e o interior das caixas de calçados e de artigos de estofamento. não se utiliza na produção de couro.

Formaldeído alta

O formaldeído residual no couro não está legalmente restrito na maioria dos países, mas é restrito pelas eco etiquetas e as marcas de orientação ecológica. É interessante

mencionar que os limites estabelecidos para o couro são inferiores do que aqueles permitidos na indústria de cosméticos!

Metais pesados média-alta

As restrições deverão se tornar mais rigorosas, especialmente em brinquedos para crianças e é muito provável que as eco etiquetas e marcas de orientação ecológica as

adotem para todos os materiais. Os metais pesados restritos, tais como As, Cd, hg e Pb, não se utilizam na fabricação de couro.

É preciso prestar atenção quando Cr, Cu e Co forem relacionados, pois eles podem ser usados no curtimento assim como em corantes e pigmentos.

n-metil pirrolidina média-altaRestrita há alguns anos na Califórnia e, agora, na uE. A sua emissão na cabina dos

carros ou pela mobília é restrita pelos fabricantes. solvente utilizado em formulações de acabamento.

nonilfenol etoxilados (nPEO) e nonilfenol (nP) média

Os nPEOs já foram muito utilizados como agentes não-iônicos de desengraxe e detergentes nas indústrias têxtil e do couro. Atualmente, em muitos países têm sido

substituídos por produtos à base de alcoóis graxos. Venda restrita na uE.

Compostos organo tin baixa usados como fungicidas em formulações líquidas para a indústria têxtil, ou como catalisador para a produção de PVC e Pu.

Perfluoroctano sulfonado (PFOs) baixa

Estes acabamentos fluoroquímicos são persistentes no meio ambiente. A química dos PFOA/PFOs é restrita e estas substâncias não se emprega mais. hoje, os produtos

fluoroquímicos têm melhorado desde o ponto de vista ambiental.

Ftalatos média

Alguns ftalatos são restritos legalmente em muitos países, especialmente em artigos infantis. Os ftalatos têm sido empregados amplamente para amaciar polímeros. na indústria do couro, as formulações de acabamentos já não incluem os ftalatos

proibidos.hidrocarbonetos poliaromáti-

cos (PAh) baixa Extratos de alcatrão tipicamente de cores escuras, usados como agentes de amacia-mento de polímeros. não seriam utilizados na produção de couro.

substâncias que suscitam elevada preocupação

(sigla em inglês: sVhC)baixa-alta

substâncias que poderiam ter sido incluídas entre as substâncias que suscitam ele-vada preocupação até a presente data (Out. 2010) não são especialmente relevantes

para a indústria do couro. Porém, a próxima lista para consulta inclui o ácido bórico ou tetraborato que são relevantes a este setor.

Compostos Orgânicos Voláteis - COVs - solventes média-alta

solventes altamente voláteis não usados na atualidade. Alguns solventes menos volá-teis, usados tipicamente em formulações de acabamento, poderiam ser um problema para cumprir com as exigências referentes ao nível de emissões totais em especifica-

ções para couros estofamento automotivo e de móveis.

50

Revista do Couro | ABQTIC

O ‘aroma do couro’, ou seja, os odores liberados pelo couro são reconhecidos e apreciados. Eles possuem muitas aplicações diferentes nas indústrias de per-fumaria, de velas aromatizadas, etc. Porém, os curtumes não têm uma reputação ‘olfativa’ muito boa. Considerando a ur-banização e a sensibilização das populações, a gestão da polui-ção olfativa tem se tornado um importante parâmetro para os industriais. O interesse dos cur-tumes com relação a esta pro-blemática deriva de uma forte vontade de prevenir o incômodo ligado aos odores nauseabundos agravado pelos riscos potenciais à saúde pública.

TABELA REGULAMEN-TAR DOS ODORES

Muitas atividades industriais podem ser fonte de odores... A maioria dessas atividades está sujeita às regulamentações com base no tipo de instalação re-gistrada. A lei de 19 de julho de 1976, referente às instalações re-

Redução de odores nos curtumesMaRie-lauRe ToulouMeT

[email protected]

gistradas, é o fundamento das re-gras relativas à poluição olfativa inscritas no Decreto Ministerial de 2 de fevereiro de 1998, relati-vo à amostragem e às emissões de qualquer natureza das Insta-lações Registradas para a Pro-teção do Meio Ambiente. Este decreto introduz noções como ‘nível de odor’ e ‘fluxo de odor’.

