Revista do Curso de Relações Públicas/Famecos/PUCRS - Ano...

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Revista do Curso de Relações Públicas/Famecos/PUCRS - Ano 20 - n° 38 - Porto Alegre, RS, Brasil - Julho 2014 RPAtualidades Versão digital: www.rrpponline.com.br Comunicação, Interculturalidade e Organizações 8° Congresso Abrapcorp discutiu, em Londrina, as perspectivas da Academia e do Mercado. NÓS SOMOS O PRODUTO O poder da marca pessoal NADIELE BORTOLIN LETÍCIA LESSA

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Revista do Curso de Relações Públicas/Famecos/PUCRS - Ano 20 - n° 38 - Porto Alegre, RS, Brasil - Julho 2014

RPAtualidades Versã

o digital:

www.rrpponlin

e.com.br

Comunicação,Interculturalidade

e Organizações

8° Congresso Abrapcorp discutiu, em Londrina, as perspectivas da Academia

e do Mercado.

NÓS SOMOSO PRODUTOO poder da marca pessoal

NADIELE BORTOLIN

LETÍCIA LESSA

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2 RPAtualidades/Julho 2014

O VIII Congresso da Abrapcorp, ocorrido entre os dias 14 e 16 de maio, na Universidade Estadu-al de Londrina (UEL), Paraná,

promoveu a celebração de dois grandes eventos: os 100 anos de Relações Públicas no Brasil e os 40 anos do curso de Relações Públicas na UEL. A profissão iniciou no Brasil com Pinheiro Lobo, engenheiro, con-siderado o patrono das Relações Públicas, no dia 30 de janeiro de 1914. As palavras chaves do congresso foram comunicação, interculturalidade e organização. Os painéis e as oficinas contaram com a pre-sença de autores renomados na a função de moderadores, como Maria Aparecida Ferrari, José Curvello e Paulo Nassar. Logo na Sessão de abertura, Zilda Andrade inicia com uma reflexão importante:

Demonstrando que o enfoque do con-gresso não está somente na atuação da academia e do mercado como responsáveis pela comunicação, mas também enfocam no perfil dos profissionais. Na Conferência de abertura, sobre Comunicação, Inter-culturalidade e Organizações, o confe-rencista dr. Shiva Ganesh, MasseyUniver-sity, cuja mediadora foi Maria Aparecida Ferrrari, apresentou reflexões a respeito

da globalização, inteligência cultural (re-conhecer diferentes comportamentos, co-nhecimentos e motivações), evolução para a inteligibilidade cultural (perfil do cidadão cosmopolitano) e papel da mídia na influ-ência sobre a cultura (não neutra, mas ob-jetiva). O palesrtrante destacou a idiossin-crasia do cenário de mudança da cultura e do hibridismo cultural, ressaltando que não há cultura autêntica, que etnia não é cultu-ra e que a rede global é caótica, complexa e descentralizada. “Se você não entende sua própria cultura, você não conseguirá enten-der outra cultura”. Por isso, muitas vezes a globalização causa divergências e crises de identidade, alerta Ganesh.

O 1° Painel: Gestão da diversidade: Entendendo a cultura como capital simbólico e comunicacional nas or-ganizações contou com a contribuição de Miguel Caldas, FGV/SP, Pedro Jaime, Uni-versidade Mackenzie/SP, Maria Aparecida Ferrari, ECA/USP, e José Curvello, UCB, moderador. Miguel Caldas, discorreu sobre o processo de americanização deliberado e consciente, estrategicamente elaborado como um projeto, idealizado por Rockfeller, visando à infantilização dos povos domina-dos e dominar o coração das “outras Amé-ricas” para ter poder cultural e econômico. Pedro Jaime completou abordando sobre as diversidades culturais nas organizações

e sobre a tensão existente entre a riqueza cultural e a disputa política. Para encerrar, Ferrari levantou um questionamento perti-nente para relexão: “Qual o papel da comu-nicação dentro das empresas no mundo da interculturalidade e do racismo?” e Curvello complementou defendendo a importância da área de comunicação como responsabi-lidade social e a necessidade de reconhecer os stakeholders (público estratégico).

O 2° Painel: Interculturalidade e Dialogia nas Empresas reuniu Letícia Veloso, UFF, Denise Cogo, ESPM/SP, Mar-lene Marchiori, UEL e Ivone de Lourdes Oliveira, PUC/MG, moderadora. Letícia Veloso abordou sobre a sociedade imagé-tica, permeada pela indústria da aparência (base para a interação entre as pessoas), sociedade do espetáculo (a cultura é o re-flexo da ação do sujeito) e a Representação do Eu na vida cotidiana (livro do autor Erving Goffman). Denise Cogo trouxe as dificuldades e necessidades da vivência em conjunto nas organizações, em razão dos choques culturais. Marchiori defendeu que a comunicação deve ser vista como um prá-tica experimental e instituída, e que os co-municadores devem vislumbrar a intercul-turalidade como um processo, atentando à cultura estática e às relações entre sujeitos que podem tanto criar, quanto destruir coi-sas e laços.

2014, um ano de Celebrações

“Seja você a mudança que quer ser no mundo.”

LETÍCIA LESSA

∆ Sessão de Abertura: Margarida Kunsch, Cristianne Nascimento, Nádina Moreno, Claúdia Moura, Gilmar Altran e Zilda Andrade formaram a mesa

• O Congresso Abrapcorp apresentou temas da Academia, do Mercado e comemorou os 100 anos de Relações Públicas do Brasil e os 40 da UEL

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3Julho 2014 /RPAtualidades

O 3° Painel: Como a comunicação das empresas brasileiras está estru-turada para atuar em distintos con-textos culturais teve a participação do Renato Gasparetto, representante da Ger-dau, apresentou a experiência da empresa nos desafios do contexto mundial, desta-cando que a reputação é o passado de uma organização e que o presente é a relação de confiança. Além disso, citou que:

defendendo que nas novas tecnologias do século XXI, o jargão “confesso, logo exis-to” deve ser a nova filosofia das empresas transparentes e com credibilidade. Gilcea-na Galerani, representante da Embrapa, se referiu ao sucesso brasileiro da empresa no exterior, justamente pelo investimento em novas tecnologias e em profissionais quali-ficados tanto nas áreas de mercado quanto na acadêmica. Paulo Marinho, represen-tante do Itaú, apresentou dados referentes à comunicação do banco em mais de 20 países, juntamente com suas ações de pu-blicidade e propaganda, de investimento na educação e de incentivo ao esporte (bikes). O painel foi moderado por Ana Lúcia No-velli.

O Congresso ainda promoveu espaços

de iniciação científica, prêmios para teses e dissertações, mesas temáticas dos grupos de pesquisa da Abrapcorp, assembleia dos sócios, fórum de professores de Relações Públicas, oficinas para alunos de graduação e um minicurso de pesquisa para alunos de pós-graduação. O jantar do congresso representou um momento de confraterni-zação dos congressistas e teve como tema principal a comemoração os 40 anos do curso de Relações Públicas na UEL. Ainda no jantar, a presidente da Abrapcorp, Cláu-dia Moura, também coordenadora do curso de Relações Públicas da PUCRS (Famecos), passou o cargo para o professor-doutor Luiz Alberto de Farias para a nova gestão. O momento também foi de premiações de trabalhos e reconhecimentos. Neste encon-tro, estavam presentes autoridades que tor-nam possível e enriquecedora tanto a práti-ca quanto a teoria das Relações Públicas e Comunicação Social/Organizacional.

No painel final do evento, o campo aca-dêmico foi representado por Margarida Kunsch e Paulo Nassar e o mercado pelos executivos Alexandre Fabian, da Plaenge; Giselle Colins, da Vale; e Sérgio Bourroul, da Odebrecht. O Painel, ministrado por Zilda Andrade, defendeu a cultura como o principal aspecto observado pelo merca-do. Nas organizações deve ser entendida, segundo os palestrantes, como um fator que influencia a satisfação dos públicos e

compreende a filosofia e o espírito da en-tidade, garantindo credibilidade. O avanço da tecnologia foi citado pelos representan-tes do mercado como um canal de relacio-namento. Com os conhecimentos teóricos que a comunicação digital apresenta na academia, é possível estabelecer um clima de confiança com o público alvo nas redes sociais.

Letícia LessaPâmella Witt Nunes

Thais Gonçalves “reputação é um ativo valioso para uma organização inte-

grada e global”

∆ Jantar dos 40 anos da UEL, Marlene Marchiori, Cleusa Scroferneker, Thais Gonçalves, Maria Aparecida Ferrari,Margarida Kunsch, Pâmella Witt Nunes, Letícia Lessa, Ivone de Oliveira, Márcio Henriques e Sidnéia Gomes

Diretoria ExecutivaPresidenteProf. Dr. Luiz Alberto de Farias (ECA-USP / Anhembi Morumbi / Organicom)Vice-PresidenteProfa. Dra. Angela S. Marques (UFMG)Diretora AdministrativaProfa. Me. Ágatha Camargo Paraventi (Cásper Líbero / Belas Artes)Diretora CientíficaProfa. Dra. Cleusa Scroferneker (PUCRS)Diretora EditorialProfa. Dra. Valéria Castro (ECA-USP / Cásper Líbero)Diretora de Relações PúblicasProfa. Dra. Ana Lúcia Novelli (Senado Federal)

DANIEL FIGUEIREDO

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4 RPAtualidades/Julho 2014

PUBLICAÇÃO informativa e de reflexão do curso de Relações Pú-blicas da Faculdade de Comunica-ção Social (Famecos), da Pontifí-cia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, avenida Ipiranga 6681, Porto Alegre, RS, Brasil.Versão Online: www.rrpponline.com.brE-mail: [email protected]: Ir. Dr. Joaquim ClotetVice-Reitor: Ir. Dr. Evilázio Tei-xeiraDiretor da Famecos: Dr. João Guilherme Barone Reis e SilvaCoordenadora do Curso: Drª. Cláudia MouraProdução: alunos de Produção de Mídia Impressa e Digital em RP, turmas da manhã e noite.Professores responsáveis: Silvana Sandini e Tibério Vargas Ramos.AlunosAmanda de Barros Camboim, Ana Carolina Oliveira Zottis, An-dressa Brisola Delevati, Bruna Costa Leite, Bruna Siebert, Cami-la Requia Chassot, Carolina Aires Pereira, Carolina Tayama Ullian Soares, Caroline M. P. Gonzalez, Diego Soveral Cabreira, Elizandra Almeida de Oliveira, Fellipe Pa-checo Vargas, Francielle Crescen-ti, Gabriel Fernando M. Santos, Giulia Pereira Vargas, Guilherme Cubas Severo, Heleanderson F. dos Santos, Isabela Dias Vargas, Isadora Bastiani Paranhos, Jessi-ca da Rosa Bezzerra, Jessica Dias Cardoso, Jose Henrique Vijande Alonso, Juliana Dalla Lana Sil-veira, Juliany de Oliveira Esteves, Leonardo Ruga, Leticia Carvalho Lessa, Luana da Silva Girardi, Lucas da Costa Pimenta, Luiza Onzi Cavagnoli, Mairy Andra-de do N. Neta, Mariana Cidade Lewis, Mariane Rangel Florencio, Mariani Rodrigues dos Santos, Matheus Rocha Wecki, Monica Martin Solon de Pontes, Mozart Tupinamba B. da Costa, Nadiele Bortolin Rodrigues, Naiara Sto-ber Appelt, Pâmella Witt Nunes, Paola Stelmach Kohl, Paula Ovie-do Ferreira, Pedro Costa Ribeiro Maciel, Rafaela de Oliveira Que-vedo, Rafaela Lautenschlager Pereira, Raissa Grandini Silva, Suelyn Damaceno da Silva, Thais Goncalves da Silva, Veronica La-vandoski da Silva, Vitoria de Fi-gueiredo Raupp.Impressa na Gráfica Epecê/PUCRS

Devido ao crescimento do consumo de viagens aéreas, a reputação corporativa é hoje sem dúvidas um dos aspetos que os consumidores vem observan-do no momento de escolher com quem viajar. Muitas companhias começaram a sentir o impacto da clas-se “C” e sua inserção neste mercado. Para que haja crescimento no setor, percebe-se a importância de estraté-gias de relacionamento para agregar valor na imagem da organização. Cabe ao profissional de Relações Pú-blicas promover o entendimento en-tre a organização que representa e seus públicos.

Como, então, as companhias aéreas brasileiras tornariam suas ações satisfatórias para seus consu-midores? Garantir a qualidade de seus serviços, sendo alguns desses: check-in rápido, embarques pontuais, cuidados com as bagagens, atendimento de bordo, es-trutura dos aviões e deslocamento são fundamentais para fidelizar a clientela. Percebe-se que a empatia e eficiência dos funcionários nos guichês, embarque e precisão no atendimento transmitida pela compa-nhia causam impressões satisfatórias que fortalecem a credibilidade e contribuem para um relacionamen-to efetivo.

Segundo a ANAC, são realizadas mais de 50 mi-lhões de viagens por ano. No site independente Me-lhores Destinos, que avalia a qualidade dos serviços oferecidos pelas companhias aéreas através de uma pesquisa de satisfação online, foram ranqueadas Azul, Avianca Brasil, Passaredo, TAM e Gol, que estão nesta ordem conforme o estudo. Mais do que nunca o setor está em evidência pelos meios de comunicação e transparência é a palavra chave na legitimação de uma companhia aérea frente a seus stakeholders.

Devido ao aquecimento na economia, apontado pelos índices do IBGE, as empresas aéreas se viram diante da “galinha dos ovos de ouro” com o cresci-mento da demanda pelo transporte aéreo. O desafio posto foi atrair, assim, um novo nicho de consumido-res, visto que a classe “C” oferece um grande potencial

de mercado. Foi facilitado a compra das passagens via inovadores mecanismos online, possibilidade de pagamentos em suaves parcelas, cabendo assim no orçamento familiar. Foi a partir desse aumento, que as companhias aéreas começaram a perceber a im-

portância em elevar a qualidade de seus serviços a um nível de ex-celência.

O tráfego aéreo implica na construção de estruturas espe-ciais. Se faz necessário aeroportos com melhores infraestruturas que

requerem enormes espaços e complicadas instalações de entradas e saídas de voos. Já os aviões necessitam de investimentos para se manterem aptos a voar e uma política clara e planejada de renovação da fro-ta, independentemente de custos e manutenção de cada aeronave. Somente com esta visão do negócio, o índice de acidentes aéreos se reduzirá, minimizan-do consequentemente a crise de imagem que algumas empresas sofrem a cada episódio de desastre. O frá-gil posicionamento frente à insatisfação dos clientes diante da questionável qualidade dos serviços ofere-cidos faz as empresas perderem espaço e oportunida-des para crescerem no mercado.

O setor de aviação civil tem diante de si o desa-fio de superar obstáculos decorrentes de seu vigoroso crescimento na última década. No mercado brasilei-ro, o número de viagens cresceu à expressiva taxa de 10% ao ano entre 2003 e 2008, na esteira da melhoria da economia como um todo (crescimento do PIB de 4,7% ao ano no período) e da inclusão de passageiros das classes B e C.

É notável a falta de estratégias de gestão de crise de imagem. Nada se construiu após o acidente da Gol com o Legacy, em 2006. e com o Airbus da TAM que se acidentou em Congonhas em 2007, dois fatos impac-tantes. Diante de crises, empresas ficam imobilizadas.

henrique alonsoleonardo ruga

suelyn damaceno

Companhias aéreasestão preparadas paralidar com clientes?

Novos desafios surgem no mercado aéreo que cresce com a inserção

da classe C.

EnsaioHENRIQUE ALONSO

RPAtualidades

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5Julho 2014 /RPAtualidades

Mercado de Trabalho

O desafio da acessibilidade• Como as empresas se preparam para inclusão de pessoas com deficiência

Os avanços de dispositivos legais e de políticas públicas para in-clusão de pessoas portadoras de deficiência (PcDs) nas em-

presas públicas e privadas sinalizam para a necessidade e a importância das pessoas com deficiência serem incluídas tanto nos contextos educacionais quanto laborais. Porém, a realidade é bem diferente, pois muitas vezes a classe empresarial contrata as pessoas apenas para cumprir a lei, sem possuírem critérios claros e definidos ou até mesmo recursos estruturais e humanos para assegurar o acompanhamento e a pro-dutividade.

Segundo o IBGE, entre as deficiências investigadas, a visual apresenta a maior incidência, sendo declarada por 18,8% da população.

Com deficiência visual (palidez no nervo óptico e visão subnormal) Leonardo Ma-chado Pinto, 35 anos, analista de recursos humanos, trabalha na Pontifícia Universi-dade Católica do Rio Grande do Sul há mais de cinco anos. “A PUCRS é a primeira em-presa em que trabalhei como PcD”, diz.

Leo, como é conhecido entre os cole-gas, acredita que é importante a adaptação da empresa à sua deficiência. Ele trabalha com um monitor especial, onde a tela é bem maior que a convencional e isso faci-lita bastante no desenvolvimento de suas atividades. Em outras empresas não obteve a mesma facilidade. Sua maior dificuldade de adaptação é o começar na nova empresa “no início ficamos mais tímidos, mas de-pois eu sempre tive uma facilidade a mais porque as pessoas sempre entenderam a

minha deficiência e, portanto, tinham mais paciência comigo”, diz.

