Revista do Feira

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58º Feira do Livro de Porto Alegre

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Abra espaçopara a leitura

Em 1955, 14 barracas levaram o livro para a Praça da Alfândega. Começava ali a grande cruzada pela leitura, com exemplares democraticamente expostos no coração da Capital em um evento que, a cada ano, pertence mais a todos nós, porto-alegrenses ou não.

De lá para cá, não só o número de expositores cresceu, como também o compro-misso da Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL) em popula-rizar o acesso às obras, despertar o prazer de ler e apoiar o mercado editorial e livreiro. Anualmente, a oferta de títulos a preços promocionais se diversifica, novos autores e produ-ções são lançados em sessões de autógrafos, e escritores e leitores se aproximam.

Da mesma forma, a Feira recebe a produção cultural da cidade através de tradicionais parcerias em uma programa-ção que se qualifica, congregando centenas de atividades gratuitas voltadas para públicos de todas as faixas etárias. O debate toma conta das salas dos prédios históricos do entorno da Praça, as oficinas discutem o fazer literário, e as atividades artísticas lançam novos olhares e sensações a respeito do tema.

Na Área Infantil e Juvenil, no Cais do Porto, crianças e ado-lescentes têm a oportunidade de conhecer de perto autores em encontros abertos. Em programações exclusivas para a comunidade escolar, que são o ponto de culminância das ações desenvolvidas ao longo do ano por meio dos progra-mas de incentivo à leitura da CRL e de seus parceiros, e nas atividades voltadas para educadores e outros mediadores, a troca de experiências é uma atração à parte.

A 58ª Feira do Livro tem como mote abrir espaço para o livro, a leitura e literatura. Mais do que um chamamento para participar deste que é o maior evento do gênero a céu aberto das Américas, é um convite para que os gaúchos destinem cada vez mais tempo no dia a dia para as descobertas, as emoções, as possibilidades que giram em torno do universo da palavra escrita.

A Câmara Rio-Grandense do Livro acredita no poder da transformação social e, com o evento, a cada edição, busca abrir mais espaço para aqueles que lutam por uma cidade, um estado e um país mais leitor. Abra você também esse espaço na sua vida e boa leitura!

editorial

Osvaldo SantucciPresidente da CRL

expedienteCâmara Rio-Grandense do LivroPraça Osvaldo Cruz, 15 Conj. 1708 / 1709 - CEP 90030-160Centro HistóricoPorto Alegre, RS – BrasilFone/FAX (51) [email protected] / www.camaradolivro.com.br

Diretoria - Gestão 2012/2013Presidente: Osvaldo Santucci JuniorVice-Presidente: Isatir Antonio Bottin FilhoSecretária: Jurema AndreollaTesoureiro: Marisa Maria Caumo BofRepresentante dos Creditistas: Mariana Silveira PatrícioRepresentante dos Distribuidores: Leonardo Molinari da SilveiraRepresentante dos Editores: Marco Antonio Cena LopesRepresentante dos Livreiros: Gilmar Cassol

Conselho Fiscal:TitularesVitor Mário Zandomeneghi Maria Helena Bueno GargioniTélcio Brezolin

SuplentesAntônio Carlos da Silva BarretoMárcia Martins AlmansaValdir Dantas de Araújo

58ª Feira do Livro de Porto AlegreComissão OrganizadoraPresidente: Osvaldo Santucci JuniorCoordenadoresGeral: Osvaldo Santucci JuniorComunicação: Leonardo Molinari da Silveira e Marco Antonio Cena LopesCultural: Jurema AndreollaFinanceiro: Marisa Maria Caumo BofLogística: Isatir Antonio Bottin FilhoRelacionamento com Associados: Antônio Carlos da Silva Barreto e Maria Helena Bueno GargioniXerife: Júlio La Porta

Comissão ExecutivaEngenheiro Responsável: Eduardo Milano Bergallo - CREA 65276Operacional: Gisele LonghiÁrea Infantil e Juvenil e Área Internacional: Sônia Maria ZanchettaProgramação para Adultos: Jussara Haubert Rodrigues

ProduçãoAdministração: Gérson Silva de SouzaApresentadora do Teatro Sancho Pança: Adriane Azevedo Apresentações Artísticas e Oficinas para Adultos: Luciana LeãoAutógrafos: Gérson Silva de Souza e Karen BastosCentrais de Informações: Elaine Maritza da SilveiraEncontros com o Livro: Sandra La PortaFinanceiro: Grasiela LopesLogística e Transporte Escolar: Alex Silva Programação Artística do Cais do Porto: Roze PazProgramação Público Adulto: Leonardo ScottReceptivo: Ilson FonsecaRelações Públicas: Jane RamosSala dos Autores: Rafael Rocha Cardozo

Assistentes de ProduçãoAdministração: Andressa Sauer e Rafael DeckertÁrea Infantil e Juvenil: Carlos Pinho (Sala dos Autores), Bárbara Camargo (Teatro Sancho Pança), Bruno Sánchez Zanchetta (Agendamento Escolar), Maria da Graça Artioli (Biblioteca Moacyr Scliar), Isabel Sant’Anna de Oliveira (Estação de Acessibilidade), Juliano Canal (QG dos Pitocos), Ana Paula Cecato e Sílvio Wolff (programas e projetos de leitura e ciclo A Hora do Educador), Evandro Jacques Rodrigues (montagem das salas) e Valdeci C. de Souza (Traçando Histórias).Centrais de Informações: Licier Moraes da SilvaProgramação Público Adulto: Cristiane Feijó, Jussara Carvalho e Simone PerlaReceptivo: Diego Vieira LopesVoz do Poste: Cléa Motti

Agência de Propaganda: DCS

Assessoria de Comunicação:Signi Estratégias para Sustentabilidade (publicações e conteúdo)Acesso Projetos Integrados de Comunicação (assessoria de imprensa)Aldeia Explore & Discover (site e redes sociais)Agita Design (design editorial)

Fotógrafo: Luis Ventura Fotografia

Projeto Arquitetônico e de Comunicação Visual: Troyano Arquitetura

Área de Alimentação: André Kovalski

Cobertura: Eventec

Montadoras oficiais: RDB Stands e Tedesco Locações

Instalações Elétricas: AB Elétrica

Hotel Oficial: Master Hotéis

Transportadora Oficial: Águia Dourada Transportes

Estacionamento: Garagem Andrade Neves

Realização: Câmara Rio-Grandense do Livro

REVISTA DA FEIRACoordenação: Cristiane Ostermann (jornalista responsável: MTb 8256 - Signi), Carol Lopes (Signi) e Carla de Andrade (Acesso Comunicação)Signi Estratégias para Sustentabilidade - Rua Saldanha Marinho, 58 - Fone: 51. [email protected]ção: Carol LopesTextos: Carol Lopes, Gabriel Dutra, Joanna Ferraz, Juliana Campani e Luísa KieferProjeto gráfico: Agita DesignEdição de arte: Tavane Machado e Gilson RachinhasFotografias: Banco de imagens CRL, Luis Ventura, Leonid Streliaev, Elvira T. Fortuna, Cristiano Sant´Anna, Rômulo Valente, Divulgação/ Tabajara Ruas, Roberto Laguna, Bruno Gularte Barreto, Ivo Gonçalves/PMPA e Luciano Lanes/PMPA. Capa: foto de Luis Ventura com arte de Gilson Rachinhas.Ilustração: Marcelo GermanoRevisão: Press RevisãoImpressão: Gráfica Editora Pallotti

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06 SERVIÇOCONHEÇA A FEIRAESTANDES ÁR

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HORÁRIOS

16 DIVERSIDADE

BIBLIODIVERSIDADEARTE

TRIB

OS ENCONTROS

12 PATRONOTRAJETÓRIA

IDEI

ASESCRITOR

HOMENAGEM

20 INTEGRAÇÃOCENTRO HISTÓRICO

ESPAÇOSPATRIMÔNIO

28 LEITURALEITORESPESQUISA

INCE

NTI

VO

PROGRAMASESCRITORES

32 IMAGEMLIVROROTEIRO AÇ

ÃO

CINEMALITERATURA

A CIDADE COMO CENÁRIO NAS OBRAS

QUINTANASC

LIAR

MACHADOGUIMARÃES

GALERACORONEL

VERISSIMO

PORTO ALEGRE NOS LIVROS

24 TURISMOCATAMARÃATRAÇÕES

MUS

EUS

MERCADO PÚBLICO

08 HISTÓRICOO INÍCIOXERIFE

TRADIÇÃO

O CA

IS

AUTÓGRAFOS

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Onde tem aço Gerdau, tem a realização de um sonho.

www.gerdau.com

A Gerdau vibra junto com os brasileiros quando entrega uma nova obra. Participar da construção de estádios de futebol, fornecendo desde vergalhões até telas para concreto, é capacitar o país para sediar grandes eventos e conquistar o sonho de novas vitór ias.

Todo mundo tem um sonho. O da Gerdau é tornar o seu possível.

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serviço

Informações e SegurançaOs postos de informações estão

localizados no centro da Praça da Al-fândega, na Área Infantil e Juvenil e no Memorial do Rio Grande do Sul.

A segurança da Feira é garantida por vigilantes privados e por um destaca-mento especial do 9º BPM da Brigada Militar. Qualquer ocorrência pode ser comunicada aos policiais que circu-lam por seu recinto ou ao efetivo de plantão no posto da Brigada, instalado próximo ao Banrisul. Dicas de seguran-ça para quem frequenta a Feira:

• Tome cuidado com bolsas, celulares e outros pertences, especialmente quando estiver com a atenção voltada à escolha de livros.

• Evite ostentar joias.• Ao estacionar seu veículo,

certifique-se de que está bem fechado e não deixe objetos à vista dentro dele.

Feira virtual O site (www.feiradolivro-poa.com.br)

traz informações atualizadas em tempo real sobre a programação, as sessões de autógrafos, as notícias e as fotogra-fias do evento. A Feira também está presente nas redes sociais: facebook/feiradolivro-poa e @feiradolivro-poa.

Grife da FeiraAlém de curtir os 17 dias de even-

to, os visitantes podem levar a Feira para casa. Criada em 2005, a grife da Feira conta com produtos exclusivos como camisetas, canecas ecológicas, mochilas, guarda-chuvas e capas de chuva com o logotipo do evento. Os produtos podem ser adquiridos na loja de Lembranças da Feira, ao lado da Praça de Autógrafos.

Período e horáriosA 58ª Feira do Livro de Porto Alegre

acontece de 26 de outubro a 11 de no-vembro de 2012 com entrada franca. As Áreas Geral e Internacional têm visitação das 12h30min às 21h. Já a Área Infantil e Juvenil, com o objetivo de atender às turmas escolares do turno da manhã, funciona das 9h30min às 20h.