- O nível de odor (ou a con-centração de uma mistura odo-rante expressada em Unidades Padrão de Odor) define-se de forma convencional como o fa-tor de diluição que é preciso aplicar a um efluente gasoso para que ele não seja mais percebido como um ‘odor incômodo’ por 50% das pessoas que formam a amostra da população. A deter-minação do fator de diluição no limiar de percepção (nível de odor) se efetua com a ajuda de medidas olfatométricas norma-tizadas (norma AFNOR NF EN 13725).

- O ‘fluxo de odor’ define-se de forma convencional como o pro-duto do fluxo de ar liberado, ex-pressado em m3/h, pelo fator de

diluição no limiar de percepção. Este decreto de 2 de janeiro de 1998 não impõe valor de nível de odor para os curtumes nem para o curtimento. A produção e compostagem de matérias orgânicas para a fabricação dos produtos químicos estão sujei-tos a limiares. A título indicativo, o limiar estabelecido para essas duas atividades é de 5 unidades de odor (num raio de 3.000 me-tros ao redor da instalação).

FONTES DE INCÔMO-DOS OLFATIVOS NO CURTUME E NO CURTI-MENTO

Os curtumes são poten-ciais geradores de odores de natureza e origens variadas. - Os compostos amina pro-vêm da degradação das prote-ínas do curtimento e do tin-gimento por causa da amônia. - Os ácidos graxos voláteis (AGV) estão ligados à biodegradação de matérias orgânicas (resíduos pu-trescíveis, plantas de tratamento). - Os compostos de enxofre

TECnologIA

Montagem da câmara de fluxo para amostragem numa fonte difusa

A: Filtro de partículasB: Bomba-compressor em TEFLON®C: Filtro de carvão ativadoD: Fluxômetro em vidro e aço inoxidávelE: Câmara de fluxo ODOFLUX®F: Saco de TEDLAR®

51

Revista do Couro | ABQTIC

(H2S e os mercaptanos) pro-vêm majoritariamente dos pro-cessos de depilação e caleiro. - Os compostos carbonila e os aldeídos provêm essencial-mente dos processos de acaba-mento (utilização de solventes do tipo que gera compostos orgânicos voláteis: metiletilce-tona, metil isobutil cetona, butil acetato, butanol, acetona, etc.) - O percloroetileno, nos raros casos de desengraxe com sol-ventes organoclorados.

A tabela da página 54 mostra a natureza, a origem e as concen-trações dos odores dos curtu-mes.

ANÁLISE DOS ODORESA análise dos odores é com-

plexa. De fato,a mesma tem uma dimensão científica com a iden-tificação das substâncias presen-tes, e uma dimensão subjetiva ligada à percepção da pessoa em função da sua sensibilidade, sua vivência, sua saúde, seu es-tado psicológico ou mesmo seu estado físico naquele momento. É difícil que um odor provenha de uma única substância. No cur-tume, salvo no caso dos sulfure-tos (H2S), o odor é o resultado de uma mistura das substâncias presentes no ar.

O objetivo da análise é deter-minar a natureza e a concentra-ção das substâncias presentes para encontrar a fonte e tomar medidas preventivas ou aplicar soluções que eliminem o odor.

Os principais métodos de aná-lise que podem ser aplicados são:

- métodos olfatométricos (comissão de avaliação olfati-va): realizados no laboratório

ou em campo por uma co-missão de avaliação olfativa; - métodos físico-químicos: per-mitem determinar as concentra-ções em moléculas odorantes.

O primeiro método permi-te medir os odores e não as substâncias. Permite indicar a magnitude e, igualmente, dar informação sobre a percepção (odor bom’ ou ‘odor ruim’). A segunda permite fazer uma caracterização das moléculas e é mais difícil fazer a ligação com a noção de percepção. Os narizes eletrônicos visam este objetivo através de técnicas de acopla-mento de captores com a ele-trônica.