Leonardo acredita que as pessoas com dificuldade motora têm mais dificulda-des, uma vez que, a adaptação da empresa no sentido de mobilidade e custos é bem maior, por esse motivo, são importantes as cotas nas empresas, “talvez sem isso os deficientes físicos seriam mais excluídos do processo”, conclui.

A adaptação das empresas é algo lento, nem todas têm a visão e ou a intenção de investir em infraestrutura para atender as necessidades das pessoas com deficiência. A PUCRS está em processo contínuo para atender as necessidades das pessoas porta-doras de deficiência. Localizada em érea de aproximadamente 54 hectares, possui mais de 30 prédios. Ao longo dos anos, todo o campus universitário foi adaptando-se às necessidades dos PcDs sendo eles, alunos, funcionários, professores e visitantes, ga-rantindo assim o acesso universal.

Hoje, a Universidade conta com banhei-ros para deficientes em todos os prédios e andares, vagas para veículos próximas aos prédios, elevadores especiais, rebai-xamento de calçadas, rampas, corrimões, instalação de telefones públicos em altura apropriada, entre outros. Além disso, pos-sui alguns programas e capacitações para os seus funcionários como, por exemplo, o Programa de Sensibilização para Inclusão dos PcDs, chamado Programa SOMAR e a Capacitação em LIBRAS – Língua de Si-nais, que já teve três turmas capacitadas e prevê mais uma para este semestre.

Andressa Brisola e Elizandra Oliveira

∆ Leonardo, analista de RH, trabalha com monitor especial devido à sua deficiencia visual

Segundo a ONU, 10% da população mundial, 650 milhões de pessoas, vivem com alguma deficiência. O Censo 2010, divulgado pelo IBGE, revela que, no Bra-sil, quase ¼ da população tem algum tipo de deficiência, o que significa cerca de 45,6 milhões de pessoas.

Antes da consolidação da Lei 8213/91, conhecida como a Lei de Cotas, os pro-fissionais com deficiência só conseguiam ingressar no mercado de trabalho atra-vés de Associações, Ações não Governa-mentais ou ONGs e atuavam geralmente em órgãos estaduais e federais. Após o estabelecimento da Lei, o que faltou foi a adaptação das empresas para viabilizar o acesso desses profissionais no mercado de trabalho.

No período de adaptação, as empre-sas apresentavam vagas praticamente impossíveis de preencher, exigindo alto nível de escolaridade e experiência na função. Não conseguindo preencher, apelavam para os órgãos regulamenta-dores que lhes dava uma certidão nega-tiva (informa que a empresa procurou o profissional sem sucesso na contratação) isto o liberava mais 60 dias para a ade-quação à Lei.

A cada dia mais pessoas portadoras de deficiência vêm se conscientizando de que precisam progredir nos estudos, para tornarem-se profissionais qualifica-dos. Novas Leis foram criadas, como por exemplo, a Lei nº 10.098 de 19/12/2000 que trata de Acessibilidade. Os empresá-rios aos poucos estão se conscientizando e se adaptando a essas questões. Já se tem uma visão de que o quadro se inver-teu: hoje são as empresas que buscam esses profissionais e quase não exigem experiências, isto pode se tornar uma desvantagem para aqueles que se quali-ficaram.

Nesse mesmo contexto, uma pesqui-sa realizada pela I.Social, consultoria com foco na Inclusão Social, revelou que o índice de PcDs que estão desemprega-das no Brasil aumentou de 29,10%, em 2011, para 38,5%, em 2012. Conforme o estudo, as principais barreiras enfrenta-das pelos PcDs são, oportunidades ruins, foco exclusivo no cumprimento de Cota e poucas oportunidades.

Conscientizaçãoe adaptação

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6 RPAtualidades/Julho 2014

Ao optar pelo curso de Relações Públicas, o principal questio-namento feito pelos

estudantes é referente às áreas de atuação. Existem áreas em que é comum a atuação deste profissional, tais como: Social Media, Eventos, Cerimonial e Protocolo, Comunicação Inter-na e Organizacional e Planeja-mento Estratégico. Contudo, outras áreas estão sendo ex-ploradas pelos relações-públi-cas que buscam conquistar seu espaço em novos mercados.

“Antigamente, existia um paradigma que dizia que as Relações Públicas eram in-tangíveis; uma atividade a longo prazo, sem possibilida-de de mensurar resultados”, comenta a professora Marisa Soares, coordenadora de con-tratos de estágio de Relações Públicas da Faculdade de Co-municação Social (Famecos) da PUCRS. Marisa afirma que hoje temos um embasamento teórico que não tínhamos há dez ou quinze anos. “Os professores são mais qua-lificados para atuarem na área acadêmica, tendo em vista que, diante das transformações do mercado, tanto das Relações Públicas quanto da comunicação em geral, é necessário que o corpo docente esteja melhor prepa-rado. Da mesma forma em que há a preocupação com a quali-ficação dos professores, têm-se a valorização da relação entre os públicos e as organizações – que é o objeto de estudo das Relações Públicas –, principal-mente pelo fato de que as em-presas têm um entendimento mais claro de que um bom re-lacionamento gera bons resul-tados”, enfatiza a professora.

Novos espaçosque se abrem

• Profissionais e alunos desbravam

horizontes

FOTOGRAFIA: HEIKE KNEBEL PRODUÇÃO: MATHEUS WECKI

Diferentes caminhos no estágio

A respeito das principais áreas em que atuam os estu-dantes de Relações Públicas, Marisa comenta que a maio-ria dos contratos de estágio é para gestão de redes sociais,

eventos, co-municação or-ganizacional , cerimonial e protocolo. Além dessas, apre-sentam-se tam-bém áreas dife-renciadas como o atendimento

em publicidade e propaganda, gestão de carreiras, imagem e reputação e assessoria de im-prensa.

As instituições públicas são grandes contratantes, principalmente nas áreas de eventos, cerimonial e proto-colo e assessoria de comuni-cação. A professora percebe a importância da multidiscipli-naridade como pré-requisito determinante para a ocupação de um espaço pleno tanto no campo das Relações Públicas quanto nas demais áreas da comunicação.

A exploração de outros campos

Alunos e profissionais de Relações Públicas investem, cada vez mais, em novos nichos no âmbito da comunicação. “Foi uma conquista e, ao mes-mo tempo, desafiador”, afirma o aluno de Relações Públicas do 3º semestre Guilherme Severo, estagiário da área de assessoria de imprensa da Câmara Muni-cipal de Porto Alegre. “Inicial-mente, a vaga era destinada a alunos do curso de jornalismo. O diferencial foi ter um bom texto para produção de conteú-do”, ressalta o estudante.

“Antes de entrar na facul-dade, eu não tinha ideia da ex-tensão da profissão de Relações Públicas, nem de quantos cam-pos nós podemos atuar”, rela-ta a relações-públicas Camila Schultz, conhecida nas redes sociais como HeeLary, que atua hoje na área de jogos digitais e pretende se inserir no campo acadêmico. Em sua monografia de conclusão do curso, Heelary abordou o tema “A construção de marcas da indústria de jo-gos digitais”, pelo fato de ser apaixonada por games, pela

área digital e pela formação em Relações Públicas que lhe cer-tificava aptidão para planejar a construção de uma marca. Quando se inseriu na área de games, a relações-públicas viu a possibilidade de interação das duas área devido a necessidade de um profissional gestor para a área. “É um mercado em cresci-mento, vale a pena investir”, diz Heelary.

Formada pela Famecos, Dé-bora Rico atua como relações--públicas na área de atendi-mento na produtora Cabana Filmes. “O cargo de atendi-mento é uma conexão entre as demandas externas e internas da organização”. Débora exer-ce funções estratégicas na área comercial, destacando as de análise de ambiente, diagnósti-cos e negociações. Responsável por vender e analisar oportu-nidades de distribuição das linhas de filmes, ela destaca: “para uma linha sou desbrava-dora de campo, já para outras tenho que exercer relaciona-mento”.

Gabriel SantosGuilherme Severo

Matheus Wecki

“Aluno empreen-dedor, que busca

oportunidades de-safiadoras, encontra

boas vagas”(Marisa Soares)

Mercado de Trabalho

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7Julho 2014 /RPAtualidades

Localizado no prédio 15 da PUCRS, o Escritório de Carreiras é um espa-ço dedicado aos alunos de graduação, pós-graduação, diplomados e intercambis-tas em estadia na Univer-sidade. Fundado em 2011, tem como proposta básica orientar o planejamento de carreira e capacitar para o desenvolvimento das competências necessárias ao mercado de trabalho, de forma que contemple a realização pessoal e profis-sional de seus alunos.

Fundamentado em três bases (aconselhamento e planejamento de carreira, capacitação para o mundo do trabalho e relaciona-mento com o mercado), o Escritório de Carreiras visa fortalecer o elo entre alunos e diplomados da PUCRS e o mundo dos negócios. O projeto conta com sete orientadores com formação em Psico-logia, Administração e Negócios, Consul-toria, Coaching, Gestão de Carreiras, Lide-rança Estratégica de Negócios e Pessoas, e inclusive, experiências nessas áreas em or-ganizações de médio e grande porte.

Um escritório de possibilidadesUm dos momentos mais marcantes da

vida de um estudante é quando ele ingres-sa em uma Universidade. Ao mesmo tempo em que se vive a sensação de dever cumpri-do por estar no âmbito acadêmico, as inú-meras possibilidades de cursos e atuações de mercado preocupam no que diz respeito a certezas ou incertezas sobre o futuro da área escolhida. A aluna do curso de Rela-ções Públicas do 3º semestre da PUCRS, Thais Gonçalves, conta que procurou acon-selhamento profissional junto ao Escritório de Carreiras pela insegurança e falta de vi-são de mercado que tinha no início da gra-duação. “Eu tinha concepções muito prag-máticas sobre a atuação da minha profissão e isso me dava certo receio sobre o futuro”, afirma. Através de folders e ações de ma-rketing e propaganda realizadas pelo Es-critório, voltadas aos estudantes do Cam-pus, a estudante demonstrou interesse em conhecer o projeto. “Transmite segurança, seriedade e comprometimento com o alu-no”, ressalta.

Alguns alunos finalizam seu curso de

graduação seguros e convictos de que fi-zeram uma excelente escolha para segui-rem carreira profissional. Há, no entanto, aqueles que não têm nenhuma perspectiva de atuação no mercado. Muitos destes não tiveram a oportunidade de criar uma iden-tidade profissional e não conhecem as suas reais e potenciais áreas de atuação dentro das áreas do curso e muito menos a possi-bilidade de expandir e explorar novas áre-as. Nesse contexto, e diante das exigências profissionais do mercado, é imprescindível possuir pré-requisitos além dos básicos. E para isso, nada melhor do que uma orien-tação para planejamento de carreira com profissionais atuantes no mercado.

Gabriel SantosGuilherme Severo

Matheus WeckiARQUIVO PESSOAL

∆ Juliana e a cantora Anitta no aniversário da Rádio Cidade

Ela edita bloge faz rádio

Escritório de Carreiras da PUCRSoferece orientação profissional

FOTOGRAFIA: MATHEUS WECKI

O que pode ser trabalhado no aconselhamento de carreiras:

1. Elaboração do currículo; 2. Estratégias para networking;3. Identificação de competências;4. Orientação para a carreira empreen-dedora;5. Utilização das redes sociais;6. Simulação de entrevista;7. Desenvolvimento do marketing pes-soal;8. Contato com o mercado de trabalho;9. Estruturação da carreira acadêmica;10. Avaliação do perfil profissional.

Mercado de Trabalho

“As pessoas precisam se permitir mais, arriscar mais”. Essa frase representa a car-reira profissional que Juliana Massena tem construído como comunicadora da Rádio Cidade. Aos 24 anos e nos últimos semes-tres do curso de Relações Públicas da Fa-mecos, é editora do blog Que Contagia, do De Salto Alto na Cidade e do site da Rádio. Além disso, a estudante participa de pro-gramas ao vivo, atuando como repórter on--line e fazendo intervenções com a “Cidade Móvel”. Ju, como é conhecida, ingressou os estudos na PUCRS em 2010 e já atuou como estagiária em diversas áreas da co-municação.

Juliana entrou na Rádio Cidade em 2011 enquanto cursava o terceiro semestre do curso de RP. Durante o período de está-gio, recebeu a oportunidade de participar de programas no ar e gravar comerciais. “Eu nunca tinha imaginado fazer nada as-sim”, a comunicadora pensava em traba-lhar com Marketing ou eventos logo que ingressou na RBS. “Topei e acabei me apai-xonando por rádio!”, ressalta a estudante.

A respeito da atuação dos profissionais de Relações Públicas na Rádio, a estudante comenta que estes ocupam áreas distintas no âmbito da comunicação, tais como a de eventos, Marketing, Digital, Comercial e Planejamento. Ela afirma que é preciso mais disposição do profissional, indepen-dentemente da área, para fugir do como-dismo e do que é “comum”. A comunicado-ra destaca que aprendeu muito dentro da Rádio, mas que ser uma (quase) relações--públicas a ajudou a entender seus públi-cos, resolver conflitos, escrever matérias e atuar na gestão da Web. “Acredito que tem um ‘jeitinho’ que só o RP possui e, por isso, ele pode atuar em qualquer área”.

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8 RPAtualidades/Julho 2014

Me formei. E agora?• Ex-alunos de Relações Públicas falam sobre o mundo pós-faculdade

Os desafios do pro-fissional de RRPP quando sai da fa-culdade. Ele se

sente ou está preparado?Sempre surge a dúvida de

como é a vida pós-faculdade. O que realmente vai mudar, como o mercado vai receber esse novo profissional, qual é a realidade que atinge um recém-formado, como ele se sente. E em vários momentos o profissional se per-gunta: Será que eu estou prepa-rado para entrar oficialmente no mercado?

Dois ex-alunos de Relações Públicas da Famecos contam um pouco sobre essa experiên-cia de sair da faculdade, estar formado, se eles se sentiram preparados para assumir o mer-cado.

Aline Menezes Pinzon, 28 anos, RRPP formada pela PUCRS, atualmente é assistente de atendimento na agência Sexteto, trabalha diretamente com o público interno e externo da agência, desde a chefia até os

fornecedores.Para Aline, o maior desafio

do profissional recém-formado é “praticar aquilo que aprendeu na faculdade; interpretar as de-mandas do dia a dia, pensando nos aprendizados que tivemos no curso”.

Quando saiu da faculdade, ela se sentiu preparada para o início de uma vida profissional. Ressaltou a importância das experiências que obteve nos es-tágios que praticou na área da comunicação, dando uma base mais sólida, conseguindo por muitas vezes relacionar a teoria com a prática. Ela ressalta: “A experiência com estágios deve fazer parte do currículo de todo aspirante a Relações Públicas”.

Perguntada como o mercado a recebeu e qual é a realidade que atinge os recém-formados, ela responde: “O mercado me recebeu quase como uma es-tagiária, como recém-formada mesmo. Alguns não acredita-vam na profissão, ao contrário de outros, que tinham a con-

vicção de que a nossa atividade está de vento em popa, que é cada vez mais importante”.

Aline Pinzon diz que joga no time que batalha todos os dias pelo reconhecimento das Rela-ções Públicas. “Acredito na nos-sa ascensão e posso dizer que vejo o mercado bem abastecido com alunos saídos da Famecos. Não vejo nenhuma outra uni-versidade que prepare o acadê-mico tão bem quanto a PUCRS. Sinto que temos uma formação com base na comunicação inte-grada, o que é muito importante hoje”, enfatiza.

Para Aline, a vida pós-facul-dade só não tem mais o com-promisso de ir para aula todos os dias, mas esse foi substituí-do por uma busca constante de realização profissional, de es-tar bem colocada no mercado. “Após a faculdade o foco vira o mercado de trabalho, emprego ou o cargo que ocuparemos, as preocupações e responsabili-dades não diminuem. No meu caso só aumentaram. A busca

pela experiência na área da co-municação e pela prática diária de tais atividades são constan-tes”, revela.

A nova profissional se sente feliz sendo uma relações-pú-blicas e orgulhosa de ter feito o curso oferecido pela PUCRS. “Não diria que sou realizada completamente porque ainda me falta muito chão para per-correr, minha base ainda está solidificando. Mas até o mo-mento, a profissão de RRPP só me trouxe alegrias e apresentou pessoas maravilhosas, as quais são indispensáveis na vida pes-soal e profissional”, conclui Ali-ne.

Em alto marIuri Camargo – 25 anos,

RRPP formado pela PUCRS, mestrando em Design Estra-tégico pela Unisinos. Chefe de Gabinete do vice-prefeito de Viamão, secretário executivo do Conselho Municipal da Cidade, relata um pouco a sua experiên-cia na vida pós-faculdade.