ÁreaSem contar os espaços do Memo-

rial do Rio Grande do Sul (Rua Sete de Setembro, 1020), do Santander Cultural (Rua Sete de Setembro, 1028) e da Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos An-dradas, 736), onde ocorrem atividades da programação para adultos, a Feira ocupa 19 mil m², dos quais 11,5 mil m² estão cobertos – 8 mil m² têm cobertura de lona, enquanto os 3,5 mil m² restantes se referem às áreas cobertas dos armazéns e do pórtico central do Cais do Porto. As Áreas Geral e Internacional estão loca-lizadas na Praça da Alfândega e no eixo da Avenida Sepúlveda, e a Área Infantil e Juvenil, no Cais do Porto, onde ocupa os armazéns A (incluindo anexo) e B, além do pórtico central e da faixa compreendi-da entre esses espaços e o Guaíba.

ToaletesEstão instalados, em diferentes pontos,

na Praça da Alfândega, na Avenida Se-púlveda e no Cais do Porto, 20 banheiros químicos, incluindo-se alguns adaptados para cadeirantes. A utilização é gratuita.

AlimentaçãoHá uma praça de alimentação, com

várias opções para os frequentadores da Feira, na Avenida Sepúlveda, entre a Secretaria da Fazenda e a Alfândega, e um café localizado entre o Memorial do RS e o Santander Cultural.

Voz do PosteA programação do evento é divulgada

pela Voz do Poste, um sistema de alto-falantes instalado na Praça da Alfândega.

Ônibus escolaresExiste um ponto de embarque e desem-

barque junto ao portão central do Cais do Porto, onde os ônibus escolares podem estacionar no máximo por 10 minutos.

Tecnologia na Praça Mais uma vez, o visitante pode acessar

a programação da Feira e a localização de livros, bancas e editoras por meio de três terminais de autoatendimento instalados pela Procempa em pontos estratégicos: na frente do Santander Cultural, na Rua da Praia (em frente à Caixa Econômica Federal) e na Rua Sete de Setembro (ao lado do Banrisul). Os visitantes podem se conectar à Internet de alta velocida-de através da rede sem fio (wireless) em toda a Praça e no Cais do Porto. A tecnologia wireless também está dispo-nível gratuitamente para os livreiros e no Gurizada.com, cyberespaço infantojuvenil situado no Cais do Porto, com dez com-putadores. No Cais, ainda é disponibiliza-do o Espaço Braille, com computadores e impressora adaptados para deficientes visuais. A Procempa instalou também câ-meras de videomonitoramento na Praça, conectadas com a Guarda Municipal e a Brigada Militar, para a segurança, e para o acesso do público em geral por meio do seu site e do site da Feira.

AutógrafosAs sessões de autógrafos são realizadas

na Praça de Autógrafos, no centro da Praça da Alfândega, com exceção das coletivas com mais de quatro autores, que ocorrem no térreo do Memorial do RS, e das sessões de livros infantis e juvenis, as quais aconte-cem no Deck dos Autógrafos e, ainda, das promovidas por escolas, que ocorrem no Território das Escolas (Cais do Porto).

AdministraçãoA área administrativa da Feira funciona no

térreo do Memorial do Rio Grande do Sul.

A cidade dos livrosAnualmente, a Feira do Livro cria uma infraestrutura completa na Praça da Alfândega e no Cais do Porto para receber milhares de visitantes. Confira:

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“Em 1955, Porto Alegre era uma ´pequena-grande cidade´”. É com estas palavras que o jornalista e historiador Walter Galvani, patro-no da 49ª Feira do Livro, define o cenário há quase seis décadas:

“A gente dizia, com evidente exagero, que todos se conheciam. Mas, na área cultural, era isso mesmo”, completa. Porto Alegre tinha, então, um ter-ço da população atual, e o Centro era um dos lugares mais movimentados e prestigiados da cidade. Foi nesse contexto que a capital gaúcha viu surgir a 1ª Feira do Livro, que viria a se tornar o maior evento do gênero a céu aberto nas Américas, e um dos mais antigos do Brasil.

Tudo começou com uma visita do jornalista Say Marques, então diretor-secretário do jornal Diário de Notícias, a uma feira na Cinelândia, no Rio de Janeiro. Voltou a Porto Alegre com a ideia de montar um evento nos mesmos moldes, com o propósito de popularizar o livro. A proposta de Marques agradou um grupo de livreiros, que vinha tentando aumentar as suas vendas, ampliar o mercado literário e, sobretudo, levar o livro a mais pessoas. Sob o slogan “Se o povo não vem à livraria, vamos levar a livraria ao povo”, o objetivo

Acesse:www.feiradolivro-poa.com.br/a-feira e confira os cartazes das edições anteriores da Feira

histórico

58 anos de histórias da PraçaFeira transformou a vidacultural da capital gaúcha.

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era aproximar livros e leitores e acabar com a ideia de que a livraria era lugar da elite. “Eles queriam provocar uma emoção na Capital, sacudir a poeira dos pampas, vendendo livros na praça como se vendia qualquer outro produto”, define Galvani. Para popularizar o livro, os incentivos, as promoções e os descontos eram imprescindíveis, e foi assim que a Feira tomou forma.

A Marques juntaram-se Maurício Rosenblatt e Mário de Almeida Lima. E, no dia 16 de novembro de 1955, 14 barracas de madeira se instalaram na Praça da Alfândega. Embaixo dos jacarandás floridos, nascia uma tradição que viria a reunir em torno do livro não apenas porto-alegrenses, mas pessoas de outros municípios, estados e países.

Foram 14 dias de evento e, ao final, para os feirantes, pare-ceu que a iniciativa não havia caído no gosto do público. “No começo, a Feira provocou muita estranheza e até teve gente que se manifestou dizendo que o livro ´era uma mercadoria nobre´, que não podia ser vendido como carne de açougue... Com a repetição da Feira no ano seguinte e depois, e depois, aos poucos, as resistências foram caindo e muita gente, como hoje, passou a marcar encontros na Feira do Livro”,

conta Galvani, ao lembrar que soube até mesmo de namo-ros e casamentos que começaram na Praça da Alfândega.

Com a organização do evento, veio também a criação da Seção Rio Grande do Sul na Câmara Brasileira do Livro (CBL). Em função do crescimento da Feira, os livreiros sentiram a necessidade de terem uma entidade própria, para acompanhar o trabalho no evento, promover o livro e proporcionar mais incentivo à leitura no Estado. Por isso, em 1963, foi fundada a Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), uma instituição independente da CBL e responsável pela promoção da Feira do Livro, bem como pela difusão do gosto da leitura, formação de novos leitores e desenvol-vimento da economia livreira e da cultura regional.

Em 1956, na 2ª edição, as primeiras 14 barracas se transformaram em 49, e a Feira voltou à Praça com novidades: foi o primeiro ano em que os autores vieram autografar as suas obras. Começava ali a tradicional, e tão esperada, sessão de autógrafos. Erico Verissimo foi um dos primeiros escritores a autografarem na Praça da Alfândega. O que no início era uma iniciativa informal dos organizadores, hoje se tornou uma das atividades mais concorridas – são cerca de 800 sessões por edição. “As sessões de autógrafos em geral são uma parte animada e importante da festa”, garante o escritor

Momentos da Feira

1959 1960 1971

Acompanhe alguns acontecimentos ao longo da história:

Aprovada a lei municipal que

oficializa a realização da

Feira na Praça da Alfândega.

A Seção RGS apoia a realização

da primeira feira de livros no

Interior, na cidade de Pelotas. O evento porto-

alegrense começa a gerar frutos.

O slogan escolhido é a frase de

Monteiro Lobato: “Um país se faz

com homens e livros”.

Crescimento conjuntoEm sua primeira edição, a denominação do evento era Fei-ra do Livro do Rio Grande do Sul. A partir da segunda, o “sobrenome” da Capital foi formalmente adotado. De lá para cá, ambas mudaram muito, como explica o historia-dor Sérgio da Costa Franco: “O crescimento da Feira do Livro de Porto Alegre entre 1955, o ano da primeira, e este de 2012, é mais ou menos proporcional ao crescimento demográfico da Capital, que passou de 484 mil habitan-tes (estimativa para 1956) para 1 milhão e meio a esta altura”. Segundo ele, o aumento populacional foi, inega-velmente, acompanhado de um notável desenvolvimento cultural, não apenas no que se refere à produção literária, mas também à expansão de instituições de ensino médio e superior e à multiplicação dos veículos de comunicação.

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Luis Fernando Verissimo, patrono da 37ª Feira do Livro. Também vem das primeiras edições a figura do orador, um personagem consagrado no meio cultural e literário que era convidado para falar na solenidade de abertura e encerramento de cada edição. Com o reconhecimento da importância de ter um nome ligado

às Letras aliado à Feira, o orador deu lugar ao patrono. O

primeiro foi Alcides Maya, em 1965, quando o

título era ainda con-sagrado como uma homenagem pós-tuma. Foi apenas a partir da 30ª edi-ção, em 1984, que o patronato passou

a ser assumido por uma personalidade

viva. O título coube a Maurício Rosenblatt, um

dos fundadores do evento. Esse também foi o ano de outra

1987 1989 1995A Feira passa a contar com

a presença de expositores

argentinos e uruguaios, ponto

de partida da Área Internacional, da qual participam

vários países atualmente.

A escritora Maria Dinorah é a primeira patrona. As demais

foram Lya Luft (1996), Patrícia

Bins (1998) e Jane Tutikian (2011).

É organizada uma área exclusiva para os leitores infantis e juvenis, embrião da Área Infantil e

Juvenil, no Cais do Porto, criada dez

anos depois.

inovação na Praça: o bar da Feira do Livro. Eduardo Luizelli, filho de Sétimo Luizelli, um dos primeiros feirantes, era então o presidente da Câmara Rio--Grandense do Livro e relembra como surgiu a ideia: “Todo grande evento tem um bar para ser ponto de encontro. O Maurício (Rosenblatt), que era o patrono, me chamou e disse: ´Eduardo, uma festa cultural misturada a uma festa etílica não vai dar certo.´ Foi quando prometi a ele que se não desse certo, eu e minha diretoria retiraríamos o bar na próxima Feira.” Luizelli afirma que a permanência do bar, depois transformado em Praça de Alimen-tação, deve muito a Luis Fernando Verissimo. “Ele escreveu na sua respeitada coluna do jornal, elogian-do o bar e batizando-o com o nome de Bar nota 7. Com esta crônica, o seu Maurício não reclamou mais”.