• Comissão de avaliação olfati-va (olfatometria)

Na olfatometria, pessoas trei-nadas comparam o ar poluído pelas substâncias malcheirosas (o mesmo acontece na indústria de perfumes), com ar puro para ava-liar os limiares olfativos da subs-tância testada (cf. a definição do limiar de percepção olfativa, pági-na anterior). Distinguem-se duas possibilidades de amostragem:

- amostragem no local além de ‘quantificação’ em laboratório com uma comissão de avaliação olfativa (norma NF EN 13725)

A amostragem de ar realiza--se com câmaras de fluxo co-letado em sacos especiais cha-mados de sacos Tedlar (material com o qual são fabricados). A seguir, as amostras coletadas desta forma são aspiradas por uma comissão de avaliação ol-fativa visando à sua avaliação; - uma comissão de avaliação ol-fativa vai até o local e realiza a sua avaliação in loco (norma NF X 43-103).

TECnologIA

O risco de erro é menor, pois a medição não sofre alterações entre a coleta e a análise. ‘A iden-tidade’ do odor é mais próxima daquela sentida pela vizinhança. Geralmente, a duração dos tes-tes é bastante curta (sem pre-sença permanente no local), daí o problema de representativida-de da amostra.

ConclusãoEstes dois métodos permitem

estimar a percepção dos mora-dores, porém oferecem somen-te a possibilidade de quantificar o odor (enxofre, amônia, álcool, etc.) e estimar a sua intensidade, mas não permitem quantificar as substâncias. A identificação dos compostos químicos somente é possível através dos métodos analíticos físico-químicos deta-lhados a seguir:

• Análises físico-químicas Neste caso, há igualmente duas

possibilidades para a amostragem: - no local seguida de uma

análise em laboratório. O ar coletado no local em sa-cos ou ampolas é analisado em aparelhos do tipo GCMS (cro-matografia fase gasosa acoplada a um espectrômetro de massa de laboratório). Cada técnica permite separar e quantificar as substâncias;

- diretamente no local com um GCMS portátil. A amostragem automática seqüenciada permi-te o acompanhamento em tem-po real em vez de uma medida média feita através da coleta no local seguida de uma análise de laboratório.

52

Revista do Couro | ABQTIC

TÉCNICAS DE TRATA-MENTO DE ODORES

Quanto ao incômodo olfativo, duas soluções estão ao alcance dos industriais:

- num primeiro momen-to, o enfoque preventivo (na fonte) que consiste em evi-tar a formação do odor; - se as medidas preventivas não forem eficazes, será preciso im-plementar ações remediadoras de neutralização ou de trata-mento dos odores.

• Os sulfuretos O odor mais forte, mais mar-

cante e específico nos curtumes está ligado à presença de H2S. Algumas precauções permitem limitar ou suprimir este tipo de odor:

- não misturar os banhos de depilação-caleiro com efluentes ácidos;

- utilizar um sistema de trata-mento de sulfuretos. A oxidação catalítica em presença de sulfa-to de manganês é a tecnologia mais empregada. O cloreto fér-rico e a água oxigenada também permitem oxidar sulfuretos; - após a oxidação dos banhos sulfúreos, estes não devem ser armazenados em condições ana-eróbicas. De fato, as condições anaeróbicas alteram o equilíbrio da reação de oxidação e trans-formam uma fração dos tiossulfa-tos e sulfatos em sulfuretos. Por outra parte, a presença de sul-furetos nos tanques é perigosa. De fato, com o aumento da con-centração, a percepção nausea-bunda diminui e a toxicidade da substância se torna muito im-portante, podendo chegar a ser

letal. Devem ser tomadas medi-das de segurança antes de des-cer a um ambiente fechado onde haja presença de sulfuretos.

• Aminas, amônia, metil-mercaptanos

A limitação dos odores li-gados à presença de es-tas substâncias depende da aplicação de boas práticas: - resíduos putrescíveis: o tempo de permanência dos resíduos putrescíveis deve ser reduzi-do ao máximo. A armazenagem deve ser feita em áreas frescas. Se necessário, especialmente no verão, a adição de cal per-mite reduzir o desenvolvimento bacteriano e diminui os odores; - estação de tratamento: limpar os tanques e condutos freqüen-temente a fim de evitar qualquer estagnação de matéria orgânica na zona anaeróbica e evitar o mau funcionamento da estação de tratamento.