FOTOS ARQUIVOS PESSOAIS

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9Julho 2014 /RPAtualidades

Para Iuri, existem dois pon-tos de vista sobre os maiores desafios de um profissional de RRPP após se formar. O pri-meiro se dá através do que o aluno construiu durante a fa-culdade, o networking (conta-tos de trabalho) que ele adqui-riu, as experiências que obteve, se ele conseguiu obter uma base sólida, concreta, durante o pe-ríodo da faculdade. Outra situa-ção é vivida por aqueles alunos que não foram para o mercado, não participaram de projetos ou não atuaram na área de co-municação. Mas ele é otimista: “Ambos podem construir uma boa carreira, mas o aluno que já sai da faculdade com uma ba-gagem tende a construir melho-res oportunidades de carreira e receber melhor remuneração, tendo em vista a dinâmica do mercado e a necessidade que as instituições têm em empregar profissionais cada vez mais pre-parados e comprometidos.”

Ele ressalta que saiu da fa-culdade sentido-se preparado, como uma visão estrategista, tanto na vida profissional como na vida pessoal. “O curso de Relações Públicas te faz pensar estratégico, então, tanto para o profissional quanto para o pes-soal, a variável é a mesma.”

Iuri traçou um norte, duran-te o curso, de onde ele queria chegar, do que desejava para a carreira e aproveitou ao má-ximo as oportunidades que obteve durante o curso, para adquirir experiência e concre-

tizar seus ideais. “Quando me formei, o mercado já me com-preendia como um profissional. Assim, conseguia dialogar com os gestores de maneira técnica, pois, ia além do que estava pos-to. O prof. Jacques Weinberg dizia: ‘o trivial qualquer um faz, seja o diferencial’, e eu sempre me norteei por esta máxima.”

Para o relações-públicas Iuri, a realidade que um recém- formado encontra é reflexo de qual tipo de aluno ele foi, como ele se portou durante o período do curso. “Cerca de 80% dos meus colegas estão trabalhan-do na área, com bons salários e posições respeitáveis. Acredito que isso se dê pelo fato de ter-mos estudado em uma facul-dade que sempre pensou em formar cidadãos com repertó-rio e bagagem mercadológica,” destaca.

O assessor político compara a vida pós-faculdade, como a de alguém que deixa o porto e se lança em alto mar. “Sou rela-ções-públicas e carrego comigo toda a construção da profissão conferida ao longo destes anos. Conheço a responsabilidade de carregar um diploma de comu-nicador, de gestor de relacio-namentos, de elo entre o que a organização é e onde ela pode chegar. O RRPP é um profissio-nal múltiplo ligado à inovação, com o diferencial de enxergar as estratégias organizacionais e de fazê-la interagir com os seus públicos,” encerrou.

Juliany Esteves

“Meu time? Jogo no que batalha todos os dias pelo reconhecimento das Relações Públicas. Acredito na nossa ascensão e

vejo o mercado bem abastecido com alu-nos saídos da Famecos.” (Aline Pinzon)

“A PUCRS é categórica em estágios regulares, oportunidades dentro

da faculdade e orienta-ção profissional.”

(Iuri Camargo)

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10 RPAtualidades/Julho 2014

EspEcial

EU SOU O PRODUTO• O poder da marca pessoal – de um RP para um RP

O profissional de Relações Públi-cas trabalha com a construção, gerenciamento e manutenção de imagens corporativas. Ele plane-

ja ações estratégicas que visam exaltar os valores positivos da organização, propondo que essa se destaque de forma competitiva no mercado. E o que este profissional faz para gerir a sua própria imagem no merca-do de trabalho?

Iniciativa, ousadia, criatividade, co-nhecimento de mercado, planejamento de carreira e construção de um diferencial são alguns aspectos apontados como resposta dessa questão no livro Personal Branding: Construindo sua Marca Pessoal, de auto-ria do publicitário Arthur Bender, que atua há mais de 20 anos na área de construção de imagem pessoal.

Para Bender, o profissional que deseja construir sua marca pessoal de forma sin-gular no mercado, necessita ter uma série de requisitos que lhe diferencie em meio a tanta competitividade. Primeiro, ele preci-sa saber onde quer chegar, para então es-tabelecer seu plano de carreira de maneira estratégica, sempre visando metas a longo prazo.

É preciso investir na sua marca pessoal, e isto está além de qualificação e diplomas. O profissional deve ser curioso, buscar in-formações sobre o mercado no qual está se inserindo, bem como ter iniciativas que lhe garantam visibilidade, tais como: dar palestras, ministrar aulas, implementar projetos, po-rém, isso apenas se dá atra-vés do conhecimento. Ele é a ferramenta imprescindível para a construção de diferen-cial de marcas pessoais, portanto, a leitura de obras de especialistas na área em que se deseja atuar é uma forma de buscá-lo.

O publicitário ressalta que existe uma diferença entre a imagem que acreditamos estar transmitindo para as pessoas que nos rodeiam e a imagem que de fato está sendo percebida. Para minimizar essa diferencia-ção, é importante que haja um esforço con-tínuo em unificar os sinais que enviamos a todo o momento. Esses devem ser conso-nantes uns com os outros, ou seja, sua for-ma de se relacionar com as pessoas deve es-tar em conformidade com a maneira como se apresenta em público, com seu gestual, seu estilo pessoal. Enfim, isto compõe um

conjunto harmônico de como você quer ser percebido pelos outros.

Na percepção das pessoas ao redor, a rede de relacionamentos é fundamental para a construção de uma marca pessoal.

Dada a complexidade de informações que permeiam os relacionamentos da so-ciedade atual, é importante criar e manter vínculos com pessoas que influenciam em nosso meio profissional – amigos, colegas de trabalho e de aula – pois a imagem

passada é determinante para seu sucesso ou fracasso.

Esse e outros pontos também são abor-dados por Gisele Lorenzetti – presidente do Conselho Diretivo da Abracom e diretora--executiva da LVBA Comunicação – em en-trevista para a RP Atualidades.

Gisele acredita que profissionalismo, seriedade, ética, dedicação, empenho e, principalmente, paixão são características essenciais para um profissional trilhar seu caminho. Quanto à construção de sua mar-ca, ela crê que esta ocorra através da traje-tória no mercado de trabalho, dos próprios atributos, valores e conceitos individuais. Lorenzetti ressalta a importância do auto-

conhecimento e a certeza dos conceitos que acreditamos e desejamos que sejam atri-buídos a nossa imagem: “Você só constrói uma marca se você tem paixão no que você está construindo, senão você é fake.”

Os atributos devem ser inatos ao pro-fissional e não algo “criado para o merca-do”. Gisele Lorenzetti enfatiza a importân-cia da sinceridade neste processo. Para ela, até mesmo a expressão “criar uma imagem profissional” não é adequada, pois acarre-ta uma conotação de estar divulgando algo que foi preparado e pode não ser verdadei-ro. Para consolidar uma imagem transpa-rente e indubitável, deve-se ser o mais fiel possível à identidade, agindo sempre de acordo com esta, ao invés de planejar seu comportamento e escolhas: “O mais impor-tante é a identidade, é o que te define en-quanto marca, enquanto empresa, enquan-to produto, enquanto pessoa”.

Outro profissional que traz a aborda-gem de construção de marca pessoal aplica-da a área de Relações Públicas é Guilherme Alf – idealizador do projeto “Todo Mundo Precisa de um RP”. Em entrevista, Guilher-me expõe que ser curioso e dinâmico são aspectos importantes para quem trabalha com comunicação:

“O profissional não só de RP, mas de

“O mais importante é a identidade que te define enquanto

marca, empresa, produto e pessoa.”

NADIELE BORTOLIN

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11Julho 2014 /RPAtualidades

comunicação como um todo, tem que ser um cara fuçador. O RP é um fazedor, é um cara que vai resolver tudo. Essa é a princi-pal característica que norteia a profissão.”

Um ponto importante, destacado por Alf e Lorenzetti e que contrapõem o que foi exposto por Bender, é de que o perfil ide-al para um RP é baseado na característica da multidisciplinaridade e de ser capaz de fazer várias coisas. Alf define este perfil de profissional como “um cara multifunções”. Ou seja, alguém capacitado para atuar em vários nichos e segmentos.

Em concordância, Gisele enfatiza a ne-cessidade de que o perfil exposto esteja de acordo com o mercado que busca a multi-disciplinaridade de seus profissionais. “É preciso ter capacidade de análise bem de-senvolvida e estofo cultural variado, pois caberá ao RP analisar o cenário, por isso, quanto mais múltiplo, antenado e curioso melhor desempenhará sua função”, diz.

Aplicar os conhecimentos de Relações Públicas para si mesmo, tanto Lorenzetti quanto Alf concordam que não é uma tare-fa fácil. “Isso é o mais difícil, eu faço melhor para os outros do que eu faço para mim”, comenta Alf. Muitos profissionais da área apresentaram a ideia de que cuidar de uma imagem corporativa é muito mais simples do que cuidar de uma imagem pessoal, porque uma empresa não pode sofrer um acidente de carro ou agir de forma incon-sequente perante algumas situações, assim como nós seres humanos podemos.

Um ponto em comum ressaltado por todos os entrevistados foi a questão de ser-mos “produtos” nas imensas prateleiras do mercado de trabalho. Alf alerta para o perigo de se expor demais em rede so-cial, a partir da ideia de que “falo demais, coloco tudo, porque eu sou um produto”. Colocando-nos em posição de produtos expostos para o mundo, devemos nos com-parar com os outros produtos já disponí-veis e, para nos destacarmos devemos ter pelo menos um diferencial, algo inovador que mostre nossa competência e qualidade profissionais, algo com que faça que todos nos vejam de forma positiva (tenhamos visibilidade na vitrine), que faça com que sejamos “desejados” pelos administradores (possíveis consumidores) para compor a sua equipe de trabalho, para isso, devemos fazer o nosso melhor, atendendo assim a essas exigências do competitivo mercado.

Utilizando um jargão popular, pode-mos dizer que para construir e planejar a marca pessoal de um profissional de rela-ções públicas “não existe receita de bolo”. Um profissional pode ser bem-sucedido fo-cando em uma área, criando seu diferencial nela, se tornando referência no assunto, como diz Bender. Ou pode alcançar ótimos

resultados, vivenciando várias áreas, sendo multidisciplinar e multitarefas como Alf. Ou conhecendo seus atributos e criando a sua marca pessoal com base nos seus pró-prios valores, de acordo com Lorenzetti.

O profissional que dispor de um bom planejamento de carreira, estipular metas de acordo com seu interesse/foco/identi-dade e buscar incessantemente atualizar--se em relação às tendências do mercado, apresentará resultados relevantes que o ajudarão a trilhar e definir seu caminho.

Entretanto, há um aspecto no qual todos concordam e que Bender aponta brilhan-temente em seu livro ao se referir do po-der da paixão pelo que se faz: “A paixão é a parte externa e mais visível de sua mar-ca. O profissional que possui esse brilho no olhar sempre irá exercer seu trabalho com maestria, pois faz isso por paixão e não por obrigação”.

Amanda CamboimBruna Costa

Nadiele Bortolin

NADIELE BORTOLIN

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12 RPAtualidades/Julho 2014

Para quebrar alguns tabus sobre a pre-paração e atuação de RP no setor público, entrevistamos Fabiane Sgorla, relações-pú-blicas e jornalista, professora da Famecos, doutoranda e que prestou concurso para a Assessoria de Comunicação da Câmara de Vereadores de Itapema, SC; e a Querlei Scremin, relações-públicas da Assessoria de Comunicação do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Ambas foram aprovadas, mas Fabiane Sgorla não assumiu o cargo e Querlei Scremin iniciou carreira no serviço público.

Confira a entrevista das profissionais em paralelo:

Então, conta pra gente como foi a sua preparação para a prova.

Sgorla: Eu descobri o concurso seis meses antes da data da prova. Tinha uma lista de livros, dei uma olhada na bibliogra-fia, fui pra biblioteca, peguei todos os livros e fiquei três meses focada naquilo ali.

Scremin: Eu estava me preparando ao longo de três anos para concursos públicos. Estudando e tentando. Estudava pelos li-vros da faculdade, pelas bibliografias dos concursos, artigos e estava atenta a atuali-dade (cases que poderiam ser abordados).

Fabiane, você não teve muito tem-po para se preparar, certo?

Sgorla: Para vocês entenderem, era um concurso municipal com questões fáceis. Eu cheguei quase a gabaritar porque as questões eram muito óbvias, ou seja, exa-

tamente de acordo com tudo o que estava no livro. Quem estudasse os livros, matava a charada.

Você considera que havia ampla concorrência?

Sgorla: Sim, havia. Eram 250 pessoas para uma vaga, considero bem concorrido.

Scremin: Havia, mas eu não lembro exatamente quantos eram. Sei que os con-cursos do Clínicas oscilam entre 100 e 800 pessoas para uma vaga, geralmente, é bas-tante concorrido.

E o retorno financeiro é favorável?Sgorla: Sim, era. Em torno de

R$3.000,00, mas acrescentaria R$500,00 por eu ser mestre e mais uma gratificação por ter dois diplomas de graduação. Tam-bém havia bonificações e gratificações caso o profissional entrasse em grupos de dis-cussão nas coordenações. A carga horária era de seis horas por dia e isso era bacana.

Scremin: Sim, o retorno é muito fa-vorável, o piso é R$4.200,00, além disso, recebo vale-alimentação (cartão de débi-to que também pode ser usado para fazer compras no supermercado), plano de saú-de, disponibilidade de uso do refeitório e se o funcionário quiser, também ganha vale-transporte (não utilizo porque moro próximo ao Clínicas e em cinco minutos de caminhada já estou no meu trabalho). Também é importante ressaltar que paga-mos um fundo complementar para garantir que a aposentaria chegue o mais próximo possível do salário e há bonificações para funcionários com pós-graduação.

Saiba mais!

As vagas se classificam de acordo com o grau escolaridade do candidato. É pos-sível encontrar os editais que estão em

aberto em sites como:

- http://www.pciconcursos.com.br - http://www.okconcursos.com.br - http://concursosnobrasil.com.br

Desafio

Prestar ou não Concurso

Concurso Público é uma das pos-sibilidades de profissão que ganha, a cada dia, mais visibi-lidade na atualidade brasileira.

Existem vagas para as diversas áreas de atuação, tanto no setor público e de eco-nomia mista, para o profissional de Re-lações Públicas. Como por exemplo, em universidades federais; secretarias de estado, prefeituras, companhias esta-tais de saneamento básico, transporte, energia, Aeronáutica, Marinha, Exército e parlamentos.

Na capital gaúcha, existem vários cursinhos preparatórios para os concur-sos espalhados pelo Brasil. Para quem está sem grana, uma alternativa é assis-tir aulas gratuitas online.

Os concursos públicos, voltados para as Relações Públicas, têm uma remune-ração que varia de acordo com a área de atuação e o grau de formação dos candi-datos. Porém, é possível perceber uma média salarial entre as vagas em aberto, que variam de três mil a 13 mil reais.

Relações Públicas é, ainda, uma área que está em fase de cristalização. Isso se reflete em concursos, que muitas ve-zes acabam sendo pouco reconhecidos e procurados. São excelentes oportu-nidades nas quais os relações-públicas podem ter o sucesso de crescer profis-sionalmente.

É uma pena quando a profissão é vis-ta por muitos como área especializada somente em eventos (promoters), aten-dimento ou social-media; quando, na verdade, o profissional pode ser explo-rado (no bom sentido), quanto às suas habilidades estratégicas de planejamen-to, mediação, coordenação e prevenção.

Letícia LessaPâmella Witt

Thais Gonçalves

ARQUIVO PESSOAL

∆ Querlei Scremin

∆ Fabiane Sgorla

ARQUIVO PESSOAL

12 RPAtualidades/Julho 2014

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3Julho 2014 /RPAtualidades

Público: Eis a questão!

Para o pessoal que pensa em pres-tar Concurso Público, quais são as dicas que você daria?

Sgorla: Se preparar especificamente para cada prova. É importante conhecer quem a produz, pois há uma linha da em-presa, e isso serve para o candidato saber como vai ser. Estudar as referências bi-bliográficas, dedicar tempo de estudo e saber que caem questões desde a história a casos atuais.

Scremin: Não tem mistério, tem que baixar a cabeça e estudar. A regra é clara nas questões objetivas, o concurso não quer saber da tua experiência no dia a dia, ele quer exatamente o que o candidato pensa. Então, precisa entender a Kunsch e Simões, por exemplo. Sempre acompanho o blog do Rodrigo Coco, chamado Portal RP, porque apresenta posts sobre a atua-lidade da profissão e os pensamentos dos autores, vale a pena conferir. Outra dica é fazer as provas anteriores para “pegar a manha”.

Para qual área de RP se destinava o cargo público?

Sgorla: Atuar na assessoria de comu-nicação, organização de eventos, organiza-ção de coletivas de imprensa, produção de jornais impressos e cobertura de eventos – fotografia, plano de comunicação (ade-quado ao gestor anual da câmara de verea-dores). Assessoria envolve as três áreas da comunicação, então, acredito que seria um

trabalho baseado em uma comunicação integrada.

Scremin: Quando passei no concurso em 2008, fiquei esperando até 2012 para ser chamada. Achei que nem iam me cha-mar. Assumi o cargo com contrato tempo-rário, porque fui substituir uma outra RP, e comecei a mostrar o meu trabalho atra-vés da consolidação da área de eventos na assessoria de comunicação, que até então não era muito desenvolvida. Toda a expe-riência que eu já tinha na minha vida como RP autônoma, me deu subsídios para in-vestir no setor de eventos do hospital por-que eu vi a oportunidade e a importância deles para essa organização. E deu tão cer-to, acabei assumindo oficialmente o cargo e hoje eu trabalho com mais uma RP nessa área, e a terceira trabalha com comunica-ção institucional.