E o tempo? Apesar de acontecer sempre entre os meses de outubro e novembro, durante a primavera, a

O que é o patrono?O patrono da Feira é como um padrinho da Feira. Ele está presente na Praça, acompanha as atividades, conversa com o público. É uma homenagem, ao escolhido e à Feira, que é presenteada com a sua presença. Desde 1984, quando o evento passou a homenagear escritores gaúchos ou radicados no Estado em atividade, foram escolhidos 32 patronos (conheça o da 58ª edição na página 12). Em 1994, em razão da comemoração da 40ª Feira do Livro, fo-ram eleitos quatro patronos, uma homenagem àqueles que ajudaram a criar a Feira: Nelson Boeck, Edgardo Xavier, Mário de Almeida Lima e Sétimo Luizelli.

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Há 36 anos, um mesmo homem é o responsável pe-las badaladas da sineta que anunciam a abertura e o fe-chamento, oficial e diário, das barracas da Feira do Li-vro. José Júlio La Porta re-cebeu a função pela primeira vez em 1976, e, desde en-tão, passou a ser conhecido pelo público e pelos feirantes como o Xerife da Feira.

O dono do sino

2001 2002

2006

2010Inaugurado monumento em

homenagem a Mario Quintana e Carlos Drummond de Andrade, com estátuas em bronze criadas por Xico

Stockinger e Eloísa Tregnago.

A Feira é reconhecida

como patrimônio imaterial da cidade pela Secretaria

Municipal da Cultura.

A Câmara Rio-Grandense do Livro passa a desenvolver juntamente com

parceiros programas de fomento ao livro e à leitura.

A Feira recebe a medalha da Ordem do Mérito Cultural, concedida pela

Presidência da República, que reconhece o evento como um dos

mais importantes do Brasil.

Feira geralmente passa por mudan-ças climáticas. Já houve dias de calorão inesquecível e outros de chuvas – nada, claro, que atrapa-lhasse a Feira. Em 1994, foi instala-da, pela primeira vez, uma cobertura transparente para proteger melhor as barracas e os visitantes.

Nestes 58 anos em que é realizada de forma ininterrupta, não foi apenas o tempo que teve impactos na Feira. O evento atravessou a Ditadura Militar sem fechar as barracas. Em mais de uma edição chegaram listas de livros proibidos pela censura fe-deral e que tinham de ser recolhidos dos estandes às pressas. Também acompanhou crises econômicas e inflação incontida. Viu o Brasil trocar de moeda e sentiu, nas vendas e no público, o reflexo dos diferentes momentos sociais, políticos e eco-nômicos do país e da cidade.

EvoluçãoApesar dos contratempos, a Feira

foi crescendo e se consolidando. Nos anos 1970, já havia se tornado um evento popular, incluindo uma progra-mação cultural para acompanhar as vendas dos livros na praça. Nos anos 1980, os sebos de livros passaram a fazer parte da Feira. Foi nessa década que apareceram os primeiros estan-des de países vizinhos, como Uruguai e Argentina. Era o embrião do que viria a ser a Área Internacional.

No início dos anos 1990, com a conquista de grandes patrocinado-res, estimulados pela criação das leis nacional e estadual de incentivo à cultura, a Feira teve a sua infraes-trutura aprimorada e modernizada. A programação cultural foi ampliada. Porto Alegre começou a receber cada vez mais nomes da literatura nacional e internacional. A Praça da Alfândega havia ficado pequena. Por conta disso, a Feira alastrou-se para trechos de ruas laterais à praça, e as programações ocuparam os espaços culturais do entorno. Parce-rias que se renovariam a cada ano.

Foi em 2005 que o evento ganhou o que o patrono da 55ª edição, Carlos Urbim, define como “uma das melhores inovações da Feira dos últimos anos.” A área de-dicada à literatura infantil e juvenil passou a ocupar os armazéns do Cais do Porto, transferindo para lá todos os estandes e atividades. “Com a ida da Área Infantil e Juvenil para o Cais, passou a existir um espaço privilegiado, junto ao Guaíba, moldura ideal. Depois de enfrentar a travessia da Mauá, ainda complicada, mas segura, os escolares sentem-se à vontade entre os antigos arma-zéns do porto. Surgiram novas atrações, e a Câmara do Livro ampliou o trabalho de inclusão de leitores”, afirma Urbim.

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patrono

Luiz Coronel: uma vida de paixão pelos livrosUm poeta que busca temas universais e que também se dedica a

uma abordagem da terra, dentro da tradição do cancioneiro sul-rio--grandense. Um escritor que trabalha questões regionais, temática

que também está presente na sua trajetória como compositor premiado em festivais nativistas. Um publicitário que leva a visão poética para a sua atuação e que tem no seu portfólio um trabalho histórico (e honroso): ao lado de Ulysses Guimarães e de Pedro Simon, desenvolveu a primeira campanha pela redemocratização do país.

Essas são as facetas mais conhecidas de Luiz Coronel, patrono da 58ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre. No entanto, para conhecer a fundo o home-nageado desta edição, cabe fazer uma viagem no tempo e retornar a Bagé, na região da Campanha, onde ele nasceu em 1938. Filho caçula de João Coronel e Amélia Martino Coronel – tem seis irmãs –, perdeu o pai na infância e, por contingências familiares, foi adotado por um casal de tios professores.

Cresceu em uma casa simples na qual os livros estavam sempre presen-tes e, inspirado por esse ambiente, escreveu o seu primeiro poema aos sete

Acesse:www.feiradolivro-poa.com.br/a-feira/patro-no e veja a relação de patronos

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anos, em homenagem às pernas de uma professora: “As pernas da professora são ternas. São ternas e eternas as pernas da professora”. Aos oito, precocemente, se encan-tou pelos sonetos de Camões que leu em espanhol e que recita de memória – por sinal, prodigiosa. Ao longo de uma conversa, não são ra-

ras as vezes em que o patrono, tocado por algum assunto,

saca trechos da obra de um poeta ou es-

critor que admira. A mudança

para Porto Alegre, onde reside, ocor-reu no início da década de 1960. Na

Capital, formou--se em Direito

e Filosofia pela Universidade Federal

do Rio Grande do Sul

(UFRGS). Da iniciação como professor de Literatura e História em cursinhos pré-vestibulares, ainda nos anos 1960, às primeiras experiências no mundo da publicidade, da passagem pela ma-gistratura que exerceu durante cinco anos até a criação da Agência Matriz, em 2000, da qual é um dos sócios e onde ocupa o cargo de diretor institu-cional, são décadas de dedicação ao trabalho e, claro, aos livros.

A ascensão do rapaz do Interior que tinha como herança familiar apenas uma compoteira (da mãe) e uma bengala (de uma das irmãs) ao publicitário bem-sucedido e ao escritor reconhecido está direta-mente ligada ao universo da palavra escrita. “Eu devo tudo aos livros. Os livros foram meus degraus, atra-vés deles eu ganhei meu espaço e meu lugar no mundo. Meu caminho foi trilhado pelos livros, eles foram a escadaria, eles foram a estrada. Se não fossem os livros, talvez eu es-tivesse atendendo em uma lojinha em Piratini ou Bagé.”

Ao falar sobre a sua trajetória, faz uma analogia com um nadador em uma Olimpíada. “Nadar na sua pista, não pensar nos nadadores da pista ao lado. Não querer afogar ninguém, nem atirar água nos olhos de ninguém. Sempre nadando em direção ao pódio, essa foi a minha aprendizagem”, compara o patrono, ao revelar sua receita para superar obstáculos e limitações.

“Tenho uma irmã – a Vandinha – que dizia uma frase graciosa: ‘Prefi-ro adotar meus defeitos a cultivar virtudes alheias’. O padecimento é que nos momentos importan-tes da vida, como é, para mim, este momento, não estão ao lado pessoas que gostaria tanto que es-tivessem, como o meu tio que me adotou, quando não tinha onde morar”, comenta, emocionado.

Regionalismo e humorAo tratar das questões regionais – um tema tão caro aos gaúchos –, Coronel não se furta em imprimir um estilo marcado pelo humor nos seus “causos”. “Em primeiro lugar, eu acredito que não exista uma estasia entre culturas. Na medida em que existem culturas, devemos preservar a identidade cultural. Eu luto muito pelo regionalismo, mas um regiona-lismo em caráter dinâmico. O Paixão está meio assustado com os filmes da RBS, com os gaúchos de brinco, ele disse que precisa conversar comigo”, brinca Coronel, ao citar o folclorista e escritor João Carlos Pai-xão Cortês, patrono da 56ª edição da Feira do Livro e ícone máximo do movimento tradicionalista gaúcho. A produção audiovisual em questão são os quatro episódios (curtas-metragens) da série Filé de Borboleta e Outros Causos, baseada no livro Filé de Borboleta – O Don Juan de Bagé e veiculada neste ano no Programa Histórias Curtas, da RBS TV. “Eu gosto muito de escrever humor. Comédia Gaúcha vai para o quinto volume. Aliás, eu gostaria muito de passar uns três anos no Correio do Povo, trocando o poema por essas comédias gaúchas. O Interior ia ado-rar”, acredita Coronel, fazendo referência à coluna semanal que assina em um dos jornais da capital gaúcha.A receptividade da proposta, segundo ele, é total. “Um povo que não ri de si vai chorar, não é? Rir de si mesmo é sinal de maturidade. O riso é o momento da consciência e da alegria de viver”, defende.

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Prosa ou poesia?Com 52 livros publicados, Coronel tem na poesia,

universal e regional, o seu principal meio de expressão. Entre as suas obras, destacam-se Mundaréu, Cavalos do Tempo, Baile de Máscaras, Pirâmide Noturna, Buçal de Prata e Lunarejo. Ele acredita que o maior desafio, independentemente do gênero, é se aproximar do leitor. “O problema, na passagem para a literatura, é o aquilo que diz o Gabriel García Márquez: importante não é o que se conta, é como se conta, como fazer essa narrativa ter uma conotação coletiva e não apenas indi-vidual. Fazer aquilo que Drummond disse: quero que te reconheças em meu verso, que sinta que era isso que eu queria dizer, é isso que estava trancado dentro de mim e tu soltaste.”

Sobre o processo de criação, ele explica que se dedica à escrita de uma obra por vez. “Leio muitos livros ao mesmo tempo, mas trabalho em um único livro. Atualmente, estou trabalhando na construção do dicionário do Carlos Drummond, aí não é texto meu, sou coordenador e organizador, mas o livro que estou escrevendo é Um Cronista Inesperado. Na Feira, lanço o livro Poesia Social: Esperança e Desalento.”

A Coleção Dicionários é, na opinião do patrono, o seu maior legado. A iniciativa, que conta com uma equipe de 50 pesquisadores e colaboradores, vem contribuindo para popularizar a obra de autores da literatura universal e nacional. O reconhecimento por este e outros trabalhos está expresso em distinções como a Medalha Farroupilha (Assembleia Legislativa), e os Prêmios Paixão pela Cultura e Medalha Cidade de Porto Alegre (Prefeitura de Porto Alegre).