Os odores podem persistir a nível da estação devido a dimen-sionamento errado da mesma, carga muito grande ou muito pequena, etc. Neste caso, podem ser aplicadas soluções diferentes: - a foto catálise com dióxido de titânio;

- a neutralização por meios químicos e a utilização de agen-tes emascarantes.

A foto catálise com dióxi-do de titânio

A foto catálise é um processo de oxidação que se produz na su-perfície de um catalisador (dióxi-do de titânio TiO2) sob radiação UV (artificial ou natural: sol). Esta gera radicais livres OH° (muito oxidantes) e O2°- (muito redu-

tores) que destroem a matéria orgânica e os micro poluentes. Certos filtros ‘dupla face’ asso-ciam a ação de adsorção do car-vão ativado por um lado e a ação foto catalítica do TiO2 pelo ou-tro. As placas de veículo filtrante, consolidadas por uma estrutura metálica, colocam-se, como se fossem ‘navios’ sobre a matéria a ser desodorizada. O carvão ati-vado (em contato com o efluen-te ou o lodo) capta as moléculas orgânicas. Durante o período sob a ação do UV, o TiO2 destrói as moléculas liberadas pelo car-vão ativado que faz as vezes de amortecedor. Os rolos de veícu-lo filtrante (50 m x 1.5 m) têm o custo unitário de 50 € / unidade. Esta tecnologia deve ser usada exclusivamente no caso de flu-xos leves e com teores reduzi-dos de poluentes. O rendimento varia em função das moléculas e pode chegar a 80 % no caso do NH3, e a 95 %no caso dos resí-duos sulfúreos.

Neutralização dos odo-res por meios químicos

A neutralização se faz através da pulverização de produtos químicos. O Instituto do Cou-ro da Itália realizou testes com um produto polimérico que possui funções ácidas e básicas. Segundo este estudo, a forma ácida permite eliminar 30 % dos compostos sulfúreos, 40 % dos solventes e 70 % das aminas. A forma básica permite eliminar 60 % dos mercaptanos e do H2S, 50 % das aminas e da amônia e, finalmente, 40 % dos solventes.

Mascaramento / Neutrali-zação dos odores

TECnologIA

53

Revista do Couro | ABQTIC

Esta técnica não permite elimi-nar os maus odores. A neutraliza-ção reduz o número de unidades de odor. O agente emascarante é constituído de compostos ‘agradá-veis’ destinados a se sobrepor aos odores desagradáveis. Localmen-te, liberam-se produtos que têm um odor agradável. As moléculas responsáveis pelo odor agradá-vel então saturam os receptores olfativos das pessoas, tornando os maus odores indetectáveis. A aplicação desse tipo de produto se realiza por pulverização úmida, por brumização ou atomização quando as gotículas do ar são de menor tamanho. De fato, a difusão seca é um termo comercial para descrever a brumização. Atenção, todo odor agradável se torna de-sagradável quando a concentração é muito alta.

• Os Compostos Orgâni-cos Voláteis

Os solventes do setor de aca-bamento e de desengraxe geram Compostos Orgânicos Voláteis (COV). As tolerâncias para os COVs estão regulamentadas (entre 75 e 150 gramas para cada m2 de couro fabricado, se-gundo o tipo de fabricação e o consumo anual de solventes). O primeiro passo é reduzir o consumo de solventes. Os forne-cedores de produtos químicos e de equipamentos têm progredido muito nos últimos anos, permi-tindo reduzir as emissões (aca-bamento aquoso, pistolas airless, baixa pressão, multiponto, etc.).

Com referência aos odores, as emissões devem ser canalizadas e liberadas de forma a permitir uma melhor dispersão.

Para o tratamento dos COVs: - sistemas de lavagem (absor-

ção) que permitam reduzir os odores ligados aos COVs; - adsorção com car-vão ativado ou zeólita; - sistemas biológicos.

Sistema de lavagem: la-vagem dos gases extraí-dos dos diferentes setores Esta técnica baseia-se no pro-cesso de transferência gás-líqui-do, em geral em colunas com revestimento, para absorver os odores ao realizar as lavagens sucessivas com diferentes tipos de reagentes segundo as molé-culas a serem tratadas. Depen-dendo do caso, o processo de tratamento pode incluir um ou três ciclos de lavagem:

- o primeiro ciclo, chamado de ciclo ácido, permite a elimina-ção de compostos nitrogenados; - o segundo ciclo, chamado de ciclo oxidante (hipoclorito de sódio) e básico (com car-bonato de sódio, por exem-plo), permite a eliminação de H2S e dos mercaptanos ; - o terceiro ciclo (facultativo) é básico e redutor, e permite eli-minar os aldeídos e as acetonas.