Fabiane, você foi aprovada no concurso, mas não assumiu o cargo. Por quê?

Sgorla: Porque eu queria fazer douto-rado, continuar estudando e ser professo-ra. Na época, prestei concurso apenas para ter essa experiência.

Querlei, você foi aprovada no con-curso e segue carreira pública, o que a levou a essa escolha profissional?

Scremin: Bom, o concurso para rela-ções-públicas do Hospital de Clínicas no setor de Assessoria de Comunicação era para cargo federal, entretanto, somos fun-

cionários celetistas (regidos pela CLT) e a prova foi elaborada pela FAURGS. Tudo isso me deu credibilidade e impulsionou a minha escolha, mas, principalmente, re-solvi prestar concurso público em razão da estabilidade financeira.

Já que o concurso público é uma garantia de segurança econômica e de empregabilidade, quais são os desafios para que as atividades não caiam na rotina?

Scremin: Converso muito com as mi-nhas colegas de RP da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e de outras organizações públicas sobre isso, e concluímos que cair na rotina não é um problema para nós porque a comunica-ção é muito versátil e possibilita que isso não aconteça. Acredito que a forma como conduzimos o nosso trabalho é muito im-portante, além disso, precisamos estar atentos a tudo, principalmente à tecnolo-gia. Devemos estar sempre atualizados. A internet é um fenômeno na comunicação e a gente precisa se habituar a ela e compre-ender como funciona. Além disso, o cargo público te permite almejar novas posições dentro da empresa, mas para isso é preci-so mostrar trabalho, melhorar as técnicas e progredir como profissional. Qualquer um pode se acomodar no seu trabalho, seja público ou privado, quem faz a diferença é o profissional que consegue enxergar nas organizações oportunidades para crescer.

LETÍCIA LESSA

13Julho 2014 /RPAtualidades

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14 RPAtualidades/Julho 2014

Uma nova forma de trabalhar, onde pessoas e empresas dife-rentes compartilham o mesmo local, sem a clássica estrutura

organizacional, sem paredes, sem divisões, lado a lado. Um espaço que além de ser-vir como endereço comercial também pode potencializar o seu negócio, gerando cone-xões e aumentando seu networking. Esse é o Coworking. Mas como pode funcionar esse tipo de serviço? Será que no Brasil isso poderia dar certo?

Ainda não muito co-nhecido, o Coworking vem ganhando populari-dade pelo mundo. O uso da expressão com o novo conceito é recente e foi utilizada pela primeira vez em 2005, nos Estados Unidos, por Brad Neuberg, engenheiro de software, para descrever um espaço físico onde tra-balhava com profissionais de tecnologia e também o disponibilizava para pessoas que necessitassem de um local para trabalhar, compartilhando experiências.

Em Porto Alegre, como exemplo de su-cesso, a Nós Coworking oferece o serviço com maestria e em plena funcionalidade. Um espaço amplo, bem localizado que é

gerido por um grupo de sócios multidis-ciplinar, de diferentes áreas de formação, estrategicamente reunido para ter diferen-tes pontos de vista, interferindo no plane-jamento e execução das ações da empresa. O sócio fundador Walker Massa conta que para o negócio ter o êxito que possui hoje muitas ações de comunicação foram e são feitas. Dentre elas foram realizados even-

tos para atrair público e definindas, inicialmen-te, pessoas estrategica-mente convidadas para propagar o conceito. A estratégia foi efetiva, ampliou rapidamente o nível de satisfação dos

usuários e atraiu novos públicos, demons-trando que a Nós seria um Coworking di-ferente. Walker dá o exemplo que na Nós, hoje, o Coworking Office clássico funciona no horário comercial e após o espaço é uti-lizado por escola, cursos, shows, palestras. Os gestores não queriam divulgar em mídia de massa. Walker diz que “é muito impor-tante que o público que procure e frequente a Nós seja sinérgico e tenha complementa-ridade – com a organização.”

Na visão de Walker, através do serviço realizado na Nós, o Coworking deixou de

ser um business apenas relacionado a lo-cação de espaço, “é muito mais sobre como colocar pessoas diferentes para trabalhar em um mesmo ambiente e potencializar o skill, a competência de cada uma para ge-rar um novo negócio ou complementar algo que falta em outro profissional”, define.

Sobre o futuro do serviço, ele aponta que “grandes empresas estão se conectando e se tornando remotas através da tecnologia e, com isso, cresce o potencial de haver outros ambientes onde se pode temporariamente ocupar.” Também comenta que ainda há muitas visões a serem abordadas. Estão de-senvolvendo um projeto de Coworking Cor-porativo para que uma empresa atraia seus stackeholders, crie interatividade, onde ela não precisa ter apenas uma sede própria, mas também para seus públicos. Com isso, construindo um incrível canal de comuni-cação direta com eles.

Tanto para quem está começando um negócio quanto para quem já está inserido no mercado e quer expandir suas conexões, o Coworking é uma ótima maneira de ca-talisar um projeto. Com a globalização e a necessidade de se criar e manter relaciona-mentos, o serviço tende a se estabelecer no mercado mundial.

Diego Soveral

O que é isso?• No mundo onde as pessoas estão cada vez mais próximas e conectadas, surge um novo tipo de (des)organização

DIEGO SOVERAL

∆ Ambiente de trabalho da Nós Coworking em funcionamento no Shopping Total

“É muito mais sobre como colocar pessoas

diferentes para trabalhar em um mesmo ambiente e potencializar o skill.”

COWORKING

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15Julho 2014 /RPAtualidades

Edson Gandolfi é o nome do momen-to no que diz respeito a videoclipe no Rio Grande do Sul. É sócio-proprietário da Mu-sicollege Produtora, que figura como uma das maiores do segmento no RS. Hoje ele trabalha com todo tipo de artista, indo do Funk Ostentação ao Heavy Metal. Veja o que se passa na cabeça do publicitário por formação, diretor e roteirista por vocação.

De onde surgiu a vontade de traba-lhar com videoclipes?

Sempre entendi que o videoclipe é um belo exercício de linguagem, em que a gen-te pode testar todo tipo de coisas. Portanto, achei que seria um belo aprendizado e um espaço para eu fazer meu nome no audio-visual. Porém, hoje se tornou o estilo pelo qual eu mais gosto de trabalhar, foquei quase todas minhas forças criativas para o mercado da musical, desde shows, DVD’s e videoclipes. Acabei me “viciando” nesse

mundo e hoje eu não quero deixar nunca de trabalhar nele. Fale um pouco da sua carreira.

Então, o meu irmão, Rodrigo Gandolfi (ele é músico), e eu cansamos de ser empregados dos outros e vimos uma falha de mercado, em 2009, na falta de profissionais especialistas em vídeos musicais, daí a gente resolveu abrir a Musicollege Produtora. O resto é história, hoje já fizemos mais de 50 videoclipes, 5 DVD’s e centenas de shows. Tendo no nosso currículo artistas como Chimarruts, Papas da Língua, Reação em Cadeia, Cidadão Quem, Bruninho e Davi, Grupo do Bola e outras diversas bandas e estilos.Projetos futuros:

Atualmente estou trabalhando em dois roteiros de curta-metragem e pretendo produzir pelo menos um esse ano ainda, o outro é um projeto muito maior e megalo-maníaco. Seguimos com a evolução da Mu-

sicollege Produtora, buscando crescer cada vez mais, o objetivo de 2014 é ultrapassar as fronteiras do Rio Grande do Sul com o nosso trabalho, mas nunca deixando de lado os nossos clientes gaúchos.Conselhos para aqueles que estão co-meçando:

Referências, essa é a palavra de ordem no mundo da música e do audiovisual. Nunca deixem de consumir clipes, filmes, DVD’s ou qualquer material de vídeo, mes-mo estando longe do que a gente gosta. E por falar nisso, nada de preconceito, todo tipo de estilo é válido, não existe cultura melhor ou pior, mas sim diferente. Pensem fora da caixa, não busquem só no samba re-ferências para um clipe de samba, busque em outros lugares, pense de uma maneira que ninguém imaginava, seja o diferencial do seu trabalho. Nunca deixe de estudar, hoje qualquer um compra uma câmera.

Mariane Rangel Florêncio

Por trás do videoclipe• Quando a criatividade e as referências são a alma do negócio

EDU DEFFERRARI

∆ O publicitário Edson Gandolfi, da Musicollege Produtora, encontrou um espaço no mercado para a produção de videoclipes e curtas, e se deu bem

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16 RPAtualidades/Julho 2014

Os rebelados independentes

∆ Rebelados animando o bar Eclipse em POA

∆ Rafinha, Thiago Punkada, Lucas Poka e Nikolas em sessão de fotos em Porto Alegre para divulgação da banda

ARQUIVO PESSOAL

As bandas independentes estão em alta. Cada vez mais jovens formam grupos sem nenhum tipo de contrato com gravadora ou empresário. Mas como essas bandas, que não são gerenciadas por nenhum profissio-nal, conseguem seu espaço nas casas notur-nas ou festivais? O integrante da Rebela-dos, de Santa Cruz do Sul, esclarece nossas dúvidas.

A Rebelados teve sua formação em 2001 com a intensão de participar de um festival de músicas no qual foram os ganhadores. A banda continua ativa até hoje e conta com os integrantes: Thiago Punkada – vocal,

Lucas Poka – baixo, Rafinha – bateria, Ni-kolas – guitarra.

Lucas conta que desde o início da for-

mação eles sempre foram atrás de shows e eventos para se apresentarem. Revela que ter contatos é essencial para o agendamen-to de shows. É preciso que as bandas se co-muniquem para realizar eventos. Entrem em contato com as casas noturnas, as quais, na maioria das vezes, cedem espaço, e com prefeituras para poder realizar eventos em praça pública. “Outro meio é realizar um festival de bandas de rock independente convidando outras bandas da região”, suge-re Lucas.

As bandas independentes não vivem dos shows. A grande parte dos integrantes possuem emprego e tem a música como um hobby. Lucas, formado em Comunica-ção Social, admite que são eles que arcam com suas despesas, tais como transporte,

instrumentos e hospedagens; “muitas vezes os shows não geram lucro financeiro dando muito gasto”, conta Lucas. Em 2012 grava-ram seu primeiro videoclipe e CD que foi financiado pelos próprios integrantes.

O público não é sempre o mesmo. Os eventos realizados na cidade natal contam sempre com os amigos, sendo um público muito animado, fazendo o show ser empol-gante. Porém, quando a banda se desloca para outra cidade, o público desconhecido, muitas vezes, provoca desalento. “A banda precisa manter o mesmo entusiasmo para marcar presença de palco, não deixando se desanimar pela ausência de público”, enfa-tiza Lucas Poka.

As bandas independentes estão con-quistando seu lugar. Conseguem realizar ótimos shows em vários lugares apesar das dificuldades, e mostram que para crescer precisam ir atrás de seus sonhos não dando espaço para o desânimo. Para saber mais sobre a banda Rebelados acesse o link: fa-cebook.com/bandarebelados ou facebook.com/rebelados.

Camila Chassot Carolina Aires Monica Pontes

Como as bandas independen-tes enfrentam os desafios de

gerenciamento

MONICA PONTES

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17Julho 2014 /RPAtualidades

MemóriaInstitucionalAtravés do Memorial do Legislati-

vo, as novas gerações podem co-nhecer o legado cultural e político do estado. Também chamado de

Casarão, o local é um dos testemunhos mais antigos da história urbana de Porto Alegre, mas sua importância histórica não reside apenas na sua antiguidade. O prédio, cuja construção data 1790, foi sede da Provedo-ria (tesouraria) da Real Fazenda, Casa da Junta, Câmara e sede do Conselho Geral da Província. Foi um dos cenários mais signifi-cativos da história administrativa e política de nosso Estado por mais de 200 anos. Em 1932, passou a ser a sede do Poder Legis-lativo gaúcho. Em 19 de setembro de 1967, sob a presidência do deputado Carlos San-tos, lá foi realizada a última sessão plenária.

O Legislativo rio-grandense, no dia se-guinte, transferiu-se para o outro lado da rua, quando foi inaugurada sua nova sede, o Palácio Farroupilha. Após a desocupação do imóvel, o prédio passou a abrigar repar-tições do Poder Executivo.

Débora Soares, coordenadora do memo-rial, relata que cerca de 4500 pessoas visi-tam o espaço todo ano. É possível conhecer o acervo, aberto de 2ª a 6ª feira, das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 18h30. As visitas orientadas, que chegam a atender 30 pes-soas, podem ser agendadas pelos fones 51-3210-1670 ou pelo email [email protected]. Oferece visitas guiadas para estu-dantes e turistas.

Para fortalecer a identidade, Débora aposta no Facebook para divulgar eventos, livros e fotografias. Além de um mailing e propaganda boca-a-boca. Também foi de-senvolvida uma identidade visual aplicada em materiais impressos e meios digitais. Existe um projeto que objetiva utilizar a fachada para anunciar as atividades do me-morial e implantar uma sinalização inter-na que facilitará o tráfego dos visitantes e identificará os espaços.

A valorização da história do Parlamento e a necessidade de um local apropriado para

sua guarda foram solidificadas em 1997, com a criação de uma Comissão Paritária, constituída por três integrantes do Poder Executivo e três do Poder Legislativo. Essa Comissão ficou responsável por apresen-tar um projeto para execução das reformas e, concomitante, uma série de atividades para recuperar a memória política sul-rio--grandense. No mesmo ano, foi assinado um Protocolo de Intenções entre o Governo do Estado, Assembleia Legislativa e Tribu-nal de Justiça, firmando o retorno do anti-go prédio ao Poder Legislativo. A retomada da propriedade do Casarão pelo Legislativo gaúcho foi aceita pelo ex-governador Antô-nio Britto que reconheceu o imóvel como sendo da Assembleia.

Em janeiro de 1998, toda essa preocupa-ção com a memória institucional da casa foi

apresentada em um suplemento publicado pelo Correio do Povo. O objetivo, naquele momento, era transmitir à sociedade o de-sejo de transformar a antiga sede em um espaço destinado à história política do Rio Grande do Sul.

Em termos de produção historiográ-fica e construção das memórias sociais, a preservação do acervo de origem legislati-va tem assegurado a qualidade de inúme-ras pesquisas. Não só historiadores, mas cientistas políticos, sociólogos, urbanistas e mesmo políticos e administradores pú-blicos se beneficiam do acesso a uma obra que, pela sua natureza, registra a evolução histórica do Poder Legislativo.

henrique alonsoleonardo ruga

suelyn damaceno

∆ Memorial do Legislativo nos dias de hoje

ACERVO MEMORIAL DO LEGISLATIVO.

HENRIQUE ALONSO

O antes e o depoisApós vários anos sediando as ses-sões solenes do

Legislativo, o an-tigo plenário está remodelado para

visitação, eventos e cerimônias.

• Assembleia resgata sua história para fortalecer a identidade gaúcha

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18 RPAtualidades/Julho 2014

Na mitologia romana, as hes-pérides eram um trio de ninfas guardiãs de um pomar de maçãs de

ouro, pertencente à deusa Juno. A Iniciação Científica da PUCRS possui, como símbolo, a maçã verde, dada a escolha de uma equipe pioneira e visionária. Como ambos frutos rela-cionados, o processo de pesquisa e o envolvimento de pesquisadores com alu-nos – os pomos de ouro –, são preciosos e únicos.

A Universidade por ex-celência, tradição e definição é a sede da gnose, da produção do saber. Como berço do conheci-mento também, a PUCRS baseia-se na tríplice norteadora “Pesquisa, Inovação e Tecnologia”. Dentro deste contexto, a Ini-ciação Científica – um programa que per-mite introduzir os estudantes de graduação potencialmente mais promissores na pes-quisa científica –, vem ganhando destaque.

Obtendo espaço e consolidando-se cada vez mais, hoje, a Iniciação Cien-tífica possui um conjunto de profissio-nais que constituem a Coordenadoria de Iniciação Científica, localizada no prédio 15, sala 111 e ligada a à Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento. Possui dois eventos anuais voltados para a comunidade acadêmica: o Seminário Inter-no de Avaliação e o Salão de Iniciação Cien-tífica, que ocorrem duas vezes ao ano.

Apertando o botão de start

A Iniciação Científica representa um início, um ponto de partida, uma larga-da. É como apertar um botão de start ao iniciar um jogo nos videogames. A aber-tura de mente é inevitável e a análise de mundo não é mais a mesma. Para o prof. dr. Jorge Nicolas Audy, pró-reitor de Pes-quisa, Inovação e Desenvolvimento da Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a Iniciação Científica é “a ‘sementinha’ que pode gerar não só fu-turos pesquisadores, mas, igualmente, profissionais diferenciados no mercado”. A PUCRS tem um trabalho próprio no que se refere à Pesquisa, através da associação com instituições de pesquisa em âmbito

estadual e fede-

r a l . Por -tan-t o ,

p o s -sui um conjun-to quantitativo considerável de projetos de pesquisa, que refletem em um grande número de bolsas de Iniciação Científica.