Aliás, o segundo volume da Coleção Dicionários foi dedicado ao poeta Mario Quintana, com quem Coronel conviveu e conta ter aprendido a leveza do humor. Além das lembranças de encontros e conversas, o patrono guarda, em sua biblioteca, uma carta na qual Quintana elogia um verso de sua autoria: “Eu te amo, tu me amas. Qual dos dois odeia mais? Quando se plantam rancores, em vez de lírios, punhais...”. Um orgulho para quem tem nesse gênero literário uma paixão: “Sou um leitor de poesia, mais do que tudo, a poesia é a minha grande leitura. Nunca tenho menos de 15 livros à beira da minha cama. Eu me viro e, em vez de saltarem damas, saltam livros”, diverte-se. Outras referências, no Rio Grande do Sul, são Erico Verissimo, Simões Lopes Neto e Elbio Piccoli.

Ao falar sobre o patronato da Feira do Livro da cidade que o acolheu – em 1989, recebeu o título de

Alguns títulos:Coração Farroupilha (2001): poesia regional

Coleção Dicionários: Erico Verissimo, 100 anos, O Tempo e O Vento a Passar (2004); Mario Quintana, 100 Anos, A Quinta Essência de Quintana (2005); João Guimarães Rosa, Uma Odisseia Brasileira (2006); Machado de Assis, Ontem, Hoje e Sempre (2007); Gabriel García Márquez, A Magia Literária da América (2008); William Shakespeare, As Múltiplas Faces de um Gênio (2010); e Fernando Pessoa, um Poeta Pre-destinado (2011).

Comédia Gaúcha (causos): O Cavalo Verde (2002), O Cachorro Azul (2003), O Gato Escarlate (2005) e Filé de Borboleta – O Don Juan de Bagé (2011).

Palmas para o Teatro (2009): aborda o andamento das artes cênicas desde o teatro grego até os dias de hoje.

Coleção Esquilo (infantis): Ave Fauna, A Eleição dos Animais, Declaração Universal dos Direitos dos Ani-mais, O Dia da Inauguração do Mundo e Saturnino Desce ao Pampa.

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Inovações no processo de escolha dos patronosA passagem do patronato em evento realizado no dia 13 de setembro, em Porto Alegre, foi marcada pela emoção. Pela primeira vez, coube ao homena-geado da edição anterior o encargo de empossar seu sucessor. Dessa forma, Jane Tutikian, patrona da 57ª edição, foi a primeira a saudar Luiz Coronel. Os demais candidatos foram os escritores Cláudio Mo-reno (1), Cíntia Moscovich (2), Dilan Camargo (3), David Coimbra (4), Fabrício Carpinejar (5), Celso Gutfreind (6) e Airton Ortiz (7). Também concor-reram ao título Aldyr Garcia Schlee e Celso Sisto.No entanto, a mudança no protocolo não foi a única novidade. Neste ano, por sugestão do Conselho de Patronos da Feira (Copa), a lista de patronáveis voltou a ter dez nomes – nas últimas edições, eram cinco. Na primeira fase, que teve início em julho, os associados da Câmara Rio-Grandense do Livro receberam cédulas de votação para indicar nomes de possíveis candida-tos. Na segunda etapa do processo, participaram da escolha, além dos associados, ex-patronos e repre-sentantes de entidades culturais do Estado, reitores de universidades e diretores de faculdades. A principal inovação ficou por conta da participação do público, que pôde votar em urnas espalhadas pe-las livrarias de Porto Alegre até o dia 9 de setembro, como parte de uma ação para aproximar ainda mais a população da Feira do Livro.

Cidadão Honorário de Porto Alegre –, Coronel repete uma frase que marcou a sua posse. “Não che-go ao cargo de patrono com as mãos vazias, isso me faz digno de representar os escritores de tão alto mérito do Rio Grande do Sul hoje.”

Espaço para a leituraSobre a campanha desta edição,

que convida as pessoas a abrirem uns parênteses, ou seja, um espaço na vida para a leitura, Coronel acredi-ta que “é um espaço não alternativo nem secundário, mas essencial na vida das pessoas. É aquele mo-

mento em que tu tens que criar um hábito tão consistente de amor à lei-tura que tu fiques em dívida contigo mesmo quando não estiveres lendo, se tiveres diminuído o teu timing de leitura, se tu não tiveres adaptado a visitar as livrarias para comprar o livro, que tu vais precisar”.

Leitor ávido, aproveita para deixar uma dica: “Eu recomendo, mais do que tudo, sublinhar o que for impor-tante. Quando sublinhas um livro, tu passas a sublinhar dentro da tua própria mente. Esse espaço para a leitura é um espaço tão nobre quan-to a nossa casa, quanto as nossas relações pessoais”.

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diversidade

Feira do Livro, palco da diversidade

Um espaço democrático, sem muros, por onde tran-sitam pessoas de todas as idades, classes sociais, etnias e credos. Algumas buscam livros, outras se

interessam por debates, famílias aproveitam os espetá-culos artísticos, e há até mesmo aqueles que

gostam de visitar a Feira apenas para passear e observar o movimento,

o alegre burburinho.A diversidade também é percebida na oferta de

opções da Feira: obras de todos os gêneros, oficinas, saraus, pales-tras, teatro, debates, encontros com autores, contações de histórias.

O destaque não se limita à oferta de livros, mas

também abrange a leitura, a escrita e a literatura. Muito mais

do que um espaço de comercializa-ção, hoje o evento representa um palco da diversidade cultural e social, um momento único de reunião dos mais diferentes grupos e interesses.

Segundo a coordenadora da programação para adultos, Jussara Rodrigues, “a programação da Fei-ra do Livro é pensada para aten-der aos mais diversos públicos”. As atividades são planejadas em conjunto com entidades organizadas da cultura, universidades e cen-tros de estudos dos mais diversos temas, além de personalidades da cena literária local. Um dos cuidados na elaboração dessa programação é oferecer conteúdo de qualidade com abordagens diferenciadas, desde ati-vidades de caráter técnico e teórico,

Evento abre espaço para atrações voltadas a diferentes públicos.

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Acesse:www.feiradolivro-poa.com.br/noticias/depoimento-glaucia-de-souza e leia o depoimento da escritora Gláucia de Souza (página 18).

mais voltadas ao público acadêmi-co, até debates mais abrangentes, em linguagem acessível ao grande público, que busca informação ou é movido por interesse e curiosidade.

Para o jornalista e professor Antonio Hohlfeldt, patrono da 53ª edição da Feira, a ampla variedade de opções tem se mostrado um dos pontos cruciais na organização do evento. “A Câmara Rio-Grandense do Livro tem se preocupado em diversificar e em propor cada vez mais alterna-tivas de atrações. Nos últimos dez anos, houve um salto de qualidade na oferta de atividades”, enfatiza. Ele ainda ressalta a importância de se oferecer conteúdo que interaja com os lançamentos e acredita que esse planejamento é fundamental para atrair e disseminar o interesse pelo conhecimento: “Muitas vezes, as pessoas que compram livros aprovei-tam a oportunidade de conhecer mais sobre o autor e a obra nas palestras e seminários temáticos. E há os que participam das atividades e acabam se interessando por comprarem os livros. Esse é um ciclo virtuoso que explica, em grande parte, o sucesso da Feira”.

Alcance O êxito do evento passa também

pelo alcance cada vez mais amplo,

na opinião do radialista, folclorista e pesquisador da cultura gaúcha João Carlos Paixão Côrtes, que o acompa-nha desde a 2ª edição, em 1956. Patrono da 56ª Feira do Livro, ele conta que as edições iniciais davam maior des-taque aos autores estrangeiros e foi se adaptando até o modelo atual, com a crescente valorização da produção literária brasileira.

Paixão Côrtes lembra um momento marcante ocor-rido durante o patronato: vieram prestigiá-lo represen-tantes de movimentos folclóricos do interior do Estado, com vestes e acessórios típicos, segundo ele, “mani-festações vivas do folclore”. Para o ex-patrono, a Feira constitui “um momento único em que as pessoas podem se descobrir (como povo) e descobrir e co-nhecer os outros”. Dessa maneira, o intercâmbio de informações permite que a população reconheça sua identidade cultural e tenha acesso ao conhecimento oferecido por outros povos, outros grupos. Assim, a diversidade abre portas para a troca.

O folclorista ainda cita outro ponto importante: gente de todos os níveis sociais, econômicos, culturais, com experi-ências variadas, circula livremente pelas “ruas” montadas na Praça da Alfândega e arredores. Esse aspecto faz da Feira, na opinião de Paixão, “um grande evento popular, um grande momento de movimentação cultural”.

Liberdade para criarUm espaço onde todos têm vez e voz. Na 58ª edição, um exemplo de como a paixão pela leitura e literatura pode chegar a todos os lugares é o lançamento e a sessão de autógrafos coletiva de um livro totalmen-te produzido por 40 apenados do Rio Grande do Sul. Intitulada Vozes de um Tempo, a publicação inclui contos, poemas e crônicas, divididos por assuntos; a capa e as ilustrações foram produzidas também pelos internos. A iniciativa é uma parceria entre o Banco de Livros (integrante da Fundação de Bancos Sociais da Federação das Indústrias do RS - Fiergs) e a Superin-tendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).

Projeto AsteroideEm 2000, a Feira começou a acolher de forma orga-nizada os meninos e as meninas em situação de vul-nerabilidade social que perambulam pelo centro da cidade. O projeto, que funciona em articulação com entidades e o poder público, possibilita a participa-ção das atividades oferecidas às demais crianças e adolescentes, em igualdade de condições.

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Para a escritora carioca Gláucia de Souza, a programação “é um enorme guarda-chuva que acolhe vontades e reflexões leitoras, bem como procura conquistar cada possível futuro leitor que por ela passe”. Participante ativa da Feira, ela trabalha na organização de atividades e encontros relacionados à formação de mediadores de leitura, como o projeto Tessituras, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Também atua na Traçando Histórias – Mostra de Ilus-tração de Literatura Infantil e Juvenil, que, a partir desta edição, passa a ser uma correalização do SESC-RS e da CRL. A mostra é realizada no Cais do Porto, dentro da programação da Área Infantil e Juvenil, da qual participam dezenas de escritores, ilustradores, contadores de histórias e artistas.

Gláucia acredita que esse encon-tro literário possibilita a integração entre profissionais de diversas áreas, leitores e futuros leitores. “A progra-

A Feira fora da FeiraA partir de 2008, o evento passou a descentralizar as atividades para levar à periferia da Capital programa-ções literárias e artísticas e, de quebra, incentivar os talentos locais. A cada edição, três bairros recebem a caravana cultural – um por final de semana. Aos sábados, a programação da Feira vai para a comuni-dade. Aos domingos, a comunidade vai até a Feira.

mação da Feira do Livro de Porto Alegre caracteriza-se pela diversidade, para fomentar a leitura entre pessoas de diferentes idades e condições sociais.”