A realização de um trata-mento deste tipo precisa pou-ca mão-de-obra (algumas ho-ras por semana), mas o custo do investimento é importante. No curtume, os sistemas de la-vagem utilizados no tratamen-to das cabines de pulverização limitam-se ao terceiro ciclo em meio neutro. A eficácia é parcial.

• A adsorção dos gases por um sólido

O material utilizado mais fre-qüentemente para a adsorção é o carvão ativado. A superfície específica do carvão ativado faci-lita o intercâmbio com o gás. Na

presença de hidrogênio sulfúreo e de amônia, o carvão ativado impregna-se com carbonato de sódio. Portanto, é mais caro do que o habitual. Porém, também é possível empregar outros mate-riais como, por exemplo, as zeó-litas, os géis de sílica, as aluminas, as resinas, madeira, etc. A zeólita dura quatro vezes mais do que carvão ativado, mas também cus-ta três vezes mais. Pouco econô-micos em grandes instalações devido ao custo da renovação do carvão, estes filtros são uti-lizados como tratamento com-plementário de refinação do ar, particularmente para os mercap-tanos. O carvão ativado deve ser regenerado e, finalmente, elimi-nado.

• Os sistemas biológicosOs tratamentos biológicos

consistem em capturar as mo-léculas odorantes em uma fase líquida antes da sua biodegrada-ção em CO2, N2 e H2O por bac-térias aeróbicas. Esta biomassa pode estar em suspensão na água de lavagem (biolavador) ou fixa-das num material granulado, mi-neral ou orgânico (biofiltro). Os biofiltros (a técnica mais comum) estão constituídos por um meio filtrante poroso (turfa, adubo).

Testes feitos em emissões de cabine de acabamento com turfa e milho produzi-ram resultados interessantes. Os testes feitos em valas não tiveram resultados satisfatórios (obstrução).

O ar a ser tratado atravessa esse material permitindo a cria-ção de um filme de microorga-nismos. A atividade bacteriana mantém-se dentro do filtro por meio de irrigação com água e

TECnologIA

54

Revista do Couro | ABQTIC

TECnologIA

Tabela de Compostos Odorantes

  Compostos odorantes

Odores característicos Origem

Concentração potencial(mg/m3)

Limiar olfa-tivo

(mg/m3) (*)

setor de ribeira

h2s Ovo podre

O sulfeto de hidrogênio e o sulfi-drato de sódio são utilizados na

depilação das peles. Esta operação se realiza em meio alcalino. Em

meio ácido (misturada com os ba-nhos de curtimento, por exemplo),

a solução libera h2s.

2-3 a 200 mg/m3 em área confinada

0,0001 a 0,032 com o aumento da

concentração

Metilmercaptanos Repolho podre   0,0040005 a 0,08

Aminas e amônia (nh3) Picante, irritante 

Aminas e amônia provêm da decomposição das proteínas e da

sujeira das peles e da utilização de sais amoniacais na desencalagem

15 a 20 mg/m3 20

Desengraxe

solvente de desengraxe (aguarrás, querosene, monoclorobenzeno, etc.) Percloroetileno

para os desengraxes « a seco »

Odor acre do percloroe-tileno

Principais odores ligados aos solventes de desengraxe usados no

curtimento. 

Píquel, tingimento ácido fórmico Odor acre

O ácido fórmico em solução gera um leve odor que é pouco provável

que se espalhe fora do limite da propriedade.

3 a 4

setor de acabamento

isobutil acetato  

utilização de solventes orgânicos.

1,9Metiletilcetona   29

isopropanol    

Acetato de etila solvente de verniz de unhas  

Acetato de metil glicol    Formaldeído Acre e sufocante  1,2

Estação de tratamento h2s, compostos sulfúre-

os, ácidos graxos volá-teis, ácidos carboxílicos,

aldeídos, acetonas

Variável: repolho, ovo podre, peixe em decompo-sição, odor nauseabundo,

acre, rançoso.