Para a prof. dr.ª Cleusa Maria Andra-de Scroferneker, pesquisadora e gestora da Coordenadoria de Iniciação Científica desde 2009, “a IC é um momento especial na carreira de um estudante de graduação, quando ele se envolve diretamente no pro-jeto de pesquisa de um professor”. Ela ressalva que o proje-to de pesquisa é pro-priedade científica do professor e não pode ser próprio do aluno, como sua monografia ou trabalho de conclu-são de curso.

A prof. dr.ª Carla Denise Bonan, diretora de Pesquisa da Pró--Reitoria de Pesquisa, Inovação e Desen-volvimento, também pesquisadora, afirma que o papel da Iniciação Científica “é for-mar pessoas com capacidade e senso crí-tico, que consigam desenvolver atividades que podem ser tanto técnicas, quanto de aprofundamento. Esta condição de olhar

diferenciado para o mundo. Esta motiva-ção de senso investigativo”.

O reflexo no mercado e os diferenciais na carreira

O prof. dr. Christian Haag Kristensen, pesquisador no Núcleo de Es-tudos e Pesquisas em Trauma e Estresse da Faculdade de Psicologia da PUCRS, é orien-tador de bolsistas que foram destaques no XIV Salão de Iniciação Científica e recebem outras premiações continuadamente. Ele acredita que a qualidade dos trabalhos vem do próprio objetivo intrínseco da Iniciação

Científica. Destaca a diferença qualita-tiva dos alunos bolsistas que tiveram

esta experiência, como sendo mais questionadores, mais críticos,

ativos nas aulas, explora-dores, investigadores,

possuidores de uma aborda-

gem di-f e -

ren-t e : “Colocá-los [os alunos] em contato com doutorandos, alunos e pesquisadores estrangeiros é mui-to importante. Amplia a visão do próprio curso que ele está fazendo, sabe? E estas habilidades são desenvolvidas em um tra-

balho coletivo. Cada um tem limites sobre seu conhecimento. A noção disto também é importante”. Kristen-sen observa que “as pessoas mais interes-santes na vida acadê-mica são as que traba-lham com pesquisa”.

A visão de Scro-ferneker reforça a ideia do diferencial qua-litativo do perfil de um futuro profissional, porque um aluno envolvido com a pesquisa “terá um diferencial qualitativo competitivo para uma seleção de mestrado”. Esta expe-riência de pesquisa, diz a professora, lhe as-segura esta capacidade de desenvolver [um raciocínio] melhor.

InIcIação cIentífIca

Como o Jardim das Hespérides• Programa de preâmbulo ao mundo do conhecimento, que possui Coordenadoria e

equipe própria, ganha progressivamente visibilidade no contexto acadêmico

FOTO: PEDRO SCOTT/FAMECOS/PUCRS

“A Iniciação Científica é a ‘sementinha’ que pode gerar não só futuros pesquisadores, mas, igualmente, profissionais diferenciados no mercado”

(Jorge Audy)

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19Julho 2014 /RPAtualidades

Do ponto de vista do mercado, ele possui, pela experiência metodológica, de discussões teórico-práticas e de um aporte de conhe-cimento, um maior potencial de atuação competitiva”.

Na opinião de Bonan, os alunos de Ini-ciação Científica são interessados e serão bem colocados profissionalmente. “O inte-resse dos estudantes em buscar uma experi-ência em atividade de pesquisa é crescente. E isto, sem dúvida, terá reflexo no enten-dimento do mercado”, observa a diretora. “O mercado de trabalho está começando a percebê-la como uma experiência diferen-ciada. Este entendimento de que contribui para a vida profissional é maior. Em algu-mas áreas isto é muito forte, em outras me-nos. Para quem tem a ideia de seguir uma carreira acadêmica, de pesquisador, seja como professor ou não, como em Institu-tos de Pesquisa e outros órgãos, a Iniciação Científica é um passo fundamental” , asse-gura Carla Bonan.

O pró-reitor defende que a Iniciação Científica trata da formação de excelência, trazendo a capacidade de pensar e gerar conhecimento no futuro profissional, “mais recentemente, passa a ser não só o início de uma carreira de pesquisa, mas, também passa a ser um – e eu, particularmente,

creio que seja o melhor – mecanismo de formação de profissionais que o mercado como um todo necessita hoje. Profissio-nais mais autônomos, com capacidade de aprender e de gerar conhecimento”.

O pensamento crítico e visão sensível sobre o mundo é presente em todas as fa-las dos professores pesquisadores. Como bolsista premiada e destaque do XIV Salão de Iniciação Científica, graduanda do curso de Publicidade e Propagan-da, Francielle Franco, re-lata que este diferencial do olhar e pensamento é crível: “Ter um olhar diferenciado, formular e perguntar, solucionar os problemas vendo-os de fora. Por exemplo, no mercado, se tens de resolver problemas de Comunicação em determinada empresa, já estás acostuma-do a resolver, a escrever, a ter este olhar diferente”. Diz, também, que a iniciação Científica “proporciona um espaço para que tu aprendas sobre o mundo, tudo que quiseres ler, conhecer. Claro, relevando a linha de pesquisa de cada projeto”. A bol-sista de pesquisa destaca o peso dos rela-cionamentos consequentes, da existência

de um networking (malha de trabalho) e de um ambiente profissional que interfere nos presentes, ali envolvidos. “As pessoas que vão até o Ubilab [o Laboratório de Pesquisa em Mobilidade e Convergência Midiática da PUCRS, vinculado à Programa de Pós--Graduação da Famecos, local de trabalho de Francielle Franco], sempre destacam a sensação de bem-estar. “É porque nós so-

nhamos muito. Nós idea-lizamos muito, pensamos no que é possível fazer. E dá para fazer”, interpreta Francielle.

Acredite: o que a Ini-ciação Científica pode trazer para você como aluno ou pesquisador é uma capacidade de lidar

mais com o humano, de compreender e de respeitar frente ao mundo do conhecimento e da diversidade, da crença na ciência e no que está adjacente a ela. Concorda-se com Franco, na ideia de “acreditar no inacredi-tável. Olhar para o que existe, apropriar-se dele e reformular conceitos e visões. E, a partir disto, quando fores um pesquisador brilhante, irás formular o inexistente” . Trata-se de ter fé.

Lucas Pimenta

“As pessoas mais interessantes na vida acadêmica são as que

trabalham com pesquisa”(Christian Kristensen)

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CASSIANA MARTINS/FAMECOS/PUCRS

BRUN

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BRUNO TODESCHINI/ASCOM /PUCRSARQUIVO PESSOAL

Da direita para a esquerda: Francielle Franco e Carla Bonan (acima), Cleusa Scro-ferneker e Christian Kristensen (abaixo). Em destaque, o pró-reitor Jorge Audy.

19Julho 2014 /RPAtualidades

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20 RPAtualidades/Julho 2014

IntercâmbIo

• Temporada no exterior instiga jovens a viveremnovas experiências longe de casa

Desafiar a si próprio, quebrar as barreiras do conforto e abrir os olhos para um novo mundo, ou-tros paradigmas. Contar somen-

te consigo para encarar cada amanhecer imerso em uma cultura absolutamente dife-rente, com novos hábitos e mais um idioma na bagagem. O que os estudantes têm em comum? A realização de um sonho: o de viver, por alguns meses, uma experiência fora do país.

Segundo o Brazilian Educational & Lan-guage Travel Association, cerca de 175 mil estudantes brasileiros – de nível médio e superior – viajaram, em 2012, para o ex-terior com o objetivo de fazer intercâmbio. Hoje em dia o acesso ao estudo no exterior está mais facilitado. Agências disponíveis no mercado planejam essa realização. As universidades contam com programas como Mobilidade Acadêmica e Ciência sem Fronteiras. E dentre inúmeras razões para tal iniciativa, encontra-se em primeiro lu-gar a busca pelo aprofundamento de um novo idioma e complemento para a forma-ção acadêmica.

“O que me fez optar por sair do país foi receber uma formação diferenciada, a fim de adquirir melhores possibilidades profis-sionais no futuro, destacar-me no merca-do”, cita por e-mail Klinsmann Langhanz, aluno da UFRGS, que está complementan-do o curso de Engenharia Civil em Dresden, na Alemanha. Com o tempo de permanên-cia estimado em 18 meses, o estudante co-menta os principais desafios encontrados no seu novo cotidiano:

– Adaptações significantes foram as do dia a dia: tarefas domésticas, ir ao super-mercado, limpeza, enfim, uma vida moran-do sozinho. A diferença mais significativa é o quanto reservadas são as pessoas. Divido um apartamento com mais quatro morado-res, mas eles estão sempre em seus quartos com portas fechadas.

O estudante de Engenharia de Contro-le e Automação da PUCRS, Andrei Seben Fontana, usufruiu da experiência para apri-

morar o idioma e, de quebra, conhecer um pouco mais sobre a cultura americana. “Es-colhi os EUA porque foi um país que sem-pre admirei. É um pais que está presente em nossa cultura, através dos filmes, livros, notícias etc. E isso sempre me fez ter uma atração por lá”, explica Andrei.

As razões para se abrir mão de uma ro-tina e viver um novo cotidiano, a adaptação ao ambiente e à cultura são um desafio per-manente. De acordo com o depoimento dos estudantes, é relevante destacar a unânime – e positiva – opinião sobre o transporte público estrangeiro e a satisfação com um dia a dia que funciona. No entanto, as dife-renças comportamentais implicam diferen-tes perspectivas, e até chocantes. “Quando o professor entrava na sala de aula, todos alunos deveriam estar em silêncio, levan-tar-se e permanecer em pé para saudá-lo, até o professor dar a liberação para sentar--se novamente,” comenta Allan Pin, que aos 17 anos cursou o ensino médio em uma es-cola na Itália. Outros comportamentos que geraram desconforto para os brasileiros foi a falta do “calor humano” e a dificuldade de

integração, pois, na opinião deles, a dife-rença, comparada à receptividade dos bra-sileiros, é significativa. De qualquer modo, a atitude ousada de viajar do estudante não foi afetada por tais vivências: “Adquiri co-nhecimentos e vivi experiências que não havia planejado, e sequer imaginado que seria possível crescer tanto como pessoa em tão pouco tempo”, comenta Allan.

Maria Augustina, estudante de Rela-ções Públicas da PUCRS, não teve dificul-dades na comunicação, o que é um ponto forte na diferença de culturas. “Os hábitos dos espanhóis eram um pouco diferentes, como os horários do comércio e de almoço, mas nada que não fosse de fácil adaptação. Acho que dentro da Europa os espanhóis e portugueses são os que mais se aproximam a nossa cultura”, observou a estudante que passou sete meses na Espanha.

Ater-se sem olhar para trás, deixando família e amigos para seguir sozinho em um país diferente é o que instiga e estimula esses estudantes a encararem a aventura de viver um período fora e a busca pela reali-zação pessoal. “Reviver essa experiência? Com certeza. É o que eu mais quero quan-do me formar no final deste ano,” planeja Maria Agustina. “Quando se vive uma expe-riência dessas em um lugar diferente, não tem como ter vontade de não voltar”, diz.

Bruna SiebertJéssica Dias Cardoso ∆ Klinsmann em visita ao centro de Dresden

∆ Andrei no parque Boston Common

“Escolhi os Estados Unidos porque é um país que sempre

admirei. Está presente em nossa cultura, através dos fil-

mes, livros, notícias.” (Andrei)

“O que me fez optar por sair do país foi receber uma forma-ção diferenciada para adquirir melhores possibilidades pro-fissionais no futuro, destacar--me no mercado” (Klinsmann)

Até logo, Brasil!

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

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21Julho 2014 /RPAtualidades

O OLHAR NO INFINITO• Observatório da PUCRS torna acessível a astronomia para amadores e leigos

Ao longo da história huma-na a observação dos fenômenos astronômicos teve papel funda-mental no desenvolvimento das civilizações. Com base nesse tipo de conhecimento, o homem pode desenvolver, por exemplo, os pri-meiros calendários e controlar, até mesmo, os períodos ideais para plantio e pesca. Hoje, a ob-servação do céu nos ajuda a cons-truir a base de novas teorias que contribuem para o entendimento dos fenômenos de grande magni-tude. Contudo, acompanhar visu-almente eventos celestes do tipo: passagem de cometas, aproxima-ções aparentes no céu, a dança dos planetas e, até mesmo, eclip-ses, remontam o passado do uni-verso, do planeta, e da própria vida humana.

Recentemente, o fenômeno da “lua sangrenta” foi largamente divulgado nas redes sociais e na grande mídia, chamando a aten-ção de curiosos pelas diversas teo-rias e interpretações místicas que envolvem esse tipo de aconteci-mento, mas também movimentou o mundo da ciência, bem como os diversos outros eventos que acon-

tecerão ao longo do ano.Uma ótima oportunidade para

quem deseja iniciar a observação do céu é visitar o observatório da PUCRS, que iniciou suas ativi-dades nos anos 70, graças a uma parceria firmada, na época, entre o governo do brasileiro e a Alema-nha. Nesse acordo, o Brasil cedeu café em troca de instrumentação para laboratórios de ensino e de tecnologia à diversas instituições. O telescópio principal do labora-tório de astronomia da PUCRS – um Maksutov de 150mm – ainda se encontra em operação no 6° andar do prédio 8 do campus cen-tral, oferecendo ótima qualidade de visualização, apesar da locali-zação em um movimentado cen-tro urbano.

Para o técnico do laboratório de astronomia da PUCRS, Marce-lo Bruckmann, o foco do observa-tório é possibilitar ao público um contato direto com o céu. Outro diferencial são as Oficinas de Fo-tografia da Lua. Segundo ele, a lo-calização dentro de um ambiente com grande poluição atmosférica e luminosa, dificulta a utilização do instrumento para embasar tra-

balhos científicos avançados, mas não compromete a inicialização e o treinamento para o reconhe-cimento de constelações, corpos celestes e outros fenômenos que não são facilmente percebidos e apreciados à olho nu.

A visitação ao local é aberta, de segunda a sexta-feira, tanto ao público acadêmico quanto ao pú-blico em geral, das 17h às 23h, no prédio 8 do Campus Central. Para grupos ou turmas de escolares são realizadas atividades diferen-ciadas. Segundo Marcelo, o único fator que pode impossibilitar as atividades no telescópio principal é o meteorológico, como noites nubladas, em que o excesso de nú-vens não permite a boa visualiza-ção do céu.

Luana GirardiHeleanderson dos Santos

ASTRONOMIA

Maiores informações pelo telefone (51) 3353-4436, após as 17h. As

demais atividades são divulgadas no site da Faculdade de Física da

PUCRS, no Twitter(@LabAstroPucRs) e Facebook

(facebook.com/AstronomiaNaPucrs).

21Julho 2014 /RPAtualidades

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22 RPAtualidades/Julho 2014

Com toques de erotismo e sensualidade e trabalhando os cinco sentidos do corpo humano, Valentina Bar 18+ tem sido o assunto do mo-mento desde de sua inau-guração em 2013, em Porto Alegre. A ideia do primeiro bar temático de erotismo do Brasil surgiu em uma viagem à Europa, após a visita dos sócios a um museu de sexo. O ambiente conta com uma decoração peculiar, sendo

destaque a personagem Valentina, do car-tunista Guido Crepax (famoso na década

de 70). A protagonista está constantemente presente em reproduções fotográfi-cas espalhadas no ambien-te. Entre as referências

estão o Red Light District, de Amsterdam, algemas, papéis de parede sugestivos, chi-cotes, luzes neon, além de uma sexshop à disposição dos clientes, provocando a ima-

ginação e os desejos mais íntimos.Os publicitários Maurício Alves e Ale-

xandre Godoy, o relações-públicas Guilher-me Alf e o administrador Bruno Bubadra buscam trazer uma cultura pornô, promo-vendo cursos sobre o tema, palestras, ex-posições fotográficas e uma cozinha gas-tronômica com ingredientes afrodisíacos, releituras de drinques tradicionais com to-ques e nomes picantes.

Segundo o sócio Maurício Alves, “a gen-te sabia o que não queria, até pelo tema se-xualidade, não queria ser estigmatizado”. Maurício explica que o negócio do Valenti-na não é ser visto como um bar que vende o sexo como mercadoria e sim um lugar

Tendência

Um bar pra quem gosta• Valentina, personagem erótica dos quadrinhos dos anos 70, ganha vida em bar

FOTO: PAULA FERREIRA

∆ Valentina chama atenção pela decoração insinuante regada por erotismo e bom gosto.

FOTO: NINA STOBER

FOTO: NINA STOBER

∆ A influência pin up também está presente. ∆ Sócio Maurício Alves

“A gente não queriaser estigmatizado”

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23Julho 2014 /RPAtualidades

MarketingDiferencial

O grande diferencial do mercado é a inovação. É fundamemntal compreender como a sociedade está mudando em ques-tão de valores, cultura e como a interação social, hoje, faz a diferença. O tema sexo está tornando-se trivial, podendo obter sucesso, principalmente nas grandes cida-des, onde há maior diversidade de públicos e menor índice de conservadorismo.