Sônia Zanchetta, coordenadora da programação da Área Infantil e Juvenil, lembra que a Feira é o ponto culminante de um trabalho desenvolvido ao longo do ano na área de formação de leitores, por prefeituras, escolas, bibliotecas e outras entidades parceiras. “Escolas de várias regiões do Estado montam espetáculos especiais, para serem apresentados, ou editam livros, para serem autogra-fados, no Território das Escolas. Além disso, projetos que se destacam por sua efetividade, continuidade e seu caráter inovador são exibidos na Vitrina da Leitura; escolas agendam turmas de alunos para encontrar au-tores dos quais leram obras previamente e professores, bibliotecários e outros mediadores da leitura partici-pam de trocas de experiências e outras atividades.” (leia mais sobre formação de leitores a partir da página 28).

QualificaçãoO público da terceira idade tem procurado cada vez

mais o evento por saber que também será contemplado na programação. Essa é a avaliação de Izabel Ibias, que participa da Feira do Livro desenvolvendo atividades para a chamada “melhor idade”. Há 29 anos, ela trabalha com teatro em um projeto denominado Ensina-me a Viver, que realiza espetáculos com atores de mais de 60 anos. Na Feira do Livro, além de encenações, organiza recitais e debates para esta faixa etária. O foco desse trabalho, segundo Izabel, é fazer com que as pessoas reflitam sobre a necessidade de aprender a envelhecer.

As atividades são organizadas de modo a atender às preferências e aos interesses dos frequentadores, não somente no conteúdo, mas também no esquema de ho-rários (a maioria dos eventos propostos ocorre no início da tarde). “A Feira do Livro está qualificada, também, por essa abrangência na programação. Pensar e trabalhar para e com os idosos é estar adequada ao terceiro mi-lênio de um mundo em permanente transformação.”

BibliodiversidadeO termo é utilizado para definir a diversidade aplicada ao universo do livro e do mercado editorial. Ecoando a noção de biodiversidade, procura garantir a diver-sificação das ofertas editoriais disponíveis para os leitores. A Aliança Internacional de Editores Indepen-dentes instituiu 21 de setembro como “Dia B – o dia da Bibliodiversidade”.

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Revista da Feira do Livro – 2012 • 20

integração

A Feira como aliada na revitalização do Centro HistóricoA tradição do evento, associada a outras ações, contribui para valorizar a área.

Diariamente, milhares de pessoas circulam pelo Centro Histórico de Porto Alegre, que concentra comércio e múltiplos serviços. A partir da década

de 1980, a área, que já foi considerada a mais nobre da cidade, começou a perder espaço para os shoppings e para os bairros residenciais mais afastados. Nos últimos anos, diversas ações vêm sendo promovidas para revitalizar a região e fazer com que cada vez mais a população volte a ter o bairro como referência em atrações culturais, de lazer, compras e moradia.

A Feira do Livro tem papel fundamental nesse con-texto. Além de ajudar a levar as pessoas ao Centro, contribui para que o cidadão conheça os outros espa-ços ao redor da Praça da Alfândega, como o Santander Cultural, o Memorial do Rio Grande do Sul e o Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (Margs), ou das suas proximidades, como a Casa de Cultura Mario Quintana, e o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (veja mais a partir da página 24), estejam eles abrigando atividades do evento ou não. E mais do que isso: que passe a frequentar esse circuito cultural no restante do ano. Nesta edição, Santander, Memorial e CCMQ rece-bem atividades da programação para adultos.

O escritor e filósofo Donaldo Schüler, patrono da 50ª Feira do Livro, defende a teoria de que os porto-

Acesse:www.feiradolivro-poa.com.br/noticias/depoimento-armindo-trevisan e confira o depoimento de Armindo Trevisan

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-alegrenses precisam se espelhar mais nos antigos gregos, povo que valorizava o espaço público em detrimento do privado. “Não valorizamos suficientemente os espaços públicos que Porto Ale-gre nos oferece. A Feira do Livro acontece em lugares que distin-guem nossa cidade. O livro, que resiste ao aparelho eletrônico, nos oferece momentos privile-giados de troca de ideias e de convivência em um dos espaços mais belos de nossa cidade”. E complementa: “Todos os prédios nas proximidades da Praça da Al-fândega adquirem novo significado a partir da Feira do Livro. O livro dá um novo sentido às nossas vidas e aos lugares que frequentamos”.

E que medidas tomar para um enobrecimento do espaço público? O escritor e professor Armindo Trevisan (foto), patrono da 47ª edição, acredita em uma parceria entre sociedade e poder público. “Às autoridades, compete pensar nisso, sugerir modificações, re-correr a arquitetos, historiadores, urbanistas. Nossa imaginação de cidadãos comuns já não basta para driblar os problemas diários que se apresentam na Capital. Porto Alegre está perdendo, gradativamente, seus encantos. Ainda bem que os jacarandás nos apoiam, e florescem todos os anos. As paineiras, também, são nossas aliadas no outono. Talvez os responsáveis credenciados de nossa cidadania, os grandes empresários, os comerciantes do Centro, e, naturalmente, os boê-mios supérstites possam ajudar. Não esqueça um dado estatís-tico: entre os boêmios, existem talentos inaproveitados.”

Trevisan destaca ainda o papel da Feira do Livro em fazer com que o

cidadão conheça novos espaços. “O problema está no que se entende por conhecer. Pouco adianta visualizar fachadas de edifícios. O maravilhoso seria persuadir as pessoas a entrar, a saborearem mentalmente, sensi-velmente, o que dentro desses edifícios existe. Para isso, seria necessário melhorar a educação cultural. O respeito e o interesse pela História não nascem com o indivíduo: são adquiridos. Como fazer para que as pessoas busquem algo mais do que shows e espetácu-los espalhafatosos de entretenimento? Tudo, em nossa sociedade, é feito para épater, deslumbrar. A Feira do Livro, sob certo aspecto, é um antídoto à tal trivializa-ção”, comenta Trevisan.

InvestimentosA atuação conjunta

defendida por Trevisan pode ser percebida em iniciativas como a Rede de Amigos do Centro Histó-rico e o Programa Monumenta.

A Rede de Amigos do Centro Histórico de Por-to Alegre – Brasil é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que reúne pessoas e

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entidades em torno de um objetivo comum: a valorização e a melhoria do Centro Histórico.

De acordo com a presidente da Rede, Rita Chang, as ações e os projetos postos em prática nos últimos anos vêm melhorando o status do bairro. “O nosso projeto de alteração da denominação de Centro para Centro Histórico [2008] agregou um conceito e

alterou a percepção das pessoas. Tivemos também investimentos do Programa Monumenta em vários pontos do Centro Histórico, especialmente na Praça da Alfândega. Ela já mostrou uma incrível oxigena-ção durante a Feira do Livro,” comemora Rita, que é engenheira civil e especialista em Patrimônio Histórico.

Medidas como estas, somadas com as interven-ções da Prefeitura, fizeram com que houvesse uma retomada dos investimentos privados. Segundo ela, nos últimos três anos, mais de R$ 100 milhões foram investidos no Centro, na criação de espaços novos e

Revitalização do Porto Cais MauáDesde 2005, o Porto Cais Mauá abriga a Área Infantil e Juvenil. Em novembro de 2011, foi aprovado o projeto de revitalização da área, que também recebe a Bienal do Mercosul. Idealizada pelo escritório espanhol b720, jun-tamente com o arquiteto brasileiro Jaime Lerner, a obra será executada pelo consórcio Porto Cais Mauá do Brasil S.A. “A Feira do Livro é um evento muito especial para a cidade de Porto Alegre. O cidadão porto-alegrense – e gaúcho – já está acostumado com a verdadeira festa literária que transforma o Centro de nossa cidade. A revita-lização do Cais Mauá é um processo de transformação do Centro. E a pretensão é de que, a partir do Cais, todo o Centro de Porto Alegre acabe se transformando em um lugar ainda melhor de se frequentar e viver”, entende Mário Freitas, diretor-executivo do consórcio Cais Mauá. A decisão dos acionistas da Porto Cais Mauá do Brasil S.A. prevê que os armazéns estarão prontos para a Copa do Mundo de 2014. Os outros empreendimentos den-tro do Cais (shopping e prédios comerciais) estarão em andamento conjuntamente. “Estamos todos trabalhando muito forte para concretizar esta decisão”, finaliza Freitas.

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na reforma de antigos. O reflexo foi uma maior valorização dos imóveis residenciais e comerciais na região.

Por sua vez, o Monumenta é um programa do Instituto do Patrimô-nio Histórico e Artístico Nacional – Iphan/ Ministério da Cultura, que atua em 26 cidades brasileiras na recuperação e preservação do patrimônio histórico com desenvol-vimento econômico e social. Além de promover obras de restauração e recuperação em espaços públi-cos, como a Praça da Alfândega, que deve ser concluída no segun-do semestre deste ano, também executa projetos em monumentos da Capital.

Para a arquiteta Briane Bicca, coordenadora do Monumenta Porto Alegre desde 2002, coube à Feira do Livro ser uma das âncoras do

interesse da população, dos visitantes e dos gover-nos pelo Centro. Conforme ela, o evento sustentou a imagem da região nos anos difíceis. “A Feira do Livro demonstrava, a cada ano, que o Centro era viável, e como era bonito. Uma vez por ano, o Centro era frequentado por uma parcela significativa da popu-lação, atraída pela Feira. Nas últimas décadas, em base a uma animada programação cultural, cresceu a presença de público e das escolas. A abertura para o Guaíba foi essencial. A ocupação da Aveni-da Sepúlveda pelos livreiros do exterior expandiu os horizontes com a sua babel literária. Os anos difíceis pertencendo ao passado, felizmente, a Feira continua sua caminhada, cada vez melhor.”

Ela destaca a importância da utilização do Cais do Porto pela Área Infantil e Juvenil e do projeto de revi-talização Cais Mauá (veja boxe). “Poder circular pelo nosso passeio público que é a Praça da Alfândega, seguir pelo belo boulevard da Sepúlveda, e franquear a barreira do muro, entrando pelo cais, e se aproximar do Guaíba por si só virou uma atração, oferecida pela Feira como um deleite às nossas crianças. E a todos nós.”

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turismo

(Re)descobrindo Porto AlegreA Feira do Livro é a oportunidade para explorar as riquezas do Centro.

O Centro Histórico guarda a alma da cidade. Nele, estão os prédios históricos mais

significativos e grande parte das manifestações multiculturais da Capital, que é plural por natureza. A Feira do Livro é a oportunidade ideal para você, turista ou porto-alegrense (de nascimento ou por “adoção”), debruçar um olhar mais atento sobre o Centro Histórico e fazer uma (re)descoberta dessa região tão especial.