Armazenagem e tratamento de lodos (fermentação metânica e

sulfídrica)Fenômeno acentuado no período quente e quando os tanques e as

canalizações não estão limpos. Mistura de subs-tâncias, portanto

muito variável.

Armazenagem dos Resíduos

Resíduos de peles brutas e do descarne => odores ligados à

fermentação de matérias putres-cíveis especialmente dos resíduos orgânicos hidratados tipo carniça.

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Revista do Couro | ABQTIC

TECnologIA

nutrientes. O rendimento depurador pode chegar a mais de 90 % em função das moléculas, e pode evi-tar fluxos de ar importan-tes (muitas dezenas de m3 por hora).

CONCLUSÃO Problemática identificada

pela administração desde 1804 (decreto imperial), a legislação referente às ins-talações registradas não menciona limiares regula-mentares para os odores emitidos pelos curtumes ou pelo processo de cur-timento. Portanto, o in-cômodo olfativo constitui uma realidade para alguns moradores apenas.

A medição dos odores é uma tecnologia em fase de desenvolvimento. Além da dificuldade de se realizarem as amostragens (em tempo e espaço), a medição exige despesas relativamente im-portantes seja em recursos (‘nariz’), seja em materiais (GCMS, nariz eletrônico).

As indústrias em questão são submetidas a medições de ‘’fluxos de odor’. Mas como medir, quantificar e re-gulamentar exatamente uma sensação realmente desagra-dável e também subjetiva? A realidade é que existem tan-tos odores diferentes quan-to produtos ou compostos a originá-los.

A prevenção na fonte é o caminho mais eficaz e mais econômico. Também, a im-plementação das medidas adotadas pode evitar a ge-ração do odor.

A gestão dos sulfuretos é a primeira prioridade. Por outra parte, convém im-plementar um acompanha-mento regular e pertinente dos resíduos putrescíveis e da estação de tratamento.

Em caso de mau funcio-namento, é possível im-plementar técnicas muito mais caras do que a apli-cação de boas práticas. Em caso de presença de odor, as duas soluções que pareceriam ser mais apro-priadas são:

- a filtragem em car-vão ativado combinado com dióxido de titânio; - a pulverização de um agente químico emasca-rante.

É bom lembrar que al-guns organismos podem aportar apoio financeiro. A Agência Francesa do Meio Ambiente e da Ener-gia (ADEME), por exemplo, com o apoio do Ministério da Ecologia, da Energia, do Desenvolvimento Susten-tável e do Mar, pode ajudar às empresas na escolha e implementação de tecno-logias adequadas para a redução da poluição odo-rante das mesmas.

OBS: as leis e métodos citados referem-se à Fran-ça, pais de origem deste artigo

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Revista do Couro | ABQTIC

ABQTIC

A empresa Soft Couros (Novo Hamburgo - RS) recebeu os as-sociados da ABQTIC - Associa-ção Brasileira dos Químicos e Técnicos da Indústria do Cou-ro, na segunda-feira (2 de maio), para uma visita técnica nas de-pendências da empresa e tradi-cional jantar mensal da entidade.

O grupo foi recebido pelos di-retores da empresa, Luiz William da Rosa e Felipe da Rosa, que destacaram a política de qua-lidade e o permanente acom-panhamento dos controles de produção através de uma equipe qualificada, além dos investimen-tos constantes em inovações tecnológicas quanto a máquinas e produtos químicos.

Após a visita, o grupo de as-sociados participou do jantar e homenagem da ABQTIC ao Curtidor de 2011. Foi escolhi-do pelo Conselho Consultivo da ABQTIC formado pelos ex--presidentes, para receber a distinção, o curtidor gaúcho Henrique Yurgel, diretor da em-presa Yurgel S/A (Pelotas - RS). Pela impossibilidade do Curti-dor do Ano 2011 participar do evento, o troféu foi entregue a Vilmar Trevisan (atual presiden-te do Conselho Consultivo da ABQTIC), que posteriormente irá fazer a entrega do troféu ao homenageado.