Cláudio Damacena, bacharel em Eco-nomia e especialista em marketing pela Unisinos, afirma que existe preconceito não só na cabeça das pessoas, mas no mer-cado, que reluta em utilizar apelos sexuais como ferramentas de marketing. As poucas empresas que trabalham com o tema não possuem uma estratégia de comunicação que supere os preconceitos. Damacena cita que “o grande diferencial é a ousadia de abordar um tema como este”, como, por exemplo, o conceito do Valentina Bar18+ que está ligado à inovação.

Ruth Ignácio, graduada em Ciências Sociais e doutora em Sociologia pela UFRGS, parte do conceito sociológico que a banalização do tema sofre influência do capitalismo pelo fato do sexo ser uma ideologia ligada à fantasia. “A metáfora de Adão e Eva criou o conceito moralista de que o sexo é impuro, pois foram expulsos do paraíso quando provaram do ‘fruto proibido’. Diante disso, associa-se o sexo ao pecado e, sendo assim, os profissionais que atuam neste ramo estão sujeitos a venderem algo que é proibido pelo falso moralismo e contexto histórico”, observa a socióloga.

A banalização do tema é perceptível na mídia, contextualizado de diferentes formas. Um exemplo é O Negócio, seriado da rede HBO que retrata a vida de três garotas de programa que pretendem revolucionar a profissão mais antiga do mundo e tornarem-se mulheres empreendedoras. Não interessa ao mundo capitalista a origem do dinheiro, contudo, não justifica-se uma profissão imoral, mesmo que seja lucrativa. A partir do conceito de que o marketing é essencial, em alguns casos, esse é o diferencial. Ignácio cita que se o marketing não for bem feito e focado no diferencial do lugar,

as pessoas enxergam o negócio como “sujo”. É essencial perceber as estratégias dos profissionais de comunicação para mostrar as diversas faces do negócio sem torná-lo vulgar.

Guilherme Alf, relações-públicas for-mado pela Pontifícia Universidade Cató-lica do Rio Grande do Sul, idealizador do “Todo Mundo precisa de um RP” e sócio do Bar Valentina Bar 18+, contou que a ideia do bar surgiu de uma viagem para a Cro-ácia e a Itália, quando um amigo sugeriu o tema sexo, o que acabou originando o pri-meiro bar temático de erotismo no Brasil.

O empreendimento localiza-se em um bairro tradicional de Porto Alegre, que possui uma área co-mercial e, em função disso, ocorreram bo-

atos de que seria uma casa de prostituição. Em virtude disso, Alf adotou como estraté-gia um documento explicativo que foi en-tregue em mãos a todo o comércio local. O bar inaugurou no fim de 2013 e, desde en-tão, foi alvo de críticas. Somente após uma reportagem divulgada na Zero Hora as pessoas começaram a entender e aceitar melhor o bar. Alf afirma que o diferencial é a forma como o conceito é comunicado. “O que o Valentina tem de diferente é o con-ceito: ver o sexo de uma maneira legal e sem censura, o que para alguns quer dizer uma coisa e para outros nem sempre é a mesma coisa. É algo pessoal, o sucesso do Bar Valentina é ter chegado nesse meio termo, em um ponto de equilíbrio e desper-tar na cabeça das pessoas algo aceitável”. comemora o RP.

O marketing é essencial e pode ser con-siderado o diferencial quando transforma um conceito em aceitável perante a socie-dade. Segundo Ruth Ignácio, as empresas do ramo vendem ideologias, pois o sexo é um produto consumido pela grande maio-ria e geralmente negado. “As marcas desse segmento apresentam ideologias que des-pertam o imaginário das pessoas. Ideias ligadas a este tema são ousadas e inova-doras e a sociedade moralista não vê com bons olhos, exceto quando o conceito é bem apresentado”, conclui a doutora em socio-logia e educação.

Juliana Dalla-Lana, Mairy Netae Mariani Santos

da coisaque instiga a sexualidade e trabalha com esse tema, buscando instaurar uma cultura erótica no ambiente.

O segredo do sucesso foi o sigilo sobre a ideia no início do projeto, o tema e o cui-dado com a inauguração. Trabalhando com assessoria de imprensa e Relações Públicas, eles divulgaram releases em meios impres-sos, rádio e blogs. No dia da estreia, foram convidados formadores de opinião. “Esse público chegando, entendendo a ideia do bar, eles seriam os grandes multiplicadores da ideia. Lá é um lugar que não é um ca-baré. Eles iriam conseguir espalhar a men-sagem”, imaginou Maurício Alves. “Por ser uma ideia inovadora e que vai além do bar, é uma ideia conceitual. A marca está sendo registrada. Até por ter sido lançado como o primeiro bar de sexo do Brasil, nós pre-tendemos nos lançar para o resto do país. Estamos vendo como implantar franquias. A marca Valentina vai ser fortalecida, como marca própria, com loja da Valentina, ven-dendo camisetas e canecas, porque a gente percebe uma necessidade do público”, con-cluiu entusiasmado o publicitário.

Caroline GonzálezNina Stober

Paula Ferreira

FOTO: NINA STOBER

∆ O portal da atmosfera Valentina.

que entende do negócio

OpiniãO

O marketing é essencial e pode ser considerado o diferencial

quando transforma um conceito em aceitável perante a sociedade.

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24 RPAtualidades/Julho 2014

No final de 2011, um dos bair-ros conhecidos como “berço

da boemia” portoalegren-se encontrava-se em crise. Moradores descontentes com a sujeira das ruas e com o barulho após o horá-rio permitido entravam em conflito com comerciantes e frequentadores do bairro em uma disputa que pare-cia não levar a lugar algum. Como resultado do cresci-mento dessas tensões, di-versos bares foram fecha-dos e consequentemente as ruas da antes efervescente Cidade Baixa se encontra-ram vazias. O que outrora fora referência social e cul-tural, freqüentado por gê-nios como Lupicínio Rodri-gues, começava a perder espaço para outras opções de entretenimento em novos locais espalhados pela cidade.

Como conciliar todos os públicos para uma convivência saudável? Como trazer de volta a essência de um dos mais populares pontos de encontro dos jovens de Porto Ale-gre? Como renovar a imagem do local e dei-xar suas ruas cheias outra vez? Com essas questões em mente, em uma tarde daquele mesmo ano, o publicitário Tiago Faccio, 34 anos, percebeu que era preciso deixar de lado as reclamações e tomar uma atitude para “salvar” a Cidade Baixa.

Depois de algumas conversas e com o apoio de comerciantes locais, surgia a “Ci-dade Baixa em alta”, uma associação que visava resgatar o espírito alegre e cultural do bairro. Em entrevista, Tiago conta que, de fato, quando a associação foi criada, não era esperada tamanha repercussão em tão pouco tempo. Morador do bairro desde a infância, ele acompanhou todas as trans-formações do lugar e a ascensão enquanto pólo cultural e de entretenimento da cida-de. Contudo, diante dos eventos ocorridos temeu que a Cidade Baixa seguisse os pas-sos de outro bairro que já foi referência cul-tural, o Bom Fim, que nos anos 70 e 80 era um dos centros de entretenimento da cida-de e, após o fechamento de estabelecimen-tos e queixas dos moradores, perdeu espaço e preferência de bares e casas noturnas.

“Para evitar o mesmo desfecho, a ideia inicial da associação era repovoar o bairro

e acabar com a falta de diálogo entre mora-dores e comerciantes, mas logo se percebeu que o projeto iria além”, revela o publici-trário. Com uma ajuda de custo dos novos associados, a primeira ação foi a divulgação e distribuição de um “Manual de boa convi-vência”, buscando fazer com que o projeto fosse um catalisador das relações entre os públicos, facilitando a comunicação de to-das as partes envolvidas.

“A ação ‘viralizou’ rapidamente e em apenas três horas teve em torno de quatro mil compartilhamentos nas redes sociais”, contabiliza Tiago. Desde então, cada nova ação veio com estrondoso sucesso, a asso-ciação, que começou com cinco comercian-tes, hoje tem 60, um patrocinador privado e o apoio do poder público representado pe-las secretarias da Saúde e da Cultura.

O “Cidade Baixa em alta” foi além e trou-xe de volta todo o viés cultural, característi-co do bairro com ações como o “Bueiro com Arte”, que convidou artistas a pintarem bueiros para deixar as ruas mais coloridas e criativas e ainda se engajou em questões sociais, com ajuda da FASC, promovendo atividades culturais e entretenimento para moradores de rua, como a mostra de curtas produzidos entre eles.

A consolidação do sucesso da associação aconteceu, sem dúvida, no carnaval de rua de Porto Alegre deste ano. A cidade sempre teve a tradição de colocar blocos na rua, mas não era oferecida infraestrutura ade-quada. Porém, no ano passado com apoio

da associação, cerca de 80 mil pessoas fo-ram às ruas durante a semana de carnaval e esse ano em um único dia, enquanto a or-ganização do evento esperava em torno de 20 mil pessoas, 45 mil marcaram presença na folia da Cidade Baixa.

Em eventos dessa proporção se torna difícil o controle do público, o que acarre-ta em dispersão e certo tumulto, por isso o poder público tem sido importante par-ceiro no auxílio. Entretanto, Tiago garante que o resultado foi extremamente positivo e ressalta que o “Beatles Day”, ocorrido em março, contou com praticamente o mesmo público do carnaval de rua e não registrou qualquer incidente ou tumulto. Os resul-tados são inegáveis e o êxito da associação pode ser visto por todos nos números e na aceitação do público a cada nova ação. A Ci-dade Baixa hoje está mais em alta do que nunca, graças à criatividade e ousadia de um grupo de pessoas que se dispôs a reno-var a imagem e o conceito do bairro.

As ruas cheias, as noites ébrias, a cultura e a boemia voltaram e ainda há muito mais a caminho. A associação promete diversos eventos ainda esse ano e busca parcerias para inovar e tornar a Cidade Baixa uma referência, assim como expandir as ações para outros bairros e regiões, tornando o projeto em um exemplo de transformação e reinvenção a ser seguido.

Giulia VargasFellipe VargasIsabela Vargas

Cultura & lazer

Cidade Baixa outra vez em alta• Como a associação comunitária renovou a imagem e encheu as ruas do bairro

FELLIPE VARGAS

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25Julho 2014 /RPAtualidades

Comunidade

A vida real na Vila Cruzeiro• Presidente da Associação de Moradores fala desua vida e a realidade da maior vila do estado

Pode-se dizer que Bia é uma relações-públicas por natureza. Academicamente, ainda é alu-na do curso de Serviço Social. A conheci em uma entrevista para voluntariar, em que apresentei uma oficina sobre comunicação e ética para os adolescentes as-sistidos na sede da Associação dos Moradores da Vila Cruzeiro do Sul (Amovics), com objetivo de fazer a diferença na comuni-dade e adicionar o voluntaria-do ao meu personal branding. Contei minha curta história de vida e ela fez o mesmo. Bia tem 52 incríveis anos que conver-gem com os da Vila Cruzeiro, pois ela foi morar na comuni-dade aos 6 meses de vida e sua avó paterna foi uma das primei-ras mulheres negras a ocupar o morro. Vale muito conferir o pefil dessa guerreira:

Vocação ecompromissos

Bia descobriu que tinha vocação para mudar histórias aos 22 anos. Organizar as ne-cessidades das organizações, representá-las em eventos e falar com públicos são dons naturais seus. Ela diz gostar de gente, de estar com as pessoas, principalmente as da família e comunidade. Hoje, além de presidente da Amovics, é edu-cadora social na Assmusol (As-sociação de Mulheres Solidárias da Vila Cruzeiro), organização encarregada cuidar da gravidez na adolescência, informação para controle da natalidade e das várias formas de violência

que as mulheres sofrem desde o nascimento. Também atua na Assessoria Parlamentar do deputado federal Marcon (PT). Históriapessoal

Beatris chegou à Vila Cru-zeiro junto aos pais, quando era um bebê. Eles decidiram morar próximos da avó pater-na, que os ajudaria muito. A garota cresceu vendo muitas casas sendo colocadas em cima de caminhões e levando famí-lias para a Restinga, Barro Ver-melho, Lomba do Pinheiro ou outro lugar qualquer. A avó foi uma das moradoras que resisti-ram e ficaram na comunidade, junto com a família: “Me criei aqui com mocinhos e bandidos, mas muito mais mocinhos. Aos 11 anos perdi meu pai. Aos 12, parei de estudar e fui trabalhar de doméstica. Era a mais velha de seis irmãos e aos 18 tive meu primeiro filho, aos 22 já tinha quatro. Foi aí que surtei e fiz sozinha meu projeto de vida!” Trajetóriaprofissional

Para complicar ainda mais a situação, Bia ainda teve ou-tra filha e aos 28 anos, no início dos anos 90, voltou a estudar e trabalhava em dois empregos. Separou-se do marido, mili-tou nos movimentos sociais e virou conselheira e presidente do CMAS-POA (Conselho Mu-nicipal de Assistência Social). Logo descobriu a vocação para Conselheira Tutelar e atuou por

três gestões como titular dos bairros Glória, Cruzeiro e Cris-tal. A presidência da Associação de Moradores da Vila Cruzeiro veio pela primeira vez no go-verno Fernando Henrique. Na-quele momento, a associação estava no Cadim, com dívidas. Foi aí que Beatris e seus parcei-ros juntaram toda a papelada solicitada e criaram o proje-to para o edital “comunidade solidária”, iniciativa daquele governo voltado aos adoles-centes. A partir daí, passaram a acumular mais conquistas. Como contribuirpara um mundo melhor

Minhas idas e vindas na Cru-zeiro começaram após o enca-minhamento para voluntariado na Parceiros Voluntários. Entrei como voluntário para auxiliar na comunicação da entidade e

a cada ida conhecia um pouco mais a situação do local. O mais impressionante é a existência de muitos gatos de luz entre as curtas passagens de acesso às casas e pessoas aparentemente sem ocupação formal a cada es-quina. São fatos que dificultam o trabalho da Associação com os adolescentes. Bia evidencia isso em poucas palavras: “Como todas as vilas, temos vários problemas com lixo, falta de luz, boca de lobo sujas, praças abandonadas, violência e mor-tes. Ainda hoje adolescentes e jovens estão morrendo, digo, se matando. Nós todos podemos contribuir para um mundo me-lhor. Hoje sou eu, meus filhos e meus amigos, amanhã serão os nossos aqui ou em outro lugar. Comigo já esteve muita gente boa.”

Mozard Tupinambá

Bia retornou à Amovics em 2006, quando a entidade atendia 40 crianças e adolescentes de portas fechadas. Após 8 anos de batalhas, a equipe formada por Bia já trabalha para atender a quase 100 jovens na comunidade. Todos trabalham auxiliando as crianças e suas famílias. A diretoria toda é voluntária, portan-to trabalham em outros empregos e há uma gestão compartilha-da na qual todos têm tarefas, reunião e serviços.

Curta a Amovics no Facebook: https://www.facebook.com/amo-vicspoa.

Vagas para voluntariado estão abertas.

A AMOVICS HOJE

FOTOS MOZARD TUPINAMBÁ

∆ Malvina Beatris Souza, a Bia, líder comunitária em vila de Porto Alegre

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26 RPAtualidades/Julho 2014

Artes PlásticAs

Esta é uma his-tória real. Nin-guém havia contado an-

tes. Nem mesmo eles. Trata-se da parceria incomum de trabalho e amizade incondicional entre uma fotógrafa e um artista plástico. A distância cronológica que os separa é de 34 anos, mas parece zero. Ela nasceu em 1957 e ele, em 1923. Ambos no mesmo mês. Outubro. E quase no mesmo dia. Ela no dia 24 e ele, no dia 26. Mas não existe ida-de. São além do tempo. Eles vivem e trabalham sem parar no plano da arte e da fotografia. Mas nunca combinaram. São apaixonados pelo que fazem. São quase 20 anos de convivência, iniciada em 1994. Nádia Raupp Meucci, bibliote-cária-documentalista, fotógrafa, editora independente, produtora cultural. Vitório Gheno, artista plástico, ilustrador, aquare-lista, publicitário, decorador de interiores e designer...

Desta parceria, já resultou a produ-ção do primeiro livro de arte publicado no Brasil sobre o artista – Gheno artista plástico – lançado no Margs em 2006, de autoria de Nádia. Atualmente, ela prepara o próximo: Vitório Gheno – obra comple-ta, que deverá ser lançado em 2015.

Em uma conversa informal no ateliê do artista, no Centro Histórico de Porto Ale-gre, tive a grata oportunidade de me apro-fundar nesta história, que me encanta des-de sempre e tenho a honra de escrevê-la com imenso carinho, pois sua essência, do princípio até os dias de hoje, é a arte. Uma relação que nasceu espontaneamente, com a mesma naturalidade de uma pintura, e os tornou simbióticos e inseparáveis.

Eles se conheceram no casamento de meus pais, em 1993. Ela é prima-irmã de

meu pai, Eduardo Floriani Raupp. E ele, amigo de minha mãe, Rosélia de Figueire-do Raupp. Ambos foram padrinhos. Visi-tavam muito a casa de meus pais e partir disto nasceu essa história.

Nádia começou a se interessar pelo trabalho de Vitório a partir de um quadro que temos na nossa sala de estar. Desde então, ela quis saber mais e mais. Porém, Vitório não tinha nenhum livro sobre sua obra, apenas poucos exemplares de sua brilhante trajetória, que iniciou muito cedo, aos 13 anos, na Editora e Livraria do Globo, ilustrando a notável Revista do Globo (1929-1967), em Porto Alegre.