Grande parte das atrações está na rua onde a cidade nasceu e cresceu: a Rua dos Andradas, popularmente conhecida como Rua da Praia, a mais antiga de Porto Alegre. Sua origem re-monta ao ano de 1752, com a chega-da dos 60 casais recrutados nas ilhas dos Açores para povoar a área. À épo-

ca, a via começou a ser chamada informal-mente de Rua da Praia pelo fato de o Lago Guaíba margeá-la. Com o passar dos anos, o local foi sendo aterrado. “Acredito que não exista nenhuma rua no mundo que seja tão importante quanto a Rua da Praia é para Porto Alegre”, diz o jor-nalista e escritor Rafael Guimaraens, autor do livro Rua da Praia – Um Passeio no Tempo.

Um pouco antes de se chegar à Praça da Alfândega, coração da Feira do Livro, a primei-ra parada é o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (quase na esquina com a Rua General Câmara). O prédio, conhecido como “Força e Luz”, foi construído entre 1926 e 1928. Após ser reformado, em 2001, passou

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a abrigar exposições e eventos. Lá, funcionam o Memorial Erico Verissimo, a Biblioteca O Continente e o Museu da Eletricidade, além de salas para cursos e oficinas.

Ao chegar à Praça, aproveite para fazer as suas andan-ças pelas bancas das livrarias, editoras e distribuidoras e pelos espaços da Feira – isso inclui a Área Infantil e Juvenil, no Cais do Porto, às margens do Guaíba. Mas, atenção, retorne à Praça, pois nela está o Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, cuja construção, de 1912, abrigou originalmente a Delegacia Fiscal. O Margs conta com uma coleção de aproximadamente 2,7 mil peças. O museu tem, ainda, um café e um bistrô, que é um dos lugares preferidos do jornalista Ruy Carlos Ostermann. “O bistrô é muito agradável e simpático. Ele, de certa forma, acaba reunindo os interesses da Feira”, afirma o patrono da 48ª edição do evento.

Ainda na Praça da Alfândega, está o Memorial do Rio Grande do Sul (prédio construído entre 1910 e 1914 para sediar os Correios e Telégrafos). Em 2000, após a reforma, o local foi reaberto ao público, reunindo um vasto acervo (objetos, gravuras, depoimentos, etc.) sobre a história do Rio Grande do Sul. Ao lado do Memorial, está o Santander Cultural. Construído pelo Banco Nacional do Comércio en-tre 1927 e 1932 e reformado a partir de 2000 para sediar o centro cultural, o prédio de beleza arquitetônica única recebe uma programação intensa, com salas de cinema, espaços para apresentações musicais e exposições. Em seu subsolo está o charmoso Café do Cofre.

Deixando a Praça e continuando a caminhada pela Rua da Praia, em seguida se vê a Casa de Cultura Mario Quintana. O

Um prédio de encher os olhosFicou empolgado com a redesco-berta do Centro? Pois Porto Ale-gre tem muito mais para oferecer. Seguindo pela orla do Guaíba, você vai chegar à Avenida Padre Cacique, na Zona Sul, que abriga a Fundação Iberê Camargo. O pré-dio de linhas arrojadas, projetado por Álvaro Siza, um dos arquite-tos contemporâneos mais impor-tantes do mundo, foi inaugurado em 2008. A instituição realiza exposições, seminários e oficinas sobre a obra de Iberê Camargo e sobre questões ligadas à arte con-temporânea. Para arrematar, o pôr do sol no Guaíba, visto da Funda-ção, é de tirar o fôlego.

Acesse:www.feiradolivro-poa.com.br/a-feira/a-cidade e conheça mais sobre a Capital

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prédio, cuja primeira parte foi concluída em 1918, abrigou durante quase 60 anos o Hotel Majestic, lar do poeta Ma-rio Quintana por 12 anos. Reformada e convertida em centro cultural, a Casa foi reaberta em 1990. Por lá, você vai encontrar salas de cinema e para apre-sentações teatrais e uma programação movimentada, com oficinas, exposi-ções e seminários. A Casa de Cultura, aliás, também conta com as bibliotecas Erico Verissimo e Lucília Minssen.

Mais adiante, está a imponente Igreja das Dores. Para acessá-la, o turista tem de encarar 245 degraus. A pedra fundamental da construção foi lançada em 1807, mas ela só foi concluída quase um século depois, em 1904. Nos últimos anos, vem passando por restaurações.

Andando mais três quadras, você chega à Usina do Gasômetro. O pré-dio foi erguido em 1927 para abrigar a Companhia Brasil Força Elétrica. A usina foi desativada em 1970 e, em 1988, começou a ser restaurada para virar o atual centro cultural, que abriga exposições, oficinas e sala de cinema. O entorno da Usina (de onde, diga-se de passagem, se vislumbram belas vistas do Guaíba) também é um ponto de encontro dos porto-alegrenses para cultura e lazer. Depois, o passeio pelo Centro Histórico pode continuar pela Rua Duque de Caxias. Na via, estão o

Palácio Piratini, sede do governo estadual, a Catedral Me-tropolitana, a Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul, o Museu Júlio de Castilhos, o Solar dos Câmara e a Praça Marechal Deodoro, conhecida como Praça da Matriz.

Na Matriz, encontra-se o tradicionalíssimo Theatro São Pedro, inaugurado em 1858. Nele, fica um dos pontos preferidos da escritora Lya Luft no Centro, o Du’Attos Café, no Foyer Nobre. “O café está num lugar que une beleza e tradição. Adoro sentar na sacada e ficar admirando os jacarandás da praça”, conta a patrona da 42ª edição da Feira do Livro.

De ônibus, a pé, de catamarã Existem outras opções para conhecer a cidade. Uma de-

las é o city tour Linha Turismo, em um ônibus especial com o segundo andar aberto, que propicia uma visão privilegia-da. Existem dois roteiros: Centro Histórico e Zona Sul.

Para quem curte andar a pé, têm as caminhadas do pro-grama Viva o Centro a Pé. Elas são orientadas por profes-sores universitários e estudiosos em história, arquitetura e artes que narram a história das edificações e dos espaços públicos do Centro. Elas são oferecidas duas vezes por mês, sempre aos sábados.

Aos sábados, acontece a feira Caminho dos Antiquá-rios. A Rua Marechal Floriano, entre a Fernando Machado e a Demétrio Ribeiro, é bloqueada, e as lojas de antiguida-des colocam seus produtos na rua.

Por fim, você pode explorar as belezas do Guaíba, fazendo a travessia de catamarã entre Porto Alegre e o município de Guaíba. São diversas opções de horário e você pode comprar o bilhete com antecedência. Também é possível navegar pelo Guaíba no barco Cisne Branco. O passeio “Navegando pelo Guaíba” passa pelas ilhas e dura cerca de uma hora.

Mercado Público, tudo passa por láImpossível falar do Centro sem citar o Mercado Público. Por dia, con-forme dados da Prefeitura, passam por lá cerca de 150 mil pessoas. As atrações principais são as bancas, nas quais você encontra uma varieda-de de produtos alimentícios: fiambres, frutas, legumes, verduras, carnes, especiarias, vinhos e artigos importados. Ao longo dos anos, o Mercado (que foi fundado em 1869 para abrigar o comércio de abastecimento da cidade) vem se destacando pela variedade gastronômica. Lá, você encontra sorvetes artesanais, na Banca 40, comida japonesa e os su-pertradicionais Bar Naval, restaurante Gambrinus e padaria Copacabana, entre outros. Ao lado do Mercado, está o prédio do Paço Municipal, um dos edifícios históricos mais importantes do Estado, tombado em 2003.

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Serviço

Caminhadas – Viva o Centro a PéAs caminhadas guiadas são oferecidas duas vezes por mês, sempre aos sábados. Interessados podem entrar em contato pelo telefone (51) 3333-1873 e pelo e--mail [email protected]

Caminho dos AntiquáriosInformações: (51) 3333-1873Ocorre no primeiro e no último sábado de cada mês. A Rua Marechal Floriano, entre as ruas Fernando Machado e Demétrio Ribeiro, é fechada para o trânsito de veícu-los e as lojas de antiguidades expõem seus produtos na rua.

Casa de Cultura Mario QuintanaRua dos Andradas, 736www.ccmq.com.br(51) 3221-7147Horário: segunda, das 14h às 21h/ de terça a sexta, das 9h às 21h/ sábado e domingo, das 12h às 21h

Catamarã – travessia Porto Alegre-Guaíbawww.travessiapoaguaiba.com.br0800-051-6216Embarque: Armazém B3 do Cais Mauá, em Porto AlegreO serviço funciona todos os dias, varian-do o horário da primeira saída de Porto Alegre: 7h (segunda a sexta), 8h (sábado) e 9h (domingos e feriados)As partidas ocorrem de hora em hora, tan-to de Porto Alegre quanto de GuaíbaA travessia dura cerca de 20 minutos

Catedral MetropolitanaRua Duque de Caxias, 1047www.catedralmetropolitana.org.br(51) 3228-6001Horário de visitação: de segunda a sexta, das 7h às 18h/ sábado, das 9h às 18h/ domingo, das 8h às 18hHorário de missas: de segunda a sexta, às 7h30min e às 18h30min/ sábado, às 17h e às 18h30min/ domingo, às 8h30min, às 10h e às 18h30min

Centro Cultural CEEE Erico VerissimoRua dos Andradas, 1223www.cccev.blogspot.com.br(51) 3228-9710/ 3226-7974Horário: de terça a sexta, das 10h às 19h/ sábado, das 11h às 18h

Fundação Iberê CamargoAvenida Padre Cacique, 2000www.iberecamargo.org.br(51) 3247-8000Horário: terça a domingo (inclusive feria-dos), das 12h às 19h/ quinta, até as 21h

Igreja das DoresRua dos Andradas (entre as ruas Gen. Ben-to Martins e Gen. Canabarro)www.igrejadasdores.org.br(51) 3228-7376Horário de visitação: de segunda a sexta, das 8h30min às 19h30min (fecha das 12h às 12h30min)/ sábado e domingo, das 8h30min às 19h30min (fecha das 12h às 13h30min)Horário de missas: de segunda a sábado, às 18h30min/ domingo, às 8h30min, às 10h e às 18h30min

Linha Turismowww.portoalegre.travel/site/linha_turismo.phpCentro de Informações Turísticas – (51) 3289-0176

Roteiro Centro HistóricoSaída do Terminal da Linha Turismo (Tra-vessa do Carmo, 84, bairro Cidade Baixa)De terça a domingoHorários: 9h/ 10h/ 11h/ 12h/ 13h30min/ 14h30min/ 15h30min/ 16h30minIngresso: R$ 15 Pontos de venda:Secretaria Municipal de Turismo (Travessa do Carmo, 84)Café do Brique (Mercado do Bom Fim, loja 1)Saúde no Copo (Avenida 24 de Outubro, 742)Café do Mercado (Mercado Público)Chalé da Praça XV (Largo Glênio Peres)Santander CulturalLoja da Fundação Iberê Camargo