Curtidor de Couros de Cavalos

O empresário Henrique Yur-gel, embora discretamente, du-rante sua atuação na Yurgel S/A, destaca-se no cenário curtidor

ABQTIC homenageia Curtidor 2011 durante reunião mensal

nacional por ter criado um ne-gócio único, sólido, persistente, rentável e com atitudes baseadas em seu "feeling", ter desenvolvi-do relações com seus clientes, de modo a agregar valor aos seus produtos. Couros de Cavalo até a década de 1970, eram vistos como couros de terceira linha, que serviam apenas para forros, desde que fossem os mais bara-tos, ou seja, a última opção dos calçadistas.

Iniciando com ondas sucessi-vas da moda de camurças para calçados, Henrique soube como ninguém explorar este nicho com couros de cavalo, que mui-to se aproxima da qualidade de uma camurça de cabra. Investiu em agilidade nas entregas, no lançamento das coleções e na fidelização de companhias de exportação. Soube cercar-se de técnicos inteligentes, de dar-lhes empolgação e alegria. Passou por produtos como napas metaliza-das, estampados, vernizes, mo-dinhas, chrome free, etc. Enfim, se algo estivesse na moda e pu-desse ser fabricado com couros

de cavalo, Henrique Yurgel seria o primeiro a ter as coleções prontas. Frequentemente seus preços ultrapassavam similares de couros ditos mais nobres, de concorrentes que ele mesmo in-vejava.

Sempre soube vender com bons lucros, e sempre soube quando manter a calma, espe-rando a próxima onda. Isto tudo a 300 km de Novo Hamburgo, sem celular, sem computador, sem fax e sem internet, enfim sem as facilidades de hoje. Hen-rique Yurgel também esteve dire-tamente envolvido no movimen-to da fundação da Escola Técnica de Curtimento, em meados da década de 60. Dedicou-se a ex-plorar exclusivamente couros de cavalo, e neste item detém o título de maior curtidor de cou-ros de cavalos do mundo. Assim, Henrique Yurgel merecidamente foi eleito o Curtidor do Ano de 2011. (Texto de Adroaldo Mi-gliavacca, ex-presidente e mem-bro do Conselho Consultivo da ABQTIC)

57

Revista do Couro | ABQTIC

O Tingimento em Fulão: Fa-tores Determinantes foi ampla-mente debatido na reunião da vice-presidência do Paraná da Associação Brasileira dos Quí-micos e Técnicos da Indústria do Couro (ABQTIC), no dia 20 de maio, na Churrascaria Herança, em Arapongas. O encontro foi ministrado por Bertildo Schimi-dt, da Leater Solutions (LS). A palestra contou com a presença de técnicos de recurtimentos e matizadores.

Segundo Schimidt, a devida es-colha do sistema de trabalho e uma seleção de corante a serem utilizados proporcionarão condi-ções de se obter um melhor uso do aditivo. "O local a ser usado por exemplo também será deter-minante no objetivo a ser alcança-do, como tingimento de defeitos, intensidade de corte, igualização e rendimento", destacou.

O palestrante também apre-sentou alguns trabalhos reali-zados em laboratório, em con-dições totalmente idênticas, demonstrou tingimentos utili-zando-se do mesmo corante, porém, com diferentes recur-tentes, resultando em artigos de variadas tonalidades, ressaltando assim a importância do recur-tente a ser utilizado.

Schimidt enfatizou ainda a im-portância da seleção de coran-tes através de testes de solidez, como migração à PVC, verniz, solidez à luz. Ao final da palestra,

Paraná: tingimento em fulão é debatido na reunião da vice-presidência

o ministrante apresentou um trabalho desenvolvido pela Le-ather Solutions, denominado de Color Pack. "É um conjunto de apenas 5 corantes, com elevados níveis de resistência e livres da presença de substâncias restri-tas, que combinados permitem a obtenção de inúmeras tonalida-des de castanhos", explicou.

De acordo com Schimidt, esse número reduzido de corantes no curtume propicia, dentre ou-tras vantagens, um estoque re-duzido, um maior conhecimento dos produtos e uma consequen-te economia.

Ao término da palestra foi ser-vido um jantar gentilmente ofe-recido pela Leather Solutions.

Bertildo Schimidt, da Leater Solutions

O encontro foi prestigiado por vários profissionais da área

ABQTIC

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Revista do Couro | ABQTIC

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Revista do Couro | ABQTIC

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