O interesse comum pelo casario antigo e a preferência por detalhes – ele nas ar-tes plásticas e gráficas e ela na fotografia, fez com que se aproximassem muito e co-meçassem a passar mais tempo juntos e a frequentar todas as exposições de arte e de fotografia da cidade.

Vitória de Figueiredo Raupp

A arte uniu Vitório Ghenoe Nádia Raupp Meucci

∆ Rio Pardo na lente de Nádia Raupp Meucci

∆ Pintura de Vitório Gheno

REPRODUÇÕES

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27Julho 2014 /RPAtualidades

Nádia continuou fotografando seus deta-lhes de arquitetura antiga de cidades brasi-leiras e Vitório, pintando seus casarios, entre outros temas. Eles se encantaram, um com o trabalho do outro. E até hoje se encantam.

Certa vez, muitos anos atrás, Nádia depa-rou-se com as litografias antigas de várias ci-dades históricas brasileiras que Vitório criou nos anos 1980. Estavam abandonadas em uma mapoteca dentro de um galpão. Vitório a levou para ver. Ela comprou todas. Mais de uma centena. E começou a restaurá-las, pois também aprendera, na época da faculdade, a restaurar obras de arte em papel e livros.

E foi por causa destas litografias antigas, fungadas e deterioradas, com desenhos es-petaculares de cidades históricas brasileiras, como por exemplo, o Mercado Público de Manaus, prédio francês centenário todo em ferro forjado, que Nádia se apaixonou defini-tiva e irreversivelmente pela obra do artista.

Visionária, Nádia percebeu a oportunida-de de editar e publicar um livro, como sem-pre quis, e viu a oportunidade bater em sua porta: comprometeu-se então de pesquisar, garimpar, fotografar, registrar fotografica-mente tudo que encontrasse pela frente so-bre a trajetória artística de Vitório Gheno que, na época, já contava com 6 décadas de arte. O livro passou a ser o objetivo dos dois: ele o queria como um registro de sua obra e ela, para disseminar a informação artística adquirida, sua principal função como biblio-tecária-documentalista e produtora cultural.

Mas tudo isto não foi fácil, pois foi finan-ciado por eles, portanto, foram devagar. Ná-dia viajou muito. Ele foi junto. Buenos Aires, Montevidéo, Paris, Nova York, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Florianópolis, en-fim, escolhia as cidades onde sabia que en-contraria exemplares da obra de Gheno, para fotografar e publicar em seu livro de arte. E a cada viagem, mais obras eram encontradas, a cada encontro com colecionadores desco-briam outros nomes e a busca pelo nome do Vitório foi consolidando esta amizade e o projeto do livro. Em pouco tempo, Nádia de-parou-se com um imenso material artístico valiosíssimo, que a fotógrafa-documentalista soube organizar e valorizar como nunca nin-guém o tinha feito. ‘‘A quantidade de mate-rial que garimpamos foi tanta, que tínhamos o suficiente para a produção de mais de dois livros’’, disse ela. Após os dez primeiros anos de pesquisa, o primeiro livro foi publicado em 2006, com uma repercussão incrível, no Margs – Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, em Porto Alegre.

Essa história não acaba por aqui e o tem-po jamais vai apagar, pois nela o tempo não existe, é história baseada na arte, e a arte não tem fim, ela se transforma e evolui.

É pura contemplação.

CLAUDIO BERGMAN

WANDERLEI OLIVEIRA

ARQUIVO PESSOAL

Ao lado, Vitório e Ná-dia em exposição no Café do Porto.Acima e abaixo a au-tora da entrevista em dois momentos com o artista plástico, com 20 anos de diferença entre um e outro: em 1994 e 2014

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28 RPAtualidades/Julho 2014

Artes PlásticAs

Mulher batalhadora e de personali-dade forte, Nádia Raupp Meucci esco-lheu viver assim, livre, atrás do que ama. Tem sede de saber. Sua caminhada é a da arte e da verdade.

São 25 anos de fotografia, com pro-jetos autorais que podem ser visitados no site www.fotonadia.art.br. Entre eles o projeto Era Uma Vez Uma Cidade..., onde ela faz um registro documental de detalhes arquitetônicos antigos de ci-dades históricas gaúchas e brasileiras. Com este material, já foram feitas quase 30 exposições que se transformarão em livros de fotos, seu próximo projeto.

Vitório, por sua vez, inaugurou em 29 de abril uma exposição onde apre-senta sua mais recente e inédita série chamada Humaitá – iniciada em 2013 e apresentada pela primeira vez na última mostra – ao lado das séries anteriores Aldeias Urbanas (iniciada em 2001) e Fileiras (iniciada em 2009) que o artista continua desenvolvendo.

Foi durante o período em que foi colaborador na Arena do Grêmio, que seu olhar aguçado e artístico percebeu no bairro Humaitá a simplicidade do casario existente e, especialmente, a ri-queza pictórica dos materiais utilizados em sua construção, muitos deles garim-pados em lixões. E os alegres habitantes do bairro fazem dessas construções seus lares, onde com suas famílias têm seus momentos de lazer e alegria.

Nádia fotografou o Humaitá durante 2012 e 2013, nas idas e vindas que fazia com Vitório à Arena, emprestando ao artista a infraestrutura necessária para o trabalho dele no novo estádio tricolor. Enquanto aguardava, Nádia fotografava o bairro. Vitório utilizou, como referên-cia, as fotos de Nádia, para criar e desen-volver suas novas telas, pertencentes a esta recente série.

Vitório tem a graça no olhar, no sorri-so, nas suas pinturas e na sua vida: é um artista completo. Que carrega consigo uma trajetória magnífica, e assim segue pintando – gloriosamente – e encan-tando gerações.

Para ele, o meu profundo respeito e a minha admiração.

Vitória de Figueiredo Raupp

Arena do Grêmio e patrimônioshistóricos como fontes de inspiração

∆ Bairro Humaitá e Arena do Grêmio sob olhar de Vitório: acima e em outras duas pinturas abaixo

∆ Casarios antigos como paixão para Nádia

REPRODUÇÕES

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29Julho 2014 /RPAtualidades

Fotógrafo independente desde 1973 e reconhecido internacionalmente por seus trabalhos fotojornalísticos e comunitários, Sebastião Salgado traz a Porto Alegre no início deste ano sua nova exposição: Gêne-sis. Esse novo projeto retrata cinco biomas que demonstram povos isolados e paisagens fantás-ticas ainda intocadas pela atual contemporaneidade. “Gênesis representa uma convocação para uma luta”, afirma Salgado ao abordar a preservação ambiental e social em seu texto de apre-sentação da mostra.

A inauguração ocorreu no dia 13 de março, trazen-do Sebastião e Lélia Wanick Salgado, esposa e curadora do fotógrafo, para a exposi-ção e também para a Aula Magna na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ocorrida no dia seguinte à abertura da mostra. O fotógrafo mineiro descreveu, aos alunos, sua carreira pessoal e profissional, passando seus valores, cren-ças e, igualmente, seu amor pela fotografia e sua importância social. “[Salgado] Falou da formação dele na França, em economia, e nos deu a dica: se queremos saber foto-

grafar, devemos estudar história, geografia, economia, para entender o mundo”, disse a aluna de jornalismo Carolina Trindade, que compareceu à palestra do profissional. “A palestra foi genial, muito do que ele falou eu posso levar para várias áreas do jorna-

lismo, não só as que en-volvem fotografia. Tinha muitas expectativas e a palestra dele cobriu to-das”, completa.

A mostra fotográfica Gênesis foi inaugurada em Londres – de 2004 a 2012. Esteve no Brasil primeiro na cidade do Rio de Janeiro, percor-rendo outros estados e sendo finalizada em Belo Horizonte. O trabalho constitui uma jornada em busca do planeta que já existiu, as belezas ocultas e os povos que

vivem de maneira isolada da globalização. Após uma viagem de quase dez anos por di-versos lugares do mundo, o artista destaca a importância da preservação dessas regiões e das belezas nelas escondidas. A exposição é dividida em: Sul do Planeta, Santuários, Amazônia e Pantanal, África e Terras do Norte. Gênesis esteve em exposição no 7º

FestFoto – Festival Internacional de Foto-grafia de Porto Alegre – de 13 de março a 12 de maio, na Usina do Gasômetro (Avenida João Goulart 551).

Trajetória do fotógrafo

Ele produziu a primeira sessão de fotos com Lélia Wanick Salgado, sua esposa, e tornou-se independente em 1973. Seu pri-meiro livro, Outras Américas, sobre as co-munidades carentes da América Latina, foi publicado em 1986. Logo após, publicou Sahel: O Homem em Pânico, resultado de uma colaboração de 12 meses com a ONG Médicos sem Fronteiras, cobrindo a seca no Norte da África.

Entre 1986 e 1992, Sebastião Salgado documentou o trabalho manual em todo o mundo, publicado e exibido sob o nome Trabalhadores rurais, projeto que conso-lidou sua reputação como fotodocumenta-rista. De 1993 a 1999, interessou-se sobre o fenômeno global de desalojamento em massa de pessoas, que resultou em Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo, publica-dos em 2000 e reconhecidos internacional-mente.

Caroline GonzálezNina Stober

Paula Ferreira

A Gênesis, por Sebastião Salgado• Exposição retrata as cinco visões do fotógrafo sobre a diversidade do planeta

Obras do artista:Trabalhadores (1996) Terra (1997) Serra Pelada (1999) Outras Américas (1999) Retratos de Crianças do Êxo-do (2000)Êxodos (2000)O Fim do Pólio (2003) Um Incerto Estado de Graça (2004)O Berço da Desigualdade (2005) África (2007)Gênesis (2013)

∆ Texto de apresentação da curadora Lélia Wanick , na exposição montada na Usina do Gasômetro, espaço cultural de Porto Alegre

NINA STOBER

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30 RPAtualidades/Julho 2014

O circuito mundial de surfe está em um período de diversas e polêmicas mudanças, as quais visam reformular a identidade

do campeonato e nortear o esporte profis-sional a outros rumos. A popularização e o acréscimo de um viés mais glamouroso são alguns objetivos das medidas de Relações Públicas que o circuito está adotando.

Paul Speaker, um norte-americano com um vasto currículo no campo das mídias e eventos esportivos, foi anunciado o novo CEO (diretor-executivo) da ASP. Como um de seus principais objetivos, Speaker tem a missão de construir uma infraestrutura para o campeonato mundial profissional de surfe para reduzir os empecilhos que os apreciadores do esporte encontram, o que levaria o tour a outro patamar, muito mais abrangente em relação aos seus públicos.

Por uma casualidade do destino (ou não), a ASP firmou um parceria com a agên-cia de marketing esportivo ZoSea Media, dirigida pelo próprio Speaker e por Terry Hard, empresário do maior e mais icôni-co surfista da história, Kelly Slater. Paul Speaker trabalhou na NFL (liga de futebol americano), reconhecida por eventos colos-sais e um sucesso absoluto no que se refere à exposição e adesão de novos fãs, inclusive em países distantes, onde o futebol ame-ricano mal é praticado. Será que Speaker conseguirá levar o surfe a novas dimensões jamais imaginadas pelos reis polinésios, in-ventores da prática?

Algumas medidas básicas que norteiam o plano de comunicação da nova gestão da ASP já foram divulgadas: a parceria com al-gum patrocinador de peso com determina-da influência e credibilidade no mundo, ne-gociar os direitos de imagem com grupo que dê conta dessa responsabilidade, promover a venda de produtos oficiais, além de alguns merchandisings para dar visibilidade ao circuito. Já foram realizadas algumas par-cerias. O canal de televisão ESPN comprou a briga, devido a linha de conteúdo muito vinculada aos esportes radicais. O Youtube também fechou negócio e haverá uma rees-truturação do canal da ASP no site, em que serão exibidas mais de 3000 horas de pro-

gramação e alguns eventos em tempo real. Como recurso de entretenimento e comuni-cação, o Facebook também foi contratado e sua principal função será o engajamento de novos fãs e, consequentemente, conectá-los aos atletas de ponta.

Os atletas masculinos e femininos que compõe o circuito mundial de surfe, indis-cutivelmente, são personalidades e influen-ciam a nova geração como modelos a serem seguidos. É necessário saber explorar essa virtude e essa simpatia da população, de forma genérica, ao estilo de vida do surfis-ta. Por essas razões, devem ser ampliados os meios de comunicação em que esses esportistas profissionais contam histórias, relatam sua trajetória para que o povo se aproxime de seus ídolos e contemple suas conquistas.

Há divergências em relação a essa popu-

larizção do esporte e essa busca por novos praticantes e espectadores. Douglas Tei-xeira, um surfista amador que reside em Balneário Camboriú, está vinculado a uma visão mais tradicional e ligada à cultura histórica do surfe, que contém resquícios de egoísmo, pois ele acredita que com uma maior divulgação do campeonato mun-dial as praias ficarão lotadas, assim como o mar, o que resultará num caos. Rodrigo Steinhaus, surfista há dez anos em Floripa, enxerga essa transformação de maneira di-ferente. Ele acha positivo mais praticantes e expectadores envolvidos, pois o esporte cresce e, consequentemente, gera mais di-nheiro, o que resulta em mais oportunida-des para mais surfistas.

Paola StelmachPedro Maciel

EsportEs

Transformações e rumos do surfe profissional • Estratégias de Relações Públicas foram tomadaspela Associação de Surfistas Profissionais (ASP)para globalização e a popularização do esporte

∆ Pedro Maciel nas ondas da Costa Rica

WAGNER AMORIM

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31Julho 2014 /RPAtualidades

O tempo de graduação é o momen-to de descobrir nossas preferên-cias profissionais, o que mais gostamos de fazer e em qual área

atuar. É neste momento também que temos a oportunidade de participar de projetos que só são abertos para estudantes de en-sino superior. Um deles é o Rondon, que faz um trabalho com os universitários para envolvê-los por completo. Denis Dockhorn, coordenador da próxima Operação do pro-jeto este ano na PUCRS, responde algumas dúvidas sobre o Rondon.

O que é o Projeto Rondon? É um trabalho de extensão universitária

que visa proporcionar um curso intensivo de Brasil a estudantes de todos os cursos de graduação das instituições de ensino superior brasileiras, coordenado pelo Mi-nistério da Defesa. Iniciou em 1969, tendo sido encerrado em 1989. Uma nova fase começou em 2005 e segue até hoje. Os alunos são indicados para desenvolverem ações em municípios de baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), de acordo com editais do Ministério da Defesa, em períodos de férias escolares, como ativida-de de Extensão Universitária e oportunida-de de aproximação ensino-serviço, além de propiciar mobilidade e atividades comple-mentares.

Como é a divulgação do processo seletivo?

A seleção/capacitação dos alunos inicia em uma reunião para a qual são enviados convites por e-mail a todos os alunos de graduação da Universidade, além da divul-gação por cartazes nas Unidades Acadêmi-cas e faixas espalhadas pelo Campus Cen-tral.

Qual o intuito do projeto? As ações do projeto têm ênfase educati-

va, com o rondonista agindo como catalisa-dor para que ocorram os processos sociais e, na mesma medida, aprendendo como planejar e agir. Um exemplo bem prático seria a “resolução” de problemas de uma comunidade, na primeira fase, através da ação invasiva do rondonista, “atendendo” ou “palestrando”. Na fase atual, espera-se que a comunidade se dê conta de seus pro-blemas e busque soluções próprias.

Você acha que o projeto pode de-senvolver os participantes como me-lhores cidadãos?

Sim, voltamos percebendo o mundo a partir de olhares diferentes, projetando so-nhos sob a perspectiva de que se tornem

realidade, lidando melhor com o imprová-vel, combinando, modificando, associan-do, criando a partir do desconhecido. As maiores mudanças apresentadas pelos es-tudantes que participam das operações do Rondon dizem respeito à amizade entre os membros da equipe. Como eles retornam tendo passado por situações específicas, somente eles entendem os comentários e o significado dos gestos, das palavras e ex-pressões, o valor de cada uma das fotos, as recordações dos vários momentos em que conviveram. Essa amizade, como uma ir-mandade, perdura por um longo tempo. É de ressaltar também a amizade que se esta-belece com os antigos rondonistas que au-xiliaram na seleção/capacitação.

São feitas muitas parcerias com empresas públicas e privadas?

Não, para o futuro do Projeto, é necessá-rio que se tenha a garantia da continuidade: que ele se constitua em projeto de Estado e não apenas de Governo, para que possa contar com um orçamento adequado ao in-vestimento nas próximas operações.

Qual o tipo de envolvimento que os participantes passam a ter com o município escolhido?

É um período de aprendizagem sobre cultura, direitos humanos e justiça, educa-

ção, saúde, comunicação, meio ambiente, tecnologia, produção e trabalho. É a opor-tunidade de perceber o mundo a partir de diferentes perspectivas, projetar sonhos, lidar com o improvável, combinar, recom-binar, modificar, associar, criar algo novo a partir do desconhecido.

Como funciona o Processo Seleti-vo na PUCRS?