Roteiro Zona SulSaída do Terminal da Linha TurismoDe terça a domingo, às 14hSábado, domingo e feriados também às 10h30minIngresso: R$ 15Ponto de venda: Secretaria Municipal de Turismo

Memorial do Rio Grande do SulRua Sete de Setembro, 1020www.memorial.rs.gov.br(51) 3224-7210Horário: de terça a sábado, das 10h às 18h

Mercado PúblicoLargo Glênio Peres, s/nºwww.portoalegre.rs.gov.br/mercadopublico(51) 3289-4800/ 3289-4801Horário: segunda a sexta, das 7h30min às 19h30min/ sábado, das 7h30min às 18h30min (de segunda a sexta, após as 19h30min, os portões da Avenida Borges de Medeiros e do Largo Glênio Peres ficam abertos até meia-noite, para acesso aos restaurantes e bares. Os restaurantes e ba-res não funcionam aos sábados à noite)

Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli – MargsPraça da Alfândega, s/nºwww.margs.rs.gov.br (51) 3227-2311Horário: de terça a domingo, das 10h às 19h

Palácio PiratiniPraça Marechal Deodoro, s/nºHorário de visitação: de segunda a sexta, das 9h às 11h30min e das 14h30min às 17h (cada visita dura 30 minutos)Para grupos maiores, como excursões e turmas de escolas, mediante agendamento pelo telefone (51) 3210-4170

Santander CulturalRua Sete de Setembro, 1028www.santandercultural.com.br(51) 3287-5500Horário: de terça a sábado, das 10h às 19h/ domingos e feriados, das 13h às 19h

Solar dos CâmaraRua Duque de Caxias, 968 (entrada pela Assembleia Legislativa)[email protected](51) 3210-1148Horário de visitação: segunda a sexta, das 9h às 18h, mediante agendamento por e-mail ou telefone

Theatro São PedroPraça Marechal Deodoro, s/nºwww.teatrosaopedro.com.br(51) 3227-5100/ 3227-5300Horário de visitação: segunda a sexta, das 12h às 18h/ sábado e domingo, das 16h às 18hA partir de 10 pessoas, mediante agenda-mento por telefone

Usina do GasômetroAvenida Presidente João Goulart, [email protected](51) 3289-8100/ 3289-8140 Horário: de terça a sexta, das 9h às 21h/ sábado e domingo, das 10h às 21h

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leitura

Leitores de hoje e de amanhãProgramas de incentivo mobilizam educadores e alunos em torno do livro e da leitura.

Acesse:www.feiradolivro-poa.com.br/noticias/entrevista-karine-pansa-presidente-do-instituto-pro-livro e saiba mais sobre a Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (página 31)

Formar pessoas com habilidade para fazer uso da leitura e da escrita tem sido o grande desafio da escola. Por trás do desenvolvimento dessas com-

petências, está em questão muito mais do que ler e escrever, está o exercício pleno da cidadania. Em apoio à tarefa dos educadores, diversos projetos de incentivo à leitura são desenvolvidos no Rio Grande do Sul, envol-vendo instituições de ensino, entidades, poder público municipal e estadual e iniciativa privada. Exemplos da atuação conjunta são os programas de incentivo à leitura promovidos pela Câmara Rio-Grandense do Livro e seus parceiros, que, anualmente, beneficiam dezenas de instituições de ensino das redes públicas municipal e estadual. As atividades desenvolvidas culminam em uma grande troca de experiências durante a Feira do Livro.

O mais antigo deles, o Adote um Escritor, é realizado em parceria com a Secretaria de Educação de Porto Alegre (Smed) desde 2002. Por meio da iniciativa, são realizados encontros com autores e ilustradores em escolas de ensi-no básico, atendendo desde alunos da Educação Infantil até da Educação para Jovens e Adultos (EJA). As obras para a

leitura prévia por alunos e professo-res são adquiridas com recursos da Smed, que também se responsabi-liza pela renovação dos acervos das bibliotecas escolares, pelo custeio do transporte local dos autores adotados e pela locação de ônibus para a visi-tação escolar à Feira. As instituições que optam por obras de autores de fora do Estado realizam os encontros durante a Feira do Livro. Neste ano, serão realizados 131 encontros de autores nas 96 escolas da rede muni-cipal de ensino – as escolas com EJA recebem um encontro extra.

Para ampliar o alcance destas iniciativas, a CRL firmou parceria com a Secretaria Estadual de Educação e criou, em 2008, o Lendo pra Valer. Nesta edição, além das instituições de ensino que fazem parte das

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Coordenadorias Regionais de Educação da 1ª, 12ª, 27ª e 28ª, que têm sede em Porto Alegre, Guaíba, Canoas e

Gravataí, respectivamente, o programa também foi estendido para a 2ª

CRE, sediada em São Leo-poldo. Ao todo, serão

realizados encontros com escritores e ilustradores em 60 escolas estaduais, após a leitura de obras de sua autoria por alunos e educadores.

A CRL viabiliza as visitas dos autores,

enquanto a Secretaria de Estado da Educação

garante os recursos para que as escolas adquiram as obras.

Participante do Adote um Escritor e do Lendo para Valer, Jane Tutikian (foto de abertura da página 28), escritora, pro-fessora e patrona da 57ª edição da Feira do Livro, afirma que os programas são fundamentais: “Em primeiro lugar, mo-bilizam os professores para o ato da leitura. Em segundo

lugar, colocam o escritor junto ao seu público e isso é um enriqueci-mento mútuo. Do aluno, porque tem a oportunidade de dialogar com quem escreveu o livro, o que sempre é um estímulo a mais para a leitura, mas, também, porque este diálogo alimenta a criação do escritor”.

A escritora paulista Heloisa Prieto, que participa há vários anos do Adote um Escritor, conta que várias de suas obras surgiram de conversas com os leitores. E ela destaca a importância dessa interação para o aprimoramento de seu trabalho. “O texto nos é de-volvido ampliado por muitas sensi-bilidades. O fazer literário necessita de estudo, rotina, observação, e os leitores gostam muito de conversar sobre os segredos do ofício.”

O escritor Alcy Cheuiche, patro-no da 52ª edição da Feira do Livro, participante de vários programas (Adote um Escritor, Fome de Ler e Autor Presente, desenvolvido pelo Instituto Estadual do Livro), desta-ca a importância dessas iniciativas para fortalecer o gosto pela leitura e também pela escrita. “O encontro entre leitor e escritor é um mo-mento raro de troca, e forma uma corrente maravilhosa que reali-menta todo o processo: aumenta a vontade de ler e o desejo do autor em continuar escrevendo”.

Responsável pela coordenação de programas de formação de leitores e de mediadores de leitura da Câmara Rio-Grandense do Livro, a professora de literatura Ana Paula Cecato acre-dita que a “magia dos programas de leitura está em oportunizar a toda comunidade escolar um mergu-lho no universo criador do autor e um envolvimento na realização de diferentes tipos de produções, como recriações de suas obras, fazendo com que também experimentem o sabor da linguagem literária”.

Mapa da Leitura no RSEm 2011, o Clube dos Editores do RS iniciou um levantamento – ainda em construção – sobre programas de livro e leitura desenvolvidos no Estado, para elaborar um Mapa da Leitura. Segundo o estudo, apenas um dos 496 municípios gaúchos não possui biblioteca pública. Como alguns possuem mais de uma, o Sistema Estadual de Bibliotecas tem 526 cadastradas, in-cluindo municipais mapeadas, estaduais e comunitárias. Entre as 44 se-cretarias municipais que promovem programas, as ações mais citadas são a hora da leitura, itinerância de livros, feiras, semanas do livro e mostras literárias com a presença de escritores.

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Desafios O interesse pela leitura tem de se estender por toda

a vida. Como nos levantamentos anteriores, a 3ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil revela que os índices de leitura são maiores durante o período escolar ou estão atrelados ao estudo, tendendo a cair nos leito-res adultos (veja mais na página 31).

Jane Tutikian enfatiza a necessidade de se resgatar es-ses leitores: “Dizem as estatísticas que, daqueles leitores que se perdem na quinta série (o ponto crítico), só se recuperam 2% na vida adulta. Há mais: os adolescentes e as crianças leem, quem não lê é o adulto. Acho que devemos incrementar uma campanha do tipo: ‘Se quer que seus filhos leiam, leia você primeiro’. Este, para mim, é o caminho”, aponta. Para Heloísa Prieto, existem várias maneiras de reconquistar este público: “Feiras de livros, bibliotecas comunitárias, saraus, leituras dramáticas, espaços para publicação de novos autores são ferramen-tas de compartilhamento da escrita e leitura do adulto. A

Aletramento fraterno O processo de formação de leitores pode começar antes mesmo da alfabetiza-ção. Para a escritora Alessandra Pontes Roscoe, idealizadora e coordenadora do Clube de Leitura Uni Duni Ler, de Brasília, este envolvimento pode iniciar ainda na gestação, através da leitura em voz alta de histórias. Ao se referir à in-serção dos bebês e dos pré-leitores no mundo dos livros, ela utiliza a expressão “aletramento fraterno” – inspirada no aleitamento materno –, no qual a mãe e outros cuidadores podem desempenhar esse papel. A escritora organizou espe-cialmente para a Feira do Livro um guia de leitura com sugestões de 180 obras para crianças com até seis anos de idade. O evento conta com uma Bebeteca na Área Infantil e Juvenil, com acervo específico para crianças e cuidadores. O espaço fica à beira do Guaíba e funciona em parceria com o SESC-RS.

Políticas voltadas para o livro e a leitura avançam no EstadoDesde março deste ano, Porto Alegre conta com o Plano Municipal do Livro e da Leitura para viabilizar ações e investimentos nas áreas de democratização do acesso ao livro, fomento à leitura, formação de mediadores, valorização da leitura e comu-nicação e desenvolvimento da economia do livro. O grupo de trabalho responsável pela iniciativa englobou instituições do poder público e entidades, como a Câmara Rio-Grandense do Livro, e a discussão teve por base o Plano Nacional do Livro e da Leitura, de 2006. Já os debates em torno do Plano Estadual de Cultura iniciaram em 2011, com a Conferência Cultura para o Rio Grande do Sul Crescer. Para garantir a participação da sociedade, foram promovidos Diálogos Culturais por todo Estado e constituídos 10 colegiados setoriais, entre eles o do Livro, Leitura e Literatura. A partir dessas discussões, formou-se o texto-base para a criação do Plano. “No mo-mento, estamos no período de consolidação de todas as contribuições”, explica o secretário-adjunto de Cultura do Estado, Jéferson Assumção.

literatura é o registro da experiência humana, vital para todas as idades”.