Na PUCRS, o processo seletivo do Pro-jeto Rondon ocorre durante determinado período de tempo. Os rondonistas traba-lham modulando os alunos participantes da seleção. Há a distribuição de tarefas, pesquisas, apresentações, debates e a opor-tunidade de pouco a pouco ir conhecendo os interesses, limites, qualidades e defeitos de cada pessoa. Para que assim haja a inte-ração dos alunos com os ideias do projeto. Após a seleção e a divulgação dos alunos selecionados, eles continuam em uma se-gunda etapa, onde há encontros mais fo-cados, conhecimento da cidade escolhida, e debates mais a fundo sobre o pessoal de cada um. Caso haja a desistência de algum aluno, existem os suplentes, que são os alu-nos no segundo bloco de escolhidos, para dar andamento no processo do projeto até que ocorra a viagem.

Jéssica BezzerraRafaela Lautenschlager

D+!Projeto Rondon,uma lição de vida• Programa é oferecido como extensão universitária

DIVULGAÇÃO

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32 RPAtualidades/Julho 2014

D+!

Com a explosão de marcas e a necessi-dade que os consumidores têm de experi-mentar e vivenciar sensações e conexões inovadoras, as empresas começaram a ado-tar o Branding Sensorial para se diferenciar das demais concorrentes. A ferramenta recorre aos cinco sentidos humanos (tato, paladar, olfato, audição e visão) para cha-mar a atenção dos clientes. “Quando um consumidor é ‘bombardeado’ com o mesmo tipo de marketing, nada se destaca para ele. Assim fica difícil de uma marca se ressal-tar num mesmo setor”, diz Rosane Palacci, professora da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS.

Através dessas estratégias sensoriais adotadas pela marca, é possível construir e consolidar uma identidade diante dos con-sumidores, diferenciando-se dos demais concorrentes, influenciando na decisão de compra, tendo o reconhecimento da marca e, o mais importante para as empresas, au-mentando as vendas. “O ‘Plimplim’ da Glo-bo é uma áudio marca”, exemplificou Rosa-ne. Outras empresas também utilizam essa ferramenta, como o Boticário, pelo olfato; Itaú, pela visão; Natura Cosméticos, pelo

olfato, paladar e audição; Diversas Conces-sionárias de Automóveis com o test-drive, pelo tato.

Este modelo de comunicação no Brasil ainda é novo e começou sendo implantando em lojas conceituadas no eixo entre Rio de Janeiro e São Paulo. Com o tempo notou--se que era vantajoso e todas as empresas começaram a adotar como uma estratégia base, mas a professora Rosane ressalta: “Não é qualquer estratégia que faça estimu-lação dos cinco sentidos que vamos chamar de Marketing Sensorial, e sim se esses cinco sentidos estiverem a favor da identidade da sua marca. É preciso ter um objetivo, um planejamento por trás dessa ação”.

Ainda segundo Rosane, o importante nessas ações é que a marca divulgue sua história e experiências, deixando algo que marque o consumidor. “A loja Farm é um caso de Branding Sensorial. Lá pode-se en-contrar Marketing Sensorial até nas roupas das atendentes, além da cliente poder esco-lher uma playlist enquanto está no prova-dor”, exemplifica a professora.

Ana Carolina ZottisIsadora Paranhos

Estratégia emocional• Ferramenta que recorre aos cinco sentidos é o novo modelo estratégico adotado pelas empresas

Marketing SenSorial HEIKE KNEBEL/FAMECOS/PUCRS

Durante a vida acadêmica e até mesmo após ela, o estudante de Relações Públicas já ouviu ou ainda irá ouvir que nós “só fa-zemos festinhas, ou servimos cafezinho”. Porém, todos devem saber que isso é um equívoco, a vida de um conhecedor da área vai muito além de uma simples organiza-ção informal. O trabalho de organização de eventos exige muito planejamento, estraté-gia e dedicação intensa.

Conversamos com Daniela Bruch, for-mada em Relações Públicas pela Unisinos, e participante do comitê de organização de eventos do Grêmio Náutico União de Por-to Alegre, um dos três maiores clubes do Brasil, e acompanhamos sua rotina dentro desta inten-sa carreira. A profissional afirma que estar inserida nesta área é uma “rotina sem rotina” i n e v i t á v e l . “O trabalho e o pessoal se confundem e ficam interli-gados, não se possui horários fixos, os finais de semana às vezes também são excluídos e costumam ser de dedicação ao trabalho”, conta. Segunda ela, a área re-quer que o profissional seja de máxima agi-lidade, pois nesse meio lida-se demasiado com o inesperado: “Imprevistos surgem a todo momento, e nós, como profissionais responsáveis, não podemos deixar de ma-neira alguma que isto atrapalhe na execu-ção do evento”.

Daniela vê em sua rotina tanto pontos positivos, como negativos. “Por um lado, é extremamente prazeroso não fazer a mes-ma coisa repetitivamente todos os dias, es-tar sempre no contato com pessoas diferen-tes, novos públicos e diferentes horários. Por outro, é bastante difícil manter uma agenda com diversos compromissos pro-fissionais e conciliar com sua vida pessoal, muitas vezes horários, datas importantes, acabam se chocando e não há solução”, en-fatiza a profissional do União.

Francielle CrescentiLuiza Onzi Cavagnoli

Rafaela Quevedo

Eventos: açõessem rotina

∆ Daniela Bruch, do União

∆ Rosane Palacci, professora da Famecos

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33Julho 2014 /RPAtualidades

D+!

A Copa do Mundo de Fute-bol 2014 trouxe para o país uma série de oportunidades, dentre elas foi criado o programa Brasil Voluntário do Governo Federal que deu a chance de que a po-pulação participasse de alguma maneira do mega evento. O pro-grama foi gerido pelo Ministério da Fazenda em parceria com os ministérios da Defesa, Turismo, Cultura, Ciência e Tecnologia,

Casa Civil, Relações Exteriores, Trabalho, Educação, Saúde, Justiça, Planejamento, Orça-mento e Gestão, além da Secre-taria de Aviação Civil.

O programa foi criado para atender tanto a Copa do Mundo 2014 como a Copa das Confe-derações da FIFA Brasil 2013. No ano passado, para a Copa das Confederações foram sele-cionados 7 mil voluntários para

atuação nas seis cidades-sede, e agora, para a Copa do Mundo 2014, as inscrições foram finali-zadas com mais de 46 mil can-didatos inscritos, que passaram por diversas etapas de capacita-ção e triagem para se habilitar a prestar serviço voluntário nas 12 cidades-sede.

Na capital gaúcha, foram selecionados 859 voluntários, os quais atuaram em 15 pon-tos da cidade de Porto Alegre, como entorno do estádio Beira--Rio, Aeroporto Salgado Filho, Rodoviária, parques, eventos de exibição pública, áreas de fluxo, entorno dos estádios e centros abertos de mídia, pra-ças e shoppings da cidade para então dar suporte ao público--alvo de atendimento: torcedo-res, imprensa não credenciada, turistas e população em geral. Os voluntários deveriam ter a disponibilidade para trabalhar pelo menos sete dias, seguidos ou intercalados, em turnos de quatro horas. Todos receberam uniforme com casaco, camisa, calça, boné e sacola, bilhete único, refeição, seguro de aci-dentes pessoais e kit alimenta-ção. Os treinamentos foram re-alizados aos sábados e tiveram duração de aproximadamente um mês.Francielle Crescenti, Luiza Onzi

Cavagnoli e Rafaela Quevedo

Como foi o dia a dia de um voluntário desde o iní-cio da capacitação:

Após o encerramento das inscrições no dia 16 de março, os voluntários tiveram até o dia 18 de abril para concluir todos os módulos on-line que foram solicitados, sempre sobre acom-panhamento de um tutor para qualquer problema ou dúvida.

Em 26 de abril, começaram os encontros todos os sábados

para que os mesmos módulos fossem melhor aprofundados e alguns até melhores praticados.

Palestra sobre Turismo: Foram analisados todos os lo-cais que a cidade tem para ofe-recer aos estrangeiros que aqui estivessem na época do evento. Os voluntários tomaram conhe-cimento sobre o Linha Turismo POA, as diversas praças e locais de lazer, e a cultura gaúcha.

Atividade de Primeiros Socorros e Segurança: Res-

ponsáveis pelo Corpo de Bom-beiros de Porto Alegre e Brasília dividiram a manhã entre pales-tras sobre primeiros socorros e combate a incêndios, averi-guando as principais manobras para solução imediata de possí-vel grave problema.

Palestra de Mobilidade: Agentes de EPTC passaram para os voluntários informações de modificações que iriam ocorrer no trânsito de Porto Alegre na época do evento, como itinerá-

rios de ônibus que foram modi-ficados, grandes vias que foram bloqueadas e informações sobre as credenciais para poder tran-sitar em torno do estádio Beira--Rio.

Atividade de Integração: Visou facilitar a integração en-tre os voluntários por meio de situações formais de improviso. A capacitação foi voltada para a educação física, teatro e dança e contou com a presença de par-ticipantes das diferentes idades.

O treinamento foi dividido em duas etapas, a on-line e a presencial.

A etapa on-line foi feita por um portal onde cada candidato possuía o seu espaço para reali-zação de atividades de integra-ção, fóruns de discussão e víde-os de aprendizagem, tudo isso oferecido pela Universidade de Brasília.

Na etapa presencial, os vo-luntários necessitaram com-parecer em locais específicos durante quatro finais de sema-na para receber informações via palestras sobre os mesmos assuntos que já foram encami-nhados (turismo, segurança, primeiro socorros, mobilidade e integração), porém, de modo mais completo e aprofundado.

As palestras da etapa pre-sencial foram concluídas após um mês e, a partir daí, os vo-luntários foram divididos pela sua área de atuação e encami-nhados para receber o público de maneira correta durante o evento.

Etapas do treinamento

A rotina dos participantes

Brasil Voluntário

∆ Palestra de mobilidade ∆ Atividade liderada pelo Corpo de Bombeiros

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34 RPAtualidades/Julho 2014

D+!O poder do trabalho emequipe na comunicação• Espaço Experiência, um exemplo de ação integrada na faculdade

Nos últimos anos, as três prin-cipais áreas da comunicação, Jornalismo, Publicidade/Propa-ganda e Relações Públicas, vêm

atuando no mercado de trabalho cada vez mais integradas. A ação conjunta possibili-ta o fortalecimento do ambiente em que es-tiver inserida e, consequentemente, facilita alcançar a meta-alvo.

Um exemplo disso é trabalhado no Espaço Experiência na Faculdade de Co-municação Social da PUCRS. Criado pela ex-diretora da Famecos, Mágda Cunha e pelo professor Fábian Chelkanoff, o núcleo completa em 2014 cinco anos de atuação, desenvolvendo a ideia de unificar todos os laboratórios da área de comunicação, sem nenhum trabalho independente, mas sim de uma forma coletiva e colaborativa. Com tarefas em equipe, cada área pode colocar

todas as suas competências técnicas, pen-sando em um resultado final muito mais amplo, com mais criatividade, descentra-lização de poder e até novas soluções para velhos problemas.

A complexidade da comunicação exige, para que ocorram estratégias eficientes, a integração. O conjunto deve ser composto por pequenos subconjuntos para que a ges-tão de comunicação de um empresa seja re-alizada de maneira eficaz.

Segundo a coordenadora do Espaço Experiência, professora Denise Avancini Alves, o trabalho é realizado em grandes equipes, mas também micro grupos, isso tudo dependendo do cliente e da campanha solicitada. “Hoje mesmo tivemos aprovação interna de um trabalho realizado por uma dupla. Então é um minigrupo que precisou conversar, estabelecer uma sintonia. Eles

trabalharam na execução daquela ativida-de, mas certamente foram pautados por um terceiro e o projeto final será apresentado por outro, então é um trabalho que, mesmo que na sua execução tenha sido realizado só por aquela dupla, de alguma maneira teve um fluxo de envolvimento e isso perpassou para outras pessoas”, exemplifica Denise.

Atividades em equipe, normalmente, envolvem dificuldades pelas diferenças pessoais, interesses individuais e espaço fí-sico, além de não necessariamente escolher ou conhecer as pessoas com as quais se vai trabalhar. “Então precisamos saber e im-por os nossos limites, mas principalmente trabalhar isso em um âmbito de respeito. A partir do momento que eu respeito o olhar, a fala ou a experiência de um terceiro, real-mente temos uma ação em equipe”, acres-centa a coordenadora.

FOTO: RAÍSSA GRANDINI FAMECOS/ PUCRS

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35Julho 2014 /RPAtualidades

D+!Denise também relata que uma possível

dificuldade é o gerenciamento de informa-ções, a falta de espaço físico e a distância de núcleos e cargos que possa existir numa empresa. “Hoje eu diria que devemos saber lidar e integrar, sem necessariamente en-xergar o outro, pois estamos em um mundo conectado, totalmente integrado. Quando há dentro do núcleo multiplicidades de in-formações ou de ideias, é importante fazer com que as pessoas, na condução da dis-cussão, entendam qual é a melhor solução. Não significa que as outras propostas sejam ruins, mas que talvez naquele contexto, para aquele cliente e no tempo que temos, a ideia terá que ser deixada na gaveta.”

A atuação em grupo necessita, de uma forma geral, de empatia, ou seja, aceitar e ouvir as sugestões transmitidas pelos co-legas. “Acima de tudo buscamos fazer com que aqueles erros, aqueles ruídos que even-tualmente tivemos ao longo do processo se-jam informações e nós consigamos apren-der com elas, observá-las de uma forma que não fique simplesmente uma informa-ção vazia que não deu certo”, conclui coor-denadora do Espaço Experiência.

Mariana Cidade LewisRaíssa Grandini Silva

Coordenadora:Profª. Denise Avancini Alves

Vice-coordenadora:Profª. Márcia Rofa Christo-foli

Núcleos: Assessoria e Comunicação DigitalAtendimento ÁudioAudiovisual Comunicação e Memória InstitucionalCriação Design EditorialEventos e Relacionamento FotografiaPlanejamentoTendências e Pesquisa

Contato:[email protected]

Saiba maisFOTO: CASSIANA MARTINS/ FAMECOS/ PUCRS

∆ Coordenadora do Expaço Experiência, Denise Avancini Alves

FOTO: MARIANA CIDADE LEWIS FAMECOS/ PUCRS

∆ Equipe Espaço Experiência 2014

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36 RPAtualidades/Julho 2014

Respeitável Público!

Ponto Final

• Cirque du Soleil, um novo conceito de espetáculo

Em 1984, 73 pessoas trabalhavam para o Cirque du Soleil.Hoje, a empresa tem 5.000 funcionários em todo o mundo, incluindo mais de 1.300 artistas, de 50 nacionalidades e que falam 25 idiomas diferentes.Mais de 100 milhões de espectadores viram um Cirque du Soleil show desde 1984.

A grandiosa organização e trajetória do Cirque de Soleil:

Porto Alegre mais uma vez fez parte da rota privilegiada pela magia e encantos do circo mais surpreen-dente da atualidade. No primeiro

semestre de 2014, o Cirque du Soleil trou-xe à cidade um mundo de fantasias, explo-rando a beleza de um local desconhecido entre o céu e a terra, a vida e a morte. O espetáculo envolveu os espectadores nas melhores memórias do simpático palhaço Mauro, que faz de sua despedida terrestre uma grande celebração. O show cativou o público com sua história e assim como ou-tros espetáculos seguiu com sua rotina iti-nerante, deixando um “gostinho de quero mais”.

A reputação do Cirque du Soleil vem de um trabalho iniciado com um pequeno grupo de artistas de rua que possuíam um sonho delirante: viajar pelo mundo. Em 1984, o sonho começa criar perspectiva de realidade, após uma apresentação em co-memoração ao 450º aniversário da cidade de Quebec, no Canadá. Todo esse trabalho se fortificou com uma construção de ima-gem para um novo parâmetro de circo.

Nos bastidores de todos os espetácu-los criados e apresentados pelo Cirque du Soleil, há uma organização que mudou os padrões do seu segmento tornando-se re-ferência de inovação e modernidade, man-tendo a tradição circense. Toda a equipe possui recursos específicos para desenvol-ver suas atividades ao máximo e com exce-lência.

O Cirque conta com mais de cinco mil funcionários em mais de 40 países. Procu-rando investir em um público diferenciado, busca atingir seus espectadores através de emoções, despertadas de diferentes manei-ras e provocando diversas reações. Enquan-

to os demais focam em crianças e jovens, o Cirque du Soleil tem como principal público os adultos, tendo a missão de despertar o encantamen-to da infância. Um circo remodelado, buscando aproximar o público de suas atrações e tornando--o parte do show.

Uma imagem circense encantadora e glamourosa, construída diferentemente daquela tradicional com um cenário amador. Para que a reputação do circo se mantenha nesse patamar, fornecendo ao seletivo público uma experiência única, estratégias são traçadas a todo instante, tanto para o espetácu-lo, quanto para a organização e a comu-nidade. O desafio de adaptação às diferentes localidades em curto espaço de tempo é um exem-plo de preparo e carrega consigo um aprimorado plano de comunicação.

Esse novo conceito em circo possui um case que diz respeito à sua comunicação e repu-tação. O Cirque Du So-leil conta hoje com uma popularidade construí-da através de estratégias comunicacionais, o que é diretamente ligado ao profis-sional de Relações Públicas.

RICHARD TERMINECarolina Ullian

Verônica Lavandoski