Em Imigrante, no interior do Rio Grande do Sul, as crianças dão o exemplo e incentivam os adultos a retomarem o prazer de ler. No pro-jeto Amigos da Leitura, os “agentes multiplicadores” (alunos do ensino fundamental do município) visitam empresas, promovem leituras de contos e poemas e emprestam livros. A iniciativa ganhou o Prêmio Fato Literário 2011, promovido pelo Grupo RBS, cujo anúncio ocorreu na 57ª Feira do Livro. Em abril deste ano, o projeto foi um dos vencedo-res do prêmio Amigos do Livro, ho-menagem da Câmara Rio-Grandense às pessoas e às entidades que se destacam na promoção da leitura.

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Retratos da Leitura no BrasilA 3ª edição da pesquisa Retratos

da Leitura no Brasil (a série iniciou em

2001), o maior e mais completo estudo

sobre o comportamento do leitor brasi-

leiro, reforça a importância dos professo-

res que, pela primeira vez, figuram como

os principais influenciadores da leitura

(45%), seguidos pelas mães (43%).

Promovido pelo Instituto Pró-Livro, o

levantamento indica que o brasileiro lê

em média quatro livros por ano, entre

literatura, contos, romances, livros reli-

giosos e didáticos. Desse total, são lidos

2,1 livros inteiros e dois em partes. A

pesquisa foi realizada entre junho e julho

de 2011 com 5.012 pessoas com cinco

anos ou mais, em 315 cidades, represen-

tando um universo de 178 milhões de

habitantes (93% da população).

No estudo, foram considerados

leitores apenas as pessoas que leram

pelo menos um livro, inteiro ou em

partes, nos últimos três meses. Quando

avaliados apenas os estudantes, o nível

chega a 3,41 exemplares nos últimos

três meses. Desse índice, 2,21 livros são

indicados pelas escolas, sendo divididos

em 1,72 didático e 0,49 de literatura.

Os dados revelam uma queda no nú-

mero de leitores no país: de 95,6 milhões,

registrados em 2007, para 88,2 milhões,

em 2011. Com exceção da região Nordes-

te, as demais apresentaram retração nos

indicadores de leitura. Na região Sul, que

compreende Rio Grande do Sul, Santa

Catarina e Paraná, o percentual de leitores

passou de 53% para 43% da população,

embora o índice de livros lidos por ano,

4,2, continue acima da média nacional.

“De maneira geral, apesar da redução

no indicador de leitura revelado pela

pesquisa, quando comparados os

resultados com os da edição de 2007,

avaliamos que não houve mudança sig-

nificativa no comportamento leitor do

brasileiro, nesse período – 2007-2011.

O fato é que, infelizmente, o índice continua baixo, espe-

cialmente quando consideramos somente os livros lidos por

iniciativa própria (2,10), e, ao compararmos, por exemplo, o

índice de leitura geral, 4,0, com resultados de outros países,

como a Espanha, onde o índice é de cerca de 12 livros lidos

ao ano”, afirma Karine Pansa, presidente do Instituto Pró-Livro.

“Nossa conclusão é que é urgente identificar ações mais

efetivas para conseguirmos melhorar esses resultados e supe-

rar dificuldades que dependem de políticas públicas duradou-

ras e efetivas, no sentido de garantir o direito à leitura a todos

os brasileiros”, defende.

Destaques Região Sul

O índice de

compras de livros

na região repre-

senta 56% do

acesso às

obras da

base de

11,3 mi-

lhões de

leitores.

O número é 8% maior do

que a média nacional, que é de

48%. No que se refere aos emprésti-

mos, cerca de 35% dos entrevistados

afirmaram buscar exemplares em biblio-

tecas escolares ou nas escolas, enquanto

que no resto do Brasil o índice é de 26%. As

obras emprestadas por bibliotecas públicas

ou privadas estão em segundo lugar no país, com

16%, atrás apenas da região Centro-Oeste.

Ainda no que diz respeito às formas de

acesso, os livros presenteados aparecem

com um índice de 26%, sendo que a média

brasileira é de 21%. Sobre a motivação para ler um

livro, os consultados indicaram que a principal é atualização

cultural e conhecimentos gerais, para 56%. Primeiro lugar

no Brasil juntamente com a região Sudeste, a leitura por

prazer, gosto ou necessidade espontânea foi apontada por

51% dos leitores. A exigência escolar ou acadêmica figura

com um índice de 41%, o terceiro maior do país.

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imagem

Dos livros para as telas Gêneros literários inspiram produções cinematográficas.

Desde a origem da linguagem audiovisual, as obras literárias (conto, romance, novelas, entre outras) oferecem material – e claro, muita inspiração

– para a produção de filmes. “O cinema, inclusive o brasileiro, sempre bebeu dessa fonte”, explica o cine-asta e professor universitário Fabiano de Souza, um dos editores da Revista Teorema – Crítica de Cinema.

O Rio Grande do Sul não foge à regra e conta com uma filmografia baseada em livros tão diversificada quanto à produção literária em si – dos dramas que remontam questões regionais aos filmes que discutem temas urba-nos e contemporâneos, para citar duas vertentes.

Em 2011, Souza deu sua contribuição com o lança-mento de A Última Estrada da Praia (imagem de abertu-ra), seu primeiro longa-metragem, uma livre adaptação de O Louco do Cati, de Dyonelio Machado (1895-1985). Um caso duplo de transposição, já que o projeto nasceu como um episódio para a série Escritores, da RBS TV, em 2007, com cerca de 25 minutos, no qual o trecho inicial fazia alusão ao livro. Para chegar ao cinema, a pro-dução ganhou uma versão mais longa, com 93 minutos, que se insere na tradição dos road movies.

Acesse:www.feiradolivro-poa.com.br/noticias/dos-filmes-para-as-telas e confira a sinopse dos romances citados na matéria.

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Ao destacar que literatura e cinema “são áreas próximas, mas que têm códigos diferentes” – a palavra escrita, no caso da primeira, a imagem em movimento e o som, na segunda –, Souza reforça que o ponto de partida deve ser o que a obra significa para quem se dispõe a transpô-la. No caso do seu filme, ele explica que “tem uma busca pela alma do livro”, mas não um espelhamento com todos seus conflitos. Com isso, diferente-mente de O Louco do Cati, cujo viés é marcadamente político, A Última Estrada da Praia ganhou contornos mais existencialistas ao abordar temas como os limites da amizade.

Assistir a um filme pode motivar a leitura do livro? Souza acredita que sim e lembra que o seu curta Um Estrangeiro em Porto Alegre (1999), que trazia trechos de O Estrangeiro, de Albert Camus, provocou interesse pela obra do escritor franco-argelino.

Desafios Seja qual for a opção – se ater

ao máximo ao texto literário, ainda que seja impossível verter palavra por palavra, ou tomar liberdades em relação ao original –, a transposição de um livro para um longa-metra-gem é um trabalho que exige concisão e supressão.

Quem afirma é o escritor e cineas-ta Tabajara Ruas (foto). Juntamente com Leticia Wierzchowski, ele é responsável pelo roteiro de O Tempo e o Vento, filme de Jayme Monjar-dim, em fase de produção. “Adaptar uma obra para o cinema é uma atividade profissional e é assim que deve ser encarada. Mas O Continente é um livro fundador da nossa literatura. Isso torna o desafio extremamente delicado. Além disso, tem em torno de 850 páginas. Um roteiro para um filme de 2 horas e 30 minu-tos tem 150 páginas. Primeiro desafio: cortar 700 páginas de O Continente. Não é só um desafio, é um sacrilégio. Segundo desafio: saber que ninguém vai gostar, o que já é um consolo”, diz Ruas, se referindo ao primeiro livro da triolo-gia de Erico Verissimo (1905-1975).

Com oito romances publicados, Ruas também já esteve na posição inversa, como no curta-metragem O Dia em que Dorival Encarou a Guarda, de Jorge Furtado, cujo ar-gumento foi extraído de O Amor de Pedro por João. “Não acompanhei a adaptação, mas acho que foi muito boa. E a sensação é sempre de

Contos Gauchescos em filmeJoão Simões Lopes Neto (1865-1916) transformou as paisagens típi-cas, os conflitos e o linguajar do gaúcho do pampa em uma reconhecida obra literária. Para além do regionalismo, o que faz do escritor pelotense um dos grandes nomes do cenário rio-grandense e uma figura de proa na literatura brasileira é a universalidade. Amor, traição, ciúme e honra, para citar alguns temas que independem da geografia ou do sotaque, estão presentes em seus textos. Neste ano, quando se comemora o centenário de publicação de Contos Gauchescos, o livro ganha as telas em uma produção homônima, dirigida pelo cineasta Henrique de Freitas Lima. Dos 19 contos que têm como protagonista ou narrador o vaque-ano Blau Nunes, quatro estão no filme: Os Cabelos da China, Jogo do Osso, Contrabandista e No Manantial.

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surpresa mesclada com curiosidade pela nova interpretação”.

Segundo ele, as expectativas devem ser dosadas. “Claro que interessa que o filme fique o mais próximo possível da obra literária, mas como fazer essa aproximação é um mistério. Depende do talento do adaptador. É sempre aconselhável separar as duas coisas, afinal, um livro é um livro e um filme é um filme”, diz Ruas, que dirigiu os longas-metragens Netto Perde Sua Alma (um dos mais premiados filmes da cinematografia gaúcha), Brizola – Tempos de Luta, Netto e o Domador de Cavalos, e Os Senhores da Guerra, Parte I, em fase de edição.

Na mesma linha, o escritor e pro-fessor universitário Charles Kiefer, patrono da 54ª edição da Feira do Li-vro, ressalta as diferenças da relação livro/leitor versus filme/espectador. Para ele, o livro permite que cada um, a partir da sua imaginação, faça leituras diferentes de uma mesma obra. “Quando tu estás lendo, tu és o diretor, o ator...”, diz Kiefer, que foi o fundador da Associação de Jovens Leitores e é um assumido entusiasta do livro e da leitura.

O escritor teve os contos O Chapéu e Dedos de Pianista e o romance Valsa para Bruno Stein

(foto) adaptados para o cinema pelo cineasta Paulo Nascimento. Kiefer acredita que “para ser fiel ao espírito do livro, o diretor tem que trair um pouco”. Entre as obras transpostas, ele destaca o curta-metragem O Chapéu, no qual o diretor “criou situações narrativas que não estavam no conto”, ao colocar em cena, visível, um personagem que é apenas mencionado no texto. Ou seja, a possibilidade de interpretar e alterar elementos pode enriquecer o filme sem prejudicar o original.

Outro ex-patrono (43ª edição) que também teve obras levadas para o cinema é Luiz Antonio de Assis Brasil, secretário da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul. Quatro de seus romances inspiraram longas-metragens: Videiras de Cristal (no cinema, A Paixão de Jacobina), Concerto Campestre, Um Quarto de Légua em Quadro (no cinema, Diário de um Novo Mundo) e Manhã Transfigurada.

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